Brasil em Código - 18ª edição

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BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • out/nov/dez 2015 • www.gs1br.org

EDIÇÃO 18

EDIÇÃO 18

Varejo on-line completa duas décadas de crescimento, com os desafios de padronizar os processos e melhorar a experiência de compras do consumidor

PLANEJAMENTO

CONSELHOS DE ESPECIALISTAS PARA ENFRENTAR A CRISE EM 2016




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ao leitor

Varejo on-line em perspectiva As ofertas atrativas, a facilidade e a comodidade de fazer compras pela internet já fazem parte do cotidiano de muitos brasileiros há mais de 20 anos. Nesse período, as lojas virtuais precisaram amadurecer e conquistar a confiança do consumidor. Essa missão tem sido feita com muito empenho, tanto é que o comércio eletrônico ganhou relevância no varejo nacional, impulsionado também por um cenário de estabilidade econômica, melhor distribuição de renda e expansão do acesso à internet. Apesar de as empresas do ramo enfrentarem dificuldades com relação à logística e tributação, por exemplo, já são duas décadas de prosperidade. De acordo com dados da E-bit, o e-commerce registrou crescimento médio de 20% ao ano nesse período. Para o futuro, as perspectivas são promissoras, com projeção de expansão em torno de 10% anualmente. Esse cenário do varejo on-line é retratado na matéria de capa desta edição, que mostra as expectativas, os desafios e as tendências de uma área tão dinâmica. Para evoluir ainda mais, o e-commerce precisa avançar no sentido de oferecer uma experiência de compra satisfatória ao consumidor. Acreditamos que um dos caminhos para se conseguir isso passa pela adoção de padrões para identificar e gerenciar dados sobre os produtos. O código de barras, por exemplo, é uma solução simples e que pode gerar benefícios imensos nesse segmento. Ele pode ir diretamente dos produtos para as páginas da internet, ajudando a melhorar os cadastros das lojas virtuais, a comparar itens e preços, a controlar estoques e a agilizar o atendimento ao cliente. Afinal, o código de barras traz as informações essenciais sobre os produtos de maneira rápida e precisa. Tanto o varejo físico quanto o virtual necessitam, cada vez mais, de informação em tempo real para tomar decisões, em todos os níveis da gestão, a fim de obter resultados positivos. Isso é mandatório e deve ser reforçado ainda mais no próximo ano, que será mais um período econômico difícil e demandará inteligência nos negócios e ajuste de processos. Pensando também nessas questões, nesta edição você encontrará várias reportagens com informações que podem melhorar a administração e a produtividade da sua empresa. Para se planejar para 2016, reunimos dicas de especialistas a respeito de estratégia comercial, recursos humanos e finanças. Uma das matérias ainda traz insights para os gestores saberem se posicionar e orientar seus funcionários com relação ao uso das redes sociais e outra fala como otimizar as reuniões dentro da empresa. Neste ano, que foi de muito trabalho para evitar perdas, reforçamos nossa crença de que padronização combina com gestão e lucratividade. Essa será também nossa aposta para 2016, com os pés no chão, mas com esperança de melhores oportunidades nos negócios – sejam eles virtuais, sejam tradicionais. Essa é a força que move o varejo.

Foto: Paulo Pepe

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente



[EXPEDIENTE

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A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

João Carlos de Oliveira P RE S I D E N TE

Antônio Carlos Leão José Humberto Pires de Araújo Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa V I CE - P RE S I D E N TE S

Virginia Villaescusa Vaamonde CEO

M A RK E TI N G R E LA ÇÕE S I N S TI TU CI ON A I S

E D I RE TORA D E

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D I RE TOR D I RE TOR D I RE TOR

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Charles Sampaio

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S E RV I ÇOS C ORP ORA TI VOS

Roberto Matsubayashi E

A LI A N ÇA S E S TRA TÉ G I CA S

Silveraldo Mendes

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A TE N D I M

E N TO A O

A S S OCI A D O

GERENTE DE COMUNICAÇÃO E EVENTOS Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Helder Profeta FOTOGRAFIA Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO Adriana Bruno, Ana Paula Garrido, Camila Guesa, Claudia Manzzano, Denise Brito, Juliana Jadon, Ticiana Werneck (texto) e Edson Perin (artigo) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares

E-commerce completa duas décadas no Brasil

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SUMÁRIO

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42 8 CURTAS 17 INSTITUCIONAL/Varejo 18 INSTITUCIONAL/Logística 20 JOGO RÁPIDO 34 PERDAS E GANHOS 36 MARKETING 39 OPINIÃO 48 PERFIL 50 GESTÃO 55 NEGÓCIOS 56 LEGISLAÇÃO 58 RADAR 60 DESCONEXÃO 66 TECNOLOGIA & NEGÓCIOS

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CAPA Relembre os 20 anos de crescimento do varejo on-line no Brasil, que mudou os hábitos de compra do brasileiro e a gestão das empresas. Especialistas comentam as tendências e os desafios para o segmento

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SUSTENTABILIDADE Conheça as

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MERCADO Com um toque

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principais iniciativas mundiais de cidadania corporativa e saiba como participar

contemporâneo, empresas renovam o portfólio lançando produtos retrô e vintage

PANORAMA Acompanhe as discussões na área da saúde sobre a rastreabilidade de medicamentos

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PLANEJAMENTO

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AUTOMAÇÃO

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GESTÃO

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EDUCAÇÃO

Especialistas orientam como elaborar o planejamento para 2016 em um cenário de crise

Sistema GS1 ajuda indústrias e varejistas a oferecerem alimento seguro ao consumidor

Redes sociais são vilãs ou aliadas da produtividade?

Universidades corporativas capacitam profissionais para o mercado de trabalho


CURTAS

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Infância conectada Tablets, smartphones, notebooks, computadores e outros aparelhos eletrônicos já fazem parte da rotina de muitos brasileiros que têm acesso à internet em casa. De acordo com pesquisa da Nielsen IBOPE, o público infantil tem se destacado cada vez mais nesse meio por sua facilidade em lidar com essas tecnologias. Quando questionados sobre quem usa mais o tablet em casa, 28% dos respondentes disseram que são as crianças. O estudo também constatou que crianças e adolescentes da classe A (54%) são os que passam mais tempo na internet usando o tablet, quando comparados com os adultos e idosos (46%).

Tecnologia para todos A GS1 Brasil, em parceria com o SEBRAE-Pará, promoveu palestras com o tema “Código de Barras para os Pequenos Negócios e Tendências de Automação” no mês de outubro, nas cidades de Belém e Santarém. O conteúdo das apresentações auxiliou os participantes a otimizar a gestão de suas empresas. “Apresentamos tendências globais de consumo, tecnologias móveis e automação da cadeia de suprimentos. Também transmitimos uma visão sobre a forma mais eficiente de gerenciar as informações, o que permite um relacionamento que exceda as expectativas do consumidor”, resumiu o assessor de soluções de negócios e responsável pelas palestras, Edson Matos de Lima.

Construindo soluções Um workshop realizado em novembro, na sede da GS1 Brasil, em São Paulo (SP), apresentou os resultados da 1º Pesquisa de Automação de Atacadistas e Distribuidores de Materiais de Construção. Realizado pela entidade e com iniciativa e mobilização da Agenttia, consultoria especializada em inovação e negócios em redes de distribuição, o evento foi direcionado para atacadistas, distribuidores, associações parceiras e indústrias desse segmento. O encontro teve o apoio da Associação Brasileira de Materiais de Construção (ABRAMAT) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Simplificação tributária Fotos/Imagens: Thinkstock

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio do Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT), iniciou um grupo de trabalho com o objetivo de pleitear a redução dos custos tributários e propiciar uma participação mais ativa das empresas contribuintes. Desde setembro, a GS1 Brasil passou a integrar esse grupo, cujas discussões envolvem a eliminação de obrigações acessórias e de práticas redundantes, privilegiando o uso da informação que já está disponível em documentos fiscais eletrônicos de existência puramente digital. Além disso, buscar a padronização da nomenclatura e da tecnologia. 8 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Rastreabilidade com selo de qualidade

Oportunidades para empreendedores A Feira do Empreendedor abre mais uma rodada em dois Estados do Nordeste. Desenvolvido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o evento é uma oportunidade para realizar negócios, conhecer tendências e adquirir novos conhecimentos. Em Maceió (AL), o evento ocorreu em 17 de outubro e, em São Luiz (MA), de 18 a 21 de novembro, ambos no Centro de Convenções de cada cidade. Nessas feiras, os visitantes puderam contar com o know-how da GS1 Brasil, que participou como expositora. “Estamos à disposição para explicar como funcionam os códigos e como se associar, além de convidarmos nossos associados para nos visitar e atualizar informações”, afirma a assessora de eventos da entidade, Ingrid Cundari Pelat.

A cadeia de suprimentos que faz uso do Sistema GS1 passa por um upgrade. O EPCIS (Eletronic Product Code Information Services, na sigla em inglês) e o Vocabulário Core Business (CBV, na sigla em inglês), ferramentas que facilitam a troca de informações normatizadas, foram ratificadas pela Organização Internacional de Normalização (ISO) e Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC). Isso significa que a nova designação internacional ISO/IEC permitirá a adoção de uma norma oficial de rastreabilidade e combate à pirataria em todo o mundo. O sistema, se amplamente adotado, poderá eliminar erros humanos na coleta de dados; reduzir estoques; diminuir perdas; e aumentar a segurança. “Estamos muito satisfeitos que os países-membro da ISO/IEC reconheçam o grande valor do EPCIS como um passo fundamental para a rastreabilidade global”, reforça o presidente e CEO da GS1 Global, Miguel Lopera.

Bem remunerados Mesmo diante do momento econômico difícil que o Brasil atravessa, determinados setores mantiveram suas operações aquecidas e, consequentemente, sustentaram os salários em alta. É o que aponta o Estudo de Remuneração 2015, da empresa de recrutamento Michael Page, que avaliou os rendimentos fixos e varáveis dos profissionais do País. A pesquisa, que teve como base as informações de entrevistas realizadas com mais de 100 mil profissionais, nos últimos 12 meses, apontou que as posições ligadas às áreas de TI, seguros e vendas foram os segmentos que tiveram os maiores ganhos salariais de 2015, com relação ao ano passado. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 9


CURTAS

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Eficiência da cabeça aos pés

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS), por meio do Sistema de Operações Logísticas Automatizadas (SOLA), prepara novidades para auxiliar as atividades do segmento. Está sendo desenvolvida uma plataforma para facilitar a troca de informações comerciais via EDI no padrão global GS1. A ferramenta é direcionada especialmente para empresas pequenas, que têm menor capacidade para fazer investimentos em tecnologia, a fim de trocar dados, como pedidos e avisos de despachos. De acordo com o assessor-executivo da ABICALÇADOS, Igor Hoelscher, a adoção do EDI diminui a necessidade de digitação e também de erros, que são frequentes quando se tem processo manual na operação logística. “O uso de um único padrão para todas as companhias traz uma série de pequenos benefícios, os quais, quando somados, geram vantagens competitivas, como redução de custos, melhoria da relação comercial entre os parceiros e mais eficiência logística.” A entidade também incentiva o uso de código de barras desde a origem, nas indústrias calçadistas, em vez do uso de código proprietário.

Preparados para o mercado de trabalho Foto: Divulgação GS1

A parceria entre a GS1 Brasil e Associação Nova Projeto, que oferece cursos de capacitação profissional para pessoas com deficiência intelectual, rendeu novos frutos. No dia 18 de setembro, foi realizado o evento de formatura da 36ª turma, que contou com 12 alunos dos cursos de Práticas Administrativas e Práticas no Varejo. Para a GS1, esse trabalho social, que começou em 2003, é sinônimo de muito orgulho e de grande valia para os alunos, as famílias, as empresas e a sociedade como um todo. O programa é responsável pela colocação de centenas de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, que deixam de ser dependentes e se tornam socialmente produtivos.

Prêmio Automação ganha nova identidade visual Criado em 1998 para reconhecer os esforços das organizações na divulgação do Sistema GS1, o Prêmio Automação já se tornou referência nacional em termos de inovação, gestão e empreendedorismo. Neste ano, a entidade decidiu fazer com que a importância do evento se torne ainda mais marcante. “Nossa identidade será definitiva, assim como outras grandes premiações. Da mesma maneira como Caio tem como ícone o jacaré; Cannes, o leão; e o Oscar, uma pessoa; a partir de agora também teremos o nosso”, afirma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Dessa forma, a entidade anuncia a harpia, uma das maiores aves de rapina do mundo, como identidade visual do prêmio e do troféu. “A harpia é sinônimo de visão, força, ousadia, grandeza e agilidade. Ou seja, as mesmas características de empresas que investem em projetos de automação e se destacam”, mostra Oliveira. Realizado no dia 11 de novembro, no Tom Brasil São Paulo, na capital paulista, o evento de premiação conta com convidados ilustres, como os jornalistas - e mestres de cerimônia na ocasião - , Rosana Jatobá e Luís Ernesto Lacombe, além da presença de autoridades de associações parceiras e de Daniel Dias, atleta patrocinado pela GS1 Brasil. A entidade também prepara um trabalho para compensar a emissão de CO2 produzido durante o evento. 10 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Mais informação aos contadores

Campeão dentro e fora das piscinas

Foto: Divulgação GS1

A cidade de Itapecerica da Serra (SP) encerrou o ciclo de eventos regionais programado pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (SESCON-SP). A entidade realizou, no dia 23 de outubro, o 8º Encontro das Empresas de Serviços Contábeis de Osasco, Grande ABC, Itu, Jundiaí, Registro e Sorocaba, no Terras Altas Hotel & Convention Center. O evento foi dedicado ao aprimoramento profissional e à troca de experiências, além do debate de temas técnicos e de gestão empresarial. A GS1 Brasil esteve presente, a fim de contribuir com mais conhecimento para os profissionais que atuam na área de contabilidade, orientando, por exemplo, sobre a utilização de códigos de barras. Com a mesma finalidade, a entidade também participou da 29ª Convenção da Contabilidade do Estado de Santa Catarina (CONTESC), maior evento contábil do Estado, realizada de 14 a 16 de outubro, em Florianópolis.

Virginia Vaamonde, da GS1 Brasil, e o nadador Daniel Dias

Um rápido mergulho no universo dos atletas paralímpicos é suficiente para surpreender qualquer um. Assim, foi num clima de emoção que os colaboradores da GS1 Brasil conheceram, de perto, o recordista mundial de natação paralímpica, Daniel Dias, em evento realizado na sede da organização, em São Paulo (SP), em setembro. O objetivo do encontro foi anunciar o patrocínio da entidade ao atleta, que é recordista brasileiro com 15 medalhas em Jogos Paralímpicos. “Agradeço imensamente à GS1 Brasil por acreditar no esporte paralímpico. Estou feliz de carregar essa marca no peito e fazer parte da família GS1. Vim para somar e fazer a diferença”, afirmou Dias. A disposição da entidade em apoiar o esporte ganhou força recentemente, quando lançou o Programa Sustentabilidade em Código. E a escolha do nadador não foi por acaso. A organização buscava um esportista que vivenciasse valores semelhantes aos seus, como colaboração, atitude inovadora e busca pela excelência. “Decidimos patrocinar o Daniel Dias porque ele tem valores que estão em sintonia com os nossos”, frisou a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde. O evento de boas-vindas ao nadador teve também a participação da gerente de marketing do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Renata Fernandes.


CURTAS

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Driblando a crise

Diante do atual cenário econômico, o consumidor brasileiro lança mão de diversas estratégias para driblar a crise e equilibrar o orçamento doméstico. A GfK, por meio do Painel de Consumidores Online, de abrangência nacional, pesquisou mudanças no comportamento de compra de 16 categorias de consumo básico. De acordo com o levantamento, nos últimos seis meses, as cervejas, carnes bovinas e refrigerantes foram os que mais motivaram mudanças no comportamento dos entrevistados. Estes itens passaram a ser adquiridos com menor frequência e em quantidades reduzidas, enquanto as promoções se tornaram decisivas.

Conexão Portal GS1 Brasil Capacitação prática A galeria de vídeos do portal GS1 Brasil é mais uma das iniciativas da organização com foco em ampliar o conhecimento dos associados e do público em geral com relação aos padrões e soluções de automação. “Os vídeos sobre os padrões GS1 são produzidos para esclarecer a aplicação correta dos códigos. Com esse material, de maneira simples e didática, o associado entende qual padrão é o mais adequado para o seu negócio”, explica o assessor de comunicação digital da GS1 Brasil, Kleber Pinto. Alguns dos principais eventos promovidos pela entidade, como a Conferência Internacional Brasil em Código e o Prêmio Automação, também são destaque nesses materiais audiovisuais. Assim, a intenção é auxiliar na identificação de tendências e na tomada de decisões mais assertivas nas empresas. “Os vídeos do Brasil em Código, por exemplo, permitem que os associados – tendo participado ou não da conferência – tenham um resumo das ideias discutidas e das tendências apontadas pelos especialistas convidados”, acrescenta. Os vídeos podem ser acessados no endereço www.gs1br.org/educacao-epratica/videos ou diretamente no canal do YouTube www.youtube.com/GS1Brasil.

Fique conectado no

www.gs1br.org

12 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Visual bonito Na expectativa de novos lançamentos em dispositivos tecnológicos, uma pesquisa global da empresa de estudos de mercado GfK revelou a importância que consumidores de 22 países atribuem ao design e ao estilo na hora de decidir a compra de produtos, como notebooks, smartphones e computadores. Na média global, 33% dos mais de 26 mil entrevistados concordam que a aparência e o estilo são fatores muito importantes, enquanto apenas 9% discordam da afirmação. O Brasil ficou acima da média global e, por aqui, 45% dos entrevistados declararam concordar que estilo e aparência de produtos tecnológicos são fundamentais e decisivos.

Atraídos pelo e-commerce Os homens se renderam ao comércio eletrônico. São eles que têm a maior participação nas compras, representando 59% do total, contra 41% das mulheres, segundo dados do TVxtender, veículo de distribuição de mídia digital para campanhas de vídeo pertencente à ROIx. O levantamento apontou, ainda, que a classe B é responsável por 39% das transações em lojas virtuais e, logo atrás, a classe C alcança 28%. A análise regional aponta predomínio da região Sudeste, com 47% das compras na web, seguida das regiões Sul e Nordeste, empatando com 15%.

Apps populares A partir do total de usuários de smartphones apurado no segundo trimestre de 2015, a Nielsen IBOPE realizou, no mês de julho, uma pesquisa para identificar quais os aplicativos campeões de uso entre a população. Entre os 20 aplicativos mais utilizados pelos 72,4 milhões de brasileiros conectados por smartphones, 6 são de redes sociais ou de troca de mensagens, 4 são de bancos, 3 são de e-mail e 2 são de mapas e localização.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 13


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SUSTENTABILIDADE

[GOVERNANÇA

Fotos/Imagens: Thinkstock

Empresa cidadã

O Pacto Global é protagonista na missão de levar boas práticas de governança para organizações de todo o mundo. Veja como a sua empresa pode participar Por Kathlen Ramos O Pacto Global é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) criada pelo ex-secretário-geral, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para incorporar, em suas práticas de negócios, dez ações nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção (confira no box da página ao lado). Ele foi anunciado em 1999, durante o Fórum Econômico Mundial (Fórum de Davos) e oficialmente lançado em 2000. “Esta é a maior iniciativa de cidadania corporativa voluntária do mundo. Com 88 redes locais, está presente em 145 países e conta com a participação de mais de 12 mil instituições, sendo 8 mil empresas”, comemora a diretora-executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Renata Seabra. 14 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

No Brasil, a iniciativa começou em dezembro de 2003, quando foi criado um grupo integrado por instituições do setor privado, sociedade civil organizada, universidades e agências das Nações Unidas presentes no País. O crescimento da Rede é de quase 20% ao ano e já foram alcançados mais de 700 signatários, consagrando-se como a quarta maior no mundo. Para se ter uma dimensão das atividades desenvolvidas, em 2014, mais de 3 mil pessoas participaram de 40 atividades focadas em sustentabilidade, entre conferências e workshops. Segundo Renata, para os signatários da Rede, há muitas oportunidades de acesso ao conhecimento, capacitação e networking em nível nacional e internacional, além da possibilidade de participação nos quatro Grupos Temáticos (GTs): Direitos Humanos e Trabalho; Anticorrupção; Energia e Clima; e Agricultura e Alimentos.


PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente. 2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos. 3. Apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva. 4. A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório. 5. A abolição efetiva do trabalho infantil. 6. Eliminar a discriminação no emprego. 7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais. 8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental. 9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis. 10. As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. GS1 Brasil. Tanto é que a entidade é signatária do Pacto Global desde 2003. Recentemente, a associação incluiu a sustentabilidade como uma pauta estratégica por meio do Programa Sustentabilidade em Código, reforçando ainda mais o compromisso de cidadania corporativa. “Estamos acompanhando o progresso dessa nova agenda mundial de desenvolvimento sustentável e reavaliando nossa forma de atuação para atender às metas estipuladas pela ONU e promover melhores práticas corporativas e sustentáveis”, comenta o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Um dos pontos positivos do Pacto Global é que ele possibilita que pequenas e médias empresas – além de

PARTICIPE A preocupação em apoiar e desenvolver iniciativas sócio-ambientais sempre foi importante para a

Renata Seabra, da Rede Brasileira do Pacto Global Qualquer empresa pode participar da iniciativa

governos e instituições públicas e do terceiro setor – se filiem. “Entendemos que, independentemente do porte, qualquer organização assume um papel importante na construção de boas práticas de responsabilidade social corporativa e na promoção delas”, afirma Renata. O passo a passo para a empresa participar desse movimento está disponível no site www.pactoglobal.org.br.

Foto: Divulgação

No grupo de Direitos Humanos e Trabalho, por exemplo, está sendo executada uma ação com refugiados, que neste momento chegam em diversos países, inclusive no Brasil, em função de crises em países como a Síria. Algumas empresas signatárias avaliam a contratação de refugiados. Já as discussões sobre Energia e Clima têm foco na disponibilidade e no manejo sustentável da água. Há um projeto, com lançamento previsto para novembro, que visa promover um debate sobre as perdas de água no sistema de distribuição, com a participação do governo, sociedade civil e setor privado. O projeto tem como primeiro marco o próximo Fórum Mundial da Água, que acontecerá no Brasil em 2018.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 15


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SUSTENTABILIDADE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Um dos pilares que motivou a criação do Pacto Global foi o engajamento do setor privado com os grandes objetivos da ONU. Agora, sua missão para os próximos anos é mobilizar a comunidade empresarial a favor dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que entrarão em vigor no dia 1º de janeiro de

2016. O compromisso do Brasil com relação aos ODS foi firmado pela presidenta Dilma Rousseff, em setembro, durante a Cúpula da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável 2015, em Nova York, e também será acompanhado pela iniciativa privada. As empresas participantes da Rede Brasileira do Pacto Global se comprometeram

a atingir os objetivos que, de modo geral, visam a erradicação da pobreza, saúde, educação, redução das desigualdades e proteção ao meio ambiente, dentre outros. Os esforços são para que os ODS sejam implementados até 2030. Mais informações podem ser obtidas no site www.onu.org.br/pos2015. 7 898357 410015

16 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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INSTITUCIONAL

[VAREJO

Sem fila, sem demora

Foto: ThinkStock

Supermercados de Santa Catarina saem na frente com projeto para agilizar o atendimento ao consumidor e melhorar o cadastro de produtos Da Redação

O problema é antigo no varejo. O consumidor está passando sua compra no caixa e, de repente, o bip para – não é possível fazer a leitura do código de barras de um produto. O operador precisará digitar todos os números, isso se tiver a sorte de encontrar uma etiqueta legível. Enquanto isso, a fila aumenta, e o cliente, que já tem pouco tempo para as compras, fica insatisfeito. São vários os motivos que dificultam a leitura do código de barras nos caixas, como códigos estampados em locais impróprios e a colocação de etiquetas inadequadas em embalagens de perecíveis, que ficam molhadas depois de serem armazenadas em câmaras frias. Na maioria dos casos, os códigos de barra são inseridos pelos fabricantes e já chegam ao varejo com problemas. Enfrentando essas situações diariamente, vários supermercadistas levaram a demanda para as reuniões da Associação Catarinense de Supermercados (ACATS), que decidiu articular uma solução. Assim, a entidade e a GS1 Brasil começaram, no mês de setembro, um programa com várias iniciativas para melhorar os processos nas lojas e aprimorar o relacionamento com os fornecedores. Segundo o gerente da área de produtos da GS1 Brasil, Paulo Crapina, a entidade fornece todo o apoio para implantação das soluções com treinamentos e reuniões junto aos varejistas. A ACATS, por sua vez, mobiliza os associados a fornecer dados, como, por exemplo, os produtos com dificuldade de leitura na frente de caixa.

Entre as soluções da GS1 que serão utilizadas está o Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos (GEPIR), para verificação no cadastro dos itens novos. “Na segunda etapa do projeto, implementaremos o Cadastro Nacional de Produtos, o CNP, uma ferramenta on-line que auxilia tanto a indústria quanto o varejo no cadastro e no gerenciamento de informações sobre produtos, controle da numeração de mercadorias e impressão do código de barras”, explica Crapina. As duas entidades elaboraram um plano de ação com etapas bem definidas, a fim de atingir os objetivos traçados. “Fizemos uma pesquisa com os dez maiores associados, na qual solicitamos informações sobre os produtos que apresentam maior dificuldade em relação à leitura dos códigos de barra”, conta o diretor-executivo da ACATS, Antonio Carlos Poletini. A associação também consolidou os dados dos principais supermercados catarinenses e enviou para a análise da GS1, que detectou 10% de não conformidade nos códigos de barras. Com base nesse diagnóstico, será solicitado aos fornecedores que façam os ajustes necessários. Está previsto um piloto em três grandes redes supermercadistas, para depois o projeto ser disseminado entre todos os associados da ACATS. “Nossa expectativa é a melhor possível, e a expertise da GS1 garante uma precisão técnica. Temos convicção de que os resultados impactarão positivamente as empresas da região e também todo o varejo supermercadista brasileiro”, conclui Poletini. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 17


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INSTITUCIONAL

[LOGÍSTICA

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Com o apoio da GS1 Brasil, Programa de Excelência em Logística e Transportes (PELT)visa melhorar a competitividade das empresas

Fotos/Imagens: Thinkstock

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Por Camila Guesa Visando contribuir com a melhoria e o controle dos processos na cadeia logística e de transportes e, consequentemente, com o aumento da competitividade do setor, a GS1 Brasil firmou uma parceria com o Programa de Excelência em Logística e Transportes (PELT). A assinatura do Termo de Cooperação Técnica e Institucional ocorrerá nos próximos meses e tem o objetivo de alcançar a excelência em qualidade de serviços e eficiência de processos. O programa setorial foi lançado em julho de 2015 pela Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), em conjunto com a consultoria de sustentabilidade Sustain Now. Por meio do PELT foi criado um conjunto de ações para aprimorar toda a cadeia de suprimentos dos embarcadores de carga, operadores logísticos e transportadores. O programa foi concebido para identificar oportunidades de melhoria de resultados, em áreas consideradas prioritárias, como roteirização, movimentação, armazenagem e gestão de risco de frotas. Além do transporte rodoviário, outros modais serão contemplados no futuro.

18 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“Com foco em gestão, inovação e sustentabilidade, o PELT nasceu para padronizar processos, aumentar a produtividade e gerar ganho econômico e ambiental à cadeia logística”, resume o sócio-diretor da Sustain Now e responsável pela elaboração e implementação do PELT, Ricardo Vieira. O programa também se preocupa em medir e aprimorar áreas como automação, sistemas, tecnologia, inovação, treinamento e responsabilidade socioambiental, uma vez que ele tem forte viés de sustentabilidade. Na estrutura do plano, está incluída a participação e o apoio de parceiros estratégicos. Nesse ponto, a GS1 Brasil entra como apoiadora na área de rastreabilidade, buscando a troca de informações técnicas para validação de conceitos, processos, indicadores e ferramenta de gestão do programa. O acordo firmado entre as entidades engloba, também, apoio institucional para realização de workshops, elaboração de guias técnicos, participação nas reuniões de grupos de trabalho e fóruns para mobilização do mercado.


“O trabalho da GS1 é fundamental, pois ela já possui padrões de rastreabilidade nos quais nos basearemos para avaliar os processos nas diversas etapas logísticas, como picking, armazenagem, separação e transporte, evitando, ao máximo, os gargalos e as rupturas”, explica Vieira. Na visão do assessor de soluções e negócios da GS1 Brasil, Edson Matos de Lima, o programa é similar a um selo de qualidade logística. “O programa é uma espécie de ISO 9001 do setor, com manual de melhores práticas de automação, que será validado pela GS1 e aplicado pelos consultores do PELT”, diz. A ABRALOG, por sua vez, reforça que a iniciativa é uma forma de reunir soluções e tecnologias da cadeia de suprimentos a fim de contribuir com melhoria da produtividade. “O Programa oferece condições para a cadeia de suprimentos dar um salto de qualidade, produtividade e competitividade, a partir do uso intenso de políticas responsáveis e melhores práticas”, aponta o presidente da ABRALOG, Pedro Moreira.

MELHORES PRÁTICAS A iniciativa estabelece uma série de regras de certificação e requalificação das operações e procedimentos do setor. Isso ocorrerá por meio de avaliação de indicadores qualitativos e quantitativos. A metodologia do programa segue o Modelo da Excelência da Gestão (MEG), do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), desenvolvido pela Fundação Nacional de Qualidade (GNQ), que avalia as empresas com base em seus históricos de gestão, responsabilidade social, processos internos, planos estratégicos, entre outros, e possibilita avaliar o grau de maturidade da gestão, pontuando processos gerenciais e resultados organizacionais. Isso propicia uma visão ampla do mercado, em nível global e local, onde a organização atua. “As empresas serão questionadas, por exemplo, se controlam as horas de rodagem de seus motoristas. A partir de suas respostas, serão avaliadas e, se necessário, as auxiliaremos a chegar a um plano de melhoria”, exemplifica o sócio-diretor da Sustain Now.

Além da avaliação individual das empresas, o PELT criará grupos de trabalho de tecnologia e automação, em parceria com a GS1 e outros apoiadores, como a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR) e ABRALOG, para criar guias de melhores práticas, nos quais serão destacados exemplos de empresas que aplicam estratégias de sucesso nos processos logísticos. A adesão ao PELT é voluntária e é necessário ter o engajamento de todos os líderes da empresa para efetiva identificação das oportunidades de melhoria, definição de prioridades, elaboração e execução do plano de ação, definição de metas, entre outras. A inscrição pode ser feita pelo site www.pelt.org.br. As empresas interessadas serão submetidas a uma análise prévia para verificar se possuem as condições para participar do Programa. 7 898357 410015

EFICIÊNCIA LOGÍSTICA Conheça os objetivos do PELT:

• Avaliar as operações logísticas, pontuá-las e

classificá-las, a fim de identificar oportunidades de melhoria e prioridades de ações.

• Gerar indicadores quantitativos e qualitativos. • Acompanhar execução do plano de ação e orientar

as operações em campo, considerando cronograma de atividades previstas pelo programa.

• Identificar as boas práticas junto ao mercado. • Premiar e reconhecer as melhores operações através

da realização do Prêmio Nacional em Excelência de Logística e Transporte.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 19


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JOGO RÁPIDO

[MERCADO

Foco nos lançamentos Por Ticiana Werneck

Apesar da desaceleração econômica, o segmento de higiene e beleza registra crescimento acima da média

20 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

2015. “Essa área consegue estar acima da média de crescimento de outras cestas de consumo, pois está ligada ao bem-estar. Mas, para continuar a expansão, mesmo que a uma velocidade menor, será preciso melhorar a eficiência da operação e focar na otimização dos custos e investimentos”, diz Tsukuda. A seguir, confira como o segmento de beleza vem se movimentando para obter resultados positivos. Os números da Beauty Fair reforçam a percepção de que o setor de beleza continua com fôlego nessa época de crise. Quais os trunfos do segmento? Em 11 anos de feira, esta edição foi a que mais registrou lançamentos nos estandes. Esta é, claramente, uma medida para incentivar as vendas, afinal, o setor de beleza é movido a lançamentos – em algumas empresas, as novidades representam até 30% do faturamento. O consumidor gosta de testar e experimentar, portanto, o lançamento é um apelo para a compra. Além disso, para manter o mesmo nível de vendas, a indústria tem investido mais em marketing do que antes, por meio de propaganda e merchandising no ponto de venda, para conseguir atrair a atenção do consumidor.

Imagens/Foto:Thinkstock/Divulgação

O setor de beleza, embora mais contido, continua fazendo bonito nesse período de crise. Os empresários têm conseguido reagir aumentando o número de lançamentos – o que por si só já atrai o consumidor – e investindo em marketing para intensificar a percepção das marcas. Uma prova de que o segmento continua em expansão foi a realização da Beauty Fair, feira de beleza profissional, que reuniu 145 mil visitantes em São Paulo (SP) e movimentou R$ 500 milhões em negócios, no mês de setembro. “Os próximos anos serão desafiadores e exigirão, da indústria e do varejo, excelência e inclusão da tecnologia nos negócios para se destacar, atender e fidelizar o consumidor. Temos a obrigação de nos unir para tornar o setor cada vez mais forte”, comenta o diretor-geral da Beauty Fair, César Tsukuda. A união a que ele se refere diz respeito à sinergia de conhecimentos, como pesquisas e ações de marketing, entre fabricantes e varejistas. Segundo dados da Nielsen, o valor das vendas do setor de higiene e beleza teve uma alta nominal de 7,5% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2014. O faturamento deve somar R$ 42 bilhões em


A teoria batom (em tempos de crises financeiras, o consumidor recorre à compra de itens que dão pequenos prazeres) continua forte, então? Como analisa o hedonismo do brasileiro? O cuidado pessoal é, sobretudo, uma questão de merecimento e realização que se fortalecem nessas épocas de crise. Os produtos de beleza têm um apelo emocional que ajudam a preservar a autoestima. Assim, em momentos de “dinheiro curto”, as pessoas trocam o destino dos seus gastos. Evitam se comprometer com altos valores, como carros e viagens, por exemplo, mas não se negam pequenas indulgências, como a compra de produtos que as fazem se sentir bem. Quais categorias de produtos mais crescem? O principal destaque são os itens para tratamento capilar, os chamados pós-xampu, como condicionador e máscaras. Num passado recente, observávamos uma tendência de uso de químicas fortes para alisamento e, agora, a indústria lança soluções para cuidar do cabelo que pode ter sido danificado pelo excesso de procedimentos. Há também a tendência da “premiumnização”, ou “salonização”, nome que define linhas de produtos capilares profissionais, antes importados e só disponíveis em salão, que hoje estão à venda em farmácias e lojas de bairro com preços acessíveis. Outro destaque são produtos masculinos, que mostram muito potencial. As vendas crescem 10% ao ano, o que acaba, inclusive, aumentando a presença dos homens entre empreendedores do mercado de beleza. Antes, o forte eram os produtos ligados à barba, agora percebemos grande procura por desodorantes diferenciados, sabonetes, cremes e hidratantes.

A pesquisa Beauty Fair/Nielsen mostrou que, ao contrário dos últimos anos em que a classe C era o destaque, os consumidores com maior poder aquisitivo aumentaram suas compras em perfumarias. Como interpreta este dado? Nos últimos anos, a classe C era a bola da vez por conta de sua inclusão no consumo. Agora isso já está consolidado e o crescimento não ocorre na mesma velocidade. Este ano, a pesquisa da Nielsen feita para a Beauty Fair mostrou que consumidoras das classes A e B foram as responsáveis pelo aumento de número de lares comprando em perfumarias – canal que conquistou mais 3,5 milhões de lares entre maio de 2014 e maio de 2015. A pesquisa indicou ainda que, apesar da economia incerta, o shopper mantém a frequência de ida às perfumarias. O gasto total no canal cresceu 12%, mas esse resultado está ligado ao aumento dos impostos e dos custos. Em termos de volume, ou seja, de unidades vendidas, está bem parecido com o ano passado. No ponto de venda, quais os desafios para atender o consumidor mais preocupado com o bolso? O ponto de venda é, sem dúvida, uma questão central para qualquer estratégia do setor de beleza. Os varejistas precisam se preocupar com o sortimento, que deve, mais do que nunca, estar adequado ao público. O layout e o design da loja ou seção também devem receber atenção não só para demonstrar corretamente os produtos mas também para criar a famosa “experiência de compra”. Ouvimos falar muito sobre esse conceito e o discurso parece fácil, mas na prática não é bem assim... É preciso priorizar um ambiente agradável, porque a compra de produtos de beleza está muito conectada com o prazer. Além disso, a consumidora de hoje, superexigente e informada, busca soluções e não apenas um cheirinho gostoso e uma embalagem bonita. 7 898357 410015

“Os próximos anos serão desafiadores e exigirão, da indústria e do varejo, excelência e inclusão da tecnologia para fidelizar o consumidor” César Tsukuda, da Beauty Fair


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CAPA

[E-COMMERCE

crescimento.com

Por Denise Turco

Imagens/Fotos: Thinkstock/Divulgação

Em 20 anos de comércio virtual no Brasil, ocorreram muitas conquistas, tanto para varejistas quanto para consumidores. Especialistas comentam as tendências e os desafios para o segmento 18 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Em 2015, o e-commerce completa duas décadas no Brasil. Essa história começou de forma discreta, como um canal pequeno, na tentativa de atingir os vários recantos de um país imenso. Mas as facilidades e ofertas do comércio eletrônico fizeram com que ganhasse relevância rapidamente, constituindo-se hoje em um importante segmento do varejo nacional. Nessa trajetória, surgiram lojas totalmente virtuais e também grande parte das tradicionais lojas físicas criaram suas operações on-line. Para incrementar esse mercado, foram criados buscadores e comparadores de produtos e preços a fim de auxiliar o consumidor, que, no início, comprava, basicamente, livros. Aliás, nas primeiras experiências com o e-commerce, era comum ficar de olho no preço da internet para barganhar na loja física. Mas, com o tempo, o consumidor passou a confiar no e-commerce como uma solução viável para suas necessidades, inclusive por conta dos preços mais baixos encontrados nesse canal. E, assim, passou a adquirir produtos cuja decisão de compra é mais complexa, como roupas, perfumes, móveis e eletrônicos. Desse modo, a primeira barreira do varejo on-line no País foi superada: criar proximidade e credibilidade junto ao brasileiro, que tende a valorizar o atendimento presencial e acolhedor. É importante lembrar que, nas últimas décadas, o consumidor passou a conhecer melhor seus direitos e sabe, por exemplo, reverberar nas mídias sociais as empresas que não prestam bom serviço. A diretora-executiva da E-commerce Brasil, Vivianne Vilela, lembra de outros fatores que contribuíram para a evolução do comércio eletrônico no País: a estabilidade eco-

nômica nas últimas décadas; a ampliação do acesso ao crédito e a melhor distribuição de renda entre as classes C, D e E. “Houve a ampliação e inclusão digital de mais brasileiros no uso da internet banda larga. Sem falar na melhoria de tecnologia para dar mais segurança aos consumidores para comprar on-line”, completa Vivianne. Do lado das empresas, o comércio virtual representou uma quebra de paradigmas no varejo tradicional. Se até então era preciso se preocupar com a concorrência local, agora também é importante ficar atento com o que acontece nas lojas virtuais, inclusive de outros Estados. “Ainda estamos tentando lidar com essa nova realidade”, pontua o CEO da Precifica, Ricardo Ramos. As lojas on-line também impulsionaram investimentos importantes em tecnologia, a fim de que o varejo conseguisse fazer uma gestão mais eficiente de mix de produtos. Também foi preciso mudar a comunicação com o consumidor no ambiente virtual, que se dá de forma diferente dos meios tradicionais. Outro ponto foi educar os clientes para comprarem com mais segurança, evitando problemas com fraudes em senhas ou cartões bancários. Com base nesses vários fatores, consumidor e mercado on-line evoluíram praticamente juntos. Na visão do sócio-diretor da consultoria GS&ECOMM, Ricardo Michelazzo, o e-commerce provocou outra mudança relevante: as empresas saíram de uma administração passiva para uma gestão em tempo real. “Aliás, esse é o principal legado do e-commerce em todo o mundo. No Brasil evoluímos muito. Temos

Fonte: E-bit

PerFil doS comPrAdoreS on-line

R$4.658

é a renda familiar média

43anos

é a idade média

50,01% Mulheres

49,99% Homens


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uma capacidade de se adaptar às novas tecnologias de maneira surpreendente. Somos capazes de produzir softwares superiores aos de grandes empresas internacionais, criar novos modelos de negócios e diferentes formas de atendimento ao consumidor”, comenta.

André Ricardo Dias, da E-bit “O e-commerce deve crescer acima de 10% nos próximos anos, podendo inclusive atingir taxas maiores, dependendo do cenário econômico do País” Tanto é que Michelazzo ressalta que o e-commerce brasileiro não deixa a desejar em relação aos Estados Unidos e Europa, mercados mais maduros nesse sentido.

CARRINHO CHEIO Desde 2001, o segmento cresceu mais de 500%, segundo dados da E-bit, empresa que a faz as mensurações do e-commerce no Brasil. Mas apesar dessa evolução expressiva, hoje o canal responde por apenas 3% do varejo brasileiro como um todo. “Nos Estados Unidos representa 10%”, compara o diretor-executivo da E-bit, André Ricardo Dias. Os índices do comércio virtual no País registram taxas de crescimento de, em média, 20% ao ano, em pouco mais de uma década. Em alguns momentos, a expansão chegou a 40%, em razão do aumento de lojas e da melhora na forma como o consumidor passou a enxergar a compra pela internet (veja números da evolução na página ao lado). Segundo o relatório “WebShoppers”, levantamento da E-bit que traça um raio-X do e-commerce no Brasil, o setor faturou R$ 18,6 bilhões no primeiro semestre de 2015, um crescimento nominal de 16% na comparação com o mesmo período de 2014. A expectativa é fechar este ano com 15% de expansão, atingindo um faturamento de R$ 41,2 bilhões. O crescimento desacelerou por conta do atual cenário de crise política e econômica, porém continua em alta. “Para os próximos anos, projetamos alta acima de 10% anualmente, podendo inclusive atingir taxas de crescimento maiores, dependendo do cenário econômico do País”, afirma Dias.

COMPRAR

Andrea Aun, da Integration “Desafio das pequenas empresas é manter frequência de pedidos e bom nível de serviço ao cliente” A aposta no crescimento está apoiada em duas premissas: além das compras serem realizadas com facilidade e comodidade no varejo virtual, o consumidor encontra as melhores ofertas – pois os preços tendem a ser 15% mais baixos comparados aos das lojas físicas. Em tempos de crise, em que é preciso valorizar cada centavo, o e-commerce pode ganhar uma importante vantagem competitiva. Nessas duas décadas, o mix de produtos oferecidos no varejo on-line ganhou uma proporção muito grande. No início, a venda era focada em livros, CDs e DVDs, porque o consumidor tinha a tendência de adquirir produtos de valor baixo para evitar correr o risco de não recebê-los. “Trabalhar com


FAturAmento do e-commerce no BrASil

15% 24% 28% 20%

26% 40% 31% 43% 76%

55%

R$549 milhões

01 20

R$850 milhões

02 20

41%

42%

R$1,2 bilhões

R$1,7 bilhões

03 20

04 20

47%

R$4,4 bilhões

R$6,2 bilhões

R$8,2 bilhões

29%

R$22,8 bilhões

R$28,8 bilhões

R$35,8 bilhões

R$41,2 bilhões*

R$18,7 bilhões

R$14,8 bilhões

R$10,6 bilhões

R$2,5 bilhões

05 20

06 20

07 20

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09 20

10 20

Fonte: E-bit *Valor projetado para 2015.

itens de menor valor foi uma estratégia do e-commerce para começar no mercado brasileiro. Depois, a confiabilidade do consumidor evoluiu e, hoje, os clientes que realizam a primeira compra pela internet já começam com geladeira, por exemplo”, destaca Dias. Os tempos realmente mudaram. Atualmente, a categoria de moda e acessórios é líder em volume de pedidos on-line. No primeiro semestre de 2015, respondeu por 15% do volume. Considerando as vendas em valor, as categorias de eletrodomésticos e de telefonia são as que mais crescem: 41% e 53%, respectivamente, na comparação com o primeiro semestre de 2014. A Privalia, empresa espanhola presente no mercado nacional desde 2009, é uma das líderes na venda de roupas on-line no País. As categorias

11 20

12 20

13 20 %

mais procuradas no site são moda feminina e calçados. “A Privalia se consolidou graças ao nosso modelo de negócios. Oferecemos grandes marcas com até 70% de desconto”, diz a gerente de marketing da empresa, Débora Capobianco. Neste modelo, as marcas conseguem liberar seus estoques parados e, ao mesmo tempo, oferecer preços atrativos ao consumidor. Assim, a loja virtual funciona como porta de entrada de muitas marcas no comércio on-line, atuando como um canal de vendas adicional. “O mercado de moda digital era pouco explorado no Brasil, a concorrência era mínima, portanto representava uma grande oportunidade de internacionalização para empresa, que também está presente na Itália e no México”, comenta.

14 20

15 20

Variação de crescimento

O FUTURO É MOBILE Para crescer ainda mais no Brasil, a grande aposta da Privalia é o mobile commerce (m-commerce), o varejo on-line por meio de dispositivos móveis. “Este é o nosso maior canal de vendas, pois já representa mais de 60% do tráfego e acreditamos que ainda tem potencial para crescer. Temos de estar onde o consumidor quiser”, revela Débora. De fato, o consumidor está acessando cada vez mais as lojas virtuais por meio de smartphones e tablets. De acordo com projeções da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), mais de 20% das compras on-line são feitas através de dispositivos móveis. Esse número deve chegar em 50% nos próximos três anos. “O volume de acessos via dispositivos móveis representa 35% dos [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 25


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Ricardo Ramos, da Precifica “Um erro comum é achar que e-commerce não é tão complexo quanto loja física” acessos dos sites do comércio eletrônico, porém apenas 10% das vendas são efetivadas por meio desses equipamentos”, aponta Dias, da E-bit. Isso pode ter uma explicação na tecnologia: os sites não funcionam bem nos dispositivos móveis ou, então, por questões de segurança de acesso. PRESENTE OU FUTURO? Melhorar as condições de expansão do m-commerce é apenas um dos desafios do comércio eletrônico para as próximas décadas e está ligado a outra tendência: o omnichannel. O conceito traz na essência a capacidade de as marcas propiciarem uma única

PreÇo BAiXo

experiência junto ao consumidor, não importa o canal (telefone, internet, loja física, etc.). Assim, a ideia é tornar o varejo mais dinâmico e integrar as várias plataformas digitais e físicas. Na opinião de Michelazzo, a aplicação desse conceito é simples. Tanto é que a consultoria GS&ECOMM, recentemente, desenvolveu um projeto chamado Omniera, na qual simulou uma loja física gerenciada por uma plataforma de e-commerce. “Foi preciso fazer apenas uma troca de interface, como, por exemplo, colocar o banner de um site exibido em uma TV no ponto de venda. Em resumo, levamos o e-commerce para a loja física, bastou trocar um software”, conta. Para o presidente da ABComm, Maurício Salvador, é possível integrar os canais com poucos investimentos. “Há casos nos Estados Unidos onde empresas criaram modelos de omnichannel investindo menos de mil dólares por loja. A partir do momento que os varejistas visualizarem mais claramente os benefícios de integrar canais e oferecer uma melhor experiência de compras para seus consumidores, essa barreira, que é mental, começará a cair.” Mas nem todos os especialistas concordam com essa facilidade de integração dos canais. “A questão é que o varejo tem estruturas separadas de loja física e on-line, que não se conversam. Por isso, há muitos desafios no processo de integração de sistemas,

Maurício Salvador, da ABComm “A cultura brasileira de se relacionar nas redes sociais ajuda a compartilhar as boas e as más experiências com as lojas virtuais”

Débora Capobianco, da Privalia “Mais de 60% das nossas vendas acontecem via m-commerce. Temos que estar onde o consumidor quiser”

O Índice FIPE/Buscapé, que analisa o comportamento dos preços das lojas on-line no País desde 2011, mostra que, dos 53 meses em que o estudo foi publicado, em 42 deles (ou 79% do período) houve queda de preços, refletindo o dinamismo e a competitividade do varejo on-line.


A linguagem do comércio virtual

Apesar de todo o crescimento do e-commerce, ainda é preciso evoluir quando o assunto é oferecer uma experiência de compra satisfatória ao consumidor. Hoje, há muitas reclamações sobre entregas, devoluções, produtos com defeito, entre outras, que afetam diretamente a reputação de uma marca, geram aumento do custo logístico do varejo e não fidelizam o cliente. De acordo com a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde, uma das soluções para melhorar esse cenário é a adoção de um padrão único para cadastro de produtos vendidos via web. “Hoje cada empresa está construindo o seu próprio cadastro. Muitas vezes o varejista atribui um código de identificação ao produto diferente do que foi usado pelo fabricante”, observa. “Falta padronização no nosso mercado”, concorda o CEO da Precifica, Ricardo Ramos. “Se todas as empresas utilizassem o código de barras para cadastro de produtos, vários processos seriam mais simples. A maioria dos sites não publica o código de barras das mercadorias; outros nem armazenam essa informação.” No caso da Precifica, empresa que faz análise, monitoramento e formação de preços no e-commerce, por exemplo, diferentes tipos de referências cadastrais dificultam a comparação de preços de produtos. Dessa forma, é preciso desenvolver algoritmos para identificar os artigos por meio de imagem e de texto, o que não é produtivo e nem sempre garante dados precisos. Para obter um processo consistente nas compras on-line, Virginia sugere que as empresas adotem o número do código de barras, que corresponde ao número global do item comercial, o GTIN, que é atribuído pela indústria, mas passa para todos os parceiros comerciais. “Assim, basta levar esse código de identificação para as páginas da internet”, explica. Com essa ação, todos os parceiros da cadeia podem trocar informações precisas e automatizadas, inclusive com o próprio consumidor. É importante as empresas se atentarem a isso, porque o Google já coloca o padrão GTIN como requisito para cadastro de produtos oferecidos no Google Shopping. Outra questão que envolve a padronização de dados no e-commerce, e também apontado como uma tendência, está relacionada à web semântica. Esse conceito se refere à utilização de códigos de programação diferentes do HTML, usados hoje em dia, e à maneira como as informações sobre produtos são cadastradas. Ao acessar um site de busca ou uma loja virtual, o consumidor digita uma palavra-chave para encontrar o que precisa. Isso funciona muito bem, mas o site não capta, com precisão, a intenção do usuário. Para tornar essas buscas mais específicas, a web semântica interliga significados de palavras com o objetivo de atribuir um sentido aos conteúdos publicados na internet. E não estamos falando de futuro. Hoje, companhias que atuam em diversas áreas, como Pfizer, Volkswagen, Twitter, Facebook, Google, LinkedIn e Audi, já adotam o conceito. A GS1, por sua vez, possui um padrão para organizar informações semânticas sobre os produtos na internet, o GTIN+ on the web. Para as empresas, essa solução garante o fornecimento de informação correta para o consumidor e possibilita mapear como ele chegou até o seu site. A partir disso, é possível traçar estratégias mais inteligentes e alinhadas às necessidades do cliente. Para os consumidores, o maior benefício é poder acessar informações precisas sobre produtos. Atualmente, a entidade desenvolve projetos-pilotos nas suas organizações-membro da França e da Alemanha e, em 2016, está previsto um piloto no Brasil.

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plataformas de tecnologia e armazéns. Omnichannel é questão para o futuro”, pontua a sócia da consultoria Integration, Andrea Aun. Segundo ela, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar em busca de maior eficiência e buscar lucros no segmento. DESAFIOS A baixa rentabilidade é uma situação conhecida no comércio virtual no Brasil. Hoje, os grandes e-commerces, que são empresas de capital aberto e publicam seus balanços, operam com uma margem operacional em torno de 1%. “O mercado.com tem grave problema de rentabilidade, porque existe uma disputa pela liderança. Para algumas empresas, ser líder

Vivianne Vilela, da E-commerce Brasil “O grande impeditivo do desenvolvimento do omnichannel, no Brasil, é fiscal e tributário.”

é mais importante do que ser rentável”, aponta Michelazzo. Há alguns anos, o varejo físico crescia e subsidiava as operações virtuais. Mas, hoje, a conta não fecha. A oferta de preços baixos e os elevados custos logísticos que o varejo absorveu para ganhar o consumidor impactam na rentabilidade. O frete grátis, por exemplo, é apontado como um dos “vilões” que afetam a lucratividade de empresas de todos os portes. “Mas quem será o corajoso de tirar o frete grátis?”, questiona Michelazzo. “As grandes empresas se propuseram a ser as maiores e melhores a qualquer preço. Compram tráfego de acessos sem olhar resultados e financiam sua operação com a receita, sem fazer caixa. Essa era acabou. Os acionistas querem retirar o que foi investido e ver as empresas, pelo menos, pararem de operar no vermelho. O momento é de busca de performance operacional e lucro”, aposta Salvador, da ABComm. “A guerra de preços inviabilizou a rentabilidade nesse canal. Tanto que hoje as empresas precisam repensar a entrega de produto, a fidelização, e o relacionamento para sair da questão do preço”, completa Andrea, da Integration. Além dessas questões de estratégia comercial, o e-commerce enfrenta velhos problemas do ambiente de negócios do País, que também afetam os lucros: infraestrutura logística e de transporte precária e tributação complexa. Segundo Vivianne, da E-commerce Brasil, outra questão

Ricardo Michelazzo, da GS&ECOMM “O e-commerce provocou uma mudança muito relevante: as empresas saíram de uma administração passiva para uma gestão em tempo real” estrutural é baratear e ampliar o acesso à internet banda larga. LOCAL PARA FAZER NEGÓCIOS O comércio eletrônico permitiu que pequenos empreendedores ganhassem uma vitrine mundial, afinal, entrar no varejo virtual é fácil. O problema é, assim como as grandes empresas, manter um volume de pedidos e de faturamento que justifique uma operação rentável e bom nível de serviço ao cliente. Ricardo Ramos, da Precifica, lembra que 70% das pequenas empresas de e-commerce vão à falência nos dois primeiros anos, de acordo com o SEBRAE. “Muita gente tem conhecimento de marketing ou de tecnologia, mas poucos desses pequenos vêm do varejo. Um erro comum é achar que e-commerce não é tão complexo quanto loja física, mas é preciso saber o básico de varejo: comprar, vender e gerenciar estoque”, afirma.

on-line e oFF-line No primeiro semestre deste ano, o comércio eletrônico teve uma desaceleração, mas, mesmo assim, registrou crescimento de 16% na comparação com o mesmo período de 2014. Enquanto isso, o varejo off-line cresceu 4,2%, segundo o IBGE. 28 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Henrique Iwamoto, do Walmart.com “A operação do marketplace é um dos vetores de crescimento dentro de nossa estratégia” Outra forte tendência de negócios on-line que beneficia pequenas e grandes empresas é o marketplace. Trata-se de uma loja de e-commerce bem estruturada, na qual várias empresas menores e independentes podem vender seus produtos e serviços, sem precisar se preocupar com questões como fraude, parcelamento de pagamento, etc. Basta entregar o produto. Na prática, isso significa que empresas menores podem vender suas mercadorias em grandes lojas do e-commerce. “Fazendo uma ana-

logia com o varejo físico, cada shopping é um marketplace, e uma marca de roupas, por exemplo, pode vender em diferentes marketplaces”, explica Ricardo Michelazzo. Geralmente, eles são focados em nichos e os modelos comerciais podem variar: comissionamento sobre vendas ou mensalidade, por exemplo. Segundo Salvador, da ABComm, na tentativa de se diferenciar pela qualidade – e não somente pelo preço –, muitos e-commerces de grande porte estão buscando melhorar seus resultados oferecendo espaços em marketplaces, para que pequenos varejistas usem seu tráfego para venderem. Dessa forma reduzem custos de armazenagem e frete, além de ganharem um percentual da venda. “O marketplace é o futuro. Não um marketplace, mas vários. Você é o dono do produto e vai colocá-lo onde o cliente está”, destaca Michelazzo, da GS&ECOMM. Segundo ele, a Amazon tem mais de 50% das vendas com estoque de terceiros. Assim, o especialista aposta na evolução rápida desse modelo, que está apenas começando no País. Do lado dos marketplaces, essa estratégia é muito vantajosa. No ano passado, o Walmart.com fechou uma importante parceria como a Livraria Saraiva para comercializar seus livros no site da gigante americana no Brasil. “Devemos terminar 2015 com cerca de mil parceiros. Praticamente toda

a semana integramos novos parceiros comerciais em nossa plataforma, como foi o caso mais recente de Ri Happy. A operação do marketplace é um dos vetores de crescimento dentro de nossa estratégia de oferecer um portfólio cada vez mais variado aos consumidores”, afirma o diretor de marketing do Walmart.com, Henrique Iwamoto. O Brasil é um dos quatro mercados-chave de e-commerce para o Walmart, ao lado de Estados Unidos, Inglaterra e China. Além disso, é um dos três hubs tecnológicos da empresa, onde são desenvolvidos os programas, aplicativos, interfaces, etc., usados na operação on-line da companhia em âmbito global. No entanto, é preciso que os pequenos saibam lidar com esse novo modelo de negócios para que sua estratégia, enquanto marca, não fique comprometida. “É importante aprender a não depender apenas do marketplace. Portanto, não aposte todas as fichas nesse caminho; em paralelo, mantenha uma estratégia própria para a sua marca”, sugere Ricardo Ramos, da Precifica. Assim, em 20 anos de negócios prósperos, há muitos desafios e oportunidades no mercado.com, onde tudo acontece rapidamente. Mas os resultados são garantidos, desde que se tenha preparo para atender às demandas dos consumidores, que pedem por facilidade, interação e segurança nas transações eletrônicas. 7 898357 410015

Virginia Vaamonde, da GS1 Brasil “Muitas vezes, o varejista atribui um código de identificação ao produto diferente do que foi usado pelo fabricante”

Foto: Diego Rodarte

Segundo Viviane, o e-commerce é um bom investimento para os pequenos empreendedores, desde que se conheça profundamente o mercado e saiba usar os canais e as ferramentas que estão à disposição. “Alguns especialistas recomendam encontrar um nicho, outros dizem que é hora de exportar. Mas acredito que o segredo é: quanto mais originalidade e dedicação houver no seu negócio, mais chances de dar certo”. Para ela, o varejo on-line não é para amadores e exige dedicação ao planejamento da operação para evitar contratempos e perdas financeiras no médio e longo prazo.

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MERCADO

[TENDÊNCIA

Foto/Imagens: Thinkstock

ONDA

Resgatar objetos do passado faz parte da estratégia de diversas empresas, que renovam o portfólio com produtos prestigiados há algumas décadas, mas com um toque contemporâneo Por Kathlen Ramos


De volta para o futuro Relógios da Casio trazem uma releitura dos modelos do passado, com a tradicional pulseira de metal e também em jeans

VINTAGE, UM OUTRO APELO Enquanto no apelo retrô os produtos tende a ser, essencialmente, das décadas 1970 e 1980, trazendo uma releitura daquela época, os produtos chamados vintage têm características um pouco mais antigas, resgatando elementos das décadas de 1920 a 1960. Na decoração, por exemplo, são peças de alto valor, encontradas em antiquários ou lojas especializadas. E para esse mercado também há uma demanda crescente. “Hoje o consumidor parece querer que o tempo pare, e isso é um valor que o produto vintage consegue proporcionar. O culto ao vintage também pode ser interpretado como a busca de um status diferenciado”, analisa Simara Carbone, diretora da Echo Vintage, empresa que está há menos de dois anos no mercado e se dedica a venda desses produtos via e-commerce. A À La Garçonne, antiquário localizado em São Paulo (SP), e que também tem atuação relativamente recente – foi fundada em 2009 –, comprova a força desse mercado. “Inicialmente, vendíamos somente roupas vintage importadas de vários países, mas o público se interessava muito pelo mobiliário da loja. A partir daí percebemos o potencial para a decoração”, relembra o proprietário, Fábio Souza. Segundo ele, o comércio de antiguidades sempre existiu, principalmente em países desenvolvidos, onde a população valoriza a preservação da história. Mas, com o passar dos anos, essa tendência vem ganhando espaço no Brasil, despertando o olhar de alguns empresários para a fabricação de produtos novos com aparência de antigos. Ele considera, inclusive, que o vintage é o futuro. “É necessário olhar para os produtos que já estão em circulação e são descartados, muitas vezes em ótimas condições, e dar a eles uma nova oportunidade de uso. O mundo já não suporta mais a poluição que os processos de fabricação de produtos novos acarretam”, acredita. Essa realidade tem impulsionado a procura por esses artigos nos últimos anos. “As pessoas estão cada vez mais interessadas nesse resgate e atentas a preservação da história e do planeta”, reflete Souza.

Fotos: Divulgação

O apelo à nostalgia tem impulsionado um bom nicho de mercado e atraído indústrias e varejistas de todos os portes. Esse movimento pode ser explicado por vários motivos: a necessidade de perpetuar a juventude; a busca por produtos que foram usados com sucesso há algumas décadas; o alcance de um estilo diferenciado; ou até a necessidade de resgatar as origens e reviver boas sensações. “A busca pelo atual e, ao mesmo tempo, o resgate pelas ‘coisas que mamãe usava’ – numa onda forte de criação de produtos, desde a linha branca até mesmo roupas e acessórios –, virou moda”, avalia a gerente de marketing de relógios da Casio Brasil, Patrícia Bacan. O sucesso e o apreço por esses produtos podem ser plenamente justificados, a começar pela relação que os consumidores tinham por suas aquisições há algumas décadas. Com menos fontes de informação e também com menor oferta de mercadorias disponíveis, de fato, tinha-se um apego maior ao que se comprava. Assim, de modo geral, os objetos não eram descartados rapidamente. Já no mundo contemporâneo, a grande quantidade de produtos disponíveis no mercado gera uma superficialidade maior de consumo, fazendo com que os produtos sejam trocados facilmente. O professor de ciências sociais e do consumo da ESPM, João Matta, lembra de uma canção dos Titãs que resume bem o cenário atual: “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana, que faz alusão de que aquilo que é melhor e inesquecível tem pouca validade nos dias de hoje. Com tantos lançamentos, não há tempo de os produtos se consolidarem, de criar clássicos”, comenta. Ele reforça, inclusive, que a relação dos consumidores com seus bens materiais era bastante diferente. “Há algumas décadas, as pessoas conquistavam uma casa, uma viagem, um carro. Eram coisas únicas. Além disso, os produtos eram feitos para durar por muitos anos”, diz. E são justamente esses clássicos de época que fizeram parte da vida e dos lares de muitos brasileiros que têm sido resgatados, atraindo sua atenção e sentimento.

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MERCADO

Para crianças de hoje Vários clássicos da Estrela foram repaginados, como o Cara a Cara Personalizado, no qual os jogadores montam o próprio tabuleiro com fotos do computador ou das redes sociais Uma das vantagens desses relançamentos, segundo o diretor de marketing da Brinquedos Estrela, Aires Leal Fernandes, é que, certamente, haverá um membro da família que brincou com o produto em sua infância e será uma espécie de embaixador do brinquedo junto à nova criança. “Os produtos repaginados representam entre 10% e 15% do faturamento da Estrela, percentual que tem crescido ao longo dos anos. Cada vez que relançamos

um brinquedo, ele puxa outro relançamento”, comemora o executivo, reforçando, inclusive, que esse público está disposto a gastar mais para ter a sua ‘lembrança’ de volta. “O valor de uma memória é intangível. O sonho não tem preço. Assim, o valor monetário de um brinquedo não é prioritário em relação à vivência que ele proporcionará”, conclui. No caso dos produtos vintage, é possível encontrar, além das versões

Fotos: Divulgação

VELHO COM CARA DE NOVO Diante de tantos motivos que favorecem o mercado de produtos retrô e vintage, algumas empresas têm feito dos relançamentos uma grande estratégia. “O mercado dos retrôs traz como novidade algo que já tem a fórmula pronta e sucesso comprovado. Então, por que não relançar o que já deu certo, fazendo adaptações à nova geração?”, indaga João Matta, da ESPM. A Brinquedos Estrela é um exemplo. Vários produtos da marca são repaginados, agregando luzes, sons e outros elementos de maneira que possam encantar as crianças de hoje. A pedido dos consumidores, a empresa voltou com o Autorama com pista de fenda. A versão clássica remonta à época em que Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi ainda corriam nas pistas. O Genius foi relançado em 2012, mas a primeira versão do produto é de 1980.

Fábio Souza, do antiquário À La Garçonne Vintage é o futuro, pois as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a preservação do planeta 32 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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Tarciso Konstantyner e Simara Carbone, da Echo Vintage Loja virtual oferece bicicletas que marcaram as décadas de 1930 a 1960, para trazer o antigo de uma nova forma às ruas originais, um inúmero leque de opções estéticas no mercado, porque eles podem ser refeitos exatamente como eram no passado. E o preço, mais uma vez, tem pouca importância para aqueles que buscam esse apelo diferenciado. “Produtos novos feitos em escala, geralmente, são mais baratos que antiguidades, e nossos clientes estão dispostos a fazer um investimento maior quando se trata de algo único, exclusivo ou quando a peça imprime forte personalidade”, reforça Souza, da À La Garçonne.

FUGINDO DO ANTIQUADO Relançar um produto antigo para a nova geração pode ser uma surpresa positiva ou trazer prejuízos para quem os oferece. O segredo para o sucesso está em observar o comportamento do consumidor e entender o caminho que o mercado está seguindo, para não correr o risco de se tornar inadequado ou antiquado diante no universo contemporâneo. Na Estrela, essa é uma preocupação constante. “Fazemos focus group com crianças regularmente para entender quais são os elementos que podem encantá-las. Assim, repaginamos os jogos agregando novas cores, nova comunicação visual e até elementos tecnológicos, como sons, luzes e interatividade”,

afirma Fernandes. O tradicional jogo Detetive, por exemplo, agora vem com aplicativo gratuito que dá dicas aos jogadores sobre o mistério a ser solucionado. Para brincar com o Cara a Cara Personalizado, os personagens podem ser amigos, familiares, colegas da escola, professores, etc. Com as fotos do computador ou das redes sociais, os jogadores montam o próprio tabuleiro. Na Echo Vintage, a busca para atualizar os produtos comercializados na loja para as atuais necessidades do consumidor faz parte do DNA da empresa. “A nossa tônica com relação ao produto e ao seu design é ajustá-lo aos novos tempos. Os produtos são externamente inspirados nos itens de época, mas possuem adaptações às novas demanda e exigências. Nossos produtos são todos repaginados”, garante o diretor da Echo Vintage, Tarciso Konstantyner. 7 898357 410015

CONHEÇA A DIFERENÇA

RETRÔ: os produtos tendem a ser das décadas de 1970 e 1980, trazendo uma releitura daquela época. VINTAGE: têm características mais antigas, resgatando elementos das décadas de 1920 a 1960.


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PERDAS & GANHOS

[ESTRATÉGIA

Fotos/Imagem: Divulgação/Thinkstock

A arte de negociar

Por Adriana Bruno

A rede de pizzarias delivery Dídio Pizza conseguiu reduzir em até 8% seus custos, negociando com seus fornecedores Apresentar crescimento da ordem de 9% (até setembro em relação ao resultado obtido em 2014) em um momento no qual o País enfrenta uma crise política e econômica é uma ótima notícia a ser divulgada por qualquer empresa. A dona desses resultados é a rede de franquias de pizzarias exclusivamente delivery, Dídio Pizza. Com 24 unidades em São Paulo (SP), entrega mais de 55 mil pizzas todos os meses para consumidores das classes A e B, público-alvo da rede. Para alcançar números tão positivos foi preciso muito mais do que agilidade na entrega, bom atendimento e ingredientes de qualidade. O diretor da Dídio Pizza, Elídio

Biazini, conta que, tradicionalmente, todo mês de janeiro chama os fornecedores para negociar as condições comerciais que serão praticadas ao longo do ano. Esse modelo evita surpresas e mantém o mesmo padrão de negociação para todos os franqueados. Dessa forma, quando, por exemplo, o fornecedor de tomates estipula preços e condições, a empresa garante que, mesmo se o produto tiver alta no decorrer do período, ela continuará pagando o valor combinado previamente. “Entramos em todas as negociações para definir o melhor preço, prazo e até o momento que será feito o reajuste de algum item específico. Muitas vezes, até escalonamos os re-


Elídio Biazini, da Dídio Pizza É preciso planejamento para garantir a rentabilidade do negócio

ajustes antes de repassar para as lojas”, explica Biazini. Neste ano, como resultado dessa estratégia, a empresa obteve uma redução de até 8% nos custos com insumos. Em razão disso, não aumentou o preço das pizzas aos clientes, ao contrário do que o mercado está praticando. Segundo Biazini, a crise também conta a favor de quem trabalha com o sistema de entregas, porque o consumidor passa a colocar na balança os vários custos para se deslocar até um restaurante, por exemplo. “Ele passa a considerar o custo do combustível, do estacionamento, da refeição e também do adicional de 10% referente ao serviço. Por isso, acaba pedindo comida em casa”, comenta o executivo. Assim, a Dídio havia projetado crescimento de 30% no início de 2015, mas refez as contas e, agora, espera fechar o ano com expansão de 15%. É um bom resultado diante da queda de 17% nas vendas do segmento, segundo dados recentes da Associação das Pizzarias de São Paulo. As perspectivas da Dídio são tão positivas que há mais duas novas lojas em construção, além de alguns candidatos interessados em adquirir uma franquia. EMPRESA RENTÁVEL Atualmente, a empresa trabalha com mais de 15 fornecedores de produtos diversos, desde matérias-primas até operadoras de cartão. “Negociamos com todos, sem exceção. Quem não aceita negociar não é homologado para atender a rede”, diz Biazini. E a característica da empresa não é só pechinchar preços mas também obter condições favoráveis para todos os franqueados.

Ingredientes do sucesso Para alcançar números positivos foi preciso garantir boas negociações com fornecedores

As negociações realizadas neste ano foram fundamentais para manter a rentabilidade de toda a rede. “Mesmo com toda a especulação da crise, conseguimos repassar uma margem melhor ao franqueado, pois mantivemos os preços e cada loja conseguiu comprar alguns itens por um valor inferior ao que se praticava no ano passado”, comenta o executivo. Além de apostar em boas negociações, a Dídio Pizza investe em ações de marketing e atendimento, utilizando as mídias digitais, panfletagem e o espaço das próprias pizzarias, onde os clientes podem retirar os pedidos no balcão, se preferirem. A empresa também estuda abrir novos mercados por meio de plataformas on-line. Ela já trabalha em parceria com aplicativos de pedidos de comida pela internet e também vende por meio de seu website. O investimento nessa área tem atraído novos consumidores, em especial, aqueles que ficam mais afastados das lojas físicas. Portanto, nesse momento peculiar pelo qual passa o País, a dica de Biazini é mapear os fornecedores-chave, torná-los parceiros e saber negociar boas condições para ambos os lados. “Os empresários precisam entender do seu negócio, perceber os pontos frágeis e trabalhar com planejamento antes que o problema comece a afetar a sua operação ou a própria rentabilidade do negócio”, aconselha. 7 898357 410015

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MARKETING

[MARCAS

Além das cores e letras Por Denise Brito

Alterações de logotipo vão além de questões estéticas e devem refletir a identidade e o propósito da companhia


A mudança de logotipo da gigante Google sacudiu o mundo dos aficionados da internet e dos profissionais ligados ao design gráfico. Houve quem aplaudisse como também quem desaprovasse a mudança no visual do principal ícone da companhia. É que, nesse universo das linhas gráficas, cores e formas podem mesmo suscitar reações divergentes, sendo difícil alcançar a unanimidade. E isso vale tanto para megaempresas quanto para as menores. “Não tem diferença se é uma pequena ou uma grande empresa, mas, sim, o momento que ela está passando e o que ela tem a dizer ao mercado”, afirma a chief branding officer da agência Pande, Gisela Schulzinger. Quando uma empresa passa por um processo de mudança, é preciso comunicar a sua nova face por meio da marca, que é a sua identidade. “A marca também está embarcada nas transformações que ocorrem internamente na organização, que podem ser grandes movimentos, como ter sido comprada por outra companhia, ou ter mudado seu posicionamento no

mercado”, afirma Gisela, que também é professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e presidente da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). O porte da organização é um aspecto de destaque quando se pensa em alteração de marca, pondera o sócio fundador da Univers Arquitetura e Design e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Marcelo Aflalo. “As pequenas empresas podem correr riscos e ousar mais do que as grandes, que têm um passivo de identidade muito maior para gerenciar.” Aflalo cita algumas características importantes a serem consideradas na criação ou mudança de uma marca. Hoje, por exemplo, as letras mais usadas seguem alguns traços comuns: modernas, mais quadradas do que verticais e com cantos suaves. Ele lembra que a diversidade é a marca dos novos tempos e se reflete também nas marcas. “Hoje, os arranjos familiares mudaram e muitas mulheres dirigem famílias, logo, as marcas tornaram-se menos masculinas ou tendem a desprezar o caráter de gênero,

V I S UA L CLEAN

favorecendo imagens mais abrangentes. Até mesmo a idade já não é tão segmentadora. Qual o público ideal para um iPhone? Todos, na visão da empresa fabricante”, pontua. PRIMEIROS PASSOS Para saber se o momento é ou não apropriado para investir na renovação da identidade visual, há algumas dicas recomendadas pelos especialistas. Segundo Aflalo, é preciso fazer um autoexame profundo com as perguntas certas que vão nortear a necessidade ou não de grandes intervenções. “A primeira leitura que se faz de uma empresa é fundamental. Por exemplo: o que ela faz? Como? Para quem? As respostas vão ajudar a compor os atributos e o sentido da existência dessa companhia, ou seja, a sua missão.” Definida a própria identidade e o caminho que se deseja percorrer, o passo seguinte é a contratação de um profissional experiente em identidade, ou branding, que possua boa formação e portfólio. “Vale cada centavo de investimento. Isso não é trabalho para a sobrinha jeitosa”, alerta Aflalo.

Para o designer gráfico Ronaldo Botelho, do escritório Folia de Reis, o design busca expor a realidade de uma marca com a máxima sinceridade. Segundo ele, umas das principais dificuldades encontradas no momento de elaborar as propostas de alteração na marca é a resistência dos clientes em aceitar versões minimalistas, ou seja, de linguagem visualmente limpa, sem excessos de informações. “Às vezes, o empresário quer colocar informação demais no logo, como se fosse uma questão de tentar falar mais alto. No entanto, hoje se trabalha muito com cores mais simples, sem muita textura. É uma forma minimalista de se destacar”, ressalta.


MARKETING

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DICAS PARA O BRIEFING É preciso tomar cuidados extras na hora de encomendar um novo logo e de transmitir informações à agência de design. Por isso, a orientação é dar a máxima atenção ao briefing, ou seja, às informações organizadas e atualizadas que precisam ser transmitidas ao profissional de design sobre os objetivos, produtos, público e situação de mercado vivida pela empresa. Isso porque tipo de letra, cores e demais elementos da marca fazem parte da identidade propriamente dita da companhia. Segundo Aflalo, se a mudança for mais sutil, uma modernização geral do desenho resolve. Se a ideia é algo radical, é recomendável uma nova marca. “Mas se a marca possui

um elemento visual marcante, convém trabalhar a partir dele”, explica. “O briefing deve ser bastante completo, indicando o que a empresa tem a dizer, a proporção de mudança desejada e como ela quer ser percebida nessa mudança. Deve ser uma informação bastante completa sobre o pretendido, pois, afinal, nunca se trata de uma questão puramente estética. É uma mudança que reflete no interior da empresa”, afirma Gisela. O cuidado no momento de preparar o briefing inclui observar

que as simbologias envolvidas nas marcas possuem questões culturais com poder de interferência na mensagem percebida. “Não é só uma questão de desenho. Se a empresa já tem uma marca, é preciso cuidar para não perder elementos essenciais e conseguir continuar sendo reconhecida”, diz Gisela, que alerta para as mudanças radicais. “Elas podem por a perder o que já foi construído.”

LOGOTIPO DO GOOGLE DIVIDE OPINIÕES Em seu blog oficial, o Google informou, há alguns meses, que a criação de um novo logo refletiria a evolução da empresa ao longo de 17 anos, com o desenvolvimento de múltiplas plataformas, aplicativos e dispositivos presentes em vários momentos do cotidiano das pessoas. Assim, a nova identidade visual da empresa preservou as cores tradicionais, mas apresentou uma nova fonte, com uma pequena mudança nas letras: o “g” minúsculo azul foi substituído por um maiúsculo multicolorido. A alteração do logotipo gerou polêmica, apresentando resultados positivos e negativos, dependendo do ponto de vista. Para o arquiteto Marcelo Aflalo, do Univers Design, houve um processo de limpeza visual que trouxe uma perda para a marca. Segundo ele, quando “G” é apresentado isoladamente, com o leque total de cores, o logotipo passa a ideia de diversidade e abrangência em todos os aspectos, mas há falta de um pequeno detalhe que imprima um caráter exclusivo à letra. “Em sua assinatura por extenso, ela perdeu muito e ficou genérica, quase uma caricatura da anterior”, pontua. Segundo Ronaldo Botelho, do Estúdio de Design Folia de Reis, a alteração não causou nenhuma impressão forte, mas ficou boa. “A marca já é tão forte que só precisava se modernizar.” Na opinião de Gisela Schulzinger, da agência Pande, a mudança realizada foi mais que bem-vinda. “Foi ótima, pois retrata a realidade e a jovialidade da empresa. Alguns acham que a marca ficou um pouco infantil, mas eu entendo que quiseram estruturá-la de forma a permitir uma leitura mais rápida. Ficou moderna.”

38 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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OPINIÃO

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ECONOMIA

Perspectivas para 2016 Diretor de economia e finanças e conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC)

Mais um ano difícil se aproxima. Melhora do ambiente de negócios depende de ajustes nos gastos públicos e aumento de receita

Todos os principais indicadores econômicos de 2015 mostram uma evidente situação de recessão: crescimento negativo, diminuição dos postos de trabalho e um volume baixo de investimentos. Agravando esse cenário, nossa crise, além de econômica, também é política, o que torna o ambiente de negócios sem confiança para investir, implantar novas fábricas e gerar empregos. Um país, mesmo que esteja em recessão, mas, em ambiente de confiança, nos faz antever um horizonte melhor para os próximos meses e anos, o que não é atualmente o nosso caso. O governo, já há 13 anos no poder, não tem tido preocupação coerente com o nível do gasto público e, agora, a economia precisa de ajustes, caso contrário, a recessão vai persistir.

A valorização do dólar persistirá em 2016 e ainda deverá aumentar com o ajuste dos juros americanos Diante desse quadro baseado nos fundamentos econômicos, projetamos para 2016 um ano ainda difícil, com possível melhora na situação no início de 2017. No entanto, para isso acontecer, os ajustes nos gastos e aumento de receita precisam ser efetivados A adoção de políticas e diretrizes econômicas equivocadas nos últimos anos nos torna – neste momento de retomada econômica nos Estados Unidos, mas ainda com incertezas

com relação à Europa e Ásia, em particular a China – bastante vulneráveis com relação ao mercado externo. A valorização do dólar persistirá em 2016 e ainda deverá aumentar com o ajuste dos juros americanos. Gargalos importantes, como a reforma tributária, da previdência, investimentos em infraestrutura e uma preocupação importante com a eficácia dos gastos do governo – deficiências que persistem –, continuam travando o nosso crescimento para os próximos anos. Soma-se a este quadro de fracas perspectivas a questão crucial da corrupção. É inacreditável, mas pensávamos, até recentemente, que o Mensalão seria o fim de uma gestão pública que pouco se preocupa com o povo e, no entanto, está aí o Petrolão e outros casos mais que evidenciam o longo caminho que ainda temos que percorrer na administração pública, sem falarmos da anacrônica burocracia do Brasil. Apesar das dificuldades, há setores que continuam se desenvolvendo e crescendo, em particular o agrícola. Atitudes claras do governo, caso sejam realmente adotadas, com regras e respeito aos contratos, sem medo do lucro, podem ajudar a mudar esse cenário. Continuo otimista com o nosso País. Basta aprendermos a escolher melhor os nossos governantes. Sabemos que o momento de crise também é de aprendizado, de adoção de novos conceitos nos negócios e estratégias. Em resumo, acredito que todas essas mudanças que necessitamos dependem, acima de tudo, de uma consciência de que o investimento maciço na educação da nossa gente, a verdadeira revolução para nos tornarmos um País desenvolvido.

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As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora. Foto: Divulgação

‘ Roberto Vertamatti


Saúde unificada As várias dimensões da rastreabilidade de medicamentos no Brasil são cada vez mais discutidas pelas empresas do setor Por Denise Turco A regulamentação que determina a rastreabilidade de medicamentos no País tem motivado debates e estudos detalhados em toda a cadeia da saúde. Afinal, é preciso analisar os impactos econômicos, os processos operacionais, mas, sobretudo, garantir os ganhos à saúde e à segurança do paciente. Acompanhando de perto essa questão, a Associação Brasileira de Automação – GS1 Brasil vem realizando encontros para estimular o debate sobre as mudanças que estão em curso, a exemplo da Conferência de Saúde – Padrões e Rastreabilidade, com foco em medicamentos. O evento foi promovido na sede da entidade, em agosto, e representou mais um momento para apontar os desafios e projetar as oportunidades. A diversidade dos participantes do encontro, que reuniu representantes de hospitais, indústrias, operadores logísticos e do governo, foi fundamental para enriquecer a discussão em torno da medida da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a RDC 54/2013, que estabelece a rastreabilidade de medicamentos a partir de 2016. Será necessário atribuir um número serial único

40 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

para cada embalagem de medicamento. O mecanismo que viabiliza a serialização é o código GS1 DataMatrix, pois com ele é possível acompanhar o trajeto de um medicamento desde o laboratório até o usuário final. “Ao adotar o GS1 DataMatrix como padrão de identificação, a cadeia vai garantir a unicidade do medicamento, permitindo a rastreabilidade por meio de uma série de informações como GTIN, registro na ANVISA, número de série, data de validade e número do lote. Isso propiciará agilidade, eficiência, precisão na conferência dos itens, maior controle, e, principalmente, segurança em toda a cadeia”, explica a assessora de negócios da GS1 Brasil, Patrícia Amaral. De acordo com o coordenador-geral de gestão de projetos do DATASUS, vinculado ao Ministério da Saúde, Moacyr Perche, já se discute no âmbito do governo a adoção do GS1 DataMatrix como o padrão para a rastreabilidade desses produtos. O código será mais uma ferramenta para auxiliar no funcionamento da complexa estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS), que consome 30% dos medicamentos produzidos no País.

Foto/Imagem:Thinkstock

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PANORAMA

[SAÚDE


TROCA DE INFORMAÇÕES Para cumprir a lei, é preciso que todas as empresas e as instituições ajustem o planejamento da produção, as operações logísticas, os softwares e os equipamentos para impressão e leitura do código GS1 DataMatrix. Essas adaptações ainda estão em fase de implementação e, por isso, geram muitas dúvidas. Para avaliar os diferentes cenários que a rastreabilidade pode gerar, a Johnson & Johnson (J&J) planeja realizar um piloto com empresas parceiras. “Trabalhamos para cumprir a regulamentação até o final de 2016. Vamos garantir que as linhas de produção sejam capazes de serializar os produtos e os centros de distribuição estejam aptos a registrar os movimentos desses itens”, disse o gerente de TI da empresa, Jefferson Pereira. A companhia entende que a adequação interna é apenas uma parte desse complexo programa. “A rastreabilidade envolve três níveis: a operação interna de cada empresa, a comunicação entre os setores envolvidos e a forma como os dados serão consolidados pela ANVISA“, completou o líder de projetos de rastreabilidade da J&J, Leandro Oliveira. Por conta disso, eles acreditam na possibilidade de extensão do prazo para a lei entrar em vigor. O gerente-executivo de negócios de saúde humana da AGV Logística, Kleber Fernandes, lembrou de um tópico ainda pouco discutido pelo mercado. “Uma das preocupações é com a logística reversa, que representa outro importante desafio.” Como

operador logístico, a empresa fará o elo entre fabricantes, redes de drogarias, hospitais privados e órgãos públicos. FARMÁCIA HOSPITALAR A segurança do paciente é a principal questão que envolve o tema da rastreabilidade. E, nos hospitais, as dificuldades começam na etiquetagem de cada medicamento a ser ministrado aos pacientes. Cada hospital tem um sistema próprio de identificação, o que os obriga a implantar uma verdadeira linha de produção internamente. A preocupação com as adaptações necessárias é legítima quando se em fala em grandes estruturas hospitalares, a exemplo do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que possui nove farmácias. “Uma das questões é como será, na prática, a comunicação da farmácia hospitalar com indústrias, distribuidores e operadores logísticos, sem perder a qualidade dos processos e a segurança do paciente”, comentou a diretora da farmácia do HC, Vanusa Barbosa Pinto. A integração com os parceiros também é um desafio para o Hospital Sírio-Libanês, instituição privada localizada na capital paulista, em termos de logística, processos, recursos e informação. “Infelizmente, só dominamos o processo dentro do hospital. Precisamos trabalhar muito para diminuir essa janela de conhecimento”, afirmou a gerente de farmácia Débora Carvalho. Atualmente, 100% dos medicamentos são identificados

com etiquetas de código de barras que permitem a rastreabilidade de lote e validade. Segundo o responsável pela área de farmácia do Hospital Israelita Albert Einstein, Nilson Gonçalves Malta, a rastreabilidade nessas instituições têm as suas peculiaridades. “A indústria precisa serializar os produtos e comunicar os dados para a ANVISA. O hospital já vai receber o item serializado, mas precisa garantir a rastreabilidade com a comunicação eletrônica dos eventos gerados”, explicou Malta, que, na ocasião, também representou a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP). COMBATE ÀS FRAUDES A demanda por rastreabilidade também aumenta em razão da falsificação e do contrabando de medicamentos em âmbito mundial. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), os medicamentos são alguns dos produtos com maior índice de contrabando para o Brasil. “Acreditamos que a vigilância de fronteiras e a rastreabilidade de medicamentos são fundamentais para controlar a comercialização desses produtos e conhecer exatamente a origem deles”, afirmou o presidente IDESF, Luciano Barros. A diretora de operações da DHL Supply Chain, Cybelle Esteves, também enfatizou essa questão, citando que o montante de medicamentos falsificados que circulam no mundo é da ordem de US$ 75 bilhões ao ano, segundo dados levantados pela companhia. “A serialização vai gerar maior controle dos produtos que circulam na cadeia e evitará as falsificações, reduzindo, assim, os processos de recall”, afirmou.

Foto: Divulgação

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Desafios em pauta Evento propiciou a discussão sobre a rastreabilidade de medicamentos no País [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 41


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gestão

[PLANEJAMENTO

Imagens: Thinkstock

Nada de palpites, aposte na gestão

Especialistas ensinam como enfrentar a crise com um bom planejamento para 2016 Por Ana Paula Garrido

42 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


As empresas têm enfrentado um jogo duro nesse período de recessão. É hora de o gestor ou o próprio dono fazer as alterações necessárias com um bom planejamento para 2016, se não quiser correr o risco de ficar no vermelho – o que para o mundo corporativo é prior do que qualquer derrota. “Muitas pequenas e médias empresas sequer realizam um orçamento normalmente. Há uma cultura muito forte de improvisação em que se cometem erros, como misturar dinheiro próprio com o da empresa. Assim, este momento de crise pode ser uma ótima oportunidade para fazer um planejamento orçamentário pela primeira vez”, observa o professor que atua na área de administração e negócios da Fundação Instituto de Administração (FIA), Rodolfo Olivo. Para ajudar os gestores, especialistas dão dicas de como realizar um planejamento nota 10. O importante é que ele precisa considerar todas as variáveis envolvidas, tanto internas quanto externas. Nesse ponto, segundo o diretor-executivo da Galeazzi & Associados (G&A), Sérgio Cesari, vale conversar com os principais clientes para entender como eles veem o próximo ano antes de traçar as estimativas de venda, por exemplo. Já a análise interna deve ser crítica e factível, conforme explica a consultora da AGR Consultores Jéssica Costa. “As despesas diretas e os custos também serão previstos a partir das vendas. Por isso, fazer um fórum de lições aprendidas neste ano é importante. As equipes do comercial e de operações devem ser convocadas, mas profissionais de outras áreas devem ser convidados para que se tenha uma visão não viciada dos problemas”, ela comenta, atentando para um problema que costuma se repetir na administração empre-

sarial. “Sempre que se constrói o orçamento considerando o passado, você carrega os excessos, as ineficiências, os erros.” Nesse sentido, esqueça a ideia de superestimar as despesas para evitar imprevistos. A especialista aponta o caminho oposto. “O susto vem de caixa mal gerido. Cada gasto deve ser questionado exaustivamente. Normalmente, os gastos desnecessários sobrevivem a duas perguntas, mas não a cinco. Além de saber se ele realmente é necessário, é preciso buscar alternativas de realizá-lo de forma mais barata, renegociando contratos e buscando sinergia em compras, por exemplo”, diz Jéssica. O professor Olivo ilustra como pode ser feita a negociação para reduzir as despesas. “Este é o momento de fazer novas cotações ou, então, renegociar preços com os fornecedores atuais. O ideal é ter, pelo menos, três orçamentos de compras, até por conta da facilidade para fazer essa pesquisa hoje em dia, com as ferramentas de comparação de preços pela internet.” Para Cesari, tal negociação na hora da compra de produtos e serviços é fundamental. “Se a empresa tem dinheiro no caixa e geração positiva de caixa recorrente, obter descontos com fornecedores pode ser uma ‘aplicação’ bem rentável, pois assim consegue taxas melhores. Isso também pode ser bom para os fornecedores, que teriam taxas mais favoráveis do que se recorressem a bancos.” Por falar em pagamentos, talvez seja a hora de reduzir despesas em uma área que parece tão inflexível: a tributária. “A empresa pode pedir ao contador para analisar sua situação fiscal. As pequenas e médias empresas geralmente optam pelo Simples ou Lucro Presumido. Porém, uma simu-


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GESTÃO

Sérgio Cesari, da G&A Times multifuncionais conseguem encontrar soluções criativas

lação pode mostrar que a tributação que era melhor antes não seja mais a partir de agora”, afirma Olivo. No entanto, como esse tipo de análise não é simples, ele recomenda aproveitar os últimos meses do ano para realizar tais simulações e, se for o caso, fazer a alteração em janeiro, único mês em que a Receita Federal permite que se altere a tributação, que valerá para o próximo período anual. EQUIPE EM FOCO Se as conversas com o fornecedor e com o contador não surtirem efeitos, respire fundo antes de tomar alguma ação imediatista, em especial com relação aos cortes internos. Demitir é o último recurso, de acordo com o analista de projeto e instrutor da consultoria Sage, Marcelo Dias, pois, além de grande impacto nos

custos, implica na perda de know-how e expertise. O caminho é fazer aquela última peneira para eliminar gastos supérfluos – elimine as viagens desnecessárias e reduza o uso da frota de automóveis, por exemplo. E, se for mexer na folha de pagamentos, busque alternativas, como fazer uso do banco de horas, redução da jornada, férias coletivas, demissão voluntária. No entanto, numa situação emergencial, Olivo orienta analisar a possibilidade de juntar cargos e dispensar colaboradores. Nesse caso, é preciso valorizar quem fica e manter a transparência. “Se tiver que demitir, o melhor é fazer os cortes de uma vez. Depois, faça uma reunião para deixar claro para os que ficaram que não haverá mais demissões, pelo menos, se a receita continuar no mesmo patamar.” Envolver os funcionários na tomada de decisões e na solução dos problemas ajuda a evitar que o clima organizacional piore, completa Cesari. Ainda de acordo com o professor da FIA, no longo prazo, enxugar a equipe pode reverter em aspectos positivos. “Com a demissão, acontece de um funcionário ganhar outra função. Assim, ele poderá assumir um cargo de chefia no futuro por já conhecer outras responsabilidades.”

Fotos: Divulgação

Rodolfo Olivo, da FIA Ofereça descontos para se livrar dos estoques, garantindo um lucro mínimo 44 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

INVESTIMENTOS Com as despesas mais controladas, é hora de pensar em como otimizar as vendas. A primeira lição é se livrar de estoques. Na visão de Olivo, é preferível dar desconto, desde que se mantenha um lucro mínimo, para girar mais rápido e guardar esse dinheiro como colchão de segurança. “A ideia é ter verba para qualquer eventualidade que surgir.” Outra dica é, em vez de promover apenas produtos diferenciados, valorizar o carro-chefe da empresa, já que, em períodos de crise, o consumidor não deixa de comprar, porém fica mais retraído e busca opções básicas e baratas. Portanto, “aquele produto feijão com arroz tem mais chances de dar retorno e garantir o pagamento dos custos fixos”, orienta Olivo. Somada a essa estratégia, também vale desenvolver promoções em termos de descontos e benefícios para fidelizar o cliente, além de inovar nos serviços ou na forma de prestá-los. “Não há uma receita de sucesso sobre o ‘onde investir’, assim como


não há dúvida que crise e oportunidade caminham juntas. Por que não exportar, por exemplo?”, provoca Jéssica, da AGR, que indica a realização de workshops envolvendo pessoas de diversas áreas para discutir o que pode ser mudado nos processos. Cesari concorda com a estratégia de formar times multifuncionais que estão mais aptos a encontrar so-

luções criativas. Dias complementa essa ideia, sugerindo aproveitar, por exemplo, as ferramentas tecnológicas gratuitas para realizar atendimento on-line e, assim, reduzir custos. Com material de apoio em mãos e profissionais envolvidos no trabalho, fica mais fácil atingir a meta de atravessar a crise econômica sem déficits financeiros e vislumbrando números positivos na planilha de lucro. E por

falar em atingir resultados, aqui cabe um último macete. “A empresa precisa ter um conjunto de metas que devem ser acompanhadas pelos executivos de primeira linha e desdobradas até o nível gerencial. Porém cada gestor não deveria ter mais de cinco metas-chaves realistas, até porque, se a meta nunca é alcançada, não é crível e ninguém mais olha para ela”, pondera o diretor da G&A. 7 898357 410015

AS 10 PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA SUA EMPRESA VENCER A CRISE: 1) Elimine gastos desnecessários Questione rigorosamente o orçamento anterior para cortar as despesas extras. 2) Renove contratos com os parceiros Assim como você, seu fornecedor também enfrenta a recessão e não quer perder clientes. Então, aproveite para renegociar preços. 3) Negocie com vantagens Se tiver dinheiro em caixa, antecipar o pagamento dos fornecedores aumenta seu poder de barganhar descontos ou melhores condições. 4) Faça um planejamento tributário Analise a situação fiscal e verifique se vale a pena alterar o tipo de tributação. 5) Demita em último caso Antes de demitir funcionários, avalie medidas alternativas, como implantar banco de horas, redução da jornada e férias coletivas. 6) Jogue limpo A única forma de evitar/reduzir o clima de instabilidade interno é sendo claro nas informações. Fazer uma reunião com os funcionários e compartilhar a situação real da empresa é uma boa opção. 7) Compartilhe problemas e soluções Não adianta querer resolver tudo sozinho. Por isso, tente envolver a equipe na tomada de decisões e incentivá-la a buscar soluções.

8) Garanta a rentabilidade Em vez de acumular grandes estoques, é preferível dar descontos ao cliente, respeitando a margem de lucro, e ter o dinheiro em mãos para qualquer emergência. 9) Aposte nos produtos básicos Com os consumidores em busca de preços baixos, vale a pena investir em promoções e produtos mais básicos, que garantam o pagamento dos custos fixos. 10) Invista nos talentos da casa Forme equipes para buscar inovações, seja de produtos e serviços, seja na maneira de oferecê-los e tratar o cliente.

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AUTOMAÇÃO

[RASTREABILIDADE

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Segurança do alimento

O Sistema GS1 facilita a identificação e a comunicação na cadeia de suprimentos, auxiliando as empresas no cumprimento da legislação e propiciando ao consumidor maior segurança em relação aos produtos que chegam a sua mesa Da Redação A partir de dezembro, as empresas que atuam no ramo alimentício precisarão manter registros para identificar a origem dos produtos recebidos de seus fornecedores e também dos itens distribuídos aos compradores – ou seja, ter informações sobre toda a sua cadeia produtiva. A medida foi estipulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 24, que dispõe sobre o recolhimento de alimentos e sua comunicação à Agência e aos consumidores. Esse procedimento facilitará a identificação de riscos que possam afetar a saúde da população e também agilizará o processo de recall de alimentos, quando for necessário. A norma entra em vigor no dia 9 de dezembro de 2015, sendo que o descumprimento implicará em multas de até R$ 1,5 milhão, interdição e cancelamento de autorização da marca. “A resolução se destaca por normalizar dois itens da maior relevância: o plano de recolhimento de produtos que

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as empresas precisam elaborar e a rastreabilidade para efetivação deste recolhimento”, avalia o assessor de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi. A entidade acompanha de perto o tema, a fim de auxiliar as empresas a utilizarem padrões globais que facilitem a identificação e a comunicação dentro de toda a cadeia de suprimentos, servindo como base para o processo de rastreabilidade e programas de segurança de alimentos. Em novembro, por exemplo, a GS1 Brasil promove o Seminário Segurança do Alimento, em sua sede na capital paulista, com o objetivo de orientar os profissionais do setor sobre a aplicação da RDC 24. Segundo Gasconi, a rastreabilidade é a habilidade de recuperação do histórico e registro do produto, desde o produtor até o consumidor, e vice-versa. Os princípios da rastreabilidade são: identificação única e exclusiva do produto, captura e registro de dados com o uso do código de


NA PRÁTICA Algumas dessas soluções foram demonstradas durante a Convenção ABRAS 2015, realizada em setembro, no Bourbon Convention & Resort, em Atibaia (SP). O tradicional evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) reúne importantes líderes do setor. Durante a palestra do último dia da convenção, os participantes ganharam um lanche que continha uma caixinha de salada. Na embalagem da salada

havia uma etiqueta com o GS1 DataBar impresso, que poderia ser lido pelo smartphone através do aplicativo Inbar, também desenvolvido pela entidade. Ao fazer a leitura do código de barras, o participante tinha acesso às informações sobre o produto, aos dados do fabricante e à data de validade. Além disso, no mesmo aplicativo era possível acessar o site do produto, as informações de origem da salada e o caminho percorrido, por meio de um link que direcionava para o site da PariPassu, e’mpresa especializada em soluções para rastreabilidade de alimentos e parceira da GS1 Brasil nessa ação. O GS1 DataBar também é uma solução que se mostra eficaz para fazer o controle da data de validade dos alimentos no varejo. Durante o evento, a GS1 Brasil participou com um estande, no qual simulou a operação de um supermercado e aproveitou para explicar as vantagens desse código de maneira prática. Os visitantes podiam pegar alguns produtos identificados com o GS1 Databar e passá-los pelo caixa; o sistema alertava se o item estava fora do prazo de validade. “Nenhum produto pode estar exposto no varejo com data de validade vencida, mas nossa

intenção foi mostrar como é possível controlar e bloquear esse tipo de situação no checkout, evitando que o cliente compre um alimento e possa ter problemas depois”, comenta o executivo. Outra ação realizada durante a Convenção ABRAS alertou, de maneira inusitada, para a mesma situação. Quando o visitante chegava a seu quarto no hotel, encontrava no frigobar um pote com gelo e algumas instruções da GS1 Brasil. A primeira delas era deixar o gelo derreter, pois ali havia um papel com um GS1 DataBar impresso convidando o hóspede para conhecer o funcionamento desse código no estande da entidade na feira. “Assim como o gelo tem data de validade, os produtos no ponto de venda também têm. Dessa maneira, convidamos os participantes do evento a visitar o nosso estande, conhecer a solução GS1 DataBar e ainda concorrer a prêmios com a leitura desse código no checkout”, resume Gasconi. 7 898357 410015

Foto: Divulgação ABRAS

barras e/ou RFID, gerenciamento de vínculos ligando o fluxo físico ao fluxo da informação, e comunicação compartilhada. “Esses quatro princípios colocados em prática juntos garantem a rastreabilidade”, explica. Os padrões de identificação da GS1 Brasil garantem a visbilidade do produto de ponta a ponta em toda a cadeia de suprimentos. Dessa forma, as empresas podem acompanhar a trajetória e a exata localização de seus produtos a qualquer momento. Os códigos e padrões que propiciam a rastreabilidade são: GS1 DataBar, GS1-128, GS1 DataMatrix e QR Code. Todos eles possibilitam a inclusão de dados adicionais aos produtos, como número de lote, data de validade, data de produção, etc. Essas informações são essenciais para o processo de rastreabilidade e recall.

Foto: Divulgação GS1

Nilson Gasconi, da GS1 Brasil Padrões globais de identificação garantem a rastreabilidade de produtos

Alerta para produto vencido Estande da GS1 Brasil na Convenção ABRAS simulou a operação de um supermercado para mostrar o uso do GS1 DataBar

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PERFIL

[EXPANSÃO

Fotos/Imagens: Divulgação/Thinkstock

Investimento certeiro Com mais de 70 unidades no País, a rede americana Outback Steakhouse conquistou o gosto do brasileiro Por Juliana Jadon

Paredes de madeira, mobiliário que remete ao interior da Austrália, garçons que atendem com hospitalidade, porções fartas aliados a um ambiente aconchegante e agradável são os diferenciais da rede americana Outback Steakhouse no Brasil. A empresa, que desembarcou no País em 1997, já conta com 71 restaurantes em 35 cidades. Com essa fórmula, mesmo em um período de incerteza econômica e política no Brasil, é possível observar a longa fila de espera de clientes nos restaurantes da rede. O Outback é uma das principais marcas da Bloomin’ Brands, uma das maiores companhias de casual dining (que remetem a algum lugar e possuem atendimento e serviço diferenciado) do mundo. O Rio de Janeiro recebeu o primeiro restaurante da rede no País. Na ocasião, os sócios Peter Rodenbeck, Salim Maroun e Giancarlo Zanolini comemoravam a atuação do negócio como um dos mais bem-sucedidos dos Estados Unidos.

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“Naquela época, tínhamos boas perspectivas econômicas no Brasil e as análises indicavam que o negócio tinha tudo para dar certo. Hoje, vendo o progresso da empresa, comprovamos que o investimento foi certeiro”, afirma o COO (Chief Operating Officer), diretor responsável pelas operações do Outback Brasil, Átila Noronha. MESA FARTA Por aqui, a fama de uma marca com serviço de qualidade, comida de sabor marcante e atendimento descontraído, se espalhou rapidamente. No tradicional cardápio australiano que atrai milhares de pessoas diariamente, estão pratos bem servidos, como o T-Bone Steak de aproximadamente 500 gramas temperado e preparado na chapa, além de opções que contemplam os mais variados gostos, como saladas, sopas, massas, frango, peixe, sanduíches, entre outros. No Brasil, os carros-chefe da marca são a costela de porco defumada e grelhada (Ribs on the Barbie) e a cebola gigante empanada (Blommin’ Onion).


Sabor marcante As famosas cebola e costela do Outback são os carros-chefe no Brasil

De acordo com a empresa, todos os ingredientes que compõem o cardápio são preparados diariamente pela equipe de outbackers – como são chamados os funcionários – no próprio restaurante. No bar, o destaque fica com o chope servido em caneca congelada e as caipirinhas de frutas diversas, que podem ser preparadas com cachaça, vodca, tequila ou saquê. A carta de vinhos foi elaborada com a finalidade de harmonizar com os tipos de carne oferecidos pela casa e inclui exemplares australianos, chilenos, argentinos e nacionais. Durante o happy hour, chamado de Billabong Hour, as bebidas alcoólicas

são servidas pela metade do preço e o refil de refrigerante e iced tea são cortesia: o cliente só paga o primeiro copo e os seguintes são por conta da casa. SÓCIOS-PROPRIETÁRIOS Diferentemente de empresas franqueadoras, a rede Outback Steakhouse trabalha com sócios. Normalmente, para abrir uma unidade, é preciso ter experiência no varejo e ter trabalhado em setores ligados à hospitalidade, além de ter espírito empreendedor. O Outback é o responsável pelo investimento para a abertura de um novo restaurante que custa, em média, R$ 4,5 milhões. Os sócios-proprietários desembolsam cerca

de R$ 60 mil, referente à sociedade com a empresa. Hoje, 70% dos sócios-proprietários dos restaurantes brasileiros são ex-outbackers, ou seja, pessoas que começaram suas carreiras no atendimento ou na cozinha dos restaurantes. “Queremos sócios que conheçam o trabalho e a cultura da empresa e apliquem de forma efetiva nos restaurantes”, descreve Noronha. 7 898357 410015

Átila Noronha, do Outback Brasil Sócios devem conhecer a cultura da marca no País

DIFERENCIAÇÃO O setor de atuação do Outback Steakhouse é conhecido no mercado como casual dining. O conceito indica um serviço de qualidade, mas de abordagem informal, com proximidade entre atendimento e clientes. É apreciado por pessoas que gostam de estar em um ambiente com amigos ou familiares, confraternizando e saboreando bons pratos.

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GESTÃO

[PRODUTIVIDADE

Foto/Imagem: ThinkStock

Reuniões eficientes

Descubra como gastar o seu tempo e o de sua equipe em encontros que gerem resultados efetivos Por Juliana Jadon Reunião marcada para hoje, às 14h, na sua empresa. Cerca de dez pessoas, uma de cada departamento, estarão presentes. O motivo do encontro você ainda não sabe e também não se importa, porque essas reuniões acontecem com certa frequência e, geralmente, não dão resultado. No horário agendado, apenas você e mais alguns integrantes estão no local. Durante meia hora, enquanto os outros participantes vão chegando, vocês conversam sobre o tempo e o jogo de futebol. Depois de 40 minutos do horário combinado, o executivo que convocou a reunião dá a largada à discussão. No entanto, todos aqueles assuntos debatidos antes voltam à tona esporadicamente, fazendo com que o foco central da conversa seja deixado de lado. E o pior: depois de saber o motivo da reunião, alguns participantes não entendem o porquê de estarem lá e concentram-se mais em seus dispositivos móveis, como celulares e tablets. Você já passou por uma situação semelhante?

50 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Segundo estudo realizado pela Triad Consultoria, isso é comum em muitas empresas. O desperdício em reuniões improdutivas é de, aproximadamente, R$ 500 mil a cada 100 funcionários. Por outro lado, algumas reuniões são realmente necessárias, principalmente quando é mandatório tomar decisões relevantes e que envolvem os mais diversos níveis de uma organização. De acordo com a coordenadora da pós-graduação em gestão estratégica de pessoas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Distrito Federal (IBMEC/DF), Vanderli Frare, a falta de planejamento é a principal razão para a maior parte das reuniões empresariais serem muito longas e fugirem do foco principal. A questão cultural do brasileiro, que gosta de jogar conversa fora, também colabora para esse cenário. Para evitar problemas nesse sentido e organizar reuniões produtivas, confira, a seguir, as dicas dos especialistas.


A reunião é necessária? É preciso pensar se os assuntos pautados para discussão realmente exigem a presença e o deslocamento de algumas pessoas ou podem ser resolvidos com apenas algumas trocas de e-mails.

Assuntos relevantes Segundo Vanderli, do IBMEC, os motivos relevantes para marcar uma reunião são: alinhamento de entendimento sobre pontos em comum entre as áreas da empresa, impasse com algum cliente, definição de uma estratégia perante stakeholders, realinhamento de estratégia sobre uma negociação externa em andamento e feedback. Planeje e defina a pauta Para que seja produtiva, uma reunião precisa de planejamento e de horário para iniciar e terminar, além de objetivos definidos antecipadamente. Liste as metas e, se achar importante, faça uma apresentação em Power Point. Busque ser o mais claro e objetivo possível. “Ter definição clara da pauta, do que vai ser discutido e o objetivo que se pretende alcançar ao final da reunião é extremamente importante”, declara Vanderli. Convide as pessoas certas Somente devem ser convocados os profissionais que tenham relação com o tema e poder de decisão. Também é válido convidar aqueles que possam contribuir de alguma forma com conhecimento, mesmo que não estejam ligadas diretamente à ação debatida. “Analise o motivo da reunião e convoque as pessoas que realmente forem indispensáveis para tratar do assunto proposto”, indica o especialista em administração de tempo e produtividade e fundador da Triad Consultoria, Christian Barbosa. Comece pelos objetivos De acordo com Barbosa, descrever os objetivos e a pauta, além de se certificar que todos os presentes agregam algo ao tema e que concordam com o tempo proposto para a discussão, é uma ótima maneira para começar o encontro.

Deixe todos participarem Se você convocou uma reunião, é porque está interessado na opinião e contribuição dos demais. Por isso, permita que todos exponham suas opiniões a respeito do assunto. Com essa ação, podem surgir soluções e ideias importantes para a empresa, muitas vezes, daquele participante que você não imaginava. Faça um curto intervalo Uma pausa rápida pode ser importante, especialmente quando se trata de uma reunião de negociação pesada. O líder deverá ter sensibilidade e saber a hora de desviar um pouco o assunto para aliviar a tensão. Ele pode sugerir uma parada para um café ou até mesmo fazer um comentário espirituoso e, em seguida, redirecionar o foco.

Registre tudo Produza uma ata com os principais pontos debatidos durante o encontro, as soluções ou os riscos levantados e quais as responsabilidades de cada participante. Isso ajuda a garantir a eficácia da reunião a evitar que as ideias se percam. A ata deve ser enviada imediatamente após o término do encontro, e a data para a entrega das pendências e da próxima reunião já devem ser definidas e concordadas por todos.

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GESTÃO

[PRODUTIVIDADE

Eficiência em xeque Por Claudia Manzzano

Redes sociais, e-mails e chat são vilões ou aliados da produtividade no ambiente de trabalho?

O advento da internet, das redes sociais e, sobretudo, dos smartphones ampliou, exponencialmente, as distrações durante o horário de expediente. Entre uma tarefa ou outra, as pessoas acabam interrompendo alguns minutinhos do trabalho para ler ou responder uma mensagem, ou para curtir, ou comentar um post nas redes sociais. Pesquisas sobre o uso dessas tecnologias nas empresas têm mostrado resultados que apontam para caminhos diferentes. Embora a primeira impressão do empregador seja a de que esses recursos tecnológicos sejam um freio à produtividade dos colaboradores, alguns estudos revelam o contrário. Segundo uma pesquisa realizada no ano passado com 1,2 mil profissionais brasileiros, 71% dos entrevistados acreditam que seus colegas perdem a concentração ao navegarem na internet. Mas sete em cada dez dos profissionais disseram que conseguem equilibrar o tempo que estão on-line e suas atividades profissionais. Apenas 45% reconheceram que as novas tecnologias atrapalham a produtividade. O estudo foi feito pela consultora em recursos humanos Eva Hirsch, em parceria com Cristina Panella Planejamento e Pesquisa e agência LeadPix. Uma pesquisa de 2011, da Universidade de Melbourne (Austrália), revelou que o uso de redes sociais no expediente resulta em aumento de produtividade de até 9% quando o tempo total dedicado a esta atividade não ultrapassa 20% das horas de trabalho de um dia. Portanto, para um expediente de oito horas, navegar pelas redes sociais por 52 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Imagens/Fotos: Thinkstock/Divulgação


José Roberto Marques, do IBC O bom senso deve prevalecer no uso das redes sociais cerca de uma hora e meia não afeta a eficiência do funcionário. Segundo o especialista em coaching corporativo da Sociedade Brasileira de Coaching, Rodrigo Collino, isso se explica pela necessidade de pequenos intervalos ao longo do dia, que podem ser benéficos para estimular a criatividade e a execução de tarefas – assim como qualquer outro tipo de intervalo, não necessariamente para o uso de redes sociais, por exemplo. Já um levantamento realizado em 2014 pela consultoria Deep – Desenvolvimento e Envolvimento Estratégico de Pessoas e Clientes, com um grupo de 12 profissionais, acompanhando a rotina de trabalho durante um período de seis meses, para entender como se dá o uso das redes sociais na rotina de trabalho, mostrou falta de produtividade, perda de foco, erros em processos de trabalho e até desmotivação. Pelos cálculos da consultoria, as pessoas gastaram, em média, 1h16 de trabalho por dia acessando as redes sociais. “Isso significa, por mês, 25 horas perdidas de trabalho, ou três dias perdidos por mês, ou até, considerando alimentação, transporte, salário-base, encargos e benefícios, uma perda financeira de, em média, R$ 4.523 por ano, por profissional”, explica a especialista em marketing e desenvolvimento humano e diretora da Deep, Juliana Almeida Dutra. PAPEL DO LÍDER No entanto, na opinião do presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), José Roberto Marques, as redes sociais não podem ser ignoradas, assim como seu uso no ambiente de trabalho. “A postura do gestor deve ser no sentido de manter a produtividade. Em

algumas áreas, o uso dessas ferramentas é imprescindível, porém, o bom senso deve prevalecer”, afirma. Assim, o papel do gestor é delegar as responsabilidades, cobrar resultados e prazos e monitorar os processos de trabalho. Para 29% dos entrevistados pela Cristina Panella Planejamento e Pesquisa no ano passado, a solução dos problemas seria a proibição do uso das redes sociais e e-mail pessoal no trabalho, podendo até se tornar motivo de demissão. Mas os especialistas não estão totalmente de acordo com essa postura. Marques acredita na conscientização dos funcionários para evitar os excessos. E Collino concorda, pois acredita que a proibição acontece quando o líder ou a empresa falha na conscientização e engajamento de seus colaboradores. “É possível proibir de maneira consciente, estabelecendo regras de disciplina e produtividade que sejam saudáveis para todos os envolvidos”, aponta Collino. ESTRATÉGIA CORPORATIVA O primeiro passo para evitar problemas relacionados ao mau uso das ferramentas tecnológicas durante o trabalho é estabelecer e comunicar as regras claramente, determinando o que é permitido e o que é uso excessivo. Isso pode ser feito desde o processo de seleção e contratação. Para Collino, “nesse ponto, a capacidade do líder em comunicar e em promover eficiência da equipe estarão à prova, pois somente aqueles que conseguirem engajar seus liderados de forma ativa, ao invés de punitiva, trarão maior sucesso para a empresa e seus clientes”. Juliana Dutra, da Deep Profissionais gastam 1h16 de trabalho por dia acessando as redes sociais

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 53


GESTÃO Também é aconselhável promover campanhas internas e até um manual para orientar o colaborador quanto a uso das tecnologias. Nessas mensagens, o importante é relacionar os dados que impactam diretamente os funcionários, a empresa e os clientes. Por exemplo: tempo perdido em celulares e redes sociais versus impacto na produtividade ao fim do dia, semana ou mês. EM PARTICULAR Para os gestores que já enfrentam o problema, e sobretudo quando ele

está concentrado em uma pessoa ou um grupo, Marques aconselha ter uma conversa individual com o colaborador, pois pode ser que ele ainda não tenha percebido o tempo gasto com esse tipo de atividade. “Oriente o funcionário da maneira adequada, seguindo o padrão da empresa. Caso isso não seja o suficiente, o departamento de recursos humanos pode ser acionado para aplicar uma advertência, mas é importante que o gestor tente evitar esse tipo de punição.” Collino exemplifica que o funcionário pode ser indagado da seguinte

forma: “Tenho percebido que você está exagerando no tempo com atividades não relacionadas ao trabalho durante o expediente, e isso tem afetado x e y em seu desempenho, nossa equipe e meus resultados enquanto seu líder. Como você pode agir de agora em diante para evitarmos isso e conseguirmos resultados melhores?” Por fim, é importante um acordo sobre as consequências do cumprimento ou não daquilo que foi disposto entre ambas as partes e acompanhar os resultados para estimular a mudança real de comportamento. 7 898357 410015

COMPORTAMENTO NAS REDES Para o especialista em administração do tempo, Christian Barbosa (foto), há vários hábitos que colaboram para diminuir a produtividade no ambiente de trabalho: excesso de prioridades, muitas urgências, falta de planejamento, demora, desorganização, má utilização do e-mail e das redes sociais, má condução de reuniões (veja matéria na página 50), falta de objetivos claros, interrupções constantes, tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, etc. Ele destaca algumas estratégias para utilizar as redes sociais de uma melhor forma. Confira:

1|

Seja seletivo. Para que participar de redes sociais que não sejam

2| 3|

Determine um foco. Se for utilizar o Twitter para fins profissionais, não misture com assuntos pessoais. Mantenha a coerência de acordo com o perfil que definir, com fotos, textos e comentários adequados.

relevantes? O ideal é focar nas principais redes em que seus amigos e interesses estão localizados.

4|

Utilize agregadores. Existem sites e softwares que permitem centralizar as redes sociais ou atualizar a partir de um único post.

5|

Rede social não requer respostas em tempo real. Não se sinta obrigado a responder uma mensagem no mesmo momento que recebeu.

54 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Divulgação

Estabeleça horários. Acesse as redes sociais para verificar questões pessoais antes ou após o expediente ou no horário de almoço.


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NEGÓCIOS

[MATCON

Relação de confiança Foto: ThinkStock

Empresas do segmento de materiais de construção têm o desafio de criar estratégias colaborativas Por Denise Turco

VISÃO DE LONGO PRAZO O holandês Ronald van den Hoff, autor do livro Society 3.0, esteve no evento e falou sobre o desafio de gerar valor em redes de negócios, o que envolve confiança e competência, apontando, assim, as tendências na era digital. “É preciso conectar pessoas que não se conhecem, promover experiências e serviços especializados e customizados, além de encontrar um equilíbrio entre o capital social e o monetário”, afirmou.

Assim, confiança é a palavra-chave para impulsionar novos negócios. Na prática, ela se traduz em clareza nos propósitos para que os parceiros consigam estabelecer uma relação duradoura, sem o imediatismo de um retorno rápido – algo tão comum no mercado. Nesse sentido, um dos idealizadores do Fórum e sócio da Agenttia, Guilherme Tiezzi, aponta dois caminhos paralelos: a conexão e a contribuição. A conexão com clientes e parceiros é motivada pelas crenças e valores e precisa de transparência para funcionar. Já a contribuição é motivada pela causa defendida pela empresa; nesse caso, é necessário desenvolver competências para que ela ocorra plenamente. Juntas, essas duas dimensões geram resultados positivos, como a satisfação dos clientes. “É preciso desenvolver modelos de negócios focados na geração de riqueza por meio de redes colaborativas do que na concorrência por recursos, que estão cada vez mais escassos”, concluiu Tiezzi. 7 898357 410015

Foto: Divulgação

A partir dos anos 2000, com o advento da internet, as mudanças tecnológicas e comportamentais afetaram substancialmente a estrutura e os resultados das empresas. As pessoas se conectaram e passaram a compartilhar informações, aumentando o poder das redes. Tudo flui muito rápido e sem controle via internet. Assim, estabelecer relações de confiança em uma estrutura tão complexa e não linear, diferente da tradicional, é algo que tem sido cada vez mais discutido. Diante desse cenário desafiador, o segmento de materiais de construção, que movimenta R$ 141 bilhões de vendas por ano no Brasil, tem refletido sobre suas práticas a fim de buscar novas oportunidades de maneira colaborativa. A consultoria Agenttia tem liderado várias iniciativas nesse sentido, reunindo periodicamente toda a cadeia, que envolve fabricantes, atacadistas, distribuidores e varejistas, em um grupo batizado de Rede MATCON. Uma delas é o Fórum Estratégico MATCON, que em sua terceira edição, realizada em setembro, em São Paulo (SP), abordou temas como competências necessárias para a rede de distribuição de materiais de construção, valores que regem o relacionamento entre as empresas e caminhos para gerar transformações no varejo.

Rede de negócios Fórum MATCON estimulou o debate sobre colaboração entre as empresas

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 55


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LEGISLAÇÃO

[eSOCIAL

Coloque a casa em ordem

Por Ana Paula Garrido

Você já deve ter ouvido falar do eSocial. Recentemente, ele tem aparecido no noticiário associado à Lei das Domésticas (Lei Complementar 150) – apesar de ter sido criado no papel em 2010. O eSocial entrou em vigor no dia 1º de outubro e, por enquanto, só vale para os empregadores domésticos. Mas, a partir do próximo ano, a nova obrigação será estendida para mais empresas. Por isso, é preciso se preparar. O sistema é uma parceria entre cinco órgãos governamentais – Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ministério da Previdência e Secretaria da Receita Federal – e visa unificar diversas informações trabalhistas, fiscais e previdenciárias. “O objetivo do eSocial é simplificar o cumprimento das obrigações decorrentes da contratação de mão de obra onerosa, melhorando a qualidade das informações prestadas, modernizando o contrato de trabalho e garantindo direitos trabalhistas e previdenciários”, explica a auditora do MTE, Margarida Procópio, que participa do desenvolvimento do sistema.

56 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

O módulo para os empregadores domésticos já está em funcionamento, mas o programa requer monitoramento e ajustes para os próximos módulos, que abrangerão todas as empresas. As grandes companhias, com faturamento anual superior a R$ 78 milhões, começarão a usá-lo em setembro de 2016, enquanto as demais, em janeiro de 2017. Até lá, é necessário se adequar às exigências do novo sistema. Assim como o eSocial foi antecipado para servir à Lei das Domésticas, agora as empresas podem se inspirar no trabalho dessas profissionais para arrumar a casa, seguindo as recomendações do consultor da Sage – empresa de softwares para gestão de escritórios contábeis e empresas – Glauco Marchezin. “É importante ressaltar que o eSocial não está mudando a legislação trabalhista. As empresas, no entanto, têm de verificar se os processos internos atendem à legislação.” Nesse sentido, pode ser que a empresa esteja em desacordo com as regularizações sem agir de má-fé, mas por puro hábito do famoso jeitinho brasileiro – algo que a nova ferramenta governamental tenta extinguir ou diminuir. Por exemplo, apesar de ser obrigatório fazer o aviso

Imagens: Thinkstock

Saiba como ajustar dados de funcionários e processos internos para o eSocial


de férias com 30 dias de antecedência, na prática isso geralmente ocorre num período menor. Assim, por não afetar o direito do trabalhador de receber o pagamento das férias, essa prática gera multa apenas se houver uma fiscalização, explica Marchezin. Porém, com o eSocial, a ideia é abandonar esse tipo de ação, pois o sistema permitirá que o Ministério do Trabalho tenha acesso rápido a dados como estes, permitindo que o órgão solicite a comprovação que o aviso de férias foi realizado no prazo exigido por lei. CADASTRO DE FUNCIONÁRIOS Outra faxina que deverá ser realizada internamente é em relação aos documentos dos trabalhadores que serão exigidos para realizar o cadastro inicial da empresa no sistema. O aplicativo Consulta Qualificação Cadastral, já disponível no site do eSocial, permite ao usuário verificar se o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o Número

de Identificação Social-NIS (NIT/ PIS/PASEP) estão aptos. Em caso de divergência de dados, o próprio aplicativo de consulta indicará como realizar as correções. No entanto, Marchezin orienta as empresas a realizarem essa análise o quanto antes, considerando que o número de funcionários com problemas na numeração de documentos é elevado. “Um ano pode parecer tempo suficiente, mas, dependendo da quantidade de funcionários e de informações erradas, esse processo pode ser trabalhoso.” Depois que a casa estiver em ordem, a expectativa é que mantê-la assim ficará mais fácil com o programa. Até porque não haverá mudanças de informações, apenas na forma de prestá-las, explica Margarida. “No sistema atual, o empregador tem uma série de obrigações a declarar em diversos canais. Com o eSocial, isso será feito numa espécie de guia única, que valerá para todo o ambiente nacional, corrigindo,

assim, possíveis erros ao replicar os dados para diferentes órgãos.” Marchezin recomenda que as empresas pensem em integrar as áreas de recursos humanos, segurança do trabalho e contabilidade, por exemplo, para reunir as informações necessárias e cadastrá-las no programa. “Em vez de adotar fichas, vale a pena criar um sistema interno em que as áreas cadastrem os dados necessários e unifiquem as informações antes de enviá-las para o governo.” Por falar em sistema, uma boa notícia para as pequenas empresas: o eSocial terá um módulo simplificado para elas, permitindo que as informações sejam realizadas no próprio site (www.esocial.gov.br). “As empresas de grande porte terão de desenvolver esse sistema ou adquirir um programa, que implica em um custo maior para aderir ao eSocial. Já as pequenas empresas farão as declarações via web”, comenta Marchezin. 7 898357 410015

PREPARE A SUA EMPRESA PARA O eSOCIAL O QUE É ?

OBJETIVO

COMO SE PREPARAR

O eSocial (ou EFD-Social) é

Tornar mais transparente a rela-

Para deixar sua empresa pronta para

um sistema que está sendo cria-

ção entre empregados e empre-

o eSocial, o primeiro passo é revisar

do para o recebimento eletrôni-

gadores, além de eliminar infor-

e padronizar as bases de dados

co de dados trabalhistas e pre-

mações redundantes e processos

e procedimentos internos, para

videnciários dos trabalhadores.

burocráticos. Quando implantado,

possibilitar a interface entre seus

A nova obrigação é mais um

deve extinguir obrigações aces-

sistemas e as exigências do eSocial.

módulo do Sistema Público de

sórias como: CAGED, RAIS,

Mais informações sobre a nova

Escrituração Digital (SPED).

DIRF e GEFIP, dentre outras. O

obrigação podem ser conferidas no

programa facilitará a fiscalização

site www.esocial.gov.br.

e o controle por parte dos órgãos reguladores envolvidos.

Fonte: Marcelo Ferreira, consultor tributário da Easy-Way do Brasil

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 57


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Foto: ThinkStock

RADAR

[TURISMO

#Partiu Rio Por Ticiana Werneck

Passeios tranquilos rodeados pela mais bela natureza e história. É o roteiro perfeito para um final de semana no Rio de Janeiro, fora do circuito futebol e samba

Foto: Pedro Agilson

O encontro da serra com o mar, exaltado pelo Corcovado e pelo Cristo Redendor, é um dos cartões-postais mais valiosos do Brasil e do mundo. Mas, além desses clássicos, a cidade do Rio de Janeiro oferece passeios para todos os gostos. Acompanhe, a seguir, dicas sobre pontos turísticos da cidade, cheios de histórias e tradições culturais:

Parque Lage

58 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

PARQUE LAGE À beira da Floresta da Tijuca, aos pés do Corcovado e ao lado do Jardim Botânico, está o Parque Lage, um presente para os olhos: com variedade de espécies da mata atlântica, seu conjunto arquitetônico é tombado como patrimônio paisagístico, ambiental e cultural. No palacete, construído em 1924, funcionam um bistrô e a Escola de Artes Visuais (EAV), com exposições frequentes e uma programação cultural intensa. “A EAV Parque Lage é o Taj Mahal de nossa cultura”, comenta o diretor-presidente da Oca Lage, Marcio Botner. “Foi um presente de amor do empresário Henrique Lage para sua mulher, a cantora lírica Gabriella Besanzoni. O casal fez saraus memoráveis aqui para a sociedade da época”, comenta Botner. O lugar foi cenário de emblemáticos filmes do Cinema Novo, como Terra em Transe, de Glauber Rocha. O Parque Lage é muito procurado para um tranquilo café da manhã. Após uma breve caminhada entre palmeiras imperiais, é hora de sentar e relaxar – as mesas são dispostas entre as ruínas do casarão, em frente à piscina.


VISTA CHINESA Sem empurra-empurra! Aqui, qualquer ângulo é o “melhor ângulo” para ver a cidade de cima. A Vista Chinesa, no alto do Parque Nacional da Tijuca, reúne vários pontos turísticos do Rio: Cristo Redentor, Baía de Guanabara, Pão de Açúcar, Lagoa Rodrigo de Freitas, praias de Ipanema e Leblon, além do Morro Dois Irmãos. O percurso, embora íngreme, também faz parte do programa: há duas cachoeiras abertas ao público, Gruta e Macacos. Muita gente dispensa o táxi e sobe de bicicleta ou a pé. O pavilhão em estilo oriental foi construído em 1906 em homenagem aos chineses, que trouxeram o cultivo do chá para o Brasil no início do século 19. O pagode de bambu e cimento fica numa clareira na mata, a 380 metros acima do nível do mar. SANTA TERESA O bairro possui localização privilegiada, no alto de uma serra entre a zona sul e o centro da cidade, com uma vista e tanto. Assim como os bairros vizinhos Glória e Catete, é conhecido pelas construções históricas do século 19, além de elegantes casarões da década de 1940. Um bom programa é andar pelas lojas e feiras de rua que vendem artesanato local,

Foto: Alexandre Macieira

Bonde Santa Teresa

dar uma volta de bonde, fazendo uma parada no Museu Chácara do Céu para cliques espetaculares da Baía da Guanabara, e encerrar o dia nos afamados botequins e restaurantes do bairro. Sim, o bondinho de Santa Teresa está de volta! Inaugurado em 1986, sempre foi um dos ícones da cidade e voltou a funcionar no último mês de julho, trazendo de volta o charme de um dos locais mais culturais da cidade, num roteiro que passa pelos Arcos da Lapa e por pontos turísticos, como o Parque das Ruínas e o Museu Chácara do Céu. Ainda em obras para implementação de toda a linha que liga o centro do Rio ao ponto mais alto do bairro, o novo bonde percorrerá, inicialmente, o trecho entre o Largo da Carioca e o Largo do Curvelo. Durante esse período inicial, o transporte será gratuito. Os carros respeitam as características estéticas, como as cores e os bancos de madeira, e contam ainda com modernos sistemas de freios e painel de comando. Quem se interessa por este meio de transporte pode ainda visitar o Museu do Bonde, em Santa Teresa. O lugar possui um acervo de mais de 300 peças originais e réplicas, além de livros e vídeos que contam histórias do bonde e do bairro.

Confeitaria Colombo

tarda escura) ou o famoso chá da tarde completo. O cardápio também oferece almoço à la carte, café da manhã, salgados e sobremesas, como tartelete de nozes e pastel de Belém. Inaugurada no centro da cidade, em 1894 por dois portugueses (um deles criador da célebre “o cliente tem sempre razão”), a Confeitaria Colombo homenageava o descobridor das Américas. Em 1913, a casa passou por uma reforma, sendo considerada até hoje uma das mais importantes obras da arquitetura e decoração da belle époque carioca. Seus oito espelhos belgas, claraboia em vitrais, mesas de tampo de mármore, molduras de espelhos em jacarandá trabalhadas à mão e vitrines unindo art noveau ao rococó também valem a visita. 7 898357 410015

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Foto: Divulgação

Foto: Alexandre Macieira

Vista Chinesa

CONFEITARIA COLOMBO Em pleno Forte de Copacabana, está a filial Café do Forte, a tradição da centenária Confeitaria Colombo com vista para o mar. Segundo a gerente da confeitaria, Catia Assis, o final da tarde é um dos melhores horários para a visita. “O sol começa a se pôr, as luzes da praia se acendem e bate uma brisa fresquinha”, diz ela. A pedida pode ser o sanduíche marítimo (ciabatta, salmão defumado, cream cheese, pepino em conserva, cenoura ralada, alface e mos-


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DESCONEXÃO

[QUALIDADE DE VIDA

Foto: Divulgação

Relíquias sobre rodas

A restauração e o garimpo das peças originais são a distração favorita do executivo do BNP Paribas, Rogério Monteiro, que possui uma coleção de mais de dez carros antigos Por Juliana Jadon Emoldurado na parede da sala do diretor-jurídico do BNP Paribas, Rogério Monteiro, está um Aston Martin DB5, carro de James Bond que estreou nos cinemas em 1964, no filme OO7 Contra Goldfinger. A imagem do Bondcar diz muito sobre as preferências do executivo. Desde criança, ele gosta de carros. Nos finais de semana, dedicava-se, com prazer, a cuidar dos veículos do pai, lavando-os e os deixando bem polidos. Durante muito tempo, ele não teve condições financeiras de dar continuidade a esse hobby, até que, aos 41 anos, comprou o primeiro carro

60 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

antigo. O modelo escolhido foi um Fusca 1962, na cor azul-pavão, cuja reforma e a procura por peças originais foram relativamente fáceis, segundo Monteiro. O executivo gostou tanto dessa atividade que, atualmente, possui mais de dez carros antigos. “A principal diferença entre os brinquedos de uma criança e de um adulto é o preço”, afirma Monteiro. Ele não se considera um colecionador devido ao número de automóveis que possui – no Brasil, existem colecionadores com mais de 50 carros antigos –, mas se diz um amante deles.


Studebaker Commander 1950 compõe a coleção

Veículos com mais de 30 anos e que possuam percentual de originalidade de 80% e estado de conservação de 70% podem ser pleiteados junto à federação internacional da área (Fédération Internationale des Véhicules Anciens) a emitirem placa preta, que atesta que o automóvel é de colecionador.

Buick 1955 é outra raridade

Studebaker Champion 1951 é o preferido do executivo

A segunda aquisição foi um Fusca 1961, em bom estado geral e, oito meses depois, comprou um Studebaker Champion 1951, que havia visto somente em fotos. Quando viu pessoalmente, percebeu que a aparência não era boa – vermelho com a capota branca – e o interior estava “lamentável”. Foram oito anos para concluir a reforma do carro, que pelo trabalho e dedicação exigidos, é hoje o seu favorito. Devido ao carinho com este veículo especificamente, instalou direção hidráulica, ar-condicionado e freio hidráulico, diferente do modelo original. No entanto, o automóvel ficou mais aconchegante para Monteiro. Os outros carros do executivo possuem todos os componentes originais e seguem a linha de fabricação. HORA DE RELAXAR Como diretor-jurídico de uma grande instituição financeira, a rotina de trabalho de Monteiro é intensa e exige a participação em diversas reuniões e tomadas de decisões. Para ele, uma das maneiras de deixar a preocupação do dia a dia de lado é restaurando os carros. Em geral, colecionadores de carros antigos

gostam de garimpar peças, indo atrás dos itens originais. A motivação está em encontrar raridades e compartilhar a conquista com amigos e grupos de afinidade nesse segmento. Para ele, uma dessas conquistas foi o painel do Studebaker 1951, na caixa e funcionando muito bem. O caminho para encontrá-las e conseguir adquiri-las, no entanto, não é fácil. A maioria dos itens é comprada em sites internacionais, nos quais o único contato do comprador com o produto geralmente é a foto. Outro entrave para os colecionadores é a mão de obra especializada em carros antigos. Muitos profissionais do ramo cobram muito caro por um serviço que nem sempre é o melhor. Por isso, Monteiro indica que é preciso ter um mecânico de confiança, pedindo indicação de pessoas que, efetivamente, conheçam esse trabalho. Atualmente, alguns dos brinquedos de Monteiro chegam a ser avaliados em R$ 260 mil. O Thunderbird 1955 é um dos seus modelos mais valiosos. Para lidar diariamente com o complexo mercado financeiro, ele precisa de muitas dessas distrações. 7 898357 410015

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Imagens/Fotos: Thinkstock/Divulgação

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RECURSOS HUMANOS

[Educação

É escola ou trabalho? Por Ana Paula Garrido

Para suprir a lacuna deixada pelas instituições de ensino com relação as habilidades e conhecimentos necessários ao mercado de trabalho, empresas têm investido em universidades corporativas 62 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Sabe quando, no meio de uma aula teórica, surge aquela dúvida crucial: pra que eu vou usar isso? Essa indagação acontece nas melhores famílias, escolas e universidades. Mesmo em cursos especializados de pós-graduação, nem tudo o que se aprende é aplicado no mercado de trabalho, enquanto que existem habilidades e conhecimentos necessários à vida profissional que não são ensinados em sala de aula. Essa “falha”, aliás, é uma das principais reclamações das empresas. Prova disso é a pesquisa realizada pela Deloitte, em 2014, com 172 executivos da área financeira para avaliar a gestão do conhecimento nas corporações. O resultado mostrou que a maioria (70%) daria nota mediana para a faculdade que cursou, considerando a contribuição do aprendizado para o exercício profissional. E, mesmo para atividades comuns nas universidades, como a integração do trabalho em equipe, os entrevistados – que ocupam funções de analistas até presidentes – disseram que a vivência acadêmica ajudou pouco na hora de aplicar uma determinada habilidade no ambiente profissional. Para tentar resolver ou amenizar essa lacuna, as companhias têm criado seus próprios centros de estudo. São as chamadas Universidades Corporativas (UCs). O grande diferencial delas é oferecer aos funcionários cursos alinhados com as suas políticas e estratégias. “Como algumas competências são próprias e específicas de cada em-

presa, seu desenvolvimento não está presente nos currículos de escolas e universidades tradicionais”, explica o gerente-executivo da Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB), Hugo Pena Brandão. De acordo com o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), Igor Cozzo, a principal vantagem de uma UC é que ela deixa clara a trilha de aprendizado necessária para cada área na empresa. “Os conteúdos dos cursos de uma Universidade Corporativa e dos treinamentos normalmente realizados em companhias são, basicamente, os mesmos. O que muda é a forma como eles são estruturados e oferecidos aos funcionários.” Essa nova estratégia de qualificação de mão de obra tem dado certo. Afinal, é crescente o número de universidades abertas. Segundo Cozzo, as primeiras UCs chegaram ao Brasil na década de 1990, a partir da demanda por competitividade que a abertura do mercado gerou. E a expansão nos últimos anos se deve à “importância cada vez mais estratégica da gestão do conhecimento organizacional”, diz ele. Líderes de grandes companhias concordam que ter um centro de ensino próprio é cada vez mais necessário. “Em 15 anos, saltamos de 10 para 500 universidades no País, e este número aumenta a cada ano”, comenta o diretor da consultoria Ernst & Young, Armando Lourenzo. A empresa possui uma UC desde 2007.

Hugo Brandão, da UniBB Empresas têm competências diferentes das do currículo escolar A instalação de centros de estudo já virou um fenômeno mundial. “Praticamente todas as grandes empresas, no Brasil e no exterior, possuem Universidades Corporativas. Não é mais uma tendência, e sim uma realidade”, ressalta Brandão. Para abrir uma UC não é necessário obter licença de órgãos educacionais. Nem mesmo para a criação de cursos com validade formal, como pós-graduação. Nesses casos, explica Cozzo, as organizações estabelecem parcerias com instituições de ensino para montar um programa adequado à realidade e necessidade da empresa, sem, portanto, a obrigatoriedade de uma autorização do Ministério da Educação (MEC). É o caso da UniBB, criada há 13 anos, que conta com cursos ministrados por universidades tradicionais, como a Universidade de São Paulo

No topo Universidade Corporativa do Banco do Brasil foi eleita a melhor do mundo neste ano [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2015 63


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recursos humanos

(USP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV). Além disso, as empresas, de modo geral, costumam trazer consultores de fora para abordar temas específicos. Na UC da Ernst & Young, por exemplo, os cursos técnicos e de metodologia são desenvolvidos pelos próprios funcionários, mas o conteúdo de competência e gestão é elaborado por instrutores contratados no mercado. A Universidade Corporativa Fleury, por sua vez, conta com uma equipe multidisciplinar, que recebe ajuda de uma consultoria para a construção metodológica e pedagógica de propostas específicas, como, por exemplo, jogos e programas virtuais, de acordo com a gerente de educação corporativa do Grupo Fleury, Rita Braghetti.

Imagens/Fotos: Thinkstock/Divulgação

Preparo necessário Apesar dos índices favoráveis e dos bons exemplos de UCs pelo País, especialistas ponderam que é preciso avaliar internamente algumas questões antes de montar uma instituição de ensino. “O custo precisa ser compatível com o porte da empresa. Além disso, é preciso analisar qual a relevância em desenvolver

um profissional de qualidade no médio e longo prazo”, aconselha Lourenzo. Seguindo a linha do tamanho da organização, o diretor da ABTD alerta para a quantidade de pessoas que precisam de qualificação específica, de acordo com a política da empresa. Pensando nisso, também é necessário verificar se há um volume considerável de conhecimento a ser compartilhado e se haverá apoio dos funcionários, chamados de educadores corporativos, para desenvolver e dar as aulas. A gerente de desenvolvimento humano e organizacional da Sênior, empresa que atua na criação de softwares para gestão, Jussara Dutra, frisa a necessidade

Plano de ensino Universidade Corporativa Fleury conta com uma equipe multidisciplinar 64 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Lição de casa Na Ernst & Young, alguns cursos são desenvolvidos pelos funcionários de avaliar a quantidade de conteúdo existente. “Se o conhecimento não existe dentro da organização, será preciso contratar isso fora da mesma maneira que contrataria se tivesse apenas uma área de treinamento. O olhar de reduzir investimento não é o melhor para se justificar a estrutura de uma UC.” Primeira lição Geralmente elaborados por equipe interna, os cursos são separados por níveis de cargo e função, a fim de que a cultura da empresa seja transmitida a todos os funcionários. Há lugares em que as aulas fazem parte do expediente de trabalho. “Fora os eletivos, os cursos são obrigatórios. Há conselheiros que cuidam da carreira dos funcionários e os ajudam a escolher os conteúdos”, comenta o diretor da Ernst & Young, cuja universidade registrou, em 2014, um total de 40 mil participações (sendo 28,5% presenciais e 71% a distância). Uma pesquisa feita pela ABTD no ano passado revelou que os temas mais abordados em treinamentos são liderança e comunicação. No entanto, por terem autonomia no desenvolvimento dos conteúdos, as UCs não têm uma área específica de ensino. Prova disso é o leque com mais de 300 cursos da UniBB. “Eles são organizados de acordo com a área de atuação e o papel ocupacional exercido pelos funcionários. Os cursos abordam atendimento do cliente, banking, valores organizacio-


Os cursos trazem resultados financeiros para as empresas e também colaboram para a retenção de talentos e fortalecimento da imagem corporativa nais, agronegócios, investimentos, gestão, comportamento organizacional, ética, entre outros”, relata Brandão. A metodologia adotada está cada vez mais distante da tradicional – no lugar de apostilas, grupos de discussão, jogos educacionais e dinâmicas aplicadas ao ambiente de trabalho, como simulação de problemas. As aulas costumam ser exclusivas para a equipe interna, no entanto, há empresas que compartilham conteúdo com colaboradores – “temos cursos oferecidos a parceiros e a segmentos específicos de clientes”, afirma Brandão. No portal da UniBB, há cursos com teor mais geral, disponíveis gratuitamente para qualquer pessoa. A aprovação dos cursos se materializa com os resultados positivos tanto para as empresas quanto para os funcionários. Mesmo sem instrumentos exclusivos para medir tais retornos, os executivos garantem que conseguem constatar uma melhora significativa em vários processos internos. “Para a empresa, os cursos trazem resultados financeiros, como melhoria da rentabilidade e da eficiência operacional. Eles também geram impactos não financeiros, como a melhoria do clima organizacional, a retenção de talentos e o fortalecimento da imagem corporativa”, enumera Brandão. “Há um dire-

cionamento mais claro para subsídios de formação, idiomas e educação”, completa Jussara. Já do ponto de vista dos funcionários, a universidade corporativa contribui para o aumento da satisfação pessoal e profissional, através do desenvolvimento constante da carreira, além do fato de expandir a perspectiva de crescimento dentro da empresa, de acordo com Lourenzo. Nota 10 Os cursos corporativos também têm obtido reconhecimento externo e conquistado prêmios internacionais. É o caso da UniBB, que foi eleita, em maio, a melhor UC do mundo, na principal categoria do instituto europeu Global Council of Corporate Universities. Em 2013, ela já tinha conquistado o prêmio de Melhor Programa de Educação Corporativa da América Latina, concedido pela Cubic Awards International Quality & Produtivity Center (IQPC). Entre as avaliações nacionais, a Ernst & Young vem se destacando com o título da Cubic Awards (IQPC) de melhor UC do Brasil nos anos de 2009, 2011 e 2013, quando também foi eleita a melhor UC internacional pelo mesmo instituto. O segredo, segundo Lourenzo, está na efetividade dos cur-

sos para garantir que o treinamento seja realmente aplicado no dia a dia. “Também focamos em trazer novas maneiras de aprendizado”, completa ele, após mencionar que, em 2014, a universidade foi premiada na categoria aprendizagem e desenvolvimento organizacional da Association for Talent Development (ATD). Próxima aula Como planejamento faz parte tanto do mundo acadêmico quanto do profissional, as empresas estão em busca de expandir o seu alcance. Com dez anos de existência, o centro de ensino da varejista Pernambucanas, chamado de Universidade Corporativa Comendadeira Helena Lundgren (UCCHL), abriu as portas para outras empresas do ramo interessadas em usufruir da infraestrutura física, localizada na capital paulista. De acordo com o diretor de desenvolvimento humano e organizacional da empresa, Nelson Carvalho, apesar da ampla rotina de treinamentos internos – inclusive com cursos de MBAs para os funcionários –, há muitas datas em que o espaço fica ocioso. “A ideia é que a nossa universidade seja uma alternativa aberta a treinamentos e eventos corporativos.” O Banco do Brasil, por sua vez, pretende ampliar a atuação dos seus cursos presenciais, que são realizados em 30 unidades regionais, nas capitais do País. A proposta é instalar um mobiliário, chamado de Espaço UniBB, em todas as agências de varejo para garantir que, além das aulas a distância, o aprendizado esteja disponível no próprio local de trabalho. Afinal, lugar de estudar é na empresa. 7 898357 410015


[tecnologia & negócios

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Brasil tem “Cidade da RFID”

Empresários da moda de Cianorte (PR) usam tecnologia de ponta para manter os negócios rentáveis e atualizados, mesmo debaixo de mais uma crise no País

Quem nasceu no Brasil no século 20 já ouviu a palavra crise mais de um trilhão de vezes. Por isso, a gente sabe que ficar sentado esperando ela passar não trará sucesso nenhum para ninguém – e o problema ainda poderá se agravar. Em setembro, fui a Cianorte, no norte do Paraná, e mais uma vez fui testemunha de como há pessoas valiosas no Brasil. Em plena intempérie política, com fagulhas salpicando sobre a economia, os empresários da moda do pequeno município mostravam para mim, com tranquilidade, os benefícios do uso da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). Com 130 mil habitantes, a cidade parece um oásis econômico. Em Cianorte, as pessoas continuam trabalhando, costurando, pintando e bordando, literalmente, e controlando os estoques com RFID. Aliás, são milhões de tags usadas por mês, um número muito superior ao de pessoas que moram ou circulam por lá. Então, apelidei Cianorte como a “Cidade da RFID”. Em um dia de visitas, conheci cinco empresas cujos controles de estoque, inventário e expedição operam em 100% com essa solução. Impressionante como os trabalhadores que realizam os processos com a tecnologia estão satisfeitos. O trabalho ficou mais simples e isento de erros. Além das fábricas, outra iniciativa importante foi realizada em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) local. A iTag Tecnologia, empresa que me convidou para conhecer Cianorte, patrocinou uma sala de aula onde os alunos podem aprender tudo sobre os sistemas de RFID, de hardware a software, até as operações em si. Com o crescimento da demanda por profissionais que conheçam a tecnologia – graças aos investimentos das empresas que já adotaram RFID em seus processos de fabricação –, os alunos do SESI saem, praticamente, empregados. E mais: como as fábricas estão produzindo roupas com tags já costuradas, os distribuidores e as lojas que revendem seus produtos poderão utilizar as mesmas etiquetas RFID para obter benefícios nos negócios, afinal não terão o custo adicional de inserir as etiquetas. Algumas lojas próprias dos fabricantes já fazem isso e outras estão considerando a possibilidade de adotar a tecnologia. Como a RFID representa uma grande economia operacional, seu valor fica mais evidente em um momento como o que estamos atravessando, quando as empresas devem poupar nas operações, sem deixar de produzir e de competir com produtos de alta qualidade no mercado.

Em Cianorte são milhões de tags usadas por mês, um número muito superior ao de pessoas que moram ou circulam na região

66 out/nov/dez 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Mário Bock

Edson Perin

Editor do RFID Journal Brasil e escritor do livro TI para Negócios

As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora.

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