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Jean Takada

Kalango #24 #24 -- Ano Ano VII VII -- Julho Julho de de 2016 2016

A volta dos que não foram

Montevidéu • Delta9 confunde • Gonzaguinha Kalango#24 • 2016 1


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Boa viagem!

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Coisas boas acabam voltando. Bom, nem todas...


REVERÊNCIA

< Henfil

Jards Macalé >

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GPS

Tempos de austeridade Marco Milani - Página 10

(( LOCALIZE-SE ))

Capa e interna Jean Takada - Página 36 O destaque da capa é uma homenagem ao cartunista Péricles – no traço de Aroeira. O Amigo da Onça é um personagem criado por Péricles de Andrade Maranhão (14.08.1924 - 31.12.1961) e publicado pela primeira vez na revista “O Cruzeiro”, em 23 de outubro de 1943.

Vintage Érica Cardoso - Página 16

Revista Kalango. Edição #24. ANO VII. Julho de 2016. Editor: Osni Tadeu Dias MTb21.511. A Kalango é uma publicação independente, não tem vínculos políticos, econômicos, nem religiosos. A Kalango está no ar desde 2010. Quer nos apoiar? Quer ser colaborador? Ajude uma mídia independente. Escreva para osnidias@gmail.com. Concluída em julho de 2016.

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Montevidéu Luis Pires - Página 26

Um cobertor e um saco de moedas Maurício Andrade - Página 14


Editorial Uma proposição bastante citada de Marx é a que dá início ao texto O XVIII Brumário de Louis Bonaparte. Lembrando que seu conterrâneo Hegel afirmava que os grandes acontecimentos e personagens da história universal se repetem ele acrescenta que isso ocorre “uma vez como tragédia e a outra como farsa” – ou como “comédia”, a depender da tradução. No Brasil, sabemos que a comédia tem por hábito se repetir incessantemente, basta pensar nos desenhos animados humorísticos de meados do século XX, que volta e meia preenchem horários nas grades das grandes emissoras. Sem esquecer, é claro, do humor pirro do mexicano Chaves, o programa há mais tempo no ar na televisão brasileira. Formatos consagrados sempre podem ser requentados, como nos atesta Carlos Alberto de seu velho e querido banco. Mas, ainda, nos atestam o mesmo nossos velhos coronéis, bons enroladores como o Deputado, d’A Praça é Nossa. Estes, por falar em farsa, nos lembram do clássico da literatura de língua portuguesa A Farsa de Inês Pereira com seu mote “Mais vale um asno que me leve que um cavalo que me derrube”. Nossa democracia é nova, tem quase trinta anos, mas já tem muitas repetições. Dois caciques do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – aquele que sempre soube os movimentos certos na democracia – sentados na cadeira da Presidência sem terem sido eleitos. Logo, muito provavelmente, contaremos dois impeachments, com apoio – no primeiro tardio e no segundo precoce – de uma certa emissora de TV. Ambos em contextos de crises e planos econômicos fracassados. Uma vez como tragédia e a outra como farsa. Marco Milani

NESTOR LAMPROS

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BRISA

ELIPSE, ECLIPSE E ECLÂMPSIA! Delta9* A política no Brasil é um estudo cosmológico. Às vezes paleológico, demagógico, epistemológico, oftalmológico e até pedantemente gógico! “Nihil novum sub sole”, dizia o pregador. “Fi-lo porque qui-lo”, jamais teria dito o professor. Mas no universo atlético das presidências, desde a bossa-nova, se o faz porque apraz. Seja com o cooper feito, ou com as pedaladas eletivas, as presidências várias desvariam-se no úbere farto da pátria amada. Para o opróbrio público daqueles públicos não pobres, a vergonha tem mais a gana do haver e às favas as pudicícias mundanas. Querem mais é botar seu bloco na rua, brincar com MBL e gingar, pra dar e vender! Teria dito Sampaio (se já não o tivesse feito), eles querem isso e aquilo, um quilo mais daquilo, um grilo duro menos disso, embora digam que não é nada disso que é preciso nesse preciso Carnaval. E, se cosmos é progresso, tanto para Sagan quanto para deGrasse Tyson, também topo curtir a vida adoidado num DeLorean, comemorando os 50 anos de Revolver daqueles quatro, ou do Revolver mais novo daquele só. Já que progresso é coisa de liberal, é proibido proibir amar ou deixar; porque gado a gente marca, tange, fere, engorda e mata, mas com gente que é da gente a gente empata, não delata, não maltrata, adultera a ata e resgata, como em “Um parto de viagem”. Homenagem ao aedes, companheiro, guerreiro, desde os tempos que no Brasil só tinha cólera e maleita; desde os tempos em que se governava 50 anos em 5 (hoje são apenas meses); desde o tempo em que não se plantavam batatas em Marte e Kubrick inspirava a humanidade a dar um pequeno passo; desde quando se era destituído da cagada na moita às margens do Ipiranga para gritar “Independência ou Morte!” sem poder usar o papel para se limpar. E, aos que dizem que eu dormi de touca, peço, sem temer, que vão à mídia que os pariu. * Delta9 é extraterrestre, publicitário e atua no Judiciário.

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LETRA

O medo que nos persegue Sonia Mara Ruiz Brown* Éramos jovens, entusiasmadas com qualquer tipo de conhecimento literário que nos enriquecesse. Passamos, então, minha amiga e eu a assistir a discussões na Academia Paulista de Letras, nas noites de sexta-feira. Numa dessas ocasiões, depois de termos participado de um debate sobre Augusto dos Anjos, nos pusemos a caminho de casa. Saímos pensativas, refletindo sobre o poeta peculiar sobre quem havíamos ouvido, o bardo “filho do carbono e do amoníaco” demarcado por uma dimensão cósmica e uma angústia moral. Pouco conversamos durante a viagem de ônibus, pois as palavras poderosas e chocantes de Augusto dos Anjos ressoavam em nossas mentes:

cou-nos, fez nosso coração acelerar e a temperaturado corpo subir. Olhávamos uma para a outra como que indagando sobre o que poderíamos fazer, mas não nos movíamos, aterrorizadas com a possibilidade de os cães nos machucarem. Nossas pernas tremiam, nosso coração pulava dentro do peito. Inesperadamente abaixei e sinalizei para minha companheira que pegasse pedras no chão para jogá-las além dos cães e os distraíssemos. Foi o que fizemos, e o resultado, o esperado. Retomamos, então, nossa caminhada mais aliviadas, porém ainda envolvidas por um pessimismo “schopenhauriano”, pela angústia funda do poeta que tanto nos impressionou.

“Já o verme – este operário das ruínasQue o sangue podre das carnificinas Come, é à vida em geral declara guerra,

“Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável!

Anda a espreitar meus olhos para roê-los E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ” Finalmente chegamos ao ponto de descida e caminhamos em direção de nossas casas, mas, para aí chegar, tínhamos que passar ao lado do cemitério, fato que não nos impressionava em vista da constância do mesmo roteiro diário. Naquele dia, todavia, a escuridão, o gemido do vento, as reminiscências da voz do poeta nos alertando sobre o estado putrefato dos corpos, além do latido raivoso e ruidoso de cães que queriam nos atacar, paralisaram nossa ação. Não podíamos mais caminhar, pois o medo estan-

Versos íntimos

Acostuma-se à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!” É nesse ambiente aterrorizador que vivemos e do qual buscamos nos afastar.

* Sonia Mara Ruiz Brown é doutora em Língua Portuguesa/USP. Kalango#24 • 2016

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LETRA

Tempos de austeridade Marco Milani*

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ichel sentou-se à mesa para o café. A empregada pôs um prato e uma xícara, cabisbaixa, deu dois passos para trás e se retirou sem dizer palavra. O patriarca franziu a testa, olhou para o filho e a esposa e começou: - Fiz um estudo nos nossos gastos. A situação está difícil, teremos de fazer sacrifícios. Michelzinho arregalou os olhos, Marcela fez a pêssega. - Aqui está a lista com o que teremos que cortar: R$90 em figurinhas na banca da praça – Michelzinho acenou com a cabeça resignado – R$120 cada camiseta do Ben 10? A partir de agora, nada de estampas de personagens. R$600 de uma caixa de Lego... - Mas é educativo, pai... - São tempos de crise, meu filho – pausa dramática – R$500 em ligações para o Big Brother Brasil. Vamos ter que cortar isso também. Marcela lhe dirigiu um olhar sisudo.

- É pela família, meu amor! R$10.000 na loja da Louis Vuitton... – sentiu as pontas das orelhas queimando. Marcela, bela, o olhava de atravessado. Ele pressentiu o perigo de amargar algumas noites no sofá, e como andava fazendo muito frio... – Bem, acho que podemos compensar esse cortando outros gastos. Olha só o preço dessas luvas de limpeza! A empregada pode limpar a casa sem isso. Marcela, com olhar sereno e recatado, intercedeu: - Hora de ir para a escola, Michel Júnior, o motorista já está esperando. Quanto a mim, tenho de tomar conta dos assuntos do lar. Dias depois, a empregada recebeu ordens para fazer as compras para um jantar em que Michel receberia os amigos “para discutir assuntos importantes”. Tamanha era a importância, que foram comprados quilos de bacalhau norueguês e caixas de vinho do Algarve. Em um sacrifício patriótico, o aspirador de pó foi substituído pelos tradicionais espanadores e vassoura, evitando assim os altos custos dos sacos descartáveis. Todos somaram esforços para o equilíbrio das contas. Tempos de austeridade. * Marco Milani é historiador pela UNESP.

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O entorno do retorno Sônia Novaes

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quem interessa a volta dos que não foram? Como voltam se não foram? E se voltam quais os meios de retorno? Podemos relacionar as questões acima a três aspectos de uma mesma possível resposta, seja esta a narrativa que evoca uma consciência histórica (Paul Ricoeur). Necessariamente a narrativa implica aqueles três aspectos e todos são relativos à temporalidade do ser, a saber: memória, atenção e expectativa. Assim: a volta dos que não

foram diz respeito a um estado presente de uma dada situação, portanto requer atenção de quem interessa, neste caso ossos/ vestígios falarão, tomarão vida nas narrativas de seus manipuladores. Diferentes maneiras de se narrar um fato são meios de retorno, de trazer à tona o que estava oculto. Neste sentido – a lembrança, que é o trabalho da memória, criará a circunscrição à atenção gerando, por sua vez, a expectativa com respostas possíveis. A consciência

histórica é esta, que chama para si a partir das memórias estados a serem modificados; compreenderá também os lugares tanto de memória quanto de esquecimento. A quem compete cada lugar, infelizmente ainda é demandado por políticas governamentais que os instituem, mas acredito que caminhamos para alcançar tal consciência. * Sônia Novaes é Cientista da Informação e Doutora em “Meios e Processos Audiovisuais” pela ECA/USP. Kalango#24 • 2016

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PALAVRA

Para onde vamos? Impasses da atual crise brasileira

A atual crise brasileira, talvez a mais profunda de nossa história, está pondo em xeque o sentido de nosso futuro e o tipo de Brasil queremos construir. Celso Furtado com frequência afirmava que nunca conseguimos realizar nossa autoconstrução, porque forças poderosas internas e externas ou articuladas entre si sempre o tinham e têm impedido. Efetivamente, aqui se formou um bloco coeso, fortemente solidificado, constituído por um capitalismo que nunca foi civilizado (manteve a sua voracidade manchesteriana das origens), financeiro e rentista, associado ao empresariado conservador e antissocial e ao latifúndio voraz que não teme avançar sobre as terras dos donos originários de nosso país, os indígenas e de acréscimo as dos quilombolas. Estes sempre frustraram qualquer reforma política e agrária, de sorte que hoje 83% da população vive nas cidades (bem dizendo, nas periferias miseráveis), pois esta sentia-se deslocada e expulsa do campo. Estas elites altamente endinheiradas se associaram a poucas famílias que controlam

os meios de comunicação ou são donos delas. Esse bloco histórico será difícil de ser desmontado, uma vez que o tempo das revoluções já passou. As poucas mudanças de orientação popular e social introduzidas pelos governos do PT estão sendo bombardeadas com os canhões mais poderosos. Os herdeiros da Casa Grande e o grupo do privilégio estão voltando e impondo seu projeto de Brasil.

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minério, água virtual etc.) que eles pouco possuem e dos quais precisam urgentemente. A segunda: ou continuamos teimosamente com a vontade de reinventar o Brasil, com um projeto sobre bases novas, sustentado por nossa rica cultura, nossas riquezas naturais (extremamente importantes após a constatação dos limites da Terra e do aquecimento crescente), capaz de aportar elementos importantes para o devir futuro da humanidade globalizada. Esta segunda alternativa realizaria o sonho maior dos que pensaram um Brasil verdadeiramente independente, desde Joaquim Nabuco, Florestan Fernandes, Caio Prado Jr e Darcy Ribeiro até Luiz Gonzaga de Souza Lima num livro que até agora não mereceu a devida apreciação e atenção (“A refundação do Brasil: rumo à sociedade biocentrada”, RIMA, São Carlos, SP 2011) e da maioria dos movimentos sociais de cunho libertário. Estes sempre projetaram uma nação autônoma e soberana, mas aberta ao mundo inteiro. A primeira alternativa que agora volta triunfante sob o presidente interino Michel Temer e seu ministro das relações exterio-

Leonardo Boff*

Donde nos poderá vir uma saída? De cima não poderá vir nada de verdadeiramente transformador. Estou convencido de que ela só poderá vir de baixo

Para sermos sucintos e irmos logo ao ponto central, tratase do enfrentamento de duas visões de Brasil. A primeira: ou nos submetemos à lógica imperial, que nos quer sócios incorporados e subalternos, numa espécie de intencionada recolonização, obrigando-nos a ser apenas fornecedores dos produtos in natura (commodities, grãos,


BRISA res José Serra, prevê um Brasil que se rende resignadamente ao mais forte, bem dentro da lógica hegeliana do senhor e do servo. Em troca recebe imensas vantagens, beneficiando especialmente os endinheirados (Jessé Souza) e os seus controlados. Estes nunca se interessaram pelas grandes maiorias de negros e de pobres que eles desprezam, considerando-os peso morto de nossa história. Nunca apoiaram seus movimentos. E quando podem, os rebaixam, difamam suas práticas e com o apoio de fortes setores do parlamento, por eles controlado, os criminalizam. Eles contam com o apoio dos USA, como o nosso maior analista de política internacional Moniz Bandeira, em sucessivas entrevistas, tem chamado atenção, pois não aceitam a emergência de uma potência independente nos trópicos. Donde nos poderá vir uma saída? De cima não poderá vir nada de verdadeiramente transformador. Estou convencido de que ela só poderá vir de baixo, dos movimentos sociais articulados, de outros movimentos interessados em mudanças estruturais, de setores de partidos vinculados à causa popular. O dia em que as comunidades favelizadas se conscientizarem e projetarem um outro destino para si e para o Brasil, haverá a grande transformação, palavra que hoje substitui a de revolução. As cidades estremecerão. Ai sim poderão os poderosos serem alijado de seus tronos, como dizem as Escrituras, o povo ganhará centralidade e o Brasil terá sua merecida independência.

Arqueado em cima do teclado. Olhos vidrados recebendo a excessiva luz do monitor LCD de várias polegadas. Você espera sua opinião chegar, como recebida de um anjo, pelo facebook. Você é politizado, hoje, porque está no seu mural. Sua opinião é concreta e demorou uma eternidade de segundos para ser formada através de pesquisas infindáveis em páginas de memes. Está é a realidade brasileira. Hoje o menino quebra sua própria placa, sem o menor valor cultural, e deve ser crucificado em praça pública. Aquele cretino! Amanhã eu aplaudo o homem que queima livros porque cultura é apenas o que me apetece. Contraditório? Sim e você faz isso. Não fuja, pense. Você é coerente? Quando foi seu último momento de reflexão quanto aos seus posicionamentos? A mídia te manipula e você não sabe, ou melhor, sabe, mas é esnobe o suficiente para não admitir. Ter opinião é fácil. Tá ali, no Face. Aborto? Contra. Maconha? A favor? Estupro? Culpa da vítima. Sou médico, economista, detetive forense, presidente, Albert Einstein, Gênio da lâmpada mágica, tudo se resolve na minha dicotomia analítica e infalível com base nos estudos profundos da minha mente genial. Você pensa o que eu quero. Quando eu quero. Tá no jornal é verdade. Talvez devêssemos aprender a não ter opinião sobre tudo. Afinal, não somos infinitos, onipresente e oniscientes. Somos cachorros, treinados para pegar a bolinha. E se você acha que não é, você é. Meus pêsames.

* Leonardo Boff é colunista do JBonline, teólogo, filósofo e escritor.

Leonardo Bonome é acadêmico de Publicidade e Propaganda da FAAT Faculdades.

Você pensa o que eu penso Leonardo Bonome

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PALAVRA

Um cobertor e um saco de moedas Maurício Andrade

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ste ano vamos ter um dos invernos mais rigorosos que já tivemos aqui na Terra Brasilis, mas uma coisa eu garanto: não será pelo frio glacial. Li recentemente um pensamento que me assombrou, sobre a hipocrisia de doação de cobertores. Depois de doar seu cobertor, sua consciência, afinal, se tranquiliza. Você continua vendo os olhares famintos pela janela, mas não há uma política pública que vá além a fim resolver a questão. A pessoa em si, deixou claro que também não faz mais isso (ajuda rcom agasalhos ou cobertores). Mas quem está por trás da alma? O governo ou a vontade humana? E se fossem nossos filhos, pais ou pessoas amadas que estivessem na rua, salvas com um cobertor e uma sopa quentinha por alguém sensível o bastante para estender a mão? Como temos usado nossa percepção em face das avalanches instantâneas de informação? Como nos posicionamos diante da situação transitória da Humanidade? São muitas perguntas. Seria fácil ficar elucubrando sobre todas elas, filosofando, enquanto alguém morre na calçada ou olhando pela janela. Logo teremos outro governo, outros governos virão, e em que nos apoiamos para

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transformar a sociedade? É uma história que não muda - se não mudarmos de opinião, de postura e de ação. A questão é que nada mudou, apenas os lados da moeda. Se a alma não muda, a história que cada alma vê também não vai mudar. O “coitadismo” e a soberba são os dois lados dessa mesma moeda, ela apenas gira sobre a mesma mesa. É preciso derreter essa moeda e usar sua prata para pagar a educação. Falamos demais, criticamos demais, nos empoderamos demais de razão e da pseudoverdade, que é conveniente aos nossos sentidos, buscamos o lado que justifique nossas crenças, ou buscamos as crenças que justifiquem nosso lado. A moeda apenas gira, outra vez, e a alma se atordoa, simplesmente porque a alma não é a moeda, é a mão que a gira. Talvez fosse mais fácil darmos as mãos e, outra vez, usarmos o valor de nossas moedas. Podemos argumentar, ad aeternum, sobre e o que desejamos que acabe em nossa sociedade, mas, se não vencermos a hipocrisia, o que aparentemente se foi, apenas mudou o lado, afinal, temos um saco de moedas para isso. Enquanto continuarmos a ouvir pessoas dizendo que simplesmente acham hipocrisia dar um cobertor, por causa de uma política pública, e assim, mudar sua postura humana para desumana, enquanto pensarmos

que é algum governo que trará salvação, ou que até, mudando a linguagem, resgatará uma sociedade à justiça (que ainda nunca houve por completo), continuaremos a discutir o sexo dos anjos (e não é isso que está acontecendo?) colocando novos “salvadores” no altar. Em um tempo onde nunca houve tanta intolerância, fundamentalismo e ativismo, para rimar com nossa hipocrisia, é preciso um exorcismo da consciência. Não feita por alguém, mas levada às últimas consequências do amor, por cada um de nós, pois nenhuma política salvará a alma, a menos que haja uma política da alma, que é o bem e o amor ao próximo. Sem partido, sem cor, sem raça, sem ideologia, sem lado da moeda, apenas uma mão estendida com um aperto de mão, um olhar sincero e, quem sabe, um “cobertor’. Talvez um dia consigamos viver uma holarquia social (não confunda com oligarquia), um sistema integrado onde o “um” compõe o todo e participa do todo em sua própria dimensão, livremente e de forma integrada. Parece complexo, tema para uma próxima. Mas precisamos sair das “castas mentais”, e é aí que elas não deveriam existir. E consagrar a sociedade primeiro à alma, no bem ao próximo e depois à política, talvez assim consigamos parar de girar a moeda.


A questão é que nada mudou, apenas os lados da moeda. Se a alma não muda, a história que cada alma vê também não vai mudar.

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PALAVRA

Vintage Érica Flávio Cardoso

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Sou uma pessoa extremamente clássica, tradicional, apegada ao passado, a maioria chamaria de quadrada mesmo! Àquela locomotiva a vapor, lenta, mas com seu charme antigo... não, não, já me ensinaram que agora é vintage! Não à toa, adoro. Carros, móveis, roupas, objetos, adoro todos. O dicionário Priberam informa-nos que a palavra vintage, é uma palavra inglesa cujo significado estava relacionado à enologia, dizia-se do vinho fino de uma só colheita, produzido em ano com safra de reconhecida qualidade, com características organolépticas excepcionais, retinto, encorpado, de aroma e paladar muito finos e reconhecido como tal pelo Instituto de Vinho do Porto. Vocábulo este agora aplicado ao produto antigo de qualidade reconhecida como mobiliário, sapatos e outros. No entanto, na ocasião de relançamento do fusca pelo Itamar, meu Deus, que desespero! O vintage tem uma razão de ser, é aquela peça antiga, clássica, bem cuidada ou não, mas essencialmente antiga. Já o pretensamente novo com cara de antigo só me soa a algo falsificado, dissimulado ou o que é pior ilegítimo. Me sinto da mesma forma em relação ao impeachment, relembrando: de acordo com o dicionário, palavra também de origem inglesa, significa o ato ou processo legal que pretende a destituição de um indivíduo de um cargo governativo. Parece um sonho louco de Alice, num segundo País das Maravilhas, será? Seria a Rainha de Copas filiada ao PMDB! A volta dos que não foram, me lembra também do conceito filosófico da lei do eterno retorno, tudo há de retornar na mesma ordem e sequência, o bem e o mal, a dor e o prazer. E isso pode nos levar ainda ao Freud, instinto de vida e de morte, prazer e sofrimento. Dessa forma, resta-nos aprender com as situações? Manejar o id e o superego, manter o equilíbrio do ego! Vou manejando mantendo minha paixão e passatempo com o vintage, sem me deixar levar por aquilo que não é. Tudo há de retornar. Do pó vieste e ao pó retornarás! Érica Flávio Cardoso é psicóloga e professora universitária.

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LETRA

A crise 1953-54 e a atual: coincidências? Luis Brandino

O Brasil assiste atônito a uma das maiores crises institucionais de sua história – ou pelo menos de sua história recente. Desde a eleição em 2014, partidos localizados no espectro político no centro-direita ou na direita têm tentado inviabilizar o governo de Dilma Rousseff. O Senado aprovou no dia 12 de maio, por 55 votos pró e 22 contra, a abertura do processo de impeachment contra a presidenta, baseado em denúncias de “pedaladas fiscais” que caracterizariam crime de responsabilidades. A aprovação do processo de impeachment, que afasta a presidenta por 180 dias, foi entendida por muitos juristas como um golpe articulado pela oposição, por entenderem que a chefe do executivo não cometera nenhum crime de responsabilidade. Em dois outros momentos históricos – 1953-1954 e 1964 – o País passou por crises semelhantes. Deposto em 1945, depois de 15 anos no poder como ditador (período que ficou conhecido como Estado Novo), Getúlio Vargas foi eleito, meses depois, senador da república. Em 1950, voltou à presidência, vencendo nas urnas Cristiano Machado, da UDN. Um dos maiores oposicionistas de Vargas, o jornalista Carlos Lacerda publicara um virulento artigo contra a candidatura do ex-ditador em junho de 1950 em seu jornal, “Tribuna da Imprensa”: “O senhor Getúlio

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Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.” Lacerda cumpriu sua promessa à risca. O Congresso abrira uma CPI para apurar possíveis irregularidades num empréstimo do Banco do Brasil ao jornalista Samuel Wainer, dono do jornal “Última Hora”, o único a alinhar-se ao governo. A CPI visava, contudo, atingir Getúlio Vargas. Lacerda iniciara seus ataques pelas páginas da “Tribuna da Imprensa”, mas ganhou espaço na então recém-fundada emissora TV Tupi (pioneira no Brasil), do magnata da comunicação Assis Chateaubriand, e nos microfones da rádio Globo, de Roberto Marinho. A imprensa atacava também o jovem ministro do Trabalho, João Goulart (Jango), acusando-o de “comunista”. A crise se aprofundou no ano seguinte, quando os deputados aprovam o impeachment de Vargas por crime de responsabilidade por má execução orçamentária e improbidade administrativa. Estes fatos são narrados com detalhes pelo escritor cearense Lira Neto no terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas, que lançou pela Companhia das Letras. Luis Brandino é jornalista.


Alarme para sonhos

adormecidos Felipe Nikito*

“Não perturbe” (sussurros) Eles querem a ditadura do silêncio Dizendo que quando fazemos muito barulho Podemos acordar a frustração, a decepção E outros monstros, mas não aquieta não! Porque fazendo muito barulho Também podemos acordar os sonhos E... Quantas vontades, desejos e anseios tão ai adormecidos e amortecidos Pelos pesadelos Tira o grito do peito e atira no vento SEM TEMER! Quero que o estrondo de uma explosão de paixão Devore todo silêncio e desperte em você Aspirações e inspirações Com sede de viver e fome de acontecer Sonhadora, sonhador me responde ... já acordou seus sonhos hoje? * Nikito é ilustrador,rapper, beatmaker, integrante do Coletivo de Arte Independente Emblema e Realize Crew Kalango#24 • 2016

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VIAGEM

Uma das mais lindas que já fiz Maurício Andrade

Fiz uma das mais lindas viagens que já tive a oportunidade de participar na vida. Já estive em muitos lugares do mundo: lindos, exóticos, misteriosos, estranhos, inspiradores. Mas dessa vez, essa superou a todas. Porém, infelizmente, não tenho fotos para mostrar, não trouxe nenhum tipo de souvenir e, infelizmente, não tenho como descrever, pintar ou mesmo fazer um mapa. O certo é que essa viagem mudou minha vida. Sabe quando você faz uma dessas viagens e, quando volta, parece que deixou metade de você lá? Pois é, dessa vez, creio que fiquei inteiro por lá, mas por aqui também... Fiz uma linda viagem ao centro do meu coração, reconheci a paz que lá existe, a fé que sempre aguarda, o amor que o faz funcionar e unificar cada átomo do meu ser. Ao retornar de uma viagem como essa, ninguém, ninguém jamais será o mesmo. Recomendo que façam essa viagem, sem qualquer sombra de dúvida. Ela não custa nada, não há passaporte, tem apenas um caminho; desejar amar-se sem medo de ver a si, como realmente é na essência, na mais pura essência. Agora, após essa maravilhosa viagem, não há outra coisa a se fazer e ela é consequência absoluta e irrevogável do viajante da alma: viajar ao coração de todas as outras pessoas. Com amor e bênçãos, Maurício.

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MONTEVIDÉU AO ALCANCE DE SEU BOLSO Em tempos de dólar em alta, as viagens internacionais ficaram mais caras. Ainda assim é possível visitar Montevidéu, cuja paridade das moedas não é tão distante. A reportagem da Kalango esteve na capital uruguaia e apresenta cinco locais nos quais é possível se conhecer um pouco da cultura do nosso vizinho.

Por Luis Pires

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Primeiramente é necessário analisarmos alguns dados para conseguirmos dimensionar a diferença entre os dois países. Enquanto o Brasil possui cerca de 204 milhões de habitantes (dados divulgados pelo IBGE em 2015), os uruguaios somam apenas 3,4 milhões, sendo quase metade desse número vive na capital, Montevidéu. Se levarmos em consideração que na região metropolitana de São Paulo vivem cerca de 20 milhões de pessoas, dá para se ter uma ideia da situação demográfica uruguaia. Feita essa ilustração, apresentamos cinco locais que definem um pouco da cultura de nossos vizinhos.

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Feira Tristan Narvaja Realizada aos domingos há mais de cem anos, é uma feira na qual se encontra de tudo. Barracas de hortifrútis convivem lado a lado com as de artesanato, brechós, livrarias, antiquários e tudo o mais que se possa imaginar. A feira toma conta da Calle Tristan Narvaja e de dezenas de ruas adjacentes. A impressão que se tem é que todos os moradores de Montevidéu visitam a feira (que funciona das 8h até o anoitecer) com suas garrafas térmicas e as cuias de chimarrão.

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Plaza Independência Localizada no coração da cidade velha, a praça guarda um pouco da história do país, seja no mausoléu dedicado ao General Artigas (1764-1850), político e militar, considerado um dos heróis na luta pela independência do país em relação aos espanhóis, ou na Puerta de la Ciudadela, parte do muro de pedra que protegia a cidade no período colonial. Na praça encontram-se também o Teatro Solís e a sede do governo federal, um prédio comum, como outro qualquer, sem o isolamento e a suntuosidade de Brasília.


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Mercado del Puerto Quem quiser conhecer um pouco da gastronomia local não pode deixar de visitar este mercado, localizado na beira do porto. Congrega restaurantes cujo forte são as carnes e os pescados. Uma boa pedida é ocupar um dos balcões e apreciar o preparo das carnes, assadas em fogo de lenha, enquanto se degusta um bom vinho.


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Mercado Agrícola Com mais de 100 anos de idade, o MaM passou por uma reforma estrutural e, desde sua reinauguração em 2013, virou um dos “queridinhos” da cidade. É parecido com os mercados municipais que temos aqui. Em meio a boxes de frutas é possível encontrar artesanatos, carnes frescas, pescados, vinhos, o tradicional doce de leite e diversos tipos de mate (a essência da cultura uruguaia). Ali também é possível degustar as doze cervejas fabricadas pela Mastra, uma das boas cervejarias artesanais uruguaias, uma das atrações do mercado.


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Playas Montevidéu é banhada pelo Rio de la Plata, que tem dimensões amazônicas: no ponto onde suas águas deixam de ser doces e se convertem no Oceano Atlântico sua largura é de 219 quilômetros. Não é mar, mas é tratado como tal. Tanto que num passeio pelos bairros de Punta Carretas, Pocitos e Buceo, se tem a impressão de estar numa cidade litorânea, como Santos ou Guarujá. Mas as praias de águas barrentas (e frias!) não são muito convidativas para o banho. O melhor é caminhar ou correr pela “rambla”, um calçadão com mais de 20 km de extensão.

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Com praias, alta gastronomia e povo hospitaleiro, Montevidéu é uma boa pedida para uma viagem curta, tranquila e agradável. E o mais importante, está ao alcance de seu bolso.

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Por Jean Takada

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Alline Nakamura

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Mostra sua cara! Claudinei Nakasone

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Kalango E VOCÊ: TUDO A VER! Kalango#24 • 2016

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Gi Arakelian

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Macale paz e amor i

Osni Dias Guarani

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Positivismo a verdade meu amor mora num poço Epilatos lá a bíblia é quem nos diz e também faleceu por ter pescoço o criador da guilhotina de paris... o amor vem por princípio a ordem por base o progresso deve vir por fim desprezaste essa lei de Augusto Comte e foste ser feliz longe de mim

or muito tempo o cantor e compositor Jards Macalé andou divulgando em seus shows uma campanha solitária a fim de mudar o lema da bandeira nacional para “Amor, Ordem e Progresso”. Em uma apresentação em São Paulo, no SESC Pompéia, ao lado de Jorge Mautner, o artista conversou com a plateia sobre esse tema: a inclusão do amor no manto nacional. E foi além: encomendou uma bandeira enorme com a frase e convenceu o deputado federal Chico Alencar (PSOL/ RJ) a levar sua ideia adiante no Congresso. Segundo ele, o amor nunca é demais e seríamos um exemplo a outros países, como o primeiro a ter essa palavra na bandeira. “Seria bom ver o povo do Congresso, um antro de hipocrisia, debatendo

OUÇA Jards Macalé “Amor, Ordem & Progresso” (2003) http://zip.net/bbtnGS

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sobre o amor”, disse o deputado. Macalé explica a iniciativa: “A frase da nossa bandeira foi inspirada no lema do positivismo: ‘O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim’. Mas tiraram o amor!” E qual o motivo – pergunta o repórter – para serem contra a palavra amor na bandeira, Macalé? “Há várias versões: ouvi dizer que era por homofobia, que era coisa de gay, ouvi que o amor é um sentimento muito pessoal e não deveriam mexer nisso...” E finaliza: “Uma das grandes mazelas atualmente é a falta de amor ao próximo, à pátria e ao ser humano em geral”. A matéria foi publicada por Caio Ferreti em maio de 2010, na Trip, e relembrada aqui pela Kalango, em tempos de Ordem e Progresso (sem amor).


FOTO: ANDRÉ SEITI

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Gonzaguinha, 70

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Osni Dias Guarani

m 1991, o filho carioca do pernambucano Luiz Gonzaga nos deixou em um acidente de carro, no Paraná. No ano passado, ele teve a voz extraída de tapes originais e voltou a ser ouvido pelos fãs, no álbum “Presente”. O disco reúne 14 duetos, produzidos em estúdio, onde a voz de Gonzaguinha foi unida às de Ivete Sangalo, Maria Rita, Lenine, Fagner, Gilberto Gil, Ana Carolina, Alcione, Victor e Leo, Zeca Pagodinho, Alexandre Pires, Martinho da Vila, Luiza Possi e Zeca Baleiro. Daniel Gonzaga canta “junto” com o pai na última faixa, “A vida do viajante”, na qual a voz de Gonzagão, seu avô, também foi incluída.

Já em 2016, a 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira homenageou o cantor e apresentou um encontro musical entre os três filhos artistas do compositor: Daniel Gonzaga, Fernanda Gonzaga e Amora Pêra. Eles se apresentaram com o ator Júlio Andrade, que interpretou Gonzaguinha no cinema e, na cerimônia, falou como ele e ainda cantou “Guerreiro Menino” (Um homem também chora). E não para por aqui. Tributos já motivaram séries de shows, musicais e espetáculos comemorativos, além de documentários que estão sob avaliação do filho, Daniel Gonzaga. Gonzaguinha está mais do que nunca, presente em nossas vidas.

“Meu movimento é de lagarta, sigo em frente e volto”. (Gonzaguinha) OUÇA TUDO DO GONZAGUINHA, AQUI: http://www.gonzaguinha.com.br/

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COLE SEU BEIJO AQUI

Daniel Ortunho*

Agora

BRISA

a presidenta saiu DILMA vez, deixou o PALOCCIo e ficou com o jatinho. Vemos alguns TEMER, mas isso acaba em um mês, usam sua influência, nome e alCUNHA, sempre dão um jeitinho. Nada parece ser GENOINO na política atual, hipocrisia surreal, no pais do plano real. Mundo afora o assunto é piada, JANOT Brasil a verdade é velada... * Daniel Ortunho é publicitário

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VOLTE SEMPRE


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