Revista Cibernetica

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Volume 1 | Edição 1

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2012

em Angola

O começo do fim do velho regime?

Edição inaugural

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15.JAN.2012 revista

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TÓPICOS Regulares

03 - CARTA DO EDITOR Revista Cibernética, teclando para a mudança Por Pedrowski Teca 14 - COLUNA: <<MAS ASSIM ENTÃO É CUMU?>> Enquanto a luta continuar... estaremos paiados! Por Zezito da Terra Vermelha 08 - POETAS DO FACEBOOK: Flagrância Força Angola João sem sobrenome Por Lourenço Paposseco

PR, José Eduardo dos Santos

Entrevista 06 - Em Foco: 2012 (em Angola) poderá ser o começo do fim do velho regime Por Pedrowski Teca

Análises 04 - ANÁLISE: José Eduardo dos Santos - Arquitecto da Paz ou Ditador? Por Al Félix

Análises 10 - ANÁLISE: Angola e o autoritarismo Por Maurílio Luiele

11 - ANÁLISE: Autarquias (... a introdução) Por Sérgio Conceição

12 - ANÁLISE: Os Revolucionários Cibernéticos: patriotas ou inimigos da Pátria e do Presidente? Por Luís Carlos Matos (N’Gola N’Tima)

15 - ANÁLISE: A foto de todas as discórdias Por Pedrowski Teca

Al Félix

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António Cascais

Revista Cibernética


Carta do Editor

Revista Cibernética teclando para a mudança

A mudança que tanto anseamos tem um segredo: as modernas tecnologias de comunicação, como a internete, com as suas redes sociais, websites e blogs, os sistemas de mensagens de telemóveis e os meios convencionais de difusão em massa, como os jornais e as rádios privadas. As redes sociais, como o Facebook, o Twitter e o Skype, e adicionamente o website “Youtube”, foram cruciais nos eventos que marcaram o ano de 2011, e na comunidade Angolana, a criatividade e inovação, no uso das mesmas, foram determinantes para chegarmos onde estamos. Nesta sequência e em gesto de criatividade, inovação e contributo, a “Revista Cibernética” foi criada para servir como plataforma de interacção, informação, educação e advocacia, na certeza de que

com qualquer contributo intelectual feito por indivíduos ou instituições via internete, estaremos “teclando para a mudança”. A “Revista Cibernética” revê-se na aderência dos princípios jornalísticos básicos e essenciais, tais como: a objectividade, publicação de factos e claridade, o balanço do contéudo editorial, e desta forma, proporcionando de igual modo uma plataforma de livre expressão, esclarecimento e respostas em assuntos concernentes ao nosso país. Infelizmente, nesta primeiríssima edição, a balança do contéudo mostrou-se extremamente desiquilibrada em termos de género e ideologias político-partidárias, talvés pelo facto de ser a primeira edição. A “Revista Cibernética” deve ser uma plataforma democrática e não um portavoz do regime ou um panfleto da oposição. Como disse um amigo, “devemos pugnar pelos valores democráticos e dar sempre a possibilidade de haver o contraditório”. Desta forma, convidamos todos aqueles que se oponhem à materias divulgadas nesta edição à manifestarem as suas opiniões em forma de esclarecimentos para serem publicadas na próxima edição. A “Revista Cibernética” também notou que por mais que muitos internautas apoiaram a idéia da criação da mesma, a maioria contactada para entrevistas ou

contribuições de matérias, mostraramse cépticos para com o projecto e não acreditaram na concretização do mesmo em tão pouco tempo (15 dias). Graças à Deus, conseguimos materializar a idéia e temos a honra de apresentar-vos a nossa edição inaugural. Agradecemos os nossos colaboradores que não só concordaram com a idéia mas também acreditaram e contribuiram. Nomeadamente: o kota Maurílio Luiele, o Al Félix, o Sérgio Conceição, o Lourenço Paposseco, o Luís Carlos Matos e o Zezito da Terra Vermelha. Os vossos contributos entraram na história da existência da nossa “Revista Cibernética,” e esperamos que sirvam de inspiração para cada membro da nossa comunidade. A nossa próxima edição sairá, se tudo correr bem, no dia 15 de Fevereiro e prometemos melhorar, não só no balanço do contéudo mas também na paginação e design, tendo em conta que todo e qualquer apoio da nossa comunidade será uma mais valia à nossa “Revista Cibernética” para que juntos teclemos para a mudança que tanto anseamos. Sem mais, a “Revista Cibernética” deseja uma boa leitura à todos os seus leitores.

Pedrowski Teca

Director & Editor: Pedrowski Teca Colaboradores: Al Félix, Sérgio Conceição, Maurílio Luiele, Lourenço Paposseco, Luís Carlos Matos (N’Gola N’Tima) e Zezito da Terra Vermelha (personagem anónima). Paginação & Design: Pedrowski Teca Contactos: revistacibernetica@gmail.com Publicidade e Marketing: Vaga Grande Repórter: Vaga © Copyrights 2012 - Pedro Teca As opiniões expressas pelos colaboradores e colunistas da Revista Cibernética não engajam a revista.

O que achou da revista? Envie as tuas perguntas, opiniões e sugestões.

Contacte-nos via e-mail: revistacibernetica@gmail.com

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“” Frases ditas no Facebook

“Para quem insiste em não querer compreender as razões porque os jovens insistem em trazer a sua indignação para as ruas, saiba que o problema é só um: a dicotomia entre o paraíso que nos querem fazer crer que vivemos e o calvário que experimentamos todos os dias,” Maurílio Luiele

***

““Angola é apenas a fonte de

riqueza do Ocidente, mais nada! Não convém falar muito de Angola, para não se contrariar os princípios ocidentais à volta da democracia e dos direitos huma¬nos! O ocidente trata e vê Angola como a terra de ninguém e, ao mesmo tempo, como a terra de todos os que quiserem explorar os seus recursos naturais. Daí o interesse em manter Angola sob o comando de ditadores sanguinários, ou melhor ainda, em guerra permanente, pois pode-se lucrar muito com o fornecimento de material bélico. Trata-se de uma dúpla moral e os angolanos estão condenados à ser como os judeus, dispersando-se por esse mundo fora, sem pátria verdadeira e com nacionalidades estrangeiras. Essa é a grande verdade e o destino de todos ou da grande maioria dos povos angolanos e seus descendentes,” - Eduarda Coimbra de Alberto


O Grande CARTA DODebate EDITOR

José Eduardo dos Arquiteto da Paz ou Ditador? •

Al Félix (*)

BRAZIL - Quando desejam creditar a José Eduardo dos Santos (JES) a arquitetura da paz em Angola, as perguntas que se deviam fazer são: em que contexto recebeu ele esse cognome? E, que tipo de paz ele arquitetou? 4

Ao propor a UNITA a vicepresidência, no calor dos acontecimentos de Setembro de 1992, para costurar um acordo, JES foi laureado com o epíteto de o “Arquiteto da Paz”. Alcunha que tentam erroneamente alguns desavisados esticá-lo para a atual

conjuntura, onde JES não mais faz jus a tal cognome. Com a eliminação do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, com a anistia que em 2002 foi dada à todos que tiveram parte do processo de paz, JES perde ali a oportunidade de consagrar-se, num momento

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ápice, como o verdadeiro “Arquiteto da Paz!” De lá para cá, JES vem se revelando mais à semelhança de um ditador do que propriamente um pretenso “Arquiteto da Paz.” Nunca tendo sido democraticamente eleito Presidente de Angola


Análises por conseguinte, tudo que adquiriu, o fez por fraude, roubo e corrupção. Tornou-se rico por roubar do povo as divisas e as riquezas do país e, por isso mesmo, não consegue provar que obteve tal riqueza de maneira lícita, já que recentemente defendeu ser a pobreza extrema herança colonial. O jogo político de JES daqui pra

Santos ? por permissão da participação dos cidadãos, através de sufrágio universal que o elegeria representante, na chamada democracia representativa, JES esquivouse e vem esquivando-se forjando em 2010 uma Constituição que, em tese, o permitirá estar no poder até aos 82 anos de idade, ao inventar o voto indireto. Existem indícios sobejos que o qualificariam como ditador ou,

pelo menos, a beirar a ideia de um: Ao fugir do voto direto, JES apoderou-se do poder maquinando “autoridade legítima”. JES governa impondo o medo, a repressão, a coerção e a vontade própria. JES tem pavor de que se observe rigorosamente a Constituição. Frequentemente comporta-se como se o país fosse só dele e,

frente será, ou o de arranjar um “sucessor marionete”, o que é improvável, ou o de “eternizar-se no poder”, entenda-se, morrer no poder, pois com tantas evidências e queixas-crimes que pesam contra si e sua prole, diante de um Estado de facto e de direito democrático, um dia ele terá que amargar o banco dos réus. Evidentemente ele terá que provar onde, como e quando obteve de modo lícito suas riquezas. A verdade é que, os 3-poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) continuam seqüestrados, como os vemos claramente hoje. JES não demonstra cabal comprometimento com a democracia, assim, as Instituições se compartimentalizam em esquemas que, de continências e vênias, submetem-se as suas “ordens superiores”, destituindo-as de seus juízos e execuções próprias.

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Por exemplo, uma Comissão Nacional Eleitoral rastejante, liberdades de expressão dos órgãos públicos de informação acorrentados, transparências nos gastos públicos à miragem e uma Constituição pisoteada, nos dão idéia do tipo de liderança que temos. Mais, das diversas queixascrimes contra JES remetidas à Procuradoria-Geral da República nenhuma foi completamente levada à execução investigativa. A Paz que José Eduardo dos Santos não garantiu Já agora, que tipo de paz JES arquitetou? Paz como ausência da guerra? E a paz extensiva que de facto precisamos? Nosso sistema público de saúde é de todo precário que o próprio JES nunca o acessou para se internar. Existe paz nisso? Nosso sistema público de educação é tão deprimente que JES prefere pagar propinas mensais em escolas particulares no exterior, na ordem de 15 mil dólares americanos para seus filhos. Onde está a paz de JES? O sistema de distribuição d’água potável em Angola parece residir mesmo na Idade Média. É impressionante como JES insiste em manter suas tolas políticas agraciando os pobres com chafarizes, ao invés de construir casas condignas com avançados sistemas d’água encanada. Que tipo de paz ele nos deu? Luanda, a cidade mais cara do mundo para se viver, vive às piscas-piscas. A falta de energia é tão calamitosa que, quase todos os habitantes da cidade são obrigados a comprar um aparelho gerador de energia à óleo diesel (gasóleo/gasolina). Pergunto-me, portanto, onde será que anda a paz do arquiteto JES? (*) Al Félix, graduando em Relações Internacionais. 5


Em Foco

“2012 (em Angola) poderá ser o começo do fim do velho regime,” -António Cascais

o actual Presidente, José Eduardo dos Santos. WINDHOEK, NAMIBIA - Nascido em Por- Confira na íntegra a entrevista ao jortugal em 1965, o jornalista freelance, nalista António Cascais, originalmente António Cascais, formado pela univer- feita na língua Inglesa por Pedrowski Teca e traduzida para publicação: sidade alemã, Dortmund, sofreu um dos piores momentos da sua carreira jorRevista Cibernética (RC): O que achas nalística quando após ter assistido uma da situação em Angola, sobre tudo da manifestação aos 3 de Dezembro de 2011 situação dos jovens manifestantes? em Luanda, foi brutalmente atacado por quatro indivíduos não identificados. António Cascais: “Eu observe a situação “Agarraram-me violentamente pelo e publico artigos... sempre que for pospescoço e atiraram-me ao chão, insultansível. Não é fácil para a mídia, e eu trado-me, dizendo que eu estava a instigar a balho para lá longe de Angola”. confusão. Pisaram-me a cara para me imobilizar de imediato e revistaram-me os RC: Que percepções tiveste sobre as bolsos. Levaram-me a máquina fotográmanifestações em Angola? fica e os telemóveis mas nem tocaram nos U$300 que tinha comigo. O objectivo António Cascais: “Acho que as manifesdeles não parecia ser bater, nem roubar, tações reflectem a vontade da juventude mas antes pegar rapidamente fotografias para a liberdade e justiça. A maioria dos da manifestação,” narrou António Cascais jovens se sentem assim, mas infelizmente, duranta uma entrevista. muitos perderam a coragem e esperança, Tendo sentido na carne o mínimo dos enquanto outros não”. efeitos repressivos da situação em Angola, António Cascais, disse numa entrevista RC: Muitas pessoas proeminentes em com a “Revista Cibernética”, que tal igual Angola argumentaram que, com tais à muitos jovens intelectuais angolano, ele demonstrações os jovens querem aracha que as eleições gerais em Angola rastar o país de volta à guerra, apesar não mudarão nada no país, e acredita que do facto de que o Artigo 47º da Constiprovavelmente o partido no poder, MPLA, tuição Angolana prevê manifestações. não escolherá outro candidato, a não ser O que você diz sobre isso? • Pedrowski Teca

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António Cascais: “A maioria destes jovens só querem viver em liberdade. Eles querem ser capazes de respirar sem depender do partido a, b ou c... Querem viver em uma cultura da verdade... Querem que os recursos do povo sejam administrados de forma transparente... A maioria deles não quer qualquer guerra. E alguns deles pensam que o poder dominante está a lutar contra o poder do povo, e isso é um desenvolvimento perigoso”. RC: Disse uma vez que os jovens angolanos estão a fazer o papel da oposição e da sociedade civil. O que te levou à afirmar isso? António Cascais: “Como em outros países, o sistema “democrático” em Angola é muito fraco. Os partidos da oposição são muito fracos e mais preocupados com seus próprios interesses (materiais). Assim, o verdadeiro trabalho da oposição é feita pelos jovens intelectuais em Luanda. São eles e não os políticos (oposição) que estão em contacto com o povo e as suas preocupações reais. Estes jovens são (mais do que os partidos da oposição) capazes de expressar os objectivos reais do povo, mas desta forma é muito difícil ter sucesso. Não é suficiente manifestarse, é necessário fazer pressão sobre as instituições e influenciar o parlamento, os


Em Foco gola está a planear as suas eleições gerais e, no final do ano passado, o RC: Disseste: “Não é suficiente mani- partido no poder (MPLA) anunciou que festar-se”. Que outras formas de ex- irá publicar a sua lista de candidatos em Janeiro de 2012. Qual é a probabilidade ercer pressão te referes? de que o actual Presidente angolano se António Cascais: “Gostaria de dar o candidatará ou não à presidencia do seguinte conselho aos jovens e adultos: MPLA e, o que “poderá” acontecer se lutem todos os dias (e não aceitem) a ele permanecer como candidato presicorrupção em nenhuma instituição. Não dencial do partido maioritário? vendam a vossa dignidade, nem a vossa consciência. Mantenham-se sensíveis às António Cascais: “Acho que a maioria dos joinjustiças e a pobreza. Sejam livres e vens intelectuais em Angola pensam que “não lutem pela liberdade de outras pessoas. haverá mudanças no sistema”. Eu pessoalChamem o ladrão de “ladrão”. Chamem mente acho que as eleições não irão mudar o mentiroso de “mentiroso”. Chamem o nada. Não é provável que o MPLA vai escolher assassino, “assassino”. Manifestem-se outro candidato para a Presidência, mas se ascontra estas coisas”. sim for, isso não mudaria muito. Eu acho que o sistema tem que renovar-se por pequenas RC: Os jovens pedem a renúncia do reformas, ou mesmo forçado pelo povo ... 2012 Presidente. Será que a renúncia será poderá ser o começo do fim do velho regime”. a solução para o problema do povo angolano? Se não, o que pode ser a solução? tribunais, a mídia, as forças armadas, ...”

António Cascais é um jornalista “freelance” desde os seus 18 anos de idade. Trabalhou e continua a trabalhar para diversos meios de comunicação predominantemente alemães, sobretudo para o jornal Ruhr-Nachrichten de Dortmund, para as rádios e televisões públicas “WDR” e “ARD” e “ARTE”, a emissora internacional “Deutsche Welle”. Em Portugal, ele colabora com o Jornal de Notícias (JN) e com o programa “Europa Contacto” da RTPinternacional. É autor de reportagens e documentários televisivos e radiofónicos, realizados em diversos países europeus, com destaque para a Alemanha, França, Reino Unido, Bélgica, Itália, Espanha e Portugal, assim como fora da Europa, com destaque para Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, África do Sul, Estados Unidos, Brasil e Equador.

António Cascais: “Sim, seria parte da solução, mas apenas um primeiro passo”. RC: “Um primeiro passo”? Quais outros passos poderá o povo angolano tomar para alcançar seus objectivos comuns? António Cascais: “Acredito no poder da liberdade e na criatividade do povo angolano. Se entregarem ao povo angolano a liberdade que merece, eles desenvolverão o poder para (re)construir o seu país, passo-à-passo. Eles não dispõem de meios materiais, sendo Angola um país rico. Angola tem tudo que um país precisa para ser uma nação bem sucedida, mas tudo tem de ser feito, porque o povo tem sido amarrado por muitos anos”. RC: Por última, em 2011, houve várias manifestações pelos jovens, que entre outras, exigiam a renúncia do Presidente. Este ano (2012), An-

António Cascais durante uma visita à cantora de maior reconhecimento internacional de toda história da música popular cabo-verdiana, Cesária Évora, falecida aos 17 de Dezembro de 2011. O jornalista relembra a cantora, que conheceu pessoalmente em 1991, pela sua “hospitalidade”.

“Como em outros países, o sistema “democrático” em Angola é muito fraco. Os partidos da oposição são muito fracos e mais preocupadas com seus próprios interesses (materiais). Assim, o verdadeiro trabalho da oposição é feita pelos jovens intelectuais em Luanda. São eles e não os políticos (oposição) que estão em contacto com o povo e as suas preocupações reais”. Revista Cibernética

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Como é que a morte não me consome? Se quebraste-me os braços e a s pernas Jorraste as águas das minhas cisternas Tornando-me num João sem sobrenome

Como é que não queres que eu cheire catinga? Se solarengaste cruelmente sobre as flores Para que não destilassem os perfumes da vida

Como é que não queres que eu chore? Se espetas os dedos nos meus olhos E te satisfazes vendo-me de molhos

Como me falas em saúde? Se estou com saliva de cloroquina Sentado numa pobre esquina Pedindo gotas de vitamina

Como é que me queres ver cantando? Se roubaste todas as minhas letras Partiste-me a dicanza e as guitarras Furaste-me o batuque com as garras!

Como é que me falas em direitos iguais? Se a justiça para mim é muda, surda e cega, A tua balança tem pedras desiguais Se não passo de um João sem sobrenome Que pão-pedra come ou passa a fome

Como é que me queres ver feliz? Se me esforças a engolir o sorriso Pois o fulgor dérmico nos diverge O nome social, o bolso nos restringe

JOÃO SEM SOBRENOME

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FORÇA ANGOLA

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Vamos Angola, força Angola!

Vamos com o espírito de Mandume, Nzinga Mbandi, Nzinga Nkuvu Ngola Kiluanje, Ekuikui,… E com a garra dos nacionalistas Mostrar a bravura do nosso futebol

Nós somos os Palancas, somos Angola Povo persistente, airoso Forte, humilde e valoroso. Vamos fazer valer a nossa camisola Dançando o Semba com o pé na bola

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flores belas, rubras, aromáticas entoem a mais linda canção, encantem este nobre coração!

flores extravagantes, cromáticas flores líderes dos ornamentos flores que exprimem sentimentos,

Flores espalhadas pelo jardim vistosas, exuberantes, sensuais ternas, formosas, sem iguais quero-vos bem pertinho de mim

Flores espalhadas pelo jardim desabrochem alegres, a cantar beijem-me ó flores lindas de jasmim no novo ano que esta a começar

FLAGRÂNCIA

Lourenço Paposseco (Lisboa - Portugal)

Vamos seleccionar os melhores diamantes, Lapidá-los com as nossas cores vitoriosas, exibí-los no palco das nações africanas E hastear muito mais alto a nossa bandeira

Vamos ao som da nossa marimba E com o gingar do jacaré bangão Agraciar o nosso maravilhoso povo Com um deslumbrante sorriso novo Mostrando a bravura do nosso futebol

Vamos Angola, força Angola!

Vamos com o espírito de Mandume, Nzinga Mbandi, Nzinga Nkuvu Ngola Kiluanje, Ekuikui E com a garra dos nacionalistas Mostrar a bravura do nosso futebol

Vamos nas águas do nosso Kwanza Afogar os nossos adversários. Vamos ao som da marimba e a dicanza Hastear muito mais alto a nossa bandeira. Empolgada está a nossa colorida galera Vamos mostrar a bravura do nosso futebol

Vamos Angola, força Angola!

Com a coragem de Kuito Kuanavale Vamos mostrar o quanto Angola vale. Então gritemos bem alto, força Angola!

Vamos Angola, força Angola De Ondjiva ao Maiombe Da Restinga até ao Luena De dentro e de fora O momento é agora Crianças, adolescentes e adultos Vamos gritar alto, força Angola! Vamos embora, ninguém nos cola O caminho é para a frente Na retaguarda vem gente


Análises

Angola eo autoritarismo

Maurílio Luiele

LUANDA, ANGOLA - A Economist Intelligence Unit publicou recentemente seu relatório sobre o Índice de Democracia no mundo (Democracy Index 2011) desta feita sob o sugestivo título “Democracia sob estresse”. O Índice procura estabelecer um ranking democrático entre 167 países objeto de estudo avaliando cinco itens: processos eleitorais e pluralismo político; direitos e liberdades civis; participação política; funcionamento do Governo; e a cultura política. Segundo o ranking os países foram classificados em quatro diferentes grupos: países com plena democracia; países com democracia imperfeita; países híbridos; e países autoritários. O relatório considera que a democracia no mundo vive um momento crítico conhecendo mesmo certo declínio em alguns países e regiões do mundo. A crise econômica que desde 2008 fustiga os países desenvolvidos é também apontada como um fator que tem vindo a estremecer os progressos democráticos. Na América Latina o tráfico de drogas, a corrupção quase generalizada e os omnigovernos levam os cidadãos a um desinteresse pelos assuntos públicos e, portanto, a uma participação política cada vez mais debilitada. Em África a maioria dos governos tem ainda caris autoritário, pois, os processos eleitorais são ainda muito 10

contestados. O pluralismo político é na maior parte dos casos uma verdadeira miragem. Corrupção e graves distorções econômicas contribuem para agravar o quadro. O ranking é liderado por países nórdicos sugerindo que a democracia combina bem com a garantia de direitos sociais como educação e saúde de qualidade. Reino Unido e Estados Unidos ocupam apenas o 18º e 19º apesar de continuarem a integrar o grupo de países com democracia plena. França e Itália, duas outras grandes economias, são considerados países com democracia imperfeita, atrás mesmo de países como Cabo-Verde e África do Sul. Estes dois países bem como o Botswana são, por sinal, os países africanos melhor posicionados no ranking derrubando a tese surrada de que a democracia não serve para a África. Angola amarga o 133º lugar no ranking, integrando o grupo de países autoritários e seu pior “score” é justamente o relacionado aos processos eleitorais e pluralismo político. Por incrível que pareça Angola ocupa um lugar pior

que o de Cuba, país que ainda mantém um regime monopartidário! O relatório regista ainda um forte declínio na liberdade de imprensa em Angola o que ao mesmo tempo afeta o score sobre pluralismo e liberdades fundamentais. Os relatórios que procuram estabelecer um ranking entre países estão longe de ser perfeitos. Geralmente os governos se atiram contra estes relatórios com todas as pedras e mais algumas. Contudo, eles são sempre um indicador importante sobre progressos ou retrocessos que se registam em aspectos particulares da vida do país, neste caso, avanços políticos que conduzam inexoravelmente a uma sociedade mais democrática. Assim, ao invés de simplesmente se atirarem contra as organizações responsáveis pelos relatórios, os governos deveriam utilizar estes valiosos instrumentos para fazerem introspecções profundas sobre sua própria realidade e introduzirem reformas necessárias que favoreçam um real crescimento de seus índices. Em Angola, concretamente, o rótulo autoritário coincide perfeitamente com atitudes das autoridades que violam direitos elementares, como por exemplo, a liberdade de manifestação e reunião sistematicamente violada, a constante manipulação da imprensa pública no sentido de veicular um único

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ponto de vista, os processos eleitorais amiúde viciados e o funcionamento do governo que se distancia das aspirações mais elementares dos cidadãos. Os serviços básicos conhecem sofríveis níveis de precariedade, a segurança pública é questionável e exercida por agentes nada isentos e as prioridades que o governo estabelece divergem das necessidades básicas dos cidadãos. Esta situação é propícia para gerar tensões sociais a vários níveis e elas explicam as manifestações que pintaram o panorama político em 2011. O regime do Presidente José Eduardo dos Santos, por óbvias e evidentes razões, não é mais capaz de patrocinar as reformas que se impõem. Por isso, progressos no nosso índice de democracia só se verificarão sob o manto da alternância, por via da MUDANÇA de regime. Enquanto o MPLA gozar desta maioria confortável arrancada nas eleições de 2008 jamais se convencerá da necessidade imperiosa de promover avanços democráticos significativos. Se pretendemos de fato democratizar Angola precisamos de efetivamente MUDAR, precisamos de alternância. As eleições gerais previstas para este ano são uma oportunidade para encetar essa MUDANÇA, mas, será necessário muito trabalho, inteligência, cooperação e concertação, por parte de todas as forças democráticas do país, para se tornar esse sonho realidade.


Análises Falemos de Política com Sérgio Conceição (*)

Autarquias (... a introdução) LUANDA, ANGOLA - A Constituição da República de Angola define Autarquias Locais como sendo “As pessoas colectivas territoriais correspondentes ao conjunto de residentes em certas circunscrições do território nacional e que asseguram a prossecução de interesses específicos resultantes da vizinhança mediantes órgãos próprios representativos das respectivas populações” (Artigo 217º, nº1). Dentro de aproximadamente um ano e meio, a Assembleia da República vai por a disposição dos angolanos o primeiro Regime Jurídico Autárquico do país (vulgo Lei das Autarquias Locais). Esta Lei terá a tarefa de estabelecer os princípios e limites que vão regular e definir, quer jurídica, legislativa e administrativamente as Autarquias e órgãos autárquicos locais, bem como a forma de eleição e o sistema eleitoral do mesmo, cujo principal objectivo, tal como diz a Constituição da República de Angola. Regra geral as Autárquicas servem para medir a temperatura e fazer um diagnóstico do desempenho de quem está no poder. No nosso caso, como teremos eleições Gerais este ano (2012), significando com isto dizer que em 2014, altura provável das primeiras Autárquicas em Angola (segundo recomendação do Conselho da Republica, o órgão de consulta política do Presidente da República reunido em Dezembro passado na sua 29ª sessão), os angolanos terão a oportunidade de darem um cartão vermelho a quem estiver no poder

e ao longo dos dois primeiros anos do seu mandato não ter sido capaz de materializar as suas promessas eleitorais ou então por outro lado, terão a oportunidade de darem um voto de confiança e satisfação (a quem estiver no poder) por acharem ser a melhor opção para terem em seu poder também as Autarquias e Orgãos Locais. Pelo sim ou pelo não em 2014 saberemos. Uma coisa é certa: por altura das autárquicas, o partido ou coligação de partidos que está no poder é sempre ou quase sempre penalizado pelo eleitorado. - O que são Autarquias Locais? - O que é uma Eleição Autárquica? - Que poderes têm os órgãos locais (autárquicos) no que diz respeito as finanças, a saúde, a segurança, os serviços sociais e justiças? - O que altera com as Autarquias? - Quem poderá ir à voto? - Quem poderá votar? - Que sistema eleitoral terá as Autarquias Locais? - O cidadão comum poderá candidatar-se à Presidente de uma Autarquia? Estas e outras perguntas serão respondidas em edições futuras. (*) sergiotrea@gmail.com

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Análises ZURIQUE, SUÍÇA - “Angola da grande gente, que o sol ardente vai despertar”... Como dizia uma antiga canção, estes versos retratam bem o que vai no coração de todos os angolanos, da banda (que vivem em Angola) e naqueles espalhados pelo mundo... os chamados “angolanos na diáspora”. Ora nestes dois grupos inseremse ou estão, também, os Revolucionários Cibernéticos (ReCi). Um título honroso!... Ainda que, inicialmente, tivesse um sentido pejorativo (negativo)... Todos nós jamais esqueceremos o nosso país. Preocupamo-nos com o seu bem... “Todos”: os ReCi. Queremos que todos os angolanos consigam evoluir. Serem instruídos, bons diplomatas, bons trabalhadores e, sobretudo, que vivam em liberdade e verdadeira democracia aplicada. Todos, sem excepção! O país é rico. Só precisa de continuar a ser gerido e bem orientado. É dentro disto e com este objetivo que os chamados “ReCi” actuam, fomentando e encorajando à liberdade responsável e à democracia verdadeira... exortando o povo e o governo para a aplicação de várias reformas tão necessárias para Angola. Claro que o povo angolano tem que colaborar com o governo. Mas, pergunto livre e lúcido: com que governo?!?... Essa é a questão... entre outras. Queremos colaborar, sim. Porém, com um governo democrata!!!... Em todos os sentidos. Para ver se, todos juntos, conseguimos pôr a Nação Angolana melhor e mais próspera. Contudo, os ReCi não apoiam injustiças, jamais corrupção; má distribuição das riquezas... nem qualquer ditadura encoberta ou 12

Revolucionário Patriotas ou inimigos da assumida com apenas algumas nuances “democráticas”. Os ReCi estão e são a favor da paz!... De muito mais justiça social, da liberdade responsável e de expressão; de combater a fraude e a corrupção... Os ReCi. querem reformas: reforma política, educacional, na saúde; reforma judicial, habitacional e salarial. Com organização e método!... Queremos também uma Angola sem lixeiras a céu aberto... e onde se respeite a natureza ambiental. Os ReCi são a favor de uma sã rotatividade democrática governamental. Obviamente e, consequentemente, sómos contra o “aquecimento” prolongado de “cadeiras” no poder!... Queremos evitar vícios. O poder instalado corrompe e destrói. Torna-se parcialmente injusto... Por isso, dizemos: “33 ANOS, É MUITO!!!” Os ReCi angolanos jamais são inimigos da pátria. Pelo contrário: amamos a Pátria! O Revolucionário Cibernético (dependendo do Presidente) ele respeita-o se, porém, ele também respeitar todo o seu povo, sem excepções. Todavia, como amantes da justiça, da democracia, do progresso e do bem estar para Angola sómos livres e com suficiente coragem para denunciarmos o que está mal ou os caminhos que matam o amor!... Ou seja, sempre que necessário criticamos, construtivamente, e com imparcialidade associada à propostas, sem medos.

Por: Luís

Só tem direito a criticar aquele que pretende ajudar com honestidade... intelectual. É o caso dos Revolucionários Cibernéticos (ReCi)!... Os ReCi anseiam por uma Angola Humana que seja fiel à perfeição do Universo!... Sómos pelas diferenças mas dentro do respeito. Os ReCi estão em permanente vigilância na grande Nação Angolana. Os ReCi meditam... têm caminhos e escolhas! E suas decisões são tomadas com coragem e desprendimento.

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Os ReCi não contam apenas com as suas forças; usam também a energia dos seus adversários... transformando a adversidade em vantagem. O Revolucionário Cibernético, no combate possui, apenas, verdadeiro amor pela Pátria, entusiasmo, sabedoria, surpresa, precisão, experiência e... perguntam livres e lúcidos!... Os ReCi não são santos nem perfeitos. Mas, seguramente, são homens e mulheres de coragem, com grande amor por Angola e, sobretudo, são Humanos! Conhecemos os nossos defeitos, mas, também, nossas qualidades. :) Os ReCi quando se reúnem pes-


os Cibernéticos: a Pátria e do Presidente?

Carlos Matos (N’Gola N’Tima) soalmente para conversar, não julgam o comportamento dos outros; Sabem que as trevas utilizam uma rede invisível para espalhar o seu mal. Esta rede pega qualquer informação solta no ar e transforma-a na intriga e na inveja que parasitam a alma humana. Nós, seguramente, não engordamos o mal. Contudo, combatêmolo!... De várias formas. Também com a criatividade possível. Não sómos “arruaceiros”... sómos leais aos nossos princípios, sómos destemidos, unidos, determinados, verdadeiros e a favor da não violência. Amamos a Paz Inquieta! Ou seja: a paz justa e dinâmica. Sabemos distinguir o que é passageiro e o que é definitivo. Ra-

ramente nos deixamos enganar pelas aparências... Aproveitamos toda e qualquer oportunidade para nos ensinarmos a nós próprios. Aprendemos com os erros e seguimos em frente. Alegramo-nos com a alegria, rejubilamos com a verdade... entristecemo-nos com a ignorância, o preconceito, a fome, a injustiça, a morte e a dor. Os ReCi não passam os seus dias tentando representar o papel que os outros escolheram para eles. Nós sabemos ser aquilo que sómos e sentimos!... Por isso mantemos o brilho do amor e da verdade nos olhos. Os nossos inimigos não são nem a Pátria, nem o “Presidente”... Mas todos aqueles que não amam e/ou estão contra a Pátria, con-

tra os mais simplórios de entre o povo (a grande maioria); contra a liberdade, contra a verdadeira democracia e contra a igualdade de oportunidades e direitos. Sabemos do que sómos capazes!... Os ReCi não perdem tempo escutando provocações. Sabemos que temos uma missão a ser cumprida!... E quando começamos a andar, reconhecemos o Caminho. Identificamo-nos com os que não têm voz, com os injustiçados, abandonados ou esquecidos; enfim, com os que mais sofrem. Identificamo-nos com as montanhas, as planícies, os vales, as florestas, os rios, as praias e as quedas de àgua da nossa rica Angola! Vemos um pouco da nossa alma nas plantas, nos animais e nas áves do campo desta mesma Angola! Não tememos os obstáculos, os “muros”, nem as pedras no caminho!... Queremos respeito e exigimos dignidade. “A união faz a força”... Unamonos!!! Nunca se deve desanimar... Angola e os angolanos precisam urgentemente de coragem para mudar, para levantar o “vôo” no horizonte... Alinhar para viver e gritar liberdade!... Todavia, “a cabeça levantada e alinhada no horizonte” só tem real valor quando “sómos” (todos) um!... Não quando tu “és” (sozinho), porque o maior e mais potente grito de mudança dá-se em conjunto: UNIDOS!!!

Revista Cibernética

Análises Saibamos levantar vôo no horizonte e alinharmos em direção à luz, à verdade, à democracia praticável!... Já é tempo da sociedade Angolana entender que quem quer penalizar o direito de opinar, de se informar livremente ou de pensar é que deveria ser penalizado!... Limitar a liberdade de expressão, sob qualquer forma que seja, revela incompatibilidade com a verdadeira democracia. A liberdade de expressão deve ser a pedra angular dos valores da grande Nação Angolana! Viva Angola! Viva a liberdade de expressão! Viva a verdadeira democracia! Viva os Revolucionários Cibernéticos! Viva o verdadeiro Herói Nacional: o Povo Angolano!!!

“Os nossos inimigos não são nem a Pátria, nem o “Presidente”... Mas todos aqueles que não amam e/ ou estão contra a Pátria, contra os mais simplórios de entre o povo (a grande maioria); contra a liberdade, contra a verdadeira democracia e contra a igualdade de oportunidades e direitos”. “Identificamo-nos com as montanhas, as planícies, os vales, as florestas, os rios, as praias e as quedas de àgua da nossa rica Angola!” 13


opiniões & Análises

<<MAS ASSIM ENTÃO É CUMU?>>

Por:

Zezito da Terra Vermelha

Enquanto a luta continuar... estaremos paiados!

D

urante os anos da luta armada pela libertação colonial, os nacionalistas prepositadamente inventaram um slogan que até hoje coaduna com o tamanho imenso da fome pelo poder que os consome. Sim! Ando malaike com a dioba que esses kotas têm pelo poder! Principalmente o JES! Eu e muitos jovens da minha geração de 80, nascemos, crescemos, estamos à envelhecer, e pelos vistos vamos bater as botas dançando à mesma música, o slogan: “a luta continua e a victória é certa”. Em Angola, vencemos 14

(ou foram somente eles que venceram?) a luta para a independência contra a opressão colonial e estamos (sim estamos!) na luta pela emancipação económica dos nossos povos, o que infelizmente transformouse numa luta entre o povo “aparentemente libertado” e os “vulgos” libertadores que resultou em neo-colonialismo. Desde que o colono meteu o pé no nguimbo, os kotas tomaram a posse do poder e começaram a desbundar os jabacules (dinheiro) do povo, e nela carimbaram a metade do slogan: “a victória é certa,” e desde então, nunca mais abandonaram o poder e os jabacules.

Esquisitamente, a outra parte do slogan, “a luta continua”, ninguém vê estampada à nenhum simbolo ou emblema nacional mas é um calvário visivelmente estampado na cara do povo, especialmente à nós, os kandengues, que só agora estamos a nos manifestar. Oh senhor Governo! assim então é cumu? Nós os kandengues nascemos e participamos nos vossos “trumunos” de ambição pelo poder por 27 anos e até hoje não querem passar o testemunho? Sim! Nós também lutamos e mesmo miúdos cantavamos: “a nós sómos comando! Oye! Quem abusa apanha! Oye!” mas depois dos nove anos de paz, o porquê Revista Cibernética

que a luta deve continuar para os jovens inocentes e o povo enquanto vocês se apodrecem com as nossas bufunfas? O porque que a victória deve ser certa para vós, vossas famílias, amigos e amantes, enquanto a luta continua para o resto do povo? O porquê que deve ser sempre o “Menos Pão, Luz e Água”? O que aconteceu ao idolatrado provérbio de que “o mais importante é resolver os problemas do povo”? Sinceiramente, eu até quero me desculpar por manifestar publicamente a minha frustração (já que manifestar-se contra é crime) mas vocês não merecem, nem o poder que se apoder-

am, nem o meu pedido de desculpas! Aliás, vocês deviam ter vergonha na cara e vir adiante pedir desculpas ao povo enquanto assinam as vossas resignações. Honestamente, vê se façam alguma coisa antes que seja tarde, para que o tal de “desenvolvimento” condiga-se com a qualidade de vida dos Angolanos, porque nós os putos andamos futucados, sem casas, luz, água, empregos e salários condígnos, de maneiras que com tanta dioba nos convertemos em “revús”, e daqueles dos piores mesmo de tanta surra! A cena em Angola está muito milindrosa e o país está que nem um balde de pólvoras acesas pronto à explodir... se a luta continuar.

DESDE QUE O COLONO METEU O PÉ NO NGUIMBO, OS KOTAS TOMARAM A POSSE DO PODER E COMEÇARAM A DESBUNDAR OS JABACULES (DINHEIRO) DO POVO, E NELA CARIMBARAM A METADE DO SLOGAN: “A VICTÓRIA É CERTA,” E DESDE ENTÃO, NUNCA MAIS ABANDONARAM O PODER E OS JABACULES.


opiniões & Análises

A foto de todas as discórdias

Fonte (caricaturas de Obama): http://fottus.com/desenhos/otimas-caricaturas-do-obama/

Recentemente um jornal angolano, Folha8, publicou uma fotomontagem (à direita) enviada por anónimo(s) via internet, que mostrava o Presidente Angolano, José Eduardo dos Santos, o Vice-Presidente, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” e um General, Hélder Vieira Dias Kopelipa, com as mãos atrás das costas e um letreiro insultuoso pendurado ao peito. Após a publicação da fotomontagem, pareceu que o mundo desabou aos pés do Folha8 quando o regime usou todas as suas máquinas de propaganda contra a publicação. Tal igual aos eventos de 2011, o regime Angolano transformou o incidente em um facto político, que segundo o advogado David Mendes, apenas servia para distrair o povo dos assuntos importantes. Desta feita, a Revista Cibernética publica algumas caricaturas do Presidente norteamericano, Barack Obama, demonstrando que tais actos são variantes da liberdade de expressão, e em países democráticos são considerados prácticas normais, onde tais fotomontagens são exibidos em forma de protesto em manifestações providas por leis.

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Juntos teclando para a mudança

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