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A travessia de Arnaldo

O ex-titã vai a Portugal e volta com o DVD “Ao Vivo em Lisboa”, cheio de cores, sons e participações afetivas

por_ Fabiane Pereira ■ de_ São Paulo

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A ponte afetivo-cultural entre Brasil e Portugal tem bases sólidas, que sustentam um tráfego cada vez mais intenso de artistas nacionais em direção à Terrinha. Se Adriana Calcanhotto, Momo e Mariano Marovatto, só para ficar em alguns nomes, fizeram as malas e resolveram ir dar um tempo por lá, outros têm empreendido travessias que, embora rápidas, enriquecem as expressões musicais dos dois países. Arnaldo Antunes é um destes. Com participações de gente de alto quilate da cena lusitana, como a neofadista Carminho e o grupo de rock Clã, ele gravou shows da turnê “Já É” em sua passagem pelo belíssimo Teatro São Luiz, na capital portuguesa, agora transformados no DVD “Ao Vivo em Lisboa”, com lançamento físico e digital em maio.

“Já faríamos uma turnê por algumas cidades portuguesas, então aproveitamos para gravar também o DVD. Fazia tempo que eu não gravava um registro ao vivo, por isso me animei em fazê-lo no meio desta sequencia de shows e também porque fui seduzido pela possibilidade de ter os convidados que tive”, explica, referindo-se a Carminho e a Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves, do Clã. “Carminho é uma querida e uma artista muito talentosa. Já o Clã é parceiro de longa data.”

Portugal talvez seja o país, depois do Brasil, onde o artista mais se apresentou ao longo de sua carreira. “A relação do público português com minha obra existe há muitos anos. Já me apresentei por lá em todos os formatos; já lancei livro, a imprensa sempre me recebeu muito bem, e o público é muito interessado”, define Arnaldo, cuja sequência de trabalhos tem a energia necessária depois de um período sabático que ele tirou em 2014 e que inclui viagens por diversos países e um banho de culturas que influenciaram o álbum “Ja É”.

MAIS PONTES

O paulistano Arnaldo Antunes trabalhou pela primeira vez com um dos produtores mais requisitados do momento, o carioca Kassin, no álbum “Já É”, cujo título é uma conhecida gíria do Rio com múltiplos significados, sempre com a ideia de concórdia, conclusão. “Sempre quis trabalhar com o Arnaldo, sempre fui fã dos Titãs e da sua carreira solo. Quando recebi o convite, nem acreditei. Fizemos um disco lindo. O mais difícil foi selecionar o repertório, Arnaldo tem uma tonelada de músicas boas”, comentou o produtor ao site da UBC.

““Sempre tirei férias de no máximo um mês por ano mas na ocasião senti que precisava parar por um tempo maior, depois de uma sequência extensa de discos e turnês quase emendados”, relembra. Quando tiro férias, entro num período muito mais produtivo, talvez porque eu esteja mais aberto à criatividade e em um estado de disponibilidade maior”, contou à UBC.

Se fosse para continuar o que fazia nos Titãs, não saía da banda.”

Arnaldo Antunes

Arnaldo continua sendo aquele caçador de palavras que ajudou a transformar os Titãs em uma das maiores bandas do pop nacional. Em Já É – e, agora, no DVD português –, ele exercita seu talento para moldá-las e subvertê-las em composições próprias e parcerias com gente como Alice Ruiz, Marcelo Jeneci, Domenico Lancellotti, Davi Moraes, Carlinhos Brown, Marisa Monte. Uma explosão de cores e sons que mostra um Arnaldo multirreferenciado e constantemente inquieto. “Saí dos Titãs em 1992 para fazer algo diferente. Por isso meu primeiro disco solo, lançado em 1993, gerou tantos ruídos. Se fosse para continuar o que eu fazia na banda, não tinha saído dela”, comenta o artista, 16 álbuns solo no currículo, mais de 20 livros publicados e uma vasta obra poética que transcende a folha de papel, expressando-se pela música e as artes plásticas com igual destreza.

“Procuro sempre me renovar, não repetir as coisas que já fiz. Eu tenho essa vontade de estar sempre fazendo algo que é um desafio para mim e que renova minha carreira.”

LEIA MAIS! Arnaldo fala sobre a criação do álbum “Já É”, que deu origem ao novo DVD.

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