Revista Brasil em Codigo 22ª Edição

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EDIÇÃO 22

BRASIL EM

EDIÇÃO 22

CÓDIGO

BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • out/nov/dez 2016 • www.gs1br.org

Com tantos produtos parecidos comercializados pela web, grandes players do e-commerce apostam nos padrões GS1 para identificar os itens de forma exclusiva e melhorar o desempenho nos negócios

INOVAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DOS ESPORTES PARALÍMPICOS, NA VISÃO DE DANIEL DIAS



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AO LEITOR

Foto: Paulo Pepe

Apoio ao comércio eletrônico Neste ano de crise econômica e política, um dos poucos segmentos que apresenta crescimento no mercado nacional é o e-commerce. Com uma evolução rápida e significativa nos últimos anos, o varejo virtual deve faturar R$ 44,6 bilhões em 2016, uma expansão de 8% em comparação com o ano anterior, de acordo com as projeções da Ebit. O segmento atrai cada vez mais o consumidor brasileiro, e a tendência para os próximos anos é uma movimentação crescente do volume de mercadorias. As lojas virtuais já se preparam para essa expansão, investindo em marketing, logística e plataformas tecnológicas mais sofisticadas. Outra preocupação é a padronização dos dados no ambiente da web. É esse o mote da matéria de capa desta edição, que mostra que os grandes players do e-commerce apostam nos padrões globais GS1 para melhorar o desempenho nos negócios. Google Shopping, Alibaba, Mercado Livre, Netshoes e outras empresas já usam e recomendam os padrões GS1 aos seus parceiros, a fim de tornar o processo de vendas on-line mais consistente e garantir a satisfação do consumidor. Aliás, esse tema motivou a criação do Especial Negócios Digitais nesta edição, com várias reportagens sobre esse universo. Um dos assuntos abordados é o inbound marketing, um novo conceito para desenvolver ações de marketing na web. Com foco nos empreendedores, reunimos dicas para começar uma loja virtual e também os cuidados jurídicos a serem observados nas vendas on-line. Já na Entrevista, o nadador Daniel Dias, patrocinado pela GS1 Brasil, celebra as vitórias nas Paralimpíadas Rio 2016, mostrando que sempre busca a excelência, a inovação e a colaboração – valores alinhados com o trabalho desenvolvido pela entidade. Por falar em conquistas, o Prêmio Automação, que chegou à sua 19ª edição, destacou as ações de empresas, instituições e profissionais que apostaram na automação com base nos padrões GS1 para impulsionar o crescimento. As próximas páginas ainda trazem mais novidades, como o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial, que mede a intenção de lançamento de produtos no País. O primeiro resultado é apresentado nesta edição juntamente com outro estudo produzido pela entidade sobre tendências do omnichannel. É com o intuito de sempre apoiar os associados que a GS1 Brasil constrói sua história e encerra mais um ano, que foi, aliás, desafiador. Mas nosso País já mostrou que é capaz de se adaptar às mudanças e voltar a crescer. Continuaremos a buscar boas oportunidades em 2017.

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente


[EXPEDIENTE

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No e-commerce, o desafio é identificar cada produto de forma individual A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADE Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Tami Buzaite FOTOGRAFIA Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO: Claudia Manzzano, Flávia Corbó, Juliana Jadon e Ticiana Werneck (texto) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares


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SUMÁRIO

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44 6 CURTAS 24 MERCADO 28 E-COMMERCE 32 PERFIL 42 VENDAS 48 PESQUISA 52 EMPREENDEDORISMO 54 RASTREABILIDADE 56 RADAR 58 DESCONEXÃO 60 RECURSOS HUMANOS 66 PADRÃO DE QUALIDADE

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CAPA Cada vez mais os grandes players do comércio eletrônico adotam os padrões globais GS1, que identificam produtos exclusivamente. Confira essas iniciativas e também um especial com dicas para pequenas lojas virtuais

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ECONOMIA GS1 Brasil apresenta Índice de Atividade Industrial, que mostra a intenção de lançamento de produtos no mercado

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ENTREVISTA O nadador paralímpico Daniel Dias fala sobre as vitórias nas Paralimpíadas Rio 2016 e novos projetos

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JURÍDICO Especialistas

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EVENTO Conheça os vencedores

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MARKETING Empresas apostam

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JOGO RÁPIDO O secretário do

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VITRINE DE SOLUÇÕES

apontam os cuidados para manter uma loja virtual de acordo com a lei

do XIX Prêmio Automação promovido pela GS1 Brasil

no inbound marketing para desenvolver campanhas mais assertivas

MDIC, Marcelo Maia, conta sobre iniciativas direcionadas ao varejo nacional

Nova seção da revista apresenta tendências e lançamentos do mercado de automação


CURTAS

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Identificação de medicamentos em pauta

Fotos: GS1

Com o objetivo de discutir temas relevantes que envolvem o segmento de medicamentos, a GS1 Brasil promoveu o “Seminário Saúde 2016”, em sua sede, no mês de novembro. Cerca de 80 pessoas participaram do encontro representando indústrias farmacêuticas, laboratórios, hospitais, transportadoras, distribuidores, provedores de solução, associações, universidades e governo. O evento apresentou um panorama sobre a lei da rastreabilidade de medicamentos e produtos para saúde no País (RDC 54/2013) e no mundo, além de cases de sucesso já implementados, destacando como o Sistema GS1 tem apoiado a rastreabilidade de medicamentos. Outro tema abordado foi a identificação única de produtos (UDI). As palestras foram ministradas por profissionais da GS1 Brasil, Johnson & Johnson, Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e Bionnovation. O diretor-adjunto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Pedro Ivo, contribuiu com esclarecimentos sobre a RDC, que está para ser aprovada no Brasil.

Foto: GS1

Conexão Portal GS1 Brasil E-books Engajada em transmitir sempre as melhores orientações para os seus associados, a GS1 Brasil passa a disponibilizar em seu portal uma plataforma de e-books, livros em formato digital que podem ser acessados por dispositivos eletrônicos – como computadores, tablets, notebooks e celulares. Para recebê-los, gratuitamente, basta preencher alguns dados cadastrais. Entre os e-books disponíveis está o Código de Barras: tudo que você precisa saber , que aponta os padrões mais adequados para cada tipo de negócio. Além desse conteúdo, os leitores podem acessar os títulos Guia da Negociação: como fechar mais negócios e otimizar seu resultado e o Guia de Exportação para PMEs . Acesse os e-books na página www.conteudo.blog.gs1br.org.

Fique conectado no

www.gs1br.org

6 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA) premia, anualmente, trabalhos jornalísticos sobre o varejo farmacêutico. A revista Brasil em Código foi uma das vencedoras do Prêmio ABRAFARMA de Jornalismo 2016, com a reportagem “Farmácias em evolução” da editora-assistente Kathlen Ramos, publicada na edição 21. A cerimônia de premiação foi realizada na capital paulista durante o jantar anual de confraternização da associação, em novembro. O prêmio recebeu mais de 70 inscrições e contemplou quatro veículos: Jornal Diário do Nordeste (1º lugar), Brasil em Código (2º), Rádio CBN Londrina (3º) e Jornal DCI (menção honrosa).

Foto: Divulgação

Revista campeã

À esquerda, Kathlen Ramos, editora-assistente da Brasil em Código, recebe a premiação

Balanço positivo

A cada ano, a parceria da GS1 Brasil com a Associação Nova Projeto, dedicada à capacitação profissional de pessoas com deficiência intelectual, se fortalece. Ao longo de 2016, três grupos participaram dos cursos de práticas administrativas e práticas do varejo. Desde 2003, início da parceria entre as entidades, já foram 40 turmas formadas e 470 jovens qualificados – destes, 80% entraram no mercado de trabalho. Além disso, 46 fizeram estágio na GS1 Brasil.

Foto: Arquivo

Capacitação de MPEs A GS1 Brasil promoveu o primeiro “Ciclo MPE de Desenvolvimento Empresarial: Seminário Para Micro e Pequenas Empresas”, em sua sede, na capital paulista, em outubro. Dois temas estiveram em foco para ajudar a desenvolver os negócios de pequeno porte: embalagens e gestão de vendas. O encontro reuniu 80 profissionais, entre empresários e representantes de instituições parceiras, como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), e Subsecretaria de Empreendedorismo e da Micro e Pequena Empresa.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 7


CURTAS

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Paradoxo digital

Embora a população brasileira seja campeã mundial em horas gastas por dia na internet e a web seja a terceira fonte mais importante de informações para consumidores (nos Estados Unidos é a sétima), o comércio eletrônico brasileiro representa apenas 3,6% do varejo. Com esse resultado, o Brasil está abaixo da média mundial, de 7,8%, e bem distante dos 14% da China. Essas e outras contradições podem custar US$ 205 bilhões em oportunidades perdidas até 2025, aponta levantamento feito pela consultoria McKinsey & Company.

Alimentando o conhecimento O diretor financeiro da GS1 Brasil Charles Sampaio, a CEO Virginia Vaamonde, e o presidente João Carlos de Oliveira (foto), conferiram as novidades do setor alimentício na SIAL Paris, uma das maiores feiras mundiais dessa área. O evento foi realizado em outubro na capital francesa e reuniu mais de 150 mil visitantes e 6.500 expositores, entre produtores, importadores, distribuidores e chefs, para estreitar relações com clientes, estabelecer novas parcerias e negócios.

Nova liderança

Fotos/Imagens: Thinkstock

Foto: Divulgação

João Sanzovo Neto foi eleito presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) para o biênio 2017/2018. O empresário já exercia o cargo de 1º vice-presidente da entidade nacional desde 2013. Sanzovo é graduado em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas, com pós-graduação em marketing. Na rede de supermercados Jaú Serve, pertencente à sua família, atuou em várias áreas até chegar à presidência do grupo, cargo que ocupou até o ano 2000.

Destaque em tecnologia

Os investimentos em hardwares, softwares e serviços de tecnologia da informação (TI) crescem gradativamente no Brasil, segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Softwares (ABES), em parceria com a consultoria IDC. Esse mercado aumentou 9,2% em 2015, contra os 5,6% da média global de crescimento no período. O mercado doméstico de TI movimentou US$ 60 bilhões em 2015, representando 3,3% do PIB brasileiro e 2,7% do total de investimentos de TI no mundo. 8 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Fora do lar

O Estudo Global sobre Tendências de Comida Fora do Lar, da Nielsen, aponta que 51% dos brasileiros saem mais de uma ou duas vezes por semana para comer fora de casa. Na América Latina esse índice é de 41%. No Brasil, o almoço é a refeição mais realizada fora do lar (71%), seguido pelo jantar (39%) e café da manhã (19%). Os três quesitos mais importantes para a escolha do estabelecimento são: preço (44%), qualidade dos alimentos (41%) e serviço (21%).

Atenção à pirataria Dados da Associação Brasileira de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) apontam para um volume assustador de produtos de saúde e bem-estar que circulam de forma ilícita no mercado. Em 2015, mais de R$ 4 bilhões em produtos foram pirateados, contrabandeados ou falsificados, segundo o levantamento com base em estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). A ABIHPEC estima que mais de R$ 430 milhões poderiam ter sido gerados em renda e mais 16 mil empregos formais poderiam ser estabelecidos.


CURTAS

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Avanço da IoT Estudo realizado pela Pyramid Research constatou que 73% das empresas de médio e grande porte no Brasil já possuem alguma implementação de Internet das Coisas(IoT) ou planejam implementar nos próximos 12 meses. Muitas encontram-se em processo de digitalização por meio da implantação de medidores inteligentes, gestão de frotas, vídeo analytics, sensores conectados e aplicações para melhorar a operação dos negócios. O estudo foi divulgado no white paper “Internet das Coisas: um pilar chave no processo de digitalização”, patrocinado pela Cisco e Intel.

Análise do varejo

Em 2015, o executivo Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, lançou o livro Varejo e Brasil: Reflexões Estratégicas. Em outubro, a publicação ganhou a sua 2ª edição, com dados atualizados, análise sobre o último ano de crise no Brasil e a ampliação dos capítulos dedicados ao papel da loja, experiência e integração com o mundo digital. O livro também traz cases e depoimentos de renomados executivos do mercado, como o presidente da Renner, José Galló; o CEO da C&A Brasil, Paulo Corrêa; o CEO da Livraria Cultura, Sergio Herz; o co-presidente da DM9DDB, Alcir Leite; entre outros.

O associativismo no setor supermercadista brasileiro registrou faturamento bruto de R$ 33,8 bilhões em 2015, um crescimento nominal de 8,4% em comparação com 2014. Os dados são do 16º Ranking de Redes e Associações de Negócios, elaborado pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e apresentado em evento realizado na sede da GS1 Brasil, em São Paulo (SP), em outubro. Na ocasião, as cinco maiores centrais supermercadistas do País foram premiadas: Rede Supermarket, Rede Nordeste, Central de Compras do Brasil (CCB), Uniforça e Unissul. No encontro, o executivo de negócios da GS1 Brasil Edson Matos de Lima ministrou palestra sobre a importância do cadastro de produtos para as centrais de compras. 10 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Divulgação

Supermercados unidos


Fotos/Imagens: Thinkstock

Preferências nas lojas pequenas

A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD) divulgou o estudo “Categorias em Destaque”, elaborado pela Nielsen, que mostra os segmentos de produtos que cresceram em volume e valor em 400 mil pontos de venda do pequeno varejo (lojas tradicionais e de 1 a 9 checkouts) do País. A pesquisa, que compara o primeiro semestre de 2016 com o mesmo período de 2015, apontou as 15 categorias que mais cresceram em valor. Entre elas estão: mercearia salgada, mercearia doce, higiene e beleza, e limpeza do lar. São exemplos de produtos que tiveram expansão em volume e valor: repelentes, inseticidas, café, leite em pó, água mineral, margarina, creme de leite, aguardente de cana, entre outros.

Demandas da terceira idade

Quando a maturidade chega, o que usualmente os brasileiros mais esperam é, finalmente, aproveitar o tempo livre. Em alguns casos, ir às compras acaba se tornando a atividade de lazer preferida. Mas a realidade mostra que o mercado ainda não está preparado para essa demanda. Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todo o País mostra que 67% dos idosos são os únicos decisores sobre as compras que fazem, mas 34% afirmam sentir falta de produtos para a terceira idade. Os itens mais citados pelos entrevistados são: celular com teclado e telas maiores (13%), locais para diversão (12%) e roupas (11%).


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[ECONOMIA

Imagem:Thinkstock

Atividade industrial Por Kathlen Ramos

Indicador da GS1 Brasil aponta a intenção de lançamento de produtos para auxiliar o mercado na tomada de decisões

A GS1 Brasil se dedica para, cada vez mais, produzir e divulgar informações relevantes, a fim de auxiliar seus associados e o mercado na tomada de decisão. Nesse sentido, a mais recente iniciativa da entidade é a criação do Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial, que mede a intenção de lançamento de produtos no País, conta a gerente de pesquisa e desenvolvimento da entidade, Marina Pereira. O indicador é elaborado pela GS1 Brasil em parceria com a 4E Consultoria, que atua na área de economia e inteligência competitiva. A base para o cálculo é a quantidade de pedidos de códigos de barras solicitados pelas empresas para a GS1 Brasil. Dessa forma, o índice tem elevada correlação com a produção industrial, porém de uma forma indireta. “Quando um associado solicita um código, conclui-se que a empresa pretende vinculá-lo a algum produto que lançará no mercado. No entanto, há casos em que o associado pode pedir o código, porém não lançar o produto ou não ter sucesso com aquele item, não gerando, assim, atividade econômica. Portanto, o que podemos medir com esse índice é a intenção de lançamento de um novo produto”, explica o sócio da 4E Consultoria, Bruno Rezende. Para se chegar ao índice, a amostra envolve indústrias associadas à GS1 que atuam em vários setores, como bebidas, fumo, têxteis, calçados, papel e celulose, produtos farmacêuticos, equipamentos de informática, eletrônicos, etc. São atividades descritas

12 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

nas divisões de 10 a 33 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro destaque é a data na qual o indicador será apresentado ao mercado. “O índice da GS1 Brasil é atualizado já no primeiro dia útil, auxiliando na análise de como foi a atividade industrial no mês que acabou. Ele se antecipa a outros dados oficiais do mercado sobre a atividade industrial em 30 ou 60 dias”, acrescenta Rezende. Os números, que começam a ser divulgados em dezembro, são divulgados também na versão livre de efeitos sazonais, o que garante uma análise mais sólida e confiável. Por conta dessas características, ele é considerado um índice antecedente, assim como outros existentes no mercado, a exemplo do indicador elaborado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). O Índice GS1 Brasil pode ser utilizado por consultorias especializadas, bancos, empresas e órgãos do governo que acompanham indicadores antecedentes a fim de prever a atividade industrial. FUNDAMENTOS SÓLIDOS Outro aspecto importante é a série histórica do indicador, que contempla números desde 2002. Para os economistas da 4E, o resultado encontrado em sua formulação superou as expectativas. “A rica base de dados da GS1 Brasil permitiu criar este índice com base histórica suficientemente longa para ser incorporada


aos modelos de projeção de atividade industrial. Tenho certeza de que, em pouco tempo, ele será referência no mercado”, prevê o também sócio da 4E Consultoria, Juan Jensen. Com o passar do tempo, a ideia é que o índice

possa ser desdobrado, com a elaboração de dados separados por setores da indústria e regiões do País. Para isso, a GS1 Brasil tem um time dedicado na elaboração dos números, formado por Marina Pereira e sua

célula de Inteligência de Mercado, com os profissionais Carolina Fernandes e Guilherme Padilha. Por parte da 4E Consultoria, os economistas Juan Jensen, Bruno Rezende e Leopoldo Gutierre. 7 898357 410015

Intenção de lançamentos A intenção de lançamento de produtos, medida pelo Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial, recuou 20,7% em novembro em relação ao mesmo mês de 2015. Em linha com os principais índices de confiança da indústria disponíveis no mercado, o indicador ensaiou uma recuperação no segundo trimestre de 2016. Mas com o ambiente político conturbado, as empresas diminuem os investimentos na renovação de portfólio, impactando o ritmo de pedidos de códigos junto à GS1 Brasil.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 49


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[ENTREVISTA

Valores de um campeão Por Denise Turco

Após a conquista de nove medalhas nas Paralímpíadas Rio 2016, Daniel Dias relembra a emoção e os desafios desse momento histórico para o Brasil Em sua terceira Paralimpíada, Daniel Dias fez história na natação. O atleta brasileiro, de 28 anos, conquistou quatro medalhas de ouro, três pratas e dois bronzes nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, uma ocasião memorável, que deu projeção e visibilidade aos esportistas com deficiência. A lesão que sofreu neste ano não o impediu de ser o atleta mais premiado dentre todas as modalidades do evento, repetindo o excelente desempenho que teve nas paralimpíadas de Pequim e de Londres. Em pouco mais de uma década de carreira, ele coleciona 24 medalhas, o que lhe confere o título de maior medalhista da natação paralímpica masculina. Sem falar que é um dos poucos brasileiros (ao lado de Ronaldo Fenômeno e Bob Burnquist) a ganhar o Laureus World Sports Award, prêmio considerado o Oscar do esporte. Simplicidade, simpatia e alegria são as marcas deste “tubarão” das piscinas. Natural de Campinas (SP), ele nasceu com má formação congênita nos membros superiores e inferiores. Fã de esportes, viu pela TV o nadador Clodoaldo Silva ganhando medalhas para o Brasil nas Paralimpíadas de Atenas, em 2004. Na mesma época, seu pai assistiu a uma palestra sobre esportes para pessoas com deficiência. Não demorou para Daniel começar a nadar, aos 16 anos, e participar de competições internacionais. Em poucos mergulhos, o jovem já havia encontrado o seu dom. Para se transformar em um atleta de alto rendimento, superou as dificuldades do corpo, as questões financeiras e os locais pouco adequados para os treinos. Sem se esquecer de suas origens, ele sempre busca a excelência, a inovação e a colaboração. Valores de um verdadeiro campeão e alinhados com o trabalho da GS1 Brasil, umas das patrocinadoras do atleta. Nesta entrevista, concedida na sede da entidade, Daniel Dias começa e termina falando de sonhos, além de compartilhar os desafios e as vitórias das Paralimpíadas Rio 2016.

14 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Fotos: Eliane Cunha

“Não dá para explicar o carinho que recebi durante e depois dos Jogos Paralímpicos”


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ENTREVISTA

BC Teve algum acontecimento mais marcante nas Paralimpíadas? DD Foram nove grandes momentos e tentei desfrutá-los ao máximo. Mas, no último dia, a prova de revezamento foi muito emocionante e a medalha de bronze que ganhamos valeu um ouro. BC Por quê? DD Por todo o conjunto da obra. Foram dez dias de muitas emoções, grandes conquistas e, para coroar, a prova de revezamento era a última daquele dia e da natação. Eu tinha nadado, uma hora antes, outra prova individual, na qual ganhei a medalha de ouro. Nadar duas provas em sequência foi algo diferente para mim. Sempre gostei de nadar revezamento, tanto é que a maioria dos meus recordes aconteceu nesse tipo de competição. É a chance de mostrar o valor em equipe. BC Você já participou dos jogos de Londres e Pequim. Como avalia a Paralimpíada no Rio, cercada de polêmicas em relação à infraestrutura e às verbas para sua realização? DD Cada Paralimpíada foi diferente. Para mim, o Brasil fez os melhores jogos que poderia fazer. Não tem do que

16 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

reclamar. Havia muita preocupação sobre a questão da acessibilidade, se o Rio estaria preparado. E acabou acontecendo. Vários dos meus adversários nas piscinas, que são meus amigos, conseguiram visitar o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, ir à praia. O Rio de Janeiro estava pronto para receber as Paralimpíadas. Foi uma grata surpresa para todos, além de ser um importante momento para mostrar o valor do povo brasileiro. BC A torcida brasileira tem um grande carinho por você... DD Não dá para explicar o carinho que recebi durante e depois dos Jo-

gos. No entanto, o que mais me chama atenção é o carinho das crianças. Ainda precisamos falar sobre o preconceito em relação às pessoas com deficiência, mas acredito que essa geração, daquelas crianças que estavam nos Jogos, vai mudar o Brasil na questão da igualdade e inclusão. O que eu vi e vivenciei foi um momento único e incrível. Deu ainda mais esperança de um Brasil melhor. BC Como foi a preparação para os Jogos Rio 2016? Teve algo diferente das outras competições? DD Sempre é preciso inovar e procuro agregar algo diferente. Desta vez,

“Sempre gostei de nadar revezamento, tanto é que a maioria dos meus recordes aconteceu nesse tipo de competição”

Foto: Divulgação CPB

BRASIL EM CÓDIGO Em várias ocasiões você comentou que tinha o sonho de disputar uma Paralimpíada no Brasil. Como foi viver esse momento? DANIEL DIAS Foi incrível. Além da realização de um sonho, foi muito importante presenciar algo bacana: famílias com crianças sem nenhuma deficiência assistindo aos jogos e torcendo. Eu via os olhinhos das crianças brilharem, e elas não estavam se importando se o Daniel ia sair da piscina e colocar a prótese, ou se outro atleta estava em uma cadeira de rodas. Elas diziam com admiração: “ele consegue”.


BC Como é a sua relação com os nadadores que te inspiraram? E quais são suas referências no esporte? DD O Clodoaldo Silva foi minha inspiração e hoje somos grandes amigos. Nadar com ele no Rio e conquistar uma medalha de prata juntos foi incrível. Quando tinha 16 anos, eu via o Clodoaldo na TV e sonhava em nadar. Outra pessoa de quem gosto demais e espero um dia poder conhecer é o Kaká, pelo grande atleta que ele é e a maneira como leva a vida. É raro ouvir falar algo ruim sobre ele.

eu tive uma lesão em uma cartilagem da costela no início do ano e fiquei 30 dias sem treinar. A grande diferença da minha preparação foi estar próximo da minha família. No início fiquei frustrado, pois não esperava lesionar num ano tão importante. Enquanto fui tratando a lesão em casa, mudei minha perspectiva. Tudo na nossa vida tem um ponto positivo.

BC Depois da Rio 2016, você já notou mudança de percepção da sociedade em relação às pessoas com deficiência e aos atletas paralímpicos? DD Nós sabíamos e acreditávamos que sediar os Jogos Paralímpicos era a grande chance de destacar o valor da pessoa com deficiência, mostrar o que é o esporte de alto rendimento e paralímpico. Conseguimos isso. O Brasil superou o número de medalhas conquistadas em Londres e Pequim. No Rio, passamos de oitavo para sexto lugar. E aí tem um ponto interessante: os seis países que estão à nossa frente em número de medalhas possuem centro de treinamento. A gente não tinha até então, ele foi inaugurado neste ano, em São Paulo. Portanto, as pessoas mudaram a chave. Agora o esporte paralímpico passou do “coitadinho, corre sem enxergar” para “que grande atleta ele é”.

BC Tirando essa situação excepcional, como é a sua rotina de treinos? DD Faço de cinco a oito treinos semanais, com a minha equipe: treinador, dois médicos, preparador físico, fisioterapeuta e nutricionista. Fazemos um planejamento para um ciclo de quatro anos. Com o passar do tempo, vemos os erros e acertos e melhoramos o que for preciso.

BC Faz pouco tempo que as Paralimpíadas aconteceram, mas você percebe que o movimento paralímpico já recebe mais apoio e patrocínio? DD É muito cedo para afirmar isso. Ainda está no ar o sentimento de esperança. Mas estão acontecendo coisas boas e, para que isso tenha uma continuidade, precisaremos de investimento público ou privado. Em novembro, por

exemplo, foi realizado o 5º Congresso Paradesportivo Internacional e também as Paralimpíadas Escolares. BC Quais são os planos futuros? Está se preparando para Tóquio 2020? DD Sim. E para chegar a Tóquio preciso disputar outras competições mundiais e os Jogos Parapan-Americanos. Já estou com 28 anos e tive a lesão, que gerou todo um desgaste. Agora preciso me prevenir ainda mais e agregar algo diferente à preparação física para pensar nos próximos quatro anos, talvez oito. Tenho um adversário espanhol de 60 anos que ficou em 4º lugar nas Paralimpíadas do Rio. Sinal de que ele se cuida. BC Você criou o Instituto Daniel Dias, em 2014. Poderia contar um pouco sobre esse projeto? DD Sempre recebi muitos e-mails de pais de crianças com deficiência pedindo indicações para a prática de esportes. Percebia a dificuldade dessas famílias, e a partir daí foi crescendo uma vontade de ajudá-las. Conversei com meu pai, que cuida da minha carreira e está sempre junto comigo, sobre o que poderíamos fazer. Assim, criamos o instituto por meio de uma parceria com a Associação Desportiva para Deficientes (ADD), onde eu comecei a nadar. Eles encabeçaram esse projeto para nos ensinar, e, a partir de 2017, vamos caminhar sozinhos. Atualmente, atendemos 15 meninos e meninas em Bragança Paulista. Acredito que desse projeto possam sair grandes talentos do esporte, mas o objetivo é dar oportunidade para a pessoa com deficiência entender que ela pode ser campeã na vida. Nosso sonho é que o instituto tenha uma escola e que a criança saia da aula e vá direto praticar o esporte, natação ou atletismo. Meus pais e minha esposa cuidam do Instituto. Queremos mostrar, com isso, o valor da família. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 17


Fotos/Imagens: Thinkstock

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[ CAPA

Produto mais visĂ­vel na web


Por Denise Turco

Como se destacar no e-commerce com tantos produtos idênticos comercializados na web? Grandes players apostam nos padrões globais GS1 para melhorar a performance de negócios e a experiência do consumidor tema relativamente novo para as empresas, mas que vem ganhando destaque, principalmente depois que o Google passou a exigir o GTIN dos itens já atribuídos pelo fabricante como requisito para o cadastro no Google Shopping. Essa obrigatoriedade foi determinada em 2015 para 50 marcas. Neste ano, a empresa espera expandir para todos os itens que tenham um GTIN atribuído pelo fornecedor. De acordo com informações da assessoria de imprensa do Google no Brasil, os GTINs ajudam a companhia a compreender exatamente o que as lojas virtuais estão vendendo. Dessa forma, a companhia pode ajudá-las a otimizar o desempenho de anúncios ao adicionar detalhes sobre o produto, tornando-os mais relevantes aos usuários. Segundo a empresa, as lojas virtuais que adicionaram GTINs corretos aos dados dos itens tiveram aumento de até 20% nas taxas de conversão. “A iniciativa do Google deve orientar boa parte do mercado a adotar o GTIN para o cadastro e gestão de produtos no comércio eletrônico”, aposta o executivo de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá. De fato, isso está acontecendo. Recentemente, outro gigante da internet, o chinês Alibaba Group, que administra várias plataformas de comércio eletrônico como Alibaba e Aliexpress, passou a estimular as lojas virtuais a adotarem o GTIN para identificar produtos no

e-commerce, de acordo com comunicado divulgado em setembro pelo escritório global da GS1. INTERESSE CRESCENTE Adotar o GTIN é um processo simples, porém requer uma mudança cultural por parte das empresas. Isso porque muitas lojas virtuais criam um código próprio para cada mercadoria, o chamado código proprietário, quando poderiam utilizar o mesmo GTIN já atribuído pelo fabricante. “A maioria dos sistemas das lojas virtuais está preparado para receber esse código. Essa cultura de uso deve vir da indústria”, acredita o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), Mauricio Salvador.

Foto: Arquivo

Imagine um tipo de padronização que possa ajudar as lojas virtuais a terem processos mais precisos nos fluxos de produtos, desde a pesquisa feita pelo consumidor na internet até a entrega em sua casa. Esse tipo de padrão já existe: o Número Global do Item Comercial (GTIN), código que identifica um produto exclusivamente em mais de 150 países. A partir da numeração do GTIN, é gerado o código de barras, já amplamente conhecido e utilizado por indústrias e varejistas que possuem loja física. O GTIN está sendo adotado e recomendado pelos grandes players do comércio eletrônico, um dos poucos segmentos que crescem no Brasil, apesar da crise econômica. Com uma evolução rápida e significativa nos últimos anos, o e-commerce deve movimentar R$ 44,6 bilhões em vendas em 2016, o que representa uma expansão de 8% em relação ao ano anterior, segundo estimativa da Ebit. Além de ser um padrão global para identificação única de produtos, o GTIN chega no detalhe, como cor, tamanho e modelo, facilitando a gestão do e-commerce. Assim, a mercadoria é identificada individualmente e o processo de vendas on-line torna-se mais consistente. E mais: o consumidor não corre o risco de escolher um determinado item, mas ter a desagradável surpresa de receber um pacote errado em casa. Fazer a identificação padronizada de produtos no e-commerce é um

Marcelo Sá, da GS1 Brasil Iniciativa do Google Shopping estimula o uso do GTIN no comércio eletrônico


CAPA

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GTIN no e-commerce

O padrão GTIN tem sido cada vez mais adotado por buscadores, marketplaces e lojas virtuais. Veja como funciona:

2 - A mercadoria segue para

o estoque da loja virtual, que vincula o cadastro desse item ao GTIN informado pelo fornecedor em seu site na web

1 - Tudo começa no mundo físico, quando a indústria atribui um GTIN para o produto fabricado

4 - Com o GTIN, ao

3 - O GTIN identi-

receber os pedidos da loja on-line, o centro de distribuição consegue identificar, separar e despachar o produto exato escolhido pelo cliente na loja virtual

fica individualmente o produto, ou seja, a loja sabe exatamente cor, tamanho, modelo, etc.

5 - Com isso, a loja vir-

tual reduz o percentual de trocas e devoluções e aumenta a satisfação do cliente final

7 - A recomendação da GS1 Brasil ao varejo on-line é utilizar o mesmo GTIN já atribuído ao produto pelo fabricante

O CEO do site de comparação de preços JáCotei, Antonio Coelho Lima Junior, comenta que sempre foi um desafio identificar nas descrições de cada loja os itens iguais, pois cada uma usa um código interno diferente. “Tivemos que desenvolver vários programas para nos ajudar nesse 20 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

6 - O e-commerce também

consegue fazer gestão de produtos com base no GTIN, garantindo um processo de armazenagem e controle de estoques precisos. Dessa forma, otimiza a operação e diminui custos

ponto, já que comparamos preços de mais de 3,5 milhões de produtos”, comenta Lima Junior. Por isso, a empresa recomenda a adoção do código global. “O GTIN é nosso objeto de desejo para todas as categorias”, completa o executivo. Na visão do gerente de desenvol-

vimento do Mercado Livre no Brasil, Nicolas Coniglio, o GTIN é de extrema importância para o e-commerce, já que funciona como um descritor automático dos produtos que podem ser anunciados. “Ele permite às empresas organizar seus produtos na web e melhorar fluxos internos para


patrocínio no Google Shopping de anúncios dos vendedores com boa reputação no site e que utilizam o GTIN”, explica Coniglio. Lima Junior, do JáCotei, observa que parte das grandes empresas do e-commerce, por conta da enorme quantidade de itens à venda, já utilizam o GTIN. As pequenas e médias lojas virtuais alugam plataformas de terceiros e ERP’s que nem sempre contemplam o uso do padrão. A GS1 Brasil também recomenda que pequenas e médias lojas virtuais, e até mesmo os empreendedores que estão iniciando sua jornada no comércio eletrônico, considerem o uso do GTIN em seus negócios (confira dicas na página 28).

Vantagens para o consumidor

O GTIN também pode ser utilizado para otimizar a busca de produto. Por exemplo: se o consumidor compra uma mercadoria habitualmente e quer checar disponibilidade e preço, ele pode digitar diretamente o código em um buscador ou loja virtual. Se os fornecedores ou varejo on-line cadastraram o GTIN nos mecanismos de busca ou plataformas de e-commerce, esses sites mostrarão exatamente aquele item para o consumidor, porque cada GTIN é único. Dessa forma, além de informação completa e certeira sobre os produtos, a busca com o GTIN facilita a análise para a compra e a comparação de preços.

Fotos: Divulgação

diferentes processos, como a publicação de um produto na loja virtual ou marketplace. Além disso, facilita a identificação do produto por parte do consumidor, tornando mais fácil a comparação de preços”, afirma. Presente em 19 países, o Mercado Livre não tem ingerência sobre a utilização do GTIN em seu marketplace, pois é responsável apenas pela plataforma tecnológica. “Os anúncios, que podem ou não usar GTIN, são de responsabilidade de cada vendedor. Mas, mesmo assim, por considerar essa ferramenta importante, o Mercado Livre recomenda e estimula o seu uso entre os vendedores. Há cerca de três anos, passamos a realizar ações de incentivo, como o

Nicolas Coniglio, do Mercado Livre Empresa recomenda o uso do GTIN, que facilita a comparação de preços na web

REQUISITO PARA PARCERIAS Fundado há 16 anos em São Paulo (SP) e com atuação no Brasil, Argentina e México, o Grupo Netshoes considera o GTIN uma ferramenta fundamental para o negócio, que inclui Netshoes (artigos esportivos) e Zattini (moda). “Sem ele não conseguiríamos atender o volume e a escala de nossas lojas e dar entrada do produto em nossos centros de distribuição. Somente por meio do código de barras é possível ter todas as referências do produto. Ele funciona como uma espécie de RG dos artigos e é a melhor forma de organizar o nosso trabalho”, afirma o diretor de logística da empresa, Marcio Chammas. O GTIN

Marcio Chammas, do Grupo Netshoes Com o código de barras, a empresa organiza e agiliza os processos em seu centro de distribuição

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 21


CAPA

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[

Lojas virtuais que adicionaram GTINs aos dados de seus produtos no Google Shopping aumentaram em até 20% as taxas de conversão

possibilita que os produtos sejam reconhecidos em todos os processos e áreas da empresa – comercial, supply chain, logística e central de relacionamento. Segundo Chammas, o código de barras também garante que o cliente receba o produto correto e no prazo definido. Além disso, agiliza o processo de troca. “Qualquer movimentação feita com o produto depende da leitura do código”, explica o executivo. Aliás, usar o GTIN é uma das exigências dos fornecedores da Netshoes para efetivar os negócios. “Só podemos fazer algum tipo de parceria se o produto tiver um código de barras que o identifique. Somente dessa forma conseguimos organizar e catalogar nosso amplo estoque, com mais de 300 mil códigos de barras, considerando as variações de tamanho e grade de cada produto”, conta Chammas.

Potencial do comércio eletrônico no Brasil Em 2016, as vendas do e-commerce devem atingir um total de R$44,6 bilhões, um crescimento estimado de 8% em relação ao ano anterior As vendas via dispositivos móveis são tendência e apresentaram forte crescimento ao longo do ano, atingindo uma participação de 23% do faturamento do setor no mês de junho/2016

O valor médio gasto pelo consumidor brasileiro

no comércio eletrônico no primeiro semestre de 2016 foi de R$ 403,46, um aumento nominal de 7% em comparação ao mesmo período de 2015

Fonte: Ebit

23,1 milhões de consumidores virtuais realizaram pelo menos uma compra no primeiro semestre deste ano, volume 31% maior que em 2015, fortalecido pela migração das vendas do varejo físico para o canal on-line

22 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

LINGUAGEM DE NEGÓCIOS Além do GTIN, a GS1 possui outra solução para apoiar as lojas on-line. Trata-se do GS1 SmartSearch, um novo padrão que funciona como uma série de códigos de programação para estruturar e classificar as informações dos produtos nas páginas da web. O objetivo é melhorar o ranqueamento do produto ou da loja virtual nos rankings dos sites de busca e, portanto, aumentar as chances de vendas. Recentemente, a GS1 Brasil iniciou o projeto piloto do GS1 SmartSearch em parceria com a plataforma de trade marketing digital Standout. Fundada em 2014, a empresa tem como foco aumentar a conversão das indústrias no e-commerce. Para isso, desenvolve conteúdos sobre os produtos, criando vitrines on-line, que são páginas com imagens, texto e vídeos dos itens. Esse conteúdo é distribuído


Foto: Divulgação

GS1 SmartSearch:

oque está por trás do código?

O novo padrão GS1 SmartSearch tem como função auxiliar os mecanismos de busca a entenderem mais facilmente os dados e as características dos produtos, permitindo pesquisas mais precisas e, consequentemente, um melhor posicionamento nos resultados de busca. Confira como a solução ajuda a trazer relevância para o produto: Andréa Miranda, da Standout Plataforma de trade marketing digital é a primeira empresa no Brasil a utilizar o GS1 SmartSearch

para mais de 35 e-commerces, entre eles Walmart.com, Magazine Luiza, Farmácia Pague Menos e Drogasil. A plataforma é capaz de monitorar o comportamento do consumidor ao interagir com essa vitrine virtual (quanto tempo parou para ler, qual característica ou componente do produto interessou mais, etc.). “Com o GS1 SmartSearch conseguimos trabalhar todas as informações técnicas do produto na programação das páginas. É uma solução muito bem elaborada e nela tudo se complementa”, avalia a CTO da Standout, Andréa Miranda. A solução foi implementada em setembro e, de maneira preliminar, a empresa já percebeu uma melhora no posicionamento de SEO (do inglês, Search Engine Optimization), conjunto de técnicas que tem como objetivo ranquear melhor um site nos resultados de busca dos produtos. A empresa, que está sediada na capital paulista, pretende se firmar como a melhor solução de trade marketing digital no País e acredita que a ferramenta ajudará a atingir esse objetivo. “A plataforma da Standout consegue aumentar a conversão de

Para identificar textos, imagens e vídeos, o computador usa várias linguagens de marcação (markup). O Schema.org é uma delas, e define um conjunto de tags utilizadas para informar aos buscadores o significado ou o tipo da informação encontrada por ele. A GS1 fez uma parceria com o Schema.org para criar uma regra para o detalhamento de produtos. O GS1 SmartSearch tem estruturação de dados para as seguintes categorias de produtos: alimentos; bebidas; tabaco; e vestuário, calçados e acessórios. A solução possibilita criar dados estruturados sobre um produto e relacioná-los ao GTIN Quando o consumidor realiza uma consulta em um buscador, os algoritmos de busca procuram pelas palavras chave, encontram os sites e devolvem o resultado. Sites com dados estruturados são mais facilmente encontrados pelos buscadores e, como consequência, recebem melhores notas num sistema que os classifica de acordo com a sua relevância. Assim, obtêm melhores posições nos resultados de busca.

O profissional de SEO ou agência especializada na área podem cuidar desse assunto na sua empresa.

venda em 60%, em média. Com o GS1 SmartSearch esperamos melhorar esse número. Dados da Ebit mostram que 56% dos consumidores vão embora da página do produto

porque não encontram toda a informação de que precisam. Portanto, vamos trabalhar muito para poder criar conteúdos de qualidade”, finaliza Andréa. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 23


[MERCADO

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Foto: Divulgação Atacadão

O momento do atacarejo

Por Claudia Manzzano

Em busca de economia, consumidor migra do varejo tradicional para o atacado de autosserviço A dinâmica econômica e social geram transformações no comportamento dos consumidores em qualquer época e circunstância. Na atual crise, é natural que essas mudanças voltem-se para a contenção de gastos. Nesse sentido, o atacado de autosserviço – também chamado de atacarejo ou cash & carry – tem sido uma escolha para boa parte da população, que viu seu poder de compra diminuir nos últimos tempos em virtude do desemprego e da inflação alta. De acordo com levantamento da Kantar Worldpanel Brasil, o consumidor frequenta, em

24 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

média, sete canais de compra por ano. Para cada missão de compra ele tem um tipo de loja preferido. O abastecimento é a principal missão quando procura o atacado de autosserviço, que representou 9,6% do consumo das famílias em 2016. O ranking desenvolvido pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), em conjunto com a Nielsen, também indica o aumento de representatividade desse segmento. Em 2015, o cash & carry respondia por 18,7% do setor, percentual que subiu para 19,3%, em 2016.


ATACADO DE AUTOSSERVIÇO CRESCE ACIMA DA MÉDIA

Além do tradicional público-alvo do atacado de autosserviço – pequenos varejistas, hotéis, restaurantes, lanchonetes, transformadores informais (dogueiros, produtores de doces e salgados) – , as famílias também são atraídas para esse formato de loja, que mescla características de atacado e de varejo, vendendo itens do dia-a-dia, como alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza, a preços baixos. São estabelecimentos com uma estrutura parecida com a de armazéns e que não oferecem algumas das facilidades geralmente encontradas nos supermercados. De início, a classe C tinha ampla presença no canal, mas, com a crise abalando todas as esferas da sociedade, a classe B também mudou os hábitos e migrou parte de seu consumo para o atacarejo. Não é de hoje que o setor vem mostrando seu potencial no mercado brasileiro. Há alguns anos, as grandes redes do varejo, como Walmart, Carrefour e Grupo Pão de Açúcar (GPA), investiram no formato, fazendo importantes aquisições de atacadistas de autosserviço para complementar seus negócios. Os números mostram que o modelo se consolidou com a crise. “O cash & carry é um caminho sem volta”, observa a diretora de serviços para o varejo da Nielsen, Daniela Toledo, lembrando que, desde 2013, o número de lojas cresceu 30%, atraindo novos clientes. O Atacadão (foto) está nessa rota de expansão. Atualmente, a rede, que pertence ao grupo Carrefour, conta com 129 lojas de autosserviço no País. De janeiro a outubro de 2016, inaugurou seis unidades, e prevê o mesmo ritmo de crescimento para os próximos anos, segundo informações da assessoria de imprensa da companhia.

6,8

Total Brasil

0,4

Varejo tradicional

8,1 1,4 9,9

Lojas de 1 a 4 checkouts

2,9 10,8

De 5 a 9 checkouts

2,7 6,0

De 10 a 19 checkouts

De 20 a 49 checkouts

Acima de 50 checkouts

3,5 1,4 -1,4 -2,8 0,7 8,1

Farmácia

0,4 5,0

Bar

-3,1 5,3

Atacado de autosserviço

2013/2014

7,5 2014/2015

Fonte: Nielsen

Imagens: Thinkstock

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 25


[

MERCADO

COMPRA RACIONAL O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, destaca que em momentos de crise as indulgências e as compras motivadas pela emoção perdem espaço. Essa atitude é substituída por um comportamento mais racional, que valoriza o preço baixo. O atacado de autosserviço é, segundo o especialista, uma das áreas que mais se posicionou para atender a essa demanda do consumidor no cenário atual. Essa mudança é crescente, porém lenta. “Na última crise do Brasil, em 2009, esse formato não estava tão estabelecido como agora. O número de lojas do Atacadão e do Assaí aumentou cerca de dez vezes desde então, por conta da demanda. Mas muitos consumidores ainda não têm essas unidades próximas à sua casa”, afirma Terra. “Os consumidores estão migrando em busca de opções mais atrativas em razão do momento econômico. Mas é importante destacar um aspecto: todos os modelos de atuação do atacado têm seu papel na cadeia de abastecimento e são complementares, atendendo a diferentes necessidades dos clientes”, diz o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho. DESAFIOS As lojas do cash & carry têm algumas características próprias. Por exemplo: não possuem ar-condicionado, falta organização nas gôndolas, e têm filas grandes em alguns dias e horários da semana, segundo Terra. Por conta disso, na avaliação do especialista, a tendência é que apenas uma pequena

Eduardo Terra, da SBVC Atacarejo se posicionou para atender à demanda do consumidor na crise

parte dos consumidores acostumados com melhores experiências de compra continue frequentando o atacarejo depois que a situação econômica do Brasil se estabilizar. Assim, o desafio para as empresas é aprimorar alguns aspectos da operação. Os executivos do Assaí Atacadista, Maxxi Atacado e Roldão acreditam na sustentabilidade desse modelo de negócios, conforme acompanhou a reportagem em um evento que discutiu as tendências do setor, promovido pela Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (ABAAS), realizado em novembro, em São Paulo (SP). Na ocasião, a entidade assinou convênio com a GS1 Brasil para promover a melhoria na qualidade de dados dos produtos por meio do uso do Cadastro Nacional de Produtos (CNP) na cadeia atacadista de autosserviço. Outro ponto do acordo é o incentivo à utilização dos padrões GS1 de identificação para controlar a data de validade das mercadorias. O CEO do Assaí Atacadista, Belmiro Gomes, diz que o modelo passou de rota alternativa para principal. “Não perdemos as características do nosso negócio, que é atender à compra de abastecimento”. O Assaí, fundado em

DESEMPENHO DOS CANAIS

Foto: Divulgação

[

1974, foi adquirido pelo GPA em 2007. Atualmente, possui 102 lojas no País, que atendem 120 milhões de clientes por ano. Com visão semelhante, o vice-presidente do Maxxi Atacado, José León, alerta: “temos de estabelecer uma proposta de valor para atender o público mais exigente e estamos trabalhando para isso. Os investimentos estão sendo feitos para trazer comodidades que antes não existiam”. A empresa, que é a divisão de autosserviço do Walmart no Brasil, possui 44 lojas em 11 Estados. O mix de produtos é um dos aspectos a serem revistos para melhorar a atratividade do canal. Dados da Nielsen mostram que esse movimento já está acontecendo. Em 2016, houve crescimento no número de itens em 56% das categorias do atacarejo. No entanto, há uma questão que pode limitar essa expansão: o preço atrativo do atacado se dá pelo baixo custo operacional, o que é obtido, dentre outros fatores, por conta de uma quantidade limitada de SKUs comercializados. Para o CEO do Roldão Atacadista e presidente da ABAAS, Ricardo Roldão, o futuro do cash & carry está intimamente ligado à colaboração entre atacadistas e indústrias. Este é o único caminho para resolver questões relevantes, como o abastecimento e a ruptura (falta de produtos na prateleira). 7 898357 410015

(JANEIRO A SETEMBRO DE 2016)

Varejo: - 4,2% Fonte: Nielsen

26 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Atacado de autosserviço: 14,4%



[E-COMMERCE

Da Redação

Pequenas empresas têm boas oportunidades de negócios no e-commerce. Confira dicas para começar uma loja on-line ou melhorar a operação No comércio eletrônico brasileiro, que em 20 anos evoluiu bastante e ainda tem potencial para crescer, há espaço para todos os nichos e tamanhos de lojas. Com o objetivo de ajudar as micro e pequenas empresas (MPEs), a serem mais competitivas no ambiente virtual, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e. net) criou o Movimento e-MPE, um programa para difundir boas práticas e padrões de ética no e-commerce. Como parte dessa iniciativa, nasceu, em 2013, o “Ciclo MPE.net”, seminário itinerante que leva conhecimentos sobre infraestrutura, marketing e operação de uma loja virtual para os empreendedores. “Por reunir em um único dia especialistas das maiores empresas do Brasil, o “Ciclo MPE.net” é uma oportunidade ímpar para aprender sobre o comércio eletrônico”, afirma o presidente da camara-e.net, Leonardo Palhares.

28 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Em novembro, o ciclo de palestras, que é gratuito e já capacitou 65 mil pessoas no País, foi realizado em São Paulo (SP), na sede da GS1 Brasil, uma das parceiras do projeto. A seguir, conheça os principais passos para começar uma loja on-line ou incrementar a operação, com os especialistas que estiveram presentes na GS1 Brasil.

PLANEJAMENTO

O planejamento de uma loja virtual pode ser dividido em duas etapas, de acordo com o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP), Jairo Lobo Migues. A primeira fase diz respeito ao modelo de negócio, que consiste em escrever as linhas gerais do projeto: como fazer, quanto gastar, público-alvo, etc. A segunda etapa refere-se ao plano de negócios, ou seja, o detalhamento das atividades: escolha do provedor, domínio do site, plataforma tecnológica, meios de pa-

gamento, formas de entrega, canais de atendimento, divulgação e gestão. “Outra orientação para as MPEs é escolher um nicho de mercado para criar um diferencial em relação aos grandes players”, orienta Migues.

LOGÍSTICA

Ter uma operação logística ajustada depende de fatores que envolvem a gestão da loja virtual como um todo. “É preciso definir uma estratégia de preços, conhecer os custos, ter visão da concorrência e usar o frete grátis com moderação”, recomenda o gerente de atividades vendas corporativas dos Correios, Thiago Lopes. A companhia oferece várias soluções específicas para as MPEs. A mais recente é o serviço logístico que consiste em receber as mercadorias dos fornecedores em seu centro de distribuição na cidade de Cajamar (SP), armazenar os produtos, fazer o controle de estoque e entregar para os clientes finais. Dessa forma,

Imagens: Thinkstock

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Empreendedor virtual


Foto: Tulio Vidal

Leonardo Palhares, da camara-e.net Ciclo MPE.net capacita pequenos empresários para atuar no comércio eletrônico

auxilia os empreendedores que, na maioria dos casos, estocam as mercadorias na própria casa e sem controles precisos.

CRÉDITO

Em algum momento, o empreendedor necessitará buscar recursos financeiros para inovar a loja virtual. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) possui linhas de crédito específicas para MPEs. A dica do técnico do BNDES, André Luís de Barros Lima, é fazer um planejamento das necessidades de crédito com base em três pontos: investimentos na loja virtual, quantidade de dinheiro necessária para empréstimo, e quando e como pretende pagar. “O ideal para as MPEs é obterem crédito com juros menores e pagamento a longo prazo para que tenham fôlego para arcar com esse compromisso”, diz Lima.

OPERAÇÃO

Como escolher a plataforma tecnológica adequada para a loja virtual? O CEO da Nuvem Shop, Santiago Sosa, diz que é possível desenvolver um e-commerce por meio de três canais: redes sociais, marketplace ou site próprio. As redes sociais atingem vasto público e a divulgação pode ser gratuita ou paga, mas não há transação eletrônica ideal para a compra. Já o marketplace atrai o consumidor qualificado (quem tem interesse em comprar de

fato), porém a concorrência é agressiva. Na loja virtual própria, pode-se criar algo personalizado, porém o empreendedor fica responsável pela divulgação. “Aproveite as redes sociais e o marketplace para captar os consumidores e, depois, pense na retenção dos clientes”, recomenda Sosa, que fundou a NuvemShop na Argentina, em 2012, para oferecer soluções na nuvem que apoiam o processo do e-commerce.

MEIOS DE PAGAMENTO

É essencial planejar os meios de pagamento, oferecendo conveniência e segurança aos clientes. Segundo o diretor comercial da Braspag, empresa do grupo Cielo, Luís Lima, no comércio eletrônico a solução de pagamentos é o sistema responsável por faturar as vendas, aceitar e gerenciar de maneira fácil e segura as diversas formas de pagamento, como cartões de crédito e débito on-line, boletos, transferências eletrônicas. A escolha de parceiros de meios de pagamento não pode ser uma etapa negligenciada. “Se o lojista errar ao escolher a solução de pagamento, todo seu investimento inicial em infraestrutura, mídia e até logística poderá ser perdido”, alerta o executivo.

PADRONIZAÇÃO

Na experiência de compra on-line, não é raro o consumidor adquirir um produto e receber o item errado. Uma das razões que explicam essa situação é a falta de padronização na identificação das mercadorias. “É importante

utilizar um código único em toda a cadeia, de preferência o mesmo já usado pelo fornecedor”, destaca o executivo de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá. O padrão global para identificação dos produtos é o GTIN. Para se ter uma ideia, o Google Shopping passou a exigir o GTIN para o cadastro de produtos (confira na matéria de capa). Outro ponto é que essa identificação precisa ser legítima, ou seja, não se deve inventar uma numeração. Desde 2011, com a implementação da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), na qual é obrigatório informar o EAN, a Receita Federal faz uma checagem junto a GS1 para verificar a integridade dessa codificação.

MARKETING

Para atrair clientes hiperconectados, é interessante lançar mão de vários recursos, como ter um site em versão mobile, já que os consumidores utilizam, cada vez mais, o smartphone para comprar. Outra dica é estar presente nas mídias sociais, afinal os brasileiros são muito engajados nessas plataformas. Segundo o consultor da camara-e.net, Elias Júnior, também é preciso produzir um conteúdo relevante e se tornar uma referência no seu segmento de atuação. “Hoje o blog é a melhor ferramenta para entrega de conteúdo relevante e capaz de fazer a venda acontecer. Compartilhe o conteúdo do blog nas mídias sociais”, orienta. Utilize também ferramentas para divulgação como e-mail marketing, remarketing e aplicativos. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 29


[JURÍDICO

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Fotos/Imagens: Thinkstock

Dentro da lei

Por Ticiana Werneck

Advogados especialistas em negócios digitais apontam os principais cuidados jurídicos para manter um e-commerce Engana-se quem pensa que operar um e-commerce é mais simples que administrar um ponto de venda. Para o vice-presidente executivo do Patricia Peck Pinheiro Advogados, Leandro Bissoli, a complexidade no universo digital, do ponto de vista jurídico, é tão grande ou maior do que a existente nas lojas físicas. “São muitas as ameaças invisíveis que rondam esse ambiente”, comenta. Uma delas, por exemplo, é a segurança das informações que, segundo a advogada do Opice Blum, Bruno, Abrusio e Vainzof Advogados Associados, Emelyn Zamperlin, deve ser a principal preocupação de uma loja virtual. “Ela assegura tanto a viabilidade econômica 30 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

da operação, diminuindo possíveis fraudes, quanto aumenta a credibilidade com o consumidor, que se sentirá à vontade para voltar a comprar.” Para evitar problemas jurídicos, a loja on-line precisa estar em conformidade com a Lei do E-commerce (Decreto Federal 7.962/13). Vale ressaltar, ainda, que até mesmo na internet a relação cliente-varejista é regida pelo Código de Defesa do Consumidor. Assim, todos seguem a mesma legislação e exigências, seja uma pequena loja virtual, seja um marketplace. Acompanhe, a seguir, os principais cuidados jurídicos a serem observados nas vendas on-line.


Transparência O varejista virtual precisa deixar visível no site uma série de dados, como:

Despesas embutidas na compra, como frete e seguro. Nenhuma taxa adicional deve ficar obscura; Opções e formas de pagamento; Resumo da compra no carrinho, no qual o cliente enxerga o que está comprando e tem a possibilidade de excluir algum item selecionado; Direito de arrependimento de sete dias, que pode ser usado para o consumidor trocar o produto depois de fazer a compra, sem restrição. O ônus do transporte da mercadoria é do lojista; Para troca de produtos com defeito, o prazo é de 30 dias. Se for um bem durável, 90 dias; Descrição detalhada dos produtos: destacando medidas, tipos de material, forma de uso, etc.; Por fim, o lojista deve confirmar o pedido do cliente, processo que ocorre, normalmente, por e-mail. CONTATOS DISPONÍVEIS Pela Lei do E-commerce, a loja virtual é obrigada a informar CNPJ/CPF, endereço e nome da empresa (ou do vendedor). Se puder oferecer telefone, e-mail ou até mesmo um chat on-line, melhor, pois garantirá uma boa relação com o consumidor. “Ao não inserir informações que a legislação exige, o varejista pode sofrer penalidades como multas de órgãos de defesa do consumidor”, diz Bissoli. As punições, dependendo do caso ou reincidência, envolvem suspensão do site ou encerramento da operação. TROCA E DEVOLUÇÃO Por tratar-se de uma compra não-presencial, o cuidado de ambas as partes – consumidor e loja on-line – precisa ser redobrado. O varejista deve manter os termos de uso, assim como a política de troca e devolução, em um campo visível do site. Tudo deve estar em linguagem acessível, evitando letras de tamanho pequeno ou termos técnicos. LONGE DE FRAUDES Diversas empresas oferecem soluções de análise de risco capazes de indicar se determinada compra em curso é uma fraude ou não. As inconformi-

dades podem acarretar em prejuízos ao lojista, que ficará sem o produto e sem o pagamento. Há, ainda, o risco de o site sofrer uma invasão e ter sua base de dados de clientes atacada ou clonada. “Nesse caso, o varejista pode ser responsabilizado, pois não protegeu adequadamente as informações dos clientes”, alerta Bissoli. ATENDIMENTO COMPLETO A lei determina que o cliente deve receber algum tipo de auxílio 24 horas por dia, sete dias por semana. Manter uma central de atendimento durante esse período é algo possível apenas para grandes companhias. Por isso, uma opção viável para as pequenas empresas é prestar suporte via atendimento automatizado como “Fale Conosco”, ou oferecer uma página de dúvidas frequentes (FAQ) onde constem os procedimentos básicos, regras de compra e outras informações sobre a loja. O objetivo é não deixar o consumidor sem respostas. RESPEITE O BANCO DE DADOS Pelo Marco Civil da Internet, exige-se do site ou aplicativo que arquive todos os dados de acesso durante o prazo de seis meses. “São informações referentes às compras e tentativas de compras, como horários e datas em que ocorreram, endereço registrado, nome,

números de cartão. Tudo que ajude a rastrear uma compra fraudulenta”, comenta Emelyn. INVISTA EM SEGURANÇA Tão importante quanto proteger as informações do cliente é demonstrar para ele essa preocupação. Não à toa, selos e certificados de segurança reconhecidos e estampados na página inicial do site ajudam a aumentar as taxas de conversão e reforçam a credibilidade junto ao usuário. Os mecanismos de segurança como criptografia, antivírus ou firewall, por exemplo, protegem não apenas os dados de pagamento, como as informações pessoais do consumidor. Vale lembrar que para toda operação on-line é obrigatório utilizar ferramentas de proteção de dados. PLATAFORMA PROTEGIDA Emelyn Zamperlin chama atenção para a proteção dos direitos durante o processo de desenvolvimento da plataforma. “É importante que o fornecedor do serviço, no caso o desenvolvedor, assine um contrato de confidencialidade, direitos autorais e não-concorrência”, reforça. Assim, o varejista fica protegido de um desenvolvedor mal intencionado que queira, posteriormente, divulgar informações para a concorrência. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 31


[PERFIL

[

Fotos: Divulgação

Para continuar crescendo

Por Ticiana Werneck

Com 62 anos de existência, a rede de supermercados Coop quer mais. Vem expandindo a atuação para novas regiões e formatos, como postos de gasolina e drogarias O supermercado Coop – Cooperativa de Consumo foi fundado em 1954 por um grupo de funcionários da Rhodia, multinacional francesa hoje pertencente ao Grupo Solvay, instalada no Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo. Em seus primeiros vinte anos de atuação, a cooperativa estava restrita a oferecer produtos apenas para os funcionários da Rhodia. Foi então que ocorreu uma virada. Após alterar seu estatuto, passou a atender qualquer pessoa que se interessasse em se tornar cooperado e o público em geral. A partir daí, a cooperativa teve diferentes estágios de evolução.

32 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“A Coop vem crescendo consistentemente, com fases mais aceleradas e outras de revisão e modernização, seguindo seu plano estratégico”, explica o diretor-presidente, Marcio Francisco Blanco do Valle. A cooperativa possui 5,9 mil colaboradores diretos e 29 unidades no Estado de São Paulo, sendo 21 no Grande ABC, uma em Piracicaba, três em São José dos Campos, duas em Sorocaba e duas em Tatuí. A rede passou a atuar no interior paulista mais recentemente. A empresa, que acaba de completar 62 anos de existência, não ficou restrita ao negócio de super-


Marcio do Valle, da Coop Gestão eficiente e inovação impulsionam a rede, que planeja a abertura de novas unidades em 2017

mercado. Em 2012, passou a investir em postos de combustíveis, que hoje somam três unidades. No ano seguinte, decidiu ampliar a divisão de farmácias, pois até então tinha apenas alguns estabelecimentos anexos às lojas de supermercado. Atualmente, são 11 drogarias de rua. Hoje, a Coop é considerada uma das principais cooperativas de consumo da América Latina e ocupa o 15º lugar no ranking dos maiores supermercados do País, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Em 2015, a empresa movimentou R$ 1,9 bilhão. “A expectativa para este ano é fecharmos com faturamento de R$ 2 bilhões”, comenta Valle, que conta com a perspectiva positiva de retomada do

crescimento da economia a partir de 2017. “Estamos preparados para acompanhar, no pelotão de frente, as oportunidades que têm surgido. Para o ano que vem, está prevista a abertura de três lojas de supermercados, um posto de combustíveis e quatro drogarias de rua”, diz. INVESTIMENTOS Atenta à evolução do mercado, a Coop foi uma das primeiras redes do País a investir na implantação dos caixas automáticos, ou self-checkouts, serviço que proporciona total autonomia para que o cliente registre sua compra e faça o pagamento, por meio de cartões de débito ou crédito, sem depender da ajuda dos operadores. Além de maior comodidade aos

consumidores, a facilidade garante aos lojistas reduzir em até 30% o tempo de espera nas filas, segundo indicam pesquisas de mercado. “Este novo sistema servirá de referência para a ampliação do serviço em outras unidades da rede. Os self-checkouts foram implementados há poucos meses e têm obtido ótima receptividade por parte dos usuários”, completa o executivo. Essa foi apenas uma das novidades implantadas em uma loja reinaugurada em Santo André (SP), que também recebeu uma nova tecnologia de sistema de refrigeração mais sustentável para alimentos congelados e refrigerados. E mais: ao longo de 2016, a rede investiu R$ 121 milhões na revitalização de lojas, que ganharam novos mobiliários, gôndolas, siste-

A Coop opera da mesma forma que um supermercado convencional, porém com algumas diferenças em relação à gestão. Por exemplo: o lucro de um supermercado é direcionado aos acionistas, já no caso de uma cooperativa, os ganhos são chamados de sobra e voltam aos cooperados, de forma proporcional às suas aquisições. Além disso, a empresa possui um programa de cursos gratuitos para os associados, nos quais é possível aprender uma nova forma de geração de renda. Outra característica é que, anualmente, na Assembleia Geral, é aprovada uma verba destinada a instituições beneficentes nos locais onde a Coop possui lojas.

Imagens: Thinkstock

COMO FUNCIONA O MODELO DA COOP

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 33


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PERFIL

ma de iluminação com lâmpadas de LED e comunicação visual. Outra inovação foi a criação do serviço multicanal Coop Retira, no qual o cliente compra pelo site e agenda um horário para buscar os produtos já embalados na loja. Inicialmente, o serviço está disponível em apenas uma loja, em Santo André, já equipada com vagas exclusivas de estacionamento para esse fim, além de seis colaboradores envolvidos na operação. O projeto, que vem sendo desenvolvido há um ano, está respaldado em tendências de varejo que apontam a multicanalidade como algo irreversível. Uma pesquisa de mercado encomendada pela empresa dá conta de que, entre 2013 e 2014, o percentual de brasileiros que retiram produtos adquiridos pela internet em lojas físicas e drive thru quadruplicou. COMUNIDADE Por ser uma cooperativa, a Coop oferece vantagens aos seus 755 mil associados ativos – são 1,7 milhão no

total. Entre elas estão: preço exclusivo, auxílio-funeral e programa de qualidade de vida. Em 2015, mesmo com os resultados abaixo do planejado, a empresa distribuiu aos cooperados os resultados positivos, chamados de sobras líquidas, no valor de R$ 15 milhões, montante retornado de forma proporcional às aquisições de cada associado no período. Desde 2011, a cooperativa promove, mensalmente, o Ciclo de Palestras para os cooperados, abordando temas como culinária, artesanato, saúde, beleza e bem-estar. Dessa forma, proporciona a eles novas experiências e aprendizados. A empresa tem também, por tradição, apoiar a comunidade por meio de um programa de responsabilidade social, que já beneficiou 221 instituições com uma verba de mais de R$ 4,5 milhões desde 2002. São exemplos desse tipo de iniciativa o Programa Troco do Bem e a comercialização da Revista Coop, que no terceiro trimestre fez

a empresa arrecadar R$ 161,4 mil para a Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais do Estado de São Paulo (APAE). “Toda essa relação com a comunidade faz parte dos nossos princípios como cooperativa”, comenta o diretor-presidente. Mas não é só isso. A Coop promove cursos gratuitos que auxiliam na geração de renda e programas educacionais voltados aos estudantes da rede pública e particular. São iniciativas que, somadas à gestão eficiente, renderam à empresa uma posição de destaque na categoria varejo do prêmio As Melhores da Dinheiro 2016, elaborado pela revista Isto É Dinheiro . A Coop ficou entre as cinco melhores nos cinco critérios de gestão do prêmio. Além disso, conquistou o terceiro lugar em responsabilidade social e a quarta colocação nos critérios recursos humanos, sustentabilidade financeira, inovação e qualidade, e governança corporativa. 7 898357 410015

Fotos: Divulgação

Investimento contínuo Além do self-checkout, a Coop aposta na revitalização dos pontos de venda e serviços para os clientes

34 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



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[EVENTO

Fotos: Paulo Pepe

Celebrando a automação

Por Denise Turco

Prêmio Automação, promovido pela GS1 Brasil, chega a sua 19ª edição, prestigiando empresas e profissionais que fazem a diferença a partir do uso dos padrões globais Mesmo em um ano tão difícil para o Brasil, em vários aspectos, muitas empresas, organizações e profissionais não deixaram de acreditar na inovação como diretriz para os negócios. Por isso, investiram em novas soluções de automação a fim de atingir a excelência. Para celebrar essas iniciativas, a GS1 Brasil promoveu o tradicional Prêmio Automação, realizado no mês de novembro no Tom Brasil, na capital paulista. A premiação, que chegou a sua 19ª edição, reuniu 700 convidados, entre representantes de instituições do mercado e de órgãos governamentais, grandes executivos, acadêmicos e imprensa. “Nosso País já enfrentou muitas adversidades e em todos os momentos se mostrou capaz de se adaptar às mudanças. Neste contexto, temos o grande desafio de identificar boas

36 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

oportunidades no mercado”, afirmou o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, na ocasião. O executivo parabenizou os vencedores do Prêmio por suas conquistas. “É uma honra reconhecer os cases das empresas que conseguiram, com criatividade e competência, destacar as soluções de automação e apresentar ótimos resultados”, ressaltou. Ele aproveitou, ainda, para agradecer aos parceiros e fornecedores o apoio às diversas iniciativas promovidas pela entidade ao longo de 2016. Neste ano, 22 cases foram inscritos e avaliados de acordo com três critérios: inovação (aplicação diferente das usuais no mercado), benefícios alcançados (análise das melhorias reais e quantificáveis) e relevância (tanto pela aplicação quanto pela empresa que o adotou).

A seleção dos ganhadores foi feita por um júri externo formado por representantes de empresas e entidades parceiras da GS1 Brasil. Entre os jurados estavam Rogério Oliva, da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD); Rodolpho dos Santos, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico; e Anita Gutierrez, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). Também analisaram os cases Romeu Grandinetti Filho, do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP); Beatriz Cristina Micheletto, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-São Paulo (SEBRAE-SP); José Roberto Prado, da Itaueira; Eber Martins e Eliseu Scorsim, do Conselho da GS1 Brasil.


“É uma honra reconhecer os cases das empresas que conseguiram, com criatividade e competência, destacar as soluções de automação” João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil

VENCEDORES DO XIX PRÊMIO AUTOMAÇÃO

Da esq. para dir.: Wanderlei Saraiva Costa, da GS1 Brasil; Irineu Fernandes, da GIC; José Humberto Pires, da GS1 Brasil; e André Campos, do Assaí Atacadista

Ao centro: Ênio Ferreira da Silva, da Pankz

Ao centro: Gustavo Barbosa,da Biblion À direita: Sérgio Gambim, da iTAG

Categoria: Identificação de Produtos

Categoria: Micro e Pequena Empresa

Categoria: Transporte e Logística

Assaí Atacadista

Pankz

Biblion

A empresa do Grupo Pão de Açúcar (GPA) investiu em soluções para automatizar o controle dos produtos na área de vendas, utilizando dispositivos móveis e padrões GS1. Com isso, obteve maior precisão e agilidade na operação. A GIC foi a parceira da companhia nesse projeto.

A empresa paulista produz mistura pronta para panqueca e tem capacidade produtiva de 3 mil unidades/ mês. A Pankz adotou o código de barras EAN-13 e o Cadastro Nacional de Produto (CNP) para a comercialização das mercadorias, o que está ajudando a fechar contratos com importantes redes do varejo.

A empresa, que oferece soluções e serviços logísticos para o mercado editorial, investiu na aplicação da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para fazer a conferência de livros e publicações enviados aos clientes. A solução foi desenvolvida com o apoio da iTAG.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 37


Da esq. para dir.: Wanderlei Saraiva Costa, da GS1 Brasil; Daniel Coelho Figueiro, do Carrefour; Marcio Milan, da ABRAS; e José Humberto Pires, da GS1 Brasil

Ao centro: Antônio Coelho Lima Junior e Felipe Coelho Lima, do JáCotei

Categoria: Rastreabilidade

Categoria: E-commerce

Carrefour

JáCotei

O Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA) é uma iniciativa da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) com o objetivo de estimular os produtores de frutas, verduras e legumes a adotarem boas práticas para garantir a segurança do alimento. O Carrefour foi a primeira rede supermercadista a participar do programa, implementando um sistema de rastreamento de produtos que utiliza os padrões GS1.

O site especializado em comparação de preços utiliza o Número Global do Item Comercial (GTIN) para mapear os itens na internet e apresentar o produto correto nas comparações de preços realizadas pelos usuários. O comparador foi criado no ano 2000 e possui mais de mil lojas cadastradas.

Categoria: UDI (identificação única)

Bionnovation Biomedical

A empresa, que oferece soluções para a reposição de implantes dentários, utiliza o padrão GS1 DataMatrix para exportar os itens para os Estados Unidos atendendo aos requisitos do FDA, órgão do governo norte-americano responsável por controlar alimentos e medicamentos. Da esq. para dir.: Carlos Eduardo Severini, da GS1 Brasil; Jeferson Tavares, da Bionnovation Biomedical; e Pedro Zidoi, da GS1 Brasil

Categoria: Saúde

Prati-Donaduzzi

Uma das principais fornecedoras de medicamentos genéricos para órgãos públicos do Brasil, a empresa utiliza o padrão GS1 DataMatrix para fracionamento de medicamentos e rastreabilidade em hospitais com o objetivo de proporcionar mais segurança ao paciente. Ao centro: Walter Batista, da Prati-Donaduzzi 38 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Categoria: Sustentabilidade

BHS – Brasil Health Service

Dedicada ao desenvolvimento de devices no segmento médico-hospitalar, a BHS foi pioneira na criação de um programa de inovação tecnológica para a gestão compartilhada do descarte de resíduos de medicamentos no País. A empresa utiliza o padrão EAN-13 para controlar o processo de descarte. Ao centro: José Francisco Agostini Roxo, da BHS Categoria: Educação

FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba

A faculdade montou o protótipo de uma cidade inteligente em suas instalações utilizando, por exemplo, a tecnologia RFID para o controle de acesso de pedestres e veículos na portaria da instituição. O padrão EAN-13 tem sido usado para gestão dos produtos vendidos na cantina. Ao centro: Regiane Relva Romano, da FACENS

Ao centro: Kami Saidi, da HP Brasil

Da esq. para dir.:Roberto Nunes Filho, da Revista SuperHiper; Maria Eugenia Saldanha, da GS1 Brasil; Raone Saraiva e Yohanna Pinheiro, do Diário do Nordeste

Categoria: EPC/RFID

Categoria: Imprensa

HP Brasil

Diário do Nordeste e SuperHiper

O Projeto Exceler 8 – Innovating Industry 4.0 da HP Brasil utiliza a tecnologia EPC/RFID instalada em um ambiente de computação em nuvem para que a empresa e seus parceiros acessem informações sobre a disponibilidade de computadores, desktops e tablets em tempo real.

Dois veículos de comunicação se destacaram por produzir reportagens sobre soluções de automação e os benefícios para o mercado. Os repórteres Yohanna Pinheiro e Raone Saraiva venceram o prêmio com a reportagem “Varejo conectado”. Outro ganhador foi Roberto Nunes Filho, da Revista SuperHiper, com a matéria “Do campo à mesa: FLV seguro e saudável”. [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 39


HOMENAGENS

SEBRAE-SP A entidade tem auxiliado a GS1 Brasil em seus eventos, disponibilizando palestrantes gratuitamente e divulgando ações relacionadas à automação entre as micro e pequenas empresas de sua base. O gerente do escritório Regional Capital Centro do SEBRAE-SP, Paulo Ribeiro, recebeu a homenagem.

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA O professor do Instituto Mauá de Tecnologia, Wânderson de Oliveira Assis, é responsável pelo expressivo aumento do número de aulas e eventos que disseminam os padrões GS1 junto aos universitários e profissionais de engenharia.

E-COMMERCE BRASIL O fundador e CEO do E-Commerce Brasil, Tiago Baeta, é um grande apoiador na divulgação dos padrões GS1 para o setor de comércio eletrônico nacional.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE DIRIGENTES LOJISTAS (CNDL) O presidente da entidade, Francisco Honório Pinheiro Alves, tem promovido a inovação junto aos lojistas de todo o País, ajudando a difundir os padrões GS1.

40 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


DIA DE FESTA Desde 2015, o símbolo do Prêmio Automação é a harpia, ave que representa força, visão ampla e agilidade, características que estão em sintonia com os diferenciais das empresas que adotam os padrões GS1. Os mestres de cerimônia, os jornalistas Rosana Jatobá e Nivaldo Prieto (foto à direita), conduziram o evento mostrando as ações inovadoras daqueles que apostaram na automação com base nos padrões GS1. A diversão ficou por conta dos shows da Família Lima e do Jota Quest, com participação especial da cantora Luiza Possi.

PRESENÇAS ILUSTRES

José do Egito e Rogério Oliva, da ABAD

Grande público prestigiou o evento

Virginia Vaamonde, da GS1 Brasil

Eber Martins, José Humberto Pires, Silveraldo Mendes e Eliseu Scorsim, da GS1 Brasil [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 41


[VENDAS

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Vendedor top Por Kathlen Ramos

A instabilidade política e econômica do País atingiu em cheio os resultados de muitas empresas. Para garantir que as contas fechem ao final do mês, a pressão no departamento de vendas aumentou, exigindo o possível – e o impossível – desses profissionais, que precisam cumprir metas agressivas. Além disso, o cenário traz desafios paralelos, como aperto no orçamento das companhias, aumento da concorrência, diminuição das margens e escassez de novos negócios. Assim, para driblar as dificuldades, o mais importante é se apoiar em metodologias e estudos sobre vendas e negociação, recomenda o professor, palestrante e consultor da GC-5 Soluções Corporativas, Alfredo Bravo. Aliás, a negociação, tanto na hora de comprar quanto de vender, passou a ser estratégica. “Para garantir maiores índices de lucratividade, as organizações buscam mais eficácia na gestão, fazendo uso principalmente das técnicas de negociação com for-

42 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

necedores e clientes para tornarem-se mais competitivas”, argumenta Bravo, que também é um dos autores do livro Gestão Estratégica de Vendas (Editora FGV Management). Outro passo importante é desenvolver um planejamento bem estruturado. De acordo com o professor nas disciplinas de vendas e marketing da Business School São Paulo (BSP) e CEO da K&G Sistemas, Enio Klein, um dos segredos, nesta etapa, é definir, primeiramente, quais serão os territórios de vendas e como atuar em cada um deles. “Atingir o País todo é tentador, mas requer uma capacidade de investimento que poucos têm. Daí a importância de atuar de forma direta nos mercados mais próximos e com capacidade de formação de opinião”, alerta Klein. Também é preciso criar condições para identificar as oportunidades. Nesse sentido, desenvolver ações de marketing que aproximem a empresa dos clientes potenciais é fundamental.

Imagens: Thinkstock

Diante de consumidores exigentes, o papel do profissional de vendas se transforma para garantir bons resultados

Para obter sucesso com um plano de vendas não basta ter produtos vencedores e de qualidade, mas deve-se compreender como as soluções serão oferecidas, seja em preço, seja em proposição de valor. É preciso ter clareza de quais benefícios tangíveis os clientes obterão. Por fim, também é importante que o planejamento seja revisto, a fim de contemplar mudanças ocasionadas por crises econômicas, fatores mercadológicos e outros, capazes de impactar os resultados. O planejamento bem definido ajuda os colaboradores a atingirem as metas, que são o combustível para conquistar resultados. “No entanto, é importante lembrar que uma boa meta precisa ser alcançável e esse é um dos grandes erros das empresas. Uma dica é defini-las de forma individual, pois cada vendedor é único e tem suas limitações”, analisa o coach, empre-


Táticas para maximizar os resultados Planejamento: defina a campanha de vendas e sua meta Conhecimento: informe-se sobre o seu público-alvo Capacitação: avalie e treine a equipe que irá participar do plano de vendas Mercado: conheça os concorrentes diretos e indiretos Clientes: analise e ajuste o seu mailing Abordagem: crie campanhas personalizadas para clientes novos e antigos Resultados: acompanhe e ajuste o plano estratégico sempre que necessário e se antecipe diante de novas demandas Atendimento: além de entregar um cartão e fazer perguntas ao cliente, adapte os conhecimentos e os argumentos de vendas para cada consumidor Sintonia: saiba reconhecer e respeitar os diferentes momentos do cliente. Forçar a finalização da venda atrapalha as negociações Contato: procure manter contato e mostrar ofertas e novas soluções, sempre com o foco de agregar valor às necessidades do cliente Fontes: consultores Alfredo Bravo e Jaques Grinberg

sário e palestrante, Jaques Grinberg. Além disso, estabelecer as comissões em percentuais do faturamento, o que aumenta a motivação. Quem vender mais, ganha mais. “Se for preciso ampliar a meta, aumente 5% para todos os vendedores e cada um terá um crescimento proporcional às suas condições. E, o mais importante: todos ficam mo-

tivados”, sugere Grinberg, também autor do livro 84 Perguntas que Vendem (Editora sermais+). NOVA ABORDAGEM A era digital tornou a busca de informações sobre produtos e serviços mais acessível aos consumidores. Antes, era papel do vendedor levar

seus folders e conhecimentos para o cliente, ou seja, ele era praticamente o único detentor de informações sobre aquilo que as pessoas precisavam comprar. Hoje, o consumidor não raro sabe mais do que o profissional de vendas. Assim, práticas como a ‘empurroterapia’ – termo que começou a ser usado no varejo farmacêutico, quando profissionais da área forçavam o cliente para a compra de um determinado medicamento, mas que se aplica a outras áreas – não funcionam mais. “Quando o consumidor sente-se pressionado durante uma negociação, ele pode desistir ou comprar para ir embora rapidamente e nunca mais voltar”, alerta Grinberg. Outro ponto é que se o cliente quiser apenas preço, ele pode comprar via e-commerce. Portanto, no cenário atual, o vendedor precisa encontrar novas abordagens para se destacar. E adotar cada vez mais uma postura de consultor para ajudar os clientes em suas escolhas. Nesse sentido, a capacitação é fundamental. Os especialistas recomendam que os profissionais de vendas conheçam a fundo o produto e/ou serviço, os concorrentes, o perfil e as necessidades dos clientes e o cenário econômico do País. 7 898357 410015

Perfil do profissional de vendas 1- Ser pró-ativo e ter foco na solução dos problemas dos clientes 2-Ter conhecimento técnico dos produtos e/ou serviços da empresa, mas também know how em técnicas de negociação, atendimento e vendas

3-Buscar qualificação, participar de cursos, palestras e ler livros que envolvam sua área de atuação

4-Ter visão sistêmica, conhecer a empresa e tomar decisões com base em indicadores de desempenho

5-Estar atento ao ambiente externo, a fim de adotar estratégias de

negociação coerentes com a conjuntura econômica e as necessidades da empresa [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 43


[MARKETING

Fotos/Imagens: Thinkstock/Divulgação

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Poder de atração Por Kathlen Ramos

Por meio do inbound marketing, empresas identificam quem está interessado de fato em um produto ou serviço, e desenvolvem campanhas mais específicas e assertivas


O universo digital fez com que o marketing tradicional se reinventasse para continuar atingindo os consumidores, que estão conectados, a qualquer hora e lugar, aos mais diversos tipos de plataformas – websites, blogs, redes sociais, sites de busca, aplicativos, entre outros. Neste cenário, um dos segmentos do marketing digital que vem crescendo é o inbound marketing. “O conceito compreende a captação de informações, o processamento desses dados com velocidade e o desenvolvimento de conteúdos relevantes para os clientes segundo a perspectiva deles e não da marca”, explica o professor de marketing da pós-graduação da ESPM, Gilmar Marques. Assim, em vez de entregar uma mensagem geral para todos e de acordo com o interesse da empresa, com o inbound marketing a ideia é criar ações atrativas e específicas para determinados públicos, com conteúdos publicados em canais digitais. O ponto de partida é transformar desconhecidos em potenciais clientes. Para isso, é preciso identificar as necessidades dos consumidores e os objetivos da marca. “Na sequência, entender que sem um bom e eficiente conteúdo, de nada adianta ter uma ferramenta para a estratégia”, esclarece o professor da Faculdade Impacta, Felipe Morais. Um dos principais benefícios dessa forma de se fazer marketing é que ela é bastante democrática e pode trazer resultados para empresas de todos os portes. “O desafio das grandes companhias é atuar como se fossem menores a fim de estreitar o relacionamento com seus clientes. As pequenas, que já atuam dessa forma, devem aproveitar e se comunicar de maneira mais intensa com seu público, oferecendo conteúdos que captem mais a atenção de pessoas que, eventualmente, se tornarão seus clientes”, resume Marques. Além disso, essa estratégia é mais acessível em relação, por exemplo, à publicidade tradicional em canal

Roger Melo, da Sellketing Princípio do inbound marketing é entrar no contexto do consumidor

de TV de grande audiência – algo nem sempre disponível para todos os orçamentos. Segundo o CEO da agência Target Mais, Marcus Calixto, o inbound marketing chega a ser 62% mais barato do que as campanhas de marketing mais tradicionais, também chamadas de outbound marketing. As empresas que utilizam blogs com conteúdo relevante conquistam 55% a mais de tráfego para o site. No entanto, essa nova visão não exclui as ações convencionais de publicidade. Cabe à companhia verificar a ferramenta e a abordagem mais adequadas para os seus objetivos, lembrando que no inbound marketing o ponto principal é o relacionamento personalizado. Já o do outbound é a massificação, ou seja, atingir o maior número de pessoas para ver quem se interessa em comprar o produto. ETAPAS O princípio do inbound marketing é entrar no contexto do consumidor e participar da jornada de compra de possíveis interessados, os chamados prospects. Para tanto, a empresa pode se apoiar em quatro pilares: atrair, converter, nutrir e vender, como explica o sócio-fundador da Sellketing, Roger Melo. A empresa é uma start-up especializada em inbound marketing. Na primeira fase, a atração, a empresa usa os meios digitais para despertar o interesse por um tema e levar o usuário para uma landing page (página de destino) de conversão. Nesse caso, podem ser usados blogs, portal da empresa e outras ferramentas, como Google Adwords ou Facebook Ads. O foco é centrado em conteúdos relevantes e diferentes para cada tipo de persona desenhada como potencial consumidor de um produto. Na etapa seguinte, a meta é converter um visitante (do site, blog, redes sociais, etc.) em lead, ou seja, a

pessoa que deu permissão à empresa para interagir com ela em função de um determinado tema. Em geral, é oferecido um conteúdo relacionado à necessidade do usuário (um e-book, por exemplo) e, para ter acesso a esse conteúdo, o visitante fornece dados de contato e, assim, permite o relacionamento. Já a nutrição é o processo realizado automaticamente por uma ferramenta que entrega conteúdos relevantes para os diferentes perfis de público. Dessa maneira, é possível qualificar o interesse do consumidor pela empresa e vice-versa. Durante o processo de nutrição, gera-se uma pontuação (scoring) do lead, qualificando o seu potencial. Quando um lead atingir um determinado grau de qualificação, esse contato é passado para o time de vendas com todo o histórico do relacionamento desenvolvido. As chances de se vender para um lead qualificado são oito vezes maiores do que para um lead sem qualificação. MUDANÇA GLOBAL A Informatica é uma empresa de origem norte-americana que está há 23 anos no mercado, atuando na área de integração de dados. Uma das estratégias globais da companhia, que possui um escritório em São Paulo (SP), inclui o inbound marketing. “Antes de adotarmos esse conceito, utilizávamos o marketing tradicional, com anúncios em revistas, campanhas de e-mail, patrocínios de eventos e realização de webinars. Mas sentíamos que faltava integração das atividades e [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 45


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MARKETING

Simone Orlandi, da Informatica Com inbound marketing, retorno da empresa subiu de 5% para 20%

também meios de mensurar o retorno de cada ação”, comenta a diretora de marketing América Latina da empresa, Simone Orlandi. Assim, em 2013, a companhia decidiu integrar as atividades para atingir de forma mais efetiva seu público-alvo por meio do inbound marketing. Uma das ações realizadas foi o envio de e-mail marketing sobre vários assuntos, e quem se interessasse poderia fazer o download de um e-book mediante um cadastro prévio. Conforme o interesse ia aumentando, a Informatica enviava mais materiais sobre o tema. Dessa forma, a empresa conquistou leads interessantes. A reestruturação do marketing também contemplou novo site, blog e mídias sociais com posts frequentes. Quando o lead atinge uma determinada quantidade de pontos que o qualifica como ‘grande potencial’, a

força de vendas da Informatica entra em ação. “Agora, o retorno que era de 5% passou para 20%. Conseguimos aumentar os resultados e reduzir os custos, tendo em vista os preços altos que uma publicidade tradicional exige”, comemora Simone. AUMENTO NAS VENDAS A Kirmayr Tennis Experiences é outra empresa que tem se beneficiado com o inbound marketing. Localizado na cidade de Serra Negra (SP), é o único programa acadêmico tenístico da América Latina, criado pelo atleta Carlos Alberto Kirmayr, reconhecido por suas grandes vitórias no mundo do tênis. Uma vida inteira dedicada ao esporte permitiu a Kirmayr criar, em

1983, essa empresa com estrutura voltada para o treinamento e preparação de atletas de alta performance, possibilitando que jovens tenistas brasileiros tentem se profissionalizar na área ou tenham acesso às universidades internacionais por meio de bolsas de estudo. “Geralmente, recebemos alunos de 14 anos que passam a morar no complexo. Eles são preparados para o esporte e conduzidos aos estudos, inclusive de inglês, para que estejam aptos a entrar em universidades americanas”, explica o diretor de marketing da Kirmayr Tennis Experiences, Alexandre

Tendência global A pesquisa on-line “Estado do Inbound 2016”, desenvolvida pela empresa norte-americana HubSpot, entre fevereiro e maio de 2016, consultou 4,6 mil profissionais de marketing nos cinco continentes. Confira as prioridades nos projetos de inbound marketing apontadas pelo estudo:

64%

41%

44%

criação de conteúdo visual (infográfico)

distribuição de conteúdo

aumento da presença orgânica/SEO

55%

criação de conteúdo de blog

48%

criação de conteúdo interativo

45%

automação em marketing


Fotos: Divulgação

Entrando no jogo Kirmayr Tennis Experiences apostou na criação de um blog e conseguiu aumentar o número de alunos

Klein Maraucci. Outro serviço oferecido são as Clínicas de Tênis, abertas ao público em geral, que visam aperfeiçoamento e desenvolvimento no esporte. A Kirmayr promovia ações focadas em redes sociais, mas no formato de anúncios tradicionais. No entanto, nem todos os objetivos eram atingidos. Ao aderir ao inbound marketing, uma das primeiras mudanças foi o desenvolvimento de um blog para contar histórias sobre a carreira de Carlos Alberto Kirmayr e mostrar informações sobre o complexo esportivo. Nas redes sociais,

os posts passaram a direcionar para o conteúdo do blog e do site. Outra mudança importante foi apresentar informações para públicos diferentes: o aluno que sonha em ser um profissional do tênis; o estudante que deseja ingressar numa universidade americana e usar o esporte para conseguir uma bolsa de estudos; o pai do aluno que, mais racional, quer saber preços e resultados do curso; e a mãe que, mais emocional, quer saber se o seu filho estará bem instalado e será bem cuidado. Diante dessas mudanças, o incremento nas vendas surgiu de forma

natural. A Clínica de Tênis, por exemplo, tinha como meta conquistar 150 alunos no inverno de 2016 e conseguiu 153, alta de 25% em relação ao que foi alcançado no mesmo período de 2015, revela Maraucci. Isso porque o trabalho com inbound marketing começou em maio deste ano e os resultados já foram conquistados em julho. Para chegar aos leads, a Kirmayr adota o mesmo processo usado pela Informatica: conforme os interessados vão clicando nos conteúdos, eles “ganham pontos” e, com esse parâmetro, consegue-se estabelecer o grau de interesse das pessoas e trazer, assim, resultados mais efetivos. 7 898357 410015

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www.seal.com.br [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 33


[PESQUISA

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Experiência única Por Kathlen Ramos

Diante de múltiplos canais para as compras – lojas físicas, e-commerce, redes sociais, representantes de vendas, entre outros – , o consumidor deseja ter a mesma experiência em todos eles e ser reconhecido como único. Essa é uma das conclusões do estudo “Ecossistema Omnichannel: a visão de consumidores e empresas no Brasil”, realizado no segundo semestre pela GS1 Brasil, em parceria com a H2R Pesquisas. O levantamento teve como objetivo mapear as preferências de consumidores que acessam informações sobre produtos, empresas e marcas, por meio de vários canais no ambiente físico e virtual. Além disso, buscou compreender que tipos de ação as empresas estão desenvolvendo para atender às necessidades de seus clientes. O estudo foi elaborado a partir de várias metodologias, utilizando referências bibliográficas, análise de mercados e estudos de cases. Além de

48 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

pesquisa qualitativa, com 20 entrevistas em profundidade com líderes empresariais, executivos e consultores. Para completar, pesquisa quantitativa on-line com 418 consumidores de diferentes faixas etárias e residentes em todas as regiões do País. A margem de erro é de 4,8 pontos para cima ou para baixo. “O novo consumidor omnichannel é digital, conectado, multicanal, multimídia e altamente informado. Isso cria um novo modelo de consumo baseado na intimidade com vários ambientes simultaneamente”, afirma a gerente de pesquisa e desenvolvimento da GS1 Brasil, Marina Pereira. O estudo identificou que, sob o olhar dos consumidores, o termo omnichannel significa poder satisfazer suas necessidades onde e quando desejar, sem restrições de local, horário ou meio. Já para as empresas, esse conceito pode ser resumido como a

Imagens: Thinkstock

Estudo da GS1 Brasil desvenda as preferências do consumidor omnichannel e os desafios para as empresas nesse novo cenário

convergência de todos os canais e informações, com o objetivo de alavancar as vendas de lojas físicas e virtuais. O levantamento concluiu que, atualmente, a decisão de compra do consumidor é orientada por diversos meios, como consulta à internet, loja, catálogo, call center e aplicações móveis. Esse novo comportamento obriga as companhias a assumirem um atendimento consistente e integrado em todos os canais de que dispõem. “As empresas precisam se adaptar a esta nova realidade, na qual o consumidor não aceita mais que os canais on-line e físicos tenham preços diferentes”, comenta a diretora da H2R Pesquisas, Alessandra Frisso. Na prática, o omnichannel ainda não é aplicado de forma plena. As empresas encontram-se em fases distintas. Ainda se observa, por exemplo, muitos negócios operando no modelo single channel, caracterizado por compa-


Etapas do omnichannel

Na avaliação dos entrevistados, o Brasil está no estágio 3 de implantação de omnichannel, com iniciativas espontâneas e segmentadas, mas que ainda não são estratégicas

Canais não integrados

Foto: Paulo Pepe

nhias que têm apenas loja física ou virtual; ou multichannel, no qual a organização possui os dois canais, mas cada um deles opera com autonomia. Outro conceito, o cross channel, indica quais canais são parcialmente integrados, mas o consumidor não consegue, por exemplo, comprar na loja virtual e trocar na loja física. Por fim, no omnichannel a experiência é completa, pois a empresa tem uma visão holística do cliente, isto é, entende toda a sua jornada de compra. Mas já é possível identificar algumas experiências que trabalham o omnichannel de forma eficiente. Alessandra Frisso conta, por exemplo, que a Calçados Bibi, empresa

Algumas empresas brasileiras promovem ações inovadoras, porém isoladas, que estão mais avançadas no estágio 7

Brasil

gaúcha focada no público infantil, acompanha o crescimento do pé da criança e fornece uma consultoria para os pais nas compras ao longo do tempo. Já a Amaro, marca de moda on-line com sede em São Paulo, recentemente saiu do universo virtual e abriu algumas lojas físicas que funcionam apenas como provadores das peças. A ideia é que o consumidor possa conhecer melhor a marca antes de efetuar a compra. INTEGRAÇÃO TOTAL Estar presente em diferentes canais é uma estratégia que desafia as empresas em vários aspectos. Um deles diz respeito à integração dos sistemas de informação e logística da loja física e das plataformas digitais. Nesse sentido, é fundamental que as empresas atuem para que a identificação de seus produtos seja padronizada e integrada. Isso porque o estudo aponta que 79% dos entrevistados concordaram que o código de referência do produto deve ser o mesmo

Marina Pereira, da GS1 Brasil Consumidor omnichannel é digital, multimídia e altamente informado

Visão holística do consumidor

em qualquer ponto de contato. Além disso, 68% deles disseram valorizar a rastreabilidade dos produtos, tanto no ambiente físico quanto no virtual. Para conseguir isso, algumas soluções já podem ser usadas com sucesso. Entre elas, o Número Global do Item Comercial (GTIN), desenvolvido pela GS1 e representado pelo código de barras, que identifica o produto de forma única em qualquer canal. “Ele facilita o controle de circulação de mercadorias em todos os processos da cadeia de abastecimento, ou em qualquer outra fase na qual seja necessária a captura de dados”, explica Marina Pereira. Além disso, a solução otimiza os processos de logística, já que, quando a compra é feita on-line, o consumidor consegue acompanhar os caminhos da entrega do produto até sua casa. O Cadastro Nacional de Produtos (CNP) é outra ferramenta desenvolvida pela GS1 Brasil que pode igualmente ajudar nessa integração. “Se temos um produto cadastrado no CNP, varejo e indústria ganham, com informações padronizadas e corretas de ponta a ponta, ajudando-os a se relacionar mais e melhor com o consumidor final nesse universo omnichannel”, finaliza Marina. 7 898357 410015

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[JOGO RÁPIDO

Imagens: Thinkstock

Incentivo ao varejo

Projetos do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) buscam impulsionar a produtividade e a competitividade do setor Para apoiar a inovação do varejo e ajudá-lo a ser mais competitivo, o governo federal, por meio da Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (SCS/MDIC), tem trabalhado em diversas iniciativas a fim de contribuir com a produtividade desse segmento no País. Um dos mais recentes projetos é a implementação da política pública denominada Laboratórios do Varejo, que visa o aperfeiçoamento das atividades do setor. Nesta entrevista, o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Marcelo Maia, fala sobre as iniciativas direcionadas ao varejo nacional, que contam com o apoio e a colaboração da GS1 Brasil. Na visão do MDIC, qual é a importância do segmento de varejo no País? O setor de varejo tem cada vez mais se consolidado como protagonista das grandes economias mundiais, não somente pela capacidade de geração de emprego e renda, mas também por conseguir traduzir os desejos e as necessidades dos consumidores em produtos, processos e serviços. Quando falamos do varejo brasileiro, nos referimos a um dos maiores mercados de consumo do mundo e de grande interesse para players globais, muitos deles presentes há várias décadas no País. Até 2014, o setor experimentou uma década de crescimento consistente, em virtude do expressivo aumento da classe média, da renda e da expansão do crédito. Entretanto, a atual conjuntura econômica tem trazido novos desafios. A busca por produtividade e competitividade se tornou agenda imprescindível para que o varejo possa contribuir decisivamente para a retomada do crescimento no País. 50 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Quais são as ações da Secretaria voltadas ao setor de comércio? A principal delas foi a criação do Fórum de Competitividade do Varejo, em 2015, que tem papel fundamental na estruturação e encaminhamento de uma agenda voltada especificamente a temas de interesse do setor. O Fórum conta com a participação de algumas das principais instituições representativas do varejo nacional, e nas suas reuniões periódicas são definidas as ações prioritárias da Secretaria. Além dos assuntos estruturantes, como modernização da legislação trabalhista, qualificação e capacitação, simplificação tributária, etc., as discussões buscam incluir um olhar para o futuro, trazendo para o debate temas como, por exemplo, comércio eletrônico e negociações internacionais. Além disso, a participação da Secretaria em eventos mundiais – como a NRF Retail’s Big Show – também colaborou na identificação de projetos que possam contribuir com a produtividade e a competitividade dos varejistas. No que consiste o projeto Laboratórios do Varejo? Nesse ambiente criado para a convergência de esforços entre o setor público e o privado, como uma das iniciativas do Fórum, iniciou-se a discussão do projeto Laboratórios do Varejo ou retail labs, que conta também com a parceria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O objetivo do projeto, neste primeiro momento, é conhecer as diversas formas de organização de laboratórios do varejo. O segundo passo a ser tomado é finalizar, em conjunto com o setor privado nacional, os diagnósti-

Foto/Imagem: Thinkstock/Divulgação MDIC

Por Denise Turco


cos do mercado para, na terceira etapa, desenvolver uma metodologia que oriente a atuação do governo federal e/ ou que possa ser utilizada por empresas varejistas, entidades ou academia na implantação de laboratórios do varejo. A iniciativa também deve auxiliar a divulgação dos instrumentos já existentes para o fomento da inovação no País e, caso necessário, verificar a necessidade de ajustes para o atendimento das características específicas do setor varejista. O MDIC buscou referências em empresas e instituições nacionais e internacionais com a finalidade de elaborar esse projeto? As equipes técnicas da SCS/MDIC e ABDI visitaram diversos laboratórios do varejo no Brasil e no exterior, especificamente os estabelecidos no Vale do Silício, nos Estados Unidos, com a intenção de conhecer melhor as diversas soluções disponíveis. Usualmente, os retail labs são espaços para o desenvolvimento de soluções inovadoras, que vão desde o uso de tecnologia digital até a aplicação e testes de novas tendências no atendimento a clientes e disposição da loja, utilizando ou não pesquisas sobre o comportamento do consumidor. A conexão entre todas as experiências está na busca pelo aumento de competitividade e produtividade do setor varejista.

De que forma a GS1 Brasil pode colaborar para essa política pública? Considerando a atuação e a expertise da GS1 Brasil e a parceria exitosa em diversos projetos com a SCS/MDIC, entendemos como fundamental a sua contribuição para construção desse projeto, não só pela referência, com o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), mas também para somar esforços na disseminação de novas tecnologias e capacitação do setor no País. A parceria entre esta Secretaria e a GS1 Brasil já é de longa data e, como exemplo, podemos citar a participação importante da GS1 Brasil durante todo o processo de discussões no projeto que elaborou um diagnóstico sobre o uso etiquetas inteligentes no mundo, finalizado em 2014. Nessa análise, verificou-se o potencial de uso e produção de etiquetas inteligentes no País nos aspectos técnico, político e econômico. Os resultados estão disponíveis no site do MDIC: www.mdic.gov.br/comercio-servicos/a-secretaria-de-comercio-e-servicos-scs-14/ apresentacao. Quais são as expectativas em relação ao retail lab? A SCS/MDIC acredita que desenvolver projetos desse tipo – por meio da parceria entre governo, setor privado e academia – pode ajudar a melhorar o ambiente de negócios e torná-lo mais favorável à inovação e, consequentemente, promover a competitividade e produtividade do setor terciário no País, pois ajuda a criar um canal de transferência de conhecimento, pesquisa e, acima de tudo, cooperação entre os envolvidos. 7 898357 410015

“A busca por competitividade se tornou imprescindível para que o varejo possa contribuir para a retomada do crescimento no País” Marcelo Maia, secretário de Comércio e Serviços do MDIC


Fotos/Imagens:Thinkstock

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[EMPREENDEDORISMO

Adeus, informalidade! Por Ticiana Werneck

Os microempreendedores individuais já ultrapassam a marca dos 6 milhões no Brasil. Entenda os benefícios da formalização Ele exerce um trabalho formalizado, paga uma tributação reduzida e fixa por atividade, e tem direito a benefícios como aposentadoria e licença-maternidade. São mais de 400 opções de atividades, sendo que as mais exercidas se inserem nos setores de comércio e prestação de serviços. Esse é o perfil do Microempreendedor Individual (MEI), figura que passou a existir no Brasil em 2009, fruto da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. A desburocratização da abertura do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) – processo que pode ser feito pela internet – foi uma das conquistas mais importantes da legislação. Hoje, 6,5 milhões de pessoas já aderiram a esse sistema, segundo o Serviço de Apoio às Micro e

52 out/nov/dez 2016 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Pequenas Empresas (SEBRAE), alcançando uma média de cem registros por hora. Muitos eram trabalhadores informais, antes de se registrarem. Pela definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quem trabalha por conta própria não tem CNPJ e atua explorando seu próprio empreendimento. No País, há 22 milhões de pessoas com esse perfil; todos candidatos a se tornarem MEI. Para ser um microempreendedor individual é necessário faturar até R$ 60 mil por ano, ou R$ 5 mil por mês, não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e contratar no máximo um funcionário que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria. A novidade é que, a partir de 2018, o teto anual de faturamento subirá


Perfil do MEI

52,6% homens

40%

não concluíram o ensino médio

Sudeste é a região que concentra mais microempreendedores individuais (51%)

Setores com maior número de microempreendedores individuais Comércio: Serviços: Indústria: Construção civil: Agropecuária:

O principal motivo para se tornar MEI são os benefícios do INSS

47,4% mulheres

Local de trabalho

37,4% 37,2% 15,3% 9,5% 0,6%

77% pretendem transformar seus negócios em microempresas no futuro

53% na própria residência 28% em estabelecimento comercial 12% na rua 7% na casa ou na empresa do cliente 1% em shoppings ou feiras populares

Fonte: Pesquisa Perfil do Microempreendedor Individual 2015/SEBRAE

para R$ 81 mil, conforme lei sancionada pelo presidente Michel Temer, em 27 de outubro. Trata-se do Projeto de Lei Complementar (PL) 25/2007, intitulado Crescer Sem Medo, que também aumentou o prazo para o parcelamento de débitos tributários de micro e pequenas empresas. As novas medidas contribuirão para o empreendedorismo no País. O MEI enquadra-se no Simples Nacional e é isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). A única despesa é o pagamento mensal do imposto, que varia de R$ 45 a R$ 50, dependendo do setor de atuação. O cálculo corresponde a 5% do salário mínimo, a título de contribuição para a Seguridade Social, mais R$ 1 de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e/ou R$ 5 de Imposto sobre Serviços (ISS). O MEI tem direito a benefícios previdenciários, como auxílio-materni-

dade, auxílio-doença, aposentadoria, entre outros. Segundo o gestor do MEI do SEBRAE-SP, Filipe Rubim, a formalização também traz vantagens como acesso a linhas de crédito específicas e emissão de nota fiscal, facilitando a negociação direta com fornecedores. Seja qual for o ramo dos negócios, a maioria dos informais que partem para o MEI registra aumento do faturamento, melhora o controle financeiro e consegue ampliar os investimentos. DEMANDA POR INFORMAÇÃO Segundo Rubim, que coordena, no SEBRAE-SP, os projetos de capacitação para MEIs, o desconhecimento desse público acerca dos seus direitos e deveres é grande. Em parte, esse fato está relacionado ao perfil desses trabalhadores: 76% não têm experiência como empreende-

dor, pois antes eram empregados, donas de casa, estudantes, aposentados ou desempregados. Isso explica, parcialmente, a alta inadimplência de 59%. A recessão contribuiu para esse cenário, assim como o aumento do desemprego, o que impulsionou o número de brasileiros que abrem seu próprio negócio. Segundo a Receita Federal, seis em cada dez MEIs estão inadimplentes com o recolhimento dos impostos, em atraso há mais de 90 dias. “A maioria não procura assistência profissional contábil e desconhece que o pagamento do tributo é obrigatório, mesmo se a empresa não faturou no mês”, comenta o contador e sócio da consultoria Gorioux Faro, Fernando Segato Afonso. Ao se formalizar, o MEI também passa a ter, conforme o caso, a exigência de alvará de funcionamento e de escrituração contábil. 7 898357 410015

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[RASTREABILIDADE

[ Imagens: Thinkstock

Nutrindo processos seguros

Da redação

Conheça as iniciativas da GS1 Brasil para apoiar as empresas na promoção da rastreabilidade de alimentos Para garantir a compra de um alimento seguro ao consumidor, a rastreabilidade torna-se cada vez mais necessária. Para as empresas, esse mecanismo oferece vários benefícios do ponto de vista do negócio: melhora a gestão, propicia controles mais efetivos e traz sustentabilidade financeira. Assim, a rastreabilidade sempre foi uma bandeira da GS1 Brasil, que desenvolve padrões para a cadeia de suprimentos que, aliados a outras ferramentas e estratégias, auxiliam as companhias a colocarem em prática os processos para monitorar o alimento desde sua origem até a mesa do brasileiro. Nesse sentido, a mais recente iniciativa da entidade é o apoio ao Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA), promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Os objetivos do programa são: promover a rastreabilidade de frutas, legumes e

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verduras (FLV) dos produtores que fornecem para os supermercados e monitorar o nível de agrotóxicos nos alimentos. A adesão é voluntária e as empresas participantes têm acesso a um conjunto de informações que permite o desenvolvimento de seus fornecedores e produtores de FLV para a comercialização de mercadorias de qualidade. O RAMA conta com a coordenação técnica da PariPassu, detentora de uma plataforma tecnológica para controle de origens e destinos de produtos. Hoje, as 42 redes de supermercados participantes do RAMA representam 25% do share de FLV comercializado pelo varejo. “A rastreabilidade é o ponto de partida para um processo de organização da cadeia de abastecimento. A partir dos registros documentados pelos diversos agentes participantes é possível monitorar, de forma integrada, o caminho do alimento e iden-

tificar pontos críticos de controle”, pontua o superintendente da ABRAS e responsável pela gestão do RAMA, Marcio Milan. Desde que criou o programa em 2011, a ABRAS mantém uma agenda contínua de melhorias. Com o projeto maduro e a cadeia de suprimento mais consciente sobre a importância da automação, a organização convidou a GS1 Brasil para fazer a padronização das etiquetas em caixas e paletes de FLV com a aplicação do GS1-128, código de barras destinado às áreas de transporte e logística e ideal para dar suporte à rastreabilidade. Segundo o executivo de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi, a entidade presta assessoria técnica a seus associados no desenvolvimento e certificação da qualidade dos códigos para um melhor desempenho no momento da leitura das etiquetas nos centros de distribuição (CDs) dos supermercados.


Foto: Divulgação

Marcio Milan, da ABRAS Rastreabilidade é o ponto de partida para o processo de organização da cadeia de abastecimento

Na opinião de Milan, o padrão GS1 permite organizar de forma estruturada a comunicação e o registro da informação entre os elos da cadeia. “Estamos conseguindo alinhar automação, segurança do alimento e rastreabilidade, seguindo os padrões sugeridos pela GS1”, afirma o executivo da ABRAS. PADRÃO EFETIVO Neste ano, o Carrefour, que possui 160 lojas no Brasil, foi a primeira empresa do varejo a adotar o GS1-128 para identificação das caixas e paletes de FLV no âmbito do RAMA e associado ao sistema de rastreabilidade da PariPassu. O coordenador de qualidade do Carrefour, Diego Coelho Figueiro, enumera algumas vantagens da adoção desse padrão: automação do recebimento e expedição, controle de estoque, inspeção de qualidade com a captura dos dados adicionais do produto, como data de validade e número de lote, acuracidade da informação e eficiência no desempenho. “Além disso, possibilita comunicar de forma automática e em tempo real os agentes envolvidos se ocorrer algum problema, garantindo a transparência nas relações entre as partes envolvidas”, ressalta Figueiro. O recebimento de mercadorias realizado com a leitura dos códigos GS1-128 aliado às informações de origem, produtos e fichas técnicas, geraram uma redução de 20 minutos no fluxo de informação por inspeção das cargas movimentadas no CD do Carrefour localizado em Itapevi

(SP). No mesmo armazém, a empresa projeta uma economia anual de R$ 250 mil em retorno de tempo e disponibilidade dos funcionários para atividades menos operacionais e mais estratégicas para a garantia da qualidade do alimento. Diante desses resultados, essas práticas serão ampliadas para outros quatro CDs da companhia. No primeiro semestre deste ano, 67% dos fornecedores do Carrefour passaram a fazer parte do sistema de rastreabilidade, com um volume de 7,2 mil toneladas rastreadas entregues nos CDs da empresa. Até o final de dezembro de 2016, o objetivo é atingir 80% do volume de FLV. CONHECIMENTOS AMPLIADOS A GS1 Brasil possui outras iniciativas relacionadas à rastreabilidade. Em outubro, e entidade promoveu o “Seminário de Segurança do Alimento” em sua sede na capital paulista, reunindo produtores rurais, indústrias, distribuidores e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O objetivo foi mostrar as boas práticas do mercado, destacando a necessidade de identificação do produto na origem a fim de garantir a rastreabilidade em todo o processo. Representantes de empresas e instituições como BRF, Coop-Cooperativa de Consumo, Citrícola Lucato e SENAI Alimentos apresentaram as novidades sobre o tema. Em busca de tendências para o setor de alimentos, a GS1 Brasil in-

tegrou a comitiva nacional que esteve na convenção e exposição Fresh Summit, realizada, anualmente, pela Produce Marketing Association (PMA), associação responsável por promover o consumo de FLV. O evento ocorreu na Flórida, Estados Unidos, em outubro. Em uma ação conjunta, a PMA e a ABRAS organizaram a participação da comitiva brasileira com 70 pessoas, a maioria produtores rurais e varejistas. “A grande tendência observada é as empresas oferecerem aos consumidores frutas, legumes e verduras embalados de forma unitária, garantindo a qualidade e a segurança do alimento. Além disso, a aplicação da identificação única e exclusiva desses produtos desde a sua origem já é uma realidade. O GS1 DataBar é amplamente adotado no mercado norte-americano. São grandes cases de aplicação para futuros projetos no Brasil”, conta Nilson Gasconi. A entidade também marcou presença no “Seminário Internacional de Rastreabilidade” promovido pela GS1 Chile na capital do país, Santiago, que reuniu mais de 300 executivos e especialistas do setor para compartilhar experiências de rastreabilidade em diferentes segmentos do mercado. O vice-presidente da GS1 Brasil e um dos proprietários da Itaueira, José Roberto Prado, apresentou as boas práticas de rastreabilidade da empresa, produtora do melão Rei, em conjunto com a aplicação do uso dos padrões GS1 do campo até o consumidor final. “A Itaueira planta sabor”, afirmou Prado. 7 898357 410015

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[RADAR

Por Claudia Manzzano

Em Caldas Novas, as águas termais não deixam o clima das férias esfriar em qualquer época do ano O oitavo destino mais procurado do Brasil tem piscinas naturais, parque de diversões e temperaturas altas o ano todo. A cidade de Caldas Novas fica em Goiás e recebe cerca de 4 milhões de turistas por ano. A grande atração do local são as águas termais de até 68°C que emergem de poços com mais de mil metros de profundidade. Os turistas são a principal fonte de renda da cidade, e a estrutura para recebê-los está tanto em áreas públicas quanto nos hotéis e resorts. Mesmo recebendo pessoas de todo o País, Caldas Novas preserva o jeitinho de interior. “O clima é de cidade pequena, povo acolhedor e liberdade para andar nas ruas sem perigo,

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porém com facilidades que podem ser encontradas em várias capitais”, frisa o secretário de turismo, Ivan Garcia. Caldas Novas possui 83 mil habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade vizinha, Rio Quente, que também é repleta de águas termais e resorts, tem apenas 4 mil habitantes. Uma curiosidade local é que, em 1964, o médico Ciro Palmerston descobriu as propriedades medicinais das águas termais e fundou a Pousada do Rio Quente. O local se tornou um complexo, hoje denominado Rio Quente Resorts (a 34 km do centro de Caldas Novas). Das 18 nascentes dos rios da região escoam 6,5 milhões de litros de água/hora a 37,5° C.

Fotos: Divulgação Secretaria Turismo Caldas Novas

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Sempre em alta


ATRAÇÕES As águas termais que regam as mais de 300 piscinas de Caldas Novas têm temperaturas que variam de 37°C a 44°C. Elas estão espalhadas pelos resorts, parques aquáticos e hotéis. Esses estabelecimentos oferecem, além da hospedagem tradicional, ingressos para passar o dia em suas instalações. Nesses espaços, as atrações vão desde piscinas naturais, toboáguas e bares aquáticos, passando por práticas esportivas (caiaque, mergulho, arvorismo, etc.), até um parque com programação 24 horas.

de Caldas Novas e Rio Quente. É possível, ainda, visitar o Lago Corumbá, onde se faz passeios de barco e pesca. PÚBLICO Em períodos de feriados e férias escolares, jovens casais e famílias com crianças são maioria na cidade. Já na baixa temporada, a terceira idade aproveita a tranquilidade local. Para fazer bom proveito da região, é preciso bastante atenção com os pequenos. Embora todos os parques tenham guarda-vidas, o cuidado dos pais é indispensável para a segurança dos

Destino certo Águas termais, aventura e gastronomia de Caldas Novas atraem turistas de todo o País

ECOTURISMO Os amantes da natureza podem aproveitar a viagem para conhecer, por exemplo, o Parque Estadual Serra de Caldas, que apresenta o cerrado aos turistas com muitas trilhas e cachoeiras. Ele foi criado em 1970 para proteger as nascentes das águas termais e está localizado entre os municípios

filhos nas piscinas. Alguns resorts e hotéis contam com equipes de apoio exclusivas para acompanhá-los, além de programação com brincadeiras. “Também recomendamos que as famílias levem roupas leves e protetores solares, pois a região é bastante quente”, aconselha a gerente de produtos para Caldas Novas da CVC, Manuela Rodrigues. GASTRONOMIA Caldas Novas conta com a riqueza da cozinha goiana, mas, devido à proximidade com Minas Gerais, também tem influência dos mineiros em sua gastronomia. Os pratos típicos são peixe na telha e arroz com pequi. O suã

(carne de porco) com arroz e o arroz com galinha também fazem sucesso entre os turistas. Outra sugestão é experimentar doces e cachaças. Aliás, as cachaçarias artesanais seguem a tradição dos antigos alambiques de cobre das fazendas coloniais, com a bebida envelhecida em barris de madeira nobre. É possível degustar diversos produtos em uma visita. VIDA NOTURNA Um ponto interessante é aproveitar as piscinas, saunas e ofurôs naturais que ficam abertos durante a noite. Para quem gosta de balada, há bares nos próprios resorts e hotéis que têm apresentações de música ao vivo. O ritmo sertanejo e as serestas são os estilos mais tocados, mas boates e barzinhos oferecem outras opções. No entanto, a cidade não nega suas tradições e sedia um grande festival de música sertaneja, sempre no mês de novembro. COMO CHEGAR O aeroporto de Caldas Novas recebe voos regulares direto de São Paulo e Belo Horizonte. Vale checar as datas antecipadamente. Voos fretados por agências de turismo também chegam por lá e alguns hotéis oferecem serviço de translado. Outra opção é ir até o aeroporto de Goiânia e pegar a estrada, que tem boas condições, em uma viagem de duas horas de carro ou de ônibus. DICAS VALIOSAS Para aproveitar a região, a recomendação é passar de três a sete pernoites em Caldas Novas. Para quem vai pela primeira vez, a dica é se hospedar na cidade e visitar diferentes hotéis e resorts durante o dia. Fazer uma pesquisa de locais que se pretende visitar é essencial. É comum o turista ser abordado por vendedores de pacotes e ingressos para hotéis. A cidade é bem pequena e, dependendo da localização da hospedagem, é possível fazer todas as atividades caminhando, inclusive boas compras. 7 898357 410015

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DESCONEXÃO

Sonhando alto Por Flávia Corbó

No trabalho, o executivo da ABIMO, Paulo Fraccaro, mantém os pés firmes no chão. Já nas horas de lazer, a cabeça está nas nuvens A paixão de Paulo Henrique Fraccaro pela aviação começou ainda na infância, quando nem imaginava que um dia se tornaria o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO). Vizinho de um mecânico alemão, quando garoto, passava as férias dentro da oficina, fascinado com as ferramentas e o maquinário. Sonhava em pilotar um avião com funcionamento complexo e painel repleto de botões e alavancas. No entanto, uma miopia severa que se manifestou muito cedo fez com que os planos de pilotar ficassem para trás. “Hoje vemos muitos pilotos usando óculos sem problemas. Mas naquela

época havia restrição dentro da aeronáutica para quem tinha miopia”, lembra Fraccaro. Assim, ele seguiu para a área da engenharia. Apesar de não ter sido a primeira opção, a escolha da profissão mostrou-se acertada. Ao longo dos mais de 30 anos de carreira, Fraccaro diz que coleciona histórias de êxito. A dedicação aos estudos também o ajudou bastante. Além da formação em engenharia, fez uma pós-graduação na Fundação Getulio Vargas (FGV) e, posteriormente, um MBA na França. Com tamanha bagagem, atuou como presidente da

Fresenius Hemocare, empresa da área da saúde, por mais de 20 anos. Como executivo dessa companhia, voltou a ter proximidade com o sonho de infância. “Em determinado momento, a empresa adquiriu uma fábrica em Blumenau (SC), ao lado do campo de aviação da cidade”, relem-


Fotos: arquivo pessoal

Novas descobertas Hobby permite que Paulo Fraccaro viva experiências que não teria dentro do escritório

bra. Fraccaro enxergou nessa coincidência uma oportunidade de aliviar as responsabilidades e o estresse que o cargo de liderança impunha. “Na hora do almoço, em vez de comer, comecei a fazer aulas de voo em ultraleve, uma aeronave de baixa velocidade, capacidade de carregamento, potência e de baixo peso e custo”, explica. Como se os sonhos de menino fossem premonitórios, Fraccaro se sentia realizado a cada aula. A afinidade com os voos era tanta que em certo momento chegou a considerar a possibilidade de comprar um avião. “Estava tudo certo. Tenho uma casa no interior e planejava ir para lá voando, aos fins de semana”, conta. A ideia só não foi adiante por conta de um alerta da gerente do banco: o seguro de vida do executivo não cobria aquele tipo de voo. Foi quando ele recuou da decisão. PLANO B A tentativa frustrada de ter o próprio avião não impediu que Fraccaro continuasse com a cabeça nas alturas. Sem o próprio ultraleve, tornou-se frequentador assíduo do Campo de Marte, área de aviação situada na zona norte da capital paulista. Duas vezes ao mês, costuma alugar um ultraleve e pilotar. “Como a região tem muito tráfego aéreo, é preciso sair da Grande São

Paulo. Normalmente vou para Jundiaí, Atibaia e, de vez em quando, Campinas. Também já fui até Jaú, minha cidade natal, e para o Guarujá. Fui acompanhando a costa e pude ver praias que ninguém imagina que existam”, lembra. Fraccaro faz todos os voos acompanhado do instrutor. A família prefere manter-se no chão. “Minha filha acha legal. É ela quem me leva ao Campo de Marte, mas nunca se animou a ir junto comigo. Prefere me acompanhar de longe.” O executivo entende que voar por prazer não é para todos. Apenas lamenta não poder compartilhar com aqueles que ama as descobertas que faz a cada viagem. “Apesar de sempre voar pelo mesmo trajeto, a emoção é muito grande e reserva algumas paisagens inusitadas. Outro dia passei por um castelo construído em cima de um morro a caminho de Jundiaí. Não tenho ideia do que seja. Dentro do escritório, não teria a mínima chance de ter esse tipo de experiência”, avalia. Ainda que a vida de um executivo seja bastante diferente daquela nas alturas, Fraccaro consegue aliar alguns aprendizados. “Uma das características de um engenheiro é ser muito analítico, ligado aos cálculos, atento a um bom planejamento. O mesmo ocorre na aviação. Você não

entra no avião e sai pilotando. É preciso analisar o tempo, checar a aeronave externa e internamente. Em uma viagem muito curta, passa-se mais tempo averiguando o avião do que pilotando. Depois de ser presidente de uma empresa por mais de 20 anos, posso dizer que planejamento aéreo e engenharia andam juntos”, garante. Essa atenção aos detalhes em todos os voos, independentemente da distância que vá percorrer, faz com que Fraccaro nunca tenha sofrido imprevistos no ar. “É um hobby que muitos consideram perigoso, mas se você seguir todas as normas de segurança, os riscos ficam bem reduzidos”, diz. Além disso, ele relata que a equipe do aeroclube do Campo de Marte é muito rigorosa com a manutenção, o que dá tranquilidade nesse sentido. A única surpresa que Fraccaro já teve foi, por assim dizer, calculada. Quando ainda praticava o voo de ultraleve em Blumenau, o copiloto que o acompanhava pregou-lhe uma peça. “Quando estávamos para aterrissar, ele desligou o motor de propósito. Disse que queria que eu aprendesse a pousar sem motor. Já estávamos a 500 metros da pista. Foi o único estresse, mas foi provocado”, lembra rindo. 7 898357 410015

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[RECURSOS HUMANOS

O líder pode mudar o jogo Por Juliana Jadon

Fotos/Imagens: Thinkstock/Divulgação

A liderança ideal é aquela que engaja e motiva a equipe, direcionando-a para melhores resultados


Praticamente sem verba, um técnico de um time de beisebol tem o desafio de traçar estratégias mais assertivas do que as equipes mais ricas para conseguir vencer o campeonato. Seu grupo, que antigamente contou com grandes atletas, tem de recrutar novos jogadores, todos quase sem habilidades para chegar à base, marcar pontos e vencer. A história contada no filme O homem que mudou o jogo, baseada em fatos reais, é a trajetória de um líder que, praticamente sem soluções em mãos, consegue motivar e inspirar seu time de maneira pouco convencional até conquistar a tão sonhada vitória. No mundo corporativo não é diferente. Uma boa liderança consegue trabalhar de maneira colaborativa, toma decisões compartilhadas e move o grupo a alcançar resultados, sabendo contornar até mesmo períodos de crise econômica. No entanto, identificar um líder nato ou em formação não é fácil. Por isso, a revista Brasil em Código consultou especialistas para ajudar as empresas a identificarem o perfil desse profissional. As verdadeiras lideranças, além de motivarem uma equipe, empoderam seus funcionários, permitindo que tenham maior autonomia em suas tarefas, ressalta a professora da Faculdade de Administração da Funda-

ção Armando Alvares Penteado (FAAP), Vanessa Cepellos. “Os líderes se tornam modelo para os demais e incentivam o melhor de cada um. Eles promovem a participação de todos de forma igualitária”, ensina. É possível identificar futuros líderes a partir do comportamento do profissional em equipe. Se o indivíduo se mostra engajado e comprometido nas atividades, estabelece boas relações e conduz as tarefas do grupo de maneira positiva e inspiradora, provavelmente possui potencial para se tornar uma liderança. INSPIRAÇÃO “Um dia aprendi que sonhos existem para tornarem-se realidade e, desde então, não durmo para descansar, durmo para sonhar”. A frase é de Walt Disney, um dos fundadores da The Walt Disney Company, criada em 1923, e resume uma das premissas do empreendedor, sonhador e líder nato, que fazia seus colaborares terem a ciência de que “todos são importantes” para levar a magia a milhares de pessoas. Assim como ele, um líder diferenciado não prioriza apenas os resultados, mas também a qualidade nas relações interpessoais e vê sempre novas possibilidades de evolução para a equipe, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC). No estudo, 83% dos entrevistados disseram acreditar que o mais importante em um líder é o foco nas pessoas e não somente em alcançar metas. Ótimos resultados geralmente são a consequência de um trabalho bem desempenhado por um líder e multiplicado aos colaboradores. Walt Disney conseguiu engajar as pessoas,

mostrando que sonhos podem se tornar realidade. Mesmo tendo falecido, a Disney está em segundo lugar em faturamento, de acordo com pesquisa do Top Thirty Global Media Owners – realizada com os maiores conglomerados de mídia do mundo. FEEDBACK A pesquisa do IBC revela, ainda, que 33% acreditam que a principal competência de um líder é ter uma comunicação efetiva com a equipe. Apesar disso, 70% da amostra diz que os profissionais que ocupam os cargos de liderança não estão preparados para dar e receber feedback. Nesse sentido, a professora de gestão de pessoas do IBMEC/RJ, Silvana Andrade, reforça que um bom líder deve ter a capacidade de acompanhar individualmente cada pessoa da equipe, dando feedbacks construtivos. “Aprender a lidar com os fracassos e com as dificuldades inerentes a esse papel é muito importante para uma melhor atuação”, indica Silvana. Valorizar e destinar tempo para o desenvolvimento de pessoas e de si mesmo, com paciência em cada etapa, é um bom caminho para alcançar melhores resultados. “Afinal, todos os líderes deixam alguma marca na vida das pessoas, a questão é qual o legado que você quer deixar”, diz a especialista. AS APARÊNCIAS ENGANAM Aquele profissional engajado e que traz resultados pode, muitas vezes, não ser o mais qualificado para liderar uma equipe. Apesar de ser esforçado, alinhado aos objetivos da organização e apto a ensinar e multiplicar suas qualidades junto a outros profissio-

Vanessa Cepellos, da FAAP Verdadeiros líderes empoderam a equipe [ BRASIL EM CÓDIGO ] out/nov/dez 2016 61


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RECURSOS HUMANOS

AS COMPETÊNCIAS DE UM BOM LÍDER

Resiliência: enfrenta obstáculos e mantém a motivação para continuar construindo uma trajetória de sucesso.

Empreendedorismo: identifica oportunidades e coloca em prática um plano de negócios para a sua realização. Visão estratégica: estabelece uma estratégia de acordo com o propósito e valores da empresa e com as demandas do mercado.

Imagens: Thinkstock

Comunicação: reconhece pontos fortes e fraquezas da equipe. Sabe ouvir e ser compreensivo. Orienta o grupo a fim de alinhar metas individuais e organizacionais. Pessoas: desenvolve as competências de todos os membros da equipe por meio de feedbacks individuais construtivos e constantes. Adota uma abordagem baseada na gestão participativa

Orientação para resultados: não perde o foco do que é importante para se chegar ao resultado buscado pela empresa.

Foco no cliente: sabe identificar as necessidades do cliente para melhor atendê-lo e não perde de vista a razão da empresa existir.

Mercado: atualiza-se sobre tendências, comportamentos e novos conhecimentos necessários para a busca de soluções eficazes.

Engajamento: envolve os profissionais nas atividades propostas de forma a estabelecer um bom ambiente de trabalho. Motiva a equipe a cumprir prazos e objetivos estabelecidos.

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nais, as consequências podem ser desastrosas se ele não souber atuar em equipe e ressaltar as qualidades do grupo. Muitas vezes, o profissional possui as competências técnicas para assumir determinado cargo de gestão, mas não tem interesse em desenvolver as competências comportamentais de liderança. “Quando um profissional com esse perfil de orientação mais técnica assume a posição de gestor, costuma causar um grande prejuízo para sua carreira, para o desenvolvimento e motivação da equipe e, consequentemente, para os resultados da empresa. Perdemos um excelente técnico e ganhamos um péssimo gestor”, alerta Silvana.

Foto: Divulgação

Eugênio Mussak, da ABRH Liderança é atributo que pode ser desenvolvido e ampliado

Profissionais incapazes de lidar com pessoas e suas diferenças, assumir riscos e que não valorizem o companheirismo e o espírito de equipe, definitivamente, não podem ser bons líderes. De acordo com o especialista em gestão de pessoas e diretor científico da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Eugênio Mussak, a liderança pode ser descrita como

um traço de personalidade. Porém, esse atributo pode ser desenvolvido, ampliado ou mesmo anulado, de acordo com o treinamento e as experiências que o profissional tiver ao longo de sua carreira. “O líder tem a capacidade de influenciar seu time a ter um comportamento com um objetivo comum. Já o chefe manda e os profissionais apenas atendem”, conclui. 7 898357 410015

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TENDÊNCIAS E NOVIDADES EM AUTOMAÇÃO

Varejo produtivo O RUB, desenvolvido pela GIC, é uma solução de gestão para automatizar a movimentação de produtos em lojas do varejo. Ele oferece informações detalhadas sobre estoque, localização e preço dos produtos, permitindo que os gestores tenham uma visão precisa do fluxo das mercadorias e das pendências. Além disso, evita ruptura e ajuda a aumentar a produtividade dos colaboradores. A solução funciona a partir de aparelhos móveis com leitores de código de barras, utilizando a tecnologia wireless. Segundo a GIC, a rede Assaí Atacadista diminuiu a ruptura de gôndola de 18% para 4,5% utilizando o RUB.

Multicanal A Consinco, que atua como provedora de sistemas de gestão corporativa para atacadistas, distribuidores e varejistas, lança uma solução de comércio eletrônico focada nos supermercados. O Consinco E-commerce é uma plataforma de vendas on-line e desenvolvida para agregar processos para operação drive thru, tendência mundial que deverá conquistar o varejo brasileiro. A plataforma é responsiva e a empresa também oferece um aplicativo para os sistemas Android e IOS com os mesmos recursos do site, possibilitando efetuar a venda, fazer envio de publicidade customizada para o consumidor, entre outros benefícios.

Vestíveis em alta A Zebra Technologies do Brasil apresenta uma nova solução de equipamentos vestíveis destinados a operações logísticas para indústria e varejo. A novidade é o WT6000, um computador vestível Android que auxilia na seleção (picking) de produtos e gerenciamento de estoque e de pátio, permitindo mobilidade e precisão ao funcionário, pois funciona por comando de voz. O dispositivo é compacto e desenvolvido para suportar temperaturas e condições de trabalho extremas. A solução completa inclui scanner de anel, headset e impressora – todos com bluetooth e suporte NFC (Near Field Communication).

Dados registrados A Compex, distribuidora de grandes marcas de equipamentos, como coletores de dados, leitores e impressoras de códigos de barras, apresenta o coletor de dados PM80. Trata-se de um dispositivo robusto que permite aos usuários capturar códigos de barras em diferentes ambientes e finalidades. Pode ser usado pela força de vendas, em serviços de campo, no varejo, em centros de distribuição e fábricas. O equipamento é leve, ergonômico, e opera com sistema operacional Android 5.x.

Beacon no lar Os beacons, que já são utilizados em lojas do varejo para gerar maior interação com os clientes, ganham novas funções com a evolução da tecnologia. A BICDATA, empresa que fornece soluções para coleta de dados e automação, apresenta beacons mais compactos e em etiquetas autoadesivas que podem ser aplicadas diretamente na casa do consumidor para ajudá-lo nas compras on-line. Com um aplicativo instalado no smartphone e o beacon aplicado na lavanderia, por exemplo, a solução identifica que o consumidor está naquele espaço e exibe uma lista de compras com os produtos de limpeza que costuma utilizar. A partir daí, ele pode fazer a compra dos itens via e-commerce pelo celular. A BICDATA fornece o beacon e o aplicativo, além de fazer a integração da solução ao sistema da loja virtual.

Fotos: Divulgação

VITRINE DE SOLUÇÕES

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[ PADRÃO DE QUALIDADE

Caminhos da inovação Empresas aceleram a criação de modelos disruptivos de negócios para se posicionarem frente aos desafios da transformação digital

‘ Roberto Matsubayashi,

Diretor de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil

Nunca se falou tanto de inovação em toda a história da humanidade. Hoje as empresas criam grupos de inovação, adotam novas metodologias e ações como design thinking, prototipação, experiência de usuário e muito mais. E correm para entender o que é hackathon, start-ups e seus modelos de atuação. Elas questionam os portfólios de produtos, os modelos e processos de negócios e têm dúvidas se sobreviverão às grandes transformações que estão afetando o mundo. Qual é a razão desse novo posicionamento, se as companhias sempre tiveram equipes de pesquisa e desenvolvimento? A inovação não ocorria antes? Onde elas estão errando? Um grande fator de ruptura está relacionado à denominada transformação digital. A tecnologia e a conectividade que surgiram a partir da década de 1970 evoluíram e se tornaram acessíveis a todos. Os componentes essenciais para o desenvolvimento de soluções digitais, como servidores, sistemas operacionais e banco de dados, estão amplamente disponíveis e são fáceis de utilizar por meio dos serviços em nuvem. Soluções da moda como Internet das Coisas (IoT), big data ou inteligência artificial já são lugar comum. A computação pessoal nunca foi tão amplamente disponível, ou melhor, vestível, com os wearables. A maturidade e a disponibilidade atingidas pela tecnologia digital propiciam oportunidades aos empreendedores. A transformação digital, na sua primeira onda, vitimou tudo o que não era digital em termos de conteúdo informativo, som e imagem. Basta comparar como eram e como são hoje as câmeras fotográficas, sistemas de som, monitores de TV, o acesso a jornais e revistas, e a distribuição de músicas e filmes. A nova onda atinge agora os serviços, a exemplo das soluções do Uber, Airbnb e Waze, que conquistaram milhares de usuários em uma explosão viral polêmica e sem precedentes. Isso gera uma grande pressão nas empresas, que precisam, urgentemente, implantar a transformação digital em seus produtos e modelos de negócios. Como será o futuro da indústria automotiva com os veículos conectados e autônomos compartilhados? Como serão atendidos os consumidores na loja do futuro? Na GS1 Brasil, atentos a essas questões, estamos atuando, por exemplo, por meio do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), que demonstra várias soluções recriando a jornada física e digital do produto na cadeia de suprimento. O conceito de IoT com uso da tecnologia RFID/EPC pode ser visto lá. Também os padrões GS1 evoluem, principalmente na sua disponibilização. O Cadastro Nacional de Produtos (CNP) possibilita a inserção imediata do fabricante no mercado, gerando etiquetas de código de barras e criando, ainda, presença digital, pois permite compartilhar informações com varejistas e consumidores. Não é mais necessário ler centenas de páginas de documentos e gastar com a programação das instruções em seus sistemas.

66 out/nov/dez 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Eliane Cunha

A maturidade e a disponibilidade atingidas pela tecnologia digital propiciam oportunidades aos empreendedores




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