TRIBUNA FEIRENSE JUNHO DE 2019

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FEIRA DE SANTANA-BAHIA, 30 DE JUNHO A 31 JULHO DE 2019

ANO XX- Nº 2.616

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Fluminense: persistência e glória

Foto: Marcelo Oliveira/ Instagram: @Siga_Marcelo_Oliveira

Fundado em 1941, o Fluminense de Feira Futebol Clube pode não ser o primeiro time da cidade, mas foi o primeiro a conquistar um título do Campeonato Baiano, em 1963. A vitória deu ao clube o direito de representar a Bahia na Taça Brasil, atual Campeonato Brasileiro de Futebol, em 1964. Naquele ano, o Touro do Sertão, como também é conhecido, não teve êxito. O time perdeu para a equipe do Ceará, logo na primeira fase eliminatória. O segundo título do Campeonato Baiano só veio em 1969. E, de lá para cá, o Flu de Feira

nunca mais conseguiu sagrar-se campeão estadual, para a tristeza da Falange Tricolor, torcida apaixonada, que não desiste de ver seu time novamente vitorioso. Após enfrentar longos anos de dificuldades, inclusive financeiras, o clube, finalmente, vem fazendo uma excelente campanha, em 2019. Está na sua melhor fase e disputa a Série D do Brasileirão. O time conseguiu se classificar em primeiro lugar, no seu grupo de acesso, e, agora, está na fase de mata-mata. Se conseguir vencer, a agremiação parte para a Série C do

Campeonato Brasileiro. Nessa edição, o jornal Tribuna Feirense traz uma série de reportagens sobre o Fluminense de Feira. Além de contar a história do clube, falamos também sobre as dificuldades que o time enfrenta, sobre o atual Campeonato e sobre o esforço de toda equipe, em prol do resultado positivo que o Touro vem alcançando. Ouvimos torcedores ilustres e apaixonados, além de jornalistas, membros da diretoria, preparadores físicos e a presidência do clube. No caderno Tribuna Cultural, uma entrevista com a consagrada artista

plástica feirense Graça Ramos. Doutora em Belas Artes pela Universidade de Sevilha, a pintora fala, dentre outros temas, sobre

sua obra, seu processo de criação e sobre as investigações acadêmicas que resultaram na criação de suportes tridimensionais

e na utilização da luz elétrica na obra pictórica, trabalho que subverte a antiga concepção de arte plana, estática, intocável.


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Feira de Santana-Bahia, 30 de junho a 31 julho de 2019

Como nasceu o Fluminense

Foto: Reprodução

Karoliny Dias O Fluminense de Feira, mais conhecido como Touro do Sertão, nasceu em 1941. E, nesse mesmo ano, começou a fazer parte da Liga Feirense de Futebol. O publicitário André Costa escolheu o Flu como tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). André entrevistou o historiador e jornalista Adilson Simas, autor do livro A História do Fluminense de Feira, que ressaltou que, até meados de 1954, o Fluminense de Feira era um clube que vivia a fase do amadorismo. Simas salientou ainda que o clube era uma ferramenta de congregação e integração, em Feira de Santana. Quando fundado, já existia um clube na cidade, o Bahia de Feira, que era considerado “popular”, enquanto o Fluminense era considerado “aristocrático”. Em 1963, o Fluminense de Feira Futebol Clube conseguiu seu primeiro título do Campeonato Baiano. Naquela época, era o único time do interior detentor do título. E foi esse título que deu ao Fluminense de Feira o direito de representar a Bahia na Taça Brasil, que é o atual Campeonato Brasileiro de Futebol, em 1964. Mas o time foi eliminado pela equipe do Ceará logo na primeira fase eliminatória. Em 1968, numa decisão contra o Galícia, de Salvador, o Fluminense conquistou o vicecampeonato baiano. Em 1969, conseguiu o seu segundo e último título

do Campeonato Baiano. De lá para cá, nunca mais o Fluminense conseguiu sagrar-se campeão do Estado. Em 1971, conquistou outro vice-campeonato. Na ocasião, Evaristo de Macêdo era o técnico que comandava o clube. Em 1977, O Fluminense disputou o Campeonato Nacional, quando era necessário outro clube representando a Bahia. “Para a escolha desse representante, foi criado um torneio seletivo, disputado por, além do Fluminense, o Atlético da cidade de Alagoinhas e o Itabuna, time da cidade de mesmo nome”, lembrou Simas a André Costa.

HISTÓRIAS DO TIME

Adilson Simas ainda contou algumas historias do Touro. Ele lembrou que, em 1954, no dia 6 de junho, um domingo, o tricolor feirense foi a Salvador e estreou na primeira divisão do futebol baiano, na antiga Fonte Nova. Lá, o time enfrentou a poderosa equipe do Esporte Clube Vitória. Na época, o Vitória dividia com Bahia e o Ipiranga a preferência dos amantes do esporte das multidões. “O ‘Leão da Barra’ colocou em campo sua força maior, assim constituída. Nadinho, Valvir, Alirio, Porunga e Eloi; Joel e Tombinho; Quarentinha, Juvenal, Antonio e Ciro. A imprensa da capital criticou a atuação do árbitro Francisco Moreno, que havia prejudicado o Flu, mas mesmo assim o placar ficou em 1 x 1”, afirmou.

O time de 1963 conseguiu o primeiro título do Fluminense de Feira, sagrando o clube Campeão Baiano Ainda segundo Simas, o gol que garantiu o surpreendente empate do Fluminense aconteceu aos 36 minutos do segundo tempo e foi feito pelo atacante Alfredo, pai do radialista Jair Cezarinho, num tiro direto de fora da área. “Durval

Cunha, o primeiro treinador do Fluminense como clube profissional, colocou em campo, como diria o saudoso Ligoza, a seguinte onzena: Batista, Augusto, Julio, Elias I e Edinho; Zezinho e Hosanah; Maneca, Pelucio, Alfredo e Elias II. Coube

ao diretor Osvaldo Torres representar o Fluminense na reunião do Conselho Arbitral da Federação, que serviu para formular o convite ao tricolor para participar como representante do interior do campeonato baiano de profissionais”, observou. Simas disse ainda que quando voltou dessa reunião, Osvaldo Torres anunciou que a Federação Baiana de Futebol (FBF) sugeriu uma espécie de fusão dos clubes amadores da cidade e o Fluminense. O clube ficaria com as mesmas cores e passaria a ser Feira de Santana Futebol Clube. “Não vingou, porque alguns clubes, especialmente o rival Bahia de Feira, não aceitaram. Mas Enádio Morais,

que presidia o Flamengo, passou a formar entre os tricolores”, afirmou. O historiador e jornalista ressaltou que o Fluminense ingressou no profissionalismo reunindo, no seu Conselho Deliberativo, os mais diversos segmentos. Na época, a presidência ficou com Manuel Contreras, que, na cidade, era o gerente da Souza Cruz. Já na presidência do Conselho Diretivo, estava Wilson da Costa Falcão, médico e vereador. E ele explicou a reação contrária do Bahia de Feira à sugestão da FBF. Segundo Simas, naquele ano, os dois clubes decidiram o título do certame feirense de amadores, tendo o Fluminense chegado ao tricampeonato,

Foto: Ed Santos/ Reprodução

O jornalista e historiador Adilson Simas, autor do livro A História do Fluminense de Feira, diz que não perde a esperança de ver o Flu voltar aos seus áureos tempos


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de Feira Futebol Clube ao vencer o Bicho Papão, com um placar de 3 x 1. “Aquela disputa mexeu com a cidade. No dia da partida, domingo, 2 de janeiro, houve verdadeira romaria tanto na ladeira da Barroquinha como na descida do Nagé, com os torcedores se dirigindo para o antigo estádio Almachio Boaventura, na divisa do Alto do Cruzeiro com Sobradinho”, relembrou. Ainda de acordo com Adilson Simas, antes, durante e depois do embate em campo houve, como se dizia na época, sururu entre as duas torcidas. Guardachuvas, também chamados de guarda-sóis, foram quebrados nas cabeças dos torcedores, sem falar nos chapéus palhinha voando pelos velhos alambrados do campo. “O Fluminense conquistou o tri, ao vencer a partida, que os cronistas chamavam de refrega, pelo escore de 3 x 1. O primeiro tempo terminou com a vitória parcial de 2 x 0, gols de Pelúcio, aos 36 minutos, e de Zequinha, aos 42. No segundo tempo, aos 22 minutos, Mário Porto, de cabeça, diminuiu o placar, mas com outro gol de Zequinha, novamente aos 42 minutos, o Fluminense deu número final à partida”, contou. Simas lembrou ainda a escalação do Bahia de Feira, à época. “O Bicho papão colocou em campo: China, Lipinho e Bueiro, Valter, Tote e Juvenal; Alegre, Dário, Jorge de Barros, Mário Porto e Guri. Já o ‘touro do sertão’, escalou Batista, Tutú e Juarez; Elisio, Edinho e Elias; Zequinha, Alfredo, João Macedo, Pelúcio e Alberto”, disse. Conforme o jornalista, houve protestos depois do jogo, porque anunciaram a arrecadação. “O protesto foi geral, ao se anunciar, com o estádio Almachio Boaventura completamente lotado, uma arrecadação de 25 mil Cruzeiros. O extinto Diário da Feira comandou, na edição seguinte, que registrar uma renda desta em jogos como aquele era prejudicial

Foto: Reprodução

ao esporte local. Era como fechar as portas do interesse de clubes de fora para a realização de amistosos. Na preliminar do clássico envolvendo os dois tricolores, o Bahia chegou ao título da segunda divisão, ao vencer o Vasco da Gama pelo escore de 5 x 0”, explicou. Simas salientou ainda que, como profissional, logo em 1956, o Fluminense foi vice-campeão e, em 1959, foi eleito, pela ABCD, o melhor plantel da temporada. “O invencível time de aspirantes foi bicampeão em 1960/1961 e, em 1963, chegaria, afinal, ao primeiro título de campeão baiano, numa disputa de melhor de três jogos com o Esporte Clube Bahia”, enfatizou. De acordo com o jornalista, o clube feirense foi também o único representante do interior, na divisão de profissionais, até 1967. Naquele ano, o presidente da FBF, o advogado Carlos Alberto de Andrade, estadualizou o Campeonato. Inicialmente, convidou outro clube local, o Bahia de Feira, que viraria Feira Esporte Clube, e mais Con-

A segunda taça do Touro do Sertão veio com o time de 1969. Esse título também foi a última conquista do Fluminense, no Campeonato Baiano quista, Itabuna, Colo-Colo, Flamengo e Cruzeiro da Vitória, estes três últimos da cidade de Ilhéus. O historiador também lembrou que, no seu primeiro período de grandes conquistas, que foi até 1963, ano do título de Campeão Baiano, além de Durval Cunha, também passaram pelo comando técnico Ariston Carvalho, Enaldo Rodrigues, Pedrinho Rodrigues, Sotero Monteiro, Fernando Lopes, Manoel Mesquita – o Maneca –, Antonio Conceição, dentre outros.

VAMOS SALVAR A LAGOA SALGADA ANTES QUE OS INVASORES A OCUPEM

Já na segunda fase, atentou Simas, houve muitas glórias, como o título inédito de 1969. Essa fase durou até 1971. “Sem falar que treinadores, como Geraldo Pereira, foram técnicos do tricolor. Entre outros, Paulo Emílio, Zé Maria, Carlos Volante, João Paulo – o Pinguela –, Jouber Meira e, principalmente, a dupla Walter Miráglia e Evaristo de Macedo”, relembrou. Após a grande campanha de 1971, sob o comando de Evaristo de Macedo, logo no ano seguinte, o clube en-

Uma campanha da

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trou em crise e, abandonado “por alguns figurões, terminou baixando na UTI”, conforme ressaltou Adilson Simas. Segundo o historiador, “o óbito só não aconteceu graças a ação de meia dúzia de abnegados torcedores, como Alcione da Prefeitura, Adolfo da Dislar, Xavier contador, Gersinho da Chevrolet, Gileno da livraria e outros. A partir daquele ano, em que pese algumas participações no Campeonato Nacional, quase todas bisonhas mesmo quando integrando as séries inferiores, o Fluminense deixou de ser o bravo touro pioneiro, alegria da torcida tricolor”, lamentou. Mas Simas não perde a esperança de que o time volte aos seus áureos tempos. Ele lembra o grito de guerra do time: “Avante, avante Fluminense, é hora, é hora, queremos mais um gol”.

CAMPEONATO DE 1963

Adilson Simas lembrou ainda uma história que aconteceu durante a Taça Brasil de 1964, hoje Campeonato Brasileiro, do qual o Fluminese de Feira ganhou o direito de ser o representante baiano, por ser campeão em 1963. Na

semana da estreia contra o Ceará, diz ele, o diretor Arivaldo Gomes de Santana e Tuta da bicicleta resolveram comprar um aparelho de televisão e instalá-lo na sede da Rua Tertuliano Carneiro, onde, na parte dos fundos, acontecia, todas as noites, o famoso jogo de bingo do clube conhecido como “meia-meia”. Assim, na sexta-feira, início da concentração, Tuta reuniu os jogadores e avisou que não iriam ao Cinema Santanópolis, porque haveria a estreia da televisão, com todos assistindo ao videotape do jogo Flamengo e Fluminense, pelo campeonato carioca. Ainda conforme o jornalista, o zagueiro Misael, também conhecido como Pé de Serra, que, nos jogos, tinha prazer em confundir a bola com a canela dos atacantes adversários, olhou para o saudoso atleta Carlinhos Malaquias, que também era funcionário do Banco da Bahia e frequentava a alta sociedade feirense, e fez uma pergunta bastante interessante. “Ele perguntou ao Carlinhos se daria mesmo os dois times dentro dessa caixa que era a televisão”, finalizou.


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Fluminense de Feira vive

Foto: Reprodução/ Site oficial do Fluminense de Feira

Karoliny Dias

O Fluminense de Feira vive, no ano de 2019, a sua melhor fase. Disputando a Série D do Brasileirão, o time faz uma boa campanha, desde o início do campeonato. Classificou-se, em primeiro lugar, no seu grupo de acesso e está na fase de mata-mata. Se conseguir vencer, a agremiação parte para a Série C do Campeonato Brasileiro. Em maio desse ano, o time ganhou o reforço do atacante João Neto, artilheiro do Campeonato Baiano, pelo Atlético de Alagoinhas, com oito gols marcados. Na primeira fase, o Fluminense se classificou com 12 pontos, três vitórias e três empates, sem perder, na competição.

SITUAÇÃO

O presidente do Touro do Sertão, Zé Chico, ressalta que o time ainda passa por dificuldades financeiras. Como fontes de renda, o Fluminense só tem a arrecadação dos patrocinadores, da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, do sócio-torcedor e dos jogos que acontecem no Joia da Princesa. “A Série D do campeonato brasileiro é deficitária para todos os clubes, mas temos que enfrentá-la, porque, só assim, poderemos chegar à Série C e, consequentemente, à condição de ingressar realmente no âmbito nacional”, afirma. Ainda segundo Zé Chico, a Série D um time conquista nos campeonatos estaduais, mas a Série C se conquista, apenas, na Série D, o que dá um calendário anual, em nível de competição nacional. “O objetivo é esse mesmo. Com todo sofrimento e com todas as dificuldades, temos que enfrentar a Série D, para almejar uma Série C, em 2020, e, quem sabe, uma Série B”, completa. O último título que o Fluminense de Feira ganhou foi em 2015: o vice-campeonato de acesso para a Série A do Baianão. “Ganhando um campeonato baiano, o último do Fluminense foi em 1969. Tem muito tempo já. De lá pra cá, houve algumas

Encarando uma rotina intensa de treinos, o Flu de Feira vem fazendo uma boa campanha, na Série D, e tem chances reais de subir para a Série C do Campeonato Brasileiro interrupções, por questões de gestão”, diz o presidente. Zé Chico ressalta que, em sua gestão, está realizando melhorias na estrutura do time. “Estamos qualificando, principalmente, o Centro de Treinamentos do clube. Fizemos um campo muito bom; refizemos todas as instalações do local; melhoramos muito a sede do clube; e procuramos entrar no ProFut, que é o parcelamento dos débitos fiscais e com a Receita Federal. Entramos, também, com o parcelamento dos débitos de questões trabalhistas junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que estamos pagando com muita dificuldade”, observa. Zé Chico não esconde a felicidade com a boa campanha do time, na Série D. “Para se ter uma ideia, nessa Série, são 68 clubes, onde, na fase classificatória, só ficaram 32. E o Fluminense ficou entre os primeiros colocados, no grupo, o que nos

dá o direito de jogar a última partida do mata-mata em casa. “Estamos sem perder, nesse campeonato, e espero que fiquemos assim, mas, agora, vêm as dificuldades. A terceira partida dessa fase definirá se subiremos, ou não, para a Série C, que é o nosso objetivo”, justifica.

JOGADORES

O presidente destacou ainda a qualidade do elenco de jogadores do Fluminense de Feira. “Temos três goleiros: o Léo, o Geovane e o Sherek; os laterais-direito Robert e Edson; os zagueiros Rafael, Marcelo, Alisson, Val e Eduardo; o lateral-esquerdo Vicente; os volantes Rodolfo, Aragão, Hercules e Guto; os meias Granja, Reinaldo e Azevedo, contratado agora; e os atacantes João Neto, Deisinho, Carlos, Peixoto, Luan e Alessandro, que também acabou de chegar”, enumera.

No último jogo, realizado no dia 20 de junho, no Joia da Princesa, o Touro do Sertão venceu o Salgueiro de Pernambuco, por 1 x 0. O resultado aproxima ainda mais o Fluminense de Feira de seu objetivo, de acordo com Zé Chico. “Temos grandes possibilidades de passar para a próxima etapa e chegar à Série C, colocando o clube em um lugar de destaque, em nível nacional”, diz. Um dos preparadores físicos do clube, Felipe França ressalta que os jogadores estão numa condição física muita boa. “Os atletas compraram a ideia do trabalho e nossas sessões de treinos não são tão volumosas, mas bastante intensas. Estamos conseguindo fazer os atletas evoluírem, a cada dia. Com os que passaram um tempo maior parado, estamos fazendo um trabalho à parte, a fim de que todos estejam preparados, de forma homogênea, e à disposição do nosso treinador”, afirma. Felipe França diz ainda que o trabalho é realizado de forma integrada. Os atletas realizam atividades com a bola, para melhoria da parte cardiorrespiratória, através de minijogos ou jogos reduzidos, nos quais a ideia de jogo do treinador é aplicada. “Exigimos que o atleta, dentro do nosso trabalho, faça o

Foto: Reprodução/ Site oficial do Fluminense de Feira

Conforme o preparador físico Felipe França, a parte emocional e cognitiva dos jogadores também é trabalhada; objetivo é fazer atletas estarem por inteiro nos jogos, tanto fisicamente quanto mentalmente, sobretudo na fase de mata-mata, onde o estado emocional pesa bastante


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melhor fase dos últimos anos Foto: Reprodução/ Site oficial do Fluminense de Feira

nacional. E disponibilizar mais investimentos para o time, fazendo um trabalho institucional mesmo. E não apenas com o Fluminense, mas com os times da cidade, no sentido de fomentar o esporte e o futebol”, ressalta. O deputado federal também é conselheiro do Touro do Sertão e diz que faz questão de colaborar financeiramente com o time. “Faço meus pagamentos mensais e, sempre que vou ao Joia, pago também meu ingresso, diferentemente de alguns políticos”, dispara. O vereador João dos Santos, mais conhecido como João Bililiu, é outro torcedor aficionado pelo time. Bililiu é tão apaixonado, que acompanha os jogos do Fluminense, no Campeonato Baiano, também em outras cidades. Chegou a ir a Vitória da Conquista só para assistir a um jogo do Touro. “Aos oito anos, morando nos Capuchinhos, ia, com uma amiga, vender amendoim e laranja no estádio. Isso há 54 anos”, lembra. Bililiu acredita que o momento atual do time é bom. “O treinador Lira conseguiu articular um elenco razoável. E fazer futebol com um time de pouca renda é difícil, em nosso país. Mas, graças a Deus, o time está bem ‘armadinho’ e está fazendo Daí em diante, tornei-me também está muito estrutu- gosto a torcida compareum torcedor de alambrado rado. “Mas diria que ainda cer ao Joia da Princesa”, e apaixonado pelo Fluzão tem muita coisa para fazer. enaltece. O vereador acredita de Feira”, lembra. Acho que a Prefeitura poZé Neto acredita que, deria pensar um pouco mais que o maior problema do atualmente, o time está bem em ter o Fluminense como Fluminense é a direção. Para TORCIDA e que, nos últimos anos, ad- um grande baluarte, tanto ele, ela é antiga, à exceção O Fluminense de Feira ministrativamente, o clube em nível estadual quanto do atual presidente. “Essa Foto: Ascom/ Zé Neto tem seus torcedores ilustres. Um deles é o deputado federal Zé Neto (PT), que é apaixonado pelo time. Zé Neto conta que a paixão pelo Touro do Sertão ele traz consigo desde criança. “Meu irmão torcia pelo Fluminense do Rio de Janeiro e pelo Fluminense de Feira de Santana. E eu logo comecei a torcer pelo Touro também. Depois, fui estudar no Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand (CIEAC) e, na aula de educação física, íamos para o Joia da Princesa. Desde muito cedo, acompanhei a escalação do time, os treinos. que o treinador vai pedir nos jogos. Isso faz com que o condicionamento da equipe seja de acordo com o padrão de jogo do treinador”, explica. Para manter o time equilibrado até o final, Felipe salienta que, apesar de algumas viagens serem longas, a semana é cheia de treinamento. “Agora, o trabalho é de manutenção, de forma intensa, mas dando um descanso maior para que eles recuperem as fibras musculares. Cuidamos ainda da parte emocional e cognitiva, para que, nos jogos, o atleta esteja por inteiro e forte, tanto fisicamente quanto mentalmente, sobretudo na fase de mata-mata, onde o estado emocional do atleta vai pesar bastante, principalmente na hora de tomar as decisões necessárias dentro de campo”, explica. O também preparador físico Geraldo Lantier destaca que a condição física dos atletas é boa, com grau de evolução para o nível de excelência. Ele explica que o trabalho é realizado de forma sistematizada, com treinamentos preventivos, tanto antes dos treinos táticos realizados pelo treinador, professor Arnaldo Lira, quanto depois, com o treino físico durante a semana. Nessas sessões, os treinos são de resistência, força e velocidade especial, a fim de que os jogadores possam, dentro da própria competição e dos jogos, ir adquirindo ritmo.

Segundo Geraldo Lantier, preparador físico do Fluminense, treinos são de resistência, força e velocidade especial, a fim de que os jogadores possam, dentro da própria competição e dos jogos, adquirir ritmo

“Faço meus pagamentos mensais e, sempre que vou ao Joia, pago também meu ingresso”, diz o deputado federal Zé Neto, torcedor apaixonado e conselheiro do Touro do Sertão

é a opinião de um torcedor apaixonado”, completa o edil, pedindo ainda uma maior união por parte da torcida e dos empresários locais, em prol da bandeira do tricolor feirense. “Precisamos fazer uma campanha maciça, na cidade, chamando os empresários e o poder público a participarem, com mais garra e gosto, a fim de angariar certa quantia, para dar condição de o time se desenvolver mais”, sugere. O coordenador da 3ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Feira de Santana, Silvio Dias, é outro apaixonado pelo Fluminense. Não perde um jogo no Joia da Princesa. Silvio aprendeu a gostar do Fluminense indo ao estádio com o padrinho de um dos seus irmãos. “Sempre ficávamos na ‘geral’. Lá, fui aprendendo, gostando e admirando o Fluminense. A casa de minha avó materna é próxima ao Joia e, por isso, sempre vivi aquele clima de euforia, nos dia de jogos do Touro. Isso fez com que eu me empolgasse a torcer, exclusivamente, pelo time”, enfatiza. Silvio também acredita que o momento atual do clube é positivo e que o time tem chances reais de subir para a Série C do Brasileirão. “Arnaldo Lira é um excelente técnico. Inclusive, podemos perdê-lo para um time grande, a qualquer hora, por sua capacidade profissional”, observa. O coordenador da 3ª Ciretran acha que o principal problema do Touro é não ter times de base. Na opinião do torcedor, é preciso criar, no Fluminense, os times Junior e o Infantil, porque, segundo ele, é através dessas categorias de base que surgem novos talentos. “Outros times, como o Vitória e o Bahia, focam muito nisso. Muitos jogadores do elenco principal vieram dos times de base. Isso traz um rendimento melhor, em termos financeiros, porque o clube não tem que arcar com tantos custos, tanto no momento da contratação do jogador quanto após a formação dele, ao vender seu passe. Isso porque, por toda a sua carreira, o time recebe uma pequena quantia ou

um percentual, por ter sido o time formador daquele atleta”, explana. Silvio Dias sabe que esse tipo de investimentos é relativamente alto, principalmente para manter uma estrutura adequada às crianças, mas diz que o retorno vem. “Com planejamento, é possível ter toda uma estrutura de base, que nos permitiria ter, no futuro, um clube realmente forte. Não adianta montar times grandes e, a cada rodada, ter que se desfazer de um jogador ou devolvê-lo, porque ele não pertence ao Fluminense. Isso faz com que, a cada competição, seja necessário formar um novo time”, lamenta. Marivaldo Oliveira, que trabalha na área de Segurança Eletrônica, também fala sobre o seu amor pelo Flu. Ele explica que seu interesse pelo clube nasceu na adolescência, quando seu pai pediu a um amigo que o levasse ao estádio. “De lá para cá, fui a vários jogos. Não perco um. Dificilmente, fico de fora, a não ser por um motivo maior. Até em jogos fora da cidade tenho ido”, conta. Ele acredita que o time está em boas mãos, com a direção atual, e, por isso, está bem na competição que participa. “Estamos a quatro jogos da Série C. Lógico que há dificuldades, porque futebol requer patrocínio, sócio-torcedor e ajuda da torcida, nas bilheterias. Eu recomendo aos feirenses que frequentem o estádio, porque é outra emoção. Ser torcedor do Fluminense é tudo para mim”, ressalta. Marivaldo acha que a contratação de um gerente de futebol, pelo atual presidente, fez toda diferença no time. “O nome dele é Erivaldo Domício e é ele quem cuida de todas as necessidades dos jogadores. Foi uma decisão acertada do presidente. O clube está organizado, com um bom CT e um bom campo”, opina. Ele também acredita que divisões de base solucionariam o problema de jogadores. “É isso que dá frutos para qualquer time do Brasil, uma divisão de base forte. Além de murar o que falta do Centro de Treinamento”, completa.


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Bodega do leegoza

César Oliveira

PREVIDÊNCIA

Foto: Carolina Antunes/ AFP

Exceto fanáticos políticos, todos entendem que a Reforma da Previdência é necessária. Todos os presidentes – FHC, Lula, Dilma e Temer – tentaram fazê-la. Os discursos de cada um estão disponíveis na internet. É só fazer um esforço, que encontrará a entusiasmada defesa que cada um deles fez. Portanto oposição à Re-

forma, nesse momento, é apenas oportunismo político e falta de compromisso com a realidade ou arrobo juvenil que não acabou, como as espinhas que persistem. Podem-se discutir aspectos, como a transição e a aposentadoria rural. E até ajustar alguns pontos, mas sua necessidade é uma questão de sobrevivência.

Igualar políticos e a elite do funcionalismo público ao limite de teto de todos é um tremendo avanço. Não é à toa que impediram Temer, com o golpe Janot-Joesley. E tenta-se, de todas as formas, impedir sua conclusão, com Bolsonaro, em um Congresso viciado em vantagens, mordomias e benesses. É a Reforma ou o caos.

André Pomponet

A verdadeira tragédia Baiana Nestes tempos de disputas inúteis, uma verdadeira tragédia foi pouco debatida. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que somente um em cada dez baianos (10%) tem curso superior, o que nos coloca à frente, apenas, do Maranhão, o que não é, exatamente, uma vantagem. A média nacional é 16,5% e os países mais desenvolvidos têm em torno de 35%, alguns chegando a 50%. É condenar o futuro do estado e seu desenvolvimento, por falta de investimentos na Educação. É um dado estarrecedor, porque leva a manutenção da estrutura de poder, resultando em um colonialismo persistente e dependência parasitária dos recursos de públicos. Não é a toa que a Bahia é o estado mais dependente do programa Bolsa Família. O IBGE revelou, também,

que 12,7% dos baianos são analfabetos e que a defasagem escolar é um grave problema. Os dados mostram, ainda, o aterrador fato de que 28,2% dos baianos não estudam e nem trabalham. Isso significa condenar toda uma população à escravidão das benesses do Estado e dos líderes oportunistas. Não pensem, entretanto, que esse resultado foi do governo do PT. Não. Ele vem sendo construído desde Cabral, passando pelo Carlismo e por todos os populistas que nos governaram. O PT foi, apenas, incapaz de corrigir o terrível erro. Aliás, até contribuiu, fortemente, com sua piora, contingenciando verbas das universidades e dando-nos o segundo pior Ensino Médio do Brasil. Vou repetir: o segundo pior Ensino Médio do Brasil. A Educação baiana é uma fraude, uma violência contra as famílias

que depositam esperanças na ideia de que seus filhos estão sendo educados. A presença de mão de obra qualificada é fundamental para atrair empresas, investimentos e gerar empregos. E, com o perfil de desenvolvimento atual cada vez mais exigente de conhecimento dos funcionários, a Bahia fica em brutal desvantagem. Não sei se as palavras são capazes de traduzir o horror que estamos vivendo, com um terço dos baianos sem trabalhar ou estudar; com a menor taxa de Educação Superior a ultrapassar somente o famigerado Maranhão; e o pior Ensino Médio que alguém pode ter. O que vivemos, na Bahia, é um legado de miséria, de crueldade, de falta de prioridade, de condenação de um povo a um estado de escravidão intelectual e de subdesenvolvimento. Triste Bahia!

Economia em crônica

50 anos do último título Baiano do Touro do Sertão Comecei a acompanhar o Fluminense de Feira em meados dos anos 1980. Naquela época, persistiam na memória de muitos torcedores as lembranças dos dois títulos baianos – de 1963 e 1969 – que davam à equipe o então status de único campeão baiano do interior. Nas arquibancadas do Joia da Princesa, recentemente reformado – o gramado era motivo de orgulho, considerado um dos melhores do Brasil –, torcedores mais velhos, saudosos, recordavam jornadas inesquecíveis e se referiam, até com certo desdém, ao Bahia que sucumbiu ao Touro do Sertão, em 1969. Na década anterior, de 1970, o tricolor feirense se aventurava na série principal do Campeonato Nacional. As campanhas nem sempre foram boas, mas o torcedor feirense teve a oportunidade de ver o Flamengo, de Zico, e o Fluminense, de Rivelino, desfilar no Joia da Princesa. Nos anos seguintes, o Touro decaiu e o Brasileirão foi se elitizando. Mesmo assim, aqui ou ali, o tricolor feirense ensaiava reconquistar o título baiano, montando times que empol-

Foto: Reprodução/ Site oficial do Fluminense de Feira

A torcida apaixonada e a tradição são trunfos adicionais do Touro do Sertão, que vem fazendo uma empolgante campanha, em 2019 gavam o torcedor. Os mais velhos recordam o timaço que, no fim dos anos 1980, foi a base para os vice-campeonatos de 1990 e 1991: lá estavam o goleiro Jorge, o lateral Itamar, o zagueiro Tanta, o volante Zelito, o centroavante Júnior

e o ponta-direita Quirino, que levavam o torcedor ao êxtase, no Joia da Princesa. Logo na sequência, em 1992, o Touro, por pouco, não foi campeão da Série B: numa campanha inesquecível, ficou com o vice-campeonato, batido

pela Tuna Luso de Belém do Pará. Aqui, deu Touro 2 a 0; lá, derrota por 3 a 1, numa partida repleta de polêmicas e que se estendeu até os 70 minutos do segundo tempo.

TERCEIRA FORÇA

Era a época em que Fluminense e Catuense – equipe de Catu, hoje, no ostracismo – disputavam a condição de terceira força do estado, cujo protagonismo é, há décadas, de Bahia e Vitória. Dono da maior torcida, o Touro tinha, na “Laranja Mecânica”, um adversário de respeito, que também chegou a vice do

“Baianão”, em 1987, e revelou craques como os meias Luís Henrique e Bobô, o atacante Naldinho e o goleiro Clemer. O interminável jejum no Baiano encaneceu a torcida tricolor e apagou a lembrança das radiosas conquistas dos anos 1960. O encurtamento do Campeonato Baiano – a competição se estendia por cinco meses, nos anos 1980 – e o ócio forçado fizeram o futebol do interior definhar no país inteiro. A quantidade de participantes nas principais divisões do Campeonato Brasileiro declinou e os times do interior – inclusive alguns tradicionais – foram perdendo protagonismo, reduzindo suas atividades a alguns poucos meses do ano. Isso, evidentemente, refletiu-se nos resultados: os embates com as principais forças perderam vigor e o favoritismo dos grandes se ampliou.

JUBILEU DE OURO

Em 2019, o Fluminense de Feira faz uma campanha empolgante, na Série D. Terá forças para ascender à Série

Fundado em 10.04.1999 www.tribunafeirense.com.br / redacao@tribunafeirense.com.br Fundadores: Valdomiro Silva - Batista Cruz - Denivaldo Santos - Gildarte Ramos Diretor - César Oliveira Editora - Ísis Moraes Editoração eletrônica - Maria da Prosperidade dos Santos

C? O time vem atuando bem e a torcida está confiante. Caso garanta a ascensão – sobem quatro, conforme o regulamento –, será uma maneira honrosa de celebrar os 50 anos do último título baiano, que a convenção classifica de jubileu de ouro. Subindo, não pode perder a oportunidade de se estruturar melhor, planejando e buscando alternativas para a crônica escassez de recursos. A visibilidade maior da Série C e o calendário mais longo são atrativos que não podem ser desperdiçados, caso a equipe sacramente a ascensão. A torcida apaixonada e a tradição do clube são trunfos adicionais. Hoje, o Fluminense vive uma fase melhor do que há alguns poucos anos, quando chegou a ser rebaixado para a segunda divisão do Baiano. Lembro-me do jogo que sacramentou o retorno à série A, em 2015 – 2 a 1, no Atlético de Alagoinhas –, quando a torcida, fanática, promoveu um espetáculo inesquecível, no Joia da Princesa. Momentos como aquele evidenciam a grandeza do Touro do Sertão.

OS TEXTOS ASSINADOS NESTE JORNAL SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES.

Av. Senhor dos Passos, 407 Sala 05


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Feira de Santana-Bahia, 30 de junho a 31 julho de 2019

César Oliveira

Bodega do leegoza

O jornaleiro Oswaldo Martins

Não sei se ele é o mais antigo jornaleiro de Feira, mas é o mais antigo jornaleiro que conheço. Mineiro, de Poços de Caldas, seu Oswaldo Martins, com W, como faz questão de frisar, veio para nossa cidade no início dos anos 70, depois de trabalhar em São Paulo, e aqui ficou. Tinha uma jornada

dupla. Dividia-se entre o emprego e a banca Status, que havia instalado na Avenida Getúlio Vargas. Em 1989, ao sair do Hospital EMEC, após ver um paciente, atravessei a rua e comprei um jornal, na sua banca. Desde então, nunca mais parei. Quando o jornal

Tribuna Feirense circulava diariamente, fizemos um prêmio de incentivo aos jornaleiros. E a banca Status foi a vencedora, como a que mais vendia nosso jornal. Nesses 30 anos, continuo frequentando sua banca de revistas, com regularidade, no mínimo, semanal, aos domingos. E sempre encontro seu Oswaldo com a mesma serenidade, paciência no atendimento e sorriso, após dois dedos de prosa. Fica sempre aquela impressão de que nada o afeta ou muda seu humor. Nem mesmo os tempos atuais, em que se lê cada vez menos,

parecem assustá-lo. E nem contem para ninguém, mas até fiado ele já me fez. A banca Status, longeva e movimentada, segue como a principal e estrategicamente situada Banca de Revistas da cidade. E seu Oswaldo segue como um porto seguro, como se o tempo não se movesse e como se fôssemos estar ali para sempre: ele, eu, os jornais e as revistas. Mais que um local de encontro e memória, a Banca Status é um hábito que cultivo. Juntos, atravessamos o tempo. E seu Oswaldo foi nosso guia e meu jornaleiro preferido.

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O Governo Federal já necessita de uma Reforma Ministerial, para afastar alguns desqualificados – Ministro da Educação, do Turismo – e reforçar o extraordinário trabalho do Ministro da Infraestrutura, que mantém uma impressionante agenda de concessões – ferrovias, portos, aeroportos, rodovias – que melhoram o ambiente de produção do país.

POLÍTICA

Fotos: César Oliveira

MINISTÉRIO

Dicotomizada, a política vive seu drama cotidiano de derramamento de bile, ressentimento e torcida organizada. As pessoas não conseguem entender que temos de lidar com o Governo e com agendas, independente de quem as produza, pois a torcida pelo mal apenas nos afundará em mais caos. E essa não é a melhor escolha. Enfim, vamos reforçar o positivo, bater no negativo e ir em frente. Aos que estão presos em suas celas, que o sol continue quadrado.


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Mesmo sem a melhor estrutura, maioria do elenco do

Foto: Reprodução/ Site oficial do Fluminense de Feira

Daniela Oliveira O Fluminense de Feira de Santana, que, atualmente, disputa a Série D do Campeonato Brasileiro, conta com um Centro de Treinamento, situado no bairro Novo Horizonte. O CT Noide Cerqueira, construído em uma área de, aproximadamente, 210 tarefas de terra, é utilizado para a realização de treinamentos, além de parte do elenco residir no local. Para a concentração antes dos jogos, em muitos momentos, são utilizados hotéis, tanto para os jogadores quanto para a comissão técnica. Em 2018, o Centro passou, por uma grande reforma, que resultou na remodelação do campo principal e em melhorias no refeitório, academia, sala de jogos, sala de convivência, além de escavação de poços artesianos, que contribuem, com uma melhor vazão, para o fornecimento de água. Atualmente, o Touro do Sertão conta com um elenco de 31 jogadores, sendo que, destes, 18 residem no CT.

Os demais moram em casas ou apartamentos, seja porque são naturais da cidade ou porque trouxeram suas famílias para viver aqui, enquanto estão com contrato vigente com o clube. O CT conta ainda com 19 funcionários, nove deles também residentes do local, por serem naturais de outras localidades.

O Centro de Treinamento Noide Cerqueira conta com dois campos de treinamento, alojamentos para jogadores, piscina, academia, departamento médico, departamento de fisioterapia, refeitório, cozinha e sala de convivência. O presidente do Fluminense de Feira, Zé Chico, avalia a estrutura como boa,

mas diz que ainda não é a esperada. “A estrutura que nós temos lá atende. Não a contento, mas atende, porque temos um campo muito bom, as dependências para os jogadores, com sala de musculação, toda a parte de estadia, com suítes para até três jogadores. A cozinha também é muito boa. No período que antecede os

jogos, vamos, geralmente, para hotel, a fim de dar uma qualidade melhor aos jogadores”, afirma. Zé Chico admite que o CT Noide Cerqueira ainda necessita de melhorias. “Precisa melhorar. Não está pronto. Precisamos fazer mais um campo. Começamos a murar toda a área, mas, por conta das dificul-

dades, paramos. Vamos ver se, até o final do ano, a gente conclui isso. Em relação à estrutura, dos clubes do interior, tirando o Bahia de Feira, claro, que tem uma estrutura melhor, o Fluminense é o segundo”, avalia. O vice-presidente de Futebol do clube, Luiz Paolilo, também comentou a respeito da estrutura. Ele


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Fluminense de Feira reside no CT Noide Cerqueira Jogadores do Touro do Sertão treinam no CT localizado no Novo Horizonte; local passou por reformas, recentemente, mas ainda precisa de melhorias diz que o campo é muito bom para a realização dos treinamentos. “O Fluminense, hoje, tem um bom campo para treinar. A gente fez uma reforma no CT, de modo que a estrutura está melhor”, ressalta.

BAHIA DE FEIRA

Como profissional de imprensa responsável por cobrir jogos tanto do Touro do Sertão quanto do Bahia de Feira, o repórter Danilo Freitas, da rádio Sociedade News, compara as estruturas dos dois clubes. E ressalta a importância de um espaço adequado para a obtenção de um bom desempenho em campo. “É algo fundamental. Às vezes,

a gente acaba vendo só o resultado dentro de campo, mas o que vemos dentro de campo é resultado, também, do que é feito do lado de fora, da atuação da parte administrativa, dos jogadores sendo bem acolhidos, tendo boa alimentação”, observa. Para o repórter, tudo isso é salutar para um time mostrar resultados favoráveis. “Eu acompanhei um clube, há alguns anos, e via situações totalmente diferentes das que um atleta necessita. Um jogador precisa ter seis refeições, uma suplementação alimentar, um ótimo espaço para dormir, um alojamento de qualidade”, explica. Danilo Freitas diz que,

atualmente, acompanha o Bahia de Feira mais de perto e que muitos jogadores, inclusive de fora do estado, também falam o mesmo. “Conversando com o jogador Victor Hugo, que é de Santa Catarina, ele disse que ficou impressionado com a estrutura que o Bahia de Feira tem, sendo um time do interior do Nordeste. E, de fato, é uma estrutura muito boa. O clube tem um setor de hotelaria, que foi construída pelo professor Jodilton Souza, juntamente com o pessoal que faz o Bahia de Feira, com quartos climatizados, TV, frigobar. São coisas mínimas, naturais para um jogador de futebol, mas que, no cenário atual,

não é comum. Então, foge à regra o que o Bahia de Feira tem feito, até aqui”, elogia. Em relação à estrutura apresentada pelo Fluminense de Feira, ele acredita que ainda falta muito para o Touro do Sertão. “O Fluminense de Feira tem uma estrutura antiga. O CT do Novo Horizonte carece de melhorias. Uma reforma foi feita recentemente, mas, na minha visão, ainda precisa de ajustes. O Flu tem dificuldade de conseguir investidores. É o mais conhecido da cidade, mas não é o mais velho. É importante dizer: o Bahia de Feira é mais antigo, mas ficou um tempo parado. O Fluminense precisa se modernizar, buscar parcerias. Acredito que se formos comparar, o Bahia de Feira está à frente do Fluminense, em termos estruturais”, pondera.

DIVISÕES DE BASE

Atualmente, o Touro do Sertão está com as atividades de suas divisões de base paralisadas, mantendo o foco apenas no time principal. Enquanto isso, o

Bahia de Feira conta com um trabalho forte na descoberta de novos talentos. Para o repórter, isso também interfere no desempenho de um clube. “Os resultados dentro de campo ainda não são compatíveis com o que o Bahia de Feira tem feito no administrativo. O Bahia de Feira foi vice-campeão baiano e isso já é um fruto da estrutura que foi montada. Acredito muito nisso. O resultado não é o esperado, até porque é um resultado de longo prazo. Você dá estrutura aos jogadores e os frutos serão colhidos. Não é algo imediato. Ao contrário do Fluminense, agora fazendo um comparativo, que não investe nas divisões de base, o Bahia de Feira, sim, tem uma divisão de base própria”, ressalta. Danilo Freitas salientou ainda que o Bahia de Feira já obteve bons resultados em campeonatos, nas divisões de base, disputando, inclusive, com grandes clubes, a exemplo do Bahia e do Vitória. “Recentemente, o Bahia de Feira foi vice-cam-

peão da Copa Metropolitana Sub15, em um campeonato que tinha equipes como Bahia, Vitória, Palmeiras. E o Bahia de Feira eliminou a equipe do Vitória, que, daqui a três anos, poderá atuar no profissional. Já é um resultado muito positivo. Em longo prazo, no mínimo, o Bahia de Feira será um formador de jogadores. Se vai conseguir jogar profissionalmente, nas séries C e B do Campeonato Brasileiro, eu não sei, mas formará atletas. Disso não tenho dúvidas. O Fluminense, por sua vez, meio que arrenda as suas divisões de base, contrata empresários para que apresentem jogadores. Então, não é uma divisão de base integrada”, lamenta.

MAIS EQUIPAMENTOS

O CT Noide Cerqueira, no momento, é o único equipamento pertencente ao Fluminense de Feira, uma vez que o antigo Centro de Treinamento, situado às margens do Rio Jacuípe, está com uma ação judicial em tramitação, do período da antiga gestão, do ex-presidente Gerinaldo Costa.


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