Revista Brasil em Código 28ª Edição

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BRASIL EM CÓDIGO

GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • abr/mai/jun 2018 • www.gs1br.org

EDIÇÃO 28

EDIÇÃO 28

PARA CADA DESAFIO,

UMA SOLUÇÃO INOVADORA

ENTREVISTA

ASTRÔNOMA BRASILEIRA CONTA SOBRE SUAS DESCOBERTAS NA NASA


ESPAÇOS GS1 BRASIL

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AO LEITOR

Melhorar o controle, aumentar a produtividade e, consequentemente, os lucros. Esses são apenas alguns benefícios que a automação agrega aos negócios. Antes considerada um custo, hoje a tecnologia é o melhor investimento para aumentar a eficiência de empresas de toda a cadeia de abastecimento. Para sensibilizar as empresas para esse fato, a matéria de capa desta edição da Brasil em Código apresenta dicas valiosas, mostrando como as diversas soluções tecnológicas podem solucionar problemas recorrentes e gerar resultados efetivos, tanto na operação quanto na estratégia das organizações. Nesta edição, também não faltam lições apontando como a tecnologia pode ser uma forte aliada das empresas. É o caso do estudo da GS1 Reino Unido sobre o uso da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) por grandes varejistas de vestuário, que estão cada vez mais otimistas com esse tipo de solução. A reportagem traz, ainda, análise e exemplos de companhias brasileiras que atuam na área de moda, mostrando que, por aqui, a aposta no RFID também é alta. Uma boa dose de inspiração com o que há de mais inovador no campo da tecnologia pode ser conferida na reportagem com os principais insights e novidades da missão técnica para a Alemanha, organizada pela GS1 Brasil. Um grupo de profissionais brasileiros embarcou em um roteiro para conhecer as principais tendências na CEBIT, maior evento europeu com foco em inovação, tecnologia da informação e digitalização dos negócios, além de fazer visitas às sedes de organizações pioneiras na transformação digital, como Siemens, BMW e DHL. As novas tecnologias também estão propiciando bons resultados na área de educação, permitindo que os cursos via web sejam cada vez mais acessíveis no Brasil, como mostra a matéria desta edição. Acompanhando essa tendência, a GS1 Brasil também está lançando uma plataforma de e-learning direcionada para ajudar profissionais de empresas associadas, colaboradores, acadêmicos, entre outros públicos, a se atualizarem no mercado. O primeiro curso aborda como fazer a aplicação correta do código de barras nos produtos. Já a entrevista exclusiva com a astrônoma Duília de Mello, colaboradora da NASA Goddard Space Flight Center, o laboratório de pesquisas espaciais da NASA, ajuda-nos a refletir sobre os novos horizontes da ciência e da tecnologia. A brasileira, especialista em imagens que captam as profundezas do universo utilizando o telescópio espacial Hubble, conta sua trajetória profissional e os novos projetos da NASA. Além disso, Duília, que participa do Brasil em Código – 8ª Conferência Internacional da GS1 Brasil, fala de seu engajamento em um trabalho social para incentivar jovens brasileiros a seguirem a carreira de cientistas. Inspiração total para seguir em frente.

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente

Foto: Paulo Pepe

Automação a favor dos negócios


[EXPEDIENTE

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A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADE Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Helder Profeta FOTOGRAFIA Paulo Pepe e Eliane Cunha CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO Adriana Bruno, Denise Brito, Flávia Corbó e Juliana Jadon (texto) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares

24 Automação é solução para os desafios das empresas


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SUMÁRIO

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52 6 CURTAS 12 NEGÓCIOS 16 GESTÃO 18 EVENTO 34 PERFIL 38 OPINIÃO 44 MERCADO 46 INOVAÇÃO 50 RECURSOS HUMANOS 64 VITRINE DE SOLUÇÕES 66 PADRÃO DE QUALIDADE

24

CAPA Conheça os principais problemas enfrentados no dia a dia das empresas e como as soluções tecnológicas podem ajudar a resolvê-los

20

ENTREVISTA A astrônoma Duília de Mello conta sua trajetória na NASA

30

MARKETING Marcas

36

JOGO RÁPIDO Saiba como evitar

apoiam causas para fortalecer relação com o cliente

que as fake news se espalhem pela empresa

40

AUTOMAÇÃO Estudo da GS1 Reino Unido mostra crescimento do RFID no setor de moda

52

INSTITUCIONAL GS1 Brasil promove missão técnica para Alemanha

58

RADAR Conheça as atrações

60

EDUCAÇÃO De fácil acesso, e-learning cai no gosto dos brasileiros

turísticas da Rússia, o país da Copa do Mundo FIFA 2018


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CURTAS

Controle de produtos médico-hospitalares Em 24 de abril último, a GS1 Brasil participou do debate sobre o Projeto de Lei 7814/2017, na Câmara dos Deputados, que dispõe sobre a implantação do Sistema Nacional de Controle e Rastreamento de produtos médico-hospitalares. A proposta, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), sugere a obrigatoriedade da indústria de produtos médico-hospitalares e dos prestadores de serviços de saúde de implantarem “um sistema informatizado de gerenciamento e rastreamento de todos os processos e procedimentos em Centrais de Material e Esterilização (CME), incluindo a recepção, inspeção, limpeza, desinfecção, esterilização, armazenamento, distribuição, transporte e gerenciamento de resíduos dos produtos para a saúde, os equipamentos, artigos e instrumentais cirúrgicos passíveis de processamento individual ou por kits, utilizados em todas as suas unidades de atendimento”. A GS1 Brasil contribui com a proposta recomendando os padrões globais de identificação e captura de dados para rastreabilidade dos produtos, garantindo a segurança dos pacientes. Neste momento, o relator da matéria, deputado Eduardo Barbosa (PSDB/MG), promove alterações em seu relatório acatando as sugestões oferecidas na audiência pública. Os próximos passos podem ser acompanhados no site: www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2140403

Novas tecnologias para a rastreabilidade

Fotos: Divulgação

Durante o 2º Congresso Latino-Americano de Sorvetes-Helados, realizado em São Paulo, entre 13 e 14 de junho, a GS1 Brasil destacou a importância das novas tecnologias para rastreabilidade, a exemplo da blockchain, e também para redução de rupturas e aumento da confiabilidade e da acuracidade das informações entre os agentes da cadeia de abastecimento. O tema foi apresentado pela coordenadora de rastreabilidade da GS1 na América Latina, Roxana Saravia, que também falou sobre os padrões GS1, como o código de barras, as etiquetas inteligentes (EPC/RFID) e os códigos bidimensionais, que propiciam a rastreabilidade e podem armazenar informações adicionais de um produto, como data de produção, data de validade, número de lote, etc.

Este ano, 49% dos participantes da “Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos”, da PwC, disseram que suas organizações foram vítimas de fraude ou crime econômico, bem mais que os 36% registrados em 2016. A pesquisa detectou que 42% dos entrevistados afirmaram ter aumentado os gastos com o combate à fraude e ao crime econômico nos últimos dois anos. O levantamento também mostrou que, no mundo, 52% das fraudes e dos crimes econômicos são cometidos internamente (46% em 2016), e 24% desses delitos são praticados por gerentes seniores, em comparação com 16% há dois anos. (Para saber mais sobre o tema, confira a matéria sobre compliance, nesta edição) 6 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Fotos/Imagens: iStock

De olho nas fraudes


[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 7


Noventa e cinco por cento dos brasileiros usam internet enquanto assistem à TV, de acordo com um levantamento do “Ibope Conecta 2018”. Na edição anterior do estudo, realizado em 2015, a porcentagem atingiu 88%. O último levantamento identificou, ainda, que o smartphone é a ferramenta preferida para navegar na internet enquanto se assiste à televisão; e que, para a maioria dos entrevistados, a finalidade era verificar as redes sociais (53%); passar o tempo entre os comerciais (44%); e resolver outras coisas (34%).

Cerca de 60 milhões de consumidores devem realizar gastos com produtos ou serviços relacionados à Copa do Mundo FIFA 2018, segundo projeções de uma pesquisa realizada em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O dado corresponde a 51% dos consumidores que acompanharão aos jogos do campeonato. Desse total, o consumo de alimentos na casa de amigos ou parentes (91%) e de bebidas na comemoração dos jogos (87%) serão os mais comuns. O levantamento também indica outros tipos de engajamento, como idas a bares e restaurantes para assistir aos jogos (62%), compras de camisetas, uniformes e itens da Seleção (61%), decoração verde-amarela (54%) e compra de acessórios, como bonés, maquiagem, cornetas e vuvuzelas (48%).

Vitórias de Daniel Dias O nadador Daniel Dias, patrocinado pela GS1 Brasil, continua enchendo os brasileiros de orgulho com suas vitórias. Entre os dias 31 de maio e 3 de junho, durante o 2018 World Para Swimming World Series British, realizado em Sheffield, na Inglaterra, o atleta ganhou medalha de ouro nas três provas que participou: 50 m (com recorde mundial) e 10 m livre; e 50 m costas. Agora, a torcida fica para as provas que acontecerão entre os dias 9 e 13 de agosto, quando o nadador participará do Pan Pacific Para Championships, em Cairns, na Austrália; e entre 18 e 19 do mesmo mês, da 2ª Fase Nacional do Circuito Brasil Loterias Caixa de Natação São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico, na capital paulista. #somostodosdanieldias

Para mais informações sobre a agenda do atleta, acesse: www.gs1br.org/danieldias 8 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Imagens: iStock

Oportunidades da Copa

Superconectados

Foto: International Paralympic Committee (IPC)

CURTAS

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CURTAS

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Time de otimistas Quando questionados se o faturamento da empresa deve aumentar em função da Copa do Mundo FIFA 2018, na Rússia, 31% dos microempresários entrevistados pela Boa Vista SCPC responderam que sim. Em seguida, estão os empresários das grandes empresas (27%), depois os das pequenas (26%) e, por último, os das médias (23%). No geral, 28% dos empresários confiam no aumento do faturamento por conta da mundial de futebol; 49% acreditam que ficará igual ao mesmo período do ano passado; e 23% que diminuirá. A melhor percepção vem de empresas do comércio: 37% apostam em um aumento do faturamento.

Confiança digital A Fundação Getulio Vargas (FGV) lançou o Índice de Confiança Digital (ICD), que mede a confiança do brasileiro em relação à tecnologia ao longo do tempo frente a variáveis externas, como mudanças políticas, sociais, econômicas, ambientais ou tecnológicas. O ICD constatou que, numa escala de 1 a 5, o brasileiro possui uma expectativa positiva em relação à tecnologia de 3,92. Apesar do cenário político e econômico conturbado, a primeira amostra do ICD revelou que 91% dos entrevistados esperam o melhor da tecnologia. O estudo mostra que, apesar de os jovens de 13 a 17 anos serem os mais envolvidos com o meio digital, eles são os menos otimistas com a tecnologia. “O que mais chama atenção é a sensação de angústia e ansiedade, que resulta no pior índice de confiança digital entre todas as outras segmentações por idade”, destaca o coordenador do MBA em marketing digital da FGV, André Miceli.

Direitos Humanos Seis em cada dez brasileiros (63%) são a favor dos Direitos Humanos. Entre os entrevistados com idade entre 25 e 34 anos, o índice chegou a 70%. Por outro lado, 21% são contra esse conceito. As informações são da pesquisa “Pulso Brasil”, da Ipsos, realizada entre 1º e 15 de abril. Ao mesmo tempo em que se dizem favoráveis aos Direitos Humanos, muitos brasileiros demonstram desconhecimento sobre o tema. Para 66% dos entrevistados, os Direitos Humanos defendem mais os bandidos que as vítimas. Essa percepção é ainda maior na região Norte (79%) e entre os que possuem nível superior (76%). 12 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



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] Fotos: Marcello Vitorino

NEGÓCIOS

Oportunidades à vista Por Denise Turco

Participando de eventos por todo o País, GS1 Brasil auxilia as empresas de toda a cadeia de suprimentos na solução de problemas de automação e padronização Com o objetivo de estar sempre próxima de seus associados e parceiros, a GS1 Brasil marcou presença em diversos eventos de negócios ao longo do primeiro semestre deste ano, a fim de apresentar soluções tecnológicas e ajudar a fortalecer o relacionamento em toda a cadeia de abastecimento. Considerado um dos maiores eventos mundiais do setor supermercadista, a APAS Show 2018, realizada no mês de maio, em São Paulo (SP), contou com a participação de 738 expositores nacionais e internacionais e recebeu quase 34 mil pessoas, a maioria tomadores de decisão.

12 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Neste evento, organizado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS), o estande da GS1 Brasil foi idealizado para promover uma verdadeira experiência aos convidados, que puderam testar soluções e equipamentos, além de conhecerem o Cadastro Nacional de Produtos (CNP), plataforma on-line da GS1 Brasil para cadastro e gerenciamento de mercadorias. Empresas parceiras da entidade e com forte atuação no varejo marcaram presença no estande, apresentando equipamentos, softwares e serviços que ajudam a melhorar a operação e a gestão dos supermercados. A Zanthus, focada


MERCADO EM DESENVOLVIMENTO Empresas associadas tiveram a oportunidade de expor seus produtos, totalizando 75 itens no estande da GS1 Brasil. Confira: EMPRESA

PRODUTO

EMPRESA

PRODUTO

Biscoitone

Biscoito de polvilho

IMS Brazil

Petiscos para pets

Biscoitos Porto Alegre

Bolacha champagne e sequilhos

Junco

Doces, temperos, granola

Caapim

Chá de hibisco

Kobber

Granola e barras de tapioca

Canabela

Cachaça

M Plastic

Sacos de lixo

Casa da Macadâmia

Macadâmia

Nutricon

Petiscos para peixes e aves

Cófi

Café em grão e moído

Polares

Vassouras

Conrail

Maionese e catchup

Rafael Angelo Abud

Velas

Daxx

Produtos para higiene íntima feminina

Roma Alimentos

Temperos

Santana Centro

Carregador de celular

Emifor Indústria de Alimentos

Alimentos

Sergio & Soletti Plásticos

Suporte para botijão

Estúdio Par ou Ímpar

Jogos de raciocínio

Vinícola Toscana

Suco integral

Fritop

Salgadinhos

Wanderson P. Guimarães

Suporte de sacolas

PARCERIA CONSOLIDADA Provedores de soluções mostraram novidades tecnológicas no estande da GS1 Brasil

BicData Checkout ágil para clientes com carrinho cheio

Cassioli Brasil Foco na automação de armazéns

Bluesoft Dados de gestão do varejo no smartphone

Zanthus Sistema de PDV e papa-fila para o varejo

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NEGÓCIOS

Relacionamento Estande na APAS Show contou com espaço para estimular novos negócios

em softwares de automação comercial, mostrou um amplo portfólio de soluções, a exemplo do sistema de frente de caixa e do papa-fila,, para a leitura dos códigos dos produtos antes de o cliente chegar no caixa. Já a Cassioli Brasil, que atua no segmento de movimentação e armazenagem de materiais, mostrou como

funciona o seu sistema de armazenagem destinado a facilitar as operações logísticas internas das empresas, como esteiras, transelevadores e linhas de montagem e de picking. Apostando na mobilidade, a Bluesoft apresentou seu sistema de gestão em nuvem focado em redes varejistas de médio e grande porte,

BASE PARA O EMPREENDEDORISMO Aliada dos pequenos negócios, a GS1 Brasil também participou na Feira do Empreendedor 2018, promovida anualmente pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP). No estande, a entidade recebeu cerca de 3 mil visitantes, que puderam conferir como implementar a automação utilizando o código de barras. Para mostrar a aplicação prática da automação em diferentes categorias de produtos e tipos de embalagens, algumas empresas de micro e pequeno porte associadas à GS1 Brasil tiveram a oportunidade de expor seus itens no estande. Foram elas: Kasa Sabor (temperos, chás,

etc.), S&S Plásticos (suporte para botijão de gás), Doces Art Minas (doces e conservas), JB Condimentos (molho para churrasco, condimentos, etc), Nutricon (petiscos para pets), Brasil Criart (artesanato em biscuit) e Pega Leve (carregador de sacolas). Neste ano, a novidade foi a apresentação da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) no varejo. Simulando um ambiente de loja de roupas, a BicData e a GS1 Brasil demonstraram como implementar o RFID, desde a colocação da etiqueta inteligente no produto, passando pela leitura por meio do coletor de dados e a contagem de estoque até o pagamento no caixa.

Fotos: Eliane Cunha

Tecnologia acessível Na Feira do Empreendedor, destaque para código de barras e RFID

14 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Convenção ABRAS Atualmente, toda a cadeia de abastecimento está atenta à transformação digital que desafia o futuro das empresas. É preciso repensar a gestão e os processos a fim de obter melhores resultados. A automação e a padronização ajudam a levar adiante essa missão. Nesse sentido, a GS1 Brasil divulgou os benefícios do Cadastro Nacional de Produtos (CNP) em vários eventos dos quais participou no primeiro semestre. No CNP, a indústria pode cadastrar os dados dos produtos para transações comerciais e logísticas. A ferramenta confere um padrão único para os dados e pode ser usada por empresas de qualquer porte e segmento. “Um cadastro único significa redução de custos, de tempo e, ainda, a melhora no relacionamento entre varejo, fornecedor e distribuidor, de maneira que os parceiros de negócios se concentrem na

o Bluesoft ERP, que passa a contar com funcionalidades via aplicativo de smartphone. Pelo app, o gestor do varejo pode acessar, em tempo real, o status de vendas, ruptura e estoque, por exemplo, facilitando, assim, a tomada rápida de decisões. O checkout de alta velocidade Datalogic Jade foi a novidade da BicData, provedora de soluções para captura de dados para automação comercial e industrial. O equipamento é ideal para os clientes

estratégia de vendas”, explica o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Durante a 38ª Convenção Anual do Canal Indireto - ABAD 2018, promovida no mês de abril, em Atibaia (SP), pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, a GS1 Brasil mostrou a importância da qualidade da informação para se evitar perdas e aumentar a produtividade neste segmento. O diretor de tecnologia da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, participou do Painel “Tecnologia, Automação e Inovação”, falando sobre os desafios da transformação digital e a importância dos padrões globais. A entidade também esteve da 52ª Convenção ABRAS, realizada em março, no Rio de Janeiro (RJ), pela Associação Brasileira de Supermercados, destacando as vantagens do CNP para o setor.

Convenção do Canal Indireto ABAD

com carrinho cheio, pois dá alta velocidade no momento de finalizar as compras. Com um checkout convencional, o operador passa cerca de 15 itens por minuto, enquanto com o Jade passa 60 itens no mesmo intervalo. O equipamento tem inteligência artificial e faz a leitura automatizada de códigos de barras e de imagens dos produtos. A GS1 Brasil disponibilizou, ainda, áreas de lounge para estimular a geração de negócios. Criando uma

Foto: Divulgação ABAD

Foto: Divulgação ABRAS

CADASTRO PADRONIZADO EM TODA A CADEIA

grande vitrine do varejo, a entidade também propiciou que empresas associadas de pequeno porte tivessem a oportunidade de expor seus produtos no estande, como uma forma iniciar contatos e fechar futuros contratos. Nos quatro dias da APAS Show, o estande da GS1 Brasil esteve bastante movimentado, recebendo a visita de 1,5 mil profissionais do setor supermercadista à procura de informações para ajudar seus negócios. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 15


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GESTÃO

Imagens:: iStock

Ética nos negócios

Por Denise Brito

Preocupadas com riscos de corrupção, empresas adotam medidas internas para dificultar atos ilícitos de funcionários O brasileiro já se acostumou: a cada semana surgem denúncias, mais investigações são abertas e novos atos de corrupção vêm à tona, tanto no âmbito do Poder Público quanto das empresas privadas. Com leis mais rigorosas estabelecendo penalidades para os infratores, os empresários de pequeno e médio porte também se mostram preocupados em detectar e prevenir ocorrências em seus ambientes. Por isso, investem em programas de compliance, que visam dificultar a quebra da ética nos negócios. “Com as penas severas da Lei Anticorrupção – 0,1% a 20% do faturamento bruto anual –, poucas empresas sobreviveriam se as recebessem em sua totalidade. Como efeito mitigador dessas penas, a lei prevê que seja levada em consideração, no momento da aplicação das sanções, a existência e, principalmente, a efetividade de um programa de compliance”, destaca o CEO da iComply, Fábio Moreno.

16 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

A seguir, saiba quais são os atos ilícitos mais comuns no ambiente corporativo e como evitá-los. PROPINAS Uma das mais frequentes práticas de corrupção são as que envolvem o Poder Público, especialmente o pagamento de propinas para liberar ou agilizar licenças, aprovação de projetos ou evitar multas fiscais, ambientais e similares. Em algumas situações, a inexperiência do empresário e seu desconhecimento sobre as questões legais envolvidas podem tornar, aparentemente, essa prática convidativa, embora não a justifique, segundo a advogada da 2Comply Consultoria, Simone de Grandis. Outro caso é o pagamento de “taxa de indicação”, em que uma empresa paga para garantir que será a escolhida como contratada de outra companhia no fornecimento de produtos ou serviços. Esse é um procedimento de corrupção, mas, por se tratar de uma relação


estritamente entre empresas, não está abrangida pela lei e suas penalidades. MANOBRAS EM LICITAÇÕES Outras oportunidades para a corrupção foram criadas por brechas na lei. É o caso das alterações da Lei de Licitações 8.666/1993, implementadas pela Lei Complementar 147/2014, em que as pequenas e médias empresas passaram a ser favorecidas em licitações. Essa seria a causa do aumento do número de atos ilícitos envolvendo corporações desse porte. Isso porque grandes organizações abririam diversas micro e pequenas empresas para se beneficiar da lei. “Quando isso acontece, é comum a identificação de cartéis e corrupção na realização das licitações. As principais causas são o grande volume de recursos públicos disponíveis para projetos, a falta de controle e a cultura vigente no País que faz com que a corrupção seja parte do funcionamento normal de muitas empresas e órgãos públicos”, afirma o sócio-diretor da consultoria Ventiv Solutions Internacional (VSI), Eduardo Sanches. DESVIO COMPORTAMENTAL Outra abordagem da questão ética vem sendo alvo de atenção pelas empresas: o perfil comportamental de colaboradores, em particular, o de seus executivos, que concentram o poder de decisão. Em avaliação de 3,5 mil executivos entre

2014 e 2017, foram identificadas como práticas de corrupção mais frequentes: maquiagem de resultados, desvios de valores financeiros, manipulação de dados e assédio moral/sexual, conta a CEO da HSD Consultoria em RH e autora da pesquisa, Susana Falchi. PROCESSO SELETIVO O processo de recrutamento e seleção mais rigoroso, com a análise do perfil comportamental dos candidatos, também ajuda a coibir esse tipo de prática. “Porém, em geral, esse aspecto é ignorado nos processos seletivos, nos quais valem mais capacitação profissional e acadêmica do que o perfil ético”, comenta Susana. É importante conferir a idoneidade dos funcionários antes da contratação (pessoas envolvidas em fraudes, atos ilícitos ou antiéticos tendem a repetir suas ações) e também dos prestadores de serviços (despachante, advogado, representantes comerciais, etc). Também é fundamental disseminar a cultura ética da empresa, mostrando claramente o que não é admitido naquele ambiente. RESPONSABILIDADE Outra dica é estabelecer que mais de um funcionário atenderá agentes de fiscalização (de modo a dificultar extorsões e oferecimento de propinas). Além disso, fixar penalidades funcionais para colaboradores que participem de acordo

de preços com concorrentes ou com responsáveis por licitações públicas. MEDIDAS DE PREVENÇÃO Os programas de compliance têm como objetivo dificultar os atos de corrupção nas empresas. Eles incluem várias providências internas, como, por exemplo, estabelecer políticas claras e que sejam praticáveis. Além disso, é fundamental realizar auditorias frequentemente. Grande parte dos ilícitos e fraudes é identificada por elas. Abrir um canal de denúncias, seguro e anônimo, é outra maneira de coibir as práticas de corrupção. “Em uma empresa pequena, é inviável que uma consultoria independente gerencie o canal de denúncias. Filtre-as, encaminhe investigações, como se faz nas grandes companhias. Se a empresa tem um canal de sugestões gerenciado por uma pessoa de confiança, ele pode ser usado também como meio de coleta das denúncias”, sugere Eduardo Sanches, da consultoria VSI. TECNOLOGIA COMO ALIADA O mercado já oferece soluções tecnológicas que podem ajudar a amenizar o problema. O aplicativo iComply, por exemplo, tem como proposta facilitar o acesso do funcionário as normas e procedimentos internos da empresa em que trabalha para fazer denúncias mantendo o anonimato – o que ajuda a incentivar a participação no programa de compliance. O aplicativo veicula documentos e comunicados institucionais, treinamentos e vídeos sobre compliance. Outra solução disponível no mercado para programas de compliance é o Sedex Global, uma plataforma colaborativa mundial, sem fins lucrativos, cujo objetivo é o compartilhamento responsável de dados sobre cadeias de fornecimento. A organização estimula os processos de negociação pelo compartilhamento de dados de fornecedores pré-cadastrados e diligenciados segundo vários critérios, como idoneidade, prazo de entrega, atendimento às leis ambientais, trabalhistas, do consumidor, entre outros. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 17


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] Imagens: Divulgação GS1 Brasil

EVENTO

Tudo conectado Da Redação

Em sua oitava edição, o Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil promove um debate sobre o impacto das tecnologias emergentes no dia a dia das empresas No século 21, tudo se conecta por meio da tecnologia. Indústria 4.0, Internet das Coisas, omnichannel e blockchain são apenas alguns dos novos conceitos para assimilar e colocar em prática nos negócios. É um grande desafio para os profissionais se manterem atualizados e também para atenderem aos consumidores, cada vez mais exigentes nessa era digital. Com o propósito de estimular a reflexão sobre as tecnologias emergentes, o Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil chega neste ano com o tema “Tudo Conectado a Tudo”. Para realizar a oitava edição do evento, que será no dia 5 de julho, no Hotel Unique, em São Paulo

18 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

(SP), a entidade convidou palestrantes de alto nível para compartilhar seus conhecimentos e apresentar tendências ao público. A abertura da conferência ficará a cargo do presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. O sócio-líder de risk advisory da Deloitte Brasil, Ronaldo Fragoso, apresentará estudos traçando um panorama da atualidade das tecnologias. Indústria 4.0 será tema do Painel Let’s Talk, que vai unir grandes nomes e empresas que estão trabalhando com este conceito em seus segmentos de atuação, como o COO da Mercedes-Benz do Brasil, Carlos Santiago; o diretor de vendas e serviços da Tetrapak, Fernando


PATAMAR ALTO Para elevar ainda mais o nível dos debates, a conferência contará com a palestra “Tecnologia das Estrelas”, que será ministrada pela colaboradora da NASA Goddard Space Flight Center e vice-reitora da Catholic University em Washington, Duília de Mello. A astrônoma brasileira mostrará as mais recentes descobertas na NASA e como a ciência e a tecnologia precisam andar lado a lado para desvendar os mistérios do

universo, beneficiando a sociedade. Duília é especialista em imagens que captam as profundezas do universo utilizando o telescópio espacial Hubble. É considerada uma das “10 mulheres que mudam o Brasil”, uma das “100 pessoas mais influentes do Brasil” e uma das “17 mulheres que fizeram a diferença em 2017” (confira, nas próximas páginas, uma entrevista exclusiva de Duília para a Brasil em Código) . Outro tema interessante será abordado pelo pesquisador visitante e representante no Brasil do MIT Media Lab, Ronaldo Lemos. Ele, que é colunista da Folha de S.Paulo e do canal GloboNews, falará como o varejo pode incorporar as novas tecnologias para se adaptar ao consumidor omnichannel. Lemos também é professor de direito da internet da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Fotos: Arquivo GS1 Brasil

Caprioli; e o diretor de desenvolvimento de portfólio da Siemens PLM América do Sul, Daniel Scuzzarello. Após cada palestra, a apresentadora da Rede Globo e mestre de cerimônia do evento, Sabina Simonato, conduzirá um debate entre os executivos para que compartilhem visões, oportunidades e desafios.

(UERJ). Em 2015, foi eleito pelo Fórum Econômico Mundial como um dos “Jovens Líderes Globais”. Além desse rico conteúdo sobre inovação e tecnologia, os participantes terão alguns momentos para fazer networking e visitar os estandes das empresas parceiras da GS1 Brasil. Para encerrar esse dia intenso de conhecimento, também poderão participar do coquetel oferecido pela entidade. A conferência conta com o patrocínio da MHA e da Compex. 7 898357 410015

Mais conhecimento Conferência apresenta tendências e promove networking entre líderes de diversos segmentos do mercado

[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 19


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ENTREVISTA

Mulher das estrelas Por Kathlen Ramos

Em entrevista exclusiva, astrônoma Duília de Mello conta como é ser colaboradora da NASA, suas principais pesquisas e quais serão as grandes descobertas no espaço nos próximos anos Na edição de 2018 da Conferência Brasil em Código, realizada no mês de julho, em São Paulo (SP), pode-se dizer que uma das convidadas especiais tem uma relação bem íntima com as estrelas. Ela é Duília de Mello, um grande orgulho para os brasileiros, já que, há 15 anos, é uma das representantes do País no time de colaboradores da NASA Goddard Space Flight Center e especialista em imagens que captam as profundezas do universo utilizando o telescópio espacial Hubble. A astrônoma, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Universidade de São Paulo (USP), também é vice-reitora da Catholic University, em Washington (EUA). Autora do livro Vivendo com as Estrelas (Panda Books), no qual narra os passos que a levaram até a NASA, Duília acumula alguns títulos importantes. É considerada uma das “10 mulheres que mudam o Brasil”, uma das “100 pessoas mais influentes do Brasil” e uma das “17 mulheres que fizeram a diferença em 2017”. Ela também ganhou o prêmio de Profissional do Ano na área de tecnologia e informação

20 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

da diáspora brasileira, em 2014, concedido pelo Ministério de Relações Exteriores e Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Além disso, mantém um trabalho social para motivar crianças e jovens a seguirem a carreira científica. Nesta entrevista, Duília revela as descobertas que fez ao longo de sua carreira e o que esperar do novo telescópio espacial James Webb, maior investimento da NASA dos últimos tempos. “Poderemos ver as primeiras galáxias, as primeiras estrelas e, finalmente, entender como o universo evoluiu depois do Big Bang”, conta. Acompanhe, a seguir, os principais momentos deste bate-papo. BRASIL EM CÓDIGO Como começou a sua trajetória como colaboradora da NASA? DUÍLIA DE MELLO Em 1997, eu era recém-doutora no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, e estava procurando por oportunidades de trabalho, pois o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) estava cortando todos os incentivos e bolsas pela metade. Foi então que entrei em contato

com um pesquisador do instituto do telescópio espacial Hubble, Claus Leitherer, e fui contratada para trabalhar em um projeto dele. Fiquei lá dois anos e meio e, depois, fui para a Suécia trabalhar na Universidade de Chalmers, em Gotemburgo, e no Observatório Espacial de Onsala. Em 2002, resolvi voltar para os Estados Unidos e entrei em contato com um astrônomo que conheci na época do Hubble, Jonathan Gardner, e que trabalhava na NASA Goddard, o laboratório de pesquisas espaciais da NASA. Ele me contratou para trabalhar no projeto de campos profundos e fiquei lá cinco anos, mas já afiliada à Catholic University, em Washington (DC). Em 2008, fui contratada pela universidade para ser professora e dividi meu tempo entre os dois lugares. Já são 15 anos de colaboração utilizando as imagens profundas do Hubble. Hoje, vou pouco à NASA Goddard devido às minhas funções de vice-reitora da Catholic University, mas continuo com a colaboração que resulta em vários artigos e projetos. Também faço parte da comissão que avalia os pedidos de fundos para o Hubble. Decidimos a quantia que os pesquisadores


Fotos: Paulo Pepe

“É preciso estimular aqueles que têm talento, curiosidade e interesse em astronomia a não desistirem do sonho”


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ENTREVISTA

receberão para realizar os projetos com sucesso. BC Atuando na NASA, quais foram as suas principais descobertas? DM Quatro projetos podem ser considerados os de maior sucesso. O primeiro foi o chamado Starburst99, que me levou para o instituto do Hubble e me deu o reconhecimento como pesquisadora internacional. Nossa equipe fez um software, muito utilizado pela comunidade astronômica, que analisa as populações estelares das galáxias. O segundo projeto é o de bolhas azuis, em que utilizei o Hubble para verificar bolhas ultravioletas que tinha detectado com um outro satélite, o Galex. Quando olhamos na imagem do Hubble, verificamos que, naquela região, havia alguns berçários de estrelas jovens. Isso é importante porque mostra estrelas formadas do lado de fora de galá-

xias, que depois explodirão e enriquecerão o meio intergaláctico com elementos químicos. O terceiro projeto se deu em colaboração com um estudante de doutorado brasileiro, Rafael Eufrásio, que, na ocasião, estava trabalhando comigo utilizando várias imagens de uma galáxia que tinha sofrido colisão. Descobrimos que essa galáxia, conhecida como NGC 6872 e batizada de Condor, é uma das maiores galáxias espirais do universo. O quarto projeto ainda está em andamento e foi parte da tese de doutorado de uma outra estudante, Amy Soto, que pesquisou as imagens ultravioletas profundas com o Hubble. Com essas imagens, foi possível medir, pela primeira vez, as regiões ultravioletas em galáxias há sete bilhões de anos-luz. Estamos investigando se essas galáxias podem ser progenitoras de galáxias como a nossa, a Via Láctea.

“Com o James Webb, poderemos ver as primeiras galáxias e, finalmente, entender como o universo evoluiu depois do Big Bang” 22 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

BC Atualmente, qual é o foco dos projetos da NASA? DM A NASA atua em muitas áreas de pesquisa, desde o sistema solar até a cosmologia. Dos projetos do sistema solar, destaca-se o da exploração da lua de Júpiter, Europa, e um robô que irá a Marte colher amostras e retornar à Terra. Um dos maiores projetos de todos os tempos da NASA é o novo telescópio espacial James Webb. BC O que você poderia nos contar sobre o James Webb? DM É o atual projeto da NASA de maior investimento. Foram US$ 10 bilhões e muitos atrasos desde 1996. Atualmente, estamos nos programando para 2020. Ele ficará a 1,5 milhão de quilômetros da Terra e protegido por uma tela de cinco camadas de um material que está sendo inventado para isto. A tela é do tamanho de uma quadra de tênis, ficará


“Na NASA, faço parte da comissão que avalia os pedidos de fundos para o Hubble. Decidimos a quantia que os pesquisadores receberão para realizar os projetos com sucesso”

dobrada dentro do foguete e deverá abrir sozinha no espaço. Este é só um dos desafios. O espelho de 6,5 m de diâmetro teve de ser dividido em 18 miniespelhos, que se dobrarão para poder entrar no foguete Ariane. Tivemos de inventar uma forma de alinhar estes miniespelhos quando estiverem desdobrados no espaço. Imagine a precisão disto e tudo que será feito roboticamente. Esses instrumentos mostrarão, pela primeira vez, os confins do universo, uma região que não pode ser explorada pelo Hubble, que, além de menor, não tem câmeras infravermelhas. Poderemos ver as primeiras galáxias, as primeiras estrelas e, finalmente, entender como o universo evoluiu depois do Big Bang. Poderemos ver também o que acontece dentro das nuvens de poeira. As estrelas e seus planetas nascem dentro dessas nuvens e será incrível entender melhor isso e saber como o nosso sistema solar se formou. BC O James Webb substituirá o telescópio espacial Hubble? DM O James Webb é o sucessor do Hubble, mas não tem a mesma finalidade, porque será muito maior e verá apenas a luz infravermelha. O Hubble não será desativado por causa do James Webb. Ele deve ficar observando até 2025 ou terminar antes, se houver alguma falha nos seus equipamentos. Como não temos

mais ônibus espaciais, não podemos subir até lá para consertá-lo. BC Com tantos estudos e descobertas, aquele questionamento trivial sobre “existe vida humana além do planeta Terra” ainda segue sem resposta? DM Infelizmente, sim. Estamos procurando, mas até agora não encontramos evidência de qualquer forma de vida em outro lugar fora da Terra. Muitos acham que tem ET escondido pela NASA, mas tenho certeza de que não, pois esta é uma das suas missões. Aliás, seria muito difícil manter segredo, já que a NASA colabora com tantas pessoas no mundo inteiro. Com certeza, a notícia vazaria. BC Em 2009, você escreveu o livro Vivendo com as Estrelas, para motivar os jovens a seguirem a carreira científica. Como analisa o interesse dos jovens nessa área? DM O jovem se interessa bem cedo pela ciência, mas se desmotiva com o tempo ou nem se questiona em fazer ciência como carreira. Isso é um problema mundial, não apenas brasileiro. Escrevi o livro para mostrar que a astronomia é uma carreira possível e estimular aqueles que têm talento, curiosidade e interesse a não desistirem do sonho. Hoje, já existe uma geração de jovens cien-

tistas e muitas mulheres que leram o Vivendo com as Estrelas , confiaram e seguiram a carreira. Estou apenas esperando o dia em que eles serão os líderes da ciência brasileira. É só uma questão de tempo. BC Você também é idealizadora do projeto social Associação Mulher das Estrelas (AME), que promove a ciência e tecnologia como carreiras para os jovens brasileiros em geral e não apenas para “gênios”. Conte-nos como está esse projeto e os resultados até o momento. DM A AME nasceu há quatro anos, logo depois que fui premiada como a Profissional do Ano de 2014. Foi um momento de reflexão em que resolvi dar um retorno para o Brasil pelo investimento feito na minha educação, já que fiz bacharelado na UFRJ, mestrado no INPE e doutorado na USP. Hoje, visito escolas e faço um programa de mentoria com crianças que querem estudar ciências. Desde junho de 2015 até dezembro de 2017, já foram 19 viagens e mais de 30 palestras. Em junho de 2017, ganhei um presente incrível que justifica todo este esforço. O professor Carlos Vasque, de Campo Grande (MS), contou-me que o Clube de Astronomia da escola onde leciona foi nomeado Clube de Astronomia Duília de Mello (CADM). 7 898357 410015

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] Imagens: iStock/GS1 Brasil

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Saída inteligente Por Denise Turco

Conheça as soluções de automação que ajudam a resolver as principais ‘dores’ enfrentadas pelas empresas no dia a dia dos negócios


A automação é forte aliada dos negócios. Prova disso é que, hoje, há soluções disponíveis no mercado que se encaixam em qualquer orçamento e proporcionam resultados sempre positivos, com operações otimizadas, lucrativas e sustentáveis. As soluções tecnológicas contribuem para o bom desempenho de toda a cadeia de abastecimento, ajudando na redução de gastos, na melhoria da gestão de produtos e serviços e da produtividade. Também auxiliam a mirar o futuro, vislumbrando avanços e inovações nos negócios. Entretanto, alguns empresários ainda veem as ferramentas tecnológicas como

um custo alto ou, por questões culturais, o assunto tende a ser encarado com resistência entre os gestores, que têm receio das mudanças que essa aposta pode gerar. Para ajudar aqueles que têm dúvidas recorrentes sobre as diversas soluções tecnológicas disponíveis no mercado, a GS1 Brasil, que atua como um elo entre as empresas e provedores de soluções, levantou os principais problemas e os impactos da automação na resolução dessas “dores” que acompanham o dia a dia das empresas. Confira, a seguir, algumas tecnologias de gestão da informação, comunicação e captura de dados.

PROBLEMA: automatizar a aplicação de etiquetas nas embalagens e reduzir custos Muitas indústrias e centros de distribuição usam a impressora térmica de mesa para imprimir os rolos de etiquetas, que, posteriormente, são aplicadas manualmente por um operador na embalagem. Isso pode gerar erros e, até mesmo, gastos adicionais desnecessários, imprimindo uma quantidade de etiquetas diferente da quantidade de produtos fabricados.

SOLUÇÃO Uma solução disponível no mercado é a aplicadora de etiquetas com impressora acoplada, também conhecida como print & apply. Trata-se de um equipamento que é instalado diretamente na linha de produção e, por meio de um sensor, à medida que o produto se aproxima, ela imprime e aplica a etiqueta correta, com dados como código de barras, lote, descrição do produto, logotipo, etc. Esse tipo de impressora serve para diferentes tipos de embalagens: sacos de papel ou plástico, caixas, fardos, cartuchos, displays, etc. A print & apply recebe dados do sistema de gestão da empresa e imprime as etiquetas exatamente conforme o volume produzido, sem sobras. “Outra vantagem é a rastreabilidade. A empresa sabe o momento que o produto passou na linha de produção. Se ocorrer um problema, é possível verificar e tomar providências, como refazer o produto ou trocar a etiqueta”, esclarece o gerente de produto da Sunnyvale, João Fortes. A Sunnyvale representa duas fabricantes desse tipo de equipamento: a Foxjet (para linhas de produção mais lentas) e a Domino Printing (para linhas de maior velocidade e melhor performance). “Geralmente, o investimento na máquina se paga em seis meses, devido à economia de custo com o processo de etiquetagem e redução de até 35% com salários, além da melhor produtividade”, afirma.

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PROBLEMA: automatizar o controle da operação logística Em geral, a operação logística de uma empresa é bem complexa devido a grande quantidade de produtos, especificidades das mercadorias e também características dos clientes. Assim, é comum o desconhecimento da quantidade exata de produtos em estoque, o que ocasiona tomada de decisões erradas, perdas e falta de controle das datas de validade dos itens. Também ocorrem expedição de itens errados e atrasos nas entregas que geram alto custo de reposição ou troca do pedido, além da insatisfação do cliente.

SOLUÇÃO Atualmente, é impossível fazer a gestão de um depósito sem u t i l i z a r u m W M S ( Wa r e h o u s e Management System ou Sistema para Gerenciamento de Armazém). O controle no papel, ou com aquele funcionário mais antigo que sabe tudo, não garante uma gestão eficaz e pode gerar erros. O WMS é um sistema que melhora a disponibilidade do espaço dentro do armazém, com a possibilidade de identificar produtos vencidos ou fora de catálogo e que estão ocupando espaço desnecessário. “A empresa que decide implementar um sistema de WMS precisa fazer uma rigorosa organização, que começa pelo layout do estoque até a definição dos fluxos de operação e particularidades a serem assumidas na execução de processos do sistema”, explica o diretor de projetos da MHA Sistemas, Marcio Morari. A MHA, por exemplo, desenvolveu uma ferramenta em plata-

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forma cloud, já operando em datacenter e podendo ser instalada e acessada em qualquer lugar. Desse modo, as empresas podem contratar a modalidade SaaS (Software as a Service), ou aluguel da ferramenta, sem a necessidade de investimento em licenças ou máquinas físicas, tendo a disponibilidade de 100% do sistema. A solução possibilita fazer a gestão do estoque ou centro de distribuição, além do gerenciamento e controle de estoques em poder de terceiros. Assim, é possível acompanhar desde o estoque, entrega e coleta, logística reversa, passando pelo ressuprimento até o abastecimento automático dos pontos de venda. Outra possibilidade são os serviços como os da TWx, que desenvolveu um sistema que funciona com coletores de dados sem fio rodando numa rede Wi-Fi, coletando dados do estoque em tempo real. A solução gera etiquetas adesivas

com layout customizável, com código de barras 1D, 2D e RFID nos padrões GS1. O sistema é modular, o que permite um menor investimento e uma implementação mais rápida. A solução, que pode integrada aos mais diversos ERPs (sistemas corporativos) e bancos de dados, abrange todas as etapas do processo logístico. Ao utilizar um WMS, a empresa consegue aumentar a produtividade e a competitividade, pois, com o uso de sistemas e coletores de dados, os processos fluem com rapidez e precisão. Para quem opera no e-commerce, é uma ferramenta essencial, pois ajuda a separar e entregar o pedido correto e rapidamente para o cliente. “A acuracidade das entregas, com geração das evidências das separações e conferências de entregas, é outro benefício que o WMS proporciona”, completa o diretor-geral da TWx, Jorge Miakawa.


PROBLEMA: automatizar a troca de informações entre parceiros de negócios Há várias dificuldades quando se pensa na comunicação entre empresas que precisam trocar informações comerciais e logísticas. Em geral, elas até compartilham alguns dados, mas não de maneira automatizada. Em geral, essa troca ocorre por e-mail ou telefone, sem uma base unificada dentro da empresa que permita fazer um acompanhamento mais preciso. Por razões culturais, as organizações hesitam em compartilhar dados e trabalhar em um nível alto de colaboração. Por exemplo: sem saber os dados de venda do varejo ao consumidor, a indústria não consegue fazer uma análise preditiva e continua a gestão pelo sell in (venda para o atacado/varejo) em vez de fazer pelo sell out (venda ao cliente final), que é a mais adequada.

SOLUÇÃO

Para fazer o intercâmbio de informações de negócios de forma rápida, segura e eficiente, o EDI (Electronic Data Interchange ou Intercâmbio Eletrônico de Dados) é uma boa solução. ““No Brasil, a adoção desta ferramenta começou nos anos 1990 e, hoje, a tecnologia atingiu um nível de maturidade, tornando-se essencial para os desafios da revolução digital. É preciso ter um bom fluxo de informações, o que o EDI ajuda muito, para utilizar big data, analytics e Internet das Coisas”, diz o diretor comercial da Edicom Brasil, William Pascheti. E quais dados as empresas podem trocar por meio dessa ferramenta? Pedidos, boletos bancários, catálogo de produtos, aviso de expedição, inventários de estoque e vendas, entre outros. O EDI permite que as companhias obtenham qualidade de transferência de dados de maneira mais ágil quando comparada à troca de e-mails ou uma ligação telefônica. As informações são transmitidas eletronicamente, reduzindo custos de processar, preencher e enviar documentos pelo correio, por exemplo. Outra vantagem é que

as informações são padronizadas em nível global. Neste caso, o padrão GS1 é o EDIFACT. Segurança é outro ponto importante, afinal podem surgir dúvidas a respeito da confiabilidade dessa troca eletrônica de informações. Nesse sentido, a recomendação de Pascheti é procurar provedores que tenham certificações e garantam que os dados sejam criptografados e intercambiados de maneira íntegra e sem manipulação. Outro atrativo está no custo, que hoje é mais acessível do que no passado. Já é possível encontrar soluções que funcionam por meio de plataforma web, que é mais simples e fácil de utilizar e requer um investimento menor. Pesquisa da Forrester indica que o EDI agiliza em mais de 60% o ciclo de negócios das empresas porque as informações são enviadas em minutos, e não em dias. Ocorre também uma redução da ordem de 30% a 40% de erros no processamento das informações. “Estima-se que o custo de processamento manual de pedidos gira em torno de R$ 100 por pedido. Já com o EDI, este custo cai para R$ 5”, completa Pascheti.

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PROBLEMA: garantir visibilidade entre empresas parceiras As indústrias sentem falta de informações precisas sobre a performance dos produtos nos varejistas e distribuidores, o que pode gerar indisponibilidade ou excesso de estoque de mercadorias nas prateleiras. Já na relação entre indústrias, varejistas, distribuidores e e-commerce, falta padronização e atualização das informações e das imagens dos produtos. Há, também, uma dificuldade em monitorar a variação de preços em relação aos concorrentes e inconsistências de suprimento e distribuição.

SOLUÇÃO Investir em soluções de visibilidade é um caminho que permite, a partir do monitoramento dos indicadores, tomar decisões imediatas para reduzir faltas (ruptura) e excessos de estoque, aumentar a disponibilidade de produtos nos pontos de venda ou e-commerce, aumentar o giro de estoque e otimizar o mix de produtos. “Consequentemente, a empresa consegue liberar caixa, aumentar o retorno sobre o valor investido em estoque e também ampliar as vendas”, afirma o diretor de produto da Neogrid, Dionaldo dos Passos. A Neogrid, por exemplo, desenvolveu a solução Visibilidade do Varejo – RI, que fornece à indústria o monitoramento de es-

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toque e vendas dos varejos, com informações concretas sobre a performance dos produtos. Permite planejar ações de venda, aumentar o giro de estoque, estimular a produção, criar promoções e detectar oportunidades de negócio. Já a Visibilidade do Distribuidor – DI possibilita à indústria a leitura dos dados de estoque e vendas dos distribuidores, a positivação e a força de vendas para melhorar a distribuição de estoques e o nível de serviço das empresas. Há, ainda, a Visibilidade do E-commerce, que padroniza as informações e imagens dos produtos de acordo com as definições da indústria, além de otimizar a presença on-line da marca.


PROBLEMA: novas formas de promover um produto Há várias formas tradicionais de divulgar um produto ao consumidor, mas as empresas têm, cada vez mais, buscado novas alternativas a essas ferramentas, aproveitando as vantagens que o digital possibilita.

SOLUÇÃO Um alarme para chamar a atenção do consumidor. Essa é a função de um beacon, tecnologia de captura de dados que o varejo pode utilizar para divulgar produtos e ações promocionais no momento em que o cliente estiver na loja física. “Sabe aquele locutor que fica na loja com microfone divulgando as ofertas? O beacon seria o equivalente a esse locutor, pois tem a mesma função de promover os produtos, mas, em vez de escutar, o consumidor é notificado sobre esse tipo de

informação diretamente no celular quando ele está próximo da gôndola do produto em questão”, explica o diretor-técnico da BicData, Caio Oliveira. O estabelecimento pode utilizar diversos beacons, que também ajudam a verificar os pontos quentes da loja. No Brasil, essa solução ainda é pouco conhecida. No entanto, há boas perspectivas para que cresça no futuro, especialmente no setor de supermercados. “Cada vez mais os varejistas estão criando aplicativos para

os clientes, que agora já começam a ter o costume de usar o celular no momento da compra. Isso vem beneficiar o uso dos beacons”, aposta o executivo. A BicData representa alguns fabricantes de beacon e auxilia na integração do equipamento com os apps das lojas.

PROBLEMA: reduzir as filas e agilizar os pagamentos no checkout A automação do caixa da loja é um grande desafio para as empresas, especialmente as pequenas e médias. Os estabelecimentos podem até ter algum tipo de automação no caixa, mas, geralmente, não se trata de uma solução integrada e com os equipamentos corretos. Por exemplo: um caso real é o de uma padaria usando um leitor de código de barras específico para bancos.

SOLUÇÃO É preciso investir em uma solução integrada de checkout, que envolve vários componentes: emissor de cupom fiscal, monitor e leitor de código de barras. “A solução de checkout é como uma camisa feita sob medida, adapta-se ao negócio e cresce se precisar, com serviços de valor agregado. A solução dá maior velocidade para o atendimento e ajuda o fidelizar os clientes”, pontua Ricardo Oliveira, diretor comercial da Tecexpert Brasil, empresa que atua como integradora. Segundo ele, há vários fatores que vão além da tecnologia, mas que são

essenciais para um bom funcionamento do checkout. Por exemplo, ter a loja organizada e atendentes treinados para que a experiência do cliente seja rápida. Outro ponto fundamental é que todos os produtos, até mesmo os fracionados, tenham código de barras. “Se mais de 90% dos produtos tiverem código de barras, é possível ampliar a velocidade de atendimento no caixa em 32%”, demonstra o executivo. Além disso, afirma, com a solução integrada de ponto de venda, as lojas obtêm uma melhoria de controle de faturamento de 18%. 7 898357 410015

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Abraçando um propósito

Imagens:iStock

MARKETING

Por Flávia Corbó

Marketing de causas ganha espaço entre as empresas a fim de atender um consumidor que deseja não apenas comprar, mas se relacionar com as marcas 30 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Marco Aurélio Giannelli, da AlmapBBDO Resultados do marketing de causas vêm a longo prazo, criando relação forte entre consumidor e marca

BASE SÓLIDA O marketing de causas tem, basicamente, dois propósitos: melhorar o desempenho da companhia e apoiar uma causa social. Cada participante do processo – empresa, consumidor, causa – tem seus próprios objetivos e deve obter benefícios na transação. Segundo a pesquisa realizada pela ESPM, a construção de um MRC pode

ser tática, isso é, tem prazo determinado e a empresa aborda uma causa com propósito definido; ou ser estratégica e desenvolvida a longo prazo, com uma causa relacionada à marca ou ao posicionamento da empresa. Essa sinergia entre os valores da corporação e a causa abraçada é fundamental. “A cultura da empresa é o guarda-chuva do marketing de causas. Tem de vir do ‘coração’ e realmente conectar a organização e o seu ecossistema de clientes e parceiros”, destaca Hoe, da Salesforce. Caso o consumidor perceba uma incoerência entre a causa defendida e as ações efetivas da empresa, o efeito pode ser contrário. “Essa preocupação social está cada vez mais presente, mas não adianta ficar só no discurso. Hoje em dia, com as redes sociais, você vai ser cobrado se não fizer nada efetivo pela causa. O discurso tem de vir acompanhado da prática”, alerta o diretor da criação da AlmapBBDO, Marco Aurélio Giannelli, também conhecido como Pernil. O formato do apoio a uma determinada causa pode ser variado, desde

Fotos: Divulgação

Em meio a todas as revoluções trazidas pela internet, há uma mudança significativa na dinâmica de decisão de compra. Com acesso a um universo de informações, disponíveis na tela do smartphone, o consumidor não se contenta mais em apenas adquirir um produto ou serviço de qualidade. A era do cliente conectado criou um cenário de consumo consciente e crítico. Uma pesquisa realizada pela ESPM, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, a Ipsos e a Smiles, confirma essa mudança de comportamento. Desenvolvido entre maio e novembro de 2017, o estudo levantou que 82% dos entrevistados acham muito importante que a empresa que vende o produto ou serviço demonstre um alto grau de responsabilidade social; e outros 92% querem que as companhias contribuam mais com a sociedade e prestem atenção ao meio ambiente. “O consumidor não quer só resolver um problema com um produto ou serviço. Ele busca, cada vez mais, compartilhar dos mesmos valores de uma empresa e se relacionar com uma marca com a qual ele se identifica”, afirma o diretor de marketing da Salesforce para América Latina, empresa que fornece soluções de software de CRM na nuvem, Daniel Hoe. Devido a esse interesse crescente por parte do consumidor, a companhia aponta o marketing de causas como uma das tendências de mercado mais fortes dos próximos anos.

De acordo com definição do Centro ESPM de Desenvolvimento Social, a união de empresa, Organização Não Governamental (ONG) e consumidor no apoio a uma causa social, beneficiando todos os envolvidos, é a base do conceito de Marketing Relacionado à Causa (MRC), criado na década de 1970, mas que ganhou força recentemente devido à exposição que as marcas ganharam em tempos de redes sociais. Um exemplo clássico no País é o McDia Feliz, campanha coordenada pelo Instituto Ronald McDonald, que mobiliza a sociedade para a cura do câncer infantojuvenil e beneficia diversas instituições. Outra iniciativa consolidada é o projeto Adotar é Tudo de Bom, trazido há dez anos para o Brasil pela Mars Petcare. Revertendo parte do valor da venda dos alimentos Pedigree ao programa, a empresa promove treinamentos para capacitação de ONGs de apoio a animais abandonados, ajuda com fornecimento de alimentação e distribui materiais para subsidiar feiras de adoção no Brasil. “Nasceu como um projeto pontual, mas ganhou adesão de nossas equipes, parceiros e dos consumidores. Hoje já ajudou mais de 70 mil cães abandonados a encontrarem um lar”, conta o gerente de marketing da categoria cães da Mars Petcare, Valdir Nascimento.

Daniel Hoe, da Salesforce Causa deve conectar a empresa e seu ecossistema de clientes e parceiros

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que tenha uma mecânica didática, na qual o consumidor saiba onde e como seu investimento é utilizado. Uma das possibilidades é que a empresa destine um percentual das vendas de um produto para a causa. Outro caminho é quando organizações sociais licenciam o uso da marca. Também é possível trabalhar apenas com a disseminação de mensagens, ou seja, a empresa não investe dinheiro, mas sensibiliza os consumidores para atuar na causa. RELAÇÃO MAIS FORTE Quando bem planejado e construído, o marketing de causas pode trazer inúmeros benefícios à empresa e à sociedade. Um bom trabalho ajuda a melhorar a imagem da corporação e da marca, reter e aprimorar o relacionamento com consumidor, aumentar visibilidade, além de reduzir a sensibilidade a preço. “Esses resultados são difíceis de mensurar, mas você acaba tendo um retorno de imagem muito grande. As pessoas começam a preferir as marcas pelas quais desenvolvem uma maior empatia. Pode não mudar a curva de vendas no próximo fim de semana, mas o consumidor começa

a criar uma relação mais forte com a marca”, analisa Gianelli. O público interno também tende a se tornar mais engajado, conforme identificou um estudo realizado pela Salesforce. A pesquisa, conduzida pelo The Economist Group, destaca que 79% dos funcionários abaixo do nível de gerência prefeririam comprar produtos de uma companhia que tenha um propósito social e 72% teriam orgulho de ser clientes de uma empresa assim. A percepção dos próprios colaboradores em relação ao desempenho financeiro de suas empresas com propósito é melhor do que a média de mercado. O estudo da Salesforce aponta que 58% dos executivos em companhias com propósito qualificam seus resultados como fortes ante 42% das outras empresas. Ainda que o apoio legítimo a uma causa não deva ter um viés econômico, o melhor desempenho de uma companhia engajada acaba sendo uma consequência do bom posicionamento perante à sociedade. Há alguns anos, a Pedigree lançou um comercial que incentivava a adoção de cachorros e explicava que parte da venda das rações da marca eram destinadas a abrigos

Imagem: Divulgação

MARKETING

Marca engajada Nova campanha da Mars Petcare dá orientação sobre os cuidados com cães que perderam a visão que cuidam de animais abandonados. “Foi o mais bem avaliado na história da categoria em pesquisas com consumidores. Esse comercial foi veiculado em TV aberta e trouxe impacto positivo em nossas vendas”, lembra Nascimento. 7 898357 410015

Dicas para adotar o marketing de causas em sua empresa: que o marketing de causas pode ser tático (com prazo determinado e uma •causaLembre-se com propósito definido) ou estratégico (desenvolvido a longo prazo com uma causa relacionada à marca ou ao posicionamento da empresa).

Crie um manual de boas práticas para garantir a aplicação correta do marketing de causas. O processo deve ter início pelo engajamento do público interno no planejamento, execução e comunicação. do apoio a uma determinada causa pode ser variado, desde que seja claro •paraO formato o consumidor. Por exemplo, destine um percentual das vendas de um determinado produto para a causa ou divulgue mensagens que sensibilizem os consumidores. Fonte: Centro ESPM de Desenvolvimento Social

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Fotos: Gerson Lima/Divulgação

PERFIL

Servindo sabor e história Por Juliana Jadon

Conheça o Madero, uma das redes de alimentação que mais cresce no País Paixão pelo cheeseburger e vontade de executar a receita perfeita. Foi com essa motivação que Junior Durski fundou o Madero, rede de alimentação que faturou R$ 510 milhões em 2017, 67% a mais do que em 2016. Como chef e presidente da empresa, Durski tornou seu sonho de menino, realidade. A história do hambúrguer do Madero, reconhecido como um dos melhores no Brasil, começou quando o empresário foi em busca do que seria o cheeseburguer perfeito. Viajou aos Estados Unidos e experimentou diversas variações do sanduíche em mais de 70 restaurantes. “Voltei com uma ideia clara do que fazer: encontrar a melhor receita e a combinação ideal dos ingredientes, todos sem adição de con-

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servante – pão crocante, fresquinho e assado na hora, queijo cheddar, alface e tomate frescos, maionese artesanal e hambúrguer com 85% de carne e 15% de gordura”, conta. Ele parece ter acertado na receita. No ano passado, a rede consolidou sua presença em 13 Estados e 62 cidades do País com unidades próprias. Ao longo de 2017, foram inaugurados 18 restaurantes do modelo Container, que são containers reciclados instalados em estradas ou grandes avenidas. O cardápio é enxuto e os pedidos devem ser feitos no balcão. Já o formato Steak House, um restaurante maior, com garçons e que oferece todo o cardápio do Madero, ganhou 11 novas unidades. Por fim, a empresa

abriu uma nova unidade do Burger, formato de hambugueria tradicional. O Madero possui uma cozinha central em Ponta Grossa (PR), que produz 2 milhões de hamburgueres/mês, além de outros alimentos, para abastecer toda a rede. Os produtos chegam aos restaurantes por meio de uma frota própria de 22 caminhões. A empresa possui 3,7 mil funcionários e promove treinamento na Escola Madero, em Curitiba (PR), com foco na qualidade no atendimento ao cliente. O INÍCIO Quem vê o crescimento exponencial do Madero não imagina a origem humilde de seu fundador, natural de Prudentópolis (PR). Mas


Receita de sucesso O hambúrguer gourmet do Madero deu fama à rede

foi em Machadinho D´Oeste, em Rondônia, que Durski pegou gosto pela cozinha. Afinal, durante 15 anos viveu nesta cidade, onde trabalhou como madeireiro – uma época difícil e de muito aprendizado em uma região de garimpo e madeira, que tinha pouco a oferecer, havia violência e proliferação de doenças tropicais. Durski pegou malária algumas vezes. “Quando voltei para Curitiba, decidi abrir um restaurante, mas continuei como trader de madeira. O restaurante existe até hoje e serve comida internacional. Algum tempo depois, decidi comprar a casa vizinha e transformá-la em uma hamburgueria”, conta. Dessa forma, em 2005, o Madero começou sua história. Nos primeiros anos, Durski, um autodidata na cozinha, revezava-se entre o hambúrguer e a madeira. Os restaurantes estavam bem localizados e recebiam boas avaliações dos clientes, porém eles não eram muitos. “Depois de uma análise profunda do perfil do nosso cliente, percebemos que o problema estava no preço”, afirma Durski. A operação foi então ajus-

tada e os valores cobrados caíram 40%. “Essa foi a grande virada. Em dois meses, aumentamos as vendas em 500%. Em 2011, deixei a madeira e passei a me dedicar 100% ao novo empreendimento. Foi quando o negócio começou a crescer”, descreve. Para se ter uma ideia, a rede saltou de 6 unidades, em 2011, para 110 unidades, em 2017. A estratégia de expansão não ficou apenas em solo brasileiro. Com um restaurante em Miami, a intenção é de, no futuro, crescer nos Estados Unidos também. CRESCIMENTO Segundo o presidente da empresa, o Madero vai continuar sua expansão em 2018, com previsão de inauguração de 29 novos restaurantes, sendo 15 no modelo Container e 14 no Steak House. A expectativa é atingir faturamento de R$ 1,1 bilhão em 2018. Neste primeiro semestre, o grupo já abriu duas novas marcas focadas no público das praças de alimentação dos shopping centers, que busca uma refeição rápida com preço atrativo. O restaurante Vó Maria

chegou com a proposta de oferecer dois pratos: lombinho à parmegiana e milanesa de lombinho, receitas da avó de Durski. Já A Sanduicheria trabalha com nove opções de sanduíches servidos na baguete. Ambas marcas foram inauguradas no Shopping Mueller, em Curitiba, e trazem uma inovação: totens de autoatendimento, nos quais o consumidor faz as escolhas, fecha o pedido e efetiva o pagamento via cartão de crédito ou dinheiro. A empresa planeja lançar, em breve, uma terceira marca. Para o empreendedor, o segredo do sucesso da companhia está na qualidade, que vai desde o atendimento até a execução dos pratos. “Apostamos também na verticalização dos processos como caminho para assegurar o controle de qualidade desejado. A gestão verticalizada da produção, engenharia e logística nos permite maior autonomia, maior lucro, maior controle e completo domínio da tecnologia”, aponta. Para aqueles que sonham com uma trajetória de sucesso, Durski dá algumas orientações. “O empreendedor precisa ter em mente que terá de trabalhar muito. Não acredito em talento, em inteligência superior, em sorte. Mas acredito em trabalho duro. Com dedicação, o negócio tem muito mais chances de dar certo”, aposta.

Foto: Guilherme Puppo

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Junior Durski, chef e presidente do Madero “Não acredito em talento, em inteligência superior, em sorte. Acredito em trabalho”

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Fake News

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JOGO RÁPIDO

Imagem:iStock

Fato! É tudo mentira! Por Kathlen Ramos

Criando realidades paralelas, as fake news, ou notícias falsas, podem prejudicar o ambiente corporativo ou “manchar” a imagem de uma empresa O termo fake news, que, em português, pode ser traduzido como “notícias falsas”, começou a ganhar evidência na época das Eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2016. São muitos os que afirmam, inclusive, que a vitória de Donald Trump foi reflexo de informações inverídicas, plantadas na mídia, e que induziram a população a favor do candidato. A alguns meses das Eleições no Brasil, o País também começa a se preocupar com o tema que, aliás, já saiu da esfera política e começou a atingir o universo corporativo. Um bom exemplo de como as mentiras podem ser prejudiciais às empresas é o caso da PepsiCo, que se deu também durante a campanha eleitoral de 2016, nos Estados Unidos. Na ocasião, os simpatizantes de Trump decidiram boicotar todos os produtos da marca. A justificativa? Uma suposta declaração do CEO da empresa, Indra Nooyi, dizendo que toda a equipe da companhia estava de luto e chorando após a vitória de Trump e, ainda, pedindo para que os fãs do presidente comprassem produtos de outra marca. Entretanto, essa declaração nunca foi dada.

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Fatos como esse e tantos outros que têm surgido fazem com que empresários estejam mais atentos, embora ainda não seja dada a devida importância ao tema. A pesquisa “Fake News: Desafios das Organizações”, desenvolvida no início do ano pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), constatou que o assunto preocupa 85% dos representantes das empresas. Entretanto, 67% das corporações não têm as fake news incluídas nos temas estratégicos; e apenas 20% dizem ter estruturado o departamento interno para acompanhar e gerir as publicações que envolvem notícias falsas. Nesse sentido, o especialista em comunicação empresarial João Fortunato explica como proteger os negócios das notícias falsas e como elas podem trazer riscos aos resultados. Fortunato, que também é consultor especialista em gestão de crise e diretor da R&F Comunicação Corporativa, faz um alerta: “As fake news podem afetar de forma grave os negócios, reduzindo as vendas e até ‘matando’ uma marca”, diz. Acompanhe a entrevista.


Foto: Divulgação

“Empresas que conduzem os seus negócios de forma transparente e adotam posturas éticas são menos suscetíveis às fake news” João Fortunato, consultor em gestão de crise

Como as fake news costumam ser geradas nas empresas? Qual tende a ser a motivação dos autores? Notícias inverídicas e manipulação da verdade sempre existiram em todas as atividades – na política, na área esportiva, artística e corporativa. É difícil apontar uma motivação específica. Elas são inúmeras e extremamente variadas. Sempre haverá beneficiados e prejudicados com a informação mentirosa passada adiante de forma deliberada, até que a verdadeira venha à tona. O velho boato, por exemplo, tão comum nas empresas, antes ficava circunscrito ao grupo relacionado a ele e, quando vazava, avançava pelo entorno. Mas, agora, ganha força com a redes sociais, gerando um risco maior e mais grave. Que tipo de prejuízos elas podem trazer para os colaboradores e para a imagem da companhia? As notícias inverídicas geram prejuízos sempre! Com o surgimento das redes sociais, as notícias falsas se expandem com o seu compartilhamento. Consequências para os colaboradores, não raro, dependem do impacto dessas fake news nas empresas. As fake news podem afetar de forma grave os negócios, reduzindo as vendas e até “matando” uma marca. De que forma a evolução digital facilita essas ações? As redes sociais podem ser responsabilizadas? A manipulação de informações e a criação de notícias falsas não são novidades. O que difere de ontem para hoje é que, com as redes sociais, elas ganham velocidade, volume e abrangência e, consequentemente, podem gerar um dano muito mais grave. Por tudo isso, as empresas, de forma preventiva, devem acompanhar com atenção as ocorrências nas redes sociais. Mas o problema não é a evolução digital nem as redes sociais, mas os seres huma-

nos mal-intencionados que se utilizam destes meios para fins inadequados. Qual a melhor forma de as empresas descobrirem a origem das fake news? Não é fácil descobrir a origem e/ou a motivação de uma notícia mentirosa. Pode nascer de uma brincadeira indevida, que ganha ares de seriedade; da interpretação errada de qualquer informação; e mesmo de má intenção de alguém. Como as organizações podem se proteger contra elas? Empresas que conduzem os seus negócios de forma transparente e adotam posturas éticas em todas as suas atividades são menos suscetíveis às fake news. Esta postura deve permear a empresa da base ao topo da pirâmide. Caso uma fake news seja divulgada, como a companhia deve proceder para relatar a verdade de forma efetiva e com o menor prejuízo ao negócio? Deve usar os mesmos meios de propagação da notícia falsa para corrigi-la, expressando a verdade. Em tese, estará impactando o mesmo público. O tempo e a contundência da resposta podem definir o “tamanho” do prejuízo. A resposta, que envolve a avaliação atenta do cenário, deve ser imediata, assim que a empresa tomar conhecimento e confirmar o fato. Pequenas e médias empresas também devem se preocupar com as fake news? Tal qual às grandes empresas, é importante, sim, ficarem atentas, pois esta possibilidade, ainda que mínima, sempre existirá. 7 898357 410015

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OPINIÃO

Padrão de saúde América Latina abre espaço para o uso de padrões no setor de saúde a fim de melhorar os processos e garantir a segurança do paciente

Foto: Arquivo

‘ Marcelo Sá,

executivo de negócios da GS1 Brasil

A cada dia os avanços da ciência e da tecnologia apoiam a atuação dos profissionais de saúde, colaborando para oferecer tratamentos mais eficazes. Por trás de todos os processos do setor, o uso de padrões GS1 torna-se cada vez mais estratégico para tornar a gestão mais eficiente, ajudar na identificação de casos de desvio de qualidade de medicamentos e dispositivos médicos (falsificações, extravios, produtos vencidos, etc.), proporcionar visibilidade em toda a cadeia e, principalmente, aumentar o nível de segurança dos pacientes.

Toda cadeia da saúde, incluindo órgãos reguladores, está adotando e recomendando os padrões GS1 em seus regulamentos e processos de negócios Dessa forma, garante-se uma máxima do setor que são os “5 certos”: paciente certo, medicamento certo, via certa, dose certa e hora certa. Atualmente, ganha força em todo o mundo o debate e a adoção de padrões para fazer a rastreabilidade e o controle de medicamentos e produtos de saúde, inicia-

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tiva que demanda uma intensa colaboração entre fabricantes, atacadistas, distribuidores, provedores de soluções, órgãos reguladores e profissionais do setor. Nesse sentido, a América Latina vem ganhando evidência por conta de demandas crescentes da região, como o aumento dos custos na área de saúde, a necessidade de cuidados médicos especializados e a rastreabilidade de medicamentos. Além disso, é preciso considerar o impacto das novas tecnologias, como big data, blockchain, entre outros. Assim, toda a cadeia setorial da saúde, incluindo órgãos reguladores, está adotando e recomendando os padrões GS1 em seus regulamentos e processos de negócios como forma de apoiar essas questões, como pôde ser observado durante a 33ª Conferência Global GS1 Healthcare, realizada em Bogotá, na Colômbia, no mês de abril, que reuniu mais de 300 participantes de cerca de 30 países. Este evento é o ponto alto dos encontros que já acontecem ao longo do ano no âmbito do grupo GS1 Healthcare, um fórum organizado pela GS1 Global e GS1 do país onde ocorre o evento para discutir sobre o desenvolvimento e a implementação de padrões globais no setor de saúde. Reforçando ainda mais as particularidades e as necessidades da América Latina, foi criado, por motivação dos países latinos, o grupo GS1 Healthcare Latam para trocar experiências entre países da região e promover ainda mais uma adoção regional padronizada.


Destaque brasileiro Case do Hospital Albert Einsten foi vencedor do GS1 Healthcare Award, na Colômbia

e produtos de saúde já identificados com o código nas etapas logísticas até a administração das doses aos pacientes. Aliás, a iniciativa do Albert Einstein foi eleita como o melhor estudo de caso de implementação em hospitais na premiação GS1 Healthcare Award, realizada durante o evento. Os jurados reconheceram que o case do hospital é escalável e pode ser aplicado em âmbito nacional e internacional. Outra iniciativa apresentada no GS1 Healthcare foi o da equipe brasileira da Johnson & Johnson (J&J), que coordenou um projeto-piloto para cumprir a lei de rastreabilidade de medicamentos (RDC 157/2017). O projeto-piloto em andamento no Brasil reúne 14 participantes, entre fabricantes, distribuidores, hospitais, farmácias e entidades públicas. A Argentina também possui uma regulamentação que exige a implementação de sistemas de rastreabilidade para vários tipos de medicamentos. A farmácia do Hospital de Pediatria Garrahan, por exemplo, adotou, em conjunto com fornece-

dores, o GS1 DataMatrix para identificar os medicamentos. Agora, o desafio é desenhar um modelo de rastreabilidade para todos os medicamentos e processos da farmácia. Outro case interessante vem da Colômbia, que possui um projeto para o tratamento da Diabetes mellitus, doença que vem crescendo significativamente no país. A iniciativa é coordenada pela Organização para a Excelência da Saúde, que sugere a adoção dos padrões GS1 nos serviços de saúde com o objetivo de melhorar a segurança e a qualidade do atendimento ao paciente. No modelo de atendimento proposto pela entidade, os padrões GS1 ajudam na integração das informações dos pacientes em centros ambulatoriais e hospitais, além de envolver prestadores de serviços e o próprio governo. Como se vê, a padronização combinada com a colaboração entre parceiros da cadeia de abastecimento pode ser um remédio eficaz para cuidar do nosso bem mais precioso, a vida, seja na América Latina, seja em outras partes do mundo. 7 898357 410015

Da esq. p/ dir.: Marcelo Sá, da GS1 Brasil; Nilson Malta, do Albert Einsten; Miguel Lopera e Ulrike Kreysa, da GS1 Global; e Ana Paula Maniero, da GS1 Brasil

Foto: Divulgação

REGIÃO ATIVA Exemplos de iniciativas não faltam. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) implementou o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM) para monitorar todo medicamento produzido, distribuído e dispensado no País, determinando o uso do código GS1 DataMatrix como tecnologia para codificação e captura de dados. Outro exemplo é a nova RDC 232, de 20 de junho de 2018, aprovada pela ANVISA, que instituiu a obrigatoriedade da inclusão do código de barras linear ou bidimensional em etiquetas de rastreabilidade de stents para artérias coronárias, stents farmacológicos para artérias coronárias e implantes para artroplastia de quadril e de joelho. Nesta RDC, o padrão GS1 foi, novamente, recomendado para atender a mais esta necessidade. Pioneiro na identificação e rastreabilidade de medicamentos usando vários padrões GS1 em seus processos, antes mesmo da obrigatoriedade legal, o Hospital Israelita Albert Einstein tornou-se um case do setor. O gerente de automação hospitalar da instituição, Nilson Malta, compartilhou, durante o evento em Bogotá, as experiências, os ganhos e os desafios do hospital nesse processo. Os padrões GS1, a exemplo do GS1 DataMatrix, são usados em todo o ciclo, ou seja, desde o recebimento de medicamentos

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Foto: Paulo Pepe

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Automação

Moda eficiente Por Denise Turco

Pesquisa da GS1 mapeia as lições de varejistas da área de vestuário que adotaram o RFID no Reino Unido. Por aqui, avança o uso desta tecnologia A tecnologia de identificação por radiofreqüência (RFID) surgiu na década de 1990 para melhorar a gestão e a visibilidade na cadeia de abastecimento. Recentemente, a convicção de que o RFID pode beneficiar de várias maneiras a gestão do setor de vestuário está reacendendo o interesse na ferramenta. De olho nesse movimento, a ECR Community e a GS1 do Reino Unido patrocinaram uma pesquisa do Prof. Adrian Beck, da Universidadde de Leicester, com o objetivo de entender a decisão dos varejistas de vestuário daquela região de investir em RFID. As dez empresas que concordaram em participar do estudo fizeram implementações de RFID em pequena ou em grande escala. São elas: Adidas, C&A, Decathlon, Lululemon, Jack Wills, John Lewis, Marc O’Polo, Marks

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& Spencer, River Island e Tesco. Juntas, essas marcas registram vendas de € 94 bilhões por ano na região e utilizam 1,869 bilhão de etiquetas por ano, o equivalente a 60 tags por segundo. A metodologia do estudo, publicado em fevereiro último, combinou dados quantitativos e entrevistas, que foram mantidas anônimas. Essas companhias já estavam familiarizadas com a tecnologia, mas justificaram como motivação para um investimento maior no RFID a necessidade de melhorar o desempenho dos negócios e de aumentar a satisfação do cliente. E mais: com o crescimento do omnichannel e a consequente demanda por agilidade e precisão de estoques, precisam otimizar a operação logística para não comprometerem a experiência dos clientes. A seguir, conheça os dez principais insights do estudo.


LIÇÕES DO USO DE RFID NO VAREJO DE MODA DO REINO UNIDO 1.VISIBILIDADE

2.VENDAS

3.ESTOQUE

O RFID ajuda a aumentar as vendas e a visibilidade, controlar inventário, evitar erros e aumentar a produtividade da equipe. Um entrevistado disse: “Temos um grande capital investido em estoque, porém baixa visibilidade. O RFID nos dá uma ideia melhor de quanto deveríamos ter.”

Após a implementação do RFID, sete das dez empresas aumentaram as vendas em torno de 1,5% a 5,5%, ou seja, um montante entre € 1,4 bilhão e € 5,2 bilhões.

A maioria das empresas reportou uma melhora na precisão do estoque de 65% a 75% para 93% a 99%. Metade dos varejistas relatou uma redução de estoque entre 2% e 13%. Com isso, conseguiram liberar capital de giro, reduzir empréstimos, custos de manuseio e perda de produto armazenado.

4.ROI

5.DE CIMA PARA BAIXO

6.APOIO EXTERNO

As dez empresas afirmaram que alcançaram o retorno sobre o investimento (ROI), justificando, plenamente, a aposta na tecnologia. “O plano era de três anos e o ROI foi alcançado em dois anos”, disse um entrevistado.

A implementação do RFID contou com o apoio total da alta administração das companhias. Um entrevistado afirmou: “A iniciativa veio do Conselho. Os altos custos iniciais exigidos só poderiam acontecer com o apoio total da diretoria.”

Praticamente todas as empresas procuraram apoio de consultorias, provedores de tecnologia, outros varejistas e organizações do setor, como a GS1, para implementar o RFID.

7.QUESTÕES TÉCNICAS Todas as empresas mostraram confiabilidade nas tags escolhidas para seus projetos. Em relação aos leitores, os respondentes optaram por usar apenas modelos portáteis fornecidos para fazer a contagem de estoque e receber as entregas nas lojas. Metade das empresas ainda convive com o desafio de integrar o sistema RFID ao sistema de ponto de venda (POS). 8.PADRÕES Todas as companhias concordaram que seria mais difícil inovar e evoluir sem o uso de padrões RFID. O padrão EPCIS, da GS1, foi destacado como fundamental para coleta e armazenamento de dados e para reduzir problemas na cadeia de abastecimento.

9.SISTEMAS A maior dor de cabeça enfrentada pelas empresas na jornada com o RFID refere-se à integração dos sistemas. Vários afirmaram que não planejaram suficientemente bem nesse aspecto.

O RFID também foi visto como parte de uma mudança mais ampla nas empresas, propiciando agilidade a partir do melhor uso de dados de movimentação de estoque e comportamento do consumidor. A tecnologia também foi considerada como ferramenta estratégica para a inovação e a competitividade. [ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 41

Imagens: Istock

10.INOVAÇÃO


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AUTOMAÇÃO

Fotos: Divulgação

André Manzke, da Objeto Brasil Empresa utiliza RFID em todos os processos com avanços expressivos na produtividade logística

REALIDADE BRASILEIRA Por aqui, as empresas também estão atentas a essa tecnologia. “A adoção do RFID no varejo de moda brasileiro está ganhando uma velocidade incrivelmente alta, apesar de ainda ocorrer sem muito alarde, porque vários empresários mantêm sigilo dos projetos”, comenta o diretor da Netpress Editora e editor do RFID Journal Brasil, Edson Perin. Segundo ele, o segundo maior caso de sucesso de RFID do mundo é brasileiro. “A atacadista de produtos infantojuvenis Brascol, de São Paulo (SP), só perde em número de tags utilizadas por dia para a empresa Mark&Spencer, uma grande rede de lojas com sede nos Estados Unidos.” O RFID também está se expandindo rapidamente em virtude do alto nível dos integradores e fornecedores de tecnologia que operam no País. “Isso é um fenômeno que mostra a habilidade brasileira no desenvolvimento de software”, analisa Perin. Entre os principais motivadores do uso crescente da RFID, estão: a capacidade de reduzir custos (acima de 30%); a facilidade de localizar mercadorias no mundo físico e não apenas nos sistemas; a realização constante

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de inventários precisos do estoque em poucos minutos; a melhoria da experiência do cliente na hora da compra na loja física ou on-line; e o aumento da segurança contra furtos e desvios de mercadorias. ESTOQUES PRECISOS A Objeto Brasil, indústria têxtil com sede em Pomerode (SC), aderiu ao RFID com o objetivo de fazer um inventário de forma mais ágil, ter acuracidade dos estoques e melhorar a expedição dos pedidos. Há 16 anos no mercado, a empresa é uma das maiores fornecedoras de moda para grandes magazines, com capacidade produtiva de mais de 500 mil peças por mês. A companhia também possui as marcas Doce Trama, Lisamour e Sofie. “Hoje utilizamos o RFID em quase todos os processos da empresa”, conta o sócio-gerente, André Manzke. No recebimento de tecido, após o processo de beneficiamento, todos os rolos entram no setor de inspeção de qualidade e recebem uma tag RFID, o que propicia fazer a rastreabilidade. Posteriormente, já com as peças acabadas, as tags são costuradas e são auditados as quantidades de envio

e/ou retorno. Dentro do depósito de produto, é feito inventário rotativo para garantir a acuracidade de peças. Assim, com o RFID, a companhia conseguiu resolver um dos maiores problemas que enfrentava: rupturas de estoque que comprometiam a entrega do mix completo para os clientes. O inventário do depósito de tecidos que era feito em cinco dias e com cinco operadores, a cada seis meses, passou a ser quinzenal, levando apenas quatro horas e necessitando de apenas um operador. Também houve uma melhora expressiva na conferência e expedição das peças. Antes, ocorriam muitas divergências nas entregas para os grandes magazines, que solicitam os pedidos faturados em packs. Hoje, o índice de divergências logísticas foi reduzido a zero. Manzke conta que o maior desafio na implementação foi o fato de a equipe técnica não ter documentos ou procedimentos descritos sobre como utilizar o RFID. “Passamos um ano errando e acertando, entendemos que o RFID é 80% processo e 20% tecnologia. Hoje, depois de quase três anos, estamos com uma maturidade boa e


Fotos: Paulo Pepe

aprofundando cada vez mais nos benefícios dessa tecnologia”, aponta. Para colocar o projeto em prática, a Objeto Brasil contou com a parceria da Mozaiko, que atua com foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas de RFID e Internet das Coisas (IoT) para cadeias de varejo. “O projeto já começou com uma complexidade técnica por conta do grande volume de produtos que a Objeto Brasil trabalha. Além disso, um dos principais objetivos foi dedicar esforços para promover o treinamento dos fornecedores. Como resultado, tivemos um trabalho técnico e de processo muito importante. O grande apoio da Objeto Brasil e o engajamento de seus colaboradores foram decisivos para o sucesso deste belo projeto, afirma o CEO da Mosaiko, Guilherme Barbosa. “O RFID cria um efeito na cultura da empresa, na qual, no passado, admitíamos percentuais de perdas em torno de 5%. Com a tecnologia, esta margem é levada a zero. Outro ponto é a inovação. Ser pioneiro hoje melhora muito a imagem da empresa, tornando as parcerias com os fornecedores mais atrativas”, conclui Manzke.

Visibilidade total Outra iniciativa interessante é a da Levi’s, que começou um projeto-piloto de RFID há cerca de um ano no Brasil. “Nesta primeira fase, nossos objetivos foram melhorar o controle de inventário e ter visibilidade, os quais atingimos com sucesso”, afirma o gerente de logística e distribuição da empresa, Jefferson de Paulo. A companhia já considerava a adoção da tecnologia, até porque a utiliza no México e nos Estados Unidos há quase dez anos. “Vimos a operação na Brascol e decidimos fazer um piloto”, conta Paulo. Assim, a unidade brasileira viu no RFID a possibilidade de simplificar e agilizar os processos logísticos, fazer a rastreabilidade dos produtos e reduzir custos. As roupas da Levi’s recebem as tags RFID no Centro de Distribuição (CD) da empresa, em Itapevi (SP). De lá, seguem para as 18 lojas próprias, que conseguem controlar as vendas, as trocas e fazer controle de inventário via RFID. O sistema antifurto também está integrado a essa solução. “Com um leitor portátil, o pessoal das lojas confere todas as peças recebidas

Jefferson de Paulo, da Levi’s RFID é utilizado nas lojas próprias para controlar vendas e trocas, fazer inventário e sistema antifurto

e identifica, rapidamente, eventuais erros ou desvios. Com isso, temos visibilidade de todo o processo”, afirma o executivo. Com maior visibilidade, a intenção também é aumentar as vendas, já que os inventários passaram a ser diários e não mais anuais, gerando as informações de ruptura para a reposição. A Levi’s não informa os números do investimento em RFID, mas Paulo afirma que, com o uso da tecnologia, a companhia atingiu 99,5% de acuracidade nos estoques das lojas próprias. “Com o RFID, elevamos os níveis de exigência operacional dos nossos times, desde a operação no CD até as lojas. Esse processo levou a novos aprendizados e maneiras de controlar o negócio. Melhoramos o processo de recebimento das lojas e o controle dos inventários, lembrando que produto é nosso único e mais valioso ativo”, comemora o diretor geral da Levi’s no Brasil, Rui Silva, reforçando que a empresa ainda pretende extrair mais benefícios desta tecnologia. A ideia é desenvolver os fornecedores e implementar o RFID nas unidades franqueadas. No viés do marketing, a empresa planeja instalar espelho mágico nos provadores das lojas integrado com o RFID, segundo Paulo. Com isso, o vendedor tem uma atuação mais assertiva, pois pode ofertar ao cliente exatamente as peças que estão na loja. A iTAG Tecnologia, especializada no desenvolvimento e implantação de projetos de RFID, é parceira da Levi’s nesse projeto. “Em maio de 2017, quando a Levi’s convidou a iTAG para ser parceira, sabíamos da responsabilidade e importância de todo os esforços envolvidos. Hoje, no aniversário de um ano de projeto, temos a satisfação de ver a evolução dos processos”, afirma o analista de projeto da iTAG, Sérgio Gambim. 7 898357 410015

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] Imagem: iStock

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MERCADO

Alternativa viável Por Adriana Bruno

Cresce a participação das clínicas médicas particulares e populares no País, que se tornam uma opção à rede pública e aos planos de saúde O Brasil tem, hoje, mais de 12 milhões de desempregados, sendo que boa parte dessas pessoas perderam seus planos de saúde corporativos e estão em busca de alternativas para seus tratamentos. Se por um lado a crise econômica tirou muitos brasileiros da lista de beneficiários, por outro deu um importante start em um novo modelo de negócios: as clínicas e laboratórios particulares que oferecem consultas médicas e exames a preços populares. Assim, esses estabelecimentos vieram preencher uma lacuna entre os serviços de medicina particular e o Sistema Único de Saúde (SUS). Essas clínicas se destacam por oferecer consultas com médicos especialistas e exames com preços mais acessíveis e sem burocracia. Elas vêm apresentando crescimento da ordem de 4,6% a.a., nos últimos quatro anos,

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segundo a consultora do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado de São Paulo (SEBRAE-SP), Dòrli Terezinha Martins. “Esse tipo de negócio atende a uma parcela da população que não tem renda suficiente para manter um plano de saúde e que não consegue atendimento no SUS, seja pelas filas ou demora no processo. Esse público busca qualidade com preço justo”, comenta. A consultora ainda revela que as classes C e B estão se tornando cada vez mais adeptas desse serviço nas grandes cidades. “Mesmo aqueles que ainda têm plano de saúde optam por essas clínicas em função da rapidez e da comodidade no atendimento”, diz. “As clínicas populares já estão estabelecidas como uma alternativa economicamente viável, tanto para clientes quanto para médicos”, co-

menta o diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. José Luiz Bonamigo Filho. Segundo ele, para os médicos, os preços praticados em muitos casos são semelhantes aos pagos pelos planos de saúde, mas com a diferença da menor burocracia e do recebimento antecipado. Apesar do crescimento visível, esse ainda é um mercado novo e que, na visão do cofundador e CEO do Labi Exames, Marcelo Noll Barboza, deve se expandir de forma lenta, uma vez que implica em uma mudança cultural. “Recebemos clientes que vêm com pedidos de exames tanto da rede pública quanto de clínicas particulares. A maioria deles nunca teve acesso a planos de saúde. Alguns, inclusive, nunca haviam feito exames anteriormente. São potenciais clientes para as clínicas e os laboratórios


que oferecem serviços a preços acessíveis”, avalia Barboza. CUSTO-BENEFÍCIO Uma consulta médica particular, dependendo da especialidade do profissional, do prestígio dele e da região onde o consultório está localizado, pode começar em R$ 300 e passar facilmente de R$ 1 mil. Para ser considerado popular, o valor das consultas, segundo o SEBRAE-SP, fica em torno de R$ 100 a R$ 140, e é dentro dessa faixa de preços que os estabelecimentos deste segmento vêm trabalhando. O diretor-executivo do Centro Médico Doktor’s, Rodrigo da Costa Aguiar, conta que os preços das consultas variam de R$ 88 a R$ 120. “Além de consultas médicas em mais de 25 especialidades e 2,3 mil exames, oferecemos procedimentos de nível laboratorial e procedimentos cirúrgicos mais complexos, incluindo fertilização in vitro e cirurgia bariátrica”, completa. Segundo ele, durante a crise houve uma migração da população da classe B para este tipo

de serviço também. “Essencialmente, o público da clínica vem das classes C, D, com alguma faixa do E, mas temos sentido uma migração positiva da classe B”, comenta. Já no Labi, o preço dos exames chega a ser 30% menor em relação aos laboratórios convencionais. “Um exemplo é o checkup Labi Gestante, que custa R$ 175”, conta Barboza. O pagamento pode ser feito com dinheiro ou cartão de crédito e débito, com parcelamento em até 12 vezes. A estrutura de postos físicos de coleta do Labi é enxuta e as unidades estão instaladas em locais com grande fluxo de pessoas. Esses são alguns fatores que possibilitam ofertar preços baixos. OPORTUNIDADES Hoje, esses estabelecimentos estão concentrados nos grandes centros, o que abre um leque a ser explorado no interior dos Estados. Segundo Dòrli

Clínicas populares crescem 4,6% ao ano, segundo o SEBRAE-SP Martins, do SEBRAE-SP, a oportunidade de crescimento existe, porém os cuidados são os mesmos para qualquer negócio. “É preciso fazer um bom plano de negócios, avaliando o investimento inicial, prazo de retorno do investimento, perfil do público, localização, fornecedores e concorrentes. E, principalmente, qual será o diferencial frente às clínicas que já existem no mercado”, pontua. Outro ponto de atenção é que, qualquer clínica, popular ou não, necessita dos devidos registros para funcionar. “O setor carece de regulamentação, o que dá margem a muitas irregularidades. Mas a tendência é que, com o aumento dessas clínicas, essas questões sejam mais discutidas e haja uma readequação do negócio”, acredita a advogada e representante da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Lívia Coelho. 7 898357 410015

Fotos: Luciano Trevisan

Foto: Divulgação

Rodrigo Aguiar, do Centro Médico Doktor’s Clínica atende pacientes das classes B, C e D

Marcelo Noll Barboza, do Labi Exames Estrutura enxuta e unidades instaladas em locais com grande fluxo de pessoas

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INOVAÇÃO

Novas inspirações Por Kathlen Ramos

Identificando emoções e sensações com base na neurociência, projetos corporativos ganham resultados que vão muito além da estética e da funcionalidade Caracterizada como o encontro entre a arquitetura com a neurociência, a neuroarquitetura visa entender como o corpo e o cérebro reagem aos ambientes. Assim, além dos benefícios estéticos e funcionais que são determinantes na arquitetura clássica, esse novo conceito, ainda pouco aplicado no Brasil, procura identificar, por meio de pesquisas, estados mentais, emoções e experiências distintas de um grupo relevante de pessoas que frequentam determinado local. “O objetivo é desenvolver ambientes que as estimulem de várias formas, que interajam com a psique e, como consequência, desencadeiem sensações positivas”, resume a arquiteta, neuropesquisadora e gerente de contas da empresa de neurociência aplicada Neurons Inc., Luiza Alano. Desse modo, os resultados tendem a ser muito mais assertivos para escritórios, lojas, entre outros ambientes, impactando colaboradores e clientes. “Enquanto a arquitetura desenvolve os projetos de forma mais intuitiva, a neurociência dá argumentos, por meio de estudos exclusivos ou resultados de outros estudos globais que podem ser apli-

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cados em cada projeto”, pontua a especialista internacional em ambientes corporativos e proprietária da Bencke Arquitetura, Priscilla Bencke. Nesse sentido, a neuroarquitetura permite diversas aplicações. Se a meta, por exemplo, é ter um ambiente de trabalho que traga sensação de bem-estar, felicidade e redução de estresse, um bom caminho pode ser apostar numa área verde, com vistas naturais. E essa afirmação não se dá apenas com base na intuição de profissionais da área. Uma pesquisa global sobre o design biofílico, que estimula o uso de elementos da natureza nos ambientes, realizada pelos especialistas Robertson Cooper e Cary Cooper, demonstra, por exemplo, que a introdução desses recursos em espaços corporativos impacta na produtividade, criatividade, motivação, felicidade e bem-estar. Pelo mundo, outros estudos como este vêm sendo desenvolvidos para apontar os melhores caminhos para os projetos. Luiza Alano conta que a Neurons Inc., por exemplo, realiza, primeiramente, uma avaliação psicométrica


Luiza Alano, da Neurons Inc. Objetivo da neuroarquitetura é desenvolver ambientes que desencadeiem sensações positivas

com um determinado número de pessoas, a fim de avaliar medos, experiências e marcas associadas ao estilo de vida. “Essa análise permite verificar a atenção visual do cliente, envolvimento emocional e motivação após ele assistir a um vídeo 3D de três minutos. Dessa forma, é possível entender a preferência de um mercado específico e ter um percentual alto de assertividade no projeto”, explica. CONCEITOS NA PRÁTICA A Capital Creative, empresa que nasceu em Brusque (SC), em 2015, especializada em marketing e produção de moda, decidiu apostar na neuroarquitetura num momento em que estava de mudança de escritório. O antigo espaço tinha tons mais neutros e pouca atratividade visual. “O objetivo era ter um ambiente com mais atitude. Queríamos transmitir todas as características e expertises da equipe já num primeiro olhar dos clientes”, conta o sócio-proprietário da companhia, João Schaad. Para tanto, a arquiteta Luiza Alano foi a incumbida de utilizar conceitos e insights da neurociência aos ambientes da agência. A pesquisa contemplou, primeiramente, a análise do público, estilo, gostos, horários de atendimento e trabalho, presença ou não de janelas e áreas verdes adjacentes, altura dos diferentes espaços e objetivos com relação à produtivi-

dade e engajamento e a cultura geral dos envolvidos. A agência está em fase de finalização da execução da obra, que teve um trabalho bastante estratégico nas cores. Em alguns ambientes, como os de produção, fotografia e criação, foram explorados os tons mais sóbrios, especialmente em bancadas e paredes imediatamente próximas à visão, com a finalidade de trazer mais segurança e confiança na equipe. Em outros, como as áreas para reuniões, de convívio e atendimento a clientes e fornecedores, as cores mais vibrantes ficaram em destaque. Nesse caso, a ideia foi explorar a criatividade e a descontração. “As áreas de trabalho, apesar de ‘serem como devem ser’, – com mesas, cadeiras, computadores e arquivos –, trazem cores e a iluminação adequada para estimular a produtividade, sem que isso gere uma sensação de sobrecarga. Utilizando o conceito de biofilia, há a inserção do verde das plantas e cores estratégicas, a fim de auxiliar na sensação de bem-estar, ao mesmo tempo em que promove o foco no trabalho”, descreve a

também sócia-proprietária da Capital Creative, Milena Rieg. Assim a neuroarquitetura pode ser aplicada em empresas de quaisquer portes e segmentos e com os mais diferentes objetivos. Se a ideia é aumentar a produtividade de funcionários, o projeto deve focar no bem-estar e liberdade dos colaboradores, por exemplo. Priscilla Bencke sugere o compartilhamento de espaços, a fim de facilitar a interação das equipes. “Pode-se explorar ambientes flexíveis, coloridos e informais, onde os profissionais possam se reunir rapidamente para trocar ideias, incentivando a criatividade e inovação”, diz, recomendando, ainda, que os ambientes tenham iluminação natural, para evitar o cansaço de muitas horas no computador; e espaços de descompressão e entretenimento, a fim de escapar da sobrecarga mental, além de promover a interação dos funcionários. Entretanto, se a ideia é aumentar as vendas em lojas mais sofisticadas, como de joias ou sapatos, é preciso promover o bem-estar dos consumidores e dos vendedores. Nesse caso,

Criatividade e foco A Capital Creative investiu na neuroarquitetura para transmitir sua expertise logo no primeiro olhar de clientes e fornecedores

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INOVAÇÃO

Priscilla Bencke, da Bencke Arquitetura Enquanto na arquitetura os projetos se dão de forma mais intuitiva, a neurociência dá argumentos

tons terrosos ou cores da natureza, para manter o acolhimento do cliente e deixar o pé-direito mais baixo, a fim de garantir mais atenção aos detalhes dos produtos. Outra dica é a aposta em som ambiente discreto, para evitar distrações, e usar aromas específicos que reforcem a identidade da marca na memória dos consumidores.

Foto: divulgação

a iluminação assume um papel estratégico. “As luzes com foco nos produtos evitam distrações e mantêm a atenção dos consumidores. Já a iluminação difusa no restante do ambiente e com tons de luz mais amarelados deixam o espaço mais acolhedor aos consumidores”, conta Priscilla. Pode-se, ainda, investir em mobiliários em

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ADAPTE OS AMBIENTES USANDO A NEUROARQUITETURA

Seja natural ou artificial, é por meio dela que o relógio biológico é regulado. Luzes extremamente claras, a partir de um certo horário, fazem com que o corpo não entenda se está anoitecendo ou não. Funcionários que trabalham em horários estendidos podem sofrer fadiga devido à luz intensa após as 18h. Nesses casos, a calibração da iluminação pode resolver o problema, melhorando a qualidade de vida e produtividade dos colaboradores.

CORES

Elas interferem diretamente na psique, podendo estimulá-la positiva ou negativamente. A predominância de uma cor precisa ser bem estudada para ser aplicada com segurança. Há tons que, em predominância num ambiente, promovem a baixa no humor, depressão e desânimo, como o areia e bege, por exemplo. Já cores em seus tons primários, em geral, dão energia ao espaço.

ACÚSTICA

No caso de lojas, a música ambiente cria um clima gostoso e envolvente para a experiência de compra. Alguns sons são rapidamente neuroassociados ao produto, lembrando de alguma marca toda vez que o ouvimos. Porém, o som não pode se mesclar e confundir com o barulho de pessoas conversando, telefone, impressoras, etc. Portanto, é importante considerar o uso de isolamentos e elementos para absorção dos ruídos para que o cérebro não registre a experiência como negativa.

AROMAS

Um cheiro gostoso sentido repetidas vezes ocasionará uma neuroassociação. Assim, se o aroma agradar, a conexão será imediata. Do contrário, será negativa. Por isso, a avaliação de pessoas torna-se altamente necessária para validar o aroma e potencializar as chances de experiência positiva. Imagem: iStock

ILUMINAÇÃO

DECORAÇÃO

Pode ser positiva em ambientes corporativos ou de varejo, mas nunca em exagero. Muita informação pode confundir a percepção e transmitir sensação de “desordem” e a vontade de não permanecer no ambiente pode ser facilmente detectada.

TEMPERATURA

Em qualquer situação, a temperatura agradável ao corpo é sempre a ideal. Para trabalhar, vender ou comprar, é imprescindível estar confortável termicamente, uma vez que ninguém consegue desempenhar bem uma função sentindo frio ou calor. Fonte: Luiza Alano, da Neurons Inc.

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RECURSOS HUMANOS

No coração dos funcionários

Foto/Imagem: iStock

Por Kathlen Ramos

Ter orgulho da empresa em que se trabalha e ir com alegria para mais um dia de jornada não é um ganho apenas do colaborador, mas também das companhias que conseguem promover esse tipo de sensação e serem amadas por suas equipes. “Existem vários estudos mostrando que, quando o profissional se identifica com os valores e a cultura da empresa, há ganhos para os dois lados: profissionais que conseguem se desenvolver e trabalhar em um ambiente com o qual se identificam; e empresas que ganham em produtividade e menos turnover, por exemplo”, comenta a CEO e cofundadora da comunidade de carreiras Love Mondays, Luciana Caletti. Para atingir essa sintonia, oferecer um salário atrativo não é o único elemento importante. “O que retém um funcionário é a percepção de como ele cresceu como profis-

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Inspirar, escutar e ter transparência são algumas das estratégias que as empresas mais amadas adotam para ter o reconhecimento dos colaboradores

sional e como pessoa”, considera a palestrante, psicóloga e mestre em administração de empresas, Meiry Kamia. E os números já comprovam que isto é um fato, dados do Great Place to Work (GPTW) mostram que, nas melhores empresas para trabalhar, somente 14% dos funcionários permanecem no trabalho por salários e benefícios como principal motivo. A maioria continua por oportunidades de crescimento (44%), qualidade de vida (24%) e alinhamento de valores (14%). Há, ainda, características empresariais que vão na contramão do que os colaboradores esperam. “São companhias que não desenvolvem bons gestores, não transmitem credibilidade por meio da liderança, não respeitam os funcionários como pessoas, não conseguem transmitir senso de


INSPIRAR E ENGAJAR Além de contratar pessoas com foco na cultura e recebê-las de forma acolhedora e inclusiva, a empresa precisa inspirar os funcionários ao transmitir e cuidar da sua missão. É necessário, assim, mostrar qual é o propósito da companhia, para que as pessoas se envolvam e trabalhem de forma engajada, destaca Lina, do GPTW. FALAR E ESCUTAR A empresa que deseja ser amada deve falar a verdade com todos e escutar com sinceridade e integridade. A comunicação é um ponto fundamental em qualquer organização, e a gestão empresarial deve considerar quais são as ferramentas e mensagens mais efetivas para atingir seu público, evitando ruídos e passando confiança.

Lina Nakata, do GPTW Empresas precisam mostrar seu propósito para engajar os colaboradores AGRADECER E CUIDAR Os gestores devem saber agradecer o bom trabalho executado por suas equipes e cuidar das pessoas de forma individual. O reconhecimento é algo importante, pois gera um ciclo de bons trabalhos de alto desempenho. E o cuidado deve ser constante, percebendo as necessidades e as expectativas de cada colaborador. O papel do líder é importantíssimo nesse aspecto, incentivando a equipe e dando suporte. DESENVOLVER É importante que as companhias desenvolvam não apenas profissionais mas também pessoas. O desenvolvimento pode ser formal ou informal, com alto ou nenhum investimento. Tudo depende de quais são as necessidades e de como as empresas podem atuar para contar sempre com pessoas competentes. De acordo com Meiry, pode-se, por exemplo, criar programas de treinamento e desenvolvimento humano e incentivá-los, sempre, para a superação.

Foto: Divulgação

justiça e não propiciam um ambiente amistoso”, alerta a gerente de conteúdo do GPTW, Lina Eiko Nakata. Acompanhe, a seguir, as principais dicas das especialistas para ganhar o coração dos funcionários e garantir os melhores resultados entre todos os envolvidos.

CELEBRAR E COMPARTILHAR Quando atingem os resultados desejados, as companhias devem celebrar as conquistas com os responsáveis, ou seja, os colaboradores. E, em seguida, devem compartilhar os ganhos financeiros com eles, de forma equitativa, mas também atuar com responsabilidade social, devolvendo os ganhos à sociedade. PREZAR PELOS VALORES Justiça, transparência, cuidados com animais... As empresas que conseguem transmitir esses conceitos no ambiente de trabalho, certamente, terão colaboradores mais satisfeitos. É igualmente importante que apliquem regras iguais para todos os funcionários, independentemente da hierarquia. 7 898357 410015

rentabilidade do patrimônio líquido (que representa a riqueza) das melhores empre•sasApara se trabalhar aumentou 16,7% em 2016, em relação a 2015. Enquanto isso, a média das empresas listadas na bolsa brasileira foi de 3,9%.

No Brasil, a rotatividade voluntária (percentual de pessoas que pede demissão) dos funcionários nas melhores empresas para se trabalhar é, aproximadamente, metade do turnover geral, mesmo na comparação com diferentes setores de atuação.

As melhores empresas para se trabalhar receberam cerca de 55 mil currículos no último ano (as 150 melhores receberam 8,2 milhões de currículos juntas).

Os clientes são 10% mais satisfeitos quando estão em ambiente de trabalho com maior nível de confiança. Fonte: Great Place to Work Brasil

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] Fotos: Divulgação Deustche Messe

INSTITUCIONAL

Roteiro de inovação Da Redação

GS1 Brasil promove missão técnica para a Alemanha a fim de descobrir o que há de mais novo no mundo da automação e tecnologia Com objetivo de apoiar empresários brasileiros a buscar novos conhecimentos e oportunidades para aplicar a inovação em seus negócios, a GS1 Brasil organizou uma missão técnica que passou por várias cidades da Alemanha, entre os dias 9 e 17 de junho. O destino não poderia ser mais propício, afinal a Alemanha é uma das economias mais sólidas da Europa com larga tradição na automação, no desenvolvimento de tecnologia de ponta e de energias limpas. Empresários, consultores e líderes de entidades participaram da missão técnica para visitar a CEBIT 2018, a maior feira mundial de tecnologia da informação, além

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de organizações inspiradoras, a fim de conferir as tendências tecnológicas. Acompanhe os principais insights e novidades observados neste roteiro de inovações. CEBIT Trata-se do maior evento europeu com foco em inovação, tecnologia da informação e digitalização dos negócios, dirigido a profissionais de todos os setores apaixonados pela tecnologia. Realizada na cidade de Hanover, a feira tem três vertentes: exposição de soluções, conferências e networking. Além disso, é uma plataforma para inovações e geração de contato


com potenciais compradores e fornecedores de diferentes países. O evento conta com 3 mil expositores de 70 países e público de 200 mil pessoas. Neste ano, a CeBit se reinventou completamente. Em 11 imensos pavilhões, empresas de tecnologia, universidades, startups e conferencistas apresentaram tendências e trocaram informações. Na programação da conferência, destaque para a palestra de Marc Raibert, fundador da Boston Dynamics, empresa que criou os primeiros robôs que correm como animais. Raibert falou sobre os robôs humanoides, que, num futuro próximo, podem

ajudar a sociedade em muitas áreas, como saúde, segurança e lazer. A demonstração dos cachorros-robôs que fazem piruetas foi uma das grandes atrações do evento. Outro tema interessante da CEBIT apontou para o desafio de integrar recursos de software com inteligência artificial para a criação de peças complexas, leves e resistentes na qual a impressão 3D é essencial. O grupo brasileiro teve muitas oportunidades de compartilhar insights, a exemplo do bate-papo com Tom Preston e Scott Chacon, fundadores do GITHUB, plataforma usada por desenvolvedores para hospedar có-

digos recentemente comprada pela Microsoft por US$ 7,5 bilhões. Apesar da negociação milionária, Preston e Chacon já estão focados com outro empreendimento: a startup Chatterbug, dedicada ao ensino de línguas e que usa recursos de inteligência artificial. Na parte da exposição da CEBIT foi possível conhecer muitas soluções com forte presença de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), blockchain, big data, analytics, cloud computing, inteligência artificial, além de robôs, soluções para mobilidade urbana, empresas digitais e cidades inteligentes.

Inspiração Na CEBIT 2018, Marc Raibert, da Boston Dynamics, fez uma demonstração do cachorro-robô que vira pirueta e falou da importância destas máquinas para ajudar a sociedade num futuro próximo

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INSTITUCIONAL

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Inovando no formato, à noite, o clima da CEBIT mudava, com shows de bandas e DJs na área aberta, chamada de d!campus. Até mesmo uma banda composta por robôs fez uma apresentação. O mais interessante é que esses momentos mais descontraídos aconteceram sem perder o foco em gerar negócios.

Fotos: Divulgação Deustche Messe

ITA E DCC Na universidade RWTH Aachen University, na cidade de Aachen, a missão técnica dedicou um dia todo para conhecer o Instituto de Tecnologia Têxtil (ITA) e o Digital Capability Center (DCC).

Fotos: Divulgação GS1

Aprendizado Profissionais que participaram da missão técnica da GS1 Brasil para Alemanha conheceram de perto as últimas novidades tecnológicas

No ITA são realizadas pesquisas e desenvolvimento de tecnologia têxtil. O espaço possui máquinas que permitem a inserção de componentes eletrônicos em tecidos e sistemas de bordados com tecnologia de fios condutores. Além das das fibras naturais, os pesquisadores trabalham com fibras sintéticas, como a fibra de vidro ou de carbono, vestindo veículos e aviões, além de smart textile, que é a incorporação de sensores e processadores nos tecidos para soluções digitais em roupas, colchões, travesseiros, etc.

O DCC é um centro de estudos que reúne pesquisadores e acadêmicos da universidade, empresas de consultoria, de tecnologia e startups focados no estudo da Indústria 4.0. O local simula o ambiente de uma fábrica na qual o conceito de Indústria 4.0 foi materializado em uma linha de produção integrada. Entre os destaques, estão as soluções de realidade virtual com uso do Google Glass, que monitora as operações. Além disso, os modelos de gestão de processos digitalizados são apoiados pela geração de dados por IoT, big data e analytics, permitindo monitorar cada detalhe das operações.

Diversão com foco Com formato inovador, CEBIT reservou uma área para shows, com a apresentação de uma banda composta por robôs

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INSTITUCIONAL

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GS1 ALEMANHA

DHL A DHL, uma das principais empresas de logística do mundo, abriu as portas para o grupo da GS1 Brasil visitar o Centro de Inovação, criado em 2007 para ser uma base de pesquisas e desenvolvimento de serviços logísticos inovadores e de estudos de tendências. Em uma visita guiada, os visitantes tiveram contato com os cenários futuros da logística em 2050, traçados com apoio de cientistas, economistas e empresas de pesquisas. Dentre os diversos temas pesquisados no Centro de Inovação, o grupo brasileiro teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre robótica e IoT aplicada a logística. SIEMENS Há quase dois séculos no mercado, a Siemens é uma das empresas mais inovadoras do mundo. A fábrica de eletrônicos em Amberg, conhecida como Digital Factory, é referência global por combinar o real e o virtual. Os produtos se comunicam com as máquinas e todos os processos de produção são integrados e controlados de

forma otimizada para garantir a menor taxa de defeitos possível. Os produtos controlam seus próprios processos de fabricação, ou seja, indicam às máquinas quais os requisitos que eles possuem e quais as etapas devem ser seguidas. Aliás, esse sistema marcou o primeiro passo para a criação da Indústria 4.0 em âmbito mundial. BMW A missão técnica passou, ainda, pela unidade da BMW, na cidade de Landshut. Todo esforço de design, prototipação e simulação digital de cada peça de um veículo da BMW acontece nesta unidade, considerada um centro de excelência que ditas as tendências para todo o setor. Todos os produtos são planejados e simulados para a produção na maquete digital da fábrica, chamada de digital twin ou gêmeo digital. As tecnologias de fibras sintéticas observadas durante a visita no ITA são utilizadas na fabricação de chassis em fibra de carbono destinados aos modelos esportivos da marca, além de peças feitas com moderníssimas

Fotos: Divulgação GS1

No Centro de Conhecimento (Knowledge Center) da GS1 Alemanha, o grupo brasileiro teve a oportunidade de vivenciar a robótica na cadeia de valor digital e embarcar em uma jornada de compras interativa. O centro, localizado na cidade de Colônia, tem uma estrutura na qual é possível desenvolver ideias em salas inspiradoras e transformá-las em protótipos.

tecnologias de injeção de ligas de metais leves sob pressão, criando peças leves e com desenhos complexos, fundidas em poucos minutos. Outro destaque foi a produção de carros elétricos, com componentes como motores elétricos e peças da carroceria em materiais plásticos avançados. LOJAS DE VAREJO No centro da cidade de Munique, o grupo visitou várias lojas do varejo para conhecer de perto as tecnologias utilizadas. A C&A e a Marc’O Polo, ambas da área de vestuário, usam etiquetas com identificação por radiofrequência (RFID) para a gestão dos produtos. Já os varejistas Ludwig Beck e a Oberpollinger (lojas de departamentos) e a Konen (moda) estão explorando o conceito de omnichannel e trabalhando a atratividade das lojas físicas aliadas ao uso dos canais digitais e logística eficiente. Na Konen, por exemplo, é possível comprar on-line e, em uma hora, retirar o produto na loja escolhida. 7 898357 410015

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RADAR

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Fotos:iStock

Descobrindo o país da Copa Por Juliana Jadon

Com a expectativa de receber mais de um milhão de turistas estrangeiros, rússia, sede da Copa do Mundo FIFa 2018, conta com atrações muito além do futebol Não é somente o time escalado pelo técnico tite que está atraindo brasileiros para a rússia. explorar esse território com dimensões continentais é, no mínimo, desafiador e uma experiência para a vida. afinal, as belezas do país estão na sua variedade inesgotável de paisagens e cenários, em suas cidades eletrizantes e cultura única. a Copa do Mundo FIFa 2018, na rússia, conta com 11 sedes e 12 estádios – dois deles na capital Moscou. a Federação Internacional de Futebol (FIFa) e o Comitê organizador local (Col) também escolheram outras cidades como São Petersburgo, Kazan e Sochi para a realização dos jogos. de acordo com o Ministério das Comunicações e dos Meios de Comunicação da rússia, o brasil é o oitavo país em número de solicitações de credenciais obrigatórias para a entrada nos estádios. Segundo a fundadora da agência de turismo Cinqtours Viagens, Maristela gomez, conhecer este gigante é uma jornada, começando pelo idioma difícil, passando por noites agitadas, com cassinos, bares badalados, até a música clássica. “É um local repleto de riqueza naturais, históricas e arquitetônicas”, resume. Com o apoio da Cinqtours Viagens, a revista Brasil em Código elaborou 58 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

um roteiro com lugares imperdíveis nas cidades-sede da Copa da rússia. Confira. MoSCou a capital conta com dois dos estádios da Copa: o luzhniki e a arena otkrytie. Juntos, custaram mais de r$ 3 bilhões. Cheia de símbolos, Moscou possui grandes vias, praças gigantes, igrejas ortodoxas, sendo pura nostalgia soviética. uma das cidades mais populosas do mundo, lá é possível encontrar as atrações típicas do país como o teatro bolshoi, que abriga espetáculos de ópera e balé (uma das principais escolas de balé do mundo), e a Praça Vermelha (foto acima), um lugar imponente, onde ocorreram muitos desfiles militares da ex-união Soviética. Na praça também está a Catedral de São basílio, com cores chamativas e formas espiraladas e o Kremlin, uma cidade fortificada com construções do século 14 e residência oficial do presidente Vladimir Putin. a capital conta com uma eficiente malha de avenidas e ligações com rodovias, bons aeroportos e o segundo maior metrô do mundo, com cerca de 200 estações. acostumada aos grandes números, é a segunda cidade com mais bilionários no mundo.


SÃO PETERSBURGO Saindo de Moscou, são cerca de 3h30 de voo rumo à segunda parada obrigatória: São Petersburgo. Conhecida como “Veneza do Norte”, por se emoldurar ao longo do rio Neva e a entrada do Golfo da Finlândia, no mar Báltico, conta com diversos canais românticos para navegar de barco. Cultural e mágica, abriga marcos importantes, como a Catedral de St. Isaac; o Museu Hermitage, que possui uma das mais importantes coleções de arte do mundo; e o Palácio de Inverno, antiga residência dos czares.

Arena Kazan

KAZAN Sexta cidade mais populosa da Rússia, com 1,2 milhão de habitantes, é a capital da República do Tartaristão. Conta com um lindo Kremlin (cidade fortificada), declarado como Patrimônio Histórico da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Há, ainda, a Catedral da Anunciação e a Mesquita Kul Sharif (com capacidade para 8 mil pessoas), que são símbolos da convivência pacífica entre o cristianismo e o islamismo. SOCHI Conhecida como uma cidade resort, está localizada entre o litoral do Mar Negro e as montanhas de neve do Cáucaso. É o principal balneário russo, atraindo turistas no verão e no inverno, que não é tão rigoroso com relação ao restante do país. Sochi abrigou os Jogos de Inverno de 2014 e, durante a Copa, é a “casa” da Seleção Brasileira na Rússia. Vale a pena visitar o Parque

da História Espacial é um programa obrigatório. Outra atração importante é o templo dedicado a São Jorge e um dos bunkers secretos de Josef Stalin.

São Petersburgo

Olímpico e também a antiga Casa de Veraneio de Stalin. KALININGRADO Localizada fora do território russo, em um enclave entre a Lituânia e a Polônia, tem o menor estádio da Copa, com capacidade para 35 mil pessoas. Uma das atrações locais, cidade natal do filósofo Immanuel Kant, é o Museu do Oceano Mundial, com 14 aquários em exposição, com mais de 300 seres vivos de 133 espécies diferentes. NIZHNI NÓVGOROD A quinta maior cidade da Rússia, era conhecida, no passado, como Gorki, em homenagem ao escritor russo Maksim Gorki, que nasceu lá. Na rua principal, a Bolshaya Pokrovskaya, visitantes podem curtir a beleza arquitetônica. Um dos principais pontos turísticos é o Teatro Dramático Acadêmico Estatal Maksim Gorki, onde é possível assistir peças, concertos e shows. SAMARA Berço da engenharia aeroespacial russa, em Samara foi construído o foguete que levou o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Por isso, visitar o Museu

Sochi

VOLGOGRADO No passado, foi palco da famosa Batalha de Stalingrado (antigo nome da Volgogrado), considerada um dos pontos mais importantes da Segunda Guerra Mundial, onde a expansão nazista teria sido contida. Revitalizada, a cidade guarda memórias da guerra, a exemplo do Museu Panorâmico da Batalha de Stalingrado, que possui uma coleção de artefatos relacionados à batalha. SARANSK O Arena Mordovia, estádio da cidade localizada a 630 km de Moscou, vai receber quatros jogos. Um passeio interessante é o Museu de Cultura Folclórica da Mordovia, com uma vasta coleção de fotografias, livros, e artesanato daquela região. A Catedral de St. Theodore Ushakov é uma das mais belas construções do local, com uma cruz central de 62 metros de altura. ROSTOV-ON-DON A cidade vai sediar quatro jogos e uma das oitavas de final da Copa. As principais atrações ficam no centro histórico, como Pushkinskaya, rua que leva o nome do poeta Alexander Pushkin, um dos mais famosos da literatura romântica russa. No local, há uma estátua em homenagem ao escritor, além de palácios dos séculos 19 e 20. ECATERIMBURGO A cidade está localizada na fronteira entre a Europa e a Ásia, com os Montes Urais dividindo naturalmente as duas regiões, e possui alguns símbolos que celebram esse limite. A 20 minutos do estádio que sediará os jogos da Copa, por exemplo, está o complexo Europa-Ásia, que possui com um amplo pedestal de mármore e uma esteira de metal. A entrada é gratuita. Entre as especialidades da gastronomia local estão as carnes, principalmente a de cordeiro. 7 898357 410015

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Ensino sem fronteiras

Fotos/Imagens: Istock

EDUCAÇÃO

Por Kathlen Ramos

Novas tecnologias permitem que cursos via web garantam proximidade entre alunos e professores de todo o mundo Avançar na carreira, mudar de profissão, conquistar emprego em um novo ramo ou abrir uma empresa. Esses são alguns dos objetivos de quem busca cursos via web, a exemplo do e-learning, modalidade de ensino a distância que usa como base as tecnologias digitais e que tem conquistado os brasileiros. Nesse modelo, o aluno aprende

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por meio de conteúdos disponíveis na internet e, com seu celular, tablet ou computador, pode acessá-los no horário mais conveniente, com a possibilidade de tirar dúvidas com os docentes envolvidos em cada treinamento. Mas por que essa modalidade educacional tem sido preferência para muitos, inclusive quando comparada aos cursos presenciais? Os motivos são diversos, segundo a educadora do Instituto Singularidades, Alini Del Magro. “Eles geram economia para a aprendizagem e tornam acessíveis conteúdos especializados e metodologias de classe mundial. Além disso, possibilitam escolha de horário mais flexível pelo aluno e impulsionam a autonomia”, resume. O e-learning tem sido considerado uma excelente ferramenta para os alunos, pela praticidade e facilidade de aprender a qualquer hora e lugar. “Ano após ano, o trân-


Foto: Divulgação

Alini Del Magro, do Instituto Singularidades Cursos on-line tornam conteúdos especializados e metodologias de classe mundial mais acessíveis

sito nas cidades tem se tornado cada vez mais complicado, podendo gerar atraso ou falta nas aulas presenciais. Mas, com opções on-line, essa dificuldade é completamente excluída”, diz o diretor-geral da Udacity para a América Latina, Carlos Souza. Segundo o country manager da

Udemy para o Brasil, Sergio Agudo, outro benefício do e-learning está na possibilidade de desenvolvimento acadêmico/profissional e enriquecimento pessoal, de acordo com a necessidade do aluno. “Ele pode estudar exatamente o que quiser e num ritmo próprio, por meio de um dispositivo móvel, com acesso vitalício ao conteúdo e podendo até tirar dúvidas diretamente com os instrutores através da plataforma”, explica. As empresas também podem se beneficiar do e-learning. Afinal, os conteúdos podem ser mais personalizados e disponibilizados aos funcionários a qualquer hora do dia e em diferentes partes do mundo, caso a companhia tenha escritórios internacionais. “Além disso, é um método mais barato e sustentável para o negócio, que não precisa gastar tanto com impressão de papéis ou aluguel

ENTENDA A DIFERENÇA ENSINO A DISTÂNCIA (EAD): é um conceito amplo que compreende as diversas formas de aprendizagem a distância. De modo geral, o termo é usado quando o professor e o aluno não estão fisicamente presentes no mesmo local e é possível, inclusive, que estejam separados temporalmente. São exemplos as formas de aprendizado via correspondência, CDs ou DVDs, apostilas, etc. E-LEARNING: é um formato de EAD que oferece múltiplas linguagens e metodologias, a fim de que o aprendiz seja o protagonista no processo. É apoiado em tecnologias digitais de comunicação, especialmente a internet. O conteúdo é distribuído por meio de dispositivos conectados à rede, como laptops, smartphones ou tablets. CURSO ON-LINE: geralmente é idealizado por uma pessoa física e destinados a outras pessoas físicas, sem o envolvimento de instituições acadêmicas propriamente ditas.

Fontes: Udacity, Udemy e Instituto Singularidades

de espaço físico”, analisa o executivo da Udemy. Outra vantagem é contar com uma nova maneira de avaliar os colaboradores. “As empresas podem analisar o engajamento, além de fazerem uso de simulações, jogos, mensuração de resultados dos treinamentos já automatizada, identificação de pontos de dificuldades, entre outros”, enumera Alini. DESAFIOS Apesar de todos os benefícios, quando se pensa no e-learning ou outros modelos de Ensino a Distância (EAD), uma das primeiras dúvidas que surgem é: cursos em plataformas digitais perdem em qualidade quando comparados aos presenciais? De acordo com os especialistas da área, essas barreiras já foram vencidas. “Existem plataformas que podem garantir uma experiência igual ou ainda


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EDUCAÇÃO

Carlos Souza, da Udacity Plataformas digitais podem garantir uma experiência igual ou melhor do que a das aulas presenciais de seguir esse mesmo movimento: como os cursos presenciais oferecidos dependem de uma estrutura física, a instituição não consegue se atualizar tão rapidamente”, pondera Carlos Souza, da Udacity. Para que a experiência seja satisfatória, o desafio lançado aos profes-

Fotos: Divulgação

melhor do que aquela oferecida pelas aulas presenciais. Uma característica fundamental das plataformas digitais é que elas possibilitam um ritmo de lançamento e atualização de cursos que condiz com o rápido avanço tecnológico. Uma universidade, em contrapartida, tem mais dificuldade

CURSOS VIA WEB EM ASCENSÃO ON-LINE X PRESENCIAL Há uma década, o EAD respondia por 4,2% dos graduandos brasileiros e os cursos presenciais concentravam 95,8% das matrículas. Mas de 2015 para 2016, o EAD registrou aumento de 7,2% das matrículas, ao passo que a educação presencial teve queda de 1,2%. O MEC projeta que, em cinco anos, o EAD deverá responder por metade das matrículas na educação superior brasileira1.

FUTURO PROMISSOR O mercado mundial para empresas do ramo das tecnologias educacionais, chamadas de EdTechs, deve valer mais de US$ 250 bilhões até 2020 e a previsão é que o cenário brasileiro acompanhe esse crescimento3.

NOVAS EXPERIÊNCIAS Um estudo sobre futuro da educação no Brasil apontou que 74% dos respondentes já assistiram a uma aula no YouTube; e 28% acreditam que os cursos on-line podem substituir as pós-graduações presenciais2.

MAIS COMODIDADE Cerca de 44% dos brasileiros relatam que a localização geográfica é um fator limitador de oportunidades na carreira. Com os cursos via web, não há esse problema. Basta estar conectado à internet3.

HOMENS X MULHERES Nos cursos livres não corporativos, a presença feminina é significativamente maior, enquanto nos cursos livres corporativos é maior a presença masculina4.

FAIXA ETÁRIA A maioria dos alunos tem entre 31 e 40 anos (27%), o que reforça a importância do EAD para atender às demandas de um mercado no qual o profissional busca continuar os estudos enquanto trabalha4.

Fontes: 1. Dados do Censo da Educação Superior de 2016, do Ministério da Educação (MEC), fornecidos pelo Instituto Singularidades; 2. Estudo MindMiners realizado entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018; 3. Relatório de Lacuna de Habilidades, Udemy (2017); 4. Dados do Censo de Educação a Distância (EAD) 2016, da Associação Brasileira de Educação a Distância [ BRASIL 34 abr/mai/jun EM CÓDIGO ] Singularidades. pelo Instituto fornecidos2018 (ABED),


sores é considerável, já que boa parte deles teve uma formação sem o uso de tecnologia e, agora, tem a tarefa de reaprender a ensinar. Na opinião de Agudo, da Udemy, os sistemas educacionais também têm um papel importante em adaptar a oferta de treinamento às novas áreas do conhecimento, contemplando tecnologias como realidade aumentada, inteligência artificial, entre outras. MÚLTIPLAS OPÇÕES A Udacity, plataforma on-line e global de aprendizado, está no mercado desde 2016, com escritório em nove cidades no mundo, um deles em São Paulo. Hoje, conta com cerca de 30 opções de cursos divididos em quatro principais pilares: Data Science (ex.: analista de dados), Inteligência Artificial (ex.: engenheiro de carro autônomo), Business (ex.: marketing digital) e Development (ex.: programação e desenvolvedor de realidade virtual). “No Brasil, segundo maior mercado da empresa perdendo apenas para os Estados Unidos, o número de alunos ativos

saltou de 1 mil para mais de 9 mil entre 2016 e 2017”, pontua Souza. A média de preço dos cursos pode variar de R$ 399,00 a R$ 3.399,00. O conteúdo dos cursos on-line é elaborado em parceria com as principais empresas de tecnologia e negócios do mundo, incluindo Google, Facebook, Amazon, Nvidia e Mercedes-Benz. A Udemy, que possui mais 65 mil cursos no mundo, ministrados em mais de 50 idiomas diferentes, sendo aproximadamente 3,5 mil em português, também é um exemplo de que os cursos on-line atingiram aderência nacional. “Em 2017, triplicamos o nosso negócio no Brasil e, neste ano, queremos seguir com esse mesmo ritmo de crescimento”, anuncia Sergio Agudo, acrescentando que o País já se constitui como um dos cinco maiores mercados da Udemy no mundo. Também por isso, a empresa está inaugurando o primeiro escritório em São Paulo. Os principais cursos no Brasil, atualmente, concentram-se nas áreas de desenvolvimento web, marketing di-

Sergio Agudo, da Udemy Alunos estudam temas de interesse e num ritmo próprio

gital, design, Excel, gerenciamento de anúncios nas redes sociais, Photoshop, Python e JavaScript. Há, ainda, opções nas áreas de fotografia, desenvolvimentode jogos, estilo de vida, música, meditação e gerenciamento de tempo. Os preços variam entre R$ 39,99 (em épocas promocionais podem chegar a R$ 19,99) e R$ 579,99. 7 898357 410015

GS1 BRASIL INVESTE EM E-LEARNING A GS1 Brasil oferece uma plataforma de e-learning direcionada para diversos públicos (empresas associadas, colaboradores, acadêmicos, entre outros). O primeiro curso estará disponível a partir de julho com o tema “Como Incluir o Código de Barras no seu Produto?”. Dividido em quatro módulos, o curso tem o objetivo de fazer com que o aluno esteja apto a conhecer e aplicar a correta identificação e codificação de produtos, utilizando padrões do Sistema GS1. “Nesse formato de aprendizagem, nosso objetivo é proporcionar um ambiente atrativo, interativo e de fácil acesso a todos os nossos associados”, afirma a gerente de educação da GS1 Brasil, Flávia Ponte. Para mais informações, acesse: www.gs1br.org/educacao-e-pratica

[ BRASIL EM CÓDIGO ] abr/mai/jun 2018 35


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VITRINE DE SOLUÇÕES TENDÊNCIAS E NOVIDADES EM AUTOMAÇÃO

Integração A Vinco Tecnologia criou uma solução para apoiar indústrias, distribuidores e varejistas no cumprimento da nova legislação que determina a rastreabilidade de medicamentos no País. A solução VincoDFe facilita a integração e a troca de dados entre os sistemas das empresas (ERPs – Sistemas de Gestão Empresarial ou ACs – Aplicativos Comerciais) para o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Dessa forma, os sistemas estarão preparados para atender às exigências da ANVISA sem precisar conhecer as especificidades técnicas das mensagens e protocolos do padrão EPC/EPC-IS, da GS1. www.vinco.com.br

Locação A Quebeck oferece às empresas uma opção para automação: a locação de equipamentos. Nessa modalidade, é possível utilizar os aparelhos por um período de 36 meses, sem precisar comprá-los. Um exemplo de produto disponível para locação é o coletor de dados Honeywell CN80, que faz leitura de código de barras de curta ou longa distância e opera com conexão 3G/4G. Nessa modalidade de fornecimento, a Quebeck disponibiliza os equipamentos e todos os acessórios, com atualização dos softwares, suporte técnico e manutenção durante o período do contrato. Além disso, faz a substituição do aparelho sem custo em caso de danificação por desgaste natural. www.quebeck.com.br

Fotos: Divulgação

Impressão de etiquetas Há 25 anos no mercado de automação, a Abassi Etiquetas e Rótulos oferece uma extensa linha de produtos e suprimentos, como impressoras térmicas, fita ribbon, leitores de código de barras, etiquetas em branco e rótulos coloridos, atendendo a diferentes segmentos de mercado. Um dos destaques do portfólio são os equipamentos para impressão flexográfica, que proporcionam excelente desempenho, nitidez de cor, impressão no verso e contadores digitais com paradas programadas. www.abassi.com.br

64 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



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PADRÃO DE QUALIDADE

Consumidor conectado, exigente, atento e consciente

‘ Virginia Vaamonde,

Cada vez mais a tecnologia tem alto impacto nas decisões de compra, como mostra estudo da GS1 Brasil

CEO da GS1 Brasil

O prazer de adquirir um novo produto vai muito além da experiência do consumidor dentro da loja. Ele busca suprir suas necessidades e a jornada começa, muitas vezes, com uma pesquisa no celular para obter mais informações. Essa foi uma das conclusões do estudo “Consumidores e Empresas – 7ª Edição: Tendências e Comportamento no Mercado Nacional”*, realizado pela GS1 Brasil, com o apoio da consultoria H2R Pesquisas Avançadas. Em entrevistas realizadas nas principais capitais do País, 75% dos respondentes dizem buscar na internet sobre os produtos que pretendem adquirir, seguidos por buscas nos aplicativos (37%) e nas redes sociais (37%). A condição socioeconômica e o alto grau de conectividade da população revelam, hoje, um consumidor muito mais informado e ciente da compra que cabe em seu orçamento. A tecnologia e a conectividade transformaram o comportamento do consumidor, e a busca por informações antes da decisão de compra tornou-se um fator preponderante. Para ter contato com o produto e efetivar a compra, a loja física continua sendo o destino preferido do comprador. Entretanto, o hábito de compra está cada vez mais omnichannel – quando a jornada do consumidor já não se limita somente a um local de compra: 65% dos respondentes esperam ser reconhecidos na loja física da mesma forma que são reconhecidos na compra on-line e 75% deles dizem ficar chateados quando não encontram na loja física o produto pesquisado no site. A inovação tecnológica é um dos pontos que vêm sendo notados pelo brasileiro e, por vezes, influencia, positivamente, a decisão de compra. São exemplos os meios de pagamento via smartphones, equipamentos para leitura de código de barras, aplicativos dos supermercados com ofertas e o uso de etiquetas eletrônicas. E essas mudanças já influenciam a visão de futuro, pois mais de 70% dos entrevistados dizem ter muito interesse em realizar compras sem passar pelo caixa, pagando diretamente pelo celular. Outro grande interesse do consumidor está em produtos que o ajudem a gerenciar seu cotidiano: 78% se interessam por produtos com etiquetas inteligentes que mudam de cor quando o produto está próximo do vencimento. Outro ponto relevante observado no estudo é a preocupação com um consumo mais consciente em relação à qualidade e procedência. Para 48% dos entrevistados, ter informações sobre a origem dos produtos é essencial. Além disso, 45% fazem questão de identificar a presença de substâncias saudáveis, como ômega 3 e vitaminas. Pensando em tecnologias futuras, 61% dos entrevistados já apresentam interesse em produtos que possibilitem a rastreabilidade da origem da matéria-prima e que informem o modo correto de descarte por meio de um código, o que ratifica a consciência sobre o desperdício e seus impactos no meio ambiente. Isso demonstra que o consumidor brasileiro está cada vez mais consciente, atento e informado. Conhecê-lo, isso é, entender o cliente e o que ele consome, passa a ser fundamental para se diferenciar no mercado atual e futuro.

*Pesquisa realizada em maio de 2018, com 417 brasileiros. Margem de erro de 4,8 pontos percentuais para mais ou para menos, no intervalo de confiança de 95,5%.

66 abr/mai/jun 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Paulo Pepe

Mais de 70% dos entrevistados têm muito interesse em realizar compras sem passar pelo caixa, pagando diretamente pelo celular


Código de barras é GS1 Brasil.

A REALIZAÇÃO DE SONHOS. A GS1 BRASIL ACREDITA JUNTO.

A GS1 Brasil - Associação Brasileira de Automação está nessa com você. Além do código de barras, que só traz benefícios e transparência para a comunidade de negócios, oferecemos uma série de soluções que podem te ajudar a se destacar no mercado: ferramenta on-line para gestão de produtos, cursos técnicos e de gestão focados em automação, além de estudos que mostram as tendências de mercado e o comportamento dos novos consumidores brasileiros. O momento pede mais? Então vamos fazer mais e melhor. GS1 Brasil. A força da nossa parceria faz o mundo dos seus negócios girar.

Precisa de uma força? Fale com a gente agora mesmo. 11 3068-6229/atendimento@gs1br.org



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