Kalango 2

Page 1




SumÁ

S A N U cOL

editorial

rio

iga m r o F e Cheiro d

Um certo Schweitzer

Vinte anos a pós sua mo obra de Ke rte, ith Haring co ntinua viva

Gera ç Com ão Bend i unid io c n ê ades ta: l i S O Alte no B rnativa s rasil

o c i g ó l tecno

o p m e T o

e r b So

Um

A estranha beleza do

rugby

aR Quando o futebol ápid no T a Via ece o esporte r b o p m e emp gem o

A Arte de B TEKOHA

atucar o Vi

Dia do Folclore

olão

a h n i m a sim C

As

Guia Cultural

a

e d a d i n HUma

L A P NE

Tirinhas




kalangos na edição passada:

No caso... uma linda e pronfundamente emotiva e estética proposta de reflexão sobre a finitude da vida, a continuação pós morte... a força de nossos vínculos, nossas fraquezas morais, nossa evolução como pessoa...

questionar uma idéia “que todos aceitam” como fazendo parte da brasilidade: “o brasileiro é católico”... Não penso assim. O brasileiro tem uma espiritualidade (não exatamente espiritismo) muito forte e peculiar. Isso demandaria muitos estudos... Sugiro que acompanhem as reações da sociedade ao filme. Vai ser instrutivo!

A Arte emociona, a arte distrai... mas, a arte traz reflexão, nos posiciona diante de nossa própria vida, nossas fraquesas e contradições. E, nesse caso ainda, podemos muito bem usar o filme para

Enquanto isso, recomento aproveitar essa vida, mesmo que pensando na outra... Principalmente o kit “Reflexão” com combo “cinema + namorada + pipoca”...

A importância da arte como proponente de temas de reflexão. Dia de cinema... feriadão! Pipoca e namorada... Entre as várias opções altamente interessantes ficamos com “Nosso Lar”... adaptação para o cinema de um clássico da literatura espírita, psicografada por Chico Xavier e ditada pelo personagem do enredo, o espírito André Luis, que conta suas vivências (se posso me expressar assim nessas circunstâncias) após sua morte, num lugar de outra densidade, onde os espíritos recém desencarnados aportam ou recebem os primeiros tratamentos. Algo assim... Tenho grandes simpatias pelo espiritismo...De qualquer forma, o assunto “espiritismo” ou “vida pós morte” me faz pensar em três direções: - filosófica: adoro Filosofia, mas nesse sentido, dá sono... aquela coisa cheia de contradições de sistemas baseados na filosofia patrística da Idade Média... pula! Uáááá! Bocejante capítulo da

história do pensamento... - científica: essa dá arrepios! “Ué! – poderia um incauto se perguntar – Como assim? Espiritismo dá arrepios CIENTÍFICOS?” Ora, porque não... Ninguém melhor que o cientista para saber que o mundo é cheio de mistérios e que toda proposição demanda estudos... e que a história está cheia de proposições absurdas que vieram a se mostrar verdadeiras! A questão é fazer desenhos experimentais viáveis e sérios, coisa difícil, mas excita a imaginação! Sem dúvida... - Estética: tudo isso, inclusive como o filme bem carrega, tem um apelo estético muito forte... Como seria liiinda a vida e tudo o mais se fosse assim... Um “se” que faz viajar... muuito... inclusive no design pósmorte que o filme propõe! Muito legal! Surpreendente! Imagine... vc morre e vai parar numa cidade. Como será o design...? Esse filme, que recomendo com uma bela expressão do cinema nacional contemporâneo demonstra muito bem um pensamento que dividi com o


Linkando com o Tio Dunha

Tio Dunha

Kodak, anuncia o fim de uma era! Dia 30 de dezembro de 2010 é a data simbólica para fazer a última revelação de um filme Kodachrome.

BANSKY Trailer do filme de um dos mais respeitados artistas da atualidade: Nascido em Bristol, Inglaterra, “Banksy” iniciou cedo sua carreira: aos 14 anos foi expulso da escola e preso por pequenos delitos. Sua identidade é incerta, não costuma dar entrevistas e fez da contravenção uma constante em seu trabalho, sempre provocativo. É um artivista declarado, e uma das principais marcas de seu trabalho é a criação de pequenas intervenções que geram grandes repercussões. Os pais dele não sabem da fama do filho: “Eles pensam que sou um decorador e pintor”, declarou. Recentemente, ele trocou 500 CDs da cantora Paris Hilton por cópias adulteradas em lojas de Londres, e colocou no parque de diversões Disney uma estátua-réplica de um prisioneiro de Guantánamo. http://migre.me/1iSGC

Nestes testes feitos em 1922 nos estúdios Paragon em Fort Lee, Nova Jersey, a atriz Mae Murray aparece quase translúcida, sua carne branca pálida que lembra perfeitamente de mármore esculpido, aprimorado com toques de cor para os lábios, olhos , cabelo e. Ela se junta a atriz Hope trajes modelagem Hampton da Luz na Escuridão (1922), que continha o primeiro uso comercial de duas cores Kodachrome em um longa-metragem. Ziegfeld Follies atriz Mary Eaton e uma mulher não identificada ea criança também aparecem. O Tio Dunha, com este link, presta uma singela homenagem a todos os fotógrafos que já usaram o Kodachrome! Uncle Dunha Dance! http://migre.me/1iSEE Quem falar que não gosta de dançar O Futuro é assustador! Quem deve estar mentindo, assista o vídeo curtiu o link sobre light painting na e veja o motivo desta afirmação! Você edição anterior, vai cair ao ver o pode ter vergonha, mas não gostar, que o futuro nos prepara, os loucos acho impossível, portanto faça como fizeram as animações geradas a o Tio Dunha, dance, mesmo que seja escondido! partir de iPads ! Incrível! http://migre.me/1iSHo http://migre.me/1iSFS

NOSSO LAR, NOSSA VIDA. Delta 9 Dialogávamos, os colaboradores, sobre os monólogos midiáticos – tão extensos e propensos à superficialidade do ‘então, tá’. Outro tema de interesse incorpóreo é a abordagem de assuntos ufanistas em época de eleições. Tratar das fraudes eventuais a ocorrerem nos modelos eletrônicos da apuração eleitoral brasileira, seria mais herético que questionar a infalibilidade eclesiástica. Mas como o Papa era pop, pediu que o perdoassem... E, assim, papou o papo. Tentarei evitar temas doutrinários, e abordarei o assunto “Nosso Lar, Nossa Vida”. Mais apropriado e agregado de valores que o questionem. Polissemia? Vá lá. Afinal, quem semeia ventos colhe energia eólica. Um terreno de 200 m², avaliado em seus R$20 mil; o material de construção necessário para construir uma casinha de 40 m²(sem fôrro, nem piso) para acomodar um família de 4 pessoas, com renda familiar bruta de R$600. Falei com Ant-Ônia, minha formiguinha carregadeira companheira de todas as horas de infortúnio intelectual e ela garantiu-me que apenas uma vida é suficiente para quitar aquilo que abrigará o futuro lar.



Cheiro de Formiga

Amne Faria

A

pós duas crônicas mal acabadas. Pouco concluídas. Sem fim ou começo. Coisas sem eira nem beira. Palavrinhas e tarde com chuva, daquela do tipinho que faz chuá chuá.

Devo, enfim, concluir o começo desta crônica quase resiliente. Uma briga muito particular , muito minha com toda esta falta de rima, de prosa e de alguns sorrisos. Porque meu sorriso é meio muito e de certa forma, ligado àquele

sotaque de filho e, pasmem, ele não esteve aqui estes dias tão longos. Aí fiquei olhando a chuva que andava faltando. Concluí pormenores. Estas coisas molhadas andam mesmo nos fazendo falta.Muita. Administrando pensamentos, percebi que ninguém lembra do sol comumente e um descansar dele no horizonte das tardes. Anda mesmo faltando aquele acordar tarde, em especial às quartas- feiras . E feira é um típico pensamentosinho envolto em pastel. Mas, nestes dias, a tal da gordura trans é de fato um problema. Nem mesmo bombom é presente. Suco de fruta, só da caixinha. Parece que o outro tem um gosto mais esquisito...Andamos desaprendendo. Crianças banguelas já nascem com dentes. Amizade é quase em 3D. E plantar? Nem sonhos ...nem jabuticabeiras. Catavento é marca , e não mais balança com assopro. Dá até pra comprar borboletas. Pode? E por ora não se escuta mais cheiro de formiga. Elas são modernas,

bagunçam suas filas rotineiras . O trabalho é linear. O mercado hoje não aprecia hierarquias. Coisa mais engraçada, formigas aleatórias. Caracóis são corredores. Já os verbos conjugam qualquer coisa, perderam de vez o sentido. Carros mais um pouco se abastecem com assobios. Ninguém anda mesmo suficientemente razoável. Nem mesmo eu, que fiz uma crônica sobre mulheres e mais loucuras. Fiz outra toda engasgadinha, politizada e cansada...quase sem esperança. E acabei aqui, falando das coisas mais chatas. Sobre inexistências, soluções incontornáveis, incoerências e mais um cheiro de formiga que não sabe andar em fila. Não sei, não. Só me deram uma lauda. Devo falar de galos mudos? Desejos coloridos? Quem sabe um dia meus sentimentos tomem sentido. Achem um norte. Encontrem, enfim, alguma progressão.


Um certo Schweitzer Juliana Gobbe

V

ez ou outra um paraquedas cai bem a nossa frente trazendo alguém especial, um ser que surge do nada... Assim conheci o Sr.˚Jeová numa costumeira visita à casa de repouso. Não posso esquecer a vivacidade inconfundível daqueles olhos, tamanha expressão destoava do flácido corpo dormente no leito. Tomada de curiosidade olhei ao redor, observei uma mala que mais tarde pude conhecer por dentro... O Sr˚Jeová, homem vestido de candura e modéstia, decidiu-se por jamais casar-se, ganhou a vida exercendo profissões humildes e tendo sempre muitos livros por perto, conhecia todos os intelectuais franceses, leu boa parte da literatura brasileira do final do século XVIII, discorria como ninguém sobre os autores clássicos. A partir de então não faltou cumplicidade entre nós, horas de boa prosa, declamação de poesia e muitos risos. Certo dia deu-se o ritual de abertura daquela velha mala de couro, digo ritual, pois, o meu amigo abria-a como quem abre um cofre. De dentro dela saíram livros, cartas e recortes de jornais antigos, alguns inclusive me chamaram bastante a atenção. Naquela manhã desvendei o mundo de uma pequena mala, mais que isso, construí uma ponte que me levaria ao conhecimento da existência de outra pessoa não menos especial: Albert Schweitzer. Ele era o ídolo do meu querido amigo...Um homem incomparável, desses que costumam aterrissar no planeta há cada duzentos anos. Schweitzer nasceu na Alsácia em 1.875, foi médico, músico e filósofo. Era à época um grande especialista em Bach, uma sumidade na construção de órgãos, talento e sensibilidade esculpiam aquela alma. Reputação era o que não lhe faltava, trabalhava como louco nas universidades européias, cavando todos os dias fama e dinheiro. Como de vez em quando Moira (destino

na mitologia grega) gosta de brincar com os homens, Schweitzer joga tudo pro alto partindo para Lambaréné, no Gabão, lá se vê diante da extrema miséria do povo africano, doente e moralmente estraçalhado. Desde então empenha sua vida na fundação de hospitais para que aquele povo viesse a ter condições mais humanas e tratamento de igualdade entre as nações. Possuído pela mágica da combatividade própria daqueles que veem no outro mais que a efêmera aparência, passou a viajar proferindo conferências angariando fundos para o seu projeto. Sofreu com as mesmas doenças que perturbavam os seus pacientes, burilou-se através das conversas e ensinamentos que aquela gente tão sábia passava a ele. Em 1.952 recebeu o Prêmio Nobel da Paz, morreu em 1.965 deixando nesse planeta confuso rastros de sua luta por um mundo mais terno. Falei de Schweitzer, lamentando a sua morte, assim como a do meu amigo Jeová. Lamento também a delicadeza perdida, o nosso gosto pela esterilidade do contemporâneo. Atualmente rola no mundo muita grana e poucas ideias, belas iniciativas e poucas “acabativas” e nos encontramos assim: Bebendo a vida sem gelo. Aquecimento global, corrupção, desrespeito e o pior: desamor. Parece que muitos estão doentes, falta um pouco de alma, comida, dignidade, decência e por aí vai... Penso que se não pudermos ressuscitar os grandes homens; ressuscitemos pelo menos os seus ideais. Os olhos de Schweitzer enxergavam o além caos: “A quem me pergunta se sou pessimista ou otimista, respondo que o meu conhecimento é de pessimista, mas a minha vontade e a minha esperança são de otimista.” Abaixo às metralhadoras!


” o h l e s n o c “

e s s a p m i m u a r a g e h c e s s a p quando o ã n e t n e m s e simpl

e x a l e r

e v l o s e r e s e r p m e s e s s a p de o im n a v r e C o Thiag

e x a r p


Vinte anos após sua morte, obra de Keith Haring continua viva Luis Pires (Varinha)

N

as primeiras horas da manhã do dia 16 de fevereiro de 1990 o mundo perdeu um de seus grandes artistas: morreu Keith Haring que, com seu traço forte e cores vivas, elevou o grafite ao patamar de arte, antes considerado apenas como simples rabisco. Nascido na Pensilvânia em 1958, desde cedo desenvolveu ambições artísticas pelo desenho, encorajadas pelo pai. Em incontáveis sessões os dois desenhavam figuras da cultura popular, como os personagens de Walt Disney e outros heróis de desenhos animados da televisão. Depois de formado no ensino médio, Haring estudou artes comerciais mas logo desistiu do curso pois não tinha interesse em virar artista gráfico comercial. Em 1978 se mudou para Nova York e matriculou-se na School of Visual Arts (SVA), para cursar desenho, pintura, escultura e história da arte. Foi na universidade que ficou amigo de outros artistas como Kenny Scharf e Jean-Michel Basquiat. Durante o dia frequentava as aulas, além de galerias e museus. À noite, porém, não dispensava visitas a bares, clubes e saunas do meio homossexual. Onde encontrou uma comunidade artística alternativa que se desenvolvia nas ruas do centro, nos metrôs e nos clubes noturnos, principalmente o vanguardista Club 57.

Desenhos em movimento Em 1980 Haring encontrou uma maneira eficaz de se comunicar com um público que transcendia o underground: passou a utilizar os painéis vazios de publicidade do metrô, que eram cobertos com papel preto fosco. Neles passou a desenhar a giz elementos que caracterizariam sua obra, ou seja, linhas grossas e figuras circundadas por pequenos traços, que dão ao desenho a sensação de movimento. Entre 1980 e 1985 produziu milhares destes desenhos públicos no metrô, chegando a executar quarenta trabalhos num mesmo dia. Este fluxo ininterrupto de imagens naturalmente lhe valeu notoriedade, visto que os usuários do metrô paravam para observar o artista trabalhando. O que também lhe causou certa confusão, já que foi multado mais de cem vezes e chegou a ser preso pela polícia novaiorquina. Mas seu trabalho definitivamente ganhou notoriedade e o artista passou a desenvolver projetos maiores, como o letreiro “Spectacolor”, na Times Square, cenários para teatros e boates, estampas para o relógio da marca Swatch e campanhas publicitárias para a vodka Absolute. Ao mesmo tempo, Haring atingiu reconhecimento internacional e foi convidado a pintar murais do mundo todo (foram mais de 50 entre 1982 e 1989), além de participar de inúmeras exposições solos e coletivas, como a Bienal de São Paulo, em 1983.


Em 1986 inaugurou no Soho a loja Pop Art, na qual vendia camisetas, pôsteres, brinquedos, bottons e imãs de geladeira ilustrados com seus desenhos. Haring considerava a loja como uma extensão do seu trabalho, mas ela foi mal recebida no meio artístico com a acusação de que estava mercantilizando seu trabalho. Ele, porém, permaneceu comprometido com o propósito de tornar acessível a todos o seu trabalho. A loja fechou as portas há cinco anos, mas continua em funcionamento pela internet. Morte prematura Haring foi diagnosticado com AIDS em 1988. Um ano depois, sentindo a proximidade da morte que o rondava com a perda de grandes amigos e amores, fundou a Keith Haring Foundation com o propósito de fornecer fundos para organizações em prol da AIDS e programas educacionais para crianças. O artista morreu em decorrência da doença, em fevereiro de 1990. Vinte anos depois de sua morte, porém, seu trabalho continua mais vivo do que nunca. Hoje vemos nomes expressivos do grafite tendo seus trabalhos reconhecidos como arte (como os irmãos brasileiros Otávio e Gustavo Pandolfo, também conhecidos como “Os Gêmeos”, que recentemente pintaram um mural gigante na Tate Modern, em Londres). Sem Keith Haring, isso não seria possível.

Haring no Brasil De 31 de julho a 05 de setembro, 94 obras de Keith Haring estiveram expostas em São Paulo. De 28 de setembro até 14 de novembro elas poderão ser vistas na Caixa Cultural Rio de Janeiro. “Selected Works” revela a obra do artista por meio de 55 serigrafias, nove gravuras, 29 litogravuras e uma xilogravura, além de dois vídeos. Há chance ainda de que a exposição possa chegar a outras cidades brasileiras, principalmente Salvador, onde existem dois raros painéis de Haring, um deles necessitando de restauro, plano que consta da programação da exposição.




I

magine você acordar em meio a um cenário apocalíptico tecnológico: O sol, já alto no céu, o faz olhar desesperado para um despertador inerte, que deveria ter lhe acordado mais cedo. Seu relógio está parado no tempo. O celular não liga, assim como todos eletrônicos de sua casa. Sem energia elétrica e sem água encanada, o ritual diário de escovar os dentes, fazer a barba e tomar um banho estão suspensos. Internet, radio e televisão estão censurados misteriosamente. Comida somente aquela que não necessita de prévio preparo em fogão ou microondas. Seu carro não dá sinais de vida, mesmo após insistentes tentativas de dar a partida. Apesar de parecer algo fantasioso um cenário como esse pode se tornar uma realidade. No centro de nosso Sistema Solar existe uma poderosa usina de fusão nuclear: o Sol. Gerador de luz e energia, o Sol e é o responsável por manter a vida em nosso planeta. Entretanto, o Sol também é emissor de radiações letais, erupções de plasma e tempestades eletromagnéticas que podem afetar perigosamente componentes eletrônicos em nosso planeta. A Terra possui um campo magnético que nos protege dessas radiações, mas em períodos de grande atividade solar, esse escudo natural pode não fornecer proteção total. No pior dos cenários, se a Terra fosse atingida em cheio por

uma grande erupção solar, poderíamos ter todos nossos circuitos eletrônicos queimados e mergulharíamos num mundo sem energia elétrica, meios de comunicação ou abastecimentos vitais para a população. Tempestades solares já provocaram interferências em comunicações via satélite, apagões e até mesmo incêndios. No final do séc. XIX, uma grande erupção solar queimou toda a rede

telegráfica na Europa e nos EUA,

na época, os únicos equipamentos eletrônicos que existiam. Hoje em dia os efeitos socioeconômicos seriam maiores. Se fossemos bombardeados por uma grande tempestade eletromagnética, usinas de geração de energia e componentes eletrônicos entrariam em curto-circuito no ato, gerando um efeito dominó com repercussões por toda sociedade. Sem qualquer tipo de tecnologia eletrônica funcionando, sistemas públicos básicos entrariam em colapso. Seriam interrompidos serviços de emergência, distribuição de água, gás e qualquer tipo de transmissão de energia. Bombas em postos de combustíveis não funcionariam, afetando o trânsito de caminhões e outros veículos, promovendo a interrupção da oferta de alimentos, remédios e diversos produtos. Caixas eletrônicos desligados.

Sem bancos de dados para consultar saldos disponíveis em conta corrente, a população amargaria sem dinheiro ou qualquer outra forma de crédito. A economia congela. Sem sistemas de comunicação como radio, televisão, jornais, telefone ou internet, nossa sociedade entraria em ruína, sem que boa parte dela saiba o que provocou tamanho caos tecnológico. Vivemos num mundo que é sustentado por componentes eletrônicos. Nossa sociedade fez um laço de dependência com a tecnologia que não seria fácil de quebrar de uma hora para outra. Uma população acostumada desde a infância com os confortos da tecnologia, não sobreviveriam numa repentina “Idade da Pedra”. Felizmente, existem satélites e observatórios que monitoram initerrupidamente a evolução da atividade solar. Caso ocorra a eclosão de uma grande tempestade em direção a Terra, teríamos horas de antecedência para nos preparamos para o pior. Usinas de geração de energia poderiam ser paralisadas, satélites reposicionados, e equipamentos eletrônicos desligados, minimizando assim os danos. Mesmo assim, segundo especialistas, a normalização total de nossos eletrônicos após uma grande tempestade poderia demorar até dez anos.


Geração Bendita: Comunidades Alternativas no Brasil Orivaldo Leme Biagi

O

movimento hippie também atingiu o Brasil nos anos 70 e uma de suas influências pode ser sentida na busca pela vida do campo que levou muitos jovens a criarem sociedades alternativas. Um dos motivadores de tal prática foi a música “Casa de Campo”, na interpretação de Elis Regina, mas gravada originalmente em 1973 pelo trio Sá, Rodrix & Guarabyra, música esta que pregava a simplicidade e alegria da vida do campo. O próprio trio não levaria muito a sério as imagens da música já que raramente ficaram no campo: os três músicos, juntos ou separados (Zé Rodrix abandonaria o trio; Sá & Guarabyra continuariam em dupla) fizeram inúmeros jingles comerciais. Os representantes mais expressivos da idéia de comunidades alternativas no Brasil foram os grupos de rock Mutantes e os Novos Baianos. Além do consumo de drogas, os dois primeiros chegaram a viver em comunidades alternativas (os Mutantes na Serra da Mantiqueira em São Paulo e os Novos Baianos na Boca do Mato em Jacarepaguá). Mas foi uma comunidade alternativa não ligada aos grupos de rock que iria se destacar no Brasil: além de produzir seu sustento com produtos agrícolas, levantou dinheiro suficiente para a realização de um filme, “Geração Bendita”. Os gastos do filme (não recompensados pelo seu fracasso de distribuição e bilheteria), além de problemas de convívio com os moradores locais, levariam esta comunidade ao fim – mas outras sobreviveriam como “comunidades hippies” até hoje freqüentadas por turistas.

Link para download do Filme - http://migre.me/1iZ7L LInk para download do disco - http://migre.me/1iZ8Z Algumas fotos - http://migre.me/1iZab



SobreoTempo Laura Aidar






A estranha beleza do

rugby Felipe Betschart

L

embro até hoje o dia em que levei um amigo meu a um bar para assistir a uma partida de rugby pela TV. Era a final da Heineken Cup, o tradicional torneio europeu da modalidade. Até então, ele conhecia apenas o futebol americano, esporte que ele achava “bruto e sem sentido”. Pegamos uma cerveja cada um e eu me preparei para ensinar as regras básicas, as jogadas e como funciona a pontuação em um jogo de rugby. No começo, toda aquela “bagunça e pancadaria” não fez sentido para ele. “Isso aqui é ainda mais violento que valetudo”, disse durante as primeiras impressões. No entanto, com o passar do tempo, ele foi entendendo o jogo e, para minha surpresa e alegria, se interessou profundamente. Hoje, esse meu amigo joga rugby e se diz orgulhoso de compreender, graças à prática do esporte, o verdadeiro significado do espírito de equipe. Apesar de bruto, o rugby não é violento, ao contrário do que muitos pensam. É um esporte cheio de regras, justamente para evitar que haja deslealdade nas disputas, e em campo existe mais respeito do que em muitos outros esportes mais convencionais. Só mesmo quem vive o rugby conhece sua verdadeira beleza,

mesmo que pareça estranha. A história do surgimento do rugby é incerta e cheia de lendas. Há quem acredite que o esporte nasceu em Londres, em 1823, quando um jovem impetuoso chamado William Webb Ellis ficou irritado com uma partida de futebol e teria agarrado a bola com as mãos e corrido pelo campo para provocar seus colegas. Todos, então, teriam corrido para pará-lo. Outra vertente diz que a bola ser carregada com as mãos já era comum em partidas disputadas na escola inglesa “Rugby School”, nos anos 1820 e 1830. Independente do que realmente aconteceu, as grandes instituições do rugby e os atletas preferem a primeira versão, considerando o “revoltado” William Webb Ellis o pai do rugby. Em Atibaia, os interessados podem praticar o esporte com a equipe do Atibaia Rugby Clube. O time conta com técnico, treinadores e um campo com traves de dimensões oficiais. O campo fica próximo ao ginásio Elefantão, na Rua Benedito Virgílio de Moraes (Vila Loanda). Os treinos acontecem aos domingos, a partir das 14h30.


Quando o futebol empobrece o esporte Por William AraĂşjo


Lampeduza dizia: “É preciso mudar tudo para ficar do jeito que está”. É isso o que parece estar ocorrendo no Globo Esporte após um ano da proposta leifertiana. A proposta jornalística oferecida por Tiago Leifert, por mais promissora que tenha sido para a realização do Globo Esporte (GE), merece reflexão, pois soa estranho uma pessoa ingressar em uma organização do porte da Globo assumindo um cargo tão expressivo, que costumeiramente é assumido após muitos anos de trabalho enquanto repórter e depois em outras atividades relacionadas à área. Apesar de negar ter sido protegido pelo fato de seu pai ser um dos diretores na Rede Globo —ou justamente por isso— talvez fosse interessante observar o que efetivamente o GE mudou. Matérias tratando o assunto na grande imprensa mostram que o uso de vários links ao vivo deram um caráter radiofônico e, no estúdio, muitos erros, como por exemplo trocar nome de jogadores e nonono. Tal como diz Castro (http://www1.folha.uol. com.br/fsp/ilustrad/fq1901200903.htm ) Nessa trajetória também se inseriu Tiago jogando videogame com jogadores, em quadro que ocupavam preciosos minutos, ocasião em que a partida era transmitida em off. A interação que esta atividade sugere entre os que jogam não é traduzida na mídia TV, mas sim adaptada ao suporte. Salvo engano, o mesmo modelo fora adotado pelo canal 21 no programa Nononono, denominado “Fala mais joga”, colocando em prática o gênero pingue pongue associando

assim o traquejo do jogo e a obtenção de informação; nestes casos via-se nitidamente o acionamento típico dos geeks, que fazem várias “coisas” ao mesmo tempo. Nas experiências de Leifert —por exemplo o jogo com Neymar— isso efetivamente não ocorre. À luz das teorias que atendem a comunicação social, incluindo o jornalismo, alguns fatores poderiam dar conta da falácia desse programa se comparado com a proposta de inovação. No que diz respeito à hipótese “Newsmaking”, nota-se que o Globo Esporte, pelas matérias eleitas —propostas ou liberadas pelos editores— priorizam absurdamente a modalidade futebol, sendo raro —para não dizer inexistente— as demais que compõem o rol da etiqueta esportiva. Acredita-se O barulho construído em torno de Leifert parece suspeito, pois sua identidade parece ser amplificada acima do GE, deixando transparecer que o mesmo traduz uma espécie de personagem salvacionista do programa, que por sinal estava sendo apresentado pela equipe do Rio de Janeiro e não de São Paulo. Notícia de nonono dá conta disso, apesar de não entrar nos detalhes relacionado a uma espécie de disputa para ocupação de um espaço que pode ser caracterizado como nobre, haja vista a proximidade com o horário de almoço, quando o público de um modo geral se desliga de seus afazeres para o prazer da comilança. Nessas horas, isso pode ser associado a uma leveza do fardo diário por meio da paixão nacional que é o esporte, tal como dizem vários teóricos.



L

ogo ao entrar naquele sebo o cheiro de todos os livros antigos vêm de encontro a mim, olho para os lados e vejo uma infinidade de coisas antigas, me fez pensar que todos aqueles itens têm uma história e agora estão ali apertados em prateleiras, tantas que fica difícil até de se andar, fiquei com medo de encostar naquelas coisas frágeis e desmancharem em minha mão. Fui apresentada à Paulo, o dono do sebo. Fomos conversar na parte dos fundos do sebo onde haviam mais livros no chão, sobre mesas e cadeiras a espera de um lugar na prateleira, aquele cheiro parecia mais forte ainda Paulo me contou que começou a trabalhar com sebo em São Paulo há mais de 10 anos, “Resolvi trazer para Atibaia com o intuito de colaborar

Q

com a cultura e oferecer uma opção de leitura para a cidade” conta. Ele se surpreendeu logo ao abrir o sebo aqui por que muitos jovens foram procurar livros tanto para a escola quanto sobre política, filosofia e sociologia. Perguntei quantos itens ele possui, “Se somarmos todos os itens (livros, revistas, VHS, CDs, LPs, DVDs, etc) acredito que tenha cerca de 30 mil itens adquiridos entre doação, compra e troca” Quando perguntei o que ele tinha de mais antigo ou raro, Paulo se levantou foi até uma prateleira e trouxe nas mãos um saco plástico que continha dois livros amarrados e me entregou, era Dom Quixote em espanhol, dividido em dois volumes e datado de 1897 “Até agora só vi mais um igual à

uem quiser visitar o sebo ele está localizado na Av. Atibaia, nº77. E vale a pena ir para dar uma olhada! O Sebo Coruja também pode ser encontrado no site estantevirtual.com.br, decidido a expandir o negócio, Paulo diz que já teve que mandar livros para os Estados Unidos e até Portugal, recebe pedidos do Brasil inteiro, “Após essa inclusão por volta de 40% do lucro do sebo vem do site”. Dentre tantos livros distribuídos nas estantes podemos encontrar Shakespeare, Einstein, Karl Marx, Hitler, Monteiro Lobato, Eça de Queiróz.

esse em outro sebo”. Pedi para ele me contar alguns casos que presenciou nesses anos todos, começou a me contar sobre um homem que entrou no sebo, procurou em algumas estantes e encontrou um livro “Parecia que ele estava passando mal, ele chorava, até ofereci água” comentou Paulo, “O homem virou e me disse que estava procurando aquele livro a quase 7 anos”. “Outro caso foi de um senhor, de aproximadamente 50 anos, entrou no sebo e ao pegar um livro me mostrou a capa, na foto havia um homem com uma criança, ele então contou que era ele e seu pai, e acabou levando o livro” Paulo também conta que um dia um homem entrou e perguntou se havia livros com dedicatória, “achei estranho pois ninguém entra e pergunta isso,

né? Descobri depois que ele só lê o livro se tiver uma dedicatória bonita.”. Dei uma volta pelo sebo após a conversa, Paulo foi me mostrando os diversos livros que há por lá, desde botânica, teatro, física, arte, filosofia, sociologia, literatura clássica, livros antigos, novos, revistas, revista em quadrinhos, Cds, DVDs, Lps, VHS. Uma imensidão de títulos e escritores. A cada livro que eu pegava parecia que eu fazia uma pequena viagem no tempo e me perguntava qual a história daquele livro, de quem foi? Foi comprado? Foi algum presente especial? Por quê? E é claro que quem vos escreve não poderia sair de mãos abanando e ao sair eu ainda sentia aquele cheiro de livro antigo que parece ficar impregnado por um tempo nas mãos.


s o l o b ” e os

a d a l e p A“

los o b s o tre n e o d i e div . De m s l e o t g n s nsta gun l i a m s u i ma . Por r o nela a g c a n i r j a m a o d po de m de d m e e d d a r a c t a T von do o n a a e v alha r e p e ã s s e b m o e , ha ida ha s l c i r n o u t de min a de b o na o c i r f i , e e h t ro eoc u q cama m ida e d e m .À a h n i z da co goleiro m u m e t , ia m pontar e s e r f o s e a passe tim r r u e e ”, m s , a r t e a n a lo pe tre as “c n e la o b , u é p a oleada ch g a a m o o d t l, in e u v r í t r s r ho vai con io r á s r e v d a cobrar s, o e o b r t a e s l m a is m o d e u de rebas q e p e d o d n a b edaços. p ra o t is n o o d c o ó ç d e p , m o e s iro temp e im r p o d l a in s como of o A s l. a a m r , e t a u la g n m u eimo a lí u q , s e t n a g e volte a fum la a o d b in a a e o u ã q t s s E r ante a s s e r p a e m , então ciso ia e r t r p á p : o a d n r e a r r lv o c terei de sa s o t u in da” m 5 la 4 e “p is a a n m o r t m n E rolar. mado e e a r g o n r a is p cruz ao anja que a r d l la a e in d s lo o o o b ç o a f nquanto e r a c la p r a ir uv confiante: vo onto... p o n a ic f o n r ndo no fo a s s a á r a t s e Lima

o

in Marcel


Gerson Gomes

A

diversidade cultural é muito grande no Brasil. Do Oiapoque ao Chuí as culturas se misturam. E o folclore é festejado em todas as terras deste país. Em Bragança Paulista, interior de São Paulo, o dia do folclore foi celebrado com duas apresentações encantaram todos os presentes a Praça do Matadouro: o grupo Baque Lua Cris, nascido nas terras altas de Bragança, divididos entre batuqueiros e brincantes, representaram as manifestações populares brasileiras em seu caráter musical e em formas de danças, como o Maracatu de Pernambuco, Coco e a Ciranda da Paraíba, o Congado de Minas Gerais e a

Congada de São Paulo. O público presente ficou encantado com as danças, os gingados e participou das cirandas e rodas. Já a apresentação da Orquestra de Viola Caipira Rio Jaguari, retratou a moda de viola como parte do folclore brasileiro, principalmente, ao retratar a dança de São Gonçalo, protetor dos violeiros e das donzelas casamenteiras. Santo bastante popular em Portugal é festejado nas rodas de violas do nosso Brasil. Sob a regência de Irmei Menezes de Liz o publico pode apreciar a bela moda de viola caipira inspirada para homenagear o folclore brasileiro.


O que fazer com o tempo quando ele faz desaparecer, para uma cidade e seus personagens, os monumentos que lhe contam a própria história, como se não houvesse passado nem futuro? Desabitadas, destituídas de seus propósitos originais, abandonadas ao tempo natural para que apodreçam depois de anos de cordial submissão ao tempo dos homens, as ruínas são como que fracassos densos e tangíveis, despojos de construções que um dia ofereceram conforto e funcionalidade e que hoje rumam em direção à morte. Mas a tradição fotográfica é não se curvar à destruição das coisas e sim retê-las no presente e eternizá-las. E esse trabalho pode se tornar deveras interessante com as infinitas formas de releitura de seus autores. A idéia das cores em uma edificação morta é tocar os sentidos, dar movimento, realçar formas monocromáticas. Fazer “barulho” numa imagem “silenciosa”. Kathya Silva








A Arte de Batucar o Violão Allan Kern

N

o filme “O Som do Coração” (August Rush, 2007) o ator-mirim Freddie Highmore viveu um pequeno prodígio musical que tinha o dom de aprender sozinho a tocar qualquer instrumento que encontrasse. Quando se viu diante de um violão pela primeira vez, o menino descobriu que poderia tirar belos sons do instrumento ao batucar em suas cordas. Conhecida como fingerstyle percussivo, essa maneira de tocar tem origens na música flamenca e remete a instrumentos típicos do século XV, como o alaúde e a viola. Na música contemporânea a técnica consiste em dedilhar, puxar e percutir as cordas e o corpo do instrumento com as duas mãos, possibilitando ao músico reproduzir, sozinho, arranjos que dão a ilusão de uma banda completa. No entanto, o reconhecimento mundial do fingerstyle percussivo teve seu ápice antes do sucesso hollywoodiano de “O Som do Coração”. O grande responsável pela disseminação da técnica foi o norteamericano Andy McKee, que em 2006 filmou a si mesmo tocando meia dúzia de canções para divulgar seu terceiro álbum e virou fenômeno do YouTube com a canção “Drifting”. O vídeo impressiona, acima de tudo, devido ao apelo visual de um violonista autodidata executando uma técnica incomum, porém dono de um estilo acessível ao grande público, o que justifica os mais de 78 milhões de visualizações de seus vídeos no YouTube. O sucesso virtual repentino rendeu ao violonista uma grande demanda por suas apresentações ao vivo, que ultrapassam 200 shows por ano em todo o mundo. Andy McKee começou a tocar guitarra aos 13 anos. Hoje com 31, é adepto do violão e já tem cinco álbuns instrumentais lançados. Art Of Motion, de 2005, é o melhor e contém boa parte das canções que o consagraram mundo afora. Saudado pelos colegas do

gênero, McKee se destaca não somente pela técnica apurada, mas principalmente pela habilidade em compor melodias belíssimas, com dedilhados que seduzem igualmente o fã comum de música popular e o mais virtuoso dos guitarristas. Em “Rylynn”, por exemplo, sua pegada cadencia e ilumina uma melodia triste, composta após a morte da filha de um casal de amigos. É um daqueles exemplos de canções universais, que transcendem a limitação do instrumento e dão a impressão de “falar” com o ouvinte. A consagração profissional de Andy McKee é fruto dos novos rumos da indústria musical pós-internet. Hoje as gravadoras não têm mais o poder de manipular o mercado como antes e os músicos não dependem mais delas para mostrar seu valor. Não fossem essas condições, dificilmente Andy McKee conseguiria uma divulgação tão ampla de seu trabalho. É claro que a popularização da internet tem suas mazelas, como a poluição do nosso cotidiano com o aparecimento de uma enxurrada de pseudoartistas. Por outro lado, abriu o caminho para que gente como Andy McKee mostrasse ao mundo as possibilidades musicais do fingerstyle percussivo, criando um nicho de mercado até então inexistente e contribuindo para diversificar e enriquecer o cenário da música mundial.

Links: Andy McKee (Drifting) - http://migre.me/1iZyK Andy McKee (Rylynn) - http://migre.me/1iZz3 Trecho do filme “August Rush” - http://migre.me/1iZzh MySpace: http://migre.me/1iZzX Last FM: http://migre.me/1iZAv




S

e o século XVIII europeu, ficou conhecido na história como o “século da Luzes”, em função do desenvolvimento da razão, o XIX, seguindo esse trilho, foi o do evolucionismo. Os princípios pautados em trabalhos, como o de Charles Darwin (Teoria da Evolução das Espécies), permearam todo o discurso intelectual da época. A partir de matrizes biológicas, o evolucionismo, baseado nas verdades do “cientificismo”, acabaram por produzir desdobramentos nas chamadas Ciências Humanas e Sociais. Baseadas nos pressupostos acima citados, as ciências “dos homens” reforçaram conceitos, ao comparar algumas sociedades. Algumas foram chamadas de civilizadas outras de bárbaras; enquanto umas recebiam o adjetivo de evoluídas, outras mereciam a de involuídas. A Ciência, muitas vezes, substituindo o papel da religião, passou a dar respostas e esperanças para todas, literalmente todas, as questões humanas. Assim, chegou-se ao ponto de crer que era possível se pensar na imortalidade, tendo em vista os vários avanços da medicina. A idéia de evolução se tornou um processo ideológico (aqui entendido como “lógica

explicativa”). As dominações de países europeus sobre os de outros continentes eram referendadas pelos pressupostos de superioridade racial, de estar mais adiantado entre os povos humanos, de ter que contribuir com os irmãos mais novos e, assim por diante. Nesse processo, riquezas materiais foram extraídas e, parafraseando Eduardo Galeano, “as veias abertas” dos continentes, de populações involuídas ou atrasadas, foram sugadas e, após esses “apoios”, um rastro de miséria, morte e destruição permanecia como herança. As promessas do século da Evolução, XIX, em partes foram cumpridas. Não há como negar que muitos avanços tecnológicos foram obtidos e, menos ainda, negar a sua importância ou necessidade. A questão a ser discutida nesse artigo é outra: como a idéia de evolução se impregnou na cultura ocidental e de que modo ela pôde contribuir para esconder questões prementes do início do século XXI. “O mundo está evoluindo!” Esse é um pensamento que parece subliminar aos discursos sobre os caminhos da humanidade. Vale a pena refletir para quem e para onde. Se pensarmos o conceito de evolução em sua matriz, perceberemos que: se evoluir é sinônimo de progredir,

não o é de prosperar. Câncer evolui, e o seu devir não é próspero. Quando nos atemos a acepção do significante, usando uma expressão da semiótica, percebe-se que o sinônimo de evolução, que representaria melhor, em verdade o que quer dizer, é transformação. “O mundo está se transformando”! Esta seria uma frase mais próxima do real. O mundo vive transformações e essas desdobram- se em positivas e negativas. A evolução das espécies, ainda pensando em Darwin, levou à extinção de algumas delas. Alguns organismos ao se transformarem, não conseguiram dar respostas à vida e se extinguiram. A transformação não é sinônimo de melhoria. É preciso perguntar: estamos evoluindo para onde? E essa evolução nos proporcionará que fim? O segundo ponto é a quem serve as transformações positivas. Não há dúvida que a medicina se orgulha de realizar transplantes de medula óssea; isso é fantástico. Mas, quem se beneficia dessa tecnologia. Ao lado disso, milhões, eu disse milhões, de seres humanos morrem por falta de tratamento de água e esgoto. Essas deficiências provocam doenças que já encontraram condições para a sua erradicação há mais de um século. Alguns

homens foram à lua. No entanto, a maior parte dos seres humanos nunca se deslocou a um raio superior a 200 quilômetros de seu local de nascimento. Somente indo um pouco além, a riqueza que o mundo possui hoje é capaz de alimentar bem mais do que o número de população existente, no entanto, quarenta porcento da população mundial, segundo a ONU, vive abaixo da linha da pobreza. “Evoluir ou não evoluir” essa, definitivamente, não é a questão. A pergunta central é: para onde estamos evoluindo? E: a quem serve essa evolução? A crença de que o mundo está evoluindo parece que alivia a responsabilidade do homem sobre o futuro. Pois, se estamos evoluindo, no sentido positivo da palavra, tudo acabará bem. NÃO É VERDADE! Os recursos naturais estão sendo explorados a uma velocidade maior do que a sua capacidade de recuperação. Boa parte dos seres humanos estão vivendo em condições subumanas. A conjugação desses fatores vêm trazendo a EVOLUÇÃO de conflitos, violência e criminalidade entre nós. Se é “assim que caminha a humanidade” já é tarde a hora de mudarmos essa evolução.


TEKOHA

Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno: Um grito no silêncio da injustiça


H

á 26 anos calaram a voz de Marçal de Souza, o líder indígena guarani. O banguela dos lábios de mel, apelido carinhoso dado pelos irmãos índios, ao erguer o seu maracá, denunciava, incansavelmente, a situação precária e desrespeitosa em que viviam – vivem – os índios kaiowá guarani. Denunciou a invasão de terras pelos fazendeiros, explorações e ilegalidades sofridas pelas populações tradicionais de Mato Grosso do Sul, estado com a segunda maior população indígena. Marçal ultrapassou fronteiras, tornando-se referência nacional, o porta voz dos índios do Brasil. Falou ao papa João Paulo II, em 1980. Encantou intelectuais; Darcy Ribeiro tornouse amigo e companheiro de luta. Foi alvo de perseguição dos latifundiários da região, recebendo intimidações e ameaças até ser assassinado em 1983. Os acusados por sua morte foram julgados, mas absolvidos. A sua resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas foi tema do espetáculo de rua Tekoha – Ritual deVida e Morte do Deus Pequeno, do grupo Teatro Imaginário Maracangalha, dirigido por Fernando Cruz. A peça apresenta uma leitura contemporânea do papel de instituições como, imprensa, igreja, poder

público e latifúndio, todos envolvidas, direta ou indiretamente, no contexto de sua morte. Toda equipe de produção e montagem do espetáculo, passou por um longo processo de pesquisa através de recursos audiovisuais, materiais para leitura e referências teóricas, elementos essenciais para a construção de uma leitura crítica e de um entendimento mais amplo sobre a luta guarani em Mato Grosso do Sul. A palavra que leva o nome do espetáculo, TEKOHA, tem um significado muito peculiar para o povo Guarani. “Teko” significa modo de estar, sistema, lei, hábito, costume. Tekoha, assim, refere-se à terra tradicional, ao espaço do pertencimento da cultura guarani. É no Tekoha que os guarani vivem o seu modo de ser. O Teatro Imaginário Maracangalha, fez na rua a representação deste espaço tão sagrado aos Guarani. O resultado não poderia ser diferente. Tekoha já rodou as aldeias urbanas Água Bonita, Darci Ribeiro e Marçal de Souza, todas na capital, além de apresentações nas praças, ruas e festivais, ampliando o acesso da comunidade, que por motivos diversos, não frequentam as salas de teatro convencional, e que por um erro dos livros de história não conheciam a gloriosa vida de luta de Marçal de Souza, o Tupã-i.





NEPAL

O

Nepal é um pequeno país localizado no sul da Ásia, entre a Índia e a China (Tibete). O seu tamanho contrasta com uma superpopulação estimada entre 22 e 23 milhões de habitantes. O país fica na região dos Himalaias, com destaque para o Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. Sua capital, Catmandu, tem aproximadamente 800 mil habitantes. Ele conta com uma das maiores diversidades de flora do planeta. Estimase a existência de aproximadamente 7000 espécies de flores de plantas e cerca de 5% delas não nascem em outras regiões do mundo. Sua cultura reflete as diferentes origens étnicas de seu povo, com muitos costumes, crenças e tradições hindus.Os newaris ou newars, um povo indígena do Vale Kathmandu, exercem grande influência sobre a cultura nepalesa. A música típica newari é constituída principalmente por instrumentos de percussão, apesar de instrumentos de sopro também serem utilizados. Confira algumas imagens no ensaio de Kanani Hirai e Ricardo Araki



















Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.