Revista Panathlon Distrito Brasil n.4

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Editorial TODOS OS ESPORTES

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ssociados do Rotary Club de Veneza, Italia, devido às suas afinidades, dentre eles, o Cel. Mario Viali e o empresário Domenico Chiesa, se perguntaram: “ Por que não nos reunimos em separado, uma vez por mês, para conversarmos sobre esporte?’’ A ideia ganhou corpo e tornou-se realidade. O lema “ludis Iungit’’, do latim (O Esporte Une) surgiu antes da própria denominação do clube, de origem grega – PANATHLON – que quer dizer TODOS (PAN) ESPORTES (ATHLON), em 1951. Esportistas de outras cidades gostaram da ideia e também fundaram outros clubes que se espalharam por toda a Itália e até no exterior. Em 1960, o panathletismo tornou-se internacional. No inicio da década de 60, este movimento desembarcou em Buenos Aires, sob o comando dos dirigentes da natação. Dois anos depois, levados pela Amizade existente entre os dirigentes dos esportes aquáticos, foram fundados os clubes de Santiago, sob direção de Herman Munõz Segura , presidente do Comite Olímpico Chileno, de Lima, Peru, através de Sebastian Salinas Abril, membro do Burau da FINA – Federação Internacional de Natação, de São Paulo , por empenho do prof. Henrique Nicolini, jornalista especializado em esportes náuticos e membro do Conselho Tecnico da Confederação Brasileira de Natação, e do Mexico, por Javier Ostos Mora, presidente da FINA. Dois anos após a fundação do clube de São Paulo, em 07 de Agosto de 1974, o Brasil fundou outros clubes e tornouse o XII Distrito do Panathlon Internacional. A conceituação de panathletismo repousa sobre um quadripé, composto por AMIZADE, CULTURA, AÇÃO E DEFESA DA ÉTICA. Após seis décadas, o movimento panathletico mundial começa a se transformar, inclusive no Brasil, passando a ser mais protagonista do que filosófico e idealista. Precisamos aumentar o numero de clubes e de associados, temos que dobrar, URGENTEMENTE, o nosso contingente panathlético, a expansão tem que ser a tônica de todos os clubes e associados, CRESCER É PODER. Só cresceremos se formos mais ativos, mais realistas, queremos um Panathlon pró-ativo, alavancado por sua força de trabalho, nas potencialidades e capacidades de cada um de seus membros, aproveitando suas reais experiências, propon-

do projetos com Ações para o desenvolvimento educacional e social, utilizando todas a modalidades esportivas como ferramentas na inclusão das crianças, jovens, adultos e as pessoas da melhor idade, inclusive os menos habilitados, não deixando de lado nunca, os princípios morais, éticos e de respeito ao próximo, preconizados pelo Panathlon, dando-se mais valor à AMIZADE. O Panathlon é um espaço que oportuniza o voluntariado para Ações de inclusão, de resgate da memória esportiva, de manifestações sadias em prol da educação desportiva, do cavalheirismo,da luta contra o dopping, as drogas, o tabagismo, o alcoolismo, o ganhar a qualquer custo e valoriza o gesto de FAIR PLAY (jogo limpo) e dar oportunidades para que todos pratiquem sua atividade física, seu esporte predileto e tenham o direito de torcer para o seu clube sem o perigo da violência adversária. Queremos desenvolver progetos de massificação do atletismo, natação, basquete, futebol, fusal, handebol, voleibol, artes marciais, capoeira e de outras modalidades que ofereçam a valorização do respeito às regras, ao adversário e à formação do caráter, do espírito de solidariedade e de sociabilização das crianças e jovens. Devemos reunir pessoas que estejam prontas para trabalharem voluntariamente, usando os talentos e experiências de cada uma na difusão do conhecimento das diversas modalidades esportivas, em particular, para divulgar e enaltecer os valores éticos e contribuir para uma melhor educação social; para ser panathleta não necessita ter um curriculum de campeão ou grande desportista, isso ajuda, mas hoje, precisamos de pessoas que estão ávidas por fazer alguma coisa pelo seu semelhante e que vão encontrar em nosso movimento, esta oportunidade para retribuir à comunidade em que vive, aquilo que a comunidade lhe deu em trabalho, família, status, amizade, relacionamento e valorização pessoal e social. Vamos ser agradecidos por tudo que aconteceu em nossas vidas , vamos fazer alguma coisa pelos menos favorecidos, usando o esporte como instrumento meio para chegarmos aos fins almejados. A recompensa será em dobro.


Ă?ndice


Década Esportiva

no

Brasil:

os legados dos megaeventos INTRODUÇÃO

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endo em vista a realização dos megaeventos esportivos que serão realizados no Brasil, nesta que já é considerada sua década esportiva, os membros do Panathlon Club Santos, comprometidos com o diálogo pleno e com o compartilhamento de experiências pessoais e profissionais, reuniram-se confiantes e esperançosos em contribuir para uma reflexão crítica, capaz de elencar os principais aspectos que abordam as questões relacionadas aos legados socioeducativos advindos dos grandes eventos. Durante a realização do convívio social do mês de março, o clube santista acolheu como palestrante o panathleta Diogo de Barros Souza, profissional de Educação Física, especialista em Administração e Marketing Esportivo que discorreu sobre o tema que dá nome ao presente trabalho. Várias perguntas podem despontar como importantes inquietações que tendem a nortear nossa discussão em torno da temática a ser desenvolvida, mas se faz extremamente necessário unirmos acerca da lógica que nos direciona a uma única questão, uma vez que somos cientes que o Brasil carece de uma melhor estrutura básica, perguntamos: Quais legados socioeducativos serão proporcionados às nossas crianças, adolescentes e jovens? Um megaevento é denominado por suas grandes proporções, o seu sucesso pode ser determinante para torná-lo como referência para outras realizações. O seu legado pode ocorrer de forma tangível (instalações, infraestrutura, equipamentos, capacitação profissional, aumento da atividade física, entre outros.), e

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intangível (projeção da imagem do país, da cidade-sede – interna e externamente, projeção de oportunidades econômicas para o país e cidade-sede, nacionalismo, autoconfiança e outras possibilidades.). Podemos observar que o legado pode se manifestar de diversas formas. Por questão de princípios e finalidade ética é natural ao movimento panathlético ater-se aos legados sociais, dentre eles os que se relacionam diretamente à educação escolar e esportiva. DISCUSSÃO O legado socioeducacional objeto de estudo deste trabalho é motivo de grande expectativa, pois, esperam-se que os grandes investimentos realizados em prol da organização dos megaeventos esportivos possam trazer benefícios ao país, suas cidades, impactando positivamente a vida das nossas crianças e adolescentes, principalmente com melhor desenvolvimento e ampliação do esporte escolar. O Brasil e algumas de suas principais cidades vêm ao longo de muitos anos pleiteando o papel de protagonista para sediar alguns dos mais importantes eventos esportivos do planeta, o que nos fez pensar que é impossível atingir a excelência sem aprender com lições, positivas e negativas, que nos foram dadas por todos os países que estiveram no centro do mapa do esporte mundial na última década. Todos, sem exceção, têm lições a nos oferecer, sejam estas de impacto positivo ou não, afinal é extremamente lícito pensar que os erros nos ensinam muito mais que os acertos, pois, para isso não existe uma regra definida. Retornando o cerne da questão que envolve o lega-


do socioeducacional, exemplificaremos de forma sucinta, algumas situações decorrentes nas duas últimas cidades que sediaram os Jogos Olímpicos, Pequim e Londres, nos anos de 2008 e 2012, respectivamente, e outros dois países que sediaram o Mundial de Futebol da FIFA, Alemanha em 2006 e África do Sul, no ano de 2010. O governo chinês fez, dentre os países que aqui destacamos como exemplo, o maior investimento para sediar os Jogos de Pequim em 2008, foram gastos cerca de US$ 42 bilhões, o equivalente a R$ 68 bilhões, como fatores positivos podemos dizer que, além de conquistar o 1º lugar no ranking de medalhas, aumentou o orgulho da nação e melhorou as condições de infraestrutura que ajudam a desafogar o complexo trânsito da cidade. O ponto negativo fica por conta da pouca ou quase nenhuma utilização dos equipamentos criados para a realização das competições, que atualmente, têm maior apelo turístico e pouca funcionalidade esportiva. A última edição dos grandes jogos, realizada na cidade de Londres, parece ter lições mais positivas a nos oferecer, embora pesquisa realizada junto à população deixe claro que 59% dos ingleses entrevistados ainda não são capazes de mensurar os benefícios “pós” megaevento. A pesquisa questionava os ingleses sobre o investimento do governo no esporte em escolas. Por sua vez, os governantes investiram cerca de £ 9,3 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões), a Grã-Bretanha foi a 3ª colocada no ranking de medalhas, mas outros feitos, pensados para o benefício da população chamam mais atenção, como por exemplo, a vila olímpica que foi convertida em milhares de residências para aluguel e venda, a revitalização da região leste, área pobre da cidade, utilização de arenas temporárias, evitando espaços ociosos e gastos desnecessários. A Alemanha no ano de 2006 sediou o Mundial de Futebol gastando cerca de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 26,5 bilhões), em estádios, rodovias, controle de tráfego, transporte, entre outros. Aproveitou a alta exposição midiática para transmitir ao mundo inteiro a imagem de um povo feliz e acolhedor, diferentemente do que antes se imaginava – povo frio

e sem emoção. Ainda podemos mencionar outros legados altamente positivos, dentre os quais podemos destacar: a utilização plena dos seus estádios, com uma das melhores arrecadações da Europa e o desenvolvimento de muitos projetos que ampliaram as práticas sustentáveis com o apoio da população: eficiência energética, aproveitamento de água, reciclagem e destinação do lixo, transporte alternativo (bicicleta e transporte público) e alimentação. Toda essa mudança de comportamento gerou economia de 334 milhões de euros anuais. Na Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, foram utilizados US$ 4,9 bilhões, aproximadamente R$ 8,8 bilhões. Sua realização foi importante para mostrar ao mundo a reorganização do país após a democratização política e racial. Certamente o ponto mais alto foi a apresentação da imagem de um povo acolhedor e unido. Como ponto negativo fica a pouca utilização dos estádios, que têm altíssimo valor de manutenção frente ao que é arrecadado. E AGORA BRASIL? Com tantos bons e maus exemplos será que devemos estar vacinados e preparados para realizarmos os maiores eventos esportivos da história? Quais os benefícios para nosso país, nossas cidades, nosso povo? Após os megaeventos teremos de fato uma cultura esportiva não imediatista, baseada na construção de valores e no desenvolvimento integral das nossas crianças e adolescentes? O que muda na formação do formador seja este professor ou treinador? O governo brasileiro apostou muito na política relacionada à realização destes megaeventos. Por enquanto, falamos apenas na realização, mas será que em igual ou superior proporção nossos governantes idealizam, organizam e gerem políticas que afiancem à considerável camada populacional programas de acesso aos equipamentos tão logo os grandes eventos terminem? Os impactos socioeducacionais ainda não recebem o destaque merecido da mídia, até parecem menos importantes perto dos aspectos físicos, que estão relacionados à infraestrutura e equipamentos a serem

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utilizados e institucionais, que são os impactos que dizem respeito à gestão dos megaeventos. Algumas perguntas correm o sério risco de ficarem sem respostas: A realização destes megaeventos no Brasil causarão impactos na formação dos nossos atuais atletas? Crianças desfavorecidas economicamente terão maior acesso às práticas desportivas diversificadas? Os equipamentos construídos com recursos públicos estarão disponíveis para a utilização? Como se dará tal utilização? CONCLUINDO OU NÃO! Sem termos a pretensão de atuarmos com qualquer verdade que lhes pareça absoluta, e com o olhar direcionado ao esporte educacional, esporte que objetiva construir em nosso país a cultura de formar praticantes de esportes e não única e exclusivamente “campeões”, enxergamos a necessidade do “esporte escolar” surfar nesta onda dos megaeventos esportivos, permi-

tindo-se assim com que milhões de alunos das redes de ensino usufruam dos seus benefícios, por meio do conhecimento de novas modalidades, do conhecimento e utilização das regras dos esportes olímpicos, da experiência participativa na organização e realização de jogos escolares, na vivência prática através da disputa de diversas modalidades. Em contrapartida, o movimento panathlético no Brasil não pode permitir que tantas perguntas fiquem sem respostas, pois a constatação da falta de estrutura básica em muitos sistemas de ensino espalhados pelo nosso país é um triste fato que não deve nos acomodar e sim incomodar. Também não pode ser o principal argumento para não termos em tempo hábil garantias de uma política inclusiva e de ocupação dos equipamentos esportivos, possibilitando-nos acessar crianças, adolescentes e jovens por intermédio de projetos socioeducacionais nas escolas e instalações esportivas públicas.

Legado Material + Legado Imaterial + Responsabilidade

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anto a Copa do Mundo de Futebol, como os Jogos Olímpicos de 2016, este a ser realizado no Rio de Janeiro, deverão ser um sucesso no Brasil, a despeito dos pessimistas de sempre. O custo é elevado, pois só para a Copa do Mundo de Futebol, o Tribunal de Contas da União em seu último Relatório, previu um gasto de mais de 27 bilhões de reais, mas o legado material e imaterial deverá compensar tal in-

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vestimento. A grande preocupação de parte da sociedade é saber se o legado imaterial que ficará após os dois megas eventos alcançará a classe menos favorecida da população. Os segmentos de segurança, transporte, saúde, comunicações e outros deverão passar por um grande desenvolvimento e o legado intangível que ficará após os eventos, alcançará sim a população brasileira, senão


em um todo, pelo menos nas grandes capitais. A segurança terá que se modernizar, com novos e sofisticados equipamentos para combater o crime durante a Copa e os Jogos Olímpicos. A segurança tende a investir em serviços de inteligência eficaz, no sentido de prevenir e abortar o crime antes que o mesmo aconteça. No transportes, grandes avenidas estão sendo abertas, aeroportos, metrô e portos modernizados facilitarão a mobilidade urbana, além da renovação da frota de ônibus, taxis e aeronaves. Na saúde os hospitais se adaptarão, para atender atletas e turistas de todas as partes do mundo. A comunicação avançará significativamente com a implantação de novas tecnologias, para dar contar dos dois eventos. A responsabilidade da nação é grande e a eficácia do trabalho da força nacional de segurança, aeroportos, transportes terrestres e outros segmentos dependem de uma comunicação impecável, notadamente nos meios de comunicações televisivas, radiofônicas e internet responsáveis pela transmissão das competições esportivas para todo o planeta.

ponsabilidades dos gestores esportivos e profissionais realmente gabaritados para passar conhecimentos, tanto de regras como de ética. O governo federal deveria montar um mega projeto sócio-educativo-cultural, em cada capital sede dos eventos. O governo deve criar nesse projeto, um banco de dados e coletar todas as informações possíveis através de fotos, vídeos, depoimentos junto às principais delegações esportivas, antes e durante as competições. A organização, o modo de treinar, os equipamentos esportivos e de logísticas e outros fatores positivos devem ser catalogados, por modalidades esportivas. Após os eventos, cada item deve ser debatido com os profissionais de cada modalidade, seja dirigentes, treinadores ou atletas, os quais debaterão entre si e emitirão opiniões sobre o que é interessante para o desporto nacional. Com esse material intangível, mas registrado, cuja idéia é fortalecer o desporto nacional, o governo deve repassá-lo para todas as confederações desportivas e exigir a capacitação de gestores e profissionais dos esportes.

È evidente que o legado imaterial que ficará com as obras públicas, modernização dos serviços estará à disposição da população, devendo melhorar a qualidade de vida do brasileiro, mormente nas grandes capitais, onde ocorrerão os eventos. Um exemplo pode ser citado em São Paulo, onde a construção de um estádio de futebol no bairro de Itaquera transformará uma área carente, em local amplamente desenvolvido.

O conhecimento adquirido com a Copa e Jogos Olímpicos, devem também nortear todo o trabalho da base e atingir, além dos já conhecidos centros esportivos, as periferias das grandes cidades. A junção do legado material, com o legado imaterial, mais responsabilidade poderá levar a nação brasileira a se tornar uma potência esportiva, em pouco tempo...

Para o Panathlon Club, o enfoque é os esportes, daí a razão do tema Legado Imaterial – Projeto Sócio-Educacional-Cultural. Evidentemente que a realização da Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos em 2016, proporcionará a nação brasileira, a grande possibilidade de aproveitar no campo esportivo, o legado intangível que ficará após os dois eventos. O Brasil tem recursos humanos de qualidade, pois o brasileiro esportista tem ginga, garra e determinação faltando res-

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Legado Imaterial da Década OS EVENTOS PRINCIPAIS

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uiçá possamos observar, com otimismo, um fluxo de desenvolvimento que o Brasil terá, em função de uma série de megaeventos que o país sediará nesta década, entre os quais destacamos: 1. a Copa de Futebol das Confederações; 2. o Mundial de Futebol; 3. os Jogos Olímpicos; 4. e vários certames internacionais de diversas modalidades, além do Encontro Mundial da Juventude de fundamentação religiosa, com a presença do novo papa. Por outro lado cremos, no entanto, que é possível vislumbrarmos tanto efeitos positivos quanto negativos. Legados imateriais positivos Potencialmente esses eventos nos propiciariam: 1. Aumento da autoestima Um resultado econômico bom, resultante da projeção do turismo e de outras atividades, levantaria a autoestima do país, criando um desejável reconhecimento internacional. 2. Aumento do Patriotismo A ocorrência da consolidação do sentimento de um patriotismo coletivo nacional, principalmente pela

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adesão da parte mais consciente da população. 3. Aumento da Integridade O Aumento da Consciência Cívica irá minorar as mazelas (corrupção e o desperdício do dinheiro publico) se esse patriotismo for também compartilhado pela maioria das pessoas que detêm postos de comando governamental e esportivo. 4. Cooperação Governo-Iniciativa Privada Nacional Permitirá implantar políticas de cooperação, em obras e serviços, dos poderes públicos com os das iniciativas privadas, no sentido. de preservarmos os investimentos nas áreas de saúde, dos transportes, da segurança e da educação Legados imateriais negativos I) A desregulamentação dos direitos sociais nas cidades. Os investimentos em megaeventos como Copa do Mundo e Olimpíadas vêm demonstrando como a cidade sempre é o “centro das ambições” pelo movimento do capital. A cidade, mais que nunca, é expressão da sua mercantilização, onde todos os investimentos caminham para um modelo de cidade geradora de lucro, nos moldes das grandes empresas. Nesta concepção sobre a cidade e a gestão do território, todas as iniciativas buscam favorecer o mercado, e ocorre com a anuência do Estado. E isso se concretiza numa flexibilização da legislação urbana; na parceria público-privada;


na desregulamentação dos direitos sociais. Assim, criase no âmbito nas cidades um regime de exceção, e em nome dos grandes projetos e volumosos investimentos, são definidas as obras que redesenham o modelo de cidade em nome dos interesses do capital, e de um planejamento urbano excludente. II) A irresponsabilidade no trato da coisa púbica. Os atrasos das obras e os aumentos dos gastos Devido aos males endêmicos da corrupção e da negligência estamos frente ainda às seguintes realidades. a) A grande maioria dos estádios para a Copa das Confederações tem seus cronogramas atrasados. b) Os orçamentos de muitas obras, já dobraram suas estimativas e caminham, no mínimo, para custar quatro, cinco ou seis vezes mais do que a previsão inicial. III) A relutância em investir em reformas Estruturais. Faltas de políticas que melhorem as infraestruturas e os meios de comunicação c) Há falta de infraestruturas diversas e meios de comunicação d) Existe uma grande Insegurança Pública apesar dos esforços dos Secretários de Segurança Pública dos Estados. IV) Falta de hábito de planejar e de viabilizar projetos. No Social, na Educação, nos Desportos e na Saúde. Quais são os projeto socioeducativo-cultural que poderão ser desenvolvidos nas cidades brasileiras a partir da grande exposição do esporte de alto rendimento?

constatar que: • É pouco o apoio ao esporte, à educação básica, profissionalizante e universitária; • Falta aprimoramento dos mestres e valorização de seu trabalho; • Inexiste a cultura do patriotismo; • A formação da educação das crianças vinda dos pais é deficiente em vários aspectos; • A influência negativa da massificação por meio da “Propaganda”, com o apelo para o consumo desenfreado desafiam pais, educadores, autoridades; • A supervalorização das coisas materiais, praticamente esquecendo o lado espiritual, vem prejudicando a formação do caráter do ser humano; • A juventude está sendo impregnada pelo alastro das drogas e atividades ilícitas visto como única forma de reconhecimento social. Diante desse panorama, imaginamos que a realização dos megaeventos esportivos será altamente estimuladora para a Nação brasileira e poderão contribuir com: • A conscientização dos aspectos éticos, tanto para os governantes, quanto para a sociedade em geral, seriam condições para desenvolvimento da Nação; • O despertar do amor à Pátria, respeito à legislação vigente, responsabilidade nos deveres de cidadão antes de ver só direitos, cumprimento das leis, cultura para a população em geral, necessidade da implementação de disciplina esportiva, educação física para os diversos graus nas escolas, afastamento das drogas pela intensificação à prática de esportes, além do aproveitamento das instalações desportivas criadas para os referidos megaeventos, formação de atletas, instrutores, geração de empregos, turismo. Tais eventos certamente deverão propiciar oportunidades para mudanças de modelos e conceitos para submeter o marasmo moral do brasileiro à racionalidade moral, cultural, ética.

V) A desvalorização dos Profissionais que não pertencem ao núcleo do poder . Analisando a realidade brasileira atual podemos

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Ética Profissional S

e antes a ÉTICA, como disciplina filosófica, era a ciência dos costumes, estabelecendo a distinção entre o bem e o mal, não menos verdade é que hoje, constituindo-se no conjunto de regras, normas e princípios que regem a conduta do profissional dentro do amplo quadro do exercício da profissão, estabelece a importância do AGIR CERTO. E CERTO, em ÉTICA, significa JUSTO, VERDADEIRO, CORRETO, ADEQUADO. Platão afirmava que no mundo, apenas três coisas eram realmente valiosas: A JUSTIÇA, A BELEZA e A VERDADE. Justiça é termos e fazermos o que nos compete. A justiça está para a alma assim como a saúde está para o corpo. - Toda injustiça é desarmonia - entre o homem e a natureza; - entre o homem e os homens; e - do homem consigo mesmo. A justiça não é o direito do mais forte e sim a harmonia eficiente do todo. É o exercício da verdade. Não há justiça fora da verdade e não é verdadeiro o que é injusto.

- É claro que o indivíduo que age fora dessa linha harmônica pode, por algum tempo, auferir vantagens, mas será perseguido por uma NÉMESIS (Deusa da Vingança e da Justiça), da qual não poderá escapar. “Somente a crença nos valores puros mantém viva no homem a disposição para prosseguir na luta diária em defesa de seus ideais”. (eaac)

- Cada indivíduo – (olhemos para dentro de nós mesmos) – é um poço de desejos, emoções e ideias. Se esses sentimentos se harmonizam, o indivíduo subsiste e triunfa; mas se perderem a função própria, começará a desintegração da personalidade e se aproximará a derrota.

- a educação não dá virtude, - protege contra o vício; - não impõe verdade, - protege contra o erro. Predispõe o educando para que tome o caminho que o conduzirá à VERDADE, quando chegar à idade de compreendê-la, e o caminho da BONDADE, quando adquirir a faculdade de reconhecê-la.

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Aristóteles afirmava: - “Nós não procedemos retamente por termos virtude, e sim, temos virtude por procedermos retamente.” E, exatamente por entendermos que a maior virtude é o AGIR CERTO, e por acreditarmos nesses valores é que propomos analisar e debater o COMPORTAMENTO ÉTICO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA. Educar (e tanto o Professor de Educação Física como os Treinadores e Técnicos desportivos são educadores), não é transmitir conhecimentos nem impor tarefas. A ação do educador consiste em estimular no educando o desejo de desenvolver a capacidade de pensar;


A Lei nº 9696, de 1º de setembro de 1998 estabeleceu em seu artigo 3º., que compete ao Profissional de Educação Física (e aqui estarão todos os que forem admitidos como tal, no regulamento do Conselho Federal de Educação Física), coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto. Profissional é, portanto, o diplomado, o que tendo concluído curso regular oficializado, que confere a presunção de conhecimento, esteja registrado em órgão ou seção da respectiva corporação. Faremos agora uma análise do comportamento do profissional de Educação Física no desempenho do magistério: Ao concluir o curso na Faculdade, alguns caminhos se apresentam ao formando: 1 – área pedagógica - dedicar-se ao magistério (licenciatura); 2 – especialização – dedicar-se à técnica desportiva (treinadores); 3 – empresarial – instalação e administração de academias e similares; 4 – gestão; 5 – pesquisa. As duas primeiras interessam mais à nossa abordagem. ÁREA PEDAGÓGICA É de conhecimento universal, o natural e espontâneo relacionamento, logo no primeiro contato, entre alunos e professores de Educação Física (com raríssimas exceções). Nesse instante, e de forma definitiva, fica o profes-

sor marcado pela responsabilidade de ser o EXEMPLO, o MODELO (e não há como fugir disso) copiado pelos alunos. E o que, quando de nossa caminhada labutando nessa área, tivemos oportunidade de testemunhar? a) nos famosos Campeonatos Colegiais, alunos serem inscritos fora de suas categorias, com alteração de idade; b) participação de “A”, usando o nome de “B”; c) os famosos “laços”, isto é, as matrículas pró forma, de atletas categorizados, apenas para a disputa desses campeonatos, enfim, as mais diversas formas de, burlando as regras estabelecidas, buscar a vitória. ÁREA DESPORTIVA Lamentavelmente fatos dessa natureza, observamos também na área desportiva. Se em época remota, os técnicos não tinham formação acadêmica, - eram ex-atletas que passavam a atuar nos clubes como treinadores, com a criação das Faculdades, e consequente especialização do profissional, era de se supor que a ÉTICA estivesse presente a todo instante. Casos típicos de atuação negativa de quem deveria, pelo exemplo, contribuir para a sedimentação de um caráter reto no educando, não foram raros aos nossos olhos. Quando os nadadores Infanto-Juvenis eram classificados em categorias levando em conta a idade, o peso e a altura, ocorriam fraudes, com a troca de atletas na hora da aferição de peso e altura, bem como a apresentação de Certidões de Nascimento obtidas com datas que não as reais. Repito – O Professor (com P maiúsculo) e o Treinador (com T maiúsculo).são, antes de tudo, EDUCADORES. É indesligável do profissional o conceito de boa reputação pública, apresentando-se a recíproca como verdadeira. Sintam, pois, a importância da ÉTICA PROFISSIONAL, não como disciplina filosófica, mas sim, consubstanciada em um CÓDIGO DISCI-

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PLINADOR, com dispositivos que possibilitem banir do seio da coletividade profissional, todo aquele que se utilizando de meios desleais e desonestos, para obter vantagem, conspurcam o bom nome da classe. Deve o profissional de Educação Física exercer suas atividades com zelo, dedicação e honestidade, observadas as normas legais e regimentais vigentes, resguardando os interesses de seus empregadores e de seus alunos, sem prejuízo da dignidade e independência profissional. Com relação aos seus colegas, deve evitar fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras. Deve abster-se da aceitação de encargo profissional em substituição a colega que dele tenha se desligado para preservar a dignidade ou os interesses da classe, desde que perdurem as mesmas condições que ditaram o referido procedimento. Deve evitar pronunciamentos sobre o desempenho

profissional de colega, sem anuência deste. Jamais apropriar-se de trabalhos, iniciativas, planejamentos de colegas, apresentando-os como de sua autoria. Deve evitar desentendimento com colega ao qual vier substituir no exercício profissional. Deve sempre acatar as resoluções votadas pela associação de classe. Jamais formular juízos depreciativos ao trabalho de colegas, em razão do desempenho deficiente de seus alunos. E, principalmente, ter sempre em mente que as suas ações produzirão efeitos, positivos ou negativos, que influenciarão na formação do caráter de seus comandados. “A mão do sucesso tem cinco dedos: caráter, vocação, talento, esforço e disciplina”. ( Daber Elias Cutait )

Os Legados Imateriais dos Megaeventos Esportivos INTRODUÇÃO

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uito se tem comentado sobre os legados positivos e negativos que põem advir a qualquer cidade ou pais quando da realização de megaeventos, como os Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo de Futebol. Como ressaltam vários expertos (Lamartine Dacosta & Ana Miragaya (2008) e outros, desde quando essas competições se transformaram envolvendo bilhões de dólares, atraindo os interesses de comercialização da mídia (especialmente da televisão) e das

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grandes corporações, tiveram também início inúmeras exigências, respectivamente do COI e da FIFA, que gradativamente foram obrigando os governos das cidades escolhidas a assumirem compromissos, atendendo a um caderno de encargos, que nem sempre representam benefícios futuros às populações que compulsória, e muitas vezes à própria revelia, acabam envolvidas nesses megalomaníacos projetos. Tornou-se lugar comum citar as cidades de Barcelona e de Londres, como exemplos de como foram


aproveitados os recursos investidos e aplicados para a realização dos Jogos Olímpicos respectivamente em 1992 e 2011. Isto porque houve sensíveis melhorias não só na infra-estrutura viária, recuperação de áreas degradadas, transformação turística das metrópoles e o uso adequado das instalações esportivas construídas. Mas o melhor exemplo é o de Atlanta, 1996 em que não foi investido um só centavo de recursos públicos na preparação dos Jogos e o legado posterior é visível hoje no uso das instalações. A Vila Olímpica com 2000 apartamentos adaptada para receber estudantes da Universidade Estadual da Geórgia e o Estádio Olímpico adaptado às necessidades da população local, transformado para jogos de Beisebol, recebe 85 eventos anualmente. O Centro Aquático recebe crianças de 9, 10, 11 e 12 anos preparando os nadadores desde a base. Um verdadeiro exemplo de sustentabilidade. Estes porém, constituem exemplos isolados, pois os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004 e de Pequim, em 2008 deixaram ginásios, estádios e outras instalações, hoje ociosas, alguns em plena deterioração. No caso de Atenas, apesar de enormes investimentos para ampliação do metrô, o transporte continua caótico na capital grega. Lamentável foi também a realização da Copa do Mundo de Futebol, 2010 na África do Sul. Todos esses óbices acompanhados de super faturamento das obras e desvios de recursos. Na mesma linha, infelizmente no Brasil a realização dos Jogos Panamericanos em 2007, na cidade do Rio de Janeiro é outro exemplo do mau uso do dinheiro público. Muitas das estruturas que seriam utilizadas para os Jogos Olímpicos de 2.016 já estão sendo demolidas, como o velódromo que custou cerca de 14 milhões de reais, e cuja reconstrução no momento está orçada em cerca de 134 milhões de reais. O mesmo está acontecendo com a construção e reforma dos estádios para a Copa das Confederações e

Copa do Mundo de Futebol, sejam os de prefeituras e estados, sejam particulares. Inicialmente garantiram as autoridades que não seriam feitos investimentos oficiais nesses empreendimentos, que não haveria suplementação de verbas para conclusão dos projetos. Todavia, o que os jornais tem cotidianamente ventilado é que há enorme superfaturamento e muito dinheiro público destinado a essas obras, seja dos governos federal, estaduais e municipais. Dentre outros, pode-se citar o estádio particular já conhecido como Itaquerão em São Paulo onde se dará a abertura da Copa do Mundo de Futebol em 2.014. Em contraponto lembra-se as eternas demandas existentes nos setores de saúde, saneamento e segurança que tanto afetam o território nacional. Contudo, como se percebe esses óbices, infelizmente não são mais passíveis de discussão, pois os megaeventos Copa do Mundo de Futebol, 2014 e Jogos Olímpicos 2016 são fatos consumados, envolvendo o compromisso do próprio governo brasileiro. Resta então discutir qual o projeto sócio-educativocultural que eventualmente pode ser desenvolvido nas cidades brasileiras a partir da grande exposição do esporte de alto rendimento. Também é preciso analisar como poderão as cidades vir a usufruir dos benefícios em termos de legado, especialmente na política esportiva educacional, conforme preconizado no discurso oficial em contraponto, como assinalado antes, às reais demandas da população brasileira; como poder auxiliar na inclusão social e na formação da identidade nacional. O LEGADO Atualmente o COI promove o Movimento Olímpico com base em três valores: Amizade, Respeito e Excelência, com a finalidade de formar um mundo melhor por meio do Esporte. As ações do COI consubstanciam-se em diversas áreas: Ações locais em

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cooperação com as comunidades; Desenvolvimento por meio do Esporte; Educação por meio do Esporte; Mulher e Esporte; Paz por meio do Esporte; Meio Ambiente e Esporte. Toda essa gama de atividades está inserida no Programa de Solidariedade Olímpica podendo se bem equacionado trazer positivas conseqüências políticas e sociais. Como ressalta Vitorio Leandro Oliveira Lo Bianco, em “O legado dos megaeventos esportivos: as mudanças ou as continuidades na cidade do Rio de Janeiro pós-sede...(2010), teoricamente é possível acreditar que os Jogos Olímpicos, ao estimular o planejamento de Políticas Públicas, acabam por converter-se em um evento de atuação plena do Estado que, aliado à iniciativa particular, internacionaliza suas fronteiras, obtendo visibilidade e melhorias para a população. Esse mesmo pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro discrimina os possíveis legados dos Jogos Olímpicos para as cidades sedes: a) Legados do evento em si (instalações, infra estrutura, equipamentos, empregos, aumento da atividade física); b) Legados da candidatura do evento (planejamento urbanístico da cidade candidata a ser aproveitado pelo poder público, aprendizado do processo de candidatura) c) Legados da imagem do Brasil (projeção da imagem do pais, projeção da cidade sede interna e externamente, projeção de oportunidades econômicas do pais e cidade sede, nacionalismo e autoconfiança) d) Legados de governança (planejamento participativo, cooperação entre as instâncias de poder público, parceria público privada) e) Legados de conhecimento (know-how de força de trabalho, voluntariado, transferência de conhecimento para futuros eventos, conhecimento sobre a organização e organizadores, estruturas a serem aproveitadas pelo pais e cidade sede)

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Observa-se pois, que o legado dos megaeventos está relacionado aos objetivos, metas, motivações, e significados impactantes dos mesmos, mais especificamente aos resultados, efeitos e impactos a longo prazo. Portanto, para o Esporte e Educação a partir dos megaeventos no Brasil (Copa das Confederações de Futebol, Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos), pensa-se que o projeto deva estar pautado nas seguintes premissas: a) Estabelecer o Esporte e o Olimpismo na ementa curricular das escolas; b) Estimular atividades acadêmicas e culturais utilizando os diversos equipamentos construídos (museus, cátedras e cursos diversos, pesquisas, exposições itinerantes e/ou permanentes); c) Desenvolver tecnologia relativa ao esporte utilizando as instalações construídas; d) Capacitar pessoal utilizando as instalações construídas em programas permanentes; e) Encaminhar alunos ao Programa Segundo Tempo do governo federal aproveitando as instalações construídas; f) Inserir o Esporte de modo integral no curriculum do Programa Mais Educação; g) Estimular a construção de novas Quadras Poli Desportivas; h) Organizar programas e mutirão para recuperação e conservação das estruturas esportivas já existentes (quadras, ginásios, campos, piscinas etc.) i) Valorizar a Educação Física estimulando a prática esportiva da base. Evidentemente essas premissas somente deverão efetivamente acontecer, se aproveitando o presente momento, sejam estabelecidas Políticas Públicas que permitam o efetivo engajamento dos vários segmentos da sociedade nessa verdadeira gestão em pról da cidadania e do esporte.


A Educação Física na Escola

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o meio de uma atividade febril, numa fase de ampla ocupação e agenda tomada, completei 87 anos (na primeira semana deste mês de abril). Recebi muitos cumprimentos de parentes e amigos na forma de abraços, e-mails e telefonemas, mas nenhum me agradou e comoveu tanto quanto um proveniente do ex aluno C.K., direto de Israel. Nestas minhas quase nove décadas, colecionei gratas recordações da vida diferenciada que levei como jor-

nalista, professor de filosofia, professor de educação física, escritor e empresário de eventos. Senti bem de perto as emoções das aberturas de quatro Jogos Olímpicos. Creio que fui muito bem sucedido em todos os segmentos a que me dediquei, pois sempre tive muitos reconhecimentos. Uma das maiores emoções de minha vida, entretanto, senti no exercício de minha profissão como professor de educação física. Na década de 60, o ensino público era infinitamente

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melhor que o das escolas privadas. Sob o nome de exame de admissão, os alunos egressos do ensino primário lutavam por uma vaga nos principais colégios públicos. Era um verdadeiro vestibular, principalmente para obter uma vaga no Fernão Dias de Pinheiros, no Firmino de Proença da Mooca, no Anhanguera da Lapa ou no Macedo Soares da Barra Funda. No dia do exame de admissão do Colégio Macedo Soares, onde eu era professor de educação física, apareceu para concorrer ao ingresso o jovem C.K.. Ele sofria de hidrocefalia, tinha uma cabeça enorme, mal podia andar e subiu carregado os vinte degraus que separavam a sala dos exames do pátio da escola. Diziam que ele tinha escolhido aquele estabelecimento de ensino porque era discriminado nas escolas judaicas (ele era israelita) onde fizera o curso primário. Ele foi aprovado e, logo a seguir, começaram as aulas. Os alunos naquela época passavam por exames biométricos e alguns conseguiam dispensa das aulas de Educação Física por intermédio de atestados médicos oficiais. Quando eu media peso e altura da classe de C.K., a expectativa óbvia dos demais alunos era uma dispensa. Na hora de examinar C.K. eu disse: - O que? Você não será dispensado e fará educação física! – (Logo ele que mal parava em pé). Os colegas, atônitos, eram testemunha daquele ato inusitado. Logo na primeira sessão, C.K., uniformizado, entrou em forma, num símbolo de igualdade com os demais alunos e até fez movimentos ginásticos de braços, acompanhando o conjunto. Ele estava feliz por ter sido considerado normal e igual aos outros, apesar da flagrante diversidade de sua figura. Dois meses depois, ele já marchava com o passo certo junto com toda a classe, outro importante símbolo de integração. Depois de dois anos, embora desajeitado, na qualidade de levantador, participava até do campeonato interno de voleibol, do qual nenhum aluno era dispensado. Defendia as bolas que vinham da equipe adversária.

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Sua cabeça grande guardava os conhecimentos das matérias teóricas. Foi bom aluno e completou o curso com boas notas. Passou no vestibular da Faculdade de Medicina de Sorocaba, onde também diplomou-se brilhantemente. Eu recebi provas de gratidão de C.K. e sua família que entre todas as vivências de minha existência talvez sejam as maiores emoções que já senti. Na solenidade de sua formatura como médico, entre os pouquíssimos convites que C.K. tinha à sua disposição para familiares e amigos, dois estavam separados, para mim e para minha esposa. Naquela festa destinada à entrega dos diplomas, C.K. estava caminhando com desenvoltura, sorrindo alegremente e plenamente integrado e feliz. Ele estava até sendo paquerado por algumas garotas que viam nele um futuro brilhante. De fato, ele tornou-se um nefrologista e, logo depois, atendendo aos clamores do judaísmo, foi para Israel, levando consigo como esposa uma bela enfermeira brasileira. Tempos depois, mais ou menos há uma década, encontrei-me com outro aluno do Macedo daquela época, também israelita, que me disse: - Minha mãe é amiga da mãe de C.K.. Ela nos contou que até hoje, todas as noites, ela reza pelo senhor em agradecimento à transformação de seu filho! Nenhum momento de minha vida foi tão impactante como esse. Nenhuma visão dos quatro Jogos Olímpicos que eu cobri ou das 30 São Silvestres que eu ajudei a organizar me emocionaram tanto. Quando recebi, neste começo de abril, um telefonema de Israel cumprimentando-me pelo aniversário eu compreendi o que representam aquele ato e a significação da educação física e os esportes para a vida humana. Desculpe leitor por, neste texto, falar de mim na primeira pessoa. Com certeza não sou eu o objeto desta crônica. Na realidade, o tema central e básico é a importância da educação física quando levada a sério nas escolas do Brasil.


Relatório

para a revista panathlon do

- 13º congresso e 20ª assembléia, taubaté 04 a 7/04/2013 distrito brasil

A

correram aos eventos desportistas de três Estados da Federação: Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo, havendo representantes de 11 clubes: Campos do Jordão (SP), Cosmópolis (SP), Juiz de Fora (MG), Jundiaí (SP), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Santos (SP), São José dos Campos (SP), São Paulo (SP), Sorocaba (SP) e Taubaté (SP), este último o clube anfitrião. No Anexo 4, está a relação de todos os panathletas que compareceram aos eventos. Esteve também presente o Past-Presidente do extinto Clube de Jaboticabal, Prof. Moacir Pazzetto, que está fazendo gestões para reativar o clube naquela cidade. As palestras e sessões plenárias, acontecidas nas magníficas e amplas dependências do San Michel Hotel, destinadas à discussão do tema “O Legado dos Megaeventos Esportivos” e de outros temas pertinentes ao panathletismo “Expansão” e “Divulgação da Declaração do Panathlon”, e os relatos de atividades dos clubes, foram sempre muito concorridas, contando na abertura solene com a presença de mais de cem pessoas. A perfeita organização dos Encontros foi possível pela ação dos panathletas de Taubaté, especialmente da Comissão integrada por: Claudio Moraes, Mitsuaki Ando, Didimo Gadioli Filho, Sidney de França Osório e Edna Cunha Saad Abdulnur, e o apoio e parceria de várias entidades, destacando-se: Via Vale Garden

Shopping; Laticínios COMEVAP; Fazenda Jataí -Criação Jacarés, Tremembé SP; Casa Nova-Materiais de Construção; Essencial Tintas; Supergraf Paper, o que permitiu o pleno desenvolvimento do evento. Foram homenageados com placas comemorativas e de agradecimento o Prof. Henrique Nicolini, Membro de Honra do Panathlon International, pela passagem de seu 87º aniversário e dedicação ao panathletismo e Prof. Wiliam Saad Abdulnur, Presidente do Distrito Brasil pelos esforços em prol do movimento panathletico. Finda as manifestações das autoridades da Mesa, o Presidente do Distrito Brasil, também Mestre de Cerimônia do Congresso, convidou o Prof. Dr. Renato Souza e Silva, panathleta de Taubaté para proferir a Palestra inaugural sob o tema “O LEGADO SÓCIOCULTURAL PARA O BRASIL DOS MEGAEVENTOS PROGRAMADOS PARA ESTA DÉCADA” Além da palestra foram apresentados três trabalhos relativos ao tema respectivamente por panathletas de Taubaté, São Paulo e Santos que, assim como a palestra, serão na integra publicados na Revista Panathlon do Distrito Brasil. Em face das apresentações, das discussões e debates são apresentadas as seguintes conclusões e recomendações quanto aos Legados dos Megaeventos:

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CONCLUSÕES ● Os possiveis Legados trazidos ao Brasil pela realização dos megaeventos, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, poderão ser Tangíveis e Intangíveis. Os Legados Tangíveis consubstanciados nas: ■ Instalações, equipamentos e infraestrutura criadas; ■ Capacitação profissional; ■ Aumento da atividade física; ■ Planejamento urbanistico das cidades e consequente melhoria da malha viária e dos transportes coletivos. Os Legados Intangiveis ■ Projeção da imagem do país e da cidade-sede interna e externamente; ■ Projeção de oportunidades econômicas do país e cidade-sede; ■ Nacionalismo e auto-confiança; ■ Planejamento participativo; ■ Cooperação entre as instâncias de poder público; ■ Parceria público-privada; ■ Conhecimento de força de trabalho; ■ Voluntariado; ■ Transferência de conhecimento para futuros eventos. RECOMENDAÇÕES: Que as várias instâncias governamentais estabeleçam Políticas Públicas visando: ■ Inserir o Desporto e o Olimpismo na ementa curricular da escolas; ■ Estimular atividades acadêmicas e culturais itinerantes e/ou permanentes utilizando os diversos equipamentos construídos; ■ Desenvolver tecnologia e capacitar pessoal no segmento esportivo, utilizando as instalações construí-

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das; ■ Encaminhar alunos aos Programas Segundo Tempo e Mais Educação do Governo Federal, enfatizando o Esporte como disciplina; ■ Estimular a construção de novas Quadras Poli Desportivas e estabelecer Programa de recuperação de equipamentos já existentes; ■ Valorizar a Educação Física e estimular o preparo de jovens e a prática esportiva de base. Na Assembléia foi enfatizada a necessidade de um intenso trabalho de expansão do panathletismo conforme a palestra do Prof. Henrique Nicolini Membro de Honra do Panathlon International e a apresentação do Plano: O Dobro é a Meta. Também durante a Assembléia o Prof. Dr. Antonio Carlos Bramante do Panathlon Club Sorocaba e Membro da Comissão Científico Cultural do Panathlon Internacional apresentou a: Proposta de difusão da Declaração do Panathlon sobre a Ética no Esporte Juvenil e que foi aprovada por unanimidade: Considerando: 1. Os propósitos do Panathlon Internacional; 2. A comemoração dos 10 anos da Declaração do Panathlon sobre a Ética no Esporte Juvenil em 2014; 3. A aproximação dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro em 2016; 4. A preocupação relativa aos “Legados Intangíveis” dos mega-eventos esportivos, tema deste congresso. Propõe-se: - Desenvolver a educação para o olimpismo em escolas públicas do ensino fundamental visando difundir a Declaração do Panathlon sobre a Ética no Esporte Juvenil. Proposta dos passos de execução: 1. Escolher uma escola “amiga do Panathlon”, ou seja, que tenha uma direção e professores de Educação Física motivados e conhecedores dos propósitos


do movimento panathlético; 2. Elaborar um projeto com as justificativas, objetivos, metas, recursos necessários e cronograma de ações com os respectivos responsáveis; 3. Que esse projeto seja elaborado com metas a curto (2013-14), médio (2014-15) e longo (2015-16) prazo; 4. Sejam previstas ações de impacto (uma vez ao ano), de apoio (uma vez ao mês) e permanentes (uma vez por semana) ao longo do período considerado; 5. Desenvolver conteúdos específicos assim como as abordagens metodológicas necessárias; 6. Preparar peças publicitárias referentes à Declaração do Panathlon sobre a Ética no Esporte Juvenil para a sua ampla difusão, através de cartazes, folhetos, marcador de livro, publicação em jornais e na Revista do Panathlon Brasil. Outros assuntos tratados deram origem às seguintes propostas:

Copa

do

Mundo

de

PROPOSTA Por unanimidade enviar carta ao Governador do Estado do Rio de Janeiro repudiando a demolição dos equipamentos construídos para os Jogos Pan Americanos de 2007. PROPOSTA Por unanimidade foi escolhida a cidade de Campos do Jordão para sediar a 21ª Assembléia Distrital em março de 2014. Aprovou-se também que não haverá a realização do Congresso, apenas a Assembléia no Hotel Dom Bosco. Deve-se se dizer que os eventos foram coroados de pleno êxito debatendo-se em profundidade todos os assuntos tratados, intermediados com programas culturais e de lazer, com viagens a Aparecida e Campo do Jordão.

Futebol:

o maior espetáculo da terra

U

m dos maiores espetáculos da terra, senão o maior. Apenas as Olimpíadas podem se comparar em repercussão e interesse da humanidade diante do encontro das melhores seleções de futebol de todo mundo. Ao falarmos assim, parece que o evento se restringe a uma competição de uma modalidade esportiva: o Futebol; mas não, vai muito mais além, sejam em números estatísticos que permeiam o evento até a místi-

ca que envolve este verdadeiro encontro, ou como as vezes transparece, uma verdadeira “batalha” entre as nações. Sejam europeus ou sulamericanos, de países cristãos ou muçulmanos, de países democráticos ou de sistemas políticos mais fechados, de países consagrados e campeões em outras copas até os novatos que sempre aparecem surpreendendo a todos numa copa. Que venha a Bósnia !!!

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Sejam crianças ou idosos, homens ou mulheres (mesmo as que não gostam muito de futebol – em 2006 41% dos telespectadores da copa foram mulheres) , durante a copa todos se transformam em torcedores e acompanham este verdadeiro espetáculo de imagens e tecnologia de transmissão. Nesta oportunidade haverá até transmissão em 3D em alguns cinemas. Sem dúvida a copa é uma verdadeira oportunidade de uma auto projeção de todos que já jogaram futebol, bem ou mal, e que de certa forma se sentem representados por seu craque preferido, e virtualmente se sentem em campo junto com suas seleções, sejam de qualquer parte do mundo. A partir deste ano , o mundo começa a se render a 20ª Copa do Mundo de Futebol (ocorre desde 1930) , pois já teremos como parte do calendário oficial da FIFA a Copa das Confederações em nosso país . Escolas e empresas, patrões e empregados, tradições e culturas de todo mundo se curvam ao futebol. Mais do que uma competição de um esporte, a Copa é um fenômeno sócio-cultural que transcende as explicações de filósofos, sociólogos e pensadores. Todos nos transformamos em torcedores, cada um vibrando por seu país, pelos seus craques, pela estética cativante dos jogos e dos movimentos mágicos dos craques , enfim, é a magia do futebol !!! E nós brasileiros em especial, pentacampeões do mundo, sem dúvida com o melhor futebol e com os melhores jogadores (talvez não necessariamente os convocados e os que entrarão em campo durante a copa) dessa modalidade esportiva, certamente sentimos de maneira diferente essa emoção. Serão mais de 180 milhões de torcedores, e de “técnicos” também rsrs! Cada qual com sua seleção/escalação ideal para nos representar e vencer esse evento que certamente projeta o orgulho e a autoestima de um povo. Veremos com certeza, a menos que por alguma contingência ou fatalidade, talentos como Neymar, Lucas e Oscar, desfilando a refinada técnica que todo brasileiro tem, ou ao menos pensa ou já sonhou que tem,

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ao menos quando criança nas “peladas” dos campinhos da vida. Mas a cada jogo, certamente vamos torcer como nunca para a vitória de nossa seleção, mesmo que seja com um gol de “bico” do Fernando , ou até mesmo do Davi Luiz. Sonhamos e queremos o hexacampeonato, mesmo que racionalmente reflitamos que talvez possa não ser nessa copa, e em nosso país. Mas queremos também como pais, médicos, professores, gestores públicos, profissionais relacionados ao esporte, a saúde e a educação, que o futebol e a Copa sejam exemplos para nossas crianças se envolverem cada vez mais com o esporte e a atividade física. Essa mensagem, nossa seleção e a dos outros países também, bem como todos envolvidos na organização da Copa, tem a obrigação de transmitir aos nossos jovens, adolescentes e crianças. Vamos todos torcer para nossa seleção e pelo hexa mas, mais ainda, para que o esporte, e em especial o futebol que inspira a todos, seja sempre uma forma de educar e envolver de maneira saudável a nossa juventude para toda a vida, seja numa seleção brasileira ou nos campos, ginásios, quadras, ou qualquer espaço onde se possa praticar atividades esportivas. Rumo ao hexa e as conquistas sociais , no futebol e na vida de cada brasileiro : esporte, lazer, saúde, educação, cultura e qualidade de vida a todos. Pois o Brasil estará mais uma vez unido vibrando com nossa seleção e também por todas nossas conquistas sociais. Como dizia a frase que víamos estampada no ônibus que transportava nossa seleção aos jogos durante a Copa do Mundo da África em 2010: “Lotado ! O Brasil inteiro está aqui dentro”. Agora a responsabilidade de todos envolvidos é muito maior, pois literalmente o Brasil inteiro estará aqui dentro, e de certa forma, todo o mundo também.


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Fotos: Panathleta Ando

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