Kalango 1

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editorial os,

Olá, human

e aos seus s o ã m s a u chega às s vista, o e o r g n a la o a d K in a r ero 1 d vidades. Ab o n s s artistas ia e r r edição núm á o v lh e m o m c s entidos ago, um do ti n a S o kalango s n múltiplos s o io s c r e e r b p e m W o traço de nos envia u , e t n s na web, e e õ m ç a a s maravilhos v o a r c e s n e e s de que, g rede, a com sua m u e n r ti la n a o f c da atualida r o a . Tio Dunh a rede. E p o n id la r m 2005 o lo r e o e c la u e lti q r o o mu p d o is nto realizad exões também s imperdíve e a ic im r d e o p d x e n a d resenta um s EUA, con p o a n a r lh la a a n f r mporânea e e e u t q n o o c Taia V o a d r n u a lt no está d álise da cu n a A do Absintho . , a lo ir u que esse a e a il P s a o r ã b o or uma se na área, J trelas da ti s r e e e p d x e s realizadas p o is o m o não fala vez, com d a m u o s C r . os e Luis o P p m S , s U u o a o C d o fic , d s e r a randão fala gio de Mor B r é n S o s r io am Araújo, r e li á il m M e W H e . s a a r c a u p deixamos de George L s la e r e Ana Melo t s s a e d s TV (arrgh), a a g d e s r r o a n ar os 30 a de nuvens c e igrejas s d o p o ã m s e a t Pires abord v in m as, com a alia a net e n v e a , íg d ix tra Ana, r in t u p s O a a . r r e e d oW t a d m ti pestades e o da iden ã m ç e a t v r s e a ens da rica s d g e a r la p im fa s la a e s p o e a luta de maravilh e c s o is enquanto n , m o a evangélicas it ig g r E o s o u n agitando a lança se s, para a im r t L le o s n a li c e r Junqueira, c a r aqui suas p le país. Ma e m u a q ç a ficar de a d r t ia a r , r e a u d n a o li p cult u o J ã e has, Amne de Atibaia n to, realizado no n o ti n e r o e v p s In a e u d O Festival d or do even . lh e e it m le e o d , o la s mpletando u o a c P , e s o nos d o r r p o t m ic ntes de V e Nestor La d a s o h il v a fora. Nas le r E a obra ma . o lh ju e d s mê o quadro. borem. la o C r. a lg u iv e de tudo. Ajudem a d m . o f m e a t it s u o g m e Espero qu o ovo. Com d o d in a s s ena Estamos ap

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SER KA IOWÁ: CANTO S DA D IVERSI DADE

Agenda Cultural

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. ersitária iv n u a r o fess ca e pro ti s lá zação em . p li e a ia n t s c e e ti íg r p r s A o ab sa e nalha rsitário e rio e cur e á it iv Taia Ver c n li u b r u sso l, p ta, profe diovisua s u li a a r n r o o d J a s, realiz ral de itajubá. o ir e Osni Dia t e . o adrinista tiano, p iversidade fede u in q r o e c r o é strad pela un ervan ador, ilu im Thiago C projetos sociais n a , o açã e r r de Anim gestão d o t e ir entador. D – o, tracke im r n a r e i ia p r e x a v i e t l e e O veg ão Vieira de nóstico, municaç g o a c , k m e e e Cláudio r g r, uto o amado alista, do m n o r n o J ô r t s o o, a Araúj jornalism William e d o ic esporte. m o ê d d a e c t a n a ão am n Brand ema e é in c e r b o Hemerso a Macrocosmo. ve s d ) fo, escre a r g em ó e editor t o f Vista (PR a, la t e s li B , viciado a e n lo d r fi o a J é t e in ) o C a p e or, s (Varinh o da PUC rimentad e lh p fi x a e t Luis Pire , s r li rna çado ador, fu . Lima - Jo e m a d r s g u ia s ,d lar o Je rnalismo nunca ouviu fa Marcelin jo e d o e ic nt - Acadêmas que muita ge a l u a P e d história. m e e r Victor d m procurar ban t s me e cadora e u d séries e e , a t s nali loga, jor ó ic s P lo ra. Ana Me sempre educado s e o a c lh ti a á b tra atem lio. Seus eira – M ú t u e q G n u e J r nu Ana ilustrado vista Me e e r a t a d is n , u rt aulo bert - Ca a de S.P itoras do país. lh o F a Doug Er d strador ne e grandes ed lu I o . g Santia mo Rolling Sto ersitário n iv o n s u r e r o b ss co We revistas o e profe ic m s e ú o m ã , t s o e ólog ma - Psic al i L a i e r r or cultur Co d a o l it u g a a P e afo João ico. o, fotógr c ti s io e mús lá r p á it a t c s li ti b r pu ha - A icodelia, s p Tio Dun a d a t e poeta. ntusias e r , o a it n r c e s íg e ia, Alien m Histór e Delta9 r o t u o s-D ural. e Morae dora cult d a it o i g g a r e é ria Mario S publicitá , a t is n o a, Cr ia - Poet r a artista. F lti e . u n a r m o e Am d a r ado educ rte-educ a critora e , s a E t is e n b ob artu poeta, c Juliana G , o c ti s lá ap s - Artist o r p m a L Nestor


Colunas Cultura e Revolução Por João Paulo Correia

O

selo característico da Arte é o jogar com as possibilidades de emocionar as outras pessoas com diferentes estímulos, provocando emoções específicas ou compondo a constelação de emoções. Por universos em contato! Transmitir, ao emocionar o outro, o colorido do universo que me atinge, que quero compartilhar. A foto, é um olhar... um verso, derreter e fundir o mundo que desfila em fixas letras de um linotipo de conceitos... A Arte, em suas diversas formas, tem como função complementar a comunicação, usando o alfabeto das emoções: a prosódia do viver. Aí as funções de entreter e provocar. As pessoas consomem arte com o propósito de passar um período de tempo em algum estado emocional que transforme o tempo monótono em algo que desperte interesse e traga movimento ao seu fluxo vital. A isso chamamos de “entretenimento”. Vou ao cinema ou ao teatro, sento-me e me deixo impressionar pela sequência de eventos que o autor criou. Deixome viver... É divertido... inócuo... Posso criar estados emocionais não apenas para a diversão. Posso desafiar a pessoa que assiste, levar instabilidade ao seu modo-de-ver as coisas. É a arte de provocação, no bom sentido,

de estimular... É fácil perceber o quanto esse aspecto da Arte é importante, pois não há revolução social que não tenha sido acompanhada da respectiva arte representativa, provocativa, reflexiva... Não só os anos 60-70. O Modernismo foi assim... Temos notado, porém, nos últimos anos um crescendo da produção de Arte de entretenimento e relativamente pouca, se alguma, arte de reflexão. Nossa cidade não é exceção, inclusive, por isso, o Absintho começou a produção de um espetáculo denominado “Green Blues – Atibaia em Audio Visual”, onde artistas foram convidados a provocar a platéia para um reflexão pessoal, uma revisão do seu posicionamento em relação à sua cidade. As duas formas de arte têm igual importância, pois entreter é necessário, distrair, refazer. Mas, fazer pensar, usar a arte para tirar a platéia daquele estado de equilíbrio passivo e não criativo diante da vida pode ser um fazer imenso. Que os artistas se vejam e sejam reconhecidos como pessoas de fundamental importância na formação e modificação do equilíbrio social. Viva a Arte!

Linkando com o Tio Dunha

Por Tio Dunha

V

ocê conhece o artista Blu? Show com a técnica do Stop Motion!!! O Tio Dunha convida você a entrar num mundo onde a Imaginação não tem limites: http://migre.me/12Lbk Graffiti Analysis é um projeto de Evan Roth. Linkando com o Tio Dunha, você verá o que a tecnologia é capaz de fazer a serviço da arte! http://migre.me/12Lc2

Os vídeos experimentais do grupo Tell No One, formado pelos cineastas Luke White e Remi Weekes, criam cenas surreais ao sobrepor diferentes cenas através de recortes. Você precisa dar uma olhada. http://migre.me/12LbJ Picasso já fazia........... você pode fazer também! É possível pintar com a luz? Resposta: http://migre.me/12Lcd


A música em 2030 Por Delta 9

E

m 2030 a capacidade auditiva das pessoas estará reduzida a apenas 10% da atual (já com deficiências). A música oriental de origem sinosiberiana estará imperando em todo o globo. O revival será a musica de vanguarda dos anos 50. John Cage terá uma estátua erigida em frente ao Louvre. Haverão festivais dedicados unicamente à execução de sua peça 4’33’’ (quatro minutos e trinta e três segundos), por dias. Não haverão mais aparelhos que toquem MP3s, nem DVDs, nem CDs, nem vinys. Em seu lugar haverão smokey-bubles: a música será percebida pela inalação dos smokees (na verdade, nanoscópicas partículas que registram a música diretamente no cérebro). Embora as ‘smobles’ (forma sincopada de smokeybubles) somente sejam distribuídas mediante aquisição de certificado de propriedade conseguida a preços mórbidos, digo, módicos, poderão ser encontradas ‘smobles’ similares (chamadas no Brasil ‘móbus’) em mercados paralelos undergrounds, nos lugares que antigamente eram

utilizados para o comércio de drogas ilícitas. As drogas lícitas continuarão sendo utilizadas por toda a sociedade civilizada, porém somente por intermédio da indústria alimentícia. Paul McCartney fará sua última apresentação solo no Grammy cantando Helter Skelter no ukalele em uma nova versão monotônica minimalista, aclamado efusivamente, sendo reconhecida a sua vertente vanguardista. Na verdade, grande parte do público haverá comparecido ao espetáculo para apreciar o lançamento dos novos empreendimentos de Ringo Starr: imóveis mobiliados na Lua e lançamento da banda The Treatles, empresariada por seu filho Zak (em sociedade com James, affair confirmadíssimo com Sean, solucionando de vez um lendário conflito no meio, iniciado em 1968). Ringo estará assinando contrato para lançamento de mais 5 smokey-bubles para os próximos 10 anos, incluindo agenda de shows com reservas já esgotadas. Stones farão shows, a capela, de 20 minutos apenas com intervalos

de 5 minutos para hidratação e troca de fraldas. O ápice dos shows é o anúncio do fim da banda e a assertiva de Jagger em estar cantando “(I can’t get no) Satisfaction” pela última vez. Lady Gaga terá sua 50ª coletânea de grandes sucessos póstumos bombando por todo lado (em ‘móbus’). Após confirmado que o desaparecido Marilyn Mason realmente era de Vênus, serão encontrados fortes indícios de que seu pai real era David Bowie, que era de Marte. No Brasil, o samba deixará de existir, salvo em clubes privès. Para as elites sócio-econômicoétno-antropofágicas a música brasileira sofrerá um revival alucinante e Aracy de Almeida finalmente terá sua importância reconhecida. Os CDs, DVDs e MP3s de pagodes serão mercadorias raras e extremamente valorizadas, especialmente devido não haver tecnologia que os reproduza, salvo por métodos científicos utilizados por ávidos colecionadores. O ritmo do momento será “da-nise”, uma mescla de escalas indianas com sertanejo raiz universitário de origem texana e terão como

grandes representantes as lendárias duplas Ranqui e Uílians, Uilinéuson e Dimirrojer e as incríveis Chania e Dolly (a última, herdeira da extinta marca de refrigerantes - que já havia sido adquirida pela Coca-Cola antes desta abandonar o ramo de bebida sócio-cultural e tornarse a segunda maior empresa fornecedora de gás do planeta; a primeira é a Monsanto proprietária absoluta e incondicional de toda a cadeia genética bovina da Terra). Será constatado, para surpresa geral, que Roberto Carlos era filho do mexicano Ricardo Gonzalo Pedro Montalbán Merino e fora adotado por D. Laura, de reputação ilibada, quando Ricardo esteve no Brasil e teve um affair com uma vizinha de D. Laura. Daí a afinidade de Roberto com Erasmo Esteves. Tom Zé, sempre ativo, lotará casas de espetáculo com seu show “Aonde a Vaca Vai”, acompanhado, somente, por um berimbau, com seus músicos de apoio efetuando coreografias em filas indianas descrevendo círculos concêntricos, numa alusão incisiva às coreografias de Gurdjieff. Enfim, em 2030, não haverá nada de novo.



Sobre Marias Amne Faria Quando fui convidada pra colaborar e integrar o time da kalango, me senti uma kalanguinha. Ser Kalango é ter fome de saber, conhecer ... É expandir. ce Feliz da vida eu fiquei, afinal não é todo dia que nas coisa boa na Internet, nem na vida da gente, não é? Lá vou eu “prolixando” um pouquinho, e digo, até nasce coisa boa mas nos falta olhos de sentir. o Pensei, pensei o que poderia abrir minha participaçã neste mundo aqui. E um mundo de possibilidades se abriu, idéias, sonhos e palavras brotaram. . Falei baixinho comigo : Calma, este é apenas o começo E como pretendo bater papo sempre com vocês todos, nada mais natural, quando conhecemos alguém, que nos apresentarmos. Então vamos lá. Preparados? Eu sou a Amne. Pois é, me deram este nome, “AMNE” .

Nome diferente de tudo, tem um significado bacana e extenso. Quando criança dificilmente achava gente que o dominasse em plenitude, me chamavam de tudo, menos é claro de “diferente” que é meu nome. Se para aqueles que me fizeram, fosse necessariamente possível me prever, é bem provável que me chamariam de “recomeço”. Embora eu acredite que seria um nome duro demais para

negros. s ina o n h ter e c u a q c e a e i p s r a e d e m ! n u pod uém olhos gra g o m . o n ” ã c i , ia r a n n a u in M men e.Eu cristão, e com ís sado em “ a o m n p e o o p m r m n e s o t c Devem este tantivos nem me rias, mas s a d b u M s s r o a a g a r t re esm ne. m (Nada con uma, teriam de ag m ada. o A r t s a A pão. o is m g a m a m l c o ó a s seria o fin tinha palavras c e N o tem ” r p o s , r , a a . o e t d . o ) o u e t s e r como “fl t m pes out a ser po to, e co , igual a ar diferen s e n r m a o o t n e r n e . m m m p a pra Pois star do ve algodão ngas” qu ria um bo tividade, ou quiser e s r lo F de go u cria s o ...Maria a lt n mela a e nt ro r F e . u d P o r v d a b u c li s n e d Tum, nhar coisas “e m ser simples e e m o iável. u ia S c c T n n z lâ ! u a u is f t n a e e a o p m r g ueio mp che i g a e e lar d v inovar de bessem da minha s o a a o t i F u d e do p ou ue ser q um laço quan q o Talvez já s o contrário. m s a ha me criando logo e n o ti s s e e v a m , do meu no graça da vida , mas har a . c t i s a d o r l e e o r t z . c a fa im os Pra me do de onde v ras em defeit que ninguém ra s an explicit com iguarias em ton vida , u a é h c n i u a m e c i rte da Sou ún intar m a p p z o a a f ica id que aindo. A Sou ún d n utuar e a fl B c a o . o t v c n i m o e v l a t admir ndo co rque até hoje mágico, que a u q a ic o o Sou ún os joelhos ...p e e seu mund hos em n n o n s e m r E A . p sem lavra.. aquela ão. a h p u c o s o m u e Afinal e tas idéias com co lágrima ui difi troca m a quando co errar o . e s c , n i a e l n g e ú Sou r boba deiro de pan o p o . . c . i s b a colagen quando faço queimar brig edo de e a c m u i g n e m ú s e n Sou inda t a que co íche. e a c u i q n ú Sou a sandu e eu conheço m u e od soa qu lher s u e prepar m p a a únic a únic se trovão. Sou a Sou que Daquele tipinho raro que com nada com finge menina e ainda tem boneca de pa bina. no, pra quem Pensando melhor, entre “diferente” con ta os seg red os ma is secretos. e “recomeço” seria bom me chamar Maria. Sei lá... Maria. Eu sou a Amne. Se eu morasse em algum país muçulma Este é meu nome! no, seria mesmo um tipo de Maria. Sou diferente e muito igual a todo mund o. Calma, que eu uma hora eu esclareço. Cheias de histórias pra contar. Amne foi a mãe de Maomé, logo, tem Cheias de poemas nascedores da tarde um monte de . “Marias” por lá, por aquelas bandas... Muito prazer, talvez eu seja mesm o muito Vá entender...complicado? Não...Diferen “di fer ente”. te! Como eu, que costumo brincar qu Que bom. e nasci sem combinar com nada, Sejam bem vindos! Muito prazer, Maria.


SE DECANTARMOS AS PALAVRAS Juliana Gobbe Outro dia, enquanto pesquisava na internet a performance de alguns jovens escritores, deparei-me com a seguinte indagação: “A linguagem ordena as coisas ou as coisas ordenam a linguagem?.” Tamanha confusão promoveuse em meu cérebro, tudo porque usamos a linguagem, mas, pouco ou nada refletimos sobre os meios de expressão. Morando em diversas regiões do Brasil, tive a graciosa oportunidade de crescer rodeada por diversos sotaques e variantes linguísticas dos muitos lugares e pessoas que convivi. Certa vez uma amiga gaúcha relatou-me uma “pechada” que havia acontecido na esquina de casa. Eu, ignorante, pensava que “peixada” se tratava de alguns peixes assados, logo, fiquei sabendo que era uma batida entre dois carros... A Bahia também me traz ótimas lembranças, como boa filha de baiano, embora tenha nascido no sul, sempre fui apaixonada por Caetano, Gal, Bethânia, Mãe Menininha, Irmã Dulce e até mesmo Carybé, que nem baiano era. Nunca faltou na minha casa o dicionário de baianês, que quando caiu em minhas mãos foi pura alegria, não o largava pra nada, deliciava-me com as diferentes expressões. Em termos de Bahia acho que nunca cometi nenhuma gafe. Gosto de ficar assuntando tudo o que eles dizem, pois, felizmente não conheci ainda nenhum baiano cocó (Palavra que vem da abreviação de crocodilo designa pessoa não

confiável, hipócrita.) Estou contando alguns casos, porque não obtive resposta para a pergunta do início do texto que me deixou intrigada. Possivelmente demorarei certo tempo ainda buscando em vão. Talvez a minha concepção de linguagem, seja a do conflito, de escritos acoplados às imagens, como nas poesias de Rimbaud e Manuel de Barros que transpiram certa dose de desconexão com a normalidade, deixando a obviedade de lado. Vejo por aí as palavras muito arrumadinhas, vestindo paletó e gravata borboleta em plena segunda-feira. Palavras que se abraçam o tempo todo não me causam nenhuma espécie de encantamento... só tédio. De vez em quando os vocábulos precisam entrar em choque para alcançarem seu nirvana literário. Quando decantamos as palavras, negamos a elas a chance de serem inteiras, plenas em suas possíveis moradias, textos em geral. Libertando-as das fragilizadas normas fundamentadas na controvérsia damos a nós mesmos a chance de tirá-las das gavetas, vestindo-as com assombro e sensibilidade. Ainda discorrendo sobre a frase enigmática, acho que uma boa saída seria deixar que a linguagem desordene as coisas, e estas por sua vez desordenem a linguagem. Eis uma possível solução para o perfeito desencaixe do léxico. Pensando palavras, não nos esqueçamos de Rosa, grande inventor... sempre de ouvido grudado no palavreado quebradiço de seu povo.



Cultura no XXI Mário Sergio O mundo entrou na era da globalização. Como afirmou Octavio Ianni: “... permanece no ar a impressão de que terminou estrondosamente toda uma época; e começou outra não só diferente, mas muito diferente, surpreendente”. Tudo se move e nada mais como antes. A história entra em movimento transformando geopolíticas, blocos e alianças, polarizações ideológicas e interpretações científicas. Para o francês François Chesnais, “estamos diante de um novo modo de funcionamento do capitalismo mundial, ou em outros termos, de uma nova modalidade de acumulação, ao qual dou o nome de regime mundializado sob a égide financeira”. O fundamental nos dias de hoje não é mais o modelo de acumulação industrial, marcado por altas taxas de investimento no setor produtivo, capazes de manter empregada toda a mão de obra disponível.

Este movimento revela-se altamente doloroso para os trabalhadores. O fechamento de ramos industriais tradicionais com alta concentração de empregados (minas, usinas, siderúrgicas, fábricas), a redução do tamanho das empresas, o caráter temporário dos empregos e a maior mobilidade dos empregados, ganhos modestos (quando há) de salários reais, a perda de direitos conquistados desde o início do século XX através do crescimento da economia informal, o enfraquecimento do poder de negociação dos sindicatos, o crescimento de contingentes humanos situados na condição de subclasse, a imigração (quase um êxodo) de indivíduos e famílias em todas as direções continentais são aspectos sociais da globalização. Como disse Robert Reich, “os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres”. E a cultura neste mundo mais interconectado como fica?

Quais são os possíveis espaços de atuação? Quais as novidades que podem reduzir ou ampliar a capacidade de resistência das pessoas perante estas adversidades? E as influências reais dos nossos meios de comunicação na capacidade de articulação dos movimentos sociais? Em todos os lugares, tudo cada vez mais se parece com tudo com tudo o mais... É o comum homogeneizado. É a difusão de uma cultura da mesmice, do discurso único, da padronização dos gostos, do império do grotesco dos nossos canais televisivos, da infantilização dos diálogos, da transformação da controvérsia política numa imensa diversão na Disneylândia, enfim, a cultura do espetáculo. No afirmar de Guy Debord, “o espetáculo é o capital em tal grau de acumulação que se converteu em Imagem”. No entanto, a mesma globalização que fabrica desigualdades faz explodir num mesmo jogo dialético a necessidade da diferenciação, da diversidade, multiplicidade dos modos de ser, a convergência e a divergência, a integração e a diferenciação. Nascem perspectivas de autoafirmação, luta pela desalienação, encontros de formas socioculturais

diferentes. A despeito de que tudo permanece no mesmo lugar, tudo muda: recriam-se processos de emergência de uma cidadania global. Juntamente com a mercadoria, que é a primeira a adquirir cidadania mundial, vem o trabalhador que também com os seus novos processos de rebeldia a pensar que se torna cidadão do mundo antes de tomar pela consciência disto. Portanto, explode também uma nova mentalidade: é a afirmação de uma cultura que faça dialogar o regional com o universal, o específico com o global, o tribal com o além do tribal. Jogo de confrontos. E assim é necessário que se reconheçam iguais direitos dos outros, aos estranhos, aos esquisitos, as minorias, aos solitários, aos diferentes e estrangeiros. Um não a exclusão ou a exploração. Um sim a tolerância numa dose infinitamente maior que a de hoje. A busca de uma identidade, ou melhor identidades, da sua cultura local, citadina, “da sua rua” interagindo no conflito democrático com aquilo que “vem de fora”. Ou como alguém já escreveu: aja localmente, mas pense globalmente.



IN-CONNECTION

Vejo a dinâmica da rede como uma grande somatória de ações simultâneas diferenciadas na qual muitos participam, empreendem, colaboram e exercem sua cidadania. Taia Vernalha / Osni Dias

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005 foi um ano frutífero para os brasileiros que atuam na área artística e tecnológica. Nesse ano a brasileira Fernanda Viegas, pesquisadora da IBM, nos EUA, criou o projeto Many Eyes, que trabalha com visualização de dados e é uma das apostas do jornalismo multimídia da atualidade. Seu trabalho permite visualizar trocas de e-mails realizadas na rede e a evolução dos temas tratados em cada uma delas, sistema utilizado hoje pelo New York Times para produzir seus infográficos. Aqui no Brasil, a professora de Artes Visuais Taia Vernalha concebia o IN-Conecction, ambiente que oferecia momentos poéticos do interior de uma estrutura em rede sempre em formação. Um dos motivos que levou a artista a acionar a rede pela Internet e posteriormente materializála num ambiente de Instalação foi de criar um espaço de troca

de experiências e sinergia entre os colaboradores, buscando enfatizar a natureza democrática, aberta e emancipatória, própria das organizações horizontais (como ocorre nos sistemas em rede). O que existe em comum entre Taia e Fernanda? O interesse em destacar um fenômeno comunicacional contemporâneo: a rede. Reforçar a idéia de que, atualmente, através de um teclado, mouse ou qualquer outra ponta de uma interface, é possível conectar-se com conhecidos e desconhecidos e tecer uma ampla rede de opções, idéias, pensamentos, crenças e emoções, situando-se em qualquer nó dessa rede, como se fosse um prolongamento do próprio corpo. E também ressaltar a importância das possibilidades (abertas) de atuação que as tecnologias interativas nos possibilitam, como

o feedback ou as respostas dadas ao que é recebido, e principalmente neste aspecto, propiciar a reflexão a respeito da capacidade do homem de alterar seu ambiente. Fazê-lo perceber que ele pode colaborar para a configuração de uma nova ordem social de comunidades virtuais. Democratização é a palavra de ordem. Fernanda aposta na democratização da tecnologia de visualização de dados para que se torne parte do cotidiano das pessoas, para que assim possam interferir nas decisões a respeito da suas vidas e do seu país. Taia investe na co-autoria. Em IN-CONNECTION o visitante caminha no interior da estrutura de uma rede sempre em formação. Ao adentrar esse espaço ele se depara com a propriedade de não-linearidade, própria dos sistemas abertos. Assim como nas redes, seu olhar pode estender-se em todas as direções (e não em uma só) conectando-se em um ou outro ponto. Cada integrante que participa do processo torna-se co-autor do projeto da rede. Como se trata de um empreendimento coletivo, pode haver diferenças de pontos de vista, aspecto materializado através do colorido atribuído às palavras que mostram as escolhas feitas pelos participantes: vermelho para os itens educação e cultura, verde para a saúde, o meio ambiente e a reforma agrária e azul para o trabalho, a política, a economia

e o emprego. Os visitantes participam da rede quando querem e porque assim o desejam. A adesão voluntária é a garantia do estabelecimento de laços numa rede e ela acontece em função de um conjunto de propósitos comuns (valores comuns) entre os participantes e a idéia-força ou objetivo do projeto. As pessoas decidem compartilhar do projeto coletivo da rede porque acreditam e investem nele. Através desta estrutura de comunicação, sentidos são trocados, transformados, distribuídos.

FICHA TÉCNICA INSTALAÇÃO INTERATIVA - 2005 REDE INTERNET e SOFTWARE ARTISTA: TAIA VERNALHA TÉCNICA: COLAGEM – FILMES TRANSPARENTES e BANNERTECH IMPRESSÃO EM FILMES TRANSPARENTES MATERIAL: 6 FOLHAS de 1m x 2,40m – LAMINADO de POLICLORETO de VINILA (PVC) REFORÇADO COM TELA de POLIÉSTER e FIO TEXTURIZADO, 240 FILMES TRANSPARENTES, COMPUTADOR, FITA ADESIVA SILVER TAPE , ADESIVOS DIMENSÃO: ÁREA: 12m2 (doze metros quadrados), ALTURA: 2,40m (dois metros e quarenta centímetros) Para saber mais: http://migre.me/15Lj5 http://migre.me/15LjR





tabuleiro reis e rainhas administram tudo do alto de suas torres bispos engordam suas contas doutrinando seus rebanhos de cavalos em meio a isso pe천es tomam xeque especial Thiago Cervan

http://cervan.blogspot.com


AUDIÊNCIA FUGAZ William Araújo

O

que pode ter atrás de uma cerca na contemporaneidade!? Uma paisagem bucólica com árvores frutíferas e uma casinha pequena e colorida? Uma plantação de verduras? E se essa cerca for denominada também como jogo da velha!? Certamente, esta última referência fará a maioria das pessoas lembrar deste ícone presente na tecnologia de comunicação e que na Internet serve como uma espécie de agregador. Na telefonia móvel e na conexão online com a rede mundial de computadores esta cerca, consegue colocar atrás de si, por meio de uma palavra, milhões de pessoas em questão de segundos. Hashtag foi uma das palavras escolhidas pela equipe do Dicionário Oxford como uma das mais importantes em 2009. O poder da # está na capacidade agregadora dos diálogos que a adotam associada a uma palavra chave, que no Twitter, dependendo do volume de adesão, ganha o status de trending topic. Essa audiência simplesmente vira de ponta cabeça as medições clássicas dos institutos e, mais que isso, estabelecem novos parâmetros.

Um exemplo disso foi sinalizado em 2009 por Steven Johnson, quando uma conferência sobre o futuro das escolas, Hacking Education, com 40 participantes, abriu a participação pública via Twitter, por meio da hashtag #hackedu. Muitas das contribuições externas passaram a ser validadas na discussões, por serem pertinentes e inéditas. Mais que isso, mesmo

depois disso os usuários podem continuar a discussão ou mesmo solicitar que todas as postagens sejam salvas para posterior consulta. Recentemente, chamou a atenção as discussões fugazes por meio das hashtags #forasarney, #calabocagalvao, #diasemglobo, entre outras, despertando interesse de várias mídias e mesmo a discussão da força mobilizadora destes diálogos fugazes, curiosamente denominadas de “narrativas de mobilização”. Fugaz-cidade Alguns estudiosos têm se debruçado sobre este fenômeno te c n o l ó g i co, considerado no rol das “comunicações sintéticas em rede “, cabendo observar a intensidade, na

medida em que as audiências de um modo geral valorizam o fator durabilidade no tempo e nas alterações que faz no conceito das “coisas” e das identidades. Na mobilização #forasarney, por mais intensa, o resultado não se concretizou. O mesmo parece ter ocorrido com outras “campanhas”. Dentro do Twitter, a hashtag demonstrou que ele serve para chamar a “atenção para as estruturas discursivas construídas através de si”, mas não resolve os problemas. Ou seja, por mais atrativa, inédita, e avasaladora que seja a hastag, o ideal é que os resultados em um dado momento sejam direcionados para o mundo real. Algumas questões e poucas certezas que ficam: 1) A mobilização tendo por detrás as pessoas ainda não sabem mensurar qual intensidade associada ao tempo de fixo é necessário para que resulte em algo. 2) Em que momento a mobilização estabelece uma lógica para o mundo real que leve a resultados eficazes. 3) Até que ponto essas assertivas podem credibilizar o uso disso como audiência comercial com garantias seguras Em outras palavras, as narrativas estabelecidas neste cenário conseguiu construir uma cidade fugaz de palavras curtas —nem sempre certeiras—, idas e vindas que levam à excitação extrema, assim como à morte súbida desmoronando sobre si mesma. Poderse-ia dizer, uma construção fugaz, de uma cidade igualmente fugaz!


NOITES GALILEANAS por Hemerson Brandão articipando dos eventos realizados durante o Ano Internacional da Astronomia, o CEAAL – Centro de Estudos do Universo de Alagoas recebeu premiação mundial pela realização de eventos públicos de divulgação da Astronomia, demonstrando o amadurecimento das iniciativas de popularização astronômica e como tem refletido na profissionalização da Astronomia no Brasil.

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Um dos projetos oficiais de maior destaque de 2009 foram as “Noites Galileanas”, um dos maiores eventos de divulgação científica de toda a história, com mais de 1.300 eventos públicos de observação do céu em quase 90 países, permitindo com que cerca de 600 mil pessoas pudessem olhar através de telescópios os mesmos astros que Galileu observou 400 anos antes.

O ano de 2009 foi instituído pela ONU como o “Ano Internacional da Astronomia” em comemoração ao 400º aniversário da construção da primeira luneta astronômica e as suas primeiras observações do céu pelo astrônomo italiano Galileu Galilei. Ao longo deste ano, astrônomos amadores e profissionais organizaram milhares de eventos em várias partes do mundo, nos quais puderam compartilhar com o grande público os seus conhecimentos e instrumentos astronômicos, incentivando-os na prática da observação do céu.

Durante três noites, entre os dias 22 e 24 de outubro, o CEAAL, em conjunto com o Observatório Astronômico Genival Leite Lima, reuniu milhares de participantes nos 29 eventos públicos realizados em cinco cidades, incluindo palestras, exposições, oficinas, sessões de planetário e observações do céu, promovidos para a população alagoana. Premiado pela comissão organizadora global do Ano da Astronomia, o CEAAL foi vencedor em duas categorias: “Maior número de eventos realizados por


um único grupo” e “Divulgação/alcance na comunidade”, tendo recebido ainda menção honrosa na categoria “Maior número de público em um único evento”. Além do CEAAL, o CASB - Clube de Astronomia de Brasília foi o vencedor da categoria “Maior número de público em um único evento” com 16.500 pessoas, e a Universidade Federal de Alfenas recebeu uma menção honrosa na categoria “Maior número de eventos realizados por um único grupo”. No balanço geral de 2009, dois milhões de brasileiros participaram dos cinco mil eventos gratuitos realizados em todo o país, representando um terço das atividades públicas em todo mundo. Esses números ajudam a consolidar o crescimento astronômico que o Brasil tem conquistado nas últimas quatro décadas. Iniciativas entusiastas de divulgação têm levado cada vez mais jovens para a Astronomia e ciências afins, num crescimento de cerca de 10% ao ano. Investimento em infra-estrutura e gerência de projetos de grande porte, emergência de novos doutores e pesquisadores, publicações brasileiras em revistas estrangeiras, além de iniciativas de expansão da astronomia, principalmente no sistema educacional, tem firmado a competência e reputação de nossa ciência em âmbito internacional.





Fãs celebram trinta anos de “império” por Luis Pires Varinha

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o dia 17 de julho passado, centenas de fãs da saga “Star Wars” se reuniram na Estação Ciências, na Zona Oeste de São Paulo, para comemorar os trinta anos do lançamento do filme “O Império Contra Ataca”. O evento foi organizado pelo site Aumanack e pela 501st – Divisão Brasil, organização de fãs que se paramentam com roupas baseadas em personagens da saga. O nome vem da tropa de assalto formada por “Trooppers”, comandada pelo vilão Darth Vader nos filmes da série. Aqueles que passavam por perto estranhavam as dezenas de “malucos” fantasiados. Parecia que o local havia sido invadido pelo set de filmagens de “Guerra nas Estrelas”. Em realidade, porém, eram médicos, advogados, professores e profissionais de atividades diversas que periodicamente dão uma pausa em suas rotinas para encarnar seus personagens prediletos da saga criada por George Lucas no final da década de 70. Mas o que faz de “Guerra nas Estrelas” este sucesso que continua encantando diversas gerações? Talvez o fato de que a série permita várias leituras. Há os que enxergam nela a eterna luta entre o bem e o mal. Outros, teorizam sobre referências claras à milenar vestimenta dos samurais, utilizada na confecção dos uniformes dos personagens, principalmente no do vilão Darth Vader. Democracia x absolutismo também é um ponto que pode permite elucubrações. Enfim, escolha o seu tema e divirta-se em sua análise.

Um marco na história do cinema

império, o filme

eorge Lucas inicialmente concebeu a saga para ser um conjunto de três trilogias. Na história, o primeiro filme da série lançado em 1977, seria em realidade o quarto episódio. Tanto que foi lançado com o nome de “Guerra nas Estrelas” e posteriormente rebatizado como “Guerra nas Estrelas – Episódio IV – Uma Nova Esperança”. Seguiram-se “O Império Contra Ataca” (1980) e “O Retorno de Jedi” (1983).

história de “O Império Contra Ataca” (rebatizado como “Guerra nas Estrelas – Episódio V – O Império Contra Ataca”) se passa três anos depois da destruição da Estrela da Morte (mostrada no Episódio IV). Luke Skywalker, Han Solo e a Princesa Leia lideram os rebeldes, cuja base no gelado planeta Hoth é descoberta e atacada pelas tropas de Darth Vader. Solo e Leia são capturados, mas Skywalker foge, orientado pelo espírito de Obi-Wan Kenobi a procurar pelo poderoso Mestre Yoda, auto-exilado no planeta Dagobah, que vai treiná-lo nas artes Jedi.

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A outra trilogia, que contém os primeiros episódios, foi lançada no final dos anos 90, pela ordem: “Guerra nas Estrelas – Episódio I - A Ameaça Fantasma” (1999), “Guerra nas Estrelas – Episódio II - A Vingança dos Sith” (2005) e finalmente “Guerra nas Estrelas – Episódio III - A Guerra dos Clones” (2008). Muito se especula, mas não há previsão de quando a última trilogia será produzida, nem mesmo se será. O fato é que “Guerra nas Estrelas” significou um marco na história do cinema, principalmente nos chamados filmes de ficção científica. Como não havia tecnologia na época para os efeitos especiais que Lucas pretendia para o filme, ele fundou sua própria companhia, a Lucasfilm, hoje responsável pelos efeitos especiais em grande parte da produção cinematográfica dos Estados Unidos.

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O filme tem uma das melhores cenas da série, quando Skywalker e Vader se enfrentam num duelo de sabres de luz. Na luta, Luke perde uma de suas mãos e o vilão tenta cooptá-lo para o “lado negro da força”. No final da batalha Vader lhe revela um segredo, que não vamos contar aqui, mas duvidamos que o leitor já não o conheça. Como sempre acontece em datas comemorativas como esta, provavelmente “O Império Contra Ataca” deve ser relançado nos cinemas. Enquanto isto não acontece, porém, o filme pode ser encontrado em qualquer locadora. Sempre vale a pena revisitá-lo.





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nte. e i d e p o ex n a s pau ve a e r m b u m fez lo, u a z v a r p e t a o r m in u , e ala e d d s r a a a v t d ante ecisa r da t r i p s , a e o c d a Ao nsa ia n v a c a o H d ando . r n o i t g a e e c l i r ô f a a, rof m u a r b u Estav o o cion ra, e i l té rec e e a s m o i p r s uai tem .Ap q s a s s a s d a i a r p colo ntre e s i a s a m velh u as s o a g l t u s j i rev que s a n i s pág ê r t s dela a

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, borboleta le de s do de s do da pi lé iu te, sa dobrada pacientemen o logo sentiu tã a id u g e s m e iu g r ija-flor que su e b O . e v le e a s io c gra pouco mais m u m o C . r io r te n a a a da dobradur ilh tr a iu u g e s s a s as a sceu uma a n a lh fo a ir e c ate, da ter m e r r a o a r pa de dificuldade refeito, m fi n E . u lo o c e d m é o inseto tamb , r a iz lin po m e o id v abelha. Á s para to x te e d s a lh pi a d a, havia ain lid à u o lt o v z pa a o r da e surpresa, ta n pa es e tr en , do la o esa a igamis or serem editados. Na m ês tr r ve o a a ri r, a it ixara de dig que usava a colega de trabalho de do lu ve de or fl la pe os íd dela atra pousando nos ombros presa ao colar...

Marcelino Jesus de Lima.


Festival de Inverno Atibaia 2010















SER KAIOWÁ: CANTOS DA DIVERSIDADE


Por Ana Melo Durante os anos em que convivi com povos indígenas do Mato Grosso do Sul, entre 2004 e 2009, sempre me encantei com a imensurável capacidade de tolerância e aceitação que esses grupos apresentam no trato com outras culturas. Como pesquisadora, instigava-me compreender o que é viver em uma sociedade que conserva raízes profundas estendidas a um passado distante, repleto de crenças tradicionais, e, ao mesmo tempo, vislumbrar o novo, lidando com as mudanças culturais ocorridas ao longo dos últimos anos. Como poderiam permanecer convictas de seus valores e, ao mesmo tempo, agregar as habilidades requeridas no mundo do não-indígena? Como dominar os códigos que compõem outra lógica de pensamento sobre a realidade? Como expressar-se a partir de outros discursos e ainda assim não perder a essência do ser indígena? Na Aldeia Kaiowá do Panambizinho, localizada a cerca de 30 km da cidade de Dourados, ouvi relatos sobre a chegada da igreja pentecostal Deus é Amor e as influências que passou a exercer sobre seu cotidiano. Surpreendia-me que, apresentando crenças tão diversas da cosmologia

kaiowá, a igreja contasse com vários fiéis que, embora passassem a se vestir e se comportar de forma diferenciada, não deixavam para trás sua identidade indígena. Algumas lideranças da aldeia eram bastante complacentes com os crentes. Não concordavam com o que diziam os pastores, mas permitiam que realizassem os cultos no pequeno templo construído dentro dos limites de seu território. Enquanto isso, continuavam celebrando rituais e festas tradicionais, faziam guaxire (encontro entre as famílias em volta da fogueira) no qual dançavam e cantavam durante toda a noite, tomando chicha (bebida preparada a partir da fermentação do milho) e ouvindo as histórias contadas pelos velhos. Seu Jairo, rezador da aldeia, defendia que é possível que a comunidade conviva sem problemas com os crentes, desde que isso não interfira na essência de sua identidade. “Eu acredito em Jesus Cristo“, explicava ele, “mas na minha língua não digo Jesus Cristo, é Ñandejára. Deus olha pra todo mundo. Eu vou na igreja e o povo da igreja vem aqui. Se minha casa de reza é sagrada, a igreja de lá também é“.


Apesar de não se opor às ações da igreja, o rezador afirmava que não pretendia abandonar suas tradições, nem deixar de realizar rituais importantes como o Batismo do Milho e a Cerimônia de Nomeação das crianças. E elucidava a questão com uma metáfora: “Não penso em mudar meu jeito de ser. Já viu pintassilgo mudar o jeito dele? Não muda. O pintassilgo, aquele passarinho amarelinho, você coloca ele com o papagaio e vê se ele muda pro jeito do papagaio. Não, ele continua do mesmo jeitinho dele. Só que ele canta o cântico de todos os pássaros, ele sozinho“. Como este rezador, outros indígenas do Panambizinho me levaram a acreditar que é possível ao Kaiowá conviver com outras referências culturais, mantendo seu “jeito“ enquanto “canta o cântico de outros pássaros“. A escola indígena também é lugar de encontro entre duas culturas, com aulas em guarani e português unindo conhecimentos tradicionais com matemática, ciências, geografia e outras disciplinas. A computação é a preferida da turma. Mandar email e pesquisar no google são atividades que já fazem parte do cotidiano de muitos jovens kaiowá. No sábado alguns frequentam a Lan House do shooping para jogar ou checar os recados no orkut. O professores indígenas afirmam que a escola tem o objetivo de preparar as crianças da aldeia para o contato cada vez mais estreito com a sociedade não-índia. Os jovens descrevem que


estudar é a unica possibilidade de se prepararem para enfrentar as dificuldades econômicas da aldeia, pois assim podem disputar vagas de emprego na cidade. As mudanças econômicas são o grande desafio vivido por essa comunidade nas últimas décadas, pois na luta pela posse do territórios, as famílias não puderam mais subsistir somente com o que plantavam nas roças e o trabalho assalariado passou a ser uma alternativa. Muitos se dedicam a atividades remuneradas e isso configura uma nova organização social, já que o modo de vida baseado na coletividade foi sendo substiuído por maior individualismo e desigualdades entre os que têm e os que não têm salário e bens materiais. O movimento atual de aproximação à cultura não-indígena tem sido incorporado pelos indígenas que transitam em dois mundos diferentes, levando à formação de identidades pessoais mais plurais e menos fixas, que vêm confrontar qualquer tentativa de manter uma pureza cultural ou um absolutismo étnico. Hoje em dia, os problemas das comunidades indígenas são mais complexos que antigamente, exigindo que, além de possuírem a sabedoria tradicional, tenham também conhecimentos da cultura do não-índio. Os que se converteram à igreja pentecostal acreditam, por exemplo, que é possível, através dessa nova prática religiosa, resistir aos hábitos e comportamentos



“de branco“ que passaram a vigorar nas aldeias, como o alcoolismo, a rebeldia dos jovens e a violência crescente. Na Aldeia do Panambizinho, verifiquei que, para boa parte do grupo, a construção da identidade se dá numa dinâmica de arranjos que ocorrem entre a religiosidade dos antepassados e os desafios dos novos tempos. Assim, na singularidade do Kaiowá contemporâneo há a expressão de novos modos de ver o mundo que convivem com a história de seus ancestrais. Manter viva a memória coletiva dos antepassados é ressignificar esses valores, adequando-os aos tempos atuais, para que tenham sentido e orientem sua trajetória. Tal sabedoria e habilidade para lidar com os novos tempos são lições de vida que os povos originários – estes que por tanto tempo tentamos subjugar – nos ensinam hoje. Tolerância e aceitação da diversidade. Cantos de todos os pássaros que nós, os “brancos“, os do lado de cá, ainda não conseguimos aprender.



Egito Por Ana Junqueira











8 às 16hs 0 / 1 2 o ioste, 41 r U o Quand d l a Rua Osv e d n O tibaia. Centro - A Faixa Na Quanto -

ta Os s i l u a P ultural C o t i u - Circ O que fractaz 20h30 o c r i C - Jd. das o t 3RS – 8 n 0 e / 7 m i tec o-2 Quand ntro de Abas Paulista a Ce Onde - ade - Braganç id Fratern Na Faixa – Quanto

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Orq. m o c e r lo lc Dia do Fo Jaguari, e u io q R O o d Violeiros l a ip a Arcab, ic d n a u ir M e o p a Cris, Ca Baque Lu Leitura 17h30 s à 0 3 h Ônibus da 4 2/08 das 1 - Matadouro 2 o d n a Qu atadouro M a ç a r P Onde Paulista Bragança Na Faixa Quanto –



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