Versus Magazine #13 Abril/Maio 2011

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“«Abyss Masterpiece» não é um álbum “easy-listening“, mas antes (…) para se descobrir, ouvir e aprender a gostar… ler e compreender… interiorizar e explorar com as audições” A ideia de convidar a Miriam Sfinx dos RAM-ZET resultou da procura de uma voz feminina capaz de interpretar o poema “Cantarei um dia de saudade” da Marquesa de Alorna. Procurava algo no estilo do que se pode ouvir na “Utopia” dos Goldfrapp. As ofertas dentro do panorama metal eram escassas, nas chamadas “female metal bands”, e a Miriam foi a escolha perfeita para as necessidades. Só ela conseguiria, logo no início do tema, entoar a melodia de uma forma que não é muito vulgar. Houve um momento em que ela tardou a enviar as gravações das vozes de “Leonor”. Nessa altura, tentámos com outra pessoa, mas, apesar de o resultado ter sido satisfatório, infelizmente não correspondia ao que pretendíamos. Caso a Miriam não tivesse podido participar, teríamos certamente desistido do tema. Aconselho-vos vivamente a descobrirem os noruegueses RAM-ZET!!! As minhas faixas favoritas são: “The Arcadia Order”, “Goddess Presiding Over Solitude” e “Leonor”, as duas últimas com letras que são poemas da Marquesa de Alorna. De quem veio a ideia de usar poemas de Alcipe? Por que razão o fizeram? A ideia foi minha. Ao iniciarmos o projecto «Abyss Masterpiece», decidimos ir beber da fonte da poesia lusa, mas sem entrar em clichés. Seria muito fácil ter êxito a “cantar” Florbela Espanca, por exemplo. Tal não se passa com D. Leonor. Aliás, tive enormes dificuldades em encontrar e estudar as obras dela. Consegui comprar uma biografia, para grande espanto da vendedora, que olhou para mim muito admirada pelo meu interesse nas obras da Marquesa de Alorna: “Não é nada vulgar procurarem as suas obras, vamos lá a ver” D. Leonor tem uma história de vida e obras muito interessantes para a época em que viveu. Curiosamente, o título «Abyss Masterpiece» é uma metáfora relacionada com a sua luta nesse abismo, que foi o facto de ter estado encarcerada desde muito jovem até à idade adulta. Todas as suas experiências ao nível de sensações, o seu conceito de amor desde tenra idade sem tão pouco ter vivido os chamados laços familiares, o afecto ou mesmo o amor, uma vez que esteve presa desde os 8 anos, despertaram em mim um enorme interesse pelas suas palavras. Por outro lado, apaixonei-me pela sua rebeldia, pelas palavras azedas contra os falsos moralismos, pela sua luta pela emancipação dos direitos da mulher num Portugal do séc. XVIII completamente monopolizado pelos homens, em termos de literatura ou mesmo cultura. Foram essas restrições que a levaram a criar o pseudónimo “Alcipe”, para que os seus poemas fossem lidos pelo amigo Bocage, na Nova Arcádia (The Arcadia Order). No final, todos os presentes adoraram “os poemas deste jovem rapaz português Alcipe”… ave rara… de nome e de alma. Como aconteceu o contrato com a Listenable Records? Essa e outras editoras contactaram-nos, assim que souberam que estávamos a trabalhar na pré-produção do sucessor de «Redemption», solicitando as demos do novo álbum. Preferimos a Listenable Records a uma editora supostamente superior em termos de nome no mercado. Na fase da vida em que estamos e com a experiência de mercado que já temos, não nos iludimos com fachadas. No final, venceram a paixão e dedicação da Listenable Records e o facto de também terem os pés bem assentes na terra. Sem sombra de dúvida, é uma editora independente com uma fortíssima implantação, em termos de distribuição e promoção ao nível mundial e que tem descoberto enormes talentos, tais como Gojira ou mesmo Textures. E tudo o que solicitámos à Listenable foi devidamente atendido Alguns media internacionais estranharam este casamento entre os Heavenwood e a Listenable Records, uma vez que não somos assim tão extremos quanto as restantes bandas do catálogo. Mas, se analisarmos a questão do um ponto de vista do cartão de visita da label, isso é uma vantagem para os Heavenwood! E quando vamos ter o prazer de vos ouvir ao vivo a apresentar «Abyss Masterpiece»? Quero lá estar e na primeira fila. Obrigado! Há datas a serem negociadas para o restante país, bem como para o estrangeiro, mas para já estamos todos concentrados numa das fases mais importantes num lançamento de um álbum com estas responsabilidades que é a de promover e dar entrevistas para Portugal e todo o mundo. Um forte abraço musical para todos os leitores da excelente Versus Magazine, que tento acompanhar o mais possível. Aconselho todos os interessados a estarem atentos às nossas actividades divulgadas em www.myspace.com/heavenwood ou mesmo a juntarem-se ao nosso grupo de fãs no facebook, que tem feito um enorme e reconhecido trabalho. Entrevista: CSA


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