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No batidão da informação

Encontro de artistas do funk com a diretoria da UBC em BH ajuda a esclarecer questões de arrecadação e distribuição relativas a um gênero que tem crescido sensivelmente em Minas

De Belo Horizonte

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MPB, rock, samba, sertanejo, eletrônica, funk... A diversidade da cena musical da capital mineira, não é novidade, é uma das mais ricas do país. Mas isso nem sempre se traduz num movimento artístico unido e forte. Essa é a opinião de MC Jefinho, um dos expoentes do funk em BH, 16 anos de carreira e sete de dedicação exclusiva ao estilo mais comumente ligado ao subúrbio do Rio, mas que também faz barulho e sucesso nas terras mineiras. Ele foi um dos participantes da turma funkeira no primeiro encontro de um segmento musical específico com a diretoria regional da UBC em Minas, evento ocorrido no último dia 23 de setembro que serviu como uma verdadeira oficina de direitos autorais para cerca de quinze representantes do estilo. Também estiveram presentes os compositores e diretores da UBC Sandra de Sá e Geraldo Vianna, o compositor e membro do Conselho Fiscal Manno Góes, além do gerente de operações da associação, Fábio Geovane.

“Infelizmente, a música mineira é, muitas vezes, marcada por um certo 'cada um por si'. Por isso foi importante reunir uma galera aqui para conhecer e tirar dúvidas sobre aspectos técnicos da gestão coletiva. Eu já tinha um certo conhecimento na área, mas teve muita gente que ouviu falar dos seus direitos e deveres pela primeira vez”, disse Jefinho.

Jovens artistas do funk tiveram a oportunidade de aprender sobre as regras de arrecadação e distribuição, como cadastrar um repertório, as diferenças entre obra e fonograma, bem como diversas outras questões fundamentais para o entendimento do sistema de gestão coletiva de direitos autorais. As particularidades do universo funkeiro foi o ponto principal do encontro. Por exemplo, a gerência local explicou como os bailes-funk são classificados na distribuição dos rendimentos.

“Discutimos longamente sobre a natureza desses eventos aqui em Minas. Chegamos à conclusão de que a melhor classificação para eles é na rubrica casas de diversão. São festas que têm uma especificidade. De qualquer forma, vamos fazer um levantamento completo dos bailes que ocorrem aqui em BH para bater o martelo sobre o tipo de distribuição que terão”, contou Daniela Sousa, gerente regional da UBC em Minas. “Falamos também da periodicidade dos pagamentos, das diferenças entre direito autoral e direito conexo... Foi um roteiro básico e produtivo. Acho que eles começaram a entender o funcionamento da gestão coletiva agora.”

A monetização em sites como o YouTube, por exemplo, muito usado pela turma do funk, foi motivo de longo papo durante o evento. “As mídias digitais são um grande meio de difusão do funk, trata-se de característica inerente à cena. Eles quiseram saber como aumentar os valores recebidos por esse meio”, lembrou Daniela. Foi esclarecido que o YouTube não realiza o pagamento de direitos autorais de execução pública desde o início de 2013. Um novo acordo para o pagamento desses direitos está em discussão com a empresa.

Jefinho afirmou que, depois do que ouviu no encontro, passou a ficar mais atento à execução das suas músicas na rede. “Procuro atirar para vários lados, ficar ligado onde as coisas estão. Até há pouco tempo, eu tinha 22 milhões de visualizações de músicas minhas cantadas por outros artistas no YouTube, mas não ganhei nada. Agora estou ligado para cobrar soluções, ficar de olho. Já sei como fazer.”

De acordo com Daniela, outros encontros vão se desenrolar ao longo de 2015 no escritório mineiro da UBC, a fim de resolver dúvidas específicas de artistas de diferentes estilos musicais. Os próximos deverão ser MPB e rock. “Já havíamos feito outros encontros, outros seminários antes, reunindo artistas da UBC, mas sempre de forma mais ampla. Iremos informar, debater e buscar uma maior aproximação da diretoria com toda a classe. O funk foi escolhido para abrir esse novo modelo porque nos últimos anos, junto com o sertanejo universitário, tem se destacado demais por aqui. Além disso, temos artistas importantes no gênero se projetando até para fora de Minas”, explicou a gerente da nossa associação em Belo Horizonte.

“Só pelo conhecimento vamos conseguir nos profissionalizar ainda mais e fortalecer todo mundo”, pregou Jefinho. “Fui um dos primeiros da minha geração aqui em BH a me interessar por direitos autorais e me filiar à UBC. É valoroso demais você ter sua obra protegida. Sou um cara que gosta demais do trabalho da UBC”, concluiu.