Revista Brasil em Código 27ª Edição

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BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jan/fev/mar 2018 • www.gs1br.org

EDIÇÃO 27

EDIÇÃO 27

BRASIL EM

CÓDIGO

ESTUDO INÉDITO

ENTREVISTA

ROBERTO PADOVANI, DO BANCO VOTORANTIM, ANALISA A ECONOMIA EM 2018


Acreditamos no poder transformador da Educação. Nossa trilha de 2018 já começou. Este é o melhor momento para incentivar sua equipe a participar dos cursos e treinamentos da Trilha do Conhecimento GS1 Brasil.

10 DE MARÇO MBA Executivo

24 DE MARÇO Pós-graduação em Neuromarketing

Fantástica experiência de crescimento profissional que traz o que há de mais inovador em educação executiva. ASSOCIADOS TÊM 20% DE DESCONTO

Conhecimento nas áreas ligadas ao consumo: comunicação, marcas, embalagens, produtos e serviços. ASSOCIADOS TÊM 20% DE DESCONTO

14 DE MARÇO CURSO | Identificação & Qualidade de Dados

17 DE ABRIL CURSO | Gestão de Dados variáveis em Logística

Como melhorar qualidade dos dados dos produtos e fazer cadastro correto no Cadastro Nacional de Produtos. GRATUITO

Trata da gestão de dados variáveis em processos logísticos (recebimento, estocagem e expedição). GRATUITO

23 DE MARÇO CURSO | Legislação e Rotulagem de Bebidas

27 DE ABRIL CURSO | Rotulagem de Alimentos: Prática e Tendências

Informações sobre Legislação Sanitária para atualizar conhecimentos normativos no setor de bebidas. ASSOCIADOS TÊM 10% DE DESCONTO

Como elaborar informações em rótulos de alimentos seguindo tendências e critérios exigidos por legislações vigentes. ASSOCIADOS TÊM 10% DE DESCONTO

Aproveite! Quanto melhor sua capacitação, maiores serão seus negócios! Para mais informações, envie um e-mail para educa@gs1br.org


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AO LEITOR

O sucesso de qualquer negócio – seja uma grande empresa, seja um pequeno empreendimento – requer um cuidado especial na obtenção de informações que facilitem a tomada de decisões. É preciso de dados, números e pesquisas de mercado consistentes para executar as estratégias traçadas, atingir bons resultados e planejar as demandas futuras. Para auxiliar os empresários a gerenciar seus negócios e apontar tendências, a GS1 Brasil acaba de lançar o Índice de Automação do Mercado Brasileiro. Com a proposta de mensurar a automação no País, o estudo mostra as soluções tecnológicas utilizadas por empresas dos setores da indústria, comércio e serviços e também pelos consumidores. O estudo foi concluído depois de realizarmos uma pesquisa abrangente, ao longo de 2017, sobre a adoção de automação e novas tecnologias. Neste primeiro resultado, apresentado na matéria de capa desta edição, o índice aponta uma importante adesão e uso de tecnologias no Brasil: 0,22, considerando uma escala de 0 a 1. Nossa intenção é divulgar o índice anualmente, para que o mercado possa acompanhar a evolução da automação. Inédito no País e no mundo, o índice demonstra como a automação tem modificado a forma como empresas e pessoas interagem com produtos e processos, ganhando mais agilidade e comodidade no cotidiano. Nesse sentido, esta edição traz uma reportagem interessante sobre a multiplicação dos laboratórios de automação nas universidades brasileiras. Esses espaços reproduzem a realidade do ambiente de trabalho, fazendo com que o processo ensino-aprendizagem seja benéfico para todos os envolvidos. Dessa forma, estão nascendo pesquisas e experimentos valorosos que contribuirão para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas que veremos futuramente. Sabemos que a evolução da automação tem como consequência o desenvolvimento dos negócios e, logo, influencia na melhora da economia como um todo. Apostando na retomada do crescimento, mesmo que de maneira gradual, Roberto Padovani, do Banco Votorantim, faz uma importante análise do cenário atual em entrevista exclusiva para a Brasil em Código. Ele, que é um dos mais renomados economistas do País, acredita que a recuperação deve vir a partir de um conjunto de fatores: queda do endividamento das famílias, retomada da confiança, inflação baixa e redução da taxa de juros. É com essa perspectiva positiva, que já vem se disseminando no mercado, que muitos empresários devem acelerar os investimentos em automação e padrões globais nos negócios – algo que será decisivo para obter bons resultados ao longo de 2018.

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente

Foto: Paulo Pepe

Automação em números


[EXPEDIENTE

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GS1 Brasil mensura a automação no País A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADE Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Helder Profeta FOTOGRAFIA Paulo Pepe e Eliane Cunha CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO Adriana Bruno, Flávia Corbó, Patrícia Lucena e Ticiana Werneck (texto) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares


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SUMÁRIO

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58 6 CURTAS 12 INSTITUCIONAL 14 EDUCAÇÃO 16 RASTREABILIDADE 30 FINANÇAS 38 RECURSOS HUMANOS 40 NEGÓCIOS 44 RFID 50 OPINIÃO 56 DESCONEXÃO 64 VITRINE DE SOLUÇÕES 66 PADRÃO DE QUALIDADE

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CAPA GS1 Brasil lança o Índice de Automação do Mercado Brasileiro, desenvolvido em parceria com a GfK. Inédito no País e no mundo, o estudo mostra o uso da tecnologia por empresas e consumidores

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ENTREVISTA O economista do Banco Votorantim, Roberto Padovani, faz projeções para o cenário econômico em 2018

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AUTOMAÇÃO Laboratórios na área se multiplicam nas universidades brasileiras

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JOGO RÁPIDO Claudio Santos, da IBM Brasil, fala sobre a computação cognitiva, que promove a integração homem-máquina

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CONSUMO Executivos de grandes

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E-COMMERCE Marketplaces colaboram

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RADAR No Tocantins, Jalapão é perfeito

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SUSTENTABILIDADE

empresas comentam as estratégias para encantar o consumidor

para o crescimento do comércio eletrônico no País

para descansar e curtir a natureza exuberante

GS1 Brasil e Legado das Águas desenvolvem projeto para rastrear espécies da mata atlântica


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CURTAS

Acesso ao mercado internacional

Foto: Divulgação GS1

Aproveitando uma viagem de negócios aos Estados Unidos, o proprietário da +BR Compan e associado da GS1 Brasil, Fernando Compan (foto), teve a oportunidade de conhecer o escritório da GS1 USA. A +BR Compan é uma empresa de comércio internacional com foco em produtos sustentáveis, a exemplo do carvão premium eco-friendly. Na reunião com o vice-presidente de Healthcare da GS1 US, Greg Bylo, o empresário brasileiro obteve informações relevantes que contribuirão em seu objetivo de comercializar o carvão em solo norte-americano. Uma das possibilidades identificadas é a estratégia de cobrand com marcas tradicionais de churrasqueiras. “A +BR Compan faz parte de uma valiosa rede mundial por meio da GS1 Brasil, e isso pode ser uma alavanca importante para acessar os mercados internacionais”, acredita Compan.

Para que seus associados tirem o melhor proveito possível da CeBIT, maior feira mundial de tecnologia da informação, a GS1 Brasil prepara uma missão técnica internacional rumo à Alemanha, no período de 9 a 17 de junho. Além de visitar os 3 mil expositores de 70 países que participam da CeBIT, os integrantes da comitiva da GS1 terão a oportunidade de expandir seus negócios junto ao mercado alemão, berço da inovação e da Indústria 4.0. Estão previstas visitas técnicas nas cidades de Colônia, Hannover e Munique, com uma agenda exclusiva preparada pela curadoria especializada da GS1 Brasil. O objetivo da entidade é o de maximizar os resultados da feira, estimulando o networking com as principais lideranças europeias.

Fotos/Imagens: iStock

Missão técnica CeBIT

Martha Gabriel, consultora, escritora e palestrante nas áreas de marketing digital, inovação e educação, lança seu novo livro: Você, Eu e os Robôs: Pequeno Manual do Mundo Digital. Trata-se de uma espécie de guia de sobrevivência para quem deseja compreender a Revolução Digital e seus impactos na humanidade sob diferentes dimensões – biológica, social e econômica. Escrito em linguagem simples, o livro apresenta tendências e cenários possíveis para um futuro próximo, abordando temas como trabalho, educação, privacidade, ética, pós-verdade, fake news, pensamento crítico, criatividade, inteligência artificial, robótica, convívio homem-máquina, entre outros.

6 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Divulgação

Para entender a revolução digital


Publicidade on-line Os gastos em publicidade digital para dispositivos móveis foram consideravelmente superiores (85,39%) aos voltados para desktops (14,81%), segundo uma pesquisa mundial realizada pela SEMrush, empresa que atua na área de marketing digital. Mais de 50% das lojas on-line que fizeram parte do estudo investiram em torno de US$ 1 mil em publicidade paga. Entre as categorias analisadas, constatou-se que as marcas do segmento de “moda e vestuário” são as que mais investem em anúncios pagos, com 81% do orçamento total acima de US$ 10 mil, seguida por “livros” (80%) e “casa e jardim” (47%).

Ano de otimismo A 58ª rodada do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria de São Paulo, encomendado pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI) ao Datafolha, revelou que empresários da categoria estão mais otimistas para 2018. Ao todo, 67% preveem que obterão resultados positivos neste ano, atingindo o maior nível de otimismo desde 2014. Outro fator analisado pelos empresários foi a atual situação do próprio negócio. Ao todo, 40% avaliaram o cenário como positivo, dado também que se manteve estável desde setembro último. As projeções para 2018 apontaram, ainda, que 48% dos micro e pequenos industriais acreditam na melhora da demanda dos clientes neste ano.

Maiores franquias do País A Associação Brasileira de Franchising (ABF) lançou a segunda edição do estudo sobre as 50 Maiores Marcas de Franquias no Brasil por unidades, levantamento feito com as empresas associadas à entidade. A rede O Boticário manteve a liderança com 3.762 unidades e o segundo lugar ficou com a AM PM Mini Market, com 2.415 pontos de operação. A Cacau Show manteve a terceira colocação, totalizando 2.081 unidades. Entre as dez maiores, estão redes como Jet Oil, Lubrax+ e BR Mania. Em termos de segmento de atuação, em 2017, o perfil das franquias mostrou-se semelhante à edição anterior do estudo, com predominância nas áreas de alimentação (34%) e serviços educacionais (18%). O destaque foi para a área de saúde, beleza e bem-estar, que aumentou sua participação de 12% para 16%.

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CURTAS

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A força do rádio O rádio continua a desempenhar um papel fundamental no cotidiano da população. De acordo com pesquisa recente da Kantar IBOPE Media, o tempo médio diário dedicado pelo brasileiro à atividade de ouvir rádio é de 4 horas e 40 minutos. A população da Grande Goiânia é a que passa mais tempo escutando rádio diariamente: em média, são 5 horas e 4 minutos. A Grande Rio de Janeiro vem na sequência, com 5 horas e 3 minutos. Os moradores da Grande Recife também se destacam, pois ficam sintonizados neste meio por 4 horas e 58 minutos diários.

Guardar dinheiro todos os meses não é um hábito da maioria dos brasileiros, nem mesmo entre aqueles que possuem renda elevada. Dados do Indicador Mensal de Reserva Financeira, apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), revelam que, a cada dez brasileiros com renda superior a cinco salários mínimos, apenas três (30%) conseguiram encerrar o último mês de novembro com sobra de dinheiro. No total, 66% das pessoas das classes A e B não foram capazes de guardar nenhuma parte de seus rendimentos. Considerando toda a população, a proporção daqueles que conseguem guardar dinheiro é ainda menor. Somente 20% fecharam novembro com sobras.

Fotos/Imagens: iStock

Sem reservas

Mercado de alimentos A especialista global de alimentos e bebidas da Mintel, Jenny Zegler, levantou as principais direções que definirão os mercados de alimentos e bebidas em todo o mundo em 2018. A rastreabilidade e a transparência são aspectos que ganham importância, uma vez que a desconfiança generalizada do consumidor exerce pressão sobre os fabricantes para que ofereçam informações detalhadas e honestas sobre como, onde e quando alimentos e bebidas são cultivados, colhidos, produzidos e vendidos. Segundo Jenny, a próxima onda de rótulos desafiará fabricantes e varejistas a democratizar as informações para que os produtos sejam acessíveis a todos os consumidores, independentemente da renda familiar.


Há vagas? Sair de casa e não ter onde estacionar o carro é um problema que incomoda boa parte dos consumidores brasileiros, a ponto de fazê-los desistir de uma compra. Uma pesquisa sobre os impactos da mobilidade urbana no varejo realizada em todas as capitais pelo SPC Brasil e pela CNDL revela que mais da metade das pessoas (52%) que possuem veículos no Brasil já deixou de comprar algo por não conseguir estacionar o carro ou a moto próximo ao comércio. Segundo o levantamento, sete em cada dez (69%) pessoas motorizadas disseram que dão preferência a centros comerciais que oferecem estacionamento próprio ou nas imediações (76%). Além disso, 42% dos entrevistados se recusam, abertamente, a fazer compras em lojas que não possuem fácil acesso a transporte público.

Os perigos da percepção Quanto as pessoas conhecem sobre a realidade de seus países quando o assunto é: ataques terroristas, gravidez na adolescência, vacinas, Facebook e outros temas-chave do cotidiano? Para responder a essa questão, a Ipsos entrevistou 29,1 mil pessoas em 38 países, incluindo o Brasil, entre 28 de setembro e 19 de outubro último, no estudo “Perigos da Percepção”. As informações coletadas foram comparadas com dados de fontes oficiais resultando no ranking “Índice da Percepção Equivocada”, baseado nas distorções entre opiniões e realidade. O Brasil ficou em 2º lugar, atrás apenas da África no Sul (1º). “A pesquisa evidencia um problema massivo de falta de aprofundamento das questões sociais, o que é preocupante no mundo e no Brasil. Este desconhecimento pode amplificar alguns temas que não são os mais importantes para o País e orientar o debate eleitoral em 2018 para prioridades erradas”, alerta o CEO da Ipsos no Brasil, Marcos Calliari.

Nova abordagem estratégica

Foto: Divulgação

Uma metodologia inovadora de planejamento estratégico para empresas – que propõe algo totalmente contraditório às abordagens tradicionais, como a análise SWOT – é apresentada no livro SBB: Strategic Building Blocks, escrito pelo CEO da Inova Consulting, Luis Rasquilha, e o CEO da Inova Business School, Marcelo Veras. A metodologia SBB foi criada por eles em 2016 e é dividida em três níveis. O primeiro é o Audit Estratégico, etapa na qual é realizada uma auditoria estratégica, analisando a situação da empresa, projetos, apostas e desafios atuais e futuros. Em segundo lugar, vem a fase Carta Visão, em que as declarações institucionais da companhia são revisadas a fim de definir um propósito de diferenciação. Por fim, na fase Execução Estratégica são eleitos os projetos e montados os planos de ação. O livro, uma publicação independente, é comercializado por R$ 59,90 (com frete incluso), pelo site www.inovaconsulting.com.br/sbb/. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 9


CURTAS

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Tecnologia em alta O mercado de tecnologia da informação (TI) experimentará uma retomada no primeiro semestre de 2018 e avançará 5,8% no ano, segundo estimativas da IDC Brasil, empresa que atua na área de inteligência de mercado. A área corporativa deve demandar 3,5 milhões de tablets e smartphones. Já no segmento residencial, a Internet das Coisas (IoT) deve avançar rapidamente. Hoje, apenas 4% das residências brasileiras possuem algum tipo de dispositivo conectado, como controles de câmeras de segurança, temperatura e ar-condicionado, por exemplo. Segundo a IDC, em 2018, o mercado doméstico de IoT no Brasil será responsável por movimentar US$ 612 milhões.

Recuperação do consumo

Fotos/Imagens: iStock

A compra de produtos de rápido consumo registrou aumento de 2,2% no volume, em toneladas, entre setembro e novembro de 2017, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As bebidas saudáveis, como água de coco e chá líquido, ganharam força dentro dos domicílios brasileiros, principalmente entre novos compradores de todos os níveis socioeconômicos. Os dados foram apurados pelo Consumer Thermometer, estudo elaborado pela Kantar Worldpanel.

Otimismo da indústria O Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial de janeiro 2018 apresentou crescimento de 19,5% em relação a dezembro de 2017, dando continuidade à alta observada nos últimos meses para a intenção de lançamento de novos produtos. Na comparação com janeiro de 2017, o indicador, desenvolvido em parceria com a 4E Consultoria, apresentou crescimento de 25,7%. “O mês de janeiro nos traz a confirmação de que o empresariado vem recuperando seu otimismo com relação aos negócios. Esperamos que 2018 traga bons resultados com novos produtos para o mercado”, projeta a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde.

12 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Segurança digital As invasões e as falhas na segurança digital ocorridas em 2017 levaram ao roubo de dados de empresas e pessoas em várias partes do mundo. De acordo com o Gartner, a preocupação das organizações com as ameaças cibernéticas deve levar a um aumento de 8% nas despesas mundiais com segurança da informação neste ano, ultrapassando os US$ 96 bilhões.

Tendências do consumidor Anualmente, a empresa de pesquisa de mercado e consumo Trendwatching prepara um relatório que aponta as expectativas dos consumidores em âmbito mundial. Confira as cinco tendências que devem afetar o relacionamento entre marcas e clientes em 2018:

1. A-commerce O a-commerce (automated commerce ou comércio automático, em tradução livre) pode trazer mais conveniência e personalização na hora da compra. Os consumidores vão passar a utilizar sistemas inteligentes em determinadas etapas da jornada de compra para realizar tarefas como: pesquisar, negociar, comprar, pagar e configurar a entrega do produto ou serviço.

2. Desenvolvimento assistido Os consumidores da nova geração esperam que as marcas os ajudem na transição para a vida adulta, ensinando habilidades e auxiliando na definição de objetivos pessoais. Como sua empresa pode ajudar os clientes nessa fase?

3. Companheiros virtuais Outra tendência é o fortalecimento da relação entre pessoas e assistentes virtuais, como a Siri, no iOS, como forma de superar o isolamento gerado, em muitos casos, pelas mídias sociais. Como o atendimento digital da sua empresa pode suprir essa necessidade dos consumidores? Já pensou em utilizar chatbots como assistentes virtuais da sua marca?

4.Tolerância pós-compra Os consumidores esperam que as marcas os “perdoem” por decisões passadas e os ajudem a adaptar os produtos e serviços de acordo com suas novas prioridades e desejos. Criar políticas de troca mais flexíveis ou mesmo um sistema de prazo para experimentação podem ser saídas nesse sentido.

5. Transparência Em um mundo conectado, o que acontece dentro de uma empresa já não fica restrito ao ambiente interno. As marcas estão totalmente expostas e os clientes observam seus valores o tempo todo, tomando decisões baseadas no que podem observar. É fundamental ficar atento, porque informações importantes podem vir à tona a qualquer momento nessa era da transparência.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 11


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INSTITUCIONAL

Fotos: Divulgação GS1 Brasil

Ação positiva

Da Redação

Escritório da GS1 Brasil na capital federal amplia suas atividades, fortalecendo as relações com órgãos governamentais, entidades de classe e instituições de ensino Em 35 anos de atuação, a GS1 Brasil sempre teve como premissa ampliar o conhecimento sobre os benefícios que a automação é capaz de promover nos negócios em todo o País. Para cumprir essa missão, a entidade possui sede na capital paulista, mas, com a evolução das atividades e o crescimento da rede de influência, percebeu que era preciso extrapolar suas fronteiras para obter resultados ainda mais efetivos. Nesse cenário, estar presente na capital federal tornou-se estratégico para fortalecer o bom relacionamento que já mantinha com órgãos governamentais e importantes entidades de classe. Assim, em 2012, foi inaugurada, em Brasília, uma sede que, ao longo desses seis anos, conquistou participação importante

12 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

junto aos Poderes Executivo e Legislativo e, ainda, com entidades classistas. Com o desenvolvimento e a intensificação dessas atividades, também surgiu a necessidade de incrementar as instalações físicas, que, atualmente, possuem 380 m². “Hoje temos um espaço para reuniões e cursos que podem ser ministrados na nova sede”, conta o diretor de relações institucionais da GS1 Brasil, Paulo Crapina. E não parou por aí. Para demonstrar de forma prática as soluções de automação e padronização, a exemplo do que já é feito na sede paulista, Brasília também conta com o seu Centro de Inovação e Tecnologia (CIT). “O CIT em Brasília evidencia uma evolução do nosso trabalho, pois verificamos


Inovação em foco CIT de Brasília apresenta a aplicação prática de soluções que utilizam os padrões GS1

a necessidade de um espaço para demonstrar o uso dos padrões GS1, a história da nossa Associação, além de cases de sucesso”, afirma Crapina. O local possui uma área de 180 m² com várias estações, cada uma mostrando diferentes momentos e iniciativas da entidade. A robozinha Code é a anfitriã que interage com os visitantes. O CIT já recebe empresários e representantes do governo e de entidades de classe e deve se tornar um ponto de visita para os órgãos públicos. De acordo com Crapina, a partir de 2018, também será aberto para estudantes de universidades e empresários conhecerem as soluções de automação. Articulação No que diz respeito à ação institucional, a equipe de Brasília tem feito um amplo trabalho. A fim de compartilhar os benefícios da identificação e da rastreabilidade de produtos por meio dos padrões globais, a GS1 Brasil participa de um comitê dedicado ao varejo no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), por exemplo. No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a entidade marca presença em 11 câmaras setoriais, entre elas as que envolvem os segmentos de flores, hortaliças e algodão. Com os avanços

dos debates sobre o universo digital, a entidade também colabora com os debates no âmbito do Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). “Ao longo de 2017, ampliamos nossas ações para divulgação do uso dos padrões no Congresso Nacional, participando de audiências públicas, como a que discutiu, na Câmara dos Deputados, a rastreabilidade de produtos orgânicos. Iniciativas desse tipo nos ajudam na aproximação com o Poder Legislativo e demais instituições que atuam em Brasília”, comenta o coordenador de relações institucionais da GS1 Brasil, Pedro Di Martino. No segmento de saúde, por exemplo, a equipe de Brasília, em parceria com a área de negócios da sede da GS1 em São Paulo, fortaleceu a relação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), participando de audiências públicas e contribuindo com conhecimento sobre automação e padronização. Recentemente, a Agência determinou a aplicação do código GS1 DataMatrix nas embalagens de medicamentos para possibilitar a rastreabilidade do produto desde a origem até o consumidor final, conforme estipulou a Lei 13.410 de 2016, que criou o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos.

Trabalho abrangente A atuação na capital federal também envolve o relacionamento com importantes instituições. São várias as ações em conjunto com a Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (SINDIVEG), entre outras. Como exemplo, está em curso o trabalho em conjunto com o SINDIVEG para rastreabilidade de embalagens de produtos agrotóxicos. Iniciativas desse tipo guiarão as atividades da GS1 Brasil em 2018, sempre visando atender às demandas que surgem no mercado. “Vamos intensificar nosso trabalho junto às associações, para que elas conheçam e passem a utilizar o Cadastro Nacional de Produtos (CNP). Estamos à disposição para ajudá-las”, revela Paulo Crapina. Segundo ele, esse trabalho será muito importante neste momento, porque as Secretarias de Fazenda Estatuais passarão a validar os números de identificação global dos itens (GTIN) das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) junto ao Cadastro Centralizado de GTIN (CCG), que funciona de forma integrada com o CNP. Essa validação foi estabelecida pelos Ajustes SINIEF (Sistema Nacional de Informações Econômicas e Fiscais) nº 6 e 7, de 2017. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 13


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Inclusão socioeducacional por meio da automação Por Denise Turco

Alunos com deficiência auditiva, de escola do Distrito Federal, desenvolvem projeto premiado de matemática sobre o código de barras Fazer uma carteirinha com o código de barras para que alunos tenham acesso à escola. Essa pode ser uma tarefa corriqueira em uma instituição de ensino, mas, na Escola Bilíngue de Libras e Português Escrito (EBT), de Taguatinga (DF), serviu como um pretexto para que os estudantes pudessem aprender um pouco mais sobre matemática. E, de quebra, transformou-se em uma experiência inesperada em torno do universo dos padrões GS1. A EBT trabalha com um público específico: pessoas com surdez. Dentre eles, muitos também têm outras deficiências associadas ou especificidades, como deficiência motora ou altas habilidades, por exemplo. O espaço, que abriga 300 estudantes, desde a educação infantil até o ensino médio, tinha um problema a ser resolvido: identificar os alunos a fim de informar aos pais os horários de entrada e saída da escola.

14 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“Os pais ou responsáveis sempre se mostraram muito preocupados com o ir e vir dos filhos e com os horários e circunstâncias de entrada e saída deles da escola. Constantemente, ligavam ou mandavam recados sobre isso”, relata a diretora da EBT, Maristela Batista de Oliveira Bento. A partir daí, a escola decidiu inovar. “Por conta desse problema, e também do aumento da violência, percebemos a necessidade de um controle efetivo da entrada e saída de cada aluno atrelado ao aviso de horário aos pais. Tentamos um sistema pago, mas por se tratar de uma escola pública, foi impossível custear”, afirma. Nesse cenário, a solução encontrada foi implementar uma “carteirinha eletrônica”, por meio de aplicativo de celular. O técnico de gestão educacional Helder Martins de Aguiar, que trabalha na área administrativa da escola e

Imagem: iStock

EDUCAÇÃO


Foto: Divulgação GS1

Experiência marcante Alunos da EBT conheceram de perto a tecnologia por trás dos padrões no escritório da GS1, em Brasília

também é programador, desenvolveu um programa com base no código de barras para automatizar e controlar a entrada e saída dos alunos. “Comecei do zero, utilizando ferramentas tecnológicas gratuitas, e fui implementando o sistema”, conta Aguiar. Como resultado, hoje, o aluno passa a carteirinha num leitor de código de barras, que faz a leitura e armazena a informação em um banco de dados. “Automaticamente, é enviada uma mensagem via Telegram para os pais, que recebem a informação da hora que o aluno entrou e saiu da escola”, explica Aguiar, acrescentando que muitos pais também são deficientes auditivos e, por isso, tudo é feito da forma mais visual possível. Assim, a EBT conseguiu facilitar a comunicação com a família e, ainda, adicionar outras funcionalidades via app, como informar sobre notas e cotidiano escolar em geral. O PROJETO A identificação com código de barras acabou motivando o desenvolvimento de um trabalho a ser apresentado pelos alunos do ensino médio no Circuito de Ciências do Distrito Federal, evento científico e tecnológico anual, promovido pela Secretaria Estadual de Educação, com o objetivo de estimular a pesquisa e o interesse de escolas públicas pelas matérias científicas. “Houve curiosidade em saber mais sobre o código de barras, tanto por

parte dos alunos quanto dos professores envolvidos diretamente no projeto, que pesquisaram na internet, estudando o assunto por meio de vídeos. Pelo fato de os jovens já conhecerem o código de barras nas embalagens de produtos, puderam perceber que era uma ferramenta de controle e organização que servia também aos interesses da escola, e não só para fins comerciais. A partir disso, eles buscaram compreender melhor a lógica por trás da imagem. A pessoa com deficiência auditiva é muito visual, e isso contribuiu para uma percepção rápida de como se validam os produtos, por exemplo, no varejo”, conta Maristela. Assim, nascia, no segundo semestre de 2017, um projeto sobre a matemática por trás das tecnologias utilizadas na escola. Nesse processo, os alunos foram estimulados a pesquisar sobre o código de barras e descobriram a GS1, que regulamenta o código de barras (GTIN - Número Global de Item Comercial) em âmbito mundial. Com isso, os jovens descobriram a regra de validação de produtos e a explicaram com desenvoltura durante o evento científico. Eles, inclusive, produziram um folder explicando o que é a GS1 e o código de barras. Com este projeto, a EBT ganhou a etapa regional do Circuito de Ciências, que deu acesso à etapa nacional. “Nesta fase nacional, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) promoveu um concurso, e os alunos da nossa escola ficaram em

primeiro lugar”, conta Maristela, acrescentado que receberam um prêmio de R$ 18 mil. “Foi possível demonstrar a capacidade dos nossos estudantes surdos, comprovando que eles podem se desenvolver normalmente se for garantido o direito a aprendizagem”, comemora a diretora. POR DENTRO DO CÓDIGO Depois dessa experiência premiada, os alunos partiram para outra empreitada: conhecer um dos escritórios da GS1 Brasil, em Brasília. Helder Aguiar foi quem teve a iniciativa de enviar um e-mail para a GS1 Brasil, apresentando o projeto. “A partir desse primeiro contato, fomos até a escola para conhecê-los e também trazê-los para interagir com o universo do código de barras em nossa sede em Brasília e no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT)”, conta o coordenador de relações institucionais da GS1 Brasil, Pedro Di Martino. “Vimos muito interesse por parte dos alunos. Eles tinham conhecimento da parte matemática e aqui tiveram a visão prática, ou seja, de que forma o código de barras é usado. E como o CIT é um ambiente interativo, com vídeos e painéis, tanto os alunos quanto os professores ficaram maravilhados”, acrescenta o diretor de relações institucionais da GS1 Brasil, Paulo Crapina. Aguiar também classificou a visita como uma experiência única para os estudantes da EBT. “Estamos em uma escola de uma cidade satélite, onde os alunos geralmente não têm acesso a ambientes com tanta tecnologia e recursos visuais, algo que é muito importante para eles. Todos ficaram deslumbrados”, conta. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 15


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] Imagens: iStock

RASTREABILIDADE

Agricultura inteligente Por Kathlen Ramos

Novas tecnologias e padrões aplicados ao agronegócio garantem que o consumidor saiba a origem dos alimentos frescos, além de otimizar a gestão de produtos em toda a cadeia de suprimentos Hoje, o mundo vivencia uma era de revolução tecnológica, fenômeno que está promovendo consequências no comportamento das pessoas e também na forma de conduzir os negócios nas empresas. Um exemplo é a viabilidade de fazer a rastreabilidade de alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes (FLV), na qual é possível identificar os itens, compartilhar as

informações obtidas e utilizá-las no gerenciamento do produto, desde o campo até o consumidor final. Apesar de ser um processo ainda em desenvolvimento no País, com grande potencial para avanços, o conceito já é aplicado com sucesso por muitos produtores e apoiado por toda a cadeia de abastecimento. “Os produtos frescos e flores estão no

caminho de uma explosão tecnológica que abrirá portas para novas oportunidades”, prevê o diretor de ciência e tecnologia da Produce Marketing Association (PMA), Bob Whitaker. Ao passo em que a rastreabilidade é adotada, as empresas envolvidas percebem seus benefícios, ajudando a fortalecer esse conceito. “Nossos esforços estão centrados para que a

BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA NO CAMPO A capacidade cada vez maior de coleta e análise de dados oferece novas oportunidades para melhorar os produtos frescos e flores, bem como a gestão de negócios, tais como: Rastreamento em tempo real da localização do produto no transporte e condições de inventário. Visibilidade da cadeia de suprimentos para parceiros comerciais e apoio no recall de produtos. Melhoria das operações, como controle de temperatura e manipulação de mercadorias. Maior transparência, pois o consumidor pode utilizar o código de barras para saber a origem dos alimentos e a empresa, por sua vez, pode contar sua história e criar relacionamentos.

Fonte: Bob Whitaker, diretor de ciência e tecnologia da PMA


FISCALIZAÇÃO CONTRA AGROTÓXICOS A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou, em janeiro deste ano, a Instrução Normativa Conjunta elaborada pela entidade e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O texto define os procedimentos para a aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos destinados à alimentação humana. O objetivo é estabelecer um mecanismo para monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos. Dessa forma, estes alimentos ou suas embalagens devem estar identificados com etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, código de barras ou QR Code para possibilitar o acesso às informações. “A tecnologia nos leva a aprimorar os sistemas que ampliam a visibilidade e a transparência das informações na cadeia de suprimentos, levando-nos a produtos mais seguros”, comentou o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira.

rastreabilidade seja percebida como um processo de gestão, e não uma exigência do mercado. Não existe rastreamento sem gestão. E não tem gestão sem controle”, conclui o diretor comercial da PariPassu, Giampaolo Buso. Aliás, empresas como a PariPassu têm ajudado muito nesse sentido. A companhia desenvolve soluções colaborativas de tecnologia de informação para o segmento de alimentos perecíveis com foco na gestão no campo, rastreabilidade de alimentos, controle de qualidade e recall. De acordo com a engenheira agrônoma do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Anita de Souza Dias Gutierrez, a rastreabilidade é benéfica porque permite responder a perguntas como: Qual é local de origem do produto? Quem é o responsável pelo produto? Se houver problema, quais foram as causas da ocorrência? Onde ocorreu o problema? A rastreabilidade aliada à tecnologia também se tornou uma necessidade do consumidor. Mais consciente e informado, ele deseja, sim, saber o que come. “Além de conhecer a origem, a população demanda por outras informações, como identificar o valor

nutricional e se há agrotóxicos nos produtos adquiridos”, pontua Buso. A pesquisa “Consumidores e Empresas: Tendências e Comportamento do Mercado Nacional”, desenvolvida recentemente pela GS1 Brasil, em parceria com a H2R Pesquisas, aponta, justamente, essa realidade. O levantamento indicou, por exemplo, que 86% dos consumidores não abrem mão de informações sobre a qualidade do produto; 50% querem saber a procedência da mercadoria; e 43%, sua composição. Outro aspecto essencial da rastreabilidade envolve a adoção de padrões globais. “As tecnologias de automação comercial, como código de barras e QR Code, simplificam e tornam mais eficiente o fluxo de produtos, de informação e o controle da sua origem e movimentação. A sua adoção correta exige um trabalho prévio de controle e registro na produção”, alerta Anita. O executivo da PariPassu também reforça a importância dos padrões. “É indiscutível que precisamos de informações padronizadas para dar fluidez e garantir a qualidade de informação entre os elos da cadeia.” DESAFIOS Segundo dados do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA), divulgados

pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), a cobertura de FLV rastreada pelos varejos participantes (total de 44 supermercados) é de 20,5%. Em 2017, o volume total rastreado foi de 1,22 milhão de toneladas. Embora tenha ocorrido avanços consideráveis, ainda há muito o que evoluir. “A maioria dos produtos é comercializada no atacado sem rótulo, e, no varejo, sem a identificação da origem, o que tem como consequência a impossibilidade de identificação da origem e do responsável pelo produto”, lamenta Anita. Especialistas do setor preveem que as ações de rastreabilidade devem aumentar em todas as etapas da cadeia. Entretanto, os desafios são grandes. “Na ocorrência de problema, como estabelecer a responsabilidade de cada elo pela segurança e qualidade das frutas e hortaliças frescas?”, indaga Anita. Além disso, é preciso vencer os problemas enfrentados pelas pequenas empresas. “As cidades preconizam que precisam saber o que consomem, mas o campo considera que sempre fez seu trabalho daquela forma e não precisa mudar. Assim, enquanto for apenas por consciência, o processo é mais lento. Quando tivermos cobranças mais sérias veremos mais força na aplicação desse conceito”, presume Buso. 7 898357 410015

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ENTREVISTA

Momento da retomada Por Denise Turco

Depois de uma longa recessão, o Brasil reúne as condições econômicas para recuperar o ritmo de crescimento, aposta o economista do Banco Votorantim, Roberto Padovani Um dos mais renomados economistas do País, Roberto Padovani, traz um alento para esses tempos de instabilidade econômica, muito influenciada pelo ambiente político. Segundo ele, que é economista do Banco Votorantim, a recuperação deve vir a partir de um conjunto de fatores: queda do endividamento das famílias, retomada da confiança, inflação baixa e redução da taxa de juros. Este cenário é propício para a retomada do consumo e, logo, para estimular os investidores a voltarem a incrementar seus negócios no País. “De modo geral, toda recessão reduz custos e gera as condições favoráveis para a realização de investimentos”, pontua Padovani. Na análise do economista, as turbulências internacionais e as Eleições podem impactar o ritmo de crescimento, mas não afetam esse otimismo. O comércio varejista e os segmentos dedicados à exportação devem liderar a recuperação. Passadas as Eleições, os setores de infraestrutura e bens de capital podem reforçar o crescimento. Sempre interessado pelos temas de economia e finanças, Padovani

18 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

tem ampla vivência na área. Cursou a faculdade de economia da Universidade de São Paulo (USP) e a de administração da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Com mais maturidade, optei por seguir o caminho da economia, o que me levou ao mestrado na própria FGV. Depois dessa experiência acadêmica, tive a oportunidade e a honra de trabalhar no Ministério da Fazenda entre 1993 e 1995, um período intenso e de grandes mudanças para a economia brasileira”, conta. Também atuou por um longo período como consultor e acumulou experiência internacional como estrategista do banco alemão WestLB. O que esperar da economia brasileira em 2018? Confira, a seguir, a análise e as projeções traçadas por Padovani. BRASIL EM CÓDIGO O senhor acredita em uma retomada da economia em 2018? ROBERTO PADOVANI Sim, acredito na continuidade da retomada iniciada ainda em 2016. Quatro fatores principais impulsionam a economia neste momento: queda do endividamento das famílias, retomada da confiança, inflação baixa e redução da taxa de juros.

Em conjunto, estes fatores explicam o aumento do consumo e tudo indica que esta trajetória deva se manter ao longo dos próximos trimestres. BC Na sua opinião, quais fatores podem limitar o crescimento do País neste ano? RP Apesar do relativo conforto de boa parte dos analistas com a superação da recessão, o ritmo ainda é uma dúvida. É possível que turbulências globais, notadamente a alta dos juros nos Estados Unidos, encontrem a economia brasileira mais vulnerável, dadas às incertezas fiscais e políticas. Como resultado, tanto a demanda quanto a oferta de crédito para as empresas podem continuar retraídas, prolongando a crise financeira e limitando a própria intensidade da retomada. BC E o que deve, ou deveria, estar na agenda de crescimento no curto e médio prazo? RP No curto prazo, o primeiro passo para voltarmos a uma trajetória de crescimento é recuperarmos a estabilidade econômica, superando a crise fiscal. Com equilíbrio de dívida, câmbio e ju-


Fotos: Paulo Pepe

“O crescimento pode se aproximar de 3% em 2018. Nada mal para um País que viveu, ao longo dos últimos dois anos, a maior recessão de sua história”


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ENTREVISTA

“No médio prazo, nossa lista de desafios envolve um melhor ambiente de negócios, simplificação do sistema tributário e qualificação da mão de obra” ros também se estabilizam e tornam a economia mais previsível, peça fundamental para a confiança e a retomada do crescimento. No médio prazo, nossa lista de desafios envolve um melhor ambiente de negócios, simplificação do sistema tributário e qualificação da mão de obra. Mas a construção de um marco regulatório adequado para atrair investimentos privados em infraestrutura talvez seja a chave para a recuperação da produtividade e de taxas mais elevadas e estáveis de crescimento. BC Na sua visão, qual é a importância e os impactos das reformas da Previdência e Trabalhista? RP São duas reformas fundamentais para se alcançar maior crescimento no médio prazo. Seus objetivos mais estritos, no entanto, são diferentes. A Reforma da Previdência tem um objetivo essencialmente fiscal, permitindo ao governo resgatar sua capacidade de controlar gastos e honrar sua dívida. A Trabalhista, diferente-

20 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

mente, permite maior flexibilidade do mercado de trabalho e, com isso, maior capacidade de se absorver mão de obra e gerar crescimento de médio prazo. Mas as duas são importantes incentivos para a volta do investimento e, portanto, aumento da produtividade e crescimento. BC Qual será o efeito das Eleições no cenário econômico, considerando a crise política? RP As Eleições geram incertezas em um ambiente no qual o Brasil ainda mostra uma trajetória de alta na dívida pública. Caso o cenário global continue marcado por elevada confiança nas condições de crescimento e liquidez, os impactos negativos do ciclo político sobre crescimento tendem a ser atenuados. Mas, caso o humor do investidor externo mostre reversão, o que acho provável, as incertezas tendem a se elevar, gerando maior instabilidade nos mercados financeiros e pressionando variáveis como crédito, emprego, investimen-

to e taxa de juros. Com isso, o ritmo de recuperação da economia pode ser atenuado. BC Na sua análise, quanto a economia deve crescer em 2018? RP Os indicadores de atividade têm mostrado que o cenário econômico mais otimista está se confirmando. Não apenas o crescimento pode superar 1% em 2017 mas também pode se aproximar de 3% em 2018. Nada mal para um País que viveu, ao longo dos últimos dois anos, a maior recessão de sua história. BC Como devem ficar os principais indicadores econômicos? RP Há bons motivos para imaginar que a inflação, temporariamente baixa em 2017, volte a se aproximar da meta de 4,5% neste ano. Mesmo com uma economia ainda mostrando fragilidade, o choque favorável de preços agrícolas tende a ser superado, pressionando os preços. Neste caso, a taxa de juros pode caminhar


em direção ao seu nível neutro, que estimamos estar próxima a 9,5%. Com isso, faz sentido uma alta suave da taxa de juros já em 2018, alcançando o patamar de 8%. Trata-se de uma redução dos estímulos monetários compatível com um cenário de recuperação lenta, marcado por ociosidade ainda elevada na economia. Com SELIC e inflação em patamares baixos, o consumo favorece a recuperação do investimento e da economia como um todo. A partir de uma base deprimida de consumo e produção, não seria difícil um crescimento próximo a 3%. O câmbio irá depender muito da política monetária nos Estados Unidos. Como é possível que os mercados globais passem a acreditar mais nos sinais do Federal Reserve [banco central norte-americano], então os juros de longo prazo podem subir e fortalecer o dólar globalmente, fazendo a moeda brasileira operar mais próxima ao patamar de R$ 3,40. BC Quais são as suas expectativas em relação ao nível de desemprego? RP Com a retomada gradual do consumo e do investimento, é natural que a taxa de desemprego continue mostrando tendência de queda. Mas, além de a ociosidade ser elevada, o aumento da produtividade, que normalmente acompanha as recessões, pode fazer com que a queda do desemprego seja um movimento lento. Acredito que os níveis de 12,5% e 11,5% possam ser boas refe-

rências para a taxa média de desemprego em 2017 e 2018.

bens de capital e imóveis consolidem o quadro de crescimento.

BC Neste cenário, o senhor aposta em uma retomada consistente do consumo das famílias? RP A intensa e surpreendente queda da inflação em 2017 permitiu alguma recuperação da renda, mesmo em um ambiente de desemprego acima da média histórica. Como a inflação deverá voltar a subir, então os ganhos de renda, a partir de agora, tendem a depender mais dos movimentos de mercado de trabalho. Neste caso, com mais pessoas trabalhando, a massa de rendimentos deve manter a trajetória de recuperação e, deste modo, do consumo. Com juros e inflação em patamares baixos, seria preciso um choque muito grande para tirar a recuperação dos trilhos, o que acredito ser pouco provável.

BC As pequenas empresas e as startups têm tido papel importante para girar a roda da economia nestes tempos mais difíceis. Do ponto de vista econômico, quais são os cuidados que essas empresas devem ter para não serem envolvidas pelo clima de instabilidade? RP Por terem uma estrutura de capital menos sólida e maior instabilidade em seus fluxos de caixa, o desafio destas empresas em um ambiente de incertezas têm sido manter o acesso a crédito. Justamente por isso, a gestão de caixa deve ser feita de modo conservador e cauteloso, principalmente diante das possíveis turbulências neste ano.

BC Quais setores devem apresentar maior crescimento ou recuperação neste ano? RP Neste ciclo de retomada, é natural que o número de segmentos beneficiados se amplie ao longo do tempo. Em 2018, comércio varejista e setores exportadores devem liderar a recuperação. Passadas as Eleições, mais setores podem reforçar o crescimento. Em um cenário em que o próximo governo mantenha a responsabilidade de gestão, a economia poderá caminhar para o seu potencial e estimular investimentos. Neste caso, é provável que infraestrutura,

BC Que conselho daria para os investidores, tanto grupos nacionais quanto internacionais, que estão de olho no Brasil? RP Para os investidores que olham o Brasil no longo prazo, vivemos uma excelente oportunidade. De modo geral, toda recessão reduz custos e gera as condições favoráveis para a realização de investimentos. Além disso, há no País muitas empresas experimentando problemas de liquidez, o que estimula a consolidação dos mercados. Este ambiente é particularmente atrativo se considerarmos o fato de que estamos diante de um ciclo econômico mais favorável à frente. A oportunidade é agora. 7 898357 410015

“Em 2018, comércio varejista e setores exportadores devem liderar a recuperação. Passadas as Eleições, mais setores podem reforçar o crescimento” [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 21


Imagens: Thinkstock

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Foto/Imagens: iStock

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Por Kathlen Ramos

Novo índice da GS1 Brasil mostra o nível de adoção de diversas tecnologias nos setores de indústria, comércio e serviços e entre consumidores É fato que empresas e consumidores têm usado, cada vez mais, a tecnologia a seu favor. Mas em que medida as diversas soluções estão presentes no cotidiano nacional? Com o objetivo de mensurar a automação no País, a GS1 Brasil lança o Índice de Automação do Mercado Brasileiro, desenvolvido pela entidade em parceria com a empresa especializada em pesquisas GfK. O estudo mostra a realidade de companhias dos setores da indústria, comércio e serviços, além de consumidores, quando o assunto é otimizar os processos e ter mais rapidez e comodidade no dia a dia. “A evolução da automação tem modificado a forma como empresas e pessoas interagem com produtos e processos nos mais diversos ambientes. Mensurar essa área pode, por exemplo, auxiliar as empresas a se compararem com o mercado e verificarem como estão em relação à realidade brasileira”, afirma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Além

disso, o acompanhamento desses números, que serão divulgados anualmente, proporcionará uma visão da velocidade sobre como as mudanças relacionadas à automação atingem os consumidores. “Os números refletem como novas tecnologias têm sido adotadas pelos brasileiros e, com o passar do tempo, poderemos identificar a evolução da adoção e consumo de Internet das Coisas (IoT) no cotidiano”, acrescenta Oliveira. Para chegar aos resultados do indicador, foram entrevistados 2.680 consumidores (entre homens e mulheres, maiores de 18 anos, das classes A, B e C em todo o País); além de responsáveis pelo processo de automação em empresas de todos os portes (contemplando 2.859 do ramo de comércio/serviços e 1.972 indústrias). “O índice é elaborado com base em uma pesquisa abrangente e contínua, cuja intenção é ir além dos números já existentes no mercado, trazendo uma ampla visão da adoção de automação e novas


CAPA

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OBJETIVO: mensurar a automação no País

ÍNDICE DE AUTOMAÇÃO DA GS1 BRASIL

AMOSTRA: 2.680 consumidores entrevistados 2.859 profissionais do ramo de comércio/ serviços e 1.972 de indústrias

RESULTADOS: Índice de Automação do Mercado Brasileiro: 0,22 Índice de Automação do Consumidor Brasileiro: 0,17

tecnologias”, sinaliza a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde. Inéditos no País, esses números foram calculados considerando um intervalo entre 0 e 1, no qual 1 significa o estágio máximo de automação. O estudo mostra o indicador por segmento, bem como a média nacional, para que seja possível comparar a realidade específica das diversas áreas, identificando desafios e oportunidades de crescimento no mercado. Neste primeiro resultado, divulgado em 2017, o índice de automação nas empresas é de 0,22 no total Brasil. Analisando o universo das grandes empresas, o índice chega a 0,34. “Considerando a grandiosidade e a diversidade do País, este índice nos mostra uma importante penetração na adoção e uso de tecnologias no Brasil”, analisa Virginia.

Para a diretora-regional de market opportunities and innovation da GfK, Eliana Lemos, os resultados demonstram que o País está caminhando em termos de automação, mas ainda há espaço para evoluir, seja no mundo corporativo, seja entre a população. “As grandes empresas e as indústrias estão mais avançadas nesse sentido. Entre os consumidores, a evolução em termos de automação está muito atrelada ao acesso à internet e ao custo de produtos automatizados. À medida em que o acesso aumente e o custo diminua, a tendência é que o índice de automação cresça proporcionalmente”, prevê Eliana. Assim, há bastante espaço para aumentar o nível de automação no País por meio de investimentos em tecnologia. Acompanhe, a seguir, os principais resultados do estudo.

INDÚSTRIA O estudo constatou que a automação no Brasil é liderada pela indústria, com um índice de 0,26. “Podemos identificar a adoção de tecnologias que apontam para o novo conceito de Indústria 4.0, no qual máquinas inteligentes comunicam-se entre si, tornando os processos mais eficientes e seguros”, destaca Virginia. Para determinar o grau de automatização nas indústrias, foram consideradas seis dimensões: sistemas, relacionamento com o colaborador, relacionamento com o cliente, atendimento, logística e fábrica. Com indicadores fortes nas áreas de logística (0,36) e fábrica (0,34), a indústria, que sempre apostou na tecnologia, mostra que está indo além dos investimentos no parque produtivo. O

“A evolução da automação tem modificado a forma como empresas e pessoas interagem com produtos e processos nos mais diversos ambientes” 24 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


A fabricante de roupas Loony Jeans é um exemplo de companhia que valoriza a automação. No mercado brasileiro desde 1977, a empresa, que começou como revendedora de confecções renomadas, hoje tem sua própria fábrica de calças jeans, oferecendo o produto em diferentes modelagens, além de blusas e complementos, por meio da divisão Loony Cotton. Com três lojas próprias na capital paulista – localizadas nos bairros do Brás, Bom Retiro e Moema – também comercializa seus produtos para o atacado e o varejo de todo o País. A automação tem sido fundamental para a evolução da gestão e do desenvolvimento da companhia. Tanto que, segundo dados do Índice de Automação do Mercado Brasileiro, a taxa de automação da Loony é de 0,27, acima da média nacional de 0,22. “Todos os nossos processos são automatizados, desde a fabricação até a venda”, conta o gerente de TI, Fabio Dias Carapau. As inovações sempre estão no radar da Loony, que, atualmente, está promovendo a integração da loja virtual. “Mudamos de ERP para que seja possível fazer essa integração em todas as áreas”, diz, acrescentando que todo esse processo de automação

índice GS1 aponta que o setor passa a perceber a existência de tecnologias disponíveis para automatizar o relacionamento com o consumidor final, seus distribuidores e varejistas. Outro dado relevante é que a indústria também tem dedicado atenção especial à área de sistemas (0,40), que contempla, por exemplo, softwares como CRM (Customer Relationship Management ou Gestão de Relacionamento com o Cliente), BI (Business Intelligence ou Inteligência Empresarial) e ERP (Enterprise Resource Planning ou Sistema de Gestão Empresarial). “Esta área ganha com a

Foto: Eliane Cunha

NA PRÁTICA

Fabio Carapau, da Loony Jeans Automação desde a produção até a venda

também se reflete na satisfação do consumidor e na redução de perdas na empresa. “Com a automação, agilizamos as consultas de preços e estoques, além de não criarmos gargalos na hora do pagamento no caixa. Conseguimos, ainda, fazer a rastreabilidade das peças e reduzir erros no processamento dos pedidos”, aponta Carapau.

automação ao proporcionar processos mais ágeis, integração de sistemas, redução de erros nas entregas e prevenção de retrabalho. Além disso, a padronização de processos aliada à automação pode gerar o aumento de produtividade, redução de desperdícios e aumento da eficiência”, sinaliza a executiva da GS1 Brasil. O estudo indica um destaque para o uso de automação nas indústrias de bens de consumo não duráveis (0,29). “A velocidade de processamento nessas fábricas, a alta rotatividade dos produtos e a necessidade de uma logística integrada podem ser o diferencial

para que este segmento acompanhe um mercado no qual o tempo é essencial”, avalia Virginia. COMÉRCIO E SERVIÇOS Para calcular o Índice de Automação em negócios dos ramos de comércio e serviços, foram contempladas as mesmas dimensões da indústria, com exceção do tópico “fábrica”, que, nesse caso, foi substituído por “loja”. Comparado à indústria, este segmento é menos automatizado, apresentando índice médio de 0,19 no País. “Apesar de muitas tecnologias já estarem disponíveis para os pontos de venda, sua

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 25


CAPA

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Foto: Divulgação

Tornar as atividades do dia a dia mais simples, rápidas e prazerosas; além de se comunicar com amigos e familiares, trazendo um lado humano para a tecnologia. Essas foram algumas das razões que os consumidores deram para a revista Brasil em Código ao comentarem o uso frequente de soluções tecnológicas, confirmando os insights do Índice de Automação do Mercado Brasileiro. A praticidade e a possibilidade de poupar tempo no telefone e, principalmente, evitar longas filas com serviços de reservas on-line e compras, por exemplo, é o que mais atrai o especialista em tecnologia e criador de conteúdo para o YouTube, Everton Vianna, 37 anos, morador de Jacareí (SP). “Hoje, ninguém quer perder tempo fazendo atividades que a tecnologia pode otimizar. Me lembro que saía com minha mãe em vários supermercados fazendo listas em busca dos melhores preços. Ficávamos o dia todo nisso. Agora,

Foto: Lucas Vianna

TECNOLOGIA NO DIA A DIA

Everton Vianna Acesso à internet e aplicativos são essenciais para todas as atividades os melhores preços estão a um clique”, exemplifica. Com seu smartphone, Vianna faz praticamente tudo. “Uso muitos serviços on-line de transporte, busca e reserva de hotéis, rastreio de encomendas, gestão do trabalho, como planilhas e atividades que estão todas sincronizadas entre celular e computador, além de usar o celular para fazer videoconferências e reuniões a distância”, conta. Ele também usa smartwatch e pulseiras inteligentes para monitorar a quantidade de calorias queimadas, passos dados, registrar treinos de corrida e verificar o batimento cardíaco. No carro, Vianna usa as tecnologias Bluetooth, para atender o telefone sem se distrair ao volante, e o GPS, que ajuda nos trajetos. Mas ele ainda não está satisfeito. Para os próximos anos, faz planos de agregar outras tecnologias ao seu dia a dia, que podem ajudá-lo

Thiago Valadares Maior ganho da tecnologia é estar conectado a família e amigos

26 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

nas tarefas do lar. “Gostaria de experimentar o Google Home ou Alexa integrados a produtos da casa. Ter um assistente para ligar e desligar as luzes e ar-condicionado, além de todas as possibilidades que uma casa inteligente oferece, é algo que gostaria de aderir no futuro”, revela. Já para Thiago Valadares, 36 anos, morador de São Paulo (SP) e proprietário da aceleradora de startups SEVEN Grupo Digital, o maior ganho com o uso da tecnologia, além da praticidade, é a possibilidade de conexão. “Tenho uma empresa que trabalha com processos digitais e me consome muito tempo, mas também tenho uma família. Para mim, o maior ganho desses dispositivos é a possibilidade de me comunicar com pessoas queridas e de saber se estão bem. É imensurável a alegria de usar o Facetime para falar com meu filho e sobrinho, que ainda são pequenos, e vê-los mandando fotos e gifs animados”, comenta, salientando que, para tanto, usa smartphone desde 2006.


adoção ainda é incipiente. O destaque vai para algumas lojas que utilizam RFID na conferência de compras e no estoque, por exemplo”, mostra o presidente da GS1 Brasil. A área de logística é uma das mais beneficiadas, resultado da adoção da gestão automatizada de rotinas, da rastreabilidade de produtos, entre outros processos. A automação em logística se dá, principalmente, pelo uso de Nota Fiscal XML, estabelecimento de comunicação com fornecedores e clientes com troca de dados via sistema, identificação única de produtos e estoque inteligente.

Entretanto, há potencial de crescimento em outras áreas. “As maiores oportunidades estão em atendimento, relacionamento com colaboradores e com clientes e nas próprias lojas”, enumera a executiva da GfK. CONSUMIDORES Para analisar o grau de automação entre os consumidores brasileiros, o estudo também contemplou seis dimensões: acesso à internet, aplicativos, itens pessoais, eletrodomésticos/eletrônicos, residência e carro. A automação de residências (0,04 no total Brasil) e o uso de

itens pessoais tecnológicos (0,03 no total Brasil), são devido à adoção recente observada apenas nos últimos anos. “É natural que, com o passar do tempo, essas tecnologias se tornem mais populares, aumentando sua aderência”, analisa Oliveira, da GS1 Brasil. O poder aquisitivo tem influência neste cenário. “Especificamente para o índice de automação nas residências, os dois itens com maior declaração de posse são produtos para climatização e portão automático”, observa Eliana Lemos. A idade é outro ponto relevante no uso da automação. Tanto que, entre 25 e 34 anos, foram observados alguns dos melhores resultados. “Combina-se tanto o maior poder aquisitivo que costuma se dar nessa idade, quanto o maior acesso e afinidade com a internet”, acrescenta Eliana. Nessa faixa etária, por exemplo, o índice de automação alcançou 0,44 para o acesso à internet e 0,31 em relação ao uso de aplicativos. 7 898357 410015

ALGUMAS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS CONSIDERADAS NO ESTUDO Sistemas: itens de automatização de processos administrativos, como gestão de relacionamento com o cliente (CRM), inteligência empresarial (BI), sistema de gestão empresarial (ERP), etc. Relacionamento com o colaborador: monitoramento do colaborador por meio de rastreadores, sensores e câmeras. Relacionamento com o cliente: identificação e monitoramento do cliente identificando seu perfil de compra, características e a utilização desses dados de forma estratégica. Atendimento: itens de atendimento automatizados, como Unidade de Resposta Audível (URA) e URA Inteligente. Logística: automatização de estoque, comunicação integrada com fornecedores e distribuidores, pedidos, notas fiscais, código de barras e RFID. Fábrica: quantidade de linhas de produção automatizadas, maquinário para transformação de matéria, controladores e sensores. Loja: monitoramento remoto, integração com back office, leitores, RFID e tecnologias de interação (beacons).

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 27


EMPRESAS Índice de Automação do Mercado Brasileiro:

0,22 GRANDES EMPRESAS

Em geral, a automação está mais presente entre os grandes negócios Setor

Empresas em geral

Pequenas

Médias

Grandes

Comércio e Serviços

0,19

0,18

0,24

0,30

Indústria

0,26

0,24

0,33

0,38

Total Brasil

0,22

0,21

0,29

0,34

DEPARTAMENTOS Na indústria, a área de sistemas é destaque na automação, enquanto em comércio/serviços, a logística ganha notoriedade Setor

Empresas Sistemas em geral

Logística

Atendimento

Relacionamento Relacionamento com o com o cliente colaborador

Loja

Fábrica

Comércio e Serviços

0,19

0,28

0,28

0,16

0,14

0,13

0,09

-

Indústria

0,26

0,40

0,36

0,20

0,15

0,11

-

0,34

Total Brasil

0,22

0,34

0,32

0,18

0,15

0,12

-

-

ÁREAS DE ATUAÇÃO As indústrias que atuam na área de bens de consumo não duráveis são as mais automatizadas Empresas em geral

Bens de consumo não duráveis

Bens de consumo semiduráveis

Bens de consumo duráveis

Comércio

0,19

0,19

0,21

0,22

0,19

-

Indústria

0,26

0,29

0,22

0,26

0,27

0,27

Total Brasil

0,22

0,24

0,22

0,24

0,23

-

Setor

Bens Bens intermediários de capital

EXEMPLOS DE SETORES PESQUISADOS: Bens intermediários: produtos minerais, metalúrgicos, tecidos, vidro, papel e celulose, produtos químicos, borracha, plásticos, componentes elétricos e eletrônicos. Bens duráveis: automóveis, eletrônicos, linha branca e joias. Bens semiduráveis: têxtil e calçados. Bens não duráveis: alimentos, bebidas, fumo e medicamentos. Bens de capital: fabricação de máquinas, equipamentos, aparelhos e materiais elétricos.


CONSUMIDORES IDADE

Dimensões

Brasil

18-24 anos

25-34 anos

35-44 anos

45 ou mais

Acesso à Internet

0,41

0,41

0,44

0,43

0,37

Aplicativos

0,26

0,31

0,31

0,27

0,19

Eletrodomésticos/ Eletrônicos

0,18

0,17

0,18

0,18

0,17

Carro

0,09

0,06

0,09

0,10

0,08

Residência

0,04

0,04

0,05

0,05

0,04

Itens Pessoais

0,03

0,03

0,04

0,03

0,02

Total Brasil

0,17

0,17

0,19

0,18

0,15

Aplicativos são mais usados entre os mais jovens, e o acesso à internet predomina entre as pessoas de 25 a 44 anos

REGIÕES No Sudeste e Sul, os conBrasil

Sudeste

Sul

Nordeste

Centro-Oeste e Norte

Acesso à Internet

0,41

0,46

0,39

0,37

0,36

Aplicativos

0,26

0,28

0,23

0,24

0,25

Eletrodomésticos/Eletrônicos

0,18

0,20

0,18

0,15

0,15

Carro

0,09

0,10

0,07

0,07

0,08

Residência

0,04

0,05

0,05

0,03

0,04

Itens Pessoais

0,03

0,03

0,02

0,03

0,03

Total Brasil

0,17

0,18

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Dimensões

sumidores utilizam mais a automação impulsionados, principalmente, pelo acesso à internet, o uso de aplicativos e de equipamentos conectados

Índice de Automação do Consumidor Brasileiro:

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finanças

Imagem: iStock

Crédito para todos

Por Kathlen Ramos

Conheça os melhores caminhos e opções de financiamento para pequenas empresas São muitos os desafios que as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) enfrentam diariamente. Seja no momento de projetar o negócio no mercado, seja para mantê-lo vivo, o empreendedor precisa contar com muito planejamento, inovação e jogo de cintura para lidar com a concorrência. Muitas vezes, esses empresários necessitam, igualmente, de crédito para um novo investimento. Entretanto, os caminhos nem sempre são tão simples. Além da burocracia, o ambiente de restrição econômica do País fez com que muitos bancos “fechassem as torneiras”, cortando boa parte do crédito concedido às MPEs. Mas, apesar das dificuldades, é possível obter empréstimos. Acompanhe, a seguir, algumas alternativas. PROFISSIONALIZAÇÃO Para ter acesso às linhas de financiamento com condições mais atrativas, é fundamental ter o negócio profissionalizado, inclusive com contas bancárias em nome da empresa, o

30 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

que vale também para o Microempreendedor Individual (MEI). PLANEJAMENTO Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas MPEs para ter acesso ao crédito é a falta de planejamento. “Em qualquer instituição financeira, o processo de concessão segue análises rígidas e, portanto, manter a documentação da empresa sempre em dia faz toda a diferença na hora de buscar recursos”, afirma o presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos. Para que um projeto seja aprovado na entidade, por exemplo, os principais documentos a serem apresentados são: certidões reguladoras (estaduais e municipais), demonstrativos contábeis e financeiros, além de garantias e informações sobre o projeto a ser financiado. ARMADILHAS Antes de pedir crédito, é essencial analisar a real necessidade. “Às vezes, o empresário calcula apenas o valor da dívida e esquece de considerar o capi-

tal de giro. Então, com o crédito, consegue sanar os débitos, o que dá um certo respiro. Mas, nos meses seguintes, já não terá o capital necessário para as contas operacionais porque não se atentou que este fluxo era negativo”, adverte o consultor financeiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP), João Carlos Natal. Outra armadilha é calcular de maneira errada a capacidade de quitar as parcelas prometidas ao credor. CONCORRÊNCIA Embora o crédito esteja disponível para todos os ramos de negócios, alguns podem ter mais dificuldade, como é o caso de áreas da economia tradicional, como bares ou lojas de roupas. “Nessas áreas, há muitos empresários competindo pelo mesmo nicho, então o risco tende a ser maior. Já startups que pensam em negócios inovadores costumam ter mais facilidade, pois o retorno costuma ser mais rápido e há menos ou nenhuma concorrência”, analisa Natal.


João Carlos Natal, do SEBRAE-SP Startups que propõem negócios inovadores costumam ter mais facilidade de crédito

LINHAS DE CRÉDITO Conheça algumas opções disponíveis no mercado para obter crédito: Banco do Povo Paulista: é o Programa de Microcrédito Produtivo, desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo, dirigido a empreendedores formais ou informais, associações e cooperativas produtivas ou de trabalho para capital de giro e investimento. A taxa de juros é de 0,35% ao mês, pré-fixados. O valor do crédito pode variar de R$ 3 mil a R$ 20 mil. Programa Juro Zero Empreendedor: dirigido para o MEI, a Desenvolve SP opera esta ação em parceria entre o Governo do Estado e o SEBRAE-SP. São oferecidos empréstimos de até R$ 20 mil, sem cobrança de juros. Para acessar o programa, o empreendedor deve concluir um dos cursos de capacitação do SEBRAE-SP e ter seu plano de negócios aprovado pela entidade.

Fotos: Divulgação

Desenvolve SP: para as empresas paulistas, a instituição oferece mais de 20 linhas de financiamento para atender todas as fases de um negócio. São opções para capital de giro, compra isolada de máquinas ou equipamentos

Milton de Melo Santos, da Desenvolve SP Para obter crédito, é fundamental estar com a documentação em dia

e para investimentos de longo prazo, como projetos de expansão e inovação. Além de operar com linhas próprias, a instituição é repassadora de linhas do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e da FINEP, agência governamental de apoio à inovação. A aprovação do crédito depende do tipo de investimento a ser realizado, do grau de maturação do projeto e da organização das empresas. “Para operações de capital de giro que não exigem a apresentação de projetos de investimento, lançamos, recentemente, o Crédito Digital, uma ferramenta totalmente on-line e inédita no País que aprova recursos em até dois dias úteis”, revela Santos. No site www.desenvolvesp. com.br, o empresário pode simular o financiamento e acompanhar cada etapa do pedido. Cooperativas de crédito: são instituições financeiras formadas pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. “Os cooperados são, ao mesmo tempo, sócios e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços”, explica Natal. Para encontrar uma cooperativa de

crédito adequada à cada necessidade, basta procurar informações em agências e postos de atendimento do SICOOB, SICREDI, CONFESOL, UNICRED, CECRED, UNIPRIME, entre outras instituições. Fintechs: outra opção é buscar financiamento em startups do mercado financeiro. Operações de crédito mais simples e baratas, como na modalidade peer-to-peer lending (empréstimos entre pessoas, sem a intermediação de bancos) ou empréstimo coletivo, famoso nos Estados Unidos e na Europa, vêm destacando-se no Brasil por facilitar este processo e conectar investidores e MPEs. A Nexxos, por exemplo, uma das pioneiras nesta modalidade no País, promete juros mais baixos do que os praticados pelos bancos. A análise de crédito é digital e 90% automática, com o uso de inteligência artificial. Outras alternativas: caso a empresa não consiga crédito bancário, vale usar a criatividade. “Pode-se, por exemplo, negociar bens parados no estoque, refinanciar um veículo ou penhorar joias da família”, sugere Natal. Há, ainda, a possibilidade de fazer permuta de serviços. “Nada impede uma empresa de veículos trocar serviços de manutenção de frota de uma empresa de comunicação em troca da divulgação em mídia de sua oficina, por exemplo. Nessa parceria, todos saem ganhando”, exemplifica. 7 898357 410015

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AUTOMAÇÃO

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Imagens: iStock

Da teoria à prática

Por Kathlen Ramos

Nas salas de aula, os alunos assimilam os conceitos. Mas nos laboratórios de automação a execução e a experiência são colocadas à prova. Conheça o que tem sido feito nesse sentido nas grandes universidades do País Desde o ensino fundamental, quando matérias como biologia e ciências começam a ser introduzidas nas salas de aula, muitos professores utilizam os laboratórios para comprovar, na prática, que seu discurso tem fundamento. Nesses espaços, os estudantes têm a possibilidade de experimentar, manusear materiais e, assim, aprender de uma maneira mais fácil. Quando esses mesmos alunos ingressam nas universidades, todas essas possibilidades de experimentação nos laboratórios continuam, com a vantagem adicional de poderem se preparar melhor para o mercado de trabalho e se abrirem para a inovação. Segundo o Prof. José ricardo da

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Silva, coordenador da faculdade SENAi Mariano ferraz, na Vila leopoldina, na capital paulista, a importância dos laboratórios está na vivência profissional que o aluno adquire e na consolidação do conhecimento. “temos dois tipos básicos de conhecimento: o explícito, que pode ser gravado por escrito, em imagem e som e é de fácil assimilação; e o tácito, que só dá para gravar no cérebro. Como exemplo: nunca andei de bicicleta e, se vir alguém andando de bicicleta, contínuo sem saber andar. Mas se eu tentar, vou cair nas primeiras tentativas, mas, quando eu conseguir equilibrar, vou gravar no meu cérebro. Ou seja, algumas coisas só aprendemos fazendo”, argumenta.


Foto: Marcos Santos

Eduardo Zancul, da Poli-USP Laboratório viabiliza o avanço de pesquisas em manufatura avançada e outros temas

Fábio Lima, da FEI Laboratório de Manufatura Digital possui 28 estações de trabalho

Dr. Fábio Lima, do departamento de Engenharia de Produção. Este espaço ocupa uma área de 97,5 m2. São 28 estações de trabalho com todo o pacote de manufatura digital da Siemens. O ambiente conta com uma célula robotizada, doada pela SPI integradora de sistemas. Há, ainda, o Laboratório de Manufatura Integrada, que está sendo modernizado com a aquisição de três robôs da empresa KUKA Roboter. Outra referência no País é o OCEAN USP, inaugurado em 2016, como resultado de uma parceria da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e a Samsung. Nele, são desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa e ex-

tensão nas áreas de aplicativos móveis, Internet das Coisas (IoT), realidade virtual e games, com estímulo ao empreendedorismo. O laboratório tem 300 m2 e está situado no prédio do Departamento de Engenharia de Produção da Poli, no campus do Butantã, em São Paulo. A área é utilizada em aulas de graduação e pós-graduação, nas atividades de pesquisa da Poli, além de oferecer cursos para a comunidade. “Essas tecnologias, aliadas aos nossos conhecimentos e trabalhos de pesquisa em engenharia de produção, nos permitem fazer vários avanços, como pesquisas em manufatura avançada e outros temas das demais engenha-

Fotos: Divulgação

É justamente com esses objetivos que espaços de aprendizado e inovação se multiplicam pelo País. O SENAI-SP, por exemplo, desenvolveu 14 laboratórios relacionados à automação, com áreas que variam entre 60 m² e 96 m². Os espaços são divididos entre as áreas de controladores lógicos programáveis (CLPs), inversores de frequência, servomotores, robôs, plantas de manufatura miniaturizada, planta de processo contínuo, redes industriais, hidráulica, pneumática, eletrônica, entre outros temas. O Centro Universitário FEI também valoriza esses projetos. Em 2016, o departamento de Engenharia de Produção inaugurou o Laboratório de Manufatura Digital, como o primeiro passo concreto para a implementação dos conceitos da manufatura avançada, ou Indústria 4.0, na instituição. “No ano de inauguração, o Laboratório de Manufatura Digital ganhou um prêmio internacional do projeto PACE, da General Motors, destacando-se entre 59 concorrentes de 13 diferentes países”, comemora o Prof.

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AUTOMAÇÃO

Laboratório da Faculdade SENAI Mariano Ferraz Espaço permite que professores e alunos desenvolvam competências de acordo com a realidade do mercado

Foto: Divulgação

nificativamente, com o aumento da produtividade e competitividade das indústrias”, sinaliza Silva.

rias da Escola Politécnica”, destaca o professor do Departamento de Engenharia de Produção da Poli e um dos coordenadores do OCEAN USP, Eduardo Zancul.

Fotos: Divulgação

BENEFÍCIOS PARA TODOS Por terem equipamentos industriais atualizados e em uso nas indústrias, os laboratórios de automação são capazes de reproduzir a realidade do ambiente de trabalho, trazendo benefícios para o processo de ensino-aprendizagem. “O docente passa a dispor de recursos técnicos e tecnológicos em qualidade e quantidade

adequadas ao ensino da profissão”, diz José Silva, da Faculdade SENAI Mariano Ferraz, acrescentando que a existência dos laboratórios permite aos professores inovarem em metodologias de trabalho, desenvolvendo competências em projetos, implementação, operação e manutenção. Na mesma medida, o aluno é beneficiado de diversas maneiras. “O estudante, na maior parte do tempo, aprende de forma individualizada cada função que desempenhará durante a sua atuação profissional, garantindo uma qualificação diferenciada, capaz de contribuir, sig-

Alexandre Lugli, do INATEL Laboratórios servem de base para empresas realizarem testes de produtos e capacitarem seus colaboradores e clientes

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PARCERIA EMPRESA-ESCOLA Diversas empresas também têm utilizado os laboratórios das universidades para testes ou treinamentos, otimizando a utilização desses ambientes. “Os laboratórios servem de base para empresas realizarem testes de produtos e capacitarem seus colaboradores e clientes”, comenta o coordenador dos cursos de graduação em engenharia de controle e automação e tecnologia em automação industrial do Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL), Alexandre Baratella Lugli. No INATEL, localizado em Santa Rita do Sapucaí (MG), por exemplo, muitas empresas são parceiras dos laboratórios da instituição. São exemplos, a Siemens, B&R Industrial


Automation, Sense Eletrônica, Vivace, DLG, ABB, entre outras. “Essas empresas podem utilizar a nossa estrutura de laboratório para ministrar treinamentos ou testar produtos fora dos horários de aula”, conta o coordenador dos cursos de pós-graduação em controle e automação do INATEL, Prof. Yvo Marcelo Chiaradia Masselli. A FEI também vem desenvolvendo parcerias com empresas. Um exemplo é a Siemens que, além de

apoiar, promove algumas atividades no Laboratório de Manufatura Digital da entidade. “A empresa tem realizado treinamentos para seus clientes dentro da FEI. Dessa forma, professores e alunos estão sendo preparados para o desafiador modelo industrial que vem se desenhando nos últimos anos”, conta Lima. Conclui-se, assim, que os laboratórios de automação são essenciais para que projetos inovadores sejam realizados por alunos e também por empresas a partir de

testes de conceitos. “A execução e integração de projetos de diversos níveis, bem como a aproximação com o setor empresarial, colaboram fortemente para que o laboratório seja um espaço voltado para a inovação”, conclui Lima. Até mesmo as startups vêm sendo beneficiadas nesses espaços. “Um programa específico de pré-aceleração de startups, chamado de Intensivo, é realizado na FEI para acelerar empresas em estágio inicial de desenvolvimento”, diz. 7 898357 410015

IDEIAS EM AÇÃO Soluções inovadoras devem surgir em breve no mercado. Conheça alguns tipos de projetos de pesquisa realizados pelos laboratórios de automação das universidades brasileiras: 1. Processamento de imagens No SENAI-SP, por meio da aplicação de uma webcam, batatas colocadas em uma esteira são classificadas por tamanho e formato. Em caso de excesso de agrotóxico, por exemplo, há uma deformação na batata que o sistema é capaz de reconhecer e descartar por ser imprópria para o consumo humano. 2. Processamento de voz na nuvem Outra iniciativa do SENAI-SP serve para comandar uma planta de processo com três tanques de água. Na simulação, fala-se qual tanque deve ser preenchido e com que porcentagem do líquido. O comando de voz é processado e transmitido aos controladores lógicos programáveis (CLPs), que ligam a bomba até alcançar o volume determinado. 3. Simulação de uma indústria real O laboratório temático do INATEL, com abertura prevista para este ano, conta com estrutura semelhante a de uma indústria, criando um novo ambiente para aulas de controle, instrumentação e pneumática. São testados sistemas de controle clássicos e inteligentes, sensores para automação e sistemas pneumáticos. 4. Pesquisas com o uso de energia elétrica A FEI realiza estudos em sistemas de manufatura, começando, neste ano, a utilizar algoritmos de inteligência artificial nessas investigações. 5. IoT Também é projeto da FEI estabelecer a conectividade entre os laboratórios de automação de uma universidade com outras instituições de ensino.

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Integração homem-máquina Por Denise Turco

Computação cognitiva promete gerar um diferencial competitivo para os negócios a partir de uma combinação inteligente de tecnologias

Nos últimos 20 anos, a quantidade e a velocidade das mudanças comportamentais, sociais, econômicas e tecnológicas, com uma evolução atrás da outra, quebraram muitos paradigmas no mercado. Foi assim com surgimento da internet, as transformações do consumidor, o varejo multicanal, o Big Data, as mídias sociais e as soluções em nuvem. “Agora, com a combinação homem e máquina, não ocorreu uma evolução, mas uma revolução que questiona os papéis das empresas, processos e profissões. É difícil dimensionar aonde isso vai chegar e qual será o impacto”, comenta o head de Watson Customer Engagement da IBM Brasil, Claudio Santos. Nesta entrevista, ele explica sobre a computação cognitiva, a base da estratégia da IBM para alavancar seus negócios nos próximos anos. Por trás disso, está o Watson, sistema que aprende em larga escala, raciocina e interage com os humanos de forma natural. Inteligência artificial, aprendizado de máquina (machine learning) e analytics são algumas das tecnologias incorporadas na plataforma, conta Santos, que há 23 anos trabalha na IBM e também é professor da ESPM nas áreas de varejo, CRM e plataformas digitais. O Watson nasceu a partir de aplicações na área de saúde, destacando-se no diagnóstico de câncer nos Estados Unidos. Assim, passou a assessorar médicos com indicações de protocolos e tratamentos. Rapidamente, surgiram aplicações em outros segmentos – desde exploração de petróleo, passando por brinquedos educativos até sistemas financeiros. Isso porque

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a plataforma é capaz de processar e analisar um grande volume de dados (inclusive dados desestruturados, como imagens, fotos e vídeos), descobrir padrões e novas relações, realizar inferências e apontar hipóteses – ou seja, gerar conhecimento útil para os negócios. Com 108 anos de história, sendo cem deles no Brasil, a IBM estima que, até 2025, haverá uma oportunidade de mercado de US$ 2 trilhões para aplicações cognitivas. Confira, a seguir, como este tipo de solução pode ajudar as empresas. O que é a computação cognitiva? É uma evolução da inteligência artificial. Na IBM, chamamos de computação cognitiva a capacidade computacional que possui três características. A primeira: antes as soluções tecnológicas eram criadas com base em programação. Hoje, os computadores passaram a entender a linguagem humana em vários idiomas, possibilitando um diálogo direto entre homem e máquina. A segunda característica é que máquinas são como crianças, no sentido de aprenderem em larga escala. Esse aprendizado ocorre de duas formas: na interação com o humano e pelo acesso à internet, a maior biblioteca de informações de todo o mundo. Vamos para a terceira: a máquina passa a dar conselhos para o humano, ajudando-o a tomar uma decisão. Portanto, a combinação homem-máquina tem o poder de transformar processos e organizações, além de promover uma experiência melhor para o cliente.

Imagem:iStock

JOGO RÁPIDO


Foto: Eliane Cunha

“A computação cognitiva pode ser aplicada em qualquer tipo de mercado, porque todos têm acesso, desde startups até grandes empresas” Claudio Santos, da IBM

O Watson é um supercomputador? Não. É como se fosse um “cérebro”. É uma plataforma em nuvem que vai aprendendo funções baseadas em uso, ou seja, cada vez que uma nova função é adicionada, pode ser utilizada em larga escala. Portanto, com esse conceito, o céu é o limite. O Watson começou fortemente no setor de saúde, aplicado ao tratamento de câncer e triagem em hospitais. Atualmente, a computação cognitiva pode ser aplicada em qualquer tipo de mercado, porque todos têm acesso, desde startups até grandes empresas, pagando por mês como um serviço. A IBM, dentro de seus padrões éticos, não tem controle sobre as informações da empresa, que define um curador de dados para ensinar o Watson. Por exemplo, no caso de tratamento de câncer, os curadores são os médicos. O Watson aprende e sabe reconhecer padrões e históricos. É a partir disso que a empresa tem ganho de escala, de acuracidade e de aprimoramento. Poderia dar exemplos de aplicações práticas? A IBM está focada no B2B e, neste segmento, há vários tipos de aplicações em diferentes áreas. No varejo, a computação cognitiva já é usada para venda assistida. No site da North Face [marca de roupas], toda a interação do cliente via chat é feita pelo Watson, e não por pessoas. O Watson recomenda as roupas com base no histórico de compras e nas perguntas que o cliente faz. Também no varejo, há recomendações de campanhas, de insights, de tendências de mercado ou gestão de crise, combinando os conceitos de analytics e machine learning. Por exemplo: a empresa quer fazer uma campanha na Black Friday. A plataforma faz um processamento muito rápido de informações: histórico da ação nos anos anteriores, quantas pessoas compraram, idade dos clientes, etc. Na área de bens de consumo, a computação cognitiva pode sugerir a melhor rota dos caminhões para transportar mercadorias. Em call center, a plataforma já faz atendimento ao cliente.

Fizemos também um projeto na Pinacoteca de São Paulo, no qual o Watson foi treinado para dar informações sobre algumas obras de arte aos visitantes, que podiam fazer perguntas. Então, é quase como uma interação humana mesmo. Já existe alguns pilotos em bancos que usam a plataforma para fazer recomendação de investimento. Que empresas já usam essa plataforma no Brasil? Via Varejo, Bradesco, Banco do Brasil, Fundação Dom Cabral, BRF, Pinacoteca de São Paulo, startups, entre outras. No campo da saúde, o Fleury lançou um tipo de exame que analisa o DNA e combinação de genoma usando a capacidade cognitiva do Watson. Qual é a dica para as companhias começarem a adotar esse tipo de solução? A computação cognitiva pode ser aplicada do ponto de vista estratégico, tático e operacional. Caso a empresa ainda não tenha experiência nisso, a recomendação é iniciar no campo operacional para funções repetitivas, como, por exemplo, em um call center quando o cliente precisa mudar a senha, trocar de cartão ou cancelar o serviço. Na maioria das solicitações, é utilizado um menu, que segue um script predefinido. Se neste script o Watson não resolver o problema, a plataforma direciona para a equipe atender os casos mais críticos. Outro exemplo é para suporte de tecnologia, quando os colaboradores de empresas têm dúvidas de como usar um equipamento ou sistema. Na IBM, é o Watson que responde às dúvidas dos funcionários. Isso não quer dizer que as pessoas que trabalhavam nessas áreas foram eliminadas, mas direcionadas para outras funções. Começar pelo operacional é mais fácil, mas pode ser que a empresa tenha uma razão de negócio tão importante que comece pelo tático ou estratégico. Há startups que já nascem com todo o portfólio de soluções baseado em computação cognitiva. 7 898357 410015

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RECURSOS HUMANOS

Imagem: iStock

Primeiros passos

Por Adriana Bruno

Estágio é o início da construção de uma carreira, mas é preciso que empresa e colaboradores estejam na mesma sintonia O mercado de trabalho não perdoa o despreparo dos profissionais. As exigências são cada vez maiores, assim como a concorrência. E, para os jovens, a falta de experiência é, muitas vezes, um impeditivo para a conquista de uma vaga. Então, qual é a receita para conseguir a tão almejada oportunidade de trabalho? Na maioria dos casos, a resposta é o estágio. Esse processo de aprendizado é, hoje, uma ferramenta estratégica da política de recursos humanos das empresas dos mais diversos segmentos e portes a fim de atrair e reter talentos. Vale sempre lembrar que, de acordo com a Lei 11.788/00, “o estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando

38 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

para a vida cidadã e para o trabalho”. É importante destacar também que o jovem precisa estar necessariamente matriculado e frequentando regularmente as aulas da educação média, profissional ou superior, completa o superintendente nacional de atendimento do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Luiz Gustavo Coppola. “O papel do estagiário nas empresas é o de ser um talento em formação. Ele desempenhará tarefas que o prepararão para a efetiva entrada no mercado de trabalho”, afirma o executivo. Atualmente, o CIEE administra o programa de 210 mil estagiários em todo o Brasil. O estágio pode ser considerado como uma parceria na qual todos os envolvidos saem ganhando. O estagiário leva o conhecimento, as novidades e a inovação que circulam den-


tro da universidade para o ambiente corporativo. Em troca, a empresa dá a orientação necessária para que o jovem aprenda a direcionar a carreira e saiba agir dentro de uma companhia, além de oferecer a oportunidade de aprimorar e desenvolver as habilidades, ganhando experiência. “Os estagiários são capazes de revitalizar a cultura da empresa, trazendo a disposição de quem está atualizado e com as ideias “frescas”, com muita vontade para colocá-las em prática. Valorizar estas ideias, dar a orientação correta para sua carreira e saber mapear seu perfil pode levá-los a serem as futuras lideranças da organização”, avalia a educadora e especialista em Inteligência Emocional, Semadar Marques. Segundo ela, para que a experiência seja positiva, tanto para a empresa quanto para o estagiário, é preciso assegurar já na contratação que os valores estejam alinhados e que o jovem esteja disposto a comprometer-se com o trabalho.

EXPERIÊNCIA PRODUTIVA Mas o caminho até o estágio nem sempre é fácil. O jovem Eliel Brito dos Santos, de 19 anos, estudante do curso de comunicação visual da ETEC Tiquatira, na zona leste da capital paulista, conta que passou por inúmeras tentativas até conquistar a vaga de estagiário na Core Group, agência de comunicação. “Muitas empresas buscam um estagiário já com experiência. Fiz várias tentativas até conseguir uma oportunidade. Hoje consigo mostrar meu potencial como profissional de design”, conta Santos. A duração do estágio dele é de um ano, e o jovem diz que a experiência está sendo muito produtiva. “Estou conseguindo desenvolver minha capacidade técnica e intelectual na prática. No curso, você não fica de frente com os problemas que uma empresa enfrenta. Aqui é tudo real e precisamos responder com soluções eficientes, que agradem o cliente”, relata o estagiário, que pretende fazer novos cursos e investir no ensino superior. VIA DE MÃO DUPLA Uma vez dentro da empresa, o estagiário deve aproveitar cada segundo, absorvendo todo o conhecimento prático, alinhado ao teórico. Além disso, tem a chance de confirmar se está na área que realmente lhe satisfaz. “Já pelo lado dos empreendedores, eles devem enxergar o estagiário como um diamante a ser lapidado, como a possibilidade de descobrir um novo talento, e não, como infelizmente alguns veem, como

oportunidade de utilizar mão de obra barata”, avalia o palestrante e especialista em superação, Marco Cassel. Por ser considerada uma atividade pedagógica, as empresas podem usufruir de uma série de incentivos fiscais para a contratação de estagiários, como a isenção do recolhimento de encargos trabalhistas, por exemplo. “Em compensação, não podem se furtar ao treinamento deste estudante que está longe de ser um profissional habilitado. Os estagiários chegam com disposição e vontade de deixar sua marca, vestindo a camisa da empresa, mas geralmente com pouca ou nenhuma experiência real”, comenta Coppola, do CIEE. Ele acrescenta que os gestores podem colocar o estagiário para atuar junto a profissionais experientes para que absorva esse know-how ou também custear cursos voltados a conhecimentos específicos. Portanto, é importante que o estagiário não seja um faz-tudo ou quebra-galhos, mas atue em sua área de estudos. Desse modo, a empresa ajuda a garantir, de fato, a formação profissional e a qualificação de talentos. Orientação é a palavra-chave. “Os estagiários precisam ser instruídos e acompanhados o tempo todo para que, ao final do período de treinamento, máximo de dois anos na mesma empresa, de acordo com a Lei do Estágio, estejam prontos para a efetivação. A empresa não pode esperar deles – muito menos cobrar – resultados de um profissional estabelecido e nem delegar atividades muito básicas”, finaliza Coppola.

Fotos: Divulgação

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Eliel Brito, estagiário da Core Group Estágio dá oportunidade para mostrar habilidades e criar, na prática, soluções para os clientes

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] Fotos/Imagens: Eliane Cunha/iStock

NEGÓCIOS

Trabalho ‘fora da caixinha’ Por Flávia Corbó

Espaços de coworking espalham-se pelas capitais do País e já movimentam R$ 82 milhões, gerando 3,5 mil empregos diretos e indiretos Em meados de 2016, uma multinacional de perfil convencional, em que os funcionários trabalham em baias individuais e batem cartão para cumprir à risca a jornada de oito horas de trabalho, precisou reformar a área ocupada por um dos departamentos. A solução encontrada para manter a equipe trabalhando foi alugar uma estação de coworking – modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas de diferentes empresas e das mais variadas áreas de atuação.

40 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

A reforma durou apenas três meses – tempo suficiente para causar um impacto entre os colaboradores. Liberados para retornar às dependências da empresa, não mostravam empolgação para trabalhar novamente em um ambiente formal. Eles haviam sido contagiados pelo clima mais leve e divertido dos espaços de coworking. “Oferecemos muito mais que mesas e cadeiras. Proporcionamos experiência, ambiente e clima diferenciado”, garante a CCO da Plug, Juliana Lima. Na Plug, uma das pioneiras no conceito


Diego Lira, da Turbi Empresa nasceu e se desenvolveu dentro de um coworking

de coworking no Brasil, as vantagens do espaço compartilhado são percebidas no convívio diário. A empresa tem duas unidades na capital paulista, sendo que uma delas é uma casa com 1,5 mil m² situada em frente a uma praça. A decoração é clean e moderna. As atividades de integração – e porque não descontração – são diárias: às terças-feiras, é dia de manicure a preço convidativo; às quartas, tem pipoca à vontade; às quintas, é dia de chope em dobro no happy hour, que acontece no café instalado dentro do próprio local. Tudo isso pode ser feito na companhia do animal de estimação, já que o espaço é pet friendly. O serviço de manicure e a cortesia da bebida em dobro são oferecidos

por empresas residentes na própria Plug. É por meiodesse tipo de parceria que se começa a perceber os diferenciais da cultura de um coworking. Com diversas empresas de diferentes ramos de atuação dividindo o mesmo espaço, a troca entre os profissionais é constante e muito rica. É o que garante o empreendedor Diego Lira. Ele é CEO e cofundador da Turbi, startup que tenta disseminar um conceito ainda novo no Brasil: o de car sharing. Trata-se de um modelo de compartilhamento de veículos, no qual o cliente aluga um carro por meio de um aplicativo, retira-o no ponto mais próximo, utiliza pela quantidade de horas desejadas e devolve-o no mesmo ponto em que foi retirado. A princípio, Lira decidiu instalar a Turbi dentro de um coworking por questões financeiras. “Lançamos a empresa em agosto de 2016. Até agora, economizamos cerca de R$ 100 mil por não termos um espaço físico próprio”, afirma. Uma vez instalado, o empresário percebeu que os benefícios iam além. “O ecossistema

que se cria tem um valor imensurável para um empreendedor.” Foi por meio de conversas com os colegas de coworking que a Turbi formou sua estrutura. “Conseguimos indicação de advogado e escritório contábil. Recebemos dicas de como melhorar a colocação do nosso aplicativo no ranking das app stores e como aprimorar o marketing. Esse tipo de ajuda minimiza os erros que todo empreendedor comete no início”, afirma. E também foi na Plug que Lira angariou os primeiros clientes. “Aqui tem muitas pessoas abertas a coisas novas”, conta o empresário. Tamanha disposição para testar novidades gerou até uma história engraçada. “Quando lançamos a versão beta do aplicativo da Turbi, fizemos todo mundo na Plug baixar, apenas como um teste, pois não estava no ar ainda. No entanto, um dos residentes da Plug navegou sem problemas no aplicativo e decidiu realmente usar o serviço. Depois veio elogiar e tomamos um susto. Não sabíamos que ela tinha usado o carro e vimos que precisávamos melhorar o controle”, diverte-se Lira.

PANORAMA DO COWORKING NO BRASIL

R$ 82 milhões de faturamento em 2016 56 mil estações de trabalho 210 mil pessoas circulando 313 mil m² ocupados 3,5 mil empregos diretos e indiretos Fonte: Censo Coworking Brasil 2017

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[ Foto: Divulgação/Chico Moraes

NEGÓCIOS

Formato flexível No JK&CO, além do escritório compartilhado, há espaços para ocasiões específicas, como treinamentos TENDÊNCIA CONSOLIDADA Quando a Plug foi fundada, em 2012, o conceito de coworking era desconhecido no Brasil. No entanto, aos poucos, o modelo de negócio foi quebrando barreiras e, hoje, já é tido como algo consolidado e com potencial de crescimento. O País conta com 810 espaços de coworking que, juntos, criam mais de 56 mil estações de trabalho. “Deixou de ser uma onda e, agora, é visto como um tipo de negócio e investimento. De acordo com o Censo 2017, elaborado pelo Coworking Brasil, em 2016, foram movimentados

CRESCIMENTO DOS ESPAÇOS DE COWORKING

Fonte: Censo Coworking Brasil 2017

R$ 82 milhões, envolvendo mais de 3,5 mil empregos diretos e indiretos”, aponta a especialista em coworking, Bruna Lofego. O Estado de São Paulo representa, sozinho, 40% de todo o mercado. Com uma concorrência crescente, os espaços compartilhados têm buscado apresentar alguns atrativos. Enquanto os primeiros escritórios ofereciam apenas o aluguel de uma estação de trabalho em uma grande mesa coletiva, hoje, a tendência é criar áreas especiais. No JK&CO, situado em um prédio comercial na Vila Olímpia, bairro da capital paulista, há espaços

LOCALIZAÇÃO

diferentes montados para ocasiões específicas. “Temos diversos tipos de salas de reunião, como sala de pesquisa, de coaching, para workshops e treinamentos. Todas são automatizadas e com móveis ergonômicos”, descreve a diretora-geral do JK&CO, Carolina Gayad. Por estar instalada em uma casa bem ampla, a Plug conta com um auditório com capacidade para até 110 pessoas, equipado com projetor, caixa de som, passador de slides, lousas de vidro e internet. “As possibilidades do espaço são inúmeras. Já fizemos desde coletiva de imprensa para uma indústria far-


Foto: Eliane Cunha

Juliana Lima, da Plug Para trabalhar em um coworking, basta ter em mente que tudo é compartilhado

macêutica até uma festa de 10 milhões de inscritos no canal do Whindersson Nunes”, conta Juliana. Há, ainda, salas reservadas que podem ser locadas de maneira fixa pelas empresa, normalmente por aquelas que possuem um grande número de funcionários. De acordo com dados da Coworking Brasil, as salas especiais já representam 12% das estações de trabalho oferecidas pelos coworkings. “Os formatos vão se adaptando de acordo com as necessidades do mercado. Acreditamos que a configuração do ambiente pode influenciar na criação de novas ideias, na geração de novos negócios e no bem-estar das pessoas”, complementa Carolina, do JK&CO. PERFIL DOS COWORKERS Quando se analisa superficialmente o conceito de compartilhar um am-

biente de trabalho, cria-se a ideia de que esse modelo de negócio atende a um perfil muito específico: startups de tecnologia, formadas por pessoas jovens e descoladas. No entanto, os dados e as empresas de coworking rebatem e garantem: há espaço para todos – advogados, arquitetos, publicitários, contadores, consultores, entre outros. “Não tem um segmento que se dá melhor. Tem muito mais a ver com o profissional ou o dono da empresa. É preciso se adaptar, entender que tem barulho, muita gente falando ao mesmo tempo e que tudo é compartilhado”, destaca Juliana. A única ressalva diz respeito ao número de funcionários. Mais de 42% dos usuários de coworking são empresas com até três pessoas e 22,6% têm entre três e seis colaboradores. Ao mesmo tempo, apenas 1,2% tem mais de 12 pessoas na

equipe. “Chega uma hora em que a estrutura não comporta mais”, admite Juliana, citando como exemplo o crescimento do aplicativo de táxis Cabify no Brasil. “Eles começaram com duas pessoas aqui na Plug. Em pouco tempo, estavam com mais de 80 funcionários e contratando constantemente. Todo dia precisávamos criar uma nova estação de trabalho para eles.” Em certo momento, a empresa precisou procurar um espaço próprio, mas nunca abandonou as raízes. “De vez em quando eles aparecem para rever os amigos e fazer novos contatos”, conta Juliana. 7 898357 410015

RANKING Por cidade São Paulo - 217 Rio de Janeiro - 71 Belo Horizonte - 47 Curitiba - 44 Porto Alegre - 36 Fortaleza - 25 Campinas - 21 Recife - 21 Brasília - 20 Florianópolis - 20

Por Estado SP - 336 RJ - 78 PR - 69 MG - 67 RS - 55 SC - 40 CE - 25 PE - 22 DF - 20 BA - 19


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Benefícios múltiplos

Imagem: iStock

RFID

Por Denise Turco

Empresas apostam no uso da RFID para obter processos mais ajustados e apoiar o crescimento neste momento de retomada da economia do País Toda a cadeia de abastecimento – começando pela indústria, passando por atacadistas e distribuidores até o varejo – já sabe o quanto a RFID pode ser decisiva para obter bons resultados, desde o chão de fábrica até a venda para o consumidor final. Atualmente, as empresas que buscam esse tipo de solução no Brasil têm o mesmo desejo: controlar e auditar os processos, entender a movimentação dos produtos, gerenciar o estoque e as vendas com precisão, além de ter as informações contábeis necessárias para atender às exigências dos órgãos de fiscalização. Ao contrário do que ocorria no passado, o custo da etiqueta inteligente já não inibe esse tipo de investimento, que vem caindo consideravelmente nos últimos anos. Por conta disso, os especialistas apontam que o uso da RFID deve acelerar de agora em diante, especialmente nos segmentos de

44 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

vestuário, saúde, eletrônicos, logística e varejo. “As soluções de RFID ficaram mais aparentes, e as empresas começaram a perceber a vantagem de ter uma ferramenta como esta a seu favor. Vislumbramos uma oportunidade muito grande neste mercado”, destaca Ricardo Monteiro, consultor e sócio da Parson Serviços em Tecnologia. A empresa dedica-se ao desenvolvimento e implementação de soluções em RFID e Internet das Coisas (IoT). “A curto prazo, teremos uma evolução grande nos projetos de RFID no Brasil”, completa Sérgio Gambim, analista de projeto da iTAG, especializada no desenvolvimento e implantação de projetos com esta solução, com clientes de peso no mercado nacional. Segundo ele, a consultoria iniciou nove implementações de RFID de clientes novos apenas no mês de janeiro. Boa parte desses projetos estava na gaveta, indicando uma disposição maior das

empresas para investir em tecnologia e processos mais ajustados, a fim de apoiar o crescimento nesse momento de retomada da economia do País. Isso faz todo o sentido, porque a RFID dá precisão às operações. O controle manual na leitura individual do código de barras dos produtos é substituído pela leitura de grandes volumes, que funciona a partir das etiquetas inteligentes, antenas e portal RFID. “Um processo de ‘bipagem’ para leitura de código de barras leva quatro segundos por peça. Nesse mesmo tempo, é possível fazer a leitura de 300 peças utilizando a RFID”, compara Gambim. Assim, os processos que a empresa consegue verificar por meio da RFID, como inventários, conferência do produto entregue, cor, tamanho, etc., geram acuracidade e credibilidade para a operação. O consultor e também sócio da Parson, Roberto Cordeiro Moreira, enu-


Foto: Divulgação

Mais eficiência Oxford Porcelanas implementou RFID na linha de produção e expedição de produtos

mera outros benefícios da tecnologia: eliminar o erro humano e fazer a rastreabilidade, uma vez que a RFID permite a serialização, tornando cada produto único ao longo de todo o processo. SOB MEDIDA Quem deseja investir na tecnologia deve ter em mente que cada projeto é único, não dá para copiar do concorrente. Segundo Gambim, o ponto de partida é refletir: qual é o desejo da empresa num projeto de RFID? Assim, inicia-se o desenho do projeto e, em seguida, a escolha do modelo de etiqueta adequada para gerar a performance desejada na operação. “Também é fundamental fazer a implementação por etapas. Em um primeiro momento, geralmente, a RFID apenas substitui a leitura do código de barras. Depois, prepara-se os usuários para conhecer a tecnologia. Desse modo, aos poucos, os projetos vão evoluindo, ganhando novas funcionalidades, de acordo com as necessidades e objetivos da empresa”, orienta Gambim. As companhias que têm adotado a RFID no País têm obtido resultados interessantes. A Oxford, uma das maiores fabricantes de cerâmica e porcelana da América Latina, é um exemplo. A empresa, que fabrica 2,5 mil SKUs e produz 6 milhões de unidades/mês,implementou a RFID na linha de produção e expedição de produtos. No estoque, além de permitir a

localização e identificação exatas dos itens armazenados, a tecnologia vem sendo utilizada para dar velocidade e eficiência na separação e encaminhamento dos pedidos realizados pelos clientes. “Cada pedido tem seu conteúdo selecionado e, em seguida, passa por outro portal RFID para conferência e encaminhamento para uma das cinco docas”, diz o gerente de logística da Oxford, Marcelo Correa, afirmando que antes da RFID a companhia não operava com docas. A Parson é parceira da indústria no projeto. “A Oxford tinha muitos erros de expedição e o custo de logística reversa era muito grande, até porque a companhia se responsabiliza pelo retorno da mercadoria errada, enviando a certa para o varejo. Na hora de separar o pedido na expedição, um dígito pode fazer com que um carregamento inteiro seja recusado. Quando implementamos a RFID, os erros na expedição caíram a zero”, conta Moreira. Tanto é que a indústria atingiu o ROI (Retorno Sobre o Investimento) em RFID nos primeiros 12 meses de uso da tecnologia. Além do controle da movimentação interna, a tecnologia permitiu o controle de expedição e da entrega dos produtos aos clientes varejistas. Assim, a Oxford passou ter a certeza do quê e quando foi entregue, reforçando a rastreabilidade dos produtos. “Outro benefício é que o uso da RFID fez com que os funcionários começas-

sem a prestar mais atenção nos itens que separam, aumentando a produtividade”, reforça Monteiro, da Parson. Instalada em São Bento do Sul (SC), a Oxford exporta seus produtos e, por isso, precisa utilizar padrões mundiais de identificação. Assim, optou pelo EPC (Electronic Product Code ou Código Eletrônico do Produto), composto pelo GTIN, o número do código de barras que o produto já dispõe, somado ao número serial, dando, assim, identidade única aos itens. “Com os padrões, o projeto na Oxford ficou bem mais fluido e tranquilo de se implementar. Não tivemos de criar números ou outros códigos. Simplesmente fizemos a serialização”, afirma Moreira. Em virtude dos resultados positivos, a Oxford já planeja novas práticas para agregar ao processo. O projeto de RFID gerou uma reação em cadeia, pois seus clientes, principalmente aqueles que vão distribuir os produtos, começaram a se interessar pela implementação da tecnologia. Segundo Moreira, isso é algo muito fácil. Uma vez que a indústria faz a etiquetagem na origem, bastaria que o distribuidor ou varejista instalasse um portal RFID para ler as tags. “Em 2018, o objetivo é ajudar a as transportadoras a compreenderem os ganhos que poderão ter na distribuição se implantarem leitores de RFID em seus processos, para melhorar esta etapa da distribuição”, completa Correa. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 45


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CONSUMO

Imagem: iStock

Celebrando o dia do cliente

Por Ticiana Werneck

Com a proximidade do Dia do Consumidor, empresas reforçam suas estratégias, com forte apelo digital, para encantar aquele que precisa ser o foco de qualquer negócio

A partir do mote do Dia do Consumidor, comemorado no dia 15 de março, a reportagem da Brasil em Código perguntou a seis executivos como suas empresas vão conduzir a gestão de clientes ao longo de

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2018. Integrar cada vez mais os canais virtuais e físicos, investir em ferramentas digitais e intensificar a presença nas mídias sociais foram algumas das estratégias compartilhadas. Confira.


Foto: Divulgação

“Em 2018, nossa proposta é ser cada vez mais ser digital, integrando as lojas ao e-commerce, dando ao consumidor mais opções, como, por exemplo, comprar no digital e retirar no físico. Neste momento, estamos fazendo um piloto desse modelo em quatro unidades. Com a melhora da economia, vamos focar numa estratégia de crescimento. Para ampliar nossa oferta, neste ano lançaremos uma nova marca de fitness e praia. Sabemos claramente quem é nosso público-alvo e direcionaremos nossas estratégias de comunicação para encantar esse cliente fiel. Temos como filosofia o relacionamento. Assim, nossos franqueados têm canal aberto para sugerir, pois são eles que ouvem os consumidores na ponta. Fazemos nossa estratégia de produto muito calcada nessa informação colhida na ponta.”

Sylvio Korytowski Diretor de expansão da rede de franquias Hope

“Estamos investindo em novas tecnologias e funcionalidades, como o aplicativo que oferece diversos benefícios e descontos, uma forma de interagir e, ao mesmo tempo, fidelizar o cliente. Outra novidade é que os clientes podem pagar com o celular, por meio do sistema de pagamento digital móvel do Google, o Android Pay. Estamos atentos aos comentários dos clientes e avaliações feitas por eles, buscando sempre melhorar e acatar as sugestões feitas. Somos bem ativos em nossas redes sociais e, sempre que um comentário surge, temos o hábito de interagir com o cliente e responder de forma objetiva.”

“Em 2018, a Vivo continuará acelerando a digitalização do atendimento, provendo mais agilidade, autonomia e conveniência, que são fatores decisivos para a percepção de qualidade. O desafio é seguir implantando novas funcionalidades em ferramentas on-line e aprimorando os canais de autoatendimento. Além dos canais tradicionais, como call center e lojas, a Vivo está presente nas mídias sociais. No Facebook, por exemplo, temos a Vivi, nossa assistente virtual, uma opção digital de relacionamento, via bot. Os atendimentos realizados nas redes sociais e no universo digital, assim como as pesquisas de satisfação e as análises colhidas por Big Data, são insumos que nos ajudam a identificar tópicos que podem ser aperfeiçoados, a conhecer as

necessidades de nossos clientes e aplicar soluções a cada perfil. Trabalhamos no monitoramento da satisfação dos clientes em cada ponto de contato com a empresa. Para cada desvio identificado, estabelecemos planos de ações para atacar e resolver. Em 2017, foram mais de 70 ações implantadas nesse sentido. Este trabalho é prioritário e conta com o engajamento de toda a organização, desde a alta direção até o atendente de loja ou um técnico de campo. Temos atuado também para tornar nossas peças de comunicação cada vez mais simples e claras. Queremos facilitar o entendimento por parte do cliente quando comunicamos a mecânica de funcionamento dos nossos serviços, por exemplo.”

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Antônio Carlos Nasraui CEO do Rei do Mate

André Kriger Vice-presidente de atendimento a clientes da Vivo

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CONSUMO

Fábio Prata Diretor de marketing de clientes da Bayer

Foto: Divulgação

Caito Maia Fundador da Chilli Beans

“Estamos em uma jornada constante. Sem dúvida, os temas relacionados ao marketing digital e uso de dados ganham importância cada vez maior. O foco da Bayer em 2018 será a maior utilização de ferramentas digitais para aprimorar nossas práticas, pois a inovação é um pilar de nosso negócio, e o marketing digital tem nos ajudado a acompanhar esta evolução. A inovação em produtos e serviços, que é nossa espinha dorsal, é pautada nas necessidades de nossos clientes. A Bayer também possui um contact center, o Converse Bayer, que recebe, em média, 10 mil ligações por mês. É um canal de comunicação direto oferecido aos clientes. A partir desse canal, também coletamos insigths. O sucesso da empresa depende da satisfação de seus clientes e, por este motivo, o foco estratégico da Bayer é prezar pela qualidade e eficácia de seus produtos e serviços.”

“Em 2017, investimos no desenvolvimento do canal de e-commerce para oferecer, no meio digital, o mesmo serviço que realizamos nas lojas. Queremos oferecer soluções diferenciadas, principalmente para a geração millennial. Com o mesmo intuito, em 2018, vamos intensificar nossa atuação na mídia on-line. Em paralelo, pretendemos continuar expandindo a rede de lojas, especialmente em Estados onde ainda não estamos presentes. Além disso, iniciamos, recentemente, um trabalho de CRM (gestão de relacionamento com o cliente). Assim, não apenas ouvimos nosso consumidor mas também buscamos entender seu perfil de consumo e preferências para oferecer soluções adequadas aos diferentes perfis. Para nós, essa é a mais efetiva fonte de captação de ideias e melhorias. Temos, hoje, um sistema que nos ajuda a entender o nível dos serviços oferecidos, a satisfação do cliente e, claro, as sugestões que nos servem como insumos para o desenvolvimento de treinamentos e melhorias em processos.” 7 898357 410015

48 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Daniel Barreto

Foto: Divulgação

“Em 2018, queremos continuar surpreendendo nosso cliente com produtos inovadores e experiências, somado à acessibilidade de preços. A base é oferecer produtos que atinjam diferentes estilos de vida e ocasiões de consumo. Somos uma empresa com ouvidos atentos ao consumidor, tanto por meio de pesquisas estruturadas quanto pelo nosso dia a dia no varejo, em que temos contato direto com os consumidores. Temos nossa área de design, marketing, CRM, SAC e um departamento responsável pela execução do nosso calendário de inovação e comunicação, mas já mudamos coleções, preços e aspectos de nossas lojas baseados em feedback de consumidores. O cliente é o centro de nossa estratégia e sabemos de nossa responsabilidade em surpreendê-lo.”

Rafael Palucci Gerente nacional de marketing e comunicação da 5àsec



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OPINIÃO

O impacto do cadastro de produto na prevenção de perdas

‘ Carlos Eduardo Santos, diretor de novos negócios da TYCO

Preparar um cadastro adequado pode minimizar a ruptura no ponto de venda bem como os riscos fiscais

Quando ouvimos falar em prevenção de perdas no varejo, geralmente associamos como agentes causadores deste problema os furtos e, especificamente no setor supermercadista, as quebras operacionais de produtos (itens sem condições de venda). É verdade que estes são os principais motivos, mas há outros fatores que influenciam diretamente nesta questão. De acordo com a última pesquisa de Prevenção de Perdas realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), relativa ao período de 2016, quebras operacionais, furtos e fraudes representam 75,23% do índice total de perdas. Erros de inventários e falhas operacionais respondem por 19,17%.

A ausência de cadastro do produto no momento do recebimento, independentemente do motivo, dá origem a uma série de modalidades de perdas Para se ter uma ideia, o setor supermercadista perdeu, em 2016, o montante de R$ 7 bilhões, conforme pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Deste total, R$ 1,3 bilhão (19,17%) foram causados por ineficiência na execução dos processos internos. O varejo paga caro por isso. Mas, por outro lado, esse tipo de situação pode ser

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uma oportunidade para melhorar a gestão. Por exemplo, uma parte considerável desse tipo de falha é atribuída ao cadastramento de produtos. Quando este processo não é executado em conformidade com as boas práticas, pode gerar um efeito cascata de perdas em toda a cadeia. São muitas as variáveis que envolvem o cadastro e, em razão desta complexidade, listo alguns dos efeitos mais expressivos. 1) PRODUTOS NÃO CADASTRADOS A ausência de cadastro do produto no momento do recebimento, independentemente do motivo, dá origem a uma série de modalidades de perdas, com impacto direto na diminuição da rentabilidade. Em termos práticos, ocorre a perda por ruptura. Neste caso, em tese, desde o recebimento, o produto sem cadastro fica indisponível para abastecimento, gerando a ruptura de estoque e, logo, a perda da venda. A ruptura também leva à perda de imagem, pois, se o cliente não encontra o produto disponível na loja, pode tomar a decisão de não comprar a sua lista completa e, até mesmo, optar pelo estabelecimento concorrente. Outro ponto é a quebra operacional. Pela impossibilidade de registro de entrada, o produto permanece fora de seu local apropriado de armazenamento e, como consequência, ocorre uma quebra operacional, em razão de avarias pelo manuseio inadequado e deterioração, no caso de perecíveis.


a empresa é obrigada a recolher o imposto relativo a diferença das quantidades apuradas. Outro ponto relevante diz respeito ao Fisco, pois eventuais distorções entre estoque fiscal e contábil, como a possibilidade de geração de saldos negativos no desmembramento de conjuntos não contabilizados, podem gerar autuações e pagamento de multas. 3) TRANSFORMAÇÃO DE PRODUTOS Alguns segmentos do varejo promovem a transformação de produtos, como é o caso dos supermercados nas áreas de açougue e padaria, e o de materiais de construção, na produção de tintas customizadas. Fazer a gestão de estoque de itens originados de processos produtivos sempre é um desafio, pois eles nascem da combinação de insumos, a exemplo do pão. Assim, no cadastro de produtos que se enquadram nesse perfil, devem constar as regras para realização de rendimentos, receituário e vinculação de códigos, além de sistema que permita a gestão de estoque adequada. Falhas nesse processo de cadastramento geram riscos fiscais, como citado acima, perdas de estoque e até mesmo desabastecimento dos produtos envolvidos.

4) OUTROS IMPACTOS O cadastro indevido da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) pode gerar o recolhimento de tributos de forma indevida e/ou pagamentos de multas. Erros na leitura do código de barras também se convertem em perdas. Mudanças na embalagem ou ações promocionais com códigos com má qualidade de impressão provocam dificuldades na leitura do item, gerando perda de produtividade em razão da digitação manual e também perdas de estoque pela possibilidade de ocorrerem falhas no processo. Já as mercadorias que possuem mais de um código devido a mudanças de embalagem, falhas de comunicação, etc. podem resultar em perdas de produtividade para a correção do problema. Portanto, a preparação e a execução de um cadastro adequado minimizam consideravelmente boa parte das perdas ocasionadas por falhas operacionais. Geralmente, o resultado de um bom plano de prevenção de perdas é alcançado apenas a médio e longo prazo, porém, se o cadastro de uma atividade de controle interno for priorizado, a empresa pode colher os benefícios no curto prazo. 7 898357 410015

CAUSAS DE PERDAS NO VAREJO BRASILEIRO 5,58%

4,28%

3,54% 33,11%

9,07% 10,10%

13, 31%

20,99%

Quebras operacionais Furto externo Furto interno Erros administrativos Erros de inventário Outros Fraudes de terceiros internos Fraudes de terceiros externos

Fonte: SBVC

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As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora. Foto: Divulgação

2) FATOR DE CONVERSÃO O cadastro de produtos merece uma atenção especial, pois as áreas comercial e logística operam, geralmente, considerando a unidade de compra (caixa, palete, fardo). Se o fator de conversão não for cadastrado de forma correta, compromete-se o gerenciamento de estoque do produto e da categoria. Nesse contexto, um dos principais impactos é a perda de estoque. Em razão da diferença de quantidade registrada entre o sistema e o estoque físico, pode ocorrer falta ou sobra no inventário, dependendo de como foi considerado o fator de conversão. Essa diferença, quando não observada no processo de análise pós-inventário, compromete, sensivelmente, a apuração da margem e dos resultados da empresa. Há também o risco fiscal. Os regulamentos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de vários Estados determinam a apuração da perda com emissão de nota fiscal para pagamento do imposto na saída e, em alguns casos, o estorno de créditos na entrada. Quando essa apuração é realizada de forma indevida – isto é, a diferença de estoque físico é irreal, porém provocada por uma falha no processo cadastral,


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Imagem: iStock Fotos/Imagens: iStock

E-COMMERCE

Consumo em um clique Por Flávia Corbó

Marketplaces ganham participação de mercado e contribuem para o bom desempenho do comércio eletrônico no País O e-commerce continua achando fórmulas para se reinventar. Mesmo em um período de crise, que resultou em uma forte retração do consumo, os marketplaces que atuam no Brasil, por exemplo, mantiveram índices de crescimento bem acima do registrado pelo varejo tradicional. Prova disso é que tanto grandes multinacionais quanto microempresas com gestão quase amadora descobriram nesse modelo virtual de venda o formato ideal para atingir um imenso número de consumidores dentro de um mesmo espaço. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) monitorou a movimentação dos principais

52 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

marketplaces do Brasil de março a junho de 2017 e descobriu que, apenas nesse período, o número de sellers – ou seja, de empresas vendedoras – avançou 13,6%. “Os marketplaces foram os grandes responsáveis por manter um bom nível de crescimento, pois ganharam participação de mercado. Hoje, esse modelo já representa 25% de todas as vendas on-line e deve crescer ainda mais, porque o consumidor já adotou a plataforma”, afirma o diretor da ABCOMM, Maurício Salvador. De olho nesse bom momento, gigantes do e-commerce estão reforçando as plataformas de venda. A B2W Digital,


que engloba Americanas.com, Submarino e Shoptime, por exemplo, está investindo na ampliação do sortimento. O marketplace da empresa atingiu 3,8 milhões de itens ao final do terceiro trimestre de 2017 – um crescimento de 80% em comparação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com o último balanço divulgado pela companhia, o número de sellers passou de 6 mil, em junho de 2017, para mais de 7,8 mil em setembro do mesmo ano. Outra estratégia é investir em novos mercados e possibilidades. “Até o final do ano, a companhia disponibilizará a venda de produtos usados entre pessoas físicas (C2C), ampliando o sortimento dos sites de forma ilimitada e contribuindo, significativamente, no aumento do tráfego recorrente dos sites e na base de clientes”, revela a B2W por meio de sua assessoria de imprensa. Os investimentos indicam bons resultados. Somente o marketplace da empresa cresceu 101,2% entre 2016 e 2017, chegando a R$ 3,6 bilhões em volume transacionado. A companhia justifica que essa expansão reflete a

proposta de valor oferecida aos sellers, como tráfego qualificado, suporte em logística, distribuição e atendimento ao cliente, diferentes tipos de serviços digitais e time comercial qualificado. Quem também tem expandido a atuação em marketplaces é a Amazon. A operação no Brasil começou de maneira tímida, envolvendo apenas a comercialização de livros. Mas, no final de 2017, veio a primeira demonstração de que a empresa enxerga potencial no mercado brasileiro: artigos eletrônicos e casa e cozinha entraram no catálogo da companhia no Brasil por meio do modelo de marketplace. “Ficamos surpresos com a adoção ao marketplace da Amazon no Brasil, pois centenas de novos vendedores se registraram para vender eletrônicos, além de Casa e Cozinha. Estamos contentes em ver lojas conhecidas, como Imaginarium e KaBuM!, confiando na Amazon para ser o primeiro marketplace no qual atuam”, comentou, na época, o country manager da Amazon.com.br, Alex Szapiro. Sempre discreta quanto às estratégias comerciais adotadas, a empresa

afirma por meio de sua assessoria de imprensa: “A Amazon é uma empresa focada no consumidor e obcecada por trazer o melhor catálogo, preço e conveniência. Acreditamos que sempre há espaço para trazer melhorias e inovações para nossos clientes, e é isso que queremos oferecer. Unimos nossa experiência global de mais de 20 anos em e-commerce com tudo que aprendemos com nossos clientes brasileiros nos últimos cinco anos, buscando sempre servi-los da melhor maneira”, declara a Amazon.com.br. Há, ainda, empresas que decidiram operar somente como marketplaces. “É o caso do Walmart, que anunciou, em dezembro do ano passado, sua saída do mercado como um varejista on-line, seguindo apenas com o posicionamento de marketplace”, comenta o diretor de marketing da Tatix, empresa de gestão e operação completa de lojas virtuais, Fábio Mori. DESAFIOS E OPORTUNIDADES Ainda que se trate de um segmento promissor, não significa que não exis-

ENTENDA A DIFERENÇA

E-commerce A loja virtual em que uma empresa vende seus próprios produtos

Marketplace Plataforma digital mediada por uma empresa, na qual outros lojistas, chamados de sellers, podem utilizar para vender seus produtos

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2018 53


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E-COMMERCE

Marketplaces já respondem por 25% de todas as vendas on-line do País

Foto: Divulgação

tam obstáculos a serem superados para a expansão e fortalecimento dos marketplaces no Brasil. Os maiores desafios estão na área de logística, pois estradas em más condições, falta de segurança, trânsito intenso e preço alto do combustível encarecem o frete, segundo Salvador. Além disso, o complexo regime tributário cria um sistema pouco compreendido pelo pequeno empresário, o que acaba onerando a operação. Problemas no catálogo dos marketplaces também são um entrave comum nesse modelo comercial. Muitas vezes, principalmente no caso de pequenos e médios lojistas, as imagens dos produtos são de má qualidade e a descrição dos itens não fornece toda a informação necessária para que o consumidor se sinta seguro em efetuar a compra. “Os marketplaces precisam investir na sensibilização e capacitação dos sellers”, afirma Salvador. Mas, ainda assim, há diversas oportunidades a serem exploradas. O e-commerce no Brasil alcança pouco mais que a metade da população. Ou

seja, o potencial de novos consumidores é imenso. Somente em 2017, 4 milhões de brasileiros realizaram a primeira compra virtual, segundo dados fornecidos pela ABCOMM. Deste montante, 3 milhões devem realizar uma nova compra em 2018. Para o diretor de e-commerce e marketing da Synapcom, Denis Strum, o terreno fértil deve estimular o surgimento de outros modelos de marketplace. “Além das grandes companhias, acredito que os marketplaces de nicho, como aqueles voltados para produtos premium, por exemplo, devam ganhar força em 2018. Apesar de serem menores, atingem um público mais certeiro”, explica. Outra tendência é que marcas virem marketplaces. “O que impede uma grande rede de lojas físicas, de comercializar na sua plataforma digital acessórios de outra marca, que não concorre com seu portfólio?”, indaga. VOOS MAIS ALTOS Puxado pelo bom desempenho dos marketplaces, o Brasil possui nú-

meros expressivos no universo digital. No primeiro semestre de 2017, as lojas on-line que atuam no País faturaram R$ 21 bilhões, um crescimento nominal de 7,5% ante o mesmo período de 2016. Mesmo em tempos de economia fraca, o número de pedidos aumentou 3,9% e o tíquete médio registrou expansão de 3,5%, passando de R$ 403 para R$ 418, de acordo com dados compilados pela E-bit. Apesar dos percentuais positivos, o e-commerce representa apenas 3,5% das vendas do varejo brasileiro. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, chega a 11%, na Europa, 18%, e, no imenso mercado chinês, está próximo de 30%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “Quando se trata de e-commerce ‘puro’, aquele de compra on-line e entrega a domicílio, o Brasil está bastante avançado. Mas, quando envolve mobilidade, a compra pelo smartphone, e ‘omnicanalidade’, ou seja,comprar on-line, mas com a possibilidade de retirar a mercadoria na loja, ainda é preciso avançar. É justamente pela ausência de

Alex Szapiro, da Amazon.com.br Expansão do marketplace da empresa no Brasil tem gerado bons negócios

54 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


modelos diferenciados que há essa diferença de percentual com outros mercados”, explica o presidente da SBVC, Eduardo Terra. Outro importante desafio a ser enfrentado é a forte concorrência com sites estrangeiros. Mesmo em tempos de alta constante do dólar, 21,2 milhões de brasileiros fizeram compras on-line em sites internacionais, uma expansão de 21% entre 2015 e 2016. O resultado dessa equação preocupa: o volume de compras em sites estrangeiros já representa o equivalente a 60% do que comercializa no varejo digital no Brasil. Em outras palavras, enquanto o e-commerce brasileiro faturou R$ 44 bilhões em 2016, o valor das compras realizadas em sites estrangeiros chegou a R$ 24 bilhões. Para Terra, a explicação está na possibilidade de comprar produtos específicos, que não são encontrados no Brasil, a um preço vantajoso, mesmo considerando o pagamento de frete e impostos. A ameaça é real e difícil de ser combatida, devido a fatores in-

trínsecos à realidade brasileira, como pesada carga tributária e altos custos de produção. Mas, ao mesmo tempo, existe a oportunidade de as empresas brasileiras começarem a explorar mercados estrangeiros. Por enquanto, poucas enxergaram esse caminho. “Apesar da demanda de venda de Havaianas na China, quem comercializa o produto por lá é a Target, rede de lojas dos Estados Unidos”, exemplifica Terra. Na visão do executivo de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá, o comércio eletrônico nacional também pode vislumbrar boas chances de vendas em mercados internacionais se aprimorar a gestão. “Para isso, as lojas virtuais brasileiras precisam ter um controle logístico apurado, fazendo a separação e o despacho corretos. Isso é uma premissa para ser competitivo no mercado internacional. Se a loja on-line adotar padrões de identificação e de codificação reconhecidos globalmente, como os da GS1, ela consegue fazer frente aos varejistas virtuais de outros países”, acredita.

BOAS NOTÍCIAS Apesar de tantos desafios, uma pesquisa realizada pelo Google indica que, até 2021, o faturamento do e-commerce brasileiro vai dobrar de valor. A expansão deve ocorrer se a esperada recuperação econômica se confirmar. No entanto, para garantir o sucesso em terreno tão concorrido, as empresas precisam conhecer bem seu público-alvo. Grande parte dos usuários do e-commerce é composta de jovens ávidos por novidades e cada vez mais conectados. De acordo com dados da pesquisa conversion do Consumidor Digital 2017”, 68% dos consumidores do universo on-line brasileiro têm entre 25 e 49 anos, enquanto apenas 11,9% deles já passaram dos 49 anos. Um dado mais inusitado é que as classes C, D e E representam 73% dos consumidores digitais no Brasil, sendo a classe C responsável por 35% deles. Quanto à escolaridade, 54% desse público têm ensino superior, 42% possui o ensino médio completo e 14% fez pós-graduação. As estratégias dos marketplaces no Brasil só serão assertivas se forem ágeis e levarem em consideração a demanda desse público. 7 898357 410015

PADRONIZAÇÃO NAS PÁGINAS DO E-COMMERCE O GTIN (Número Global do Item Comercial) está se tornando um forte aliado das lojas on-line. Este código identifica um produto exclusivamente em mais de 150 países e, a partir de sua numeração, é gerado o código de barras padrão GS1. Já amplamente conhecido e utilizado por indústrias e varejistas que possuem loja física, ele vem sendo adotado e recomendado pelos grandes players do comércio eletrônico. O GTIN facilita a gestão do e-commerce, pois chega no detalhe do item, como cor, tamanho e modelo. Com esta solução, o processo de vendas on-line torna-se mais consistente. E, assim, o consumidor não corre o risco de escolher um determinado produto, mas receber o pedido errado em casa.

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] Foto: Gustavo Epifanio

DESCONEXÃO

Adrenalina e poeira Por Flávia Corbó

Ter aprendido a dirigir em estradas de terra faz com que o empresário Reinaldo Varela participe de provas de rally como um verdadeiro profissional do ramo Durante a infância vivida no pequeno município de Mirandópolis, no interior de São Paulo, Reinaldo Varela nem podia imaginar que um dia usaria as referências da comida de fazenda para fundar um restaurante em plena megalópole paulista. Superando qualquer sonho ou expectativa, o empreendimento, criado há 33 anos, ao lado da esposa e dos primos, deslanchou até tornar-se a rede de franquias Divino Fogão, especializado na culinária típica da fazenda, que hoje conta com mais 184 lojas espalhadas pelo Brasil. Boa parte do foco e da persistência necessários ao longo dessas três décadas de trabalho foram conquistados fora do ambiente corporativo. Desde os 23 anos, Varela aventura-se em rallies pelo Brasil e em terras internacionais. “Aprendi a dirigir em estradas de terra. Quando competi pela primeira vez, me senti em casa e nunca mais larguei o esporte”, conta o empresário.

56 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Desde então, ele já participou de 367 competições. São, em média, oito corridas por ano e muitas vitórias para contar. Essa frequência e regularidade são possíveis porque toda a família está envolvida no esporte. “Os meus três filhos competem desde criança e a minha esposa sempre nos incentivou”, revela. Por compartilharem da mesma paixão, eles se intitulam “família poeira” e viajam juntos atrás de aventura. O suporte familiar parece surtir efeito. Em mais de 30 anos de competições, Varela conquistou o bicampeonato mundial de Rally Cross Country (2000 e 2013) e acumula sete vitórias no Rally dos Sertões por categoria (1998, 1999, 2000, 2007, 2008, 2012 e 2015). O talento está no sangue: “Competindo na categoria UTV (pequenos boogies utilitários), meu filho mais novo foi campeão do Rally dos Sertões e venceu o campeonato brasileiro em 2017”, orgulha-se.


Por trás de cada vitória, há muita dedicação. É preciso praticar exercícios regularmente, porque as corridas exigem alto preparo físico. A maioria das provas tem duração de um a dois dias, fazendo com que os pilotos dirijam entre 6 e 15 diárias. Mas existem competições ainda mais longas e exaustivas. No Brasil, a mais famosa delas é o Rally dos Sertões, que cruza grandes cidades e pequenos vilarejos do interior do País. Em terreno estrangeiro, o grande destaque fica para o Rally Dakar. Hoje disputado na América do Sul, o roteiro dura 12 dias e percorre cerca de 10 mil quilômetros. “É uma das provas mais especiais de se participar. Guardo boas lembranças”, afirma Varela. RESILIÊNCIA Com tantos quilômetros rodados, o empresário acumula histórias de adversidades. “Foram muitas situações difíceis. Já aconteceu de o carro quebrar perto do anoitecer e a gente precisar dormir no veículo até conseguir arrumá-lo no dia seguinte. Já passei horas atolado até ser rebocado. Também tive de sair vagando em meio a um lugar desconhecido, tentando encontrar ajuda”, lembra. Todos esses obstáculos moldaram a personalidade resiliente de Varela. “Aprendi que nunca se pode desistir. Assim como no rally, muita coisa pode

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Foto: Divulgação

Foto: Arquivo pessoal

Família poeira Sempre com o incentivo da esposa, Varela e os filhos participam das competições

mudar antes da linha de chegada. Só se pode parar quando se chega ao fim”, sentencia. Outra lição vinda dessa experiência é a vivência em equipe, pois todo piloto é acompanhado por um navegador, que recebe o roteiro da prova um dia antes e estuda o circuito. No dia da competição, ele é o responsável por orientar o piloto quanto à direção correta, além de alertar sobre obstáculos. “Essa parceria entre o piloto e a equipe é fundamental. Aprendi que não se chega a lugar nenhum sozinho. É preciso trocar ideias, porque a gente sempre ganha com a ajuda dos outros. É assim também na nossa empresa. Quem vence é a equipe”, enfatiza o executivo. Os laços entre o rally e os negócios foram intensificados em 2017, quando o Divino Fogão foi um dos patrocinadores do Rally dos Sertões, em uma edição que percorreu mais de 3 mil quilômetros em sete dias de prova. “Costumo dizer que o rally é minha profissão e o Divino Fogão, meu hobby. Muita adrenalina, velocidade, garra e também competência”, destaca. A “família poeira” já se prepara para participar de diversas competições ao longo de 2018, mas sem descuidar dos negócios. Com crescimento de dois dígitos em 2017, a expectativa é manter o ritmo de expansão da rede de franquia. “Estamos ampliando nossa atuação de acordo com novos empreendimentos de shopping centers em São Paulo e também em novas cidades”, afirma Varela.

Reinaldo Varela, do Divino Fogão Provas de rally permitem aprendizado para a vida pessoal e profissional

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RADAR

] Fotos: Thiago Sá

Espetáculo da natureza

Por Patricia Lucena

Conheça o Jalapão, um destino imperdível na região do cerrado para quem gosta de ecoturismo e aventura Visitar o Jalapão é observar, a cada momento, como a natureza desabrocha com cores contrastantes e um visual de tirar o fôlego. Mas é preciso muita energia e espírito aventureiro para curtir cada atração da região. O Jalapão é uma unidade de conservação de proteção à natureza, localizado no leste de Tocantins, a 180 km da capital, Palmas. Em 2001, passou a condição de parque estadual, abrangendo os municípios de Ponte Alta, Mateiros, São Félix, Lizarda, Rio Sono, Novo Acordo, Santa Tereza, Lagoa do Tocantins e Rio da Conceição. São 34 mil quilômetros quadrados para se encantar com cachoeiras, dunas, rios, fervedouros e muito mais. “A região não tem luxo nem sofisticação, mas é perfeita para descansar, curtir a natureza e se aventurar em trilhas em meio a paisagens maravilhosas”, afirma o diretor da agência Vojitour Viagens, Douglas Vojivoda. Atualmente, as paisagens do Jalapão servem de cenário para a novela “O Outro Lado do Paraíso”, da TV Globo. Com isso, o local, que ainda não tem muita tradição turística, vem despertando, cada vez mais, o interesse das pessoas.

Segundo Vojivoda, o turismo começou mais forte nesta área há cerca de três anos e, por isso, a estrutura ainda deixa um pouco a desejar. Mas nada que atrapalhe a viagem. Sem dúvida, é um destino exuberante e que convida o turista a renovar as energias. A seguir, conheça um pouco mais sobre o Jalapão. QUEDAS D’ÁGUA De acordo com o gerente de treinamento e Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Flytour Viagens, Ronaldo Faria, a principal entrada do Jalapão é a cidade de Ponte Alta, onde estão as mais lindas cachoeiras. As melhores são as da Fumaça, com duas grandes quedas d’água, porém não aconselhadas para banho; a da Talha do Brejo do Boi, com 38 metros de altura; e a do Soninho, com uma piscina maravilhosa. No entanto, a mais impressionante é a Cachoeira da Formiga, em Mateiros. Com uma água verde-esmeralda e quente, ao mergulhar, encontra-se um interessante contraste de cores: areia branca, água azul e algas verdes. Mas atenção:


Fervedouro

como ela fica em uma propriedade particular, é preciso pagar pela visita. A entrada custa R$ 20 e, se quiser acampar, a taxa é de R$ 30 por dia e por pessoa. A Cachoeira da Velha também não pode faltar na lista de visitas. Trata-se da maior queda d’água do Jalapão, mas apenas praticando rafting é possível conhecê-la por completo, vivendo uma boa aventura nas corredeiras. PÔR DO SOL Saindo das cachoeiras, vale a pena conferir o pôr do sol a cerca de 30 km de Ponte Alta, no morro da Pedra Furada, um grande bloco de arenito, esculpido pela ação do vento e da chuva ao longo do tempo, em formato de arco com um buraco cravado na rocha. Cartão-postal do Jalapão, a Serra do Espírito Santo também é um ótimo local para ver o sol se pôr. As dunas se formam aos pés da Serra e há uma trilha que leva ao topo.

Dunas alaranjadas

DESERTO NO CERRADO As dunas alaranjadas, com mais de 30 metros de altura, são outra atração local. Das dunas, é possível avistar a Serra do Espírito Santo e os campos de capim dourado. Apesar do difícil acesso – saindo de Palmas, leva cerca de quatro horas de viagem em um veículo 4x4 – vale a visita. FERVEDOUROS Os fervedouros também são bem famosos na região. São piscinas de águas naturais cristalinas, nas quais, devido a um fenômeno chamado ressurgência, não é possível afundar nas águas. Há diversos fervedouros no Jalapão, mas os principais estão localizados em Mateiros. O mais famoso é o Fervedouro do Ceiça, onde a pressão da água é maior e, por isso, causa uma sensação de flutuação mais forte.

CAPIM DOURADO O capim dourado se tornou a principal fonte de renda local. As joias produzidas movimentam o artesanato da região e são uma ótima opção de lembrança para comprar na cidade. Para evitar a extinção do capim dourado, uma regulamentação estadual proíbe a saída do material “in natura” da região e apenas as peças produzidas podem ser comercializadas. PÉ NA ESTRADA O ideal é ir de avião até Palmas e, de lá, seguir pela estrada, preferencialmente em um veículo 4x4, até o Jalapão. Setembro é um mês propício para conhecer a região, pois é quando o capim dourado brilha ainda mais e a produção fica bem visível. “O destino é lindo o ano todo, mas de maio a setembro, época da estiagem, é possível aproveitar mais”, aconselha Faria. 7 898357 410015

Artesanato em capim dourado

Cachoeira da Velha

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SUSTENTABILIDADE

Fotos: Luciano Candisani

Legado para o meio ambiente Por Denise Turco

Legado das Águas, GS1 Brasil, PariPassu, Zebra Technologies e 3M se unem para desenvolver projeto Código Verde para rastreabilidade de espécies da mata atlântica O Legado das Águas, maior reserva privada de mata atlântica do País, administrada pela Reservas Votorantim, empresa da Votorantim S.A. dedicada a gerir seus ativos ambientais, possui 31 mil hectares de fauna e flora nativas e conservadas a menos de 200 km da capital paulista. Foi fundado em 2012 com a proposta de gerar negócios a longo prazo, conservando a fauna e mantendo a floresta em pé. Desenvolve várias frentes de trabalho, entre elas, o viveiro para a produção de mudas nativas destinadas ao paisagismo e ao reflorestamento de áreas degradadas. Assim, comercializa espécies nativas para prefeituras, órgãos públicos, pai-

60 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

sagistas, floriculturas, produtores rurais e consumidores finais que se dirigem até a reserva. No viveiro, uma área de 1,5 mil metros quadrados com capacidade para produzir 200 mil mudas por ano, de 80 espécies diferentes, foi realizado o projeto de automação do processo de rastreabilidade de ponta a ponta – da floresta até o público final. A ideia do projeto surgiu dentro do comitê de inovação do Grupo Votorantim a fim de melhorar a gestão do viveiro e levar informações para o público que compra as mudas – uma forma também de lembrar a necessidade de conservação da mata

atlântica. A partir daí, as equipes do Legado das Águas e da GS1 Brasil se aproximaram e começaram a discutir ideias, incluindo uma visita do comitê ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), na sede da GS1 Brasil. “O projeto começou com nossa sugestão para fazer a identificação das espécies da mata atlântica e, depois, evoluiu para a rastreabilidade”, conta o analista de sustentabilidade da GS1 Brasil, Herbert Kanashiro. Assim, a iniciativa foi elaborada e colocada em prática em tempo recorde. Em menos de um ano, definiu-se tecnologia, protocolos, modelo de rastreamento, logística e método de


Natureza intacta A reserva possui 31 mil hectares em estágio avançado de conservação, representando 1,5% da mata atlântica que restou no Estado de São Paulo. No local, vivem inúmeras espécies animais

comunicação. “Entendemos que este é um projeto inovador em termos globais, pois os padrões GS1 identificam, prioritariamente, itens comerciais. Nesse projeto, identificamos e rastreamos plantas nativas, algo inédito na GS1. Além disso, no aspecto ambiental, não temos conhecimento de iniciativas similares que tenham essa aplicabilidade e esse viés de inovação”, afirma Kanashiro. Segundo ele, o objetivo é demostrar para a sociedade que é possível contribuir para a conservação da natureza por meio da integração com a tecnologia. “Em 2018, vamos operar o sistema de rastreabilidade e incentivar outras instituições a adotá-lo futuramente”, projeta o diretor da Reservas Votorantim, David Canassa, reforçando o potencial de escalabilidade desta iniciativa no mercado. AUTOMAÇÃO Segundo o líder de manejo e recursos naturais do Legado das Águas, Thiago Nicoliello, a rastreabilidade permite mapear a matriz, ou seja, a árvore que fornece a semente para a produção da muda. O objetivo é identificar a origem e as características das árvores que geram as mudas cultivadas no viveiro para atender à legislação nacional e, principalmente, apoiar e aperfeiçoar a gestão e execução das atividades do viveiro. “Coletamos a semente, produzimos a muda e acompanhamos este processo até o momento

de venda. Tudo isso, agora, de forma automatizada”, conta. Antes da automação, a rastreabilidade era realizada de forma manual. “Preenchíamos uma planilha e depois lançávamos os dados no computador, o que demandava muito tempo. Agora, tudo é feito de forma automatizada, por meio das informações contidas nos códigos. Ficou muito mais fácil e rápido, além de evitar falha humana”, pontua Nicoliello. Para implementação da automação, foram adotados os padrões globais GS1 de identificação e serviços. A identificação das espécies é feita com o GTIN (Número Global do Item Comercial) e a localização das matrizes com aplicação do GLN (Número Global de Localização). Ambos os padrões são cadastrados no CNP (Cadastro Nacional de Produtos). A GS1 Brasil aplicou o Diagnóstico de Rastreabilidade no viveiro a fim de avaliar a utilização correta do uso dos padrões GS1. Para isso, foi aplicado o GTS (Padrão Global de Rastreabilidade), um conjunto de critérios que registram o passo a passo em cada etapa da cadeia, permitindo acompanhar a trajetória e a localização exata de um item a qualquer momento e lugar do mundo. Também foi aplicado o GTC (Programa Global de Rastreabilidade), um diagnóstico composto por um checklist que contém pontos de controle distribuídos em

12 seções. Ao concluir esse checklist, é emitido um relatório no qual são apresentados as conformidades e não conformidades, além de sugestões de melhorias. Para entregar um projeto completo, a GS1 Brasil convidou as empresas PariPassu, Zebra Technologies e 3M, parceiras e associadas da entidade. “A entrega da solução completa em automação só foi possível devido ao engajamento e integração de todos, que se debruçaram para encontrar as melhores soluções desse projeto inédito e desafiador. Todos os parceiros participaram de forma voluntária e colaborativa, sem custos para a Reservas Votorantim, entendendo a sua importância para a viabilidade do projeto”, ressalta Kanashiro. A PariPassu, empresa especializada no desenvolvimento de soluções para gestão agrícola, rastreabilidade, recall e gestão da qualidade aprimorou sua tecnologia para também rastrear as mudas da reserva. Para isso, utilizou o Sistema Rastreador, para a rastreabilidade das mudas, e o aplicativo para smartphone CLICQ, para automação da inspeção e controle de qualidade. Além disso, o resultado desta coleta de dados permite realizar a análise de dados no Panorama, solução para gestão de indicadores de desempenho, também desenvolvida pela PariPassu. Juntas, essas soluções possibilitam fazer o registro, em tempo

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[SUSTENTABILIDADE

real, de todas as etapas, desde a coleta das sementes na mata até a etapa final de venda. “Participar deste projeto foi mais uma forma de aplicar o nosso propósito, que é inspirar as pessoas e a sociedade para uma vida mais consciente e sustentável através da automação”, afirma a gestora de customer success da PariPassu, Innez Mota. A 3M do Brasil forneceu as etiquetas BOPP com Liner Scotch 3850 e ribbons mistos 5550I e 5550E para identificar as matrizes, os locais do viveiro e as vendas. “Essas etiquetas e ribbons têm alta durabilidade, ótima resistência à abrasão e qualidade de impressão. Possuem excelente fixação nos mais diversos substratos, além de garantirem uma rápida leitura através dos scanners, agilizando todo o processo de manipulação das mudas”, explica o gerente nacional de vendas da 3M do Brasil, Milton Andrade. Segundo ele, a companhia possui diversos objetivos mundiais ligados à sustentabilidade. “Como nosso portfólio contempla soluções que atendem plenamente às necessidades do Legado das Águas, nos sentimos honrados pelo convite e decidimos participar deste importante projeto, que visa a conservação da mata atlântica, melhorando a qualidade de vida das pessoas e de toda a sociedade, nesta e em futuras gerações”, resume Andrade. Já a Zebra colaborou com quatro coletores de dados e uma impressora.

O sales enginner leader da Zebra, Paulo Takahashi, explica que a definição dos modelos levou em consideração a integração com as soluções dos demais parceiros e também as condições adversas que os equipamentos seriam submetidos. “Os coletores TC55 são altamente resistentes e adequados para trabalhar tanto na mata quanto no viveiro, ambientes extremamente úmidos e expostos a condições climáticas adversas, vêm com GPS integrado, o que é essencial para a catalogação das matrizes, e também com a solução integrada de rastreabilidade da PariPassu, o que permite inserir as informações coletadas automaticamente no sistema. Já a impressora ZT410 é um modelo industrial de transferência térmica própria para trabalhar com as etiquetas e ribbons da 3M e também extremamente resistente às condições climáticas”, afirma Takahashi. Segundo a gerente de marketing da Zebra, Shirley Klein, o projeto tem total aderência às crenças da companhia a respeito da sustentabilidade. “Investimos constantemente para reduzir os impactos ambientais que o ciclo de vida de cada um de nossos produtos pode acarretar. Ter a oportunidade de integrar esse projeto, uma iniciativa sem precedentes, além de colaborar para a conservação da biodiversidade, serve para ampliar ainda mais nossos investimentos neste segmento e, de bônus, ainda traz um sentimento de orgulho para toda a equipe”, conclui. BENEFÍCIOS O Legado das Águas tornou-se um verdadeiro laboratório a céu aberto,

Foto: Divulgação

David Canassa, da Reservas Votorantim Projeto de rastreabilidade tem potencial de escalabilidade no mercado

onde cientistas e pesquisadores desenvolvem estudos sobre as mais diversas espécies animais e vegetais da mata atlântica. Dessa forma, aprendem tudo na prática. De acordo com Canassa, a rastreabilidade apoiará muito esses estudos, pois a empresa conseguirá identificar, por exemplo, quais são as matrizes com maior capacidade produtiva e mais resistentes a pragas, o que garantirá, no futuro, árvores de melhor qualidade. “O sistema de rastreabilidade contribuirá ainda mais para compor essa bibliografia sobre as espécies da mata atlântica, que ainda é escassa”, completa Nicoliello. Outra vantagem da rastreabilidade é dar a garantia de origem para empresas e consumidores finais que adquirirem as mudas. Com todas as informações das matrizes estruturadas e mais acessíveis por meio da automação, quem compra a muda consegue saber sua origem, suas características e o que ela representa no contexto da mata atlântica. A automação também facilita a gestão do viveiro, pois proporciona dados mais apurados e consistentes, além dos ganhos de performance e agilidade. Também permitirá mais eficiência para a venda das mudas ao varejo. As mudas já prontas para a comercialização agora são identificadas com uma etiqueta com o GTIN, padrão solicitado pelos varejistas aos seus fornecedores.

Fotos: Miguel Flores

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Viveiro de mudas São produzidas mudas de 80 espécies diferentes, entre frutas como cambuci, uvaia e gabiroba, e plantas ornamentais, como manacá, orelha-de-onça e caliandra 62 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


GARANTIA DE ORIGEM Como funciona a rastreabilidade no viveiro de mudas:

2. Cadastro inicial e geração de etiquetas de matrizes

1.Diagnóstico de rastreabilidade

GTS

registra cada etapa da cadeia

GTC

diagnóstico da rastreabilidade

Cadastro do GTIN das espécies e GLN no CNP e no sistema Rastreador. Depois, é feita a impressão das etiquetas 3M de cadastro de matrizes (nomes de espécies e GLN).

NOME

Rastreador

CNP

3. Identificação e localização das espécies e das matrizes

Cadastro Nacional de Produtos

Ao encontrar uma nova matriz, ela é iden-

GTIN

Cadastro das espécies

DA Á RVOR E

GLN

localização da matriz na mata

tificada com uma placa com etiqueta contendo informações da espécie e um QR Code vinculado à um GLN. Com o aplica-

4. Registro das etapas de produção e identificação das mudas

tivo CLICQ, instalado no coletor TC55, é feita a

No Rastreador são gerados e identificados (com etiquetas)

leitura do QR Code.

os lotes rastreados das mudas em todas as etapas para acompanhamento da produção. Além disso, registra-se as atividades como adubação, irrigação, datas e perdas por meio do aplicativo. A gestão das informações em tempo

NOME DA ÁRVORE

real é feita no sistema Panorama.

GTIN

identificação da muda para venda

5. Venda com garantia de origem Etiqueta com GTIN para venda ao varejo e QR CODE para rastrear a muda até a sua origem.

Parceiros do projeto:

Empresas parceiras e associadas da GS1 Brasil e que participam do projeto de forma voluntária

Este projeto contribui para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2, 9, 12, 13 e 17


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VITRINE DE SOLUÇÕES TENDÊNCIAS E NOVIDADES EM AUTOMAÇÃO

Leitura garantida As novas codificadoras da FoxJet se destacam pela impressão de textos e códigos de barras em embalagens porosas, como caixas de papelão. Os novos modelos inkjet 384e e 768e, da linha ProSeries, funcionam em alta velocidade, o que garante uma impressão em alta resolução e maior nitidez das informações, facilitando a leitura de códigos de barras nas embalagens. Os equipamentos possuem, ainda, uma luz que indica quando o nível de tinta está baixo. As codificadoras da FoxJet são vendidas no Brasil com exclusividade pela Sunnyvale. www.sunnyvale.com.br

Mobilidade A Input Service apresenta a nova impressora Leopardo A8, ideal para impressão de documentos como NFC-e, pedidos de venda, recibos e contas. Robusto e compacto, o aparelho pesa apenas 205 gramas, podendo ser facilmente carregado na cintura, e resiste à queda de até 1,20 metro. A impressora possui comunicação sem fios Bluetooth e é capaz de imprimir e gerenciar documentos onde o operador estiver, ajudando a ampliar as vendas e a obter ganhos de produtividade. www.inputservice.com.br

Fotos: Divulgação

App para vendas A Bluesoft, empresa de tecnologia especializada em sistemas de gestão on-line para varejistas e distribuidores, lança o aplicativo Força de Vendas, integrado ao Bluesoft ERP. O app pode ser usado sem a necessidade de conexão com a internet, com sincronização automática, e possibilita verificar a posição do estoque de cada produto em tempo real. Assim, os vendedores conseguem ter mais controle e mobilidade em suas vendas, enquanto gerentes e diretores podem acompanhar os resultados e tomar decisões assertivas mais rapidamente. O aplicativo está disponível para as plataformas Android e iOS. www.bluesoft.com.br

64 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

E-commerce A Consinco, desenvolvedora de sistemas de gestão (ERPs) para atacado e varejo, aposta em uma plataforma de comércio eletrônico para atender a crescente demanda do varejo para diversificar seus canais de venda. A solução de e-commerce envolve o acesso via desktop e mobile. Além disso, possui a opção da operação Drive-Thru, na qual o cliente pode fazer a compra on-line e retirar o item em uma loja física. O aplicativo é compatível com sistemas Android, iOS e Windows. www.consinco.com.br

Versatilidade A impressora de código de barras TT042, desenvolvida pela Elgin, possui estrutura metálica e painel que evita erros de operação. Este modelo se adapta a diferentes ambientes de impressão de etiquetas, porque possui diversos tipos de conexões (Rede Ethernet, USB, Serial e Paralela), além de compatibilidade com as linguagens de impressão ZPL, EPL e DPL. Segundo a Elgin, o equipamento tem garantia de dois anos. www.elgin.com.br



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PADRÃO DE QUALIDADE

Experiência possível O grande desafio para encantar o cliente é investir em inovações que sejam relevantes e práticas para sua vida

‘ Virginia Vaamonde,

CEO da GS1 Brasil

Dois grandes eventos mundiais realizados nos Estados Unidos, sempre no mês de janeiro, a Consumer Electronic Show (CES) e o Retail’s Big Show, ditam muito das tendências tecnológicas que guiarão o mercado ao longo do ano e, principalmente, que mudarão a experiência de compra dos consumidores. Nós, da GS1 Brasil, mais uma vez, estivemos nesses eventos para conferir as tendências e, assim, trazer algo novo para os nossos associados. Robôs inteligentes, veículos autônomos, soluções para automação residencial, TVs gigantes, 5G, realidade aumentada, impressora 3D, wearables... É na CES que a indústria apresenta uma enorme variedade de inovações voltadas para diferentes momentos e situações vividas pelo consumidor, antecipando o futuro. Um ponto interessante foi o pavilhão dedicado aos esportes, onde foram exibidas inovações que prometem levar a prática esportiva a outro patamar. Um exemplo é o capacete conectado para ciclistas, capaz de coletar dados e estatísticas sobre a atividade física. A partir dessas informações, o ciclista pode melhorar seu desempenho, o que indica o crescente investimento em qualidade de dados. Já o Retail’s Big Show, um dos mais importantes encontros mundiais do varejo, promovido pela NRF (National Retail Federation), reúne executivos para discutir as novidades do setor, apontando caminhos para as empresas se posicionarem na era digital. Neste ano, um dos assuntos de maior relevância envolveu o desafio de promover uma experiência única para o cliente, considerando que, hoje, não há mais fronteiras entre loja física e on-line, mas um único varejo. Diante disso, as empresas precisam ter um propósito firme, estar atentas aos detalhes e investir nas novas soluções tecnológicas, como mobile, realidade aumentada, Inteligência Artificial (IA) e Big Data. A Tommy Hilfiger, por exemplo, apresentou um vestido com alças que reagem à luz solar e padrões de tecidos e cores que podem ser adaptados conforme a demanda. Por trás disso, está a IA, que permite desenvolver as coleções com base no histórico de vendas e tendências. Outra tecnologia que vem se tornando aliada para conhecer melhor o cliente e entregar uma experiência de compra interessante é o atendimento eletrônico realizado por robô, o chatbot. Esta solução, forte tendência apresentada nos eventos e já adotada por muitas empresas brasileiras, possibilita oferecer serviços customizados, além de ajudar na simplificação de processos. Uma das lições que podemos extrair desses eventos – e que são comprovadas pelo Índice de Automação do Mercado Brasileiro, desenvolvido pela GS1 Brasil, tema da matéria de capa desta edição –, é a de que os consumidores estão atentos à tecnologia e automação e querem que essa realidade faça parte de seu cotidiano. Eles esperam um relacionamento personalizado com as marcas e, por isso, as soluções digitais, associadas aos padrões globais, são uma forma concreta de alcançar esses resultados. Assim, o grande desafio para encantar o cliente é investir em inovações que sejam, de fato, relevantes e práticas para sua vida, sempre com muita criatividade e rapidez para acompanhar a constante evolução do mercado.

66 jan/fev/mar 2018 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Paulo Pepe

Empresas precisam ter um propósito firme, estar atentas aos detalhes e investir nas novas soluções tecnológicas


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