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Single ou álbum, eis a questão

Na era dos streamings, em que a entrega em conta-gotas parece ganhar de goleada, defensores do lançamento de um produto com mais canções também têm bons argumentos

de_ São Paulo

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Anitta: aposta nos lançamentos de singles com periodicidade determinada

Anitta: aposta nos lançamentos de singles com periodicidade determinada

Quem já aderiu ao modelo dedistribuição que mais cresce, o streaming, sabe: as playlists de serviços como Spotify, Deezer ou Apple Music viraram os lugares (virtuais) por excelência para apresentar novidades. E, como elas são alimentadas por singles, esse formato de entrega a conta-gotas ganha muita força. Mas defensores do álbum como produto mais longevo e rentável também têm seus argumentos.

“Lançar single tem um risco inerente. Se a faixa logo se esgotar, e o fã não tiver mais o que ouvir, vai deixar aquele artista e procurar outro que tenha novidade. Você gasta o dinheiro do marketing, do lançamento, e não captura o ouvinte”, diz Guilherme Figueiredo, diretor de marketing e digital da Som Livre.

Anitta tem apostado num modelo oposto, o full-single, com entregas acompanhadas de clipes. Ao estabelecer uma periodicidade para os lançamentos, ela contorna o esgotamento de que fala Figueiredo.

“A forma como o público consome música mudou muito. (Com singles), tenho feedback a cada projeto”, conta a cantora, que realiza adaptações nas seguintes entregas em função da resposta obtida, a fim de potencializar o sucesso de cada hit.

Diretor artístico da Midas Music, Helio Leite aposta no single para testar novos artistas independentes. Depois, parte para o álbum. “Com a Kell Smith e o Vitor Kley, lançamos single a single e, depois, gravamos outras para chegar ao disco, que torna mais rico e feito com menos pressão.”

Para Marisa Monte, não há antagonismo entre os dois modelos. “Álbum vem da albumina, a página em branco, a tabuleta de avisos que se botava na ágora da Grécia Antiga. Ou seja, você escreve e publica o que quiser: uma música, dez músicas. Em meio a tanta informação, tanto ruído, o grande desafio é ser ouvido. Não há fórmula única.”

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FORMATO PADRÃO NO FUNK E NO POP

Oriunda do funk e convertida ao pop, Anitta é o exemplo mais bem acabado de dois gêneros que privilegiam os singles. É o que opina Guilherme Figueiredo, da Som Livre: “A estratégia dela, de vincular singles e clipes, é excelente, foi inteligente na forma como empacotou um produto que, reunido, poderia perfeitamente ser chamado de álbum. O funk talvez seja hoje o último grande bastião do single, mas isso tem a ver com sua origem. Antes era caro gravar e lançar, então você lançava um a um e dependia de um agregador. O DJ Marlboro era um agregador, a Furacão 2000 também. A tradição se manteve.”

VEJA MAIS!

Num bate-papo exclusivo gravado ao vivo na sede da UBC, a cantora Lilian fala sobre seus lançamentos para 2018 e analisa a dicotomia entre singles e álbuns.

ubc.vc/Lilian