Nº 7 - 3º trimestre 2013

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Nº 7– 3º Trimestre de 2013

Revista Digital de Cães e Lobos Uma Edição do Departamento de Divulgação do:

Centro Canino de Vale de Lobos

Etologia • Comportamento • Educação • Adestramento Convivência • Psicologia • Veterinária • Estética

Artigos - Notícias - Reportagens - Curiosidades


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos os criadores, ou potenciais criadores caninos. Características do Curso Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre Criação Canina, todos os criadores, ou que pretendam vir a sê-lo, na medida em que, este Curso abarca toda esta temática, desde os conceitos de Genética Canina até à entrega do cachorro ao futuro dono. Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 6 meses ou 500 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Criadores Caninos que sintam algumas lacunas no seu conhecimento acerca dos Temas propostos no mesmo. É igualmente dirigido a todos aqueles que pretendam iniciar esta apaixonante e nobre atividade que é a Criação Canina. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de Criação Canina. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, Criar cães, uma vez que está na posse de formação técnica e científica específica necessária para o fazer.

Estrutura Programática (Resumida) Tema 1 - A Genética Canina Tema 2 - O Período Reprodutivo Tema 3 - A Reprodução Tema 4 - A Gestação Tema 5 - A Patologia da Reprodução Tema 6 - A Alimentação da Cadela gestante Tema 7 - O Parto Tema 8 - A Amamentação Tema 9 - O Desmame Tema 10 - Primeiras etapas do desenvolvimento do Cachorro Tema 11 - Enfermidades do Período neonatal Tema 12 - O Crescimento do cachorro Tema 13 - Desparasitação e Vacinação dos Cachorros Tema 14 - A entrega dos Cachorros Tema 15 - Identificação e Registo dos Cachorros

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

… e donos responsáveis!


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Editorial Mais uma vez, tentámos motivar as pessoas para que colaborassem na elaboração de conteúdos para a revista, com isso conseguimos captar mais uma colaboradora, a Susana de Oliveira. Talvez por estarmos no verão houve algumas pessoas que normalmente produzem conteúdos, que desta vez, talvez por preguiça, não o fizeram. Espero que para a próxima não se esqueçam que sem esse material não se faz uma revista. Os elementos do 9º Curso de Formação de Monitores de Adestramento Científico Canino aproveitaram um encontro de confraternização que incluía uma visita ao Centro de Recuperação do Lobo Ibérico e aí obtivemos umas belas imagens destes magníficos animais (os que se deixaram ver), e publicámo-las para todos vós em formato de foto-reportagem. De uma discussão bastante acesa produzida no Grupo do Dep. de Formação do CCVL, aconteceu um excelente artigo sobre o Temperamento Canino. Convido todos a lerem-no porque há lá intervenções muito interessantes. Divulgámos um projeto do LIFE+MED-WOLF sobre a aquisição pelo Grupo Lobo de um cão treinado para detetar lobos, segundo eles, o único no mundo. A Susana Oliveira iniciou a sua participação na revista com um interessante artigo acerca do poder terapêutico dos cães. A Anabela falou dos problemas da terceira idade nos nossos cães e a forma de os minimizar. Iniciámos uma série de dois artigos sobre a responsabilidade da criação na agressividade e outras taras hereditárias. A Karin mandou-nos do Brasil um artigo muito útil sobre um problema sempre recorrente e de que muitos donos se queixam, que é a adaptação dos cachorros ao nosso meio ambiente. Mais uma vez, a Vanessa Correia e a Anabela Guerreiro fizeram uma recolha de algumas curiosidades caninas e das últimas notícias do mundo dos cães.

2 Visita ao Centro Recuperação do Lobo Ibérico (Sílvio Pereira) 5 Comunicado (Grupo Lobo) 6 O Temperamento Canino (Grupo do Dep. De Formação do CCVL) 10 Divulgação (Projeto LIFE + MED-WOLF 11 O Poder Terapêutico dos cães (Susana de Oliveira) 12 Geriatria nos cães (Anabela Guerreiro)

Para o próximo trimestre, cá estaremos de novo. Boas Leituras. Sílvio Pereira

Navegue connosco nas ondas da web Revista Cães & Lobos http://revistacaeselobos.weebly.com Centro Canino de Vale de Lobos www.ccvlonline.com Departamento de Formação do CCVL http://formacaoccvl.weebly.com Departamento de Divulgação do CCVL Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net www.facebook.com/ccvlobos Página 1

17 Adaptação dos filhotes de cães em nosso ambiente (Karin Pirá) 18 A responsabilidade da criação na agressividade e taras hereditárias caninas - 1ª parte (Sílvio Pereira) 21 e 23 Notícias CCVL (CCVL)

9 - Livro recomendado 20 - Notícias 22 - Sabia que…


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Foto-reportagem

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Por ocasião do encontro dos elementos do 9º Curso de Formação de Adestradores, que incluiu igualmente um churrasco no Parque Municipal do Cabeço de Montachique, fizemos mais uma visita ao Centro de Recuperação do Lobo Ibérico que fica no Picão, próximo da Malveira. Aqui ficam algumas imagens que conseguimos captar destes furtivos animais. Pedimos desculpa por alguma falta de qualidade de algumas fotos, mas as condições não são as melhores e decidimos, apesar disso, publicá-las, pois não queríamos privá-los da beleza destes extraordinários animais.

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Foto-reportagem

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Foto-reportagem

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Comunicado

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Etologia

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À semelhança do que aconteceu no número anterior, vamos novamente publicar um debate sobre um tema importante, que se desenrolou no Grupo do Dep. de Formação do Centro Canino de Vale de Lobos sobre o temperamento canino que por vezes é confundido com o caráter. Liliana Silva Olá colegas!

Eneida Cardoso A sua dúvida é bastante pertinente e alvo de bastantes discussões. Esta semana li um artigo de uma conceituada especialis- É sempre muito complicado e redutor reduzir o comportata em comportamento animal, em que ela dizia o seguin- mento animal (e aqui incluo também o humano) a númete: «A genética explica apenas cerca de 20% do tempe- ros e equações, mas a verdade é que se pode fazer uma associação aproximada, mas nunca linear e exacta. Até ramento dos cães».... E fiquei com duvidas quanto a porque tal como nos humanos, "cada caso é um caso"... esta afirmação.... Será verdade? Só 20% da genética interfere com o comportamento? Eu acho muito pouco.... Em relação à dúvida concreta que coloca, penso que a Gostaria que saber as vossas opiniões! ;) opinião da tal senhora é bastante válida, até porque não é Tânia Carvalho: a única a explicar desta forma a influência genética no O crescimento mental do cão desenvolve-se em duas par- comportamento canino. Aqui reporto-me para a minha tes a herança genética e os conhecimentos adquiridos. área (sou Psicóloga), e com os humanos, passa-se o Geneticamente o única carater de temperamento que é semelhante. Existe sempre uma base genética, uma estrutransmitido é o medo ou ausência deste. Imagine que tura psíquica que nasce connosco, só que depois, o numa ninhada um dos cachorros sai direto para uma casa ambiente em que nos desenvolvemos é que irá definir o onde está sempre fechado no canil, sem grande contato nosso carácter, personalidade, etc...pessoas com uma com os seres humanos ou outros animais, portanto isento tendência genética ou hereditária para a doença mental, de estímulos. E tem outro que sai para uma casa onde é podem nunca desenvolver perturbações ao longo da sua estimulado, onde tem contato permanente com seres vida, se crescerem num ambiente estruturado, etc... humanos, onde se encontra sujeito a imensos estímulos. Geneticamente têm um código genético muito semelhante, Com os cães o que se passa é, em muito semelhante. De facto, os cães nascem com determinadas características mas as experiências que tiveram são muito diferentes e genéticas, conforme a raça ou cruzamentos de raça, no isso condicionará o seu entanto, com a educação e ambiente em que crescem, comportamento. poderão potenciar determinadas características ou Como já deve ter ouvi"eliminá-las". do falar, a socialização é extremamente importante na vida do Dou-lhe um exemplo, que é o que conheço melhor, porque cachorro, pois é nesta tenho uma cadela desta raça, tenho lido muito sobre a fase que ele conhecerá mesma e tenho vivenciado estas coisas mais de perto. alguns dos estímulos com que terá que lidar O pitbull...é uma raça que foi criada no século 18 (com o durante a sua vida e, se esta fase falhar, muito provavelpassar dos séculos foi sofrendo mutações e outros cruzamente irá haver problemas. Ora esta fase também nada mentos), mas foi criada inicialmente para lutas com touros tem a ver com a genética e é uma das situações que mais e posteriormente com outros animais e atualmente infelizcondicionará o comportamento do cão. mente, continua a ser usada para lutas com cães. Por isso quando se diz que: “O cão é agressivo porque lhe Esta raça de cães, tem uma predisposição genética para está no sangue”. Essa afirmação tem muito pouco de verser agressiva com outros cães, algo que se, não se fizer dade, a menos que a agressividade seja por medo. Todo o uma socialização adequada no primeiro ano de vida, cermeio em que vive o cão, as atitudes dos seres humanos, a tamente se manifestará quando na presença dos outros correta socialização e o correto adestramento, influenciam cães. Por outro lado, se esta socialização for feita, assim de forma determinante o comportamento do animal. como outras coisas (rotinas estruturadas, obediência, etc), é possível contornar esta agressividade e a mesma nunca se manifestar... Página 6


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Ricardo Pinto Naturalmente, as componentes genética e ambiental (alteradas ou modificadas através da aprendizagem contínua), assumem uma certa (e importante) percentagem relativamente ao carácter ou temperamento do animal. A personalidade do cão vai sendo "moldada" consoante as experiências adquiridas ao longo do tempo, e quanto maior forem os estímulos apresentados ao animal, maior será a sua resposta. Contudo, julgo que é um pouco "radical" e impulsiva a afirmação da especialista, pois acredito que não exista um tipo de medidor exato para tirar uma conclusão neste ponto, não quero dizer com isto que a afirmação não seja correta pois também não conheço o estudo em si nem sei os parâmetros de avaliação, resta-me dúvidas sim apenas na percentagem de 20%. Liliana Silva Desde já agradeço a vossa disponibilidade e o enriquecimento das vossas respostas. De facto, sei que o meio envolvente, as experiências positivas ou negativas, a educação, a socialização etc, etc., têm GRANDE importância para o temperamento do cão. A minha dúvida foi, (e concordando com o Ricardo), que talvez fosse «radical» demais a afirmação da especialista. Ela afirma, como disse anteriormente, que somente 20% da genética é responsável pelo temperamento do cão. Eu pessoalmente acho pouco. Daí a minha questão. Focando SOMENTE os 20%. É cientifico? Há provas disso? Joana Fernandes Muito provavelmente a afirmação da Dra. baseia-se em evidências científicas, sendo que ela mesma está ligada à investigação científica. No entanto penso que a investigação nesta área ainda é muito recente, para além de muito complexa. É uma questão de tentar procurar na internet mais informações sobre isto, principalmente artigos científicos que estarão em Inglês. Pode também tentar procurar o mesmo tema, relativamente a outras espécies, visto que as diferenças interespecíficas por vezes são comparáveis. Tiago Barreto Quando se pretende avaliar o comportamento do cão há que fazer uma avaliação cuidadosa, deve-se considerar uma série de fatores. Tal como os humanos a personalidade e temperamento é o resultado dos genes e do ambiente. A natureza versus ambiente aplica-se também ao mundo canino. O comportamento do cão é o resultado de um mix intrínseco dos genes ou é o resultado de várias experiências em que o cão foi criado? Muito provavelmente ambos são fatores fundamentais. A natureza versus educação termo utilizado pelo antropólogo Francis Galton. A teoria realça a importância das qualidades inatas versus experiências pessoais. Características comportamentais dos cães, podem por isso, ser resultado ou de uma coisa, ou ambas. Os genes do cão: O comportamento do cão pode ser influenciado pela sua hereditariedade. Se por acaso, há o acasalamento entre dois cães tímidos existe uma grande probabilidade, de se ter cachorros tímidos. É muito importante conhecer reprodutores reconhecidos em que houve um teste de temperamento. Pode ser muito difícil modificar a personalidade do cão em que os genes estão reforçados profundamente. A modificação comportamental pode ajudar, mas em muitos casos é muito difícil a melhoria. A ninhada: A amamentação é um fator importante na educação de um cachorro. Uma grande ninhada pode significar que a mãe pode ter dificuldades em tomar conta dos seus filhotes, e isto pode influenciar o comportamento futuro. Um filhote aprende muito durante a fase da amamentação, daí a razão dos futuros donos terem os seus canitos a partir das oito semanas de idade. Página 7


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A saúde: saúde dum cão é também muito importante. Mente sã num corpo são. Por esta razão, cães afetados subitamente por problemas comportamentais devem ser observados por um veterinário. Algumas formas de agressão podem estar relacionadas com problemas de saúde, tais como o nível baixo da tiroide. Um cão que sofre fica maldisposto e propenso a mudanças comportamento. Certos animais medicamentados podem passar por mudanças comportamentais. O ambiente: Aqui o dono é a parte mais importante no desenvolvimento do cão. O proprietário dum cão, que o mantém numa garagem sem quaisquer estímulos afeta-o para a vida. Se um cão tem más experiências pode tornar-se medroso e defensivo, pelo contrário um animal com boas experiências fica com a sua auto-estima elevada. O ambiente desempenha sem dúvida, um papel determinante. O animal pode nascer com bons genes e ter comportamentos neuróticos por causa do dono. Os cachorros em geral nascem bem, a forma como os tratamos é que faz toda a diferença. Liliana Silva Hoje consegui falar com um veterinário especialista em comportamento canino. Ele disse-me que não existe certezas quanto a esta questão, nem nos humanos, muito menos nos animais onde a investigação é muito menor. Contudo disse que a afirmação da especialista talvez fosse realmente precipitada, mas que certamente a genética influencia menos 50% o temperamento do cão. Possivelmente será entre 20 a 40% (-50%) dependendo também da raça. Sílvio Pereira Caros amigos. Depois de ler as várias opiniões, vamos lá a colocar as ideias no lugar. A Liliana, quando colocou esta questão no Grupo, tinha uma dúvida que gostava de ver esclarecida. Ela colocava em causa uma afirmação de uma especialista em comportamento canino: «A genética explica apenas cerca de 20% do temperamento dos cães» Na grande maioria das intervenções aqui no Grupo, falou-se muito de comportamento e menos de temperamento. Como todos sabemos, o temperamento, entre outros, é um dos componentes do comportamento. Podemos, noutra altura, falar deste conceito lato que engloba o modo como os cães interagem com o seu meio envolvente, mas agora, neste espaço, debateremos o temperamento. Um dos grandes problemas com que se debatem muitos estudiosos nesta área, especialistas em comportamento canino inclusive, é a confusão que fazem entre caráter e temperamento e, na maioria dos casos, acharem que são a mesma coisa. Os alunos dos Cursos de Adestramento e de Psicologia Canina desta instituição sabem perfeitamente que estes dois conceitos são perfeitamente distintos. Podem conferir estes dois artigos no nosso blogue sobre o assunto: http://comportamento-canino.blogspot.pt/2011/01/ocaracter-o-temperamento-e-as.html e http://comportamentocanino.blogspot.pt/2011/02/o-caracter-o-temperamento-e-as.html . Como sabemos, a génese que cada um destes conceitos é diferente; o caráter parte de uma conceção moral e o temperamento da força e da atitude mental. Podemos analisar alguns cães com um excelente caráter: dóceis, sociáveis, etc., mas quando é necessário atuar perante uma ameaça ou um perigo eminente não têm estrutura mental para o fazer, portanto, classificaríamos este animal como tendo um bom caráter: dócil e sociável, mas não tem temperamento: não é corajoso, não é valente e não é agressivo. Uma das lacunas que eu encontro quando alguns estudiosos abordam a temática do temperamento é fazerem-no sem nunca terem trabalhado cães para proteção e é só nesse contexto que podemos avaliar a estrutura mental e funcional de um animal. Como eu digo aos meus alunos, é necessário ir para o campo de trabalho, cheirar a relva Página 8


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ou o pó, ter um cão pendurado numa manga de proteção, ter um animal a ladrar -nos junto do nariz, senti-lo a correr agressivamente atrás de nós, etc., para podermos avaliar se tem ou não temperamento e se aguenta a pressão ameaçadora de um possível agressor e como reage perante ela. Após esta explicação, vou dar a minha opinião acerca da "percentagens"do temperamento. Na vida, a única percentagem que temos como cerca é a quantidade de genes que nos é transmitida pelos nossos pais: 50% de cada um. De resto, nada pode ser medido por percentagens nem calculado através de equações matemáticas, principalmente quando estamos a tentar mensurar seres vivos que são intrinsecamente e até extrinsecamente todos diferentes. Em relação ao temperamento, que é do que estamos a falar, ou se tem ou não se tem. É impossível um cão nascer medroso (o medo é o único traço de personalidade que é transmissível geneticamente) e vir a transformar-se num animal cheio de confiança, valente e corajoso, mesmo depois de um intenso trabalho específico nessa componente, este animal não tem "estaleca", não tem "coração" e não há treino nenhum no mundo que lhe forneça atitude mental. Portanto, esqueçamos as percentagens e focamo-nos em selecionar dois animais que, comprovadamente, não tenham medo para que, em termos de probabilidade, o fruto dessa união seja igualmente animais sem medos e aí sim, vamos entregar esses exemplares a profissionais que desenvolvem, potenciam e canalizam as caraterísticas temperamentais que pretendemos para os objetivos traçados. Resumindo, ter temperamento é contrário de ter medo e pode, isso sim, ser trabalhado, potencializado e canalizado. Se a mencionada especialista em comportamento canino estiver a referir-se ao caráter, aí sim podemos dizer que quando nascemos os nossos pais dão-nos uma parte do caráter e a outra é adquirida pelo meio ambiente através da aprendizagem. Costumo dizer que o caráter é herdado na sua componente genética, é adquirido na sua componente ambiental e é moldado através da aprendizagem. Liliana Silva Nada a acrescentar. Fantástico Sílvio! Manuela Reduto Excelente resposta e muito elucidativa! Tânia Carvalho Só tenho isto a dizer depois deste esclarecimento: Quando crescer gostava de ter a mesma sapiência do mestre! Anne Brito Muito esclarecedor! Ricardo Rodrigues Excelente tema e Excelente resposta, é sempre um prazer aprender consigo! Livro recomendado Título: Bitcho Bravo Autor: Ricardo Rodrigues Editora: Dom Quixote Publicação: Junho 2006

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Sinopse: Ainda que algumas pessoas o tratem por Dr. Francisco, todos o conhecem como Chico dos Lobos. Ganhou alcunha quando o povo se apercebeu do seu estranho comportamento. Às quatro e meia da manhã, hora em que o Barroso embala em sono profundo, Francisco sobe muitas vezes os montes sozinho para falar com os animais. Trepa para o alto de um penhasco, coloca as mãos em concha sobre a boca e começa a uivar. Os lobos respondem-lhe. Às vezes um animal isolado, outras uma alcateia inteira. «Já me aconteceu passar horas a conversar com um lobo que devia ter acabado de ser expulso do seu grupo. Uivava com um tom tão triste, tão triste, que me vieram lágrimas aos olhos»


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Divulgação

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Terapias

Por: Susana Oliveira Fotos: Google

Segundo alguns estudos realizados, é cada vez mais comum os animais serem reconhecidos pelo seu surpreendente poder terapêutico. A interação entre pessoas e animais em toda a sua dimensão tem um grande reflexo na sanidade física e psicológica dos donos de animais, nomeadamente donos de cães. A dinâmica que se cria em torno desta relação no que diz respeito à troca de afeto recíproca, aos cuidados que o animal exige, à confiança e mesmo ao companheirismo, suscita nas pessoas um equilíbrio emocional que as capacita a lidar com o stress, ansiedade e depressão de uma forma muito mais saudável. Kathleen Doheny, uma jornalista especializada no estudo de temas relacionados com a saúde mental e comportamento refere que “os animais oferecem um amor incondicional que pode ser muito útil a pessoas com depressão”. O contato com animais facilita a capacidade de lidar com tensões provocadas pelo desgaste do dia-a-dia e melhora estados de humor. Qualquer pessoa que pretende adquirir/adotar um cão deve saber à partida que ele acrescentará à sua vida muita atividade, rotinas e uma maior interação social. Atividade porque como é do senso comum, um cão precisa de ser passeado, de libertar energia e isso implica que o seu dono se disponha a fazê-lo diariamente. Para além disso, existem as rotinas de alimentação, cuidados de higiene e saúde que não podem ser descurados e levam a uma permanente preocupação por parte do cuidador. Por último, e na minha opinião uma das mais importantes funções terapêuticas do cão, o permanente estímulo à interação social dos seus donos. Seja na hora que passeia o cão, seja no veterinário ou numa simples deslocação diária a presença do cão despoletará o convívio entre donos ou amantes da espécie. Esta interação que poderá não ser notória ou consciente, dia após dia fomenta no individuo uma sensação de bem-estar, de pertença à sociedade e tudo isto apenas porque um cão tem uma natural capacidade de “quebrar o gelo” entre os seus donos que por sua vez adoram partilhar experiências dos seus animais de estimação. Desta e de muitas outras formas, um cão possui a excelente capacidade de reunir condições para melhorar a qualidade de vida do Homem quer a um nível psíquico quer físico. Desperdiçar este tipo de experiência, de companheirismo adorável, de fidelidade incondicional pode ser uma falha fatal na vida de cada um de nós.

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Saúde

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Como os proteger contra os efeitos do envelhecimento

Todos nós envelhecemos, irreversivelmente para a maior parte, é atribuído somente tanto tempo no relógio biológico para várias funções vitais e várias fases da vida. O acto de envelhecer é verdadeiro para os cães também, porém todo este processo para eles é muito mais rápido. Em média, o tempo de vida de um cão é cerca de 12 anos. Com os progressos da medicina veterinária muitos vivem durante mais tempo. Há no entanto, raças de grande longevidade ou o inverso. O Grand Danois, por exemplo, raramente ultrapassa os 7 ou 9 anos, tal como os Buldogs. Os caniches, Yorkshire e Terries, por outro lado vivem frequentemente à vontade entre os 10 e os 20 anos. Verifica-se muitas vezes que um cão cujos pais e avós viveram muitos anos também chegam a uma idade avançada. Tal como nos humanos, os órgãos caninos desgastam-se com a idade, eles também sofrem de insuficiências do coração, dos rins e do fígado. A extensão da vida encontra-se ainda para além das nossas capacidades técnicas, embora a busca da tão aclamada "fonte da juventude" esteja em andamento desde tempos muito antigos. Este artigo pretende abordar os aspectos físicos e psicológicos do envelhecimento canino a fim de obtermos uma visão geral de todo este processo, doenças comuns, a deterioração normal e a perda de função compatível com a idade avançada, redução da resposta entre outas situações, de modo a podermos antever as situações que poderão ocorrer e estender o período de tempo em que o cão permanece activo e saudável. Independentemente do que se possa ler em na imprensa, em algumas publicações ou em lojas de animais sobre alimentos mais saudáveis, o único processo encontrado e testado que ajuda a prolongar a vida útil do cão é a restrição calórica na sua dieta. Existem felizmente, formas nutricionais, médicas e de estilo de vida que podem maximizar o período de boa saúde geral do cão. O envelhecimento é um processo complexo cheio de desafios onde alguns factores não são ainda bem conhecidos. Durante a vida sofremos alguns estados, nomeadamente gravidez, doenças ou traumas, sendo tudo isto acontecimentos cumulativos. Sabemos pois por experiência própria que uma entorse que poderá ocorrer quando somos crianças poderá fazer com que a articulação fique mais propensa a artrite na idade avançada. O mesmo acontece com o cão. O conceito central para o funcionamento do corpo é a Homeostasia. Conhecida como o processo dinâmico através do qual os vários sistemas do corpo funcionam para manter a estabilidade interna, que mantém o corpo operacional, reparado e protegido. O envelhecimento é o efeito líquido das mudanças negativas na fisiologia (perda de Homeostasia) que ocorrem ao longo do tempo, desde a concepção até a morte inevitável. Os cães mais velhos são menos capazes de lidar com ameaças aos seus sistemas do corpo do que os que estão no auge da juventude. Especialmente os machos , são particularmente susceptíveis aos efeitos nocivos Página 12


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Dos radicais livres e peroxidação lipídica. Os sistemas do corpo podem ser categorizados de várias maneiras e ainda dividido em subsistemas. As principais funções do corpo são: regulamentar, nutricional, excretor, distribuição, protecção e reprodutiva. Nós definimos tudo o que influencia negativamente o equilíbrio dinâmico, como por exemplo o stresse. Assim, o stresse além das propriedades de auto-compensadores dos resultados dos sistemas do corpo provoca uma perda de Homeostasia. Em geral, existe um equilíbrio entre o estímulo, o que excita os sistemas do corpo para funcionar, e o stresse, o que pode sobrecarregá-los. Assim, enquanto o exercício é bom para o cão, cães utilizados como força motriz nos tempos medievais muitas vezes sofriam de mortes precoces provocadas pelo "excesso de trabalho", ou seja, pela tensão aplicada aos ossos (stresse mecânico). Esperança de vida

Tabela 1

Cada raça de cães tem o seu próprio tempo de vida máxima característica, isto é, o período de tempo durante o qual se mantém a Homeostasia. No entanto, dentro de cada raça, existem algumas que vivem por um período mais longo ou mais curto do que a média. Assim, na determinação da "idade fisiológica", do cão é importante ter em conta não apenas a raça, mas também a descendência. De acordo com a Tabela 1 para uma lista no que se refere à expectativa de vida média de uma amostra representativa de raças. Podemos verificar que cães de raça gigante, como por exemplo o Grand Danois e o Wolfhound Irlandês, sofrem um processo de envelhecimento relativamente rápido, contrastando com as raças mais pequenas, nomeadamente os pequenos terriers, caniches miniatura ou padrão, que vivem mais do que o dobro do tempo. Numerosos estudos têm tentado quantificar o tempo de vida de várias raças, mas na maioria das vezes, os factores externos, tais como nutrição, doenças, meio ambiente e qualidade de vida tornam difícil tirar conclusões com elevado grau de certeza. Pesquisas anteriores, comparando a relação entre idade humana e do cão, defendiam uma proporção de 01:07 ao longo do período de vida do animal. Hoje em dia sabemos que não é bem assim. O tamanho pode ser considerado um factor influenciador, em geral cães mais pequenos vivem durante mais tempo do que os de porte maior, como podemos verificar na Tabela 2. O corpo

Tabela 2

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O corpo do cão, assim como o nosso, é composto por um conjunto de sistemas todos eles interligados, sobrepostos e agrupados, cada um com o seu próprio papel a desempenhar na manutenção da função ideal. Um dos grandes sistemas funcionais é o sistema nervoso, composto por células neurais que são "excitáveis", isto é, estas podem passar uma carga elétrica quando devidamente estimuladas. As células neurais não se replicam nem se dividem, nascem com o cão e ao longo da vida útil do animal vão se perdendo, através dos processos normais do envelhecimento. O sistema nervoso desempenha três funções gerais: - Actividade motora (activação muscular, secreção glandular); - Funções sensoriais (consciente e inconsciente); - Funções de associação (actividade neural do cérebro). A perda da função sensorial, como o envelhecimento cerebral, correlaciona -se directamente com a perda de células neurais. Com a idade reduz a eficácia do cérebro, logo a redução da percepção sensorial é inevitável: a percepção de visão, olfato, audição e paladar desaparece. O cérebro necessita de glicose como combustível - num estudo sobre o envelhecimento dos Beagles, a taxa de utilização do córtex cerebral sofreu quedas


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na glicose aproximadamente de 50% dos três aos 14 anos de idade. Não só a capacidade do sistema nervoso central, para receber e tratar informação diminui ao longo do tempo, como também os órgãos sensoriais, tornam -se menos capazes. Iniciaremos então uma breve passagem pela falência progressiva degenerativa, mais conhecida por envelhecimento, dos órgãos dos sentidos: - Olhos Com o envelhecimento vem a perda de elasticidade do olho, causando incapacidade de se concentrar em objectos próximos. O olho do cão não é capaz de se expandir e contrariar com a mesma intensidade como acontece na juventude. Como resultado os cães mais velhos não conseguem ver bem no escuro e tem um problema semelhante com a luz muito brilhante. A luz ultravioleta é prejudicial para os olhos e com o tempo, pode resultar em nebulosidade. Além disso, por doença genética pode também resultar em cataratas. Cães mais velhos tendem a ter os olhos com um "nebuloso". Com a idade, a drenagem do olho pode ser reduzida, resultando num aumento das pressões internas e, eventualmente, glaucoma e cegueira. A degeneração da retina com a velhice do cão podem resultar numa atrofia progressiva da mesma. Se a degeneração global da retina ocorrer, doenças na córnea podem ocorrer com a formação de depósitos de cálcio na córnea. Esta condição resulta frequentemente situações de extrema fotofobia (medo da luz) e tem sido associada à demência e cegueira no cão; - Orelhas As orelhas são particularmente susceptíveis a traumas e infecções. A infecção mais comum é o espessamento da membrana timpânica (tímpano), que pode causar perda de audição no cão. Orelhas pendidas são particularmente atraentes para os ácaros, fungos e bactérias. Por vezes o que parece ser uma fraqueza dos quartos traseiros do cão, é na verdade um problema no ouvido que conduz a uma perturbação do equilíbrio do animal. Porém, mesmo sem sofrer qualquer tipo de trama e/ou infecções, ao longo da vida, o tímpano perde a sua capacidade de responder rapidamente às vibrações, assim sendo, a perda de audição é um factor comum com a idade do animal; - Nariz O nariz do cão é particularmente espetacular na sua função. O nariz, como um órgão sensorial, anda de mãos dadas com uma área olfativa altamente desenvolvida do cérebro para fornecer ao cão um sentido muito agudo de cheiro. Alterações atróficas com a degeneração foram observados no epitélio olfatório em cães com mais de 14 anos. Outras mudanças comuns no envelhecimento incluem o crescimento de tumores e pólipos que fazem com que a respiração se realize através da boca e menos através de seu nariz com a consequente perda da capacidade de sentir o cheiro. Acredita-se que o olfato do cão contribui para o seu sentido do paladar. Quando a capacidade de sentir o cheiro passa, especialmente se combinado com uma perda de visão, pode ser difícil para um cão mais velho encontrar a sua tigela de comida ou obter mais prazer ao comer; - Língua O sentido de olfato do cão é tão grande que é muito difícil de determinar sobre a capacidade do cão para provar. Porque os cães não mastigam os Página 14


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alimentos, em grande extensão, é provável que o cheiro seja mais importante do que o gosto na percepção da palatabilidade. Tal como no processo de envelhecimento humano, as papilas gustativas na língua perdem-se ao longo do tempo, resultando em muitos alimentos palatáveis que não o eram no passado. Novamente, é difícil quantificar as contribuições relativas do nariz e da língua para a palatabilidade ou atractividade aos alimentos. - Cérebro Os cães mais velhos enfrentam a perspectiva de demência senil (senilidade), assim como acontece com os humanos. A taxa de utilização da glicose no córtex cerebral cai quase para metade entre a juventude e a velhice, como vimos anteriormente. Curiosamente, os cães e os ratos são os únicos não-primatas conhecidos, que na velhice desenvolvem placas neuríticas em que os seus cérebros assemelham-se aos dos seres humanos na doença de Alzheimer. Os cães idosos podem sofrer de acidente vascular cerebral, onde a taxa de incidência é muito menos do que em seres humanos. Distúrbios do sono na terceira idade não são incomuns, nem as alterações comportamentais, tais como o desenvolvimento de ansiedade de separação, o aumento da vocalização e a timidez. - Sistema gastrointestinal Em geral, as funções gastrointestinais do cão não degeneram com a idade, com excepção do potencial para problemas dentários e diabetes. Na sua grande maioria os problemas dentários nos cães não são uma função do envelhecimento, mas de doença evitável, tal como a obesidade. Necessidades calóricas mudam à medida que cão envelhece e se torna menos activo. Obesidade não parece causar o mesmo grau de problemas médicos em cães como acontece com os humanos, mas o impacto nas articulações e no sistema esquelético pode ser debilitante. A condição afecta severamente a qualidade de vida do cão. - Sistema urinário Os dois principais órgãos do aparelho urinário são os rins e a bexiga, em que ambos são afectados pelo envelhecimento. A bexiga armazena a urina recebida a partir dos rins e esvazia através da uretra. Nos cães mais velhos, é comum que os esfíncteres deixem de funcionar adequadamente, por uma razão ou outra, fazendo com que o cão se torne incontinente. Infecções do trato urinário e da bexiga são causas comuns de incontinência, assim como cadelas castradas mais velhas são particularmente propensas a incontinência. Os cães mais velhos também são propensos a pedras na bexiga (urólitos) e pode exigir dietas especiais para manter o pH da urina no nível correcto. - Coração O sistema vascular - coração - e o respiratório servem para criar um ambiente estável para o corpo do cão. O coração é pouco mais do que uma bomba de alto volume e de alta pressão, que bombeia o sangue para os pulmões para a troca de duas vias de oxigênio e dióxido de carbono, através dos rins para filtração selectiva, através dos intestinos e do fígado, onde os nutrientes são apanhados e transportados por todo o corpo por um sistema de artérias, Página 15


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Saúde

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veias e capilares. Além disso, as taxas de fluxo variável para a pele ajudam na regulação da perda de calor e retenção. O envelhecimento do sistema cardiovascular resulta na perda progressiva da reserva de órgãos e adaptabilidade A degeneração das válvulas do músculo cardíaco reduzem o débito cardíaco em cerca de 1/3 no último terço da vida de um cão. Isto é ainda mais complicado porque os músculos dos cães mais velhos têm menos mioglobina. Todas estas alterações explicam o facto de com a idade o cão se tornar por vezes intolerante ao exercício. Curiosamente, a arteriosclerose comum nos humanos, é rara nos cães, porém a infecção parasitária como a dirofilariose é comum nos cães e pode causar danos cardiovasculares graves, mais exasperado com o envelhecimento. - Articulações e ossos

Tudo indica que o cão Guia para Cegos que durante mais tempo permaneceu em actividade foi uma Retriever do Labrador de cor preta de nome Emma que pertence a Sheila Hocken. Depois da morte de Emma a dona escreveu um best seller intitulado - Emma and I. Emma tinha desempenhado a sua tarefa durante 11 anos, quando Sheila que nascera cega, recuperou a sua visão no seguimento de uma operação. Algum tempo após, a própria Emma devido a cataratas, cegou, pelo que os papéis inverteram-se, conduzindo então Sheila a sua fiel cadela por todo o lado. Emma morreu com 17 anos, em Novembro de 1981, tendo sido distinguida como o cão de cegos mais idoso de que há memória. Página 16

Com a velhice chega também o desgaste das articulações, dos músculos e dos ossos. As fibras musculares não se podem reproduzir, por isso, como acontece com as células nervosas, o cão não consegue substituir aquelas que perdeu ao longo da sua vida. Isso explica a perda característica da massa e força muscular à medida que a idade do cão avança. Nas articulações a displasia coxofemoral é a mais comum de todas as doenças especialmente na velhice. Esta é uma condição potencialmente incapacitante e extremamente dolorosa para o animal. Osteoartrite, assim como nos seres humanos, é um modo de vida em idosos e afecta mais comumente as articulações que suportam peso por esse motivo acredita-se que muitas vezes a melhor solução para muitas das dores da idade é a redução de peso. Tal como nos seres humanos, com o envelhecimento ocorre uma perda de mineralização dos ossos. Os ossos precisam de ser "alimentados" de forma a manterem a sua calcificação e em cães mais velhos com actividade limitada, a desmineralização dos ossos pode tornar-se grave. Felizmente, a osteoporose (perda de massa óssea) que aumenta nos cães idosos, não é normalmente um problema, dada uma dieta completa e equilibrada. Neste artigo pretendeu-se enumerar e explicar alguns dos muitos factores que se verificam no processo de envelhecimento de um cão, no final, importa reter que o envelhecimento é um processo natural, pois sem este, a superpopulação de todas as espécies rapidamente sufocaria o nosso eco-sistema. Pelo facto do cão envelhecer, não existe necessidade de alterar drasticamente a sua rotina. Pois se no passado era comum dar um passeio diário à hora certa, devemos continuar a fazê-lo, porém a sua duração deverá ser diminuída de acordo com as capacidades do cão. Cuidar de um cão velho é semelhante a tratar de um cachorro, por vezes uma nova aprendizagem e algumas alterações nas rotinas. Importante é reter que um cão necessita do seu dono em todas as idades, mas a dependência torna-se de novo pronunciada na velhice. Graças à ciência veterinária, não há que temer que pelo facto de um cão velho se queixar esteja prestes a morrer. Importante é detectar a fraqueza a tempo de ser tratada. Os ouvidos e a vista do cão, como vimos começam a deteriorar-se lentamente a partir dos 8 anos e é a partir desta altura que os exames regulares do veterinário, são mais necessários. Por: Anabela Guerreiro Fotos: Google


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Convivência

Diferentemente dos lobos que ficam na companhia de sua mãe, protegidos por ela em sua toca, até atingirem os dois meses de idade, os cães domésticos sofrem pela falta de manejo adequado e adaptação em nosso meio ambiente quando são retiradode suas ninhadas e levados para nossa casa.

Edição Nº 7

Um lobo filhote em companhia de sua mãe

Na seleção natural, apenas os mais aptos sobrevivem, e a cada geração, genes problemáticos são eliminados, por isso, os animais selvagens são mais saudáveis fisica e psicologicamente que os animais domésticos, geralmente selecionados artificialmente por suas características fisiológicas e psíquicas. A intervenção do homem na seleção dos cães provoca uma infinidade de anomalias. As doenças congênitas respiratórias, cardíacas, ortopédicas, digestivas e dermatológicas, são apenas alguns exemplos. Doenças neurológicas e problemas de comportamento como a agressividade por medo e a ansiedade por separação, também podem ser resultados da interferência humana sobre a criação de cães.

Cães têm sido criados em uma variedade de formas, cores e tamanhos tão grande que a variação pode ser ampla mesmo dentro de uma só raça, como acontece com esses Cavalier King Charles Spaniel.

Além da seleção artificial, a falta de informação sobre os cuidados necessários com as primeiras semanas de vida do filhote no nosso ambiente, ainda é uma das maiores causas de problemas comportamentais nos cães. Tal como os lobos, o cão doméstico passa por um processo de desenvolvimento físico e psíquico, através do qual precisa aprender, gradativamente, a usar seus instintos, recebendo de sua mãe e irmãos, as orientações e a segurança necessária para desenvolver-se de forma saudável. Muitos cães são retirados prematuramente de suas ninhadas e levados para nossa casa, com a finalidade de companhia ou guarda. Mas, independente de sua função, o cão doméstico precisa de cuidados especiais para adaptação em nosso ambiente. O estresse da mudança, o afastamento de seu grupo somado ao seu frágil sistema imunológico, podem causar doenças físicas e psicológicas nesses filhotes. Nas grandes cidades, muitos filhotes são isolados em quintais ou confinados em pequenas áreas de serviço dos apartamentos. O isolamento, a falta de socialização, a falta de exercício físico e mental, são as principais causas das doenças atuais como fobias, compulsões, obesidade, entre outras. Para convivermos com animais saudáveis é fundamental manter a sua natureza evitando humanizá-los, mas, permitindo que eles façam parte de nosso grupo familiar, transmitindo segurança e orientação sobre seus limites territoriais e regras de convivência social, através de um ambiente rico em estimulações adequadas ao seu desenvolvimento físico e psíquico e do adestramento de obediência, tão logo o filhote chegue em nossa casa. Por: Karin Pirá Fotos: Wikipédia

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Através da seleção artificial, alguns basset hounds desenvolveram orelhas tão grandes que podem tropeçar nelas.

A cadela amamenta seus filhotes por um mínimo de 45 dias.

Equilibrar um canino através do adestramento, e atividades, é fundamental


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Genética

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1ª Parte Porque é que há tantos cães desadaptados nos nossos dias? Se os cães se domesticaram a eles próprios, se conseguiram o seu lugarzinho confortável na sociedade humana, caindo nas boas graças dos homens, se aprenderam comportamentos que suscitam uma resposta favorável, então porque é que os jornais estão constantemente a noticiar casos de agressão entre cães e pessoas? Um jovem casal tinha um setter irlandês com 18 meses. O marido era frequentemente ameaçado pelo cão, que já lhe tinha mordido várias vezes. O cão rosnava cada vez que o marido entrava na sala. Isto acontecia quando a mulher e o cão estavam na sala antes do marido entrar. O cão gostava de ser passeado pelo marido, mas só a mulher podia estar presente na cozinha na hora da comida. Era frequente o cão atacar o marido quando ele tentava entrar no seu quarto depois de a mulher lá estar. É impossível dizer ao certo se problemas como este pioram de dia para dia, mas não há dúvida que o fenómeno da agressividade nos cães é recorrente. Em Baltimore, uma cidade com aproximadamente 100 mil cães, houve cerca de sete mil ataques a pessoas num só ano. De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção da Doença, todos os anos nos Estados Unidos, 800 mil pessoas requerem assistência médica por terem sido atacadas por cães, seis mil são hospitalizadas por ataques mais graves e cerca de quinze pessoas, a maior parte crianças, são mortas. A agressão faz parte da psicologia do cão. É assim que os cães mais jovens desafiam cães superiores na hierarquia canina. Outros comportamentos específicos reflectem tendências inatas que se revelaram incompatíveis com o dia-a-dia urbano da civilização moderna. Por exemplo, as raças de cães de montanha sofrem daquilo que os Etólogos como Katherine Houpt, da Universidade de Cornell, chamam Página 18

“barreira da frustração”. Estes cães adoram correr, odeiam estar confinados a um espaço fechado e reagem a esta situação roendo tudo ou adoptando outro comportamento destrutivo. Mas muitas vezes é o comportamento dos donos que influencia o cão. Os cães são tão bons a captar os sinais humanos que captam rapidamente as nossas falhas psicológicas. Um inquérito feito a donos de Cocker spaniel na GrãBretanha provou que os donos que menos se afirmavam tinham cães mais agressivos. O problema da ansiedade por separação aumentou com a quantidade de casais jovens que trabalham fora de casa e deixam o cão sozinho em casa a estragar tudo e depois regressam a casa e os enchem de mimos porque se sentem culpados por os terem abandonado. Existe também uma tendência, apontada tanto por criadores como por veterinários, para as pessoas verem as suas expectativas frustradas porque não fazem a menor ideia no que estão a meter-se quando trazem um cão de caça, por exemplo, para suas casas. No entanto existem várias razões que nos levam a acreditar que a agressividade canina e outros problemas comportamentais não são “normais” no relacionamento entre o dono e o cão. Nem são sequer apenas o resultado da personalidade do dono. Em 16 000 anos, é provável que tenha havido uma selecção bastante apurada (mesmo que involuntária) dos cães agressivos. E a maior parte das pessoas que procuram ajuda por causa deste problema já fizeram como Houpt diz, “tudo o que podiam fazer”. Os cães selvagens não são muito agressivos; estudos feitos sobre cães urbanos indicam que apenas um terço de rafeiros exibe um comportamento agressivo quando alguém se aproxima. Muitos explicam a agressividade canina pelo culto que certos grupos sociais fazem dos seus animais de estimação. Mas nem isto explica o que se está a passar. Raças como os Dobermann ou os Pastores Alemães, temidas pela agressividade, nem sequer aparecem nas listas dos cães mais problemáticos. De acordo com a investigação efectuada por Houpt, são cães


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Genética

como os Springer ou os Cocker Spaniel ou os Labrador que predominam nessa lista negra. O fenómeno da “fúria dos Springer” é conhecida pelos donos desta raça e dos Cocker Spaniel e de acordo com o inquérito de Houpt, 27% dos Springer morderam uma pessoa, o que é o dobro da média para os cães. Estes ataques súbitos são estranhos, e tudo indica que a explicação está na forma como os cães foram educados durante o último século. Agora, quase todos já ouviram falar dos malefícios do cruzamento de cães da mesma família e outras doenças hereditárias estão constantemente a ser citadas por activistas dos direitos dos animais nas campanhas contra donos de animais de estimação, mas em especial contra criadores de cães. Estas imperfeições são frequentemente apresentadas como a consequência inevitável de qualquer tentativa por parte dos homens em manipular ou direccionar a evolução de uma espécie para características que lhe agradam. Mas os marcadores genéticos sugerem que, há cerca de um século atrás, várias raças de cães foram desenvolvidas – qualquer raça, desde cães de colo até cães de guarda, desde cães de caça até cães de neve – sem que houvesse uma perda na diversidade genética geral e sem que houvesse uma alteração muito grande no que respeita à existência de anomalias físicas ou de comportamento. Também está provado que os problemas que surgiram não são tanto uma consequência directa de uma prática deliberada de criação, mas sim um efeito secundário que se poderia evitar. Habitualmente os cães eram divididos em tipos gerais. Existiam cães pastores, cães de caça, spaniels, pointers, retrievers. Mas os pointers eram apenas pointers, e não pointers alemães de pêlo curto nem Vizslas nem Weimaraners. Tal como demonstraram os dados genéticos de Wayne, a reprodução na mesma raça e um fluxo de genes a uma escala universal estava a acontecer mesmo com a existência desta separação em tipos. Os tipos eram distintos, tanto no que diz respeito à aparência física como ao comportamento, e tinham sido pensados e escolhidos com objectivos específicos humanos. Mas o ponto crucial da questão está em que estes cães foram definidos pela forma e função e não pelo seu parentesco. Página 19

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A partir de 1870, com a abertura de canis na GrãBretanha e nos Estados Unidos, livros de criação foram introduzidos no mercado em defesa da raça pura. Um cão só poderia ser registado como pertencendo a uma dada raça se os pais tivessem sido registados igualmente como sendo dessa mesma raça. Havia mais do que um pensamento racista por trás de tudo isto. Escritos sobre criação de animais de finais do século XIX, inícios do século XX, apontavam para uma eliminação de “fraquezas” e da necessidade de se manter a “linhagem pura” da raça. Olhando para a bibliografia de livros sobre cães o nome de Leon Fradley Whitney irá com certeza aparecer. Whitney foi o autor de muitos clássicos como O Livro Completo dos Cuidados do cão (ainda em circulação), O Cocker Spaniel, Como Treinar Cães de Caça e Como Criar Cães. O que certamente não se irá encontrar numa bibliografia sobre cães é uma outra faceta das obras de Whitney que inclui o livro Em defesa da Esterilização publicado em 1934, que recebeu uma carta elogiosa vinda de uma autoridade na matéria: Adolf Hitler (Whitney, pelo seu lado, elogiou Hitler publicamente, considerando-o um “grande estadista” quando ordenou a esterilização dos doentes mentais e dos loucos. Numa autobiografia que não chegou a ser publicada, escrita quarenta anos depois, Whitney ainda defendia a sua teoria de que “nenhum outro governante tinha tido a coragem nem o conhecimento de pôr o processo da esterilização a funcionar”. No entanto, concordou que na década de 30 não se tinha apercebido de que Hitler “era um ser humano desprezível.”) Continua… Por: Sílvio Pereira Fotos: Google


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Notícias

Entre almofadas fazem-se bons negócios

Cão abandonado por ser surdo é adotado e aprende linguagem dos sinais

Uma jovem portuguesa, a trabalhar numa agência de publicidade, após adoptar o seu primeiro cão, verificou que existia uma lacuna na oferta de um produto especifico para os animais de estimação, colocou mãos à obra e criou a MOGA pillows uma marca de almofadas para animais de estimação. “A Moga nasceu um pouco por necessidade: quando adoptei o meu cão, o Artur, e comecei à procura de camas não encontrei nada de que gostasse, nada que aliasse dois aspetos que considerava importantes, uma estética razoável em algo que fosse confortável”, conta. “Apercebi-me dessa lacuna no mercado; havia de certeza pessoas como eu, por isso lembrei-me de experimentar fazer mais almofadas e vendê-las.” Para isso Sara, fez um curso de costura e deu início ao seu projecto. Almofadas para cães e gatos, made in Portugal, feitas à mão, confortáveis e cheias de estilo. Mais uma boa ideia a pensar nos amigos de 4 patas e não só. Para conhecer o projecto basta ir a facebook.com/ mogapillows.

TVI Julho de 2012 Página 20

Foto: Hemedia SWNS Group

Horus foi recolhido pela caridade confiança do cão, na Escócia, quando ele tinha apenas alguns meses de idade. Tendo sido adoptado logo depois e devolvido após um ano porque não podiam controlá-lo (devido ele ser surdo). Passou então os próximos 18 meses trancado em canis à espera de um novo lar. Felizmente, Rosie chegou e adotou Horus. Ela procurava especificamente um cão surdo. Rosie é um entusiasta da linguagem de sinais e queria mostrar que cães surdos também podem Dinheiro Vivo, Julho aprender essa lingua2013 gem. Foto: Moga Pillows Ela levou Horus para casa e em duas semanas ele tinha aprendido 15 comandos Dona gasta mais de 200 mil euros no casa“Ninguém iria levá-lo por causa de seu comportamento. mento da cadela Ele costumava ficar agressivo em torno de cães e pessoas, mas uma vez que temos passado alguns comanA norte-americana Diamond Wendy gastou mais de 200 dos, começou a se comunicar, ele acabou por ser um mil euros num extravagante casamento, ao melhor géne- animal de estimação brilhante.” ro de conto de fadas, para a sua cadela, uma Coton de Ela treina Horus com uma forma básica da língua de Tulear. sinais ensinada às crianças. Ao longo de 5 anos Horus memorizou 56 comandos, conhece uma série de truques A cerimónia, organizada pela socialite e que contou com e ganhou inúmeros prémios no Kennel Club. Rosie, explia presença de 250 convidados (humanos) e 50 cães, ca: “Um cão surdo não pode, obviamente, ouvir, assim teve lugar no Jumeirah Essex House, em Nova Iorque, você não pode chamá-los de volta, por isso eu tinha que de acordo com o site Daily News. treiná-lo com ” truques ” a cada 20 segundos.” Hórus não pode ouvir, mas os seus outros sentidos são "É por uma causa maravilhosa", explicou, uma vez que a mais fortes. Ela descreve: “Ele pode me dizer quem está mesma pretende ajudar financeiramente a organização no outro lado da minha cerca do jardim por seu cheiro e "Humane Society of New York". a forma da sua sombra. Se eu entrar em uma sala, ele percebe a mudança de luz e se vira para ver quem é.” Só o vestido personalizado Rosie ajuda a apoiar outros donos de cães surdos e para a noiva custou cerca de 5 incentiva os outros a não ignorá-los como animais de mil euros, enquanto os arranjos estimação em potencial. “As pessoas pensam que cães florais ascenderam a 23 mil surdos são diferentes e estúpidos e que não podem ser euros e nem a banda falhou, treinados, mas Horus é uma prova de que eles podem”. por 12 mil euros. Ele é um membro da família.” ANDA, Outubro 2012


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Notícias CCVL

Novo Curso presencial Com início em 14-09-2013

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Sabia que...

... o cão não vê as cores exactamente como nós? Qual é a cor da bola que devemos escolher para brincarmos com ele? Num relvado, o cão localizará mais facilmente uma bola azul do que uma bola vermelha, porque ele não distingue o vermelho do verde. Para os cães, as cores verde, amarelo, laranja e vermelho não apresentam qualquer diferença, para eles o semáforo não muda de cor, porque ele vê da mesma maneira o verde, o amarelo e o vermelho. Para que ele notasse a diferença de cores do semáforo, duas delas deveriam ser alteradas para violeta e azul, já que ele consegue diferenciar as cores violeta, azul e verde. Mas não está provado que o cão veja melhor ou pior do que nós, vê diferente. ... A cinofobia é o medo irracional de cães. É um medo muito comum na sua versão mais branda, quando não chega a ser considerado uma fobia propriamente dita. Pessoas com cinofobia geralmente possuem experências traumáticas com cães no passado, como serem mordidas ou atacadas quando crianças, ponto a partir do qual a fobia começou a manifestar-se. Existe tratamento para cinofobia que pode ter ótimos resultados: O paciente é estimulado a ficar ao lado dos cães, adestrados, para que, brincando com eles, perca o seu medo. Se o paciente vir que o cão não representa nenhum perigo sendo capaz de brincar com ele, o mesmo vai gradualmente perdendo o seu medo. ... Walle, um rafeiro de 4 anos, que resulta do cruzamento de um Beagle e de um Boxer cruzado de Basset Hound é o vencedor do concurso o Cão Mais Feio do Mundo 2013. Mas a decisão está a gerar polémica e já existe até uma página no Facebook que contesta a fealdade do cão. Cerca de 30 cães disputaram os 1500 dólares (1150 euros) do primeiro prémio no concurso que reúne os cães mais feios do ano. O evento realizou-se na Califórinia, Estados Unidos da América, e coroou Walle. “Este cão parece que é uma imagem montada em Photoshop, com peças retiradas de vários cães e talvez de vários outros animais”, comentou o jurado Brian Sobel. O andar estranho, a corcunda, a cabeça desproporcional e a orelha torta de Walle asseguraram o título. A vitória desta cão marca o fim da dominância de cães de raça Chinese Crested Dog e Chihuahuas, que têm vindo a ganhar nos últimos anos. ... Festival que incentiva consumo de carne de cães gera polêmica na China? Entre elas está a realização de um festival dedicado ao consumo de carne de cão, que aconteceu no sul e no nordeste do país no último domingo (23 de junho de 2013) e que foi alvo de inúmeros protestos pelos amantes dos animais. Imagens divulgadas pela agência de notícias Associated Press mostram os cães em gaiolas, prontos para serem vendidos e, em seguida, abatidos para que a carne se torne iguaria gastronômica. De acordo com a organização não-governamental Humane Society International, anualmente pelo menos 10 milhões de cães são caçados e mortos para consumo humano. Na semana anteriore ao festival, voluntários vestidos com roupas representando animais promoveram um evento em favor dos cães, alegando que a festa promove a crueldade animal, além de causar preocupações referentes à segurança alimentar. A carne de cão não é amplamente consumida na China, mas pode ser encontrada em restaurantes de todo o país, onde às vezes é considerada uma especialidade. Página 22

Edição Nº 7

... O posto de maior cão do mundo tem um novo candidato? Ele chama-se Zeus, e é um Dogue Alemão. A dona do cão, Denise Doorlag, do Michigan, nos Estados Unidos, afirma que frequentemente ouve comentários como: "isso é um cão ou um cavalo?” ou "onde está a cela dele?". Zeus foi nomeado como o maior cão vivo do mundo pelo Guiness World Records e alguns dados sobre o cão são mesmo de assustar, ele pesa mais de 70 quilos, e come um saco de ração de cerca de 14 quilos todos os dias e de pé tem o tamanho de um burro, cerca de 1,12 m. A dono refere que se ele pisa alguém, deixa hematomas. ...O apicultor australiano Josh Kennett apostou no seu cão labrador, o Bazz, para detetar as batérias e as larvas que estão a destruir os enxames, mas para o proteger das abelhas en fúria concebeu e produziu um equipamento que lhe dá uma aparência de astronauta. O recurso ao cão não tem prova científica, amas a ideia deste apicultor de Tintinara, Austrália, correu mundo. ... Investigadores curam diabetes tipo 1 em cães? Investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona, dirigidos por Fàtima Bosh, conseguiram curar a diabetes em cães com só um tratamento de terapia genética. O acompanhamento foi realizado ao longo de mais quatro anos e em nenhum dos casos, a enfermidade voltou a aparecer. “A terapia é muito pouco invasiva e onsiste em uma só sessão de diversas injecções nas patas traseiras do animal”, explicam os investigadores. Com as injecções são introduzidos vectores de terapia genética com um duplo objectivo: a expressão genética da insulina e da glicoquinase. Esta última é uma enzima que actua como regulador da captação da glicose do sangue. Quando ambos os genes actuam simultaneamente funcionam como um “sensor de glicose”, conseguindo a regulação automática da captação da glicose e reduzindo assim a hiperglicemia (excesso de açúcar associado à doença). “O estudo é a primeira demonstração de cura da diabetes a longo prazo num modelo animal grande, através da terapia genética”, sublinha Bosh. Este tipo de tratamento já tinha sido testado em ratinhos pelo mesmo grupo de investigadores. Mas os “excelentes resultados” obtidos agora com animais maiores podem ser uma base para futuras aplicações em humanos. O estudo disponibiliza bastantes dados que certificam a segurança e a eficácia do tratamento com esta terapia genética. ... O aparelho digestivo de um cão de raça pequena representa 7% do seu peso total, e o aparelho digestivo de um cão de raça grande representa 2,7% do seu peso? e que durante o primeiro ano, o cão de raça grande multiplica o seu peso de nascimento em mais de 80 vezes, ao passo que um cão de raça pequena, cujo peso adulto é no máximo 10 kg, multiplica seu peso de nascimento em apenas 20 vezes e completa o seu crescimento por volta dos 10 meses de idade.


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Notícias CCVL

Edição Nº 7

Próximas iniciativas do Dep. de Formação do

Centro Canino de Vale de Lobos

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Formamos: Cães & Lobos

Edição Nº 1

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Presencial Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente. Este Curso tem a vantagem de ser composto no máximo por 4 formandos.

Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações científicas desenvolvidas na área da aprendizagem canina Estrutura Programática do Curso

Módulo 1

(teórico)

1.1 CONHECER O CÃO 1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4 1.1.5 1.1.6

Conhecer como funciona um cão O Carácter num cão O Temperamento num cão A Comunicação canina Os Instintos Básicos caninos Conhecer o cão que se vai adestrar

1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO 1.2.1 Métodos de Adestramento 1.2.2 Traçar objetivos 1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento 1.2.3.1 Em função do cão 1.2.3.2 Em função do dono 1.2.3.3 Em função dos objetivos 1.2.4 As várias fases do Adestramento

1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE 1.3.1 1.3.2 1.3.3

Definição O que é o Clicker O treino com Clicker

Módulo 2

(prático)

2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL 2.1.1 Material de adestramento 2.1.1.1 Material de contenção 2.1.1.2 Material de assistência 2.1.1.3 Material didático 2.1.2 Postura corporal do adestrador 2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão 2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito 2.1.5 Exercícios de Obediência Básica 2.1.5.1 Exercício de andar ao lado 2.1.5.2 Exercício de sentar 2.1.5.3 Exercício de deitar 2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto 2.1.5.5 Exercício de chamada

2.2 SOCIABILIZAÇÃO 2.2.1 Sociabilização intraespecífica 2.2.2 Sociabilização interespecífica

1.4 O ADESTRADOR 1.4.1 1.4.2 1.4.3

Exigências Físicas Exigências Mental Ética profissional

… e donos responsáveis! Página 1


Formamos: Cães Cães & & Lobos Lobos

Entrevista

Edição Edição Nº Nº 1 4

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS Módulo 3

(prático)

3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA 3.1.1 Determinar as aptidões do cão 3.1.2 O Figurante (Homem de ataque) 3.1.2.1 Vestuário 3.1.2.2 Equipamento 3.1.2.3 Formação 3.1.3 O trabalho de motivação 3.1.4 O treino técnico das mordidas 3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga) 3.1.6 O treino da fuga do figurante 3.1.7 O treino da busca do figurante 3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia 3.1.9 O treino do ataque longo

Módulo 4

(teórico)

4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES 4.1.1 Agressividades 4.1.1.1 Definição e tipologias 4.1.1.2 Tratamento 4.1.1.3 Prevenção de agressividade por complexo de controlo

4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição 4.1.2.2 Tratamento 4.1.3 Ansiedade por separação 4.1.3.1 Definição 4.1.3.2 Tratamento 4.1.4 Fobias 4.1.4.1 Definição 4.1.4.2 Tratamento 4.1.5 Manias Maternais 4.1.5.1 Definição 4.1.5.2 Tratamento 4.1.6 Hiperatividade e hiperexceptibilidade 4.1.6.1 Definição 4.1.6.2 Tratamento 4.1.7 Comportamentos estereotipados 4.1.7.1 Definição 4.1.7.2 Tratamento 4.1.8 Ingestão Inadequada 4.1.8.1 Alimentação Estranha 4.1.8.2 Coprofagia 4.1.8.3 Objetos 4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva 4.1.9.1 Definição e Sintomas 4.1.9.2 A importância de um Diagnóstico Correto 4.1.9.3 Prognóstico 4.1.9.4 Tratamento

Curso intensivo de formação de monitores de adestramento científico canino (presencial) Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente Características do Curso Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas, incluindo as componentes prática e teórica. Início do Curso: A combinar com o formando Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra Método de Ensino: Científico Quantidade de Alunos por Curso: 1 Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada

Estrutura Programática do Curso Módulo 1 (teórico) Módulo 2 (prático)

Do Curso de duração normal

… e donos responsáveis! Página Página 131


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Entrevista Publicidade

Edição Nº 7 4

Adestramento Canino

Anabela Guerreiro - Treino e Avaliação de Comportamento Canino - Pet-sitting Visite-nos em: http://mydogcenter.blogspot.com/ Email: mydogcenter@gmail.com Telef. 966 159 407 Zona: Algarve 31 Página 26


Cães Cães & & Lobos Lobos

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Edição Edição Nº Nº 7 4


Cães & Lobos

Ficha Técnica

Edição Nº 7

Cães & Lobos Nº 7

Propriedade:

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com contacto@ccvlonline.com Edição:

Dep. Divulgação do CCVL http://Comportamentocanino.blogspot.com

Revista Digital de Cães e Lobos Editor:

Sílvio Pereira

Colaboradores

sp@ccvlonline.com Colaboraram nesta Edição:

Anabela Guerreiro, Karin Pirá, Susana Oliveira, Vanessa Correia, Grupo do Dep. De Formação do CCVL Paginação e execução gráfica:

Sílvio Pereira Nota:

Todo o material publicado nesta edição é da exclusiva responsabilidade dos seus autores. _________________________ Página web: http://revistacaeselobos.weebly.com revista.caeselobos@ccvlonline.com

Página 28

Anabela Guerreiro anabelapg@iol.pt Karin Pirá adestramentoresponsavel@gmail.com Susana Oliveira oliveirasu@live.com.pt Vanessa Correia vanessa_correia_sb@hotmail.com Grupo do Departamento de Formação do Centro Canino de Vale de Lobos


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa (portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes traumatizantes idas às escolas de treino canino. Características do Curso Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno). A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de treino, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condições de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estudadas. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conhecimento profundo do aspeto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspeto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utilização do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas também para compreender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.

Estrutura Programática (resumida) Módulo 1 (teórico) 1ª Parte - Conhecer o Aspeto Funcional do Cão 2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão 3ª Parte - A Comunicação Canina 4ª parte - Os Instintos 5ª Parte - Condicionamento Operante 6ª parte - Descobrir o Clicker

Módulo 2 (prático) 7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social 8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão 9ª parte - Exercícios de Obediência Básica 10ª Parte - Sociabilização

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html

… e donos responsáveis!


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Características do Curso Objetivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identificação, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos. Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interação dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas também a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação. Perspetival de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e prevenção das Patologias do Comportamento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Comportamental.

Estrutura Programática do Curso Tema 1 - Como Funciona um Cão Tema 2 - O Carácter Tema 3 - O Temperamento Tema 4 - A Comunicação Canina Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades Tema 8 - Ansiedade por Separação

(Resumido)

Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva Tema 10 - Fobias Tema 11 - Manias Maternais Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcitabilidade Tema 13 - Comportamentos estereotipados Tema 14 - Ingestão Inadequada Tema 15 - Eliminação Inadequada

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

… e donos responsáveis!


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