Turbo Oficina 069 - Fevereiro de 2018

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profissional

FEVEREIRO

2018



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FEVEREIRO

2018 MOTRIO

FERNANDO VARA “O nosso objetivo para 2018 é chegar às 60 oficinas”

profissional

DOSSIÊ

INSPEÇÕES PERIÓDICAS

O ESTADO DA NAÇÃO

TENDÊNCIAS Cluster automóvel cresce e já vale 20% das exportações OFICINA Como baixar a conta da electricidade REPARAÇÃO Os segredos para trabalhar o alumínio

PNEUS

MERCADO "PREMIUM" ESTÁ A AUMENTAR



SUMÁRIO

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FEVEREIRO 2018 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES FEBI CAPA FALSA CONTROLAUTO VC JAPAN PARTS PÁG.5 TRW PÁG.11 CEPRA PÁG.13 CENTRO ZARAGOZA PÁG.15 JABA PÁG.19 EXPOMECÃNICA PÁG.25 CESVIMAP 25 NEX TYRES PÁG.35 ZF PÁG.49 CARF PÁG.51 SITES TURBO OFICINA PÁG.55 CESVIMAP VCC EUROREPAR CC

MARCAS NESTA EDIÇÃO A OFICINA 31, ACTIA 9, ANCIA 21, 22 APTIV 44, AUTO CHECK CENTER 31 AUTO CREW 31, AUTO DELTA 14 AUTOEUROPA 6, AVON 37 AZ AUTO 13, BARUM 36 BEIRAUTO 9, BILSTEIN GROUP 10 BKT 41, BLUE PRINT 10, 45 BMW 14, BOSCH 12, 48 BOSCH CAR SERVICE 31, BREMBO 14 BRIDGESTONE 41 BRIDGESTONE FIRESTONE 32 CAETANOBUS 6, CEPRA 9 CONTINENTAL 8, 32, 48 CONTISERVICE 36, CONTROLAUTO 23 COOPER 37, DAIMLER 48 DELOITTE 6, DELPHI 44, 50 DUNLOP 37, EDP COMERCIAL 53 EXPOMECÂNICA 12, EURO TYRE 32 EURO TYRE 36, EUROMASTER 31 EUROREPAR 31, FEBI 10, 14, 45 FEU VERT 31, FIX&GO 31 GIPA 31, GLASSDRIVE 9 GLASURIT 48, GOCARMAT 31 GOODYEAR 37, 41, HARMAN 44 HANKOOK 41, IF4 31 INNOVIZ TECHNOLOGIES 44 ISEC 9, J.ALVES 31 JAGUAR LAND ROVER 14, KLEBER 38 KRAUTLI 13, 14, KUHMO 38 LAMBORGHINI 40, LAZER LAMPS 9 LECRERC 31, LEIRILIS 14 LIQUI MOLY 14, LG CHEM 52 MAGNA 44, 48, MECATRONICAONLINE 9 MERCEDES-BENZ 45, MIDAS 31 MILLERS OILS 14, MITSUBISHI FUSO 6 MOBI.E 53, MONDEGOPEÇAS 9 MOTRIO 16, 31, MOTORBUS 13 MOVINOV 6, NEX 32 NEX TYRE 38, NISSAN 44 NORAUTO 31, NVIDIA 45 OZKA 38, PIRELLI 32, 39, 40 POLYCHARGE 50, PRECISION 31 PSA 6, Q&F 9, REDSERVICE 14, 31 RENAULT 6, 16, 46, 52, RINO 31 ROADY 31, SAMSUNG 44 S. JOSÉ PNEUS 41, SCHAEFFLER 13 SEMPERIT 36, SRA 46 SUZUKI 45, SWAG 10, 14, 45 TENNECO 45, TIPS4Y 9 TOP CAR 31, UNIROYAL 36 VOLVO 14, 64, VOLKSWAGEN 14 ZF 43, 48

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DOSSIÊ Inspeções periódicas contribuem para a segurança rodovirária

PERSPETIVA Diretor de Após-Venda da Renault explicou-nos o conceito por trás da nova marca Motrio

DESTAQUE

NOTÍCIAS INTERNACIONAL

NOTÍCIAS

RAIO-X

ESPECIALISTA

REPARAÇÃO

06 Indústria nacional em alta! 46 Conectividade atrai "hackers" 10 bilstein group com nova casa 52 Renault Kangoo Maxi Z.E. 30 A evolução do após-venda ESPECIAL

32 Mercado de pneus estagnou NOTÍCIAS PNEUS

40 Os "sapatos" do Urus REPORTAGEM

42 As tecnologias do futuro

56 Trabalhar o alumínio 60 Poupar na conta da luz TÉCNICA

64 Híbridos e elétricos OPINIÃO

66 Fundo de Garantia Automóvel

FEVEREIRO 2018 TURBO OFICINA

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EDITORIAL

PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 10 000 € CRC CASCAIS

SENTIMENTOS DÍSPARES

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um mundo que parece mover-se à velocidade da luz, com avanços tecnológicos quase diários e novos horizontes que se abrem constantemente a quem tenha espírito empreendedor, acabamos, por vezes, por nos sentirmos algo perdidos. São muitos os caminhos que se cruzam, mas que tomam direções diametralmente opostas, num universo tão vasto como tudo o que gravita em torno do automóvel, seja enquanto objeto de paixão ou tão-só como ferramenta do dia-a-dia.

SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. DAS OLAIAS, 19 A RINCHOA 2635-542 MEM MARTINS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITOR CHEFE SÉRGIO VEIGA sergioveiga@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt

Sentimentos díspares em que alternamos entre a euforia de antecipar um futuro com que só sonhávamos há pouco tempo e que, afinal, está quase ao alcance da mão contrapondo logo a seguir o duro embate com a realidade de problemas ou mentalidades antigas que continuam por resolver/evoluir. Por esta edição da TURBO OFICINAS, entre muitos outros assuntos de grande interesse prático, perpassam alguns exemplos disso. Felizmente com (muito) mais lados positivos que negativos, registe-se e saúde-se! Temos boas notícias do presente, com a evolução muito positiva da indústria automóvel nacional, a adaptação do após-venda à nova realidade – em que até se incluem oficinas multimarca… da marca que domina o mercado nacional há duas décadas –, o maior rigor das inspeções periódicas e a sua entrada definitiva na rotina dos automobilistas portugueses, sem a carga negativa que em tempos teve. E há o fascínio com as tecnologias maravilhosas que o futuro nos guarda a breve prazo, com aquela utopia dos carros que andam sozinhos a estar cada vez mais próxima da realidade. E é quando sonhamos já com o passo seguinte que somos violentamente acordados com realidades cruas como, num mundo que exige uma mobilidade mais limpa, não haver uma legislação mais rigorosa para as inspeções periódicas controlarem de forma mais eficaz as emissões dos automóveis de hoje. Ou para o facto de muitos automobilistas portugueses continuarem a não ligar ao estado dos pneus dos seus carros, rodando com eles até para lá dos limites legais e, na hora da compra, o preço ser a primeira opção, em detrimento da qualidade. Ainda temos “coisas” a resolver antes de partirmos para esse maravilhoso mundo novo…

SÉRGIO VEIGA EDITOR CHEFE

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP 4FLEET IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777 INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS



DESTAQUE

MOBINOV

CLUSTER AUTOMÓVEL

CONFIANTE NO FUTURO Um estudo elaborado pela consultora Deloitte para a Mobinov revela que o cluster da indústria automóvel representa 5,6% do PIB português, assegura 20% das exportações e garante 130 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Desde 2012, o seu crescimento foi seis vezes superior ao da economia. O potencial de crescimento é grande. Tal como as ameaças... TEXTO JÚLIO SANTOS

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om uma faturação que, em 2016, superou os 10,2 mil milhões de euros (5,6% da riqueza produzida) o cluster português da indústria automóvel afirma-se como um dos principais motores da economia. Chama a si 20% das exportações (ou seja, 9,8 mil milhões de euros de faturação no exterior), garante 72 mil postos de trabalho diretos (130 mil se adicionarmos os indiretos) e, desde 2012, cresce cerca de 6% ao ano em termos de volume de negócios, ou seja, seis vezes mais do que a

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média da economia portuguesa. Além disso, o setor remunera acima da média e é dos que mais investe na formação de mão-de-obra de alta qualificação. Só em 2016, as 975 empresas que formam o cluster português da indústria automóvel (1,5% do tecido empresarial português) realizaram, ao todo, investimentos superiores a 670 milhões de euros, mais 34% comparativamente ao ano anterior. Um sinal de confiança no futuro, como foi salientado na apresentação deste estudo elaborado pela consultora Deloitte para a Mobinov, o cluster português da indústria automóvel, de que fazem parte empresas de diferentes dimen-

sões e setores de atividade, entre as quais se destacam, naturalmente, a Autoeuropa, a fábrica PSA de Mangualde, a unidade da Mitsubishi, no Tramagal, a Caetano Bus, em Vila Nova de Gaia, ou a fábrica de caixas de velocidades da Renault, em Cacia. Durante a apresentação do estudo, que contou com a presença do Primeiro-Ministro, António Costa, e do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, o presidente da Mobinov, José Couto, salientou a importância do cluster, bem expressa nos números, mas chamou a atenção para o facto do aproveitamento do potencial de crescimento depender de um conjunto de


INDÚSTRIA EM ACELERAÇÃO Os números do mês de dezembro mostram importante aumento da produção automóvel em Portugal

medidas que têm forçosamente de ser adotadas. Testemunho desse potencial é o facto de a produção automóvel nacional (“motor” de todo o setor) ter aumentado 22,7% em 2017, alcançando as 175 mil unidades montadas. Mais significativo ainda são os números referentes a dezembro de 2017, com um aumento da produção de 75%, face ao mês homólogo de 2016. Para esta performance contribuiu de maneira determinante o arranque pleno da produção do VW T-Roc, na Autoeuropa, bem como o aumento das encomendas do Mitsubishi Fuso E-Canter, na unidade do Tramagal. Segundo José Couto, estes são números que estimulam a confiança e permitem definir como realista a meta das 300 000 unidades produzidas em Portugal em 2020. Isto desde que sejam tomadas medidas essenciais, sem as quais a competitividade do setor pode ficar seriamente comprometida. Entre elas, destaca a definição de uma política fiscal estável e, principalmente, a criação de um corredor ferroviário que ligue Portugal ao centro da Europa. “Apesar dos números impressionarem,

a verdade é que a indústria automóvel portuguesa representa apenas pouco mais de 1,5% da produção total na Europa. Mais, não podemos esquecer a forte concorrência de Espanha que ocupa o terceiro lugar no ranking europeu e, cada vez mais, de Marrocos que está a fazer esforços importantes e assume-se já como um 'player' que tem de ser considerado”. Por isso mesmo, o presidente do Mobimov assegura que Portugal não pode adormecer à sombra dos resultados e desafia as autoridades. “Se agirmos com prontidão e fizermos o que tem de ser feito, a indústria pode crescer mais de oito por cento ao ano. Se nada for feito, talvez consigamos manter o ritmo atual de seis por cento. Mas estaremos a perder uma oportunidade única e muito valiosa”. Uma oportunidade que está igualmente alicerçada nos cenários que se desenham para o novo paradigma da mobilidade no qual apenas terão lugar as empresas mais competentes no plano tecnológico. O responsável pela Mobinov recordou, a este respeito, os estudos existentes que apontam para o facto de, já em 2020, cerca de 20 milhões dos automóveis em circulação serem já conectados e também nessa altura existirem na Europa 35 milhões de utilizadores de carros partilhados. Olhando mais longe, em 2025, de acordo com os mesmos estudos existirão no mundo 21 milhões

de carros autónomos e os automóveis elétricos representarão 40% das vendas. Sobre este número, para aqueles que acham que 2040 está demasiado distante, ou que essa é uma realidade que pouco terá a ver com Portugal, cabe aqui uma referência para o facto de, em 2017, as vendas de automóveis elétricos em Portugal terem já representado uma percentagem de 0,7%, tendo ultrapassado as 1400 unidades. Além de Portugal estar entre os países em que a quota de elétricos é maior, importa recordar o crescimento acentuado da procura deste tipo de veículos: em 2014 as vendas totalizaram 190 unidades, no ano seguinte passaram para 645 e em 2016 situaram-se nas 756. Ou seja, em apenas um ano a venda de elétricos quase duplicou e as previsões para 2018 apontam para 3200 unidades! Ou seja, as empresas do cluster automóvel a operar em Portugal estão atentas a toda esta mudança e ao que ela representa no plano das oportunidades mas também das exigências no que toca à formação dos seus quadros e ao recurso a novas tecnologias. Ainda assim, e olhando para a evolução registada, principalmente após 2012, José Couto não tem dúvidas de que o cluster português será capaz de encontrar as respostas adequadas a todas estas exigências, mantendo um elevado padrão de competividade. /

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NOTÍCIAS

NACIONAIS

CONTINENTAL

CORREIAS DE DISTRIBUIÇÃO PRO

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om o objetivo de facilitar a vida dos profissionais de mecânica, a Continental ampliou recentemente a sua gama de kits de correias de distribuição PRO, garantindo maior personalização e eficiência. Com estes kits, as oficinas beneficiam de conteúdos adaptados às suas necessidades. Além da correia de distribuição convencional que controla a árvore de cames do motor, alguns propulsores necessitam de outra correia de transmissão, por exemplo, para acionar o eixo de compensação ou a bomba de injeção – uma aplicação comum em inúmeros modelos de veículos. Até agora, isso levava as oficinas a terem de obter vários componentes individualmente para a realização de uma reparação ou substituição. Na maioria das vezes, isso aumentava o trabalho dos mecânicos da oficina. Os novos kits PRO da Continental garantem maior personalização e eficiência, permitindo aos clientes receberem ambas as correias necessárias numa única embalagem. Dessa

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forma, os trabalhos diários poderão ser realizados de maneira ainda mais confortável. “Até agora, para substituir a correia de distribuição, o cliente precisava de comprar um kit de correia de distribuição ou o complemento, incluindo uma bomba de água e, além disso, outra correia de distribuição adicional individual. Isso era trabalhoso e exigia tempo. Com a nova embalagem, agora recebe confortavelmente tudo de uma só vez”, afirma Adrian Rothschild, Product Manager da Continental. A aposta nos kits PRO continua a ser importante para a Continental e a aceitação por parte dos profissionais demonstra que é aposta no caminho certo. A garantia de cinco anos acompanha todos os kits, mesmo aqueles comercializados anteriormente. Com isso, a Continental dá continuidade à sua filosofia empresarial, que há décadas oferece soluções personalizadas e serviço técnico de confiança. As variantes de kits já existentes até aqui foram um modelo de sucesso e estão for-

temente estabelecidas no mercado. Com isso, as oficinas beneficiam de conteúdos perfeitamente adaptados às suas necessidades. Esta direção caminha juntamente com uma constante ampliação e otimização do portefólio, com o qual a Continental reage aos atuais desenvolvimentos e exigências do setor. Assim, os novos kits PRO foram uma etapa lógica para a empresa. Segundo a Continental, os kits Pro contêm todas as correias de distribuição necessárias para o respetivo motor numa única embalagem. Há outros componentes também incluídos no kit. Existem, por exemplo, embalagens com uma bomba de água. A garantia de cinco anos do fabricante também se aplica a estes kits, assim como em todos os anteriores. O identificador típico para os clientes é o sufixo “PRO” depois do número do artigo, como em CT939K6PRO. Toda a informação relativa a esta gama de produtos pode ser consultada no catálogo digital, que está disponível online no endereço www.contitech.de/pic /


BEIRAUTO

FORMAÇÃO COM CEPRA E ISEC GLASSDRIVE É ESCOLHA DO CONSUMIDOR

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GrupoBeirauto realizou no mês de janeiro a sua primeira ação de formação, ao abrigo de uma parceria com o CEPRA e com o departamento de mecânica do ISEC. Esta foi a primeira iniciativa inserida no conceito “GrupoBeirauto Academia”, que foi criado recentemente, e teve como tema principal os sistemas de “Auto Start-Stop. Segundo refere a Beirauto, a elevada adesão de participantes superou as expetativas da organização.

O GrupoBeirauto tem planeado um programa de formações para o ano de 2018 em Coimbra, para abranger os clientes da Beirauto e Mondegopeças, bem como em Aveiro, potenciando os clientes das lojas Mondegopeças Águeda e Aveiro. Todos os temas e conteúdos serão atuais e relacionados com a atividade oficinal e terão a componente de certificação do formando. O GrupoBeirauto inova através da aposta nestas formações e outras ações no decorrer do ano de 2018.

LAZER LAMPS

GAMA DE ILUMINAÇÃO RENOVADA

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Lazer Lamps, em celebração da vitória da M-Sports no WRC, renovou alguns dos produtos do seu portefólio de sistemas de iluminação de elevada performance. A marca, representada em Portugal pela Q&F Lda., faz uso da última tecnologia em LED de alta intensidade, o que permite uma constante otimização da iluminação através de um módulo dinâmico que regula o LED em função do ambiente. Respeitando a norma IP67, os produtos Lazer Lamps garantem uma estanquicidade até 1 metro, independentemente da temperatura da água. Luzes para uso legal em estrada, como as séries ST4 e ST8, até às destinadas para competição automóvel ou todo o terreno (série Triple-R) são alguns dos exemplos da gama de soluções disponíveis. Para usos mais recreativos, a Lazer Lamps disponibiliza agora uma gama utilitária, aperfeiçoada para reboques, tratores, caravanas e afins, oferecendo a mesma resistência à água e dois anos de garantia.

Pelo sexto ano consecutivo, a Glassdrive foi distinguida com o prémio Escolha do Consumidor pelos portugueses. Com um índice de satisfação de 86,4%, o mais alto dentro das quatro marcas avaliadas, a Glassdrive destacou-se dos seus concorrentes na categoria “Celeridade no Processo”. Nas categorias “Disponibilidade do Vidro”, “Profissionalismo” e “Saber do Assunto”, a marca afirmou a sua posição de liderança, refletindo a sua estratégia de diferenciação focada no cliente e na qualidade dos materiais.

RECONHECIMENTO DE MATRÍCULA ACTIA 360 A Mecatronicaonline, a TIPS4Y e a Actia lançaram o software de reconhecimento automático através da matrícula, que permite reduzir os erros na identificação dos veículos. Com uma fotografia obtida através do equipamento de diagnóstico Actia, o novo software Actia 360 reconhece de imediato o veículo, possibilitando uma preparação adequada do aparelho para iniciar o diagnóstico eletrónico. O desenvolvimento deste sistema foi possível graças à experiência adquirida pela Linha de Apoio Técnico da Mecatronicaonline, que revelou ser difícil obter uma identificação acertada do veículo à primeira tentativa.

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NOTÍCIAS

NACIONAIS

BILSTEIN GROUP

NOVAS INSTALAÇÕES EM PORTUGAL

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início do ano de 2018 do bilstein group em Portugal foi marcado pela mudança para as novas instalações, que começaram a ser construídas em 2016. O objetivo da obra foi dar resposta a uma evidente necessidade de expansão e crescimento. Localizadas na Venda do Pinheiro, perto da Malveira, as novas instalações do bilstein group foram edificadas num terreno que conta com aproximadamente 100 mil metros quadrados e uma área de intervenção de 31 mil metros quadrados. Para otimização das operações, estas instalações dispõem de 12 cais de carga para camiões para permitir a receção e a expedição de mercadorias e, no limite máximo de ocupação, haverá espaço para 150 pessoas. Segundo o bilstein group, o projeto teve “como principal objetivo garantir, não só o crescimento contínuo de todas as marcas no mercado português – febi, SWAG e Blue Print – mas, sobretudo, olhar para o futuro e vislumbrar uma perspetiva de crescimento, em recursos humanos, e não só”. A empresa refere que tiveram de ser movimentados 78 370 metros cúbicos de terra durante 90 dias para que se pudesse iniciar a obra de construção propriamente dita. O novo edifício tem uma área de sete mil metros quadrados que serão extensíveis até aos 14 mil metros quadra-

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dos. De referir que 2 164 metros quadrados de área coberta das instalações estão ocupados com escritórios, existindo ainda um espaço destinado a ações de formação e reuniões, com capacidade para 100 pessoas. O edifício dispõe ainda de zonas de reciclagem, de forma a cumprir com o compromisso ambiental do grupo alemão. As instalações possuem ainda uma área social, que inclui uma sala de refeições com 83 m2 e uma sala de convívio com 37 m2 – ambas para utilização dos colaboradores – assim como três “coffee spots” também para colaboradores e visitantes. O bilstein group acredita que o ano de 2018 seja de crescimento para a empresa e para as suas marcas, esperando assim que seja também um ano de evolução para clientes, parceiros e colaboradores. “Este é, sem dúvida, um ano de virar a página que marcará o início de uma nova fase para a empresa, sobretudo devido a esta mudança, mas também pela natural evolução tecnológica do mercado que representará certamente uma notável evolução para o aftermarket independente”, refere a empresa em comunicado. “O bilstein group vê claramente um futuro diferente… mas certamente com muitas oportunidades!”,adianta. As novas instalações estão localizadas na Estrada do Jerumelo, nº 863 , em Casais Carriços (Venda do Pinheiro), no concelho de Mafra. /



NOTÍCIAS

NACIONAIS BOSCH

TRINTA NOVAS REFERÊNCIAS DE VELAS DE IGNIÇÃO

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acompanhamento da evolução das frotas automóveis tem sido um dos compromissos da Bosch, que tem vindo a atualizar continuamente as suas referências em componentes de ignição. Como resultado do investimento na divisão Bosch Automotive Aftermarket nos últimos dois anos, foram introduzidas no mercado trinta novas referências de velas de ignição. Como estes componentes são essenciais a um arranque fiável e a um funcionamento seguro do motor, a empresa alemã procura incorporar tecnologia avançada no seu desenvolvimento. A Bosch beneficia de uma experiência de 115 anos na pesquisa e produção de componentes deste tipo, levando a que se desenvolvesse, entre outras patentes, o processo de soldadura por laser de onda contínua das velas de ignição, no qual o elétrodo central é estabilizado para evitar a formação de fissuras, permitindo simultanea-

mente um aumento significativo da sua vida útil e a exposição a altas pressões na câmara de combustão. Além disso, a exigência dos sistemas de injeção direta “inteligentes” (sistemas de injeção direta de combustível) requer um maior desempenho dos dispositivos de ignição, pelo que se torna necessário garantir uma superior fiabilidade dos mesmos e da combustão da mistura de ar e combustível em todos os pontos de funcionamento. Por seu lado, a bobina tem como missão o fornecimento à vela de ignição da tensão necessária à produção da faísca para uma combustão adequada. Sendo a mesma fonte de produção de velas e bobinas de ignição, a Bosch procura complementar a produção das duas componentes de ignição com vista, por um lado, à sua resistência e durabilidade e, por outro, à eficiência do motor e ao consumo otimizado de combustível. /

EXPOMECÂNICA, DE 20 A 22 DE ABRIL

NÚMERO RECORDE DE EXPOSITORES NA EDIÇÃO DE 2018

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quinta edição do expoMecânica – Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto, que se irá realizar na Exponor de 20 a 22 de abril, contará com a maior presença de sempre do after-market automóvel nacional. Também a nível internacional, a edição de 2018 contará com um número recorde de participantes. Até ao momento, a feira deste ano contará com a presença de 168 operadores económicos do pós-venda, aos quais se poderão ainda juntar mais 22. Isto poderá significar um aumento de 21,2% na área expositiva em relação a 2017, edição de maior sucesso até à data. O certame ocupará este ano dois pavilhões e também contará com a participação de empresas que orientam o seu negócio para os segmentos de veículos pesados e agrícolas. De acordo com José Manuel Costa, diretor-geral da KiKai Eventos, empresa organizadora, esta será sem dúvida a edição recordista

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do expoMecânica. “Consideramos que estão reunidas as condições para a feira crescer 51% em área expositiva (alcançando os 14.000 m2), e estamos a trabalhar para um acréscimo de 20% no índice de visitantes, na superação das 11 540 visitas da última mostra”, refere o responsável do certame. A edição de 2018 contará com a presença de 27 novas empresas, o que representa 16% da totalidade dos expositores já inscritos. A presença de 16 expositores internacionais provenientes de Espanha, Itália e Holanda, fazem desta a edição mais internacional de sempre. “Estamos convictos de que haverá também um forte incremento no número de visitas, até porque os resultados já são visíveis ao nível de expositores”, salienta o diretor-geral da entidade promotora do evento, designadamente de profissionais espanhóis, “uma vez que esta é a única feira setorial no panorama ibérico, no primeiro semestre”.


MOTORBUS, AZ AUTO, KRAUTLI SÃO DISTRIBUIDORES

SCHAEFFLER AUMENTA PRESENÇA EM PORTUGAL

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s produtos das marcas INA, LUK e FAG passaram a estar disponíveis nos portefólios da Motorbus, AZ Auto, Krautli Portugal. A Motorbus anunciou que se tinha tornado no mês de dezembro distribuidor oficial do Grupo Schaeffler, aumentando, assim, o seu portefólio de marcas e disponibilizando uma maior gama de produtos e soluções. No que se refere à AZ Auto, a inclusão destas insígnias no seu portefólio também permitiu alargar o número de marcas disponíveis na sua gama de produtos para 15. Esta empresa especializada na distribuição de peças para o aftermarket reforça o seu compromisso de oferecer uma gama de produtos cada vez mais abrangente, disponibilizando aos seus clientes e parceiros uma equipa especializada e um serviço de logística de referência no setor. A Krautli Portugal também anunciou o alargamento da sua parceria com o grupo Schaeffler, passando a disponibilizar toda a gama de transmissão da LUK, de distribuição de motor da INA e de rolamentos de roda da FAG. PUBLICIDADE

Estas marcas vêm juntar-se à Ruville, que já estava em comercialização. Este aumento no seu portefólio permite à Krautli Portugal reforçar a posição de fornecedor global de marcas premium no sector aftermarket, garantindo dessa forma a entrega aos seus principais parceiros de negócio de um dos mais vastos portefólios de marcas de referência e com forte presença no equi-

pamento original dos principais fabricantes de veículos. A empresa adianta que também efetuou um importante investimento de stock em toda a gama Schaeffler para garantir uma excelente taxa de serviço aos seus parceiros, garantindo a imediata disponibilidade nos dois pólos logísticos da Krautli Portugal, situados em Lisboa e no recentemente inaugurado armazém na Maia.


NOTÍCIAS

NACIONAIS

KRAUTLI PORTUGAL DISTRIBUI BREMBO A Krautli Portugal chegou a acordo com a Brembo para a distribuição dos seus produtos, passando assim a disponibilizar os discos e pastilhas de travão da marca líder neste setor. Com uma gama de mais de 3800 referências Brembo, a Krautli fez um considerável investimento inicial, garantindo assim uma melhor taxa de serviço e alta disponibilidade de stock. Desta forma, a Krautli Portugal reforça a sua posição como fornecedor pós-venda, garantindo assim uma das mais vastas gamas de produtos de marcas de referência.

MILLERS OILS REFORÇA GAMA A Millers Oils lançou uma gama completa de lubrificantes compatíveis com a norma C5 e viscosidade 0w20, para satisfazer as necessidades da BMW, Jaguar Land Rover, Volvo e VW. A gama é composta por: XF Longlife 0w20 14 FE; ACEA C5, BMW Longlife-14 FE+, Jaguar Land Rover STJLR 51.5122; XF Longlife 0w20 Volvo; ACEA C5, Volvo VCC-RBSO-2AE; XF Longlife 0w20 VW; ACEA C5, VW 508.00/509.00, VW TL 52577, Porsche C20 (cor azul, de acordo com o produto original VW); XF Longlife 0w30 12 FE; ACEA C2, BMW Longlife-12 FE, Fiat 9.55535-GS1, 9.5535DS1, PSA B71 2312.

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

REDSERVICE

OFICINA EM BRAGA

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Leirilis anunciou o alargamento a Braga da rede de oficinas RedService e a disponibilização da gama de produtos da marca SWAG. No primeiro caso, a oficina Exemplo Corajoso, fundada em 2012 pelo empresário Pedro Lomba, passou a ser a associada desta rede na cidade dos Arcebispos. Desde o início da sua atividade que esta oficina apostou sempre na qualidade do serviço como ponto chave a sua atuação. Com o evoluir dos tempos, o seu fundador sentiu a necessidade de se associar uma Rede de Oficinas que garantisse a sustentabilidade do seu negócio, passando assim a integrar a Rede RedService. Esta oficina dispõe dos equipamentos e tecnologias mais avança-

dos, capazes de poder atender qualquer tipo de viatura. Além dos serviços de mecânica geral e serviços rápidos, está também preparada para realizar serviço de pneus, chapa e pintura. Por sua vez, a disponibilização da nova gama de produtos da SWAG pela Leirilis veio responder às crescentes necessidades dos seus clientes e do mercado, aumentando o seu portefólio. A SWAG possui uma gama de mais de 22.000 produtos que oferecem um alto desempenho, cumprindo os mais altos padrões de qualidade, fornecendo peças de substituição de qualidade de equipamento original. Para garantir a mais alta qualidade, todos os produtos SWAG são testados de acordo com as normas mais exigentes. /

AUTO DELTA

CAMPANHAS PROSSEGUEM EM 2018

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Auto Delta tem vindo a desenvolver ações promocionais em conjunto com os seus parceiros. Uma das iniciativas consistiu na oferta de quatro guarda-chuvas na compra de um conjunto de produtos Liqui Moly (caixa de óleo Top Tec, duas caixas de aditivos e uma caixa de spray). Outra ação passou pela oferta de um Bobby Car, baseado no Mercedes AMG GT, na aquisição de um pack de produtos e grande rotação da Liqui Moly. A Auto Delta anunciou ainda que a campanha “Fabricante do Mês”, estreada em 2017, se vai manter em 2018, continuando a dar

destaque aos seus principais parceiros comerciais. Desta forma, e dando foco a uma marca por mês, a Auto Delta torna-se capaz de promover ações promocionais e campanhas durante todo o ano. O fabricante do primeiro mês de 2018 foi a febi, que estreou esta campanha no ano anterior. Nesse âmbito foram realizadas várias iniciativas, que procuraram destacar as gamas de produtos mais relevantes daquela marca do bilstein group. Além disso, ao abrigo da ação “O seu Fabricante, mais Perto”, a febi marcou presença nas instalações da Auto Delta.



PERSPETIVA

MOTRIO

FERNANDO VARA DIRETOR DE APÓS-VENDA DA RENAULT PORTUGAL

“MOTRIO PREPARADA PARA ASSISTIR 50% DO PARQUE” Com o objetivo de responder às necessidades das oficinas foi criada a marca Motrio que disponibiliza uma gama completa de peças multimarca e uma rede de oficinas independentes TEXTO CARLOS MOURA PEDRO FOTOS JOSÉ BISPO

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riada pelo Grupo Renault para a área do aftermarket, a Motrio iniciou a sua atividade em 1998 com o objetivo de disponibilizar uma gama de peças completa, com os mesmos níveis de funcionalidade e segurança das peças originais, independentemente da marca. Atualmente, está presente em mais de 35 países e lançou a sua própria rede de oficinas multimarca. “A marca Motrio surgiu associada a uma gama de produtos de substituição que tem um leque mais vasto do que aquele que estava disponível nas oficinas dos concessionários da Renault”, refere Fernando Vara, diretor de após-venda da Renault Portugal. “Além dos automóveis da Renault, as oficinas dos concessionários também dão assistência a viaturas de outros fabricantes”, acrescenta o responsável. “Líder de vendas em Portugal há 20 anos, a Renault detém, atualmente, uma quota de 15% do parque automóvel nacional, pelo que estamos conscientes de que existe uma oportunidade para assistirmos e fornecermos peças a veículos de outras marcas. A Motrio nasceu, assim, como a resposta multimarca ao parque circulante que, em muitos casos era já assistido pela rede de concessionários da Renault”. O objetivo da gama de peças de substituição da Motrio é contribuir para manutenção dos automóveis, com custos razoáveis. Atualmente,

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a sua oferta é superior a sete mil referências compatíveis com 45 marcas de automóveis. Os produtos disponibilizados são os mais consumidos pelas oficinas nas operações de assistência às viaturas e relativamente pouco evoluídos tecnologicamente, como baterias, lubrificantes, escovas limpa-vidros, discos de travão, pastilhas, filtros, lâmpadas, amortecedores, líquido de refrigeração, embraiagens, produtos de ar concionado, pneus. “A nossa oferta abrange quase todos os produtos de desgaste”, resume Fernando Vara, adiantando que “até há pouco tempo, a Renault era a única marca de automóveis que tinha uma insígnia de pneus, a Motrio”. A aposta numa marca de pneus budget deve-se ao facto de este produto contribuir para gerar visitas à oficina. “O cliente pode não sentir a necessidade de mudar o óleo do motor ou as pastilhas de travões porque isso não é imediatamente visível”, afirma o entrevistado. Todavia, “se o pneu tiver um furo ou estiver gasto, o cliente já tem de ir à oficina, que depois o pode alertar para outras situações que exijam atenção. Esse é um momento que dá a oportunidade à oficina de fidelizar o cliente”. O diretor de após-venda da Renault Portugal refere que os produtos da marca Motrio possuem uma qualidade semelhante à do equipamento original e a mesma segurança. “A gama de peças da Motrio está vocacionada para um parque circulante com uma idade su-

O OBJETIVO DA GAMA DE PEÇAS DA MOTRIO É CONTRIBUIR PARA A MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS AUTOMÓVEIS A CUSTOS RAZOÁVEIS


perior a cinco anos e destina-se a um tipo de cliente que não quer gastar muito dinheiro”, explica Fernando Vara. “A nossa gama está, assim, orientada para um cliente que não necessita da mesma durabilidade da peça de origem”. Relativamente ao posicionamento de preço das peças da Motrio comparativamente com outros fornecedores de aftermarket, Fernando Vara refere que nalguns produtos a marca “está ao mesmo nível” da concorrência e “em outros está melhor”. REDE DE OFICINAS MULTIMARCA Após o lançamento da gama de produtos para o mercado de aftermarket, a Motrio criou uma rede de oficinas independentes, em 2014, que tem como objetivo fidelizar o cliente profissional. Em 2016, a rede multimarca Motrio contava com 19 oficinas e no ano passado esse número aumentou para 35, o que significa que quase duplicou. Em termos de implantação, a zona Norte do País possui um número mais elevado de oficinas aderentes, o que também se deve a uma estrutura empresarial mais dispersa. “Na Área Metropolitana de Lisboa, a estrutura de negócio é diferente, uma vez que existe uma menor dispersão e oficinas de maior dimensão”. Para 2018, o responsável de após-venda da Renault afirma que o “objetivo é chegar às 60 oficinas Motrio, o que nos dará uma dimensão aproximada daquela que pretendemos alcançar”. Em termos territoriais, a marca pretende crescer no Centro e Sul do país, em especial na Área Metropolitana de Lisboa. A rede de oficinas independentes da Motrio carateriza-se por apresentar uma imagem e uma sinalética própria, dando notoriedade e reconhecimento à marca e proporcionando uma maior segurança aos clientes, uma vez que encontram várias instalações com um visual semelhante. Além disso, as oficinas de uma rede também cumprem determinados padrões de qualidade, de procedimentos e beneficiam de uma formação adequada. Por sua vez, o proprietário de uma oficina independente da rede Motrio beneficia do conceito de “OneStopShopping”, uma vez que existe apenas uma entidade a fornecer peças. “Normalmente, uma oficina tem fornecedores de peças originais de marcas diferentes e também de empresas especialistas de aftermarket. A nossa oferta de peças multimarca permite reduzir ao máximo esta dispersão”, afirma Fernando Vara. “Com a utilização dos nossos sistemas informáticos, as oficinas da rede Motrio podem adquirir peças Renault ou Motrio multimarca. Tudo

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MOTRIO

no mesmo portal e ao mesmo fornecedor, que é o seu concessionário Renault”. É importante referir que a relação comercial que existe é entre a oficina independente e o concessionário Renault, uma vez que é este que possui uma rede Motrio na sua área de influência. “As oficinas assinam contratos com os concessionários e não com a Renault”, explica Fernando Vara. “São os próprios concessionários que estabelecem relações de proximidade com as oficinas independentes” - salienta este responsável pelo após-venda da Renault em Portugal. A implementação da rede Motrio insere-se numa tendência crescente de funcionamento em rede das oficinas multimarca, que se deve à exigência de qualidade por parte dos clientes em todos os serviços e produtos. “O facto de pertencer a uma rede que tem uma marca própria dá confiança aos clientes”, afirma o entrevistado. “Por sua vez, as oficinas podem passar a mensagem aos clientes que oferecem qualidade porque estão integradas numa rede que oferece determinados níveis de serviço e beneficiam do apoio técnico e formativo de uma outra entidade que tem uma dimensão maior. Além disso, cada vez mais o cliente se afasta daquilo que não conhece. Por isso, é im-

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portante fazer parte de uma rede conhecida e reconhecida”. PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM 2018 Relativamente a outras redes de oficinas multimarca, Fernando Vara adianta que a principal diferença consiste na existência de uma “rede e de uma gama de produtos”, assim como o suporte de uma marca com a dimensão da Renault. Em termos de obrigações com a rede Motrio, a oficina aderente tem apenas de adquirir uma quantidade mínima de produtos desta marca, designadamente ao nível dos consumíveis de maior rotação. “Tudo depende naturalmente do contrato com concessionário e a dimensão da própria oficina. O interesse do concessionário é fidelizar essa oficina de reparação”. A adesão de novos membros a esta rede multimarca assenta em critérios geográficos para reforço da cobertura, que também tem de ser coerente com a própria rede de concessionários da Renault. “As oficinas aderentes são sempre propostas pelos nossos concessionários e já têm os seus clientes, assim como a sua imagem. Não inventamos nem criamos novas oficinas”. “Procuramos que as oficinas Motrio sejam complementares da nossa rede. Cada oficina nova da rede deve ter uma dimensão média,

com quatro a cinco funcionários, para que tenha um volume interessante de trabalho”. O público-alvo da Motrio é diferente, uma vez que procura captar os proprietários de veículos que normalmente não procuram as oficinas dos concessionários por várias razões, incluindo a proximidade e familiaridade com uma oficina independente ou por questões relacionadas com uma idade mais elevada das viaturas. “A Motrio pretende dar resposta a toda uma procura que não é assegurada pelos concessionários da Renault, estabelecendo uma relação de proximidade com as oficinas”. Para 2018, além do reforço da rede, uma das apostas da Motrio vai passar pela implementação de um programa de formação para as oficinas. “Neste momento, estamos a criar massa crítica para desenvolvermos ações deste tipo, que são essenciais para as oficinas independentes”, salienta o entrevistado. O responsável acrescenta que a oferta de produto para o aftermarket também vai continuar a ser alargada no futuro. “Ainda existe muito parque circulante no nosso país a ser coberto pela gama da Motrio. Teoricamente, estamos preparados para assegurar a cobertura de 50% do parque circulante em Portugal”, conclui Fernando Vara. /



DOSSIÊ

CENTROS DE INSPEÇÕES

EVOLUÇÃO NO RIGOR DAS AVALIAÇÕES E NO CONTACTO COM OS CLIENTES

CONTRIBUTOS PARA A SEGURANÇA RODOVIÁRIA As Inspeções Periódicas Obrigatórias há muito que entraram nos hábitos dos automobilistas portugueses e, com uma aposta num trabalho rigoroso e na melhoria do contacto com o cliente, ultrapassaram a má imagem que chegaram a ter. Agora é um setor que tem contribuído indiscutivelmente para o aumento da segurança nas nossas estradas! TEXTO SÉRGIO VEIGA

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ano de 2017 foi de sentimentos mistos para o setor das inspeções automóvel. Por um lado, houve um claro aumento da credibilidade junto da opinião pública, pela perceção da evolução do rigor do trabalho da generalidade dos operadores. Por outro, instalou-se uma certa preocupação no setor com a abertura ao aparecimento de mais operadores que poderão destabilizar o equilíbrio financeiro já existente, podendo, no limite, fazer perigar a tal imagem de rigor que tanto custou a conquistar, em mais de duas décadas. Ao longo dos últimos cinco anos os números têm registado uma evolução positiva, com a redução de reprovações, tanto em percentagem como em número absoluto de viaturas, face a uma crescente amostragem de veículos sujeitos a inspeção: segundo o relatório do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, em 2013 chumbaram 675.480 dos 5,603 milhões de veículos inspecionados (12,1%), enquanto em 2016 o número baixou para 614.157 num universo de 5,805 milhões de viaturas verificadas (10,58%). Não havendo ainda números definitivos, as es-

timativas do presidente da ANCIA (Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel), Paulo Areal, apontam para a taxa de 10% de reprovações, num total já próximo dos seis milhões de veículos inspecionados. Ao fim de mais de duas décadas a conviver com a regulamentação das Inspeções Periódicas Obrigatórias, os automobilistas portugueses criaram o hábito de manter os seus veículos em condições de circular em segurança, mesmo que a idade média do parque automóvel tenha aumentado. Ou, pelo menos, ganharam a prática de os colocar em bom estado antes de os levarem à inspeção o que, de forma pragmática, acaba por significar o mesmo, já que os automóveis ficarão sempre em melhores condições do que estariam antes. Ou seja, as IPO foram um bem para garantir uma maior segurança rodoviária porque, seja pela via da pedagogia, seja pela da persuasão um pouco mais… forçada, atingiram a finalidade de aumentar os níveis de segurança do parque rolante nas nossas estradas. Mas não deixa de ser curioso – e até aparentemente paradoxal – que a principal causa de reprovação (mais de 30% dos casos) sejam as luzes ou outros equipamentos elétricos que até serão dos mais fáceis de verificar pelo próprio

proprietário do veículo antes de ir à inspeção… Direcção, suspensão e pneus e o quadro são as outras principais causas de reprovação. O quadro que nos é traçado pelo presidente da ANCIA, Paulo Areal, e pelo diretor de Marketing da Controlauto, João Pedro Vaqueiro, nas páginas que se seguem, mostra-nos um setor na sua plena maturidade, tendo conseguido já ultrapassar a má imagem que, a certa altura, chegou a ter junto da opinião pública. O rigor do trabalho dos centros de inspeção e a melhor formação dos seus funcionários, em particular no que respeita ao contacto direto com os clientes, contribuiu em grande parte para essa evolução. Agora aproxima-se novo desafio com a aguardada regulamentação, por parte do Governo, da obrigatoriedade das Inspeções Periódicas para motociclos acima de 250 cc. Grande parte dos centros de inspeção antecipou a medida, estando já equipados para avançarem com as avaliações daqueles veículos de duas rodas que, em 2018, pagarão cerca de metade (12,72 €) do preço da inspeção de um veículo ligeiro de passageiros (25,27 €). Medida que criou alguma celeuma entre “motards” mas que acabará, certamente, por se tornar pacífica se se mantiverem os padrões de qualidade apresentados até aqui. /

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DOSSIÊ

CENTROS INSPEÇÕES

PAULO AREAL, PRESIDENTE DA ANCIA

“ESTE SETOR TUDO FEZ PARA DIMINUIR RISCOS DOS VEÍCULOS” O aumento da sinistralidade rodoviária verificado em 2017 tem de encontrar as suas causas noutro ponto que não nas condições do parque automóvel circulante. Paulo Areal, presidente da ANCIA, garante que os Centros de Inspeções tudo fizeram para que os veículos em circulação nas estradas nacionais estivessem nas melhores condições, realçando a melhoria em rigor e credibilidade do setor

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s centros de inspeção automóvel deram, no geral, um passo em frente, ao longo de 2017, a nível de rigor e credibilidade e mostram-se já preparados para os desafios que aí vêm, nomeadamente os das novas tecnologias e da mobilidade elétrica. Quem o diz é Paulo Areal, presidente da ANCIA (Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel) que, no entanto, reconhece na proliferação exagerada de centros de inspeção, um potencial risco para a qualidade do serviço prestado. Se, por um lado, Paulo Areal se congratula pela ligeira redução do número de reprovações de veículos, por outro não deixa de realçar o facto de os motivos para os “chumbos” continuarem a ser quase sempre os mesmos… E defende um controlo mais rigoroso das emissões de gases

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poluentes, embora ressalve que tal está ainda dependente de alterações legais. Quando conversámos, há pouco mais de um ano, dizia que “as inspeções em Portugal são exigentes e credíveis, mas temos de torná-las ainda mais rigorosas”. Desde então entraram no setor novos “players”. Que balanço faz? O objetivo que referiu está a ser alcançado? O País está hoje coberto por uma rede de centros de inspeção devidamente apetrechada e claramente comprometida com um serviço de qualidade técnica, ao serviço da segurança rodoviária. Os centros de inspeção têm cumprido com as suas obrigações, quer no que respeita à realização das inspeções técnicas aos veículos, quer no que toca ao cumprimento dos requisitos técnicos impostos pelo Estado. Por isso, podemos afirmar que, em matéria de rigor e credibilidade, fizemos um caminho muito positivo, sem prejuízo de haver sempre espaço para melhoria.

Os números de 2017 mostram um aumento da sinistralidade. Pode assegurar que o setor fez o que estava ao seu alcance para não contribuir para este dado? O setor das inspeções técnicas está absolutamente consciente de ter feito tudo o que estava ao seu alcance para diminuir o risco técnico das viaturas em circulação nas estradas portuguesas. O aumento da sinistralidade verificado em 2017 é uma tragédia, porque representa a perda de vidas e também porque é uma inversão da evolução positiva que foi sendo conseguida nos últimos anos.


O ESTADO AUTORIZOU A ABERTURA DE NOVOS CENTROS, MUITO PARA ALÉM DAQUILO DE QUE O UTENTE NECESSITA, O QUE PODERÁ GERAR DIFICULDADES VÁRIAS

A explicação para o fenómeno terá alguma complexidade, mas parece ser evidente uma assustadora tendência para o aumento do número de mortos e feridos graves na classe dos ciclomotores e motociclos. Entretanto, o Governo anunciou várias medidas, algumas das quais já estão nas leis há vários anos, que esperamos venham a inverter esta tendência. Ainda em 2017, a entrada de novos “players” e o aumento do número de centros deu origem a algo muito visível: há centros de inspeção a abrir nas traseiras ou ao lado de outros

que desenvolvem a mesma atividade. Isto não é perigoso? Enquanto associação do setor, a ANCIA tem defendido que o Estado veio autorizar, através da lei nº 11/2011, alterada pelo Decreto Lei nº 26/2013, a abertura de novos centros muito para além daquilo de que o utente necessita deste setor de atividade, o que irá gerar dificuldades de vária ordem, nomeadamente, no controlo dos sistemas e na qualidade das inspeções. Temos sido muito claros com os reguladores: consideramos crítico para o País que sejam postas em causa as condições de equi-

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DOSSIÊ

CENTROS INSPEÇÕES

cas tecnológicas do setor da mobilidade. No âmbito das nossas parcerias com organizações nacionais e internacionais participamos em discussões e formações que visam colocar-nos como interlocutores relevantes de todos os movimentos de antecipação das tendências e das soluções técnicas. Seja no âmbito das viaturas elétricas, seja em assuntos relacionados com a crescente autonomia, a ANCIA está na linha da frente quando se trata de compreender o que aí vem e de preparar o setor das inspeções para o futuro. Faremos, em qualquer cenário, a nossa parte do trabalho de controlo do risco técnico das viaturas.

líbrio económico e financeiro do sistema de inspeções, porque o resultado final acabará por prejudicar o próprio País. A procura da rentabilidade num contexto de ainda mais feroz competitividade não pode levar a uma redução da qualidade (do pessoal e das estruturas)? Não pode conduzir a algum facilitismo, querendo um dado centro ter a imagem de que “ali os carros são todos aprovados”? O nosso entendimento é muito claro – os centros de inspeção exercem uma atividade por concessão e prestam um serviço público com base na Lei, por isso não há espaço para falhas de profissionalismo e atuações à margem do legalmente prescrito. Temos mantido com os reguladores um diálogo persistente, no sentido de exigir mais regulação e fiscalização, porque consideramos do interesse do setor que as condições da confiança técnica nas inspeções realizadas não sejam quebradas ou postas em dúvida. Como evoluiu, a propósito, a taxa de reprovações de veículos? A taxa de reprovações mostra alguma estabilidade, na casa dos 10%, embora com evolução no sentido do decréscimo. É natural que, ao fim de alguns anos de experiência, os proprietários tenham mais cuidado com as condições técnicas da viatura que submetem a escrutínio obrigatório. Também é certo que as viaturas vão sendo tecnicamente mais adequadas e, por isso, se apresentam em melhores condições. Mesmo assim, mais de seiscentas mil viaturas são reprovadas todos os anos. Pode dar-nos uma ideia das principais causas de reprovações? Também neste aspecto tem havido estabilidade. À semelhança dos anos anteriores, as luzes

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OS CENTROS DE INSPEÇÃO PRESTAM UM SERVIÇO PÚBLICO COM BASE NA LEI, NÃO HÁ ESPAÇO PARA ATUAÇÕES À MARGEM DO LEGALMENTE PRESCRITO e equipamento elétrico, quadro, direção, suspensão e pneus, foram as principais causas de reprovação dos veículos ligeiros. Uma questão na ordem do dia é a das emissões. A verdade é que continuamos a não ter avaliação rigorosa dos níveis de emissões. Como vê esta questão? Sobretudo num contexto de envelhecimento do parque circulante e de forte importação de veículos usados. Consideramos que o tema do controlo das emissões deveria evoluir rapidamente para formas mais rigorosas de inspeção. Para isso é preciso tratar de questões legais, mas também de questões técnicas com alguma complexidade. Mas não temos dúvidas de que constituirá um tema central nos próximos anos, até porque o risco ambiental é hoje um dos riscos mais caros, seja no plano da saúde pública seja inclusivamente no plano económico. Outro tema de alguma forma relacionado é a crescente sofisticação tecnológica dos veículos. Como é que os centros de inspeção se estão a preparar para uma nova “paisagem” com veículos cada vez mais evoluídos? E não falamos apenas da mobilidade elétrica, mas também a dispositivos que, não funcionando devidamente, colocam em causa a segurança dos ocupantes e de terceiros? A ANCIA tem, há muito, uma preocupação efetiva com o acompanhamento das temáti-

O atual regulamento dos Centros de Inspeção e a própria diretiva europeia está atualizada? Ou carece de precisões? Quais? A Diretiva 2014/45/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de abril de 2014, foi agora transposta para o ordenamento jurídico interno através do Decreto Lei nº 144/2017, de 29 de novembro. No entanto, a aplicação integral deste diploma aguarda ainda a aprovação e publicação da respetiva regulamentação. Os profissionais dos centros recebem formação adequada a esta evolução? Como está o plano de um curso superior neste contexto? Sem prejuízo dos profissionais dos centros estarem, obrigatoriamente, sujeitos à frequência de ações de formação contínua de atualização, todos os anos desenvolvemos várias iniciativas com o objetivo de propagar o conhecimento existente sobre as novas realidades da mobilidade rodoviária. As nossas Jornadas Técnicas são um momento alto deste programa de formação dirigido aos inspetores e a nossa Convenção constitui o corolário do nosso programa de atualização das entidades gestoras. Acredito que estamos todos bem cientes do que se passa e das novidades que certamente se tornarão, em breve, a nova normalidade. Por fim, como tem visto o papel das empresas de reparação e como vê a relevância do mecânico, nomeadamente por ser o primeiro contacto com o cliente final? Temos uma visão integradora do setor automóvel, acreditamos que cada atividade tem a sua lógica técnica e a sua utilidade social, pelo que é sensato que se mantenha um diálogo aberto ao entendimento do outro e ao papel relativo de cada entidade. Os centros de inspeção prestam um serviço público delegado pelo Estado e, nessa medida, têm uma natureza peculiar que importa sublinhar e estimar. /



DOSSIÊ

CENTROS INSPEÇÕES

JOÃO PEDRO VAQUEIRO, CONTROLAUTO

“O NOSSO FOCO É INSPECIONAR PELA SEGURANÇA!” Com 46 centros de inspeção automóvel espalhados pelo País, a Controlauto é a maior empresa do setor e sempre procurou realizar a sua ação no sentido de garantir a segurança rodoviária TEXTO JORGE REIS FOTOS JOSÉ BISPO

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riada em 1993 com o intuito de participar no processo das inspeções automóveis, a Controlauto, agora a fazer 25 anos, sempre teve o propósito de realizar a sua função no sentido de garantir a segurança rodoviária, como explica João Pedro Vaqueiro, o diretor de Marketing desta empresa, a maior do setor em que opera, atualmente detentora de 46 centros em Portugal Continental, exceção feita aos distritos de Bragança e da Guarda, e que assume estar numa fase de consolidação e não tanto de crescimento. O objetivo, diz, é melhorar o ser-

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viço ao cliente através de “uma estrutura consolidada, uma empresa que olha para o futuro com uma perspetiva de sustentação e robustez dentro do que é a sua atividade, procurando garantir a melhoria contínua de processos e resultados” nos já referidos 46 centros onde operam cerca de 400 funcionários. A grande missão da Controlauto, como destaca este responsável, passa assim por garantir a segurança rodoviária dos portugueses e de todos aqueles que andam nas estradas, pretendendo ser “o parceiro preferido dos portugueses no sector das inspeções, através de todos os vetores desenvolvidos como a rapidez de atendimento, a qualidade do serviço, a forma como os cola-

boradores interagem com os clientes, como é explicado o processo inspectivo e as vantagens que possui para todos os intervenientes sempre com o foco no objetivo final que visa a garantia da segurança rodoviária”. A Controlauto, que resultou da imposição, por legislação, das inspeções automóveis, não tem por princípio a reparação, mas, apenas, a deteção de problemas... Em termos legais só nos compete a atividade inspetiva e nunca podemos participar naquilo que é um processo de reparação. Aliás, de acordo com a legislação, qualquer centro de inspeção tem como atividades proibidas a participação


“A NOSSA CAPILARIDADE É, ASSIM, UMA VANTAGEM RELATIVAMENTE A OUTROS CONCORRENTES, ISTO PORQUE UM NOSSO CLIENTE QUE, POR FORÇA DA SUA ATIVIDADE, TENHA QUE SE DESLOCAR PELO PAÍS PODERÁ MANTER SEMPRE A RELAÇÃO COM A CONTROLAUTO” em ações de reparação, bem como a reparação ou venda de componentes ligados ao setor automóvel, isto para que possa ser respeitado um princípio de isenção que nos permita avaliar de uma forma adequada e correta aquilo que é o processo inspetivo dos veículos. O utilizador dos centros da Controlauto chega aos mesmos alertado para os problemas potenciais do seu veículo ou acaba por os descobrir apenas na altura da inspeção? Por norma, tem a noção dos problemas no momento da inspeção. No setor existe uma conotação negativa relativa ao trabalho feito com vista à inspeção, mas a verdade é que procuramos passar para o cliente a noção de um valor acrescentado da nossa ação, isto porque, através de um valor ainda assim relativamente baixo comparativamente com outro tipo de diagnósticos, a pessoa consegue aferir se o seu veículo está em condições, se consegue transportar a sua família de uma forma segura, e, mediante isso, inclusive, consegue proteger-se a si e aos demais utilizadores das estradas. Considerando a capilaridade dos 46 centros Controlauto, existe uma distribuição capaz de responder às necessidades do mercado? Temos uma taxa de cobertura daquilo que é o mercado inspetivo a rondar os 90 por cento, o que nos leva a acreditar que prestamos um bom serviço na forma como respondemos, até

para alguns parceiros que têm a necessidade de recorrer aos nossos serviços em diferentes geografias. A nossa capilaridade é, assim, uma vantagem relativamente a outros concorrentes, isto porque um nosso cliente que, por força da sua atividade, tenha que se deslocar pelo País poderá manter sempre a relação com a Controlauto. Na verdade, sentimos que estamos presentes a nível nacional onde somos necessários, desde o Algarve a Braga, bem como no interior de Portugal. Relativamente à atividade deste setor relacionado com as inspeções, a Controlauto é o «player» principal? Em termos de quota de mercado a Controlauto é efetivamente o «player» principal. Depois, olhando ao número de serviços de inspeção que desenvolvemos, e a julgar pelos dados divulgados pelo IMT, o nosso regulador, seremos o principal interveniente no setor. Já em número de centros isso também acontece, pois somos o grupo que possui o maior número de centros de inspeção. Estamos ainda na liderança em termos de notoriedade, que é muito positiva, acima dos 80 por cento, o que é mais do dobro do segundo concorrente. Tudo isso nos leva a crer que somos, de facto, os líderes do setor, uma realidade que nos leva a investir na melhoria constante da nossa atividade para podermos satisfazer cada vez mais as necessidades dos nossos clientes.

Sobre a imagem negativa por vezes existente em redor do setor das inspeções, como poderá ser combatida? A Controlauto faz esse combate de diversas formas. Inicialmente, pela formação dos nossos recursos humanos, factor que, obviamente, contribui para a nossa diferenciação pela valorização do processo efetuado e em relação ao qual há a necessidade de permitir a perceção de que a nossa atividade é muito menos técnica e muito mais virada para a segurança das pessoas. O nosso grande foco, aliás, é mesmo a segurança rodoviária das pessoas, ainda que através das inspeções técnicas. Ao termos esta visão, todas as nossas atividades acabam por evoluir no sentido de melhorarmos a comunicação com o cliente, garantir a melhor explicação do processo inspetivo ao cliente, e tudo o que desenvolvemos em termos de comunicação surge no sentido da descodificação daquilo que é o processo inspetivo, para que todos percebam o objetivo e os benefícios que resultam dos testes que são efetuados ao veículo. Numa visão externa para os consumidores, procuramos alicerçar a nossa comunicação numa vertente quase educativa, mais até do que inspetiva. Inspeção é o que fazemos, mas acreditamos que é um grande benefício que o setor transmite para a sociedade ao garantir que temos como nosso propósito a segurança rodoviária e que os veículos estão em condições de rodar em segurança nas estradas. O nosso foco é inspecionar sim, mas pela segurança. Esse é o nosso foco! A nossa visão!

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DOSSIÊ

CENTROS INSPEÇÕES Sendo o grupo Controlauto o maior «player» neste setor, será esse o principal factor diferenciador face aos demais concorrentes? A melhor resposta a essa questão pode ser dada pela perspetiva dos consumidores nos estudos que temos levado a cabo. Uma das questões de que nos orgulhamos muito é a confiança com que os consumidores referem a nossa marca. Eles dão-nos a sua confiança relativamente à nossa competência técnica para efetuar a avaliação dos seus veículos, de forma adequada, e o mais isenta dentro do setor. Por outro lado, diferenciamo-nos pelos serviços proporcionados. Apostamos muito nas marcações, que podem ser efetuadas pelos consumidores através de diferentes canais, seja pelo website, junto do nosso callcenter, ou diretamente até junto dos centros de inspeção. Percebemos que um dos vectores fundamentais no processo de decisão do cliente é a rapidez de atendimento, sendo este um dos fatores de diferenciação do nosso processo face à concorrência. Por via disso, temos os nossos processos de trabalho focados naquilo que pode facilitar a vida ao cliente, porque sabemos que no dia-a-dia nem sempre é conveniente parar um dia de trabalho para uma atividade como a inspeção. Criámos assim soluções alternativas para que a pessoa possa responder à necessidade de realizar a inspeção mas sem que isso tenha grande impacto na atividade do cliente, podendo este planificar melhor o seu tempo. Inclusivamente, temos uma proposta, em parceria com uma empresa do setor, através da qual esse parceiro vai buscar o veículo a inspecionar, processamos todo o serviço, sendo depois o veículo entregue com a maior comodidade possível para o cliente. Quantas inspeções são realizadas anualmente a nível nacional e quantos operadores estão presentes neste setor? Esse dado é público, divulgado pelo IMT, o qual emite anualmente um relatório sobre a atividade inspetiva, sendo realizadas cerca de seis milhões acções de inspeção por ano, distribuídas naturalmente por todo o País e por todos os operadores neste setor. Já em relação a outros números, existem atualmente 230 centros de inspeção, sendo que o grupo Controlauto aparece como o agente mais forte no setor ao possuir cerca de vinte por cento desse total com os 46 centros distribuídos pelo território nacional. Há que referir que em 2014, para este mesmo setor, havia 170 centros de inspeção mas, perante a nova legislação, houve a possibilidade de fazer crescer esse número através da entrada de mais «players» no mercado. Surgiram, assim, alguns grupos que adotaram como estratégia de crescimento a presença em novas localizações, mas também outros «players» individuais que também entraram neste setor de atividade.

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No setor da inspeção, como se processa a resposta às necessidades de investimento, quer nos equipamentos, mas também em relação às necessidades de formação dos recursos humanos? Por norma, tudo o que é investimento em equipamentos é decorrente da legislação. Em 2012, por via da portaria 221/2012, foi decretada a necessidade da adoção de novos equipamentos no processo de inspeção, tendo sido dado um prazo legal, até 2016, para que fossem cumpridas essas determinações. Fizemos, por isso, uma evolução de um modo faseado porque o regulador também assim o permitiu. Todos os nossos centros foram adaptados até 2016, de acordo com a norma e, naturalmente, cumprimos com todos os requisitos legais. Depois, e para além disso, o grupo Controlauto possui outra perspetiva que nos leva a procurar investir na evolução e modernização, embora a atividade do setor seja devidamente regulada, não havendo, por isso, grande espaço à inovação para além do que está estipulado legalmente. Relativamente aos recursos humanos, aí sim, procuramos responder à constante necessidade da melhor formação técnica, procurando garantir que todos os nossos inspetores e responsáveis técnicos sejam ciclicamente renovados no conhecimento relativamente

ao processo de inspeção, até para que se sintam também eles confiantes para que possam dar respostas ao cliente para qualquer questão que possa surgir durante o processo de inspeção. Tendo o número de operadores neste setor das inspeções aumentado de forma significativa em 2014, a verdade é que o número de veículos no parque circulante não aumentou proporcionalmente. Quanto maior é a concorrência menores são os proveitos desta atividade? Sim, é de facto assim. Em teoria, quando se abre mais o mercado, os grandes «players» vão sofrer os maiores impactos. Ainda assim, felizmente, os impactos dessa abertura na nossa atividade, que naturalmente existiram, foram ao encontro do que estava também previsto por nós em face do nosso conhecimento do setor. Quando o parque automóvel cresce e se renova, estaremos perante um menor resultado financeiro para um negócio como é o das inspeções automóveis? A médio prazo isso poderá ter algum impacto. De qualquer modo, mesmo quando o parque se renova, o ciclo que afeta as inspeções é a quatro anos pelo que, no final do dia, o que vai variando é a média da idade dos veículos. É


claro que tem havido oscilações, mas o ciclo de vida de um automóvel, em Portugal, está entre os 10 e os 11 anos como valor médio, o que nos permite ter a nossa estrutura bastante sólida e não temos grandes impactos financeiros por via das oscilações do mercado. Aliás, se houver um ano em que o resultado do retalho do setor automóvel seja particularmente elevado, o que irá acontecer é que, a prazo, também nós teremos o resultado dessa atividade refletido nos nossos centros. Ainda assim, a flutuação da atividade neste setor não é significativa e bastará verificar que entre 2014 e 2016 a variação do setor rondou apenas os dois por cento. Falar do setor automóvel é falar por vezes de crise e do ultrapassar da crise. Para este setor ainda se poderá dizer que estamos em crise? Mais do que uma crise financeira, direi que ainda há, por vezes, uma crise de valores. A Controlauto tem um determinado posicionamento: defendemos a necessidade da inspeção pela segurança. Seria importante que todos os que operam no setor pudessem estar conscientes da necessidade de uma inspeção correta. Ao invés, más inspeções podem abrir espaço a uma crise de valores, não tanto financeiros, mas de valores humanos que é algo bem mais grave.

“CAMINHAMOS CADA VEZ MAIS PARA O FOCO NO CLIENTE. TEMOS, DENTRO DA NOSSA CADEIA DE VALOR, UMA ESTRATÉGIA MUITO FOCADA NAQUILO QUE SÃO AS COMPETÊNCIAS TÉCNICAS, MAS PERTENCEMOS A UM GRUPO, BRISA, QUE TAMBÉM COLOCA CADA VEZ MAIS O SEU FOCO NO CLIENTE”

As pessoas esquecem-se de levar os veículos às inspeções? Cerca de 10% da população “esquece-se” de realizar a inspeção ao seu veículo. A verdade é que, tal como na saúde dos cidadãos, se as pessoas se esquecerem de ir avaliar o seu estado de saúde correm o risco de ter surpresas desagradáveis. Aqui, a nossa perspetiva é que, pelo valor em questão quando se fala na inspeção automóvel, permitimos um diagnóstico de valor equilibrado. A Controlauto, em termos de «performance» financeira, não tem qualquer interesse subjacente à manutenção ou reparação dos veículos, bem como à venda de peças automóveis. O nosso único negócio é o de realizarmos as inspecções o melhor que sabemos e com a melhor qualidade possível, para que os consumidores tenham o melhor serviço. Não nos faz por isso grande sentido que um condutor minimize um diagnóstico que, na nossa opinião, é fundamental para garantir a segurança rodoviária. Face à concorrência, esta preocupação de segurança que a Controlauto apresenta na sua ação é partilhada por todo o setor, ou nem sempre o setor consegue fazer passar esta preocupação de segurança para junto do público, permitindo que se crie depois uma visão distorcida do setor das inspeções? Na nossa perspetiva, nem todos os intervenientes no setor têm o mesmo posicionamento. Obviamente que isso, depois, terá de levar a que seja o regulador, o IMT, a fazer a sua

apreciação, mas da perceção que temos relativamente a alguns casos, a posição de um ou outro operador – porventura pela pressão que eventualmente possam sentir, seja pelos resultados financeiros, por serem novos no setor ou por terem outro tipo de abordagem ao mesmo –, acabam por assumir um posicionamento que não é alinhado com o nosso. Acreditamos por isso que, se houvesse uma maior intervenção por parte do IMT, provavelmente o setor ganhava em termos de credibilidade. Noutros mercados, a forma como se interage, seja através das contra-inspecções ou da avaliação da «performance» de cada um dos intervenientes no setor, é um pouco mais exigente, e isso seria útil para nós se também por cá acontecesse, porque nos colocaria numa posição mais favorável face à concorrência, já que cumprimos com tudo o que resulta das nossas obrigações e inclusive as superamos em muitos vectores. Ao invés, acreditamos que nem todos os operadores o fazem da mesma forma. Poderemos entender dessas palavras uma espécie de um desafio — “saiam para a rua e fiscalizem” — feito ao IMT? Sim, é algo que até poderíamos dizer. Nós, Controlauto, estamos confortáveis. Se, por um lado, percebemos que o IMT, enquanto regulador, terá as suas limitações e a sua estratégia, também acreditamos que a fiscalização é um fator fundamental para que o setor seja bem percecionado pelos consumidores. Dessa forma, ao termos um processo claro de fiscalização, todos ficamos confortáveis de que o setor é adequado e tem esta visão de segurança rodoviária porque é a sua génese para o qual foi criado. Para onde caminha a Controlauto? Caminhamos cada vez mais para o foco no cliente. Temos, dentro da nossa cadeia de valor, uma estratégia muito focada naquilo que são as competências técnicas, mas pertencemos a um grupo, Brisa, que também coloca cada vez mais o seu foco no cliente e na forma como pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida de todos, independentemente do vetor de atuação em que se encontre. Essa é também a nossa visão. Procuramos, por isso, apostar cada vez mais na formação dos nossos colaboradores em tudo o que são os processos de atendimento a cliente, na forma como interagimos com os mesmos. A nossa visão é cada vez mais sermos o parceiro preferido dos portugueses neste setor, procurando responder a todas as questões impostas pelo processo inspectivo que está legislado e ao qual temos de responder, mas acrescentando valor ao que o cliente perceciona dentro da nossa atuação, permitindo garantir para o cliente a melhor descodificação relativamente às vantagens de uma correta inspeção automóvel e da nossa atividade. /

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ESPECIALISTA

GIPA

O QUE ESTÁ A MUDAR NO APÓS-VENDA EM PORTUGAL O crescimento do mercado, as novas oportunidades que se abrem às oficinas autorizadas, o peso crescente das redes ou o cada vez maior esclarecimento do consumidor são os fatores que estão a mudar o após-venda em Portugal TEXTO GUILLERMO DE LLERA

C

ostumamos associar aos profissionais do após-venda a imagem de um “transatlântico” que se movimenta lentamente e com muitas dificuldades para mudar de direção. Não vou criticar esta imagem, mas sim indicar que o barco está a aumentar a velocidade e que a mudança de direção está em curso. E deixo cinco factos para explicar a minha visão do mercado. 1-CRESCIMENTO DO MERCADO As vendas atuais de automóveis novos estão no nível mais elevado dos últimos anos

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(praticamente nos valores antes da crise), ao mesmo tempo que continua a tendência para adiar o abate dos carros mais velhos (a idade média já ultrapassa os 12 anos). Por isso mesmo, o parque continuará a aumentar este ano. Também o significativo crescimento das importações ajuda a explicar que existam cada vez mais carros a circular nas estradas portuguesas. A par de tudo isto, a melhoria do clima económico e o aumento dos salários e da confiança dos consumidores, está a fazer crescer as outras duas variáveis importantes: a quilometragem média e a despesa do consumidor com a manutenção do seu veículo.

O aumento simultâneo destes três fatores fará crescer o setor do após-venda entre 5 e 6% em 2018. A velocidade do barco aumenta. 2-OS NOVOS E BONS TEMPOS PARA AS OFICINAS AUTORIZADAS Entre 2009 e 2016 as Oficinas Autorizadas perderam quase 10% de quota de mercado, não só pela concorrência de outros canais, como pelas mudanças na estrutura do parque circulante e a diminuição do poder de compra dos condutores. A situação alterou-se desde 2017: o crescimento do parque de carros com menos de cinco anos


NOVO RUMO Após a crise, vem-se registando uma mudança no setor do após-venda, quer no seu crescimento, quer nos fatores que o podem levar a crescer ainda mais

é muito elevado e os consumidores têm mais “folga na sua carteira”. Além disso, as Oficinas Autorizadas têm realizado um significativo esforço em Marketing e em adaptação de preços, com vista a atrair clientes. A estes fatores “tradicionais” temos de acrescentar as novas realidades do mercado, em particular os carros elétricos e a conectividade, que são fatores que jogam claramente a favor das Autorizadas. Se este canal for capaz de se adaptar a estas novas realidades, em particular investindo o necessário para garantir os serviços que o cliente deseja e exige, pode ter pela frente uma nova “idade de ouro”, com crescimentos superiores a 10%. O barco mostra uma mudança de direção. 3- AS REDES DE OFICINAS IAM: A CONQUISTA DO MERCADO O conjunto das oficinas multimarcas aproxima-se já dos 800 reparadores, número muito próximo das Oficinas Autorizadas. E como as Multimarcas em Rede têm crescido todos os anos, e as autorizadas diminuído significativamente o seu número (que chegou a aproximar-se das 1100 Oficinas em 2008), é possível que acabemos o ano com mais Oficinas Multimarcas em Rede que Oficinas de Marca. Nesta análise, nas Multimarcas em Rede incluímos os Autocentros (Norauto, Roady,Feu Vert, Gocarmat, Lecrerc), Serviços Rápidos (Midas, Precision), Redes de Marcas de Peças (Bosch Car Service, Auto Crew), Redes de Distribuidores (A Oficina, Auto Check Center, Top Car, Rino, Red Service), Redes com espe-

cialização em pneus, mas que fazem serviços de manutenção e reparação (Euromaster, J.Alves, Fix&Go) e, ultimamente, é preciso acrescentar as Redes Multimarca promovidas pelas marcas: Eurorepar e Motrio. Este canal tem sido o que mais tem brilhado nos últimos anos, mas os motivos apontados no ponto anterior permitem questionar a continuação do seu crescimento. Mas dois fatores mais fortes jogam a seu favor: o dinamismo e capacidade de inovar no mercado, amplamente demostrada no passado, a que se junta o facto de a sua área de crescimento estar muito ligada à integração de oficinas independentes,

GUILLERMO DE LLERA Sócio Gerente da IF4 Consultor de GiPA

existindo ainda um amplo campo para crescer por esta via. E a sua dimensão atual já lhes permite (não em todos os casos) concorrer com as autorizadas nas novas áreas: elétricos e conetividade. 4-NOVO CONSUMIDOR A crise poderá ter sido superada (os números apontam nesse sentido), mas sem dúvida deixou marcas: o comportamento do condutor não é o mesmo. É manifestamente mais conhecedor – sabe, com maior rigor, o que é a reparação e manutenção; está muito atento ao Marketing e à Publicidade, sendo sensível as promoções, preços fechados, etc.; passou a exigir serviços como carro de substituição, rapidez nas marcações ou atendimento adequado. Quanto ao perfil do cliente também mudou: as frotas têm cada vez mais peso no conjunto dos decisores sobre a manutenção dos veículos. 5-ALGUNS “NÃO FACTOS” Há ainda outros desafios a que devemos prestar grande atenção. Os carros elétricos, por exemplo, são um fator favorável à fidelidade às marcas. Mas estes carros estão ainda longe de “pesar” o 1% do Parque pelo que. em termos quantitativos, têm uma importância muito limitada. Para já. Além disso, as alterações no paradigma da Mobilidade (novos comportamentos dos consumidores nas cidades) constituem um tema de muito interesse que terá profundas implicações no após-venda. Mas (quase) nada en 2018. Por fim, realçar que fatores como os preços e a publicidade, sem negar a sua importância, tendem a perder influência na evolução do mercado. /

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ESPECIAL

PNEUS

BALANÇO 2017

MEDIDAS MAIORES CONQUISTAM MERCADO O mercado nacional de pneus de turismo terá registado uma ligeira quebra nas vendas em 2017, não acompanhando a recuperação registada na economia portuguesa. Por questões de preço, os pneus asiáticos continuam a ganhar expressão no segmento budget. Nos segmentos quality e premium, as medidas de 17” e superiores estão a conquistar quota de mercado TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

A

s vendas de pneus para ligeiros de passageiros na Europa totalizaram 291,617 milhões de unidades em 2017, o que representou uma diminuição de 0,7% face ao ano anterior, segundo revelam as estatísticas da ETRMA – European Tyre & Rubber Manufacturer's Association. Os mesmos dados indicam que se verificou uma ligeira quebra de 1% no segmento de pneus de substituição e um aumento de 1% no mercado de equipamento original. Registou-se um ligeiro aumento nas vendas dos pneus de inverno (1%) e um decréscimo de 4% nos pneumáticos de verão. “No global, o mercado de pneus manteve-se estável em 2017, como apontavam as previsões no início do ano”, afirma Fazilet Cinaralp, secretária-geral da ERTMA. O principal mercado europeu de pneus de substituição continua a ser o alemão, seguindo-se o francês, o italiano, o britânico, o espanhol e o polaco. Relativamente a Portugal, e de acordo com as fontes contactadas pela Turbo Oficina, o mercado nacional registou uma ligeira quebra nos ligeiros, face ao ano anterior, compensada com outras importações. “Estimamos que o mercado não tenha tido um crescimento significativo, apesar da recuperação da economia nacional”, afirma Marco Silva, diretor de marketing da Continental Pneus Portugal. “No caso dos ligeiros, segundo dados da 'pool 'europeia de produtores, registou-se uma que-

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bra de 8%”, acrescenta. Por sua vez, o diretor de marketing da Bridgestone Firestone, André Bettencourt, também confirma esta tendência, apontando para uma quebra de 7% no segmento PC4 (ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros), salientando, no entanto, que as “importações de pneus que entraram no mercado nacional, oriundos de outros mercados europeus e asiáticos, tenham aumentado as suas vendas e compensado a quebra registada”. No segmento budget verificou-se um “crescimento de pneus provenientes da China, em detrimento dos provenientes da Europa, segundo afirma Telmo Barradas, gestor de produto da Euro Tyre. “O preço de aquisição foi o principal motivo”. O mercado de pneus de medidas de 16” e inferiores continua a descer, enquanto o das 17” e superiores regista um elevado crescimento, o que se deve, segundo Elena Ballista, diretora de vendas da Pirelli, ao aumento do parque circulante de veículos SUV e 4x4, que são "cada vez mais populares, tanto no nosso país, como em boa parte da Europa”. O ano de 2017 também ficou marcado por três aumentos na tabela de preços, que refletiu o aumento do custo das matérias-primas utilizadas para produção dos pneus: petróleo, borracha e aço. Para Aldo Machado, CEO da NEX Portugal, essa subida teve “um impacto na subida e instabilidade de preços verificada ao longo do ano, “ainda que esse impacto tenha produzido efeitos mais nefastos nos fabricantes europeus e, consequentemente, nos produtos de valor mais elevado”. /


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ESPECIAL

PNEUS

QUESTIONÁRIO TURBO OFICINA 1

Na perspetiva da sua empresa, como qualificaria a evolução do mercado de pneus em Portugal no ano de 2017? O mercado de pneus tem acompanhado a recuperação verificada na economia portuguesa?

2

Quais são os segmentos que têm vindo a registar maior crescimento e quais aqueles em que a procura tem vindo a diminuir? Qual o motivo?

3

O mercado continua a dar maior importância ao preço do que à qualidade do produto?

4

O mercado (cliente) português dá a importância devida ao pneu como elo de ligação entre o veículo e a estrada? Que ações devem ser tomadas para uma maior sensibilização para este tema?

5

Os produtos oriundos do Extremo Oriente estão a ganhar quota de mercado em Portugal? Qual a perspetiva da marca sobre esse tipo de produto?

6

Quais foram as principais novidades lançados pela marca no ano passado e qual tem sido a recetividade do mercado?

7

Quais são as principais novidades previstas para 2018?

CONTINENTAL PNEUS PORTUGAL

MARCO SILVA DIRETOR DE MARKETING 1 Estimamos que o mercado de pneus em 2017, não tenha tido um crescimento significativo, apesar da recuperação da economia nacional. No caso do mercado de ligeiros, segundo dados da «pool» europeia de produtores, registou-se uma quebra de vendas, face ao ano anterior, na ordem dos -8%. No entanto, estimamos que as importações de pneus que entraram no mercado nacional, provenientes de outros mercados europeus e asiáticos, tenham aumentado as suas vendas e compensado de alguma forma a quebra registada. O segmento de pesados registou um crescimento na ordem dos 4% e o mercado de pneus industriais teve um bom desempenho, suportado pela tendência de crescimento das exportações em Portugal, principalmente na atividade portuária e de movimentação de mercadorias.

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2 O segmento que maior crescimento tem vindo a registar é o segmento de pneus de alta performance (equipam jantes iguais ou superiores a 17 polegadas) e é também aquele que nos próximos anos tem maior espaço para crescer. Este segmento representou, em 2017, cerca de 25% do mercado de pneus de ligeiros e estamos convictos de que há espaço de progressão, sendo fundamental para o desenvolvimento do setor. Outro segmento a ter também em conta, a médio e longo prazo, é o dos pneus para veículos híbridos e elétricos. Segundo os dados revelados recentemente pela ACAP (Associação do Comércio Automóvel de Portugal), a venda de carros elétricos e híbridos em Portugal cresceu 125% em 2017, sendo que as previsões apontam para que a aquisição deste tipo de veículos continue a crescer a bom ritmo nos próximos anos – até 2025 as previsões apontam para que a venda de carros elétricos cresça 20%.

3 O preço continua a ser um fator com um grande peso no processo de decisão de compra dos consumidores. Mas não é exclusivo! A notoriedade da marca e a recomendação do ponto de venda continuam a ser fatores a ter em conta e que influenciam o consumidor na escolha da marca de pneus. O comportamento em travagem e a segurança são dois critérios cada vez mais valorizados pelos consumidores na escolha de uma determinada marca de pneus. Apesar de grande parte do processo de decisão de compra continuar a ser concluído no ponto de venda físico, o digital começa a exercer uma influência cada vez maior neste processo. Estamos cada vez mais perante um consumidor mais informado, mais responsável e racional nas escolhas, com decisões já tomadas, mesmo antes de entrar no ponto de venda, em função de pesquisas de informação online. A digitalização do processo de compra está a mudar a forma como os consumidores tomam decisões e é crucial que as marcas acompanhem esta tendência. Segundo um estudo da consultora Forrester Research, até 2021, 54 por cento das vendas a retalho na Europa serão influenciadas pelo digital. 4 O trabalho que os fabricantes e que as diversas associações e entidades ligadas à segurança rodoviária têm vindo a realizar faz-nos acreditar que sim. Atualmente, o condutor está muito mais consciente da importância que os pneus desempenham na segurança do automóvel, sobretudo ao nível da travagem. A Etiqueta Europeia de Pneus desempenha aqui um papel importante.Apesar de, no nosso entender, apresentar uma informação ainda limitada no que se refere aos critérios analisados, não deixa de ser um ponto de partida para que o consumidor faça uma compra informada. Mas este trabalho de sensibilização e de alerta para a



ESPECIAL

PNEUS

importância dos pneus na segurança é obviamente um trabalho que os vários "players" terão de continuar a desenvolver. 5 Os produtos oriundos do Extremo Oriente são uma realidade incontornável no atual contexto. São um outro "player" neste mercado cada vez mais global, que desempenha o seu papel e que tem o seu peso, ganhando espaço no mercado doméstico, por influência também da crise económica e das variações cambiais euro/dólar. Na Continental estamos focados no fator preço, claro, mas a nossa preocupação é, acima de tudo, a oferta de produtos e soluções de qualidade ao preço mais competitivo. É importante que haja mecanismos eficazes de supervisão, por exemplo a Etiqueta Europeia de Pneus, que é uma fonte de informação fundamental para o consumidor, que lhe permite verificar e comparar possíveis diferenças na qualidade do produto. A eficaz supervisão por parte das entidades competentes é um garante da qualidade dos produtos disponíveis no mercado para que o consumidor, no momento da aquisição de um produto, possa fazer uma comparação consciente e informada. 6 No segmento de ligeiros, 2017 foi um ano dedicado à consolidação do portefólio de produtos. No segmento de pesados foi um ano muito ativo e importantíssimo do ponto de vista do fornecimento de soluções ajustadas às necessidades do mercado. De destacar a reformulação total, iniciada em 2016 e concluída em 2017, das nossas “segundas” marcas – Semperit, Uniroyal e Barum. Realizámos um investimento muito forte, quer no alargamento da gama, quer nas características técnicas dos pneus, dotando-os das mais modernas tecnologias. No que se refere à nossa marca premium Continental, destacaríamos a nossa linha de produtos da chamada terceira geração, o Conti Hybrid – cujo portefólio de produtos ficou completo em 2017 -, e o lançamento dos chamados pneus inteligentes – iTires -. A partir de 2017, os sensores ContiPressureCheck para medição da pressão e temperatura dos pneus passaram a ser também incorporados na fábrica. Os sensores pré-instalados não só poupam às empresas transportadoras o tempo gasto na instalação, mas também os custos de montagem. Atualmente, 22 das principais dimensões de pneus – especialmente das linhas Conti Hybrid e Conti EcoPlus – estão também disponíveis como pneus iTire com perspetiva de alargamento a outras dimensões ao longo de 2018. 7 Em 2018, queremos continuar a crescer de forma sustentada e estruturada em todos os segmentos, mantendo e reforçando a nossa liderança no mercado de ligeiros. Ambicionamos

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QUESTIONÁRIO TURBO OFICINA 1 Na perspetiva da sua empresa, como qualificaria a evolução do mercado de pneus em Portugal no ano de 2017? O mercado de pneus tem acompanhado a recuperação verificada na economia portuguesa? 2 Quais são os segmentos que têm vindo a registar maior crescimento e quais aqueles onde a procura tem vindo a diminuir? Qual o motivo? 3 O mercado continua a dar maior importância ao preço do que à qualidade do produto? 4 O mercado (cliente) português dá a importância devida ao pneu como elo de ligação entre o veículo e a estrada? Que ações devem ser tomadas para uma maior sensibilização para este tema? 5 Os produtos oriundos do Extremo Oriente estão a ganhar quota de mercado em Portugal? Qual a perspetiva da marca sobre esse tipo de produto? 6 Quais foram as principais novidades lançados pela marca no ano passado e qual tem sido a recetividade do mercado? 7 Quais são as principais novidades previstas para 2018?

também continuar a crescer no segmento de pesados, aportando novos serviços e soluções. Queremos reforçar a nossa comunicação junto dos consumidores para que sejamos claramente a marca número 1 no "Top of Mind" dos consumidores, sempre associada a atributos como Segurança, Tecnologia e Performance, indo de encontro às mais exigentes necessidades do mercado. Continuaremos a apostar no nosso projeto de responsabilidade social Vision Zero Acidentes e na nossa ambição de contribuir para a redução da sinistralidade rodoviária e para uma mobilidade mais segura, mais rápida e mais amiga do ambiente. Continuaremos a trabalhar no crescimento da nossa rede ContiService, com cada vez mais capilaridade nacional. Queremos continuar a desenvolver a rede 360º, para dar cada vez melhor resposta aos nossos clientes profissionais, diversificando o nosso negócio e estando de forma equilibrada nos diferentes canais de mercado. Mais do que produtos, queremos criar soluções de valor acrescentado para os nossos parceiros de negócio.

EURO TYRE

TELMO BARRADAS GESTOR DE PRODUTO 1 Podemos dizer que o ano de 2017 teve evolução “zero” dentro de um mercado que podemos classificar como “maduro”, com curva de performance estável. Se houve crescimento na economia, isso não se revelou de forma muito notória na distribuição e retalho. 2 No segmento “budget” houve um crescimento de presença dos pneus provenientes da China, em detrimento dos provenientes da Europa, sendo o motivo o preço. No segmento “quality” e “premium” o mercado manteve-se estável, tendo-se ainda assim notado no que toca ao distribuidor Euro Tyre

uma ligeira quebra nas marcas “premium”, pensamos que devido à perturbação criada pelos aumentos de preços por parte dos fabricantes relacionados com as matérias-primas. 3 Pensamos que sim, pois o pneu é mesmo cada vez mais visto pelo cliente final como um “commodity”, estando Portugal a entrar na mesma linha de tendência de Espanha em que cada vez mais o fator preço tem maior importância. O nível de serviço prestado pelos distribuidores ao cliente está a um nível tão elevado (leia-se “exagerado”), que os fatores diferenciadores de preferência dos clientes vão para a disponibilidade de produto e, claro, do preço. 4 Como já referimos, para o cliente final (nomeadamente o cliente particular) o pneu é um “commodity” e assim sendo, leva até à última a necessidade de trocar de pneus, a grande parte das vezes circulando à margem da Lei e, mais relevante que isso, colocando em risco as suas vidas e a dos outros. Nesta matéria as autorida-

O SEGMENTO DE PNEUS DE ALTA PERFORMANCE, COM JANTES IGUAIS OU SUPERIORES A 17", REPRESENTOU 25% DO MERCADO DE VEÍCULOS LIGEIROS


ce noutros países. A sua quota ainda é limitada, rondando os 25%, e as previsões apontam para que continue a crescer, mas a um ritmo mais lento. O parque de veículos está a evoluir rumo a pneus com melhor tecnologia, e a jantes de maiores dimensões, em que estes produtos asiáticos ainda são limitados.

des fiscalizadoras deveriam ter um papel fundamental no superior interesse da segurança rodoviária e dos seus utilizadores, com ações informativas e preventivas. 5 Sim, sem dúvida, principalmente no segmento utilitário (jante <=16). Com este aumento as marcas “Premium” estão cada vez mais a concentrar-se no segmento UHP. A Euro Tyre continua atenta a ambas as frentes e a estar preparada para enfrentar o presente e o futuro. 6 No mercado dos pneus foi garantida pela Eurotyre a exclusividade da marca Avon, detida pelo fabricante Cooper, notabilizada no mercado de superior qualidade no segmento “quality”, estando em marcha um projeto ambicioso de dinamização da marca. 7 Nos pneus, o projeto da marca Avon e no aftermarket a consolidação e crescimento da presença da Eurotyre como fornecedor global das oficinas.

GOODYEAR

HECTOR ARES DIRETOR DE COMUNICAÇÃO GOODYEAR DUNLOP 1 O mercado de pneus de turismo em Portugal, durante 2017, abrandou e caiu cerca de 2%, depois de se ter mantido relativamente estável no ano anterior. Trata-se de um mercado maduro, com um parque de veículos estável ao longo do

tempo. As novas matrículas de automóveis ligeiros cresceram 7,6% no ano passado, também um pouco menos do que em 2016. 2 Crescem os segmentos de 4x4/SUV e de comerciais, e cai o de turismo nos índices de velocidade mais baixos e jantes mais pequenas, mostrando um crescimento importante, de cerca de +6%, nas jantes de 17” e superiores. 3 Os critérios de comportamento e eficácia (condução, segurança, travagem) situam-se ao mesmo nível do critério do preço. Porém, se ao comportamento e eficácia, somarmos os critérios de marca, de confiança e de duração dos pneus, que também respondem pela qualidade dos mesmos, estes têm, claramente, um maior peso que o preço. 4 Neste sentido, é crucial a comunicação e que sejam realizadas campanhas informativas para um maior conhecimento dos pneus. Sobretudo, é fundamental consciencializar os condutores para o papel fundamental que desempenham os pneus na segurança ativa do veículo. Na Goodyear, consideramos que os pneus são um dos elementos do automóvel da maior importância para a segurança e, por isso, trabalhamos em permanência no sentido de identificar oportunidades que garantam um futuro melhor e mais seguro. 5 Os pneus oriundos da Ásia estão a ganhar peso no mercado português, tal como aconte-

6 Em 2017, apresentamos a nova gama Dunlop Sport Classic, pneus de alta performance, concebidos para automóveis clássicos das décadas de 60, 70 e 80 do século passado. As mais modernas tecnologias de construção e de compostos oferecem aderência, estabilidade e direcionabilidade em condições de piso molhado e seco, enquanto o desenho da banda de rolamento conserva a aparência clássica autêntica, tão apreciada pelos proprietários de automóveis clássicos. Adicionalmente, para os desportivos mais reputados, lançamos o Dunlop Sport Maxx Race 2, que oferece uma elevada aderência em piso seco, estabilidade em curva (mesmo sob elevadas forças G), direcionabilidade precisa e uma excelente estabilidade a alta velocidade. De igual modo, renovamos a gama de pneus para 4x4 e SUV da Goodyear com o novo Goodyear Wrangler All-Terrain Adventure, um novo pneu de todo-o-terreno que dá continuação ao legado da galardoada família Wrangler. Trata-se de um pneu resistente e duradouro para a condução em todo-o-terreno, mas também perfeitamente adequado para uma utilização em estrada. Graças a esta versatilidade, oferece ao condutor a possibilidade de circular fora da estrada asfaltada a qualquer momento. Por fim, a gama de pneus Goodyear para furgões e comerciais também foi renovada com o novo Goodyear EfficientGrip Cargo, que garante uma maior quilometragem e poupança de combustível, e assegura distâncias de travagem mais curtas sobre piso molhado. 7 Durante 2018, continuaremos a lançar novos produtos, que serão uma referência em todos os seus segmentos. No segmento SUV lançaremos dois modelos importantes, o Goodyear Eagle F1 Asymmetric 3 SUV e o Dunlop Sport Maxx RT2 SUV, que reforçarão o nosso posicionamento no segmento de maior crescimento do mercado. Além do mais, são produtos que reforçarão o lançamento, no ano passado, dos seus homólogos de turismo. No segmento das motos, existirão novidades com o lançamento do SportSmart TT, um novo pneu para "hypersport" que vem encerrar o ciclo com que renovamos por completo o nosso portefólio de produto neste segmento, tornando-nos no fabricante com a gama mais abrangente do mercado. Adicionalmente, para o segmento em contínuo crescimento de utilizadores de motos trail,

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ESPECIAL

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lançaremos o TrailSmart MAX, que aumenta consideravelmente a quilometragem relativamente ao seu antecessor.

NEX TYRE

ALDO MACHADO COUNTRY MANAGER 1 Na nossa ótica, o mercado de pneus em Portugal ter-se-á mantido em níveis similares a 2016, não apresentando um crescimento equivalente ao da economia do nosso país. 2 Contando com todos os produtos disponibilizados no mercado nacional, independentemente da sua origem, consideramos que existe um crescimento da quota de mercado correspondente a pneus económicos, comparativamente com pneus de qualidade superior ou premium, onde efetivamente poderá inclusive ter existido uma quebra importante relativamente a 2016. Um dos factores que mais prejudicou o ano de 2017 foi a subida exponencial do custo das matérias-primas, o qual teve um impacto enorme na subida e instabilidade de preços verificada ao longo do ano, ainda que esse impacto tenha produzido efeitos mais nefastos nos fabricantes europeus e, consequentemente, nos produtos de valor mais elevado. 3 O próprio desenvolvimento do mercado automóvel relativamente aos seus canais de venda permite destacar ainda mais essa tendência na nossa opinião, já que o crescimento verificado no sector turístico do nosso país tem tido um impacto direto na aquisição de viaturas por parte do sector de aluguer de viaturas que, pela atomização de operadores e pressão financeira existente num mercado altamente concorrencial, faz “pender” o mercado de reposição de pneus para produtos com preço mais acessível. Num mercado com características de crescimento “zero”, cada vez mais a quota de mercado de pneus económicos terá tendência a crescer por factores como este que indicámos. 4 Sincera e infelizmente, creio que uma grande fatia dos consumidores nacionais não perceciona de todo essa importância. Existem vários esforços que são realizados a nível institucional no sentido de que seja notório e imperativo que as condições de circulação das viaturas e a sua segurança são diretamente condicionadas pelo estado dos pneus. Dando um bom exemplo proveniente de Espanha, foi legislado um novo normativo nas inspeções periódicas de veículos com entrada em vigor neste ano para que o controlo do estado dos pneus seja fortemente fiscalizado através de pontos de inspeção mais rigorosos. Basta a qualquer um de nós visitar um retalhis-

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ta (ou até “passear” por um qualquer parque de estacionamento olhando atentamente para os pneus montados nas viaturas) para verificar que uma larga maioria dos pneus que são trocados já se encontram sem quaisquer condições para circular nas estradas! 5 Pelos diversos condicionalismos já referidos anteriormente, os pneus de origem asiática estão efetivamente a ganhar quota, existindo estimativas que apontam para que as importações destes produtos, em 2017, tenham aumentado cerca de 10% (e, sem os quais, a quebra do sector seria evidente). Na Nex, optámos por disponibilizar esse tipo de pneus no segmento "budget" no que toca a pneus ligeiros, optando por fabricantes de créditos firmados e que primam pela qualidade e

consistência de fornecimento ao longo do tempo, por forma a permitir aos nossos clientes um trabalho sólido e que garanta a continuidade da disponibilização da marca e dos seus produtos aos clientes finais. Existem inúmeros operadores no mercado que optam pela oferta de pneus económicos sem qualquer distinção de marca e focalizados apenas no fator (baixo) preço, mas entendemos que a perspetiva de continuidade que a Nex possui nos seus valores permite alavancar a confiança dos nossos clientes nos produtos que comercializamos. 6 Em 2017, a Nex lançou 4 novidades de maior impacto e visibilidade: garantimos a exclusividade da marca Kleber para o nosso país, iniciámos a comercialização da gama de camião da Kumho e da marca Ozka em pneus agrícolas

VENDAS DE PNEUS DE LIGEIROS NA EUROPA EM 2017 EM MIL UNIDADES *

2016

2017

VARIAÇÃO %

Pneus de substituição

206.684 204.838 -1%

Pneus de Equipamento Original1

86.150 86.779 +1%

Pneus de verão

116.312

112.108

-4%

Pneus de inverno

56.144

56.971

+1%

*As discrepâncias com os dados publicados anteriormente devem-se a correções de periódicas Os números da tabela referem-se a pneus de ligeiros de passageiros, SUV e comerciais ligeiros 1

As vendas de EO também incluem a Turquia


QUESTIONÁRIO TURBO OFICINA 1 Na perspetiva da empresa, como qualificaria a evolução do mercado de pneus em Portugal no ano de 2017? O mercado de pneus tem acompanhado a recuperação verificada na economia portuguesa? 2 Quais são os segmentos que têm vindo a registar maior crescimento e quais aqueles onde a procura tem vindo a diminuir? Qual o motivo? 3 O mercado continua a dar maior importância ao preço do que à qualidade do produto? 4 O mercado (cliente) português dá a importância devida ao pneu como elo de ligação entre o veículo e a estrada? Que ações devem ser tomadas para uma maior sensibilização para este tema? 5 Os produtos oriundos do Extremo Oriente estão a ganhar quota de mercado em Portugal? Qual a perspetiva da marca sobre esse tipo de produto? 6 Quais foram as principais novidades lançados pela marca no ano passado e qual tem sido a recetividade do mercado? 7 Quais são as principais novidades previstas para 2018?

como distribuidor único em Portugal e ampliámos a nossa oferta com a inclusão dos pneus de moto. Com a confiança dos nossos clientes e pelo esforço e dedicação da toda a equipa da Nex, achamos que fomos muito bem-sucedidos em todas estas iniciativas que, em 2018, continuarão a fazer parte do nosso quotidiano. 7 Essencialmente contamos promover uma série de melhorias nos serviços prestados aos nossos clientes. Estamos muito focados neste tema porque entendemos que o 3.º ano de presença da Nex em Portugal – talvez o primeiro ano de consolidação – passa por assegurar (e dinamizar) um nível de qualidade máximo aos nossos clientes. Ainda assim, podemos numa ou noutra gama incluir alguma novidade mas, num portefolio tão vasto e exigente ao nível de recursos, serão apenas consideradas oportunidades que se tornem em mais-valias notórias para os nossos clientes.

PIRELLI

ELLENA BALLISTA DIRETORA DE VENDAS 1 A recuperação da economia portuguesa progride a bom ritmo, embora os seus bons números macroeconómicos não tenham ainda tido um impacto direto na atividade do setor. No entanto, a estimativa do balanço a nível de "sell-out" em 2017 demonstra-nos um mercado com uma tendência negativa.

Se estudarmos os valores de fecho de mercado de pneus em Portugal da Europool, não encontramos relação com os de matrículas de automóveis, embora esta circunstância não seja estranha. Foram registadas 222.134 novas matrículas, 7,1% mais do que em 2016, contra a descida de 7,3% dos pneus. Contudo, não podemos fugir ao fator da compensação das importações – maioritariamente asiáticas – que, se forem acrescentadas aos dados globais oficiais, acabarão por equilibrar a balança ou até finalizar com um ligeiro crescimento. 2 Por segmento, o maior crescimento foi registado entre os 4x4 e os SUV, que contrasta com a queda dos turismo e comerciais. Também constatámos a descida do mercado de jantes de 16” e inferiores, enquanto o das de 17” ou superiores não pára de crescer, de ano para ano. O aumento na venda de pneus para 4x4 e SUV é explicado pela progressão das matrículas neste tipo de modelos desde há vários anos, cada vez mais populares tanto no nosso país, como em boa parte da Europa. 3 O preço é, sem dúvida, um dos critérios que mais peso tem na decisão de compra. Esta atitude do consumidor evidencia-se na gama standard (16” e inferiores) que, atualmente, anima a grande maior parte do parque automóvel português. No entanto, nos últimos anos, e tal como referi anteriormente, tem-se registado um movimento generalizado para as medidas de 17” e superiores, como consequência da renovação do parque e das suas novas medidas. Estes novos modelos evidenciam uma inclinação, desde o primeiro momento, para pneus com uma maior componente tecnológica (Runflat, Seal Inside, produtos com marcação, etc.), e o seu condutor valoriza a substituição por um produto em consonância com o modelo que conduz. A estes fatores junta-se o importante papel

das redes especializadas em pneus, cuja assessoria ao consumidor no processo de compra é essencial dada a mencionada carga tecnológica dos produtos atuais e à necessidade de corresponder melhor às prestações dos veículos. 4 Ainda temos um longo caminho a percorrer em informação e educação do condutor português no que respeita à importância do pneu no automóvel e, em particular, ao controlo periódico do seu estado (verificação da profundidade da banda de rodagem, o estado geral do pneu e a sua correta pressão). Para contrariá-lo, devemos trabalhar de forma conjunta com todos os intervenientes do mercado, e aqui incluo os fabricantes, os operadores "trade" e as autoridades. Entre todos devemos intensificar a informação mediante múltiplas vias: campanhas de sensibilização, formação dos profissionais, disponibilidade de material no ponto de venda, etc. No fundo, trata-se de atuar de um modo semelhante a outros mercados, dando especial ênfase em determinados períodos do ano: operações de viagens de verão e início do outono e inverno. 5 Desde sempre, o mercado português depositou um importante peso nas marcas de importação em relação ao potencial total do país. Este fator, juntamente com a crise económica dos últimos anos, aumentou o volume deste tipo de produtos, que se concentram maioritariamente na gama standard (16” e inferiores), a parte preponderante do mercado. Nas medidas superiores reduz-se substancialmente a incidência desta classe de importações, normalmente porque se trata de pneus associados a um componente tecnológico mais avançado, produzidos por fabricantes mais reconhecidos. 6 A Pirelli apresentou, em 2017, o seu novo emblema de altas prestações, o P Zero, que estreia a geração com um produto que manteve a sua liderança em homologações, os seus valores de alto rendimento e com uma considerável melhoria em sustentabilidade e consumo de combustível. Além disso, foram desvendadas melhorias de produto em alguns modelos emblemáticos da gama: os novos Cinturato P7 Blue e All Season Plus, e o Scorpion Zero All Season. Em todos foi registado um aperfeiçoamento em prestações, sem renunciar aos seus reconhecidos atributos. 7 A nível de novidades, não podemos avançar os lançamentos de produto, que desvendaremos oportunamente através dos nossos canais de comunicação. De qualquer forma, a marca é muito consciente de que o segmento SUV está em franco crescimento e é provável que as próximas apresentações sigam esta linha. /

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NOTÍCIAS

PNEUS

PIRELLI

GAMA PARA LAMBORGHINI URUS

A

Pirelli desenvolveu três tipos de famílias de pneus para o Lamborghini Urus, recentemente apresentado. O primeiro SUV da marca italiana de automóveis desportivos pode ser equipado com os pneumáticos P Zero, P Zero Corsa e Scorpion, que oferecem uma gama de medidas que vai das jantes de 21 a 23 polegadas. Dadas as elevadas prestações deste novo modelo, que consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,6 segundos e atingir uma velocidade máxima de 305 km/h, os engenheiros da Pirelli tiveram de desenvolver mais que um modelo de pneumáticos para responder às exigências extremas daquele SUV. Assim, as três principais referências foram adaptadas e otimizadas para enfrentar os mais diversos estilos de condução: o P Zero destina-se aos amantes das elevadas prestações; o P Zero Corsa está vocacionado para autódromos; e o Scorpion foi concebido para utilizações fora de estrada, tendo sido desenhado para percursos de todo-o-terreno, encontrando-se disponível em versões Summer, Winter, All Season e All Terrain. Segundo a Pirelli, todos estes pneus são “um fiel reflexo do espírito do SUV mais rápido do mundo, capaz de demonstrar as suas credenciais sobre neve, terra, areia, estrada e circuito, sem jamais renunciar a uma condução desportiva”. O desafio técnico mais importante que os engenheiros da Pirelli tiveram com o novo Urus, foi a conceção de pneus capazes de lidar com

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as diferentes exigências, misturando conceitos como a máxima aderência sobre o asfalto seco ou molhado, a tração sobre a neve, resistência aos furos e condução Off-road e resistência ao desgaste. O resultado final foi a criação de pneus extremamente rápidos em circuito, mas também versáteis sobre a neve ou caminhos de terra. Em todos eles, sem comprometer o conforto, um dos atributos mais importantes que os SUV devem oferecer. O trabalho de desenvolvimento dos técnicos da Pirelli concentrou-se no composto e na banda de rodagem que foi desenhada especificamente para atingir a máxima aderência e uma excelente flexibilidade para enfrentar os diferentes tipos de piso que podem alternar de uma forma rápida. Neste sentido, o pneu apresenta um desenho com um padrão mais aberto que prescinde mesmo de alguns tacos e proporciona uma exímia condução em estrada off-road, além de oferecer excelente comportamento e a máxima segurança em estradas secas ou molhadas. O Lamborghini Urus conta assim com uma ampla opção de pneus da Pirelli para os mais diversos tipos de utilização: os adeptos de off-road poderão confiar num pneu capaz de oferecer um desempenho seguro em estradas convencionais, molhadas e com neve; os amantes de prestações puras em circuito, não irão sentir a sua condução prejudicada pelo ecossistema urbano. /


BRIDGESTONE

NOVA DISTINÇÃO “CINCO ESTRELAS”

A

Bridgestone voltou a ser distinguida com o Prémio Cinco Estrelas 2018 na categoria “Marca de Pneus”, de acordo com um sistema de avaliação baseado na satisfação de 1833 consumidores portugueses. Esta categoria tinha seis marcas concorrentes. A Bridgestone foi a marca que recebeu a melhor avaliação (7,5/10), sendo considerada uma marca “Muito boa”, com base em critérios como a capacidade de aderência, a segurança e a intenção de recomendação dos seus produtos. A Bridgestone recebeu a distinção “Cinco Estrelas” pelo segundo ano consecutivo, tendo sido agora destacada enquanto marca de qualidade notória por parte dos consumidores. Para André Bettencourt, Diretor de Marketing da Bridgestone Europe Sucursal em Portugal, “é uma enorme honra voltar a receber um prémio Cinco Estrelas, desta vez enquanto avaliação global da marca, dado basear-se na opinião dos nossos consumidores”. “Este tipo de distinções vem reafirmar a prioridade estabelecida pela Bridgestone para os padrões de qualidade, segurança e inovação dos nossos produtos,

NOVO DIRETOR DA HANKOOK EUROPA

na perspetiva daqueles cuja opinião mais nos importa: os nossos clientes.” No ano passado, a Bridgestone arrecadou o Prémio Cinco Estrelas 2017, na categoria Pneus, com o DriveGuard - um pneu que permite ao condutor continuar a conduzir até mais 80 quilómetros, a uma velocidade máxima de 80 km/h, mesmo após um furo ou perda de pressão.

EAGLE ASYMMETRIC

PNEUS GOODYEAR PARA AUDI A8

O

pneu de verão Eagle F1 Asymmetric 3 e o de inverno UltraGrip Performance Gen-1 da Goodyear, foram anunciados como equipamento de origem para o novo Audi A8. Ambos os pneumáticos apresentam marcação “AO” e “AO1”, confirmando que foram aprovados pela Audi como equipamento de origem, tendo sido desenvolvidos especificamente para os seus veículos. O novo modelo da berlina topo de gama da Audi poderá equipar vários modelos e medidas: os pneumáticos UltraGrip Performance Gen-1 estarão disponíveis nas medidas 235/55 R18 104H XL 2 265/40 R20 104V XL, enquanto os Eagle F1 Asymmetric 3 se apresentam nas medidas 265/40 R20 104Y XL e 255/45 R19 104Y XL, este último, na versão padrão ou na versão Ultra-Low Rolling Resistance. Assegurando uma condução mais confortável, os modelos Eagle F1 Asymmetric 3 foram desenvolvidos com a tecnologia SoundComfort da Goodyear que, com uma espuma de poliuretano de célula aberta, absorve o ruído produzido pela vibração de ar no pneu. Esta tecno-

A Hankook nomeou HanJun Kim como diretor de operações na Europa e CIS, bem como presidente da sede europeia. Sucede a HoYoul Pae que, nos últimos quatro anos, consolidou a marca no mercado europeu, nomeadamente com a construção da fábrica na Hungria e a inauguração de instalações de testes na Finlândia. Han-Jun Kim começou o seu percurso na Hankook em 2011 e ocupava o cargo de vice-presidente sénior de gestão corporativa na sede mundial, em Seul. Juntando a sua experiência em gestão de empresas de grande prestígio com os sólidos conhecimentos do setor automóvel, Han-Jun Kim irá enfrentar o desafio de continuar a expansão da marca na Europa.

BKT MARCA PRESENÇA NA FIMA 2018 A BKT anunciou a presença no FIMA 2018 (20 a 24 de fevereiro), o maior evento do setor da maquinaria agrícola a realizar em Espanha, já considerada uma referência em solo europeu. Em Saragoça, a marca indiana, representada em Portugal pela S. José Pneus, voltará a mostrar os seus pneus como produto premium.

logia pode tornar o interior do veículo cerca de 50% mais silencioso, quando comparado com pneus convencionais.

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REPORTAGEM

CES-2018

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CORRIDA PELA CONDUÇÃO AUTÓNOMA À febre da eletrificação do automóvel seguiu-se a da autonomização da sua condução. E agora assiste-se a uma “corrida” para ver quem desenvolve primeiro o melhor sistema de condução autónoma para dominar um imenso mercado que se abrirá na próxima década. Algumas das mais recentes novidades apareceram na maior feira de eletrónica do Mundo! TEXTO SÉRGIO VEIGA

C

ondução autónoma, inteligência artificial ou conetividade 5G irão tornar-se, em breve, termos tão banais no mundo automóvel como são hoje suspensões ativas, discos de travões carbocerâmicos ou injetores “common rail”. À velocidade a que a tecnologia avança, as oficinas num futuro não muito longínquo serão mais semelhantes a serviços de informática que propriamente a centros de reparação mecânica… Agora, cada feira que se realize em torno das mais recentes inovações já sabe que tem uma boa parte das atenções “capturada” pelo automóvel que começa a dispensar os tradicionais salões do setor para apresentar as maiores novidades tecnológicas. Para estes ficam os… “embrulhos”, as formas finais dos modelos que irão seduzir os clientes e captar os holofotes mediáticos. Que, na sua voracidade pela novidade, não têm vagar nem, muitas vezes, vocação para “levantar” a carroçaria e espreitar o que se esconde de novo ali por baixo. Daí que muitas empresas, fornecedoras e até mesmo construtoras, tenham passado a aproveitar os certames em que a inovação está no centro das atenções para exibirem as mais recentes tecnologias. O maior exemplo disso é o CES – Consumer Electronics Show – que, no início de todos os anos, se realiza em Las Vegas, sendo a maior feira mundial de eletrónica, com mais de 3900 expositores e cerca de 180 mil visitantes. Há já

UM CONSTRUTOR CHINÊS FEZ UMA VOLUMOSA ENCOMENDA DO NOVO CONTROLADOR DA ZF COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA DOTAR OS SEUS CARROS DE CONDUÇÃO AUTÓNOMA DE NÍVEL 4!

algum tempo que o automóvel se impôs como presença incontornável do CES e, na edição de 2018, deu particularmente nas vistas, com diversas propostas de sistemas de condução autónoma e de aplicação da Inteligência Artificial ao seu funcionamento. É todo um novo mundo que se abrirá, quando um automóvel não só tiver a capacidade – e as autorizações legais… – para se guiar sozinho, mas também conseguir aprender os gostos e desejos dos seus utilizadores, adaptando o seu funcionamento para os satisfazer. E isto já não é ficção científica! A ZF foi das empresas que mais surpreendeu no CES, ao apresentar o ProAI, o controlador com capacidades de Inteligência Artificial desenvolvido em parceria com a Nvidia, empresa a que vários construtores estão também a recorrer. A novidade é que, não só o ProAI é já uma versão pronta a ser produzida e comercializada, apenas um ano depois da exibição do primeiro protótipo, como a ZF já recebeu uma volumosa encomenda por parte de um construtor chinês que pretende dotar um modelo seu de capacidade autónoma de nível 4. Com o ProAI, a ZF assume uma abordagem modular à condução autónoma, ou seja, aquele sistema de Inteligência Artificial poderá ser aplicado a qualquer veículo e adaptado às exigências, quer do “hardware” existente no próprio veículo, quer do nível de automação que se pretender. Em sua “casa”, a ZF equipou um automóvel e colocou o foco no seu comportamento em ambiente urbano, mais complexo que numa autoestrada ou estrada, por ter de

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REPORTAGEM

CES-2018

prever o comportamento de peões isolados ou em grupo e de responder a semáforos ou às regras de trânsito em rotundas. Um desenvolvimento que faz parte do seu programa “Vision Zero”, buscando uma mobilidade sem acidentes nem emissões. O ProAI é, no fundo, um supercomputador – também ele pode ter diversas escalas, em função do que se pretende – que consegue gerir uma gigantesca quantidade de informação, de forma a tomar as melhores decisões, controlando depois o automóvel. O exemplar exposto no CES, por exemplo, usava um CPU de 8 Core com capacidade para 30 triliões de operações por segundo com um consumo de apenas 30 Watt. É aí que chegam as informações recolhidas pelas câmaras, radar e Lidar – tem funcionamento semelhante ao do radar, mas usa luz, normalmente laser, em vez de ondas rádio – que atualiza tudo o que se passa em torno do carro a cada 40 milissegundos. Só para se ter uma ideia da quantidade de informação a processar, só uma câmara gera 1 Gb de dados por segundo! O ProAI não só tem a capacidade de processar toda aquela informação e controlar o carro em função dela mas também, pela Inteligência Artificial, ir aprendendo com as várias situações do dia-a-dia para, em situações futuras, adaptar a sua capacidade de resposta. O SENSOR DE LIDAR MAIS EVOLUÍDO Mas muitas outras empresas apresentaram novidades no CES, sempre muito viradas para a autêntica corrida à condução autónoma. Afinal, está agora a discutir-se quem serão os grandes fornecedores desta tecnologia que irá entrar em força nos nossos carros da próxima década… E para esses sistemas funcionarem na perfeição (e menos que isso não chega!), o rigor das medições e da “leitura” do que se passa em torno do automóvel são decisivas. Chamou, por isso, a atenção o Lidar apresentado pela Innoviz Technologies, apresentado como «o mais preciso e fiável sensor» feito até hoje, com um alcance de 150 metros e grande amplitude, a uma velocidade de 20 “frames” por segundo. O resultado é uma malha tridimensional muito densa de pontos, independentemente de ser de noite ou de o sol brilhar, de chover ou da velocidade do veículo. A Innoviz anunciou que o seu Lidar integraria sistemas a serem desenvolvidos pela Magna e pela Aptiv que integra a Delphi. Aliás, a Aptiv deu nas vistas em Las Vegas, em parceria com a Lyft, ao ter um carro autónomo que transportava visitantes do CES para um de vinte

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destinos previamente programados. Claro que o carro tinha um condutor de… “back up” ao volante, mas sem lhe tocar, exibindo a tecnologia já perfeitamente desenvolvida e, mais ainda, com todos os sensores perfeitamente integrados, sem aquela habitual parafernália na carroçaria que se costuma ver nos veículos de teste de condução autónoma. A Aptiv assegura que terá a tecnologia pronta para produção em 2019. Mais uma vez, assim a parte jurídica esteja definida até lá… Na evolução para a condução autónoma, a Nissan parece ir ainda mais longe e, não tendo apresentado propriamente nenhum dispositivo, mostrou um estudo que está a desenvolver na direção daquilo que designa de B2V ou “Brain to Vehicle” (do cérebro para o carro). Em termos genéricos, a marca nipónica estuda uma forma de captar os sinais cerebrais do condutor para conseguir prever e detetar o que ele pretende fazer e assim adaptar o carro 2 a 5 décimos de segundo antes de o condutor o fazer! Porque, defende a Nissan, seria mais

divertido falar em condução… partilhada em vez de autónoma, em que o condutor manteria o prazer de condução sendo ajudado pelo carro e, quando não lhe apetecesse mais, entregaria o comando ao automóvel autónomo. Uma visão diferente, mas igualmente interessante. A INEVITABILIDADE DA REDE 5G O que parece indispensável para que se possa avançar com segurança para uma geração de automóveis autónomos é a conectividade 5G, a única que garantirá uma comunicação segura entre os carros que andarão “sozinhos” na estrada, de forma a evitarem os acidentes. A Samsung parece estar a liderar os testes e o desenvolvimento dessa rede, tendo feito há pouco tempo testes muito satisfatórios num comboio, no Japão, a cerca de 100 km/h. Novos testes estão previstos para os Estados Unidos, dentro de meses. Mas enquanto desenvolve a tecnologia, a Samsung, através da sua marca Harman, revelou aquilo a que chamou de «cockpit» digi-


O INTERIOR DOS NOSSOS AUTOMÓVEIS PARECE ESTAR A MUDAR AOS POUCOS,MAS A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA DEIXA LATENTE A PERSPETIVA DE UMA MUDANÇA REPENTINA PARA ALGO DE RADICALMENTE NOVO, TALVEZ JÁ NA PRÓXIMA DÉCADA...

tal, já preparado para a tal conectividade 5G. Trata-se, afinal, de um extenso painel digital que ocupará quase a largura total de um automóvel, dividindo-se por várias zonas, com utilizações distintas. Pode ser comandado por voz, gestos ou tato e será também uma base para a chamada “Internet das coisas”, permitindo o controlo, por exemplo, de vários aparelhos domésticos a partir do automóvel. A Harman e a Samsung anunciaram que as experiências com a rede 5G tinham permitido velocidades de transmissão cem vezes superiores às da rede 4G, abrindo portas a um mundo de realidade aumentada ou de “streaming” em alta resolução até aqui impossível. Mais realista, mas nem por isso menos entusiasmante, foi a revelação do painel do novo Classe A, cerca de um mês antes de a Mercedes revelar a nova geração do seu modelo compacto. Não deixa de ser significativo que a marca alemã tenha escolhido uma feira de produtos eletrónicos para apresentar a mais recente geração de sistema de infoentretenimento a que chama “Mercedes-Benz User Experience” ou apenas MBUX. Será a democratização dos painéis digitais que já equipam as suas gamas mais caras e aqui aparecem no modelo de acesso à marca da estrela mas podendo, no nível mais alto de equipamento, receber dois grandes ecrãs de 10,25 polegadas! Qualquer que seja o nível de equipamento, o MBUX assenta sempre num CPU de seis núcleos (6 Core) com 8 Gb de RAM e placa gráfica da Nvidia. O sistema poderá ser comandado por voz ou gestos e usará um sistema de navegação de disco rígido com o sistema de mapas HERE. Para luz ambiente haverá uma escolha de 64 cores. /

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NOTÍCIAS

INTERNACIONAIS

MAIS CUSTOS PARA CLIENTES E OFICINAS

TECNOLOGIAS ENCARECEM AS REPARAÇÕES

A

proliferação de modelos SUV e de novas tecnologias aumentou consideravelmente os preços das reparações em caso de colisão, mas também dos investimentos exigidos às oficinas para as realizarem. Esta é a conclusão de um estudo realizado em França, pelo organismo SRA (Sécurité et Réparation Automobiles) que trabalha primordialmente para seguradoras. A SRA destaca a quantidade de tecnologia embarcada nos modelos mais recentes (para as ajudas à condução) como sendo a causa do aumento dos preços de reparação, após uma colisão. Há casos em que isso é óbvio, como os modelos que dispõem de sistemas de radar ou lidar – o mesmo que o radar mas que funciona por feixe de luz, habitualmente laser, em vez de ondas de rádio – instalados por trás da grelha dianteira, bem como dos sensores de estacionamento nos para-choques. Só isso já tornará a reparação mais onerosa do que a de um veículo antigo sem qualquer desses elementos. Mas há outros detalhes que podem nem implicar a mudança dos sensores usados e que acabam por implicar custos avultados, não só para os clientes mas também para as próprias oficinas. Um exemplo: a troca de um para-brisas quebrado obriga à recalibragem das câmaras que os mais modernos modelos têm por trás do retrovisor interno e que servem, entre outras coisas, para ler os traços das vias para os sistemas de manutenção do carro na faixa de rodagem, para a leitura dos sinais de trânsito ou para “alimentar” sistemas activos como o “cruise control” adaptativo ou a travagem automática de emergência. “São funções de segurança que exigem uma calibragem perfeita das câmaras, para que tenham uma visão sem falhas de todo o espaço livre à frente do carro”, explicou Irène Cochen-Adad, especialista do setor de reparações na Renault. “Por isso é imperativo recalibrar a câmara após a troca de um para-brisas, o que exige uma ferramenta específica”. Só essa operação demora cerca de 40 minutos e a tal “ferramenta” (um tapete e um painel com miras específicas) custa 830 € em França, mas de nada vale sem um conjunto completo de diagnóstico cujo preço pode chegar… aos 15 mil euros, além de obrigar a uma formação específica! Aquela responsável adianta que, num futuro a médio prazo, já será possível fazer aquela recalibragem de forma dinâmica (leia-se com o carro em movimento), sem aparelhagem especializada e em apenas 10 minutos. Mas isso

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VERMELHO É A COR PREDOMINANTE

FEBI RENOVOU IMAGEM E ESTÁ MAIS INTERNACIONAL

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febi renovou a sua imagem, modernizando-a com a predominância do vermelho, mas numa equilibrada combinação com o branco. Fica, assim, para trás, a mistura entre o azul e vermelho que marcou a imagem da febi, embora o logótipo, criado em 1994, se mantenha inalterado. Por outro lado, o tradicional “slogan” da marca “Solutions Made in Germany” irá manter-se mas agora estará na língua inglesa em todos os mercados. Uma opção que vem refletir a progressiva internacionalização da febi. Embora esta nova imagem de marca tenha sido dada a conhecer já em outubro do ano passado, durante a feira internacional do aftermarket, Equip Auto, em Paris, é a partir de agora que se tornará mais visível em todas as campanhas da febi e, em especial, no seu site igualmente renovado. No endereço www.febi.com poderá perceber como inclui agora uma visão geral claramente estruturada das ofertas, tanto para veículos ligeiros como para pesados, com destaque para os veículos comerciais ligeiros (LCV).

A febi vê nesta alteração de imagem uma das ferramentas da sua estratégia para, segundo Beate Theis, directora da marca no bilstein group (que conta ainda com a SWAG e a Blue Print) se apresentar “como uma forma inovadora no aftermarket automóvel”. “O objetivo da febi é ser a n.º 1 no aftermarket, no passado, no presente e no futuro”, acrescentou.

SUSPENSÃO COM “KNOW HOW” TENNECO

só será possível em condições otimizadas, sem engarrafamentos, em linha reta e sem declives. Em relação aos custos das peças a substituir, no caso de uma colisão frontal, aumentou cerca de 26% nos carros mais modernos, devido a todos os componentes adicionais que é preciso trocar, como sensores, câmaras, radares ou faróis de última geração, sejam de xénon ou LED. Os embates na traseira, onde há menos tecnologia, implicam agora custos 9,3% superiores. Por fim, o estudo aponta para um custo superior da reparação dos SUV em relação às berlinas, após uma colisão, o que é válido para todo o tipo de SUV ou «crossovers» e não apenas para os grandes modelos ditos “premium”. Esses modelos, pelas maiores dimensões, costumam ter mais aparelhagem colocada por trás da grelha ou do para-choques dianteiro, onerando os arranjos. Este é o lado desagradável para os clientes – mas também para as oficinas pelos investimentos adicionais que são obrigadas a fazer – das novas tecnologias de segurança que, no entanto, contribuem decisivamente para evitar muitos acidentes. /

TECNOLOGIA MULTI-TUNE VALVE NO SUZUKI SWIFT

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Tenneco vai fornecer a tecnologia de suspensão Multi-Tune Valve (MTV) à Suzuki, que passará a equipar o Swift Sport, fabricado no Japão, e o sedã compacto Dzire, que é produzido na Índia pela Maruti Suzuki India Limited. A Tenneco trabalha com a Suzuki há mais de dez anos, tendo sido fornecedora de equipamento original de amortecedores traseiros e braços de suspensão dianteiros da anterior geração do Swift e do Swift Sport. O novo Swift, lançado no salão de Frankfurt de 2017, também vai utilizar amortecedores traseiros e braços dianteiros de suspensão da Tenneco. “A tecnologia de válvulas MTV da Tenneco foi projetada com precisão para oferecer aos nossos clientes uma grande flexibilidade quando se trata de ajustar as características do veículo para o melhor equilíbrio possível de desempenho e conforto”, afirma Martin Hendricks, vice-presidente executivo e presidente da Tenneco Ride Performance.

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NOTÍCIAS

INTERNACIONAIS

SCHEIDER PRESIDE AO GRUPO ZF Wolf-Henning Scheider é o novo presidente executivo da ZF Friedrichshafen AG, sucedendo a Konstantin Sauer na liderança do Grupo ZF. Sheider (55 anos) já liderou algumas das maiores empresas do sector, tendo feito grande parte da sua carreira na Bosch, onde chegou a chefiar as divisões de Multimedia Automóvel e de Sistemas de Gasolina, antes de integrar o Conselho de Administração. Em 2015 passou para o Grupo Mahle, onde assumiu a presidência executiva. Agora, comandará a empresa líder em tecnologias de chassis e de segurança ativa e passiva, presente em 40 países, com 140 mil trabalhadores.

GLASURIT COM PINTURA PARA CLÁSSICOS A Glasurit desenvolveu o programa Classic Car Color para responder ao aumento da popularidade dos carros clássicos. Abrange inúmeros aspetos de pintura dos clássicos, assegurando a aplicação correta das cores originais da época do veículo. Este programa conta com um banco de mais de 250.000 cores e 600.000 fórmulas de mistura. “Assim satisfazemos as necessidades dos proprietários, combinando cerca de 130 anos de experiência em pintura e uma rede abrangente”, disse Katja Scharpwinkel, diretor da BASF Automotive Refinish EMEA.

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INOVAÇÃO DA MAGNA COM ORIGEM… MILITAR

O RADAR QUE TUDO “VÊ”

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odos os dias a tecnologia dá mais um passo para que os automóveis se aproximem da total autonomia, sendo um dos pontos mais importantes a sua capacidade de “ver” e analisar o que se passa à sua volta. Um dos últimos avanços foi exibido pela Magna International e tem origem… militar! O Icon Radar é apresentado como o mais avançado radar até agora concebido para automóveis, tanto no detalhe como no alcance. O Icon Radar deriva de tecnologias militares e foi desenvolvido em parceria com uma “startup” tecnológica, a Uhnder, sendo apresentado pela Magna como uma “ajuda fundamental para se conseguir passar do nível 3 para o nível 5 de autonomia, para se atingir uma condução autónoma totalmente fiável”. O responsável tecnológico da Magna, Swamy Kotagiri, explicou que consegue “varrer” o

espaço à volta do automóvel cinquenta vezes mais depressa que um piscar de olho. “A Magna identificou algumas das mais avançadas tecnologias do mundo e ‘auto-qualificou-as’ para serem usadas na indústria automóvel. O nosso Icon Radar foi buscar o melhor à tecnologia militar e evoluiu a partir daí adaptando-se à utilização no automóvel”. Este novo radar controla o que se passa à frente do automóvel de forma contínua e em quatro dimensões – distância, altura, profundidade e velocidade – com alcance superior a 300 metros, podendo detetar quase 100 vezes mais objetos que outros sistemas de radar, além de classificar cada um deles: crianças, ciclistas, animais, peões são bem diferenciados de outros veículos ou objetos na estrada. E isso faz toda a diferença na atuação de sistemas como a travagem automática de emergência.

CRESCIMENTO DE MAIS DE 8% EM 2017

CONTINENTAL PASSOU OBJETIVOS

C

om um crescimento do volume de vendas superior aos 8%, a Continental superou os objetivos comerciais a que se tinha proposto no ano de 2017, atingindo um valor de cerca de 44 mil milhões de euros. Com uma excelente “performance” no quarto trimestre do ano, a Continental garantiu uma subida anual significativamente mais acentuada do que, por exemplo, a do mercado global de produção de veículos ligeiros (passageiros e comerciais) que cresceu 2%. “A curva de sucesso da Continental continua a apontar para cima. Os nossos pontos fortes da inovação nas áreas da condução assistida e

automatizada, da interligação, bem como da eletrificação, ajudaram-nos a atingir de novo um crescimento acima da média”, regozijou-se Elmar Degenhart, presidente executivo da Continental. “Esse trabalho árduo reflete-se, acima de tudo, no aumento da entrada de encomendas do nosso Automotive Group que, em 2017, cresceu para mais de 39 mil milhões de euros”. Esperando ligeiro aumento da produção mundial de veículos ligeiros em mais de 1%, para cerca de 97 milhões de veículos, a Continental prevê, para 2018, um crescimento do volume de vendas para cerca de 47 mil milhões de euros.


APOSTA NA INOVAÇÃO PARA A MOBILIDADE VAI SER REFORÇADA

BOSCH ALCANÇA 78 MIL MILHÕES DE EUROS EM 2017

O

Grupo Bosch teve um belíssimo ano de 2017, com os resultados financeiros a mostrarem um aumento de vendas de 6,7% em relação a 2016. De acordo com os resultados preliminares, o grupo apresentou vendas na ordem dos 78 mil milhões de euros. Ainda assim, este valor foi afetado negativamente pelas taxas de câmbio, no valor de 1,2 mil milhões de euros “Ultrapassámos as nossas previsões e aumentámos a rentabilidade. Em 2017, o valor de vendas foi o mais alto de sempre”, afirmou Volkmar Denner, presidente do conselho de administração da Robert Bosch GmbH. As previsões apontam para que a trajetória de crescimento seja mantida este ano (o Grupo espera crescer cerca de 2,5%, acompanhando o crescimento económico global), pela força da inovação e do foco estratégico na conectividade, o que poderá aumentar as vendas do grupo em mais de mil milhões de euros. Uma realidade que se estenderá a todas as áreas, com óbvio enfoque no automóvel, mas também nas fábricas, edifícios e, de forma mais geral, nas cidades. PUBLICIDADE

Em relação à mobilidade urbana, Denner afirma querê-la sem emissões, sem stress e livre de acidentes e que para tal, esta será automatizada, eletrificada e conectada com o tráfego rodoviário. Já a partir deste verão, a plataforma de

partilha Coup trará as suas e-scooters para as ruas de Madrid. No sentido da eletrificação da mobilidade urbana, a parceria com a Daimler será também reforçada, com novos testes de estrada a decorrerem durante todo o ano de 2018.


NOTÍCIAS

INTERNACIONAIS

ALERTA DA ASSOCIAÇÃO DE CONSTRUTORES

CONECTIVIDADE ATRAI «HACKERS»!

A

autêntica corrida a que se assiste entre os construtores para disponibilizar automóveis cada vez mais conectados e a perspetiva real de eles passarem a comunicar uns com os outros, com a chegada da condução autónoma, deixa em aberto uma preocupante questão de segurança cibernética e irá tornar-se um irresistível convite aos «hackers» que pode ter consequências imprevisíveis a nível da segurança rodoviária! O assustador alerta partiu do próprio director jurídico da ACEA, a associação dos construtores europeus, Mark Greven, que traçou um cenário preocupante. Para que sejam tomadas medidas sérias, em vez de todo o mercado estar sofregamente concentrado em perseguir os 128 mil mi-

lhões de euros que se calcula que, em 2022, deverão valer todos os serviços que gravitarão em torno dos automóveis conectados… Levantando questões pertinentes: “Os construtores devem assegurar-se de que a troca de dados não pode impedir que os veículos se mantenham totalmente seguros, é fundamental!”. Mark Greven foi específico no alerta para um futuro que está já “ao virar da esquina”: “O acesso aos dados em tempo real coloca grandes problemas de segurança. Se criamos pontos de acesso aos nossos veículos estamos a criar o mesmo número de riscos à nossa segurança. Quando um equipamento é instalado em milhões de modelos, é natural que suscite o interesse de ‘hackers’ e se torne uma fonte de potenciais riscos”.

Aquele responsável levantou ainda uma questão que não tem sido abordada: a longevidade dos modelos e a desatualização dos sistemas de defesa antipirataria informática! “Entre a chegada de um modelo ao mercado e o dia em que o último exemplar sai de circulação passa um período médio de 25 anos. Quer isto dizer que os equipamentos de segurança informática instalados no início da sua vida deverão continuar válidos 25 anos depois para continuarem a resistir a ataques. É óbvio que é extremamente difícil conseguir algo assim… Por isso penso que o acesso aos dados em tempo real cria um risco muito grande que não deveríamos querer correr”. Uma oportunidade para novos “players” no aftermarket, como já está a ser a Kaspersky... /

DELPH TECHNOLOGIES

INVESTIMENTO NA START-UP POLYCHARGE

A

Delphi Technologies anunciou o investimento na PolyCharge America, Inc., uma “start-up” especializada no desenvolvimento e comercialização de condensadores. Esta tecnologia permite o fabrico de inversores mais pequenos, mais leves e mais resistentes a temperaturas elevadas, sendo estes uma peça fundamental nos veículos elétricos, uma vez

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

que controlam o motor elétrico de propulsão. “Este investimento demonstra o nosso compromisso com a mobilidade elétrica e traz novas tecnologias altamente inovadoras para resolver os maiores desafios dos clientes OEM (Original Equipment Manufacturers)”, comentou Liam Butterworth, Diretor Executivo da Delphi Technologies. “A tecnologia da PolyCharge envolve estes dois objetivos. A nossa estratégia é

forjar colaborações estratégicas e investimentos onde estes apoiam as nossas ambições de crescimento e ajudam os nossos clientes globais a oferecer soluções mais atraentes e económicas para os consumidores”. Os valores do negócio não são ainda conhecidos, mas este investimento assenta sobre uma parceria de longa data entre a Delphi e a Sigma Technologies, empresa-mãe da PolyCharge.



RAIO-X

COMERCIAL DO MÊS

ECONOMIA DE UTILIZAÇÃO Sem grandes luxos ou requintes, o Kangoo Z.E. Maxi de cinco lugares tem subjacente uma utilização racional. Com a introdução de uma nova bateria de 33 kWh, a autonomia real é agora superior a 200 km TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

U

ma das críticas apontadas à versão elétrica do Renault Kangoo era a sua reduzida autonomia em condições reais de utilização, que dificilmente ultrapassava os cem quilómetros. Para utilizações com rotas diárias muito definidas e curtas, como algumas dos Correios, de empresas de fiscalização de estacionamento ou de serviços municipais, esse raio de ação era suficiente. Todavia, para outros tipos de aplicações ficava aquém das necessidades de operação. Para ultrapassar essa limitação, a Renault introduziu uma nova bateria com uma maior densidade energética, mas com a mesma dimensão, desenvolvida em parceria com a LG Chem. Com uma capacidade de 33 kWh, essa solução permitiu aumentar a autonomia em 50%, passando para os 270 quilómetros no

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

denominado ciclo combinado europeu NEDC. Em termos reais, a Renault anuncia um raio de ação entre 120 e 200 quilómetros com um único carregamento. O novo Kangoo Z.E. recebeu igualmente um novo motor elétrico mais eficiente e um sistema otimizado de gestão eletrónica da bateria, que limita o consumo de eletricidade pelo veículo durante a utilização em estrada, mas sem penalizar a potência do motor R60 que tem por base o R90 utilizado no Renault ZOE. Com o objetivo de permitir o transporte de passageiros e mercadorias, a Renault propõe a versão Kangoo Z.E. Maxi que oferece uma lotação para cinco ocupantes (2+3) e um volume útil de carga de 1,3 m3 , podendo ser ampliado para 3,4 m3 através do rebatimento dos bancos traseiros. Esta versão tem por base a versão longa do Kangoo, a que corresponde um comprimento exterior de 4,66 metros. A altura de 1,80 metros permite o acesso à maioria dos parques de estacionamento subterrâneos.

Como veículo vocacionado para o trabalho, o interior do Kangoo Z.E. não apresenta grandes luxos ou requintes, caraterizando-se pela simplicidade das suas linhas e pela funcionalidade dos comandos. O painel de instrumentos é dominado por três mostradores circulares que indicam o nível de carga da bateria, a velocidade instantânea e o consumo de energia. Para acionar os modos de condução do veículo existe uma alavanca no meio da consola central. O nível de equipamento da unidade ensaiada também não era particularmente elevado, limitando-se à direção assistida, airbag do condutor, distribuição eletrónica da força de travagem, vidros elétricos dianteiros. Entre as opções incluem-se o auto-rádio com leitor de CD, MP3, Bluetooth, o ar condicionado manual e sensores de estacionamento traseiros. No que se refere às prestações, o motor R60, com os seus 44 kW (60 cv) oferece um comportamento suficiente para as necessidades, não


VERSÃO MISTA LONGA Com base na variante com carroçaria longa, a versão de cinco lugares do Kangoo Z.E. Maxi oferece uma autonomia superior a 200 quilómetros entre carregamentos

impressionando pelas acelerações, necessitando de 22,0 segundos dos 0 aos 100 km/h, nem pelas recuperações. Com uma tara superior a 1,5 toneladas é penalizado pela elevada relação peso/potência. Se em piso plano, isso não tem qualquer influência no comportamento dinâmico, o mesmo não sucede quando tem de enfrentar subidas mais pronunciadas. Mais interessante, porém, é a economia de utilização. A partir dos dados do computador de bordo da unidade ensaiada, que indicava um consumo médio de energia de 16,7 kWh/100 km, o Kangoo Maxi Z.E. de 5 lugares apresenta um custo de 3,2 euros por cada cem quilómetros percorridos, com base na tarifa de baixa tensão normal da EDP Comercial. A autonomia real de utilização, com condições atmosféricas menos favoráveis durante a realização do ensaio – temperaturas baixas e chuva – variou entre 210 e 220 quilómetros. O tempo de carregamento total da bateria oscila entre as 17 horas numa tomada doméstica ou as 11 horas num posto público normal de 3,7 kW da rede Mobi.E. No que se refere ao preço de venda ao público, a versão base do Kangoo Z.E. 33 Maxi 5 Lugares é proposta por 28 414 euros na modalidade de aluguer de bateria (contrato Flex) ou por 36 040 euros, no caso da sua aquisição. /

RENAULT KANGOO Z.E. 33 MAXI 5 LUG

PREÇO 28 414 € (FLEX) OU 36 040 € (AQUISIÇÃO) // MOTOR ELÉTRICO; 44 kW (60 CV); 12 000 RPM // BINÁRIO 225 NM // TRANSMISSÃO DIANTEIRA; 1 VEL Aut // PESO 1553 KG // COMP./LARG./ALT. 5,98/2,04/2,59 M // DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 3,08 M // MALA 650 KG // DESEMPENHO 22,6 S 0-100 KM/H; 130 KM/H VEL MÁX // CONSUMO 15,2 kWh (16,7 kWh*) // EMISSÕES 0 G/KM // IUC 0,00€ *As nossas medições

AUTONOMIA/ ECONOMIA UTILIZAÇÃO

AUSÊNCIA DE CHAPELEIRA/PREÇO

FEVEREIRO 2018 TURBO OFICINA

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RAIO-X

BARÓMETRO

DINÂMICA DO SETOR Todos os meses, em parceria com a Informa D&B, a Turbo Oficina regista as mudanças no tecido empresarial do setor do após-venda. Conheça aqui as principais alterações e ocorrências registadas PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS AUTO, POR REGIÃO DINÂMICA NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) INSOLVÊNCIAS REGIONAL DO SETOR ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO DEZEMBRO 2017 HOMÓLOGA DEZEMBRO 2017 HOMÓLOGA DEZEMBRO 2017 HOMÓLOGA ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) NORTE 489 8,4%

126 -33,3%

35 -18,6%

CENTRO 227 -2,6%

88

-10,2%

15

-42,3%

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

-3,6%

135

5,5%

25

4,2%

ALENTEJO 57

347

7,5%

19

-24,0%

3

-50,0%

ALGARVE 50

56,3%

14

100,0%

0

-100,0%

R. A. AÇORES

10

-9,1%

5

66,7%

1

-66,7%

R. A. MADEIRA

26

30,0%

13

30,0%

1

0,0%

TOTAL 1206 4,0%

400 -13,0%

TECIDO EMPRESARIAL DO SETOR DEZEMBRO 2017

80 -25,2%

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)

EM NÚMERO

DEZ. 2017

ACUMULADO DEZ. 2016 ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 2017 DEZ. 2016 EMPRESARIAL

NASCIMENTOS

1.206

108

1.160

4,0% 8,2%

400

96

460

-13,0% -8,6%

(CONSTITUIÇÕES)

62

ENCERRAMENTOS 53

NORTE 5191

(EXTINÇÕES)

INSOLVÊNCIAS 5 80 5 107 -25,2% -18,3% FONTES: ANÁLISE INFORMA D&B; DADOS: PUBLICAÇÕES DE ATOS SOCIETÁRIOS E PORTAL CITIUS /MINISTÉRIO DA JUSTIÇA *Toda a informação introduzida na base de dados Informa D&B é dinâmica, encontrando-se sujeita à publicação tardia de alguns atos e às alterações diárias de diversas fontes.

FICHA TÉCNICA

CENTRO 3416

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 3450

ALENTEJO 874

ALGARVE 486

EM PERCENTAGEM 37,3

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

ALENTEJO

A. M. LISBOA

CENTRO

NORTE

6,3

R. A. MADEIRA 286

3,5

1,4

2,1 MADEIRA

24,8

AÇORES

24,6

ALGARVE

R. A. AÇORES 197

Universo de organizações - Tecido Empresarial O Tecido Empresarial considerado engloba a informação relativa às organizações ativas com sede em Portugal, sob as formas jurídicas de sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades unipessoais, entidades públicas, associações, cooperativas e outras sociedades (os empresários em nome individual não fazem parte deste universo de estudo). Consideram-se as empresas classificadas em todas as secções da CAE V3 .0. Universo de setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto Organizações ativas do tecido empresarial classificadas nas seguintes secções da CAE V3.0.: Grossistas auto: CAE 45310- Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis Retalhistas auto: CAE 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis Concessionários auto: CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros Oficinas: CAE 45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis Nascimentos Entidades constituídas no período considerado, com publicação de constituição no portal de atos societários do Ministério da Justiça.

Encerramentos Entidades extintas no período considerado, com publicação de extinção no portal de atos societários do Ministério da Justiça (não são consideradas as extinções com origem em procedimentos administrativos de dissolução). Entidades com insolvências Entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça. Regiões As entidades foram classificadas através da localização da sua sede, representando as 7 unidades da NUTS II de Portugal (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS)). A Informa D&B é especialista no conhecimento do tecido empresarial e através de análises inovadoras, disponibiliza o acesso a informação atualizada e relevante sobre a atividade de empresas e gestores, fundamental para a condução dos negócios dos seus clientes. A Informa D&B está integrada na maior rede mundial de informação empresarial, a D&B Worldwide Network, com acesso aos dados de mais de 245 milhões de agentes económicos em 221 países. www.informadb.pt (+351) 213 500 300 informadb@informadb.pt



REPARAÇÃO

CARROÇARIAS EM ALUMÍNIO

COM MIL CUIDADOS! A utilização do alumínio no fabrico de peças das carroçarias está a banalizar-se na indústria automóvel, com os fabricantes a tirarem partido da sua leveza, capacidade de absorção de energias de deformação, bem como das propriedades anticorrosivas. No entanto a sua reparação é mais complexa, sendo fundamental conhecer as caraterísticas deste material para aplicar corretamente as técnicas de reparação

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

O

s fabricantes de veículos começaram há alguns anos a introduzir peças nos painéis exteriores ou inclusivamente carroçarias completas de alumínio. Aspetos como a diminuição de peso nas carroçarias, a redução de emissões CO2 ou critérios de segurança em peças como o capô, são as motivações por trás do aumento da utilização


TRABALHO DELICADO Pela especificidade do alumínio, a sua reparação implica cuidados adicionais que começam logo na escolha criteriosa das ferramentas a utilizar

deste material. Por conseguinte, o número de reparações de componentes e carroçarias em alumínio também aumenta, pelo que é importante conhecer as técnicas apropriadas para a reparação deste material. Na reparação do alumínio é necessário ter sempre em conta que estamos perante um material metálico com um comportamento diferente do aço, cujas características influenciam consideravelmente as técnicas de reparação conferindo-lhe um nível superior de dificuldade, face ao aço.

RECUPERAÇÃO DA CHAPA Por vezes são utilizadas ligas de alumínio e estas recebem tratamentos térmicos de endurecimento para aumentar a sua dureza e resistência. Isto implica maior dificuldade no momento de trabalhar a chapa através da reparação. O trabalho a frio pode provocar a aparecimento de gretas, ruturas ou rasgões com maior facilidade que no aço, por conseguinte é conveniente aquecer a zona antes da reparação, para diminuir o risco de surgimen-

to de gretas. O aquecimento prévio das zonas proporciona um aumento da maleabilidade do alumínio que facilita a sua reparação. Da mesma forma, visto ter uma dureza mais baixa que a do aço, quando se trabalha martelando-o podem aparecer marcas na sua superfície com relativa facilidade. Por isso, as ferramentas como tais e martelos não devem ter estrutura e devem apresentar extremidades arredondadas, as arestas vivas podem provocar marcas sobre o material. O impacto

FEVEREIRO 2018 TURBO OFICINA

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REPARAÇÃO

CARROÇARIAS EM ALUMÍNIO

deve ser muito controlado, com pancadas suaves embora em maior número face a pancadas contundentes e pouco precisas que possam causar um estiramento excessivo da chapa. As ferramentas devem ser leves e em materiais de menor dureza como o alumínio, borracha, madeira ou nylon. Quando não existe acesso por ambos os lados para a utilização de tais e martelo, são utilizados os equipamentos de soldadura por descarga de condensadores que permitem soldar pernos roscados à chapa de alumínio, aos quais são acopladas anilhas e ferramentas específicas para exercer forças de tração e corrigir a deformação. A reparação é complementada em alguns casos com tratamentos térmicos para a recuperação da chapa. Para o efeito, é utilizado o elétrodo de cobre com um equipamento de resistência elétrica, o maçarico com botija ou o maçarico de acetileno. Não obstante, é recomendável a utilização dos dois primeiros de forma genérica e o último apenas para estiramentos muito pronunciados. Quando são utilizados equipamentos de resistência elétrica são necessárias maiores intensidades que no aço. O aquecimento para facilitar a reparação das superfícies também é realizado com estas ferramentas.

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

O alumínio não apresenta mudança de cor face ao seu aquecimento e para evitar uma exposição excessiva ao calor, dado o seu baixo ponto de fusão, são utilizadas tintas térmicas na forma de lápis de diferentes graduações (150 °C a 300 °C), que facilitam o controlo do aquecimento sofrido pelo material. Estes lápis são utilizados em qualquer tratamento térmico do alumínio para evitar correr o risco de fundir o material. As ferramentas de reparação e, em geral, as ferramentas utilizadas nos trabalhos de alumínio devem ser usadas especificamente para este material, com vista a evitar a corrosão por contacto com outros metais como o aço. UNIÕES COM REBITE Devido à dificuldade da soldadura de alumínio, as uniões mais utilizadas na reparação são os rebites e os adesivos estruturais ou a combinação destes dois métodos de união. Os rebites são de alumínio e de aço, incorporando estes últimos um revestimento especial de zinco (dacromet, deltatone) que evita a corrosão por contacto do alumínio. Os rebites podem ser do tipo "maciço" ou "cego" (prego) e são utilizados conforme o acesso que exista a um lado ou a ambos os lados das chapas a unir. O rebite maciço é utilizado para substituir a

rebitagem por estampagem (autoperfurante) de fabrico e requer acesso a ambos os lados. As ferramentas utilizadas são uma máquina de rebitar de pinça C e as ferramentas correspondentes para extrair ou inserir os rebites, reparar as abas, ou realizar um alargamento da chapa. A máquina de rebitar coloca o rebite através da pressão exercida por ambos os braços da pinça sobre o rebite e pode utilizar pinças de diferentes tamanhos para facilitar o acesso a diferentes zonas da carroçaria. Quando existe acesso apenas por um lado é utilizado o rebite cego, sendo para este utilizada uma máquina de rebitar do tipo convencional. Os adesivos estruturais utilizados são de natureza epóxi e a principal característica é a sua baixa condutividade elétrica, para evitar os efeitos da corrosão galvânica. SOLDADURA A soldadura de alumínio, comparativamente à do aço, apresenta um maior grau de dificuldade. As principais características que influenciam são a rápida oxidação, a elevada condutividade térmica e elétrica e o alto coeficiente de dilatação. O alumínio oxida rapidamente em contacto com o oxigénio e forma na sua superfície uma


ALTERNATIVAS À DIFICULDADE DA SOLDADURA NO ALUMÍNIO Para contornar os problemas colocados pela soldadura do alumínio costumam usar-se rebites ou adesivos estruturais

camada de óxido denominada alumina. Uma vez que esta camada se forme convém evitar que o resto da peça continue a oxidar. A alumina tem temperatura de fusão muito mais elevada que a do alumínio (2072 ºC vs. 660 ºC), isto dificulta a soldadura porque é necessário eliminar a alumina para imediatamente a seguir executar a soldadura do alumínio, ajustando o equipamento de soldadura para a temperatura de fusão do alumínio. Para retirar a camada de alumina são utilizadas escovas de arame de aço inoxidável antes da soldadura. O alumínio apresenta uma baixa resistência elétrica e uma alta condutividade elétrica pelo que são necessárias grandes intensidades de corrente para obter soldaduras eficientes. Além do mais, a sua alta condutividade térmica leva a que o calor seja dissipado rapidamente aquecendo amplas zonas das peças. O alto coeficiente de dilatação também é um inconveniente, visto que podem produzir-se grandes variações dimensionais que gerem deformações e/ou fissuras nas peças pelo fenómeno de dilatação-contração. Por conseguinte, uma vez realizada a soldadura é conveniente verificar a existência de fissuras através do teste de líquidos penetrantes. O requisito de altas intensidades que requer

a soldadura do alumínio por resistência elétrica por pontos só é exequível nos potentes equipamentos de fabrico. A soldadura utilizada na reparação é a soldadura por arco elétrico sob gás inerte de proteção, TIG ou MIG. O equipamento recomendado é o de MIG por pulsação de arco e sinérgico. A pulsação de arco permite um ajuste mais preciso da intensidade necessária e portanto uma redução do calor aplicado à peça. A função sinérgica dos equipamentos permite regular automaticamente diferentes parâmetros de soldadura, facilitando a regulação da máquina por parte do técnico. O tipo de material utilizado para o fio de adição são ligas de Al, Al-Mg (5%), Al-Si (5%) e como gás é utilizado o árgon. Devido à dificuldade da soldadura de alumínio, é necessário verificar, com os testes adequados, que não existem fissuras ou gretas nas soldaduras realizadas. CONCLUSÃO A reparação de alumínio apresenta um grau maior de complexidade devido às suas características intrínsecas. Por isso, é importante dispor do conhecimento e das ferramentas específicas para abordar a sua reparação. /

FEVEREIRO 2018 TURBO OFICINA

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REPARAÇÃO

A OTIMIZAÇÃO ELÉTRICA NA OFICINA

LIGADOS À POUPANÇA O consumo elétrico é, entre os fornecimentos da oficina, aquele que tem um peso mais relevante nos custos. Se pretende moderar o impacto desta despesa nas contas, bem como reduzir o efeito da atividade da oficina no ambiente, oferecemos-lhe alguns conselhos interessantes TEXTO FÉLIX GARCÍA GARCÍA E RAMÓN HURTADO SÁNCHEZ

O

desenvolvimento tecnológico e a sua aplicação prática nos meios de produção proporcionam-nos a oportunidade de implementar medidas de poupança energética, com as quais poderá reduzir de forma relevante o consumo elétrico da oficina, sem condicionar a vertente de produção e o bem-estar das pessoas. Analisemos as áreas da oficina onde se concentra um maior consumo elétrico, comentando em cada uma delas as diversas possibilidades de poupança que se nos apresentam. ILUMINAÇÃO É no sistema de iluminação que encontramos uma maior quantidade de oportunidades de melhoria para otimizar a utilização de cada ampere que entra na instalação elétrica da oficina. Estas medidas são, na sua maioria, simples de implementar e requerem um investimento reduzido. A oficina deve dispor de um sistema de iluminação que garanta um nível adequado de luz em cada uma das suas áreas e locais, em função das tarefas a realizar. Este aspeto tem uma importância crítica na área de pintura por razões óbvias: nesta área é necessário um nível de 750 lux de iluminação, bem com um tipo de

A IMPLEMENTAÇÃO DE LUZES LED BENEFICIA AS ÁREAS DE PRODUÇÃO

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

luz que facilite a visualização real das cores. Os sistemas de iluminação mais usados são baseados em painéis de luminárias fluorescentes, lâmpadas de descarga de gás e lâmpadas de halogénio de incandescência, sendo utilizado um sistema ou outro, em função do consumo previsto e das características e da qualidade de luz necessária em cada local. A oportunidade de poupança que aqui encontramos consiste em substituir todos estes sistemas por tecnologia LED, visto que atualmente existem luminárias de todos os tipos baseadas nesta tecnologia que cumprem amplamente todas as necessidades, com preços muito competitivos. À primeira vista pode parecer que a instalação destes novos elementos de iluminação só se torna interessante nos locais de maior consumo elétrico para iluminação, como as estufas, boxes de pintura e postos de preparação, mas a implementação destas soluções beneficia igualmente as restantes áreas de produção da oficina, ou de serviço – escritórios, casas de banho, vestiários ou armazéns. Inclusivamente, a implementação destes elementos pode ser considerada em aspetos que podem passar despercebidos, como a iluminação de emergência, luzes indicadoras de quadros elétricos, o elevador ou o monta-automóveis, caso exista. A principal vantagem do LED é a sua eficiência energética, uma vez que pode chegar a permitir uma redução de até 50 % no consumo elétrico destinado à iluminação, comparativamente às lâmpadas fluorescentes, e mais ainda comparativamente às lâmpadas de incandescência. Além do mais, não são necessários arrancadores e indutores, o que implica uma redução no consumo e nas despesas com a substituição destes elementos.


FEVEREIRO 2018 TURBO OFICINA

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REPARAÇÃO

A OTIMIZAÇÃO ELÉTRICA NA OFICINA

POUPANÇA Há variadíssimas áreas numa oficina onde se pode intervir de forma a baixar, de forma considerável, a fatura da luz

Outra das vantagens que apresentam é a sua duração. No caso dos tubos LED, a sua vida útil pode ultrapassar as 50 000 horas, face às 5000 horas do seu equivalente fluorescente. Além do mais, são mais resistentes a impactos, vibrações e a altas temperaturas, pelo que nas estufas a frequência da trabalhosa tarefa de substituição de luminárias – conforme os modelos – poderá ser amplamente reduzida. As lâmpadas LED, comparativamente a lâmpadas de outras tecnologias, têm um arranque instantâneo, sem que o número de ativações diárias afete a sua durabilidade. Se combinarmos esta característica com mecanismos de ativação e desativação automática, como por exemplo sensores de presença, vamos obter uma excelente solução para iluminação das zonas e áreas da oficina que não necessitam de iluminação permanente (armazéns, box de pintura, corredores ou casas de banho…). Esta solução vai permitir que possamos prescindir do bom hábito de apagar as luzes ao sairmos do local... mas que nem sempre é cumprido por todos. Outros dispositivos, como programadores horários com relógio astronómico, células

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2018

fotoelétricas ou reguladores de intensidade, e medidas como a setorização das zonas a iluminar, permitem otimizar ainda mais o consumo de energia elétrica destinada à iluminação. O aproveitamento da luz solar como complemento à luz artificial também deve ser considerado. Em muitos casos poderá ser um apoio considerável e com potencial para reduzir o consumo elétrico. Neste sentido, é interessante a grande variedade de tipos de claraboias disponíveis, ou inclusivamente de tubos de luz solar que podem ser instalados nos casos em que as características de construção da oficina não permitem claraboias. EQUIPAMENTO ELÉTRICO Uma parte importante da energia elétrica consumida na oficina destina-se ao acionamento das máquinas e equipamentos elétricos da área de produção. Se o objetivo for reduzir as necessidades de consumo neste aspeto, é necessário dar a devida importância ao plano de manutenção. Um aumento da manutenção do equipamento da oficina, aumentando o controlo e o acompanhamen-

to, irá favorecer o seu desempenho, o que irá impedir que o consumo de energia dispare, ou inclusivamente, permitir uma redução. No entanto, uma descida significativa do consumo só será possível com a aquisição de novo equipamento, que proporcione uma eficiência energética superior à atual. Existem diversas soluções tecnológicas que permitem otimizar o consumo energético, adaptando o funcionamento do equipamento para que este proporcione os parâmetros necessários para cada tarefa. É o caso da tecnologia "Inverter", utilizada principalmente em equipamentos de soldadura, estufas de pintura, planos de aspiração de postos de preparação de superfícies, centrais de aspiração de pó de lixamento ou compressores para o abastecimento de ar comprimido em equipamento pneumático. Nos equipamentos de soldadura o sistema "Inverter" transforma a eletricidade de entrada através de circuitos eletrónicos de forma mais eficiente que o transformador/retificador dos equipamentos convencionais. Desta forma é possível obter uma poupança energética de aproximadamente 40%.


A CORRETA MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO IRÁ FAVORECER O RENDIMENTO E POTENCIALMENTE PERMITIR UMA POUPANÇA NO CONSUMO DE ENERGIA

Nas estufas ou planos de aspiração com sistema Inverter cada motor está ligado a um variador ou conversor de frequência que modifica a corrente aplicada aos enrolamentos do motor. Este circuito eletrónico evita consumos excessivos de eletricidade no arranque e regula a velocidade do motor, permitindo otimizar a potência consumida em cada fase do ciclo de pintura. Nestes equipamentos, o autómato programável que controla o seu funcionamento desempenha um papel decisivo. Este deve ser capaz de adaptar as suas condições de trabalho às exigências – tarefa a realizar – procurando em todos os momentos a eficiência energética. Nas estufas com sistema Inverter nos grupos de movimento de ar é possível obter uma poupança elétrica relevante logo no arranque dos motores. Além do mais, se dispusermos de um sistema de controlo que adapte a sua velocidade às necessidades do caudal de ar de cada operação, a poupança pode aumentar. Com o ajuste e controlo adequados a poupança energética pode atingir os 50%.

FORNECIMENTO Quanto ao custo que representa para a oficina o fornecimento de eletricidade é essencial estar atualizado sobre as diferentes modalidades de contratação oferecidas pelos diferentes fornecedores, identificando aqueles que, de acordo com as características da oficina, sejam mais interessantes, incluindo neste aspeto a potência contratada. Grande parte do equipamento da oficina dispõe de motores elétricos, transformadores e lâmpadas de descarga que fazem disparar a energia reativa – o que pode ser motivo de penalização por parte da empresa fornecedora. Se na instalação elétrica da oficina existirem equipamentos que compensem esta energia reativa, como uma bateria de condensadores automáticos, haverá uma redução na utilização desta energia, e consequentemente uma diminuição no valor da fatura. EQUIPAMENTO DE BURÓTICA Embora os equipamentos informáticos – computadores, impressoras, scâneres, etc. – não representem um consumo relevante na oficina, é recomendável manter regras

de poupança, tais como desligar os equipamentos quando não estiverem a ser utilizados, especialmente o ecrã do computador, responsável pela maior parte do consumo. Também é importante ativar as funções de poupança energética integradas na maior parte destes equipamentos (desligamento automático, por horário, configurações em espera, etc.). Cumprindo estas medidas de poupança reduziremos o consumo elétrico na oficina, uma significativa parte do orçamento total e, o que é mais importante, reduziremos o montante de dinheiro que sairá dos nossos bolsos. /

PARA SABER MAIS Área de Engenharia ingenieria@cesvimap.com Instituto para a Diversificação e Poupança de Energia, IDAE. www.idae.es/ www.revistacesvimap.com @revistacesvimap

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TÉCNICA PROPULSÃO

O ESTADO DOS VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉCTRICOS A venda de veículos híbridos e elétricos tem tido, nos últimos anos, um crescimento muito significativo no mercado mundial. Em 2017, Portugal foi mesmo um dos países onde os elétricos mais pesaram nas vendas totais (cerca de 3%) TEXTO TOMÁS AZEVEDO

P

ara compreendermos melhor aquilo que o futuro nos pode reservar devemos começar por ter em conta que a legislação relativa às emissões passará a ser cada vez mais apertada. Basta ver que, em 2021, na Europa, o limite médio de emissões de dióxido de carbono irá descer dos atuais 130 g/km para os 95 g/km. Significa que os custos de desenvolvimento de motores de combustão passarão a ser bastante mais elevados, até um ponto em que os próprios fabricantes de auto-

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móveis deixarão de achar esta solução válida. Os fabricantes já se encontram empenhados em desenvolver soluções que se aproximem gradualmente dos futuros regulamentos e das necessidades dos utilizadores e da proteção ambiental, tendo como meta ZERO EMISSÕES. A Volvo, por exemplo, já anunciou que continuará a fazer evoluir os atuais motores Diesel, mas que já não irá desenvolver uma nova geração desses motores e apenas concentrará os seus investimentos para motores eléctricos e sistemas híbridos gasolina /electricidade. A produção de sistemas eléctricos e híbridos, na indústria automóvel, tem um custo muito

elevado. Dessa forma, grande parte dos países, principalmente da Europa, já estão a oferecer importantes benefícios fiscais para a aquisição destes veículos, por forma a que a quota de mercado destes cresça e que os fabricantes consigam, desde já, justificar os custos avultados de desenvolvimento destes novos sistemas. Mas até ao desaparecimento dos motores a combustão interna, ainda há um longo caminho a percorrer. Os atuais veículos elétricos e híbridos, apesar de apresentarem inúmeras vantagens em relação aos motores de combustão interna, ainda apresentam limitações que influenciam a decisão dos clientes no momento da compra.


O FUTURO SERÁ ELÉTRICO As emissões zero são o objetivo da indústria automóvel, mas há que resolver os problemas da autonomia e dos tempos de recarga das baterias

Quanto aos motores elétricos, além da vantagem ambiental (zero emissões), é igualmente importante considerar que o custo para percorrer a mesma distância é cerca de um terço daquele que corresponderia à utilização de um motor de combustão. Em parte porque a eficiência mecânica do motor eléctrico é bastante superior à de um motor de combustão interna. No primeiro, as perdas de potência são na ordem dos 10%, ao passo que no segundo, derivado ao aquecimento durante a combustão, às perdas de atrito das peças internas móveis do motor, bem como a necessidade de utilização de um conjunto de embraiagem e

caixa de velocidades, essas perdas são superiores a 50%. Para os que privilegiam o prazer de condução, outro dado importante tem a ver com o facto de os motores elétricos entregarem 100% do binário desde o arranque e de uma forma muito linear. Do lado das desvantagens está a capacidade de armazenamento de energia nas baterias, que é muito reduzida. Actualmente, para a mesma potência disponibilizada, a energia armazenada nas baterias de um motor eléctrico é 100 vezes inferior à disponível num depósito médio de um carro com motor de combustão interna. É por isso que os veículos com motores eléc-

tricos ainda se apresentam com grandes e pesadas baterias e autonomia muito reduzida. Concluindo, face às vantagens apresentadas, quer ao nível das emissões, quer pela eficiência do binário, motores mais leves e pequenos, é certo que o futuro da indústria automóvel passará pela utilização de motores eléctricos. Estes terão, porém, que resolver o problema da dimensão e capacidade de armazenamento das baterias e, principalmente, a autonomia e tempos de recarga. No entanto, face aos avanços tecnológicos e ao forte empenho dos fabricantes, é garantido que dentro de dois a três anos este artigo... já estará obsoleto. /

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OPINIÃO

JURÍDICO

O QUE É E COMO ACIONAR O FUNDO DE GARANTIA AUTOMÓVEL

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e repararmos bem nos seguros automóveis que contratamos, percebemos que em todos eles existe uma parte que se destina a ser entregue ao Fundo de Garantia Automóvel. O Fundo de Garantia Automóvel é um fundo público autónomo gerido pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. O seu objecto é dar conforto e compensar lesados de acidentes de automóvel em que sejam intervenientes veículos sem seguro válido. O Fundo de Garantia Automóvel responde perante os terceiros lesados em acidentes de viação ocorridos em Portugal, quando não existe seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel para o veículo causador e, em certas condições, garante o pagamento dos danos causados por este, mesmo quando não identificado.

O FGA só responde pela reparação dos danos (corporais e materiais) de acidentes que sejam causados por veículo: (i) sujeito ao seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel, com estacionamento habitual em Portugal ou matriculado num País que não tenha Serviço Nacional de Seguros (Carta Verde), ou cujo Serviço não tenha aderido ao Acordo entre Serviços Nacionais de Seguros; (ii) sujeito ao seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel sem chapa de matrícula, ou que possua uma chapa de matrícula falsa; (iii) não sujeito ao seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel em razão do veículo em si mesmo, ainda que com estacionamento habitual no estrangeiro; (iv) sujeito ao seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel, que tenha sido importado de um Estado Membro, por um período de 30 (trinta) dias a contar da data da aceitação da entrega pelo adquirente, mesmo que o veículo não tenha sido formalmente registado em Portugal. Ao FGA cabe também reembolsar o Gabinete Português de Carta Verde em consequência de acidentes regularizados no âmbito do Regulamento Geral do Conselho dos Serviços Nacionais de Seguros, que tenham sido causados por veículos sem seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel, com estacionamento habitual em Portugal.

MIGUEL RAMOS ASCENÇÃO ADVOGADO

Assim, o Fundo de Garantia Automóvel, dentro dos requisitos acima indicados, garante, até ao limite do capital mínimo do seguro automóvel, o pagamento das indemnizações que se mostrem devidas por (a) Danos corporais, quando o responsável seja desconhecido ou não beneficie de seguro válido e eficaz, ou for declarada a insolvência da empresa de seguros; (b) Danos materiais, quando o responsável, sendo conhecido, não beneficie de seguro válido e eficaz; e (c) Danos materiais quando, sendo o responsável desconhecido, deva o Fundo satisfazer uma indemnização por danos corporais significativos, ou o veículo causador, não beneficiando de seguro válido e eficaz, tenha sido abandonado no local do acidente e a autoridade policial confirme a sua presença no respetivo auto de notícia. Verificando-se uma das circunstâncias acima referidas, deve o lesado dirigir-se ao Fundo de Garantia Automóvel, através da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões seguindo as instruções e indicações que estão disponíveis no site www.asf.com.pt. Por fim, é importante notar que, apesar de satisfazer as indemnizações nos casos em cima referidos, o FGA fica com o direito de regresso e exige de forma célere e eficaz o reembolso de todas as quantias indemnizatórias que paga aos responsáveis pelos acidentes.

Todos os meses abordaremos neste espaço assuntos de natureza jurídica que julgamos relevantes para a atividade da reparação e manutenção. Se tiver dúvidas ou situações específicas, por favor envie-nos um email para: oficina@turbo.pt indicando que se trata de um pedido de esclarecimento de natureza jurídica. O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga grafia.

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