Tribuna Feirense Novembro de 2018

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FEIRA DE SANTANA-BAHIA, SEXTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2018

ANO XX- Nº 2.609

R$ 1

ATENDIMENTO (75)3225-7500

Colbert Martins governa de olho em 2020

Foto: Jorge Magalhães

Administrando Feira de Santana desde o mês abril, o prefeito Colbert Martins Filho promete uma gestão responsável por grandes mudanças no perfil urbano do município. Segundo Colbert, mais de R$ 60 milhões serão investidos em Mobilidade Urbana, com vistas a melhorar a qualidade de vida do povo feirense. O projeto de requalificação do centro da cidade é uma das apostas do prefeito para a eleição de 2020, quando

deve se candidatar à reeleição. Nessa edição, o jornal Tribuna Feirense traz uma entrevista com o atual prefeito, na qual fala sobre as principais obras que pretende realizar, sobre a relação com o ex-prefeito José Ronaldo e sobre o cenário político para 2020. Além disso, nossa equipe de reportagem realizou uma série de matérias sobre os projetos do Governo Municipal para o Centro de Abastecimento e para

o centro comercial da cidade. No caderno Tribuna Cultural, destaque para a matéria sobre o arquiteto Amélio Amorim, que mostra a trajetória do profissional que remodelou o perfil arquitetônico da cidade. O arquiteto projetou inúmeros e arrojados trabalhos. O maior deles foi o Complexo Carro de Boi, com a sua inusitada boate em forma de abóbora, hoje em ruínas e relegado ao esquecimento.


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Feira de Santana-Bahia, sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Mobilidade Urbana é a aposta de César Oliveira

Requalificar o centro da cidade; ordenar o comércio informal; liberar as calçadas e adequá-las às necessidades dos Portadores de Necessidades Especiais; promover melhorias na saúde; ampliar projetos culturais; tornar o município mais atraente para os negócios; tudo sem deixar de dar atenção especial à zona rural. Esses são alguns dos muitos planos que o prefeito Além da conclusão das obras deixadas pelo ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho, em quais projetos o senhor aposta, para dar identidade ao seu governo? Temos grandes desafios. Algumas obras importantes para a cidade, iniciadas pelo prefeito José Ronaldo, tenho a missão de concluir. Outros projetos, de nossa iniciativa, estão sendo elaborados e serão executados pela nossa gestão. Desejamos estruturar o centro da cidade e, para tal, buscamos um financiamento, já em tramitação nas instituições de crédito. Investiremos mais de R$ 60 milhões em Mobilidade Urbana. Teremos, pelo menos, 30 quilômetros de ciclovias na cidade. Renovaremos a frota de máquinas do Município, utilizadas em ações na nossa sede e também na zona rural. Implantaremos a Zona Azul, tão reivindicada pelo comércio. O Centro de Abastecimento é outro grande foco de atenção. Esperamos revitalizá-lo e fazer com que possa ser mais organizado e atraente. Vamos criar novos conceitos para os nossos festejos populares, começando com o Natal Encantado, que, esse ano, será ampliado para 19 dias, uma festa feita para as famílias. Temos projetos para que as nossas escolas apresentem um melhor desempenho junto aos alunos e para que a saúde possa oferecer mais serviços e mais qualidade à nossa população. O senhor anuncia obras de requalificação do Centro de Feira de Santana. Quais as princi-

Colbert Martins Filho (MDB) tem para Feira de Santana, nos próximos dois anos. Em entrevista ao jornal Tribuna Feirense, o prefeito falou sobre o investimento que fará em Mobilidade Urbana; sobre o BRT, ainda inacabado e alvo de críticas; opinou sobre a Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS); comentou sobre a relação que mantém com o ex-prefeito José Ronaldo e sobre o cenário eleitoral para 2020, quando deve se candidatar à sucessão. Foto: reprodução

pais ações desse projeto? Mobilidade Urbana é a principal ação proposta neste projeto. Ciclovias, passagens elevadas para o pedestre, sinalização especializada para pessoas portadoras de deficiências, melhorias dos passeios públicos, reestruturação das ruas mais importantes do Centro. Como diz o nome, é uma grande requalificação, que vai solucionar problemas atuais e nos preparar para as próximas décadas. Muitos dizem que o BRT, até então não concluído, não trará qualquer benefício para a população, sobretudo a periférica, e que não resolverá os problemas de Mobilidade relativos ao transporte coletivo. O que os feirenses podem realmente esperar desse projeto? Muitos que dizem, o fazem sem o conhecimento de causa. O projeto BRT não é algo que saiu da cabeça de muitos, que falam do que não sabem. Saiu do conceito de técnicos, de gente especializada em transporte público. A Prefeitura de Feira de Santana contratou uma empresa experiente na implantação de sistemas de transporte em grandes centros e o BRT foi fruto de estudos muito específicos e detalhados. Algo, aliás, aprovado pelo Ministério das Cidades. Um investimento aprovado pela União, devido à sua importância. É claro que trará benefícios aos usuários do serviço, em diversas regiões da cidade, principalmente na periferia. Teremos muito mais celeridade no ir e vir das pessoas entre os bairros

Mais de R$ 60 milhões serão investidos em obras de requalificação do centro comercial da cidade, segundo o prefeito onde moram e o centro de Feira de Santana. Existe um gargalo, no atendimento de média complexidade, na área da Saúde. O senhor pretende intervir nessa questão? Quais seriam as ações para melhorar a qualidade do atendimento de saúde, no município? Gargalos existem na saúde pública em todo o país, acredito. Convido o jornal a fazer um estudo

mais detalhado, no entanto, para entender a saúde em Feira de Santana como ela é, e não como é especulada. Temos uma rede de unidades de saúde da família, com uma cobertura que atinge todo o Município, uma das maiores redes do país, proporcionalmente falando. Esse ano, a Secretaria de Saúde realizou um mutirão para alcançar pessoas que estavam com dificuldade de marcação de exames. Havia cerca de 7 mil inscritos. Mais de

2.600 não compareceram ao chamado para fazer seus exames. Precisamos entender esse quadro. Mas, lógico, sou médico, enxergo as deficiências nessa área com mais facilidade. E estou determinado a promover melhorias na saúde. Elas vão ser feitas. A Uefs tinha uma proposta de parceria com a Prefeitura para abertura da Unidade de Ambulatório do Curso de Medicina, que está con-

cluída. Essa possibilidade existe? A possibilidade é real. Nessa parceria, vamos entrar com profissionais. A Prefeitura de Feira de Santana tem total interesse nesse projeto. A Unidade de Ambulatório do Curso de Medicina vai funcionar no Centro Social Urbano (CSU). A Universidade está definindo como será a atuação dos professores. É preciso ver, inclusive, como funcionará esse serviço durante o recesso


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Colbert para marcar seu governo da instituição, quando o quadro docente entra em regime de férias. Quais medidas o senhor pretende adotar para reduzir o índice de desemprego na cidade? O país está vivendo um período de fim de Governo. Este ano, foi muito difícil, não apenas para Feira de Santana, mas para o Brasil. Estamos às vésperas de uma nova gestão e precisamos aguardar um pouco, para que possamos (nós, prefeitos e governadores) nos situar nesse futuro perfil. Geração de emprego depende bastante da economia nacional. No plano local, vamos fazer uma avaliação dos incentivos oferecidos às novas empresas; ver o que pode ser atualizado. Faremos todos os esforços possíveis para tornar Feira de Santana ainda mais atraente para os negócios. Ainda esse ano, realizaremos, aqui, um grande encontro com o consulado estrangeiro sediado na Bahia. Teremos, na nossa cidade, representantes governamentais de diversas nações. Queremos inserir Feira de Santana na economia desses países e atrair investidores. Com a revitalização do comércio e a organização dos ambulantes, também pretendemos ampliar essa atividade e, com isso, gerar mais emprego e renda. Qual o seu Plano de Cultura para o município, nos próximos anos? Feira de Santana conta com o seu Plano Municipal de Cultura. Vamos cumpri-lo. Eu diria que um plano de cultura para o município não é algo exclusivamente da responsabilidade do prefeito e do secretário da pasta. Deve ser compartilhado com as representações culturais, com os atores que fazem a cultura acontecer. Como disse anteriormente, o Natal Encantado, por exemplo, está sendo ampliado. A Micareta de

desse projeto prejudica a cidade? Eu fui autor do projeto que criou a Região Metropolitana de Feira de Santana. Tenho grande interesse que ela saia do papel, sim. E agora, como prefeito, lutarei muito mais para isso. Mas é preciso dizer que a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) aprovou o projeto e o Governo do Estado, a quem compete colocá-lo em prática, não tem tido a preocupação de resolver. É algo que proporcionará, se aplicado, grandes benefícios a Feira e aos poucos municípios inseridos nessa Região Metropolitana. Aliás, essa é uma deficiência, incluíram poucas cidades. Mas, sim, vamos nos movimentar em torno do assunto e acredito que posso dar uma contribuição para que, Além de obras de finalmente, possamos vê-la manutenção mais coti- funcionando. dianas, o que Feira preO último pleito moscisa para crescer e se tornar uma metrópole com trou que não é possível maior qualidade de vida se eleger fazendo campanha em cima da hora. para a sua população? Estamos buscando um O senhor já conversou financiamento ousado, com José Ronaldo sobre arrojado, justamente para a sucessão, em 2020? O último pleito nos fazer frente a essa necessidade de continuar a prepa- mostrou muita coisa... ração da nossa cidade para Mostrou a força das redes o futuro. O prefeito José sociais, por exemplo. Eu Ronaldo fez muito disso, conversei com o ex-preao construir viadutos, tú- feito José Ronaldo sobre neis, pavimentar centenas as eleições, seus resultade ruas, implantar unida- dos e o impacto futuro. des de saúde em todas as Sobre a sucessão de 2020, regiões do município, entre sabemos que ela virá, mas outros investimentos nessa acredito que este ainda direção, o que já melhorou não é o momento de tratar significativamente a nossa dela. Agora, precisamos realidade. Eu darei conti- envidar todos os nossos nuidade a esse processo. esforços na administração Para tal, como já foi dito, da nossa cidade; em busvamos investir mais na me- car recursos, como venho lhoria de áreas da nossa ci- fazendo, ao manter contato dade que ainda apresentam permanente com Brasília; deficiências de Mobilidade em solucionar os problee de qualidade de vida. mas de projetos em curso; Minha atenção também e em preparar novos proestará voltada para a nossa jetos. No momento certo, sentaremos para conversar zona rural. sobre 2020. A Região MetropoliHá um compromisso, tana de Feira de Santana (RMFS) ainda não saiu por parte do ex-prefeito, do papel. O senhor consi- em relação à sua candidera que a não efetivação datura para 2020? Que 2019 vem sendo discutida desde que encerramos a festa desse ano. Temos um grupo de trabalho tratando de possíveis ajustes. Feira tem uma agenda cultural anual ampla, com muitos projetos, a exemplo do Vozes da Terra, do Festival Gospel, do Teatro Vai aos Bairros, dentre outros. Oferecemos oficinas de artes a milhares de pessoas, nos nossos diversos equipamentos. Projetos culturais são contemplados com o programa que permite às empresas financiá-los, através de parte dos impostos que recolhem ao Município. Vamos avaliar todas essas ações, buscando ampliá-las, criar novas alternativas, mas sempre promovendo o debate de todos esses temas com os segmentos interessados.

relacionamento o senhor tem, hoje, com José Ronaldo? Será o candidato do grupo? O meu relacionamento com o ex-prefeito José Ronaldo é muito bom, não apenas nesse momento, mas há algum tempo. Quanto a compromissos políticos, candidatura, etc, realmente esse não é o momento de se discutir, muito menos de se fazer revelações ou afirmações. O senhor pretende mudar de partido? Eu estou convicto de uma coisa: o MDB, onde estou e onde iniciei minha trajetória, necessita de ajustes. Precisamos encontrar um novo caminho para o partido. Satisfeito com os rumos dos últimos anos não estou. O que não significa que tenha de mudar de sigla. Estou conversando com outras lideranças e tenho extraído, desses diálogos, o entendimento de que o partido precisa se renovar e se reinventar. É o que espero que aconteça. Precisamos aguardar por toda essa movimentação. Um pouco mais adiante, não saberia precisar prazos, haveremos de tomar uma decisão, no sentido de nos manter ou mudar. Mas ainda não chegou o momento. Como o senhor avalia a atual situação política de Feira, com vários postulantes a prefeito e sem o poder hegemônico que José Ronaldo exercia? O ex-prefeito José Ronaldo não está mais no cargo, mas ele é a grande liderança política de um grupo que está governando Feira de Santana, com a aprovação popular, há quase duas décadas. Vários postulantes a prefeito sempre existiram. Em alguns momentos, eles são vários mesmo, depois vão reduzindo, na medida em que o jogo político vai afunilando. Vejo como um quadro natural. A política

é feita de momentos e ela muda como as nuvens, diria o saudoso prefeito José Falcão. Estamos, agora, após uma importante eleição, que mudou muita coisa no cenário político nacional, vivendo um momento. Nada garante que o que estamos vendo agora se manterá por muito tempo. Que impacto o futuro presidente Jair Bolsonaro pode ter na eleição feirense, sobretudo após a deputada Dayane Pimentel (PSL), que o representa, declarar interesse em se candidatar à prefeitura de Feira, em 2020? Como ficaria esse quadro político com a adesão de José Ronaldo ao presidente eleito? É ainda prematuro avaliar. O presidente Jair Bolsonaro surgiu como uma surpresa e se consolidou como um fenômeno eleitoral, talvez o maior do período pós-democracia, no país. Precisamos esperar pelo seu governo, pela sua ação no poder, efetivamente. A deputada eleita Dayane Pimentel é uma grata revelação da política na Bahia, bastante alinhada com o presidente eleito e, certamente, participará ativamente das eleições municipais. Se como candidata ou não, também é muito cedo para prever. O apoio do prefeito José Ronaldo, sem dúvida, fortalece o presidente Bolsonaro, na Bahia, e será importante para Feira de Santana. No meio político, comenta-se que o senhor pode ser “fritado” e que precisa fazer um grande governo, para conseguir se tornar viável. Acha que corre algum risco de ser preterido? Qualquer gestor precisa de uma boa administração, para ser bem avaliado e para ser um candidato viável. Tenho absoluta noção disso. Eu não faço política com medo algum, muito menos de ser preterido. Eu acho tudo muito

natural em política, mas faço sempre questão de me manter fiel aos meus princípios, que herdei dos meus pais, respeitando os meus compromissos e acreditando nas pessoas. O Senhor pretende trocar a atual equipe de Governo? A equipe de governo que encontrei é uma boa equipe. Graças a ela, o prefeito José Ronaldo sempre foi muito bem avaliado e reeleito. Em um governo, circunstâncias podem levar a manter e a mudar. Até aqui, não há circunstâncias para mudanças, todos cumprem satisfatoriamente seus papeis. Mas creio que nenhum prefeito pode afirmar, peremptoriamente, que a equipe que começou o seu governo é a que irá até o fim. Do mesmo modo, não pode dizer que vai mudar esse ou aquele. Essas coisas acontecem quando têm de acontecer. Que relação o senhor tem com o Governo do Estado? Há algum entrave político, por conta da diferença partidária? Institucionalmente, uma ótima relação. Eu e o governador temos divergências políticas, apenas, mas respeito-o como governador da Bahia, reeleito; cumprimento-o pela vitória; e desejo-lhe êxito, no novo mandato. A diferença político-partidária, às vezes, é confundida. Um prefeito e um governador podem divergir em projetos, mas isso nada tem a ver com a política partidária. Agora, por exemplo, o Estado anuncia o fechamento de escolas em Feira de Santana e nós já nos manifestamos preocupados e dispostos a dialogar sobre o assunto. Isso não é entrave político. Eu tenho absoluta consciência de que não devo, em momento algum, misturar a política com a relação institucional. E jamais farei isso.


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Governo diz ter interesse, mas não tem previsão de quando construirá novo Centro de Abastecimento Foto: reprodução

Karoliny Dias

O prefeito Colbert Martins Filho viajou, recentemente, até a cidade de Teresina, a fim de conhecer a Central de Abastecimento do Piauí (Ceapi), mais conhecida como Ceasa Nova. O equipamento da capital piauiense passou por uma profunda transformação, a partir de uma Parceria Público-Privada (PPP), e Colbert Martins voltou disposto a fazer o mesmo na cidade de Feira de Santana. “Meu objetivo é promover melhorias importantes no nosso Centro de Abastecimento, que tem características muito próximas às do entreposto que visitamos em Teresina”, afirmou o prefeito. A Ceasa Nova da capital do Piauí superou, com a sua nova conformação, graves problemas de limpeza, segurança e infraestrutura, melhorando, significativamente, seus espaços e serviços, para comerciantes e consumidores. Atualmente, o equipamento é considerado uma referência pela Organização das Nações Unidas (ONU). No início do mês de agosto, o prefeito de Feira de Santana realizou um encontro com os permissionários do Centro de Abastecimento e apresentou a proposta de transformação do entreposto local. Na ocasião, Colbert explicou que a Ceasa Nova, de Teresina, tem estrutura semelhante ao equipamento feirense. “Hoje, são 1.800 permissionários. Houve uma profunda mudança de perfil, o que resultou numa maior quantidade de negócios, melhores condições de trabalho, além de movimentar, diariamente, algo em torno de R$ 60 milhões”, ressaltou. Colbert destacou ainda que o primeiro passo para realizar uma mudança desse porte é a participação de todos os permissionários. “Temos que ter o pensamento de organização e profissionalização”, completou.

LOCAL NÃO DEFINIDO

O secretário de Planejamento de Feira de Santana, Carlos Brito, destacou que o setor de atacado será realocado para uma grande Central de Abastecimento, ainda sem localização definida. “Precisamos evitar qualquer tipo de

Colbert Martins promete realizar mudanças significativas no Centro de Abastecimento especulação imobiliária. Se falarmos que um equipamento desses vai para alguma área, os preços dos terrenos chegarão a níveis estratosféricos. Estamos buscando uma alternativa exequível, que seja melhor para todo mundo”, ponderou. Brito ressaltou que ainda não existe um projeto pronto para tal obra. Ele salientou que, no momento, o Governo Municipal está construindo uma modelagem de como o projeto irá acontecer: se será permissão, concessão ou uma Parceria Público-Privada. “Só após a conclusão desses estudos é que serão definidos os melhores caminhos a serem seguidos”, enfatizou. Segundo o secretário, o novo Centro de Abastecimento será, provavelmente, construído por meio de uma PPP. “O Município não pode ter um local com atividade comercial construído apenas com verba pública. Assim, o novo Centro de Abastecimento precisa ser edificado junto com quem explora esse mercado”, ressalvou. Carlos Brito também disse que conviver com tantos caminhões na Avenida Padre Anchieta, mais conhecida como a Avenida de Canal, durante a semana, é algo que já beira o impossível. “Durante o dia, perturbam o tráfego; de madrugada, perturbam os moradores da vizinhança. A área central da cidade não comporta mais esse tipo de atividade. A mudança é necessária não só para quem atua nesse ramo, mas também para as pessoas

que trabalham ou vivem naquele entorno ou que precisam passar, diariamente, por aquela região. Não há tranquilidade, em função do volume de caminhões nas imediações do Centro de Abastecimento”, avaliou. Conforme o secretário, também não há qualquer estimativa de quando a Administração Municipal começará as obras do novo Centro do Abastecimento. “Não temos ainda um cronograma estabelecido. O que sabemos é que, no entreposto atual, ficarão apenas o varejo e o novo Centro Comercial Popular”, esclareceu.

O QUE DIZ O SINDICATO

Na opinião de Reginaldo dos Santos, presidente do Sindicato Intermunicipal dos

Trabalhadores Autônomos de Feiras Livres, Barracas, Boxes, Artesãos e Movimentação de Mercadorias de Feira de Santana (Sindifeiras), a construção da nova Ceasa feirense será benéfica para os pequenos comerciantes do atual Centro de Abastecimento, que têm como concorrentes os caminhões que vendem tanto no atacado quanto no varejo. O sindicalista destacou que a mudança é uma reivindicação constante da categoria. “Não tem condições de os caminhoneiros, além de entregarem suas cargas, disputarem as vendas com os varejistas. Como entidade sindical, digo que não há mais como os caminhões permanecerem naquela região”, protestou. Por esse motivo, surgiu

a proposta de criação de um novo local para as vendas em atacado. “Seria um centro de cargas, que serviria para desafogar a região do atual Centro de Abastecimento. A medida acabaria com os problemas gerados pelos caminhões. Só que não sabemos ainda onde ficará a nova Ceasa. A cada dia, dizem que será construída em um local diferente. Estamos lutando por nossa liberdade, porque não temos mais condições de transitar naquela área”, comentou. Reginaldo dos Santos salientou ainda que a categoria vem participando das discussões, mas disse que as cobranças dos trabalhadores não estão sendo levadas em conta. “Eles nos privam. O Governo sempre está à frente e tentando ocultar

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algumas questões. A única coisa que sabemos é que nossa reivindicação será atendida, com a construção da nova Ceasa. Nada mais”, observou.

CÂMARA MUNICIPAL

O vereador Luiz da Feira, do Partido Pátria Livre (PPL), é ligado aos vendedores ambulantes da cidade e se autointitula representante da categoria, na Câmara Municipal de Feira de Santana. Ele destacou que, embora faça parte do grupo político ligado à Administração Municipal, não tem sido informado sobre quais intervenções e mudanças serão realizadas no entreposto comercial. “Fiz uma visita recente ao local, ocasião em que voltei a conversar com os comerciantes. E, mais uma vez, eles pontuaram as demandas do Centro de Abastecimento, reivindicações estas que já apresentei ao prefeito”, garantiu. Luiz da Feira afirmou ainda que o Centro de Abastecimento é um assunto debatido, com frequência, na Câmara Municipal. “Já solicitei explicações ao nosso gestor sobre as obras do Shopping Popular, equipamento que ocupa uma grande parte do entreposto, mas cujo projeto, até o momento, não está bem claro”, apontou, destacando o fato de estar sendo bastante cobrado pela população, nesse sentido. “As únicas informações que nos chegam são aquelas que a própria imprensa feirense divulga”, lamentou.

Foto: Secom

Segundo Carlos Brito, secretário Municipal de Planejamento, o novo Centro de Abastecimento deverá ser fruto de uma Parceria Público-Privada OS TEXTOS ASSINADOS NESTE JORNAL SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES.

Av. Senhor dos Passos, 407 - Sala 05


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Aprendizagem crítica, tolerância e flexibilidade são cruciais para a formação de um médico amplamente qualificado, diz a professora Valéria Vernaschi César Oliveira

Com vasta experiência na área de Educação de Profissionais de Saúde Médica, a professora doutora Valéria Vernaschi Lima, do Departamento de Medicina e Mestrado em Gestão da Clínica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ministrou uma série de conferências e oficinas e participou de diversas rodas de conversa durante a Semana Pedagógica do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), realizada, no campus da instituição, de 26 a 29 de novembro. Dentro da temática do evento, que esse ano discutiu o Projeto Pedagógico do curso, a docente convidada abordou temas ligados às Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem, destacando seus principais desafios e possibilidades; ao Aprendizado Baseado em Problemas (PBL), método utilizado, pela Uefs, na formação dos futuros médicos; à Gestão Curricular e seus desafios e oportunidades de melhorias; ao A educação médica tem passado por uma revolução em seus modelos de ensino. Qual o cenário atual? Convivemos com projetos de primeira, segunda e terceira gerações. Os projetos da primeira geração são do início de século XX, construídos a partir do Relatório Flexner. Da primeira geração, permanecem: a abordagem científica, a metodologia da transmissão, a separação entre ciclos básico e clínico e a centralidade do cuidado na atenção médica e no cenário hospitalar. A segunda geração, iniciada na segunda metade do século XX e ainda em desenvolvimento, introduziu inovações metodológicas no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento curricular. Como principais inovações, podemos citar as metodologias ativas e a articulação de disciplinas. A terceira geração volta-se ao mundo do trabalho e à aprendizagem contextualizada, no sentido de um currículo que articule teoria e prática e que esteja orientado às necessidades de saúde das pessoas e comunidades, valorizando a responsabilidade social no perfil de competência profissional.

A utilização de métodos ativos de ensino-aprendizagem apresenta reais vantagens de aquisição de conhecimentos, habilidades e competências? Há estudos baseados em meta-análises (modelo de estudo científico que reúne dados de vários estudos) que mostram haver uma melhor aprendizagem de habilidades e atitudes de modo articulado ao domínio cognitivo (pensamento). O desenvolvimento dessas capacidades é estatisticamente melhor em iniciativas que utilizam metodologias ativas. Igualmente, a aprendizagem significativa pode ser uma importante vantagem nesse tipo de abordagem educacional, caso os conteúdos explorados estejam contextualizados, isto é, apresentados a partir de problemas e desafios reais da prática profissional. Aqui, um aspecto a ser destacado é a possibilidade de aplicar os saberes e práticas trabalhados de maneira simulada em situações reais do trabalho em saúde. Quanto maior e mais oportuna essa articulação, maior a potencialidade de aprendizagem e retenção de conhecimentos.

Currículo Orientado por Competência; aos desafios do Projeto Pedagógico do Curso de Medicina, contextualizando os aspectos educacionais e político-sociais da Instituição de Ensino Superior (IEL) e do município (SUS); à Avaliação Estudantil e de Programas de Saúde e de Educação; e à Gestão da Clínica e Educação permanente de profissionais de saúde. Em entrevista ao jornal Tribuna Feirense, Valéria Vernaschi falou sobre os desafios da Educação Médica; sobre a necessidade de adoção de uma aprendizagem contextualizada, que articule teoria e prática e que valorize a responsabilidade social no perfil de competência profissional; sobre a dual relação entre ferramentas tecnológicas e ensino; sobre a necessidade de se trabalhar de maneira simulada em situações reais da vivência médica; e sobre o papel da aprendizagem crítica, baseada também na tolerância e na abertura ao novo, no processo de formação de um profissional amplamente qualificado para o exercício da Medicina. Como inserir a tecnologia dentro do ensino médico sem torná-la excessiva? Considero excessivo quando os meios se sobrepõem aos fins. O objetivo deve ser a construção de competência. Dispositivos e ferramentas tecnológicas precisam ser trabalhadas para favorecerem a aprendizagem, e não para se tornarem o foco do ensino. Quais as vantagens de um currículo orientado por competências? Quando o perfil de competência é definido a partir do mundo real do trabalho, são reveladas as áreas de competência que conformam um campo de atuação profissional. Essas áreas são representadas por ações que expressam processos tanto do núcleo quanto do campo profissional. Como núcleo, entendemos as ações específicas de uma profissão. Como campo, aquelas que são desenvolvidas por equipes formadas por outros profissionais. Um perfil assim construído permite trabalharmos com as ações que todos os profissionais deveriam saber realizar, segundo critérios de excelência e ade-

quada fundamentação científica. Essas ações integram conhecimentos, habilidades e atitudes de modo contextualizado, uma vez que devem estar articuladas a situações da prática. Os perfis favorecem a seleção e a avaliação de conteúdos relevantes para uma prática de excelência e socialmente comprometida.

Foto: divulgação

Professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a doutora Valéria Vernaschi Lima veio a Feira ministrar cursos aos docentes da Uefs

modo singular às demandas profissionais. E se esse modo for vivenciado em ambiente pouco democrático ou solidário, os estudantes acabam construindo mecanismos de defesa, que resultam em afastamento e naturalização da dor e do sofrimento humanos. Proteger-se, em detrimento do cuidar das pessoas, torna-se, assim, a única saída quando Como manter o idealismo a escola deixa os estudantes entre estudantes, já que há entregues à própria sorte. artigos que mostram essa redução de forma progresComo vê a expansão de siva? faculdades de Medicina, no Esse é um importante Brasil? compromisso da escola e dos Vejo como um movidocentes. Somente um currí- mento para o qual a sociedade culo que permite reflexão e deve cobrar mecanismos de interação, com acompanha- regulação socialmente pacmento próximo e solidário tuados. A atuação de setores dos estudantes, é capaz de governamentais deve ser, favorecer o aparecimento de preponderantemente, voltada dúvidas, o entendimento das ao controle de qualidade de dificuldades e, se possível, a processos e produtos. Isso superação delas. As profissões envolve avaliar, de modo perda área de saúde requerem manente, escolas, docentes e permanente dedicação dos estudantes, além de promover estudantes e profissionais, termos de ajustes, no sentido uma vez que o contato com o de se garantir à sociedade a sofrimento humano é muito entrega de um cuidado de exmobilizador e a ciência renova celência à saúde das pessoas diariamente aquilo que cha- e populações. mamos de melhores práticas. Cada estudante reage de um Como adequar o conteúdo

científico crescente ao currículo sem causar Bournout (exaustão por excesso de trabalho ou conteúdo), nos alunos? O processo de geração de saberes é importante. Como profissionais na ativa, nunca mais iremos parar de estudar e aprender. A abertura para o novo, a tolerância para o diferente e a aprendizagem crítica são nossos passaportes para o mundo, na pós-modernidade. Sem um perfil de competência e uma seleção de conteúdos segundo esse perfil, poderemos cair na antiga tentação de querer “esgotar” os conhecimentos para a graduação. Essa ilusão já foi demonstrada: seriam necessários 17 anos para formar um médico, caso todos os conteúdos considerados “necessários” fossem transmitidos por meio de aulas. Então, ao trabalharmos com perfis de competência e identificarmos as situações relevantes e prevalentes para a formação, garantimos o estudo e a vivência dessas situações e instrumentalizamos os futuros profissionais a aprenderem a aprender, no cotidiano do trabalho em saúde.

Por um Hospital Universitário para a UEFS “Precisamos formar médicos maximamente eficientes e minimamente invasivos à integridade física, econômica e afetiva do paciente”


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Feira de Santana-Bahia, sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Requalificação do centro comercial de Feira está pr Karoliny Dias

Está em curso o projeto de revitalização do centro comercial de Feira de Santana. O objetivo é realizar várias melhorias em termos de uso e ocupação do solo, como ampliação das calçadas e outras adequações condizentes com os preceitos estabelecidos pelo Estatuto da Cidade, documento que prima pelo direito pleno à mobilidade nos centros urbanos. A previsão é de que o projeto comece a ser colocado em prática em fevereiro ou março do próximo ano, quando a prefeitura pretende entregar o Shopping Popular à comunidade feirense. O secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Antônio Carlos Borges Júnior, destacou que o projeto conceitual foi encaminhado à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil, para solicitação de um empréstimo no valor de R$ 130 milhões. Ele ressaltou que, do valor total, até R$ 100 milhões virão da Caixa Econômica, através do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). Os outros R$ 30 milhões virão do Banco do Brasil. Borges Júnior disse que, após a assi-

Foto: Karoliny Dias

De acordo com o secretário Antônio Carlos Borges Júnior, R$ 130 milhões serão empregados em obras de mobilidade, com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos feirenses natura do empréstimo, serão feitas as licitações, para início imediato das obras. Segundo o gestor, o dinheiro será empregado em obras de mobilidade, com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos feirenses. Dentre muitas outras ações, o projeto prevê a construção de ciclovias. Obras de saneamento básico também deverão ser realizadas. De acordo com Borges Junior, uma das prioridades será a requalificação da Rua

Sales Barbosa, hoje tomada pelos vendedores ambulantes. “Esse local exige uma maior adequação. Queremos dar um ar de modernidade ao calçadão, melhorando não só o saneamento, mas também toda parte elétrica e a mobilidade. A ideia é criar uma nova artéria, na qual as pessoas possam ter seus direitos de ir e vir assegurados, em atendimento ao Estatuto do Pedestre, ao Estatuto da Pessoa com Deficiência e também ao Estatuto do Idoso”, afirmou. Conforme o secretário, o

Governo Municipal também quer melhorar a Rua Marechal Deodoro e a Avenida Senhor dos Passos. “São as áreas mais críticas de Feira e precisamos de uma solução urbanística eficiente, porque, na nossa percepção, a retirada dos ambulantes, para o Shopping Popular, deixará essas áreas degradadas. Foi o que aconteceu com o Mercado de Arte Popular (MAP). Quando as barracas do entorno foram retiradas, para o início da reforma, percebemos o quanto o

piso estava danificado. Até poços artesianos encontramos em locais impróprios”, afirmou. Antônio Carlos Borges Júnior disse ainda que a prefeitura priorizará a melhoria dos passeios, a construção de rampas de acesso e a colocação de pistas táteis. Obras de drenagem e de recuperação de pisos também serão executadas, bem como a instalação de jardins e de equipamentos de iluminação “Usaremos novas tecnologias em favor da cidade e da população, como a ilumi-

nação por meio de lâmpadas LED”, completou. Borges Junior acredita que as mudanças darão mais qualidade à vida dos cidadãos que circulam, diariamente, nessas vias. No seu entendimento, as obras de requalificação também vão valorizar o patrimônio histórico da cidade, já que, nesse eixo, há equipamentos já tombados, que precisam de atenção. Exemplo disso são os coretos de algumas praças. “Essas ações atenderão a várias necessidades do centro da cidade”, enfatizou.

OPERACIONALIZAÇÃO

Ainda de acordo com o secretário Antônio Carlos Borges Júnior, o empréstimo já foi aprovado pelas entidades financeiras, o que já dá condições de operacionalização ao Governo Municipal. “Estamos aguardando a finalização das obras do Shopping Popular e a transferência dos ambulantes para o local, a fim de termos uma melhor noção de quanto será preciso intervir nesses espaços”, justificou. Questionado se os ambulantes deixarão realmente as principais ruas do centro da cidade, o gestor disse que “todos os comerciantes que têm barracas fixas foram contempladas com um espaço no


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revista para começar no primeiro trimestre de 2019 Shopping Popular”. Segundo ele, apenas os vendedores que trabalham com carrinhos de mão ficaram de fora desse projeto. “Para estes, temos dois planos: o primeiro é que voltem a vender seus produtos no Centro de Abastecimento; o segundo é a realização de uma feira livre itinerante. Estamos fazendo um chamamento público nesse sentido. A ideia é atrair quem queira participar dessa ação, que visa montar uma feira, uma vez por semana, em cada bairro”, esclareceu. Segundo Borges Júnior, no caso da feira itinerante, o transporte das barracas ficaria a cargo da própria Secretaria de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico. Os comerciantes ficariam responsáveis apenas por levar suas mercadorias para o bairro determinado naquele dia. “Já estamos levantando os custos e estudando a forma como acontecerá. Vamos viabilizar tudo, para que o projeto comece em 2019”, assegurou. No Centro de Abastecimento, o secretário salientou que algumas ações já estão sendo realizadas. Ele disse que um estacio-

namento já foi feito no local e que os banheiros foram terceirizados pela Associação dos Comerciantes e Trabalhadores do Centro de Abastecimento (ACT Centro). Além disso, a artéria que dá acesso à Avenida de Canal, um pleito da Polícia Militar (PM), para melhor atender os objetivos de segurança, também foi fechada. “Estamos fazendo o esgotamento sanitário, para melhorar as condições de higiene no entreposto, e, futuramente, asfaltaremos a via principal. Outras questões serão resolvidas quando fizermos o arruamento, que se chamará Augustinho Vieira e que trará benefícios para aquele ambiente de comércio”, afirmou.

TRÂNSITO

Ações no trânsito de Feira de Santana também serão realizadas, por conta da requalificação do centro da cidade. De acordo com o superintendente Municipal de Trânsito, Maurício Carvalho, o órgão está desenvolvendo um projeto, em função da construção do Shopping Popular, para que, no entorno do Centro de Abastecimento, o tráfego

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Foto: Karoliny Dias

Zona Azul deve ser licitada em 2019, segundo o superintendente Municipal de Trânsito Maurício Carvalho flua melhor. “Colocaremos em prática algumas medidas, como a proibição de estacionamento em determinados locais; a mudança de sentido de algumas vias; e a colocação de sentido único em outras ruas. Aquela região é um grande problema”, constatou. Segundo Maurício Carvalho, na parte da Ceasa, área comercial que corresponde às vendas em atacado, circula uma grande quantidade de caminhões e o movimento de carros,

principalmente às quartas-feiras e aos sábados, também é intenso. Conforme o superintendente, os problemas surgiram porque a quantidade de veículos aumentou, mas a estrutura física permaneceu a mesma. “Nosso setor de engenharia está fazendo esse projeto para ajustar e diminuir o impacto que existe, hoje, naquelas imediações. As retenções, os conflitos, tudo está sendo devidamente estudado”, informou. Ele salientou ainda que

também há uma proposta de melhoria de tráfego para a Rua Marechal Deodoro. Maurício Carvalho disse que, para resolver os problemas nessa via, a ideia é retirar o canteiro central e mudar os postes de iluminação para as laterais, o que incorrerá no seu alargamento, podendo até mesmo se tornar de mão única. “Isso irá melhorar bastante a fluidez e a segurança no trânsito. Mas tudo tem sido muito estudado, junto com a Secretaria de Trabalho,

Turismo e Desenvolvimento Econômico. O reordenamento dos ambulantes facilitará muito a questão do trânsito e, para isso, estamos desenvolvendo essas ações conjuntamente”, completou. Maurício Carvalho citou ainda outro projeto desenvolvido pela Superintendência Municipal de Trânsito (SMT), com a finalidade de democratizar o espaço no centro da cidade: a Zona Azul. “Em 2019, já deve estar sendo licitado”, concluiu.


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César Oliveira

Bodega do Leegoza aldeias@uol.com.br

O DILEMA COLBERT A cidade desconfia que Colbert Martins pode levar um “roque dentão” e não se tornar o candidato preferido do grupo de Ronaldo, para 2020. Uns dizem que a relutância de Ronaldo em afirmar esse compromisso – apesar de Colbert ter sido seu vice e sucessor – foi uma ducha de água fria. Os partidários de Colbert esperavam mais de Ronaldo; os partidários de Ronaldo não esperavam outra coisa. O ex-prefeito não iria amarrar seu apoio de forma tão precoce, antes do desenho nacional do governo Bol-

sonaro. Enquanto isso... vai no “namoro”, ainda sem futuro definido, com a deputada bolsonarista da cidade. É o casamento que ninguém sabe se vai sair, embora ela já tenha declarado sua vontade de ser candidata a prefeita. Vontade e cuspe, como diz o povo, dá e passa. Outros dizem que tudo depende da performance de Colbert nos próximos dois anos de trabalho. Se marcar algumas obras que tenham cara de gol de placa, ele sairá firme; se atuar no meio campo, sem avançar, perderá por imobilismo. O complicado da coi-

Foto: reprodução

sa é que alguns dizem que ele só terá pinta de centroavante se romper com Ronaldo e fizer uma reforma na mobília secretarial; outros dizem que romper com Ronaldo é dar um tiro no pé; e os que correm por fora alegam que se ele não fizer nada, será um refém de Ronaldo e refém não apita, só cumpre. Também há os que sonham que ele abrace Rui e tenha um governador para chamar de seu. Enfim, é a Escolha de Sofia, o famoso filme. A melhor resposta não sabemos, mas a única certeza é que se ele só cumprir tabela, não se classificará para a partida final. Foto: reprodução

MAIS MÉDICOS I

Oferecer qualquer assistência médica aos desassistidos é útil; aceitar que desassistidos tenham apenas assistência médica útil é indecente.

MAIS MÉDICOS II

O drama da saúde, no Brasil, é muito mais trágico, mais complexo e maior do que a mera participação dos médicos cubanos nesse programa. O baixo investimento per capita, a má administração e o desvio sistemático de verbas, pela corrupção, leva ao fechamento de leitos e ao encolhimento da rede de assistência, gerando sofrimento e morte na população carente. A situação, na média complexidade, chega à beira do genocídio, pela falta de resolutividade. Uma rede subdimensionada, sem gestão adequada, converte-se em fonte de desvios, inoperância e baixa solução dos problemas. O sistema, por inteiro, precisa ser redimensionado. E a alocação de recursos revista ou tudo continuará um semifaz-de-conta. Foto:Helvio Romero - Estadão Conteúdo - Reprodução

MINISTÉRIO

Aos poucos, o presidente Bolsonaro vai montando a equipe, entre idas e vindas, lançamentos teste, fogo amigo, disputa interna pelo poder entre filhos, Guedes e generais. Seja como for, a média tem se mantido com boas escolhas e uma equipe econômica com experiência e densidade intelectual. Vamos aguardar o resto das nomeações, para termos uma ideia do perfil do governo, mas tem sido mais positivo que negativo.

BOLSONARO

É preciso analisar o governo Bolsonaro sem a devoção dos convertidos e sem a rejeição dos ressentidos.

VAMOS SALVAR A LAGOA SALGADA ANTES QUE OS INVASORES A OCUPEM

Uma campanha da

TRIBUNA FEIRENSE


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Foto: reprodução

MAIS MÉDICOS III

O site da principal Universidade Médica de Havana tem o currículo escolar. Nele, basta ver que o internato tem 2.500 horas, enquanto, na Uefs, por exemplo, tem 4 mil horas. Considerando a crise econômica terrível que Cuba está vivendo, é lógico entender que o governo não tem como disponibilizar recursos para formar tantos médicos, com todas as competências que a formação médica exige. A rede é precária, os recursos restritos, o acesso às melhores revistas médicas do mundo é muito limitado, logo não se pode esperar o mesmo desempenho, coletivamente. Muitos desses médicos já tiveram experiência internacional e melhoraram seu desempenho, mas a realidade é que a lei exige ter seus conhecimentos revalidados, para a proteção do cidadão. Menos que isso é burlar a lei. Foto: reprodução

TRISTE BAHIA

O estado segue com o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Brasil; vergonhosamente, sem Centro de Convenções; e um dos mais violentos do país. É muita miséria numa penca só!

EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A educação médica passa por uma revolução em seus modelos de ensino e de avaliação. O velho sistema, baseado em uma prova, não pode ser mais a única ferramenta de avaliação de alunos, em todos os cursos da área de saúde. O uso de metodologias ativas, os currículos baseados em competências, o treinamento sistemático de habilidades em modelos simulados são uma realidade e não podem ser mantidos fora dos cursos da área de saúde. A Uefs tem a responsabilidade de adequar-se aos novos entendimentos da andragogia – o ensino de adultos –, para manter seus cursos atualizados. O curso de Medicina, que realizou sua Semana Pedagógica de 26 a 29 de novembro, trouxe a especialista Valéria Vernaschi Lima, da Universidade de São Carlos, para discutir diversos desses aspectos. Ela falou, com exclusividade, para o jornal Tribuna Feirense. E vocês podem conferir as mudanças no ensino médico.


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Governo Municipal pretende revitalizar atual Foto: reprodução projeto

Karoliny Dias O Centro de Abastecimento de Feira de Santana foi concebido, na década de 1970, pelo então prefeito José Falcão da Silva. Denominado “Projeto Cabana”, o entreposto foi criado para confinar a grande feira livre, que se estendia pelas ruas centrais da cidade, de sábado a segunda-feira, e teve sua primeira fase inaugurada no dia 7 de novembro de 1976. Seguindo a onda modernista que dominava o pensamento da época, Zé Falcão decidiu, por decreto, transferir a feira livre para um novo local, onde seria padronizada, mas sob os protestos de muitos intelectuais, para os quais a extinção da famosa feira livre mataria a identidade cultural da cidade. Mas o fato é que, de lá para cá, o entreposto nunca sofreu uma intervenção mais incisiva. A primeira delas é a construção do Centro Comercial Popular, iniciada na última gestão do ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho. O equipamento, comumente chamado de Shopping Popular, deverá ser inaugurado em breve. A Prefeitura Municipal de Feira de Santana (PMFS), agora sob a gestão do prefeito Colbert Martins Filho, anunciou, no entanto, que pretende fazer novas intervenções no local, a fim de revitalizar toda a área do Centro de Abastecimento. Segundo Carlos Brito, secretário Municipal de Planejamento, o entreposto sofrerá outras modificações, como, por exemplo, a reforma dos galpões já existentes. “O Mercado do Peixe acabou de ser entregue à população. E logo vamos inaugurar o Centro Popular, um equipamento moderno, que será incorporado a uma estrutura de mais de 40 anos. O Governo também pretende viabilizar um novo local para transferir o setor de atacado, porque o atual Centro não comporta mais essa atividade. Estamos buscando alternativas para realizar esses projetos”, afirmou. Carlos Brito destacou ainda que é necessário realizar uma nova rede de esgoto, no local. “Precisamos

Centro Comercial Popular de Feira de Santana é a primeira de uma série de intervenções que o Governo Municipal pretende realizar no Centro de Abastecimento buscar ações que objetivem dar uma melhor condição de trabalho às pessoas, a fim de que os consumidores se sintam mais confortáveis na hora de comprar os produtos ali comercializados”, enfatizou. De acordo com o secretário, o Centro de Abastecimento está passando por um processo de modernização, que será posto em prática gradativamente. Questionado sobre qual seria o custo dessa revitalização, Brito afirmou que, nesse momento, não é possível saber, porque ainda não existe um projeto. “Não há um projeto ainda. Há manifestações de interesse em realizar as obras, que serão avaliadas e implementadas paulatinamente. O que o Governo Municipal tem é a convicção de que o entreposto não pode continuar na condição em que se encontra”, ponderou. Conforme Carlos Brito, não há prazos para o início nem para a finalização das obras de revitalização. O secretário destacou que os permissionários que trabalham com atacado também têm vontade de sair da região, mas, segundo ele, é preciso criar os mecanismos para executar tanto a transferência deles para um novo entreposto quanto a modernização do atual Centro, onde deverão ficar apenas os varejistas. “Primeiro, estamos trabalhando a modelagem para o setor de atacado. Com atividades econômicas, há que se ter cuidado, dando aos comerciantes a condição de se prepararem para ir para outro local. Precisamos ter muitas conversas, ainda”, alegou.

Questionado sobre o comércio informal que está estabelecido no centro da cidade, Brito informou que os vendedores que têm barracas irão para o Shopping Popular. Disse, entretanto, que ainda é necessário buscar alternativas para os ambulantes. “Vamos requalificar o centro de Feira de Santana. Mas como faremos isso deixando a rua cheia de vendedores de hortifrutigranjeiros? Eles terão que ser realocados para o Centro de Abastecimento ou precisaremos buscar outra solução, como uma feira itinerante. só que organizada. Os estudos é que definirão esses projetos”, enfatizou. Reginaldo dos Santos, presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores Autônomos de Feiras Livres, Barracas, Boxes, Artesãos e Movimentação de Mercadorias de Feira de Santana (Sindifeiras), falou que a categoria vem dialogando com o poder público municipal. “O Centro está sendo murado. E comenta-se que haverá novas intervenções, como o remodelamento de vários outros galpões”, observou. O sindicalista, entretanto, continua reclamando que os comerciantes seguem sem voz. “É uma negociação central. As entidades não participam das decisões”, criticou, salientando ainda que somente se acontecer uma restauração que contemple a todos, dando igualdade, segurança e qualidade de vida a quem trabalha no local, as mudanças serão benéficas. “O que queremos é que todo esse processo seja aberto, compartilhado com todos. Não

podemos ficar no escuro. Precisamos opinar sobre o que será bom ou não”, reivindicou.

SHOPPING POPULAR

O novo equipamento erguido nas dependências do Centro de Abastecimento tem por objetivo ordenar o centro da cidade e dar novo fôlego ao entreposto. A Prefeitura Municipal informou que cerca de 1.800 vendedores ambulantes, que trabalham nas ruas Marechal Deodoro, Sales Barbosa, Conselheiro Franco, Visconde do Rio Branco e na Avenida Senhor dos Passos e adjacências, foram cadastrados com biometria. Também tiveram suas barracas fotografadas, com o intuito de dar a eles, no novo empreendimento, espaços adequados às atividades comerciais que exercem. O secretário Carlos Brito ressaltou que o Shopping Popular está com 80% de sua obra construída. Ele disse que a estimativa é de que esteja pronto até o final do ano. “Quem está cadastrado biometricamente terá a sua vaga garantida. Tudo está sendo feito dentro da mais absoluta regularidade e transparência”, assegurou. Ligado às causas dos vendedores ambulantes de Feira de Santana, o vereador Luiz da Feira, do Partido Pátria Livre (PPL), lembrou que a Prefeitura Municipal realizou o cadastro dos camelôs e ambulantes há quase dois anos. Em função disso, para ele, esse recenseamento está defasado. “Nesse período, certamente, mais pessoas devem ter ocupado as ruas do centro comercial, em busca de uma alternativa de sobrevivência, principalmente em virtude da grave crise

econômica, social e moral que o nosso país atravessa. Hoje, o número de vendedores deve ser bem maior. Tenho sido procurado por vários ambulantes que não passaram pelo cadastro”, advertiu, ressalvando ainda que apenas os camelôs filiados ao sindicato da categoria entraram na contagem. O edil também frisou que, em junho, durante uma reunião promovida pela Associação Feirense dos Vendedores Ambulantes (Afeva), que contou com a presença do prefeito Colbert Martins, solicitou mais atenção para com os camelôs. Isto porque, segundo ele, o Município não estaria dando informações esclarecedoras sobre o Shopping Popular. “Nesse encontro, pedi informações sobre valores, tempo de carência, lojas âncoras a serem instaladas no futuro empreendimento, além de solicitar o cadastramento por ruas e setores e de buscar saber quem, de fato, terá direito aos boxes”, afirmou. Luiz da Feira disse que também cobrou a garantia de que os estrangeiros não teriam espaço no Shopping Popular. “Já se passaram quatro meses e nenhum dos questionamentos foi esclarecido. Como representante dos camelôs na Câmara Municipal e ciente da insatisfação de cada um deles, digo que a condução desse projeto deve ser feita com transparência. Também reafirmo que não tenho preconceito em relação às pessoas de outras nacionalidades, mas não vou aceitar que esse equipamento seja explorado por estrangeiros, sejam eles coreanos, chineses, japoneses, americanos. Represento os camelôs feirenses. Estou na Câmara para levantar a bandeira do

meu povo”, argumentou.

VALORES REAIS

Reginaldo dos Santos também afirmou que, apesar de o Governo conversar com a categoria, através do secretário de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Antônio Carlos Borges Júnior, também acha que não há total clareza. “Em alguns pontos, essa negociação não é transparente. Os comerciantes não aceitam o modelo que está sendo posto, porque não sabem exatamente o que vão pagar. Está documentado que o metro quadrado é R$ 80,00, mas não se sabe, por exemplo, quanto se vai pagar de taxa de condomínio, segurança, limpeza e divulgação. Esse valor poderá ser absurdo e não teremos condições de pagar”, especulou. Para o sindicalista, as taxas precisam ser revistas. Ele pede que o preço do metro quadrado seja mais baixo e que a Administração Municipal dê uma isenção, de pelo menos dois anos, aos feirantes, a fim de que possam se manter e renegociar as tarifas. “Não se pode manter os valores engessados, como se fôssemos obrigados a aceitar o que está sendo imposto. A Prefeitura não se abre para conversar com os feirantes mais carentes, a fim de saber o valor que eles podem pagar. Tem discussão, mas não tem negociação”, recriminou. O presidente do Sindifeiras disse ainda que, durante as reuniões, o que se comenta é que se eles não quiserem o espaço, outros, com certeza, assumirão. “Tem gente de olho naquilo que é nosso, mas que podemos perder, por


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Centro de Abastecimento, mas ainda não tem projeto Foto: reprodução

Inaugurado em 1976, o Centro de Abastecimento nunca havia sofrido uma grande intervenção; prefeitura diz que revitalizará toda a área do entreposto, mas que melhorias serão realizadas gradativamente não conseguirmos pagar o valor que estão impondo”, disparou. Questionado sobre quem seriam essas pessoas, Reginaldo dos Santos falou que seriam estrangeiros. “Comenta-se que há comerciantes de fora da cidade querendo vir para cá, como os coreanos. Vejam o exemplo do Feiraguai, que era nosso e que, hoje, pertence a uma maioria de fora. Como presidente do sindicato da categoria, digo que não permitiremos que aquilo que é nosso seja passado para terceiros. Queremos negociações e queremos participar delas”, reivindicou. O dirigente da entidade que representa os feirantes também ressaltou que nem todos puderam ser cadastrados. Ele destacou que muitos trabalhadores terão que ir para outras feiras livres, por falta de espaço no novo empreendimento, já que o Shopping Popular, segundo ele, teria apenas 2.110 boxes. “Essa quantidade não contempla a todos. Disseram que vão revitalizar as feiras, para que eles sejam colocados nelas”, arrematou.

MAIS COBRANÇAS DA CÂMARA

Na tribuna da Câmara Municipal de Feira de Santana, muitos vereadores também têm feito diversas cobranças ao Governo Municipal, por meio de seus discursos. Alguns de forma mais incisiva. O vereador Roberto Tourinho, do Partido Verde (PV), por exemplo, lamentou que nem todos os governantes deram a atenção

devida ao entreposto comercial. “Em determinados momentos, ele foi relegado, sendo chamado, inclusive, de ‘Centro de Aborrecimento’. Alguns governantes buscaram melhorar o local, mas, atualmente, ele vem perdendo a sua essência, principalmente por causa dos atacadistas. Lembro que o Centro de Abastecimento é para abrigar os pequenos comerciantes. Mas, sem espaço, por causa da concorrência desigual, eles acabam indo para o meio das ruas, que deve ser dos motoristas, e para as calçadas, que devem ser dos pedestres. Quem conhece a Índia tem a impressão de que está lá, ao passar pelo centro de Feira de Santana”, comparou. Roberto Tourinho comemorou o anúncio das mudanças. “Estive com o prefeito Colbert Martins, visitando o Centro de Abastecimento, e ele assumiu o compromisso de realizar inúmeras obras, para melhorar a situação do entreposto. De imediato, autorizou cercar o local. Não tinha cabimento aquele equipamento aberto, dando espaço para a entrada de marginais. Só esse ano, ocorreram nove homicídios nas dependências do Centro”, observou, considerando o momento positivo para o desenvolvimento do comércio no local. O vereador oposicionista José Menezes Santa Rosa, mais conhecido como Zé Filé, do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), também discursou sobre o assunto. Ele lamentou a participação de empresários chineses no

projeto de construção do Shopping Popular. O edil ainda criticou o atraso nas obras e afirmou que 300 boxes foram postos à venda, pela Prefeitura. “Feira de Santana é uma terra sem lei; uma mãe para os

grandes empresários. Fizeram um empréstimo de R$ 20 milhões para construir o Shopping Popular e nada foi resolvido. Colocaram à venda 300 boxes. Para onde vai esse dinheiro? O shopping vai ser construído com di-

André Pomponet

nheiro público e o dinheiro das vendas dos pontos vai para o bolso de quem? Os vereadores, que deveriam estar vigiando e garantindo o bem-estar do povo, se calaram e estão coniventes com o erro. Nossos bens

estão sendo negociados e ninguém se manifesta. Estão comercializando o espaço público. Eu não vou me calar diante de tamanha atrocidade. Devemos ser leais ao povo que nos colocou aqui”, questionou.

Economia em crônica

O futuro não se parece mais com o que já foi no passado Falta cerca de um mês para o Natal. E, pelo jeito, os brasileiros – e feirenses – seguem pouco envolvidos pela celebração do nascimento de Jesus Cristo e nada contaminados pela ânsia consumista que caracteriza o período. Isso, a propósito, já há alguns anos: desde, pelo menos, 2015, quando eclodiu a terrível crise econômica que, até agora, dá poucos sinais de que esteja arrefecendo. Sem dinheiro, é mais difícil render-se ao espírito da fraternidade de mercado, tão comum naquele frenético soluço de prosperidade que arrebatou os brasileiros há alguns anos. O prolongado engasgo recessivo atirou cerca de 13 milhões de brasileiros no desemprego. Muita gente migrou para a informalidade – com rendimentos menores e mais precariedade – e, por essa razão, está consumindo menos. Isso sem contar aqueles que enfrentam congelamento de salários – como os servidores públicos baianos – ou que, simplesmente, só conseguiram emprego com salários mais baixos. Tudo isso impacta sobre o consumo interno, ainda mais numa época em que – por excelência – se compra mais. Daí a ausência da ostensiva decoração natalina, dos apelos das propagandas, das previsões otimistas de quem contabiliza os ganhos do comércio, dos serviços e da indústria. Atravessaremos mais um “natal da lembrancinha”, conforme se tornou corriqueiro. Em 2018, porém, há algo diferente no roteiro: nos anos anteriores projetava-se a retomada do crescimento logo para o ano seguinte; previa-se a geração de milhões de empregos; apostava-se em crescimento do Produto Interno Bruto – o PIB – num ritmo promissor. Nada disso se confirmou, mas pouca gente – além da imprensa – comprava essa pule. Agora nem essa pule se vende mais: as eleições de outubro sacramentaram a derrocada da “Nova República” – baqueada pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016 – e, com a ascensão da extrema-direita, as incertezas se avolumam, já que as expectativas sobre o futuro, certamente, não são como já foram no

passado. Por isso nem mesmo essa cantilena otimista se repete mais.

Liberalismo?

Uma sufocante agenda moral prevaleceu durante todo o processo eleitoral. Só que uma sociedade precisa de muito mais do que isso para crescer, gerar riquezas, novos postos de trabalho e desenvolvimento. Até aqui, pouco se falou sobre isso, além de se repisar um liberalismo primitivo, quase místico. E alguns sinais preliminares são muito preocupantes. Em poucos dias, quem acompanha o noticiário se espantou com as bordoadas distribuídas na China – maior parceiro econômico brasileiro –, na vizinha Argentina, nos demais integrantes do Mercosul e, também, nos países muçulmanos. É grande o fluxo de exportações brasileiras para essas nações. Desavenças só podem acarretar instabilidade e piorar a já grave situação econômica do País. Os mais otimistas enxergam nisso resquícios do clima eleitoral, da polarização que cindiu a sociedade brasileira. E veem o novo governo, no início do mandato, se ajustando aos imperativos da democracia e do comércio internacional. Tomara que estejam certos. Porque, se estiverem errados... A economia do Nordeste – incluindo aí a Bahia – foi muito mais afetada pela crise econômica legada pela dupla Dilma Rousseff/Michel Temer. É necessário, portanto, começar a gerar postos de trabalho para que, pelo menos, se retorne num intervalo mais curto àqueles patamares de 2013, quando se vivia sob relativa pujança. Para isso, as bravatas são dispensáveis: é preciso planejamento e ação. Quem observa a Feira de Santana com atenção percebe como, por aqui, a qualidade de vida das pessoas decaiu desde o início da recessão. Milhares de desempregados, muita gente sem benefícios sociais – cortados sob o emedebismo – e sabe Deus quantos se virando como podem. Para esses, não bastam as bravatas e as polêmicas em redes sociais.


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