7ª Edição AGOSTO/2022

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MOSSOROENSE

Marília Mendonça: um obituário digno da primeira rainha eleita pelo povo

Escola realiza primeira mostra de projetos científicos pós-pandemia

SOCIEDADE

Bibliotecas solidárias e transformam em espaço de luta por transformação

www.issuu.com/correiomossoroense CORREIO
DE
EDIÇÃO Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com
AGOSTO
2023 | 2ª
FOTO: Reprodução;Marília Mendonça/Instagram
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PÁGINA 6 FOTO:BIANCA MIRES FOTO:APALAVRADOMUNDO CULTURA
7-8 EDUCAÇÃO

Editorial

Esta edição do Correio Mossoroense traz as editorias de educação, sociedade, cultura e obituário, sendo este último, o primeiro na história do jornal la- boratório, dedicado à homenagear a eterna rainha da sofrência, Marília Mendonça. A jornalista Estela Vieira destaca no seu texto as principais conquistas da artista, desde o começo da sua carreira artística, iniciado na sua infância, e que a consagrou como a primeira rainha eleita pelo povo brasileiro.

A cobertura da tradicional Feira de Ciências da Escola Estadual Abel Freire Coelho (FECEAC) foi destaque na editoria educação. O evento marcou o retorno das exposições dos projetos científicos na

escola após a pande- mia de Covid-19. A fei- ra deste ano teve como tema: “Ciências: Motor do desenvolvimento humano”, e a programação contou com a participação de alunos e professores no desenvolvimento de pesquisas científicas e com a culminância das disciplinas eletivas, cursadas pelos alunos durante o bimestre letivo. A reportagem de Alessandro Dantas e Bianca Mires mostra que apesar dos poucos projetos inscritos na edição de 2022, o projeto “Educação e Informação sobre o trânsito no Âmbito Escolar (EITA)” foi destaque na feira de ciências, trazendo ao debate a preocupação com a prevenção de riscos e segurança no ambiente escolar.

Na editoria sociedade, Alice Kelly e Monalisa Teixeira contam a história do professor da rede estadual de educação do Ceará, Joel Neto, organizador do projeto “A palavra do mundo”, que produz o letramento crítico por meio de atividades socioculturais. A reportagem destaca que em locais de difícil acesso, negligenciados pelos poderes públicos ou em situação de desvantagem social, a educação gera nas pessoas a oportunidade de enxergar diferentes perspectivas de vida. Através das bibliotecas construídas pelo projeto nas comunidades de resistência, sendo construídas e fortalecidas no sertão cearense, desenvolvendo uma comunidade organizada e disposta ao diálogo e

às reivindicações, me- lhorando a qualidade de vida social. Ainda nesta edição, na editoria cultura destaca-se a série Sandman e a segunda temporada de “Bom dia, Verônica”, ambas disponíveis no serviço de streaming Netflix. Sandman é originalmente uma história em quadrinhos, escrita por Neil Gaiman que foi adaptada como série. Na crítica escrita por Gabriela Lima, destaca-se que a produção retrata diversas questões atuais, como sexualidade, etnia, classe e relações de gênero. Além disso, a série ganhou muitos elogios pela sua estética e construção dos personagens. O crítico Emanuel Aparecido escreveu sobre Bom dia, Verôni-

ca, que é baseada em um livro policial escrito por Ilana Casoy e Raphael Montes. O seriado, no geral, aborda temas sobre abuso sexual e pedofilia, mas o texto é es- pecificamente referente a segunda temporada da produção, no qual relata questões sobre o tráfico humano e machismo, presente na organização controlada pelo guru Matias, personagem de Reynaldo Gianecchini.

Expediente

Editora-chefe

Laís Falcão

Editores

Alessandro Dantas

Alice Kelly

Bianca Mires

Emanuel Aparecido

Estela Vieira

Gabriela Lima

Monalisa Teixeira

Diagramadores

Emanuel Aparecido

Maeli Rocha

Repórteres

Alessandro Dantas

Alice Kelly

Bianca Mires

Monalisa Teixeira

Crítica

Emanuel Aparecido

Gabriela Lima

Obituário

Estela Vieira

Textos ou sugestões? correiomossoroense@gmail. com

Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com CORREIO MOSSOROENSE 2 | EDITORIAL E OPINIÃO | AGOSTO DE 2023

Cultura

Marília Mendonça: um obituário digno da primeira rainha eleita pelo povo brasileiro

Marília Dias Mendonça nasceu em 25 de julho de 1995, em uma cidade do interior de Goiás chamada Cristianópolis. Filha de Ruth Dias e Mário Mendonça, Marília conheceu os holofotes muito jovem, mas engana-se quem pensa que a primeira rainha eleita pelo povo iniciou sua carreira artística como cantora. Apesar de fazer alguns shows informais, a jovem, que tinha como principal objetivo de vida ajudar a mãe viúva a sustentar a casa, e cuidar de seu irmão mais novo, iniciou no meio artístico como compositora.

No entanto, antes de entrar, de fato, na vida profissional de uma das maiores saudades que o Brasil sente, vamos falar um pouco mais sobre quem foi Marília Mendonça.

Filha, irmã e, mais recentemente, mãe, a cantora estava vivendo a maternidade de seu primeiro filho, Léo Mendonça Huff, quando o acidente aéreo de 5 de novembro de 2021 tirou sua vida. Seu primogênito, fruto de seu relacionamento com o também cantor e com

positor Murilo Huff,

tinha apenas um ano e 11 meses de idade quando Marília embarcou no avião que, horas depois, tiraria sua vida.

Em 5 de novembro do ano passado, há pouco mais de nove meses, Marília deixou sua mãe, seu irmão, que posteriormente se tornou cantor da dupla sertaneja Dom Vittor e Gustavo, seu filho, os amigos e uma legião de fãs e admira-

Marília já brilhava nos palcos, e Murilo ainda estava escondido por trás das linhas de suas músicas. O primeiro contato pessoalmente entre os dois foi no primeiro show em que a artista cantou a música “Transplante”, uma

dores. Não foi apenas Léo que perdeu a mãe. Naquele dia, quando o primeiro jornal anunciou o falecimento da cantora, o país inteiro perdeu alguém que amava. Marília Mendonça causou uma comoção nacional vivida poucas vezes por aqui: quando o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, morreu em um acidente no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, na

parceria com a dupla Bruno e Marrone, e composição de Huff.

Já foi dito aqui que a vida artística de Marília Mendonça iniciou enquanto ela ainda era compositora, e isso é fato. O mais curioso dessa história, que resultou em uma

Itália; a morte dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas; a morte dos jogadores do time de futebol Chapecoense. Dentre estes, os Mamonas e os jogadores da Chapecó também foram vítimas de acidentes aéreos.

Além da maternidade, a cantora viveu um relacionamento sério com o pai de seu filho, o cantor Murilo Huff, por quase cinco anos. Os dois se conheceram quando

fama incontrolável, é que Marília iniciou na composição com apenas 12 anos. Com tão pouca idade, ela externava vivências de pessoas adultas: de separação a traição, ligações para o ex e canções de superação. A menina que tocava e can-

tava em bares para alimentar a mãe e o irmão já carregava consigo uma bagagem de experiências. Tais histórias, muitas vezes baseadas em fatos, não eram sobre si, mas sobre parentes, amigas de sua mãe, vizinhas, em resumo, sobre mulheres que viviam ao seu redor. Marília não sabia, nem mesmo essas mulheres, que o que a menina cantava para um público tão pequeno,

em troca de alguns espetinhos e cerveja, entraria nas casas dos brasileiros e, muito em breve, em seus corações. Não demorou muito para que o país inteiro conhecesse o nome, a voz e as letras de Marília Mendonça. Em janeiro de 2014, com 19 anos, a jovem decidiu sair de trás das folhas das composições e mostrar sua voz com o lançamento do EP que leva seu

Marília Mendonça no banner de divulgação de seu novo álbum, “Decretos Reais, Vol. 1”
-
Marília Mendonça e seu filho, Léo (REPRODUÇÃO: MARÍLIA MENDONÇA/INSTAGRAM)
CORREIO MOSSOROENSE AGOSTO DE 2023 | CULTURA 3

nome, e trouxe a público grandes hits de sua carreira, como a clássica música “Alô Porteiro”, que conta a história de uma mulher que acaba de descobrir uma traição e expulsa o infiel de sua casa. As canções sobre adultério deram a Marília Mendonça o título de Rainha da Sofrência, e foi uma questão de pouco tempo até que ela aceitasse sua realeza.

Entrando e conquistando espaço em um meio musical dominado por homens, Marília deu voz às mulheres brasileiras que se viam representadas em suas músicas. A cantora se responsabilizou por mostrar ao público que a mulher nem sempre é inocente. Ela pode trair, pode correr atrás e pode

simplesmente ignorar. Marília fez com que todas as brasileiras se encontrassem em, pelo menos, uma de suas músicas, e esse é um dos motivos pelos quais ela foi e sempre será tão amada no país.

Pouco tempo antes do fatídico acidente, a cantora estampava um telão em uma das principais avenidas de Nova York, a Times Square, ao lado de suas grandes amigas: as cantoras Maiara e Maraísa. As três, juntas, formavam o trio conhecido como As Patroas, nome do projeto em que estavam trabalhando recentemente. Após a morte da “irmã de coração” das gêmeas, a dupla decidiu continuar com o projeto em homenagem àquela que tan-

to as incentivou e as apoiou ao longo da carreira. Seus feitos impactaram grandemente a indústria da música brasileira. Ela mudou o cenário do sertanejo, abriu caminhos para que mais mulheres possam ser ouvidas nesse gênero e lutou incansavelmente para derrubar preconceitos. Marília Mendonça, por vezes, esteve nos principais charts do Brasil e do mundo, mesmo após sua morte. Em seu álbum póstumo, intitulado de “Decretos Reais, Vol. 1”, a equipe da cantora e sua família mantêm sua memória e seu legado vivos, para que nem Léo e nem os milhares de brasileiros enlutados se esqueçam de sua importância.

Esse obituário,

feito pouco mais de nove meses após a morte de Marília Mendonça, é uma reparação ao trabalho preconceituoso, feito por outro veículo de comunicação, na época em que a família e o Brasil estavam chorando a recente perda da rainha da sofrência. Marília Mendonça merece muito mais do que páginas que falam sobre seu corpo e, pejorativamente, sobre suas músicas. A primeira rainha eleita pelo povo merece páginas que mostram o quão grande e poderosa ela foi, é, e sempre será.

Para quem acompanhou seus quase oito anos de carreira, os números não são o que mais importa, a memória afetiva com as pala-

vras cantadas pela voz forte da cantora, sim. São os momentos marcados pelas músicas de Marília que a fazem tão presente na vida dos brasileiros, são as letras reais, que contam histórias baseadas em fatos, que geram a identificação necessária para que Marília Mendonça tenha sido considerada muito mais do que uma cantora famosa, um ídolo, uma estrela: ela era amiga e confidente dos milhares de brasileiros que choraram naquela tarde de sexta-feira. Por fim, apesar de ter virado saudade dentro das casas brasileiras, da frieza que embala o coração triste de uma legião de fãs, nosso amor jamais envelheceu. Nos tornamos ro-

sas embriagadas de uma dor que parece não cessar, e nunca foi por conveniência, todos ficamos de luto. Voltamos ao Motel Afrodite, tentamos trocar de calçada com a dor, e há mais de nove meses, ligamos para o porteiro para saber se ele, apesar de calculista, também acha que o apartamento 119 deveria virar um fã clube. Afinal, Marília, todo mundo, menos você, parece perceber que essa presepada toda machuca, e definitivamente, nenhum de nós é melhor sozinho. A festa das patroas continua, e agora, ouvimos daqui os seus decretos reais, pois você estará, para sempre, em todos os cantos.

Marília Mendonça lota a Praça da Estação, em Belo Horizonte, com show gratuito. FOTO:FLÁVIO
TAVARES
Marília Mendonça e Murilo Huff, (REPRODUÇÃO: FLANEY/DIVULGAÇÃO) Marília Mendonça, Maiara e Maraísa, na Times Square (REPRODUÇÃO:MARÍLIA MENDONÇA/ INSTAGRAM)

Cultura

Segunda temporada de Bom dia, Verônica está disponível na Netflix

Dessa vez a personagem enfrenta o controle patriarcal, religioso e mafioso do guru Matias

Emanuel Aparecido

Com direção de José Henrique Fonseca, Izabel Jaguaribe e Rog de Souza, Bom Dia, Verônica é uma série brasileira lançada em 2020, baseada no romance homônimo de llana Casoy e Raphael Montes. Seu elenco principal da primeira temporada é formado por Tainá Müller, Camila Morgado e Eduardo Moscovis. Na segunda temporada sofre mudança, adicionando Reynaldo Gianeccini, Klara Castanho e Camila Márdila. A série no geral, apresenta uma abordagem sombria, no entanto, realista, abordando temas sociais atuais, entre eles: as caracterizações incessantes da misoginia

não se tem expectativa sobre o que esperar dela. Os telespectadores que se atreverem a ver deverão tomar cuidado quando

em estruturas públicas centrais presentes na sociedade, vistas principalmente pelos homens em cargos superiores da personagem Verônica Torres (Tainá Müller). Eles são constantemente desdenhosos em relação ao seu profissionalismo perante o desvendamento criminal. Outro assunto brilhantemente abordado é o horror presente na violência doméstica, foco central no relacionamento vivido por Janete (Camila Morgado) com Cláudio (Eduardo Moscovis), no qual ele acaba agredindo-a diversas vezes, tanto fisicamente quanto verbalmente. Não sendo suficiente, há também assuntos levemente paralelos envolvendo internet, fornecendo um papel indispensável na resolução dos

se depararem com cenas violentas.

crimes presentes no núcleo principal. Na segunda temporada há suavização cenográfica, porém, o custo deste efeito é abordar temas importantes com uma certa rapidez, não tendo tempo necessário para abordar questões sobre tráfico humano presente na organização controlada pelo Guru, Matias (Reynaldo Gianeccini), incitando adolescentes a se instaurarem em organizações estatais na busca permanente por poder, dando domínio sobre instituições. Controle patriarcal não sendo devidamente investigadas ou resolvidas graças ao poder predominante do gênero masculino nas estruturas públicas, causando certa desilusão, assim como familiaridade, mostrando facetas não tão diferen-

tes observadas atualmente. Facilidade pela qual os enredos acabam se resolvendo magicamente, sem esforço algum, tirando toda atratividade dos telespectadores, por séries como está.“Bom dia,

Verônica” tem criatividade necessária e talento para ser uma ótima série, no entanto, erra com relação ao limite de tempo utilizado para desenvolver suas ideias. Certamente, vale a pena ser assistida quando

Nova série Sandman atualiza de forma criativa a HQ de

Neil Gaiman

Originalmente uma história em quadrinhos, escrita por Neil Gaiman e publicada pela Vertigo, somos conduzidos a ver o universo Sandman pelo ponto de vista de um dos 7 perpétuos, o Sonho. No início de toda a história, a versão antropomórfica dos sonhos é capturada por engano por um grupo de humanos que inicialmente pretendia capturar a sua irmã mais velha, a Morte, para tomar controle dos seus poderes.

Mais tarde, o sonho de muitos fãs é realizado 33 anos depois da primeira publicação (vista que a primeira data de publicação é

de novembro de 1988, mas a data na capa como Janeiro de 1989), que seria a realização de uma série amplamente distribuída por um veículo de streaming, a Netflix.

A série conta com um grande elenco, com o ator Tom Sturridge como o protagonista, Morpheo, Kirby Howell-Baptiste atuando como Morte, Gwendoline Christie, e Mason Alexander Park que atuou como Desejo. Assim como nos quadrinhos, fala sobre diversas questões atuais, como sexualidade, etnia, classe e relações de gênero, como também, existencialistas, como para onde vamos quando morremos e no que nossos sonhos são capazes de influenciar em nossas vidas.

A obra, além de ga-

nhar muitos elogios pela sua estética e construção dos personagens, também é considerada à frente de seu tempo, uma vez que são também retratadas diversas personagens LGBTQIA+ em suas publicações, como no caso da personagem transsexual Wanda, que nasce em uma família conservadora que não a aceita até seu último momento na terra, quando realizam seu sepultamento com seu nome masculino colocado por seus pais escrito na lápide, porém momentos depois, sua amiga retira o batom preferido de Wanda da bolsa e risca o nome de que colocaram na lápide para escrever seu verdadeiro nome acima e que dá título ao capítulo, “Meu nome ver-

dadeiro é Wanda!”.

O ponto mais forte da adaptação para o audiovisual, foi o quanto a série atualizou a ambientação de suas narrativas. Como exemplo disso, foi colocada uma atriz negra para fazer o papel da entidade Morte, que originalmente é uma figura pálida e de cabelos lisos, porém, amudança cumpriu totalmente seu propósito ao retratar que a morte teria que ser vista comouma pessoa comum, pois é algo natural que faz parte da vida dos seres vivos, incluindo doshumanos. Ou quando na retratação do capítulo “24 horas”, as roupas e o celular da personagem Judy, são atualizados para os dias de hoje, mas o contexto seria o mesmo, sem esconder que a personagem seria lésbica.

A criatividade da série não deixa nada a desejar, mesmo que alguns fãs tenham sentido falta do traço e da identidade visual das HQ’s que faziam com que tudo ali se tornasse mais bonito, não faltam críticas positivas a como são retratados os temas e as histórias das publicações impressas.

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Com duas temporadas, a série brasileira já é um dos principais destaques da plataforma. FOTO: DIVULGAÇÃO/NETFLIX Gabriela Lima Tom Sturridge como Sonho em cartaz de divulgação da série. FOTO: NETFLIX

Educação

Escola realiza primeira mostra de projetos científicos pós-pandemia

Projeto sobre educação no trânsito foi um dos destaques no evento organizado pela Escola Abel Coelho, que retornou ao formato presencial na sua 22ª edição.

Aconteceu, na sexta-feira (5) e sábado (6), a tradicional Feira de Ciências da Escola Estadual Professor Abel Freire Coelho (FECEAC). Após dois anos sem ocorrer presencialmente, a edição deste ano retornou ao formato original. O evento reu-

niu o conjunto da comunidade escolar para exposição de projetos científicos, e contou ainda com a culminância das disciplinas

eletivas, cursadas pelos alunos durante o bimestre letivo.

A feira deste ano teve como tema “Ciências: Motor do desenvolvimento humano e Tecnológico”, e registrou uma baixa quantidade de projetos. Foram realizadas pouco mais de 20 inscrições, porém apenas seis conseguiram concluir e realizar a exposição, isso demonstra uma grande queda

quando comparado com a edição de 2019, que contou com cerca de 80 projetos. Cintia Caetano, professora e articuladora da feira, destaca que para a escola o evento é de grande importância, pois serve para que o aluno consiga buscar e desenvolver conhecimentos que não fazem parte do conteúdo diário da sala de aula. Apesar disso, ela pontua

Durante a FECEAC 2022, estudantes e visitantes acompanham a exposição do lançamento de foguetes confeccionados na disciplina eletiva “Física e Engenharia”FOTO: BIANCA MIRES

A professora destaca que o desenvolvimento de pesquisas científicas na educação básica traz um impacto positivo ao aluno ingressar no ensino superior, em relação ao desenvolvimento de trabalhos, seminários e produção de material escrito, tais como resumos ou relatórios. Segundo ela: “Muitas vezes [os alunos] já entram no ensino superior como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), dependendo de como se saiu na apresentação do projeto científico”.

A palestra ainda mostrou as premiações já conquistadas pela professora e outros

estudantes em edições anteriores, fazendo com que o aluno se sinta motivado para produzir uma pesquisa de qualidade. Rita de Cássia cita ainda que, os requisitos para que um projeto consiga alcançar bons resultados dependem dos questionamentos do próprio aluno. “A partir do questionamento tem que ser aplicado todas

as etapas do método científico. É importante se lembrar de que, até uma resposta diferente da esperada, é uma resposta. E caso a hipótese não seja comprovada, não se deve desistir do projeto”, conclui ela.

Um dos projetos examinado pela banca de avaliadores, na área de ciências humanas, foi o “Educação e Informação sobre o Trânsito no Âmbito Escolar” (EITA), desenvolvido pelos alunos do turno vespertino Maria Eduarda, 16, Moisés Guedes, 16, e Luiz Guilherme, 15, orientados pela Professora

Alunos acompanham a palestra “Eu, cientista?”, que contou também com a exposição de premiações e credenciais já conquistadas pela escola em edições anteriores. FOTO;DIVULGAÇÃO/CEDIDA

que se nota uma falta de pesquisas na área de linguagens, devido à nomenclatura “Feira de Ciências”, que leva os alunos a procurarem explorar projetos nas áreas de ciências exatas e ciências da natureza. Durante o evento, Rita de Cássia, professora de biologia licenciada, ministrou a palestra “Eu, cientista?”, que abordou sobre como é possível se tornar um pesquisador desde que se use a metodologia científica para desenvolver o seu projeto. Para ela, a pesquisa possui uma grande importância na vida escolar dos alunos, pois quando os estudantes se tornam pesquisadores eles ficam mais participativos em sala de aula, buscam mais respostas para seus questionamentos, mostram-se mais desinibidos para falar em público e passam a ser mais críticos em relação às questões sociais.

Tábita Talitha. O grupo trouxe ao debate a preocupação da prevenção de riscos e segurança no ambiente escolar, e como o estacionamento pode ser um espaço bastante vulnerável em caso de uma estrutura irregular ou mal planejada, com isso a pesquisa teve como objetivo sugerir melhorias para o estacionamento da escola Abel Coelho.

Segundo os alunos, a ideia para trabalhar a temática da educação no trânsito surgiu a partir da disciplina “Projeto de Vida” que abordou sobre o movimento Maio Amarelo, que é uma ação coordenada entre o poder público e a sociedade civil com o objetivo

de chamar atenção de toda a população para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. Outro fator determinante para o estudo dessa problemática se deu através de uma tragédia familiar, o falecimento da mãe do aluno Moisés - integrante do projeto - em um acidente de trânsito. Para Luiz Guilherme, a pesquisa tem grande relevância no âmbito escolar, tendo em vista que também podem ocorrer aciden-

tes de trânsito na área da escola. Segundo ele, com os dados coletados e as opiniões de estudantes e funcionários que responderam o formulário, foi possível criar uma planta baixa com as adequações necessárias para o estacionamento do colégio. “Primeiro nós identificamos os problemas do estacionamento, e aplicamos um questionário na comunidade escolar, possibilitando um feedback da situação em geral”.

O projeto tem como proposta de intervenção a oferta de um curso gratuito de noções básicas sobre educação no trânsito para todas as turmas da escola, e deve ter um aprofundamento maior para os estudantes que estão concluindo o ensino médio e funcionários, pois são aqueles que podem vir a adquirir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou aqueles que já dirigem.

Para a orientadora Tábita Thalita, quando a ideia de pesquisa se dá por parte dos alunos há uma dinamicidade na elaboração do projeto. Ela detalha que depois

Integrantes do projeto “Educação e Informação sobre o Trânsito no Âmbito Escolar” durante a exposição do banner para banca de avaliadores na FECEAC 2022. FOTO;ALESSANDRO DANTAS

do bom andamento das ações a ideia é ampliar mais ainda as pessoas que poderão ter acesso a conscientização e ao curso ofertado, como é o caso dos motoristas de ônibus escolares e

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os taxistas. “O estacionamento da escola foi só um primeiro pensamento, para ir pra fora, até porque temos muitos alunos que já estão inseridos no trânsito por utilizarem diferentes formas de locomoção no trânsito entre o caminho da casa até a escola, incluindo as bicicletas”, destacou ela.

O projeto tem como proposta de intervenção a oferta de um curso gratuito de noções básicas sobre educação no trânsito

é um evento gigante e tem que voltar a ser”. Ele diz que o próximo ano a meta é bater pelo menos 50 projetos inscritos. O professor relata ainda que geralmente as maiores premiações da escola são de estudantes concluintes, “O aluno pode melhorar o projeto no segundo ano e apresentar aprimorado na terceira série”.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o projeto de vida é o que os estu-

para todas as turmas da escola, e deve ter um aprofundamento maior para os estudantes que estão concluindo o ensino médio e funcionários, pois são aqueles que podem vir a adquirir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou aqueles que já dirigem.

Para a orientadora Tábita Thalita, quando a ideia de pesquisa se dá por parte dos alunos há uma dinamicidade na elaboração do projeto. Ela detalha que depois do

dantes almejam, projetam e redefinem para si ao longo de sua trajetória, uma construção que acompanha o desenvolvimento da(s) identidade(s), em contextos atravessados por uma cultura e por demandas sociais que se articulam, ora para promover, ora para constrangerseusdesejos. No sábado, o evento foi aberto a estudantes de outras escolas, com a manhã dedicada a uma programação

bom andamento das ações a ideia é ampliar mais ainda as pessoas que poderão ter acesso a conscientização e ao curso ofertado, como é o caso dos motoristas de ônibus escolares e os taxistas. “O estacionamento da escola foi só um primeiro pensamento, para ir pra fora, até porque temos muitos alunos que já estão inseridos no trânsito por utilizarem diferentes formas de locomoção no trânsito entre o caminho da casa até a

diversificada, através de apresentações culturais, peça teatral e um corredor da arte. A atividade proporcionou aos alunos e alunas um momento para a apresentação dos trabalhos desenvolvidos nas disciplinas eletivas.

Uma das atividades que mais chamou atenção das pessoas foi a exposição do lançamento de foguetes, que foram desenvolvidos pelos estudantes a partir de garrafas pet

escola, incluindo as bicicletas”, destacou ela. No final do período de avaliações da feira interna, todos os seis projetos conseguiram credenciamento para a Feira Científica da Décima Segunda Diretoria Regional de Educação (12° DIREC). Apesar disso, o baixo número de projetos científicos no primeiro evento após a pandemia surpreendeu professores e alunos. Para Mansinho Veríssimo, integrante da comissão de ava-

inutilizáveis e fita adesiva, resultado da disciplina eletiva “Física e Engenharia”, ministrada pelo professor Wesley Paiva. Para o professor, a proposta do novo ensino médio de ter o aluno como protagonista é muito interessante, pois, segundo ele: “o aluno tem oportunidade de mostrar habilidades que não sejam necessariamente cognitivas”.

O aluno José Gabriel, do 2° ano,

liação da feira, a percepção geral entre os professores é que esse é um fenômeno presente na maioria das escolas que também realizam mostras científicas, com isso a escola estuda trazer ex-alunos que já vivenciaram edições anteriores para que no ano que vem, achem alguma forma de motivar os futuros estudantes a participarem das próximas edições, mostrando “que a feira da escola

que participou da disciplina e pretende cursar biologia ou biotecnologia, ressalta que a eletiva é uma inspiração a mais para ter um direcionamento na vida pós-escola. Segundo ele: “as eletivas ajudam bastante a fazer coisas que não sejam só ficar na sala escrevendo e o professor falando”.

SOCIEDADE

Bibliotecas solidárias se transformam em espaço de luta por transformação

Professor da rede estadual de educação do Ceará, Joel Neto, organiza o projeto “A palavra do mundo”, que produz o letramento crítico por meio de atividades socioculturais

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Estudantes participam de competição, na quadra da escola, com o objetivo de fazer o foguete planar pelo maior tempo após o lançamento. FOTO:BIANCA MIRES Alice Kelly e Monalisa Teixeira

As bibliotecas solidárias desenvolvidas pelo professor da rede estadual de educação do Ceará, João Joel Neto, por meio do projeto ‘A palavra do mundo’, são utilizadas como ferramentas que promovem uma maior interação do público com a prática da leitura. A iniciativa tem como objetivo organizar espaços que possam

também ser transformados em instrumentos de socialização e ensino sociocultural em conjunto com coletivos comunitários, inserindo assim, a educação na realidade de pessoas que não possuem garantia desse direito básico.

No que diz respeito às comunidades que estão em locais de difícil acesso, negligenciadas pelos poderes públi-

cos ou em situação de desvantagem social, a educação é uma prática de extrema importância que gera nas pessoas a oportunidade de enxergar diferentes perspectivas, podendo transformar a realidade de muitos, e proporcionando qualidade de vida. Porém, em muitos casos, não é garantida ativamente, não chegando a todos de forma

igualitária e inclusiva. Iniciativas como as bibliotecas solidárias são instrumentos populares e acessíveis, desenvolvidas principalmente por personagens que aspiram por justiça social. Elas são meios que objetivam o incentivo as práticas pedagógicas, em que pessoas inseridas em ambientes e determinados recortes possam ter oportuni-

dade de desenvolver o hábito da leitura. Estando fundamentado no contexto educativo, que contribui para diversos cenários subjetivos, assim como, no coletivo da vida em sociedade. Neste contexto, elas surgem como meio de suprir a necessidade de inclusão educacional desses coletivos. “Nos movimentos sociais, a gente aprende que todos nós estamos de algum modo interligados, o que fazemos sempre é incluir nessas iniciativas as nossas experiências e traços comunitários próprios, peculiares de cada realidade”.

As bibliotecas produzidas pelo projeto “A palavra do mundo”, orientado pelo professor Joel, são construídas junto às comunidades de resistência. Acredi-

na realidade dos que ali vivem. Servem também, como um local de encontro, instrução e leitura, exaltando a diversidade local, se apresentando como um ambiente seguro para todos os públicos, sem distinções. Abrangendo todas as experiências e conhecimentos, des-

tando que estas ganham força gradualmente, encontram-se em construção no sertão, no qual objetivam desenvolver um modelo de comunidade que consiga preservar uma estrutura orgânica e ativa, mantendo-se sempre organizadas e dispostas ao diálogo e às reivindicações, buscando sempre melhorar a

de as mais diversas e tradicionais compreensões de mundo. “Só iniciamos o trabalho nas comunidades que abraçam e sentem que é necessário para elas a criação de tais iniciativas. Mais do que criar espaços ou documentos, nos interessa engajar pessoas. É a continui-

qualidade de vida social. Além de fortalecer as questões populares, ainda instigam os alunos no desenvolvimento de senso crítico e no engajamento com os movimentos de luta social. As atividades em questão são utilizadas pelo educador justamente no intuito de promover e incluir a educação como uma vertente que

dade da experiência na vida da comunidade que mobiliza nossos esforços”, explica o educador, sobre a presença nas comunidades. Os serviços consistem na criação desses espaços socioculturais, contando principalmente com a participação comunitária de modo

contribua de maneira efetiva e significativa na realidade comum dessas pessoas, fazendo assim, que esta seja um dos instrumentos que somem a essa luta. As bibliotecas populares são um espaço criado pela comunidade em conjunto com os personagens que integram a proposta, mas sempre focados Objetos de grande impacto pessoal servem de instrumentos metodológicos para ensinar sobre contribuição na comunidade.

interativo, por meio de canções e poemas que substituam uma ideia de bibliotecas silenciosas e individualistas, por uma atividade compartilhada e inclusiva. A iniciativa conta também com um acervo integralmente construído por campanhas de arrecadação de livros e objetos

FOTO:APALAVRA DOMUNDO

metodológicos, para o desenvolvimento desse espaço localizado atualmente na comunidade de resistência, na terra Dom Fragoso, em Jaguaruana-CE.

Ações como estas promovem impactos positivos na vida de cada ser que se envolve direta ou indiretamente com esses projetos, desde a pessoa que recebe a iniciativa até aquele que contribui apenas com uma doação de instrumentos metodológicos, que por vezes podem vir a ser objetos de grande impacto pessoal para quem reutiliza, ressignificando com suas experiências. “A minha primeira visita ao acampamento Araguaia foi realizada, ainda no ensino fundamental e foi nessa data que eu descobri o que eu gostaria de fazer pelo resto da

minha vida. No ensino médio, onde fui aluna do professor Joel, esse me ensinou muita coisa sobre como pesquisar e como ir a campo, situações que me serão eternamente úteis, agora na universidade”, expressa a ex-aluna e integrante do projeto, Mariana Barbosa, sobre os impactos que a experiência causaram em sua vida, de maneira positiva e valorosa.

CORREIO MOSSOROENSE AGOSTO DE 2023 | SOCIEDADE | 8 Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com
Professor Joel Neto em participação ativa. FOTO:APALAVRA DOMUNDO Integrante da comunidade participando das atividades. FOTO:APALAVRA DOMUNDO Imagem de divulgação para arrecadações. FOTO:APALAVRADOMUNDO Alunos integrantes em atividade de divulgação. FOTO:APALAVRADOMUNDO
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