Nº 16 - Outubro | Novembro | Dezembro 2015

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Revista digital

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* A diferença entre cães e lobos é que os cães acreditam em magia

Outubro | Novembro | Dezembro

2015


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

Curso destinado a todos os criadores, ou potenciais criadores caninos. Características do Curso Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre Criação Canina, todos os criadores, ou que pretendam vir a sê-lo, na medida em que, este Curso abarca toda esta temática, desde os conceitos de Genética Canina até à entrega do cachorro ao futuro dono. Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 6 meses ou 500 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Criadores Caninos que sintam algumas lacunas no seu conhecimento acerca dos Temas propostos no mesmo. É igualmente dirigido a todos aqueles que pretendam iniciar esta apaixonante e nobre atividade que é a Criação Canina. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de Criação Canina. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, Criar cães, uma vez que está na posse de formação técnica e científica específica necessária para o fazer.

Estrutura Programática (Resumida) Tema 1 - A Genética Canina Tema 2 - O Período Reprodutivo Tema 3 - A Reprodução Tema 4 - A Gestação Tema 5 - A Patologia da Reprodução Tema 6 - A Alimentação da Cadela gestante Tema 7 - O Parto Tema 8 - A Amamentação Tema 9 - O Desmame Tema 10 - Primeiras etapas do desenvolvimento do Cachorro Tema 11 - Enfermidades do Período neonatal Tema 12 - O Crescimento do cachorro Tema 13 - Desparasitação e Vacinação dos Cachorros Tema 14 - A entrega dos Cachorros Tema 15 - Identificação e Registo dos Cachorros

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

… e donos responsáveis!


Cães de Pedigree Uma das nossas colaboradoras, a Vanessa correia, escreve um artigo referindo-se a um documentário da BBC sobre os cães de pedigree e o mal que se está a fazer a esses cães no que à estrutura morfológica diz respeito. O referido documentário critica abertamente as opções de preferência, subjectiva, que alguns juízes e criadores têm em termos de construção morfológica de algumas raças, pouco se importando com a sua funcionalidade e saúde. A ler com atenção. A Marta Wadsworth, da Dog Lovers Portugal publica mais dois interessantes artigos que nos ajudam a conviver, e a compreender, cada vez melhor os nossos amigos caninos. Da nossa autoria, foram publicados dois artigos, um ajudando a compreender melhor o mito da “dominância” canina o outro, mais dirigido para os hoteis caninos, tratadores, profissionais do pet-sitting e dog-walking com o objectivo os ajudar a compreender melhor os cães que guardam, tratam e passeiam quando estes se encontram separados do dono. Se é esse o seu caso aconselho uma leitura. O Ricardo Duarte dá-nos um testemunho muito interessante de como é a sua vida com o seu Dalmata. A Vanda Botelho da Ativanimal mais uma vez colabora com a revista publicando um artigo muito oportuno sobre os comportamentos obsessivo-compulsivos dos cães. Por fim, a Suzette Veiga voltou ao nosso convívio com um artigo acerca da educação do cachorro, principalmente o ensinar a andar à trela e a vir á chamada A personalidade do trimestre é a conceituada treinadora Jean Donaldson. Nas histórias antigas de cães, desta vez recorremo-nos de um livro de 1911, que pertence ao nosso acervo, e publicamos algumas fotos de cães dessa época para podermos comparar com exemplares da mesma raça na actualidade. Até Janeiro 2016 Boas leituras.

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2 Introduzir um novo membro na família (Marta Wadsworth) 8 Dominância Canina! O fim de um mito? (parte 1) (Sílvio Pereira) 15 Comportamentos estereotipados (Vanda Botelho) 16 Pedigree Dogs Exposed (Vanessa Correia) 22 A educação do Cachorro (Suzette Veiga) 26 A minha vida com um Dalmata (Ricardo Duarte) 30 Exercício Físico (Marta Wadsworth) 36 Os comportamentos tipo dos cães quando separados temporariamente dos donos (Sílvio Pereira)

Centro Canino de Vale de Lobos www.ccvlonline.com Departamento de Formação do CCVL http://formacaoccvl.weebly.com

35 - Personalidade em destaque. Jean Donaldson 41 - Histórias (antigas) de Cães. 45 - Espaço Lobo

Departamento de Divulgação do CCVL Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net www.facebook.com/ccvlobos


Autoria: Marta

Wadsworth


Mais tarde ou mais cedo pode acontecer teres de passar por esta situação... Talvez tenhas um cachorro e queres trazer um amigo para casa com quem brincar, ou até já tens um cão adulto e estás um pouco ansioso(a) por saber qual a melhor forma de introduzires o novo membro que aí vem. Para ser clara desde já, este artigo dedica-se a falar um pouco acerca de introduzir um novo cão, no seio de uma família com outro(s) elemento(s) canino(s), não de um bebé ou de algum elemento de outra espécie... esses ficam para uma outra altura.


Mesmo que não reparemos, na nossa família existem regras e rotinas definidas. Coisas que fazemos todos os dias, locais onde vamos, a forma como realizamos determinada coisa, os tempos em que chegamos, saímos, vamos à rua, nos deitamos... E se é verdade que dizemos que o nosso cão nos conhece melhor que ninguém, também é verdade que ele conhece bem de perto cada uma das nossas ações, reações e espaço - que também é o dele. A verdade é que tudo isto muda no dia que trazemos connosco um novo amigo. Com muito entusiasmo apresentamo-lo ao nosso melhor amigo e, para surpresa de muitos, muitas das vezes as coisas não correm tão bem como esperamos. Muitas vezes o nosso cão chega a ser agressivo em relação a este novo membro. Muitas pessoas são apologistas de que se deve simplesmente trazer o novo cão, introduzi-lo neste novo espaço e deixá-los resolver os problemas entre si. Muitas vezes sim... outras vezes temos de intervir para impedir que as coisas vão longe demais. Isto aplica-se, ainda com mais intensidade, se tiveres não um, mas uma matilha de cães em casa.

Princípios básicos da introdução de um novo cão na família: 

Lidar com a territorialidade

Os cães são, uns mais que outros, animais territoriais. Marcam o seu espaço, determinam limites e respeitam-se hierarquicamente. Ao introduzirmos um novo cão, ou cachorro, estamos a influenciar o instinto de proteção de território do nosso cão, estamos a desafiar a sua territorialidade, que nuns casos é bem mais evidente do que noutros. Este é apenas um princípio que temos de ter em conta, não significa que todos os cães o manifestem, muito menos que todos o manifestem de forma problemática. Até porque é "saudável" que deixemos o nosso cão ensinar o novo membro acerca dos seus limites. É inevitável que exista na primeira, ou primeiras interações, alguma tensão já que estarão a estabelecer a organização social entre eles. Em relação à territorialidade, e à semelhança do que iremos explorar noutros pontos mais à frente, é importante

importante que o dono imponha a sua presença e autoridade quando se verificar que a tensão está a passar dos limites. Se se verificar que o cão continuamente afugenta o novo membro para os cantos e o expulsa das zonas comuns em que ambos poderão estar, o dono deve impedir que isto suceda, afastando-os e através da sua postura e atitude impeça o seu cão de repetir o comportamento. É muito importante que o cão seja recompensado quando alterar se mantiver calmo e não reagir ao novo membro, de forma a que possa entender que esse é o comportamento desejado. Se o cão já estiver a ser treinado com clicker para obediência, pode e deve introduzi-lo nesta situação para modificar o comportamento. Repetidamente temos referido que a agressividade ou intransigência é dirigida ao novo membro, no entanto, pode acontecer que o novo membro (principalmente se já não for um cachorrinho) tenta, desde o primeiro dia, reclamar o novo espaço ao nosso primeiro cão, apresentando este manifestações comportamentais indesejáveis. Se assim for, devemos reagir de igual forma como se fosse o nosso cão. Não devemos ter reservas de impor a nossa autoridade no novo cão e impedi-lo de reagir para com o outro, muito pelo contrário. Se o teu novo cão foi resgatado, trazido de um canil ou da rua, podes ter tendência em protegê-lo em demasia porque inconscientemente já sentes pena pelo seu passa-


do. Podes querer andar

sempre com ele ao colo, impedir que se aproxime do outro, ou que tenha de enfrentar qualquer problema. Essa também não é uma boa atitude que pode despoletar o instinto de proteção, que veremos já de seguida. Algumas pessoas optam por um método que parece que tem vindo a dar algum resultado em alguns casos, que é a "apresentação" dos cães num local neutro. Experi-

des ameaçadas., que o novo membro vem a substituir a tua atenção e preocupação por ele. Tu és um recurso muito valioso para o teu cão e o novo membro pode desenvolver o seu instinto de protecção... por ti! É importante reconhecermos que isto pode acontecer, o que pode causar este "sentimento" de ameaça e como podemos evitar ou atenuar que se desenvolva. Em primeiro lugar, temos de deixar bem claro para os dois cães (ou mais) que a nova entrada não afeta de forma nenhuma a forma como reagimos para com o outro. E como fazê-lo, quando simplesmente não podemos explicar-lhes isto? Através das nossas ações! Desde o momento em que trazes o teu cão para casa (e nunca venhas com ele ao colo logo no primeiro momento, opta por uma caixinha transportadora para o introduzires), tens de racionalmente lembrar-te de que todos merecem e necessitam de igual atenção da tua parte. Brincadeira, atenção, mimos, tudo isso deve ser doseado de forma justa. Assim, o teu cão não irá associar a presença do novo membro a uma diminuição no afeto ou oportunidade

menta levar o novo cão a um parque onde nunca tenhas ido antes e pede a outro membro da família que se encontre aí convosco. 

Instinto do protecção

Se tens educado o teu cão de forma equilibrada, com regras e limites, ele saberá reconhecer a tua liderança na família (cães sem tais regras podem tentar criá-las por si mesmos, dando em último caso origem a problemas comportamentais patológicos como o complexo de controlo). O cão ver-te-á como o líder da família, o provedor de sustento (alimentação) e sociabilidade (carinho, atenção, brincadeira), duas coisas muito importantes para o seu mundo. Como é "compreensível" um novo membro pode abanar as coisas, o cão pode sentir que tem as suas necessida-

de socializar contigo. Os cães desenvolvem instinto de proteção por tudo aquilo que lhes possa "pertencer". O território, conforme vimos antes, os donos /família, os brinquedos, o comedouro, e muito mais. Uma boa forma de gerir tudo isto é introduzir


novos objetos no ambiente onde o novo cão entra, que lhe podem ser apresentados diretamente. No longoprazo, tudo poderá ser partilhado (brinquedos, camas, etc), mas como forma de prevenir alguns comportamentos indesejáveis deve sempre haver à disposição dois objetos de tudo o que possa ser "pessoal". Em relação aos espaços, território, ler o ponto anterior.

que se possa começar a sentir mais à vontade no novo espaço. É normal que esteja muito ansioso em conhecer a nova família, o novo espaço, por isso deixa-o à vontade, sem pressão, nem muita agitação (de preferência sem crianças ou barulhos que o possam assustar nas primeiras horas). Começa a definir as novas regras de forma clara desde o primeiro momento, se possível, tenta manter -te fiel ao que fazias antes, o mais possível para que a transição seja simples. É também importante que deixes cada um ter o seu espaço onde o outro não irá interferir. Se já fizeste a habituação à caixinha, permite que cada um tenha a sua onde pode descansar "em paz" e onde se sinta protegido. Tal vai ajudar em muito a gerir os primeiros dias juntos.

E quando as coisas não correm bem… 

O primeiro dia…

Este é talvez o momento mais intenso do processo de introdução do novo membro. Tal como referimos anteriormente, deves trazer o teu novo cão dentro de uma caixinha transportadora, nunca ao colo. Ao chegares, pousa a caixa no chão e deixa o teu cão, ou cães, cheirarem a caixa. Fica próximo deles para impedir que comecem a ladrar de forma ameaçadora, mas deixa-os cheirar. Passado alguns minutos, quando verificares que estão todos calmos, abre a porta da caixa e afasta-te. Deixa o novo membro sair quando lhe apetecer. Se tudo correr bem, vão cheirar- se mutuamente observar o posição corporal um do outro e imediatamente estabelecer a hierarquia entre eles. Possivelmente, podem começar a brincar ou simplesmente cada um segue para seu lado, enquanto o novo membro começa a explorar o espaço. Recompensa o teu cão com clicker (se já utilizares) e biscoitos pelo seu bom comportamento a acolher o novo membro. Recompensa também o novo membro para

Pode acontecer... e por muitas causas diferentes. Se tens um cão com idade avançada e trazes um novo cachorro pode não haver aceitação imediata quando o cachorro não sai de cima do outro, sempre a convidar para a brincadeira; quando um dos cães tem um fortíssimo instinto de proteção, manifestando agressividade territorial intensa; quando não conseguem estabelecer uma hierarquia entre eles de forma imediata (onde um dos cães se submete ao outro); entre outras causas. Em último caso, e temos de ser muito sinceros aqui, pode acontecer que tenhas de fisicamente separar os cães, caso eles tenham ambos muito temperamento e possam nunca vir a poder estar juntos sem a tua supervisão.


Em conclusão, relembra-te de algumas coisas que deves ter em conta quando estás a integrar um novo membro na família. Autoridade do dono: deves sempre corrigir os comportamentos indesejados (evitar utilizar o castigo positivo como palmadas ou outros, já que não estás a ensinar qual o comportamento desejado, apenas a trazer mais stress para a situação). É importante que sejas firme, podes utilizar a tua voz e postura corporal, afastando os cães e impedindo que se "peguem". Recompensar o bom comportamento: tal como dissemos anteriormente, o bom comportamento de calma, de respeito, deve ser recompensado/reforçado para que se repita no futuro. Leva-os em longos passeios/brinca com eles: a brincadeira e o desgaste energético é uma boa forma de iniciar a convivência. Quando ambos estão a fazer algo, em conjunto, que ambos apreciam, poderão começar a desenvolver laços mais facilmente já que irão estar ambos distraídos por um estímulo mais forte... a brincadeira. Cuidado para evitar o conflito: se estiveres a utilizar objetos como bolas para brincar com eles, deves ter várias para que não entrem em conflito por esse mesmo objeto). Em último, caso não consigas resolver a situação, recomendamos que procures um profissional experiente em comportamento canino para que o possa ajudar a avaliar a situação e definir a melhor estratégia.

“Muitas pessoas são apologistas de que se deve simplesmente trazer o novo cão, introduzi-lo neste novo espaço e deixá-los resolver os problemas entre si. Muitas vezes sim... outras vezes temos de intervir para impedir que as coisas vão longe demais. Isto aplicase, ainda com mais intensidade, se tiveres não um, mas uma matilha de cães em casa.”


Autoria:

SĂ­lvio Pereira


Será um objectivo prioritário dos nossos cães tornarem-se líderes da sua “matilha” para dominarem os seus donos? Lá porque descendem dos Lobos, teremos que adoptar as mesmas estratégias que estes utilizam para os liderarmos? Será que o termo “Alfa” ainda faz sentido? Serão a estas e a outras perguntas que iremos tentar responder numa série de dois artigos, que iniciaremos neste número, acerca do mito: Dominância inter-específica.


Este é, de certeza, um tema polémico, principalmente para aqueles adestradores e comportamentalistas que não evoluíram e que ainda utilizam métodos de treino e de modificação comportamental baseados em premissas arcaicas segundo o princípio da necessidade de dominar para poder subjugar e, por vezes, torturar os animais com o objectivo de obterem destes os resultados pretendidos: uma submissão baseada no medo e no terror.

o Lobo (Canis Lupus). Queremos com isto afirmar que tanto o Cão, como o Chacal como o Coiote, numa dada altura do seu percurso afastaram-se do seu ancestral, o Lobo e evoluíram noutras espécies totalmente distintas.

Felizmente, nos últimos 10, 15 anos, começaram a aparecer alguns conceituados investigadores (dos quais iremos citar alguns deles durante os dois artigos que iremos apresentar) interessados em aprofundar estas questões relacionadas com o tipo de simbiose existente entre os humanos e os cães, e as conclusões a que todos eles chegaram foram, no mínimo, surpreendentes, indo em contraponto ao consenso que até aí existia de que devíamos ter uma organização social com os nossos cães baseada no estatuto hierárquico, exactamente como os Lobos têm entre si sendo que, para conseguirmos conviver com eles, teríamos que adoptar também o conceito de “alfa” como existe nas grandes alcateias de Lobos. Esses investigadores vieram dizer-nos que, efectivamente, não é nada disso que acontece com os cães mas tão só que, para haver um equilíbrio na relação humano/cão são só necessárias três coisas: correcta socialização na fase crítica do crescimento do cachorro, conhecimento da linguagem canina para que possamos interpretar os sinais emanados por estes e um consequente adestramento em obediência social, seguindo os princípios do condicionamento operante e sem recurso ao castigo físico.

O ADN mitocondrial de ambos virtualmente é o mesmo (99,8%);

Têm o mesmo número de cromossomas (78);

Têm o mesmo número de dentes (42) se bem que os dentes dos cães são mais pequenos que dos lobos.

Vamos então tentar explicar o mais pormenorizadamente possível e com a clareza que se impõe para que o leitor possa compreender os conceitos, por vezes algo técnicos, e assim poder acompanhar-nos na mensagem que queremos transmitir.

E o Lobo torna-se Cão O zoologista austríaco e fundador da Etologia moderna, Konrad Lorenz (Prémio Nobel da Medicina em 1973) teorizou, na sua obra “E o Homem encontrou o Cão”, que algumas raças de cães domésticos descendiam dos Lobos, outras dos Chacais e outras ainda dos Coiotes. Com a evolução da genética e a introdução do ADN mitocondrial como suporte para a identificação taxonómica das espécies, chegou-se à conclusão que esta teoria de Lorenz estava errada e que tanto o Chacal (Canis Aureus), como Coiote (Canis Latrans) como o cão (Canis Familiaris) são ramificações de uma mesma árvore cujo tronco é

No caso que nos interessa, o Cão, as principais razões pelas quais os investigares consideram que este descende do Lobo são as seguintes:

Estes talvez sejam os únicos traços que são partilhados por cães e lobos uma vez que, ao longo da evolução dos cães como espécie autónoma, foram produzidas mudanças físicas que devemos considerar: 

Mudou a forma e o tamanho do crânio que, dependendo da raça, se encurtou ou se alargou, sendo o Bulldog Inglês um exemplo típico, se bem que nos lebreus (galgos) o crânio se tenha alongado e estreitado. À semelhança do que acontece com o tamanho do indivíduo, os tamanhos do crânio e do cérebro são proporcionalmente mais pequenos que os de um Lobo. Esta redução do cérebro tem como consequência que os sentidos da visão e da audição são menos desenvolvidos nos cães que nos lobos;

Os cães possuem glândulas sudoríferas nas almofadas das patas, mas os lobos não;

Os lobos não alteraram o seu porte e colocação da cauda, mas os cães apresentam uma panóplia de posições, tipos e tamanhos.

As cadelas têm dois cios por ano e iniciam a sua maturidade sexual entre os 6 e os 12 meses podendo entrar em estro em qualquer altura do ano. As lobas têm só um cio e sempre na mesma época do ano, de maneira que os seus lobachos nasçam na primavera quando as temperaturas são mais agradáveis e a comida mais abundante. Além disso as lobas não têm o seu primeiro cio antes dos dois anos de idade.

Ao longo de milhares de anos a grande variedade de raças de cães que foram criadas até aos nossos dias evoluíram do lobo. Durante este tempo, é possível que o lobo


“Os lobos têm que aprender muito rapidamente as habilidades de caça para poderem sobreviver. Um cão doméstico não necessita de aprender as técnicas de caçar e matar. Os valores de sobrevivência do lobo são: Comida, água, um lugar onde possa estar seguro e protegido, companhia dos congéneres e reprodução. “


tenha modificado muito pouco a sua estrutura física e mental, em contrapartida nós temos produzido, mediante uma combinação de factores naturais e de selecção, raças de todas as formas e tamanhos. O peso de um cão doméstico pode variar dos 680 gr. de um Chihuahua aos 95 Kg. de um São bernardo. O lobo manteve o seu peso, tamanho e coloração do pêlo e não houve alterações pelo menos nos últimos 1000 anos. Há cães com diferentes posições de cauda e forma das orelhas. Criámos cães com o objectivo de nos ajudarem nas tarefas do dia-a-dia, tais como no pastoreio, na caça, na guarda, puxar trenós, ou como simples animais de companhia. A pelagem de um cão pode variar de cor, tamanho e tipo e, até há raças sem pelo algum. Inclusivamente modificámos o movimento dos cães. No galope dos galgos, a dado momento, têm as quatro patas no ar, algo que se assemelha à corrida dos gatos. Os lobos não correm desse modo. Os lobos adultos não ladram, uivam, os cães, devido à neotenia, ladram toda a sua vida. O cérebro do cão mudou. Deixou de pensar como o de um lobo que não é. O cão tem prioridades distintas das do lobo: valoriza aquilo que o reforça dentro do seu meio ambiente, como a comida, os brinquedos, os passeios, a companhia e a brincadeira com o seu dono, praticar vários tipos de desportos, etc. O cão deixou de precisar de caçar para se alimentar, de procurar companheira/o para se reproduzir, de guardar para se proteger uma vez que o seu dono humano proporciona-lhe tudo isso. O desenvolvimento social e comportamental do cão também se alterou na mesma proporção em que se modificou a sua componente física uma vez que, a frequência com que os lobos apresentam padrões motores de sobrevivência diferem substancialmente da dos cães. Por exemplo, têm que aprender mais rapidamente que os cães a resposta de medo: aos 19 dias para um lobo contra os 49 dias para os cães. Os lobos têm que aprender muito rapidamente as habilidades de caça para poderem

sobreviver. Um cão doméstico não necessita de aprender as técnicas de caçar e matar. Os valores de sobrevivência do lobo são: Comida, água, um lugar onde possa estar seguro e protegido, companhia dos congéneres e reprodução. O casal Ray e Lorna Coppinger definiram a sequência dos padrões motores de sobrevivência dos lobos da seguinte forma: Posicionar-se > fixar o olhar e agachar-se > perseguir > agarrar-morder > matar > dissecar > consumir Em relação aos nossos cães, faltam-lhes partes desta sequência predatória dos lobos. “Parte da domesticação e da evolução dos cães foi realizada remarcando certas partes da sequência e suprimindo ou deixando em estado latente outras” (James O’Heare). Por exemplo, o padrão motor do comportamento predatório de um border collie de pastoreio é Posicionar-se > fixar o olhar e agachar-se > perseguir > agarrar-morder > matar > dissecar > consumir (Ray e Lorna Coppinger) Neste caso os padrões de fixar o olhar e agachar-se são os mais reforçantes da sequência. Nota-se a falta de agarrar-morder e matar, apesar disso estes padrões motores estão presentes mas encontram-se num estado latente. No caso de um Retriever que necessita de trazer as peças de caça com boca branda para não as destruir, a sequência do seu padrão motor é a seguinte: Posicionar-se > agachar-se > agarrar-morder > consumir (Ray e Lorna Coppinger)

Assim, por um lado temos um lobo cujos padrões motores de predação não mudaram porque precisa deles intactos para a sua sobrevivência. Por outro temos os nossos cães domésticos de diferentes raças, com padrões


motores de predação totalmente distintos e que se adaptaram em cada raça para se ajustarem às distintas funções, ou como animal de companhia ou como cão de trabalho. Sobre as diferenças de comportamento entre um lobo e um cão doméstico, Steven Lindsay disse: “Ao longo da história da domesticação se segregou os cães dos lobos pelo seu comportamento e um deles deve ter tido o cuidado de não realizar excessivas generalizações entre os dois canídeos no que se refere às suas respectivas motivações e padrões de comportamento”. Depois de analisado em pormenor a evolução do cão e a sua separação do lobo, temos que este (Canis Lupus) permaneceu sem alterações durante centenas de anos e temos o cão doméstico (Canis Familiaris) que mudou na sua aparência e no seu comportamento e que agora pode fazer muitas coisas que são completamente estranhas ao lobo. Os cães estão neste momento tão afastados dos seus ancestrais como nós estamos afastados dos nossos cães. No próximo numero iremos continuar com este tema da dominância canina.

“O cérebro do cão mudou. Deixou de pensar como o de um lobo que não é. O cão tem prioridades distintas das do lobo: valoriza aquilo que o reforça dentro do seu meio ambiente, como a comida, os brinquedos, os passeios, a companhia e a brincadeira com o seu dono, praticar vários tipos de desportos, etc.”


Autoria: Vanda Botelho

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* Podem os cães padecer de Distúrbios Obsessivos Caninos?

O seu cão persegue a cauda? Saiba reconhecer os sintomas dos

Comportamentos estereotipados Girar em parafuso, perseguição de luzes, latidos intensos e ritmados, ataques a objectos inanimados, mordeduras no ar, ataques às pernas ou cauda, mordedura de unhas, sucção e lambedura, etc… poderão ser sintomas de comportamentos estereotipados, que será o equivalente para o transtorno obsessivo-compulsivo em humanos. Os comportamentos compulsivos em cães, é um transtorno de ansiedade caracterizado por comportamentos estereotipados com acções repetitivas que não têm propósito ou função, normalmente são realizados para aliviar uma ansiedade intolerável. O ambiente em que o cão vive e a sua relação com o dono pode afectá-lo profundamente, desenvolvendo distúrbios de comportamento permanentes. Os cães ansiosos e stressados podem repetir o mesmo comportamento várias horas por dia sem parar, por vezes mesmo após a causa original do problema ter sido eliminada. Factores que predispõem o seu cão: 1A falta de actividade física e mental em cães contribui para o acumular de excesso de energia, traduzindo-se em stress, frustração e ansiedade; 2- Por serem naturalmente seres sociais, os cães necessitam de interagir com outros seres e de estabelecer laços, quer seja com humanos ou outros animais de estimação. A solidão é por isso, também um importante factor que deve ser levado em consideração. Cães contidos por longos períodos a correntes, confinados a canis, sem qualquer hipótese de interacção e sociabilização, acabam por desenvolver comportamentos típicos do transtorno de comportamentos estereotipados; 3-

Cães que permanecem longos períodos sem sair à rua para o seu passeio diário, ou cujos passeios são de 5 minutos apenas, são igualmente privados das actividades próprias da sua natureza, tais como: explorar, conhecer locais diferentes, contactar com outras pessoas e animais, usar o olfacto para receber informação sobre outros cães, caminhar, correr, etc… criando um enorme desequilíbrio

no seu estado psicológico; 4Os cães são sensíveis a relacionamentos instáveis, alterações no grupo social e na sua própria posição social, pelo que qualquer mudança recente no seio familiar poderá afectar o seu cão de forma significativa: uma morte de um familiar, um divórcio, mudança de residência, etc…; 5Cães que vivem em más condições, confinados a um espaço sem qualquer estímulo ou sem conforto, segurança ou higiene, poderão vir a desenvolver comportamentos obsessivos-compulsivos. Tratamento Ao identificar comportamentos estereotipados no seu cão, deve de imediato contactar um profissional para que se elimine a fonte do problema. Desviar a atenção do seu cão para uma brincadeira interactiva é uma boa opção, mas na maior parte dos casos o cão precisará de passar por uma reabilitação comportamental. O tratamento dependerá essencialmente da gravidade dos sintomas. Poderá ser suficiente a simples orientação do dono no sentido de disponibilizar mais do seu tempo para interagir com o seu animal de estimação. Nos casos mais graves é sempre necessário a intervenção de um profissional em comportamento e adestramento canino para que se faça terapia de mudança comportamental. Em casos severos, a solução passa pela combinação entre a terapia de mudança comportamental e fármacos para induzir a calma e o relaxamento do animal. Para garantir a qualidade de vida do seu cão o ideal é proporcionar exercício físico e mental, colocar à disposição brinquedos interactivos e praticar actividades de interacção entre dono e cão e sempre que possível ou entre outros cães ou animais de estimação. O mais correto para prevenir stress, ansiedade frustração, será criar uma rotina saudável para o animal que inclua momentos de actividade física, interacção com outros seres e descontracção.



Autoria

: Vanessa Correia

Escolhi por bem, divulgar um documentário, ao qual citarei partes dele, não possuíndo qualquer direito sobre este video, nem eu nem a revista Cães & Lobos ao qual nesta edição vai ser publicado este presente artigo, o nosso único objectivo é o de promover a divulgação deste documentário de modo a alertar para as inúmeras doenças genéticas que muitas raças puras estão a sofrer, devido aos anos consecutivos de cruzamentos muito próximos entre raças com o objectivo errado. É preciso uma mudança não só nos criadores de cães mas também na entidade máxima que regula os estalões das raças de cães.

Pedigree Dogs Exposed 2008 documentário da BBC Sobre os cães com Pedigree; “O 1º problema é que os cães com Pedigree são perigosamente reproduzidos. Nos cães as coisas tornaram-se completamente fora de control e as pessoas fazem Inbreeding, que 1º é ilegal nos humanos e 2º traz muitos problemas de saúde para os animais. O 2º problema são as exposições. Basta vermos o que 100 anos de exposições fizeram aos Teckel, hoje eles têm pernas muito mais curtas.” Steve Jones, professor geneticista na Universidade College London

O original Bull Terrier apresenta a sua forma correcta de cabeça, muito diferente da cabeça de hoje em dia, o crâneo mudou muito na sua forma.


Temos também o pastor alemão que é sempre um grande debate, porque costumam ser como se vê á esq. na realidade ainda existem imensos cães a parecerem-se com os originais pastores alemães mas são os utilizados para trabalho, já os pastores alemães de exposição estão a tornar-se cada vez mais extremos e isso tem um grande impacto na maneira como se movem.

Se olharmos para os pés de um campeão de exposições, ele não tem total coordenação nem controlo nas patas de traseiras, as passadas deviam ser muito mais sólidas do que a maioria dos cães, simplesmente não andam normalmente. Os críticos apelidam agora os pastores alemães como metade cão, metade sapo.

O Juíz do Crufts Terry Hannan insiste que é o cão de exposição e não o de trabalho que é a versão correcta da raça. “Não vêem um cão de trabalho em exposições porque anatomicamente não estão correctos, vem no estalão da raça”. E esse é o ponto fulcral das exposições, reproduzir cães que mais se aproximem ao que está imposto para cada raça na bíblia das raças de cães do British Kennel Club nos estalões da raça. Os estalões da raça são uma série de regras escritas em que todas as raças devem obedecer, o tamanho, a forma e cor de todas as raças reconhecidas. Todas as raças têm os seus problemas de saúde uns menores outros não.


Os Labradores apresentam problemas oculares, os springer Spaniels têm uma deficiência de enzima só encontrada em Springer Spaniels, os Golden Retriviers sofrem uma elevada taxa de cancro e os West Highland White Terrier são possuídos por alergias. O número de problemas genéticos estão a aumentar a um ritmo alarmante. Existem cerca de 500 doenças genéticas nos cães, não tão perigosas como nos humanos mas a quantidade existente é muito mais alta. Os boxers sofrem de muitos problemas de saúde, desde a doença do coração e grande incidência em cancro especialmente tumores cerebrais em comum com muitas outras raças eles também sofrem de epilepsia e por trás das portas fechadas há muitos que sofrem destas enfermidades. Não há nenhum estudo que nos indique a quantidade de boxers afectados com epilepsia mas em algumas raças chega a ser um rácio de 20 vezes maior que nos humanos. Os cães de hoje são moldados pelo homem em múltiplas formas e tamanho possíveis, desde os cães mais pequenos até aos maiores, mas os cães originalmente pareciam-se com o lobo ancestral.

Tinham ideia de que podiam produzir espécies perfeitas das raças que já tinham nessa altura , também criaram novas raças de cães e aperfeiçoaram-nas e todo o objectivo mudou, de serem preocupados com a função da raça ou para que era tradicionalmente usada, para simplesmente pura aparência física. A 1ª exposição canina foi por volta de 1850 e tornou-se extremamente popular, tão popular que eles rapidamente formaram uma organização para geri-las, em 1873 nasceu o Kennel Club, cerca de 140 anos depois o British Kennel Club é muito aceite como o guardião dos cães de pedigree e tem impecáveis credenciais, a patrona do British kennel Club é sua majestade a Rainha, ela própria criadora de cães de pedigree. Hoje em dia o Kennel Club está envolvido em todos os tipos de actividade k9 desde competições de agilidade a treinos de obediência ou a pesquisas científicas. O kennel tem 2 papeis principais, 1º é um registo que regista as linhas dos cães puros de raça, quando compram um cachorro registado pelo Kennel ele virá com um certificado de pedigree identificando os pais do cachorro, avós, bisavós e assim sucessivamente e 2º regula a maioria dos espectáculos de cães em Inglaterra, incluindo o grande e famoso Crufts. Milhões celebram a ver o Crufts na BBC todos os anos, mas nem o todos o vêem como celebração. “Quando eu vejo o Crufts o que eu vejo á minha frente é um desfile de mutantes que francamente não tem nada a ver com vida saudável. O espectáculo centra-se á volta da obcessão pela beleza e existe um ridículo conceito de como devemos julgar os cães, por exemplo, Melhor da Raça / Best In Breed significa que o cão é muito parecido ao que está escrito num pedaço de papel que diz como eles devem ser, e em nada conta o temperamento, a finalidade específica da raça ou o potencial e saúde do animal e isso para mim não tem senso nenhum” Mark Evans Chief Vet RSPCA

Os cães não foram sempre vitimas da moda antes os cruzamentos de cães imitavam a selecção natural. Os cães eram essencialmente produzidos por função, eles serviam funções práticas, caçar, guardar, e os cães que faziam um bom trabalho cruzavam com outros cães que faziam um bom trabalho e a partir desse processo temse a evolução das raças modernas, mas a meio do século tudo mudou, os cães tornaram-se um símbolo de estatuto.

Por trás das luzes e do glamour do Crufts, vive um grande e obscuro segredo. O British kennel Club nasceu com um movimento, Eugenics, a ideia de que podiam melhorar a raça humana controlando quem cruza com quem, soa incrível agora, mas o movimento Eugenics melhorou a genética dos homens, cruzando apenas os melhores dos melhores purificando a raça humana e nunca permitiam nenhuma mistura entre raças. Em 1930 o movimento Eugenics encontrou o campeão final, Adolf Hitler era um rei geneticista, ele acreditava que era de raça pura (Os arianos) diferente de qualquer outra raça e que só se deveria reproduzir essa raça e ma-


Tar todas as outras, o Holocausto expôs a Eugenics como uma grande fraude. As ideias sobre pureza não tinham senso cientificamente mas uma organização quase intocável, continuou a abraçar a Eugenics e os seus princípios.

ticas e não quero o kennel associado a tal ideia. “ Ronnie Irving, Chief Kennel Club

Os leões da Rodésia não são um exemplo isolado e o kennel club sabe disto, abater cães porque não encaixam no estalão da raça não é tão comum como já foi mas ainda acontece, as vitimas incluem Dogue Alemães nascidos com marcas erradas, Pastores Alemães e Boxers brancos. “É uma prática que acontece frequentemente e eu não estava alarmado até mo ter dito esta manhã, eu vou fazer o que puder para prevenir mas não sei se vou ser capaz de prevenir isso.” Ronnie Irving, Chief Kennel Club

“A crista no lombo dos Leões da Rodésia não têm nenhum propósito aliás é facto conferido por décadas que a crista é uma das formas de espinha bífida que pode causar sérios problemas, mas a crista segundo o estalão do kennel club que define a raça diz que todos os Leões da Rodésia têm que ter uma, o problema é que um em cada 20 Leões da Rodésia nascem sem crista.” Steve Jones, professor geneticista na Universidade College London “Nós temos problemas nos dias de hoje com os novos veterinários que têm tendência para pôr tudo a preto e branco. É um saudável e bonito cachorro não tem nada de mal com ele e aceitaram o facto de não ter a crista e nós dizemos : - Pois, como a maioria das raças!, Não é fácil.” Ann Woodrow, Criadora de Leões da Rodésia É moralmente e eticamente errado abater perfeitos e saudáveis animais simplesmente pela aparência que têm, nos leões da Rodésia o que eles estão a dizer é que vão cruzar deliberadamente e salvar apenas aqueles que têm a crista que é uma deformidade ao fim de contas e aqueles que são os saudáveis são aqueles que matam, é uma desgraça!” Mark Evans, Chief Vet RSPCA Deverão cachorros saudáveis seriam abatidos simplesmente por pura cosmética? “os cachorros saudáveis não devem ser abatidos e não há nenhuma razão para abater cachorros por razão esté-

Bem, ele podia mudar o estalão da raça e há uma boa razão para o fazer, no caso dos Leões da Rodésia, cerca de 10% dos Leões da Rodésia sofrem de uma terrível doença chamada Dermoid Sinus, parece inocente mas formam-se pequenos buracos á superfície da pele e estes buracos vão direitos á espinha dorsal, um canal aberto para as infecções poderem viajar. Cães que não têm crista não sofrem de Dermoid Sinus por isso faz perfeito sentido mudar o estalão da raça, faz sentido para todos, menos para os criadores dos Leões da Rodésia. “Não, não acredito nisso, aliás acho que é lixo! Sem a crista não são os Leões da Rodésia pois não? não interessa que tenham um excelente pêlo, se não tiverem crista, não são Leões da Rodésia.” Julie Bates, criadora de Leões da Rodésia “Existem pessoas em África a utilizar Leões da Rodésia para caçar e descobriram que os melhores cães para caças são os que têm a crista.” Ann Woodrow, Criadora de Leões da Rodésia No código de ética da raça escrito pelo clube dos Leões da Rodésia diz que retirou do site a frase que dizia: Os leões da Rodésia sem crista devem ser abatidos”, porque costumam ter problemas com isso, mas que o o kennel Club tinha completo conhecimento dessa regra. Lembramos que a crista é uma falha genética. O problema é que muitas raças descendem de uma mão cheia de cães e segundo as regras eles só podem cruzar com os da mesma raça, por isso os cães hoje em dia são muito puros, muitas vezes 10 vezes mais e algumas 100


Para ver o documentário na íntegra da BBC - Pedigree Dogs Exposed http://topdocumentaryfilms.com/pedigree-dogs-exposed/

vezes mais. Algumas raças pagam um preço terrível com as doenças genéticas, até hoje o Kennel Club permite registar ninhadas de mãe com o filho e cruzamentos entre irmãos. Acho que não é coincidência que por todo o mundo, isso seja encarado com repugnância nos humanos, nas nossas sociedades, e eu desafio qualquer pessoa que aprova um cruzamento entre irmãos, simplesmente porque vemos que é errado, ainda assim, se falarmos com criadores de cães em especial com grandes e antigos criadores, é comum, eles devem saber que isto causa problemas...aparentemente não!

fortuna, o escândalo real é ele ter sido qualificado para o Crufts. “A nós sempre nos disseram que ele era um grande pug com as linhas certas, e do ponto de vista das exposições, ele é um bonito cão, parece-se muito com o pai dele.” Joanne Morris, dona do Pug Há quem defenda que os pugs deviam parecer-se assim:

Steve Jones, professor geneticista na Universidade College London Como muitos no mundo canino o Ronnie Irving, Chief Kennel Club acredita que podemos usar o inbreeding para retirar fraquezas e reforçar bons traços, mas isso quer dizer problemas para cães muito próximos pode ter um impacto catastrófico no sistema imunitário, tornando os cães muito vulneráveis e em perigo de infecções durante a vida e por último tornam-se inférteis.

mas agora parecem-se assim:

Se os criadores insistirem em ir até ao fim nesse caminho, digo até com confiança, que existe um universo de sofrimento á espera de muitas dessas raças e algumas não irão sobreviver. ficam tão puras que serão incapazes de reproduzir e os genes têm o seu fim. Steve Jones, professor genéticista na Universidade College London O colégio Imperial de Londres observou recentemente 10 raças diferentes de cães, encontraram apenas 10% dos genes que tinham á 40 anos, 90% foi perdido, por exemplo, nos Pugs. Cientistas no Colégio Imperial de Londres descobriram recentemente que os Pugs no Reino Unido são tão inbreed/puros, tão próximos, que um bolo de 1000 é equivalente a apenas 50 indivíduos distintos, isso faz com que os Pugs sejam mais geneticamente comprometidos que o panda gigante. Os problemas podem ser as rótulas do joelho de ambas as patas saltarem do sitio; por causa do nariz têm problemas em respirar, nos olhos também, e finalmente a péssima curvatura da espinha. Um cão com isto tudo é mau e a grande revelação não é que ele sofre tantos problemas de saúde, nem que o seu pai é um multi-campeão ou que os seus donos o compraram por uma pequena

A cara dos pugs agora é tão lisa que os problemas de respiração são comuns para eles, como o nariz é tão curto está a puxar a pele para trás até á garganta, se eles ficam excitados, pode bloquear as vias e os cães podem desmaiar, a cara deles é tão lisa que eles danificam os olhos quando batem nas coisas e é por causa de estar no estalão da raça que a cauda deve ser curvada o mais


“Claro que temos de mudar, temos de encorajar quem está envolvido na industria para fazer uma completa vistoria de cima a baixo nos estalões de raças de cães, nas regras e na regulamentação das exposições caninas, para afastarmo-nos da obcessão pela beleza enaltecendo a qualidade de vida, mas a menos que comecemos agora, os cães de pedigree não têm hipótese.”

possível e que a curva dupla é altamente desejável, a cauda é a razão para a espinha ser tão deformada, e apesar disso, nada a impede a Joanne Morris, dona do Pug de o reproduzir.

Bulldog não fôr ágil o touro mata-o! E isso é um teste muito severo. Muitos cães foram tão distorcidos da forma natural que a maioria não consegue cruzar sem assistência nem parir de parto natural.

O Kennel Club fica feliz por registar os filhos de Pugs porque nenhum cão precisa de passar em nenhum exame de saúde antes de ser reproduzido. E acerca das outras raças? Que exames têm de passar para poderem ser reproduzidos? Há, são 3, e estes 3 testes são apenas relacionados com o Irish Setter e nas outras mais de 100 raças reconhecidas pelo Kennel Club não há um único teste que tenham que passar antes de serem reproduzidos.

Recordaremos por último a estrondosa história de 2003, relacionada com o Danny o Épagneul Pequinês que ganhou o Crutfs em 2003, Danny teve que estar em cima de uma plataforma de gelo para tirar as fotos do pódio, isto devido ao focinho achatado que torna muito difícil a respiração e se aquecerem ás vezes, é fatal. De facto eles sofrem tanto de stress que algumas companhias de viagens de avião recusam-se a transportá-los, tal como aos bulldogs ou pugs pelo mesmo motivo.

O Cavalier King Charles Spaniel é severamente afectado com horriveis problemas de cérebro, não há um reportório oficial que controle as doenças nos cães, mas nos Cavalier os problemas de coração são graves, porque ás vezes já só são detectados numa idade tardia, e o resultado é que a doença do coração nos Cavaliers está tão má como nunca esteve. A internet está cheia de casos com donos de cães com Seringomiélia, uma doença muito grave em que o cerebro cresce mais para o espaço a que lhe está destinado. As orelhas no Basset Hound hoje ficaram muito mais longas e têm imensa pele acumulada nas curtas pernas é um bocado diferente do Basset Houd antigo, com a idade os Bassets sofrem de incapacitantes otites . “Penso que as pessoas simplesmente não estão alerta para o tamanho do sofrimento envolvido, eu acho que os cães até muito não se queixam, simplesmente vão indo, apesar de carregarem todos estas desconfortáveis desvantagens. “ Mark Evans, Chief Vet RSPCA E há também o Rob, Campeão Mastim Napolitano não tão óbvio para os de fora, mas a raça é muito pesada e têm o focinho muito curto, possuí um casaco muito pesado, uns têm pernas muito curtas, outros vida muito curta, tudo por um propósito cosmético, não são pontos anatómicos. Os Bulldogs eram usados para lutar com touros e uma explicação para as rugas na cara do cão, era para afastar o sangue do touro dos olhos do cão, também a forma da cabeça permitia respirarem enquanto estavam agarrados ao touro. Os cães nos ringues de combate tinham cabeças pesadas mas tinham uma mandibula ampla e o caminho que os criadores estão a levar, que justifica a cara curta, o excesso de rugas e o físico conhecido dos porcos, é por ser tradicional, e simplesmente não é verdade, se o

Mas o problema não era esse, o problema era que depois do Crufts, Danny foi acusado de fazer uma operação plástica á cara. “ Um cão desta natureza nunca deveria ganhar o Best in Show, é muito preocupante, de facto o cão nem deveria ter lugar na exposição.” Steve Jones, professor genéticista na Universidade College London Mas a grande preocupação do Professor geneticista Steve Jones é o facto dele poder ter passado todos os seus problemas para os seus cachorros. Esta doença é claramente hereditária, porque é o produto da reprodução seleccionada, e com um animal severamente afectado tem muitas probabilidades de passar na genética e o cão este mesmo indivíduo desde 1001 já mais de 18 ninhadas. Há pessoas no mundo canino que são apaixonadas pela raça e pela saúde dos cães e que tentam fazer a coisa certa, mas o problema é que estão presos ao sistema que oferece prémios a quem faz as escolhas erradas. É muito difícil saber que chegamos á conclusão que muitas raças estão em grandes problemas e que as exposições são responsáveis por cães deformados e que o Kennel Club não está a fazer o suficiente para atacar os problemas. “Eu não aceito o termo que muitas raças estão em grande problemas, eu aceito que há algumas com algum grau de problemas, todo o esforço está a ser virado para proteger-nos destas coisas e fazer coisas boas por estas raças.” Ronnie Irving, Chief Kennel Club


Autoria: Suzette

Veiga da

Criadora de cães da Serra da Estrela com o afixo: “Quinta de S. Fernando”


A educação do cachorro Como habituar um cachorro ao chamamento e a andar pela trela


Instinto gregário O dia da chegada do novo cachorro é de grande alegria e tudo está preparado para o receber. Depois do cachorro se ter adaptado ao seu novo ambiente, pode começar logo a estabelecer um bom contacto com ele e a criar uma relação de confiança, encaminhando-o de forma a ter um comportamento social e submisso. O cão Serra da Estrela desenvolve, em geral, um carácter muito independente e descobre muito cedo como pode fugir ao nosso controlo. Em pequeno ainda procura a nossa presença para descobrir o mundo, mas conforme vai crescendo, torna-se cada vez mais independente e só vai atender ao chamamento, se houver qualquer coisa de especial que o atraia. Para tornar o chamamento atractivo, pode-se começar muito cedo a habituar o cão olhar para nos, procedendo da seguinte forma: No seu quintal ou jardim chama o cachorro pelo nome e depois ele ter vindo, dá-lhe de imediato um petisco como recompensa, que deve trazer sempre consigo, pronto no bolso. Repetir este exercício várias vezes, enquanto o cachorro colaborar bem. Se o cachorro estiver demasiado longe, distraído com alguns cheiros e não ligar ao seu chamamento, não deve insistir, mas esperar que ele chegue mais perto de si. Caso contrário, vai habituar o cachorro a ouvir o chamamento e a ignorá-lo, afastando-se mais.

Para reforçar a recompensa, no momento em que lhe dá o petisco, pode-se emitir com a língua um som “Click”. Pouco a pouco, o cachorro vai associar esse “click” à recompensa e mais tarde, o “click” vai poder funcionar como recompensa, mesmo que não haja petisco. Este pequenino exercício, repetido frequentemente, enquanto o cachorro colaborar com alegria, vai condicioná-lo a prestar atenção ao chamamento, porque ele vai estabelecer uma ligação entre ouvir chamar e a desejada recompensa, acompanhado do “click”. Vai estabelecer-se assim o famoso reflexo de “Pavlov”.


Como recompensa deve dar um petisco atractivo para o cachorro, como um pedaço de frango ou de carne. Por vezes, alguns cachorros mostram-se atentos com um pedaço de boa ração. Pode também fazer facilmente uns petiscos muito apreciados pelos cachorros, que consiste em cortar tirinhas finas de fígado e deixá-las secar no forno a baixa temperatura. Não há cães que resistam a este tipo de petisco que ao mesmo tempo, é saudável e, sendo seco, não vai sujar os seus bolsos. Quanto mais atractivo é o petisco, melhor vai funcionar o exercício do chamamento.

Se o cachorro se sentir bem conduzido por uma pessoa que saiba adoptar uma atitude de chefe, isso vai dar-lhe confiança. Os primeiros passos devem sempre iniciar-se por lugares calmos, evitando-se estradas com trânsito denso.

O exercício funciona também melhor, antes de dar a comida ao cachorro, quando ele estiver com um pouco de fome. Se fizer este exercício frequentemente com o seu cachorro, vai torná-lo atento ao seu chamamento e a estabelecer uma primeira base para um bom entendimento. No entanto, nunca deve fazer este exercício se estiver nervoso, com falta de tempo, ou com pouca paciência. O cachorro deve associar o seu tom de voz a uma coisa agradável, nunca de castigo, pelo que virá sempre com gosto, associando o chamamento a uma coisa agradável e não tentando fugir e a afastar-se de si. Se num primeiro momento o cachorro não vier, não deve correr atrás dele. Deve esperar e tentar novamente. Ao chamar o cachorro pode baixar-se. Este gesto faz com que ele venha mais facilmente. Poderá associar este exercício ao treino de andar com a trela, tornando-se muito fácil se o cachorro o seguir atraído pelo petisco e, sem dar conta, ele saberá segui-lo atentamente pela trela. Se o cachorro tentar puxar com a trela, pare simplesmente, dizendo “não puxe” e só continua a andar quando o cachorro parar de puxar. No início vai, provavelmente, parar muito e avançar pouco, se o cachorro já tiver desenvolvido bastante força e já se habituou a puxar pela trela. Se ele puxar, vá mais devagar, se ele não puxar, avance mais. Assim o cachorro aprende. Para o cachorro o reconhecer como chefe, deve sempre indicar a direcção do passeio que vai dar. Nunca deve deixar arrastar-se para onde o cachorro o puxar. Deve ser o dono a sair primeiro o portão e atrás dele o cachorro, deve ser o dono a ir à frente, se o espaço for estreito ou se o cachorro mostrar algum medo de passar por uma ponte ou uma escada.

Com estes dois pequenos exercícios, fáceis de aplicar por qualquer pessoa, e repetindo-os até darem resultado, terá iniciado um bom relacionamento com o cachorro que vai depositar confiança no seu dono e tornar-se um grande companheiro de todos os dias.


Autoria:

Ricardo Duarte


Neste artigo poderia descrever o que também podemos encontrar em diversas páginas na internet sobre esta raça, desde as suas possíveis origens na Croácia, às suas dimensões padrão, passando pelo tipo de pelo “excêntrico”, carácter forte, divertido e independente mas decidi contar-vos um pouco da minha experiência com os dálmatas e neste caso, com um dálmata em particular.


Bem, tudo começou há cerca de 2 anos e meio quando eu e a minha namorada decidimos adoptar uma companheira para a nossa Marley (uma linda cadelita sem raça definida que encontramos na rua). A Marley, encontrada com cerca de 4 meses, sempre apresentou diversos comportamentos provenientes de possíveis traumas que vivenciou nessa altura e nos quais temos vindo a trabalhar desde então, de forma reduzi-los. Como tal, as características que procurávamos para a sua companheira estavam bem traçadas por nós. Tinha que ser um cão com uma personalidade forte e tranquila, mas ao mesmo tempo alegre e brincalhão, seguro de si e que gostasse de fazer exercício físico, mas também uma boa companheira e amiga. Fizemos diversas pesquisas, quer em abrigos, quer na internet, para ver quais as melhores opções possíveis e que se pudessem enquadrar no perfil desejado. No entanto, devo dizer que a vontade da minha namorada de ter um Dálmata foi determinante (e ainda bem). Depois de muito procurarmos lá encontrámos uma criadora de Dálmatas na região de Aveiro. Entrámos em contacto para sabermos se poderíamos ir ver a criação e as condições em que a ninhada estava a ser criada, com a condição irredutível de podermos levar a nossa Marley para que fosse ela a escolher quem gostaria de ter como companheira. Assim foi… No sábado 11 de Maio de 2013 lá estávamos nós. Em primeiro lugar, fomos dar uma olhadela na ninhada e verificar as boas condições em que esta se encontrava. Depois pegámos nos pequenos pintinhas e decidimos introduzi-los gradualmente à nossa Marley. Posso dizer que foi amor à primeira vista. Entre tantas pintinhas a correrem de um lado para o outro, houve uma pintinha que parecia ter criado uma especial empatia com a Marley. Foi nessa altura que a Suki entrou nas nossas vidas. Uma pequena cachorrinha com uns olhos doces e arredondados que pareciam emanar fogo. Nessa altura cabia-nos facilmente nas mãos, no entanto já apresentava muito do caracter e personalidade que tem hoje.

Desde pequena sempre apresentou uma queda para o estrelato. É incrível como ela gosta de receber a atenção de quem por ela passa na rua. Nem que seja um simples “olha mamã, lá vai um dálmata” enquanto ela desfila com o seu ar altivo e alegre. Sim, porque a Suki desfila. Ela não se passeia simplesmente pela rua, ela desfila como se fosse uma diva… E a verdade é que as pessoas reparam bastante nela. Certa vez, tinha acabado de chegar a um parque, para fazermos exercício e brincarmos um pouco, e uma família com duas crianças que por lá andava a passear veio pedir-me se podiam tirar uma foto com a Suki. Incrível não é?! Posso dizer que apenas faltou assinar o autógrafo. Foi a primeira vez que me aconteceu… A Suki, tal como os cães no geral, necessita de bastante contacto/presença humana na sua vida, característica esta que julgo ser bastante acentuada nos Dálmatas, por aquilo que tenho verificado em conversa com outros tutores. Não é recomendado que fiquem muito tempo sozinhos em casa pois precisam de estímulo constante, físico e mental. Quando tal não acontece, facilmente passam para o estágio do tédio, que muitas das vezes os leva a fazerem disparates em casa, e daí os diversos relatos de indisciplina acerca desta raça. No entanto, não partilho da ideia de que os dálmatas sejam cães indisciplinados. Por exemplo, desde há muitos anos atrás que estes cães têm sido utilizados para desempenharem diversas funções na sociedade. Começaram como cães de caça e cães de protecção de carruagens e de guarda, passando por autênticos exterminadores de ratos, devido ao seu faro incrível, até aos mais recentes cães bombeiros, sendo inclusive símbolo dessa profissão em alguns países, nomeadamente nos Estados Unidos. Assim sendo, a meu ver, julgo que a palavra indisciplina é um tanto ao quanto exagerada, e que muitas vezes passa mais por falta de apetência ou dedicação dos donos do que propriamente por insurreição dos próprios Dálmatas. No entanto, devo salientar que são patudos bastante teimosos e persistentes, não desistindo facilmente daquilo que querem.


Os dálmatas, em geral, são excelentes com outros animais, especialmente cavalos, facto esse que julgo deverse aos seus antepassados e à utilização que lhes era atribuída como guardas de carruagens, onde faziam longas caminhadas ao lado de cavalos para os protegerem de eventuais ataques de lobos ou outros animais. Para dar um exemplo da sua boa interacção com outros animais, posso dizer que lá por casa temos uma porquinha da Índia, a Sushi, que é mais ou menos do tamanho do nosso antebraço. Quando a Suki chegou a nossa porquinha já vivia connosco, e embora no início a Suki tentasse tocar-lhe com as patinhas como forma de a desafiar para brincar, com o tempo aprendeu que a Sushi é muito frágil e que a sua abordagem deveria ser diferente. Então agora aborda -a de forma bem mais cuidadosa, cheira-a com cuidado e até lhe dá umas lambidelas. Posso até dizer-vos que gostam bastante de ver TV juntas, hehe! Para quem tem crianças, julgo que o Dálmata é um cão excelente. Sempre disponível para brincadeiras, seja a correr pelos parques, seja às escondidas, ou até mesmo com diversos brinquedos como bolas ou cordas. Certa vez, estávamos nós num parque a brincar e passou uma família com duas crianças com cerca de 4 e 6 anos que ficaram maravilhadas com as nossas meninas. Durante algum tempo ficaram a brincar com elas. Quando as crianças se afastaram para irem brincar para o parque infantil, que ficava a cerca de 50 metros, era ver a Suki volta e meia ir a correr para ir ter com eles apenas para receber uma festinha, voltando logo em seguida para brincar connosco.

Para a minha Suki parece não haver problemas no mundo, e que bom que é que ela assim se sinta. Com o seu ar inocente e até mesmo aluado por vezes, só existe uma coisa de que ela não gosta. Não, não é do banho, a Suki adora tomar umas boas banhocas, tanto em casa como em alguma fonte de água que apareça elo caminho, mas onde ela adora mesmo correr para dentro de água é na praia. O grande problema da Suki é o frio. Pois é, o frio é o terror da Suki em particular, e dos Dálmatas no geral. Uma vez que têm pelagem curta, as épocas de maior frio são muito mal toleradas por eles e por isso é até mesmo necessário, muitas das vezes, a utilização de roupinhas para os proteger. Por outro lado, adoram o sol. Nada melhor para um Dálmata do que fazer uma bela soneca, ou apenas disfrutar da brisa a bater no focinho, enquanto o sol lhes aquece as pintas, depois de um grande passeio matinal. Em termos de saúde a minha experiência é limitada, e ainda bem. Embora sejam considerados como uma raça saudável, é comum encontrar alguns problemas com especial incidência nesta raça. Por exemplo a surdez (que se manifesta desde a nascença), cálculos urinários e sensibilidade cutânea (uma vez que são cães de pêlo branco). Uma forma de contornar esta última propenção é ter bastante cuidado com os produtos utilizados para o pêlo, nomeadamente durante os banhos, tais como champôs e amaciadores. Deve-se ter o cuidado de optar sempre por produtos específicos para pele sensível. Após o banho deve-se ainda verificar sempre se as orelhas ficaram bem secas por dentro e, com alguma regularidade, utilizar produtos de limpeza de ouvidos próprios para cães. Relativamente aos cálculos urinários, deve-se ter em atenção o tipo de ração e o pH da água, de forma a minimizar as probabilidades de ocorrência das chamadas “pedras” nos rins. Em jeito de conclusão, posso dizer que os Dálmatas são cães leais e inteligentes, bastante activos, muito expressivos e alegres e que necessitam, acima de tudo, de se sentirem integrados e amados no seio da família. Muitas das características apresentadas são comuns a muitos dálmatas, mas cada cão é um cão, um indivíduo único. E independentemente de pertencerem a uma raça específica, ou serem uma mistura indefinida de raças, todos eles devem ser amados e respeitados pelo que são, devendo nós “perder tempo” a contemplá-los nas suas maluquices diárias para podermos aprender e melhorar a nossa comunicação com eles. É divertido, gratificante e eles merecem!


Na vida selvagem, os ancestrais dos cães domésticos - como o que temos lá em casa, passavam o seu dia a correr, a escavar, a farejar, a cuidar das suas ninhadas (tanto em alimento, cuidados de higiene e protecção contra predadores). Tinham vidas muito ocupadas dentro da sua comunidade e formas de viver muito próprias.

Autoria: Marta

Wadsworth


Exercício Físico


Com a domesticação, os seres humanos começaram a seleccionar e treinar os cães para as actividades que estes demonstravam aptidão. Assim sendo, as raças foram sendo desenvolvidas pela sua capacidade de ajudar os humanos nalguma função. Quer fosse a puxar trenós, a caçar, a pastorear o gado, a proteger os seus donos ou muitas outras. Até os cães mais pequenos tinham um propósito, como caçar pequenos parasitas (roedores e insectos parasitas, por exemplo). No entanto, nos últimos anos tem se verificado que os cães têm perdido a sua ocupação. Cães pastores, caçadores ou de guarda acabam por se ver fechados todo o dia, sendo o seu nível de exercício físico muito limitado aos passeios de manhã e à noite - onde em muitos casos se limitam a passear à trela para fazer as necessidades e esticar um pouco as pernas. Tal como os seus donos, os cães do século XXI são cada vez mais sedentários, tendo pouca ou nenhuma experiência com o mundo lá fora. Alguns pensamentos errados acerca da necessidade de exercício físico dos seus cães: 

Cães pequenos não precisam de gastar tanta energia diariamente: Errado! O seu tamanho nada diz acerca da sua necessidade de exercício. Pelo contrário, cães pequenos são, regra geral, mais enérgicos que cães grandes e necessitam de tanto ou mais oportunidade para correr e libertar energia.

Cães com acesso à varanda/terraço não precisam tanto de ir à rua: Outro mito também ele errado. Os cães precisam sempre de ir à rua. Além desta ser uma oportunidade de conhecer o mundo, socializar com outros cães, pessoas, objectos, sons e estímulos ir à rua deve também ser sinónimo de grande brincadeira e correria. Além disso, mesmo cães com acesso a um jardim ou quintal geralmente não partem à brincadeira intensa por eles mesmos, gostam sempre da companhia de outro cão ou dos donos para o fazer.


Problemas mais comuns derivados da falta de exercício físico: Tal como vamos abordar de seguida, os sintomas descritos podem ter várias outras causas e manifestar-se também em cães que têm níveis de exercício físico adequado. No entanto, a falta do mesmo além de causar esta condição, pode acentuá-la. 

Cães que roem em demasia/comportamento destrutivo acentuado: Todos nós sabemos que roer é um comportamento natural dos cães, principalmente quando estão mais aborrecidos. No entanto, cães com falta de exercício têm maior probabilidade de desenvolver compor tame ntos obsessivos destrutivos já que toda a sua energia e atenção é canalizada para esse objetcivo. Nisto, incluímos também comportamentos obsessivos de arranhar portas, paredes e escavar tudo a que tenha acesso. Hiperatividade, atividade noturna e excitabilidade: A hiperatividade nos cães é, semelhantemente aos hu man os, u m pr oble m a psic o comportamental com causas diversas e que requer acompanhamento médico-veterinário e comportamental especializado. No entanto, um dos fatores que pode induzir ou potenciar um cão hiperativo é de facto a falta de exercício físico adequado às suas necessidades. Por sua vez, a falta de exercício físico promove outras vertentes da hiperatividade como a atividade noturna (cães que passam a noite a vaguear pela casa, a ladrar ou com outros comportamentos) e ainda o excesso de excitação com qualquer estímulo. Saltar para cima das pessoas: Este problema está relacionado com a excitabilidade mencionada no ponto anterior. Cães com muita energia (e que não foram ensinados a não o fazer) têm tendência para saltar para cima de todos aqueles com quem se cruzem durante o caminho - o objetivo é o de chamar a atenção para que brinquem com eles. Para chamar a atenção dos donos e outras pessoas, estes cães tendem também a ladrar de forma exaustiva.

Benefícios de exercitar o cão, na quantidade que este necessita: Uma nota importante remete para o facto de cada cão ter necessidades de exercício físico distintas. Tal deve-se não só ao tamanho (como mencionado anteriormente),

mas também ao seu metabolismo, às suas especificidades, à nutrição com que é alimentado, às suas possíveis limitações físicas, fase de vida, entre outros. Melhor que ninguém, é o dono quem deve conhecer as necessidades e limites do seu cão - especialmente se padecer de algum problema ósseo ou muscular, tiver excesso de peso ou uma idade mais avançada. 

Saúde visível: Um cão bem exercitado irá apresentar uma condição corporal mais saudável (mais magro), ajudando a prevenir a obesidade canina, com musculatura fortalecida e maior agilidade de movimentos. Além disso, um nível adequado de exercício ajuda a regular todos os sistemas corporais do cão, aumentando o metabolismo e contribuindo para, entre outros, a regulação do sistema digestivo.

Melhor comportamento: O exercício físico ajuda a evitar ou reduzir a presença dos comportamentos acima descritos. Todos os programas comportamentais ou planos de treino - até mesmo obediência básica - prevêem que o dono providencie o exercício físico que o cão necessita, como ingrediente complementar e essencial ao sucesso do programa.

"Cão cansado é cão feliz": Esta velha máxima, conhecida por todos, ilustra uma verdade muito clara. Um cão "cansado", isto é que teve a oportunidade de gastar toda a energia inerente à sua necessidade individual, é um cão potencialmente mais equilibrado, que lida melhor com o desconhecido, com alterações à rotina. Um cão "cansado" vai estar mais disponível para se focar durante o treino, com maiores níveis e períodos de concentração.

Maior vínculo com o dono: Por fim, é importante não esquecer que é durante o tempo de qualidade que passamos com o nosso cão que estamos a construir as bases do nosso relacionamento. É inicialmente através da brincadeira que se estreita o vínculo com o cão e é durante a mesma que os laços vão fortalecer-se, aumentando a empatia e compreensão mútua.


Alguns exercícios a experimentar: 

Jogging ou passeio ao lado da bicicleta (ideal para cães com muita energia e que estejam habituados a correr ao lado do dono)

Jogo do "busca a bola" (o ideal será teres contigo duas bolas para que no momento em que entrega uma possas logo atirar a próxima; num nível mais avançado podes atirar bolas utilizando uma raquete de ténis, promovendo assim que o cão tenha de percorrer ainda maiores distâncias)

Jogo do disco (alguns cães depois de aprender a apanhar o disco não querem outra brincadeira)

Aula de natação (se tiveres piscina ou conheças alguém que te deixe levar lá o teu cão, nada como umas braçadas para gastar energias e construir massa muscular)

Jogar às escondidas (sem descrição necessária... tal e qual fazias em criança, mas agora com o teu cão! Esconde-te atrás duma árvore ou banco e espera que ele te encontre)

Subir escadas (vives num prédio com escadas? Este é um excelente exercício para ti e para o teu cão gastarem algumas calorias, para cima e para baixo...)

Aulas de socialização (leva o teu cão a uma aula de socialização para que possa, em ambiente controlado, correr e brincar livremente com outros cães)

Em resumo, é importante relembrar que a falta de exercício físico é um dos principais contribuidores para a obesidade canina - que afeta já mais de metade da população de cães na Europa (in PR News Wire). Esta é, segundo a classe veterinária a condição mais preocupante que afeta os cães e com grande impacto na sua capacidade de viver a vida em pleno. Para além dos prejuízos de saúde, cães com falta de exercício revelam sérios problemas comportamentais que levam, em muitos casos, donos a abandonar os seus animais. É importante repensar e partilhar com todos quais são as efetivas necessidades físicas, sociais e psicológicas de um cão para que viva de forma equilibrada, para que novos donos saibam o que esperar e possam responder de forma adequada.


Personalidade

Jean Donaldson

sotion e a Academy for Dog Trainers, a primeira escola de adestradores caninos baseada no reforço positivo.

Frequentemente considerada como a voz mais racional do adestramento canino actual. Jean Donaldson é a autora do super premiado livro “The Clash Culture” (o choque de Culturas) eleito pelo Dog Writers Association of American Maxwell Award o melhor livro de adestramento canino, sendo um best seller tanto nos Estados Unidos como em Inglaterra. Dele foi dito por Ian Dunbar: “Simplesmente o melhor livro sobre cães que li em toda a minha vida! O choque de Culturas é genuinamente único e sumamente fascinante, literalmente, fornece informação nova que praticamente reformula os últimos parâmetros do adestramento canino. O livro desenvolve-se, como uma excelente novela, de suspense.”

Em 1999 mudou-se para S. Francisco onde dirige a Academia de S. Francisco SPCA para treinadores caninos, considerada como a Harvard para o ensino canino. A academia formou e certificou mais de 200 profissionais em adestramento e aconselhamento em comportamento canino e tem uma lista de espera para entrada nos seus cursos de entre três e seis meses. Os seus próprios cães têm obtido diversas vitórias e troféus em vários desportos caninos. Enquanto estudante trabalhou como conselheira de processos de adopção na Montreal SPCA e mais tarde fez parte do seu Conselho de Administração .

A sua formação em ciência e grande interesse em biologia evolutiva, a área que ela actualmente está a concluir o seu doutoramento, é excepcionalmente adequado a ela uma vez que possui uma visão do comportamento como como uma adaptação Jean Donaldson nasceu em Montreal, no evolutiva. Canadá, onde estudou a Universidade McGill. Jean fundou a Montreal Flyball As-


Autoria:

Sílvio Pereira

comportamentos tipo dos cães que são


Num período de férias em que há muitos cães entregues em hotéis caninos para uma estadia enquanto os donos se ausentam, achámos pertinente publicar este artigo que é fundamentalmente destinado aos responsáveis pelos Hotéis Caninos em geral e aos tratadores em particular.


Devido às necessidades actuais, têm crescido exponencialmente os hotéis caninos com vista a acolher temporariamente cães de donos que vão de férias ou, por qualquer outro motivo, necessitam de se afastar por um determinado tempo e não podem ser acompanhados pelo seu cão. É de registar, pelo que nos temos dado a perceber, uma intenção dessas instituições de proporcionar um elevado nível de bem-estar do cão de maneira a tentar fazer com que o animal se sinta “como em casa”. Mas muitas dessas intenções são baseadas no estabelecimento de uma analogia connosco próprios, quer dizer, pondo-nos no lugar do cão que está no canil. Richard Dawkins em 1980 comentava que, “deduzir que um animal sofre enjaulado, porque nós reagiríamos dessa forma numa situação análoga, pode chegar a ser tão absurdo como pensar que um peixe se deveria afogar dentro de água”. Este conceito está tão difundido, que alguns fabricantes de rações preocupam-se em que os seus produtos tenham aromas agradáveis ao olfacto humano. Quando falamos no castigo através da dor ou submissão, temos que ter em conta que tanto o medo como a dor ou outras formas de sofrimento não ocorrem por azar ou capricho masoquista da natureza, mas que foram produzidas pela Selecção Natural como mecanismos adaptativos e supõem uma vantagem evolutiva tanto para o homem como para o cão. Por outro lado, a percepção da dor ou sofrimento está associada ao sistema nervoso e os componentes desse sistema é que são muito parecidos em ambas as espécies. Isto torna possível a ideia de que: apesar de não sofrermos pelas mesmas causas, o conceito de dor pode ser similar entre homem e cão. É nas primeiras horas da estadia do cão no Hotel Canino que, através de observações atentas e conhecedoras, permite avaliar os comportamentos indicadores do seu bemestar. Os investigadores apontaram três tipos de comportamento ou categorias metodológicas que podem ser investigadas neste primeiro período de permanência num local estranho e acompanhadas por pessoas estranhas. 1. Modelo de comportamento associado ao GÁS Nalguns cães, o Síndrome Geral de Adaptação (GAS), é acompanhado de erecção dos pelos dorsais, expulsão de fezes e urina, vocalizações específicas, fuga ou agressões. A esta situação é chamada Reacção geral de emergência e, mais que como um indicador fiável de sofrimen-

to, é utilizada para identificar o efeito desencadeador de stress em qualquer das manipulações a que são submetidos pelo tratador. As reacções gerais de emergência são totalmente desejáveis para a sobrevivência de qualquer espécie. Imaginemos que somos sequestrados e introduzidos local fechado sem podermos comunicar com os nossos familiares. Não podemos, em nenhum momento, pensar que nos encontramos nessa situação por gosto, relaxados e em total acordo com o procedimento utilizado pelos nossos sequestradores. Sem cair no antropomorfismo podemos assegurar que qualquer cão equilibrado mostrará reacções anteriormente descritas. O GAS manifestar-se-á em função da classe hierárquica do indivíduo e o tempo que leva a desaparecer a predisposição do cão para se adaptar à sua nova situação. 2. Comportamentos associados ao medo, conflito ou frustração. O estudo sobre estes modelos pode ser levado a cabo experimentalmente colocando o animal em situações que provoquem estes estados emocionais: Presença de um humano com atitudes agressi vas = medo Colocar alimento frente a um modelo agressivo = conflito Impedir-lhe o acesso a um alimento visível frustração

=

Para esta experiência temos que ter em conta que é preferível contar com pessoas do sexo masculino que posteriormente não voltem a ter contacto com o cão. Se observarmos a magnitude dos conflitos descritos durante várias repetições num período não superior a dois dias, teremos um indicador quase fiável daquilo que o cão irá sentir posteriormente. De realçar que é possível encontrar algumas raças e alguns indivíduos cujos comportamentos associados sejam totalmente dispares quanto à sua exteriorização. A idade, a experiência do animal, a sua aprendizagem prévia, sexo e raça serão factores de variabilidade na hora de se estabelecer um “padrão próprio de tratamento” que deve ser estabelecido pelo tratador. 3. Comportamentos anormais. Segundo Fox (1968) “são acções persistentes e não desejáveis que aparecem numa minoria da população, que


não são provocadas por nenhum dano do sistema nervoso e que se generalizam para lá da situação que originalmente as provocou”. Normalmente são mal interpretadas como sendo “vícios”. O movimento de sacudir a cabeça, os contínuos passeios com o mesmo trajecto e, inclusivamente, a reiterada tentativa de morder a cauda é uma advertência de que nos encontramos perante um comportamento estereotipado indicador de uma conduta anormal. Comportamentos estereotipados são um conjunto de movimentos repetidos e relativamente invariáveis que são realizados sem nenhum propósito aparente. A diferença entre um estereótipo indicador de uma conduta anormal e a de uma frustração ou medo, pode ser muito subtil e só um bom especialista pode distinguir se o cão apresenta uma reacção geral de emergência (totalmente desejável para a sua sobrevivência) ou realmente apresenta um comportamento anormal que é necessário corrigir. O que nos motivou a fazer este artigo são as nossas observações, em hotéis onde somos consultores, das dificuldades que os tratadores têm em resolver problemas de comunicação e manipulação de alguns cães, principalmente os que são separados dos donos pela primeira vez, com a consequente frustração de ambos. Sabemos que é uma situação pouco conhecida dos donos mas que é um problema altamente preocupante de todos os que estão encarregues de tratar de um “hóspede” a quem não conseguimos “dizer” que está ali temporariamente e que, sendo assim, não foi abandonado pelos “queridos” donos.



Nesta nova secção, do qual esta é a segunda publicação, vamos continuar a publicar algumas histórias, muito interessantes, engraçadas, por vezes hilariantes, mas também, nalguns casos, relatos puros de bravura e heroísmo, que se passaram durante os séculos XIX e primeira metade do século XX.

Mas iremos igualmente publicar nesta secção muitas outras curiosidades acerca da forma como os cães eram encarados na sociedade de então, fotos da morfologia de algumas raças para as podermos comparar com as de agora, a educação e o ensino, a legislação, a saúde e a reprodução a higiene, etc.

São preciosidades, pela sua raridade, que só são possíveis de as dar a conhecer ao público, pelo esforço que o Centro Canino Vale de Lobos tem vindo a levar a efeito na procura e aquisição dos poucos livros que foram publicados sobre este tema antes do 2º terço do século XX .

Esperamos que a sua leitura vos dê tanto prazer como nos deu a nós.


Neste número vamos apresentar um outro livro. Este denomina-se “o Cão” da autoria de José Valdez . Conseguimos adquirir a primeira edição de 1911, sabemos que foram feitas várias outras edições , até à quarta 1942 que nós também possuímos.

O CÃO De José Valdez 1911

Introdução

Desta vez vamos publicar algumas fotos de cães de raça . Demos um enfoque especial àquelas raças que sofreram várias alterações morfológicas desde o final do século XIX princípios do século XX até aos nossos dias e o mal que entretanto lhes fomos fazendo, conforme refere a Vanessa Correio em artigo publicado neste número da revista.





O lobo, esse

Canis lupus signatus. O Lobo Ibérico. Um predador que habita lend

mos. Tão familiar que muitos de nós temos descendentes seus em n

que o seu antepassado silvestre foi o lobo. Esta domesticação deco

levada a cabo pelo Homem, nas mais de 350 raças caninas de hoje

adoptados como guardas; ou talvez tenham sido eles a adoptar os

da. Certo é que um predador desde sempre temido e acossado aca

O lobo ibérico distingue-se do lobo comum no resto da Europa so

acastanhada. A designação “signatus” – que em latim significa mar

na parte anterior das patas dianteiras. Por norma, o seu peso varia

com um comprimento total médio de cerca de metro e meio; os m

tamanho de um Cão da Serra da Estrela, não o de um monstro tem

O lobo faz parte da nossa vida há milhares de anos; perto de Leir

talvez tenha nascido do cruzamento entre um humano moderno

abundantes vestígios de lobos. Na raia espanhola, perto de Ciuda

figura de um auroque; no nosso Vale do Côa, podemos ver uma gr

legados artísticos, com pelo menos 15 mil anos de idade, demostra vida humana.

Até ao princípio do século XX, este predador vivia em quase toda

corço ou o veado, além da destruição do seu habitat natural, levo

lobo em Portugal ocupa apenas 15% da área de distribuição ibéric

os 300 indivíduos no território luso. Ele está legalmente protegido

responsabilidade pela indemnização dos prejuízos causados nos an tecção. A nível mundial, sobrevivem hoje três espécies: o lobo vermelho, o

inúmeras subespécies, como a ibérica, que provam o seu grande p

dois metros de comprimento e hoje extinto, ao pequeno lobo árabe

kg, passando pelo lobo ártico, de pelagem branca, ideal para se ca

presença de lobo em 43 países; em 36 o número de lobos é estáve diminuir.

O projecto LIFE Med-Wolf – Boas Práticas para a Conservação do L pela sobrevivência deste predador admirável em dois territórios: os em Itália, por entre as férteis encostas da Toscânia.

Texto produzido no âmbito do Projecto LIFE Med-Wolf, co-financiad

Grupo Lobo


e conhecido

das e mitos sem fim, mas que é muito mais familiar do que imagina-

CAMPANHA "NÃO DEIXE OS LOBOS SEM ABRIGO" | "DON'T LET OUR WOLVES BECOME HOMELESS" CAMPAIGN

nossas casas: os cães. É difícil olhar para um Chihuahua e imaginar Graças ao apoio de todos vós é com enorme satisfação que podemos

orreu ao longo de milhares de anos, culminando, após a selecção

e. Talvez os lobos que deram origem aos nossos cães tenham sido

s humanos, acompanhando-os em busca de alguns restos de comi-

abou por dar origem ao nosso melhor amigo.

obretudo por ser mais pequeno e pela sua pelagem, mais amarelo-

rca ou sinal – indica as listas negras que a forma ibérica apresenta

a entre os 20 e os 40 kg. A altura ao garrote vai dos 55 aos 75 cm,

machos são um pouco maiores, sobretudo na cabeça. Em suma, o

mível...

ria, no local da descoberta do famoso “Menino do Lapedo” – que

o e um Neandertal há cerca de 25 milénios –, foram encontrados

ad Rodrigo, existe uma imagem paleolítica de um lobo, dentro da

ravura que parece ilustrar um homem com cabeça de lobo – estes

am que o lobo desde sempre foi uma personagem importante na

a a Península Ibérica. Mas o extermínio de presas naturais como o

ou ao seu desaparecimento em muitas zonas da Península. Hoje, o

ca da espécie, com uma população total que talvez não ultrapasse

o desde 1988, pela Lei do Lobo, assumindo o Estado Português a

nimais domésticos, desde que cumpridos alguns requisitos de prolobo da Etiópia e o lobo cinzento, Canis lupus. Deste, conhecemos

poder de adaptação. Do grande lobo da Península de Kenai, com

e, adaptado à dura vida no deserto, que pesa em média apenas 18

amuflar na neve. O último censo a nível mundial, de 1998, refere a

el ou tende a aumentar, nos restantes 7, o número de lobos está a

Lobo em Regiões Mediterrânicas – está neste momento a trabalhar distritos da Guarda e de Castelo Branco e a província de Grosseto,

do pela Comissão Europeia, integrando o programa LIFE.

informar que a Campanha “Não Deixe os Lobos sem Abrigo” atingiu o seu objectivo: a angariação do montante necessário para a aquisição dos terrenos onde desenvolvemos o projecto Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI). No presente, estamos a efectuar as diligências necessárias para procedermos ao pagamento do valor ainda em dívida e a transferência da posse do terreno para o Grupo Lobo. Estamos muito satisfeitos por terem acreditado neste desiderato, que reflecte o interesse comum na conservação do último grande predador da nossa fauna. Tudo será feito para continuarmos a merecer a confiança de todos vós, bem como para mantermos os padrões de bem-estar dos lobos residentes no CRLI e a qualidade dos serviços prestados aos visitantes e voluntários que recebemos no nosso espaço. O Grupo Lobo expressa aqui o seu agradecimento pela ajuda recebida e espera continuar a contar com o vosso apoio para que o CRLI continue a ter o seu importante papel na conservação do lobo no nosso país. O nosso sincero e enorme bem-haja a todos vós!




Formamos: Cães & Lobos

Edição Nº 1

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Presencial Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente.

Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações Estrutura Programática do Curso

Módulo 1

(teórico)

1.1 CONHECER O CÃO 1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4 1.1.5 1.1.6

Conhecer como funciona um cão O Carácter num cão O Temperamento num cão A Comunicação canina Os Instintos Básicos caninos Conhecer o cão que se vai adestrar

1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO 1.2.1 Métodos de Adestramento 1.2.2 Traçar objetivos 1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento 1.2.3.1 Em função do cão 1.2.3.2 Em função do dono 1.2.3.3 Em função dos objetivos 1.2.4 As várias fases do Adestramento

Módulo 2

(prático)

2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL 2.1.1 Material de adestramento 2.1.1.1 Material de contenção 2.1.1.2 Material de assistência 2.1.1.3 Material didático 2.1.2 Postura corporal do adestrador 2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão 2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito 2.1.5 Exercícios de Obediência Básica 2.1.5.1 Exercício de andar ao lado 2.1.5.2 Exercício de sentar 2.1.5.3 Exercício de deitar 2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto 2.1.5.5 Exercício de chamada

2.2 SOCIABILIZAÇÃO 1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE 1.3.1 1.3.2 1.3.3

Definição O que é o Clicker O treino com Clicker

2.2.1 Sociabilização intraespecífica 2.2.2 Sociabilização interespecífica

… e donos responsáveis! Página 1


Formamos: Cães Cães & & Lobos Lobos

Entrevista

Edição Edição Nº Nº 1 4

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS Módulo 3

(prático)

3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA 3.1.1 Determinar as aptidões do cão 3.1.2 O Figurante (Homem de ataque) 3.1.2.1 Vestuário 3.1.2.2 Equipamento 3.1.2.3 Formação 3.1.3 O trabalho de motivação 3.1.4 O treino técnico das mordidas 3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga) 3.1.6 O treino da fuga do figurante 3.1.7 O treino da busca do figurante 3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia 3.1.9 O treino do ataque longo

Módulo 4

(teórico)

4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES 4.1.1 Agressividades 4.1.1.1 Definição e tipologias

4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição 4.1.2.2 Tratamento 4.1.3 Ansiedade por separação 4.1.3.1 Definição 4.1.3.2 Tratamento 4.1.4 Fobias 4.1.4.1 Definição 4.1.4.2 Tratamento 4.1.5 Manias Maternais 4.1.5.1 Definição 4.1.5.2 Tratamento 4.1.6 Hiperatividade e hiperexceptibilidade 4.1.6.1 Definição 4.1.6.2 Tratamento 4.1.7 Comportamentos estereotipados 4.1.7.1 Definição 4.1.7.2 Tratamento 4.1.8 Ingestão Inadequada 4.1.8.1 Alimentação Estranha 4.1.8.2 Coprofagia 4.1.8.3 Objetos 4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva

Curso intensivo de formação de monitores de adestramento científico canino Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente Características do Curso Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas, incluindo as componentes prática e teórica. Início do Curso: A combinar com o formando Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra Método de Ensino: Científico Quantidade de Alunos por Curso: 1 Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada

Estrutura Programática do Curso Módulo 1

(teórico)

Módulo 2

(prático)

Do Curso de duração normal

… e donos responsáveis! Página Página 131




Propriedade:

Cães & Lobos Nº 16

Centro Canino de Vale de Lobos www.ccvlonline.com contacto@ccvlonline.com

Edição: Dep. Divulgação do CCVL http://Comportamentocanino.blogspot.com

Revista Digital de Cães e Lobos

Colaboradoraram nesta edição:

Editor: Sílvio Pereira sp@ccvlonline.com Colaboraram nesta Edição: Grupo Lobo, Marta Wadsworth, Ricardo Duarte, Sílvio Pereira, Vanda Botelho, Vanessa Correia Paginação e execução gráfica: Sílvio Pereira Nota: Todo o material publicado nesta edição é da exclusiva responsabilidade dos seus autores. _________________________ Página web: http://revistacaeselobos.weebly.com revista.caeselobos@ccvlonline.com

Grupo Lobo globo@ciencias.ulisboa.pt

http://lobo.fc.ul.pt/

Marta Wadsworth marta.wadsworth@gmail.com

www.dogloversportugal.com Ricardo Duarte r_duarte_9@hotmail.com

Vanda Botelho vandabotelho80@gmail.com

www.ativanimal.com Vanessa Correia

vanessa_correia_sb@hotmail.com

www.acasaprateada.com


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do:

Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa (portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes traumatizantes idas às escolas de treino canino. Características do Curso Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno). A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de treino, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condições de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estudadas. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conhecimento profundo do aspeto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspeto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utilização do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas também para compreender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.

Estrutura Programática (resumida) Módulo 1 (teórico) 1ª Parte - Conhecer o Aspeto Funcional do Cão 2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão 3ª Parte - A Comunicação Canina 4ª parte - Os Instintos 5ª Parte - Condicionamento Operante 6ª parte - Descobrir o Clicker

Módulo 2 (prático) 7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social 8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão 9ª parte - Exercícios de Obediência Básica 10ª Parte - Sociabilização

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html

… e donos responsáveis!


Formamos:

Profissionais competentes... Departamento de Formação do: CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Características do Curso Objetivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identificação, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos. Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interação dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas também a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação. Perspetival de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e prevenção das Patologias do Comportamento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Comportamental.

Estrutura Programática do Curso (Resumido) Tema 1 - Como Funciona um Cão Tema 2 - O Carácter Tema 3 - O Temperamento Tema 4 - A Comunicação Canina Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades Tema 8 - Ansiedade por Separação

Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva Tema 10 - Fobias Tema 11 - Manias Maternais Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcitabilidade Tema 13 - Comportamentos estereotipados Tema 14 - Ingestão Inadequada Tema 15 - Eliminação Inadequada

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

… e donos responsáveis!


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