Revista Brasil em Código 23ª Edição

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EDIÇÃO 23

BRASIL EM

CÓDIGO EDIÇÃO 23

ROTA DAS VENDAS

BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jan/fev/mar 2017 • www.gs1br.org

Saiba como identificar novas oportunidades comerciais e trilhar o caminho dos bons negócios

ENTREVISTA

CONSULTOR CÉSAR SOUZA DESTACA TENDÊNCIAS SOBRE O CLIENTE



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AO LEITOR

Foto: Paulo Pepe

Vendas com visão estratégica O ano de 2017 começou com uma ligeira melhora em alguns setores do mercado e queda dos juros. As mudanças estruturais de que o País precisa para alavancar a economia estão em curso, o que projeta uma melhora do cenário brasileiro, especialmente para o segundo semestre. Enquanto essas transformações estão acontecendo, é preciso ir à luta para alcançar aquilo que as empresas mais necessitam no momento atual: ampliar as vendas. Para atingir esse objetivo, os desafios passam por aprofundar-se em cada negociação, prospectar novos clientes, aumentar a visibilidade e a reputação da marca, e expandir a área de influência. Esse é o clima desta edição da Brasil em Código, que apresenta um roteiro valioso, com dicas para vender mais. Um ponto fundamental nessa trajetória comercial é a capacitação dos vendedores, que devem atuar como autênticos consultores, dando todo o suporte ao cliente. A propósito, a entrevista com o renomado consultor e palestrante César Souza completa esse direcionamento, destacando a necessidade de inserir cada vez mais a perspectiva do cliente na forma de se fazer negócios. Há muitas oportunidades de melhorias nesse sentido para as organizações brasileiras, que precisam colocar o cliente no centro da estratégia. Para o sucesso nas vendas, especialmente neste momento difícil pelo qual o País passa, a automação dos processos ganha relevância. Com o objetivo de mapear o nível de automação entre consumidores e empresas, a GS1 Brasil fez uma parceria com a GfK para constituir um diagnóstico da automação, publicado em primeira mão nesta edição. A partir desse levantamento, a GS1 Brasil se posiciona no mercado como uma das principais fontes de informação sobre o tema. Essa é apenas uma das frentes de trabalho nas quais a entidade está empenhada para 2017. Nesta edição, é possível conferir outras iniciativas que visam auxiliar as empresas associadas e o mercado em geral, como, por exemplo, ações na área de educação, participação em eventos de relevância nacional e internacional, parcerias com instituições dos mais diversos setores, comitês de trabalho que reúnem representantes de toda a cadeia de abastecimento e a renovação do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT). Frente a tantas iniciativas, a GS1 Brasil pretende fazer com que seus associados substituam a palavra ‘crise’ por ‘oportunidades’ e ‘desenvolvimento’. Algo tão esperado para este ano que se inicia.

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente


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Siga a rota para ampliar as vendas da sua empresa A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADE Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Tami Buzaite FOTOGRAFIA Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO Claudia Manzzano, Flávia Corbó, Juliana Jadon e Katia Simões (texto) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares


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SUMÁRIO

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50 6 CURTAS 11 INSTITUCIONAL 24 EVENTO 26 TENDÊNCIAS 30 CASE 32 FINANÇAS 34 EDUCAÇÃO 38 DIGITAL 44 DESCONEXÃO 46 SAÚDE 48 NEGÓCIOS 54 COMITÊS 56 RADAR 64 VITRINE DE SOLUÇÕES 66 PADRÃO DE QUALIDADE

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CAPA Como vender mais em tempos difíceis? Especialistas consultados pela Brasil em Código dão dicas práticas para identificar novas oportunidades de vendas a fim de impulsionar os resultados das empresas

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ENTREVISTA O consultor e palestrante César Souza destaca a importância de colocar o cliente no centro da estratégia de negócios

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PERFIL A indústria de alimentos

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SUSTENTABILIDADE A ONG

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PESQUISA Em conjunto com a GfK,

Mãe Terra amplia portfólio e presença no varejo para crescer

Adere profissionaliza negócio social com o auxílio da GS1 Brasil e parceiros

GS1 Brasil lança estudo sobre a automação do mercado nacional

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EMPREENDEDORISMO Mulheres

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INOVAÇÃO Conheça as novas

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desenvolvem empresas financeiramente viáveis com apoio de redes femininas de negócios

soluções implementadas no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT)

MERCADO Cresce o potencial do divertido segmento geek, com produtos inspirados em quadrinhos e cultura pop


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Fotos/Imagens: Thinkstock

Parceria com Centro Paula Souza Em 2016, o Centro Paula Souza, instituição que administra 220 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e 66 Faculdades de Tecnologia (Fatecs), capacitou 2.100 professores. Com o objetivo de treinar constantemente o corpo docente, buscando tendências e atualizando os currículos, uma das iniciativas da instituição nesse sentido será realizada em conjunto com a GS1 Brasil ao longo de 2017. “A parceria contempla duas frentes: capacitação dos professores e visitas dos alunos ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) e Espaço do Conhecimento”, conta o professor e coordenador de projetos do Centro Paula Souza, Gislayno Monteiro, completando que avalia outras oportunidades d e e x p a n d i r a p a r c e r i a . O s c u r s o s m i n i s t r a d o s p e l a GS1 Brasil aos professores terão como enfoque a automação, em especial nos temas ligados a logística.

Premium em alta O consumo de artigos premium apresenta potencial de crescimento na América Latina, aponta o “Estudo Global sobre Produtos Premium” desenvolvido pela Nielsen. A pesquisa mostra que 93% dos respondentes no Brasil estão total ou parcialmente de acordo que pagariam mais por um produto que tivesse qualidade e padrões de segurança. No País, os itens premium estão presentes em 40% da categoria de sapatos e roupas; 40% dos eletrônicos; 34% de higiene bucal; 34% dos artigos para cuidados capilar; e em 35% do mercado de carnes ou frutos do mar.

Boas expectativas Os principais líderes empresariais brasileiros estão otimistas em relação ao crescimento dos negócios: 57% deles acreditam que o faturamento irá se expandir nos próximos 12 meses, segundo dados da “20ª Pesquisa Global com CEOs”, da PwC. O percentual é quase o dobro dos 24% que previam expansão em 2016 e 19 pontos percentuais maior do que a média entre os cerca de 1.400 CEOs entrevistados no mundo. Uma maioria ainda mais expressiva (79%) prevê crescimento de receita nos próximos três anos. 6 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Realidade dos jovens

Oito em cada dez jovens brasileiros (82%) contribuem financeiramente para o sustento da casa; mais da metade (51%) mora com os pais; e 44% têm o trabalho com carteira assinada como fonte de renda, de acordo com pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). “De maneira geral, as pessoas de 18 a 24 anos são mais dependentes dos familiares por estarem em processo de formação acadêmica e/ou desenvolvimento profissional. Já os jovens das classes C, D e E precisam ajudar no sustento da casa de alguma forma”, analisa a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Padrão obrigatório O ano começou com uma novidade no setor de brinquedos. O padrão de identificação dos produtos passa a ser o GTIN (Número Global de Item Comercial), atribuído mundialmente pela GS1 e representado pelo código de barras. A determinação consta na portaria 563, publicada em 29 de dezembro de 2016 pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). A medida institui o Regulamento Técnico da Qualidade (RTQ), a fim de garantir que os produtos fabricados, importados e comercializados não ofereçam riscos à segurança das crianças. A maioria dos brinquedos vendidos no mercado nacional já circula com o padrão GS1. Assim, os mais impactados pelas novas normas serão os fabricantes de produtos artesanais e brindes.

Novas funcionalidades A GS1 Brasil acaba de atualizar o Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos (GEPIR), ferramenta que garante a autenticidade dos códigos de barras GS1 em todo o mundo. “A nova versão ganhou melhorias na usabilidade. Todas as telas foram redesenhadas para facilitar a experiência do usuário”, explica o assessor de projetos da GS1 Brasil, André Pacheco. Além disso, a partir de agora, é possível fazer consultas em lote, ou seja, ao invés de verificar um código de barras por vez, pode-se carregar um arquivo em Excel contendo uma lista de produtos a serem validados e/ou pesquisados. A aplicação processa a lista e depois disponibiliza o resultado, também em Excel, oferecendo mais flexibilidade ao associado na gestão de consultas e validações efetuadas pela ferramenta.

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CURTAS

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O uso de robôs e algoritmos para aprimorar a produção, a logística e outras áreas das empresas deve inaugurar uma nova era da automação. Segundo estudo da McKinsey, metade das atividades realizadas hoje por humanos será automatizada até 2055, o equivalente a US$ 16 trilhões em salários. Cerca de 60% de todas as ocupações têm ao menos 30% de tarefas que podem ser feitas por máquinas. No entanto, menos de 5% das atividades humanas podem ser totalmente automatizadas, o que garante que os robôs não dominarão os postos de trabalho. No Brasil, a McKinsey estima que, considerando a economia formal, o potencial de automação no País é de 50%. Os setores da indústria e do varejo têm o maior número de processos que poderão ser modificados pelo uso de softwares ou máquinas inteligentes.

Conexão Portal GS1 Brasil Cadeia de alimentos frescos A GS1 criou um canal para que todos os envolvidos na cadeia de alimentos frescos – processadores, varejistas, fabricantes, órgãos reguladores, indústrias e consumidores – possam conhecer a função dos padrões globais em cada etapa dos processos. Nesse canal é possível ver, por exemplo, como funciona o carregamento de peixes, desde a pesca até a chegada do produto na casa do consumidor final. Basta clicar em qualquer um dos estágios da cadeia de suprimentos para entender como os processos comerciais podem se tornar mais eficientes e sustentáveis com os padrões GS1 e descobrir cases de sucesso ao redor do mundo. Para navegar nessa história, acesse: http://discover.gs1.org/ freshfoods/?locale=pt-BR--Brazil-Portuguese.

Para mais informações

www.gs1br.org

8 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Fotos/Imagens: Thinkstock

Automação e mercado de trabalho


Sempre conectados Pesquisa nacional feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e Instituto Ipsos sobre os hábitos de utilização da internet no Brasil mostra que o smartphone se consolidou como principal meio para acessar a web, utilizado por 69% dos internautas em 2016. O total é 11 pontos percentuais maior que o registrado em 2015. Depois do smartphone, o computador é o equipamento mais utilizado para acessar a internet, com 27%.

Leite com benefícios Presente em praticamente 100% dos domicílios brasileiros, o leite esteve, pelo menos, 2,5 vezes ao mês no carrinho dos consumidores no ano passado, revelam estudos da Kantar Wordpanel. Nesse cenário, o UHT destacou-se, com aumento do volume consumido dentro dos lares – uma consequência do crescimento nas refeições feitas em casa. O ano também marcou a expansão do segmento zero lactose – não apenas de leites, mas também de iogurtes, queijos e manteigas – impactando, especialmente, os shoppers maduros e de classes mais altas.

Epidemia e oportunidade Dengue, chikungunya, febre amarela e outras epidemias têm trazido medo para os brasileiros, mas têm, em paralelo, aberto algumas oportunidades de mercado, a exemplo do segmento de inseticidas. A penetração dessa categoria cresceu em todas as classes sociais e está em ascensão desde 2012, de acordo com estudo da Kantar Worldpanel. Só os repelentes ganharam, aproximadamente, 800 mil lares compradores em 2016.

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Cidade

Data

1. São Paulo (SP)* 2. Brasília (DF)* 3. Juiz de Fora (MG) 4. Florianópolis (SC)* 5. Curitiba (PR)* 6. Palmas (TO) 7. Macapá (AP) 8. Rio de Janeiro (RJ)* 9. Fortaleza (CE)* 10. Ilhéus (BA) 11. Natal (RN) 12. Maceió (AL) 13. Cuiabá (MT) 14. Ribeirão Preto (SP)* 15. Salvador (BA)* 16. Vitória (ES) 17. São Paulo (GS1 Brasil) 18. São Paulo (SP)*

16/02/2017 16/03/2017 30/03/2017 11/04/2017 27/04/2017 11/05/2017 25/05/2017 08/06/2017 22/06/2017 06/07/2017 17/08/2017 31/08/2017 14/09/2017 28/09/2017 05/10/2017 a definir 19/10/2017 09/11/2017 *Cursos com participação da GS1 Brasil

Cursos para lojas virtuais A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) organiza, desde 2013, um ciclo de seminários para capacitar micro, pequenas e médias empresas com treinamentos gratuitos sobre planejamento, infraestrutura, operação e marketing de lojas virtuais. A GS1 Brasil é uma das patrocinadoras desse projeto, que passa por diversas cidades brasileiras ao longo do ano. Confira, acima, a agenda de cursos, que inclui a palestra “Padrões de identificação de produtos e estruturação de dados para o e-commerce”, ministrada pela equipe da GS1 Brasil. Para mais informações, acesse os sites: www.gs1br.org/setores/e-commerce e www.ciclo-mpe.net.

Desejo de privacidade Mais de um terço (34%) dos internautas brasileiros não estão dispostos a compartilhar informações pessoais em troca de benefícios como descontos, bônus ou serviços diferenciados. Os dados constam numa pesquisa global da GfK realizada em 17 países. Atrás da Alemanha (40%) e da França (37%), o Brasil é o terceiro país em que as pessoas se dizem menos dispostas a compartilhar seus dados.

10 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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CURTAS

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INSTITUCIONAL

Qualidade acima de tudo

Da Redação

Manter um banco de dados com informações corretas e precisas dos produtos traz impactos positivos na rentabilidade de toda a cadeia de suprimentos Um bom cadastro é a base forte para que indústrias, distribuidores, atacadistas e varejistas promovam uma gestão mais eficiente. Porém, muitas perdas e erros nas operações ocorrem em razão de um cadastro com informações incompletas, dados imprecisos ou falta de padronização. Para chamar a atenção para este assunto, a GS1 Brasil vem investindo na atualização constante do Cadastro Nacional de Produtos (CNP), plataforma on-line direcionada à gestão das informações dos produtos, geração e controle da numeração e impressão do código de barras. No início deste ano, o sistema ganhou uma nova funcionalidade para ajudar ainda mais na gestão de cadastro de produtos dos associados. Trata-se de uma nova forma de inserir as informações dos produtos na plataforma por meio da integração entre os sistemas próprios e o CNP, sem a necessidade de acessar ou cadastrar diretamente o site do CNP. Esse mecanismo, que deve ser solicitado à GS1 Brasil, permite incluir informações básicas sobre os produtos, impostos, dados nutricionais, alergenos, logística, etc. Outra iniciativa realizada pela entidade para destacar a importância da qualidade de dados foi a promoção “R$ 10 mil para começar bem o ano”. Para participar, era preciso cadastrar um ou mais produtos novos no site do CNP ou complementar o cadastro de algum item já existente. A ação, que aconteceu nos meses de novembro e dezembro de 2016, foi direcionada para as

empresas associadas à entidade com atuação em todo o País. A vencedora do prêmio foi a Cogumelo Indústria e Comércio, do Rio de Janeiro. A verba já tem destino certo. “Vamos investir em ações de marketing”, conta o gerente comercial da empresa, Thiago Farias. A Cogumelo é uma empresa de médio porte que fabrica produtos em fibra de vidro e tem como um dos principais itens de seu portfólio escadas usadas por companhias de telecomunicações e do varejo. Antes da promoção, a empresa já cadastrava as escadas no CNP para obter o registro do código de barras e também para fazer o controle dos itens. Recentemente, passou a cadastrar até mesmo escadas com medidas especiais, fabricadas exclusivamente para determinados clientes. “É muito importante ter um cadastro de produtos completo para fazer o controle de vendas, gestão interna e rastreabilidade. A Cogumelo valoriza cada vez mais esse conceito”, destaca o executivo. Participaram da ação promocional 2.295 empresas; deste total, 296 não tinham produtos cadastrados ou qualificados até então. Assim, a promoção gerou retorno positivo. “A GS1 Brasil está empenhada em gerar valor aos seus associados e otimizar as atividades do dia a dia do empresário brasileiro. A partir do enriquecimento dos dados no CNP, a entidade consegue entender melhor o perfil dos associados e ser mais assertiva na oferta de produtos, serviços e benefícios”, afirma o analista de marketing da entidade, Gustavo Piccirillo. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 11

Imagem: Thinkstock

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INSTITUCIONAL

Imagem: Thinkstock

Solução integrada Da Redação

Em conjunto com importantes instituições, GS1 Brasil está cada vez mais envolvida na promoção de boas práticas agrícolas para um consumo seguro Em fevereiro, a GS1 Brasil sediou a reunião do Grupo de Trabalho Produção Integrada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do qual a entidade faz parte juntamente com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Associação Brasileira de Sementes (ABRASEM) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Representantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), PariPassu e Associação de Supermercados de Brasília (ASBRA) também contribuíram para as discussões, que visam a melhoria de processos de toda a cadeia de alimentos de origem vegetal. O objetivo desse Grupo de Trabalho é criar condições de estruturação e organização da produção agrícola a fim de promover avanços em relação à qualidade e segurança dos alimentos, considerando um convênio já celebrado entre MAPA e ABRAS. Assim, a ideia é discutir um plano de articulação capaz de envolver várias instituições com base nas normas da Produção Integrada Agropecuária – PI-Brasil, um sistema de produção apoiado na sustentabilidade, regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes, monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade de todo o processo. Algumas dessas atividades já tiveram avanço por meio do PI-Brasil associado ao Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA), criado em 2011 pela ABRAS, que visa promover a rastreabilidade de frutas, legumes e verduras (FLV) dos produtores que fornecem para os supermercados, além de monitorar o

nível de agrotóxicos dos alimentos. A GS1 Brasil também apoia o RAMA. A reunião do Grupo de Trabalho Produção Integrada foi realizada um dia após a divulgação do 2º balanço anual do RAMA, que registrou crescimento de 23,6% no volume de FLV rastreada em 2016, na comparação com o mesmo período de 2015. Assim, no último ano, foi rastreado um total de 1,244 milhão de toneladas desses alimentos, de acordo com a PariPassu, empresa que faz a gestão técnica do RAMA. “Acreditamos que esse plano de articulação com as instituições pode seguir duas vertentes: o desenvolvimento tecnológico e a capacitação de pessoal”, resumiu o coordenador da Produção Integrada da Cadeia Produtiva Agrícola do MAPA, Helinton Rocha, durante a reunião. Os principais assuntos colocados em discussão no encontro foram: o fomento à capacitação dos agentes técnicos que atuam diretamente nos pólos de produção agrícola; a divulgação dos princípios da produção integrada e de boas práticas agrícolas entre produtores, supermercadistas e consumidores; além do fortalecimento do RAMA. “A GS1 Brasil contribui com as melhores práticas para a identificação padronizada dos produtos, desde sua origem até o destino. O uso de padrões globais tornam os processos mais ágeis, eficientes e seguros, propiciando maior rastreabilidade e segurança do alimento”, afirma o executivo de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi. 7 898357 410015

12 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



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[ENTREVISTA

Centro das atenções Por Denise Turco

César Souza defende um modelo de negócios no qual toda a empresa, do porteiro ao presidente, identifique com profundidade os desejos, os sonhos e as necessidades dos clientes

Muito já se falou da importância de atender bem os clientes. Mas, em pleno século XXI, muitos negócios ainda não incorporaram de fato esse pensamento. Hoje, considerando o cenário de crise econômica, mais do nunca as empresas precisam entender o que de fato eles valorizam e oferecer soluções integradas. É fundamental proporcionar-lhes uma experiência relevante, como defende o consultor e palestrante César Souza. Mas ele vai além: propõe que as empresas mudem de atitude e “respirem” cliente. Para tanto, Souza até criou uma palavra que não existe na língua portuguesa e que dá nome ao seu mais recente livro Clientividade – Como oferecer o que o seu cliente quer. Considerado um dos maiores especialistas brasileiros em estratégia empresarial, o consultor também é autor de best-sellers como Você é do tamanho dos seus sonhos.

14 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Sua vocação empreendedora se manifestou desde criança, quando montou uma operação caseira para vender pipas. Foi franqueado da Aqualung, da área de vestuário. Além disso, fundou e operou um hotel em Búzios (RJ) durante 17 anos. Ao longo de sua trajetória profissional, exerceu importantes posições de liderança como executivo no Brasil e em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, onde atuou com bastante sucesso durante 11 anos. Foi considerado um dos 200 Líderes Globais do Futuro pelo Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Desde 2002, é presidente do Grupo Empreenda, que presta consultoria para grandes companhias brasileiras. Recentemente, fundou o Espaço do Empreendedor (EdE) e a Casa do Empreendedor (CdE), iniciativas que oferecem serviços para pequenas e médias empresas. A seguir, confira a entrevista.


Fotos: Eliane Cunha Fotos: Divulgação

“Clientividade expressa um novo modelo mental em que o cliente deve ser colocado no centro de tudo”


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ENTREVISTA

BRASIL EM CÓDIGO Neste momento de crise econômica, os clientes esperam algo a mais das empresas? CÉSAR SOUZA Sem dúvida, a crise econômica impacta a relação empresa-cliente. Mas não é o único fator. Existem outros dois pontos que poucas empresas estão percebendo. Um deles é a migração de clientes para modelos de negócios inovadores, cujas soluções disruptivas estão destruindo negócios tradicionais da noite para o dia. Exemplos: os foodtrucks, que roubam clientes de restaurantes tradicionais; os marketplaces, como o Mercado Livre e a Alibaba, que roubam clientes das lojas em shopping centers; os cursos de ensino à distância, que tiram clientes das escolas tradicionais. Outro fator é a baixa qualidade de atendimento para os poucos consumidores que ainda vão a essas lojas, restaurantes e escolas. Uma pesquisa que conduzi e publiquei recentemente em meu livro Clientividade – Como oferecer o que o seu cliente quer indica que, numa escala de 1 a 9, cerca de 73% dos clientes dão nota de 3 a 6 para o grau de orientação ao cliente que percebem na empresa. BC Como atrair os clientes de forma rentável nestes tempos difíceis? CS Temos de estar o mais próximo possível deles, entender o que de fato valorizam, falar a mesma linguagem. O mais importante é oferecer soluções integradas e não apenas vender produtos ou serviços isolados. É fundamental proporcionar uma experiência relevante ao longo de todo o ciclo, ou seja, na hora que o cliente busca o produto, no momento da decisão, da compra, do uso e do pós-uso. A experiência do cliente é a nova frente de batalha do marketing. BC Na sua avaliação, em geral, quais são as razões pelas quais as empresas perdem clientes? CS Por vários motivos: descaso; falta

16 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“As empresas ainda estão tentando soluções analógicas para desafios digitais” de entendimento do que o cliente realmente necessita e valoriza; atendimento inadequado; atitudes irritantes de vendedores; falta de integração entre as diferentes áreas da empresa; despreparo de quem não lida diretamente com clientes, como o pessoal de finanças, cobrança, jurídico, logística; falta de conhecimento do portfólio de produtos e serviços por parte dos vendedores. Como pano de fundo de todos esses sintomas, as empresas não falam a mesma linguagem dos clientes. Parece que vivem em planetas diferentes. BC E o que fideliza o cliente? CS Aquilo que o cliente não pega nem vê, mas sente! Ou seja, um conjunto de intangíveis como confiança, credibilidade, customização, transparência, respeito, flexibilidade, etc. Uma empresa pode conquistar clientes com produtos de qualidade, bom preço e promoções. Mas a fidelização reside na emoção. BC Como o senhor avalia o atendimento praticado atualmente pelas empresas em seus call centers e redes sociais? CS O grau de atendimento nesses canais está muito aquém do necessário. O cliente deixou de ser caça e virou caçador. Ele quer opinar em tudo, até na propaganda e publicidade. O que antes era vertical e unidirecional virou circular e múltiplo. O cliente quer que tudo entre nessa grande “sala de discussão” que são as redes sociais. As empresas ainda estão tentando soluções analógicas para desafios digitais. Ainda não entenderam a profundidade da mudança de hábitos que está

ocorrendo. Não existe mais o “boca a boca”. Agora é o “byte a byte” e esse mundo intangível é muito mais complexo – e delicioso – que o mundo tangível, no qual a maioria dos líderes foi educado. A dica é: mude para não ser mudado. Seja disruptivo com você mesmo. Fuja das soluções analógicas para o cliente digital. BC A tecnologia gera mudanças no comportamento do consumidor, que tem à sua disposição mais soluções para facilitar seu dia a dia. Como o senhor analisa esse cenário? CS A tecnologia tem sido a mola propulsora da mudança de hábitos dos clientes. Mas a grande revolução já não é mais a digitalização nem a globalização. Passou a ser a mobilidade. O mundo fixo está migrando para o móvel. Junto a isso, em vez do sentimento de propriedade, há o compartilhamento no uso de bens físicos. A nova geração já não pensa mais em ter a segunda casa, mas em ter mobilidade e flexibilidade. Em vez de custos fixos, custos variáveis. Migramos do mundo do tangível para o do intangível. BC O senhor criou a palavra clientividade. Quais são as bases desse conceito e origem do termo? CS A clientividade é um contraponto aos termos produtividade e competitividade. A origem destas palavras vem de produtos e de competidores. Mas o foco da empresa deveria estar no cliente, que é a origem, o meio e o fim de qualquer negócio. Qual termo em português simboliza isso? Não existe. Por isso, criei a palavra clientividade para expressar um novo modelo men-


“O cliente deixou de ser caça e virou caçador. Ele quer opinar em tudo”

tal em que o cliente deve ser colocado no lugar de onde nunca deveria ter sido retirado: o centro de tudo. Quais são os pilares da clientividade? Um conjunto de atitudes e comportamentos, e não de técnicas, para identificar com muito mais profundidade os desejos, os sonhos e as necessidades dos clientes. BC Como seria o modelo ideal de gestão de clientes em uma companhia? CS É um novo modelo no qual as pessoas “respiram cliente”. Explico: quando a gente respira, o oxigênio passa a fazer parte da nossa corrente sanguínea. Se respirarmos cliente, ele passa a fazer parte do nosso DNA. Isso significa sair da mentalidade de dentro para fora – do produto, processos, sistemas e normas internas – para pensarmos de fora para dentro – levando em consideração o cliente. Co-criação será a palavra mais falada no futuro pelas empresas vencedoras.

BC Quais são as dicas para que as pequenas e médias empresas possam melhorar o atendimento? CS a. Deixe claro para sua equipe que o cliente (e não você) é quem paga os salários deles; b. Entenda o que seu cliente diz e o que não diz; c. Não julgue clientes pela aparência; d. Surpreenda-os; e. Trate todos como cliente; f. Faça com que todos na empresa tenham o mesmo foco; g. Ofereça soluções e não apenas produtos ou serviços; h. Sempre demonstre que o valor é maior que o preço; i. Trate seu cliente como único e emblemático; j. Tenha paixão em servir ao seu cliente. BC Para finalizar, o senhor acredita que o cliente sempre tem razão? CS Nem sempre. Essa é uma crença

que precisa ser mudada. Ou melhor, uma ideia morta que precisa ser sepultada. Muitas vezes precisamos educar o cliente e mostrar que aquilo que ele quer, nem sempre é o que de fato necessita. Se uma empresa conseguir mostrar que seria melhor algo diferente para suas reais necessidades, o cliente ficará grato e fiel para sempre. Pode parecer estranho que o criador do conceito da clientividade esteja afirmando isso, mas sugiro que os profissionais reflitam com profundidade e se livrem de certos dogmas como esse que impedem que as empresas interajam de forma mais eficaz e assertiva com os clientes. É preciso ajudá-los a encontrar soluções integradas para suas necessidades, a realizar os seus sonhos, a perceber com clareza os benefícios dos produtos e serviços que consomem e a usufruir da experiência que desejam ter ao longo do processo de escolha, compra e uso de produtos e serviços. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 17


Imagens: Thinkstock

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Siga em frente!


Por Denise Turco

Para impulsionar os resultados em tempos difíceis, conheça o caminho para identificar novas possibilidades de vendas Neste momento desafiador pelo qual o Brasil passa, a pergunta que não quer calar é: como vender mais lidando com consumidores ou empresas tão cautelosos? Nesse cenário, a área de vendas ganha importância estratégica, pois é responsável por aprimorar a oferta de produtos e serviços em sintonia com esta nova realidade. “Alguns consumidores não comprarão outra coisa a não ser aquilo de que realmente necessitam. É função do vendedor ajudá-los a reconhecer a necessidade e capacidade de adquirir outros itens”, mostra o autor norte-americano Tom Hopkins no livro Vendas em Tempos de Crise – Como gerar resultados quando ninguém está comprando (Editora Best Business). “Em períodos como este, vender exige conhecimentos mais específicos, como saber exatamente quais canais a empresa pretende atingir, considerando o ambiente físico e virtual; identificar cla-

CRIATIVIDADE

NOVOS PRODUTOS

TREINAMENTO

ramente os objetivos; e até mesmo sacrificar um pouco a margem de lucro”, ressalta o presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), Latif Abrão Junior. Também é preciso inovar em produtos ou serviços já existentes para que os clientes percebam um diferencial. Nessa trilha em busca de melhores resultados, não há tempo para ficar se lamentando. “Temos de criar alternativas”, afirma o consultor e palestrante de vendas Marcelo Ortega. “Neste momento, a superação passa por inovação, criatividade, comprometimento com o cliente e um esforço adicional em tudo o que fazemos. Melhorar o que estava bom, treinar mais o time de vendas e criar ações de marketing de relacionamento com clientes mais estratégicos”, destaca Ortega. Acompanhe a rota que a revista Brasil em Código traçou para ajudar a refletir sobre como ampliar as vendas da sua empresa.

OPORTUNIDADE DE SE REINVENTAR O provérbio chinês já é bem conhecido dos brasileiros: toda crise tem um viés de oportunidade. É nisso que aposta o consultor e palestrante de vendas Marcelo Ortega. “Uma das boas notícias que a crise proporciona é a remodelagem dos negócios para ocupar novos espaços, criar produtos, melhorar o mix, reformular as estratégias de vendas consultivas e preparar melhor as equipes comerciais”, destaca. Outras alternativas passam por estabelecer parcerias a fim de aumentar a gama de soluções oferecidas, e analisar se é possível expandir os negócios para fora do Estado de origem ou para outros países.


Fotos: Divulgação

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Marcelo Ortega, palestrante Conheça detalhadamente o perfil de clientes para traçar a estratégia de vendas

MAPA DE CLIENTES É fundamental conhecer bem o público-alvo e apresentar sugestões para ajudá-lo. Assim, faça uma lista de clientes ativos, inativos, em prospecção e sem qualificação. Crie um funil de vendas, podendo utilizar o nome dos clientes/empresa ou o perfil (classes A, B ou C, poder aquisitivo, por exemplo). “Depois, relacione produtos e serviços que a companhia oferece”, orienta Marcelo Ortega. Pense naqueles clientes que nunca compraram e analise: como vender pela primeira vez? Com que produto ou serviço devo começar? Já em relação aos clientes ativos ou até inativos que já compraram algo reflita: o que mais a companhia pode vender para eles? Repasse o status de cada conta e pense em modificações para descobrir como pode atendê-los melhor. Vale, ainda, acompanhar o dia a dia do cliente para oferecer produtos e serviços mais assertivos e compatíveis com a realidade da empresa.

VENDEDOR PREPARADO Hoje o vendedor precisa agir como um legítimo consultor, especialmente se atuar com vendas técnicas. “Ele precisa ter informações sobre o cliente para poder ajudá-lo efetivamente a resolver um problema. Aquele costume de empurrar um produto não funciona mais. Afinal, os clientes estão exigentes e valorizam a experiência que têm com a empresa”, comenta o co-fundador do Agendor, Gustavo Paulillo. A internet oferece muitas possibilidades para pesquisar sobre o mercado. A tecnologia também ajuda no treinamento, por meio de cursos on-line – muitos deles gratuitos.

“A crise dá a oportunidade de remodelar os negócios e criar novas soluções ”

20 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Gustavo Paulillo, do Agendor Vendedor precisa atuar como consultor para ajudar o cliente

DISCURSO AFIADO “Não estou comprando no momento”. Se os clientes têm dado essa resposta frequentemente, não desanime e aja de maneira racional. Tente entender a razão da recusa, que pode ser falta de dinheiro, por mal atendimento, ou uma forma “delicada” de dizer que sua empresa não tem o ele quer. “Isso ajuda a tecer novas estratégias de abordagem. Se for falta de dinheiro, fale das oportunidades de crédito disponíveis, desconto à vista, etc. Se for por mal atendimento, convide o cliente a voltar e dê você mesmo o suporte. Mas se a empresa não tem o que ele deseja, quando o cliente vier a comprar, lembre-se de gerar valor, na medida do possível, oferecendo outros produtos para aumentar a receita”, orienta o consultor do SEBRAE-SP, Ruy Barros.


Marcus Quintella, da FGV Redimensione a margem de lucro e ganhe no volume

PREÇO MENOR, VOLUME MAIOR Na atual recessão, o valor desembolsado pelo cliente é determinante para a compra. Portanto, vale fazer uma readequação dos preços, afirma o professor e coordenador dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcus Quintella. “Os empresários precisam abrir mão de parte da margem de lucro, que muitas vezes é mal dimensionada”, ressalta. Por isso, fique atento ao cálculo de formação de preços, que deve considerar impostos, custos operacionais, de pessoal, logística, transporte, etc. A partir daí, determine a margem de lucro adequada – nada exorbitante. “É preciso ganhar no volume”, orienta o professor. Para quem tem dificuldade nesse tema, vale procurar cursos para aperfeiçoamento na área.

Latif Abrão Junior, da ADVB Crie um diferencial para produtos ou serviços já existentes

SUA MARCA NA INTERNET A internet está aí para ajudar as empresas – não importa se são B2B, B2C ou se só trabalham off-line. Isso porque a web é fonte de todo tipo de consulta – informações, preços, etc. “A tecnologia pode ajudar muito na visibilidade dos negócios. É fundamental interagir com clientes e parceiros por meio de site da empresa, além de divulgar ações e produtos via redes sociais. Crie o hábito de monitorar likes e posts, de forma que as pessoas saibam que a companhia está disposta a realizar grandes negócios. “Tenho alguns vendedores amigos que criaram grupos no WhatsApp com clientes e promotores da sua marca. As pessoas apoiam esse tipo de esforço e ajudam na disseminação de sua proposta de valor”, ressalta Ortega. Hoje as ferramentas para criar e abastecer sites e redes sociais são bastante acessíveis, muitas são gratuitas (confira mais dicas na página 38).

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 21


DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO DE VENDAS É muito comum ver empresários que, em épocas de crise, cortam investimentos em divulgação. No entanto, às vezes se esquecem de que as pessoas ainda têm necessidade de comprar. Assim, é importante investir, mesmo que seja em âmbito regional, por meio de jornal de bairro e condomínio. Além disso, uma promoção sempre é bem-vinda, quando é estratégica e focada no momento e no público-alvo. “Mostre aos clientes que promoção de vendas não é somente trabalhar a questão do preço em forma de liquidação, saldos, etc., mas tem o objetivo de ampliar as opções para promover seus produtos e sua loja”, destaca Ruy Barros, do SEBRAE-SP. Para isso, a empresa precisa ter um plano de propaganda estruturado, com cronograma definido e integração de várias mídias.

Foto: Divulgação Sebrae-SP

CAPA

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Ruy Barros, do SEBRAE-SP Investimentos em publicidade devem ser feitos de forma estratégica

TECNOLOGIA: O CAMINHO PARA MELHORAR A GESTÃO DAS VENDAS

Um sistema de gestão de vendas ajuda bastante na prospecção de clientes, na organização das tarefas diárias, no controle dos números da empresa, e até mesmo no levantamento de dados que podem ajudar as conversas nas reuniões, permitindo planejar ações de marketing e venda mais efetivas. Os vendedores que têm mais acesso à tecnologia conseguem aumentar a produtividade, porque gastam menos tempo com processos e podem se

dedicar ao conhecimento mais profundo do cliente e ao aprimoramento das negociações. “A automação gera negócios ao desafogar o time de vendas de atividades operacionais, tais como caçar dados de um contato e alinhar calendário e e-mail com CRM, apontando quais oportunidades priorizar”, diz o diretor de marketing da Salesforce para América Latina, Daniel Hoe. Para as pequenas e médias empresas, a Salesforce oferece soluções de CRM que simplificam o trabalho operacional do profissional de vendas, pois possibilitam acompanhar os pedidos, obter lem-

Foto: Divulgação

Daniel Hoe, da Salesforce Automação auxilia equipe de vendas a focar em novos negócios

22 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

bretes de follow-up, utilizar aplicativos móveis já integrados ao CRM, entre outras tarefas. Segundo Hoe, as empresas que utilizam as soluções oferecidas pela companhia, uma das maiores do mundo em cloud computing, apontam um aumento de 37% da receita e 45% em retenção de clientes. Hoe dá algumas dicas para ajudar na automação de vendas. “Tenha um atendimento bem alinhado e integre ao CRM, pois desconectar a equipe de vendas das solicitações do cliente para o SAC queima oportunidades de negócios e dificulta o relacionamento. Além disso, mergulhe na transformação digital para elevar a eficiência da companhia e ampliar os insights para gerar vendas”, destaca Hoe. Outra ferramenta desenvolvida para facilitar a vida do vendedor é o Agendor, uma plataforma de aprimoramento de vendas que aumenta


a produtividade, direcionada a empresas de pequeno e médio porte, especialmente indústrias que realizam vendas de perfil técnico e com ciclos mais longos. A solução oferece uma plataforma on-line e mobile (para tablet e celulares) na qual é possível registrar todos os contatos e fazer follow-up. Uma das funcionalidades é o mapa de cliente. “Você vai tomar um café com um cliente e pelo celular consegue ver outros na região onde está. Assim, pode aproveitar e aprimorar o relacionamento com eles enquanto estiver naquela localidade”, explica o co-fundador do Agendor, Gustavo Paulillo. De acordo com ele, as empresas têm acréscimo de 5% nas vendas logo quando iniciam o uso da ferramenta. “Após 12 meses elas têm incremento de 15% no faturamento, em virtude de um controle melhor das vendas e maior atenção aos clientes, pois conseguem focar nos melhores negócios”, diz. A Atex, empresa de médio porte que atua no segmento de engenharia produzindo formas para concreto, decidiu investir na automação de vendas em 2015, bem no início da crise brasileira, em um dos setores

mais afetados: o da construção civil. A empresa tem como clientes incorporadoras, construtoras, empreiteiros e profissionais que executam a obra. “Estamos aproveitando esse momento do mercado para fazer capacitação e planejamento estratégico para que, no futuro, quanto a eco-

“Tecnologia aplicada às vendas aumenta a produtividade e facilita a prospecção de clientes” nomia retomar o fôlego, estejamos ainda melhor preparados. Temos investido em diversas ferramentas para ter maior controle dos indicadores”, conta o gerente comercial da Atex, Angelo Carisio.

Uma dessas iniciativas foi apostar no Agendor para apoiar a equipe de 30 vendedores, que atuam em diferentes locais do País. Eles lançam todo tipo de informação na plataforma: contatos, e-mails e ligações com os clientes. À medida que fazem o follow up, o sistema constrói a agenda e informa as tarefas: ligação, reunião, visita, envio de e-mail, etc. O Agendor tem também um aplicativo para smartphone que possibilita fazer as anotações sem necessidade de conexão com a internet. Assim, Carisio, como gestor, consegue acompanhar toda as atividades da equipe à distância. Desde que começou a usar o Agendor, a Atex insiste no treinamento do time comercial para usar ao máximo a solução. “Também é preciso treinar os vendedores em relação à qualidade dos cadastros e à padronização das informações lançadas no Agendor”. Com a ferramenta, a Atex passou a fazer um acompanhamento mais efetivo das vendas. “Conseguimos entender os motivos pelos quais perdemos uma negociação e assim podemos pensar em ações futuras para neutralizar a concorrência”, diz Carisio.

Foto: Divulgação Agendor

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Relacionamento Agendor tem funcionalidade para otimizar as visitas aos clientes por região

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[EVENTO

Fotos: Divulgação GS1/CES/NRF

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Fontes de inspiração Da Redação

Eventos internacionais indicam as tendências que vão delinear os caminhos da tecnologia e da inovação em âmbito global O avanço da tecnologia e a transformação digital estão mudando as relações de consumo e a maneira de empreender. Para acompanhar essa evolução, a equipe da GS1 Brasil foi conferir dois eventos que são importantes fontes de conhecimento e inspiração para o mercado global: a CES, realizada anualmente em Las Vegas e onde são apresentados os produtos mais inovadores do mundo, e a NRF Retail’s Big Show, promovida em Nova York, que dita as tendências do varejo. Ambos foram realizados nos Estados Unidos, no início do ano, e impressionaram pela riqueza de soluções, insights e tendências apresentadas. “A CES 2017 pode ser resumida em três conceitos: inteligência artificial, conectividade e experiência do consumidor”, conta o diretor técnico da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi. “As tendências vistas no evento têm

24 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

foco em oferecer o melhor serviço para o consumidor de forma cada vez mais personalizada”, completa. O tom das palestras da CES indica que algumas empresas estão mudando o seu posicionamento com base na digitalização da experiência do consumidor. É o caso da Under Armour, que passou por uma transformação digital e agora, além de fabricar roupas e artigos esportivos, proporciona uma experiência para o bem-estar do esportista, oferecendo tecidos tecnológicos (como o pijama com propriedades anti-inflamatórias), tênis com chip e um conjunto de aplicativos para apoiá-lo na performance esportiva, sono e controle de calorias. Na CES, a realidade aumentada também foi destaque para uso na gestão das empresas. “Em um centro de distribuição, por exemplo, os óculos de realidade aumentada podem direcionar o funcionário na seleção de

produtos. Já em um ambiente de montagem industrial, indicam cada sequência de operação. A realidade aumentada tem um potencial muito grande de aplicação, diferente de realidade virtual, que é mais apropriada para a prototipação”, comenta Matsubayashi. Para a GS1 Brasil, é vital acompanhar as tendências tecnológicas para ajudar no desenvolvimento dos padrões. A entidade oferece soluções que estão em sintonia com essas tendências. Segundo Matsubayashi, para apoiar o analytics e inteligência artificial, o EPCIS ajuda a coletar dados de forma organizada para fazer a análise e gerar informação. Já a tecnologia Smart Search adapta os padrões GS1 para o e-commerce e mecanismos de busca, ajudando o consumidor a fazer consultas mais assertivas na web. Em termos de conectividade, o código de barras e os padrões de radiofrequência da GS1 estão evoluindo para aplicações de Internet das Coisas (IoT).


Fotos: Divulgação CES/Eliane Cunha

Roberto Matsubayashi, da GS1 Brasil Inteligência artificial, conectividade e experiência do consumidor foram os destaques da CES 2017

CADEIA CONECTADA A inovação também permeou a NRF Retail’s Big Show 2017. No evento, 35 mil visitantes puderam conferir 79 palestras e novidades de 510 expositores. “Nossa percepção é de que

Nicolle Castro, da GS1 Brasil NRF apresentou soluções para o varejo personalizar o atendimento ao cliente

os provedores de soluções e equipamentos procuram agilizar os processos do varejo, criando desde soluções para checkout até aplicações mais sofisticadas que forneçam informações detalhadas e em tempo real para o gestor de loja tomar decisões mais ágeis e assertivas”, resume a executiva de marketing da GS1 Brasil, Nicolle Castro, integrante da comitiva da GS1 Brasil que visitou o evento. Assim como na CES, soluções que envolvem big data, analytics e IoT e que apontam para a personalização do atendimento ao cliente foram os destaques. Nesse sentido, uma das principais atrações do evento foi o Smart Sense, lançamento da Zebra Technologies. “É uma plataforma que combina sistema de câmeras, sensores, RFID e software e é capaz de identificar pessoas, produtos e dispositivos, fazendo uma gestão completa e automática de toda experiência de compra na loja”, explica Nicolle.

Com esta solução, a empresa cria um grande big data, elencando muitos dados a serem analisados para agilizar a gestão dos negócios. A personalização do atendimento foi o ponto marcante da palestra do head de marketplace da Uber, Garret van Ryzin. “Segundo ele, quanto mais a marca conhece o cliente, mais consegue trabalhar a personalização. Nesse sentido, entra o papel do big data, que permite conhecer a real demanda do cliente”, comenta Nicolle. Neste ano, outra novidade da NRF foi a expansão da área chamada Innovation Lab, com palestras de start-ups e exposição de soluções inovadoras que devem impactar o varejo num futuro próximo, como impressão 3D, inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, wearables e robótica. “As novas soluções indicam o caminho do varejo físico se preparando para o virtual”, conclui Nicolle. 7 898357 410015

Foto: David Plas/GS1

EVOLUÇÃO DIGITAL Dentre os vários eventos que a GS1 realiza no mundo, o Global Forum é o encontro dedicado a alinhar a estratégia e inspirar os colaboradores da organização. Neste ano, o evento realizado em fevereiro, em Bruxelas (Bélgica), destacou a importância da evolução dos padrões para o mundo digital. A inspiração para esse tema esteve na apresentação de Marco Tempest, ilusionista suíço que combina tecnologia digital e imaginação para surpreender o público, e palestras de líderes de companhias globais. Uma equipe da GS1 Brasil esteve presente: o presidente João Carlos de Oliveira, a CEO Virginia Vaamonde, o diretor técnico Roberto Matsubayashi, a gerente de pesquisa e desenvolvimento Marina Pereira, o analista de marketing Gustavo Piccirillo e o executivo de negócios Edson Matos. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 25


[TENDÊNCIAS

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Fotos/Imagens: Thinkstock

Tecnologia no consumo

Por Juliana Jadon Colaboração Kathlen Ramos

Conheça as tendências que vão permear as relações de consumo em 2017, com destaque para a forte presença da automação nos processos de compra Na década de 1960, o futurista desenho Os Jetsons já antecipava algumas das tendências tecnológicas que passariam a existir. Os personagens faziam compras de forma high-tech, sem necessidade de passar os produtos no caixa, apontando um cenário que hoje começa a se tornar realidade. A loja Amazon Go, em Seattle, nos Estados Unidos, não possui caixas ou filas. Antes de entrar, o cliente precisa apenas baixar um aplicativo no celular e encher a sacola. A conta é cobrada automaticamente no cartão cadastrado. O supermercado, que opera em fase de testes, possui tecnologia que reconhece tudo o que é tirado das gôndolas. O projeto levou quatro anos para ser desenvolvido e proporciona uma experiência de compra rápida e dinâmica, assim como a dos Jetsons.

26 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Com a proximidade do Dia do Consumidor, celebrado em 15 de março, muitas reflexões surgem por parte das empresas, que têm procurado voltar o foco das estratégias para o cliente. Nesse sentido, estudos apontam que, em 2017, há uma forte tendência de que as companhias invistam de maneira acentuada em tecnologia. O objetivo é tornar a compra mais inovadora, atendendo à demanda do consumidor mais conectado, informado e exigente. Segundo o executivo global de tendências e insights da agência de inteligência de mercado TrendWatching, David Mattin, “este será o ano em que o consumidor mudará a maneira de pensar, se comportar e comprar”. A pesquisa “A visão dos consumidores sobre padrões de identificação no varejo”, desenvolvida pela GS1 Brasil em


parceria com a H2R Pesquisas, também apresenta insights que apontam para esse cenário. Hoje, 25% dos consumidores entrevistados já acreditam que, no futuro, tudo será automatizado. O levantamento, realizado em novembro de 2016 em todo o País, aponta, por exemplo, para a importância que os smartphones ganharam no universo das compras: 87% dos entrevistados gostariam de ter as informações dos produtos imediatamente no celular; 74% concordam que as compras poderiam ser debitadas diretamente via celular, o mesmo porcentual daqueles que apreciam a ideia de que a geladeira e a despensa avisem pelo smartphone quando os produtos acabarem. Há, ainda, uma busca constante de informações que antecede a efetivação da compra. Para isso, os entrevistados consultam a internet

(91%), amigos e familiares (35%), e aplicativos (33%). A pesquisa da GS1 Brasil também aponta diferentes usos do código de barras. No futuro, o consumidor acredita que utilizará essa ferramenta para consultar o preço das mercadorias (96%); a data de validade (84%); fazer a rastreabilidade do que consome (78%); e obter informações sobre os produtos (80%). Com estas facilidades, e-commerce e aplicativos vão ganhar mais espaço por conta da praticidade que proporcionam. “As barreiras iniciais, que seguraram o crescimento do e-commerce, estão sendo derrubadas especialmente em virtude de uma geração acostumada com processos de realidade virtual”, afirma o professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), Jorge Carvalho Bittencourt.

DIREÇÃO GLOBAL

Conheça algumas tendências do comportamento do consumidor para 2017, segundo a TrendWatching

NOVOS DESAFIOS Atualmente, não há como criar e manter processos de relacionamento com o cliente sem o uso da tecnologia, mas é preciso tomar cuidado para que ela não substitua o atendimento pessoal, capaz de estreitar laços e promover experiências que mantêm os clientes próximos das marcas. Aliás, este conceito de humanização na hora das compras foi uma das principais mensagens transmitidas durante a NRF Retail’s Big Show 2017, o maior evento de varejo do mundo. “A feira trouxe reflexões para enaltecer a experiência, reforçando que tecnologia e ser humano estão cada vez mais integrados”, afirmou a sócia-diretora da Alia Consulting, Beth Furtado, durante o evento pós-NRF, realizado em São Paulo (SP), pela consultoria GS&MD. Dessa forma, muito além do que previa Os Jetsons, é preciso olhar para o consumidor com uma lupa. Certamente não será fácil deixá-lo satisfeito em 2017. Por isso, chegou a hora de colocá-lo ainda mais no centro dos negócios. 7 898357 410015

Experiência virtual: antes um lugar basicamente para buscar informações, a internet agora amadurece, com novas tecnologias de realidade virtual e aumentada, e passa a ser um ambiente onde as experiências digitais são fundamentais. É possível que essas experiências sejam tão relevantes quanto as reais.

Abrace uma causa: o ano de 2016 ficou marcado pelo impacto econômico, político, social e cultural da globalização. Neste contexto, marcas que realmente defendam uma causa poderão encontrar oportunidades. Assim, posicionar-se de maneira positiva em relação à diversidade social, cultural, de gênero, etc., é fator cada vez mais importante na escolha dos consumidores.

Empresas que observam: a tecnologia veio para ficar e ser mais um meio de coleta de informações. Com o big data, os aplicativos que colhem dados e outros canais de relacionamento e redes sociais, as pessoas passam a ter contato com as chamadas “marcas Big Brother”. Ou seja, os consumidores são observados por livre e espontânea vontade.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 27


[PERFIL

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Imagem: ThinkStock

Negócio saudável e milionário

Por Katia Simões

Fabricante de produtos saudáveis e orgânicos, Mãe Terra amplia portfólio e presença em diferentes canais, multiplicando resultados Na infância, enquanto se divertia no quintal de casa, no limite entre as áreas rural e urbana paulistas, Alexandre Borges acalentava o sonho de ser surfista profissional. Enquanto o tão esperado intercâmbio para a Austrália não chegava, ele passava o tempo produzindo suas próprias granolas e ganhando um troquinho com a venda das misturas para os amigos. Foi a mãe, Adriana Scavone, assídua cliente da lojinha de produtos naturais da Mãe Terra, fundada em 1979, quem introduziu a alimentação saudável no cardápio diário da família. A temporada na Austrália vingou, mas o surfe transformou-se em hobby. O diploma veio mesmo do curso de administração de empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV). “No fundo, eu sempre quis ter meu próprio negócio e a faculdade foi o pontapé inicial para essa proposta”, diz Borges,

28 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

lembrando que entre os colegas era visto como natureba, o cara da banana com aveia. Diploma na mão, Borges foi trabalhar como trainee da Mastercard nos Estados Unidos e encheu os olhos quando entrou pela primeira vez em uma loja da rede Whole Foods, totalmente dedicada à comida saudável. Não contente em se tornar cliente assíduo do lugar, ele virou caixa no período noturno, com o propósito de conhecer o universo dos produtos orgânicos e naturais. “A maratona durou dois meses e serviu para eu ter a certeza de que era nessa área que eu gostaria de investir”, afirma. Embora o desejo fosse grande, Borges sabia que de nada adianta antecipar a onda de consumo ou surfar no modismo quando muita gente já o fez. Assim, ao voltar ao Brasil, em meados dos anos 1990, investiu em dois outros negócios. Foi


SONHO REALIZADO Em 2007, Borges comprou a Mãe Terra. “Meu pai não acreditou”, afirma. E não poderia ser diferente. No início da década de 1990, quando visitavam uma feira do setor, o empresário sugeriu a compra da Mãe Terra. A resposta foi um sonoro não, afinal era um negócio com foco só nos nature-

Fotos/Imagens: Divulgação

um dos fundadores do Flores Online, o primeiro e-commerce da área no País, e, mais adiante, da agência de comunicação Significa, ambos vendidos a multinacionais por um bocado de milhões de reais. Enquanto ele exercitava seu lado empreendedor, o consumo de produtos orgânicos e naturais crescia, ganhando espaço fora das comunidades de nicho e chamando a atenção do grande varejo. O que antes parecia uma tendência futura começava a se tornar realidade. E se tornou. O Brasil é hoje o quarto maior mercado mundial de alimentos e bebidas saudáveis, com volume de vendas superior a US$ 30 bilhões por ano, segundo pesquisa da Euromonitor.

Receita para crescer Empresa aposta em snacks saudáveis e produtos orgânicos, inclusive em parceria com a apresentadora Bela Gil bas, insistia o pai. Borges, ao contrário, acreditava na alimentação natural como uma tendência forte de mercado e nunca perdeu a marca de vista. Sob a sua direção, a companhia decolou. Nos últimos quatro anos, cresceu, em média, 40% ao ano. Borges não confirma, mas o mercado garante que o faturamento anual alcançou a casa dos R$ 100 milhões. Para crescer, a empresa apostou na fabricação de versões saudáveis de macarrão instantâneo, sopa pronta, salgadinho de milho e biscoitos, e não apenas em produtos para o preparo de pratos. O portfólio ultrapassou a lista de 120 produtos, tendo as granolas como carro-chefe. “Nosso principal objetivo, desde o início, é oferecer produtos saudáveis, orgânicos, integrais e menos processados, com ingredientes da biodiversidade brasileira”, diz. Acertar a receita não foi fácil. Enquanto as empresas pagam cerca de R$ 20 pelo quilo da baunilha produzida de forma sintética, a Mãe Terra desembolsa R$ 200 pelo quilo da fava de baunilha natural. A produção também exige adaptação do maquinário para processar matéria-prima natural e uma cadeia de fornecedores comprometidos. Hoje, a companhia tem 120 pequenos agricultores na sua lista de fornecedores homologados. Está presente em mais de 20 mil pontos de

venda, de lojas de nicho a gôndolas dos principais supermercados do País. Virou referência mundial ao produzir, em julho de 2015, um snack orgânico, composto por sete tipos de grãos integrais não transgênicos, para ser distribuído nos voos da Gol. Foram dois anos de desenvolvimento até chegar a uma composição com 40% menos sódio que um biscoito salgado comum. Já em 2016, a Mãe Terra lançou uma linha de oito produtos orgânicos em parceria com a culinarista e apresentadora Bela Gil, como pão de mandioquinha sem lactose, tapioca orgânica, mix de quatro tipos de arroz integral e mix de castanhas. O ano passado também marcou a chegada da companhia ao varejo com uma loja própria. O endereço não poderia ser mais nobre: o calçadão da praia do Leblon, no Rio de Janeiro. Os planos de expansão não param por aí. A empresa pretende aumentar sua participação no canal farmacêutico, que já responde por 3% das vendas, atrás apenas do autosserviço (8,5%) e lojas de produtos naturais (7%), além de ampliar sua atuação no segmento hoteleiro. A novidade fica por conta da venda dos produtos da marca nas lojas de conveniência do Posto Ipiranga, com cerca de 16 mil pontos, acertada no início de 2017. Trabalho é o que não falta. 7 898357 410015

Alexandre Borges, da Mãe Terra Planos de expansão incluem atuação em diferentes canais do varejo em 2017

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[CASE

Por Denise Turco

GS1 Brasil auxilia empresas na mensuração de pesos e dimensões das embalagens de produtos a fim de otimizar a operação A GS1 Brasil é bastante conhecida por ser a entidade responsável por licenciar a numeração do código de barras dos produtos que circulam no mercado nacional. Mas há outro serviço que a organização disponibiliza aos seus associados com a mesma eficácia: a conformidade de pesos e medidas das embalagens. Esse trabalho auxilia na gestão logística e de transporte das empresas, pois cada produto possui uma dimensão própria decorrente da natureza de sua produção ou utilização. Em sua sede no bairro de Pinheiros, na capital paulista, a entidade possui um laboratório onde realiza essas medições, além de fazer a certificação da qualidade de impressão do código de barras, com objetivo de efetivar a leitura na primeira tentativa, em qualquer equipamento, com base em normas ISO. A novidade é que, a partir de agora, a equipe técnica da GS1 Brasil passará a fazer a coleta de informações para a conformidade de pesos e medidas das embalagens diretamente nas empresas. Nesta nova fase, a HidroAll do Brasil, uma das mais importantes companhias do segmento de produtos químicos

30 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

para tratamento e desinfecção de água do País, foi convidada a participar de um projeto piloto. Fundada em 1984, a companhia oferece mais de 50 itens, entre produtos para limpeza de piscinas e também para segmentos como agricultura, saneamento básico, saúde animal e processos industriais. A HidroAll já tinha os dados de pesos e medidas do seu portfólio, mas considerou importante fazer uma reavaliação a fim de aperfeiçoar seus processos. Os assistentes de atendimento da GS1 Brasil Francisco Lucas e Felipe Augusto foram recebidos na sede da HidroAll, localizada em Valinhos, a 85 quilômetros da capital, no mês de dezembro. Durante dois dias, eles tiveram a missão de medir altura, largura e profundidade de todos os produtos e unidades logísticas (caixas e paletes), que são acondicionados em diferentes tipos de embalagens (sacos, baldes, etc.). O levantamento dimensional dos produtos é feito com base em padrões globais, com objetivo de auxiliar na qualidade de dados e controle de informações, proporcionando maior praticidade nos processos comerciais en-

Fotos: Divulgação

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Logística na medida certa


Junior Galinari, da HidroAll Reavaliação dos pesos e medidas melhorou processos logísticos e de transporte

tre parceiros (fabricante, distribuidor, atacado e varejo). O principal desafio do projeto foi garantir agilidade para realizar o trabalho no menor tempo possível e sem gerar impacto na rotina operacional da empresa, uma vez que os produtos foram retirados das posições de armazenagem e poderiam afetar o FIFO (do inglês first in, first out – o primeiro item a entrar em estoque é o primeiro a sair). “Esses obstáculos foram superados com o planejamento realizado entre a HidroAll e a GS1 Brasil, no qual definimos todas as etapas, que envolviam as áreas de marketing, qualidade, produção e expedição. Conseguimos concluir no tempo estipulado de dois dias”, conta o gerente de marketing da companhia, Junior Galinari. Depois de coletar os dados, a segunda etapa foi inseri-los no Cadastro Nacional de Produtos (CNP), após serem devidamente validados pela HidroAll. O CNP é uma ferramenta on-line da GS1 Brasil que auxilia os parceiros comerciais no cadastro e gerenciamento de informações dos produtos, uma vez que estão cadastradas em um único lo-

cal. Por exemplo, a indústria pode utilizá-la para assegurar dados uniformes a todo o mercado; o varejo, atacado e distribuidor também podem acessá-la para obter características detalhadas dos produtos, como descrição, marca e até mesmo um link para direcionar ao website. Assim, todos se beneficiam das tecnologias e padrões que propiciam assertividade nas informações compartilhadas. A rastreabilidade e a segurança da informação são as principais vantagens do CNP. “Um exemplo prático é quando ocorre algum problema técnico no computador do usuário ou associado. Os dados lançados no CNP estão disponíveis na nuvem, podendo ser recuperados de forma fácil e rápida”, afirma Felipe, da GS1 Brasil. Outro ponto positivo é o fato de eliminar a necessidade de anotações manuais sobre os produtos, minimizando possíveis erros. “Além disso, após inserir as características das mercadorias no CNP, o associado tem total autonomia no gerenciamento das informações, podendo inclusive gerar os códigos de barras e até imprimir as etiquetas para colocar nas embalagens”, completa Lucas.

AVALIAÇÃO POSITIVA Na visão de Galinari, o processo de reavaliação nos pesos e medidas possibilitou a identificação de pequenas diferenças nas dimensões e peso bruto dos produtos que geravam impactos em algumas fases do processo logístico da HidroAll, além de otimizar espaços ociosos de armazenagem. Assim, os principais benefícios obtidos com esse projeto foram: redução dos custos operacionais e aumento da produtividade por meio da identificação desses desvios. A empresa também passou a utilizar com maior frequência o CNP. “A oportunidade de disponibilizar informações detalhadas sobre os nossos produtos para mais de 58 mil associados da GS1 Brasil, além dos atuais parceiros comerciais, por meio do CNP gera visibilidade e oportunidades de negócio para a HidroAll em toda a cadeia produtiva e comercial”, resume Galinari. Vale ressaltar que a mensuração realizada pela GS1 Brasil não está vinculada àquela feita pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), órgão federal vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que atua nas medições e na qualidade dos produtos a fim de zelar pela harmonização das relações de consumo. O propósito da GS1 Brasil é ajudar a otimizar as operações das empresas, principalmente a identificação e movimentação de produtos.

Foto: Paulo Pepe

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Francisco Lucas e Felipe Augusto, da GS1 Brasil Levantamento das dimensões dos produtos é feito com base em padrões globais

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[FINANÇAS

Por Katia Simões

Imagem/Foto: Thinkstock/Divulgação

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Dinheiro na velocidade da internet Fintechs redesenham o mercado financeiro do País com o uso de tecnologia de ponta e estrutura mais enxuta que a dos bancos Foi durante o curso de mestrado em Empreendedorismo e Tecnologia na University College London, na Inglaterra, que Daniel Gomes percebeu que os empréstimos peer-to-peer (financiamento feito diretamente por pessoas sem a intermediação de bancos) poderiam ser uma ótima alternativa para o problema de crédito das micro e pequenas empresas brasileiras. Em meados de 2014, esse movimento já era grande em terras britânicas, mas completamente desconhecido no Brasil. Mesmo assim, Gomes apostou nesse novo modelo de negócios com o foco na América Latina. Assim foi criada a Nexoos, fintech que facilita empréstimos peer-to-peer para empresas de pequeno porte. Tudo começou em Londres, quando Gomes e os sócios, um brasileiro e um paraguaio, venceram uma competição de start-ups e embolsaram o equivalente a R$ 40 mil. De volta ao Brasil, começaram a estudar o processo regulatório, a fim de adaptar o modelo de negócio à legislação local. “A ino-

32 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

vação e a tecnologia no mercado financeiro esbarram em leis que não foram feitas para o mundo digital”, afirma Gomes. Para alinhar a operação, deram o pontapé inicial em 2015, no Paraguai, realizando o primeiro empréstimo em dezembro do mesmo ano. Em setembro de 2016, a Nexoos começou a atuar no Brasil. Hoje já soma 300 investidores e 50 empresas tomadoras de crédito. “Queremos ser a principal plataforma de fonte de financiamento para micro, pequenas e médias empresas. Estamos no início desse caminho. Em janeiro de 2017, o volume transacionado passou de R$ 1 milhão, com uma média de 40% de crescimento ao mês”, diz Gomes. O bom desempenho garantiu à fintech um aporte de US$ 50 mil da Porto Seguro em conjunto com uma aceleradora do Vale do Silício. A Nexoos é apenas uma entre as cerca de 200 fintechs em operação no País, um modelo de negócio que


Daniel Gomes, da Nexoos Fintech criada em 2015 já conta com 300 investidores e 50 empresas tomadoras de crédito

nasceu há cerca de cinco anos, mas que começou a ganhar corpo no Brasil apenas em 2015. Junção dos termos em inglês financial e technology, as fintechs são start-ups que unem tecnologia a serviços financeiros, na maioria das vezes inovadores, ou que aprimoram a experiência dos usuários. Estudo publicado pela consultoria FintechLab estima que o investimento nesse perfil de empresas no País em 2016 foi R$ 450 milhões, o dobro do ano anterior. Mas trata-se de um montante ainda tímido perto dos US$ 15 bilhões investidos em fintechs ao redor do mundo em 2015. Na

visão dos investidores, porém, há um mercado muito grande para o desenvolvimento dessas empresas no Brasil, principalmente nas áreas de crédito e seguro. Para se ter uma ideia, Londres, Singapura, Nova York, Vale do Silício e Hong Kong são os principais mercados mundiais de fintech. BANCOS X STARTUPS Vistas como desafiadoras das instituições financeiras tradicionais, principalmente dos bancos, as fintechs aos poucos foram passando de adversárias a parceiras, justamente por nascerem com um DNA voltado à solução de

COMO FUNCIONAM AS FINTECHS Novo modelo Pesquisa realizada pela Venture Scanner revela que existem cerca de 1.500 fintechs em operação no mundo. Elas fazem exatamente o que os bancos fazem, porém com uma estrutura mais enxuta, reduzindo o custo dos serviços; usam tecnologia de ponta, que lhes garante eficiência; e têm grande penetração de mercado, pois lançam mão do alcance ilimitado da internet. As fintechs funcionam exclusivamente no ambiente digital. O que elas oferecem Conta corrente digital, empréstimos, investimentos, cartões de crédito e de débito, microsseguros, gestão de benefícios e gerenciamento financeiro pessoal e empresarial, emissão de boletos e soluções em recebimentos para empresas. Todas as soluções são oferecidas à distância. Velocidade A agilidade na concessão de empréstimos para pessoas jurídicas é notável. As fintechs vasculham diversas bases de dados, como sites da Receita Federal, Tribunal de Justiça e Junta Comercial e em três minutos aprovam ou não o empréstimo. O dinheiro cai na conta do solicitante em 24 horas.

problemas dos usuários de maneira ágil e com viés tecnológico. Em menos de três anos o cenário transformou-se rapidamente. “No início, os bancos estavam mais preocupados em como reagir ao movimento e as fintechs, dispostas a competir diretamente. Hoje, as start-ups colaboram com as grandes instituições, que por sua vez criaram incubadoras para se aproximar delas”, afirma o responsável pela área de inovação da Catarino Brasileiro, empresa de marketing e comunicação focada nos mercados financeiros e meios de pagamento, João Pedro Brasileiro. Um exemplo é o Programa InovaBra, do Bradesco, que desde 2014 promove a interação do banco com as start-ups que tenham potencial de desenvolver modelos de negócios e serviços financeiros. Ao final do programa, que dura 10 meses, o banco pode adquirir parte da empresa. A operadora de cartões MasterCard seguiu a mesma linha com o programa Start Path, que estabelece parcerias de seis meses entre a empresa e as fintechs selecionadas. A Kiik chegou ao mercado em meados de 2014 com um aplicativo para pagamentos on-line. Há um ano, a fintech firmou uma parceria com a MasterCard, o que colaborou para a expansão da start-up. “Hoje, contamos com 300 estabelecimentos credenciados, 50% deles restaurantes, e um crescimento do número de usuários da ordem de 50% por trimestre”, afirma o CEO da Kiik, Maurício Menezes Valim. 7 898357 410015

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[EDUCAÇÃO

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A inovação transformadora Por Denise Turco

Inova Business School abre unidade na capital paulista em parceria com a GS1 Brasil começam em fevereiro e a escola tem uma agenda de palestras gratuitas para o primeiro semestre de 2017. As inscrições podem ser feitas pelo portal www.inovabs.com.br. A escola foi criada em 2013, a fim de promover educação executiva com foco na gestão da inovação, complementando o trabalho da Inova Consulting, consultoria focada em futuro, tendências e inovação estratégica, conta o sócio do grupo Marcelo Veras. No último ano, a procura pelos cursos da instituição aumentou, inclusive por alunos que residem na capital. “Vamos começar com força em São Paulo”, aposta Veras. Segundo a gerente da área de educação da GS1 Brasil, Flávia Ponte, no novo espaço também serão ministrados cursos sobre tendências em automação e logística. “A GS1 Brasil acredita no poder transformador da educação e intensifica seu programa de formação a fim de também contribuir para o desenvolvimento de empresas dos vários setores da economia”, ressalta. Associados da GS1 Brasil têm desconto de 20% nos cursos. A parceria entre GS1 Brasil e Inova começou em 2016 e vem amadurecendo. Para o diretor da GS1 Brasil, Charles Sampaio, a expectativa gerada pela ampliação da parceria é bastante positiva. “Temos certeza de que será uma atividade muito importante para ambas as instituições”, afirma.

Marcelo Veras e Luis Rasquilha, da Inova Business School Cursos valorizam um olhar para o futuro e aplicação prática do conhecimento 34 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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Fotos: Paulo Pepe

A onda digital modificou profundamente o mercado, os hábitos do consumidor e a forma de adquirir conhecimento. Tanto que no mundo conectado, as regras do jogo estão sendo redefinidas especialmente por empresas que trazem uma nova lógica para os negócios, como Uber, Spotify, Netflix, Wikipedia, que conseguiram inovar os mercados onde atuam e abalar as estruturas de grandes companhias tradicionais. Essa transformação digital, característica da quarta revolução industrial, está apoiada no poder da conectividade e pavimenta mais mudanças para o futuro. Você e sua empresa estão preparados para atuarem nessa nova conjuntura? “Neste contexto é preciso se preparar para lidar com soluções complexas e desenvolver o pensamento crítico”, alerta o especialista internacional em futuro, tendências e inovação, e CEO da Inova Business School, Luís Rasquilha. Nunca foi tão essencial ter uma visão ampla e com novas perspectivas, além de valorizar a criatividade. Essa mensagem permeou a palestra de Rasquilha na inauguração da nova unidade da Inova Business School, na capital paulista, no mês janeiro – iniciativa em parceria com a GS1 Brasil. “O mundo mudou e a Inova convida a todos para esta nova fase”, afirmou o especialista, que também apresenta o programa Profissional do Futuro na Rádio CBN. A Inova Business School é uma escola de negócios já consolidada em Campinas (SP) e oferece MBAs Executivos, pós-graduação em neuromarketing, PósMBAs, treinamentos in company e masters. Além desses, a nova unidade conta com cursos exclusivos, como Master em Inovação Disruptiva; Pós-graduação em Branding, em parceria com a TroianoBranding, empresa pioneira no desenvolvimento e gestão de marcas no Brasil; e MBA em TrendsInnovation. A metodologia adotada está apoiada em cases e aplicações práticas do conhecimento. As aulas



[SUSTENTABILIDADE

Fotos: Paulo Pepe/Divulgação

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Por uma boa causa Por Juliana Jadon

GS1 Brasil promove a automação de vendas da Adere, organização que há mais de 40 anos atua em prol de pessoas com deficiência intelectual Caixas, porta-retratos, cadernos, quadros, bandejas, acessórios para a cozinha, entre outros produtos. Tudo isso, feito com materiais reciclados e uma boa pitada de carinho, pode ser encontrado nas lojas da Adere instaladas em shoppings, ou revendidos em supermercados pela entidade, que atua há mais de 40 anos pela causa de pessoas com deficiência intelectual. Cada item vendido é produzido por jovens a partir de 16 anos, adultos e idosos, sob a orientação de uma equipe multidisciplinar. No total, cerca de 90 pessoas participam de oficinas terapêuticas e programas de capacitação, nos quais aprendem

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a fazer os produtos manualmente. Dessa forma, a Adere procura reconhecer e desenvolver habilidades individuais e inserir essas pessoas com necessidades especiais na sociedade. “Atuamos em prol da cidadania da pessoa com deficiência intelectual, buscando a sua participação na sociedade, para que possa ter voz”, conta a diretora institucional da Adere, Soeni Domingos Sandreschi. Motivada a apoiar a causa da Adere, a GS1 Brasil se aproximou da instituição com o objetivo de colaborar na profissionalização do negócio social e otimizar os processos logísticos. “A GS1 Brasil conta com diversas iniciativas voltadas à susten-

tabilidade e, há três anos, lançou o Programa Sustentabilidade em Código com o objetivo de integrar todas essas ações. Uma das frentes desse trabalho é promover a automação de organizações não governamentais, como a Adere”, ressalta a CEO da entidade, Virginia Vaamonde. Assim, todos os itens comercializados pela instituição foram identificados com códigos de barras (EAN-13) e cadastrados na plataforma on-line Cadastro Nacional de Produtos (CNP), na qual as informações sobre eles podem ser acessadas em tempo real pelos profissionais da Adere. “A GS1 Brasil vem em um momento muito importante, em que


Automação comercial Com projeto da GS1 Brasil, os produtos vendidos pela Adere ganharam códigos de barras e foram cadastrados no CNP

a Adere já está consolidada, mas quer entrar na era digital”, destaca Soeni. Além disso, as caixas foram identificadas com ITF-14 (código utilizado em etiquetas para expedições e pacotes) e a GS1 Brasil fez a certificação do código de barras para garantir que tivesse um padrão adequado, sendo aceito pelo varejo e possibilitando um bom processo logístico. Entre os benefícios da automação para a Adere estão: profissionalização do negócio, mais informações e controle sobre as vendas, ganho de velocidade na expedição dos produtos e controle rápido e preciso do inventário. Outra mudança é que, antes da parceria, as vendas eram realizadas manualmente e o cliente não recebia o cupom fiscal no momento da compra. Era preciso cadastrar o comprador e enviar seus dados para a sede da Adere, para então o contador emitir a nota fiscal, o que demorava aproximadamente dois dias. Hoje esse processo também ocorre em tempo real. “Nosso propósito foi transformar a maneira como a Adere trabalha, porque acreditamos que os padrões da GS1 podem

trazer um impacto positivo para os negócios sociais”, afirma o gerente de marketing e sustentabilidade da GS1 Brasil, Frederico Bellini. QUANTO MAIS, MELHOR Três provedores de solução associados à GS1 Brasil se uniram a essa iniciativa a fim de fomentar o projeto e possibilitar maior profissionalização das diversas etapas da automação. Entre eles está a Colacril, uma das principais indústrias de autoadesivos da América Latina. A empresa contribuiu doando todas as etiquetas que a Adere usará no decorrer do ano para aplicar o código de barras em seus produtos. “Junto com os demais parceiros, acreditamos que, promovendo a automação na Adere, estamos ajudando-a a otimizar seus processos, gerando maior rapidez e facilitando os controles internos”, aponta a gerente de marketing da Colacril, Andréa Regina Rodrigues. Outra parceira no projeto é a MarketUP, plataforma de gestão para micro e pequenas empresas. “Fornecemos a solução web completa, com a qual a Adere tem acesso a toda a gestão,

incluindo o processo de controle e vendas. Também está disponível o suporte on-line gratuito para tirar dúvidas”, descreve o sócio diretor de negócios da empresa, Luis Fernando Gracioli. Já a Sweda, fornecedora de soluções de automação comercial, proporcionou uma solução completa de hardware que permite a gestão da loja, composta por monitor, teclado, mouse, leitor de código de barras, gaveta e tudo o que é necessário para um equipamento funcionar em um comércio. “Na sede da Adere, instalamos também os leitores de código de barras para a gestão e o controle de estoque”, detalha a diretora de marketing da Sweda, Dulce Ady Macedo. Em 2017, a GS1 Brasil quer dar continuidade a iniciativas como essa e trabalhar fortemente no auxílio à gestão de pequenas empresas e organizações não governamentais. “Para isso, precisamos de parcerias, que nos possibilitarão alcançar escalabilidade em todas essas ações”, ressalta Virginia. Para saber mais sobre este projeto acesse: www.gs1br.org/sustentabilidade/desenvolvimento-economico/ negocios-sociais.

Foto: Divulgação

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Desenvolvimento social Cerca de 90 pessoas participam de programas de capacitação da entidade, nos quais aprendem a fazer os produtos manualmente

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[DIGITAL

Imagem: ThinkStock

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O post certo

Por Ana Paula Garrido

O marketing clique a clique das redes sociais ganha cada vez mais espaço. Confira as dicas compartilhadas pelos especialistas Você já deve ter curtido, ou pelo menos espiado, aquele anúncio patrocinado que surge no seu feed de notícias, não é mesmo? Pois saiba que você não é o único a cair na tentação do clique para ver mais. Pelo contrário. Ele faz parte do arsenal pesado de marketing digital disponível nas redes sociais. Tanto que há mais de 3 milhões de anunciantes ativos no Facebook – considerado a principal plataforma em número de usuários (e possíveis clientes) pelos especialistas da área. A boa notícia é que essas conexões virtuais – incluindo Instagram, Twitter, LinkedIn – podem gerar negócios concretos. As empresas estão curtindo a ideia. Segundo o Facebook,

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atualmente há 3 milhões de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) nas redes sociais e 83% dos usuários brasileiros (cerca de 90 milhões de pessoas) estão ligados a pelo menos uma PME. Assim como uma boa campanha publicitária, o cenário do marketing digital parece imbatível, ainda mais levando em consideração que o investimento é baixo – a partir de R$ 10 por dia. Porém, é preciso aprender alguns atalhos, incluindo ferramentas gratuitas, para que os milhares de seguidores virem dígitos a mais para a empresa. Já que a premissa das redes sociais é compartilhar informações, especialistas dão dicas para se tornar um empresário bom de post.


PLANEJAMENTO É ESSENCIAL A professora do MBA em Digital Marketing da FIAP, Winna Zansavio, chama a atenção para a importância de produzir um conteúdo de qualidade. “O ideal é fazer um post por dia, para não cair no esquecimento. Para isso, é preciso planejar previamente, no mínimo uma semana antes, até para saber qual seu público-alvo e o que ele quer”, alerta. RELAÇÃO PRÓXIMA Além dos meios digitais, é possível, por exemplo, avisar os clientes sobre os conteúdos interessantes a partir do mailing já existente, inclusive resgatando os cartões de clientes que estão na gaveta. “Existe ainda a opção de comprar mailing de terceiros – que precisa ser avaliada, pois nem sempre é uma boa – e de lançar campanhas, como ‘cadastre-se e baixe, gratuitamente, o PDF sobre determinado assunto’. Tudo isso alimenta a captação de interessados, pois clientes são fruto do relacionamento constante, digital ou não”, orienta a professora da pós-graduação em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais do SENAC, Cátia Lassalvia. AGENDA ENCOMENDADA Para ampliar a lista de clientes, o co-fundador da consultoria de marketing digital Ultimate Marketer, Felipe Moreira, aconselha a usar a ferramenta gratuita de segmentação chamada Lookalike. “É uma técnica na qual o Facebook pega uma amostra dos seus atuais clientes e vai atrás de novas pessoas que tenham o mesmo perfil. Isso costuma gerar mais vendas e captar novos clientes”, explica. IMAGEM É TUDO Os especialistas são unânimes quanto ao uso de imagens e vídeos, afinal, por meio deles é possível ter um melhor alcance, permitindo um maior engajamento e participação do público.

ABORDAGEM INDIRETA As pessoas estão cansadas do formato da publicidade televisiva, baseado no discurso “compre aqui”. Segundo Winna, no marketing digital dá mais resultado despertar de forma indireta o interesse do cliente em conhecer seu produto. Cátia ilustra como afinar o relacionamento dessa forma. Se sua empresa vende pneu, você poderá ter posts diferentes ao longo da semana: sobre a tecnologia dos pneus e diferenciais da marca, dicas de segurança no trânsito, ofertas de produtos, parcerias com outras empresas locais na área de estética de veículos, por exemplo.

ECONOMIZE NOS ANÚNCIOS Considerando que o planejamento já foi feito, incluindo textos com qualidade e pesquisa prévia sobre o público, a empresa pode investir nos anúncios pagos (Google Adwords e Face Ads, por exemplo) em momentos mais importantes para que os temas possam ser vistos por um maior número de pessoas. CADA PERFIL, UMA REDE Sabendo qual é e onde está seu cliente, é interessante analisar o produto a ser vendido para decidir quais

redes usar. “Se a empresa trabalha com imagem, como um estúdio de tatuagem ou salão de cabeleireiro, é essencial ter fotos do produto. Neste caso, o Instagram é o mais indicado”, explica Winna. É importante lembrar que cada mídia social tem um ritmo. “O Twitter demanda ao menos uma interação diária; no Facebook, três a quatro posts relevantes por semana é razoável; no LinkedIn ou Youtube, pode ser algo a cada dez dias”, orienta Cátia. A MELHOR HORA Sobre os melhores horários de pico, é uma questão de tempo perceber quando seu cliente entra e interage mais. No primeiro momento, porém, vale a pena investir no horário entre 20h e 23h, quando a pessoa chegou do trabalho e está em casa relaxando. Outra dica valiosa é que a maioria das plataformas possui um recurso que permite o agendamento da postagem. NÃO DESISTA O maior cuidado nas redes sociais é não abandonar as páginas e perfis, ainda mais considerando que é muito comum uma empresa abrir uma página no Facebook e depois ficar semanas sem postar nada por falta de tempo ou de planejamento. “Fazer isso pode afetar negativamente a imagem da sua empresa na internet”, afirma Moreira. CLIENTE EM PRIMEIRO LUGAR Especialistas concordam que o atendimento ao cliente nas redes sociais precisa ser prioridade. É fundamental não apagar os comentários negativos e responder o mais rápido possível, inclusive as reclamações. Além disso, admitir o erro, pedir desculpas e ser ágil na solução, dando prazos de resposta e disponibilizando canais de atendimento diretos. 7 898357 410015

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Imagens: Thinkstock

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[PESQUISA

Diagnóstico da automação no País Por Kathlen Ramos

Estudo da GS1 Brasil, em parceria com a consultoria GfK, indica como as novas tecnologias são usadas entre consumidores e empresas Consumidores e empresas buscam cada vez mais a automação para agilizar e facilitar o seu dia a dia. Basta observar a multiplicação do número de smartphones entre a população e, por parte das companhias, o crescente investimento em tecnologias que possibilitam otimizar processos de gestão, aumentar a produtividade e atingir excelência no atendimento aos clientes. A partir de agora, essas percepções já podem ser comprovadas em números. A GS1 Brasil, com o apoio da em-

40 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

presa de pesquisas GfK, desenvolveu o estudo “Automação do Mercado Brasileiro”, que visa mostrar o diagnóstico da automação em três segmentos: consumidores, empresas dos setores de comércio e serviços, e indústria. “Com esse levantamento, a GS1 Brasil se posiciona no mercado como uma das principais fontes de informação sobre automação no País”, destaca a CEO da entidade, Virginia Vaamonde. A GS1 Brasil contou com o apoio da GfK, que utilizou a metodologia CATI, sigla em inglês para Computer Assisted


Telephone Interviewing (em português, entrevistas telefônicas assistidas pelo computador). Nas entrevistas, com duração de, em média, 20 minutos, foram consultados homens e mulheres, acima de 18 anos, das classes ABC, residentes nas capitais brasileiras. Já entre as empresas (pequenas, médias e grandes), foram entrevistados os responsáveis pelo processo de automação (com no mínimo seis meses de atuação na companhia), e com cargos como proprietários, diretores, gerentes, entre outros. Acompanhe, a seguir, os principais resultados do estudo. CONSUMIDOR Segundo o levantamento, vários elementos caracterizam a automação na visão do consumidor: acesso à internet, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, aplicativos, carro e itens pessoais. “O brasileiro encontra-se em um processo crescente de inserção da automação no dia a dia. Ele já percebe seus benefícios e possui ou almeja itens que possam tornar a rotina mais prática e simples”, explica a gerente de

pesquisa e desenvolvimento da GS1 Brasil, Marina Pereira. Pelo menos 94% dos entrevistados possuem wi-fi em casa e 96% têm celulares (deste total, 71% são smartphones). Assim, as tecnologias mínimas para automação já estão consolidadas no País. De acordo com a diretora regional Market Opportunities and Innovation da GfK, Eliana Lemos, a expansão do acesso à internet e da posse de itens, como geladeira conectada à internet ou equipamentos vestíveis (wearables), vão aumentar o potencial de adesão à automação no País. Os brasileiros possuem, em média, seis eletrodomésticos ou eletrônicos em casa, com pelo menos um deles conectado à internet, recurso que torna possível controlar tarefas ou ligar/desligar esses equipamentos remotamente pelo celular. “Os eletroeletrônicos com recursos de automação ainda têm alto custo para a população. E, por outro lado, quem possui esse tipo de equipamento ainda não tem o hábito de usar todos os recursos disponíveis”,

analisa o diretor da Indústria de Bens de Consumo e Varejo no Brasil da GfK, Renato Oliveira. Hoje, os aparelhos mais conectados à internet são as Smart TVs (40%), os home theaters (17%), e as impressoras (30%). Ainda no lar, a automação também está voltada para a segurança e a comodidade. Tanto que a pesquisa identificou que os três itens automatizados mais usados são: ar-condicionado (29%), portão automático (22%) e circuito interno (12%). Considerando o condomínio, o portão automático aparece na frente, com 68%; seguido por circuito interno (66%); e iluminação automática (49%). Os aplicativos também ganham relevância, pois auxiliam as pessoas em todo tipo de tarefa. Em média, os entrevistados admitiram possuir, ao menos, 11 categorias de aplicativos, sendo que cinco são de comunicação (como e-mails, mensagens instantâneas, redes sociais, etc.); os demais estão relacionados a soluções de localização, games, aplicativos de compra e venda, bancos, entre outros.

TECNOLOGIAS NO LAR RESIDÊNCIA

CONDOMÍNIO

29% 22% 12% 12% 8% 7% 6%

68% 66% 49% 48% 42% 37% 27% 27%

Ar-condicionado Portão automático Circuito interno Alarmes Monitoramento por empresas de segurança Iluminação automática Monitoramento de ambiente

(ex. sensores presenciais) Base dentro de casa: 1340

Portão automático Circuito interno Iluminação automática Monitoramento por empresas de segurança Alarmes Monitoramento de ambiente Reserva de espaço Sensor de fumaça Base Condomínio: 352

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 41


PESQUISA

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CONSUMIDOR CONECTADO Os consumidores possuem, em média, 3,3 aparelhos que permitem acesso remoto; e o uso da internet se dá em 75% deles

16

% dos entrevistados têm pelo menos um item pessoal inteligente, com destaque para os smartwatches

96% dos consumidores

1 em cada 7 eletrodomésticos/eletrônicos já estão conectados à internet

possuem celu celular, sendo 71% smartphone

Em média, os consumidores possuem 5 aplicativos de comunicação e 6 relacionados a games, bancos, sites de compra, entre outros

94

% têm acesso à internet por meio de wi-fi em casa

59% dos brasileiros acessam sites de compra/venda por meio de aplicativos

NOVA DIREÇÃO

Os brasileiros já compram carros equipados com dispositivos automáticos. Confira:

41% 38% 33% 27% 25% 24%

Bluetooth Sensor de ré Painel digital Computador de bordo Câmbio automático Controles no volante

COMÉRCIO E SERVIÇOS Nesse segmento da pesquisa, 24% das empresas contatadas são da área de serviços e 76% do comércio – sendo que 10% têm o e-commerce como parte da operação. O sistema de gestão é utilizado por 54% das companhias de comércio e serviços. Esse tipo de solução integra dados e processos de pelo menos alguma área de uma organização (financeiro, frente de caixa, comercial, fiscal, distribuição, recursos humanos). Outras plataformas ganham destaque, como o Customer Relationship Management (CRM), usado por 32% desse segmento de empresas para o gerenciamento do relacionamento com o cliente; e o Business Intelligence (BI), utilizado em 29% dos casos.

No atendimento ao cliente, a automação já é adotada de forma ampla: 59% possuem um canal de atendimento ao cliente e, nesse universo, 27% apostam na URA (atendimento eletrônico). Deste total que usa a URA, 42% já investiram na URA inteligente, capaz de identificar os pedidos do consumidor. O setor de comércio e serviços também utiliza a automação para monitoramento de clientes (43%) e colaboradores (32%), sendo que o recurso utilizado por mais de 85% das empresas são as câmeras. No relacionamento com o cliente, 26% das companhias consultadas conseguem identificar o perfil dos consumidores na loja, sendo que,

deste universo, 70% oferecem produtos com base nesses resultados. “Conhecendo o comportamento do consumidor, as empresas conseguem otimizar recursos direcionando suas ações de forma mais assertiva e segmentada”, indica Eliana Lemos, da GfK.


TECNOLOGIA NO PONTO DE VENDA A automação nas lojas ajuda a otimizar a gestão e a operação, o que pode ser feito desde a adoção de equipamentos de leitura de código de barras no caixa, que diminui as filas, até o uso de meios sofisticados, como, por exemplo, tecnologia de beacon, RFID, câmeras e sensores, para entender o comportamento de compra a fim de oferecer produtos de acordo com o perfil do consumidor. Confira o que a pesquisa mostra:

57%

do comércio usam leitores de código de barras

38% usam recursos para monitoramento remoto do PDV

26%

dispõem de tecnologia integrada ao back-office

AUTOMAÇÃO NAS EMPRESAS Indústria

Comércio e Serviços

Sistema de Gestão (Ex: ERP)

67%

54%

CRM

36%

32%

BI

34%

29%

EDI

12%

7%

SISTEMAS

INDÚSTRIA Nas instalações fabris, a pesquisa identificou que cerca de 65% das linhas de produção são automatizadas. Outro dado é que 67% das indústrias possuem sistema de gestão, sendo que 88% deles é integrado a alguma área da empresa, como financeiro, fiscal, recursos humanos, entre outros. CRM (36%) e BI (34%) também são sistemas adotados. Além disso, 52% possuem sistema de rastreamento do transporte no momento da expedição e 8% das companhias afirmam utilizar radiofrequência para localização de produtos em estoque. As áreas fabril e de sistemas da indústria já demonstram uma maturidade no uso de automação, mas

esse segmento ainda está começando a incorporar inovações nos processos de relacionamento com o cliente. De fato, são poucas as indústrias (19%) que conseguem identificar as características do consumidor por meio da automação. “Apesar de ter um parque fabril que utiliza automação para ganhos em seus processos, na

hora de se relacionar com o cliente, a indústria ainda está caminhando para se adequar às informações disponíveis sobre seus clientes no universo digital”, resume Marina Pereira, da GS1 Brasil. A pesquisa mostra também que 25% das indústrias observam o comportamento de compra dos clientes. Para tal finalidade, 66% usam câmeras, 21% sinal de celular, 21% sensores e 15% rastreadores. De acordo com o estudo, 72% possuem um canal de atendimento ao cliente, sendo que 31% adotam a URA. 7 898357 410015


[Desconexão

Foto: Thinkstock

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Movido a música Por Flávia Corbó

De ouvidos sempre atentos, o executivo Guilherme Cavalcante também atua como DJ, aproveitando a experiência com clientes para sentir o clima das festas Depois de uma semana inteira de trabalho, a maioria dos executivos só pensa em afrouxar o nó da gravata e aproveitar o fim de semana para relaxar na companhia da família e amigos. Mas toda regra tem uma exceção, a exemplo da rotina do diretor de planejamento da agência de comunicação BeWater e diretor de marketing da empresa especializada em meios de pagamento BestPay, Guilherme Cavalcante. Além de gerir duas companhias ao longo dos cinco dias da semana, muitos dos seus sábados e domingos são ocupados por uma segunda profissão: a de DJ.

44 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Aficionado desde a adolescência por música eletrônica, a paixão começou a ganhar contornos mais sérios em Barcelona, na Espanha. Nos anos de 2006 e 2007, o recém-formado Cavalcante deixou um emprego como diretor de criação em uma agência de publicidade e se mudou para a cidade catalã a fim de realizar um curso de design editorial. Durante a estada de dois anos, teve como colega de faculdade o mexicano Ivan Pardo, um DJ já conhecido. A partir daquela convivência, Cavalcante teve um contato mais próximo com a música eletrônica. “Eu já gostava, mas não tinha conhecimen-

to técnico a respeito de mesa de som, mixagem. Aquele ano em que dividi apartamento com esse cara foi um aprendizado”, lembra. Ao final da temporada de estudos na Espanha, ele voltou para o Brasil com a cabeça mais aberta a respeito do trabalho de um DJ. Ao se deparar com o crescimento que a cena da música eletrônica atravessava no País, decidiu mergulhar mais fundo nesse universo. “Montei um mini estúdio no meu quarto. Alguns vizinhos odiavam, mas outros gostavam, inclusive tocavam a campainha com um pen drive nas mãos pedindo que eu gravasse o som que eles ouviram na noite anterior”, conta rindo.


Foto: Divulgação

Guilherme Cavalcante, da BeWater e Best Pay Executivo está sempre aberto para criar e pesquisar tendências na música e nos negócios

Aos poucos, Cavalcante começou a receber convites para tocar em festas e bares de amigos. “Com o tempo, fui ganhando prática e desenvolvendo uma técnica mais apurada. Percebi que aquele hobby poderia me render algo mais”. Até a família, antes receosa, passou a apoiar a atividade. “Hoje, minha mãe, irmão e cunhada são meus principais fãs. Me recomendam para os amigos, fazem propaganda.” Mais seguro de que tinha talento para a discotecagem, quando foi morar sozinho, em 2010, montou um estúdio na nova casa. Para cobrir o alto investimento que uma aparelhagem de ponta exige, todo o cachê que ganhava como DJ era usado para profissionalizar o hobby. “Investia em tecnologia, em coisas novas. Comprava um fone melhor, uma mesa de som mais moderna, trocava o notebook. Também juntava dinheiro e comprava passagem para Miami ou Ibiza, onde rola o burburinho da música eletrônica. Sempre fui retroalimentando o negócio, já que era um dinheiro extra.” Com experiência e suporte, Cavalcante começou a alçar voos mais altos como DJ, integrando o setlist dos maiores festivais de música eletrônica ao redor do País. Além de já ter marcado presença nas principais casas noturnas do gênero em São Pau-

lo (SP), o executivo já tocou no Red Carpet Weekend, festival que ocorre em Gramado (RS); no Parador Maresias, um beach club no litoral norte de São Paulo; e no Café de la Music de Trancoso, no Sul da Bahia. MIX INSPIRADOR Desde que o hobby virou uma segunda profissão, Cavalcante vive de ouvidos bem abertos, pronto para receber dos lugares mais improváveis a inspiração para novas mixagens. “Uma característica minha é fazer remixes. Às vezes, estou no carro escutando o rádio, toca um clássico dos anos 1970 e percebo que pode sair algo bom dali. Quando chego em casa, já testo a batida”, explica, citando outro caso curioso: “Estava escutando o coral de uma missa gospel de Nova York, nos Estados Unidos, e notei um vocal lindo. Acabei mixando em uma das músicas do meu repertório e ficou incrível”. Ainda que a música esteja tão presente no cotidiano do executivo – ele nunca trabalha sem os fones de ouvido –, dentro das empresas que dirige ele pouco comenta sobre seu lado B. “Não gosto muito de divulgar. Meu projeto musical chama Deeplomacia, assino muito pouco como Guilherme Cavalcante, então quase ninguém sabe. Prefiro assim. Acho que faz parte da magia toda”, explica.

Mesmo que tente separar a vida corporativa da carreira de DJ, uma profissão acaba influenciando a outra. A criação de uma mixagem envolve muita tecnologia e pesquisa de tendências que, invariavelmente, acabam trazendo inovação para a área de marketing e planejamento na qual Cavalcante atua durante a semana. Ao mesmo tempo, a experiência que adquire no trato com clientes, ao tentar antecipar necessidades, entender comportamentos e fazer a leitura de diferentes situações, traz maturidade para sentir o clima de uma festa e saber escolher o som exato que o público na pista quer ouvir. “Essa é uma habilidade que aplico nos dois lados, na música e quando vou fazer um trabalho de marketing”. Atualmente, Cavalcante concilia bem as duas carreiras, mas não descarta a possibilidade de, um dia, dar mais espaço para o lado DJ. Por enquanto, ele acha inviável, principalmente pela pouca valorização que a profissão recebe no Brasil. “O mercado eletrônico ainda não está maduro. Fazer uma carreira aqui é muito difícil. Encontraria barreiras que não tenho no mercado corporativo. Os produtores de eventos ainda não dão o valor que os DJs merecem. As pessoas acham que é só dar o play com um pen drive. Não entendem que há muito investimento e dedicação envolvidos.” 7 898357 410015

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[SAÚDE

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Fotos:Thinkstock

Novos rumos

Por Kathlen Ramos

Lei concedeu mais cinco anos para que a indústria farmacêutica ajuste processos a fim de realizar a rastreabilidade de medicamentos A rastreabilidade de medicamentos vem sendo amplamente discutida por toda a cadeia da saúde desde 2009, quando a lei n° 11.903 previa que esse processo fosse implantado pela indústria até o final de 2016. No entanto, em razão de desencontros sobre o que deveria ser feito e até problemas de prazo para que os laboratórios farmacêuticos conseguissem colocar todas as medidas em prática, muitas discussões e mudanças ocorreram ao longo dos últimos anos. Mas parece que o momento de fazer o alinhamento final está mais próximo. A lei n° 13.410, de 28 de dezembro de 2016, determinou que a cadeia responsável pela fabricação e venda de medicamentos tem o prazo máximo de cinco anos (contados a partir da data da publicação da lei) para a completa adesão ao sistema. A regulamentação da legislação está prevista para o mês de abril.

46 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Apesar de todos os desafios para a implementação da lei, espera-se que ela traga ganhos para todos os envolvidos na cadeia de medicamentos. Afinal, o setor é um grande alvo de roubo e pirataria. “Os medicamentos estão entre as cargas mais roubadas e furtadas do Brasil. Isso acontece por vários motivos, como o valor elevado destas mercadorias e a facilidade para recolocá-las, inclusive, no mercado legal”, comenta o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA), Marcelo Liebhardt. O desvio de cargas de medicamentos traz um sério risco à vida dos usuários, que poderão ter seus tratamentos de saúde colocados em perigo em virtude do transporte inadequado ou falsificação das fórmulas. Portanto, a lei de rastreabilidade chega justamente para coibir o roubo de medicamentos, o mercado ilegal e a ven-


torias Farmacêuticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SINDUSFARMA), Jair Calixto.

da de produtos falsificados, reforçando, assim, a segurança do paciente. Para tanto, as novas normas preveem mecanismos que permitam rastrear medicamentos desde a linha de produção até a entrega ao consumidor. “Como a proposta atual é controlar cada unidade do medicamento, a nova lei pode auxiliar na identificação imediata da origem do produto e separar aquele medicamento de origem ilegal dos demais”, justifica o gerente de Boas Práticas e Audi-

BENEFÍCIOS Para que a rastreabilidade seja implementada, a indústria terá de realizar uma série de investimentos a fim de adequar as linhas de produção a essa nova realidade. Mas, apesar dos desafios, dificuldades e investimentos inerentes a esse processo, os fabricantes de medicamentos também serão beneficiados. “É normal que para se obter o controle total sobre a cadeia de medicamentos, sejam necessários tempo e um custo maior para o setor industrial. Mas a garantia de segurança aos consumidores certamente compensará”, afirma o presidente da Associação Brasileira do Comércio

Farmacêutico (ABCFARMA) e vice-presidente da GS1 Brasil, Pedro Zidoi. Na visão de Calixto, superada a fase de implantação e corrigidos quaisquer problemas oriundos de queda de produtividade, outros benefícios são esperados pela indústria: melhor controle de estoque e operacional das unidades produtivas, e aperfeiçoamento da reconciliação dos materiais utilizados na produção dos medicamentos. Na outra ponta, as farmácias – elo da cadeia responsável pela dispensação dos medicamentos – terão como comprovar a procedência dos remédios comprados pelos consumidores. Assim, também serão favorecidas pela nova lei. “As farmácias poderão reduzir expressivamente o risco de seus clientes serem vítimas do comércio irregular de medicamentos”, comemora Liebhardt. 7 898357 410015

Identificação de medicamentos nos processos de atendimento e medicação do paciente. Sá ressalta, ainda, que a GS1 Brasil está apta a congregar todos os elos da cadeia – indústria, varejo e distribuidor/transportador. “Esse processo irá servir como forma de proteção às empresas idôneas, inibindo a concorrência desleal. Além disso, fortalecerá a imagem da indústria pela segurança que ela poderá oferecer aos usuários de medicamentos”, finaliza.

Foto: Paulo Pepe

No final de 2016, o Congresso Nacional sancionou a Lei nº 13.410, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), cujo objetivo é fazer a identificação individualizada desses produtos e a rastreabilidade por meio de modernas tecnologias de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados em toda a cadeia de produtos farmacêuticos. Para que esse processo se torne real, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu o padrão de captura automática das informações que deverá ser usado pela indústria: o GS1 DataMatrix. Trata-se de uma simbologia bidimensional que permite a codificação de uma grande quantidade de informações em um espaço compacto. “Com essa solução, será possível verificar o código exclusivo de identificação do produto, número serial, lote, data de vencimento, entre outras informações”, explica o executivo de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá. Assim, por meio do GS1 DataMatrix, cada item terá informações desde a origem do produto e que serão utilizadas em toda a cadeia de suprimentos, minimizando diversos erros, como, por exemplo,

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[NEGÓCIOS

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Protagonistas do mercado Da Redação

GS1 Brasil promove ação junto com empresas associadas para destacar a importância do uso do código de barras nos produtos

Fotos: Divulgação GS1 Brasil

Quem busca conhecimento e inspiração antes de se lançar no mundo dos negócios tem de conhecer a Feira do Empreendedor, um dos maiores eventos da área promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP), que atrai milhares de profissionais todos os anos. A GS1 Brasil, que sempre marca presença nesta feira, inovou em 2017 e promoveu uma iniciativa em conjunto com 36 empresas associadas, a fim de mostrar a importância e os benefícios do uso do código de barras, uma das primeiras necessidades de automação para as empresas que se propõem a co-

48 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

mercializar um produto. Essas organizações associadas à GS1 Brasil – em sua maioria de micro e pequeno porte que fabricam e/ou comercializam alimentos, produtos de limpeza, cosméticos, roupas, equipamentos eletrônicos, softwares, etc. – tiveram a oportunidade de expor seus produtos no estande interativo da entidade para demonstrar como funciona a automação nos pontos de venda. Os visitantes puderam observar a aplicação do código de barras em diferentes tipos de produtos e embalagens. Com essa ação, o objetivo da GS1 Brasil foi demonstrar como funciona a aplicação dos padrões GS1 na cadeia de suprimentos de uma forma lúdica.

Com o tema “Cidade Empreendedora”, o evento do SEBRAE-SP demonstrou que o porte ou o segmento da empresa não são os fatores determinantes para o sucesso e competitividade no mercado. O diferencial está relacionado à atitude empreendedora do empresário, que é percebida quando ele busca conhecimento, novas tecnologias e canais de venda, como o e-commerce, por exemplo. “A GS1 Brasil valoriza a participação neste grande evento por ser uma organização que atua fortemente junto às micro, pequenas e médias empresas de diversos setores, contribuindo para o seu desenvolvimento por meio de capacitação, inovação e oportunidades para abertura de novos mercados”, destaca a especialista em micro e pequenas empresas da entidade, Claudilena Murro. Segundo ela, a GS1 Brasil tem acompanhado o interesse dos empresários em desenvolver o seu negócio. “A participação ativa em grupos de trabalho, Atitude empreendedora Claudilena Murro e equipe da GS1 Brasil receberam quase 2 mil pessoas durante o evento


seminários e a busca por assessoria confirmam o objetivo de construir uma marca forte e competitiva. Participar da Feira do Empreendedor é mais uma demonstração do objetivo de crescimento desses empresários”, completa Claudilena. O estande da GS1 Brasil recebeu, em quatro dias de evento, mais de 1,7 mil pessoas, que buscaram informações sobre automa-

ção e assessoria para implementar o código de barras em seus produtos. A Feira do Empreendedor 2017 foi realizada em fevereiro na capital paulista, no Anhembi, com 424 estandes de expositores. Mais de 140 mil visitantes estiveram presentes e foram fechados R$ 20 milhões em negócios, aumento de 30% em relação a 2016, de acordo com o SEBRAE-SP. 7 898357 410015

Novas oportunidades No estande interativo da GS1 Brasil, visitantes puderam conferir produtos das empresas associadas

VISÃO EMPREENDEDORA Conheça as empresas associadas à GS1 Brasil que expuseram seus produtos no estande da entidade durante a Feira do Empreendedor 2017: DQ Cores & Sabores

Esthalari Florais

Guapezinho

Açaí Verão Vivo

São Luiz

Belarrô

Ice Fox

LR Representações

BraClean

MultScan

JB Condimentos

Techwork

Sabor de Minas

Suporte

Canabella

Tipiti

Herbal Nutrition

Natumelo

Biscoitos Camila

Sorvetes Ritz

Mazzi Café

3K Artesanato

Bimgaboll

Magliane Alimentos

Fonte Café

Pankz

Tecexpert

Fashion Hair

Zodyak

Fraise

Polares

GO - Gestão de Operações

CSA International

Comercial Têxtil

Hair Aggily

Tegra

Mascky

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[EMPREENDEDORISMO

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Donas de si e de seus negócios Por Ana Paula Garrido

Imagens: ThinkStock

Cresce o número de mulheres empreendedoras, dispostas a melhorar os seus negócios e ajudar no desenvolvimento profissional feminino


Sabe aquela amiga que cuida do filho, do marido, se dedica ao trabalho e ainda arranja tempo para te aconselhar e dar bronca, se for preciso? As amigas de Dani Junco podem se lembrar dela com essa descrição. Mãe do Lucas, a dona da agência de marketing Injoy viu na maternidade um desafio para continuar seus negócios. “É muito forte a ligação com meu filho e eu não queria voltar a trabalhar nem na minha própria empresa.” Foi assim que Dani gerou outra filha: a B2Mamy, uma aceleradora exclusiva de mães empreendedoras, nascida em junho do ano passado e que, com nove meses, já está prestes a andar sozinha. A aceleradora é dedicada a selecionar mães empreendedoras, impulsionar e consolidar suas empresas, além de conectá-las a outras empresárias com o mesmo perfil. São quase 500 mães, sendo 7% iniciantes, 85% que já têm empresa e precisam de aceleração e 9% que já passaram por essas etapas e agora ajudam as outras com mentorias. Os resultados vão além dos números, têm a ver com propósito. “Acordo todos os dias para que mais mulheres possam ficar mais tempo com seus filhos, pelo menos na

primeira infância”, explica Dani, que é farmacêutica de formação, orgulhosa por ter feito do momento transformador de sua vida uma oportunidade para mudar a realidade de outras mães. Por falar em mudanças, como será que está aquela amiga que, depois de anos numa empresa, resolveu começar uma nova carreira? Se for a Ana Fontes, ela está muito bem. Depois de um longo período como executiva, ela já teve dois negócios e um espaço de coworking, que tiveram de ser vendidos. O motivo? O sucesso de um blog que virou a Rede Mulher Empreendedora (RME), plataforma de apoio a mulheres empreendedoras que reúne 300 mil seguidoras na página do Facebook e 45 mil no grupo fechado, onde elas trocam conhecimentos sobre negócios. Além dos conteúdos informativos, a RME realiza cerca de 60 eventos anuais de capacitação e workshops pelo Brasil inteiro. O resultado é que, em sete anos de atividade, a iniciativa virou referência por unir mulheres que podiam até ser concorrentes, mas se tornam aliadas diante do desafio de empreender.

Fotos: Divulgação

Natália Leite e Ana Paula Padrão, da Escola de Você Plataforma oferece conteúdo acessível para empoderar as mulheres

E engana-se quem pensa que os encontros são momentos de lazer ou sessões de terapia. As rodadas de negócio exigem dedicação aos estudos, o que, aliás, as empreendedoras têm de sobra. Pesquisas, a exemplo da desenvolvida em 2015 pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), apontam que as mulheres são mais escolarizadas que os homens. Dani também comprovou na prática esse interesse por capacitação. Cerca de 75% das participantes da B2Mamy fizeram, pelo menos, sete cursos desde junho passado. “Elas saíram de casa, se reorganizaram, e isso é raro na época em que todo mundo quer ver um vídeo de um minuto na internet. Vejo como um engajamento importante.” Isso prova que aquela sua amiga que trabalha com o que gosta e emenda um curso no outro não está sozinha. Há várias adeptas da especialização

Propósito feminino B2Mamy é uma aceleradora dedicada a impulsionar empresas de mães empreendedoras [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 51


[EMPREENDEDORISMO

Fotos: Divulgação

[ Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora Iniciativa reúne empresárias que se tornam aliadas diante do desafio de empreender

constante, como é o caso da jornalista Vanessa Kiyan, dona do Saque Viagem, um portal de notícias sobre vôlei que, em 2014, também virou e-commerce de produtos esportivos. Mesmo sonhando em ter seu negócio, durante a faculdade, ela não sabia que seria tão difícil cuidar de uma empresa. “Você precisa estudar não só o mercado, mas entender a gestão do negócio. Por isso resolvi me especializar, fazer a faculdade Escola de Negócios do SEBRAE, além de participar de eventos e programas de atualização”, resume Vanessa, explicando os motivos para tamanha disposição. “A gente já se sente insegura por natureza, por isso precisa dessa segurança acadêmica para ter mais autonomia e tomar decisões.” Há seis anos nessa empreitada, a empresária do vôlei garante não se cansar mesmo depois de horas e horas de trabalho e estudo. Muito em função da recompensa por fazer o que gosta e da liberdade conquistada. A mesma liberdade daquela amiga que saiu de casa cedo, se vira sozinha, mas não te julga pelas suas crises de insegurança. Pelo contrário, é a primeira a demonstrar empatia. Foi graças a essa

52 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

capacidade de entender o problema alheio que as jornalistas Natália Leite e Ana Paula Padrão desenvolveram a Escola de Você, uma plataforma que oferece cursos e promove encontros de empreendedorismo, autoconhecimento e empoderamento feminino. “A Escola de Você nasceu da minha própria dor, pois percebia que os problemas que enfrentava por ser mulher eram muito parecidos com os problemas que todas as outras mulheres ao meu redor enfrentavam”, explica Natália, lembrando que esse projeto de vida, antes restrito a um grupo de 20 conhecidas, virou um negócio com ajuda da Ana Paula Padrão, que apontou para a oportunidade de transformar essas discussões existenciais em conteúdo acessível em larga escala. Hoje a plataforma já possui 260 mil mulheres inscritas. DA EMOÇÃO PARA A RAZÃO Essa passagem de um projeto genuíno, baseado na emoção, para algo financeiramente viável faz parte da história dessas quatro mulheres (Dani, Ana, Vanessa e Natália) que, além da semelhança com alguma amiga sua, têm algo em comum: são empreende-

doras. E, assim como seus negócios, o movimento de empreendedorismo feminino também está em expansão. De acordo com estudo realizado em 2015 pela Serasa Experian, do total de empreendedores do Brasil, 43% são mulheres – sendo a maioria donas de pequenas empresas. Esse movimento fica claro no estudo “Os Donos de Negócio no Brasil: análise por sexo (2001 a 2014)”, realizado pelo SEBRAE, ao observar que nesse período o empreendedorismo feminino chegou a 34%, enquanto o masculino foi de 16%. Um dos motivos para o crescimento é a existência e expansão de redes que reúnem mulheres empreendedoras. Esse é outro ponto em comum das quatro mulheres. Assim como Dani, Ana também participou do programa “10.000 Mulheres”, que foi aplicado no Brasil durante oito anos pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/EAESP). Como as conexões femininas estão cada vez mais fortes, não é de se estranhar que Vanessa já tenha ido a eventos da RME. A fundadora da rede, por sua vez, talvez não se recor-


de da empresária do vôlei. Mas isso não faz diferença, até porque Ana não conhecia as outras centenas de mulheres que concorriam com ela para o curso de gestão da FGV e nem por isso ela ficou indiferente, pelo contrário. Esse foi o motivo inicial para a criação da Rede Mulher Empreendedora. “Quando você está no mundo corporativo, há muitas pessoas à sua volta, mas quando você empreende, fica mais sozinha, então 70% das participantes da RME falam que fazer parte “de uma rede” é extremamente importante para o desenvolvimento dos negócios”, comenta Ana. A maternidade é outro fator que estimula o empreendedorismo feminino, por dois motivos. O primeiro é a versatilidade para saber lidar com várias coisas ao mesmo tempo e ter resiliência. O segundo é a necessidade. “De uns anos para cá, as pessoas buscaram empreender por enxergar nisso uma forma, às vezes a única, de obter renda”, comenta a consultora do SEBRAE Cristiane Sevilla. Essa realidade também foi apontada pela pes-

quisa da GEM, mostrando que, dos empreendimentos femininos, 54% foram abertos por necessidade, enquanto o percentual masculino é de 32%. No caso das mães, isso vem atrelado à dificuldade em retornar ao mercado de trabalho. “Muitas mulheres estão empreendendo porque o ambiente das empresas, principalmente para a mãe de filhos pequenos, ainda é bastante hostil”, acredita a fundadora da RME. Apesar da facilidade em criar conexões, como conseguir alguém para buscar o filho na escola, outra dificuldade enfrentada pelas empreendedoras é a falta de networking para assuntos profissionais. “A gente tem menos tempo para isso”, pontua Natália, reforçando a importância das redes femininas de negócios. VISÃO DE NEGÓCIOS Outro ponto decisivo no desenvolvimento da mulher de negócios envolve questões relacionadas à formação cultural, como a insegurança em arriscar por não se sentir capaz – fruto de não ter sido educada para isso. Nes-

se sentido, a Escola de Você auxilia a melhora da autoestima feminina e o desenvolvimento de uma mentalidade empreendedora. A plataforma oferece 22 cursos, que abordam temas como finanças, relacionamentos interpessoais, equilíbrio, etc. “Nós fomos educadas a ser fofas, ver se todo mundo está bem atendido, bem cuidado. Mas não fomos educadas a agir para que nos sintamos bem”, analisa Natália que, apesar de ter uma ideia mais ampla de empreendedorismo, reforça a necessidade da autonomia econômica. Tal visão, aliás, é compartilhada por Dani. “Somos mulheres de negócios. Você abre uma empresa para ganhar dinheiro, e não por hobby. Então, é preciso ser realmente responsável pelo que está fazendo”, alerta. O tom realista, porém, não afasta as mulheres que, além de participarem de cursos, se dispõem a colaborar com as outras, de forma a retroalimentar a cadeia do desenvolvimento empresarial, que se multiplica. Sinal de que mais histórias em comum estão por vir. Quem sabe a próxima não é a sua? 7 898357 410015

Foto: Divulgação

Vanessa Kiyan, do Saque Viagem Capacitação constante tem sido fundamental para manter e-commerce de produtos esportivos

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[COMITÊS

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Foto/Imagens: GS1 Brasil/Thinkstock

Debate produtivo

Da Redação

Empresários e profissionais podem compartilhar conhecimentos e melhores práticas nas reuniões dos comitês e grupo de trabalho da GS1 Brasil Em 2016, a GS1 Brasil promoveu diversos encontros setoriais a fim de abrir mais um espaço para discussões sobre necessidades, melhores práticas e troca de experiências para as companhias aprimorarem sua atuação no mercado. E foi nesse ritmo – com profissionais e empresas aprendendo uns com os outros – que os comitês e grupo de trabalho começaram este ano, mais consolidados e com maior adesão entre profissionais. Os comitês são: Associações; Micro e Pequena Empresa (MPE); Cadeia Produtiva; Frutas, Legumes e Verduras (FLV); e Saúde. Além desses, a GS1 Brasil criou, mais recentemente, o Grupo de Trabalho de Inteligência de Mercado. O Comitê MPE já tem mais de cem empresas representadas e cerca de 200 empresários compartilhando informações que auxiliam no desenvolvimento de seus negócios. Para levar adiante esse objetivo, serão propostas, ao longo de 2017, discussões sobre empreendedorismo, gestão de pessoas, inovação, marketing,

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exportação, entre outros. Esse comitê continua recebendo a colaboração de entidades como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF), e Subsecretaria de Empreendedorismo e da Micro e Pequena Empresa, do governo de São Paulo. Aliás, o último encontro, realizado no mês de fevereiro, contou com palestra do subsecretário Roberto Sekyia, que na ocasião falou sobre compras públicas, exportações e financiamento por meio da Agência de Desenvolvimento Paulista. No Comitê Cadeia Produtiva – que atualmente reúne cerca de 40 profissionais de companhias varejistas, indústrias e operadores logísticos – o objetivo é discutir temas que impactam o dia a dia das empresas, como tendências, regulamentações e rastreabilidade. Além disso, entram na pauta assuntos relacionados ao


A visão de quem participa do comitê “Minha motivação para participar do comitê Micro e Pequena Empresa (MPE), além de criar uma rede de contatos, foi enxergar os pontos que posso melhorar na minha empresa e saber das dificuldades de outros empresários, o que possibilita um auto-conhecimento para reduzir os erros. Ou seja, o comitê é uma ferramenta de benchmarking incrível. Além disso, as reuniões possibilitam conhecer melhor a GS1 Brasil, que tem um papel fundamental para as pequenas empresas, conectando as pontas por meio da padronização com o código de barras.” Antonio Lindomar Roseira Ferreira Presidente da L’Dhésir Cosmétique, de Itanhaém (SP)

uso de padrões e processos eficientes que permitem minimizar os custos e otimizar a produtividade. As melhores práticas, experiências e dificuldades sempre são compartilhadas durante as reuniões. O Comitê de FLV reúne cerca de 30 profissionais do segmento, entre produtores, distribuidores, central de abastecimento e varejistas. O objetivo é fomentar o encontro entre empresas da área, identificando necessidades, compartilhando experiências e desenvolvendo projetos para automação dos processos logísticos, tornando-os mais eficientes e seguros. O grupo também estimula a colaboração entre as organizações

participantes a fim de aprimorar sua evolução e ganhos de produtividade, além de prepará-las para o atendimento de normas e regulamentações do setor de alimentos a partir do uso dos padrões GS1. Na área de saúde, a entidade possui dois comitês: Medicamentos e Produtos para Saúde. O ponto positivo é que as reuniões promovem a integração entre companhias e organizações de toda a cadeia da saúde para debater assuntos relevantes, como a recente legislação sobre rastreabilidade de medicamentos no Brasil (confira matéria na página 46). Na última reunião, realizada em março, mais de 30 profissionais deba-

teram a proposta de revisão da RDC 54, que ficou em consulta pública até 17/03/17, e a identificação única de produtos para saúde em função da obrigatoriedade deste procedimento nos Estados Unidos, determinado pelo FDA, a agência norte-americana reguladora de medicamentos. Outro propósito desses comitês é dar apoio conceitual e técnico para processos produtivos e operacionais que tenham como base os padrões GS1, compartilhando as boas práticas e estimulando projetos piloto no setor. Já nas reuniões do Grupo de Trabalho de Inteligência de Mercado, profissionais das áreas de inteligência, gestão e estratégia se encontram para discutir oportunidades, tendências e melhores práticas. Esse grupo nasceu em virtude do grande desafio enfrentado por gestores nas organizações, que é transformar números e dados em informações estratégicas. No próximo encontro desse grupo, que reúne empresas conceituadas e instituições parceiras da GS1 Brasil, o assunto abordado será omnichannel e seus impactos. 7 898357 410015

Faça parte dos comitês da GS1 Brasil Quem pode participar?

Empresas associadas à GS1 Brasil e entidades

Por que participar?

Saiba mais

Agenda 2017

Os encontros oferecem uma excelente oportunidade de fazer networking, expressar opiniões, aprender com outras empresas, se informar sobre o Sistema GS1 e saber, em primeira mão, o que acontece em diferentes setores da economia

Por meio do site: www.gs1br.org/setores e www.gs1br.org/eventos

07/04 - GT Inteligência de Mercado 18/04 - Produtos para Saúde 18/05 - Cadeia Produtiva 06/06 - Medicamentos 17/08 - Cadeia Produtiva 24/10 - Produtos para Saúde 07/12 - Cadeia Produtiva

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[RADAR

Foto: ThinkStock

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Vinhos para aventura ou tranquilidade Por Claudia Manzzano

A região de Mendoza, na Argentina, é conhecida por seus vinhos, mas oferece uma diversidade de experiências ao turista Considerada a maior região vinícola da Argentina, Mendoza é responsável por 70% da produção de vinho do país e ainda guarda paisagens e experiências junto à natureza. Com capital de mesmo nome, a província conta com 960 mil habitantes e tem três divisões: centro, Valle de Uco e sul. A atração principal é, sem dúvida, o enoturismo. O sócio-gerente da agência de passeios Nossa Mendoza, especializada na região, Santiago Petenatti, recomenda a visita a pelo menos três vinícolas para conhecer a diversidade dessa atividade local. É possível, inclusive, se hospedar em algumas vinícolas. Os primeiros vinhedos de Mendoza começaram a ser cultivados entre 1569 e 1589. Com o decorrer dos anos, a viticultura alcançou um avançado desenvolvimento, fa-

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vorecido pela qualidade do solo e do clima local. Dessa forma, a paisagem da região mudou significativamente. Em 1861, a capital de Mendoza foi completamente destruída por um terremoto. Para reconstruí-la, os arquitetos se inspiraram na urbanização de Paris. As ruas largas e arborizadas são um convite à caminhada. As acequias, canais entre a rua e a calçada, são utilizadas para a irrigação das árvores e tornam o ambiente agradável. O centro é um dos lugares preferidos para a hospedagem dos turistas, de onde saem passeios para as vinícolas. Uma curiosidade é que o costume espanhol da sesta segue como uma tradição em Mendoza. Das 14 às 16 horas, o comércio fecha e todos os moradores se recolhem para a soneca da tarde. Conheça mais sobre a região.


GEOGRAFIA A parte central de Mendoza fica, na verdade, ao norte da região, onde localiza-se a capital da província, com todo o charme de estar aos pés da Cordilheira dos Andes. Em geral, esta é a porta de entrada para os turistas que chegam ao local. Por ser muito grande, é dividida em sub-regiões, sendo que cada uma tem cultivos de uva próprios. O Valle de Uco está logo ao sul da região central e costuma ser tão visitado quanto a área central. Já a região sul atrai menos turistas e, para chegar a esta área, as agências de turismo recomendam mais tempo de estadia. PLANEJE A VIAGEM Para um bom amante de vinho, a visita a Mendoza pode durar semanas. Mas para quem não pode estender a estadia, recomenda-se ficar, pelo menos, quatro dias completos. Para aproveitar a colheita das uvas – conhecida como vindima –, a viagem tem de ser feita entre os meses de fevereiro e abril. Para quem gosta do frio, os meses de junho, julho e agosto são os melhores, pois a temperatura pode facilmente atingir 0°C. O apresentador do programa Viaje Comigo e sócio da agência Gold Trip, Peter Goldschmidt, reforça que entre julho e outubro a neve adorna a cordilheira e é possível ainda aproveitar uma estação de esqui. A dica do agente de turismo da Mendoza Wine Tours and Travel (MWTAT), Agustín Tolera, é sempre escolher os meses de primavera e outono, pois assim se evita os dias de clima extremo – tanto frio quanto calor. CONTATO COM A NATUREZA A viagem pode incluir o tour que avança da Cordilheira dos Andes e chega ao ponto em que se avista o Aconcágua – segunda montanha mais alta do mundo. Também é possível aproveitar a natureza para

fazer esportes de aventura. “Existem empresas especializadas em realizar esportes e atividades ao ar livre como rafting, tracking e cavalgadas”, recomenda Petenatti. Para quem gosta de passeios mais longos, a Puente del Inca, uma majestosa ponte natural sobre o Rio Caves, é uma opção bastante interessante, segundo Goldschmidt. Trata-se de uma formação rochosa curiosa, com agulhas de gelo em tons de ocre por conta da presença de enxofre. O local fica a 180 km de Mendoza, na estrada que segue para o Chile. A GRANDE FESTA A Fiesta de la Vendimia celebra o cultivo da uva transformada em vinho. Esse festival popular e bastante tradicional da região acontece por vários dias e inclui espetáculos teatrais, cultos religiosos, desfile de carros alegóricos, entre outros. Mas a grande cerimônia é realizada no primeiro sábado de março, com um ato central acompanhado por um público de 20 mil pessoas no teatro grego localizado no Parque San Martín, na capital de Mendoza. ONDE FICAR Para os amantes de vinho, passar alguns dias em uma vinícola pode ser uma experiência inesquecível. Esse tipo de hospedagem é recomendado para quem busca tranquilidade, pois as vinícolas ficam afastadas do centro urbano. Já para aqueles que gostam de acompanhar as atividades noturnas ou visitam o local pela primeira vez, o centro da cidade é a melhor opção.

Fotos: Nosa Mendoza/Prensa de Gobierno de Mendoza

UVAS E VINHOS Cada região de Mendoza tem cultivos próprios de uma grande variedade de uvas, como Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo, Pinot Noir, Chardonnay, Moscatel Rosado e tantas outras. O destaque da região

são os vinhos Malbec já que Mendoza é, aliás, conhecida por produzir os melhores do mundo. Para o turista, há boas opções ao alcance de todos os bolsos. Um vinho que chega a R$ 100 no Brasil, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 30 nas bodegas locais. 7 898357 410015

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[INOVAÇÃO

Fotos: Paulo Pepe

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Renovação constante Por Kathlen Ramos

Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), da GS1 Brasil, recebe novas soluções de automação para melhorar a experiência dos visitantes Inspirar novos e futuros empreendedores a partir da demonstração de diversas soluções para automação. Esse é um dos objetivos do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) criado pela GS1 Brasil, que continuamente renova o espaço com a colaboração de importantes provedores de soluções que atuam no mercado nacional. Desde maio de 2014, ano da inauguração do CIT, o local já recebeu mais de 4 mil visitantes. A maioria (dois terços) são profissionais com perfil de tomador de decisão nas empresas. O centro também é procurado por muitos estudantes, que são futuros empreendedores. Tanto que, em 2017, o espaço será aberto

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em alguns sábados para a visita de universidades. Conheça, a seguir, as últimas novidades do espaço. ESPELHO INTELIGENTE Como uma das parceiras do CIT, a Acura Global instalou no local o Espelho Inteligente. A empresa é fabricante e distribuidora de equipamentos, softwares e acessórios para identificação eletrônica; controle de acesso de pessoas e veículos; leitores, antenas e tags de RFID; além de terminais e módulos de biometria. O Espelho Inteligente funciona como um provador de roupas virtual que combina a tecnologia RFID e a realidade aumentada, a fim de me-

lhorar a experiência de compra do cliente e incrementar as vendas do varejo. “Os visitantes podem experimentar as peças sem a necessidade de ir ao provador”, explica o gerente de marketing da empresa, Paulo Jarbas Junior. A solução, que inclui sistema de RFID, duas câmeras especiais e uma tela, funciona da seguinte maneira: o cliente olha na tela e enxerga a si mesmo e alguns menus de realidade aumentada. Ao usar gestos, pode selecionar a peça que deseja provar. Logo em seguida, se vê com a roupa escolhida e pode também fazer várias combinações ao selecionar outros produtos sugeridos pelo sistema.


A solução é indicada para o varejo em geral, especialmente para o segmento de roupas, sapatos e acessórios. “É uma poderosa ferramenta para lojas que queiram se destacar oferecendo uma experiência de compra diferenciada”, considera Jarbas. Ele afirma que a Acura tem a meta de contribuir para o desenvolvimento do mercado de identificação eletrônica e, para tanto, conta com a colaboração e o compromisso de parceiros e profissionais qualificados. “Nossa parceria com a GS1 é de longa data. Pioneiros em RFID, somos associados desde o começo dos trabalhos do EPC Global no Brasil, bem como patrocinadores fundadores do CIT”, finaliza. BEACON A BicData, que está no mercado brasileiro há mais de 12 anos oferecendo soluções para coleta e tratamento de dados, expõe beacons no CIT. São dispositivos de geolocalização para ambientes fechados e indicados para o varejo, hotéis e restaurantes. “O beacon é um dispositivo que permite uma interação com o cliente, otimizando o processo de marketing. Com a tecnologia Bluetooth Low Energy, este equipamento transmite informações para o smartphone do consumidor”, esclarece a assistente administrativa da BicData, Rafaela Prates. “Enxergamos nos beacons um grande potencial para revolucionar as estratégias de marketing

Provador virtual Espelho Inteligente da Acura combina RFID e realidade aumentada

móvel. Mesmo sendo uma tecnologia embrionária, tem grandes chances de se expandir no Brasil”, analisa. Há cerca de dez beacons espalhados pelo CIT e um smartphone com um aplicativo já instalado para demonstração ao público. Assim, quando o visitante se aproxima de determinado espaço, o beacon dispara um sinal e envia para o celular uma notificação com informações detalhadas, uma espécie de um pop-up digital, sobre o que está sendo exposto no espaço. Isso ajuda a promover uma experiência diferenciada. Por exemplo: na área do CIT que simula uma loja de roupas, a solução indica no smartphone os tamanhos e as cores disponíveis de determinada peça. Já no espaço que simula um supermercado, a solução apresenta informações sobre alguns alimentos. “Escolhemos o CIT para expor os beacons, pois, além de ser referência mundial em tecnologia, é o espaço ideal para soluções inovadoras no mercado de automação comercial”, conclui Rafaela. COLETOR E IMPRESSORA A Compex está presente em todo o território nacional desde 1999, distribuindo e comercializando coletores de dados, leitores de código de barras e impressoras. No CIT, a companhia apresenta equipamentos portáteis para a precificação de gôndolas. A solução nasceu da constatação de que ainda existem supermercados com dificuldades de inserir e, principalmente, atualizar os preços de

produtos nas prateleiras. “A solução apresentada pela Compex permite realizar a auditoria de preço utilizando o Coletor de Dados PM80 e a Impressora Portátil LK-P12 – equipamentos que se comunicam via Bluetooth”, afirma a coordenadora de marketing da companhia, Suelen Marcelino. “Após efetuar a leitura do código cadastrado no banco de dados, o usuário consegue visualizar a descrição e o preço correto do produto, corrigindo a divergência de valores”, acrescenta. A solução também permite o desenvolvimento de relatório das divergências, contendo as informações das mercadorias que tiveram os preços alterados durante a auditoria. Indicada para o autosserviço de supermercados, lojas de conveniência, entre outros, essa solução já vem sendo utilizada no Brasil e em outros países. Mas ainda há um potencial maior de penetração, dado o seu custo-benefício. “Esta é uma solução fácil de ser utilizada, prática e com custo baixo em comparação às novas tecnologias que existem no mercado”, garante Suelen. 7 898357 410015

Marketing móvel Beacons da BicData transmitem informações sobre produto para o smartphone do consumidor

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[MERCADO

Imagens: ThinkStock

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Por Kathlen Ramos

Sabres de luz, super-heróis, poções mágicas e personagens com poderes especiais saíram da literatura para a vida real, instigando os fãs e colaborando para a expansão do mercado geek 36 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Foto: Comic Con/Flavio Battaiola

Ivan da Costa, da CCXP Na Comic Con Experience o gasto médio dos visitantes é o dobro do registrado em datas tradicionais do comércio, como Dia das Mães e Natal

Há algumas décadas, os nerds tinham um estereótipo bastante marcado. Além de serem pessoas muito dedicadas aos estudos, também acumulavam hobbies bastante específicos, passando por games, livros, quadrinhos e tecnologia. Por conta desse conhecimento, eram capazes de passar horas a fio discutindo com grande entusiasmo seus temas de interesse que, por serem muito peculiares, culminavam, muitas vezes, no isolamento social. Na visão do mercado, esse público formava um limitado nicho e, para atendê-los, bastavam pequenas lojas físicas ou e-commerces com operação discreta. Hoje, esse segmento ganha cada vez mais expressão e oportunidades de negócios. Considerando apenas a área de games, um levantamento da Super Data Research mostra que o Brasil é o principal mercado de jogos digitais da América Latina. O País movimenta US$ 1,5 bilhão ao ano, montante que deve subir para US$ 1,6 bilhão em 2017. Isso equivale a 35% do total de receita gerada pelo setor na América Latina, que é de US$ 4,5 bilhões. Outro indicador positivo do mercado geek são os resultados da Comic Con Experience (CCXP), feira de cultura pop realizada há três anos no Brasil nos moldes de eventos similares em

diversas partes do mundo. A primeira edição, em 2014, recebeu 97 mil visitantes em uma área de 39 mil m². No ano passado, 196 mil pessoas (número equivalente a duas vezes e meia a lotação do estádio do Maracanã) circularam em um espaço de 115 mil m² nas dependências do São Paulo Expo, na capital paulista. A quantidade de expositores praticamente dobrou no período, passando de 75 para 140 empresas. “O gasto médio do público no evento foi de R$ 253 por pessoa. Como referência, o gasto médio no Natal é de R$ 122 e no Dia das Mães é de R$ 180”, comemora o sócio da CCXP, Ivan Freitas da Costa. Apesar de o mercado ainda não dispor de estatísticas sobre esse nicho, tudo indica que não é apenas um modismo, mas um movimento que deve ganhar escala. Afinal, as preferências e os hábitos dos nerds caíram no gosto de um público mais amplo. Assim, surgiram os geeks. “São pessoas de todas idades e gêneros interessadas em cultura pop. Trata-se de entusiastas de uma ou mais áreas desse universo ou mesmo quem têm um contato pontual em função de um determinado filme, livro, série de TV, etc.”, resume Costa. Outro fator que ajuda a entender o crescente mercado geek é o maior

contato dos brasileiros com o mundo do entretenimento, que ocorreu em virtude da expansão do acesso à internet, à TV fechada para a população de menor renda e do surgimento da Netflix, com valor acessível e conteúdo dublado. “Assim, séries e filmes passaram a ser vistos por muito mais gente. Isso nada mais é do que o consumo de cultura pop, geek e nerd”, constata o sócio-fundador e diretor de marketing do Omelete Group, Marcelo Forlani. “Se você assistiu a um seriado e ficou fã, pode, agora, ter acesso a uma infinidade de artigos relacionados ao tema”, completa o professor da ESPM, Vicente Mastrocola, que admite ser fã de games e Star Wars. Além disso, coleciona jogos de tabuleiro e tem cerca de 150 deles na sua ludoteca. SEM LIMITES PARA A FANTASIA Há um tempo atrás, o mercado geek era mais limitado aos quadrinhos e à literatura de ficção. Mas esses artigos serviram como uma espécie de matéria-prima para a criação de diversos outros produtos. “Séries que hoje são famosas na TV e no streaming, como Jessica Jones, Game Of Thrones, The Walking Dead, Arrow e Gotham nasceram nos quadrinhos e hoje fazem sucesso entre

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Fotos: Divulgação

MERCADO

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Com estilo A loja Studio Geek cresceu 40% no último ano, vendendo de canecas a roupas íntimas

um público que não necessariamente lê quadrinhos. A popularidade dos super-heróis também é nítida e eles ganham cada vez mais destaque no cinema”, comenta Costa. Dia após dia, surgem novidades como boxes especiais de seriados, bonecos colecionáveis, camisetas, estátuas, canetas, cadernos ou artigos para casa e cozinha. A loja Mundo Geek, por exemplo, uma das mais conhecidas em produtos licenciados da internet brasileira, já oferece mais de 3 mil itens. No caso de artigos raros, os fãs estão dispostos a fazer um desembolso maior. “Nosso Diorama do Magneto Vs Sentinela [estátua colecionável baseada nos quadrinhos da Marvel Comics] foi lançado em 2015 com um preço inicial de R$ 1,5 mil. Hoje são encontradas poucas peças no mercado e por um valor médio de R$ 8 mil”, exemplifica

o fundador da Iron Studios, Renan Pizii. Mas os gastos maiores só acontecem quando sabe-se a origem e a qualidade do artigo. “As pessoas se informam muito e não compram sem se certificarem da procedência”, pondera o professor da ESPM. SUPER-HERÓIS DOS NEGÓCIOS O potencial do mercado geek é indiscutível para empresários e especialistas do setor, inclusive com cases de sucesso no Brasil. Um exemplo é o Omelete, empresa que nasceu em 2000 como um site de cultura pop contemplando cinema, quadrinhos, música, séries de TV e games de uma forma divertida e informativa. Tanto que da mistura de todos esses “ingredientes” veio o próprio nome Omelete. O negócio cresceu e, em 2010, se tornou o Omelete Group com cinco divisões: o

site, que continua no ar; a Comic Con Experience; a Social Comics, serviço de streaming de histórias em quadrinhos; a loja Mundo Geek, de produtos licenciados; e o Omelete Box, serviço de assinatura no estilo caixa surpresa com produtos geeks oficiais e licenciados. Para Forlani, são diversas as forças que fizeram a empresa se tornar uma potência no setor. “Temos uma ótima relação com todos os estúdios – como Disney, Warner, Fox, etc. –, canais de TV, indústria de quadrinhos e de games. Eles entendem a nossa relação com o público geek e nos ajudam a crescer”, comenta. Outro quesito fundamental para o sucesso desse empreendimento foi entender os desejos do público. “Em 2016, fizemos um estudo em parceria com o Ibope Conecta e mapeamos o comportamento do consumidor de cultura pop, passan-

Renan Pizii, da Iron Studios Estátuas e chaveiros são o forte da loja, que se prepara para entrar no e-commerce e investir nos Estados Unidos

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Marcelo Forlani, do Omelete Group Brasileiro passou a assistir mais séries e filmes com a expansão do acesso à internet, da TV fechada e o surgimento da Netflix

do a oferecer mais conteúdo específico para ele”, conta Forlani. Nessa toada, o Omelete Group, que possui cerca de 60 funcionários fixos, apresentou crescimento de faturamento, em 2016, apesar de não divulgar os números. O CEO da loja Mundo Geek, Matheus Machado, reforça, inclusive, que acredita num cenário de melhora no final deste ano e que esse braço do Omelete Group seguirá com seus projetos de expansão. “Nossa meta é desenvolver ainda mais cada uma das frentes de negócio já existentes”, revela. FINAL FELIZ A Iron Studios, loja criada em 2013 com a ideia de produzir estátuas de qualidade com foco no mercado geek, começou os trabalhos com licenças de Os Simpsons e Ayrton Senna. Depois,

vieram Disney e Warner e o portfólio foi crescendo. Hoje, além das estátuas produzidas em vários formatos e poses dinâmicas, também são vendidos chaveiros colecionáveis. A empresa conta com três lojas próprias, sendo duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, e já projeta e-commerce e investimentos fora do Brasil com licenças globais. “Estamos focados no mercado norte-americano”, revela o fundador, Renan Pizii. No mesmo ritmo, o Studio Geek, que nasceu em 2012, também prospera seguindo o lema de criar produtos de alta qualidade para um público apaixonado, autodidata, tecnológico e absolutamente exigente. “Eu e os outros dois sócios, Kevin e Stevin Zung, já tínhamos uma experiência no mercado geek desde o início dos anos

2000. Éramos colecionadores e o insight veio no momento em que percebemos que no Brasil não existiam lojas e marcas à altura da expectativa dos fãs”, conta o sócio proprietário, Daniel Altavista. Atualmente, o Studio Geek comercializa camisetas, moletons, canecas, cadernos, bonés, roupas íntimas, almofadas, entre outros artigos. A empresa cresceu 40% de 2015 para 2016. “Para este ano, projetamos alta de 30%. Continuaremos investindo em produtos inovadores e de qualidade. Vamos diversificar ainda mais nosso portfólio”, projeta Altavista. O Studio Geek possui seis lojas próprias e, recentemente, começou o processo de expansão no modelo de franquias. Além disso, a empresa atua no comércio eletrônico, que representa 10% do faturamento total. 7 898357 410015

OS SEGREDOS DO NEGÓCIO GEEK - Ser apaixonado pelo universo da cultura pop é requisito importantíssimo para os empreendedores interessados em investir nesse mercado. “Quando um colecionador sai em busca de um artigo para seu acervo, ele quer comprar de quem entende”, afirma o professor da ESPM, Vicente Mastrocola. - Considerando que os clientes são fãs das marcas e personagens, eles esperam atendimento no mesmo nível. “Isso é um desafio enorme para nós”, diz o sócio proprietário do Studio Geek, Daniel Altavista, acrescentando que por lá só são contratadas pessoas apaixonadas pelo universo geek. - A atratividade do ponto de venda, especialmente das lojas físicas, é algo a ser bem planejado e executado. “Esses espaços não podem ter simples paredes brancas. Espera-se um clima envolvente e uma experiência diferenciada, a ponto de que o cliente se ‘perca’ dentro das opções”, finaliza o especialista da ESPM. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2017 63


TENDÊNCIAS E NOVIDADES EM AUTOMAÇÃO

Impressão eficaz A nova linha de codificadoras Ax-Series a jato de tinta, desenvolvida pela Domino Printing e comercializada pela Sunnyvale, acaba de chegar ao mercado brasileiro. Disponíveis em três modelos, os equipamentos combinam velocidade, controle da quantidade de tinta utilizada e nitidez da impressão. Para cada modelo há vários tipos de tinta, que oferecem aderência em diversas superfícies e são resistentes, o que garante a manutenção da impressão mesmo em ambientes hostis de produção. Segundo a Sunnyvale, a nova codificadora propicia redução no custo final de impressão.

Loja sem filas A Datalogic, fabricante de leitores de código de barras, computadores móveis, sensores, entre outros, lança o scanner Jade, destinado a lojas com grandes volumes de compra, como supermercados e atacarejos. O scanner realiza a leitura do código de barras das mercadorias em qualquer posição que elas estejam na esteira. De acordo com a empresa, um operador de caixa consegue fazer a leitura de até 20 itens por minuto. Com a Jade, é possível ler até cem mercadorias por minuto, garantindo um atendimento de três a cinco vezes mais rápido que o tradicional. 64 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Descarte inteligente Muita gente não sabe, mas 1 kg de medicamento vencido jogado no lixo doméstico, pia ou vaso sanitário contamina 450 mil litros de água. Pensando em colaborar para reduzir esse impacto, a Brasil Health Service (BHS) criou o programa Descarte Consciente, com uma solução tecnológica capaz de auxiliar no descarte correto de medicamentos vencidos. A companhia desenvolveu a Estação Ecomed, uma máquina coletora equipada com computador, leitor de código de barras e internet própria que pode ser instalada em farmácias. O consumidor passa o código de barras do medicamento que deseja descartar pelo leitor, o sistema identifica o princípio ativo e indica no painel em qual recipiente da máquina ele pode concluir a operação. A farmácia também acessa a Ecomed por meio de código de barras para fazer o fechamento do lote de medicamentos acumulados, pesagem e lacre.

Fotos: Divulgação

VITRINE DE SOLUÇÕES

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Preço certo Em um supermercado, é grande o desafio de manter os preços atualizados, em virtude da elevada quantidade de produtos disponíveis. Além disso, a credibilidade do estabelecimento sofre impacto negativo se o cliente encontra valores diferentes no caixa e na prateleira. Para resolver essa demanda do varejo, a Toledo do Brasil oferece uma solução para precificação eletrônica: a Etiqueta Eletrônica Prix, em diversos tamanhos e tecnologia LCD ou E-paper. Usando infravermelho, uma loja pode atualizar todos os preços pelo computador. Com a solução é possível alterar até 3 mil etiquetas por minuto, o que possibilita a utilização do sistema para promoções relâmpago, atualizações diárias e gerenciamento das etiquetas, garantindo preços sincronizados entre a gôndola e o caixa.



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[ PADRÃO DE QUALIDADE

O poder da informação É fundamental que as empresas tomem decisões apoiadas em dados estatísticos para aumentar as chances de sucesso nos negócios

‘ Virginia Vaamonde

CEO da GS1 Brasil

No mundo conectado e repleto de desafios, muitas empresas trilham o caminho da inovação a fim de criar produtos ou serviços diferenciados, implementar novos modelos de negócios e adotar tecnologias mais avançadas. Outra forma de buscar a inovação é interagir com boas fontes de conhecimento. Atenta a esse cenário, a GS1 Brasil reforça seu papel de prover informação relevante para a tomada de decisão dos vários agentes do mercado e, especialmente, dos seus 58 mil associados, que estão presentes nos mais diversos setores – indústria, comércio, serviços e agronegócio – e respondem por 5,7 milhões dos empregos formais no País. Além disso, representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 1 trilhão. As empresas associadas à entidade geram 70% do faturamento da indústria nacional. Em virtude desses números tão expressivos, a entidade lançou, no final de 2016, o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial, que mostra a intenção de lançamento de novos produtos no mercado nacional pelas indústrias. O cálculo do indicador é feito com base nas solicitações mensais de códigos de barras das empresas à GS1 Brasil. O índice, que pode ser consultado no site www.gs1br.org/dados, demonstra que as indústrias investem em pesquisa e desenvolvimento, isto é, em inovação até como uma maneira de reagir ao cenário político-econômico atual. Desse modo, ele retrata a pré-disposição de novos negócios e companhias já consolidadas para investir em marketing, vendas e outras frentes que viabilizem a inserção de produtos no mercado. Como entidade responsável por licenciar a numeração dos códigos de barras dos produtos, a associação possui uma base de dados com mais de 30 anos de informação rica e consistente. Vamos aproveitar essa fonte para trazer cada vez mais dados estatísticos a fim de ajudar empresas, órgãos do governo, analistas de mercado e demais stakeholders a anteciparem as tendências e a traçarem planos estratégicos, especialmente no atual momento do País. A GS1 Brasil está empenhada para se tornar referência em dados de produtos qualificados. Para isso, está ouvindo todas as partes interessadas e mapeando a melhor forma de agregar valor aos parceiros, construindo assim um ecossistema que auxilie a cadeia de abastecimento com informações consistentes de ponta a ponta. Na era atual, pessoas e informação são diferenciais que podem auxiliar as empresas em suas estratégias competitivas.

Foto: Paulo Pepe

Pessoas e informação são diferenciais que auxiliam as empresas em suas estratégias competitivas

66 jan/fev/mar 2017 [ BRASIL EM CÓDIGO ]




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