Turbo Oficina 77

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PÁ G

IN AS

2,50€ (CONT.)

#77 JANEIRO 2019

PEDRO DIAZ

ZF AFTERMARKET

RENTABILIDADE É O MAIOR OBJETIVO

profissional

2019 UM ANO DE OPORTUNIDADES ENTREVISTA JOAQUIM CANDEIAS (DPAI) E O FUTURO DO AFTERMARKET

CONCORRÊNCIA DESLEAL

SOFTWARE ALIDATA

DOSSIÊ ESPECIAL

HÁ 35 ANOS A FACILITAR A GESTÃO OFICINAL

REPARAÇÃO DA CARROÇARIA

OFICINAS ILEGAIS FOGEM À FISCALIZAÇÃO



profissional

SUMÁRIO #77 / JANEIRO 2019

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DESTAQUE

A evolução na integração da ZF Aftermarket

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PROTAGONISTA

Alidata – há 35 anos a ajudar as oficinas com "software"

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REPORTAGEM

Como combater a "praga" das oficinas ilegais

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ENTREVISTA

Joaquim Candeias, presidente da DPAI, fala do futuro do aftermarket em Portugal

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TENDÊNCIAS

A relação da geração "millennials" com as oficinas

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ESPECIALISTA

Pro4matic é quem sabe de suspensões pneumáticas!

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REPORTAGEM

As tecnologias mais inovadoras mostradas no CES-2019

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BOAS PRÁTICAS

A Toyota Caetano Portugal tem elevadíssima taxa de retenção de clientes. Saiba como o conseguem

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REPARAÇÃO

Entre reparar ou substituir uma peça da carroçaria, quais os critérios para tomar a decisão?

ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES: EUROREPAR VC JAPANPARTS 5 TRW 11 MCOUTINHO 15 PETRONAS 17 VALEO 23 EUROREPAR 27 ZF 29 MOTORTEC 35 SITE PROFISSIONAIS 45 JABA 57 CESVIMAP 59 VALEO 60 VALEO 61 ZARAGOZA 69 CARF VCC CHAMPION CC

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JANEIRO 2019 TURBO OFICINA


EDITORIAL

A TEORIA DAS PLACAS T

odos conhecemos a teoria das placas que explica, grosso modo, a formação do nosso Planeta e a deriva dos Continentes, em movimentos contínuos de milhões de anos que, de vez em quando, em choques violentos, provocam eventos tão destrutivos (terramotos, crateras) quanto construtivos (novas cadeias montanhosas formadas há milhões de anos). O estado atual do mercado faznos lembrar, com as devidas distâncias, a teoria das placas. Tudo se está a mexer, embora num ritmo muito mais frenético e veloz que a parte tectónica em que estamos assentes, num ambiente de grande confiança no que 2019 nos reserva, embora haja que contar com alguns “choques”. Prevê-se um arrefecimento da economia, fala-se numa diminuição da produção automóvel a nível europeu, mas o aftermarket encara o ano que ainda agora vai no início com assumido otimismo. É certo que muitas das expetativas são criadas pelos bons resultados obtidos no ano passado, mas também pelos planos traçados para agarrar as novas oportunidades que se vão abrindo. Este é um setor que está a atravessar uma fase de profunda mudança, com a chegada em força da telemática e da conectividade aos automóveis que irão mudar por completo a forma

profissional

PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 10 000 € CRC CASCAIS

como aqueles e os seus proprietários se relacionarão com as oficinas e a maneira como estas funcionarão com os seus fornecedores. E é aqui que começam os “abanões das placas”… Há que estar bem preparado e ter consciência de que a formação e a abertura das mentalidades às novas tecnologias serão os únicos caminhos a seguir para manter o rumo do sucesso. Por muito bem que se trabalhe hoje, amanhã já terá de se funcionar de outra forma para se conseguir fidelizar os clientes, ainda que estes “hoje” e “amanhã” não sejam, na verdade, de um dia para o outro. Mas o tempo é escasso e há que procurar a formação e a informação com brevidade para não ficar para trás! Haverá ainda outras “colisões tectónicas”, como a chamada consolidação de que, apesar da grande atomização do nosso mercado, já começamos a ver alguns sinais. Como a posição maioritária que a espanhola Lausan assumiu na Soulima. Mas também ao contrário, com a portuguesa Create Business a incorporar o espanhol Grupauto como sócio, alargando a sua presença no país vizinho. “Isto” está tudo a mexer e o ano de 2019 é encarado, mais do que com otimismo, como um ano para agarrar oportunidades! E é isso que é fundamental para assegurar o crescimento e o sucesso futuro.

Sérgio Veiga E D ITO R CHE FE

TURBO OFICINA JANEIRO 2019

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SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. DAS OLAIAS, 19 A - RINCHOA 2635-542 MEM MARTINS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITOR CHEFE SÉRGIO VEIGA sergioveiga@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL ALEXANDRA LI CHING alexandraliching@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO secretariado@turbo.pt COLABORADORES DAVID ESPANCA PAULO MARMÉ PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP IMPRESSÃO LIDERGRAF, ARTES GRÁFICAS, SA. RUA DO GALHANO, N.o 15 4480-089 VILA DO CONDE, PORTUGAL lidergraf@lidergraf.pt DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 5000 EXEMPLARES Isenta de registo na erc ao abrigo do decreto regulamentar 8/99 de 9/6 Art.o 12.o n.o 1 A. INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS



DESTAQUE

PEDRO DIAZ, COUNTRY SALES MANAGER, ZF AFTERMARKET

CONJUGAÇÃO DA ZF E DA TRW FOI ALGO MUITO POSITIVO A compra da TRW pela ZF levou à criação de uma megaempresa que tem fortíssima presença no aftermarket. Duas entidades que se complementam nos pontos fortes, mas que têm de se integrar no que têm em comum. Pedro Diaz, Country Sales Manager da ZF Aftermarket Portugal, explicou-nos como decorre um processo sempre complexo

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Texto Sérgio Veiga Fotos Carlos Pedrosa

emorou cerca de um ano a ser concretizada, pela complexidade que a operação envolvia. Afinal estava-se em presença de duas das maiores empresas de primeiro equipamento automóvel, mas também muito fortes a nível do aftermarket. E tratava-se de uma compra praticamente entre iguais, algo raro de se ver. Por fim, em maio de 2015, foi formalmente anunciada a compra da norte-americana TRW Automotive Holdings Corp pela alemã ZF Friedrichshafen AG, num negócio de 12.400 milhões de dólares. “Foi uma compra com o espírito de parceria. A TRW encaixa-se perfeitamente na estratégia a longo prazo da ZF. Esta transação juntou duas companhias bem-sucedidas com um historial notável de inovação, crescimento e uma posição financeira sólida”. Quem o diz é Pedro Diaz, Country Sales Manager da ZF Aftermarket em Portugal, responsável pelo complexo processo de integração, na área comercial, das duas companhias no nosso país, ao nível do aftermarket. Em que fase se encontra esse processo de integração das duas empresas? Já está terminado e, em especial, qual o ponto da situação em Portugal?

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Em Portugal temos duas empresas, éramos a ZF Services e a TRW Automotive Portugal, em que a TRW tem um modelo de distribuição que vem do passado enquanto Lucas Automotive – porque a empresa em Portugal já foi Lucas, depois foi comprada pela TRW – e tem ainda um modelo de distribuição assente num canal de distribuição mais abaixo. Ou seja, temos parceiros de negócio de muitos anos que trabalham connosco, com uma grande base de clientes do retalho. No caso da ZF Services já não é assim, temos uma base de clientes assente na distribuição, nos grandes operadores distribuidores em Portugal. Daí que não tenhamos clientes comuns. Enquanto no resto da Europa os clientes já eram comuns e a integração já está finalizada, no caso de Portugal temos duas empresas a operar em níveis diferentes de distribuição. Isso torna o processo de integração mais complexo e o que está agora a acontecer é que nós, numa primeira fase, temos parceiros de negócios em ambos os canais e não quisemos prejudicar nem o negócio de uns nem o negócio de outros, pelo que estamos numa fase de ir integrando a pouco a pouco. Que significa isto? Respeitando os canais de distribuição, onde virmos 6


Em Portugal é a Pedro Diaz que cabe a complexa tarefa de fazer a integração, na área comercial, da TRW Automotive na ZF Aftermarket, em consequência da bilionária compra da empresa americana, por parte da germânica. Processo delicado que decorre sem pressas e com todo o cuidado e atenção às necessidades dos clientes de cada marca

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que conseguimos algumas sinergias, vamos tentando. Como pode definir as diferenças de atuação, objetivos e até de clientes entre os dois “braços” da empresa, a ZF Services e a TRW Automotive? Não existem “dois braços”. Somos uma divisão – a ZF Aftermarket e uma equipa de Aftermarket. Se precisamos de ter soluções personalizadas para a área das vendas, com certeza que as encontramos e implementamos, como é o caso de Portugal, que já descrevi. Mas, felizmente, tivemos um processo de integração rápido e podemos confiar nos processos já definidos. A TRW e a ZF eram duas companhias diferentes e acho que ambas conseguiram aproveitar vantagens das diferentes formas de operar no mercado, nós até tínhamos um “slogan” interno que era “best of both” e certificámo-nos de que a integração foi guiada por esta abordagem. Mais uma vez a conjugação das duas empresas foi algo de muito positivo.

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DESTAQUE

Mas eram empresas que tinham áreas em que se sobrepunham, em que seriam concorrentes… A ZF é um fornecedor líder de tecnologia de transmissão e chassis e a TRW representa a tecnologia de segurança ativa e passiva, incluindo sistemas avançados de assistência ao condutor. Ambas as companhias têm um percurso impressionante alicerçado em produtos de alta qualidade e em inovação contínua para os seus clientes. Juntas, como ZF, respondem às megatendências da eficiência de combustível, dos crescentes requisitos de segurança e da condução autónoma com inovações adequadas. No mercado de pós-venda, temos gamas de produtos comuns, como amortecedores, direção e suspensão e temos uma estratégia definida na forma como posicionamos as diferentes marcas no mercado. E esse é mais um trabalho que fizemos durante o processo de integração. Esse processo de integração está, de alguma forma, relacionado com a ligei-

TURBO OFICINA JANEIRO 2019

ra quebra de faturação da TRW Automotive Portugal em 2017, face a 2016? Não, não teve nada a ver. A quebra muito ligeira da TRW teve a ver com outros fatores e correspondeu a um crescimento bastante grande de rentabilidade. E sou-lhe muito sincero, estamos sempre mais preocupados com a rentabilidade do que propriamente crescer em vendas. Precisamos é de crescer em rentabilidade. Há aqui algumas “nuances” no negócio da TRW Automotive Portugal, dado o seu passado enquanto Lucas Automotive, que, à parte os produtos TRW, atua também como distribuidor.

"Estamos sempre mais preocupados com a rentabilidade do que crescer em vendas" 8

DISTRIBUIÇÃO IBÉRICA DA TRW É FEITA A PARTIR DE PORTUGAL Pode dar-nos um “overview” sobre a gama de produtos distribuída pela ZF Aftermarket? No mercado independente de pós-venda a ZF Aftermarket é composta por duas empresas: a ZF Services Portugal que comercializa as gamas de amortecedores e embraiagens da marca Sachs e a gama de direção e suspensão da marca Lemförder. A empresa TRW Automotive Portugal, comercializa as gamas de travagem, direção, suspensão e amortecedores da marca TRW, uma panóplia enorme de gamas de produtos da marca Lucas, tanto na área elétrica como mecânica e também outras marcas não pertencentes ao grupo. Na Península Ibérica, a distribuição dos produtos da marca TRW é feita a partir do nosso armazém em Talaíde (S. Domingos de Rana). No caso da ZF Services Portugal, temos um pequeno armazém na zona de Sacavém, mas a nossa operação logística principal para essas marcas, a ní-


A PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO DO MERCADO... JÁ COMEÇOU

OFICINAS PREPAREM-SE PARA OS NOVOS DESAFIOS

O centro logístico da TRW Automotive para toda a Península Ibérica fica em Portugal, explorando custos de transporte mais vantajosos e mantendo elevado grau de operacionalidade

vel da Península Ibérica, está sediada em Vitória, no País Basco (Espanha). A TRW Automotive Portugal ter a distribuição ibérica centrada em Portugal, numa ponta da Península, é algo pouco habitual, embora não seja caso único. A que se deveu essa opção, tem corrido bem e como conseguem cobrir toda a Península desde esta ponta? O armazém responsável pela distribuição de produtos da marca TRW para a Península Ibérica está localizado em Portugal devido a um conjunto de fatores. Os principais foram o número de gamas comercializadas em Portugal, o custo de mão de obra no nosso país e o custo de transporte da logística inversa de Madrid/Lisboa/Madrid. A maioria dos grandes armazéns está situada nos arredores de Madrid. Quer isto dizer que existe um grande fluxo de material em direção ao nosso país. Sendo necessário o retorno dos camiões, o que fazemos é aproveitar para negociar este transporte. Esta opção tem corrido muito bem e, para já, não temos planos de a alterar.

O aftermarket já entrou na “cavalgada” das grandes alterações por que irá passar no futuro próximo. Digitalização, conectividade, tecnologia e consolidação do mercado são termos que moldarão esse futuro que Pedro Diaz vê desta forma: “A transformação do mercado de pós-venda automóvel está em franco desenvolvimento: conceitos alternativos de condução, digitalização, automóveis conectados e a condução autónoma, para além da mudança nas expectativas dos clientes, são apenas alguns dos desafios que os operadores do mercado enfrentam. É necessário que as oficinas se preparem e que não pensem que é algo de muito longínquo. É algo que, pouco a pouco, vai começar a surgir no quotidiano. Não será uma explosão com, por exemplo, carros elétricos a entrarem pelas oficinas de um dia para o outro. Os serviços de informação e dados serão um maiores geradores de vendas no futuro. A oficina conectada do futuro tem de ter acesso à informação e dados dos veículos para saber o estado dos veículos dos seus clientes e recomendar-lhes uma manutenção preventiva ou reparação. A ZF Aftermarket esteve envolvida na definição de um mercado digital neutro para a informação sobre veículos, que envolveu várias companhias – o Caruso – para que o acesso sem restrições à informação e dados dos veículos seja garantido para o mercado independente de pós-venda. Neste mercado digital, também poderão ser adquiridos outros serviços de uma oferta em crescimento constante. A ZF também apoia o NEVADA, um conceito de fabricantes e fornecedores europeus que permitirá o acesso a informação e dados a partir de uma interface segura, fiável e não-discriminatória. Neste caso a ZF está dos dois lados da “barricada”, como fornecedor dos fabricantes e como “player” do aftermarket… É necessário existir um mercado independente de pós-venda e, partindo dessa premissa, o mercado independente de pós-venda terá de fazer parte do futuro, não há volta a dar. Portanto, para mim, a dúvida é de como é que essa informação lá vai chegar, porque terá de lá chegar através de uma interface segura, fiável e nãodiscriminatória. Tal como referi anteriormente, estamos profundamente envolvidos na criação da abordagem correta. Quando olhamos para o futuro estamos muito centrados no mercado e na tecnologia, mas há um outro fenómeno que pode “baralhar” o jogo, a alteração dos hábitos de consumo do automóvel, em especial o fim da posse do automóvel, em favor da partilha, o que tirará clientes particulares às oficinas… As oficinas terão de arranjar outras formas de chegar ao cliente ou o cliente passará a ser diferente. Se calhar, se o dono do carro não é o consumidor final, se é de uma gestora de frotas ou de uma empresa de “car sharing”, o cliente passará a ser diferente. Por isso, essas oficinas terão de se preparar para evoluir e com isto não estou a dizer se têm de aderir a redes ou não. A oficina tem é de estar preparada para lidar com outro tipo de clientes. Vejo mais como uma mudança de cliente porque efetivamente as novas gerações estão mais preocupadas com a sua mobilidade do que propriamente com a posse do veículo. Se possuem um automóvel, os “Digital Natives” aceitam conselhos sobre manutenção preventiva e reparação do seu automóvel. Esperam que as oficinas estejam atualizadas e informadas, para que possam agir rapidamente e oferecer o melhor serviço a um preço justo. Se a oficina que escolheram se adaptar a esta realidade e desenvolver serviços digitais específicos ou serviços de mobilidade, como o “car sharing”, não só ganhará uma boa reputação digital como também verá rentabilidade efetiva do negócio. 9

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DESTAQUE retamente às oficinas. Achamos que essa função é do retalho e dos distribuidores. A nossa função na cadeia de distribuição é apoiar os nossos clientes nas suas zonas de atuação. Achamos que os nossos parceiros de negócio acrescentam valor na cadeia e são essenciais para dar apoio e fazer chegar o nosso produto às oficinas.

Qual a estrutura logística e quanto tempo demoram a responder a solicitações mais longínquas? Fazemos entregas em toda a Península Ibérica. Para os clientes de ambos os países disponibilizamos entregas semanais programadas de grandes quantidades, e envios urgentes de pequenas quantias em prazos de 24/48 horas em todo o território ibérico. Por um lado, são marca de primeiro equipamento, por outro têm um posicionamento mais “premium” no aftermarket, não competindo tanto pelo preço. A notoriedade dada pelo primeiro fator compensa o preço mais elevado? Mesmo em tempos de crise? A notoriedade do primeiro equipamento ajuda-nos, de facto, a ter uma imagem enquanto fornecedor de produtos de alta qualidade. E, logicamente, se temos a confiança dos fabricantes de veículos e vendemos produtos de qualidade “premium”, mais facilmente conseguimos demonstrar a relação da qualidade/ preço dos nossos produtos. Logicamente que, em momentos de crise e, principalmente, quando o parque automóvel está muito mais envelhecido, temos mais dificuldades em demonstrar as mais-valias em utilizar produtos de elevada qualidade. Principalmente para os carros cujo valor comercial já é muito baixo, devido à sua idade.

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"Não queremos criar nenhuma disrupção no negócio dos nossos clientes e, por essa razão, somos muito cautelosos com todas as alterações que fazemos"

NÃO FAZ SENTIDO VENDERMOS DIRETAMENTE ÀS OFICINAS Continuam a vender apenas ao retalho e a acreditar na normal estratificação dos patamares de negócio, quando já há várias empresas a eliminar um dos níveis, ficando com uma parcela desses lucros? Enquanto ZF Services Portugal vendemos maioritariamente aos distribuidores e, enquanto TRW Automotive Portugal, vendemos ao retalho. Não vendemos a nenhuma oficina e não temos quaisquer planos de o vir a fazer no futuro. Mas, perseguindo atualmente a rentabilidade máxima, não seria interessante saltar um patamar e, por exemplo, vender também diretamente às oficinas? É verdade que, nos últimos anos, temos assistido a uma maior consolidação dos vários canais de distribuição. Por um lado, alguns grupos de retalho já têm contacto direto com muitos fabricantes de peças e, por outro, vemos que alguns distribuidores estão a começar a vender diretamente a oficinas. Mas para o grupo ZF não faz qualquer sentido vender os nossos produtos di10

Conseguem estender as vossas ações de formação ao nível da oficina? E sentem maior procura de formação? Sim, conseguimos. Temos investido muito nas ações de formação diretamente às oficinas, mas sempre em parceria com os nossos clientes. Notamos mais apetência por parte das oficinas e as solicitações para realizar ações de formação são cada vez mais. Disponibilizamos formação na maioria das gamas que vendemos, com especial incidência na travagem, embraiagens e na direção e suspensão. Que novidades terão para lançar no próximo ano nas vossas várias marcas (ZF e TRW)? Com a compra da TRW por parte da ZF temos vindo a organizar-nos internamente enquanto uma única equipa dedicada ao Aftermarket. Não queremos criar nenhuma disrupção no negócio dos nossos clientes e, por essa razão, somos muito cautelosos com todas as alterações que fazemos. Relativamente a novidades de produto, destacamos o lançamento, ainda em 2018, da nova gama de pastilhas de travão Electric Blue com aplicação principal em veículos elétricos. As pastilhas de travão Electric Blue da TRW podem ser instaladas em 97% dos veículos na Europa, portanto é possível substituir as pastilhas de travão na maioria dos carros elétricos. Cumprem os requisitos legais de redução de emissões e permitem às oficinas servir o crescente mercado de veículos elétricos. Não estando relacionado diretamente com as novidades nos produtos, também gostaria de destacar o lançamento do portal da ZF Aftermarket em português (https://aftermarket. zf.com/ib/pt/portal-da-zf-aftermarket/) que agrega toda a oferta de produtos e serviços da ZF Aftermarket e das suas marcas – Lemförder, Sachs e TRW – para todos os tipos de veículos desde veículos ligeiros até aplicações industriais.


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NOTÍCIAS

N ACIONAIS

Marketing digital da Dekra Portugal A Dekra Portugal criou uma nova área de negócio de Marketing Digital para ajudar os seus clientes na área do retalho automóvel a aumentar a sua notoriedade online, gerar mais "leads" qualificadas para o negócio, potenciando as vendas de automóveis e de serviços de após-venda. Entre os serviços de marketing digital disponibilizados pela Dekra destacam-se a gestão e os anúncios para as redes sociais (Facebook, Instagram, Linkedin), os anúncios no Google, a otimização para os motores de busca (SEO); email e SMS marketing, o desenvolvimento de "landing pages", a gestão e qualificação de "leads", entre outros. Segundo adianta a empresa em comunicado, “sendo este um mercado altamente competitivo, em que as concessões cada vez sentem maiores dificuldades para atrair novos clientes, a Dekra acredita que este serviço, que pode ser adaptado à medida de cada concessão, pode ser uma mais valia capaz de alavancar o negócio”. dekra.pt

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E NT R ADA EM P O R TUGA L

Lausan assume rédeas da Soulima

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om o objetivo de conquistar a liderança do mercado ibérico de distribuição de peças, a espanhola Lausan assumiu uma posição maioritária no capital da empresa portuguesa Soulima. Na sequência desta operação, Ander Beldarrain passou a ser o novo presidente do conselho de administração da Soulima, sendo acompanhado por Joaquim Sousa Lima e Juan Miguel Sans Martí. A nível operacional, a coordenação entre ambas as empresas será assegurada por Nacho Pernas, diretor-geral da Lausan e Ricardo Brito, diretor-geral da Soulima. Esta aquisição permite aumentar a rede ibérica da Lausan para 52 centros de distribuição, passando a dispor de um total de 725 colaboradores, 14 mil clientes e um volume de negócios de aproximadamente 135 milhões de euros. O acordo entre a Lausan e a Soulima 12

teve origem em vários fatores, incluindo a necessidade de consolidação e aumento de escala, a similaridade de trajetórias e de critérios operacionais, a complementaridade geográfica e a adequação a um conceito ibérico. Ambas as empresas irão manter a sua própria identidade e gestão. A Soulima, que pertence ao Grupo Serca e à Nexus, continuará a ser membro de ambas as organizações. Para o cliente, as únicas alterações visíveis serão as melhorias que paulatinamente serão introduzidas em termos de produto, serviços, formação, tecnologia. Entre as sinergias principais mais imediatas, a Soulima beneficiará da orientação para a oficina da Lausan e das suas propostas para o negócio de reparação como a "Taller XXI". Por sua vez, a Soulima proporcionará outras sinergias à Lausan como, por exemplo, a gestão de armazém, onde conta com elevada experiência. soulima.pt


A D P O R T UGAL

Formação em caixas automáticas A AD Portugal realizou uma ação de formação na manutenção de caixas de velocidades automáticas. Através de uma abordagem téorico-prática, o objetivo consistiu em dotar os participantes de métodos e técnicas que lhes permitissem fazer intervenções de manutenção ou reparações simples de transmissões automáticas. No final desta ação, os formandos foram capazes de identificar e caraterizar os sistemas de transmissões automáticas, assim como descrever a função e o funcionamento deste componente, além de identificar os intervalos de manutenção recomendados para cada equipamento. Os formandos também passaram a

conseguir descrever os procedimentos de trabalho subjacentes à manutenção de sistemas de transmissão automática, identificar os "kits" de manutenção para diferentes sistemas de manutenção e a realizar reparações simples, além de executar a manutenção deste equipamento e o diagnóstico de avarias graves. Esta ação está inserida na estratégia da AD Portugal na formação técnica dos seus parceiros. No final da formação, foram atribuídos os respetivos certificados de formação profissional no âmbito do disposto na Portaria nº 851/2010, de 6 de setembro. adportugal.pt

NOVO DIRETOR-GERAL NORAUTO Antigo diretor de rede na Norauto em Espanha, José Luís Bardajosa foi nomeado diretor-geral da Norauto Portugal, sucedendo a Kenton Cox, que passou a ser o novo responsável máximo da Norauto na Polónia. José Luís Bardajosa é formado em Economia e desenvolveu uma carreira na Norauto Espanha durante 12 anos, onde liderou o serviço de logística ibérico durante sete anos, seguindo-se a gestão de um centro auto e de um setor. Em 2016, assumiu o cargo de diretor de rede da Norauto em Espanha. Para José Luis Barbajosa, assumir esta missão na Norauto Portugal é um novo desafio na sua carreira, e vai contribuir na continuidade do desenvolvimento da Norauto em Portugal através da sua liderança e experiência. norauto.pt 13

Controlauto e Iteuve concretizam fusão A Controlauto concretizou a integração plena da empresa de centros de inspeção automóvel Iteuve, em que já detinha uma participação de 100% no seu capital. Ambas operavam já de forma integrada, sob a marca Controlauto, e esta fusão tem como objetivo o reforço do posicionamento de liderança desta unidade de negócio do Grupo Brisa no mercado das inspeções de veículos automóveis, além de promover melhorias significativas no plano funcional, na simplificação dos processos de negócio e na gestão integrada dos serviços prestados. Com esta operação, a Controlauto passou a deter mais dez centros de inspeção, que se juntaram aos 36 que já operava diretamente. A fusão tem um potencial de sinergias para a empresa, mas não terá qualquer impacto na respetiva estrutura interna. controlauto.pt

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NOTÍCIAS

N ACIONAIS

Gama hidráulica da Brembo na Krautli C R E AT E B U S INE S S

Novo parceiro em Espanha A Create Business passou a contar com mais um parceiro em Espanha, desde 1 de janeiro, com a adesão da Grupauto ao projeto ibérico do grupo de distribuição de peças português. Com sede em Valência e delegações em Albacete, Alicante, Múrcia (e proximamente em Sevilha), a Grupauto cobre toda a área do arco mediterrânico e dispõe de cinco armazéns com uma área superior a 12 mil metros quadrados que serve mais de 100 lojas associadas. A Grupauto tem uma grande credibilidade no mercado espanhol e pretende melhorar a sua oferta e serviço através da Create (serviços + valor) para ganhar competitividade nos diferentes segmentos do mercado. “Vemos na Create

a oportunidade de ganhar dimensão e diferenciação no mercado e, com isso, aportar mais valor para os nossos clientes”, afirma Enrique Almendros, presidente da Grupauto. Com a incorporação da Grupauto, a Create procura reforçar a sua presença no mercado ibérico e aumentar a escala do projeto iniciado em 2018, quando anunciou um acordo com a Repuestos Guardiana, que se tornou no seu primeiro sócio em território espanhol. Carlos Nascimento, presidente da Create Business, afirmou ser “um enorme prazer ter a Grupauto na Create e, assim, seguir a linha de ter um projeto de escala ibérica com a capacidade de enfrentar com confiança os desafios do após-venda”. createbusiness.pt

IBEREQUIPE REPRESENTA VIBRATOOL A Iberequipe passou a representar a marca Vibratool, que disponibiliza uma ferramenta de medição projetada para examinar e determinar a causa de vibração nos veículos. Este equipamento deteta facilmente as vibrações nos veículos e ajuda a solucionar problemas de forma rápida e precisa, dando mais tempo ao mecânico para reparar ou substituir a peça danificada no veículo. O equipamento é fácil de instalar, conectar e oferece uma leitura simples dos resultados. iberequipe.pt

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A Krautli Portugal passou a incluir a gama de componentes hidráulicos da Brembo para complementar o seu já vasto portefólio de discos, pastilhas e maxilas de travões para veículos ligeiros e comerciais. Com mais de duas mil referências em stock, a Krautli Portugal consolida a sua posição na distribuição da Brembo, uma das marcas líderes mundiais em sistemas de travagem, com uma das ofertas mais completas do mercado e de elevado valor acrescentado, garantindo aos parceiros uma rendibilidade ajustada às suas necessidades. krautli.pt



NOTÍCIAS

N ACIONAIS

AZ Auto integra grupo CGA

ZF A F T E R M A R KE T

Campanha de amortecedores Sachs

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ZF Aftermarket lançou uma nova campanha relativa aos amortecedores da marca Sachs que tem o objetivo de sublinhar a importância deste componente para a segurança dos veículos. Com imagens gravadas nas pistas de esqui de Sölden, na Áustria, a campanha dá destaque às temperaturas extremas para as quais este componente foi concebido. Destinadas a todos os níveis da cadeia de fornecimento do mercado de após-venda automóvel, as mensagens destacam de que forma a utilização de tecnologia inovadora, de técnicas de fabrico pioneiras e de processos de testes avançados garantem que os amortecedores Sachs são feitos de material resistente, motivo

pelo qual, todos os anos, mais de 10 milhões de automóveis novos saem da linha de montagem equipados com produtos Sachs e pelo qual o mercado pós-venda pode ter total confiança na marca. “O conhecimento obtido com a sua utilização em equipamentos alpinos robustos, incluindo máquinas limpa-neves e teleféricos de montanha, é transferida diretamente para a produção de componentes utilizados na estrada, permitindo que os amortecedores Sachs resistam a temperaturas extremas, independentemente das condições da estrada ou meteorológicas”, explica Pedro Díaz, Country Sales Manager da ZF Aftermarket em Portugal. zf.com/spainportugal/pt_pt

ALECARPEÇAS RENOVA SITE CORPORATIVO A AleCarpeças, renovou o seu site corporativo, que apresenta uma imagem nova e moderna incorpora novas funcionalidades disponíveis para todos os clientes. O site conta com uma área reservada onde, além das funcionalidades já existentes, é possível consultar e gerir processos de devoluções e garantias. O novo site da AleCarPeças também presta homenagem ao fundador da empresa, Jochen Staedtler, que começou a sua atividade na distribui-

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ção de produtos aftermarket automóvel de origem alemã. alecarpecas.pt 16

O Grupo MCoutinho anunciou a sua associação ao grupo ibérico de distribuição de peças automóvel CGA. Criada em 2010, aquela entidade integra a central de compras ATR International. Com esta parceria, o Grupo MCoutinho irá potenciar de forma exponencial a posição da sua insígnia AZ Auto no mercado independente, oferecendo aos seus clientes uma gama completa com condições ainda mais competitivas, aliada a uma logística de referência. azauto.pt

Autozitânia promove formações Orlen Oil A Autozitânia realizou ações de formação técnica e comercial da Orlen Oil que tiveram por objetivo dar a conhecer as maisvalias desta marca de lubrificantes polaca, assim como o apoio técnico e comercial aos seus clientes. As formações foram realizadas em Odivelas e S. Bartolomeu de Messines, num ambiente de grande dinamismo entre os participantes. Segundo a empresa, “a relevância foi muito elevada e o interesse dos clientes pela marca é notório”. autozitania.pt



PROTAGONISTA

CRISTINA CARDOSO, DIRETORA DE VENDAS, ALIDATA

SETOR AUTOMÓVEL ESTÁ NO NOSSO ADN Há 35 anos que a Alidata fornece soluções de software ao setor automóvel, seja a nível oficinal ou do aftermarket. A Receção Ativa foi o mais recente dos sucessos desta empresa nacional que já trabalha nos software… de 2030! Texto Sérgio Veiga Fotos José Bispo

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"Começámos a nossa programação derivada a necessidades de clientes da área automóvel"

e há empresa a que tanto o mundo oficinal como o do aftermarket já se habituou a recorrer foi à Alidata, a “software house” que disponibiliza soluções para as mais diversas situações do dia-a-dia daqueles setores do ramo automóvel. Na verdade, desde os tempos em que ainda nem havia… “software houses”, mas empresas que davam os primeiros passos na aplicação das potencialidades de um novo mundo digital ao serviço de uma maior eficácia da gestão de diversos negócios. Com uma particularidade na Alidata, em plenas comemorações do 35.O aniversário, assinalado no passado dia 16 de janeiro: desde o primeiro dia que o setor automóvel esteve presente! “É um setor que está mesmo no nosso ADN, pois começámos a nossa programação derivada a necessidades de clientes dessa área”, conta-nos Cristina Cardoso, Diretora de Vendas, na sede da Alidata, em Leiria, embora a empresa possua outro polo igualmente importante em termos de desenvolvimento de novos produtos, no centro de Lisboa. “Há 35 anos, praticamente não existia software nas empresas, e nós já tínhamos clientes da área automóvel que nos sugeriam o desenvolvimento dessas aplicações. E daí o nosso programa começou a ser desenvolvido tanto na área das oficinas como a nível da distribuição de peças. É, portanto, um ramo que acompanhamos desde o início e posso dizer-lhe que o nosso cliente n.º 4 ainda está ativo connosco e é do ramo automóvel!”. Hoje, a Alidata tornou-se uma referência a nível de soluções de software, com mais de dez mil clien-

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tes ativos e projetos em mais de vinte países. Mas o setor automóvel continua a ocupar um espaço não só de grande importância como acarinhado de forma especial… “O setor automóvel é algo em que nos destacamos no mercado, pois temos soluções como o Alidata Gestão de Oficinas que gere toda a componente de reparação automóvel, de manutenções preventivas ou curativas. Mas temos também outras soluções que complementam a área do setor automóvel, como a desmaterialização da documentação, e soluções que estão a ser pedidas pelo setor e que temos no nosso portefólio”. Entre Leiria e Lisboa trabalham meia centena de profissionais. “Toda a equipa está devidamente capacitada para esta área do negócio e para a implementação de soluções no setor automóvel. Assim que entramos na Alidata, uma das áreas que aprendemos logo na formação são as soluções para o mercado automóvel, todas as suas funcionalidades e vantagens, como funcionam as próprias oficinas, quais as necessidades, etc.”, realça Cristina Cardoso. 18


TRABALHAR DEZ ANOS À FRENTE

SOFTWARE QUE FIDELIZA CLIENTES Como facilmente se imagina, uma empresa como a Alidata ou qualquer “software house” não tem propriamente espaços de “encher o olho”, como as grandes fábricas ou os descomunais armazéns. Trata-se, afinal, de um “centro de cérebros”, em que se falará quase tanto em linguagem binária como em português ou inglês… Mas não deixa de ser fascinante pensar que, enquanto algumas daquelas pessoas estão a resolver um problema imediato de um cliente, várias outras estão já a trabalhar… em 2030! “Ter um espírito aberto e conseguir perceber essas necessidades e a evolução das coisas é o que nos faz acompanhar a evolução rápida da tecnologia no setor automóvel. Ao longo destes 35 anos, conseguimos manter esse espírito aberto e tentaremos continuar por mais 35 anos”. Uma das mais recentes inovações da Alidata e que tem vindo a conhecer um número crescente de adesão de oficinas (já a caminho das três centenas) é a chamada Receção Ativa Alidata – que apresentámos na nossa última edição. Cristina Cardoso explicou-nos o que está por trás desta solução virada para

Aproximam-se tempos tecnologicamente fascinantes, com a conectividade a entrar em força nos automóveis, com exigência de novos e cada vez mais complexos softwares que também contemplarão a nova relação que se irá estabelecer com as oficinas. Na Alidata trabalha-se já para isso. “Em informática temos de estar sempre a trabalhar dez anos à frente porque, nestas áreas, a evolução tecnológica é tão rápida que temos de pensar sempre onde estaremos daqui por dez anos”, explica Cristina Cardoso. “Temos de fazer sempre algo de diferente e inovador. As ideias têm de 19

ser a maior preocupação, a identificação das necessidades dos clientes e das soluções que, daqui a dez anos, continuarão a ser necessidades dos clientes e para que nós tenhamos respostas para elas. Não posso prever onde estaremos, mas garantidamente que estaremos muito diferentes, tendo em conta a velocidade a que o mercado se move… Nestes últimos dez anos tivemos um percurso muito positivo, mas avançámos mais do que estávamos à espera, a velocidade de evolução foi mais rápida do que tínhamos antevisto. E continua a acelerar!”.

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PROTAGONISTA

as oficinas: “A Receção Ativa apoia a oficina a estimular o serviço junto e diretamente com o cliente. Logo no momento em que o cliente chega à oficina, a pessoa que está a fazer o diagnóstico junto do veículo consegue captar a informação crítica que está a ser dada pelo cliente, mas também estimular a venda de novos serviços junto do próprio cliente. E quanto mais informação conseguir captar e transmitir naquele momento, melhor a oficina vai fidelizar o cliente e, consequentemente, gerir o seu negócio. Ao permitir tirar fotografias, identificar logo os serviços, verificar logo se aquela viatura já tinha uma marcação feita, o que o cliente identificou telefonicamente ao fazer essa marcação, tudo isso diminui o tempo de resposta da oficina ao cliente, otimizando o tempo do cliente”. Esta forma de ajudar a oficina a fidelizar clientes – e estamos agora numa altura-chave para o fazer! – é reforçada por uma outra solução da Alidata, o chamado “Portal da Oficina” que tem recebido grande atenção ultimamente. “É um produto em que o cliente da oficina (a oficina dá este serviço aos seus clientes) pode consultar a sua informação exclusiva, numa área reservada, onde pode fazer as suas marcações online. Além disso, pode consultar o histórico da viatura, a própria oficina pode espoletar um alerta a dizer que a viatura tem uma manutenção preventiva para fazer, que tem a inspeção para fazer no próximo mês e que pode, por exemplo, lá ir fazer o ‘check-up’ para garantir que corre tudo bem na inspeção. Tudo isto permite um maior contacto da oficina com o seu cliente, aumentando essa fidelização, pois o cliente fica despreocupado”. Mas a Alidata propõe outras soluções para facilitar a gestão diária das oficinas. E se pensa que estas coisas não são para a sua pequena oficina, mas sim a pensar apenas nas grandes redes que têm milhões para gastar… não é bem assim. “As soluções da Alidata são escaláveis, vão desde a microempresa à média e até à grande empresa. Posicionamos a versão mais correta para suprir as necessidades, em função do cliente. Costumo dizer que somos uma empresa portuguesa com soluções para empresas portuguesas, não somos uma empresa que vem de fora para o nosso mercado. Somos uma empresa 100% portuguesa que conhece bem a realidade das empresas portuguesas e a nossa solução é pensada para isso, para alcançar todos os clientes, seja em termos de preço, ou de funcionalidades”, assegura Cristina Cardoso. E dá o exemplo da solução Alidata para a gestão de oficinas. “Lida com tudo o que é ficha da viatura, o cadastro da viatura, o histórico de serviços e peças que a viatura leva, a parte do agendamento das marcações, os orçamentos, a parte da gestão das folhas de obras. Ou seja, os pontos críticos que, independentemente de serem pequenas oficinas,

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convém trabalhar essa gestão para conseguir controlar as viaturas dos clientes. Temos efetivamente soluções que se enquadram, em termos de funcionalidades e em termos de valores, para empresas de todas as dimensões”. Em Portugal, a Alidata distribui-se pelas suas instalações originais de Leiria e também pelas do centro de Lisboa, onde meia centena de profissionais desenvolve software para inúmeras finalidades. São 35 anos, completados no início deste ano!

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CLIENTES PREFEREM SOLUÇÃO INTEGRADA No trabalho da própria oficina, há grandes mais-valias em ter interfaces que liguem automaticamente e de forma integrada a diversas bases de dados para respostas mais rápidas a quem está a fazer uma reparação. “São integrações que fazemos com softwares muito usados no setor automóvel, para otimizar o tempo de busca e de resposta ao cliente. É extremamente importante que, perante um orçamento, consiga perceber quais são, para aquele modelo e aquela matrícula, as peças corretas e os tempos preconizados. E minimizar os erros! O software Alidata tem diversas integrações com esses softwares, como o TecDoc, GTMotive, Autodata ou a SpiesHecker no caso das tintas. E estamos sempre abertos a novos interfaces para integrar em tempo real essa informação”. Por fim, há ainda uma solução designada por CRM (Customer Relationship Management) e que não é exactamente específica do setor automóvel, mas das soluções transversais úteis a vários negócios. “Tem funcionalidades muito apreciadas pelos nossos clientes como a facilidade com que controla


CUIDAR DA CIBERSEGURANÇA! Quando se fala de “software”, conectividades, transmissões de dados e comunicações digitais, há sempre o “lado negro” dos ataques cibernéticos que têm aumentado exponencialmente. Procurando até as empresas mais pequenas, com menos recursos para se defender… “Além do desenvolvimento do software, temos também técnicos especializados e formados em segurança da informação que apoiam os nossos clientes no sentido de terem a sua informação segura”, garante Cristina Cardoso. “Isso é, ou deveria ser, uma preocupação das empresas! Pequenas empresas por todo o Mundo são atacadas, por serem mais vulneráveis porque não têm, na generalidade, a sua infraestrutura tão segura.

“Pelo ‘feedback’ que tenho dos clientes, dizem-nos que a nossa solução é das mais completas no mercado. Temos soluções que funcionam autonomamente mas, por norma, o cliente acaba por preferir a solução toda integrada”

(regista ou consulta) os contactos com o cliente ou se enviam campanhas ou qualquer tipo de informação para grupos segmentados, de acordo com os objectivos – por exemplo, para estimular determinadas vendas, para o felicitar pelo seu aniversário, dar-lhe algo que o traga à oficina. O CRM é, no fundo, gerir todos os contactos que a oficina faz com o cliente e também os que o cliente faz com a oficina”. Apesar de a Alidata ter quatro soluções especificamente viradas para as oficinas – e várias outras para o lado do aftermarket e gestão de peças – que até podem ser implementadas de forma isolada (por exemplo, o cliente pode querer apenas a Receção Ativa), na prática não é isso que tem sucedido. “Se há algo que nos destaca é o facto de o nosso software ser um software integrado. Todas as áreas da oficina estão integradas e toda a informação está interligada, desde a parte de compras à parte de faturação e à receção. Por norma, o cliente que nos contacta pela Receção Ativa acaba por perceber a mais-valia de usar o sistema todo integrado. Portanto, temos soluções que funcionam autonomamente mas, por norma, o cliente acaba por preferir a solução toda integrada”. E a procura destas soluções já não é uma tendência, já faz parte da “normalidade” com que se monta um negócio, segundo Cristina Cardoso. “Mesmo a pequena empresa, à velocidade a que as empre21

Nós temos a preocupação em sensibilizar os clientes e apoiá-los na implementação de sistemas para terem a sua informação mais segura. Desde a instalação de ‘firewalls’ ou antivírus profissionais para proteção da informação ou outro tipo de sistemas que podem bloquear ou minimizar a entrada dessa ‘parte negra’”. Soluções que representam inegável avanço como a Receção Ativa, ao terem implícitas comunicações externas, têm de ser cuidadas. “São vulnerabilidades com que as oficinas têm de contar, as comunicações têm de ser feitas da forma mais segura possível. Não há sistemas 100% seguros, mas há soluções muito boas que conseguem minimizar as consequências desses ataques”.

sas trabalham, é impensável não terem um software que as apoie na gestão do seu negócio. Seja qual for a sua área, o software é um dos pilares das empresas, ajudando-as na consolidação da informação em tempo real”. E, no que toca ao setor automóvel e oficinal, pelos 35 anos de experiência e pela satisfação dos clientes, a Alidata tem lugar de destaque. “Pelo ‘feedback’ que tenho dos clientes, dizem-nos que a nossa solução é das mais completas no mercado. Diria que, nesta área, somos dos principais ‘players’ do mercado e gosto de dizer que somos uma empresa 100% portuguesa, o que também faz com que as empresas tenham a confiança com um interlocutor direto, conseguem facilmente perceber quem está do lado de lá, quem está a desenvolver as soluções, a ouvi-lo, não só pelo telefone mas presencialmente. E isso conta muito porque, apesar de estarmos na era digital, nós deslocamo-nos ao cliente e é esse contacto próximo dos clientes que garante a continuidade do negócio”. Em tempo de comemoração do 35.o aniversário, a Alidata está a preparar algumas prendas, mas Cristina Cardoso pouco mais pôde fazer que levantar-nos uma pequena ponta do véu. “Temos a equipa de investigação e desenvolvimento a preparar novidades, mas que ainda não podemos revelar. Serão novos softwares e novas funcionalidades que irão apoiar as oficinas a gerir e a ter a informação, independentemente de onde estejam e em tempo real!”.

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REPORTAGEM

Os diversos responsáveis ibéricos pela área do aftermarket da Bosch mostraram aos elementos da rede Bosch Car Service de Portugal e Espanha as novidades que irão impulsionar os seus negócios

CONVENÇÃO BOSCH

CHEGOU A ERA DIGITAL A apresentação das novas “ferramentas” e serviços da Bosch Car Service juntou 900 pessoas ao som do “The show must go on” dos Queen!

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ais que uma convenção de uma rede oficinal, parecíamos estar num concerto de “rock”! Afinal eram cerca de novecentas pessoas num auditório que trepidava ao som do “The show must go on” celebrizado pelo “Queen”, dando mote a mais uma convenção ibérica da Bosch Car Service. E, num espectáculo “liderado” pela portuguesa Rita Ferro e o espanhol Jesus Vásquez, o tema não podia ser mais apropriado, quando os responsáveis ibéricos do aftermarket da Bosch pretendiam mostrar aos seus parceiros no terreno as ferramentas que os tornarão mais competitivos. “A mudança não é uma escolha, mas reiventarmo-nos é uma atitude. Cada um de vocês será o eixo desta mudança que terão de enfrentar nas vossas empresas, mas não estarão sozinhos”. Marian Luño, responsável da Bosch para o aftermarket para Espanha e Portugal introduziu, assim, um longo desfile não só de novidades viradas já para as novas

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Texto Sérgio Veiga

gerações de automóveis, mas também de serviços para que as oficinas Bosch Car Service se distingam da concorrência. “A Bosch regista uma patente a cada 22 minutos”, disse, enfatizando o carácter inovador da empresa, antes de se focar no mercado. Haverá mais 9% de automóveis a circular em Portugal, num parque muito polarizado, com carros novos a par de carros muito velhos. E se o futuro pode ser elétrico, não será aí que estará o negócio nos próximos 1015 anos. “Os elétricos puros serão 0,05% de todos os veículos. A maior parte serão híbridos, esse é o futuro, e a aposta deve ser na formação. Em Portugal, 91 oficinas foram formadas para tecnologias híbridas nos últimos meses”. E há ainda a crescente conectividade dos automóveis que obrigará as oficinas a responder de forma diferente. Manutenção preventiva, diagnósticos e reparação dos inúmeros sensores que já equipam os carros de hoje e que se irão multiplicar são as novas áreas de negócio (além dos serviços), para com22

pensar uma previsível redução nas reparações de chapa, pelo aumento das ajudas à condução e até aos automóveis autónomos. Foram muitos os oradores da convenção da Bosch Car Service, mostrando alguns serviços ou equipamentos de que já aqui tínhamos falado na última edição, no dossiê sobre a Oficina 4.0: o portal online MyBoschCarService que mantém o condutor ligado à oficina ou a aplicação Bosch Car Service Connect que, associada ao portal, pode avisar a oficina de uma avaria em tempo real; suportes à reparação como aplicações da Realidade Aumentada, Plataforma EBR com extensa base de dados de reparações semelhantes já efetuadas, o ESI[tronic] ligado à “cloud” para maior rapidez ou o software CORE (Reparação Conectada) que coloca os equipamentos da oficina e os sistemas de gestão a “falarem” entre si. Tudo ajudas fundamentais para as 743 oficinas que constituem a maior rede de “franchising” da Europa!



REPORTAGEM

OFICINAS ILEGAIS

MAIS E MELHOR CONTROLO EXIGE-SE! O setor oficinal debate-se com a deslealdade da concorrência das oficinas ilegais que desviam centenas de milhões de euros! A ARAN tem várias propostas para recolocar muitas oficinas no sistema e para que as inspeções sejam mais eficazes quanto aos prevaricadores

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xistem atualmente cerca de dez mil oficinas em Portugal, estimando-se que perto de três mil funcionem de forma ilegal, de acordo com um estudo da ARAN (Associação Nacional do Ramo Automóvel). “O que se traduz numa receita de 900 milhões de euros que não é objeto de liquidação de

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Texto David Espanca

impostos”, adiantou-nos Neli Valkanova, secretária-geral daquela entidade. Desde 2006 que a situação económica do País se agravou e muitas das oficinas que funcionavam de forma legal fecharam, “mas na realidade uma parte delas continuou a trabalhar ‘à porta fechada’”. Ora, se cerca de 30% do número total de oficinas funcionam de forma ilegal, 24

trata-se de uma situação que “representa uma concorrência desleal para as oficinas que cumprem todos os requisitos legais, que não são poucos e com custos elevados”, reforçou Neli Valkanova. Porque estes espaços “não pagam quaisquer impostos, segurança social dos trabalhadores, não respeitam


Sejam oficinas que funcionem de forma conscientemente ilegal ou de casos de simples "biscates" pós-laborais, são sempre casos de concorrência desleal aos estabelecimentos que funcionam de acordo com a legislação, cumprindo as suas obrigações fiscais, ambientais, com a Segurança Social ou na proteção dos seus trabalhadores

regras ambientais, bem como as relativas à segurança e saúde no trabalho”. FISCALIZAÇÕES NO PÓS-LABORAL As oficinas ilegais têm conseguido escapar às ações de fiscalização que têm ocorrido porque, além de trabalharem à porta fechada, também o fazem em horário dito pós-laboral, enquanto as entidades fiscalizadoras realizam as suas ações normalmente durante o período laboral da generalidade dos trabalhadores… A isso, acresce a falta de meios das entidades fiscalizadoras (mais precisamente recursos humanos), o que dificulta a realização das ações de fiscalização. Há já vários anos que a ARAN defende uma alteração ao nível da estratégia das ações de fiscalização, fazendo-as incidir também sobre aquele tipo de organizações. Nesse sentido, tem realizado diversas reuniões com os ministérios da Economia e das Finanças (afinal estima-se que fiquem

por cobrar cerca de 200 milhões de euros só em IVA…), apresentando as suas preocupações e propostas junto da Comissão dos Assuntos Económicos da Assembleia da República, entre outras. Por outro lado, a Associação, ao tomar conhecimento deste tipo de situações, através das empresas suas associadas, apresenta junto da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) as informações relativas a outras organizações ou “oficinas” que funcionam de forma ilegal, de modo a que aquela entidade tome conhecimento de que as mesmas existem e em que locais operam. Daí que a ARAN tenha propostas muito concretas para a resolução do problema, como nos referiu Neli Valkanova: “Todas as empresas legais 'sofrem' deste tipo de concorrência e é natural que as outras associações do setor também estejam atentas e apoiem a fiscalização aos ilegais”. 25

No meio de tudo isto, o facto é que as oficinas ilegais têm a seu favor o fator preço, “que pode representar cerca de 50% de 'poupança' para o cliente”. Porém, é uma falsa poupança que pode trazer problemas, já que “os riscos de segurança associados a este tipo de reparações são muito elevados, começando pela adequada identificação da avaria das viaturas, a identificação das peças e acessórios específicos para as viaturas, a falta de meios para a aferição dos diagnósticos, as questões associadas às garantias dos serviços e das próprias peças”. Ou seja, “os riscos para a segurança dos proprietários dos veículos e das suas famílias ou utilizadores dos mesmos são elevadíssimos, o que pode aumentar o número de avarias nessas viaturas e até a ocorrência de acidentes, que como sabemos tantas vezes são fatais em Portugal”. A título de exemplo, continua: “Imagine-se uma reparação que exija a co-

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REPORTAGEM

Também para os clientes as oficinas ilegais comportam riscos evidentes, por nem sempre montarem as peças corretas e/ou necessárias

locação de um 'airbag' e uma 'oficina' clandestina apresenta preços mais baixos porque simplesmente opta pela não colocação da peça necessária, sem advertir para os riscos daí decorrentes…”. APOIAR EMPRESAS DO SETOR Tendo em conta que muitos destes estabelecimentos já foram empresas legais, mas que, devido à crise económica, tiveram de encerrar a sua atividade, a ARAN é da opinião que o Governo deveria analisar o problema e criar apoios

para a generalidade das empresas do setor, incentivando assim todos quantos funcionam na ilegalidade a voltar a organizar-se de forma legal e a cumprir as regras aplicáveis. Neli Valkanova entende que, uma vez reforçada e melhorada a competitividade das empresas legais, “reunir-se-ão as condições para que os salários dos trabalhadores possam ser aumentados e não haja a tentação de fazer 'biscates' na garagem lá de casa ou em oficinas ilegais”. De forma a corrigir esta situação, no

ASAE FISCALIZOU 310 OFICINAS De forma a combater a economia paralela, a ASAE levou a cabo a Operação Auto, uma ação de fiscalização a nível nacional, no passado mês de novembro, dirigida às oficinas de reparação de veículos, em colaboração com a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR). Em resultado das ações foram fiscalizados 310 operadores económicos, tendo sido instaurados 115 processos de contraordenação, destacando-se como principais infrações a falta de mera comunicação prévia para exercer a atividade, a ausência de indicação de preços nos serviços prestados, a carência do livro de reclamações ou a falta de afixação do dístico de proibição de fumar, entre outras.

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ano passado ano a Associação apresentou algumas propostas para combater a reparação não legal, no decorrer de uma audiência no Ministério da Economia, nomeadamente, a obrigatoriedade de inscrição nas Associações, a dinamização e cooperação entre Associações e entidades fiscalizadoras, o alargamento do âmbito de cooperação a outras entidades, designadamente câmaras municipais e juntas de freguesia, e a promoção de ações de fiscalização reativas aos ilegais. Mas não se ficou por aqui e solicitou ainda que fossem tomadas medidas limitadoras de vendas de peças automóveis, em larga escala, a particulares, e de vendas de componentes automóveis nos supermercados. O controlo efetivo dos centros de emprego à atividade dos desempregados, o aumento dos benefícios fiscais em sede de IRS, são outras propostas que a ARAN espera que o Executivo português tenha em consideração para combater a concorrência desleal e melhorar a competitividade das empresas. Agora compete às entidades responsáveis pronunciarem-se sobre estas matérias e Neli Valkanova espera que venha a acontecer “alguma mudança nas prioridades do Governo”. “Entendemos que há várias situações que merecem a atenção no setor automóvel, tendo em conta o peso que ele tem ao nível das receitas fiscais”.



REPORTAGEM

DPAI

APRESENTADAS NOVIDADES PARA 2019 No encontro anual das suas comissões especializadas, a DPAI (Divisão de Peças e Acessórios Independentes da ACAP) anunciou o novo Observatório do Comércio de Peças e Acessórios Independentes Texto David Espanca

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a abertura dos trabalhos, Joaquim Candeias, presidente da DPAI, efetuou um balanço das atividades desenvolvidas em 2018, destacando o “o desenvolvimento de um plano estratégico de comunicação, assim como a adesão de novos membros à DPAI”. A propósito de 2019, adiantou que a DPAI vai estar presente

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na ExpoMecânica, “onde a comissão de fabricantes terá um espaço próprio”, e que também “fará parte da organização da próxima edição da Motortec [em Madrid], numa parceria ainda a desenvolver”. Será ainda dada uma importância acrescida à qualificação do setor, pelo que se prevê “um ano muito rico no âmbito dos recursos humanos”, conclui Joaquim Candeias. 28

Dário Afonso, “managing director” da DPAI, salientou que “o maior desafio da próxima década são os recursos humanos e não a tecnologia”. “Há uma nova geração de consumidores que utiliza o 'smartphone' para efetuar compras 'online', e o 'aftermarket' caminha nessa direção, através da fusão do B2B e B2C”. Aquele responsável destacou ainda que o futuro do setor passa por


“um novo modelo de gestão do negócio” que tem a ver com a recolha e partilha de dados. Noutra área, “as impressoras a 3D serão muito importantes”, devido à facilidade com que se construirão peças. No final da sua intervenção apresentou a próxima edição do Programa Avançado de Gestão para o Pós-Venda Automóvel, com início a 22 de fevereiro, no novo Campus da Universidade Nova, em Carcavelos. O curso compreende um total de onze módulos de formação, repartidos ao longo de nove meses. APOSTAR NAS REDES SOCIAIS Para falar sobre dados estatísticos do mercado, Pedro Barros, da Comissão Executiva do DPAI, anunciou que a Associação dispõe de uma equipa nova e que, em 2019, “temos em perspetiva um novo Observatório do Comércio de Peças e Acessórios Independentes, que assentará em três fatores: parque automóvel, entradas nas oficinas e composição do programa de vendas”. O objetivo deste novo Observatório passa

O objetivo deste novo Observatório passa pela antecipação do lançamento dos dados estatísticos

pela antecipação do lançamento dos dados estatísticos, sendo que os relativos a 2017 estarão disponíveis de imediato. O Observatório 2019 prevê a inclusão da taxa de crescimento como variável de estudo, assim como a análise de tendências futuras para o mercado e estudos de correlação entre o volume de vendas do IAM e indicadores económicos ou demográficos. Relativamente ao plano estratégico de comunicação, foi referido o lançamento de um novo site do Observatório para 2019, que estará otimizado

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para qualquer tipo de dispositivo, assim como o planeamento da sua presença nas redes sociais, cujo primeiro passo incluirá o Facebook e o Linkedin, seguido do Instagram e Twitter e, por último, o YouTube. Ribeiro da Silva, da Comissão Especializada de Produtores de Pneus, falou do trabalho efetuado da ação de rua de forma a sensibilizar para uma correta utilização e manutenção dos pneus, como “fator-chave de segurança dos automobilistas, no consumo e emissão de CO2 ”. Por último, Manuel Félix, da Comissão Especializada de Distribuidores de Pneus, apresentou alguns dados relativos ao mercado nacional, estimando-se que ele represente cerca de 4,5 milhões de pneus, sendo que as vendas dos distribuidores deverão rondar os 2,5 milhões de pneus. As iniciativas desta comissão centraram-se na análise de estatísticas do mercado, no donativo efetuado às vítimas do incêndio de Pedrógão Grande e ainda na colaboração com a ValorPneu.


ENTREVISTA

JOAQUIM CANDEIAS, PRESIDENTE DA DPAI

A TELEMÁTICA VAI TRANSFORMAR O NEGÓCIO Joaquim Candeias, presidente da Divisão de Peças Automóveis Independentes (DPAI), tem uma visão privilegiada sobre a evolução do aftermarket em Portugal e alerta que, para sobreviverem, as empresas têm de se adaptar à nova realidade da telemática e da conectividade dos automóveis Texto Sérgio Veiga e Paulo Marmé Fotos José Bispo

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lém de “managing director” do bilstein group em Portugal, Joaquim Candeias é figura de referência do aftermarket em Portugal, ao liderar a vertente associativa do setor, na qualidade de presidente da DPAI (Divisão de Peças Automóveis Independentes), a divisão do após-venda independente da ACAP (Associação Automóvel de Portugal). Sendo ainda membro da direção da FIGIEFA (Federação Internacional de Distribuidores Independentes de Peças de Automóveis), Joaquim Candeias tem uma visão privilegiada acerca do panorama atual e futuro do aftermarket e alerta as empresas do setor para a importância de, nestes tempos de rápida evolução e globalização, encararem de forma séria a formação profissional e procurarem acessos privilegiados a todo o género de informação que será a chave-mestra para cimentarem a sua competitividade. Até porque, defende, o futuro do negócio passará, garantidamente, pela telemática, com o sucesso do vasto setor do após-venda independente a estar diretamente relacionado com a capacidade dos diferentes “players” em aceder, gerir e trabalhar o caudal de dados que os veículos irão gerar. Como avalia a saúde do aftermarket nacional? O setor do aftermarket independente está saudável e está até numa perspetiva de crescimento. Embora o mercado cresça moderadamente, há “players” a crescer consideravelmente. O que noto é que, ao contrário do que tem sucedido na Europa Central, em que existe uma aquisição de “players”, em Portugal e Espanha ainda estamos um pouco resguardados desse fenómeno, embora alguns desses grupos americanos e fundos de investimento já tenham manifestado intenção de entrar em Espanha. Em Portugal não temos “players” com grande volume de negócio, pois somos um mercado pequeno e isso talvez faça com que o nosso mercado não seja uma prioridade. Na verdade, estamos a seguir essa tendência da concentração, mas uma concentração orgânica, pois não há aquisições de empresas ou o que surgiu foi pontual e pouco significativo. O que se nota, de facto, é alguns “players” a crescer acima do crescimento do próprio setor, portanto a ganhar em “market share”, e outros que começarão a enfraquecer, porque se uns crescem acima do ritmo do mercado, há outros que perdem. Haverá “players” cada vez mais fortes, de maior volume, e outros que vão ficando mais fracos, podendo até desaparecer ou ser absorvidos. Segundo dados do novo Observatório de Peças e Acessórios Independentes, 47,6% do mercado nacional pertence a cerca de 40 empresas. Essa ato-

mização do mercado pode manter os “tubarões” estrangeiros pouco interessados, mas eles acabarão por cá chegar… Julgo que sim. Até pelo grande impacto das novas tecnologias no setor. Aquilo que, na minha opinião, irá influenciar o nosso negócio é a telemática que transformará todas as atividades relacionadas com o automóvel, devido ao acesso à informação. Vão aparecer “start-up” que revolucionarão o modo como se vendem e distribuem peças e se reparam automóveis, expondo fraquezas de alguns “players” que não têm a mente aberta para a inovação e continuam a pensar que a forma como trabalham há 30 ou 40 anos, baseada na experiência, é a base e o garante da continuidade, esquecendo-se que um bom talento e uma boa atitude faz uma diferença enorme. Alguém pode não ter experiência, mas se trouxer uma nova maneira de estar e visão, às vezes consegue suplantar alguém que tem muita experiência, mas que está na sua zona de conforto. COMO A TELEMÁTICA VAI REDEFINIR A DISTRIBUIÇÃO Este setor tem tido uma série de anos de crescimento. Há algum sinal que antecipe um ponto de viragem? Acho que vai haver um ponto de viragem para muita gente, infelizmente. Serão aqueles que têm vindo a usufruir desse crescimento e que vão na onda, mas a onda vai acabar e, para continuar, é preciso “dar aos braços”. Para esses o crescimento vai parar porque nunca fizeram nada a não ser olhar para o vizinho do lado, ver como é que ele fazia, tentar se calhar fazer um pouco melhor. Mas se se perguntar qual é a estratégia a três ou cinco anos, a resposta é vender, ganhar dinheiro e prestar melhor serviço, mas não há verdadeiramente uma estratégia definida que permita atingir esses objetivos. Portanto, essas empresas, garantidamente, vão ter dificuldade em sobreviver. Os outros que têm uma estratégia bem definida, que andam já a fazer investimentos em formação, em instalações para um melhor serviço, em software e em capacidade de acesso a dados e outros diferentes meios que permitam construir melhor o futuro, esses vão evoluir e vão ter uma oportunidade, de facto, fantástica, porque a página vai virar. No nosso setor, andámos décadas a baixar margens, porque este negócio quando eu comecei a trabalhar tinha margens muitíssimo maiores.

"Haverá 'players' cada vez mais fortes, de maior volume, e outros que ficarão mais fracos, podendo até desaparecer ou ser absorvidos"

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ENTREVISTA

Lembro-me de ouvir dizer que o segredo era a alma do negócio. Isso é tudo passado! As margens estão esmagadas. Hoje tem de se partilhar muita coisa para se poder continuar na crista da onda. Porque vamos ter outro tipo de negócio, completamente novo com a telemática, em que conseguiremos fidelizar clientes e cadeias na distribuição de uma forma completamente distinta do que fazemos hoje. Daqui a meia dúzia de anos serei avisado por antecipação de que o meu veículo vai precisar de uma intervenção e vou marcá-la eletronicamente para dali a três dias. Portanto aquela entrega urgente de 6 ou 8 vezes ao dia que hoje é um argumento forte e de preferência de fornecedores, daqui a meia dúzia de anos não valerá nada, porque os canais estarão todos muito bem definidos. Estamos a falar de um plano temporal de quantos anos para isso suceder? Muito curto. Repare: todos os veículos desde 2002 podem ser conectados e dar informação, pelo que a telemática pode ser implementada muito rapidamente. Considerando que o nosso parque tem uma vida máxima na ordem dos 20 anos, faltarão cerca de três anos para abatermos todos os carros que não estão preparados para ter conexão. Dentro de poucos anos, o parque pode ser todo conectado e isso será muito mais rápido que a penetração dos automóveis elétricos. E toda a gente pode fazer negócio com a telemática, até postos de combustível que podem informar o condutor, sabendo a autonomia de determinado veículo, de que tem uma campanha e uma promoção favorável para que abasteça ali. MAIS MOTIVAÇÃO PARA ESTUDAR A DPAI vai realizar, a 22 de fevereiro, mais uma edição, a quarta, do programa avançado de gestão para profissionais do pós-venda automóvel que têm sido programas de grande sucesso. Nota-se uma mudança de mentalidades, uma procura voluntária de formação e novos conhecimentos? Acho que ainda não, ainda não estamos nessa fase e este curso é exemplo disso. Este é um curso que não precisa de formação-base ou específica para a sua frequência, mas é um curso que, apesar de estar em ambiente universitário, está totalmente virado para o nosso setor. E quem o tem frequentado altera completamente a sua maneira de estar e evolui extraordinariamente. É um curso que faz uma grande diferença e há quem gostasse de ter um segundo nível mais aprofundado. A verdade é que vamos na 4.ª edição e até conseguimos arranjar o número necessário de alunos, mas devia ser o contrário: devíamos ter pessoas em lista de espera e a fazer fila à porta da universidade para poderem entrar porque o benefício é tremendo…

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"Dentro de poucos anos, o parque pode ser todo conectado e isso será muito mais rápido que a penetração dos automóveis elétricos. E toda a gente pode fazer negócio com a telemática, até postos de combustível"

Esperava outra resposta, que dissesse que havia maior sensibilidade e proatividade na procura de formações… Estou a falar especificamente deste curso. Em relação a outras formações, há mais motivação para estudar e mais no Norte que no Sul. Ainda há pouco tempo estive numa empresa que faz formação técnica e organiza constantes grupos a nível nacional. No Norte, é fácil haver lista de espera para esses cursos rápidos de 8 horas e em Lisboa tem muita dificuldade em conseguir fazer esses cursos, portanto há uma diferença grande de mentalidade. Mas há maior apetência para essas ações. No nosso curso, especificamente, penso que há duas ou três situações que não favorecem a adesão. Primeiro, é um curso em ambiente universitário e muita gente que está no nosso setor sente-se um pouco intimidada por entrar na universidade por, eventualmente, não ter um curso superior ou não ter acabado o 12.º ano, o antigo 7.º ano. Podem pensar que não saberão responder a questões que lhes colocam, quando não tem nada a ver com isso, porque se trata de um curso virado para o nosso setor e negócio em si. Depois é a própria comunicação. A universidade abriu-nos as portas, mas não há um meio de comunicação para divulgar o curso, pois é a ACAP e a DPAI a fazerem-no. Teremos clientes mais informados, mas vamos ter uma nova geração em que a posse do automóvel

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APOSTA NAS ESTATÍSTICAS PARA TOMAR BOAS DECISÕES A Divisão de Peças e Acessórios Independentes (DPAI) tem apostado na melhoria dos dados estatísticos do mercado. Será uma ferramenta importante para antecipar tendências ou servirá apenas para uma sistematização do que se passa? A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) está a investir, fortemente, nesta área das estatísticas. A ACAP é a grande fonte de informação da venda de veículos novos desde sempre, mas não havia informação em termos de peças e acessórios, pelo que tenho vindo a lutar para que haja. Felizmente, tenho tido algum sucesso da parte da ACAP que, como instituição, está a investir: temos novas pessoas com formação de base nesta área e, inclusive, o próprio departamento estatístico e de tratamento de dados da ACAP está a sofrer uma grande transformação. Eu próprio tenho tido alguma influência nessa área porque é algo essencial para a DPAI. Na área do aftermarket independente estamos a fazer correlações com questões e dados económicos não ligados propriamente ao nosso setor, mas que permitem fazer comparações e traçar tendências. Estamos a trabalhar também para evoluir a informação estatística ao nível dos automóveis, para que se receba no telemóvel informação, se calhar diária, de quantos veículos usados foram comercializados por dia ou importados e quais os veículos mais usuais. Se eu souber que carros usados são mais comercializados e quais serão aqueles que mais peças irão consumir, poderei trabalhar isso. Outro exemplo: para um reparador essa informação pode leválo a concluir que o melhor é especializar-se numa área ou noutra porque percebe quais os modelos mais atrativos e consumidores de peças e que necessitam de intervenções de manutenção. É uma informação muito útil, de que as gestoras de frotas e seguradoras também podem usufruir, mas esta informação tem de ser muito credível e abrangente e é nesse sentido que a ACAP está a trabalhar. Isso fará uma grande diferença ainda que leve algum tempo a concretizar, mas será certamente uma área em que a ACAP e a DPAI vão fazer uma enorme diferença. Eu quero que o setor se sinta dependente desta informação. Vai chegar ao ponto de, para um empresário tomar uma decisão correta, tenha de consultar a nossa informação estatística. Sou grande impulsionador das estatísticas e, estando na área do aftermarket independente, olho para o setor todo e a partilha de informação é essencial para toda a gente.

será menos importante e que, portanto, não levará o carro à oficina, alguém o levará por si, talvez gestoras de frotas. Isto será uma pressão adicional sobre as oficinas? Eu não colocaria as coisas nesses termos. Para aquelas oficinas que não têm boas práticas, garantidamente é o princípio do fim, não têm futuro. Para as outras, julgo que é um novo modelo de negócio que lhes trará a possibilidade de ter um negócio honesto, rentável e transparente. É uma maneira diferente de fazer negócio e não é nenhum drama. Se hoje falar com um bom reparador vai ouvir que ele não pensa no automóvel, preocupa-se com o cliente. Antigamente, a pessoa ia a um mecânico muito competente, mas com pouco jeito e modos rudes de se relacionar com as pessoas. Isso hoje já não existe porque o que as pessoas procuram é ser bem tratadas. O relevante é satisfazer o cliente e as redes hoje estão cada vez mais viradas para esse posicionamento, preocupando-se em oferecer o melhor serviço. Isto leva algum tempo. As mentalidades não se mudam de um dia para o outro, leva décadas.

Faz sentido uma associação que representa o aftermarket independente estar integrada numa associação de construtores, quando tantas vezes os interesses são antagónicos? Eu desde que trabalho neste setor, a ACAP sempre teve o rótulo de ser a associação dos concessionários de automóveis e das marcas. Mas também me recordo, desde o início que, para se comprar peças e se ter desconto, tinha de se levar o cartão de sócio da ACAP – isto há muitos anos. Mas a verdade é que a divisão de peças não tinha de facto força nenhuma, pois a ACAP era dirigida pelas marcas de automóveis. Hoje, a DPAI tem muita força dentro da ACAP. E tem tanta força ou mais que os concessionários, tendo muita visibilidade e sendo muito respeitada. É, inclusive, a única divisão da ACAP que tem logótipo próprio e um mini site.

DIFICULDADES TRAZEM OPORTUNIDADES O mercado está em grande evolução, com alguns patamares de negócio a serem eliminados. O mercado está mais dinâmico, mas, ao mesmo tempo, parece algo confuso… Eu já vi a situação mais confusa do que está hoje. Quem tinha aquele posicionamento de grossista 33

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ENTREVISTA

e que vendia às oficinas começa a ter as suas lojas próprias e criou a sua própria cadeia de distribuição. Isso nota-se nalgumas empresas. Há outras que se mantêm com um posicionamento de respeitar a cadeia de distribuição. Mas essas situações já existiram mais do que agora. O mais importante é o mercado começar a arrumar-se por si só. Acho que vai ser o princípio de uma tendência daquilo que se vai passar, porque a base do futuro é o acesso à informação e aos dados. Quem tiver dados conseguirá introduzir com facilidade os seus produtos e canalizá-los de modo a chegar ao consumidor final. Há empresas que, nessa sua estratégia, se têm de reajustar e que têm de ter boas práticas, porque no topo disso tudo estão os fabricantes que defendem a sua própria imagem de marca. Há uns dez anos não havia, eventualmente, esse cuidado. Qualquer fabricante, desde que aparecesse uma oportunidade de negócio vendia e não se preocupava tanto com a imagem de marca. As próprias estratégias de distribuição queriam era vender e hoje já não. Hoje, o próprio fabricante já tem um posicionamento que vai resguardando, quer a ele, quer a própria cadeia de distribuição e isso obrigará a melhorar as boas práticas. Quais serão as maiores ameaças mas, por outro lado, quais serão as maiores oportunidades de toda esta evolução no mundo globalizado? A nível do nosso negócio de peças, a globalização pode ser uma ameaça porque, antigamente, fazia este negócio a nível quase regional e nacional. Nós

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"A base do futuro é o acesso à informação e aos dados. Quem os tiver conseguirá introduzir com facilidade os seus produtos" no bilstein group, por exemplo, tínhamos uma política nacional. Ou seja, cada empresa tinha uma estratégia para o seu país. Com a globalização, isso já não é possível, porque o próprio cliente tem unidades em todos os países – é o mesmo cliente em todo o lado. Passámos a ter “key account managers” e que podem ter vários países, tendo de ter um posicionamento adequado. Isto traz grandes transformações e rapidamente influencia as rentabilidades. Agora, também traz outras possibilidades. E outro volume e outro posicionamento. Entendo que, quanto mais dificuldades aparecem, mais oportunidades vão surgindo. Quanto mais fácil as coisas estão, mais concorrência existe e mais difícil também o negócio se torna. Portanto, o negócio é difícil com as dificuldades; as oportunidades, por outro lado, têm seu benefício. É uma questão de se estar sempre desperto, disponível e com vontade para a mudança e para a modernidade. Penso que quem estiver no negócio numa perspetiva nesse sentido, melhor ou pior, consegue evoluir e ter sucesso. Quem não tiver essa maneira de estar, vai passar mal... 34



REPORTAGEM

FICHAS OBD

O BRAÇO-DE-FERRO QUE SALVOU O AFTERMARKET Foi dura a luta que se travou nas instâncias europeias entre fabricantes de automóveis e as associações do aftermarket independente, mas estas últimas conseguiram garantir a “sobrevivência” das fichas OBD, cruciais para a própria sobrevivência do setor! Texto Sérgio Veiga

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á pouco mais de um ano, Joaquim Candeias estava envolvido numa dura luta de “lobbying” junto da Comissão Europeia que se revelou crucial para o futuro do aftermarket independente. Na sua qualidade de membro do “board” da FIGIEFA (Federação Internacional de Distribuidores In-

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dependentes de Peças de Automóveis), ajudou ao sucesso da resolução final do Parlamento Europeu que aprovou a obrigatoriedade da manutenção das fichas OBD, utilizadas para o diagnóstico dos automóveis, nos futuros modelos. E que estará plasmada na nova regulamentação que entrará em vigor a 1 de setembro de 2020. Um trabalho discreto das associações internacionais do aftermarket independente, mas crucial para a sobrevivência de um imenso setor! Joaquim Candeias recordou-nos o que estava em causa. “Os fabricantes de automóveis querem acabar com a ficha OBD porque não querem o acesso direto ao veículo, dizem que a fiabilidade (e agora fala-se em “cyber security”) pode estar em causa. As mar-

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cas procuram que a informação não esteja no veículo, mas nos servidores do próprio fabricante, com o veículo a transmitir, permanentemente, os dados para uma ‘cloud’ ou servidor”. Problema maior: “Neste caso, apesar de os fabricantes referirem que dão acesso à informação ou vendem essa informação (não dizem é quando, como e a que preço…), todo o aftermarket independente passaria a estar dependente do próprio construtor automóvel”. Haveria várias vertentes em que esse controlo dos fabricantes poderia limitar ou até impossibilitar o funcionamento do aftermarket independente. Joaquim Candeias pega num exemplo simples, de uma mensagem da necessidade de troca de pastilhas de travões. “A informação é passada para a marca e esta fá-la chegar ao seu concessionário, só chegando ao setor das peças e fornecedores independentes muito tempo depois, quando o proprietário já mudou as pastilhas. Isso deixa o aftermarket independente numa posição fragilizada”. Haveria ainda o problema da falta de bidirecionalidade da comunicação que a ficha OBD permite: “Se a oficina independente trocar as pastilhas, o veículo fica sem saber da alteração porque não foi comunicada ao sistema. E o cliente sai da oficina com a mesma informação de que o veículo necessita de trocar pastilhas. Com uma ficha OBD, tem-se a máquina de teste, faz-se a intervenção e automaticamente comunica-se ao veículo o que se fez”. O que não seria possível com os veículos apenas a transmitirem dados para uma “cloud” do fabricante, só este podendo comunicar as atualizações feitas… INFORMAÇÃO PARA TODOS “O Parlamento Europeu (PE) não legisla a favor de um setor ou de outro. O que a FIGIEFA apresentou, para defender os seus interesses, foi o argumento de que o consumidor final deixaria de ter opção de escolha porque a opção de comprar umas pastilhas no reparador independente por menor preço deixava de existir, por esse reparador independente não ter acesso à informação e à ficha OBD. O consumidor final tem de ter acesso à informação e tem de ter opção de escolha e decidir o que quer. E é esse o cerne da discussão. A FI-

Enquanto membro da direção da FIGIEFA, Joaquim Candeias bateu-se pela manutenção das fichas OBD nos automóveis, única forma de o aftermarket independente poder continuar a trabalhar em pé de igualdade com os serviços das marcas

GIEFA faz parte de um comité que tem de apresentar até março próximo um documento a provar que a informação e a “cyber security” estão garantidas”. O problema é que, com a evolução da conectividade e os automóveis autónomos, pelo gigantesco volume de dados gerados, é natural que a solução tenha mesmo de passar por um servidor ou pela “cloud”... Joaquim Candeias não recusa a ideia, mas sem se afastar de premissa fundamental: “Desde que toda a gente tenha acesso à informação... Porque o que se fala aqui é de existir uma linguagem standardizada, ou seja, que todos os veículos de todos os fabricantes produzam a mesma informação que entre numa plataforma (pode ser uma ‘cloud’), numa lingua37

gem standard, com a indicação das especificações de intervenções que todos os ‘players’ possam consultar e ler e para que toda a gente possa cumprir para poderem ser feitas as reparações, de acordo com o estipulado. Não quer dizer que não tenha de se pagar e até acho bem que o fabricante usufrua disso”. E exemplifica: “Hoje, um reparador do aftermarket independente para fazer uma revisão cobra 300 €. Desse valor gasta, em acesso à informação, cinco euros que é a amortização de um aparelho de diagnóstico que comprou por 1000 €. Dentro de muito pouco tempo, para reparar ou para fazer uma intervenção de 300 €, provavelmente 200 € serão de acesso à informação, para poder ter acesso bidirecional, ou seja, mudar as peças e poder comunicar à ‘centralina’ do veículo que as mudou. E têm de ter o acesso técnico para poder intervencionar e ter acesso às atualizações de software”. O que é crucial é que qualquer oficina independente, desde que cumpra os critérios estabelecidos, tenha acesso às informações dos veículos para que os clientes tenham a liberdade de a escolher. “Hoje em dia, entre a manutenção nos concessionários de marca e um bom reparador independente, a diferença já não é assim tão grande”, conclui Joaquim Candeias.

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OPINIÃO

OFICINAS

NOVAS COMPETÊNCIAS DOS REPARADORES O valor acrescentado da formação e da multiplicação de competências dos indivíduos acabará por fazer com que as organizações elevem o seu nível de serviço e de satisfação dos seus clientes

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Texto Eduardo Fonseca*

o abordarmos as novas competências que irão caber às oficinas do futuro importa, antes de mais, esclarecer qual o entendimento de habilitações do indivíduo. Neste aspeto, apesar da profusão de explicações, pode, de forma abrangente, entender-se a competência como: a capacidade do indivíduo em executar, corretamente, uma determinada tarefa, recorrendo a conhecimentos, informações, procedimentos, métodos e técnicas. Ora, as competências são novas porque a evolução tecnológica no automóvel tem criado, nos últimos tempos, as condições para que os técnicos se munam de ferramentas, tangíveis e in-

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tangíveis, adequadas ao cumprimento das suas obrigações profissionais. A este respeito, importa referir a grande evolução dos sistemas relacionados com a gestão eletrónica e com os sistemas de informação, comunicação, e segurança, bem como com novas formas de propulsão, sendo que, no momento, se assiste a um forte investimento nos veículos elétricos, como forma de contribuir para um Planeta mais saudável e sustentável. Deste modo, a sociedade em geral, e o utilizador em particular, acabam por obrigar os construtores a manter um elevado nível de inovação e adaptação. Por um lado para satisfazer a legislação e, por outro, as necessidades dos consumidores. Assim,


assiste-se a uma densificação das “Novas Tecnologias” nos sistemas dos veículos, tanto ao nível da comunicação interna, como externa. Ou seja, um maior envolvimento com a chamada sociedade da informação, do conhecimento e/ou em rede, reforçando a relevância das competências-chave relativas à: SOCIEDADE, TECNOLOGIA E CIÊNCIA. Em consequência, o técnico de reparação automóvel vê-se confrontado com uma realidade altamente mutável e tecnicamente mais exigente, pois as áreas de conhecimento exigido têm vindo a aumentar. Perante estes factos, a solução passa pelo incremento da aposta na adaptação (contínua) ao desenvolvimento tecnológico, utilizando uma visão mais alargada, de modo a compreender melhor o meio em que a sua atividade se desenvolve e para o qual contribui. Percebendo nós que a necessidade de conhecimento e de competências cresce, não só em quantidade, mas também em complexidade, será através de atividades geradoras de conhecimento – que adicionam valor e permitem a busca de soluções construtivas – que o aperfeiçoamento constante dos processos de manutenção e reparação, a integração de novas técnicas e metodologias, a análise crítica e a construção de novos “saber-fazer” se vão alcançando. FORMAÇÃO É A FERRAMENTA FUNDAMENTAL

A este respeito, apesar de existirem várias atividades ligadas ao conhecimento, alguns estudos indicam que a formação e o desenvolvimento profissional permitem ao indivíduo adquirir, de forma eficaz, certas aptidões e, consequentemente, elevar o seu potencial produtivo, especialmente no que à qualidade do trabalho efetuado diz respeito. Significa isto que as empresas que consigam ter colaboradores que empreguem as suas aptidões e conhecimentos, adquiridos em contexto de formação, nas atividades laborais, estão a trilhar o caminho da produtividade e do sucesso organizacional. Ou seja, a formação continua a ser uma ferramenta fundamental para a melhoria das competências, através do reforço do conhecimento, sendo este, cada vez mais, um dos ativos mais importantes do técnico de reparação e, consequentemente, das organizações. Embora as novas competências do reparador “in-

divÍduo” sejam cruciais para um futuro salutar do setor automóvel, também as novas competências do reparador “entidade” se revelam fundamentais. Assim, do ponto de vista da organização/entidade as mudanças tecnológicas e suas consequências produtivas, sociais, económicas e culturais serão, cada vez mais, representadas por setores que apostam no conhecimento e no desenvolvimento do capital humano, pois o acesso às informações e a valorização das competências não se compatibilizam com eventuais vacilações ou impedimento ao desenvolvimento. O conhecimento impõe-se como um ativo económico determinante das organizações que têm capacidade para o utilizar na prossecução dos seus objetivos, começando a constar como um dos fatores de produção que pode contribuir para o atual processo de mudança da situação económica global. Quer isto dizer que as empresas que desenvolvem mecanismos de integração, como a formação e a melhoria das competências, contribuem para uma melhor adaptação aos desafios que a realidade tecnológica se encarrega de produzir. Estas práticas revelar-se-ão fontes de desenvolvimento organizacional que propiciam, certamente, a satisfação dos clientes, o incremento da motivação, a vantagem competitiva e a criação de valor. * CEPRA em colaboração com a ARAN

"A formação continua a ser uma ferramenta fundamental para a melhoria das competências sendo, cada vez mais, um dos ativos mais importantes do técnico de reparação" 39

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DOSSIÊ

DEZ EMPRESAS DERAM-NOS A SUA VISÃO PARA 2019

ANDA OTIMISMO NO AR! Uma dezena de empresas de diversas áreas do aftermarket falam de algumas das suas preocupações, mas todas afinam pelo mesmo diapasão quando as transformam em oportunidades de tornar 2019 num ano ainda melhor que o já muito positivo 2018!

A

Texto Sérgio Veiga

pesar de serem públicos e notórios os sinais de que este poderá ser um ano agitado e de algumas incertezas a nível da economia mundial – começando logo pelas “ondas de choque” que o “Brexit” poderá provocar –, e mesmo apesar das previsões que apontam para um ligeiro arrefecimento da economia interna, o otimismo continua a dominar o setor do aftermarket. Se 2018 terminou como um ano globalmente bastante positivo, com um

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crescimento da maioria das empresas, todos parecem acreditar que essa dinâmica se irá prolongar por 2019. Auscultámos uma dezena de importantes empresas nacionais (duas integradas no Grupo Nors), de áreas diversificadas, e o otimismo é o fio condutor das suas respostas às perspetivas para este ano e até na forma como encaram potenciais ameaças preferindo, muitas vezes, ligá-las a novas oportunidades, olhando já mais em frente. 40


Na MCoutinho (em cima) e na Autozitânia, 2018 foi ano de crescimento, levando a perpetivar um 2019 muito positivo

Ricardo Figueiras, responsável de “marketing” da MCoutinho mostrou a satisfação de a empresa ter atingido todos os objetivos estabelecidos para 2018, perspetivando um bom 2019. “O mercado respondeu aos nossos investimentos e crescemos em todas as frentes. Como o trabalho que temos vindo a desempenhar é, essencialmente, estrutural, acreditamos que estas bases sólidas farão de 2019 um ano de sucesso, com grandes planos e muitas novidades”. Neste aspeto, Ricardo Figueiras levantou só a ponta do véu: “No que toca à AZ Auto teremos muitas novidades nas marcas que distribuímos. Vamos melhorar a nossa oferta no aftermarket, fortalecendo a nossa posição como ‘Especialistas de referência’. Já na MCoutinho Peças, 2019 será um ano muito especial pois é o do nosso 20.º aniversário. Mas os presentes serão para aqueles que nos acompanham diariamente!”. A sua análise do caminho que está pela frente, embora realista e assertiva, não podia ser mais… tranquilizadora e otimista. “Temos clientes vez mais atentos e preparados, mas temos cada vez mais oportunidades e ferramentas para fazermos o nosso trabalho como o idealizámos. E a dinâmica do próprio mercado torna desafiante o ‘campo de jogo’, com mudanças constantes, o aparecimento de grandes ‘clusters’. No fundo, um local onde gostamos de estar!”, refere Ricardo Figueiras que não esquece a influência da evolução do mercado automóvel: “Novidades não vão faltar, principalmente no que toca aos elétricos, à automação dos veículos e à sua conectividade. E os mais preparados serão os candidatos aos lugares cimeiros do mercado”. 41

AUTOZITÂNIA EM ASCENSÃO Com uma “máquina” muito bem oleada, suportada em infraestruturas modernas e avançadas e numa estratégia bem delineada, a Autozitânia continuou o seu percurso ascendente entre as maiores empresas nacionais dedicadas ao aftermarket. E, como nos explicou o “marketeer” da empresa, Flávio Menino, é um “balanço” que está para durar. “2018 foi extremamente positivo, pois continuámos a trajetória de crescimento, conseguindo alcançar os objetivos traçados. As perspetivas para 2019 estão muito elevadas, com objetivos traçados e vários projetos no horizonte, sempre na procura da melhoria contínua e na excelência do serviço ao cliente”. Para a Autozitânia manter a sua posição de destaque, “há vários projetos planeados que terão grande importância no futuro da empresa e pretendemos manter a elevada dinâmica que temos vindo a implementar, ou até superá-la!”, refere Flávio Menino, sempre com o foco em “gerar mais valor para os nossos parceiros”. Se o aftermarket “vai sofrer mudanças que tornarão o setor ainda mais competitivo, exigindo uma elevada capacidade de adaptação”, Flávio Menino vê a principal ameaça vir do lado… de fora: “A entrada dos fabricantes automóveis no setor, com estratégias extremamente agressivas, são uma enorme ameaça aos ‘players’ que já operam no mercado. Mas que pode e deve ser encarada também como a principal oportunidade, pois são irão incentivar os atuais ‘players’ a inovar e a adaptar as suas estratégias, proporcionando mais benefícios que irão ajudar os seus clientes”. BILSTEIN GROUP VAI COLHER Na sua já longa história em Portugal, 2018 foi um ano marcante para o bilstein group, como nos explicou Joana Santo, “marketing coordinator”: “Foi um ano de consolidação, com a mudança para as novas instalações e respetivas alterações de processos. Mas foi também o ano de

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preparação para os anos vindouros. Por isso, encaramos 2019 com muito otimismo, porque todas as alterações introduzidas certamente irão dar os resultados esperados”. Para atingir esses objetivos há também algumas ações já planeadas. “Atividades e campanhas pré-calendarizadas que fazem parte de um programa de desenvolvimento de linhas e gamas de produtos de todas as nossas marcas. Paralelamente continuaremos a desenvolver a nossa gama de produtos com a introdução de muitas novas referências. O contínuo desenvolvimento do nosso catálogo partsfinder será certamente uma grande mais-valia para o setor, sendo cada vez mais um ponto de referência na identificação de peças e apoio técnico”. De acordo com Joana Santo, o grande passo dado pelo bilstein group no ano passado deixou-o em condições de enfrentar as grande alterações por que irá passar o setor: “Empresas organizadas e com estratégias bem definidas conseguirão enfrentar com mais facilidade as ameaças que se avizinham, para usufruírem das oportunidades que surgirão num mundo diferente e de negócios modernos. O nosso setor vai mudar completamente, obrigando todos a sair da sua zona de conforto, mas garantirá aos mais ousados e talentosos a possibilidade de tirar partido de grandes oportunidades”. GRUPO NORS A CRESCER O Grupo Nors pode estar presente no setor do aftermarket tanto nos veículos ligeiros (com a AS Parts e a ONEDRIVE), como nos pesados (com a Civiparts), mas parece haver um fio condutor em ambas as áreas: a aposta num ano de 2019 muito positivo, assente nos bons resultados obtidos no exercício de 2018. “Foi um ano de crescimento de vendas para a AS Parts e ONEDRIVE e, em 2019, perspetivamos continuar a crescer”, disse-nos Isabel Basto, direto-

"O setor do aftermarket vai mudar muito e as oportunidades ficarão para os mais ousados e talentosos"

ra de aftermarket ligeiros da Nors, que destaca a integração SAP e EWM como os principais destaques para o ano que está agora no iníci. A forma como os objetivos traçados serão alcançados passa por duas traves mestras, segundo Isabel Basto: “Pretendemos sempre inovar, principalmente em dois pilares cruciais neste negócio – na eficácia de serviço para os nossos clientes e na atualização constante da nossa oferta de produtos”. Já João Jervell, diretor executivo da Civiparts, perspetiva “um ano de 2019 em linha com o de 2018, ano de crescimento e exigente ao nível da rentabilidade do aftermarket”. Se o grande momento de 2019 para a Civiparts “será a implementação de um novo ERP”, João Jervell destaca o “grande conjunto de iniciativas e investimentos para melhorar a experiência dos nossos clientes, além da diferenciação e criação de valor aos nossos parceiros”. E é com otimismo que encara a que considera ser a grande ameaça do setor: “O acesso aos dados dos veículos e o valor que isso representa”. BOMBÓLEO VAI COMEMORAR Para a Bombóleo, 2019 será um ano de celebração, pelo 60.o aniversário da empresa de Massamá que está também presente em Angola e

no Brasil. Com grande especialização em sistemas de injeção de combustível, particularmente no diesel – levou a cabo, em outubro passado, a 1.ª Convenção Diesel Turbo para debater as futuras tendências do setor automóvel –, o seu gestor de negócios, Eduardo Barros olha para 2019 como “um ano ainda mais exigente que 2018 mas, ao mesmo tempo, muito mais aliciante”. O grau de dificuldade do ano passado justificou-o por “clientes exigentes, entre-

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gas agilizadas, assessoria permanente, novos produtos e mais apoio técnico”. Mas é em plena comemoração do 60.o aniversário que a Bombóleo “está a passar por uma reestruturação interna, bem como das instalações”. Única forma de enfrentar os desafios que Eduardo Barros tem bem identificados: “O setor automóvel está a mudar de paradigma, já não chega ter descontos e peças baratas. O preço é, sem dúvida, importante, mas os serviços associados ao negócio, como logística, técnica, disponibilidade e formação contribuem decisivamente para o sucesso. A curto e médio prazo o mercado automóvel irá mudar (mais gasolina e mais híbridos), constituindo uma oportunidade de negócio. Porque quem parar de inovar, fica para segundo plano”. VENEPORTE EM EXPANSÃO GLOBAL A Veneporte é, neste dossiê, uma empresa especial, pela sua atividade exportadora enquanto fornecedora de sistemas de escape de primeiro equipamento a diversos fabricantes, além da forte presença no aftermarket. A empresa de Águeda tem vindo a crescer ano após ano e, segundo o seu responsável de “marketing”, José Gameiro, “terminou 2018 com um balanço bastante positivo nos mercados nacional e internacional, com um crescimento substancial no volume de negócios”. E olha para 2019 “com bastante otimismo, apesar da já anunciada desaceleração do crescimento da economia e alguma retração da produção por parte dos OEM”. Este ano será marcado, para a Veneporte, pela “evolução dos negócios e parcerias estabelecidas no Norte e Centro da Europa, a retoma do mercado espanhol e o crescimento do projeto Easy2Fit”. Mas José Gameiro destaca também “importantes investimentos em equipamento e processos de fabrico, visando a melhoria da eficácia operacional e da qualidade do nosso produto e serviço, como fatores estratégicos de diferenciação”. A nível de novidades a Veneporte lançará as primeiras unidades SCR e uma nova gama de referências Euro6. A situação da empresa é sólida, pelo que “a Veneporte olha para o futuro de forma positiva e otimista, pelos negócios e parcerias já estabe-

lecidos”. Contudo, José Gameiro aponta sem hesitar as piores ameaças ao setor específico dos sistemas de escape: “As práticas ilegais, nalguns casos criminosas, como a remoção de catalisadores e filtros de partículas, foram e serão sempre um fator prejudicial para o setor. Mas também o crescente número de veículos com motores elétricos e a evolução dessas tecnologias é algo que merece a nossa atenção, embora sem ser necessariamente uma ameaça, pois ainda existe alguma indefinição face à sua evolução”. Mas nem tudo é mau, tendo-se até reforçado o lado das oportunidades de negócio: “A necessidade crescente da redução das emissões poluentes obriga ao desenvolvimento de motores de combustão mais eficientes e menos poluentes, bem como à adoção de tecnologias e componentes que contribuam para essa redução, sendo a incorporação de filtros de partículas nos motores a gasolina o melhor exemplo. E, aí, o crescente reconhecimento da qualidade do produto e serviço da Veneporte no mercado é uma oportunidade de capitalização do ponto de vista comercial”. INTERESCAPE INTERNACIONALIZA-SE Ânimo e otimismo marcam também outra empresa que opera no setor dos sistemas de escapes, catalisadores, filtros de partículas, etc. A Interescape teve em 2018, segundo Inês Paiva, do “marketing” e comunicação da empresa de Vila do Conde, “um ano positivo pela implementação de novas estratégias que permitiram o impulsionamento de alguns contactos comerciais e parcerias de extrema relevância”. O que deixa antever um 2019 “repleto de novos desafios e muito trabalho, além da aposta no processo de internacionalização”. Essa aposta passa, segundo Inês Paiva, por “continuar a marcar presença em eventos importantes no sector, como a Motortec Automechanika Madrid que tem a dinâmica e visitantes necessários para aumentar o reconhecimento da Interescape, das suas marcas próprias (ieparts, iepower, ieclassic e ieservice) e das marcas que representa (AS, Walker, Eberspaecher, Imasaf)”. Além disso, estão prometidas novidades, como um novo website institucional ou uma loja e-commerce com uma interface intuitiva e acessível 43

O ano de 2019 será o da grande aposta na internacionalização para a Interescape, tanto para as marcas próprias como para as que representa

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DOSSIÊ

"O setor tem muita capacidade de regeneração e competitividade que devia ser usada para reorganizar/melhorar as margens e condições de comercialização" “que terá um grande impacto para a empresa, ao reforçar a relação com os atuais clientes e ao potenciar o comércio internacional”. Porque, em 2019, a Interescape tem como grande objetivo “aumentar o volume das exportações e expandir a atividade da empresa noutros mercados”. De acordo com aquela responsável da Interescape há, contudo, algumas dificuldades a ultrapassar para atingir os objetivos: “A instabilidade económica, a agressividade da concorrência e a falta de fiscalização e controlo nos centros de inspeções, bem como de legislação que regule de forma mais eficaz a emissão de gases de escape dos diesel. Por outro lado, é notória a diminuição da frequência da substituição dos sistemas de escapes, por a motorização do parque automóvel ser maioritariamente diesel e pela durabilidade dos materiais utilizados (aço inoxidável)”. GONÇALTEAM COM AMBIÇÃO Empresa já incontornável na área dos equipamentos oficinais e de diagnóstico, a Gonçalteam continuou a sua expansão, segundo nos confidenciou o seu diretor-geral, António Gonçalves: “No setor dos equipamentos e diagnóstico auto tivemos um balanço bastante positivo, tanto em volume de negócios, quer na diferenciação dos mesmos. Por isso encaramos 2019 da mesma forma, com linhas

condutoras e capacidade de trabalho”. Haverá, obviamente, vários novos produtos a lançar, mas António Gonçalves preferiu não abrir já o jogo todo… “Iremos colocar no mercado alguns projetos dos nossos fornecedores, mas talvez os momentos mais significativos para essas novidades sejam a apresentação pública, quer nas nossas instalações, quer eventualmente em exposições nacionais”. Em termos gerais, António Gonçalves olha para todo o setor do aftermarket e equipamento oficinal com uma atitude crítica mas construtiva: “Há algum tempo que o digo, o setor tem muita capacidade de regeneração e competitividade que devia ser usada para reorganizar/melhorar as margens e condições de comercialização. Enfrenta a ameaça da instabilidade internacional – transportes, câmbios e taxas de importação são sempre afetadas –, mas é um mercado com crescimento sustentado”. KROFTOOLS SUPEROU-SE! A empresa de Braga teve um ano marcante em 2018 que, diz-nos Mariana Fernandes, servirá de “rampa de lançamento” para um 2019 ainda melhor para a KROFtools! “Foi um ano de oportunidades, participámos pela primeira vez na Automechanika Frankfurt, aumentámos e melhorámos em grande escala os nossos produtos, desde carros de ferramentas, gambiarras, pneumáticas, alicates, elevadores, entre outros produtos e ultrapassámos os objetivos a que nos tínhamos proposto. Esperamos em 2019 superar o volume de negócios dos anos anteriores e que a satisfação dos nossos parceiros continue”.

Entre as novidades preparadas para este ano, Mariana Fernandes destaca “um inovador e sofisticado modelo de elevador com um motor silencioso, uma máquina de impacto a bateria e material de chaparia”. Além de nova presença internacional, no caso na Motortec de Madrid. Mas a evolução das ferramentas não para e a KROFtools está já atenta ao passo seguinte: “Este é um setor dinâmico e, com a entrada dos carros elétricos no mercado, teremos de acompanhar a evolução, por isso estamos atentos a este fenómeno e às suas necessidades”.

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TENDÊNCIAS

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NOVA CLIENTELA

AS OFICINAS E A GERAÇÃO “MILLENNIALS” São um quarto da população mas detêm 40% do poder de compra! Os “millennials” impõem tendências e não será diferente no setor oficinal, pela forma como se relacionam com o automóvel. Saiba como chegar melhor a estes clientes exigentes, informados… mas sem tempo a perder com as “coisinhas” dos seus carros

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Texto David Espanca

uito se fala na nova geração que está a determinar uma nova etapa nos hábitos de consumo, com óbvios impactos económicos e sociais a nível mundial. Definem-nos como “millennials”, por vezes também “millenniums”, a última geração nascida no Séc. XX e que representa a transição para o novo milénio. São, basicamente, indivíduos que nasceram entre 1980 e 2000, estando atualmente entre os 19 e os 39 anos, a primeira geração criada depois do aparecimento da internet. São cerca de 25 por cento da população mundial, qualquer coisa como 1,9 mil milhões de pessoas, mas representam 40% do poder de compra... Portugal e Espanha apresentam, em conjunto, 10,7 milhões de “millennials”. O estudo “All About Geração Millennium”, levado a cabo pelas consultoras Multidados e CH Consulting, realizado em junho de 2017, em Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Estados Unidos da América, apurou que os “millenniums” gostam do trabalho que fazem, mas preferem fazê-lo remotamente e sem horários rígidos. “Estão geralmente abertos à mobilidade geográfica, se necessário e os mais 'conservadores' ainda são os portugueses”. A análise concluiu ainda que são pessoas financeiramente independentes e também muito poupadas. “Talvez porque ainda ganhem pouco, embora a esmagadora maioria revele a esperança de vir a

ganhar significativamente mais dentro de cinco anos. Admitem endividar-se, mas moderadamente, e são ponderados na hora de gastar”. CONSUMIDORES DIGITAIS Quando pretendem comprar, prossegue o estudo, “admitem que consultam e são muito influenciados pelos seus amigos, preocupam-se com a qualidade e gostam de saldos e promoções, estando ainda bastante abertos à compra de artigos usados”. Além disso, adquirem muitas coisas “online”, pelas entregas gratuitas (58%) e uma política clara de devoluções (36%), além da flexibilidade e acesso rápido. Aparentemente, contudo, “esta geração está a optar por navegar fora das redes sociais para se dedicar a sítios de comércio eletrónico no momento de efetuar a compra, ao invés de completar a sua transação dentro das redes sociais. Esta situação fica a dever-se às dificuldades de transição entre as páginas e os fornecedores”. Os “millennials” passam entre uma a três horas por dia a navegar na internet (os americanos entre três a cinco horas), sendo que dois terços dos inquiridos partilham os seus acontecimentos quotidianos na rede, revela o documento “All About Geração Millenium”. Grande parte deles pertence a “grupos fechados” e usa as redes sociais como ferramenta profissional. 47

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TENDÊNCIAS

Avaliam produtos e seguem as suas marcas favoritas nas redes sociais. Utilizam com frequência cerca de 15 aplicações de telemóvel, com o Facebook a liderar as preferências, logo seguido pelo Instagram, em Portugal, Espanha e Inglaterra. São tecnologicamente competentes e aderem a novas propostas de tecnologias emergentes. O estudo explica ainda que “querem vir a ter carro e que ainda não aderiram significativamente ao 'carsharing'. Não são grandes adeptos dos transportes públicos, salvo em França, onde os ‘millennials’ aderem massivamente à ideia de andar de comboio, metro ou autocarro”. Estas tendências poderão reforçar-se nos próximos anos e “muito provavelmente irão marcar a vida, os acontecimentos e o consumo nesta primeira metade do Séc. XXI”, conclui o documento, contrariando um pouco a ideia de que é com o “milennials” que se vão alterar radicalmente os hábitos de consumo do automóvel, trocando-se a “posse” pelo “uso”. Provavelmente isso será um facto na geração seguinte, a chamada “Geração Y”, dos nascidos após 2000... DESIGN E TECNOLOGIAS DITAM TENDÊNCIAS Quando se trata de decidir que tipo de veículo vão comprar, os “millennials” realizam primeiro uma extensa pesquisa na Internet, que poderá mesmo durar até cerca de dois meses, o que ficará a dever-se ao facto de serem menos experientes no que toca ao processo de aquisição. Na altura de escolherem um automóvel, valorizam bastante a parte tecnológica, como a conectividade, o infoentretenimento ou até mesmo o sistema de som, mas também o seu design. Mas o relacionamento desta geração com automóveis é direto e banal, não se preocupando com pequenos, mas importantes, pormenores, como revela um estudo publicado no jornal britânico “The Independent” no ano passado: perto de três quartos dos “millenniums” admite que não sabe trocar um pneu, enquanto um terço revelou que teria dificuldades em abrir o capot de um carro. Por outro lado, 34% dos inquiridos não sabe para que serve a direção assistida e apenas metade consegue ver o nível e mudar o óleo. Quando têm algum problema com o veículo, vão à internet procurar a solução, virando-se muito para pesquisas no YouTube. Por outro lado, a financeira norte-americana NerdWallet revelou que 64% dos “millennials” ficam surpreendidos com o custo da manutenção dos automóveis. Mas, então, que papel caberá às oficinas e o que deverão fazer? Primeiro, como esta geração está habituada a ceder os seus dados, pode ser uma mais-valia para o setor na altura de captar novos clientes, pelo que este terá de ter a capacidade de efetuar uma eficaz gestão desses dados. É por isso cada

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vez mais importante que disponibilize serviços personalizados aquando da sua comunicação, sabendo de antemão quais os seus gostos, preferências e hábitos de consumo. Tendo em conta que estes novos clientes estão constantemente ligados à Internet, para que uma oficina obtenha sucesso é impensável que não tenha uma página web atrativa e, sobretudo, adaptável a todos os dispositivos móveis. Além disso, deve ter perfis atualizados nas principais redes sociais, em especial no Facebook e Instagram, e manter uma comunicação direta via WhatsApp com eles. É já sabido que as oficinas terão de se adaptar a novas realidades, pelo que manter uma imagem adequada do negócio valoriza a experiência com o cliente. Da mesma forma, é fulcral personalizar o serviço que presta, com uma oferta adaptada às suas necessidades, como, por exemplo, avisar o cliente antecipadamente de que se aproxima a altura de levar o seu veículo à revisão ou inspeção, enviar uma mensagem no dia do seu aniversário. E aqui entra a nova era em que estamos a entrar, a da telemática e da conectividade, em que a oficina já nem comunica diretamente com o cliente, mas através do próprio automóvel. É por aí e aproveitando o gosto dos “millenials” pela tecnologia, que as oficinas poderão captá-los como clientes, oferecendo promoções ou recordando a necessidade de uma revisão, no preciso momento em que o cliente está a conduzir. Isto são pequenos pormenores que podem fazer a diferença. 48

Uma das principais características dos "millennials" é estarem permanentemente conectados, o que abre uma porta ao contacto das oficinas para um canal privilegiado de promoção dos seus serviços


SERVIÇOS OFICINAIS: RELAÇÃO DE CONFIANÇA Sendo os “millennials” fervorosos utilizadores digitais, o setor da reparação automóvel terá de ter em atenção que são uma geração que dá muito valor à transparência na sua relação com a oficina, bem como ao preço justo e adequado ao tipo de serviço. Não significa que seja o mais barato, mas o mais bem argumentado, nítido e que se adeque ao que realmente necessitam. Na escolha de um espaço, esta geração acredita sobretudo numa relação de confiança. Nesse sentido, a ligação a uma marca ou uma rede de oficinas será hipótese a considerar, porque será um vínculo a uma empresa reconhecida e porque ela lhes facultará todas as ferramentas para se adaptar aos requisitos necessários. Mais que o suporte técnico que poderão receber, pertencer a uma rede de oficinas de prestígio traz-lhes a garantia de uma boa imagem e uma estratégia de “marketing” adequada aos tempos que correm, nomeadamente

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promoções, imagem, página web, posicionamento em motores de busca “online”, redes sociais, entre outras características. De uma forma geral, as oficinas poderão potenciar as tecnologias digitais para atrair estes novos clientes, seja através de mensagens instantâneas de aplicações móveis, por correio eletrónico ou, num futuro próximo, pelas novas formas de conectividade que lhes permitirão comunicar diretamente com os automóveis dos seus clientes. Estas formas de privilegiar o contacto passam por partilhar conteúdos nas redes sociais e internet que explanem a sua atividade diária, atraindo o cliente à oficina. Apostar em parâmetros como a proximidade, compromisso, transparência e profissionalismo, e adaptar a sua forma de chegar ao cliente, mantendo sempre um relacionamento pessoal, de forma a fidelizar o cliente.

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ESPECIALISTA

NUNO DURÃO, DIRETOR-GERAL DA PRO4MATIC

CONFORTO MÁXIMO A PREÇO ACESSÍVEL Empresa única em Portugal, especializada em suspensões pneumáticas e com soluções para (quase) todas as bolsas, a Pro4matic vai celebrar o seu 10.o aniversário com novas instalações… e muita ambição! Texto Sérgio Veiga Fotos José Bispo

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edifício chama a atenção a quem chega à zona industrial de Montemor-o-Velho, pelos detalhes do “design” exterior com que se destaca dos que o rodeiam. Uma atenção ao detalhe que está em todos os recantos das novas instalações da Pro4matic, especialista em suspensões pneumáticas que comemorará, este ano, o 10.º aniversário. É a marca pessoal de Nuno Durão, fundador da marca e seu diretor-geral, que gosta de mostrar que “vender ou aviar peças são coisas muito diferentes”. O espaço de mais de mil metros quadrados de área coberta (num terreno de 3000 m2, ao lado de outro já a pensar uma futura expansão…) prima pela luz natural, o “lounge” de entrada, o espaço de receção dos clientes que será muito mais uma zona de convívio do que propriamente uma loja de peças e, claro, a enorme oficina que… mais parece um laboratório! “O chão da oficina ser branco significa que o teremos de ter sempre limpo, como em casa! Podia ter feito um chão em betão pintado ou pôr só verniz, mas aquilo é epóxi com uma espessura de 4 mm de tinta. É um revestimento super-higiénico”. É este tipo de atenção aos detalhes, como a forma de receber os clientes, como se fosse uma… “oficina-boutique”. “Nós trabalhamos com amortecedores pneumáticos que estão no topo da cadeia do conforto do automóvel, porque não dar o máximo conforto às pessoas? A ideia é as pessoas terem um ‘lounge’, ouvirem uma música, ter internet rápida, enfim, todas as condições”. A nova casa da Pro4matic está pronta e só espera melhor tempo, talvez março, para a grande inauguração.

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Desde 2009 que a Pro4matic se destaca no aftermarket nacional como única empresa dedicada e especializada em componentes tão complexos como as suspensões pneumáticas. Desde o início que apostou na marca norte-americana Arnott, até antes de a própria Arnott entrar no mercado europeu (2014). Mas também passou a trabalhar marcas como a Bilstein, Wabco ou AMK, além de contar com pneumáticos com a sua própria marca. Um plano estudado ao mais ínfimo detalhe, ou não estivesse a Pro4matic a lidar com um nicho de mercado. “Quando se tem um problema no carro, ninguém gosta de despender dinheiro, independentemente se é cliente Bentley ou Mercedes. Interessa-lhe é ser bem servido! As pessoas fazem contas e, em vez de gastar dois mil euros, preferem gastar mil euros por amortecedor, sabendo que é um produto de confiança e com garantia. Não é desprestígio nenhum um cliente Bentley ou Mercedes comprar aqui, muito pelo contrário, porque nós só trabalhamos com isto!”. A APOSTA NA ARNOTT Há ainda um outro aspeto que Nuno Durão salienta como justificando o sucesso da Pro4matic, cujo volume de negócios tem vindo a crescer a mais de 15% ao ano: “Ajudamos também um parque automóvel envelhecido… Os carros topo de gama são os que mais se desvalorizam, por exemplo, um Mercedes Classe S de 2000 pode custar 7000 €. Mas se esse carro tiver um problema, dois amortecedores dianteiros custam mais de dois mil euros na marca, num carro de sete mil… E a pessoa pensa que, ou arranja 50

Nuno Durão concretizou o projeto de dar à Pro4matic umas instalações de "primeira água", em que tudo parece pensado ao mais ínfimo detalhe para que a assistência às suspensões pneumáticas se transforme numa experiência marcante para o cliente!


alternativa mais barata ou é melhor vender o carro...”. É a esses clientes que se destinam os amortecedores da própria marca Pro4matic, “feitos por uma empresa asiática, seguindo as nossas especificações”. “Serve para ‘combater’ as pessoas pararem o carro. Há clientes que compram um usado sem saber que tem suspensão pneumática e, de repente, vêem-se a braços com esse problema. Mesmo assim, custa dar 500 ou 600 € por um amortecedor… Mas têm uma peça nova com garantia, ao preço de uma usada”.

A “menina dos olhos” de Nuno Durão continua a ser a Arnott, a marca norte-americana que também dispensa um tratamento preferencial à Pro4matic. “Trouxemos a marca para Portugal e fomos dos primeiros a vendê-la na Europa. Somos muito acarinhados pela Arnott, basta ver os distribuidores que existem pela Europa e não há instalações parecidas com estas. Eles sabem como nós nos dedicamos à marca, pela forma como nos apresentamos nas feiras, as presenças nas revistas, etc.”. Mas a em51

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ESPECIALISTA

CONCEITOS BÁSICOS EM POUCAS PALAVRAS

Suspensões pneumáticas e hidropneumáticas, que diferenças? A pneumática funciona com ar, a hidropneumática com ar e óleo. A hidropneumática está na categoria das pneumáticas, mas tem uma pressão de óleo. Aproveita a bomba da direção e injeta óleo dentro do amortecedor. Diferença de preços entre uma suspensão convencional e uma pneumática? Depende do carro e há muitas variáveis. Mas é muita... Imaginemos um Mercedes Classe E, a convencional poderá ficar por 100 € para a frente, mas uma pneumática custará 600 ou 700 €. Diferença de preços entre a marca e a Pro4Matic? Pode variar até aos 70%... Se for num Porsche Panamera passará dos 50%, deve custar em torno dos 2000 € mais IVA e nós vendemos por 1000 € já com IVA. Que cuidados no uso e manutenção de uma suspensão pneumática? Os mesmos cuidados a ter com uma suspensão convencional, tendo a consciência de que a pneumática inclui uma borracha que é um elemento natural que se deteriora com o tempo. A grande manutenção é a lavagem dessas

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borrachas, retirar as areias que se acumulam e vão desgastar e “comer” a borracha. Outro problema é a humidade que os compressores deixam passar para a parte interior do pneumático e que contribui para a sua deterioração. Qual a durabilidade e que revisões se podem fazer a uma suspensão pneumática? A durabilidade de um amortecedor pneumático pode variar entre os 100 e os 150 mil quilómetros, dependendo do tipo de manutenção que se faz ao carro.

presa de Montemor-o-Velho trabalha também marcas de referência como a Bilstein: “Para nós não há melhores nem piores. A Bilstein equipa a origem e, para desmistificar um pouco isso, temos de ter um produto desses, com nome. Há clientes que querem Bilstein e têm Bilstein”. Mas confessa: “Claro que tenho um carinho grande pela Arnott, foi a marca com que iniciei este negócio. E por outra coisa: a Bilstein é um gigante com uma gama muito grande; mas, só nas pneumáticas, a Arnott tem uma gama ainda maior, trabalha mais essa vertente porque é mesmo especializada na pneumática, tendo ainda a opção do novo e do reconstruído”.

Em intervenções numa suspensão pneumática, o que é que nunca se deve fazer? Lavar com WD40 ou óleos! Já tem acontecido, as pessoas tentarem impermeabilizar com óleo ou alguma gordura, mas isso faz com que agarre ainda mais sujidade. Um produto repelente é diferente de um óleo ou lubrificante, isso é o que não se deve fazer.

MAIORIA DAS ENCOMENDAS POR TELEFONE… Foi também na Arnott que Nuno Durão se inspirou para o modelo de negócio da Pro4matic, totalmente transversal. “Isto é um conceito diferente de distribuição de peças e, por vezes, faz alguma confusão porque é que temos oficina e, ao mesmo tempo, vendemos para casas de peças e para oficinas. Nós somos representantes das marcas, vendemos para as casas de peças a um preço e para as oficinas a outro. E temos de estar junto do consumidor final porque somos técnicos especializados nisto, só trabalhamos com isto”. Tratando-se de uma área tão específica, a enorme e espetacular oficina que montou serve para acudir a situações de emergência: “Para mim o importante, enquanto empresário, é o servi-

Peças reconstruídas, sim ou não? Sim. Nós vendemos peças reconstruídas da Arnott, são mais económicas. Mas também temos a mesma peça em nova. Temos as duas opções para preços diferentes, mas com a mesma garantia. 52


"Se trabalhamos com amortecedores pneumáticos que estão no topo da cadeia do conforto do automóvel, porque não dar o máximo conforto às pessoas?"

ço de pós-venda, é a oficina ter um problema e nós conseguirmos resolvê-lo”. Mas o espaço também está aberto a clientes particulares, o que não significa que a Pro4matic faça concorrência às oficinas… “Somos parceiros, não somos inimigos. O que temos é de ter transparência no mercado e perceber que uns são casas de peças, outros mecânicos e outros consumidores finais”, refere: “A própria Arnott tem um conceito em que faz tudo, é fabricante, distribuidor, tem oficina e vende ao consumidor final. Tem é de haver tratamentos diferentes. Estamos num nicho de mercado, não podemos estar só focados numa área”. O criador da Pro4matic não esquece que foi o particular que ajudou a “fazer o nome” da sua empresa, mesmo se, atualmente, “95% dos clientes são profissionais”. E é curioso que, apesar de a empresa ter construído uma plataforma “online” B2B de utilização bastante simples, cerca de 90% das encomendas ainda são feitas por telefone. “Sempre soube que ia ser assim e é fácil de explicar. Quando compramos algo a que estamos habituados, já sabemos o que esperar. Quando não sabemos, quando temos uma dificuldade no produto, de perceber bem se é aquilo ou se há outra opção, o melhor é ligar. Um mecânico, uma oficina não compram uma coisa destas todos os dias. Pode comprar hoje e só voltar a comprar daqui a dois meses, mas não é por isso que é um mau cliente, o mercado é que é assim mesmo, muito dividido. Em

Pela dimensão mas, acima de tudo, pelo ar de laboratório de tecnologia avançada, a oficina das novas instalações da Pro4matic não deixa de impressionar, contando com equipamentos de última geração para um serviço de exceção

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cada dez carros deve haver um ou dois com suspensão pneumática, é um mercado muito de nicho, por isso é que a estratégia é estar com todos”. Estas novas instalações da Pro4matic permitirão ainda um novo passo que há já bastante tempo Nuno Durão queria dar, consciente da complexidade deste mundo das suspensões pneumáticas: cursos de formação com forte vertente prática. “As formações serão dirigidas aos nossos clientes, aos revendedores, às lojas de peças e empresas de distribuição porque é um tipo de formação diferente. E depois daremos formação aos mecânicos, com formações teóricas e práticas porque já temos as instalações para isso. Porque uma formação para um mecânico numa sala é importante, mas há que ‘meter as mãos na massa’. Tentaremos preparar e agendar essas ações ao longo de 2019 para serem feitas aqui, na sala de reuniões e de formação. Mas também temos espaço para fazer uma formação para mais de 50 ou 60 pessoas!”. Numa área tão técnica e complexa, a Pro4matic tem agora condições para continuar a crescer, não só em Portugal mas também em Espanha (tem sede em Madrid), vendendo tantas suspensões Arnott como os restantes “players” espanhóis! “Queremos cooperar com as marcas que representamos e representá-las com a qualidade que elas merecem. E tentarmos evoluir para o mercado exterior, é esse o nosso foco, num ano em que apresentaremos algumas novidades”, conclui Nuno Durão.

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REPORTAGEM

CES-2019

CONCENTRADO DE FUTURO O Consumer Eletronics Show (CES) de Las Vegas esteve repleto de inovações, muitas a mostrar-nos o futuro da indústria automóvel e até viradas para o pós-venda. Conheça as mais interessantes

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Texto Nuno Fatela

quiparado aos grandes salões automóveis pela quantidade de novidades que revela, o CES voltou a surpreender pelas inúmeras tecnologias que exibiu. Carros voadores, plataformas autónomas para acomodar diferentes carroçarias, veículos que andam graças a membros articulados são exemplos das surpresas que causaram furor em Las Vegas. Entre as empresas que captaram atenções durante a CES destacaram-se três dos gigantes do aftermarket,

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a Bosch, a Continental e a Schaeffler, com soluções de conetividade e mobilidade para o futuro. A condução autónoma é uma das áreas tecnológicas que mais investimento tem atraído, e as três empresas mostraram conceitos nesta área. A novidade maior foi o “Space Drive” da Schaeffler, concebido com base numa plataforma elétrica que acomoda diferentes carroçarias. A tecnologia “Space Drive” já está a ser aplicada em veículos para pessoas com incapacidades físicas, comprovando a 54


sua segurança em mais de 700 milhões de quilómetros sem acidentes, e foi agora transportada para este inovador conceito em que se destaca a versatilidade. Pode acolher cápsulas para diferentes fins, do transporte de passageiros ou mercadorias à utilização particular. A Continental já tinha introduzido anteriormente um conceito similar e, agora, revelou a sua evolução. Para tal, juntou

a estes meios de transporte autónomos os “robodogs”, pequenos robots usados para fazer as entregas. O objetivo é levar a mobilidade sem entraves até à porta de cada pessoa, oferecendo um sistema de mobilidade mais eficiente. Já a Bosch optou por um “shuttle” de transporte de passageiros sem condutor, em que todo o processo de utilização é gerido pelo smartphone, usado para reservar a viatura, convidar outros a partilhar as viagens, recorrendo em exclusivo a hardware, software e serviços digitais totalmente fornecidos pela Bosch. CONETIVIDADE EM ALTA… A chegada das ligações 5G é vista como um momento revolucionário para a mobilidade, e é indispensável para a condução autónoma pela rapidez com que

SPACe_L

a informação é partilhada. AContinental mostrou as suas vantagens num ambiente de condução totalmente conectado, através do 5G-Hybrid-V2X. Premiada no CES, esta tecnologia mostra novas soluções de ligação entre o automóvel e todas as outras viaturas e infraestruturas, proporcionadas em exclusivo por esta plataforma híbrida de comunicação. Entre elas estão a partilha imediata de informações de trânsito, como cortes de estrada, aos veículos que o seguem na via, e também maior liberdade e eficácia para a adaptação das rotas pelos sistemas de navegação. Além dos veículos autónomos, é salientada a rapidez com que são passadas mensagens aos condutores humanos, permitindo-lhes adaptarem a sua condução ou anteciparem manobras defensivas em situações de perigo.

Hyundai Elevate

Com os veículos autónomos desaparece a necessidade de vidros transparentes para ver a estrada. Prevendo isso, a Panasonic mostrou um interior (SPACe_L) em que todos eles, mesmo o teto panorâmico, se tornam espaços de projeção com incrível apelo estético. Outra das novidades foi o Spydr 2.0, um ambiente totalmente digitalizado para os automóveis atuais, em que são usados ecrãs com resolução 4K para o painel de instrumentos, “infotainment” e ecrãs dos lugares traseiros. Tem ainda um novo head-up display

Provavelmente a mais estranha e vistosa novidade do CES nos automóveis, um meio de transporte capaz de "andar, trepar e transpor" qualquer obstáculo. Tudo graças a uma configuração em que as rodas, e seus motores elétricos independentes, estão acomodadas em braços robotizados com vários graus de liberdade, permitindo que se mova das mais diversas formas. Chega aos lugares mais inacessíveis, mas, como as fotos mostram, também se adapta a outras funções, pois diferentes cápsulas de habitáculo podem ser colocadas sobre a plataforma 55

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REPORTAGEM

O 5G vai garantir partilha de informações em tempo real. Eliminadas as preocupações com segurança nas conexões, a Bosch mostra já a "troca" da chave pelo telemóvel

Outra das novidades apresentadas pela Continental é um ‘wearable’, ou seja, um novo equipamento tecnológico integrado na roupa. Trata-se de um colete com LEDS, sensores e um sistema de aquecimento, alimentado por baterias carregadas por indução através do banco do automóvel. Contempla três vantagens: a iluminação que torna mais visíveis os condutores e outras pessoas que saiam

ZF Sensor Power Do espectro de soluções para segurança da ZF destacou-se esta novidade: aos radares, câmaras e sensores juntamse agora "ouvidos", com o Sound-AI. Simplificando, este sistema reconhece os sons em redor da viatura, adicionando mais um patamar de segurança à condução autónoma. O Sound-AI ouve as sirenes e reconhece o tipo de viatura e direção que segue, o que pode ajudar a implementar o Nível 4 da condução não-tripulada

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da viatura para fazer entregas de mercadorias; graças ao aquecimento incorporado, a redução em 90% do recurso à climatização da viatura; e a garantia que, mesmo nas piores intempéries, o automobilista está protegido das mudanças de temperatura entre o interior e exterior do carro. A Bosch preferiu dar relevo a inovações que já começam a ser implementadas

Valeo XtraVue Trailer Uma interessante ideia para os condutores de camião, que permite ver num ecrã de bordo tudo o que está atrás do atrelado. Recorrendo a câmaras colocadas na traseira, ajuda a completar manobras, e foi um dos vencedores dos Tech Driven Awards da Edmunds na CES

atualmente, como o sistema de partilha de informações que, através da “cloud”, alerta sobre condutores que entram na faixa contrária. Bastam 10 segundos para que o aviso chegue aos outros automóveis, através de 15 sinais de rádio e aplicações de smartphone, um sistema que já pode ser usado em 13 países europeus. Os smartphones não podiam faltar e uma das soluções da Bosch na CES foi o sis-

Smart Air Filtration

A MANN-HUMMEL foi premiada no CES pela sua tecnologia de filtragem de partículas finas. Poderá ser utilizada de diversas formas, tanto em veículos como noutros meios de transporte público, e ainda em locais onde estas partículas nocivas se acumulam, como estações de metro ou paragens de autocarro

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Smart Corner

Esta tecnologia da Magnetti Marelli permite ter uma imagem a 360º redundante da viatura, pois coloca os sensores (lidar, câmara, radar, etc) nas diversas luzes do carro. Ou seja, elimina a necessidade de criar locais específicos para estes componentes. Junta a vantagem de funcionar com as mais avançadas tecnologias de iluminação



REPORTAGEM

tema de abertura e ignição da viatura por aplicação, eliminando totalmente a necessidade de uma chave física. Recorrendo à ligação Bluetooth dos dispositivos móveis, foram ultrapassados os receios de segurança, ficando garantido o acesso às viaturas de forma mais simples e intuitiva. Este sistema tem também vantagens para as grandes frotas, aumentando a eficácia no uso das várias

Vuzix Blade Um par de óculos inteligentes que pode tornar-se uma ajuda para as oficinas no futuro, fornecendo dados específicos sobre peças ou ajudando a seguir os passos corretos em intervenções mais delicadas. Tudo começa com uma câmara HD de pequenas dimensões colocada nos óculos. As imagens são processadas através da “cloud”, que devolve informações projetadas nas lentes

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viaturas, disponibilizadas aos diferentes condutores, consoante as necessidades da empresa. Foi ainda apresentado o sistema de integração mySpin, que transpõe de forma mais intuitiva as aplicações do smartphone para o ecrã do carro. A ideia passa por diminuir o número de botões usados, substituídos pelo comando rotativo da viatura, reduzindo distrações e aumentando a segurança rodoviária.

Magna

Factory Harmony

A OMRON mostrou um futuro em que os humanos e máquinas vão colaborar na manufatura de produtos personalizados em fábricas. Para tal, os visitantes foram convidados a participar com um dos robots numa exibição no CES

Esta configuração do habitáculo captou atenções para a Magna, que levou à CES soluções de eletrificação, veículos autónomos e mobilidade inteligente. A ausência de componentes mecânicos acima da plataforma, nos autónomos e elétricos, permite criar um habitáculo que se adapta para reuniões, transporte de mercadorias ou como táxi. Uma aplicação permite escolher entre as diversas configurações.

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Nissan Tornar visível o invisível é uma tarefa complicada, mas esse foi o desafio a que a Nissan se propôs e mostrou-o no CES. A tecnologia Omni-Sensing combina dados de trânsito em tempo real com a informação captada por sensores do carro, para alertar sobre aquilo que o condutor vai encontrar, por exemplo, ao passar por um prédio. Além disso, este sistema consegue criar avatares de colegas de trabalho, família ou amigos, para que nunca esteja sozinho a bordo do automóvel.

WayRay Esta empresa já atraiu investimentos da Hyundai e da Porsche, e mostrou o potencial da realidade aumentada. As informações necessárias ao condutor são projetadas no vidro, a uma distância simulada de 15 metros. Trajetórias em curva, alertas de perigos e dados de navegação são algumas das ajudas que a WayRay pode oferecer.



NOTÍCIAS

INTER NAC IO NA IS

AU TODIS G R O UP

Aquisição de 82,5% da Oscaro

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Parts Holding Group, que integra o Autodis Group, confirmou a aquisição de 82,5% do Grupo Oscaro, com mais de oito milhões de clientes e um volume de negócios de 320 milhões de euros em 2017. Esta aquisição, conduzida pela Bain Capital, insere-se na estratégia de criação de uma subsidiária digital, a Digital Auto Parts Holding, que pretende assumir a liderança omni-canal na distribuição de peças para veículos ligeiros e pesados nos segmentos “B2B” e “B2C”. Esta integração faz aumentar o peso da Parts Holding Group de 320 milhões de euros para 1700 milhões de euros, consolidando a sua posição como número três no mercado europeu, atrás da LKQ (5400 milhões de euros) e da Alliance Automotive Group, que anunciou um volume de negócios de 2400 milhões de euros em 2018.

Pierre-Noël Luiggi, fundador do portal online, continuará a deter uma participação de 17,5% do capital e integrará a administração da Oscaro, mas deixa de ser o seu líder. Fontes conhecedoras do processo referem que as dificuldades financeiras da Oscaro podem ter precipitado este negócio, adiantando que a aquisição de 4,95% do capital pela Autodis e a criação da Parts Holding Europe ajudaram a preparar o terreno. A aquisição da Oscaro permitirá à Autodis abrir uma janela de oportunidade no mundo atual do negócio digital e consolidar a rendibilidade da sua ferramenta logística. Simultaneamente proporcionará o poder logístico que faltava à Oscaro. Outra vantagem para a Oscaro será o acesso à rede de 2000 reparadores da rede Autodis. autodisgroup.com

RONAL GROUP ASSINALA 50 ANOS Especializado no fabrico de jantes de liga leve para automóveis e veículos comerciais, o Ronal Group assinala este ano o seu 50.º aniversário. Este meio século irá ser comemorado em todo o Mundo com diversas ações direcionadas para os mais de 8000 colaboradores que desempenham um importante papel no sucesso da empresa. Outro ponto alto destes 50 anos será o lançamento na primavera deste ano da sua jante preferida – Ronal R50 Aero – revestida a ouro. ronalgroup.com/pt-pt

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TR W

Novo design das maxilas A

imagem de marca dos discos de travão da TRW, a pintura preta, também passou a fazer parte do revestimento das maxilas de travão desta marca da ZF Aftermarket que, além de conferir uma superfície única aos produtos, garante maior proteção contra a corrosão. A sua eficácia foi comprovada num teste prolongado de "spray" salino, efetuado segundo a norma internacional ASTMB117 durante 240 horas, tendo apresentado apenas pequenos vestígios de corrosão.

Além do revestimento especial e do design atrativo, os produtos com a qualidade do equipamento original (EO) são fabricados de forma ambientalmente mais sustentável. As maxilas de travão da TRW estão certificadas em conformidade com a norma ECE R90 e, por conseguinte, não contêm crómio VI nem metais pesados ou amianto. O facto de a gama de produtos TRW para sistemas de travões de tambor abranger 95% dos automóveis também é determinante. zf.com

BOSCH ENGENHARIA PORTUGUESA EM L.A. A Bosch apresentou as suas mais recentes soluções conectadas para a mobilidade na maior feira de eletrónica do mundo, o CES de Las Vegas. Algumas foram desenvolvidas em Portugal. Uma das tecnologias de maior importância para a concretização da condução autónoma teve o contributo estratégico de uma equipa de engenheiros sediada em Braga. O V2X,

que possibilita a comunicação entre veículos com veículos, infraestruturas e pessoas, e que já foi testada em Portugal, teve grande parte do seu desenvolvimento a cargo desta equipa de engenheiros nacionais. Outra das soluções com mão portuguesa é o Mirror Cam. Este sistema que substitui os convencionais espelhos retrovisores, e que farão a sua estreia no novo Mercedes Actros, sairão das instalações da Bosch em Braga. Constituído por câmaras exteriores e por ecrãs colocados no interior do veículo, o sistema permite reduzir o atrito, aumentar a aero-dinâmica e, por conseguinte, melhorar a eficiência no consumo de energia. pt.bosch-automotive.com/pt 61

NOVEMBRO 2018 TURBO OFICINA


NOTÍCIAS

INT E RN ACIONAIS

Diretor ibérico da Mann+Hummel

HYUN DA I

Impressões digitais abrem veículos

A

Hyundai anunciou o desenvolvimento da primeira tecnologia de impressões digitais inteligente do Mundo para automóveis, que permite ao condutor destrancar as portas do veículo e colocá-lo em andamento. O sistema será estreado na mais recente geração do SUV Santa Fé, disponível já no primeiro trimestre deste ano. Para destrancar a viatura, o condutor tem de colocar o dedo no sensor que se encontra no puxador da porta. A informação encriptada da impressão digital será identificada e transmitida

ao controlador de impressões digitais no interior do veículo. O condutor também pode ligar facilmente o veículo, tocando no botão da ignição, igualmente equipado com um sensor de leitura de impressões digitais. A tecnologia proporciona ainda um ambiente de condução personalizado, pois ao combinar as informações das preferências do condutor com os dados das impressões digitais, o veículo ajusta automaticamente as posições dos bancos, as funcionalidades de conectividade e os ângulos dos retrovisores. hyundai.pt

ISTOBAL APOSTA NO SMARTWASH A Istobal vai apostar no desenvolvimento de instalações inteligentes com a tecnologia Smartwash em 2019. Segundo a empresa espanhola, estes espaços de lavagem totalmente conectados permitem aumentar a rendibilidade das equipas de lavagem e melhoram a experiência de utilização. Para apresentar as suas mais recentes inovações e continuar a aumentar as exportações nos países onde está presente, a empresa irá intensificar a sua presença em feiras internacionais. istobal.com/pt/

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José Ramón Martinez assumiu o cargo de diretor-geral da Mann+Hummel Ibérica em substituição de Javier Sanz que, recentemente, foi nomeado Group Vice-President Asia-Pacific do Grupo Mann+Hummel. Licenciado em Engenharia Industrial e com uma elevada experiência no setor industrial, José Ramón Martinez ocupou anteriormente o cargo de diretor-geral da Flexngate Aragón, uma empresa auxiliar do setor automóvel e líder no fabrico de dobradiças e retentores de portas. O seu percurso profissional incluiu ainda a Valeo Térmico, onde desempenhou várias funções. José Ramón Martínez assume também a gerência da fábrica de Saragoça, onde é o diretor de operações. O novo diretor-geral da Mann+Hummel tem como objetivo principal “consolidar a liderança que carateriza a Mann+Hummel Ibérica e o seu modelo de negócio, além de promover a máxima eficiência nas operações da fábrica”. mann-hummel.com


Spies Hecker com operação na F1

Z F A F T E R M ARKE T

Distinção nos prémios Groupauto

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a cerimónia anual da Groupauto International, que distingue os parceiros fornecedores nas categorias de logística, marketing, vendas e qualidade, a ZF Aftermarket foi nomeada como “Fornecedor do Ano de 2018”. Markus Wittig, Diretor da Unidade de Negócio para o Mercado de Pós-Venda Independente, recebeu o prémio na cerimónia que decorreu no Mónaco. “O prémio destaca a nossa capacidade de inovação, bem como a forte orientação da nossa equipa para o cliente. Estamos orgulhosos

deste prémio e da nossa cooperação de longa data e de confiança com a Groupauto", afirmou. Além da qualidade dos produtos e dos programas, as organizações que fazem parte da Groupauto International avaliam as transações comerciais dos fornecedores com cada um dos membros do grupo de distribuidores. Os critérios de avaliação incluem a disponibilidade, o nível de serviço da entrega, o apoio técnico, o apoio ao marketing e às vendas, e outros serviços. zf.com/spainportugal/pt_pt

GLASURIT PRIMÁRIO UV EM SPRAY A Glasurit desenvolveu um novo primário em spray – 151-170 SD UV Primer Filler grey – que permite aos pintores retocar danos pequenos e moderados nas peças do veículo, como os pára-choques de uma forma mais rápida e flexível, com ganhos de produtividade. As propriedades de resistência à corrosão e qualidade de acabamento são idênticas às do produto tradicional em lata. Além disso, a secagem pode ser feita sob a luz de uma lâmpada UV-A. glasurit.com/pt

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A Spies Hecker organizou uma operação especial para assegurar a repintura dos monolugares de Fórmula 1 da equipa Mercedes-Benz AMG Petronas que participaram no Grande Prémio de Abu Dhabi. A operação envolveu a deslocação dos pintores e de todo o equipamento necessário. Tudo menos a cabina de pintura. Na pintura dos F1 W09 EQ Power+ da Mercedes-AMG Petronas Motorsport são utilizados vários produtos da Spies Hecker, incluindo o Priomat Wash Primer 4075 e em seguida, a Permasolid HS Vario Primer Surfacer 5340, um primário aparelho com elevado teor de sólido, ou Permasolid HS Performance Surfacer 5320, um aparelho 2K HS de secagem rápida. O verniz Permasolid HS Speed 8800 é utilizado nas peças que precisam de secar rapidamente e no resto, utilizam o Verniz Permasolid HS Optimum Plus 8650. Para os degradés extraordinários nas cores de 2018, foi utilizada a Base Bicamada 480 Permahyd Hi-TEC de cor prateada muito reflexiva e quatro tons prateados adicionais, classificados de um a quatro, no sentido do preto. Além disso, existem três verdes diferentes e dois azuis diferentes para as linhas de fluxo. Estas cores não estão disponíveis no mercado. spieshecker.com/pt

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ESTUDO

ESTUDO AXALTA

AUTOMÓVEIS A PRETO E BRANCO… Um mundo automóvel muito descolorido é o que revela o relatório anual da Axalta, com 80% dos carros em todo o Mundo entre o branco, preto e cinza. A Europa não destoa...

S

e Henry Ford regressasse a este mundo e à liderança da companhia que fundou, completaria a sua famosa frase “na Ford o cliente pode escolher a cor do seu carro, desde que seja preto”, acrescentando-lhe, no final, “branco ou preto”. Porque, nesta década do Séc. XXI, em que a moda, o “design” e a arte dão largas à imaginação, a esmagadora maioria dos carros que se vendem em todo o Mundo são… de um tremendo aborrecimento cromático! Entre brancos, pretos, cinzentos e prata, estão 80% dos automóveis vendidos em 2018 no nosso Planeta… Pelo oitavo ano consecutivo, o branco volta a ser a cor que recolhe a grande maioria das preferências, com um total de 38%, segundo o tradicional estudo que a Axalta promove há já 66 anos. De acordo com o “Global Automotive Color Popularity Report” – cujas várias edições podem ser boas indicações para as tintas a encomendar em maiores quantidades pelas oficinas com serviço de repintura –, entre a cor sólida (30%) ou a tinta com efeito pérola (8%), é o branco que volta a dominar, mesmo se perdeu um ponto percentual, face aos resultados de 2017. Já o preto ganhou dois pontos percentuais para reforçar a segunda posição a nível global, com 18%. Tal como em 2017, o cinzento e o prata voltaram a empatar (12%), tendo crescido um ponto percentual. A popularidade do branco é um fenómeno típico do Séc. XXI, em que houve claramente uma mudança de gostos radical. Um exemplo claríssimo sucede com o verde que, em 1997, era a cor favorita na América do Norte e, hoje, não passa de 1%, tanto ali como nou-

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tros mercados! A Axalta adianta que a cor do automóvel é a primeira coisa a atrair um comprador, avançando mesmo com estudos que apontam para que um terço dos compradores de automóveis está disposto até a mudar de marca caso não esteja disponível a cor que deseja! Atendendo a que as cores mais populares são o branco e o preto não se pode dizer que, em termos de 64

A concentração dos gostos dos automobilistas em quatro tonalidades que valem 80% das cores acabam por facilitar as encomendas das oficinas com serviço de repintura...


BRANCO PRETO PRATA CINZENTO VERMELHO AZUL AMARELO/OURO CASTANHO/BEJE VERDE OUTRAS

automóveis, as nossas paixões andem particularmente coloridas… E como se porta a Europa, em concreto, neste estudo das cores? Não desalinha muito do panorama global (ver imagens acima), mantendo o branco na frente (25%), mas colocando, pela primeira vez, o cinzento à frente do preto (22 contra 21%) e o prata bem mais atrás (11%), quase apanhado pelo azul

(10%). Refira-se, aliás, que os 10% do “azul europeu” são a melhor prestação de uma cor… colorida em todos os mercados, seguindo-se os 9% do vermelho nas Américas do Sul e do Norte. Por segmentos, o mercado europeu dá primazia ao preto nos carros de luxo (33% contra 22% de branco) e ao cinzento nos intermédios e monovolumes (25% contra 24% do preto e 22% do branco). 65

Já nos SUV, compactos e desportivos, o branco reina, seguido do cinzento e preto. Nos compactos e desportivos registam-se 11% de automóveis vermelhos, sendo modelos virados para clientela mais jovem. Um estudo que não mostra haver alterações em curso para novas tendências pelo que, dentro de um ano, aqui deveremos estar a “vitoriar” de novo… a branco e preto.

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BOAS PRÁTICAS

RICARDO CAMPOS, DIRETOR DE APÓS-VENDA, TOYOTA CAETANO PORTUGAL

EXPERIÊNCIAS MEMORÁVEIS PARA OS CLIENTES A Toyota veio para ficar há meio século e ficou mesmo! Com um serviço de após-venda que consegue elevadíssima taxa de retenção de clientes, mesmo após o final da garantia. Eis algo que interessa a qualquer oficina: como se consegue fidelizar desta forma a clientela

O

ano passado foi particularmente marcante para a Salvador Caetano, pelo 50.º aniversário do lançamento da Toyota no nosso país. Reforçando, se ainda fosse necessário, o famoso “slogan” do início dos anos 70 “a Toyota veio para ficar e ficou mesmo!”. A par da reconhecida qualidade dos seus produtos e, nos últimos anos, da aposta na tecnologia híbrida

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que conquistou muitos clientes para a marca nipónica, a capacidade de fidelizar clientes ao serviço oficial de após-venda tem sido outro dos segredos do sucesso da agora Toyota Caetano Portugal. O seu responsável pela área do após-venda, Ricardo Campos, desvendou-nos alguns dos motivos e dos métodos usados para tão elevado sucesso naquele serviço. 66


Há, sem dúvida, uma relação de confiança da marca com os clientes. Que papel teve, neste contexto, o após-venda? O após-venda teve importância fundamental ao longo destes 50 anos e continuará a desempenhar um papel crucial no futuro. Existem 56 oficinas na Rede Toyota, de Norte a Sul do País, incluindo Açores e Madeira. Em todas estas instalações e em todos os colaboradores existe um atendimento orientado para cada cliente, para as suas necessidades e as do seu Toyota. Daí termos uma elevada retenção de clientes, nomeadamente em modelos mais antigos. Pode dar-nos uma ideia das prioridades na relação com o cliente, na perspetiva do após-venda? Todo o processo de após-venda é orientado para o cliente. As prioridades passam por uma orientação profunda às necessidades do cliente, transparência no processo e disponibilidade no serviço. A experiência do cliente ditará sempre se ele volta aos nossos serviços no futuro, pelo que temos, diariamente, de trabalhar para construir experiências memoráveis.

Ainda sentem que as pessoas veem o produto japonês como um garante de qualidade e fiabilidade? Isso é uma vantagem para a Toyota? Sem dúvida, os clientes associam os modelos Toyota à qualidade de construção, fiabilidade e atenção ao pormenor. Mais do que considerar uma vantagem, é algo que faz parte dos nossos princípios, já que toda a Cultura Toyota é construída com base na melhoria contínua e respeito pelas pessoas. Apesar de a grande maioria dos modelos vendidos pela Toyota Caetano Portugal serem Europeus (produção europeia), as pessoas reconhecem efetivamente a nossa qualidade, durabilidade e fiabilidade.

O serviço de após-venda da Toyota consegue uma invejável taxa de retenção de clientes, mesmo depois do final da garantia dos seus automóveis

Essa imagem também se traduz na preferência pela assistência oficial ou é uma batalha que têm de travar com os reparadores independentes, como a generalidade das marcas? Os concessionários Toyota não estão isolados no mercado, e naturalmente têm de enfrentar a concorrência dos reparadores independentes. No entanto, procuramos dotar a Rede Toyota de um conjunto alargado de ferramentas e serviços que diariamente trabalha para aumentar a retenção de clientes. Pode dar uma ideia (em números) relativamente à capacidade de retenção de clientes cujas viaturas já ultrapassaram o período de garantia? Como é que atraem esses clientes? De forma geral, perto de 50% dos clientes fora de garantia (e até 10 anos), continuam a fazer anualmente os seus serviços na Rede Toyota. Para esse segmento de clientes temos o Serviço 5+ (com condições especiais para Toyota com mais de 5 anos), o serviço dedicado para Híbridos (Toyota Hybrid Service), o programa de avisos, ou a renovação de contratos de manutenção. O elemento peça original é decisivo? Só utilizam peças originais ou, quando o custo o justifica, utilizam a chamada peça equivalente? O argumento da peça original é fundamental, pelo que só usamos Peças Genuínas Toyota. No seu processo de fabrico, cada peça é submetida a um exame detalhado para garantir que está de acordo com os exigentes padrões de qualidade, fiabilidade e desempenho impostos pela Toyota, de forma a garantir a segurança de cada Cliente e uma maior vida útil a cada Toyota. A formação é, certamente, um elemento essencial na satisfação dos standards da marca. É fácil recrutar profissionais com formação base adequada para o após-venda Toyota? A academia própria tem aqui uma palavra fundamental? A Toyota Caetano Portugal implementou, há mais de 15 anos, o programa T-TEP que pretende estimular os jovens para o estudo da tecnologia e da

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BOAS PRÁTICAS

com diversas ferramentas e práticas que melhoram os resultados nesta área de negócio. Para a melhoria da eficácia e da operação muitos marcas atribuem ao “layout” oficinal um papel chave. É também assim com a Toyota? O “layout” é fundamental e estamos sempre a adaptar (aplicando Kaizen) face às alterações das necessidades dos clientes e processos… Quanto melhor for o “layout”, mais vantagens para a organização. Mas não é só o “layout” que dita os resultados: a organização e métodos de cada equipa serão os principais responsáveis pela melhoria da eficiência.

engenharia mecânica, assegurando desta forma a criação de novos técnicos para abastecer o mercado de trabalho no ramo automóvel, contando com o ISEP e a Escola Vocacional Salvador Caetano como estabelecimentos de ensino parceiros. Assim, temos sete escolas espalhadas pelo País, nas quais damos formação nas mais diversas áreas técnicas (chapa, pintura, mecânica, peças…), a mais de 700 jovens em período de formação. Essas escolas são a principal fonte de recrutamento de novos colaboradores para a Rede Toyota, com centenas de milhares de horas de formação a jovens. No que diz respeito à formação específica para colaboradores da Rede, nos últimos anos temos dado um grande enfoque à formação comportamental, mais uma vez no sentido de otimizar a experiência do cliente. Naturalmente, continuamos a formar competências base necessárias em qualquer oficina, mas sempre com a grande missão de alinhamento com os princípios da marca. Para os atuais colaboradores da Rede Toyota, anualmente fazemos mais de dez mil horas de formação. “Fazer bem à primeira” é um critério muito importante para a satisfação do cliente e para medir a qualidade do após-venda. Como está o após-venda Toyota neste capítulo? Como tem evoluído? É um dos indicadores principais a avaliar em termos de recomendação de clientes e um dos focos prioritários das nossas ações. A Rede Toyota apresenta indicadores próximos de 100% neste tema, mas como ambicionamos sempre a melhoria contínua, ainda temos um pequeno espaço para fazer melhor. Nesse sentido, em 2019 vamos trabalhar com todas as oficinas uma “Toolbox Fix-it Right”

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A Rede Toyota apresenta indicadores próximos de 100% no tópico "fazer bem à primeira"

Como vê o futuro da reparação oficial? Será algo que as marcas tenderão a subcontratar, num contexto da denominada nova mobilidade? Com a evolução nas motorizações, a reparação oficinal terá de se reinventar, procurando novos serviços e formas de rentabilidade. Ainda assim, no que diz respeito à nossa marca, não antevemos a subcontratação como tendência. Isto porque, tanto nos clientes de há 50 anos (ou hoje), e seguramente nos clientes do futuro, a visão da Toyota passa por criar experiências memoráveis, conquistar cada cliente (um a um), e torná-los embaixadores da marca. Essa cultura e espírito Toyota são o que nos define verdadeiramente.

MAIS DE 12 MILHÕES NO MUNDO!

LÍDER ENTRE OS HÍBRIDOS A Toyota lidera o “tema” híbridos, sendo a marca que mais automóveis vende com aquela tecnologia. Ricardo Campos vê o lado da “paixão híbrida”, mas também os problemas que este tipo de carros levantam no após-venda: “Mais de 12 milhões de condutores em todo o Mundo escolheram híbridos Toyota, sendo que a generalidade está muito bem informada e demonstra uma paixão imensa pela tecnologia. É frequente haver grupos de partilhas de resultados de consumo de combustível, de técnicas de condução ou meramente encontros de híbridos. Dada a sua paixão, são clientes mais retidos à Rede Toyota, o que não invalida que seja necessária uma forte comunicação neste segmento, até porque a procura dos clientes tem aumentado de dia para dia. Relativamente aos desafios, o maior impacto está relacionado com a redução de consumo de peças, seja por simplesmente não existirem nos híbridos (ex: embraiagem, alternadores), seja pela redução dos consumos (ex: calços, discos de travão)”.

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REPORTAGEM

VALORPNEU

A GINCANA DO SGPU Até julho, o Circuito de Portugal Valorpneu vai recordar as várias etapas do Sistema Integado de Gestão de Pneus Usados

P

ortugal já é um dos países com maior taxa de recuperação e transformação de pneus em fim de vida. Mas a Valorpneu não descansa sobre os bons resultados obtidos e vai agora reforçar, junto de quem possui pneus usados (oficinas, estações de serviço, lojas especializadas, desmanteladores, grandes frotistas, etc.), os passos a cumprir na recuperação dos pneumáticos recolhidos. Para tal, decorre até julho o Circuito de Portugal Valorpneu que vai recordar todo o processo do SGPU – Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados. Serão mais de 4100 empresas a receber a visita dos onze promotores desta iniciativa, que se deslocam em carros com uma decoração específica e percorrerão todos os distritos do País. O objetivo, recorda Climénia Silva, diretora-geral da Valorpneu, passa por “conhecer os desafios na gestão diária destes recursos e recordar algumas das regras de segurança e eficiência do SGPU”. Para isso, os detentores de pneus usados são convidados a responder a um inquérito que será a base para um estudo de cariz nacional para traçar o cenário geral da recuperação de pneus e descobrir

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especificidades em cada região e nos vários tipos de empresas que integram este sistema. Além da afixação de posters com os passos do SGPU e informação aos clientes sobre o destino dos pneus, foi encontrada uma inovadora forma de passar a mensagem: um pneu telecomandado, considerado por Climénia Silva como “a estrela” do Circuito de Portugal Valorpneu. Os visitados pela iniciativa serão convidados a fazer um jogo em que guiam este pneu através de um percurso com seis passos do SGPU, ganhando uma recordação diferente e mais duradoura sobre os procedimentos a adotar.

OS SEIS PASSOS DO SGPU 1. Discriminar na fatura o valor correspondente ao Ecovalor 2. Retomar os pneus usados sem encargos para o detentor 3. Armazenar em superfície impermeável, separados dos outros resíduos

4. Transportar os pneus com e-GAR até aos centros de receção

5. Preencher a ficha e entregar os pneus separados por tipologia

6. Guardar o certificado de receção durante cinco anos 70


NOTÍCIAS

PNE U S

Falken Wildpeak na AB Tyres

PI RE L L I

Quarto centro P Zero World A Pirelli inaugurou o seu quarto P Zero World do Mundo no Dubai, depois de Los Angeles, Munique e Monte Carlo. Este conceito já foi definido como “uma boutique de pneus”, isto é, uma loja onde os clientes podem encontrar os produtos e serviços mais exclusivos da Pirelli para os segmentos dos automóveis de luxo e desportivos. As boutiques P Zero World são os únicos pontos de venda que disponibilizam toda a gama de pneus da marca italiana, incluindo o P Zero trofeo R ou os

Pirelli Collezione. As instalações do P Zero World no Dubai ocupam uma área de 600 m2, incluem zona de exposição e oficina, e contam com cinco técnicos, dois comerciais e um rececionista. A sala de espera do ponto de venda possui um simulador de Fórmula 1 em tamanho real e um “Track Expert”, que permite ajudar o cliente nos conceitos como a gestão ou a afinação dos pneus antes de entrar em pista, além de conselhos de pilotagem. pirelli.com/tyres/pt-pt/

BRIDGESTONE CRESCE NO "ORIGINAL" A Bridgestone registou, em 2018, um aumento superior a 30% no número de modelos de veículos equipados de origem com pneus da marca. No total foram mais de 40 modelos de mais de 15 fabricantes distintos na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) que são entregues aos clientes com pneumáticos Bridgestone. A qualidade e inovação da gama "premium" são alguns dos fatores que determinaram a escolha de marcas como a Toyota, Mercedes-Benz e Porsche. Ao mesmo tempo, a Bridgestone manteve-se como parceira estratégica do Grupo Volkswagen, enquanto principal fornecedora, servindo marcas como a Audi, a Seat e a Skoda. Relativamente à Audi, o volume de equipamentos forne-

cidos chegou a duplicar nos últimos cinco anos. Além disso, a Bridgestone também reforçou a sua relação com a BMW. Mais de 85% dos equipamentos fornecidos destinam-se a pneus com diâmetro igual ou superior a 17”. bridgestone.pt 71

A AB Tyres já tem disponível para entrega o novo pneu de todo-o-terreno Wildpeak M/T01 da Falken, que foi desenvolvido para enfrentar as condições mais adversas. O novo pneu da Falken dispõe da tecnologia de parede lateral Duraspec, que inclui dois componentes para oferecer uma camada adicional de proteção e durabilidade, proporcionando uma sensação de segurança e fiabilidade. O Wildpeak M/T01 permite ainda uma condução excecional com baixo ruído, graças à otimização de três variáveis no padrão do piso. alvesbandeiratyres.pt

Tiresur representa Triangle em Portugal A Triangle passou a ser representada e distribuída pela Tiresur em Portugal. Após a concessão da distribuição da gama PCR em Espanha, o fabricante chinês voltou a confiar no conhecimento de mercado da Tiresur para representar a marca em Portugal. Sediada em Weihai, no leste da China, a Triangle produz anualmente mais de 25 milhões de pneus. A empresa possui centros de pesquisa e desenvolvimento localizados em Wehai (China) e Akron (Estados Unidos), tendo registado mais de 360 patentes. tiresur.com.pt

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REPARAÇÃO

TEMPO VS. CUSTOS

A DIFÍCIL ESCOLHA: REPARAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO? É uma das primeiras questões que se coloca quando um veículo sinistrado chega à oficina: valerá mais a pena reparar ou substituir alguns dos componentes? A decisão depende de variadíssimos factores, nomeadamente do tempo da reparação e do custo da peça nova. Procuramos aqui deixar algumas pistas para uma decisão acertada Texto Francisco Livianos González

U

ma das primeiras dúvidas com que o técnico se depara antes de iniciar uma reparação é determinar se as peças danificadas devem ser reparadas ou substituídas. Não existe uma regra que indique quando uma peça deve ser reparada ou substituída, mas sim vários fatores que influenciam a decisão final. Entre os fatores técnicos perante as opções de reparação ou de substituição encontram-se: • O nível dos danos. • A possibilidade técnica ou a impossibilidade de reparação. • A qualidade final da peça reparada. • Se se trata de uma peça exterior ou de um elemento estrutural. • As desmontagens necessárias. Além disso, antes de tomar a decisão de adquirir a peça de substituição para a substituir a danificada, é preciso saber que outros aspetos de natureza eco-

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nómica podem também influenciar a decisão, tais como: • O preço da peça de substituição. • A demora ou a rapidez do fornecimento da peça de substituição. • A substituição de símbolos ou de molduras. • As operações de pintura posterior. Assim, para tomar a decisão final, é necessário considerar todas ou algumas destas questões de carácter técnico e de garantia. Para além do custo, trata-se de aspetos que irão contribuir para facilitar a decisão final da peritagem. A reparação correta de cada tipo de peça será determinante para atingir os padrões mínimos de qualidade do acabamento final. Apresentamos, de seguida, algumas considerações sobre diversos destes fatores que influenciam a decisão final de reparação e que devem ser avaliados para chegar a uma solução ideal, técnica e económica. 72

Devem ser tidas em conta as características da peça danificada que possam influenciar a dificuldade e o tempo de reparação


TIPO DE PEÇA Devem ser tidas em consideração as características da peça danificada que poderão influenciar a dificuldade e o tempo de reparação, tal como o tipo de material em que é feita (aços especiais, ligas leves, alumínio, etc.) e se se trata de uma peça estrutural ou de uma peça exterior. Porque é necessário ter em mente que os trabalhos de reparação realizados em peças exteriores da carroçaria são sempre mais permissíveis e não afetam a es-

trutura ou a segurança do veículo. O material de fabrico não é o único fator importante, a espessura da chapa com a qual estes elementos são fabricados também tem extraordinária importância, dado que é mais difícil a boa execução de uma reparação quando a espessura é reduzida. Mesmo que haja mais tempo disponível para a reparação, não é possível melhorá-la se a espessura for reduzida. Do mesmo modo, deve ser avaliada a necessidade das desmontagens que serão necessárias. 73

Por outro lado, como falaremos mais pormenorizadamente adiante, depois de examinarmos a reparação de diferentes tipos de peças exteriores de um veículo, é possível concluir que as peças exteriores podem ser agrupadas segundo o seu comportamento, tipologia e casuística, da seguinte forma: • Capot dianteiro, capot traseiro e guarda-lamas dianteiros. • Portas dianteiras, portas traseiras e portas da bagageira. • Guarda-lamas traseiros.

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REPARAÇÃO

Devem ser considerados os fatores técnicos e económicos

SUPERFÍCIE DE REPARAÇÃO DE CAPOT DIANTEIRO Tipo de união, limite de reparabilidade Em geral, nesta classificação revela-se fundamental a consideração do tipo de fixação da peça ao resto da carroçaria, ou seja, se é amovível ou fixa dado que, dependendo do modo, o custo de reparação pode aumentar. Tal acontece, por exemplo, na realização de uniões de soldadura ou na substituição de peças através de adesivos, em que também deve ser avaliado o custo deste material adicional. Assim, o tempo de substituição do guarda-lamas traseiro – um elemento unido ao resto da carroçaria através de soldadura ou adesivos, em comparação com os resultados obtidos na substituição de outros elementos cujo tipo de união se realiza sempre através de parafusos – é sempre mais elevado. Os aspetos que interferem no custo de substituição ou reparação são os seguintes: CUSTO DE SUBSTITUIÇÃO = PREÇO DA PEÇA + MÃO DE OBRA DE SUBSTITUIÇÃO + MÃO DE OBRA DE PINTURA + MATERIAIS DE PINTURA

CUSTO DE REPARAÇÃO = MÃO DE OBRA DE REPARAÇÃO + MÃO DE OBRA DE PINTURA + MATERIAIS DE PINTURA

Se estabelecermos uma relação entre o custo de reparação de um guarda-lamas traseiro e os custos de substituição do mesmo elemento, correspondendo a uniões soldadas, os tempos de substituição são elevados. Além disso, se se tratar de peças de substituição de custo elevado, tal fará com que, no caso de um guarda-lamas traseiro, o

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custo de reparação seja sempre menor do que o de substituição, independentemente do preço/hora. Nas comparações que utilizamos para demonstrar de uma forma mais gráfica as diferenças existentes, no caso de um elemento ou peça da carroçaria fixa como o guarda-lamas traseiro, o aumento do custo da mão de obra devido ao elevado tempo necessário para a substituição, juntamente com o preço do mesmo, faz disparar os custos de substituição. Isto permitiria aumentar o tempo atribuído para a reparação e, ainda assim, seria rentável. Dito de outro modo, o limite para a reparação será uma questão técnica, devendo garantir determinados níveis de qualidade. No primeiro gráfico está representado um aumento mais elevado do custo de substituição à medida que aumenta o preço/hora, tal como acontece com os custos de 74

reparação. No entanto, as retas que representam ambos os custos tendem a permanecer paralelas, com tendência a separarem-se quanto maior for o preço por hora. Pelo contrário, na análise de uma peça aparafusada, vê-se claramente que o custo de substituição evolui num intervalo muito estreito, dado que o tempo de substituição é baixo. Pelo contrário, o tempo de reparação é sensivelmente mais elevado e o declive da reta aumenta muito rapidamente em função do preço/hora, chegando a cortar a reta de custos de substituição. No primeiro gráfico NÃO é possível estabelecer qualquer limite de reparabilidade, resultando, em todos os casos, num custo de substituição superior em comparação com a reparação, enquanto no segundo gráfico


Comparação de reparação e substituição do capot

Comparação entre reparação e substituição do guarda-lamas traseiro

Superfície de reparação de capot dianteiro

é possível estabelecer este limite de reparabilidade que, neste exemplo, seria de um preço médio por hora de 50 euros PROCEDIMENTO DE REPARAÇÃO Para poder avaliar uma reparação é necessário conhecer o processo que se pretende realizar e quando deve ser aplicado um dos métodos. Por exemplo, a possibilidade de reparação com martelo de inércia, com varetas, a reparação através de tais e martelo ou quando é preciso realizar desmontagens. Quando se trata de grandes danos, em alguns casos será necessário cortar os reforços para soldá-los, depois de realizar o trabalho de reparação da chapa. Ao aumentar os tempos de trabalho de reparação, torna-se mais importante apurar os limites de reparabilidade e estabelecer o padrão final de qualidade dos elementos.

PROCESSO DE REPARAÇÃO DE CAPOT DIANTEIRO Para poder avaliar uma reparação é necessário conhecer o processo que se pretende realizar e quando deve ser aplicado um dos métodos. Por exemplo, a possibilidade de reparação com martelo de inércia, com varetas, a reparação através de tais e martelo ou quando é preciso realizar desmontagens. Quando se trata de grandes danos, em alguns casos será necessário cortar os reforços para soldá-los, depois de realizar o trabalho de reparação da chapa. Ao aumentar os tempos de trabalho de reparação, torna-se mais importante apurar os limites de reparabilidade e estabelecer o padrão final de qualidade dos elementos. PREÇO DA PEÇA Não há dúvida que o preço da peça é o fator mais determinante do custo de 75

uma reparação, dado ser o mais dispendioso. As peças com um preço elevado costumam ser as mais reparadas, pois é precisamente o seu preço que permite atribuir um maior tempo de reparação. Naturalmente que, neste caso, o limite se encontra na necessidade de cumprir padrões de qualidade no processo de reparação. Quando uma peça danificada tem um custo reduzido, como é o caso de um guarda-lamas dianteiro, geralmente realiza-se a substituição quando os danos são consideráveis. TEMPO DE FORNECIMENTO DA PEÇA DE SUBSTITUIÇÃO Ainda que não faça parte do trabalho do perito, outro fator que pode influenciar a reparação de uma determinada peça é o tempo de espera pelo fornecimento da peça de substituição nova. Nos

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Processo de reparação de capot dianteiro

Na reparação de uma peça deve ser considerado o tempo de espera pelo fornecimento da peça de substituição

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casos em que a entrega demora muito tempo, pode optar-se pela reparação, com o limite único de que cumpra os padrões de qualidade. Apesar de as empresas de correio acelerado terem encurtado bastante os tempos de entrega, o fornecimento da peça de substituição por parte dos concessionários NÃO evoluiu tanto nos últimos anos. Por um lado, os fabricantes não obrigam os concessionários a disporem de um grande stock e enviam as peças de substituição a partir de uma central de peças de substituição, prejudicando o tempo de chegada da peça. A política de descontos que o concessionário oferece à oficina também tem influência, dado que varia dependendo se é ou não um envio programado pelo concessionário. É o técnico quem deve ser informado, através da própria oficina, dos tempos de entrega da peça de substituição. 76

POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE UMA SECÇÃO PARCIAL Essa possibilidade permite-nos optar pela troca de uma peça, pois os tempos de substituição são menores, assim como a desmontagem de acessórios. Também é possível realizar a substituição de um painel em vez da porta completa, dado que alguns fabricantes comercializam os seus painéis de forma independente, além das portas. Deve referir-se que, em princípio, tal como no caso dos painéis de porta, os preços das peças de substituição são menores. No entanto, os tempos de substituição destes elementos são mais elevados. Assim, os custos de substituição são menores ao utilizar os painéis de porta do que quando usamos a porta completa como peça de substituição, dado que o preço da peça de substituição também é menor.


Decisão de reparação ou substituição pela otimização E x I

Processo de reparação do capot dianteiro do BMW Série 5 (alumínio)

NÍVEL DE DANOS DE PINTURA Ao contrário dos processos utilizados na substituição, o nível de danos da pintura irá depender da superfície a pintar relativamente à superfície deformada. Isto faz com que, segundo a sua importância, seja atribuído um determinado nível, aumentando ou diminuindo não só o tempo de pintura, mas também um custo de materiais diferente em cada caso. No caso das substituições, a avaliação de pintura através de Tempos e Materiais de Pintura CESVIMAP será realizada atribuindo um nível de pintura de substituição. Assim, a variação da Mão de Obra de pintura e dos Materiais de pintura para cada um dos níveis é outro dos aspetos que deverão ser tidos em conta por influenciar diretamente o custo de substituição ou de reparação.

OTIMIZAÇÃO E X I Como resumo para os utilizadores da Audatex, deve indicar-se que a aplicação lhes permite utilizar uma função interativa, aplicada de cada vez que se introduz uma reparação de uma peça e informa, em tempo de execução, sobre o custo que implicaria a substituição da peça introduzida em vez da reparação. Este cálculo inclui o preço das peças, mão de obra e pintura. A otimização E x I, por ser uma funcionalidade interativa, precisará de uma resposta do utilizador para validar ou descartar uma substituição em vez de uma reparação, nos casos mais pertinentes. A figura seguinte do sistema Audatex demonstra a janela modal apresentada ao utilizador para que possa decidir se se procede à realização de uma substituição em vez de uma reparação. 77

OTIMIZAÇÃO E X I DA AUDATEX A janela modal apresenta a diferença entre a substituição e a reparação. Na figura acima, o exemplo apresenta um valor negativo (a vermelho), o que significa que a substituição da peça, neste caso, é 45% (225,58€) mais económica do que reparação, com os tempos introduzidos para essa posição.

PARA SABER MAIS • Área de Carroçaria carroceria@ cesvimap.com • Reparação de carroçarias de automóveis. CESVIMAP, 2008. • Manuais dos fabricantes de veículos • www.revistacesvimap.com • @revistacesvimap

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CARROÇARIA E PINTURA

A EVOLUÇÃO DAS BANCADAS A carroçaria do automóvel está em constante evolução e o mundo da reparação tem de a acompanhar. Vejamos, de forma genérica, como as bancadas e os sistemas de medição para a reparação de carroçarias de automóveis têm evoluído Texto Luis Casajús

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o que respeita à reparação estrutural da carroçaria, atualmente os fabricantes utilizam componentes de aço de ultra-alta resistência em muito maior proporção do que anteriormente. Este fator implica que as reparações sejam muito mais complicadas. Antigamente, as reparações em grandes sinistros implicavam a reparação e o estiramento de um grande número de peças. No entanto, as carroçarias atuais incluem muito mais sistemas de segurança que têm de ser substituídos nos sinistros mais significativos, os quais, devido ao seu preço, tornam a reparação da carroçaria pouco viável economicamente. Este é um dos motivos pelos quais atualmente são reparados muito menos danos estruturais do que há alguns anos. Não obstante, a bancada continua a

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ser necessária quando nos deparamos com um dano estrutural. As bancadas podem ser classificadas, segundo o seu sistema de medição, como bancadas de ferramentas específicas, bancadas de ferramentas universais, bancadas de medição com medidor mecânico, com medidor ótico e bancadas eletrónicas. Além do mais, também existem os medidores eletrónicos que nos permitem realizar um diagnóstico prévio da carroçaria sem que seja necessário elevar a mesma na bancada. Dentro destes últimos, podemos incluir os medidores tipo compasso de varas, também para a medição de alturas, os quais permitem, por exemplo, numa minibancada controlar todos os pontos da plataforma. O sistema com medidor mecânico, consiste num medidor independente, geralmente em alumínio, colocado sobre a bancada que, apesar de ser universal,

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da Celette MZ+ com alguns acessórios, que a mesma se torne numa bancada de ferramentas universais. A bancada de ferramentas universais é um dos tipos de bancadas mais habituais nas oficinas de carroçaria. Trata-se de ferramentas mais ou menos robustas, com escalas graduadas e que servem para todos os modelos. Atualmente, continua a ser um dos sistemas mais utilizados, embora esteja a perder terreno relativamente às bancadas eletrónicas e, sobretudo, às minibancadas, devido ao facto de atualmente as reparações em bancada mais habituais não incluírem danos muito substanciais.

Sistema MZ+ de ferramentas específicas da Celette

se foi tornando obsoleto e, por conseguinte, descontinuado por muitos fabricantes. Relativamente à bancada de ferramentas específicas, neste caso, as ferramentas são destinadas a cada modelo de automóvel. Este tipo de bancada é pouco habitual na oficina de reparação, embora seja semelhante ao sistema utilizado no fabrico. O mais conhecido é o Sistema MZ da Celette, atualizado há alguns anos para MZ+, com o objetivo de conter menos ferramentas específicas. Relativamente a este sistema, a Celette apresentou na última feira Automechanika de Frankfurt, uma nova evolução, denominada Camaleon, a qual permite, através da conjugação das ferramentas da banca79

A DIGITALIZAÇÃO TAMBÉM JÁ CHEGOU AOS EQUIPAMENTOS Um fator muito importante no momento de escolher uma bancada e o respetivo sistema de medição é a atualização das fichas de dados dos diferentes veículos. Por conseguinte, é importante que o fabricante da bancada seja uma entidade sólida e com continuidade previsível no futuro, uma vez que é possível que, caso se trate de uma empresa pouco conhecida, poucos anos após a aquisição da bancada o fabricante deixe de existir. Neste caso, as fichas da bancada deixarão de ser atualizadas, o que implicará que a dita bancada deixe de poder ser utilizada para medir veículos mais recentes. A atualização das fichas de bancada

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Medidor eletrónico Naja da Celette

antigamente era realizada em papel, posteriormente passou a ser em CD e, atualmente, a operação é realizada “online”. A periodicidade também sofreu alterações. Inicialmente a atualização era realizada uma vez por ano, em seguida passou a acontecer a cada seis meses e, presentemente, há fabricantes que realizam atualizações diariamente, adicionando novos modelos constantemente, pela facilidade aberta pela comunicação digital! Atualmente tudo funciona em torno da rede, da internet e dos computadores, e na oficina de carroçaria a realidade não é diferente. É um dos motivos pelos quais os fabricantes de bancadas, há já algum tempo, incorporam modelos com medidores eletrónicos. Os medidores eletrónicos comunicam com o computador e permitem obter um relatório impresso do estado do veículo. Podem ser utilizados tanto para a verificação dos danos da carroçaria, como para a medição durante a reparação em bancada. Podem ser classificados em monoponto ou multiponto, dependendo de permitirem, ou não, medir simultaneamente mais de um ponto de controlo.

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Os monoponto podem apresentar um braço apalpador móvel através de um rail (por exemplo o Car-O-Tronic Vision 2 da Car-O-Liner, ou o Naja da Celette), ou um braço articulado com sensores de ângulo (por exemplo o Touch da Spanesi ou o Contact evolution da Car bench). Em ambos os casos é o funcionário que desloca manualmente o braço até ao ponto a controlar. Os multiponto, podem conter um sistema medidor por ultrassons (como o modelo Shark da Blackhawk) ou um sistema de medição através da refração por raio laser (como o Meridian da Chief ou o Globalscan da Glogaljig). Nos últimos tempos, os sistemas de medidores digitais do tipo compasso de varas registaram um aumento nas vendas, sendo o custo inferior ao dos medidores anteriores, embora as suas prestações em geral também fiquem aquém das dos medidores eletrónicos. Há vários fabricantes que dispõem deste tipo de medidor. Alguns comunicam com o computador (estes serão mais do tipo medidor eletrónico), outros simplesmente incorporam um "display" para realizar facilmente a leitura da medição. 80

Medidor eletrónico Touch da Spanesi

A medição pode ser realizada por simetria, medindo as diagonais (medição indireta ou comparativa) ou por medição direta, a própria distância entre pontos comparando-os com os dados do fabricante. Além de medirem os diferentes pontos de controlo da plataforma, servem também para medir enquadramentos de motor, de para-brisas ou de portas. COMUNICAÇÕES POR WIFI OU VIA BLUETOOTH Geralmente dispõem de uma base de dados completa para permitir a comparação com as medições das cotas, incluindo inclusive, em muitos casos, fotos dos pontos a controlar para faci-


Medidor Meridian com scanner laser Galileo da Chief

Compasso de varas, medidor digital da Spanesi 81

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Compasso eletrónico de varas DigiMac da Astra

Compasso eletrónico de varas Point X da Car-o-Liner

litar a localização dos mesmos. Regra geral, permitem controlar também a altura de cada ponto. Nestes casos, em que é possível controlar também a altura, podem ser utilizados como sistema de medição, por exemplo, para uma minibancada. Muitos sistemas optam pelo Bluetooth ou pelo wi-fi como sistema de transmissão dos dados do medidor para o computador. Noutros é o próprio técnico que deve introduzir no computador

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as medidas apresentadas pela bancada em cada ponto para obter um relatório impresso. Incorporam diferentes acessórios, prolongadores de diferentes alturas, pontas de controlo como conetores e adaptadores cónicos com diferentes medidas para adaptação aos pontos a controlar e um adaptador magnético para manter a fixação no ponto a medir. Todos estes sistemas incluem um estojo que permite manter o equipamento 82

e os respetivos acessórios perfeitamente organizados e transportá-los, se necessário, para outras instalações para realizar medições. Neste tipo de sistema encontramos muitos modelos, alguns que contêm um "display" digital como o medidor digital da Spanesi e o MZ cross da Celette e outros que comunicam com o computador como o Point X da Car-O-Liner ou o DigiMAC da Astra. E ainda o Eagle da Celette recentemente apresentado na feira da Automechanika, um medidor laser, uma espécie de compasso de varas, mas sem as barras telescópicas. É composto por uma pistola que incorpora o projetor laser que é colocado num ponto, e por um captador que é montado no outro ponto a medir – o equipamento comunica com o computador via wi-fi. Como conclusão, um dos maiores inconvenientes com os quais nos deparamos atualmente nas reparações em bancada é a redução no número de intervenções, sobretudo no que toca a danos substanciais. Além do mais, as carroçarias apresentam maior número de peças com aços de ultra-alta resistência dificilmente reparáveis. De qualquer forma continua a ser necessário um equipamento que permita verificar se as cotas da plataforma da carroçaria sofreram ou não deformação.




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