1ª Edição FEVEREIRO/2022

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MOSSOROENSE CORREIOwww.issuu.com/correiomossoroense FEVEREIRO DE 2022 | 1ª EDIÇÃO Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com O RETORNO DA PORTELA MOSSOROENSE Em entrevista exclusiva, Marcinho Carnavalesco, presidente da escola, fala sobre a volta ao carnaval de MossoróFOTO: MARCIO AQUINO MÊS DA VISIBILIDADE CARNAVAL Com recursos próprios, Mamacitas vencem Copa Natal A equipe de basquete feminina competiu na categoria adulta e trouxe o trofeu da capital do estado para o oeste potiguar. Em fevereiro, comemoramos o orgulho arromântico: conheça a subcomunidade LGBTQIA+ Jovens falam sobre suas eperiências e dão dicas sobre como se descobrir “aro”. VENCEDORAS PÁGINA 10 PÁGINA 6 Netflix lança filme sobre o caso do golpista do TinderCULTURAPÁGINA9 DIVULGAÇÃO/NETFLIX ALUNOS SOFREM GOLPE DE ESTELIONATO POR EMPRESA DE EVENTOS EM MOSSORÓ PÁGINA 4 CAVALCANTIHAMILTONJOSÉFOTO: PÁGINA 13

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O jornal Correio Mos soroense surgiu a partir da junção de três disci plinas da turma de jor nalismo da Universidade do Estado do Rio Gran de do Norte, ministra das pela professora Lais Falcão. Um de seus ob jetivos é apresentar aos estudantes do curso a dinâmica dentro de um veículo de mídia: a ro tina, os afazeres e como cada profissional atua nas áreas do jornalismo impresso. Por esse mo tivo, os próprios gradu andos estiveram à frente da edição, diagramação e reportagem, apuran do e desenvolvendo todo conteúdo aqui presente, como uma maneira de aprimorarem seus co nhecimentos e habili dades adquiridos dentro da graduação.Aprimeira edição do jornal laboratório traz uma reportagem so bre o escândalo da em presa de eventos, Ima gem Formatura. Nessa em questão, é citado os rumores que já trans corriam sobre a crise da firma, além de expor as consequências para os clientes. Os formandos, vítimas de compartilhamestelionato,suasex periências e sentimen tos em relação a situação indefinida que se encon tram. O mês da visibili dade arromântica foi explorado na editoria Social, abordando expli cações sobre a orienta ção romântica e relatos de jovens que se identi ficam dentro deste es pectro da comunidade LGBTQIA+. Duas crô nicas também marcam presença nesta edição, com temáticas variando de romance à alimenta ção e agrotóxicos. E uma das crônicas há uma análise sobre relaciona mentos abusivos a partir de uma história de um bêbado chamado Fábio. Observamos ao longo da narrativa que não é só sobre amor, mas como o amor é usado para aco bertar atitudes abusivas. O espaço urbano li mitado para práticas es portivas, com um olhar focado no contexto da cidade de Mossoró, foi trabalhado, questionamentoslevantandoso bre como a população é prejudicada e se há possibilidades de mu dança. Também mere ce destaque na edição a evasão universitária e os desafios para se adequar ao ensino remoto expôs fragilidades sociais e educacionais diante de um contexto pandêmi co. Com a volta às aulas presenciais, surgem de bates sobre o legado dei xado pela pandemia e os desafios para se adaptar ao novoAindanormal.vale men cionar a entrevista com um carnavalesco mos soroense, que traz di versas informações so bre o evento cultural na cidade. A conversa se desenvolve em cima do tema carnaval, a fim de promover a divulgação do evento, que está de regresso. O entrevistado explana acerca do car naval, de seus anseios, expondo novidades e es treias. Além de salientar sobre a importância do evento para todos, tra zendo também um pou co da história da festa em Mossoró.

Com a volta das aulas presenciais da UERN previstas para março (14), ressurgem debates sobre a viabilidade des se retorno. Entender as fragilidades do ensino remoto pode ajudar a dimensionar como essa volta favorece estudan tes e professores no que se refere à qualidade de ensino, acessibilidade e separação entre o am biente doméstico e o ambiente de estudos. Um dos fatores in cômodos da modalidade de ensino a distância são as telas. Passar o tempo no celular ou no compu tador não é novidade dos últimos dois anos, mas a mudança no formato das aulas prolongou o tempo de uso. Além das aulas síncronas, alunos e professores precisam desses dispositivos para estudar, planejar aulas, elaborar trabalhos, ler e redigir textos. Uma das consequências disso é a emissão prolongada de luz azul, que pode cau sar irritações na retina, estresse, mal-estar e in sônia.O ensino remo to acentuou também as desigualdades sociais e dificulta a permanência nos estudos. Apesar de iniciativas como o Au xílio Inclusão Digital da universidade, que dis ponibiliza apoio finan ceiro em parcelas únicas de mil reais a alunos de baixa renda, alguns be neficiados consideram os valores insuficien tes levando em conta a alta nos preços de no tebooks, tablets e celu lares. A falta de equi pamentos adequados, além da necessidade de conexão com a internet, dificulta o acompanha mento das aulas e o de senvolvimento das ativi dades.Em contrapartida, a Secretária de Esta do da Educação (SEEC) associou a redução do abandono escolar com o retorno das aulas pre senciais em 2021. Consi derando a pesquisa C6 Bank/Datafolha (2020), que apontava taxas maiores de abandono dos estudos na educação superior, o retorno pre sencial poderia reduzir os índices de evasão es colar nesse nível de en sino.Analisando as pro blemáticas do ensino re moto e como ele preju dica o desenvolvimento cognitivo do aluno, fica evidente que as aulas presenciais proporcio nam uma experiência proveitosa aos estudan tes. O contato direto entre alunos e professo res dentro do ambien te universitário é capaz de garantir um melhor aproveitamento dos conteúdos, ajuda a ter maior liberdade para sa nar dúvidas e aprofun dar debates em sala de aula.Em síntese, pen sando nos alunos que ainda não tiveram a ex periência que o campus proporciona, a volta do presencial é também o retorno da educação de qualidade, que me lhor motiva os alunos na academia e proporciona um ambiente físico para os estudos. Trata-se de reconhecer o potencial completo das faculdades como locais de incenti vo à pesquisa, produção, arte e adotamostivoximomaisbémnharpodemosComconhecimento.esseretorno,aomenossocomavoltatamdeumcotidianocaloroso,maispróemaisparticipadoqueaquelequeem2020.

Retorno à (a)normalidade: o legado deixado pelo ensino remoto e as expectativas da volta às aulas Ingrid Furtado

Opinião

Editorial CORREIO MOSSOROENSE2 | EDITORIAL E OPINIÃO | FEVEREIRO DE 2022

Textos ou sugestões?

Você já teve um amor muito bom, que deu muito errado?

CORREIO MOSSOROENSE Opinião FEVEREIRO DE 2022 | OPINIÃO| 3

Ester Chagas Saladadetóx Fernando Frazão/EBC

Em minhas aventuras sem sentido – ou na lógi ca de conseguir dinhei ro com bicos neste país capitalista – eu conheci, em meio ao álcool e ri sadas, o professor Fábio. Ele estava acompanhado de um amigo muito sim pático que juntos deba temos assuntos irrele vantes. Grisalho, com o rosto jovem, na casa dos quarenta e levemente alcoolizado – definição do estado físico do Fá bio naquele momento – me lembrou de tantos brasileiros embriagados com seus próprias con flitos amorosos ou na ausência deles.

O caso amoroso de Fábio começa com a definição que ele deno mina ao seu parceiro: Doido. Assim ele chama o homem de um adjeti vo que carrega múltiplas histórias pessoais que não conheço. Mesmo assim, Fábio me permi tiu dar um nome a esse amor, contudo, o Doido não terá um nome pró prio – ele não mere ce um nome que lhe dê mais estigma nessa his tória. Em um período de chuva há mais ou menos sete anos atrás, Fábio ti nha um "relacionamen to" com o Doido. Ambos trabalhavam e com isso seus horários impediam que se vissem em horá rios do dia a dia – com isso se encontravam tar de da noite ou durante a madrugada. O Doido estava forçando Fábio a fumar maconha – o pró prio bêbado inicia o seu relato – e inúmeras ve zes o próprio Fábio re pete que o Doido insistia constantemente na ideia que ele fumasse. Então o Doido utilizou como ar gumento os sentimentos que Fábio sentia por ele. Usou o amor como obje to de manipulação para que Fábio fizesse aquilo que não gostaria. O fa moso jogo sentimental que conhecemos bem e com uma pitada de ma nipulação/abuso. Para fim de conversa, Fábio não aceitou e ao mesmo tempo não julgou que ele fumasse. O que incomo da e me deixa curiosa até aqui não é a droga, mas sim, a ação do Fábio em ter iniciado sua narrati va com essa situação em específico diante de uma recémQuantasconhecida.vezes fa zemos coisas que não gostaríamos em nome de amizades, amores, trabalho? Quantas ve zes às pessoas usaram suas posições em nossas vidas para manipular? Quantas vezes aceita mos esses jogos senti mentais? Se parar para pensar já tivemos inú meros Doidos em nossas vidas. Além desse caso da droga também tive ram: quando o Doido foi em busca de sexo a três que incomodou o Fábio – que se sentiu excluí do – ou da vez quando a camisa de 150 reais foi jogada pela janela pelo Doido e que acabou em propriedade do ex do Fábio. Mas essa história tem um final feliz: Fábio terminou o relaciona mento conflituoso com o Doido.Alcoolizado, mas sóbrio dos seus proble mas. Então por que uma pessoa permanece em um relacionamento a base de pressão e obri gações onde suas von tades são excluídas? Li teralmente a vítima não vê. Se acham no direito de dizer "está tudo bem", mas lá no fundo sabe que algo está errado. É quando o relacionamen to se torna um deserto escaldante que provoca ânsia de vômito a todo momento. Em palavras próprias: uma doença particular. Pessoas pro blemáticas levam suas vítimas ao fundo do poço no qual vivem. Diante de uma dependência mui tas vezes acabam não observando toda essa situação... somos víti mas de nós mesmos. As expectativas das nossas escolhas nos machucam – alguns veem e outros não querem ver. Ou fazemos como o Fábio e saímos dessa ci lada ou nem crescemos como seres humanos e continuamos acompa nhados de pessoas que nos fazem mal. *texto baseado em fatos reais com altera ções em nomes e au sência de locais para preservar a imagem dos personagens. Minha resolução de ano novo foi cuidar de minha saúde. Preciso renovar o feng shui dentro de mim, e a alimentação parece a primeira coisa que devo mudar. Detox! Aque la influenciadora disse que isso mudaria minha vida. Depois de sua live de 1 hora, me senti pron ta para adaptar minhas refeições. Uma das primeiras dicas que eu vi era que eu mesma devia preparar o que como, seria mais saudável. Fiz uma sala da colorida, com grande variedade de verduras e legumes. Me sinto mais saudável só de olhar. Não como mais minha salada com molhos, não sei que ingredientes podem ter neles. Além de que coi sas industrializadas po dem afetar a minha gli... Esqueci o nome... Glifo sato? Não. Glicose! O frescor que sinto quando abro meu po tinho de almoço é in comparável, me lembra a brisa de aviões borri fando líquidos em plan tações. Misturo minha salada e levo o garfo à boca. Engulo e dou espa ço para a apreciação do retrogosto. Doce, aze do, salgado... amargo? Não lembro de colocar algo com essa acidez na preparação. É um sabor único.Nunca tinha sentido ele nas saladas que comi na Europa ou na Ásia. É tão diferente, deveria ser proibido. Zinco, po tássio, vitaminas, mine rais. Sorrio de imaginar todos esses nutrientes entrando em meu corpo. Me sinto melhor ainda ao me comparar com as outras pessoas ao meu redor, comendo lámen e tomandoMinharefrigerante.sojasótem soja dentro dela, e coisas que vão me fazer bem. De câncer já basta o meu signo! Termino de co mer e olho para os lados mais uma vez. Imagino quanta coisa ruim pode ter dentro de cada pra to. Será que eles também sabem que estão comen do veneno? Fátima Fonseca

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Diante disso sur giu a dúvida: já olharam para alguém e se ques tionaram sobre a his tória de vida dessa pes soa? Naquele momento, eu vi que ali na mesa de bar cheia de garra fas de álcool teria uma boa história. O Fábio, o protagonista da histó ria, alterado por causa do álcool, estava muito falador e um boa jorna lista que se preze não perderia a oportunidade de ouvir um bom relato de um bêbado. Então o questionei se ele já ha via tido "um amor muito bom, mas que deu er rado". E era como se eu conseguisse ver através dos seus olhos uma his tória guardada bem lá no fundo a qual se carrega muitos sentimentos, e ao ser lembrada provo ca muitos gatilhos (todos nós temos isso).

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Caso permanece em aberto e clientes tiveram seu sonho de formatura adiado

Alunos sofrem golpe de estelionato por empresa de eventos em Mossoró

O valor investido por aluno, seja ele de instituição pública ou privada, foi, em média, de 2 até 6 mil reais.

Expediente Editora-chefe Laís Falcão Editores Ester Chagas Joyce Dayane da Costa Mauricio Barros Vanessa Elen da Costa Ellen GermalliFátimaDarfnnyFonsecaSouza Diagramadores Ellen Darfnny Ester FátimaChagasFonseca Vitória Alves Repórteres Ana Letícia da Silva André BernardoAyrtonArthurMesquitaIgorSilvaEverlandioAraújo Dara Hayanne Nunes Estefanny Maximino Fátima Fonseca Rafaela VitóriaVitóriaSeltonRebeccaLúcioVastiDeolinoAlvesJob Articulista Ingrid Furtado Cronistas Ester *ACEITAMOSFátimaChagasFonsecaCOLABORADORESALPHACONVITES

ESTELIONATO O crime de este lionato EXIGE quatro requisitos, obrigatórios para sua caracterização: 1) obtenção de vantagem ilícita; 2) causar prejuízo a outra pessoa; 3) uso de meio de ardil, ou artimanha, 4) enganar alguém ou a levá-lo a erro. Com a nota posta da na página oficial do Instagram da empresa, diversos alunos ficaram desamparados, unin do-se e criando o ig suaoposmagem,osestudantescontraai@alémdosgrudeWhatsApp,comintuitodedefendercategoria,divulgar informações para ter al gum respaldo financeiro e ético-moral. “Não ti vemos comunicados dos credores. A nossa alter nativa para recuperar o prejuízo será por meio da justiça”, afirma Janai na Evaristo, ex-aluna de pedagogia, da Univer sidade Paulista (UNIP). Dessa forma, o caso per manece em aberto e sem respostas dos responsá veis.

No dia 30 de janeiro de 2022, a Imagem For maturas, empresa re nomada no campo de produções de festas em Mossoró, publicou uma nota de encerramento de suas atividades, de vido à crise gerada pela pandemia da Covid-19. Com isso, diversos clientes, muitos deles alunos, foram afetados com o silêncio dos res ponsáveis, quebras de contratos e a falta do ressarcimento do valor investido. Os estudantes ficaram desamparados tanto pela perda do di nheiro aplicado, quanto da esperança de realizar o sonho de ter uma for matura.Aempresa, que tem como slogan: “Sonhos mais fáceis”, vinha de senvolvendo seu traba lho desde 2009. Desde então, diversos eventos já haviam sido produzi dos pela firma como co lações de grau, aulas da saudade, ensaios foto gráficos e o tão desejado baile de formatura. Com a nota e a repercussão que o caso teve, na ter ça-feira (1), o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) entrou com uma investigação contra a instituição. “Eles fecharam contratos no final do ano passado, fizeram uma megafesta de de gustação para mostrar o potencial da Imagem e tudo mais. Ninguém sa bia o que estava por vir”, disse Carlos Câmara, ex-aluno de Direito, da Universidade Potiguar (UNP). “Tivemos a reu nião com a nova equi pe no dia 13 de janeiro. Explicaram que a ima gem estava em transi ção e com uma demanda muito grande, por isso a demora das respostas, e deixamos a data das fo tos marcada para dia 10 de fevereiro. No dia 20 de janeiro, uma das fun cionárias passou todos os dados necessários para fazer o cadastro e reservar o local das fo tos para a turma fazer a transferência do dinhei ro, e o comprovante da transferência foi enviado pela própria Imagem”, contou Lara Raquelly, estudante de Serviço So cial, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O encerramento das atividades foi uma surpresa para todas as pessoas. O questiona mento que surgiu foi: será mesmo que os res ponsáveis não estavam cientes da crise gerada pela pandemia do co ronavírus - apesar da continuidade dos paga mentos pelos clientes - ou era um meio ilícito de receber dinheiro? So mado a essas dúvidas, o caso se configura atual mente como estelionato.

Economia FEVEREIRO DE 2022 | ECONOMIA | 4

CORREIO MOSSOROENSE Cidade FEVEREIRO DE 2022 | CIDADE| 5

faixamunicípioRecentemente,(UERN).ocriouumaespecialnaaveni da João da Escóssia, in terditando uma faixa de cada lado da pista das 5h às 6h30 da manhã, para a prática exclusiva de es portes. Segundo o sSe cretário de Mobilidade Urbana e Trânsito, Cle denilson Morais, a fai xa partiu de um estudo realizado pelo setor de engenharia, que identi ficou uma grande quan tidade de pessoas que pratica atividades físicas naquela avenida. A advogada Caroli ne Rebouças avalia como positiva a implantação desses projetos., Ppara ela, eles proporcionam a inclusão e estimulam a população para a práti ca esportiva . “Tendo em vista que, a maioria da população não tem lo cais privados para fazer suas atividades físicas, é importante que a partir desse momento, o mu nicípio viabilize espaços públicos, e dê espaço para mais pessoas ina tivas se tornarem ativas na educação física.", afir ma aCarolineadvogada. Rebou ças ressalta, ainda, que poderia ter mais segu rança. Na avenida João da Escóssia, apesar de colocarem cones, ain da tem pessoas que não respeitam. Segundo ela,

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Ciclismo, corrida e caminhadas estão entre as atividades físicas praticadas pela população na avenida Rio Branco 2.

MORRORÓDEPREFEITURAFOTO:

Ayrton Everlandio Corredor Cultural de Mossoró frequentemente fica abarrotado de pessoas realizando atividades físicas .

Textos ou sugestões?

A viabilidade para a prá tica de exercícios físicos é cada vez mais restri ta nos grandes centros urbanos. Mas não é por causa da falta de espaço e sim de ideias, e pensar na qualidade de vida da população deveria ser um dos principais com promissos dos gestores públicos. Diariamente várias pessoas precisam disputar espaços com os carros nas avenidas para realizarem suas práti cas esportivas. Por con ta disso, na cidade fo ram criados dois lugares para a realização dessas atividades, mas será que eles são suficientes? O profissional de educação física, Kergi naldo Leite, considera que não, sentindo falta de mais espaços para a prática de outros espor tes: “sentimos carência ainda, de mais investi mentos nessa área. Em Mossoró, por exemplo, a gente ainda não tem uma pista de ciclismo para que a população possa estar indo cor rer lá correr livremente sem se preocupar com o trânsito”.” A ausência de ciclo faixas incomoda a popu lação., Karine Furtado é estudante de jornalismo e ciclista, que precisa se locomover todos os dias para ir de casa ao traba lho e para a faculdade de bicicleta. Para ela, não ter ciclovias é incômo do e inseguro, “é como se não fizéssemos parte do trânsito, né? Como se a gente não pudesse, ou não pertencesse a esse espaço.”. A avenida Rio Bran co, o famoso corredor cultural, é interditada somente aos domingos, das 16h às 19h, sendo apenas um espaço tem porário para a prática de exercícios. Esse projeto, que é chamado de “Viva Rio Branco”, oferece vá rias atividades para a promoção da saúde, re cebendo apoio de insti tuições, como a Univer sidade do Estado do Rio Grande do Norte

Faixas para práticas esportivas ainda são limitadas em Mossoró Moradores da cidade podem praticar atividades físicas apenas pelas manhãs, na avenida João da Escóssia, e aos domingos, na Rio Branco. se houvesse um pouco mais de segurança por parte do serviço público, os atletas ficariam mais seguros enquanto exe cutam suas Segundoatividades.osecretá rio, a guarda municipal realiza a segurança das vias, e a criação de fai xas para circular apenas bicicletas ainda depende de um estudo do setor de engenharia, mas ga rante que “está no pla nejamento a elaboração de estudo técnico, para a implantação de ciclovias na nossa cidade.”

MORRORÓDEPREFEITURAFOTO:

A Semana de Visibilida de Arromântica é cele brada neste ano entre os dias 20 e 26 de fevereiro a nível mundial. A data, que se inicia sempre no domingo seguinte ao Dia de São Valentim (no qual o hemisfério norte co memora o amor român tico), foi escolhida pela comunidade para exal tar sua existência. Con tudo, o espectro ainda é pouco conhecido, o que pode limitar a autodes coberta entre os jovens e a expressão de quem se identifica.

Vitória Alves Descritos como pessoas que não sentem ou sentem pouca atração romântica, jovens falam sobre experiências e desafios

CORREIO MOSSOROENSE Social FEVEREIRO DE 2022 | SOCIAL | 6 Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com

O Espectro Arro mântico é dividido por duas áreas – a arroman ticidade estrita, ou seja, que não sente a atração romântica – que é carac terizada como “amor” ou “paixão” na crença po pular, e se liga à vonta de de se relacionar com uma pessoa específica –e a área cinza, que sente pouco ou com pouca fre quência. Em geral, são conhecidos como “aro”, e aqueles que também se identificam com o es pectro assexual recebem como identificação a pa lavra “ace”.Como o nome sugere, existem várias identidades no espec tro, com características e expressões próprias. Inclusive, a forma como cada um expressa sua orientação romântica se dá de maneiras diferen tes. Em conversa com o CM, dois jovens mosso roenses falaram sobre suas experiências com a arromanticidade. “Não sinto uma ne cessidade de expressar minha orientação ro mântica aos outros, até porque eu não tenho rede social e meu tempo livre passo estudando e jogando”, conta um dos jovens entrevistados. Já a segunda entrevistada se expressa de outra for ma: ela não vê problema em falar abertamente sobre esse assunto. No entanto, pela temática ser pouco comentada, mesmo dentro do movi mento LGBTQIA+, existe uma série de preconcei tos a partir do momento em que uma pessoa se assume “aro”, por isso não identificaremos as fontes nesta matéria. Ambos relataram que sentem dificuldade ao conversar sobre o as sunto com amigos e fa miliares: “Escuto coisas tipo ‘mas todo mundo é assim’, ‘isso é bloqueio emocional’”. De certa forma, a invalidação é o tipo mais comum de preconceito contra esse grupo, além da falta de informação sobre o as sunto. “Se um ser hu mano não está a todo o momento necessitando de uma companhia ou relacionamento, ele tem algum problema, isso segundo o que julga a sociedade”.Segundo os entre vistados, o contato com a identidade aconteceu pela internet. “Conheci a arromanticidade em fó runs de pessoas assexu ais, e por sinal me iden tifiquei”, diz. Há também uma concordância de que as informações que chegam aos jovens em geral são limitadas. “Nunca vi nenhuma página no Instagram. Já no Twitter tem algu mas, mas muito poucas”. Disse ainda que “prati camente existem zero informações sobre arro manticidade, e quando têm, ainda são informa ções erradas ou estereo tipadas. É um saco isso, inclusive porque dificul ta até para a pessoa no processo de se desco brir”.Contudo, se acre dita que essa definição pode ter algo a ver com você, a dica desses jo vens é conhecer a si mesmo. “Na adolescên cia, prestava atenção que os coleguinhas da turma falavam sempre sobre sentedosnamorosrelacionamentos,etc.”,relataumjovens.Asegundaquetambémpas sou por situações simi lares: “percebia todas as minhas amigas gostando de alguém, e eu nunca nem tinha chegado per to de gostar de alguém”. Se quiser conhe cer mais sobre o assun to, páginas na internet, como “Aroaceiros” ou “Aroace Space” são des tinadas a informar sobre o espectro. Em questão de literatura, um dos entrevistados afirma que gosta da escritora e ilustradora inglesa Ali ce Oseman. "Gosto bas tante dos livros da Alice. Neles existe uma repre sentação aro muito boa. Inclusive, a protagonista de Loveless (novo livro da autora) é acearo”.

Conheça os arromânticos da comunidade LGBTQIA+

O espectro arromântico é englobado a partir da letra A na sigla (Leonid Altman/Getty Images).

Conversamos com Assis Vieira, formado em Serviço Social e um dos fundadores do pro jeto, que nos contou um pouco sobre o seu surgi mento e suas ações. O que motivou a iniciar o Doando Amor? Assis Vieira: A história do projeto em si come çou através de uma ami ga minha. A mãe dela enfrentou o câncer, e a gente tinha várias dúvi das com relação a con seguir uma peruca para ela. Os projetos em si estavam bem no início e não era como hoje que está bem mais fácil da gente conseguir as doa ções.

O projeto Doando Amor nasceu em Aracati/CE, através de um grupo de amigos tocado pela his tória de pessoas que en frentam o câncer. Mui tas vezes, o tratamento da doença faz com que seus pacientes percam os cabelos, e por isso, muitos recorrem às pe rucas como forma de passar com mais leveza pelo processo. Além do mais, o acessório ajuda a resgatar a autoestima e melhorar a forma como se encara a doença. O perfil do projeto no Instagram, seguido por mais de duas mil pessoas, conta as his tórias de quem já fez as doações, como forma de incentivo para quem deseja também fazer o gesto. Formado por uma rede de parceiros, o Do ando Amor conta com a solidariedade da pessoa que doa as mechas, da que prepara as remes sas, preenche certifica dos e de quem faz o en vio das arrecadações.

Mechas de cabelo arrecadadas pelo Doando Amor - Doando Amor Entrega de doações no Não Dói - Doando Amor

amor e cabelos para promover sorrisos Grupo de amigos se une em prol da solidariedade para arrecadar mechas de cabelos e ajudar pessoas em tratamento contra o câncer NÃO DÓI O “Um pedacinho de amor não dói”, ou sim plesmente “Não Dói” é uma organização não governamental, situ ada em Fortaleza/CE que recebe as doações de mechas de cabelo e produz perucas para distribuir a pacientes em tratamento onco lógico. Um dos pontos de coleta do Não Dói é no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, na capital cearense. Quais os critérios para quem quer doar os ca belos? Para fazer a doação só precisa que a mecha te nha no mínimo 15 cen tímetros, não importa se tem química ou não, qualquer tipo de cabe lo nós aceitamos. Mui tas pessoas perguntam se pode doar cabelo ca cheado: pode! O cabelo tem que estar limpo e de preferência seco. Faça você também sua doação ou estimule ou tras pessoas a doarem.

DÓINÃO DÓINÃO

Doando

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Quando tudo começou? No ano de 2020, em ou tubro, coincidindo com o Outubro Rosa, sentei para conversar com a Daiane, uma das funda doras do projeto: “Por que que a gente não faz um projeto, uma página para poder centralizar as doações, para o pesso al do Aracati e da região conhecer o projeto e en trar em contato conosco para fazer as doações, para gente não precisar está indo atrás, as pes soas mesmo virem atrás para fazer as doações?”. E aí o projeto iniciou. “A história do projeto em si começou através de uma amiga minha. A mãe dela enfrentou o câncer, e a gente tinha várias dúvidas com re lação a conseguir uma peruca para ela”. Durante o período em que estão atuando, quantas doações já re ceberam? Ano passado, em março, nós mandamos 152 doa ções. Este ano, nós es tamos preparando uma nova remessa. Agora a gente já está com 160 para mandar. De onde vêm as doa ções? Das cidades de Aracati, Fortim, Itaiçaba, Jagua ruana, Icapuí, e Cristais, interior de Cascavel. Nós estamos tentando fazer com que o projeto se ex panda, mas é só na base da colaboração mesmo. Para onde vão as doa ções? Atualmente a gente manda para o ‘Não Dói’, porque é o que mais se enquadra no perfil das nossas doações.

Qual é o sentimento em fazer parte de um proje to como esse? É muito gratificante. Es ses dias eu estava pen sando sobre a importân cia do projeto para quem recebe a peruca, para que resgatem sua auto estima. “Para fazer a doação só precisa que a mecha te nha no mínimo 15 centí metros, não importa se tem química ou não, qualquer tipo de cabelo nós aceitamos”.

Rebecca Falcão

O Centro de Hematolo gia e Hemoterapia (He mocentro) de Mossoró é o órgão responsávelgovernamentalpeloserviço público de abastecimen to de sangue de todas as unidades hospitalares da região, sejam elas da rede públicas ou pri vadas. Para o abasteci mento de todas essas unidades, são necessá rios voluntários aptos à doação sanguínea. O voluntário passa pelo processo de tria gem, quando se pede algumas informações a respeito de sua saúde. Nesse processo, é re alizada uma entrevista clínica com perguntas objetivas e pessoais, a fim de avaliar o perfil do doador e procurar sa ber antecipadamente se seu sangue está saudável para ser doado para ou tras pessoas.GabrielVinicius, 23 anos, estudante de con tabilidade, doador fre quente a quase 4 anos, afirmou que o processo de triagem para ele é tranquilo. Ele disse que a “assistente social faz diversas perguntas so bre você, sobre exames, sobre vida sexual, e se viajou pra algum lugar que tenha risco de ter contraído doença”. Filipe Costa, 31 anos, adminis trador, também contou que a questão da tria gem é bem sossegada. Ele doa sangue periodi camente há quase 8 anos e está sempre disposto a ajudar o Segundopróximo.Filipe, “há uma certa falta de in formação prévia sobre alguns motivos que te impedem de doar san gue (uso de medicações,

Fátima recebeu sangue doado no Hemocentro e incentiva os moradores de Mossoró a fazerem doação sanguínea.relações sexuais. E eu: "Por motivos religiosos, eu não tenho relações sexuais." Só que ela fez a mesma pergunta umas 3 vezes. Achei bastante constrangedor”, relatou Pedro Hugo, 28 anos, es tudante de pessoasApesarjornalismo.dealgumasteremessasdi

Exite a dificuldade das informações da organização chegarem as pessoas da cidade, além da falta de con hecimento e compreensão sobre a importância da triagem clínica antes da doação sanguínea.

ficuldades com o ques tionamento da triagem, a percepção de que a organização impõe esse questionário para a so ciedade revela uma in compreensão da sua real importância, que é garantir a segurança de vida para as pessoas que irão receber as do ações sanguíneas, e que isso tem mais valor do que uma pergunta pa recer embaraçosa para alguém. Além de perpe tuar uma visão errônea e negativa sobre a doação de sangue que pode fa zer com que outras pes soas deixem de doar por contaFatimadisso. Silva, 47 anos, dona de casa, teve que passar por uma ci rurgia de Tireoide e foi quando ela precisou pe dir a colaboração de ou tras pessoas para repor o estoque no Hemocen tro de Mossoró. “Vi a ne cessidade de pedir por redes sociais, porque o estoque do hemocentro é sempre vazio, e isso também é uma maneira de incentivar as pessoas a fazerem suas doações”, contou.Ela está consciente da relevância do ato de doar sangue para a so ciedade e faz questão de acrescentar: “Na verda de, eu já tinha noção da importância, e quando precisei, foi meio que um choque, principal mente por conta do es toque vazio. A gente fica imaginando quando não se consegue a doação, dependendo do estado que se encontra a pessoa necessitada, ela pode fi car ainda pior, caso seja crítico”.

Rafaela Lúcio MEIREJEANEFOTO:MEIREJEANEFOTO:REPRODUÇÃO/INSTAGRAMFOTO:DANTASCARINAFOTO:

Para doar sangue no Hemocentro, é necessário o preenchi mento do cadastro e levar documento oficial com foto.

A coleta de sangue dura em torno de 15 minutos, é feita com material esterilizado e descartado, e depois é oferecido re fresco ou lanche aos doadores. entre outras coisas), o que, às vezes, faz algu mas pessoas irem ao he mocentro e não doarem sangue”. Mas basta ligar para o Hemocentro de Mossoró ou consultar suas redes sociais para saber quais os requisi tos para se doar sangue, bem como pesquisar na internet como ser um doar de sangue em todos os centros pelo Brasil afora, para se ter acesso à essa “Tenhoinformação.umaopção reli giosa e quando fui doar uma vez, a mulher ficou me questionando se eu realmente não tinha tido

Felipe Costa doando sangue no Hemocentro de Mossoró, em 25 de novembro de 2014.

CORREIO MOSSOROENSE

Moradores de Mossoró relatam suas vivências no Hemocentro

Saúde FEVEREIRO DE 2022 | SAÚDE | 8 Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com

Dirigido por Felici ty Morris e distribuído pelo serviço de strea ming Netflix, o docu mentário começa com a perspectiva de uma das vítimas, Cecilie Fjel lhøy, que conta como tudo começou: quando ela viu um perfil muito atraente de um homem, aparentemente bem-su cedido, no aplicativo de relacionamentos Tinder. Eles deram match (como se chama a combina ção de curtidas um no perfil do outro dentro da plataforma), e logo tiveram seu primeiro encontro cheio de luxo. Cecilie relata como no início tudo parecia um conto de fadas, e a visão da diretora foi essencial nesse aspecto. Interca lando cenas de clássicos da Disney e filmes anti gos, com os depoimen tos, demonstrando esse olhar deslumbrado da vítima, que ignorava os sinais suspeitos na bus ca de viver um romance.

FOTO Kristiansen/VG/EPA-EFE/ShutterstockTore

O golpista usava o nome de Simon Leviev, dizendo ser um magnata do diamante, a desculpa perfeita para estar sem pre viajando e conseguir enganar mulheres de di versos lugares. A tática de Simon para adquirir dinheiro das vítimas era alegando está em perigo, assim não podendo usar seus próprios cartões para não ser rastreado, então ele pedia dinheiro emprestado para ban car sua vida de luxo. Mas usando a desculpa que era para custos relacio nados ao trabalho, como voos e reuniões com in vestidores.Conhecemos mais uma vítima, a norue guesa Pernilla Sjoholm. Sua relação com Simon era diferente das outras vítimas, pois eram bons amigos e Simon usou desse vínculo para pe dir dinheiro empresta do para ela, que também acabou transferindo dinheiro para o golpis ta. Mesmo sendo uma história trágica, os rela tos das duas vítimas são contados de forma leve, até com um certo bom humor, o que faz o teles pectador sentir empatia pelas vítimas e torcer por um final feliz, mes mo já sabendo o final da história.Quando a primeira vítima descobre que ha via caído em um golpe, e que não era a única, Cecilie leva o caso para a maior revista da Norue ga, que depois de muitas investigações dos jorna listas, recruta Pernilla, e as duas juntas expõem todos os fatos para que nenhuma mulher pas se pela mesma situação.

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Shimon Hayut sendo detido na Finlândia em 2015 após denúncia de uma das vítimas. e para se vingar, Ayleen vendeu e ficou com o di nheiro arrecadado. As sim, o falso magnata do diamante passou a ser “o rei dos sem-teto”, como ele mesmo descreveu em seu momento mais deplorável. No final, percebe mos que o foco do docu mentário é o inferno que Cecilie, Pernilla e Ayleen passaram, a última che gou a ser ameaçada por ela caso não repassasse o dinheiro das roupas. E ao ver o sorriso no rosto dessas mulheres quando Shimon é preso, senti mos uma sensação de esperança, porém a rea lidade é cruel e o docu mentário não esconde os fatos chandoalmentemostrandoinadmissíveis,Shimonatusoltodebodetodaasitua ção e seguindo com sua vida como se nada tives se acontecido.

O filme é baseado em um caso real de 2018, do israelense Shimon Hayut, que aplicava golpes financeiros em mulheres que conhecia pelo aplicativo de relacionamento. Netflix

Vítimas expõem o golpista do Tinder em novo documentário Apenas assinantes da plataforma podem assistir ao filme on-line.

Selton Deolino

Conforme vai avançan do, há uma reviravolta na história com a che gada da terceira vítima, Ayleen, que não estava satisfeita só com a ex posição do caso, então ela decidiu se arriscar e aplicar um golpe no gol pista.Simon estava sendo procurado pela polícia, desesperado por dinhei ro e sem saber o que fa zer. E Ayleen, por traba lhar no ramo da moda, o convence de deixá-la vender suas roupas de luxo, na promessa de que lhe repassaria o di nheiro. Ele rapidamente concorda com o plano,

Após dois anos de pan demia, restrições e mui tos dúvidas sobre a re alização dos eventos ou não, o Carnaval estará de volta. 2022 marca o retorno da festa mais popular da cultura bra sileira. Em Mossoró também regressa, mas como uma diferença: foram 7 longos anos de ausência. Desde 2015, o Carnaval das Escolas de Samba não acontecia na cidade, que detém uma grande importância na Cultura Popular do es tado. A última edição foi marcada por exibições de blocos de frevo, ma racatu, além, claro, das apresentações das agre miações de samba da ci dade. Na ocasião, a Ba lanço da Mocidade ficou com o título. Após isso, o Carnaval deixou de ter o apoio da gestão munici pal e só agora, depois de muito tempo, voltará a ser realizado. A herança cultural carnavalesca em Mosso ró já vem de longa data. O regresso do Carnaval traz de volta a festa sím bolo da cultura popular, um alento a quem tanto se dedica em prol des se evento. Para 2022, a novidade é a estreia da Portela Mossoroense nas escolas de samba. Entrevistamos o pre sidente dessa escola, Márcio de Aquino Silva, 37 anos, conhecido por Marcinho, que tem uma história ligada à essa festividade. Marcinho, primeira mente, gostaria que você falasse sobre a im portância deste "resga te" do Carnaval Mosso roense?

Marcinho Carnavalesco explica o carnaval em Mossoró através de sua experiência Crianças participam e se divertem nos ensaios da bateria da escola (Foto: acervo do Marcinho)

“Vamos reconstituir o nosso Carnaval para manter esta tradição no coração dos foliões e para que as próximas gerações deem continuidade no nosso Carnaval.”

Como surgiu a ideia de criar a escola de samba Portela Mossoroense? A Portela Mossoroense surgiu através do blo co "Mocidade do Frevo". Quando o bloco entrou na avenida, na estação das artes Eliseu Venta nia, o público foi à lou cura, o público ficou abismado com o brilho, com o luxo do bloco de frevo "Mocidade do Frevo". Ao sair da ave nida, o público desceu das arquibancadas para conversar comigo e me disse: "sua escola esta va linda, a melhor esco la que teve na cidade de Mossoró", aí eu disse que não era uma escola e sim um bloco, um bloco de frevo. Daí surgiu a ideia da Portela. Como será o enredo da escola? Trazemos ideias e refe rências das escolas de samba do Rio de Janeiro. Em nosso primeiro ano, vamos falar sobre o fre vo: "Nem só de suor vive o negro, mas de todo Frevo, nasce da ponta do pé a ave Portela". Vamos trazer seus elementos, que é o ritmo, que é o passo, que é a sombri nha, que é a resistên cia, a alegria e o negro. No carro abre-alas, será uma grande aquarela onde a gente vai contar toda a história do enre do. Com as cores preto, branco e vermelho, va mos simbolizar as raças. Verde, azul, amarelo e violeta representando os elementos da flora e da resistência. Os outros elementos do carro são os instrumentos musi cais, berimbau, cana de açúcar, realeza afro do maracatu.

surpresas para o público? Trazemos em torno de 12 alas, cada ala terá uma surpresa para o gran de público de Mosso ró. Vamos trazer muita coisa que vai impactar a cidade, como a ala da capoeira, ala das baia nas, a ala dos ursos, que deram origem ao nosso carnaval, esta ala rece be o nome "Esperando o Caçador voltar". Teremos também a ala dos mas carados "Terror e Co lombina: tudo no Frevo combina" e também a ala do folião. Como é feita a capta ção de recursos para os desfiles acontecerem? A captação de recursos para os desfiles das esco las de samba, realmen te, a gente tem apoio da Prefeitura de Mossoró.

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Arthur Igor Silva e Fátima Fonseca

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Textos ou sugestões?

CARNAVAL É ARTE VIVA

“Em nosso primeiro ano, vamos falar so bre o frevo: "Nem só de suor vive o negro, mas de todo Frevo, nasce da ponta do pé a ave Por tela". Vamos trazer seus elementos, que é o rit mo, que é o passo, que é a sombrinha, que é a resistência, a alegria e o Haveránegro.”

CARNAVALESCOMARCINHOFOTO

É muito importante manter nossa cultura carnavalesca, porque o Carnaval é a arte viva, é a cultura que se movi menta, é a efervescên cia do corpo na explo são do samba, do Frevo e da fantasia. Ajudando também a resgatar as crianças, adolescentes e jovens. Para isso, tra balhamos o ano inteiro para mantê-los ocupa dos, porque pensamos na formação destes jo vens e adolescentes, e também, na Portela do amanhã. Então vamos reconstituir o nosso Carnaval para manter esta tradição no coração dos foliões e para que as próximas gerações deem continuidade no nosso Carnaval.

MÁRCIODOACERVOFOTO

CORREIO MOSSOROENSE FEVEREIRO DE 2022 | CULTURA | 11

A pandemia foi um perí odo bastante complica do para muitas pessoas, como vocês da escola li daram com isso? Foi bastante complicado no início porque a gen te já tinha começado os ensaios e os meninos não queriam parar com os ensaios. Quando a prefeitura embargou o Carnaval por conta da Covid, nós tivemos de fechar o nosso barra cão. Foi um momento constrangedor, pois os meninos acharam que a gente não queria dar continuidade aos tra balhos. A pandemia nos afetou dessa forma, mas foi bom porque recebe mos apoio financeiro e recursos para a gente poder trabalhar, parti cipamos dos editais, que nos deram um bom va lor e permitiu sobreviver através disso. Como você vê a impor tância do Carnaval para a cultura de Mossoró num todo, visto que é uma cidade muito co nhecida também na parte cultural? A cidade é muito conhe cida na parte cultural, no Mossoró Cidade Ju nina, no Chuva de Bala, no Alto da Liberdade, na dança, no teatro, mas o Carnaval geralmente é esquecido pelas políticas públicas. A prefeitura faz 7 anos que não investe no carnaval. É impor tante manter a cultura carnavalesca. Queremos estampar nas ruas a di versão de cores, o som e muito frevo. Precisa mos deste socorro para reconstituir o carnaval. Carnaval é arte! Carna val é cultura!”

Os figurinos e as cores da Portela Mossoroense. Fantasias da Portela Mossoroense. MÁRCIODOACERVOFOTO

A Portela Mossoroense se inspira na famosa es cola de samba do mes mo nome? A gente sim, traz refe rências das escolas de samba do Rio de Janeiro. Eu não tenho uma favo rita, todas são dignas de campeã. O nome Portela Mossoroense foi suges tão de minha amiga Ivo ne e eu acabei gostando da ideia. Como sua família ob servar toda essa sua luta pelo carnaval? E eles te ajudam? Eles me apoiam em tudo que eu faço. O braço for te da Portela Mossoro ense é minha mãe, mi nha tia, meu padrasto, minha cunhada e meu irmão. Esses anos todos que eu estive desempre gado, consegui vencer todas as dificuldades. Meu CNPJ foi pago pela minha cunhada, minha tia e minha mãe. Fico muito gratificado em levar esse trabalho para toda a comunidade. O galpão foi doado, construído ou improvi sado? Conta um pouco sobre ele. O nosso barracão foi comprado com recur sos próprios. Minha mãe e minha tia ajudaram a comprar, na construção deste sonho. Foi muito gratificante, já que so mos a primeira escola (de Mossoró) com bar racão e a segunda do estado. Mossoró já teve várias escolas de sam ba, mas nenhuma teve a oportunidade de ter um barracão próprio.

“A Portela tem uma relação muito boa com os grupos juni nos de Mossoró. (...) A gente costurava, fazia as roupas e dava para eles. Depois eles de volviam à escola e em troca, participavam nas alas com a gente.” No seu conhecimento, qual seria a origem do carnaval de Mossoró? Eu acredito que em Mossoró, o começo do carnaval tenha sido em 1910. A origem se deu dentro dos clubes, que a sociedade se fantasia va e brincava 4 dias de momo. Com o passar do tempo, saiu dos clubes e migrou para as ruas. Os trios elétricos e as es colas de samba são mais recentes. Quando começará o carnaval do município? Acredito que em 2023, a prefeitura de Mosso ró voltará às atividades com o Carnaval. Esse ano não teve por conta da pandemia, mas a gen te junto com o Secretário de Cultura, começamos a visitar as agremiações, fomos em três escolas de samba, nos blocos, nos maracatus e também nas tribos indígenas. In clusive, neste ano, pro vavelmente a prefeitura de Mossoró vai abrir um edital e vai encaixar os carnavalescos no seg mento do carnaval para que possamos participar e concorrer a este prê mio. Tenho muita fé que em 2023, a gestão fará um belíssimo carnaval.

Qual o número de com ponentes da escola? Acredito que a Porte la Mossoroense irá para a avenida com cerca de 300 componentes, pois a gente vai terceirizar todas as alas da esco la, e todos aqueles que estiverem na luta com a gente, receberão um apoio financeiro da es cola, como forma de in centivo.

Como é relação da Por tela com o São João em solo mossoroense? A Portela tem uma re lação muito boa com os grupos juninos de Mos soró. Quando a gente fundou a Portela Mos soroense, a gente já ti nha um credenciamento que com as quadrilhas, tínhamos o apoio da Sensação Junina, da So nho do Sertão, da Erro de Cálculo e também da Noite do São João, essas quadrilhas participavam do Mossoró Cidade Ju nina com os figurinos da Portela Mossoroense. A gente costurava, fazia as roupas e dava para eles. Depois eles devolviam à escola e em troca, par ticipavam nas alas com a gente. As mulheres fi cavam nas alas e os ho mens ficavam na bateria da escola.

Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com Eu acredito que em 2022 terá um reajuste, pois em anos anteriores, as escolas de samba já re cebiam R$ 16.600, já com o valor do carnavalesco. Como as coisas aumen taram, acredito que este valor também aumenta rá. A gente também usa recursos próprios com a família da gente, os ami gos e assim consegui mos fazer um belíssimo Carnaval.

“É importante manter a cultura carnavales ca. Queremos estam par nas ruas a diver são de cores, o som e muito frevo. Carnaval é arte! Carnaval é cultura!”

Com o álbum Lady Leste, a artista conseguiu se destacar ainda mais no cenário pop nacional e internacional.

Legenda: Glória posa sobre carro em posto de gasolina na capa do álbum Lady Leste.

Legenda: Glória Groove usando vermelho para promover seu novo disco. brilhar em todos os gê neros e estilos musicais e em todo um mundo de possibilidades estéticas. Como fez no clipe de Leilão, cheio de diversos personagens e versões da própria artista, Glória mostra e vem mostrando toda a sua versatilidade e o poder de ser o que de sejar ser.

GROOVE/INTAGRAMGLÓRIAFOTO:GROOVE/INTAGRAMGLÓRIAFOTO:

O segundo álbum de Glória Groove, Lady Les te, foi lançado na quin ta-feira 10, às 21h. Con tendo um total de treze faixas, o álbum também traz hits pré-lançados e já muito conhecidos, como “BONEKINHA”, que já possui mais de 70 milhões de streams em soma feita em to das as plataformas, se guido por “A QUEDA” e “LEILÃO”. Segundo o Correio Braziliense, “A QUEDA trouxe para Gloria Groove o título de primeira drag queen solo a conquistar o Top 200 da Billboard. Atin giu também o Top 50 em Portugal e o Top 200 no Uruguai, na Suécia e em CaboOVerde”.maisrecente tra balho da artista carrega uma variedade de gêne ros musicais, como funk, rap, pop, pagode, reg gaeton, R&B e piseiro. Nascida e criada em Vila Formosa, Zona Leste de São Paulo, Glória revela no single do álbum, Ver melho, uma homena gem a um outro artista da mesma zona, MC Da Leste e ao hit Mina de VermelhoTrazendo(2012).essas ra ízes em Lady Leste, po demos ver brilhar nas faixas “SFM”, “FOGO NO BARRACO” e “PISANDO FOFO” a influência que principalmente o rap e o funk tiveram em sua vida. Elas remetem a fes ta, vivacidade e sensu alidade que o baile funk carrega noite adentro. Enquanto “APENAS UM NENÉM”, “TUA INDECI SÃO” e “LSD” trazem um ritmo mais lento, a me lodia viciante do piseiro, o romance do pagode e a melodia envolvente de um R&B (um subgênero com influências do soul, funk e hip-hop norte americano).LadyLeste conta com grandes colabora ções como MC Hariel, Tasha & Tracie, Sorri so Maroto, Priscilla Al cantara, entre outros. A obra também possui produção de Pablo Bis po e Ruxell, e composi ções da própria Glória. Em coletiva de imprensa do álbum, ela conta que uma das principais fai xas, LEILÃO, revela sua visão sobre como as drag queens e outras pessoas da comunidade LGBT QIA+ só são procura das no mês do Orgulho para que as empresas e o mercado possam vender mais usando suas ima gens.O álbum além de expressão artística e musical, também leva as próprias vivências de Glória sobre como é ser uma artista drag queen no Brasil, um país ainda extremamente precon ceituoso.Segundo a artista, o álbum pode ser divi dido em duas partes, o Lady e o Leste, um de les mais melódico e com vocais mais trabalhados e o outro com um ritmo mais intenso, centrado no funk e rap. “O lado Leste é tudo o que sem pre fui. Quando falo da zona leste, não é somen te desse lugar emblemá tico para muitos por ter que carregar muitos es tigmas. Eu falo do lugar onde nasci e me sinto em casa, que dá em meu coração aquela sensação de lar”, contou para re vista Marie Claire. Lady Leste veio quebrar a perspecti va limitada de que drag queens pertencem ape nas ao pop, elas podem

Estefanny Bernardo

CORREIO MOSSOROENSE Cultura FEVEREIRO DE 2022 | CULTURA | 12 Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com

Glória Groove pinta de vermelho carmim seu caminho pelas paradas musicais

Clarice, Renata, Renata e Iasmin, juntas levantando o Troféu da Copa Natal 3x3 2022. oportunidades de cres cer no basquete e conse guir seguir uma carreira. Mas basquete me trouxe muitas oportunidades. Meus estudos desde que eu tinha 13 anos de idade foi todo financiado pelo basquete, eu nunca pre cisei pagar a escola que eu estudava e também não precisei pagar a fa culdade que eu fiz.

CORREIO MOSSOROENSE Esporte FEVEREIRO DE 2022 | ESPORTE | 13

Mamacitas vence categoria de basquete feminino em Natal com custeamento próprio

Entre os dias 11 e 13 de fevereiro, aconteceu na capital do Rio Grande do Norte a Copa Natal 3x3. A equipe Mamacitas su perou as rivais do ABC/ SESC (Serviço Social do Comércio) e venceu na categoria de Basquete Feminino Adulto. A co luna entrou em contato com as atletas e con seguiu declarações de Clarice Câmara (20), re presentante de Mossoró, Renata Bigal (23), Iasmim Oliveira e Renata Duarte (30), naturais de Natal. Qual a sensação de ter ganho a Copa Natal 3x3 Renata2022? B.: A sensação foi de dever cumprido. Des de que se iniciou o ano venho treinando com as meninas para fazermos uma boa participação na primeira competição do ano. Minha equipe do aeroclube do ano passa do treinou intensamente durante os últimos 5 me ses de 2021 e nós quatro da equipe fazíamos par te, então nada melhor do que mostrar que todo nosso esforço diário va leu a pena. Já participei de algumas competições assim, gosto muito da modalidade 3x3. “O basquete femini no, investimento,temprincipalmente,pouquíssimopoucoscampeonatosecom isso, dificulta ainda mais a evolução do esporte no estado.”

Do que se trata a Copa Natal 3x3? Você pode nos contar um pouco sobre o Clarice:torneio? A competição se tratou de um torneio 3x3, uma nova modalidade do basquete que consiste na disputa de duas equipes com 4 atletas cada, que ocupa apenas metade da quadra. As regras de jogo são diferentes e o tempo também. A Copa Natal ocorre todos os anos, mas em 2022 deu início nessa nova modalida de, que teve categorias sub-15, sub-18, sub-23 e adulto, tanto masculino quanto feminino. Houve incentivo eco nômico para a equipe ou todo o custeamento foi feito pelas próprias Renatacompetidoras?D.:Não, o cus to foi todo feito pelas atletas. O que dificulta muito a participação de mais times no campeo nato. O basquete femini no, principalmente, tem pouquíssimo investi mento, poucos campeo natos e com isso, dificul ta ainda mais a evolução do esporte no estado.

Você pretende seguir a carreira esportiva? Iasmin: Eu, com certe za, amaria seguir carrei ra, porém aqui na nossa cidade não temos ainda

FREEPIK/@KATERINA51

CAVALCANTIHAMILTONJOSÉFOTO:

Textos ou sugestões? mossoroensecorreio@gmail.com

Renata D.: A carreira es portiva é muito difícil, principalmente se você considerar carreira es portiva apenas quando recebemos dinheiro por isso. Mas mesmo sem esse incentivo, o bas quete para mim sempre vai existir, e sempre vai fazer parte da minha rotina, principalmen te para ajudar nas no vas gerações. A evolu ção do basquete aqui no Rio Grande do Norte é o principal.

Para saber mais sobre a participação das atletas na copa, questões como patrocínio, visibilidade e possibilidade de futuro no esporte, entrevistamos as vencedoras.

“A falta de valorização do esporte feminino faz com que muitas mulheres e meninas não se sintam esti muladas a jogar, o que gera uma grande dificuldade na hora programar uma com petição, por falta de pessoas interessadas, o que dificulta o cres cimento do esporte.” Quais os principais de safios que mulheres dentro do esporte cos tumam enfrentar? Renata B.: A falta de valorização do esporte feminino faz com que muitas mulheres e me ninas não se sintam es timuladas a jogar, o que gera uma grande dificul dade na hora programar uma competição, por falta de pessoas interes sadas, o que dificulta o crescimento do esporte. Além disso, essa falta de estímulo não gera inte resse na hora de assistir a competições femini nas dificultando a busca de patrocínios e pesso as engajadas com novos projetos.

Letícia Oliveira e Bernardo Araújo

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