Revista Panathlon 3

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Editorial DESAFIO Desculpem-me os companheiros mais serenos, diplomatas, que sabem revestir sua indignação com as palavras elegantes da finesse de cavalheiros. Agora, quero dirigir-me a cada um, como um torcedor fanático, ou como um técnico desesperado, querendo sacudir sua equipe, que poderá ser derrotada. Ao constatar as maravilhas operadas, em todo o mundo, pela iniciação desportiva, nos corações rudes, nas condições de vida desestruturada, não agüento ficar calado diante do eco que sinto ao ouvir nosso lema “ludis jungit”, ao qual eu adiciono a sabedoria dos romanos,no adágio “mens sana in corpore sano”. Feita essa introdução, permitam-me tentar contagiá-los com nosso desafio. Nosso grande desafio em 2013, dentro do Distrito Brasil, é aumentarmos pelo menos vinte e cinco por cento, tanto em número de associados como em número de clubes. Em 2012, somente o clube de Taubaté cresceu e, por coincidência, vinte e cinco por cento, passando a ser o terceiro clube, em número de associados dentro do Distrito Brasil, enquanto que os outros estacionaram ou perderam associados; será que o voluntariado só fortalece na terra-berço de Monteiro Lobato ? Para o ano de 2015, Taubaté, através de um planejamento sério e bem elaborado, com muita motivação e união de forças, pretende conquistar o segundo lugar em número de associados dentro do Distrito Brasil, desalojando Sorocaba ou São Paulo destes postos. Conseguirá seu objetivo ? Sorocaba e São Paulo ficarão deitadas em berço esplêndido ? Juiz de Fora, Santos, Mococa, Jundiaí , São José dos Campos, como ficarão ? Vão

bater palmas ? Quanto a fundação de novos clubes, além de Taubaté, somente o clube de Sorocaba está colaborando com o Distrito, com contatos em Itapetininga e Tatui, enquanto os outros clubes estão vendo a banda passar ,mas aguardamos para este ano, que mostrarão que ,” quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, como diz a música de Geraldo Vandré. A Comissão Internacional de Expansão do movimento panathlético, acaba de lançar o slogam : “ cada sócio – um novo sócio ”; “ cada clube – um novo clube “ , também preocupados com a expansão do movimento panathlético no mundo, de nossa parte, pretendemos trabalhar muito para a consecução dos objetivos do Panathlon Internacional e, gostaríamos que cada presidente de clube motivasse os seus associados na busca de novos companheiros associados e na fundação de novos clubes junto às cidades vizinhas dos mesmos. Este tema será muito debatido na próxima Assembleia Distrital e Congresso Nacional, a serem realizados no período de 04 a07 de Abril deste ano, em Taubaté, além do tema “ O legado imaterial que os mega eventos “ COPA DO MUNDO DE FUTEBOL – 2014 “ E “ OLIMPÍADA DO RIO DE JANEIRO – 2016 “ deixarão para o país “ e os desafios serão colocados à prova. Se fazemos parte de um movimento, onde somos um clube de Amigos, de Ações, de Cultura , de Ética e Ideias em prol do desporto, da atividade física, da educação física e pelo desenvolvimento ético, cultural e de “ Fair Play “ de todas as modalidades esportivas e paraesportivas , não podemos nos deixar abater e batalharmos com afinco pelo lema de nossa causa “ LUDIS IUNGIT “ O ESPORTE UNE .

Presidente dos Clubes Panathlon Internacional – Presidente- Giacomo Santini Past President – Enrico Prandi Vice Pres. Internacional – Sebastião Alberto Corrêa de Carvalho Secretário Geral – Leo Bozzo Membros de Honra - Antonio Spallino / Jean Presset / Henrique Nicolini Distrito Brasil – Presidente – Wiliam Saad Abdulnur Presidentes dos Clubes Brasileiros Bebedouro – Edson K. Sakomura Campos do Jordão – Marcos Luiz de Souza Mello Cosmópolis – Ricardo Alves Cruzeiro – Luiz Flavio de Oliveira Cubatão – Carlos Alberto Cruz Itapira – Vladen Vieira

Juiz de Fora – Juarez de Carvalho Venâncio Jundiaí – Julio Cesar Lamarca Mococa – Marcos Donizetti Machado Mogi Mirim – Ricardo Antonio Martiniano Piracicaba – João Francisco Rodrigues Godoy Porto Alegre – Carlos Guilherme Pinheiro Recife – Fortunato Russo Sobrinho Ribeirão Preto – Ayres José Pereira Santa Barbara D’Oeste – Americana – Denis Modenese Santo André – Roberto Nasser Turcão Bartoli Santos – Wagner Bessa Teixeira São José dos Campos – Kátia Rieira Machado São Paulo – Aristides Almeida Rocha Sorocaba – Pedro Roberto Pereira de Souza Taubaté – Rinaldo Gobbo Ubatuba – José Luiz Bittencour Junior


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O Esporte e a Inserção Social dos Excluídos: Contribuição do Panathletismo Introdução

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inclusão social e profissional de grupos populacionais minoritários e o incremento de mecanismos e ações procurando uma maior representação política destes, facilitando o acesso aos serviços essenciais (saúde, educação, saneamento) e a outros equipamentos urbanos (transportes, lazer, condições para a prática desportiva etc.) constituem direito inalienável dos cidadãos e devem contemplar as prioridades das ações inseridas nas agendas governamentais. Contudo, os fatores de natureza sócio-econômica determinantes no perfil e modo de vida dessas populações e comunidades, e que caracterizam as disparidades entre o acesso e a qualidade dos serviços oferecidos pelo Estado, e que fundamentalmente são pagos por parcela da própria população mediante taxas e impostos, (estes que no Brasil situam-se em patamares dos mais elevados do mundo), prejudicando também algumas etnias discriminadas (afro-descendentes, indígenas) e ainda outros segmentos como os portadores de alguma deficiência, necessitam ser melhor compreendidos e analisados. Observa-se que os avanços trazidos pela tecnologia e globalização paradoxalmente estão contribuindo à redução da disponibilidade do número de empregos e a uma crescente marginalização de contingentes cada vez maiores da população em todo o mundo. Entretanto, esta dramática situação, ao que parece está provocando como contra facção, uma maior preocupação sensibilizando as autoridades e a sociedade civil para a rápida perda do poder aquisitivo, diminuição de potenciais mercados consumidores, deterioração da

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qualidade de vida, aumento da insatisfação das populações e crescimento da criminalidade. Na abordagem desse tema tão atual dois aspectos são evidentes: discriminação e racismo (palavra de origem inglesa racism e do francês racisme) que sustenta a superioridade de certas raças. Discriminase pela condição econômica, por ser deficiente; por ser homossexual; por ser de baixa estatura e às vezes por ser muito alto; por ser gordo ou excessivamente magro. Estabelecem-se juízos de valores e se hierarquizam segmentos populacionais e/ou pessoas individualmente. Muitas vezes pratica-se o racismo e a intolerância com este ou aquele povo, ou etnia; judeus, árabes, afrodescendentes, índios, sem terra, moradores de rua. Esses conceitos segregacionistas atuam como uma modalidade de violência afetando como mencionado, uma ampla gama de pessoas denominadas de minorias. O racismo como se depreende dessas considerações é um fenômeno sócio-cultural decorrente de concepções orientadoras de ações influentes em um dado processo relacional, visando intencionalmente categorizar as pessoas envolvidas nas interações sociais, e manter desigualdades. O que se observa de concreto é que o problema da exclusão dos menos favorecidos, e a necessidade de sua inclusão social vem merecendo, principalmente a partir da última década do século XX, a atenção da sociedade civil e dos governos, seja nos países desenvolvidos, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento A Dimensão da Exclusão Social na Cidade de São Paulo Embora o território brasileiro tenha dimensões


continentais e apresente peculiaridades regionais, uma idéia geral do problema da exclusão social pode ser, por exemplo, obtida analisando dados referentes às características da população na Região Metropolitana de São Paulo. Esta que recebendo pessoas de todo o Brasil e do Exterior, originários das mais diversas culturas, conforma atualmente um universo de cerca de 20 milhões de habitantes. Nesse contexto percebe-se que a problemática da exclusão social é complexa, e bastante delicada estando longe de ser rapidamente equacionada. Diversos estudos indicam que nesse cenário, ao redor de 9 milhões de pessoas vivem abaixo de um padrão desejável de vida; baixa renda, dificuldades de acesso a educação, saúde, saneamento, habitação, transporte, lazer. A caracterização sócio-econômica dessa população é feita utilizando o Índice de Exclusão/Inclusão Social (IEX). Esse índice tem por base o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) que foi ampliado, utilizando-se 47 variáveis que os autores chamam de “utopias”, e que foram agregadas em quatro grandes grupos, a saber: Autonomia (renda do chefe de família, oferta de emprego); Qualidade de vida (acesso a serviços como saneamento, saúde, educação, densidade populacional, conforto domiciliar); Desenvolvimento humano (nível de escolaridade dos chefes de família, longevidade, mortalidade infantil e juvenil, violência); Eqüidade (grau de concentração de mulheres na condição de chefe de família). Esses indicadores receberam notas decimais negativas e positivas, variando de –1 a 1 sendo o zero definido como o padrão básico da inclusão social. Na cidade de São Paulo abrangendo 96 distritos, de acordo com os dados do Mapeamento da Exclusão publicados por Claudia Izique, na Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o pior índice –1 foi registrado no Jardim Ângela; o melhor +1 em Moema e na Vila Jaguara o índice zero qualificado como desejável. Procedendo a rápidas digressões sobre os dados desse importante levantamento verifica-se que em 74 dos 96 distritos da capital paulista, devido à deterioração resultante da ausência ou inadequação das políticas públicas, a vida

se torna de má qualidade havendo exclusão social, óbices agravados pela carência de equipamentos sociais e falta de planejamento gerando profundas desigualdades intra-urbanas. Este é o cenário no qual deverão ser implementadas ações no sentido de minimizar o gradativo afastamento de parcela da população menos favorecida, os excluídos. Realmente se as intervenções não acontecerem em breve espaço de tempo é inegável que a violência crescerá, pois esta associa-se aos problemas da pobreza, uso abusivo de bebidas alcoólicas, consumo de drogas e corrupção, males que insistem em assolar a sociedade moderna não só em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, mas também nos desenvolvidos.

O Esporte Como Fator de Inclusão Social

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esporte além de lenitivo terapêutico, lazer e fator de saúde é também manifestação de cultura e elemento disciplinador. Quanto aos benefícios da prática do esporte como fator de inclusão social, posso dar dois testemunhos. O primeiro de caráter pessoal, pois portador de deficiência física, advinda da poliomielite, com seqüela irreversível desde 1,5 ano de idade, foi por meio de atividades esportivas praticadas coletiva e individualmente, que consegui superar mazelas e complexos, atenuar vicissitudes, e ultrapassar os difíceis períodos da infância e sobretudo da juventude, atingindo a fase adulta plenamente inserido em sociedade, exercendo a cidadania e deixando de ser um excluído. O segundo refere-se ao acontecido nos anos 80 do séc. XX, quando eu exercia a docência na Faculdade de Engenharia Mauá na região do ABC, em São Paulo, época na qual a diretoria da escola estava preocupada com a agressividade dos alunos e os constantes confrontos. Resolveram então os dirigentes construir um complexo desportivo. Com satisfação observou-se que já ao final do primeiro mês de uso das instalações, a prática esportiva induziu ao relacionamento muito mais amistoso entre os alunos, praticamente eliminando os enfrentamentos, havendo sensível melhora

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no aproveitamento escolar. No que diz respeito à sociedade em geral, as notícias na mídia são pródigas em informar que o desenvolvimento de programas e mesmo de atitudes esparsas conduzidas por sociedades civis e religiosas, propiciando a oferta de equipamentos destinados à prática desportiva e a orientação de políticas públicas e programas bem conduzidos no setor, concorrem para disciplinar, afastar das drogas, diminuir atos de vandalismo, e reduzir ações predatórias sobre os próprios públicos; enfim levando à socialização das crianças, jovens e adultos e ao pleno exercício da cidadania. Percebe-se, pois que o esporte, além do fator saúde, ao melhorar a função corpórea e reduzir o estresse, (este que é o grande mal da sociedade urbana moderna), tem também por objetivos: Ensinar a viver em sociedade; educar para viver junto; perceber a importância de aceitar os desiguais; fazer aprender a ganhar e a perder; reconhecer o melhor e o mais apto; e ainda mostrar ser necessário respeitar o mais fraco e o inábil. Conclui-se que sob variados aspectos o esporte como ciência e disciplina constitui uma verdadeira “ferramenta” a ser usada no esforço para a inserção social do indivíduo excluído. Quando o poder público, de algum modo, propicia a prática desportiva, esta adquire o “status” inerente a qualquer outro “equipamento urbano” (saúde, educação, saneamento) fundamentais à qualidade da vida do ser humano. Insere-se pois, na premissa da Organização Mundial da Saúde ao enfatizar que “saúde não é só a ausência de doença, mas o completo bem estar físico e mental de cada indivíduo”. Estas condições só poderão ser plenamente satisfeitas se a todos os cidadãos for proporcionado ou facultado usufruir e ter acesso à totalidade dos “equipamentos urbanos” incluindo, portanto, o esporte ou as facilidades para a prática desportiva.

A Contribuição do Panathletismo

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Panathlon surgido em 1951 na cidade de Veneza, na Itália catalisou em uma reunião de amigos as forças potenciais dedicadas ao esporte

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gerando um movimento, que difundido no território italiano, espalhou-se pela Europa , África e Américas, tornando-se de imediato em um intransigente sodalício defensor do esporte ético. O Panathlon, de outra parte, apoia também de maneira integral as resoluções emanadas da UNESCO contidas no Manifesto do Fair Play, publicado no Boletim nº 2/76 da Federation Internationale d’ Education Physique, que preconizam, dentre outras, ações destinadas a fortalecer o esporte e facilitar a participação em atividades esportivas a todos os segmentos da população, sem distinção de raça, cor ou situação econômica. O movimento panathletico consubstanciado nos inúmeros clubes em vários países, como os do Distrito Brasil, tem entre seus objetivos empreender esforços visando facultar o esporte para todos indiscriminadamente. Portanto discutir em profundidade o tema da inserção social dos excluídos e a possível contribuição do movimento panathlético, é de extrema importância. De fato é emblemático, ressaltar por exemplo que a Carta Magna do Panathlon Club São Paulo tem como um dos princípios; “a afirmação dos ideais esportivos e de seus valores morais, como instrumento da solidariedade entre os homens e os povos”. Assim pois, o movimento panathlético agregando os vários segmentos desportivos, um verdadeiro senado dos esportes, não pode deixar de estimular o desenvolvimento de programas e projetos que visem contribuir para o processo de inserção social dos excluídos por meio do esporte, influenciando na formulação de políticas públicas destinadas à regulamentação do setor esportivo. Nesse sentido verifica-se que os clubes Panathlon do Distrito Brasil através de atividades isoladas ou em conjunto, por meio de parcerias (com entidades governamentais, ONGs e outras) tem contemplado alguns segmentos do estrato populacional considerados minoria, como o é o caso dos deficientes e de pessoas carentes.


O esporte como meio de inclusão social - O exemplo com as pessoas

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ONU definiu 1981 como o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, e conseguiu envolvendo a maioria dos seus países membros nos cinco continentes, atingir e colocar em pauta e de forma incisiva as questões referentes aos direitos e a efetiva inclusão dessas pessoas. Nas três décadas vividas desde então o assunto tem sido focado em todas as atividades humanas. Espaços foram conquistados em todos os segmentos da sociedade com destaque para as questões referentes a acessibilidade, educação, trabalho, saúde, transportes, cultura e, como não poderia ser diferente, à educação física, esporte e o lazer. No Brasil ao comemorarmos os 30 anos do AIPD, é visível a importância e a contribuição que as atividades físicas e esportivas deram ao processo de busca e consolidação da cidadania das pessoas com deficiência em nosso país. Não podemos, por justiça, deixar de registrar o trabalho de abnegados profissionais das diversas áreas de atuação envolvidos, entre eles os professores de educação física. Atuando na maioria das vezes de forma voluntária e silenciosa, eles representam um marco nesse processo que propiciou uma guinada no entendimento, na percepção e no reconhecimento por parte da maioria de nossa população das potencialidades das pessoas com deficiência. Até fins dos anos 80 muitos profissionais de Educação Física, mesmo oriundos de instituições de ensino superior que praticamente ignoravam a questão das pessoas com deficiência no seu processo de graduação, já viam e entendiam com determinação e competência as possibilidades de inserir e incluir socialmente essas

pessoas ao propiciar e garantir o acesso às atividades físicas, esportivas e de lazer. Conseqüência da formação acadêmica vigente até meados dos anos noventa ainda temos, principalmente no ensino fundamental e médio, muitos profissionais da Educação Física com dificuldade em aceitar e trabalhar com a diversidade. Sem sombra de dúvida, as ações desenvolvidas nesses trinta anos foram e continuam sendo importantes na quebra dos paradigmas e na eliminação dos preconceitos que se dá a partir de uma vivência integral e inclusiva que necessariamente começa nas escolas. Da convivência entre crianças, jovens e adolescentes, com ou sem deficiências, no ambiente escolar surgem as oportunidades para que sejam revertidas as situações que, há muito tempo, apenas reforçavam preconceitos e equívocos. Sem dúvida alguma é esse o momento adequado de oportunizar a prática esportiva para os alunos com deficiências, com os professores de educação física eliminando e substituindo muitos mitos: da incapacidade pela capacidade, da baixa estima pela auto-estima, da exclusão pela inclusão. Certamente a maior vitória nesse processo será a contribuição para formação de cidadãos mais conscientes, justos e solidários. E é nesse contexto que o esporte torna-se uma das mais importantes ferramentas de inclusão social. A atuação de grandes lideranças das pessoas com deficiência e de profissionais de Educação Física nos últimos 30 anos contribuiu decisivamente no processo de implantação e desenvolvimento do esporte paralímpico em nosso país e foi fundamental nos resulta-

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dos que permitiram ao Brasil chegar como a sétima potência mundial nos Jogos Paralímpicos de Londres - 2012. Fica muito claro que o esporte é uma das melhores formas de ação que um país tem para desenvolver sua cidadania. E mais claro ainda que essa atividade precise, necessariamente, ser desenvolvida a partir da escola quando temos em mãos crianças e jovens em fase de formação. Por meio do esporte em sua vertente educacional, escolar, ganhamos todos. Teremos cidadãos mais conscientes, com noções claras de companheirismo, respeito a regras, entendimento de vitórias e derrotas e correto desenvolvimento corporal em todas as suas valências: coordenação, agilidade, flexibilidade, força, etc. E, naturalmente o esporte de rendimento terá muito mais facilidades de identificação e aperfeiçoamento de talentos. Por questões políticas e conceituais, a partir de 1985 houve em nosso país uma “satanização” do esporte na escola. Alguns profissionais renomados disseminaram com grande competência e de forma muito influenciadora as teses de que o aprendizado da atividade esportiva na escola seria inadequado. Entre as afirmações mais contundentes temos a do Professor Valter Bracht, em 1986, que afirma “A CRIANÇA QUE PRATICA ESPORTE RESPEITA AS REGRAS DO JOGO... CAPITALISTA”. O entendimento equivocado desse e de outros conceitos semelhantes, repetido por outros profissionais nas diversas Universidades e Faculdades formadoras de profissionais de Educação Física pelo Brasil afora, contribuiu de forma decisiva na desestruturação do esporte escolar brasileiro. Como conseqüência há mais de 20 anos o Brasil não conquista uma única medalha de ouro, prata ou bronze nas provas individuais de velocidade nas pistas dos Jogos Olímpicos. A última foi ganha por Robson Caetano em Seoul – 1988. Como entender que tenhamos, em 2012, recordistas mundiais e medalhistas em velocidade nas provas de 100, 200 e 400 metros nos Jogos Paralímpicos? Terezinha Gulhermina, Lucas Prado e Daniel Silva, ce-

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gos e mais Yohansson Ferreira, deficiente físico são recordistas e medalhistas. Os quatro passaram pelas escolas regulares brasileiras nos últimos 20 anos e, somente foram identificados e iniciados nos esportes por observação de professores que atuam com pessoas com deficiência. E todos após os 17 anos de idade. Daniel, primeiro cego no mundo a correr 400 metros abaixo de 50 segundos, ficou cego por acidente aos 23 anos e aprendeu atletismo aos 27 anos de idade. Com 32 bateu o recorde mundial nos Jogos Para Panamericanos de Guadalajara - México em 2011. Com quarenta anos de atuação na Educação Física voltada para a escola, tenho clareza absoluta para expor meu ponto de vista. Sem a atividade esportiva nas aulas de Educação Física, nossos professores perderam o poder de observação das crianças e jovens e com isso a virtude que tínhamos em detectar talentos. Em nenhum momento afirmo ou entendo ser papel da escola a formação de atletas. Nem tampouco cabe a escola formar artistas, cientistas, etc. Cabe sim aos educadores verificarem, incentivarem e encaminharem potencialidades. Isso é a forma mais inclusiva que uma sociedade pode ter. A partir da escola se identifica e oportuniza a formação individual e a cidadania. Pelo que temos visto em nossa sociedade nos tempos presentes essa perda da visão identificadora da escola não se restringiu aos esportes. Estamos perdendo muito mais que isso. O comportamento ético que o diga.


A história de doping se repete

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termo integridade no esporte remete-nos a lisura, imparcialidade, honestidade do atleta. A integridade está ou não inserida no caráter do indivíduo. Através da educação familiar e formação educacional o atleta se apresentará íntegro na sociedade. Quando a atividade esportiva é maculada, desviada de sua finalidade, constatamos a esporte censurável, a desonra a falta de integridade no Esporte. Observando o comportamento humano no que diz respeito a competições esportivas, os atletas tendem a repetir erros do passado em razão de fatores pessoais. Quer seja em busca do poder, riqueza, fama, performance, e outras aspirações, os indivíduos não respeitam sua natureza humana, passam por cima da elementar e saudável regra de competições disputadas com honestidade e dignidade. Estes contumazes atletas não se importam em obedecer limites da lei natural da criação, mesmo tendo a consciência do ilícito, conhecimento do prejuízo futuro para sua saúde e comprometimento dos semelhantes também envolvidos nas tramoias, maculando a imagem dos esportistas. Deparamos com o caso recente de doping pelo ciclista americano Lance Armstrong, que usava substâncias proibidas não só para si, mas também fornecia para companheiros de equipe. Graças esta trapaça conquistou sete vezes o título de campeão da famosa Volta da França. Em Outubro de 2012, a União Ciclística Internacional acatou decisão da Agência Americana Antidoping – Usada, e, além de cancelar os títulos de Armstrong, e baniu-o de qualquer atividade esportiva profissional. A dura decisão arrazou a reputação da carreira esportiva do então campeão. As perdas serão infinitas,

econômica, moral e psicossocial, destronando o homem que exibia compleição física privilegiada, força, vigor, tenacidade, que superava os adversários em todas as competições, enganando-se a si mesmo pelo uso contínuo de drogas. Outro aspecto ação negativa praticada pelo atleta está relacionado ao fair play, elemento essencial a toda atividade desportiva, componente dos ideais do Panathlon Internacional. O atleta não foi imparcial, demosntrou não ter espírito desportivo, teve comportamento desigual, inidôneo e antiético. Se voltarmos para Setembro de 1988, também verificaremos que outro atleta de renome trilhou pelo mau caminho. O canadense Ben Johnson, considerado o homem mais rápido do mundo, vencia os 100 metros rasos com o incrível tempo de 9 segundos e 79 centésimos, se tornara campeão olímpico em Seul. O orgulho do grande feito caiu por terra no dia seguinte quando a notícia do maior escândalo de doping da histónia do esporte veio à tona. O fato repercutiu pelo mundo, e ele perdeu não só a medalha de ouro e prestígio público, mas foi banido do esporte. Para ficarmos com apenas estes dois exemplos, a fraude que aumentava a força e a potência dos músculos destes atletas, destronou a efêmera glória dos gigantes dos pés de barro. Que este caso sirva de exemplo e para reflexão de nossos atletas que se preparam para as competições internacionais, jogos da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada que ocorrerá no Brasil em 2016. A complexidade do tema por envolver interesses financeiros pessoais e coletivos será sempre acompanhado por organismos internacionais preocupados em proteger as boas práticas e a integridade desportiva.

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A primeira medalha de Nelson Prudêncio

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notícia do falecimento de Nelson Prudêncio, amplamente divulgada pelos principais veículos do país, deve ter consternado profundamente os esportistas da velha guarda, mas acredito que muito poucos tanto quanto eu. Vejam porque: No início do segundo semestre de 1949, após um concurso que envolveu toda a rede estadual do ensino profissional, assumi a cadeira de educação física da Escola Industrial Prof. Antenor Soares Gandra, de Jundiaí, estabelecimento em que permaneci até o início dos anos 60, para assumir, como jornalista, a chefia da área de Relações Públicas e Assessoria de Imprensa do Departamento de Educação. A escola que encontrei era recém-fundada e ultraprecária em termos de instalações. Localizava-se naquela época no final da Rua Barão de Jundiaí, a principal da cidade, local que o povo da Terra da Uva chamava de “escadão”, um morro que conectava a parte alta com a parte baixa da cidade. Não havia na “Industrial” nenhuma instalação apropriada para que fossem ministradas as aulas de esportes. Antes que, através de campanhas, fosse possível a construção de uma quadra de voleibol e basquete, havia apenas condições para sessões de ginástica e, quanto á parte recreativa, o futebol de salão. Entretanto, dificilmente se encontraria hoje, mais de sessenta anos depois, um entusiasmo tão grande dos alunos, garotada animada que “curtia” com satisfação (e alarido!) a hora de ir para aquele simplório pátio de terra, não pavimentado. Toda a agitação era canalizada para diversas ações de planejamento, mas principalmente o Campeonato Interno de Futebol de Salão. Nestes, um dos que mais

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se destacou entre aqueles garotos super animados não era chamado pelo nome de batismo – Nelson Prudêncio – mas por seu apelido, “Pelé”, personagem que naquela decisão estava na ribalta do cenário esportivo nacional, após brilhante atuação no mundial da Suécia. A habilidade de Nelson “Pelé” foi tão grande que ele e sua turma acabaram sendo campeões daquele torneio que envolvia todos os alunos da escola. Coube a mim, na solenidade de encerramento (prestigiada pelo diretor e pelo corpo docente), entregar a “Pelé” uma medalha pequenina, ofertada por mim para toda a equipe e adquirida na banca modesta do Panelli (depois grande fabricante de troféus), numa portinha da rua do Seminário, bem perto da Av. Casper Líbero, onde A Gazeta Esportiva estava instalada antes de se mudar para a Avenida Paulista. A estima por aquele grupo de garotos continuou firme em mim, mesmo quando, após a formatura, cada um seguiu o seu destino. Lembro-me do nome de muitos alunos ainda hoje, mais de meio século depois. Na década de 1960, a municipalidade jundiaiense construiu um estádio. Ele localizava-se ao lado do pavilhão da Festa da Uva, e possuía uma pista ao lado. O objetivo foi dar brilho aos Jogos Abertos do Interior que a cidade iria sediar. Um dia, passando por lá, vi que Nelson Prudêncio estava treinando no tanque de saltos. Fiquei sabendo com alegria que ele havia se matriculado como aluno na Escola de Educação Física de São Carlos, onde começava a registrar muito bons resultados na prova do salto triplo.


Tendo um currículo para vir a ser mestre diante de um torno mecânico ou uma fundição de metais (profissão que chegou a exercer), ele decidiu seguir o outro destino. O palito de fósforo das aulas de educação física havia acendido a fogueira. O máximo de sua carreira aconteceu em 1968, na Cidade do México, quando, com um salto de 17,27, bateu o recorde mundial da prova. Ele já havia superado um dos favoritos, o italiano Giuseppe Gentile, que em um salto anterior dentro da mesma prova também tinha batido o recorde mundial, com 17,22. Entretanto, quando a competição estava praticamente encerrada, no último salto, para surpresa geral, o representante da União Soviética, Viktor Saneyev, obteve a performance de 17,37. Ele tirou do brasileiro a medalha de ouro, numa prova em que os três ocupantes do pódio haviam obtido o recorde mundial. Nelson Prudêncio ficou com a medalha de prata. Esta foi uma das provas mais fantásticas da história do atletismo, na qual o recorde mundial havia sido batido por sete vezes. É verdade que a altitude da Cidade do México contribuiu para boas marcas técnicas obtidas em provas de saltos e velocidade, também contemplados com recordes mundiais. A primeira experiência internacional de Prudêncio aconteceu um ano antes, em 1967, nos Jogos Panamericanos de Winnipeg, no Canadá. O autor destas linhas teve uma oportunidade de torcer por seu exaluno quando cobriu para A Gazeta Esportiva os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Lá ele obteve medalha de bronze para o nosso país e saltou 17,05. As condições da altitude da Alemanha não eram as mesmas do México. No ano anterior, ele havia participado dos Jogos Pan-americanos (1971, Cali, Colômbia) e havia obtido a medalha de prata. A carreira de atleta de Nelson Prudêncio foi até 1975, quando ele saltou na mesma prova do Pan-americano do México, em que João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, conquistou o ouro e o recorde mundial, com um salto de 17,89. Prudêncio ficou com o quarto lugar, mas o Brasil continuava com o cetro mundial do salto triplo, predomínio que durou mais de dez anos. João do Pulo faleceu em acidente automobilístico.

Mesmo parando de competir, Nelson Prudêncio continuou dando sua contribuição ao esporte. No início do terceiro milênio, quando Nádia Campeão era Secretária Municipal de Esportes, ela lançou uma campanha para São Paulo ser sede dos Jogos Olímpicos de 2012 ou 2016. Foi Nelson Prudêncio que presidiu uma Assembléia com esse objetivo, realizada no SESC Pompéia e com a presença de mais de 500 pessoas selecionadas entre dirigentes de confederações nacionais, federações estaduais, clubes e personalidades do governo e imprensa. Naturalmente, este almejo encontrou a eterna barreira de Carlos Arthur Nuzman, que conseguiu anular toda aquela unanimidade construída por Nádia. Ele doutorou-se na Universidade Federal de São Carlos e, mais tarde, ocupou o cargo de vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo. Foi um dos maiores incentivadores para que Maurreen Maggi conquistasse o também ouro olímpico. O último contato que tivemos com o amigo e exaluno foi há dois anos, quando a seu lado o vimos plantar sua árvore no Bosque da Fama, bem perto da de outras que homenageavam Adhemar Ferreira da Silva e João do Pulo. Este bosque de celebridades fica bem atrás de uma pista de atletismo da Secretaria Municipal de Esportes, na Rua Pedro de Toledo. O esporte é um grande propulsor do prestígio de um país e da amizade entre as pessoas, como foi deste jovem, que partindo de uma escola humilde, atingiu o ápice, não só da performance técnica como do reconhecimento humano. Descanse em paz Nelson Prudêncio.

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Ibirapuera é inegociável Os esportistas mais esclarecidos de São Paulo receberam com desaponto, e de certa maneira estupefatos, o projeto do orçamento de 2013 destinado à Secretaria Estadual de Esportes, que de 0,1% em 2012 (isto é, a décima parte de um por cento), foi ainda reduzido para 0,09% (nem sei como se escreve este número por extenso). Nem foi lembrado na proposta orçamentária que teremos os Jogos Olímpicos de 2016 e que grande parte do preparo dos atletas paulistas que participarão daquele mega evento será realizada em São Paulo. Outra notícia ainda mais estarrecedora é a de que consta na Assembléia Legislativa o projeto de lei nº 650, que coloca à venda 550 imóveis do patrimônio público. O dinheiro arrecadado irá para a Companhia Paulista de Parcerias (CPP). Está incluído nesta lista o Conjunto Constâncio Vaz Guimarães, do Ibirapuera, o qual abrange o Ginásio Geraldo José de Almeida, o estádio de atletismo e ciclismo Ícaro de Castro Mello, o Ginásio Mauro Pinheiro, a piscina Caio Pompeu de Toledo e outros logradouros. Nada contra a CPP, que junta o capital privado ao público para novas ações. É uma iniciativa até louvável, mas nela incluir justamente o Conjunto do Ibirapuera é uma coisa inaceitável e que revela a pobreza de visão de políticos quanto à significação cívica do esporte, bem como a sua contribuição para a educação e a saúde do país. Por maior que seja a sua destinação, nunca será melhor e mais importante do que a que está ou deveria estar acontecendo presentemente. O verdadeiro problema está na política estadual oferecendo a pasta do Esporte como mercadoria de troca, como prêmio de consolação para contentar partidos aliados que estariam sendo marginalizados na

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acomodação política pós eleitoral. Estes partidos também se encarregam de nomear seus caciques. A maioria nunca vestiu o uniforme de uma equipe esportiva, nunca entrou em uma competição colegial ou de federações. Este fato cria um grande problema de gestão em que o interesse do esporte deixa de ocupar o topo das metas. Quando a escolha do comandante é alguém efetivamente ligado ao esporte, suas decisões ganham grande destaque e eficiência. Tivemos no passado Sylvio de Magalhães Padilha, o verdadeiro construtor do esporte do Estado. Mais recentemente Lars Grael, por ser também oriundo de competições, teve uma gestão excelente. A falta de amor ao esporte fez com que os inesquecíveis campeonatos colegiais de outrora, que mobilizavam a juventude e a mantinha longe das drogas, fossem marginalizados. A conquista da sede dos Jogos Abertos do Interior antigamente era motivo para uma municipalidade construir uma arena esportiva, e um campeonato de fanfarras era razão suficiente para que em cada escola aparecesse um grupo musical. Quem, como nós, acompanhou, conviveu e participou de tanto idealismo pelo esporte não se conforma em ver no futuro um patrimônio como o Ibirapuera em mãos incógnitas. Nos dias atuais, na Secretaria Estadual de Esportes parece que tudo gira em torno de dinheiro. A Federação Aquática e outras entidades que se abrigavam no Conjunto do Ibirapuera foram despejadas e as suas instalações somente são cedidas a pagamento, mesmo que se destinem a eventos esportivos amadores, sem fim lucrativo. A pasta dos Esportes é diferente das demais, é um caso a parte, e não pode ser atribuída a quem não seja esportista, a quem não lute por ela.


Professor e treinador de esportes responde às questões levantadas por estudantes de Educação Física. P 01 - O que é a consciência humana? R 01 - Se entendida sob o aspecto filosófico/religioso, é o espírito, a “Inteligência viva”. P 02 - O que é a mente humana? R 02 - Se entendida sob o aspecto filosófico/religioso, é o espírito, a “Inteligência viva”.

se formos bem sucedidos passaremos (morte) a um nível SUPERIOR, tal qual como ocorre aqui – Jardim da Infância, Fundamental, Médio, Superior, Pós Graduação, Mestrado, Doutorado.......................... . P 06 - Qual o sentido da vida para você? R 06 - Respondida na 05.

P 03 - Você acha que a mente humana pode influenciar os processos fisiológicos? Caso afirmativo, de que forma? R 03 - Entendida como a “inteligência viva”, ou seja, a capacidade de discernira perspicácia, a mente humana certamente pode influenciar os processos fisiológicos. Como? – pelo poder de análise e a partir daí, a busca dos caminhos certos.

P 07 - Você acredita que vive integralmente seu momento presente ou preocupa-se excessivamente com seu passado e/ou seu futuro? R 07 - O passado serve para reflexão e exemplos. O presente é como dizia Anatole de France, “árido e turvo e o futuro ninguém conhece”. Mas o fato de não conhecermos o futuro não impossibilita que no presente plantemos boas sementes, a fim de que possamos depois, colher frutos benditos.

P 04 - Você acha que podemos ser vítimas de nossas emoções? Acredita que as emoções possam produzir saúde ou doença? R 04 - A emoção é uma perturbação passageira. Se o ser humano for dotado de “inteligência viva”, será, consequentemente, senhor de suas emoções, mantendo dessa forma o equilíbrio de suas funções orgânicas, equilíbrio esse que se traduz por “saúde”.

P 08 - Você acha que tem controle sobre a sua mente? R 08 - Até o limite da minha inteligência.

P 05 - Você pensa no sentido da vida? R 05 - A vida é um CURSO, fazemos o exame de admissão –“nascer”, e como um rio, vamos percorrendo os caminhos que se apresentam, buscando superar obstáculos, aprimorando as conquistas, tendo sempre em mente que, ao chegarmos ao final desse CURSO,

P 09 - Você acha que concede atenção ao seu corpo e a sua mente de forma equilibrada? R 09 - Assim tenho procurado agir. P 10 - É possível treinar o corpo? É possível treinar a mente? R 10 - Sim, para as duas questões. P 11 - Você acha que um atleta que medita e treina sua atenção pode ter sua performance melhorada? R 11 - Sim.

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P 12 - Você acha que a falta de percepção de um sentido de vida pode gerar estresse, ansiedade e depressão? R 12 - “A ausência de sonhos é o limite da própria vida” (Prof. Ms. Dr. Antônio Boaventura da Silva – o Papa da Educação Física do Brasil) e a vida sem sentido já é por si só, um estresse. P 13 - Do que você tem medo? R 13 - De ter medo. P 14 - Descreva sua forma de perceber Deus. R 14 - A INTELIGÊNCIA MAIOR, o ÚNICO efeito sem causa. P 15 - O que você sabe sobre psiconeuroimunoendocrinologia? R 15 - O cuidado com a saúde do ser humano como um todo.

P 16 - Você sabe para onde sua vida está sendo direcionada? Tem controle sobre ela? R 16 - Sim, eu e ELE. P 17 - Você poderia definir o que são práticas de integração corpo e mente? R 17 - A Educação Física, como deveria ser entendida e praticada. Não o que se vê por aí. P 18 - A fé pode beneficiar as pessoas em geral e os atletas em especial? Justifique seu pensamento. R18 - Só como crença/certeza, inteiramente pessoal. Ou você acredita no que faz, e por que faz – “inteligência viva”, ou a fé é só uma palavra a mais. E.A.A.C.

O que queremos? Para onde vamos?

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emos que considerar que o objetivo principal de Panathlon não é apenas o esporte como competição, mas sim a educação desportiva! Sociologicamente, posso afirmar que a competição nos leva a um conflito – não há queima de etapas – e isto já está comprovado pelas comunidades esportivas que estão se tornando comunidades fechadas, tais como as já institucionalizadas “torcidas organizadas”, verdadeiras tribos onde o apregoamento da superioridade de cada uma nos faz lembrar os Jogos de 1936, em Berlim!

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Aliás, a partir daqueles Jogos, esta superioridade surgiu com maior consistência em razão, talvez, do próprio gigantismo que afogou os ideais de Pierre de Coubertin. Acredito que o movimento panathlético, no Brasil, deva visar uma verdadeira integração entre o esporte, a educação e a cultura. Passamos, recentemente, por uma reforma em nossa estrutura de ensino que é a “Municipalização do Ensino Fundamental” onde foram perdidas grandes oportunidades para uma integração total do esporte


com a educação! Algumas cidades souberam aproveitar esta oportunidade... infelizmente parece que este processo está em passos lentos, tudo dependendo do governante de plantão! Principalmente em ano de Jogos Olímpicos, Panamericanos ou Copas, a cultura esportiva deve ser intensificada nas escolas visando reproduzir a todos um conhecimento que, se não tomarmos as providências necessárias, acabarão esquecidos. Há uma premente necessidade de louvarmos – isto pode ser considerada uma utopia – o amadorismo que todos nós vivenciamos no passado e que, hoje, é afogado pelos grandes patrocinadores e pela mídia. A meta básica do Panathlon é o combate ao racismo e ao “doping”, este ultimo intimamente ligado às drogas... e, estes dois malefícios estão inseridos, infelizmente, no contexto escolar; em todos os níveis! O “racismo” surge na mera suposição de que um grupo seja superior ao outro, fato que é fomentado pela competição – como já afirmamos antes – e que sem condições de pular etapas para se chegar a uma assimilação, passamos pelo conflito. Se quisermos queimar as etapas, precisamos socializar a criança através da interação esporte, cultura e educação! Na verdade, o “racismo” não se alude ao preconceito de cor ou de raça (considerando-se que existe apenas uma raça, a humana), mas sim a grupos étnicos e religiosos! A “pax olímpica” foi violada em 1972, em Munique ou até mesmo aconteceu o inverso: em vez de cessarem os conflitos, suspenderam os Jogos, como em 1916, 1940 e 1944. Precisamos sonhar com a utopia de que, no futuro, possamos conscientizar os atletas a se recusarem a participar dos Jogos se a “pax olímpica” não for observada! É de se perguntar: será que a mídia e os grandes patrocinadores permitiriam tal fato? Este é um papel que o Panathlon deveria assumir. O “doping” grassa em nossas escolas em forma de drogas, da bebida e do fumo! Nossos jovens se dopam diariamente. As escolas perderam o controle

sobre seus alunos e, infelizmente, um circulo vicioso se completou... maus alunos... maus pais de família... maus alunos se graduando como maus professores que estão reproduzindo maus alunos e maus professores. O que se espera? Para onde estamos indo? Principalmente nós, aqui no Brasil? Aqui, na realidade dos nossos vinte clubes ativos e de poucas dezenas de amigos panathletas, em um universo de mais de vinte estados onde o grande pensamento é a realização da Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, não podemos ir para nenhum lugar, enquanto não nos organizarmos. Enquanto não formos organizados não teremos condições de sermos formadores de opinião. Como poderemos cobrar alguma coisa, seja dos governantes... seja dos dirigentes esportivos... seja de nós mesmos... se nós próprios não estivermos organizados!? Organizados ao ponto de promovermos uma reunião convívio mensal com agenda definida. Como poderemos cobrar o “fair-play”, combater os preconceitos e o “doping” se até hoje não soubemos exigir, em nossas cidades, um amplo projeto educacional e, sem um projeto educacional como poderemos planejar o esporte? O Panathlon Club Taubaté, elaborou e colocou em prática um Plano de Aulas de Educação Física atingindo as séries iniciais do Ensino Fundamental (na época 1ª/4ª Séries). Em Mococa não consegui reunir os profissionais da Educação Física para tomarem conhecimento deste plano. Por incrível que pareça, aqui em Mococa, durante a realização de um evento promovido pela municipalidade – um torneio de atletismo onde o nosso Club colaborou com o troféu “fair-play” – perguntei ao organizador (membro do nosso Club), qual a razão da pouca participação das Escolas Estaduais. Foi respondido que as Diretoras não participam alegando que o evento não é do Estado! Precisamos ter em mente, como já dizia o velho

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mestre Chopin Tavares de Lima, que o aluno não é municipal e nem estadual! Neste momento é que deve se impor a figura do profissional da Educação Física sentando-se à mesa de reuniões do Corpo Docente, dos Conselhos de Escolas e das Associações de Pais e Mestres, exigindo o espaço devido à Educação Física. Temos que intensificar nosso movimento com ampliação de “Clubs Panathlons”! Mas, como ampliar se aqueles que podem participar – dirigentes, pais, educadores, estudantes e profissionais da Educação Física – estão se entregando a um descompromisso total para com nossa sociedade... uma total alienação onde tornamo-nos “massa” de manobras dos grandes patrocinadores que controlam a mídia! Precisamos fazer chegar às Faculdades de Educação Física – são centenas – os anseios de Panathlon para que possam ser reproduzidos aos futuros graduandos. Não sei se o fato está ocorrendo com nossos clubs co-irmãos; mas, em Mococa, estamos com dificuldades em ampliar o nosso quadro associativo! A verdade é que ninguém quer assumir compromissos. O desinteresse é tanto que há dificuldades até para a realização do Concurso de Artes Gráficas que nada mais é do que a interação entre Cultura, Educação e

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Esportes. Nós, membros do Panathlon, ainda somos solitários Quixotes... É para se perguntar e, o mais importante, para refletirmos: será que nosso erro é que estejamos pensando o movimento panathlético apenas como um movimento esportivo e não como um amplo movimento de educação e cultura? Finalizando: O que queremos: uma mobilização para que tornemo-nos – principalmente no Brasil – uma instituição que trabalha em prol do desporto com interação da educação e da cultura; Para onde vamos: nosso caminho vai depender de nossa vontade, isto é, do nosso poder de organização para que possamos ser formadores de opinião e possamos, acima de tudo, sermos ouvidos. Ao concluir, temos que conscientizarmo-nos que, a base para o nosso desenvolvimento desportivo, em nossa realidade, está na Escola. É na Escola que deve ocorrer a interação entre o esporte, a educação e a cultura. Não adianta promovermos Jogos Panamericanos, Copa Mundial de Futebol e até mesmo Jogos Olímpicos pois, ao invés de socializarmos nossas crianças, estamos fazendo festas para os outros.


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