Revista Panathlon 12

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Editorial C

hegamos à décima segunda edição da nossa revista trimestral Panathlon Distrito Brasil, três anos de muito trabalho, apertos, alegrias, prêmio internacional e vários elogios e recomendações, ainda precisamos melhorar muito. O movimento panathlético em todo o mundo atravessa uma fase crítica, pois o voluntariado em época de crise também sofre as consequências do seu entorno. Em nosso país, vislumbramos luzes no fim do túnel,pois, além das nossas reuniões de convívio, tão importantes para ampliar relacionamentos, conquistar novas amizades, fazermos nossos debates e discutirmos o desporto e as atividades físicas de uma maneira geral, estamos buscando novos caminhos, agregando o Social em nossos pilares de sustentação, Amizade, Ação, Cultura e Esporte Ético, acrescentando projetos esportivos , culturais, ambientais e sociais, que vão alavancar as atividades dos clubes Panathlons, aumentando seus eventos e serviços voluntários prestados dentro de sua comunidade.

Alguns projetos já foram elaborados pela jovem guarda do movimento panathlético nacional, como o Mini Atletismo, Mini Basquete, Jogos Escolares, Cursos de Arbitragens, além de outros que estão por sair, como eventos gastronômicos, Provas Pedestres, Capoeira etc, contemplando crianças, jovens, adultos, masters e os menos favorecidos física e mentalmente, procurando a inclusão de todos, visando uma maior visibilidade dos clubes Panathlons , através de ações praticas e eficientes na busca de recursos físicos, humanos e financeiros que aumentem o nosso leque de serviços, mostrando o nosso trabalho em prol das comunidades em que estamos inseridos e naquelas onde novos clubes estão por ser fundados. Temos que dar aos que mais necessitam, um pouco daquilo que nos foi dado de graça, dons e talentos, é a nossa contra partida por tudo aquilo que recebemos das cidades onde vivemos. Está na hora de entrarmos em “bola dividida”, dar a nossa experiência e opinião nos debates existentes em nos-

so país, como a ética no esporte, a importância da educação física e do esporte na escola, na Medida Provisória sobre a dívida dos clubes; saber quais os projetos e intenções das diversas Confederações e Federações para alavancar os esportes nas escolas e nas comunidades carentes. Nosso país passa por momento muito importante, de “lavagem de roupa suja”, onde só se mostra o que tem de ruim e errado, é o momento para chegarmos à arrumação, a união , a boa vontade e, principalmente, colocarmos o nosso país nos trilhos, o mais rápido possível, onde o patriotismo e o amor pelo Brasil prevaleça, deixando de lado as picuinhas e interesses pessoais e políticos. O bem estar do povo brasileiro deve estar acima de tudo. O Distrito Brasil do Panathlon Internacional não pode ficar de fora desses importantes acontecimentos, que mudarão a história do nosso país. O Panathlon brasileiro tem que estar presente e mostrar todo o seu potencial.


Ă?ndice


Fatos Pitorescos nos jogos olímpicos (776 a.c. a 393 d.c.)

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esde a criação dos Jogos Olímpicos na Grécia Antiga, até sua extinção por Teodósio I, muitos fatos aconteceram, jocosos uns, trágicos outros, servindo para mostrar que muito pouca coisa mudou no comportamento do ser humano em sua longa trajetória através dos tempos, marcando os vários segmentos da sociedade, incluindo os esportes. A primeira Coroa de Louros de folhas de oliveira foi conferida nos Jogos Olímpicos de 752 a. C., na prova corrida no Estádio ao atleta Daicles, de Mecenas, sendo esta prática desde então instituída; e o atleta Hipposthemes, de Esparta, que competiu durante 24 anos, vencendo consecutivamente seis Olimpíadas, foi um dos que mais foi coroado. Em 720 a. C. o fato curioso foi o do atleta Orrhipos na corrida no Estádio, apresentandose completamente nu. Alguns episódios trágicos foram registrados durante as lutas do pugilato. Em uma delas Arrichion, de Figalia cidade às margens do rio Neda, no Peloponeso, estava quase estrangulado, mas conseguiu quebrar o dedo de um pé do adversário que se declarou vencido. Ocorre que no mesmo instante Arrichion faleceu asfixiado. Contudo, ele foi declarado vencedor

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mesmo depois de morto. Em 492 a. C., Kleomedes, de Astipalea, ilha grega no Mar Egeu, venceu a luta de boxe, mas foi desclassificado, pois o adversário Ikkos, de Epidauro morreu no combate. Posteriormente, Kleomedes num acesso de loucura, provocou a queda do teto da escola de sua cidade, matando 60 crianças. Nos jogos de 125 d. C. aconteceu um caso de suborno, quando Deidas de Antioquia lutou com seu conterrâneo Sarapammon, não pela Coroa Olímpica, mas por uma soma em dinheiro. Descoberta a trama, o dinheiro foi confiscado, servindo para a compra de ornamentos da entrada do estádio. A falta de fair play aconteceu quando o imperador Nero adiou os jogos de 65 d. C. para 67 d. C. afim de que houvesse tempo de retornar á Grécia após uma viagem. Ele seria vencedor na “execução da lira”, na “represen-

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tação de tragédias”, nas corridas de quadriga e quadriga com potros. Nesta, embora tenha caído fez-se declarar vencedor. Em 512 a. C. na corrida de cavalo, Pheidolas, de Corinto, também foi ao chão e o cavalo continuou correndo sozinho cruzando a linha de chegada, e pasme, Pheidolas foi declarado vencedor. Mas há ocorrências pitorescas, como a de Polymestos, de Mileto, grande vencedor de provas de corridas, que treinava correndo atrás de uma lebre. Todavia, alguns atletas já apelavam para uma dieta especial. Em 532 a. C., Eurymenes, de Sarno, província de Salerno, Itália, venceu a corrida apregoando que para tanto fazia a seguinte dieta alimentar: Figos secos e às vezes carne, mas tudo acompanhado pelos conselhos do filósofo Pitágoras. Atletas estrangeiros, muitos considerados bárbaros, também conseguiram alcançar a “Coroa de Louros” nos Antigos Jogos Olímpicos. O primeiro africano vencedor foi Mnascas, de Cirene, colônia grega, na atual Líbia, nos jogos de 484 a. C. Outro estrangeiro, vencedor da luta de boxe, em 374 a. C., foi Varazdat, que mais adiante tornou-se rei da Armênia. A


propósito, em Barcelona, há o tumulo de Lúcio Minicio Natal Quadroni (L. Minicius Natalis), ali nascido em fins do século I e início do século II, que foi campeão olímpico, em corrida de quadriga, nos Jogos de 129 da era cristã, época da dominação romana na Península Ibérica. Curiosamente ainda que os Jogos Olímpicos tenham sido instituídos para trazer a paz, com a “Trégua Sagrada” como enfatiza Lauret Godoy, ex-atleta da seleção brasileira de atletismo, panathleta e historiadora olímpica, é preciso lembrar que uma das

Guerras Messênias se originou devido às contusões sofridas pelo atleta Polychares, nos Jogos Olímpicos de 764 a. C. Como se vê a paixão e incoerência humanas vem desde os tempos imemoriais. Continuamos a assumir uma posição antropocêntrica e individualista, muitas vezes esquecendo que vivendo em sociedade, necessariamente temos que respeitar os valores éticos e morais, cumprindo as normas e leis que possibilitam a vivência em equilíbrio, não só entre os próprios seres humanos, mas também relacionado ao meio ambiente natural

que nos cerca. Creio que essa é a nossa missão como panathletas, preservar e difundir os preceitos éticos e da solidariedade no esporte em benefício da construção de uma sociedade mais equitativa e justa. Que os Jogos Olímpicos, apesar de alguns senões, possam na sua plenitude servir a esses nobres propósitos, uma vez que esse foi o pensamento do Barão de Coubertin ao reviver essa milenar competição da Grécia e Roma Antigas.

Salvaguarda internacional para Crianças no Esporte várias pesquisas tem demonstrado que o ambiente esportivo, particularmente para crianças e adolescentes, tem se mostrado como um dos contextos de maior incidência de violação dos direitos fundamentais desse segmento etário, subvertendo o direito que todos devem ter o acesso a uma prática saudável das experiências físico-esportivas.

Nota do autor

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texto que se segue foi extraído de um amplo documento produzido por vários especialistas internacionais e instituições, inclusive o Panathlon, todos comprometidos com a prática do esporte saudável realizada por crianças e adolescentes. Esse estudo foi desenvolvido ao longo de mais de dois anos de trabalho. Devido ao limite de espaço, colocaremos aqui tão somente a apresentação inicial do documento. Havendo interesse pela sua versão integral, basta enviar um e-mail (bramante@uol.com.br) que faremos chegar às mãos a versão completa do mesmo em pdf.

No geral, a reflexão que cabe aqui Anúncio_03a_Meia Página.ai 1 17/02/14 é desmistificar a visão romântica que algumas pessoas do círculo esportivo ainda possuem em relação aos esportes como sendo uma panaceia que “tudo cura”, representado tão somente por valores positivos. Infelizmente,

Introdução Em todo o planeta, milhares de crianças e adolescentes participam de atividades esportivas diariamente. Há, contudo, variantes que devem ser consideradas nessa atuação. Para algumas

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Qualidade gráfica que salta aos olhos.

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crianças, por exemplo, essas atividades podem ser pura recreação e divertimento. Outras podem estar participando de esportes visando o desenvolvimento e especialização em uma determinada modalidade. Para alguns adolescentes, o esporte pode ser também uma escolha de carreira futura, tanto como atleta de alto rendimento, como técnico ou mesmo árbitro. Há que se considerar, ainda, que o esporte pode ser usado como veículo para mostrar novos caminhos de convivência e desviar muitos jovens de comportamentos socialmente inadequados e indesejados. As crianças têm o direito de participar de esportes dentro de um ambiente seguro e prazeroso. Esses direitos são assegurados pela Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas. Por outro lado, por muito tempo, houve pouco questionamento sobre a percepção de que o esporte é tão somente uma força positiva para os jovens. Até o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, poucas organizações esportivas colocaram em prática sistemas e estruturas para atender os reclamos sobre o comportamento de adultos ou outros jovens em relação a esse segmento etário. Nos últimos 15 anos, porém, vítimas de todas as formas de violência nos esportes começaram a ter as suas vozes ouvidas e atendidas. Baseado em pesquisas e evidências

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empíricas, sabemos o suficiente que os esportes nem sempre levam em consideração os direitos das crianças como prioridade e, algumas vezes, falham por não considerar os riscos que podem apresentar, conduzindo para uma cultura organizacional que não permite discussões sobre os malefícios e abusos também contidos no ambiente esportivo. Existem, ainda, riscos para crianças e adolescentes que são típicos do mundo do esporte, tais como a crescente ameaça em relação aos abusos de jovens atletas de alto rendimento. Destaque-se também que muitos programas de desenvolvimento de esportes tem sido oferecidos para crianças em extrema situação de vulnerabilidade, as quais podem amplificar o ambiente de violência e abuso no seu dia a dia. Para elas, o esporte deveria ser um espaço de plena segurança. Todos deveriam garantir que a oferta de esporte para esses jovens ocorra em um ambiente seguro, o que, nem sempre assim se sucede. Uma primeira versão de normas (aqui denominadas salvaguardas) foi desenvolvida através de uma parceria com organizações que realizaram um trabalho conjunto por ocasião da Reunião de Cúpula Além do Esporte (“Beyond Sport Summit”) realizada em Londres, em 2012. O desenvolvimento dessas normas foi aprofundado nos dois anos seguintes, por meio de uma extensiva etapa piloto. A versão

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final das salvaguardas foi apresentada em outra edição da “Cúpula Além do Esporte”, em outubro de 2014. Elas estabelecem os fundamentos de uma abordagem holista para garantir segurança e proteção para as crianças em todos os contextos do esporte no nível internacional.

Conceitos básicos • Salvaguardar refere-se a ações conscientemente assumidas visando garantir que todas as crianças estejam seguras de qualquer tipo de dano quando envolvidas em atividades esportivas nos mais distintos ambientes; • Proteção da criança constitui-se em um conjunto de ações que são exigidas, especialmente para aquelas que se encontram em risco ou sofrendo danos; • Abuso refere-se aos impactos ou consequências negativas advindas dessas ações sobre as crianças; • Dano refere-se aos impactos ou consequências negativas advindas dessas ações sobre as crianças; • Violência refere-se a “todas as formas de violência física ou mental, dano ou sevícia, abandono ou tratamento negligente, maus tratos ou exploração, incluindo o abuso sexual” (Artigo 19 da Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas).


Salvaguarda Internacional Estas salvaguardas têm por objetivo descrever as ações que devem ser colocadas em prática por qualquer organização que ofereça atividades esportivas para crianças e adolescentes. As salvaguardas devem ser vistas como guias, as quais buscam facilitar uma organização na sua jornada para proteger as crianças, antes de ser um fim em si mesmas. Elas refletem declarações internacionais, tais como a Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas, outras legislações relevantes, orientações governamentais e normas para boas práticas sobre a proteção/ salvaguarda já existentes. Elas trazem também informações da pesquisa conduzida pela Universidade de Brunel/ Reino Unido, com diferentes perspectivas de diversos países e grupos interessados no tema no decorrer de uma prolongada etapa piloto. Tais salvaguardas representam boas práticas coletivas a um determinado ponto no tempo e estarão sujeitas a revisões periódicas visando assegurar o seu desenvolvimento. As oito Salvaguardas 1. Desenvolvimento das políticas 2. Procedimentos visando dar respostas às questões relativas a salvaguardas 3. Conselho e apoio 4. Redução de risco para as crian-

ças 5. Orientações quanto aos comportamentos 6. Recrutamento, capacitação e comunicação 7. Trabalho com parcerias 8. Monitoramento e avaliação Objetivo das Salvaguardas • Auxiliar pessoas e organizações na criação de um ambiente esportivo seguro para crianças, independente do lugar onde participam e do nível em que se encontram; • Oferecer referências a fim de auxiliar os provedores e financiadores da prática esportiva a tomarem decisões esclarecidas; • Promover boas práticas e desafiar práticas que causem danos às crianças; • Oferecer clareza ao tema de salvaguardas para crianças e para todos que estão envolvidos no esporte. As Salvaguardas são baseadas nos seguintes princípios: • Todas as crianças têm o direito de participar, desenvolver-se e divertir-se através do esporte, em um ambiente seguro e inclusivo, livre de todas as formas de abuso, violência, negligência e exploração; • As crianças têm o direito de ter suas vozes ouvidas e atendidas. Elas precisam saber a quem recorrer quan-

do tiverem qualquer questão relativa à sua participação no esporte; • Todos, organizações e indivíduos, provedores de serviços e financiadores, têm a responsabilidade de apoiar o devido cuidado e proteção aos jovens no esporte; • Há determinados fatores que tornam as crianças mais vulneráveis a abusos, com isso medidas necessárias precisam ser tomadas no sentido de enfrentá-los; • As crianças têm o direito de estar diretamente envolvidas no aperfeiçoamento das políticas e práticas relativas às salvaguardas; • As organizações devem sempre agir visando atender aos interesses das crianças; • Todos têm o direito de ser tratados com dignidade e respeito e não ser discriminado em relação a gênero, raça, idade, grupo étnico, habilidade, orientação sexual, crenças e afiliações religiosas e políticas; • Os processos e atividades para a criação, desenvolvimento e implementação das medidas de salvaguardas devem ser inclusivas. Importante observar que embora estas salvaguardas tenham sido desenvolvidas para crianças e adolescentes (até 18 anos de idade), elas podem também constituir-se em um inestimável quadro de referência para a prática adequada do esporte em relação a outros grupos etários.

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A IMPORTÂNCIA DO ESPORTE NA ESCOLA

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Esporte é um fenômeno que chama a atenção dos indivíduos no universo da sociedade contemporânea. O modelo social inclui, entre outras instituições, a família, a escola, o clube esportivo, os quais afetam os indivíduos em relação as suas potencialidades e a sua formação esportiva. O esporte como fenômeno mundial é valorizado como agente fomentador de valores, formador de cidadãos e potencializador das qualidades humanas. Convém lembrar que a Constituição do Brasil assegura a todo cidadão o direito ao Esporte e Lazer. Daí a importância de se implantar este Projeto como contribuição complementar às obrigações do Estado, cujas atribuições não conseguem oferecer oportunidades de atividades esportivas a todas as faixas etárias da população. Na sociedade contemporânea o Esporte não é somente um fim em si mesmo e se apresenta como um recurso indispensável para alicerçar políticas públicas voltadas para a educação, a saúde, a cultura, o meio ambiente, a segurança pública e o turismo. A diminuição da violência está intimamente relacionada com ações preventivas, de caráter educacional. O Esporte tem uma ética própria capaz de

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formar o caráter dos indivíduos que se envolvem em atividades esportivas. Pressupõe-se que atitudes de perseverança, de disciplina e de cooperação exigidas na prática esportiva contribuem para a formação da personalidade. É comum o pensamento de que o Esporte ensina a conhecer e respeitar as regras, a ter autoconfiança e a capacidade de auto-superação. Ainda, o Esporte compõe um ambiente social que favorece a aquisição de valores pessoais e sociais, atitudes e comportamentos, e mais do que isto está implícito que o que é aprendido no Esporte pode ser transferido para outras esferas da vida. Portanto, o Esporte como atividade transversal nas atividades diárias dos jovens, acaba oferecendo condições para que possa discernir o exercício da cidadania da prática da marginalidade.

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A noção de que o Esporte pode ser uma importante ferramenta de inclusão social tem crescido substancialmente, sendo tema de importantes projetos de inclusão social no Brasil e no mundo. Mesmo que tenha como princípio o desenvolvimento físico e da saúde, o esporte serve, também, para a aquisição de valores necessários à coesão social. É importante definir que a inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do acesso aos seus direitos fundamentais, a fim de formar um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. Sendo assim, o Esporte quando aliado à educação, é capaz de tornar crianças e adolescentes mais concentradas nas aulas e disciplinadas, reduzindo assim, a ociosidade e consequentemente, os riscos sociais. Nesse sentido, a implantação do Esporte nas escolas abre perspectivas para uma educação formadora, entendida como um campo de ação sócio educativo num âmbito privilegiado de aprender a ser, fazer, conviver, conhe-


cer e comunicar. Outros sim, os meios de comunicação, os especialistas e os organismos internacionais têm demonstrado a estreita relação entre a falta de oportunidades para a prática do Esporte e os altos índices de violência e de marginalidade. Sentir-se seguro, usufruir a educação e a saúde pública, viver em áreas sem poluição, é tão importante quanto dispor de atividades esportivas, seja no plano pessoal ou na construção da cidadania. Esta concepção democrática e social do Esporte está inserida no contexto do Esporte Escolar, com a consciência de que seu objetivo insubstituível e prioritário é transformar o Esporte em direito de cidadania, prática e conhecimento ao alcance do todo poderoso instrumento de inclusão social e de combate a todas às formas de violência. A escola não pode ignorar o Esporte como um dos seus processos educativos fundamentais, já que representa um fato de grande impacto na vida social das crianças e jovens, pois nessas atividades são criadas oportunidades para a ação orientada e organizada, para atividades autônomas e espontâneas, para competições intra e inter escolas e fomento e desenvolvimento de talentos. Através das atividades esportivas na escola, o educando vivencia novos ambientes, novas escolas, novos estudantes, novas maneiras de agir e pen-

sar, ser, a viver e conviver, a conhecer e respeitar, treinar e competir. O esporte na escola é portador de uma mensagem inovadora e transformadora, ao visar o desenvolvimento e a alteração de comportamentos como autonomia, responsabilidade, sentido crítico, cooperação, criatividade e de sentimentos de prazer, emoção, riscos, competição e superação. O Esporte tem o poder de construir os valores da cidadania. Nesse processo de construção da cidadania, embutida a inclusão social através do Esporte, as ações deverão ser dirigidas no sentido de oferecer oportunidades para que se possa ir florescendo o desabrochar do espírito cidadão. A maior revolução que uma Nação pode fazer é a revolução do conhecimento. Pois o conhecimento é a tocha sagrada que ilumina os homens em sua luta pelos ideais de liberdade, justiça e desenvolvimento. A escola é, efetivamente, onde se aprendem as primeiras lições de cidadania. É a matriz onde se moldam os cidadãos e se estabelecem as diretrizes, os princípios e os valores culturais que formam e sedimentam as bases da comunidade política e social. Através do Esporte o aluno tem oportunidades de aprimorar o seu relacionamento com as pessoas, respeitar as diferenças individuais, superar dificuldades e desenvolver suas habilidades de acordo com as diversas modalidades esportivas.

Portanto, o esporte nas escolas precisa ser visto em sua dimensão pedagógica, como um aspecto fundamental da formação do indivíduo. O Esporte nas escolas serve também para superar a desigualdade de gênero que ocorre nesta atividade, tal como é exercida hoje. A maior parte dos equipamentos e dos espaços esportivos é orientada para práticas esportivas masculinas. O Esporte nas escolas proporcionará a estudantes de ambos os sexos oportunidades e igualdade de condições, democratizando as oportunidades de acesso à prática esportiva. A escola, nos países de primeiro mundo, tem sido a base da pirâmide da formação, tanto da cultura esportiva de várias sociedades, quanto de atletas de alto rendimento. Por motivos históricos, esta não tem sido a tônica no Brasil. Portanto, é necessário propor uma mudança nessa perspectiva, conferindo às escolas do Brasil o papel primordial na formação da cultura esportiva da sociedade e, em decorrência, a formação de atletas de alto rendimento. O Esporte nas escolas terá um papel complementar na formação dos alunos e não substituirá a disciplina de Educação Física. Deve ser desenvolvido em horários que não coincidam com o período das aulas regulares dos alunos, com a prática de Ensino Integral e Ensino em Tempo Integral.

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Pedestrianismo

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pedestrianismo ou corrida de rua vem sendo o esporte popular no Brasil mais difundido neste século. Revistas especializadas em corridas trazem informações para a prática do esporte e o calendário repleto de eventos em diversas cidades do país. É uma modalidade esportiva que requer pouco investimento onde os indivíduos buscam para obter melhor condição física, saúde, autoestima etc. Seus praticantes relatam os benefícios alcançados em curto espaço de tempo, tornando-se um vício, fato fisiológico explicado porque ocorre uma série de substâncias produzidas pelo organismo enquanto corremos, tais como a endorfina, serotonina, dopamina. Sucedem destas substâncias a sensação do prazer, euforia, ânimo e relaxamento. Se o indivíduo por algum motivo interrompe com a prática do esporte sente a falta daquelas substâncias no organismo. A atividade física funciona como uma terapia para os estresses diários. Autoridades científicas com-

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provaram a melhora das funções do pulmão, coração, fortalecimento do sistema imunológico, qualidade do sono, ajuda no controle da massa corpórea, ativa funções cerebrais, auxilia a memória e concentração. O esporte possibilita a interação social, o indivíduo acompanhado ou fazendo parte de um grupo social focado no mesmo objetivo. Fortalece os laços de amizade, bem estar por se exercitarem em contato com a natureza, uma caraterística evidente para quem faz a corrida de rua, exposto às condições climáticas e ao ar livre. Foi pensando neste segmento esportivo que o Panathlon Club Taubaté vem realizando corridas de rua e caminhadas visando além do incentivo

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para o esporte, também com a intenção de levantar recursos financeiros para favorecer ações sociais e culturais. Assim, o clube realizou a corrida e caminhada denominada Caveiras – Quiririm, na cidade de Taubaté no ano de 2014, cuja arrecadação financeira reverteu na restauração das instalações da sede da Associação dos portadores da Síndrome de Down da cidade de Taubaté. Neste ano de 2015, a corrida e caminhada denominada Giro di Quiririm, realizado com muito sucesso dia 19 de abril, em parceria com a Secretaria de Esportes do município e o Circolo Italiano de Taubaté, com saída e chegada em frente do Museu da Imigração Italiana, teve entre outras finalidades, dar visibilidade aos projetos sociais e culturais ali desenvolvidos pela Associação do Circolo, bem como desenvolver o pedestrianismo no reduto gastronômico e histórico da colônia italiana de Quiririm.


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Esporte meio privilegiado de transmissão de valores

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esporte é educativo. Uma forma de aproximar os jovens, para que, estando juntos, sigam regras e respeitem os adversários. Fazer com que as pessoas estejam juntas de uma forma simples, unidas sem problemas de raça, religião ou idéias políticas diferentes. O esporte adequadamente dirigido, desenvolve o caráter , faz do ser humano uma pessoa valorosa, que perde com generosidade e vence sem presunção; ele afina os sentidos, ilumina a mente, e forja uma vontade de ferro para perseverar. Não é só desenvolvimento físico . O esporte corretamente entendido tem em conta o homem todo. O esporte tem a capacidade de contribuir para a formação integral e para a fraternidade universal e a paz. O esporte bem entendido e praticado ajuda a conservar o equilíbrio espiritual e o estabelecimento de relações fraternas entre os homens de todas as classes, nações e raças. O esforço que o esporte exige, em-

bora tão nobre em si, não deve ser um fim a si mesmo, mas subordinado à exigências, muito mais nobres, do espírito. O esportista, deve ser bom cidadão na vida familiar e social, e, mais ainda, que saiba dar um sentido superior a vida. O esporte naquilo que exige de treino e sacrifício deve ajudar à formação do caráter, ele encerra e proporciona: espírito de sacrifício, lealdade nas relações interpessoais, amizade, respeito pelas regras, justiça, educação, solidariedade, paz, harmonia, partilha, coexistência harmoniosa e a aceitação. Tudo isto e possível porque o esporte é uma linguagem universal que ultrapassa fronteiras, linguagem, raças, religiões e ideologias. Tem capacidade de reunir pessoas, encorajar o diálogo

e a aceitação. O esporte é um meio, e não um fim em si mesmo, no âmbito da formação do corpo e do caráter da pessoa humana. A atividade esportiva não pode ser vista apenas em termos econômicos ou na perseguição da vitória a todo o custo. O esportista tem uma grande responsabilidade quanto sua conduta e os seus valores, tornam-se modelos ou pontos de referência a sociedade, tanto para o bem e para o mal, junto de quem os observa e admira. O esporte é um recurso educativo e instrumento de desenvolvimento cultural dos povos. O esporte simboliza a vida: a vida é um esforço, a vida é um risco, a vida é uma corrida, a vida é uma esperança para a meta final, uma meta que transcende o palco da experiência comum e que a alma entrevê. O esporte deve estar ao serviço do homem e não o homem ao serviço do esporte.

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Nossa experiência com criança deficiente mental, nas áreas da Educação Física e Esporte, na Escola Pestalozzi “Dirigindo a atividade de seus membros mais novos e determinando-lhes, por esse modo, o futuro, é que a sociedade determina o seu próprio provir.” DEWEY

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oje, mais do que nunca sabemos que a natureza da sociedade de amanhã dependerá da orientação que a geração adulta imprima à atividade infantil. Mas, para a realização de um trabalho verdadeiramente educacional é necessário colocar o coração como isca para penetrar-se na alma da criança, conhecê-la em suas intimas manifestações, mormente em si tratando de crianças, como chamávamos excepcionais. Consideramos como criança excepcional (hoje transtorno mental) aquela que desvia do normal ao ponto de não se adaptar a um regime habitual de escolaridade, nenhum progresso apresentando, se tratada como sistemas e programas comuns, exigindo para sua aprendizagem métodos de ensino especiais. Nosso primeiro contato, com crianças e pré-adolescentes, portadores de deficiência mental, do sexo masculino,

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foi na Escola Pestalozzi, em 1959. Saímos emocionados, e por-que não dizer verdadeiramente estarrecidos diante dos diferentes casos de ordem física e mental que nos foram dados observar. Dias e dias, refletimos pesarosos sobre o porquê da agressividade de uns e da dolorosa apatia de outros. Registramos uma variedade enorme de tipo de comportamento. Apoiando-nos em trabalho altamente conceituado como o de Woodrow que mostra: “as crianças normais e as oligofrênicas da mesma idade mental (IM) produzem curvas de aprendizagem idênticas.” e também em nossa pratica como professor de educação física, procuramos descobrir a ordem da evolução dos interesses dos alunos

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que nos haviam confiados. Verificamos que cada um deles quando deixados a sós procuravam seguir apenas a lei de seu maior interesse (Claparéde), sem nenhum desejo de sociabilidade, como que bastando-se a si próprios, numa grande introversão. Diante disso, pensei que só a função catártica do jogo, do esporte, fosse capaz de atenuar a agressividade de uns, a apatia de outros, possibilitando aos meus alunos a descarga momentânea de impulsos violentos ou alívio da tristeza que líamos em certos olhos tímidos. E, foi através do jogo de futebol de salão que começamos a fazernos amigo deles todos. Passamos a aplicar alguns testes afim de dividi-los em equipes, levando em consideração a idade mental, a competição física e a capacidade de reação, para permitirlhes disputarem o primeiro campeonato interno de futebol de salão. Durante o transcorrer dos jogos, fomos conhecendo os alunos sob suas manifestações, chegando à conclusão de que além dos agressivos e apáticos, havia os medrosos que fugiam da bola


e ainda os que nem sabiam para onde chutar a bola, numa ausência quase completa de compreensão e da utilização dos movimentos necessários para o referido esporte. Para essas crianças pensamos nos CONTESTES. Eles representam uma atividade física na que “se introduz um fator psíquico baseado na emulação.” Lembrei-me de propor: Vamos ver quem marca o 1º gol? Vamos ver quem chuta mais longe? Vamos ver quem chuta a bola no gol do adversário certo? Mecanicamente a atividade era a mesma, mas psiquicamente seria distinta pela introdução de um elemento novo, a competição contida na pergunta formulada. A Educação Física e o Esporte, para os portadores de transtornos mentais deve ser aplicado com muita prudência. Partindo desse princípio, e conhecendo os alunos, procuramos aplicar o “Esquema Padrão”, com exercícios naturais de fácil execução como: porse em pé, sentar-se, saltitar, equilibrar-se em um dos ´pés, ajoelhar-se, engatinhar, rolar e mais alguns exercícios que fossem educando a atenção, fortalecendo a vontade, e formando hábitos dinâmicos e disciplinadores. Em seguida, introduzimos exercícios de descontração muscular, soltura, alongamento, balanceados e, posteriormente incluímos os exercícios de dupla do tipo natural. Passados alguns meses, de labor constante, de paciência e de cautela, introduzimos a ginástica de solo e

saltos no plinto, o que inicialmente, para alguns constituía motivo de desespero. A razão disso era o medo de abaixar a cabeça para executar a cambalhota, uns fugiam, outros choravam, e os mais impetuosos ou irritados atiravam-se no colchão sem executar o exercício. Isto também, ocorreu quando introduzimos saltos no plinto. “Ao saltar um obstáculo a criança realiza também uma tarefa psicológica, pois toma uma decisão e constrói, por assim dizer, uma ponte entre o instintivo e o voluntário”. A altura do plinto era graduada conforme a habilidade do grupo, bem como os exercícios de solos (nos colchões). E, foi através da imitação dos exercícios realizados pelo professor, a que juntamos finalmente a emulação que conseguimos com que 12 alunos se exibissem em 3 demonstrações públicas, inclusive na Escola de Educação Física de São Paulo (hoje integrada no campus da cidade Universitária) participaram do III campeonato infanto juvenil de ginástica promovido pela F.P.G.. No que se refere a aplicação esportiva, podemos dizer que essas crianças preferem atividades físicas que não exigem grandes esforços e os jogos coletivos que por sua facilidade (adaptados a eles, inclusive as regras) e atrativo permitem a prática de todos. Assim, demos razão a teoria do recreio defendida por Schaller e a teoria da energia supérflua de Spencer. Em 1963, com as classes mais adiantadas, realizamos uma pesquisa, para saber das preferências dos alunos nas atividades físicas componentes das aulas ministradas. Transcrevemos, ape-

nas em relação ao esporte, respeitando as normas de publicação da revista. Com referência ao desporto observamos que: - 80% preferem o futebol; - 16% apreciam a natação; - 2% opinaram pelo handebol; - 2% escolheram o “bate-taco”. Sumariando, esta nossa experiência serviu para mostrar quão extraordinário é o papel da Educação Física, do Esporte, do jogo, e, incluo a dança quando aplicados com metodologia e prudência em relação aos excepcionais. Deixamos o nosso brado de alerta aos governos, senadores, deputados, e a todo cidadão(ã) que compreenda, finalmente, que um anormal, pessoas viciadas em bebida, em droga mais pesada, recuperado socialmente é mais um esteio para nossa grande pátria tão amada por nós. Que os dirigentes da nação vejam na Educação Física, no Esporte, no Jogo, e na Dança, não apenas o seu valor ornamental, mas a sua utilidade no tocante a manter os normais sadios, e os excepcionais um pouco menos doente. Pois, assim estaremos, nós brasileiros, cumprindo o sagrado pranto de amor ao próximo. Observação: Artigo baseado na Tese de sua autoria, “A importância da Educação no tratamento e recuperação (social) dos oligofrênicos”; em concurso de doutorado realizado na Escola de Educação Física de São Paulo – 1965.

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