Kalango 9

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Kalango #9

dezembro 2011

NAS CER


como ler a revista Os botões abaixo indicam, respectivamente, a visualização da página, o folhear, à esquerda e à direita, leitura em páginas simples ou duplas e fechar o zoom.

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KALANGO RECOMENDA

http://www.youtube.com/watch?v=H5qReKA8sD0&feature=player_embedded

setembro de 1946 - novembro de 1991



#9 Dezembro 2011

nascimento Prezados ,

ramos É com muito orgulho e satisfação que nos encont meses de novamente neste espaço. Após um ano e alguns eiras existência, recebemos a notícia de que nossas prim ssos já edições ainda são visitadas e que o número de ace por exemplo, alcançaram mais de 47 mil visitas – a edição #0, patrocínio nosso piloto. Para um projeto independente, sem e apoio cultural, estamos com boa visibilidade. resse Recentemente as edições envolvem temas de inte que retrata público, como essa edição #9, próxima ao Natal, o que o nascimento. Vamos falar sobre o novo, sobre pre, os está por vir. Sempre com graça e leveza. Como sem dam-nos brilhantes artigos de nossos colaboradores brin curtos, com reflexões sobre o contemporâneo. Em textos pos. Mas driblando a disponibilidade de tempo desses tem cinema, com profundidade e agudeza. Poesia, fotografia, sentes. artes plásticas, desenho, entrevistas, se fazem pre cas. Como sempre, estamos abertos à sugestões e críti igo, pode ser Nosso espaço está aberto a sugestões. Você, am nosso parceiro, mais um companheiro. Compartilhe!” Boa Kalango para todos!

Osni Dias

CAPA - NASCIME NTO 3 - Thiago Cerva n 8 - Weberson Sa ntiago COLUNISTAS 10 - Paulo Netho 11 - Delta9 12 - Leonardo B off 14 - Horácio Cou tinho 15 - Orivaldo Bia gi

New Born Baby Mohammed by Ola Allouz grap hy

Foto: NASA

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ESPECIAL LED 16 - Delta9 ENTREVISTA 20 - Osni Dias

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MUNDO 38 - Moriti Neto CINEMA 42 - Luis Pires LETRAS 50 - Marcelino L 51 - Amne Fariasima - Atrevimento 52 - Wagner Me - Renascimento 54 - Roberto Bittlo (selo kalango) encourt - Ana Pro PERFIL copiak 58 - Jean Takada - Andrezinho IMAGEM 65 - Tiago Cerva 66 - Laura Aidar n 68 - Claudinei N akasone Edição/Layout: O

sni Dias MTb21.5

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A Kalango trabal ha com Jornalis mo Colaborativo fotógrafos, artist . Seus repórteres as, poetas, ilust , colunistas, radores e articu por paixão e com listas cedem seu profissionalismo s trabalhos . A publicação n econômicos nem ão tem vínculos religiosos e acei políticos, ta contribuições online ou fazer . Você pode ler download e, po a Kalango steriormente, le r em seu compu tador.

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WEBERSON SANTIAGO

http://webersonsantiago.carbonmade.com/


Colunistas

Monalisa e os trogloditas Por Paulo Netho*

O

i Monalisa, os trogloditas estão soltos. Os trogloditas estão querendo aparecer na tevê e, às vezes, até aparecem mesmo que a fórceps**. Os trogloditas, hoje, escolheram você. Acharam que podiam atropelar. Eles pensam que conseguiram, haja visto o susto que você levou e quem não levaria? Os trogloditas assustam porque agem covardemente, nos pegam de surpresa. Esses tipos são os nossos iguais, sem escrúpulos, sem censores. E eles estão em todas as partes. Acham que tudo podem. Os trogloditas estão armados de rancor até o chão da alma. Eles batem, eles pisam, eles atropelam quem quer que seja. Os trogloditas gostam de causar. Abrem o bagageiro do carro bem debaixo da nossa janela e cismam que queremos ouvir o que eles ouvem; quando não, é o pastor da igreja ao lado que para professar a sua fé

precisa de todos os decibéis inimagináveis, ou aquele vizinho torcedor que a qualquer gol do seu time do coração grita, pra todo mundo ouvir, palavras de baixo calão àquela hora da noite, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como se vê, Monalisa há várias categorias de trogloditas e para a nossa infelicidade, essas categorias se multiplicam e se ramificam pelas cidades. Monalisa estou indignado pra cachorro, viu! Com essa triste cena vivenciada por você e que acontece com tanta gente todos os dias e nenhuma providência é tomada. Quando vi os caras lhe atacando me senti atacado também. Queria fazer algo por você, mas as minhas armas são armas de vento. Trogloditas profissionais não temem armas de vento, Monalisa. Mas para você, eu desejo os melhores ventos e que um tufão engula todos os trogloditas e os intolerantes dessa vida. ____________ * Paulo Netho é poeta, escritor e “um encantador de pessoas”. http://caradepavio.wordpress.com/ ** Assistia ao Jornal Hoje em 31/10/11, quando a repórter Monalisa Perrone foi atacada.

Boas Festas Por Delta9*

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ARTE: Delta9

uitos acreditam que o final do ano é para comemorar o nascimento. Embora Edson, Milton e Carlos sejam grandes exemplos, fica por conta de outro Roberto, o Capitão (não o América, o outro) o sentido da perscrutação, a escrever no muro (de Israel?) que hoje é o passado do futuro. Nada desse negócio de “ovos eclodindo”, parturientes transcendentes, re-união cósmica individual ou coletiva. A vida irrita a arte, para que a arte emita a vida. Festas?! Desde a “República de Espadas” até a “República de Copas”, nas “repúblicas de bananas”, o negócio é negócio. Tudo podem naquele que as fortalece: $$... E vem de novo o $UPERMAN!

Você adora, a gente vende...

Chegamos ao final de mais um ano e com isso comemoramos a chegada da mais importante data de nossa cultura tradicional: O CARNAVAL!

* Delta9 é extraterrestre, publicitário e atua no Judiciário.

Época para se endeusar aquele que é o símbolo máximo da cultura nacional: o BUMBUM!

TRILHA SONORA: http://www.youtube.com/watch?v=UIw7Kqq_abI

http://www.undiverso.blogspot.com/


Natal: ver com os olhos ~ do coraçao Por Leonardo Boff*

S

omos obrigados a viver num mundo onde a mercadoria é o objeto mais explícito do desejo de crianças e de adultos. A mercadoria tem que ter brilho e magia, senão ninguém a compra. Ela fala mais para os olhos cobiçosos do que para o coração amoroso. É dentro desta dinâmica que se inscreve a figura do Papai Noel. Ele é a elaboração comercial de São Nicolau – Santa Claus - cuja festa se celebra no dia 6 de dezembro. Era bispo, nascido no ano 281 na atual Turquia. Herdou da família importante fortuna. Na época de Natal saia vestido de bispo, todo vermelho, usava um bastão e um saco com os presentes para as crianças. Entregava-os com um bilhetinho dizendo que vinham do Menino Jesus. Santa Claus deu origem ao atual Papai Noel, criação de um cartunista norteamericano Thomas Nast em 1886, posteriormente divulgado pela Coca-Cola já que nesta época de frio caía muito seu consumo. A imagem do bom velhinho com roupa vermelha e saco nas costas, bonachão, dando bons conselhos às

crianças e entregando-lhes presentes é a figura predominante nas ruas e nas lojas em tempo de Natal. Sua pátria de nascimento teria sido a Lapônia na Finlândia, onde há muita neve, elfos, duendes e gnomos e onde as pessoa se movimentam em trenós puxados por renas. Papai Noel existe? Esta foi a pergunta que Virgínia, menina de 8 anos, fez a seu pai. Este lhe respondeu:”Escreva ao editor do jornal local! Se ele disser que existe, então ele existe de fato”. Foi o que ela fez. Recebeu esta breve e bela resposta: Sim, Virgínia, Papai Noel existe. Isto é tão certo quanto a existência do amor, da generosidade e da devoção. E você sabe que tudo isto existe de verdade, trazendo mais beleza e alegria à nossa vida. Como seria triste o mundo se não houvesse o Papai Noel! Seria tão triste quanto não existir Virgínias como você. Não haveria fé das crianças, nem a poesia e a fantasia que tornam nossa existência leve e bonita. Mas para isso temos que aprender a ver

com os olhos do coração e do amor. Então percebemos que não há nenhum sinal de que o Papai Noel não exista. Se existe o Papai Noel? Graças a Deus ele vive e viverá sempre que houver crianças grandes e pequenas que aprenderam a ver com os olhos do coração.

Se vocês ao olharem para o presépio perceberem que estou quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e desejarem que ela mude de fato,

É o que mais nos falta hoje: a capacidade de resgatar a imaginação criadora para projetar melhores mundos e ver com o coração. Se isso existisse, não haveria tanta violência, nem crianças abandonadas nem o sofrimento da Mãe Terra devastada.

Se vocês ao verem a vaca, o boi, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante pensarem que o universo inteiro recebe meu amor e minha luz e que todos, estrelas, pedras, árvores, animais e humanos formamos a grande Casa de Deus,

Para os cristãos vale a figura do menino Jesus que tirita sobre as palhinhas sendo aquecido pelo bafo do boi e do jumento. Disseram-me que ele misteriosamente através de um dos anjos que cantaram nos campos de Belém enviou a todas as crianças do mundo uma cartãozinho de Natal no qual dizia: Queridos irmãozinhos e irmãzinhas: Se vocês olhando o presépio e me virem aí, sabendo pelo coração que sou o Deus-criança que não veio para julgar mas para estar, alegre, com todos vocês, Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente no mais pobrezinhos, a minha presença neles, Se vocês conseguirem fazer renascer a criança escondida no seus pais e nos adultoss para que surja nelas o amor a ternura,

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma estrela sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os, mostrando-lhes os melhores caminhos, Então saibam que eu estou chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia que só Deus sabe quando estaremos todos juntos na Casa de nosso Pai e de nossa Mãe de bondade para vivermos bem felizes para sempre. Belém, 25 de dezembro do ano 1. Publicado no site Carta Maior em dezembro de 2010. * Teólogo e escritor www.leonardoboff.com.br


Renasce ´ a aguia

~

A criacao de ´ ideias e discursos

Por Horácio Coutinho*

S

erá que o renascimento doloroso é o que mais resultados traz para quem precisa restabelecer a ligação entre corpo e espírito? Me pergunto se temos capacidade e discernimento para perceber os acontecimentos ou as necessidades de mudança antes que o caminho se afunile em duas possibilidades: desistir ou continuar. Como a águia se refaz sem que para isso precisasse racionalmente escolher mas assumindo o instinto de preservação, sem qualquer hesitação, inicia o processo de renovação ao recolher-se no alto da montanha por 150 dias. A partir dessa observação me coloquei com a seguinte reflexão: O homem, racional como é, tem inúmeras possibilidades para mudar, sem mesmo retirar um fio de cabelo. Pode até escolher o dia de mudança nas alegrias vividas. O primeiro passo, o primeiro dia na escola, o primeiro diploma, andar de bicicleta sem rodinhas auxiliares, a primeira namorada, o beijo na

boca, o primeiro orgasmo ou a primeira transa, o primeiro emprego, a escolha profissional, o casamento, o primeiro, o segundo e o ultimo filho, a nova casa, o carro, enfim não faltarão grandes oportunidades alegres e felizes para que mudanças profundas se manifestem. Que tal experimentar essa mudança sem dor? Os eventos natalinos e as festas de fim de ano, como o aniversário pessoal podem ser oportunidades impares para manifestar essa euforia da alma e do espírito. A gentileza, o respeito e a gratidão podem ser grandes ferramentas para a concretização desses desejos transformados em atos de amor a si mesmo e a quem estiver próximo. Podemos sempre festejar a vida com a beleza e a importância que ela tem. Grande abraço e vida longa a todos os seres existentes. * Horácio Coutinho é fotógrafo e há dez anos possui a Mater Orgânica. http://www.materorganica.com.br/

Por Orivaldo Biagi*

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empre que pensamos em nascimento a ideia do surgimento de algo novo é quase uma consequência. No mundo intelectual o mesmo acontece, como podemos observar no próprio texto que os leitores estão lendo agora: ele não existia minutos antes, ou seja, vocês estão lendo algo novo - o que não deixa de ser uma espécie de “nascimento”. Um nascimento intelectual, digamos, apresenta características bem precisas: temos um problema, levantamos um leque de conhecimentos sobre ele, organizamos as ideias e, por fim, construímos o discurso, ou seja, fazemos nascer um novo conjunto de representações que, em maior ou menor grau, estimularão um novo ponto de vista a ser pensado, novos questionamentos, novos levantamentos, novas

organizações de ideias e novos discursos – e assim por diante. Cada ideia (principalmente as novas) influencia a humanidade, positiva ou negativamente. Não tem outro jeito das coisas acontecerem. E o nascimento de uma pessoa, por exemplo? Produz o mesmo efeito! Que este singelo texto produza novos nascimentos! * Orivaldo Leme Biagi é PósDoutor em História pela USP e Professor da FAAT Faculdades


ARTE: Delta9

Aproveitando que o LED estĂ na onda, Delta9 regrIde a pena...


Por Delta9 No rock cinquentista menciono uma tríada: Chuck Berry, Little Richard e Gene Vincent. A tríada do sessentista: The Beatles, The Rolling Stones e The Who (extremamente subestimado, creio). Anos 70? Deep Purple, Black Sabbath e Led Zeppelin. Pink Floyd, Bob Dylan, Bill Halley, Elvis Presley, Bo Didley, Jimmi Hendrix, Frank Zappa, Byrds, The Doors, Janis Joplin, Beach Boys, Cream, Jefferson Airplane, The Grateful Dead, Yes, Gênesis etc, são inesquecíveis. Você é de outro planeta? Quer um resumo do rock? Ouça esses nove que mencionei no início. Vamos aproveitar a luzinha do LED... O rock surgiu do rythm’n’blues dos pretos estadunidenses, suados e endiabrados dos anos 1930 e 1940. Pretos, sim, que afrodescendente é o Mandela. Marginalíssimo, foi redescoberto pelos branquelos ingleses nos anos 60. Um expoente desses azedos é a banda The Yardbirds, que não tocava rock. Blues rasgado. Eis o elo perdido. O Led Zeppelin foi a continuação do Yardbirds.

O Led Zeppelin foi um power trio fudido com um vocalista orgasmático: Sir Robert Anthony Plant! A revista ‘Hit Parader’ o elegeu (mediante voto popular), simplesmente, como o maior vocalista de metal de todos os tempos. Pra mim ele está além dos rótulos. Além disso, trouxe o Bonzo da banda ‘The Crawling King Snakes’, onde também foi vocalista. Eles juntaram-se na ‘Band of Joy’ e depois seguiram para o LED. O guitarrista do LED, Sir James Patrick Page, (ex-guitarrista e exbaixista dos Yardbirds) foi um dos mais requisitados músicos de estúdio de Londres. “Um Stravinksy da guitarra”, segundo Carlos Santana. O baixista do LED, Sir John Baldwin, além de conhecer as manhas de estúdio, era multiinstrumentista. Na verdade, John Paul Jones, era o nome de um almirante escocês, heroi na Guerra Revolucionária Americana e patrono da Marinha dos EUA. O encontro de John Baldwin com James Page foi em circunstâncias mágicas durante as sessões de gravação de “Hurdy gurdy man” de Donovan. Reencontraram-

se no álbum “Little games” dos Yardbirds onde John fez os arranjos orquestrais e tocou violoncelo na faixa de abertura. Quando Chris Dreja decidiu abandonar os Yardbirds para seguir a profissão de fotógrafo, John foi a primeira opção de Page para formar os “New Yardbirds”. Pouco depois mudaram o nome para Led Zeppelin (sugestão de Keith Moon, batera do The Who). O baterista Sir John Henry Bonham (o Bonzo) era um terremoto e criou escola (embora discípulo de Gene Krupa e Buddy Rich, considerava-se o melhor imitador de Keith Moon).

por volta de 1927. Led Zeppelin mudou a letra. Mas o grande lance do Led Zeppelin é a riqueza e variação sonora, com alternâncias de compassos e um “mise-en-scéne” sensacional (sem desmerecer o Granfunk Railroad). Eles foram originais. Ninguém tinha feito um som igual antes.

A musica “Stairway to Heaven” apenas virou hino. E sua introdução é “releitura” de “Taurus”, da banda estadunidense Spirit. PLÁGIO é “Rock Around the Clock” sobre “Move it on Over”, de 1947. Releituras o Led Zeppelin fêz aos montes! Com estilo e qualidade. “Dazed and Confuzed” surgiu com os Yardbirds, mas é do Jack Holmes, que processou o Page, blá, blá. “Nobody’s Fault but Mine” é um gospel dos anos 1920 gravada por Blind Willie Johnson

Jimmy Page disse que tiraria o chapéu para a técnica do guitarrista Van Halen. “Eu não conseguiria fazer o que ele faz, nem conseguiria sorrir como ele”. Imagina a cena: 300.000 malucos. No palco, Van Halen e Jimmy Page. Só um deles poderia tocar. O que aconteceria? Simples: Van Halen num super-mosh para ouvir, no lugar de honra, o ícone do rock setentista.

Lennon disse, em 66, que os Beatles eram mais populares que Jesus. Plant disse, em 74, que o Led não apenas era a maior banda do mundo, mas que “estavam muito, mas muito a frente do segundo colocado”. Eles não mentiram.

Rock in Rio? SWU?? Ora, me poupem!

Sobre o LZ-129 aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/LZ_129_Hindenburg


LED BRAZIL

Por Osni Dias*

O Led Brazil fez uma apresentação no mês de outubro, em Atibaia, impressionando o público pelo carisma e pela musicalidade. Formada há menos de quatro meses, a banda mostra a que veio. “Nos reunimos poucas vezes, mas conseguimos captar a essência da banda porque gostamos muito”, diz Rodrigo Bourganos, o “Rodrigo Page”, guitarrista da banda e amigo do mago Jimmy Page, a quem conheceu recentemente. Ele conta que no início o baterista Daniel Zambrini convidou um amigo para a formação de uma banda. Em seguida, percebeu que o timbre de voz do amigo era parecido com o de Robert Plant e decidiram então criar um Tributo ao Led Zeppelin. A voz era de Rogerio Skruzdeliauskas, que detesta comparações e dispara: “não sou o Robert Plant, sou Rogerio. Para formar a banda, precisavam de mais instrumentistas. Foi quando apareceu Albert di Maio, baixista e tecladista. Sua experiência pela Europa e o prazer de tocar o som do Led Zeppelin o credenciaram a fazer parte do grupo, juntamente com Rodrigo, que entrou na sequência. “Albert saiu em busca de um guitarrista pelas redes sociais e acabei encontrando a banda pelo Orkut”, diz Rodrigo. Foi por meio do Zeppeliano Fã Club que o guitarrista tomou conhecimento do Led Cover, em um anúncio que dizia: “Preciso guitarrista – Led Zeppelin Cover – SP”. A banda afirma que o Led Brazil surgiu na tentativa de fazer de forma fiel um cover do Led Zeppelin, com um repertório que engloba as turnês de 72/73/75 e os mesmos instrumentos dessas respectivas turnês, desde theremins e bandolins até baterias Ludwig Vistalite e Green Sparkle.

Fotos: Lu Meinberg* A formação

Acima, a poderosa bateria da banda com Daniel “Bonham” no ataque. Ao lado, uma das preciosidades de Albert, também multi-instrumentista Rodrigo em momento “jimmy Page” no espetáculo na cidade de Atibaia: virtuosismo

* Osni Dias é editor da Revista Kalango e ouve Led Zeppelin desde criança. * Lu Meinberg acaba de se formar em jornalismo pela FAAT Faculdades.

Daniel, que é também tecladista, começou tocando Deep Purple, mas após ver o Led Zeppelin e a fúria de John Bonham se rendeu ao grupo. Sua bateria tem um bumbo de 26 polegadas e um kit de pratos idêntico ao do Bonzo, do Led. Em seu instrumento, tudo é exagerado, até a caixa tem um número grande de esteiras, o que a aproxima ainda mais da bateria de Bonham. Albert, por sua vez, toca também o bandolim, além dos teclados e do baixo, aproximando-se ainda mais de John Paul Jones. Rodrigo desde a infância ouve rock e, quando brincava com seus bonecos, formava com eles sua banda. “Comecei a ouvir Led Zeppelin e não parei mais, foi um som que me tocou muito”. O jovem instrumentista revela que, há cerca de três anos, iniciou uma verdadeira saga ao encontro da magia da banda. “Comprei uma infinidade de coisas do Led, vinte camisetas, uma pilha de livros, uma verdadeira biblioteca. Tudo o que acho acabo comprando”. Rogério, além de se parecer fisicamente com o vocalista do Led, tem voz idêntica e o mesmo talento de Plant. “Ele nunca se deu conta do seu instinto musical apurado”, conta Rodrigo. Segundo o guitarrista, ele é um “gênio incompreendido”. A banda pretende fazer mais shows mas, por enquanto, deu uma pequena pausa providencial. “Estou estudando para o Vestibular”, conta Rodrigo, que pretende cursar Relações Internacionais na PUC-SP. Em 2011, já esteve na Tower House visitando Jimmy Page. Se o músico continuar sua saga, Robert Plant que se cuide...


PRESENTE DE ANIVERSÁRIO FOTO: Jimmy Page

Como todo e qualquer fã de rock and roll, Rodrigo conta que foi estudar na Inglaterra, levando no bolso o endereço de James Patrick Page, mais conhecido como Jimmy Page. Ele havia conseguido informações pela Internet e fez uma verdadeira peregrinação. “Fui 12 vezes à casa dele, no inverno. Ficava lá em frente, aguardando a sua chegada”. Ele conta que no dia do aniversário do ídolo deixou uma cachaça de presente, mas o encontrou somente no último dia de sua viagem. “Só consegui falar com ele algumas horas antes do voo, ele foi muito gentil”. Além da bebida, conta que deixou também uma camisa da seleção brasileira de futebol e um CD com suas músicas, que Page gostou de ter recebido. A foto publicada aqui? Foi tirada pelo próprio Jimmy Page. O músico tornou-se conhecido por tocar uma guitarra double-necked Gibson. Ele se tornou especialmente conhecido por tocar sua Les Paul com um arco de violino (embora o guitarrista Eddie Phillips, da banda Creation já o fizesse em 1966), o que acabou o tornando uma lenda viva do Rock









Por Moriti Neto*

Uma nova proximidade

E

ntre ondas de protestos, revoluções e uma guerra civil, a Primavera Árabe – começada na Tunísia, em 17 de dezembro de 2010 – se expandiu, de fato, neste ano pelo Oriente Médio e Norte da África, e forçou quedas de ditadores desde o Egito, em fevereiro, à Líbia, em outubro, já no outono. Mais nações árabes passaram pelo processo e outros, além de Hosni Mubarak e Muammar Kadafi, caíram ou se viram forçados a rever situações, como as que levaram governantes a desistir de concorrer nas próximas eleições de alguns países.

Na Europa, desde maio, eclodiu uma grande corrente de manifestações. Principalmente na Espanha, em Madri, na praça Porta do Sol, os “Indignados”, resgatando o formato das ágoras gregas, reuniramse aos muitos para reivindicar mais participação e equilíbrio social. Mais recentemente, foi o “centro financeiro mundial” que passou a sentir a presença do inconformismo de setores contrários à atual lógica social que privilegia os excessos do capital. Em solo estadunidense, a partir de 17 de setembro, manifestantes se colocaram a ocupar a área da Bolsa de Valores de Wall Street, num movimento batizado de Ocupe Wall Street (em tradução livre para o português).

Em comum, nos movimentos praticados nos territórios de três continentes – todos pontuados de peculiaridades culturais arraigadíssimas que os diferenciam no modelo de construção civilizatória – observam-se mobilizações com motivação advinda da desigualdade social profunda, mais até do que por concentração de poder político. Outro ponto de convergência dos movimentos se mostra na rede mundial de computadores. Diferentemente das ações humanas transformadoras praticadas antes, essas iniciativas partiram, na média, de jovens com grau de escolaridade razoável, o que inclui acesso à internet e redes sociais que impulsionaram articulações. Independentemente da faixa

continental, seja na Primavera Árabe, nos Indignados espanhóis ou na solidariedade buscada pela convivência comunitária e democrática nas proximidades da voracidade de Wall Street, o que nasce do levante de vozes até então sufocadas pelo individualismo deletério proposto por um modelo que não tem mais respostas ao mal-estar gerado pela irresponsabilidade diante da vida é (ainda que os resultados sejam desconhecidos e alvos de discussões) um grito contra a maneira arcaica de fazer política, bem como a esperança contra a alienação que distancia o ser humano de decidir o próprio destino. * Moriti Neto é jornalista, escreve na Revista Fórum e no sítio Nota de Rodapé.



A Pele que Habito Almod贸var mais bizarro que nunca

Por Luis Pires


O

cineasta Pedro Almodóvar é um dos mais influentes da atualidade. Sua carreira é marcada por grandes e polêmicos filmes, nos quais estão sempre em discussão as difíceis relações familiares e, principalmente, a sexualidade. “A Pele que Habito”, seu 32º trabalho, não foge à regra. Robert Legard (Antonio Banderas) é um cirurgião plástico atormentado pela morte da esposa, em decorrência de um incêndio. O trauma o deixa obcecado em criar um novo tipo de pele humana, resistente ao fogo e também às picadas de insetos. Mesmo que para tanto tenha que esquecer a ética médica, fazendo experimentos em cobaias humanas, numa espécie de Dr. Frankenstein moderno. Narrado de forma não linear, o filme tem a eficiente atuação de Antonio Banderas, um personagem sisudo, de gestos e falas sóbrias. É seu sexto trabalho com o cineasta, com o qual já havia estrelado “Labirinto de Paixões (1982)”, “Matador (1986)”, “A Lei do Desejo (1987)”, “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)” e “Ata-me

(1990)”. Chama também atenção a atuação da belíssima Elena Anaya, que tem uma extensa carreira na Espanha, pouco conhecida por aqui. Sua personagem tem uma importante participação na trama, vivendo com o doutor uma relação de crescente tensão sexual. Outro detalhe marcante são as referências ao Brasil. O protagonista é filho de um brasileiro, seu meio-irmão volta da Bahia (com um sotaque engraçadíssimo, diga-se) e, numa cena, uma menina brinca de bonecas cantando “Pelo Amor de Amar”, uma canção gravada por Ellen de Lima para o filme “Os Bandeirantes”, dirigido por Marcel Camus, na década de 60. Almodóvar se declara apaixonado pela nossa música, que procura incluir em seus filmes (quem não se lembra das participações de Caetano Veloso e Jaques Morelenbaum em “Fale com Ela”?). “A Pele que Habito” é um tanto bizarro. Mas como todo filme de Almodóvar, é ao mesmo tempo imperdível. Prepare o estômago, porém, pois não será fácil digeri-lo com facilidade.


PRESTE ATENÇÃO: Na cena em que Concha Buika interpreta uma música brasileira (belissima!). Veja a cena de estúdio: http://www.youtube.com/watch?v=YQdGSa-x2rw Aqui, o making off da cena: http://www.youtube.com/watch?v=S1wgyVLPtCc


VEJA O TRAILER AQUI: http://www.youtube.com/watch?v=HCdt4M0hkQQ


Sei que é chover no molhado. Dizer o que todo dia você ouve. Talvez com até mais picardia. Ou de forma mais profunda. Mas vou me atrever de novo. E observar aqui, quase ingênuo. Ou se preferir, gentil.

Por Marcelino Lima*

Como se fosse sem segundas intenções. Como se fosse inédito, amiga: Você é tão bela, todos os dias, E em alguns dias fica ainda tão mais bela, Que três míseros segundos ao teu lado Já bastam para nos prender e confundir os sentidos. Despertam todos os desejos Entre os quais o de jamais ir embora, De ficar eternamente ao teu lado – Se possível, numa ilha deserta! Trato aqui de uma beleza que não é só a corpórea, Esta tua, feminina.

Renascimento Por Amne Faria*

Atrevimento

Dói demais... Mas as vezes precisamos crescer para dentro. E ter um segundo nascimento, olhar mais no fundo de nossas vontades mais verdadeiras! É bem importante saber até onde se quer ir.

Que é apenas o teu complemento: Refiro-me ao que flui do teu íntimo. Gratuitamente transborda e molha. Chega-nos pelo teu olhar, pelo teu sorriso. Pelo brilho da tua pele, pelo teu abraço. Ah, mesmo que breve, ou curto, eu curto. E que, sim, não poderia ser diferente. Jamais poderia nos pegar a não ser pelo coração...

* Marcelino Lima nasceu em Bela Vista do Paraíso, no Paraná. É jornalista formado pela PUC-SP, com pós-graduação pela Cásper Líbero (SP).

http://amnenoteatrodepalavras.blogspot.com/


WAGNER melo - PIRACAIA

A KALANGO APOIA A ARTE A A CULTURA


Por Roberto Bittencourt

POÉTICOS PERCURSOS

Por aqui ou por ali: percursos. Por vital no processo: dobras de curso único que derivam olhar e gesto. Por aqui o percurso que faz Ana Procopiak. Por ali, outras sensibilidades na consequente dimensão da linguagem a compor percursos distintos, espécie de simbiose de verdades que inventa o indivíduo na poética. Estes Poéticos Percursos redundam em cada presença, em cada verdade sensibilizada. Objetos a coinspirar na plasticidade organizada do espaço, de cujo objetivo se completa a fundamental diversidade dos caminhos percorridos. De todo modo, aqui, o oportuno de momentos que se sucedem em Ana Procopiak, feito passos despretensiosos: arte de quem experimenta e expõe o profundamente poético que corresponde viver, de forma natural, sob o signo da deriva.



Um gigante chamado Andrezinho Por Jean Takada*

A

tibaia é mesmo cidade de grandes personalidades. Só que, literalmente falando, ninguém está à altura do ilustre Andrezinho. É, sem dúvida, o atibaiense mais famoso do pedaço. Só pra começar é gaúcho nascido em Minas Gerais, numa cidade tão distante que faz divisa com o Japão. Como se não bastasse, ele carrega nas veias o sangue dos pigmeus. Guerreiros africanos que não ultrapassam o metro e meio de altura. Isso explica, por exemplo, seu tamanho e a origem de tanta valentia. Andrezinho também é famoso por ter botado muito marmanjo para correr. De piadistas de plantão até mesmo o diabo. Sim, o diabo. E foi o diabo... Mesmo assim se engana quem acredita que Andrezinho seja violento. O grande erro de muita gente é chegar chegando e chamá-lo de anãozinho impunemente. Pior ainda é dizer que vai mandar uma foto dele pro circo. É falar e sair correndo. “Circo é lugar de palhaço”, defende. E tem mais: ele diz que não é anão, apenas deixou de crescer quando ainda era criança. André Florenço da Rocha nasceu em 1939 no município mineiro de Camanducaia. Já fez de tudo nessa vida e há mais de 40 anos é o “grande” xodó de Atibaia.

* Jean Takada é designer, ilustrador, fotógrafo amador e estudante de jornalismo nas FIAM, Faculdades Integradas Alcântara Machado (Tem Facebook, Twitter e um Flickr lindo!)




thiago cervan Época natalina Papai Noel esqueceu mais uma vez o presente da menina.

http://arteverbal.tumblr.com/ .projeto. de. thiago. cervan.

KALANGO ANO II

RECOMENDA http://www.lenine.com.br/landing/ Novo CD “Chão”

CONHEÇA PARA CONHECER AS PRIMEIRAS EDIÇÕES DA REVISTA CLIQUE AQUI:

KALANGO 0 http://www.myebook.com/ebook_viewer.php?ebookId=42732 Added: 30 Jun, 2010 - Views: 45963

KALANGO 1 http://www.youtube.com/user/Lenineoficial#p/c/34CB25B5DA03FC6E/1/Qp4IyU32L1k

http://www.myebook.com/index.php?option=ebook&id=46695 Added: 18 Aug, 2010 - Views: 29160


LAURA AIDAR

http://lauraaidar.carbonmade.com/ http://photolauraaidar.blogspot.com/


Leopoldo Rey: jornalista que acompanhou de perto o movimento dos ‘80 foi o anfitrião do espetáculo em Atibaia

Por Osni Dias*

CLAUDINEI NAKASONE Claudinei é fotógrafo e professor do Centro Universitário Belas Artes (SP)

São Luiz do Maranhão



FAAT classifica-se entre as 79 melhores Instituições Universitárias do Brasil http://media.folha.uol.com.br/saber/2011/11/17/igc_2011.pdf


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