Turbo Oficina 40

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N.º 40 | SETEMBRO 2015 | 2,2€

LED DOSSIER

PROTAGONISTA ÁLVARO OLIVEIRA EXPLICA PORQUE A ANPERE SE CONSTITUI COMO ALTERNATIVA NO SETOR DO ASSOCIATIVISMO LUSO LOGÍSTICA CONFERÊNCIA ANUAL APONTA O FUTURO DO SETOR TELEMÁTICA DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA AS OFICINAS MERCEDES COMO FUNCIONA A FORMAÇÃO NUMA MARCA PREMIUM PSA FOMOS A MANGUALDE CONHECER A FÁBRICA ONDE SE FAZ A NOVA PEUGEOT PARTNER

O laser adivinha-se já ao virar da esquina, mas o halogéneo ainda é o que mais vende em Portugal. Quais serão as tendências de futuro para a iluminação LED, que agora deu o salto para os faróis dos automóveis? Conheça ainda o enquadramento legal para a sua utilização e a opinião do mercado num dossier exaustivo sobre esta temática



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sumário

ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES MONROE SELO DE CAPA PEUGEOT PÁG. 2 JAPANPARTS PÁG. 5 PETRONAS PÁG. 9 AZ AUTO PÁG. 11 PHILIPS PÁG. 13 TRW PÁG. 15 EQUIP’AUTO PÁG. 21 BLUE PRINT PÁG. 27 VALVOLINE PÁG. 29, 31 E 33 POLIBATERIAS PÁG. 35 FEBI PÁG. 37 UFI FILTERS PÁG. 39 CONTITECH PÁG. 41 ENI SINTÉTICA PÁG. 43 MANN+FILTER PÁG. 45 FUCHS PÁG. 47 STANDOX PÁG. 49 AUTODELTA PÁG. 51 MEYLE PÁG. 53 RODAPEÇAS PÁG. 55 JABA TRANSLATIONS PÁG. 57 RPL CLIMA PÁG. 63 SHELL PÁG. 69 KRIOS PÁG. 73 NGK PÁG. 75 CARF PÁG. 79 CESVIMAP PÁG. 81 CENTRO ZARAGOZA PÁG. 83 MERCEDES PÁG. 84

N.º 40 | SETEMBRO 2015

dossier P. 50 Iluminação LED

A tecnologia LED veio para ficar e está a generalizar-se. Veja a importância que a iluminação tem para os condutores, mas saiba também a opinião de vários players deste setor e os cuidados que a oficina deve ter na utilização desta tecnologia.

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5 RAIO X

P. 6 Conferência do Aftermarket

P. 62 Fábrica PSA

P. 12 Telemática

P. 64 Comercial do mês - Peugeot Partner

P. 18 Grandes compras

P. 66 Motores do Ano P.70 Radiografia Audi Q7

MARCAS NESTA EDIÇÃO ACM PÁG. 28 ALECARPEÇAS PÁG. 30 ALIDATA PÁG. 46 ANPERE PÁG. 22 AUDI PÁG. 70 AUTOPARTS PÁG. 29 AXALTA PÁG. 71 BANG&OLUFSEN PÁG. 20 BOSCH CAR SERVICE PÁG. 30 CAR ACADEMY PÁG. 30 CHARME CAR PÁG. 58 DELPHI PÁG. 72 ESCAPE FORTE PÁG. 32 EXTRASECURITY PÁG. 59 FORD PÁG. 71 GATES PÁG. 31 GLASSDRIVE PÁG. 33 GOODYEAR PÁG. 71 HELLA PÁG. 56 E P59 JF EQUIPAMENTOS PÁG. 42 JLS PÁG. 32 LEASEPLAN PÁG. 19 E P46 LIQUI MOLY PÁG. 32 E 73 LOUSÃMOTORES PÁG. 33 MAGNA PÁG. 20 MAGNETI MARELLI PÁG. 20 MAHLE PÁG. 18 MANN+HUMMEL PÁG. 19 MCNUR PÁG. 32 MERCEDES PÁG. 34 MEYLE PÁG. 71 NGK PÁG. 71 NISSAN PÁG. 71 NOKIA PÁG. 20 NORAUTO PÁG. 38 PADOR PÁG. 30 PEUGEOT PÁG. 64 PHILIPS PÁG. 21 PIRELLI PÁG. 18 POLIBATERIAS PÁG. 32 PSA PÁG. 62 RENAULT PÁG. 80 RETA PÁG. 31 STAND ASLA PÁG. 58 STANDOX PÁG. 29 TRW PÁG. 33 VIEIRA&FREITAS PÁG. 58 VOSLA PÁG. 29 WÜRTH PÁG. 59 ZF-TRW PÁG. 18

2 PROTAGONISTA

P.71 Notícias internacionais

“No associativismo se ninguém resolve tem de vir alguém novo para 6 REPARAÇÃO resolver, ou pelo menos tentar. ” P.76 A importância do orçamento P. 22 Álvaro Oliveira da ANPERE “O rececionista é a figura chave, sendo a verdadeira cara da oficina 3 REVISÃO junto do cliente” P. 28 Novidades do mercado

P.80 Manutenção Renault Captur

4 ESPECIALISTA

OPINIÃO

“Tentamos que os conhecimentos que transmitimos aos formandos não vá para “fora de portas”. ”

P.82 Consultório jurídico

P. 34 Plano Mercedes P. 38 Norauto P. 42 JF Equipamentos P. 46 Orçamentação PT

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EDITORIAL PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 10 000 € CRC CASCAIS

Um novo compromisso

SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. TOMÁS RIBEIRO 129, EDIFÍCIO QUINTA DO JAMOR, SALA 11, 2790-466 QUEIJAS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL OFICINA@TURBO.PT

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udo o que vive evolui! Foi este o mote do editorial da primeira edição da Turbo quando surgiu há 34 anos. E foi, também, esta a ideia fundamental que permitiu à Turbo assumir a liderança da informação automóvel. Foi esse princípio – essa enorme lição – que esteve na génese do lançamento da Turbo Oficina. Porque, como sempre dissemos, as bases da informação de qualidade (e só há lugar para essa) são as mesmas, quer nos dirijamos ao público em geral, quer aos profissionais: rigor, independência, seriedade, proximidade face às necessidades e desejos de quem nos lê. Na informação, como em tudo na vida, as relações duráveis assentam em compromissos e em princípios. Estes são os nossos e, pela sua observância intransigente, temos sido premiados pelos nossos parceiros. Viemos para o Aftermarket, para “junto” dos profissionais, quando recebemos ecos de que este setor necessitava de informação de qualidade. Estamos hoje convencidos de que cumprimos esse nosso compromisso. Foi há menos de quatro anos mas a verdade é que

muita coisa mudou e temos a certeza de que tivemos um papel importante nessa mudança. É, portanto, chegado o momento de darmos um novo passo. Copiar, repetir a mesma receita dia após dia, é a maneira acomodada de alguns viverem. Pela nossa parte, porque tudo o que vive evolui, acreditamos que é a inovação que dita a fronteira entre os mais capazes e os que se limitam a viver no presente. Como há 34 anos – como há quase quatro anos – nós estamos do lado daqueles que acreditam que é fundamental ir ao encontro das novas necessidades e expetativas e, por isso mesmo, estamos hoje a iniciar um novo ciclo na Turbo Oficina. Esta edição reflete já uma parte desse compromisso de tornar a Turbo Oficina cada vez mais relevante para quem nos lê, para os decisores, para aqueles que precisam de estar informados sobre tudo o que tem a ver com a sua atividade. Esteja atento pois nos próximos meses surgirão mais novidades que têm em vista o objetivo de reforçar o compromisso de sermos verdadeiramente indispensáveis também para o Aftermarket.

DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITOR CHEFE JOSÉ MACÁRIO josemacario@turbo.pt REDAÇÃO ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt DIRETOR COMERCIAL ANABELA MACHADO pedrorosa@turbo.pt EDITOR DE ARTE E INFOGRAFIA RICARDO SANTOS ricardosantos@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP DEKRA 4FLEET TTT - TECHNICAL TRAINING TEAM IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt

Júlio Santos DIRETOR juliosantos@turbo.pt

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TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777 INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS



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Conferência Anual sobre Logística Automóvel

Ameaças (e oportunidades) que pairam sobre o automóvel (e sobre nós)

Chris Bangle, dispara: “quantos de vós aqui estarão dentro de dez anos?” Não é provocação gratuita. Nem visão apocalítica. Aos diferentes atores da indústria automóvel deparam-se ameaças (e oportunidades) tremendas. Vencer é possível - é a conclusão da edição deste ano da Conferência Anual sobre Logística Automóvel TEXTO JÚLIO SANTOS

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papel fulcral das novas tecnologias, da inovação e da formação foi o mote da Conferência Anual sobre Logística Automóvel que recentemente teve lugar na Alemanha e na qual participaram representantes destacados de diversos setores – da Logística ao Aftermarket independente, passando por construtores de automóveis. A necessidade de uma maior interligação entre todos os agentes dos diferentes processos foi enfatizada pelos participantes que deixaram uma mensagem clara: só essa visão global do negócio e empresas com recursos (humanos e tecnológicos) cada vez mais qualificados permitirá enfrentar com sucesso um futuro que trará novos “players” (muitos deles a dominarem essas tecnologias pois são eles que as fabricam ou desenvolvem) e em que as exigências do cliente final colocarão desafios hoje ainda não totalmente identificados aos objetivos de rentabilidade das empresas. Ou seja à sobrevivência saudável de todos.

ESTÃO A MATAR O AUTOMÓVEL Por vezes num tom quase apocalítico mas sempre ilustradas com exemplos práticos, quase todas as comunicações deixaram claro que os desafios que se colocam não são algo que paire num horizonte distante, antes estão mesmo “ao virar da esquina”. A velocidade acelerada com que caminhamos no sentido do automóvel que se auto conduz, a propagação vertiginosa das tecnologias de comunicação entre veículos ou a imparável escalada da telemática são apenas alguns exemplos da forte mutação que está em curso em todas as vertentes do negócio automóvel. Entre os principais oradores desta conferência estava Chris Bangle que no início do século revolucionou o design da BMW e a quem, por isso, é muitas vezes imputada uma fatia importante do sucesso do construtor alemão. A dirigir a sua própria empresa de consultoria automóvel há já alguns anos, Bangle mantém intacta a sua característica

de provador sistemático das audiências e do momento. Daí que poucos se tenham admirado quando ele acusou a indústria de ser a grande responsável pelo esmorecer da paixão automóvel alimentada por milhões de consumidores durante décadas. Segundo ele, a “standarização” do design e dos veículos, o refúgio na cópia e a eliminação dos fatores emocionais são os grandes responsáveis pelo desinteresse, sobretudo, dos jovens que preferem, manifestamente, os gadgets, como os smarthphone ou os tablets. Em tom que alguns poderiam considerar meramente profético, ignorando a experiencia vasta do orador, Bangle foi ao ponto de afirmar que o carro que se auto-conduz é uma espécie de golpe de misericórdia na relação emocional que os jovens ainda mantinham com o automóvel e que não tardará o dia em que nos sentemos num carro da mesma maneira que entramos hoje num elevador. Ou seja, sem qualquer emoção, tão só com uma perspetiva SETEMBRO 2015

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de quem quer ser levado de um ponto ao outro. Neste rumo que mudará por completo a face da indústria, Bangle interroga: “quantos de vós aqui estarão dentro de dez anos?” TESLA: O PARADIGMA DA MUDANÇA Depois deste murro no estômago a audiência respirou um pouco com as expectativas positivas para os próximos anos em termos de vendas de automóveis e, também, para o negócio das peças (produção e distribuição). Mesmo que Nick Beard, diretor da divisão automóvel na TNT tenha salientado, a abrir a sua comunicação, que o crescimento das vendas de automóveis elétricos e a redução do número de peças móveis nos motores convencionais são dois dos aspetos que virão a condicionar de maneira significativa a cadeia de distribuição. Beard não tem dúvidas, por exemplo, de que o autodiagnóstico do veículo reduzirá a interação entre o consumidor e o reparador (independente ou oficial) e, dessa forma, a quantidade de material que estes terão necessidade de receber e armazenar. “Enquanto pessoas ligadas à logística conseguem imaginar o que aconteceria para os vossos negócios se toda a gente conduzisse um Tesla? Não tenham dúvidas de que o vosso negócio colapsava” – desafiou Beard. “Embora eu admire aquilo que a Tesla está a fazer a verdade é que isso obriga-nos a alterações nas

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nossas organizações. Como o poderemos fazer de maneira segura e com um custo razoável?” Já Alfonso Serrano, responsável pela gestão de stocks na divisão automóvel da Amazon (a maior cadeira de vendas online no Mundo) está otimista, lembrando que as vendas online para o Aftermarket deverão mais do que duplicar nos próximos dez anos, representando cerca de 20% de todo o comércio (Aftermarket auto) em 2025. “O retalho está a evoluir do espaço físico para um gigantesco armazém online e esta mudança vai permitir às marcas e aos fabricantes estarem mais próximos dos seus clientes, para promoverem os seus produtos”. Ainda a este respeito, Peter Fuss, consultor na Ernst and Young, recordou que, por via destas alterações, chegarão à cadeia de distribuição novos players, como as companhias de telecomunicações ou fabricantes de eletrónica, que lançarão aos protagonistas atuais desafios gigantescos, a ponto de os poder tornar irrelevantes. “Pensemos em automóveis sem motor de combustão, sem transmissão e que se podem autorreparar por via eletrónica e é fácil vislumbrarmos os impactos que isso vai ter também ao nível da distribuição. Teremos que nos transformar nos melhores fornecedores de mobilidade, que é diferente de sermos os melhores fornecedores de transporte”.

NÃO TARDARÁ O DIA EM QUE NOS SENTAMOS NUM CARRO COMO ENTRAMOS NUM ELEVADOR: SEM EMOÇÃO. É ESTA AUSÊNCIA DE EMOÇÃO QUE ESTÁ A MATAR A INDÚSTRIA E O NEGÓCIO TRW E ZF: DOIS BONS EXEMPLOS A par dos desafios perfila-se, também, a certeza de que as mudanças em curso traduzirse-ão em oportunidades para fabricantes de automóveis e componentes, bem como para aqueles que estão na distribuição para, usando a tecnologia e a internet, melhorarem a produtividade e eficiência e a aumentarem o portfólio de produtos e serviços. Fuss apontaria como exemplo a compra da TRW pela ZF que classificou como um passo fundamental para que estas empresas venham a ter um papel central no desafio do automóvel que se auto-conduz. Sem essa aproximação, TRW e ZF tenderiam a perder protagonismo, no futuro, face ao novo desenho tecnológico do automóvel.


Um novo paradigma que alguns ainda tentam desvalorizar, argumentando que tudo se resume a uma certa visão apocalítica mas que todos acreditam que pode muito bem traduzir-se em novas oportunidades. Até porque a produção de automóveis continuará a crescer, apesar da atual sobre-capacidade, o que, a par da diversidade da oferta, que será uma das preocupações principais de todos os construtores, criará novas exigências a todos os que se movimentam, seja na distribuição, seja no após venda, ou na produção de componentes. Andreas Ginkel, responsável pela logística na General Motors e Opel, acredita que muitos dos desafios que se colocaram nos últimos 20 anos nos diferentes elos da cadeia de distribuição automóvel (previsões pouco fiáveis, alterações nos tempos de produção, competitividade) continuarão a marcar o futuro. Mais importante, garante, é que todos estejam preparados para desempenhar funções acrescidas em todos os patamares do negócio e para lidar de forma competente com a complexidade cada vez maior destas matérias, independentemente da tecnologia, sistemas e equipamentos que possam vir a revelar-se necessários. “Ajudem-nos a lidar com essa complexidade e isso permitirá que caminhemos juntos nesta indústria onde o sucesso será ditado pelo rigor da organização, SETEMBRO 2015

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pessoas e processos que preencham de forma cabal as necessidades daqueles que estão no extremo da cadeia, que estejam, portanto focados no consumidor e tenham uma visão global dos custos da empresa. Deste ponto de vista o essencial do passado e do futuro não se alterou”. Geert Brymeel, vice-presidente da Volvo para os aspetos relacionados com a logística e distribuição, consolidou a ideia de que as novas exigências em termos de processos e a cada vez maior competitividade vão enfatizar ainda mais a relevância da formação. “As pessoas” – referiu – “continuarão a ser o elemento crítico. Possuírem, ou não, as devidas competências será o fator decisivo. Nós podemos ajudar privilegiando princípios simples tais como a aposta em construir onde se vende e abastecer onde se constrói. Mas são as pessoas que implementam essas ideias. Pensar global e agir local vai tornar-se cada vez mais importante”. E-COMMERCE: SIM, MAS… Que a “paisagem” está a alterar-se a uma velocidade tremenda é algo que não suscita dúvidas, mas nesta conferência surgiram também alertas importantes relativamente à necessidade de uma correta avaliação de cada alteração de trajetória: nem tudo o que parece (bom) o é realmente. O especialista

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em redes de distribuição Thomas Cullen salientou, por exemplo, que não são facilmente percecionáveis as vantagens que resultaram da adesão ao comércio eletrónico, questionando se o setor terá, realmente, uma posição relevante naquilo que os especialistas designam de “Industria 4.0” referindo-se ao papel que “Internet das coisas” terá nas economias mais avançadas. Cullen garante que o comércio eletrónico está ainda longe de ser aquela “coisa” perfeita que muitos procuram fazer crer. E dá como exemplos armazéns que visitou onde encontrou inventários que eram geridos com notas escritas à mão em pedaços de papel. “No final da cadeia, demasiadas vezes, as coisas continuam a ser feitas com grande amadorismo” – diz – de nada valendo toda a tecnologia investida nos passos intermédios. Menos cético, Dror Noach, vice-presidente da CNH Industrial, que engloba, por exemplo, a Iveco, defende que o comércio eletrónico contém processos e experiências que podem ser replicadas, com sucesso noutros setores. “Vejo que existem muitas semelhanças. Desde logo, todos estamos focados no objetivo de servir o consumidor”. Semelhanças e preocupações comuns que, ainda assim, não impedem que muitos dos participantes nesta conferência considerem que a logística associada ao comércio

AS PESSOAS CONTINUARÃO A SER O ELEMENTO CRÍTICO. POSSUIREM OU NÃO AS DEVIDAS COMPETÊNCIAS SERÁ O FATOR DECISIVO PARA O SUCESSO DAS EMPRESAS eletrónico está vários passos à frente daquela que ainda prevalece na indústria automóvel – seja na linha de montagem, ou na distribuição a montante. Bruyneel, da Volvo, diz que isso deve-se ao facto de essas mudanças implicarem novas tecnologias, novos investimentos que as administrações das empresas até podem facilmente aprovar se o retorno for feito num prazo curto (três a seis meses) mas se falarmos de períodos da ordem de um a três anos, a análise já tem que ser muito mais ponderada. TELEMÁTICA OU BIG BROTHER? Por se tratarem de investimentos quase sempre avultados e de eficácia nem sempre evidente para todos, há também quem esteja a caminhar no sentido da incorporação dessas tecnologias em todos os estádios da cadeia,


obrigando, nesse caso, a um bem conjugado esforço de todos os que nela intervêm. Essa pode, aliás, ser uma solução com um potencial até aqui não devidamente avaliado, como explica Deborah Buswell, responsável pela distribuição na Jaguar Land Rover. A abordagem desta empresa, segundo foi revelado, parte da telemática que está a ser aplicada nos veículos que, além de servir para os fins “tradicionais”, tem a capacidade de comunicar aos computadores centrais eventuais problemas e dessa forma encurtar todos os tempos que levam à resolução. Por exemplo, ao comunicar em tempo real uma falha na bateria, um problema com um pneu ou qualquer outro, essa informação é imediatamente enviada para o fornecedor dessa peça e para o responsável pela execução das diferentes tarefas. Na posse dessa informação, todos têm que atuar de forma a dar a melhor resposta e, do ponto de vista central (Jaguar Land Rover) é possível controlar se todos os procedimentos estão a se seguidos por todos ou se em algum ponto existem falhas. “O controlo em tempo real do tempo de entrega era algo já possível. Com esta nova abordagem baseada no autodiagnóstico do veículo, encurtamos ainda mais os tempos e a possibilidade de falhas por parte dos diferentes atores” – sublinha Buswell. SETEMBRO 2015

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Telemática

O futuro do negócio A telemática afigura-se como o futuro incontornável do setor automóvel, prometendo revolucionar a experiência do condutor, mas também a indústria. Com as expectativas do cliente a crescerem, daqui a quatro anos, um em cada cinco carros terá sistemas de telemática. Mas estarão as oficinas preparadas para a nova era? TEXTO ANDREIA AMARAL

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e acordo com um estudo realizado pela consultora britânica Juniper Research, em 2019, 20% dos veículos de passageiros estarão já conectados a redes digitais. Perspetivando um futuro mais longínquo, também a Ernst & Young aponta, num documento denominado Telemática 4.0, para um crescimento exponencial deste setor e para a existência, em 2025, de 104 milhões de automóveis novos com alguma forma de conetividade. Segundo a consultora, isso significa que, daqui a dez anos, “a penetração da telemática atingirá 88% dos carros novos”.

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Se é verdade que, como afirma a Fujitsu, os fabricantes de automóveis terão de adotar, cada vez mais, a perspetiva de um fornecedor de sistemas de informação e comunicação, também o é o facto de os negócios ligados ao aftermarket e à manutenção/reparação estarem perante o maior desafio das últimas décadas. No cerne da questão está a progressiva evolução do automóvel, de uma máquina com diferentes elementos mecânicos para uma central digital que, no limite, poderá ser autossuficiente na condução. Embora ainda em fase de testes,

os veículos autónomos são uma realidade, como atestam o Google Car e a presença, já bastante disseminada, de sistemas de apoio à condução como o cruise control adaptativo, o controlo de faixa de rodagem ou o apoio ao estacionamento. O automóvel está, assim, a caminhar no sentido de se tornar mais uma infraestrutura de comunicação, ligada a tantas outras por via wireless e capaz tanto de receber e enviar dados, como de analisá-los para tomar uma ação. Thilo Koslowski, analista da área automóvel da Gartner, resumiu o


conceito explicando: “Trata-se do derradeiro dispositivo móvel.” Na verdade, de acordo com o segundo relatório anual da Telefónica “Connected Car Industry Report”, que inquiriu mais de cinco mil condutores a nível mundial, 80% dos entrevistados “esperam que o seu próximo automóvel ofereça níveis de conetividade e serviço semelhantes aos de um smartphone”. A perceção desta expetativa tem levado à entrada de novos players na indústria, não apenas como fornecedores, mas também como fabricantes. Depois de a Google se ter lançado no setor, também a gigante Apple anunciou o desenvolvimento de um veículo “inteligente”. E, logo por aí, não será difícil perceber aquele que se constitui como um dos maiores problemas: a partilha dos sistemas e da informação, dos quais a Apple, por exemplo, sempre se mostrou protecionista, desenvolvendo internamente todo o conceito, gerindo a plataforma de partilha e atualização de aplicações (a iStore) e assegurando na sua rede própria toda a manutenção e reparação. E quando em vez de um smartphone se tratar de um carro?... Conseguirão as oficinas atuar em condições de igualdade face aos fabricantes do equipamento original (OEM)? O VALOR DA INFORMAÇÃO O acesso à informação é, já hoje, uma luta do setor. A utilização nos veículos de sistemas que recorrem a satélites, radares, infravermelhos ou lasers veio complexificar o diagnóstico e a resolução de problemas por parte das oficinas fora da rede de concessionários da marca, tudo porque a informação está do lado do OEM. Apesar de as regras da livre concorrência ditarem o acesso em condições de igualdade ao mercado, a este nível, isso nem sempre se verifica. Se o problema tem vindo a ganhar preponderância nos modelos com motores Euro 6, e em proporção ao topo da gama (por dispor de mais sistemas auxiliares), poderá adensar-se ainda mais quando a informação a ceder se constituir como uma ponte direta de acesso ao cliente. Na verdade, a telemática nos automóveis não pode ser dissociada de um quadro mais abrangente: o das cidades inteligentes, em que, para além de haver conetividade de máquina para máquina (M2M), também há entre máquina e infraestruturas (M2I/ I2M) e infraestrutura e infraestrutura (I2I). Isto significa que não só é possível obter dados sobre o estado do veículo e sobre a sua utilização, como do perfil do condutor, tendo em conta os tempos das suas deslocações, os locais por onde passa ou até as estações de rádio que ouve. Os automóveis passam a assumir-se, assim, como importantes fontes de informação e de comunicação para o marketing, podendo as marcas criar bases comercializáveis e aumentar as suas receitas.

Com esta possibilidade em cima da mesa, a informação terá um valor ainda superior, o que poderá resultar num sério obstáculo à atividade e sobrevivência das oficinas fora das redes de concessionários. De acordo com uma publicação do International Transport Forum, organização mundial dirigida pelo português José Manuel Viegas, a regulação terá um papel primordial na resolução destas questões: “As autoridades terão de adaptar regras existentes e criar novas de modo a assegurar a compatibilidade destes veículos com as expetativas do público no que diz respeito à segurança, responsabilidade legal e privacidade.” Enquanto os contornos da utilização por terceiros da informação recolhida no automóvel levantam uma série de dúvidas

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TER A INFORMAÇÃO NÃO SERVIRÁ DE MUITO SEM A RESPETIVA CAPACIDADE DE ANALISÁ-LA, DE PLANEAR AÇÕES E DE CONCRETIZÁ-LAS relativas à privacidade e proteção de dados, até porque a maioria dos inquiridos no estudo da Telefónica não se mostra disponível para partilhá-los ou para receber no interface do seu carro campanhas de marketing, a questão é bastante diferente no que toca aos serviços e informações sobre o próprio veículo.


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RADAR CARRO CONECTADO

São vários os indicadores divulgados acerca dos carros conectados e quais os serviços de conectividade que os condutores mais valorizam. Ver o desempenho e “saúde” do carro em tempo real é um deles. Mercado potencial

Conectividade atual

Conectividade esperada em 2020

Penetração potencial no mercado

Espanha

Brasil legenda

EUA

Alemanha

Expectativas

Os compradores de carros esperam que o seu próximo carro oferece conectividade semelhante a um smartphone

Condutores dão mais importância às questões da segurança e diagnóstico

Condutores atraídos pelos novos seguros da era telemática

Tendências futuras para os carros conectados

Propriedade diminui face ao car sharing

Ajuda clientes B2B e B2C a perceberem as vantagens dos carros conectados

Fonte: Connected Car Report 2014

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Aumento considerável da legislação sobre segurança (e-Call)

UM CLIENTE COM NOVAS EXPECTATIVAS No estudo da Telefónica, 69% dos entrevistados afirmaram que, num mundo tecnologicamente avançado como aquele em que vivemos atualmente, deveria ser tão fácil aceder ao diagnóstico do carro como olhar para o telemóvel ou para o tablet. Aliás, conforme se lê no documento, “quase três quartos (73%) dos inquiridos escolheram as caraterísticas de segurança e diagnóstico como as mais importantes, dando uma indicação clara de quais as áreas em que esperam que os serviços de conetividade se foquem no futuro”. Adicionalmente, 61% dos condutores concordaram que a conetividade dar-lhes-ia um maior controlo, percebendo quando o veículo tem um problema, e 44% revelaram acreditar que esta tecnologia ajudará a garantir que um mecânico está a dar um orçamento justo para um determinado serviço. Em consonância, 34% mostraram-se disponíveis para partilhar os dados sobre as condições do carro para que as oficinas pudessem licitar orçamentos de manutenção/ reparação, conseguindo assim um custo mais baixo. Outra hipótese consiste simplesmente no contacto direto para a realização do serviço, que poderá ser por parte da oficina da preferência do proprietário ou unicamente do OEM. As duas primeiras alternativas pressupõem que os fabricantes partilhem os dados dos veículos, enquanto a última não. Associações como a FIGIEFA (Fédération Internationale des Grossistes, Importateurs & Exportateurs en Fournitures Automobiles) ou a AFCAR (Alliance for the Freedom of Car Repairers) têm feito pressão junto das instâncias comunitárias para que Bruxelas legisle esta área urgentemente, implementando um quadro legal que evite uma situação de monopólio e coloque em causa uma atividade que emprega 4,7 milhões de pessoas em cerca de 848.300 pequenas e médias empresas da União Europeia.

Segundo a AFCAR, “o direito de igualdade de acesso a informações iguais para serviços de consumo competitivos deve ser assegurado”. Por isso, esta aliança exige regulamentação que preveja: igualdade de acesso às mesmas funcionalidades e às mesmas informações no mesmo prazo para os operadores independentes; e um sistema de telemática do veículo padronizado que permita o desenvolvimento de aplicações alternativas, competitivas e validadas que possam ser carregadas no veículo, viabilizando a sua conexão ao fornecedor de serviços da escolha do proprietário. “Tais requisitos técnicos são necessários para abrir os sistemas de telemática, uma vez que, atualmente, são ‘caixas negras hipotecadas’”, defende a AFCAR. DESAFIOS E OPORTUNIDADES Contudo, mesmo garantindo-se o acesso e a normalização dos dados, o setor terá ainda de enfrentar outros obstáculos. Ter a informação não servirá de muito sem a respetiva capacidade de analisá-la, de planear ações e de concretizá-las. Ou seja, será necessário receber os dados do veículo, fazer uma avaliação dos mesmos, definir a medida a adotar, aferir a disponibilidade de stock e a agenda, acertar o momento da deslocação à oficina e efetuar o serviço convenientemente. Para jogar nesta liga, a oficina terá de adquirir tecnologia em consonância com a era, marcadamente digital, mas também de garantir recursos humanos qualificados para trabalhar com ela e assegurar a sua constante formação. Do mesmo modo, os negócios terão também de impulsionar o marketing, colocando os seus serviços na rede. No entanto, esta é também uma oportunidade para catapultar os resultados: se o cliente se vai deslocar à oficina, porque não propor que junte ao carrinho de compras um outro serviço, como uma lavagem?

BIG BROTHER AUTOMÓVEL Uma das principais questões levantadas pela telemática é o modelo de gestão da informação a adotar, de modo a garantir a segurança dos dados, a proteção da privacidade do proprietário e a igualdade de condições de mercado. O problema é empolado pelo facto de a conetividade ser global. Numa entrevista recente à TURBO OFICINA (ver edição n.º 38), Hartmut Röhl, presidente da FIGIEFA, exemplificou, colocando a responsabilidade

junto do fabricante: “Sempre que uma plataforma de assistência pedir uma determinada informação sobre o veículo, os OEM irão facilitar-lhe essa informação, mas saberão ao mesmo tempo o que lhe foi requisitado, o que lhes dá novamente indicadores de um modelo de negócio. Portanto, algo que apenas passa por um servidor cuja propriedade é de um OEM não é aceitável.” A gestão por um operador externo e independente é

uma possibilidade, mas há questões que permanecem sem resposta: como se assegura a idoneidade da entidade e do seu trabalho? Existem mecanismos de controlo? Quem paga o seu funcionamento?...


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OPINIÃO

Telemática

Desafios e oportunidades

A JOAQUIM CANDEIAS PRESIDENTE DA DIVISÃO DE PEÇAS E ACESSÓRIOS INDEPENDENTES DA ACAP E MEMBRO DO BOARD DA FIGIEFA

telemática terá em breve um impacto decisivo no Aftermarket a nível global e é importante que estejamos preparados para os desafios e oportunidades que essa nova realidade nos vai trazer. Desde logo é fundamental percebermos que ao nosso negócio vão chegar operadores que têm estado a posicionar-se de maneira a tirar o melhor partido desse futuro que será cada vez mais marcado pela tecnologia e pelo acesso à informação. Quantos de entre nós acreditariam, há meia dúzia de anos, que gigantes como a Google, o Facebook, a Apple, a Samsung ou a Vodafone iriam investir milhões em divisões automóvel específicas? E se o fazem… todos sabemos a razão. O que temos pela frente é, afinal, mais uma etapa de um processo evolutivo fascinante que nos últimos anos tem “varrido” o Aftermarket independente. Lembramo-nos todos de que antigamente existia uma fronteira clara entre as peças denominadas originais e as de segundo equipamento e hoje essa diferenciação já não acontece, sendo vários os exemplos de grandes fabricantes de primeiro equipamento que estão, simultaneamente, no Aftermarket e vice-versa. NÃO QUEREMOS VER MAS EXISTE Foi – não tenhamos dúvidas - uma evolução tão natural quanto aquela que agora temos pela frente; o Aftermarket independente continuará a evoluir no bom sentido e todos os desafios fascinantes que esse caminho nos vai trazer são, também, grandes oportunidades. Assim estejamos preparados, o que não me parece ser o caso, neste momento. Na verdade, penso que persiste uma certa mentalidade marcada pelo facto de preferimos não ouvir falar nos problemas pois assim

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achamos que eles não existem. Quando nos apercebemos que não é assim corremos e podemos, até, encontrar uma solução que, como foi achada à pressa, só raramente é a melhor. É tudo demasiado ao sabor do acaso e da sorte. Os desafios de telemática estão aí; 2018 e o eCall estão aí. Aquilo que de início nos queriam mostrar como um contributo para a segurança dos automobilistas, para o Aftermarket independente é uma forte ameaça e assim sucederá com outras iniciativas em que a eletrónica é o elo mais forte. No caso do eCall o que tínhamos era o contacto privilegiado entre o automóvel e o fabricante que tinha acesso permanente e privilegiado ao autodiagnóstico do veículo, dando-lhe a possibilidade de, instantaneamente, emitir alertas para o reparador oficial mais próximo. Ao proprietário era, assim, negada a possibilidade de escolher quem quer que repare o seu carro, enquanto o reparador independente ficaria sem qualquer possibilidade de disputar este “jogo” em pé de igualdade. É disto que falamos


e falaremos no futuro, por via da crescente influência da eletrónica e da telemática. AGARRAR AS OPORTUNIDADES E não tenho dúvidas de que, num contexto fortemente influenciado por algumas das maiores empresas mundiais, só conseguirão sobreviver aqueles que tiverem a mente aberta e perceberem que o mundo evolui todos os dias. Esses terão, então, as portas abertas para terem sucesso num negócio que, com certeza, será diferente daquele que hoje existe mas onde as oportunidades serão, provavelmente, ainda maiores. Neste contexto que todos estamos agora a tentar compreender e antecipar é já claro que só os melhor preparados irão conseguir competir. Para tal, o acesso à informação tem uma importância crucial. Só procurando os melhores parceiros, que podem ser portugueses ou estrangeiros e intensificando a participação na vida associativa vai ser possível os operadores atuais acederem às ferramentas que lhe permitam ser competitivos neste novo contexto.

A participação associativa tem já hoje um papel crucial que será ainda maior para aqueles cujos negócios não possuem, no presente, uma significativa vertente internacional. Esses têm ainda maiores dificuldades em aceder à informação e penso, até, que nesta nova conjuntura os meios de comunicação terão um papel ainda mais relevante. Se recuarmos um par de décadas, todos nos lembramos que a máxima de então era “o segredo é a alma do negócio”. Pois hoje é exatamente o oposto: a informação e a partilha do conhecimento são vitais para que os negócios possam prosperar. UNIÃO E INFORMAÇÃO No seio da FIGIEFA e da DPAI este envolvimento de todos na vida associativa tem estado no topo das prioridades pois sabemos que o setor só será forte – só existirão, portanto, bons negócios – se todos estivermos unidos. Um bom exemplo da relevância das associações é o facto de termos conseguido travar a entrada em vigor da obrigatoriedade do eCall nos moldes

em que a União Europeia se preparava para fazer, em que deixava totalmente à margem da informação e do negócio o Aftermarket independente. O eCall, como o bCall e o sCall (o service) são, apenas, alguns exemplos, da estratégia que os construtores tinham preparada com vista a dominarem em absoluto o negócio do após-venda e foi a FIGIEFA que alertou o Parlamento Europeu para as consequências que a aprovação daquele conjunto de iniciativas teria para os consumidores e para o Aftermarket independente. Em conclusão, tudo aquilo que temos pela frente, nomeadamente a cada vez mais rápida chegada de novas tecnologias em que a telemática é só um exemplo, constitui, antes de tudo, um desafio às nossas capacidades para nos prepararmos. Se formos capazes de o fazer teremos um fantástico mundo de oportunidades, com negócios que agora nem imaginamos. Quem, pelo contrário se limitar a deixar que as coisas aconteçam não terá, no futuro, por que se lamentar do facto de ter deixado o negócio. SETEMBRO 2015

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Fornecedores

Grandes compras animam setor Os grandes estão a ficar cada vez maiores e a dinâmica do setor automóvel tem permitido assistir a grandes negócios que vão alterar o panorama dos fornecedores, tanto no primeiro equipamento como no aftermarket.

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mercado dos fornecedores automóveis sempre foi muito dinâmico, com constantes aquisições, joint-ventures, parcerias e até algumas falências. Mas nos últimos meses temos assistido não só a compras, mas a grandes compras, alicerçando uma linha de pensamento que antevê uma cada vez maior concentração, em que vamos ter cada vez menos fornecedores, mas estes serão cada vez maiores. Porém, as necessidades do setor automóvel são constantes e vão-se abrindo, constantemente, novas oportunidades. A mais visível é a eletrónica e o caminho para a condução autónoma com tudo o que isso implica, que está a abrir portas a uma série de empresas que não tinham qualquer ligação ao automóvel. Isso deixa antever que muito vai continuar a mudar nos próximos anos.Fazemos uma viagem pelas maiores compras que aconteceram nos últimos meses.

ZF TRW: O NOVO GIGANTE O grande negócio do momento, tanto em valor como pela dimensão do novo player, foi a compra da TRW Automotive Holdings Corp. por parte da ZF Friedrichshafen AG, líder global em sistemas de transmissão e tecnologia de chassis. Assim, a TRW foi incorporada na ZF como uma nova divisão - Tecnologia de Segurança - , mantendo a sua identidade, muito bem implementada no mercado, tanto no primeiro equipamento como no aftermarket. O negócio foi fechado por cerca de 11 mil milhões de euros (12,4 mil milhões de dólares). O processo de integração da TRW, previsto para durar de três a cinco anos, começou nas áreas em que os clientes beneficiarão primeiro

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com as atividades combinadas. Isso inclui o desenvolvimento de novos produtos, gestão de materiais, vendas e pós-venda. “Estamos todos muito animados com os planos para o futuro, com esta combinação que permite capitalizar as oportunidades estratégicas e criar valor sustentável de curto e longo prazo para os nossos clientes e colaboradores”, afirmou Stefan Sommer, CEO da ZF, visivelmente satisfeito pelo negócio, assim que foi anunciado definitivamente. O motivo é fácil de explicar: “Esta nova empresa é uma potência de tecnologias automóveis que vão desde assistência ao condutor e sistemas de segurança dos ocupantes para o driveline e transmissões, até sistemas de travagem e de direção”, acrescenta John C. Plant, presidente e CEO da TRW. Com a aquisição da TRW Automotive, a ZF agora está presente em cerca de 230 localidades de 40 países. Em 2014, ano anterior à aquisição, as duas empresas tinham 134 mil funcionários e atingiram, juntas, uma faturação superior a 30 mil milhões de euros. Com esta operação, a ZF passou a ser um dos

ALÉM DAS VÁRIAS COMPRAS, EMPRESAS COM A MAGNETI MARELLI ESTÃO NA “MONTRA” À ESPERA DA MELHOR OFERTA PARA SAIR DO GRUPO FIAT

três maiores fornecedores do setor automóvel, catapultando uma forte curva ascendente. PIRELLI NA MÃO DOS CHINESES A China National Chemical Corp (ChemChina) investiu 7,1 mil milhões de euros para adquirir a Pirelli, atualmente o quinto maior fabricante de pneus do mundo, num acordo que colocou um dos símbolos da indústria italiana em mãos chinesas. O acordo estabelecido com os acionistas da Pirelli é a mais recente aquisição de chineses em Itália, que procuram tirar partido da fraqueza do euro numa altura em que a economia europeia dá alguns sinais de querer sair da estagnação. Com esta compra a ChemChina terá acesso a tecnologia de fabrico de pneus premium, que poderão ser vendidos com margens elevadas e dar à empresa italiana uma rampa de lançamento no mercado chinês, onde há muito para explorar. Porém, o departamento de pneus para camiões e veículos industriais será absorvido pela Aeolus, uma empresa do grupo que é atualmente o maior fabricante de pneus na China. Em comunicado, a Pirelli afirma que “o centro de desenvolvimento e a sede continuarão a situar-se em Itália”. Tal como a equipa diretiva, que se mantém em funções, tendo sido essa uma condição para a venda. Tronchetti Provera, CEO da Pirelli, afirmou que “a venda é boa para o futuro da Pirelli e garante o seu crescimento global”. MAHLE COMPRA DELPHI THERMAL A Mahle adquiriu recentemente a divisão Thermal da Delphi. O negócio foi fechado por um valor total de 642 milhões de euros,


numa operação aprovada pelas autoridades de concorrência. Ambas as empresas possuem nos seus portfólios módulos HVAC e componentes para arrefecimento do motor, mas a Mahle dá particular importância aos compressores da Delphi Thermal, algo que até agora não existia no seu catálogo, mas que rapidamente será integrado no seu portfólio. As duas empresas assinaram também uma carta de intenções para a venda do negócio da Delphi em Xangai, a Delphi Air-Conditioning System Co. Ltd, cujas receitas não se incluem nos 642 milhões de euros anunciados para o negócio Thermal. “Este acordo representa um ótimo resultado tanto para a Delphi como para a nossa divisão Thermal”, declarou Rodney O’Neal, CEO e presidente global da Delphi. “Esta transação posiciona a Delphi com um portfólio de produtos mais focado e de alto crescimento, visando as tendências Safe, Green e Connected, ou seja, produtos mais seguros, ecológicos e conectados.” As 13 unidades de produção da Delphi Thermal na Polónia, Eslováquia, Hungria, EUA, México, Brasil, China e Índia, bem como três grandes centros de pesquisa e desenvolvimento nos EUA e Luxemburgo, passam agora a fazer parte das quase 150 fábricas detidas pela Mahle. Como resultado desta aquisição, os cerca de 7500 trabalhadores da Delphi Thermal engrossarão os números de trabalhadores da Mahle, que deverão chegar aos 75 mil no final deste ano, ficando a Mahle como um gigante no setor Thermal, colocando a empresa no top20 dos principais fornecedores do setor automóvel. A Delphi anunciou também que as receitas deste negócio serão usadas para subsidiar

iniciativas de crescimento, incluindo aquisições e recompra de ações. Por exemplo, foram recentemente divulgadas negociações para a Delphi comprar a HellermannTyton Group, empresa britânica fabricante de cabos elétricos, por valores que poderão rondar os 1,5 mil milhões de euros. MANN+HUMMEL, O NOVO GIGANTE DOS FILTROS O Grupo Mann+Hummel celebrou um acordo definitivo para aquisição das operações de filtração globais (excluindo as operações da Affinia South America (“ASA”)) do Affinia Group, a fabricante das marcas de filtros Wix e Filtron. A transação está ainda sujeita às aprovações regulamentares habituais. As duas empresas continuarão a operar separadamente no futuro próximo. Os termos do negócio, não totalmente confirmados à data de fecho da edição, incluem valores que podem rondar os 1,2 mil milhões de euros, segundo relatos da Reuters, que cita fontes próximas ao negócio. A unidade de filtros da Affinia especializou-se no pós-venda de filtros de óleo, combustível e ar para o aftermarket e obteve, em 2014, um volume de vendas de 967 milhões de dólares. Já a Mann+Hummel é uma empresa especialista global em filtros que oferece soluções de filtros para equipamento originais e clientes aftermarket, com um catálogo muito completo e uma posição forte em Portugal. “Esta aquisição encaixa perfeitamente na nossa estratégia corporativa. Isso vai permitir-nos crescer globalmente e oferecer uma ampla oportunidade de crescimento e desenvolvimento para todo o nosso pessoal. O negócio de filtros da Mann+Hummel e

Affinia vai dar uma resposta ainda melhor aos clientes através de um portfólio abrangente e contínuo compreendendo desde soluções de filtro de trabalho pesado e industrial a hidráulico, graças à combinação de 150 anos de experiência em filtros”, sublinha Alfred Weber, Presidente e Diretor-Presidente da Mann+Hummel. Esta unidade da Affinia é a antiga fornecedora de filtros para a Dana, que a vendeu em 2004, por cerca de mil milhões de euros, à jointventure Cypress/OMERS. Já este ano, esta unidade da Affinia foi colocada à venda, numa corrida onde também participaram Valeo, Donaldson e Freudenberg. Este negócio surge no seguimento da venda da unidade sul-americana da Affinia, em junho, e da unidade de componentes para chassis, que em 2014 foi para as mãos da Federal-Mogul. LEASEPLAN SAI DA ALÇADA DA VOLKSWAGEN A Volkswagen deixou de ser proprietária de 50% das ações da LeasePlan, após o fabricante germânico, juntamente com o banco Meltzer, que detinha a outra metade, terem acordado a venda da empresa por um valor de 3,7 mil milhões de euros. Fundada em 1963, a LeasePlan é hoje a maior companhia a nível mundial no ramo da gestão de frotas, estando presente em 32 países, entre os quais Portugal, e contando atualmente com 6600 funcionários e um parque automóvel de 1,2 milhões de veículos. Em 2014 os lucros da LeasePlan atingiram os 372 milhões de euros. O consórcio que adquiriu a gestora de frotas é composto por fundos de Singapura e Abu Dhabi, os fundos de pensões da Holanda e Dinamarca, e ainda a Goldman & Sachs e

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a TDR Capital. Após a operação de compra estar totalmente finalizada, o que deverá ocorrer até ao final do ano, deve seguir-se um investimento na LeasePlan no valor de 1,5 mil milhões de euros. MAGNA COMPRA... E VENDE A Magna comprou a empresa especialista na produção de transmissões, Getrag, sediada na Alemanha e com fábricas espalhadas pelo mundo, nomeadamente Europa, Ásia e América do Norte. O negócio foi fechado por 1,7 mil milhões de euros, sem considerar as dívidas e fundos de pensão que devem passar dos 635 milhões. Com a compra da Getrag, a Magna garante um enorme portfolio de transmissões, ainda por explorar pela empresa. Numa história com 80 anos são várias as famílias de produtos que a empresa alemã dispõe, como fechaduras, retrovisores, conjuntos plásticos externos, engrenagens, eixos e peças metálicas de chassis, entre outros componentes. Mas, se por um lado, a Magna comprou a operação da Getrag, vendeu a sua unidade de interiores ao Grupo Antolin, por 475 milhões de euros. Esta venda inclui as 36 unidades de produção e cerca de 12 mil funcionários na Europa, América do Norte e Ásia. Em 2014 as operações desta unidade atingiram os 2,17 mil

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milhões de euros. Porém, a divisão de bancos para automóveis não está incluída neste negócio. MAGNETI MARELLI À ESPERA DE COMPRADOR A Magneti Marelli é uma das referências entre os fornecedores de componentes para a indústria automóvel e no aftermarket, trabalhando com praticamente todos os grandes fabricantes mundiais, tanto na Europa como na Ásia e América. Esta posição tem vindo a “abrir o apetite” a investidores dos Estados Unidos, especialmente interessados no negócio da iluminação, que terão já apresentado uma proposta para adquirir esta companhia. De acordo com a Reuters, uma oferta de 2,5 mil milhões de euros foi já recusada em junho, mas a Fiat-Chrysler

NOS ÚLTIMOS MESES FORMARAM-SE DOIS GIGANTES: A ZF-TRW COMO FORNECEDOR GLOBAL E A MANN+HUMMEL NOS FILTROS

Automotive (FCA), que detém a Magneti Marelli, pondera fazer negócio se as verbas forem mais altas. No entanto, esta venda não passa ainda de um processo de intenções à data de fecho desta edição. NOKIA VENDE MAPAS A AUDI, BMW E MERCEDES A Audi, a BMW e a Daimler uniram-se para comprar os mapas e os serviços de geolocalização da Nokia, numa jogada para que uma tecnologia com um papel importante no futuro da indústria automóvel não fique em mãos alheias. As marcas alemãs vão pagar cerca de 2800 milhões de euros pela Here, uma das três divisões que constituem a Nokia após a venda do negócio dos telemóveis. A Here emprega 6454 pessoas e teve no primeiro semestre 28 milhões de euros de lucro operacional. Os mapas da Nokia concorrem com os do Google e também com os serviços da multinacional holandesa TomTom. BANG & OLUFSEN AUTOMOTIVE VENDIDA À HARMAN A Harman Industrial Industries Inc., fornecedora de sistemas de infotainment, completou a aquisição da conhecida e luxuosa marca Bang & Olufsen Automotive, fornecedora de sistemas áudio para construtores de automóveis de luxo. O


negócio foi fechado por 145 milhões de euros. A divisão Automotive da Bang & Olufsen fornece sistemas completos de áudio para marcas como Audi, Aston Martin, BMW ou Mercedes. PHILIPS CEDE CONTROLO DO NEGÓCIO DA ILUMINAÇÃO Os produtos (tecnologia LED e iluminação para o automóvel) vão continuar a ser comercializados sob a mesma marca, englobados agora a nível internacional na atividade da Lumileds. Mas agora, o fundo de investimento GO Scale Capital (por sua vez a união de dois fundos: os chineses da GRS Ventures e os norte-americanos da OAK Investments) converteu-se no acionista maioritário depois de comprar 80,1% de participação nesta nova sociedade, ficando o Grupo Philips com os restantes 19,9%. A Philips procurava a entrada de novos investidores que permitissem que a empresa se centrasse mais nos seus negócios ligados ao HealthTech e, ao mesmo tempo, dotasse a Limileds de uma maior capacidade para garantir os investimentos necessários para os próximos anos. O valor da transação, no qual se incluem mais de 600 patentes relacionadas com a tecnologia LED e de iluminação automóvel e as fábricas, foi estimado em 2,8 milhões de euros.

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“O cliente não pode pagar a incompetência da oficina” Álvaro Oliveira, o presidente da mais jovem associação do setor, a ANPERE, fala sobre o setor associativista luso, sobre o aftermarket e também sobre o que o fez lançar-se nesta aventura. TEXTO JOSÉ MACÁRIO FOTOS JOSÉ BISPO

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oi na passada edição da Expomecânica, em junho, que foi lançada oficialmente a mais recente associação do setor do aftermarket. A Associação Nacional de Profissionais e Empresas do Ramo Automóvel, ANPERE, surge no panorama do associativismo para lhe dar uma lufada de ar fresco. A breve trecho esta associação propõese certificar processos e oficinas para garantir um standard de qualidade em todos os seus associados, de norte a sul do país. O associativismo em Portugal está de boa saúde? Eu acho que não. Principalmente neste tipo de associativismo, que é cooperativo. Quando são os empresários a juntar-se pelo bem comum as pessoas não gostam, querem deixar que alguém resolva o assunto e não querem preocupar-se com isso. Foi também por isso que nós surgimos: se ninguém resolve tem de vir alguém novo para resolver, ou pelo menos tentar. Se o associativismo estivesse bom no nosso setor não haveria necessidade de surgirem tantos grupos ou minigrupos, que, ao fim e ao cabo, não são mais do que uma associação, mas com uma imagem igual. E estes grupos acabam por substituir a necessidade de existirem associações. Só que estes grupos não são independentes, são um negócio. Nós não queremos ganhar dinheiro. Pagamos as nossas contas, claro, mas quem tem de ver o benefício são os nossos sócios. Porquê lançar-se agora no associativismo? Essa foi exatamente a questão que me coloquei: valeria a pena entrar no associativismo? E fi-lo porque me apercebi que a maioria das associações são uma espécie de guarda-chuva protetor para um conjunto de interesses e

compadrios. Se formos ver os órgãos sociais da maior parte das associações nacionais, as pessoas que lá estão são excelentes profissionais, pessoas de muito valor e que dominam o aftermarket nacional e não só, mas não são totalmente independentes. Estas associações são dominadas por interesses e trabalham para a própria associação e para proteger os interesses que há nessas mesmas associações. Se eu tiver uma série de oficinas de marca não vou querer que uma qualquer oficina cresça acima de determinado patamar, porque se não vai competir com as minhas oficinas. E esta é uma razão para que a certificação das oficinas não tenha andado para a frente. E nós queremos fazer exatamente o contrário, que é trazer benefícios económicos para os sócios.

com quem estamos a negociar condições para a formação, mas o que queremos conseguir é que a formação seja gratuita. Estamos a falar com o IEFP para conseguir ter formação financiada para os profissionais que já estão no ativo, de forma a que quem vá à formação possa ser pago pelo tempo que despendeu. No entanto não vamos apostar numa formação demasiadamente técnica, porque o maior handicap das oficinas não é a formação técnica, é a formação de gestão, de atendimento ao cliente, de marketing, posicionamento no mercado. É aqui que queremos intervir, queremos ajudar os nossos associados a unirem-se para conseguir, por exemplo, melhores condições para fazer marketing de massas aos condutores.

O que é que vos distingue das demais associações? Primeiro de tudo é o facto de sermos todos o mais independentes possível. Não estamos dependentes de marcas ou interesses. É evidente que todos temos os nossos interesses. Eu sou o representante do Autodata e é claro que vou aconselhar os meus associados a comprar o Autodata, mas se quiserem comprar o da concorrência também está tudo bem. É preciso é que tenham um software técnico atualizado e legal. Cada vez mais os carros estão evoluídos tecnologicamente e uma oficina que não tenha um equipamento de diagnóstico, um software técnico ou o mínimo de formação pode acabar por estragar os veículos.

O que é que a ANPERE propõe a quem queira ser associado? Além da independência, a nossa missão está bem definida: valorizar as oficinas independentes em Portugal. É isso que nós queremos. Criar normas processuais para certificar a qualidade das oficinas; recuperar a confiança perdida nas oficinas independentes; e formação. Tudo para criar um standard nacional para as oficinas nossas associadas.

A formação também é uma das apostas da ANPERE, uma das suas bandeiras? Sem dúvida. Em novembro vamos estar na Mecânica e contamos apresentar já um plano de formação para 2016. Temos um parceiro

Que outras mais-valias têm os associados da ANPERE? Há algumas ferramentas que estamos a desenvolver e para as quais estamos a concorrer a fundos comunitários. Uma delas batizámos como Livro de Revisões Virtual. É uma app que permite ao condutor associar as suas viaturas, introduzir os dados e obter médias de consumos, por exemplo. Os profissionais podem pesquisar por matrícula para não perderem tempo nem se enganarem

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nos orçamentos e encomendas. Mas mais do que tudo é possibilitar que os condutores possam fazer o registo do atual livro de revisões que têm e disponibilizá-lo via web para que um possível comprador consiga aceder a estes dados. Para garantir que a informação lá colocada é verdadeira basta deslocar-se a uma delegação da associação ou a um associado e validá-la. Além disso, esta app avisa o condutor de quando o seu carro tem de ser intervencionado de acordo com o plano de revisões. Mas também funciona para o profissional, porque o último associado onde aquele carro esteve receberá um alerta ao mesmo tempo do condutor. Aí fica a seu cargo utilizar as ferramentas que achar mais eficazes para conseguir cativar o cliente. A “estreia oficial” da ANPERE aconteceu durante a Expomecânica, em junho passado. Que balanço faz dessa iniciativa? O balanço é muito bom. Não estávamos à espera de ter tanta adesão. É claro que foi a primeira vez e não temos capitais, por isso não houve grande divulgação, mas conseguimos dar a conhecer a associação. Tivemos muitos contactos de oficinas, que mostraram grande interesse nos valores da associação e nos serviços que pretendemos vir a prestar e na forma como nos estamos a posicionar no associativismo. Alguns foram participar na apresentação oficial que fizemos e, dos 280 contactos angariados durante a feira, temos alguns que se tornaram sócios efetivos, cerca de 150 ainda não são efetivos mas estão apenas à espera do fim do ano para o fazer porque pagaram quotas noutro sítio e não têm capital para investir numa nova associação antes do final do ano. Quantos sócios efetivos tem a ANPERE neste momento? Estamos com cerca de 20 neste momento, mas, como lhe disse, estamos a contar com mais 150 no final do ano, entre outros contactos que estão a ser realizados. Por isso estamos ainda a fazer muita pesquisa de mercado e a tentar arranjar aderentes. Para já essa prospeção tem sido realizada a nível local entre as oficinas de mecânica e eletricidade – serviços rápidos – e temos dado preferência às oficinas independentes, multimarca, aquela oficina pequena que precisa realmente de auxílio no dia-a-dia, no que respeita à gestão da oficina e à melhoria da qualidade dos seus serviços. Nesta fase estamos a deixar de parte as oficinas de grande dimensão, as oficinas de marca, as que estão associadas em grupos, não estamos a trabalhar esse tipo de oficina porque essas já estão – à partida – bem encaminhadas, bem organizadas, e estamos à procura das oficinas independentes mais pequenas que estão espalhadas pelo país e que não têm apoio nenhum, não se sabem organizar, não têm acesso à tecnologia ou à informação, ao mercado

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de conhecimento que existe. Aí sim, sentimos que faz falta uma organização que as agregue numa “cooperência”, misturando “cooperação” com “concorrência”, ou seja, uma concorrência saudável que as ajude subir os níveis de qualidade ao invés de lutar entre si, baixando preço e qualidade do serviço. O bem mais precioso de uma oficina é a mão-de-obra e muitas destas oficinas não apostam neste seu valor, trabalhando antes a venda da peça: vendem uns amortecedores ao invés de venderem o serviço de substituição dos amortecedores mais a peça necessária. E ao não valorizarem o seu trabalho acabam por perder mercado porque os clientes apenas os valorizam pelo preço, não pela qualidade do seu serviço. Ainda em relação ao número pequeno de associados, temos de ter em linha de conta que, nesta fase, se as pessoas não virem nada no terreno não dão valor e têm algum receio de se associar. Para já temos alguns parceiros que os podem ajudar quase a custo zero a concorrer aos fundos do Portugal 2020. E têm mais algumas parcerias? Com quem? Para já temos parceria com a Associação Comercial e Industrial de Famalicão, o IEFP e várias outras empresas, que temos no nosso site e que oferecem algum tipo de apoio ou desconto ou assistência gratuita aos nossos associados. Estamos a tentar conseguir uma parceria

internacional, que deveremos apresentar no próximo ano, com uma solução muito interessante em termos de dados técnicos, organização de oficinas e sistema de gestão, por preços muito em conta se não mesmo de forma gratuita. Temos ainda uma parceria com uma empresa de software para garantir um projeto muito interessante para os sócios: um software que faz a gestão da oficina, mas também da orçamentação e da encomenda de peças, mas que obriga a um processo predefinido que a oficina terá se seguir sem saltar etapas. Em suma, ensinar os processos necessários à otimização do trabalho, para garantir maior rentabilidade. Quais são as principais dificuldades das oficinas que se propõem combater? A falta de confiança. Do lado do consumidor há muito receio de ir às oficinas independentes e ser burlado. O cliente confia apenas na oficina de bairro, aquela que conhece. Mas fora disso existe ainda muito receio. Nas oficinas mais pequenas temos sentido a ausência de qualidade de serviço, aquele serviço standard que se consegue encontrar numa oficina de marca ou de um grupo. E nos nossos testes de cliente-mistério temos notado que as pessoas depositam mais confiança nos grupos, perdendo receio de trabalhar com estes grupos independentes, mas fugindo das


DE CORPO INTEIRO

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PERFIL Casado e pai de dois filhos, Álvaro Oliveira é, aos 47 anos, recémlicenciado em Turismo e prestes a iniciar um mestrado, faltando apenas escolher a área: Turismo ou Associativismo. Este antigo mergulhador da marinha que tem pena de não ter mais tempo para continuar a praticar BTT iniciou o seu percurso profissional logo após o serviço militar no negócio da família, uma fábrica de confeções. Mas aquela não era a sua área de eleição e começou a aventurar-se na informática de gestão. Depois de várias formações técnicas criou uma pequena empresa nesta área e foi um dos primeiros distribuidores da atual Sage. Mais tarde ligou-se à Autodata, de que é distribuidor exclusivo para o nosso país desde 2008, tendo criado a Infortrónica, marca que ainda hoje lidera. Agora lança-se na área do associativismo, com a ANPERE, para dar uma nova face ao associativismo luso no setor das oficinas.

É um apaixonado por automóveis? Boa pergunta. Acho que somos todos, se não nunca tínhamos enveredado por este ramo de atividade... mas eu ainda prefiro mais as motos... Visita regularmente oficinas? Sim, quase todos os dias. Principalmente nesta fase inicial da associação em que estamos a tentar angariar mais associados. Faz muitas viagens? Sim, bastantes. Tanto dentro do meu âmbito de trabalho como fora dele. Entre estas, qual a que mais recorda e porquê? A viagem que mais recordo é uma viagem a Moçambique que fiz em 2004 – ainda não estava ligado ao ramo automóvel – em prospeção de mercado e apercebi-me de de que o mercado africano é completamente diferente do nosso mercado. E ainda hoje assim é, embora esteja melhor um bocadinho. É fácil para si tomar decisões? Para mim tem sido fácil. Acho que a minha formação me tem ajudado nesse sentido. Por vezes há decisões difíceis que temos de tomar, mas que fazem parte do dia-a-dia da própria associação ou mesmo da empresa. Há decisões que temos de tomar para levar as coisas para a frente que são contrárias às nossas vontades, mas que têm de ser. Quando se é líder de uma empresa ou associação temos de pôr os nossos interesses de lado. Costuma decidir sozinho? Geralmente não. Embora seja eu que tenha a última palavra, geralmente uno a equipa e, em função das

várias opiniões, tomo a minha decisão. No caso do associativismos tento colocar-me sempre do lado do sócio, mas mais ainda, tento colocar-me do lado do cliente do sócio. Considera-se um workaholic? Já passei essa fase. Já fui. Infelizmente fui durante o tempo em que os meu filhos cresciam e agora que eles já têm as suas companheiras percebi que perdi alguns tempos bons. Agora tenho tempo, mas eles já têm a vida deles. Tem uma rotina ou cada dia é diferente? Ultimamente tenho tido muitos projetos em mãos e tenho perdido a gestão do meu tempo. Há muitas coisas para tratar. Embora na empresa exista uma boa equipa e as coisas se governem praticamente sozinhas, nesta fase da ANPERE isso não acontece. Ainda faltam pessoas que acrescentem valor à associação e que possam ajudar para aliviar a carga de todos. O que gosta de fazer nos tempos livres? Adoro BTT, mas não tenho tido tempo. Mas nos tempos livres tento sempre aprender mais. Terminei agora uma licenciatura na área de Turismo e estou a decidir se farei um mestrado em Turismo ou Associativismo. Gosto de praia e de mergulho. Qual a característica que mais aprecia num colaborador? A proatividade. Para mim, um colaborador tem sempre de estar à procura de melhorar qualquer coisa, não pode estar à espera que as coisas aconteçam. Além do que aprenderam, têm de chegar a um ponto e fazer um pouco mais do que a sua função.

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E quem não cumprir? O que acontece? Se uma oficina falhar estas avaliações consecutivamente perde o direito à certificação. Deixa de estar no site, na informação da associação, e possivelmente até mesmo da associação. Mas isso é algo que ainda está a ser estudado, pois neste projeto existe a figura do associado não-certificado, que está ainda em processo de certificação. São situações complicadas. Mas uma coisa é certa. Apenas as oficinas que estiverem certificadas terão acesso aos maiores benefícios.

oficinas de bairro, porque muitas vezes não há fatura e, quando há, as pessoas desconfiam do que lá vem porque os serviços não estão todos descriminados. Nos tempos de reparação também há problemas e muitas pequenas oficinas não conseguem dizer atempadamente quanto vai demorar a reparação. Hoje em dia existem muitos tempários das marcas e mesmo software que já os trazem incluídos, basta consultar e informar o cliente. Muitas vezes esta falta de informação acontece pelo “fator medo”, ou seja, o profissional tem receio de que algo possa correr mal e, em vez das duas horas que o tempário diz, coloca no orçamento quatro ou seis, para se precaver. Mas isso está errado. O cliente não pode pagar a incompetência da oficina. E é nisto que nós estamos a trabalhar nas oficinas, dizendo-lhes que têm de cumprir os tempos e que, se não conseguem, há formações e devem assistir a elas. A formação é um investimento. Se os ensinarmos a faturar as horas despendidas – com rigor – em vez do serviço, percebem o que podem alterar em termos de processos para rentabilizar o seu tempo, que é dinheiro. A nossa missão é ajudar os nossos associados a serem menos improdutivos. E como é que isso se consegue? Isso consegue-se com a certificação. Não queremos para já lançar-nos numa certificação ISO, mas queremos pegar nas normas de trabalho, no know-how que existe e nas

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CONTACTOS ANPERE PRESIDENTE ÁLVARO OLIVEIRA TEL. 252 088 781 E-MAIL. geral@anpere.org

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ferramentas informáticas de gestão que existem e levá-las aos clientes com condições vantajosas. A Autodata já oferece 15% de desconto aos nossos associados, mas estamos a negociar com outras marcas de software para fazer o mesmo, com o objetivo de poder oferecer um pacote de informação a preços bastante mais económicos, mas que sejam úteis no dia-a-dia. Tudo isto tendo atenção ao que custa hoje em dia a uma empresa informatizar-se e que pode contribuir para que se refugiem na pirataria ou mesmo trabalhem na ilegalidade. Tem conhecimento de muitos casos desses? Já temos apanhado alguns casos nas nossas deslocações porta-a-porta para angariar sócios em que vemos oficinas abertas com material topo de gama, num pavilhão com 1000 m2 mas que legalmente não existem ou estão a trabalhar com um contribuinte particular de um familiar ou amigo. E isto tem de acabar. Se estas situações não acabam, as oficinas legais nunca vão “subir à primeira divisão”, vão ficar sempre na mesma situação, sem conseguir evoluir, prejudicadas por uma enorme concorrência desleal. Um dos grandes objetivos da associação é, nos próximos três anos, conseguirmos ter uma certificação – que vai ser difícil, pois outras associações já tentaram e não conseguiram –, que vá garantir que as oficinas nossas associadas cumprem um determinado número de requisitos, e entre eles um processo de trabalho, que garanta ao cliente uma determinada qualidade de serviço. O ideal seria que se conseguisse que uma revisão feita em Braga por um associado, no caso de dar problemas, pudesse ser resolvida em Faro, sem o cliente ter de pagar mais por isso. Esta certificação não será vitalícia e teremos um sistema de cliente-mistério implementado para, dentro de prazos específicos, avaliarmos se os associados certificados cumprem os processos que têm de ser cumpridos.

Quando é que esse projeto sairá do papel? Penso que no final do próximo ano devemos ter as primeiras oficinas certificadas para ver se chegamos ao final do ano seguinte com um quota de mercado interessante que nos permita ter margem de manobra para negociar com as frotas. Queremos ter pelo menos uma oficina por concelho, mas para já ficamos contentes por ter três por distrito, para garantir uma proximidade suficiente entre o cliente e a oficina certificada mais próxima. Começámos por saber o que pensa do setor do associativismo, por isso terminamos perguntando qual a sua visão do aftermarket nacional. Eu sou otimista, mas gravo melhor a parte má do mercado. Isto para dizer que o aftermarket está bom, mas tem de evoluir para um novo modelo de negócio, mais leve e flexível. As empresas importadoras e distribuidoras das marcas oficiais estão a trabalhar bem e o mercado (com a crise) encarregou-se de selecionar os melhores, que tinham produto, marca e qualidade. As margens estão demasiado espremidas e chegaram ao mercado empresas com material falsificado e sem qualidade nenhuma. Vendem-se a um euro kits de travões para um Opel Corsa C; óleos falsificados em embalagens de origem de marcas de referência. E a culpa aqui também é das oficinas, que querem ganhar dinheiro fácil e compram qualquer coisa. Quanto às vendas online B2B, os distribuidores e importadores das grandes marcas ainda não perceberam que o futuro não andará muito longe dali, pois manter stock é algo muito custoso, os prazos de entrega são diminutos e o custo da logística é baixo. Outro problema é a exclusividade, porque não sei até quando é que isso vai continuar a ser possível, porque qualquer player em qualquer parte do mundo pode lançar um site em português e vender peças para o nosso país com entregas em 24 horas e isso pode ser muito mau para o nosso mercado. É claro que os players nacionais estão atentos e também têm sites, mas não acho que estejam muito evoluídos e isso pode trazer algumas alterações ao mercado.



3 REVISÃO

Conferência ACM

Braga prepara-se para debater o aftermarket As inscrições são limitadas aos 180 lugares disponíveis, com uma plateia já bem composta. Não deixe a inscrição para os últimos dias.

A

organização da Conferência “Setor Automóvel no Séc. XXI”, a cargo da ACM em colaboração com várias empresas do setor automóvel local e nacional, que terá lugar em Braga dia 16 de outubro, anunciou novos patrocinadores e oradores. O evento, de que a TURBO OFICINA é media partner, será o maior do setor automóvel aftermarket daquela região minhota nos últimos anos. “Já fizemos um roadshow por algumas empresas do setor automóvel minhoto a apresentar a Conferência e a recetividade tem sido grande. Esperamos que este entusiasmo se reflita em presenças, já que todo este trabalho tem como objetivo maior levar o Conhecimento para fora dos centros tradicionais Lisboa e Porto”, afirmou Dário Afonso, CEO da ACM. A empresa conta com mais de 10 anos de atividade nas áreas de consultoria à gestão e formação comportamental e, desde há muito tempo que é desafiada pelos empresários minhotos a desenvolver um evento com dimensão e qualidade em Braga. “Após algumas tentativas mal sucedidas com alguns agentes minhotos, encontrou-se no Presidente da AI Minho alguém que mostrou vontade que o evento acontecesse e, com muito trabalho mas duma forma natural, estamos a conseguir montar a estrutura necessária ao evento”, acrescenta o responsável pela organização da conferência. Este evento insere-se num Programa desenvolvido em colaboração com a AI Minho e com a empresa local JR Diesel, que tem como objetivo principal a descentralização do conhecimento do setor automóvel. Os temas que serão abordados nesta Conferência são de vital importância para os operadores do setor, e nem sempre tratados em eventos deste género. Os oradores, aqui de forma resumida, vão abordar as seguintes temáticas: - A ACM irá apresentar dados relativos ao aftermarket do ICDP (Automotive Distribution Research, Insight, Implementation) e da Wolk Consulting.

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- A TeamUp irá partilhar informação relativa a novas tendências de consumo e à existência de uma nova geração de clientes, que os poderemos definir como “Clientes Online”. - A Tips4y tratará de um tema que irá alterar por completo os modelos de negócio atuais das oficinas auto: a Telemática! Algo que para muitos é futurologia está neste momento a acontecer… - A B-Parts é uma jovem empresa que trata um tema com uma dimensão enorme e um futuro gigante: a reutilização de peças automóvel. A forma como fazem o controlo de qualidade e o processo informático/logístico que desenvolveram para conectar as partes envolvidas. Algo de grande interesse para todos os operadores do setor. - A LogGame é uma empresa que utiliza a ferramenta KAIZEN em PMEs com grande sucesso em otimização de processos e melhoria da gestão. É esta experiência que será partilhada nesta conferência.

- A BMW Portugal irá apresentar as soluções de mobilidade do futuro. A BMW é uma das marcas que mais tem investido na tecnologia de mobilidade elétrica e será esta tecnologia as soluções presentes e futuras, e ainda, as tendências em toda a Europa que serão tratadas. Faltam ainda fechar alguns temas e oradores, que se encontram em processo de confirmação à data de fecho desta edição. A Conferência Setor Automóvel no Séc. XXI terá lugar no próximo dia 16 de outubro, entre as 9 e as 17 horas, no Auditório da AI Minho que tem 180 lugares disponíveis. Destes, já várias dezenas estão reservados para os convidados dos patrocinadores do evento. Como tal, não perca tempo e inscreva-se já. O valor da inscrição é de 50€ + IVA por participante e basta remeter um e-mail para: contact@acmpt.com. As dúvidas podem ser ainda esclarecidas pelo número 211 953 307.


AutoParts

Novos filtros de partículas diesel STANDOX

CONSELHOS PRÁTICOS PARA A PINTURA NO VERÃO As altas temperaturas que se sentem em território luso por altura do verão obrigam a alguns cuidados extra na hora de pintar, pois condicionam a forma de pintar e o resultado final. A Standox oferece algumas pistas preciosas para diminuir estes riscos: 1 – Escolha a combinação correta de endurecedor e diluente. Quando os vernizes são aplicados a altas temperaturas, a escolha do endurecedor e diluente corretos é crucial para evitar problemas e garantir um resultado perfeito em termos de brilho e alastramento. A escolha dos pintores deve recair sobre produtos de secagem lenta. 2 – Não esquecer a humidade. No nosso país não é o caso, mas em alguns países o verão é sinónimo de elevada humidade, o que pode afetar a aplicação da Standohyd Plus Base Bicamada e dos sistemas Standoblue Base Bicamada. Contudo, num ambiente quente e seco, as bases bicamada secam rapidamente, o que representa um desafio para os pintores, uma vez que a demão de efeito pode não ser absorvida de forma correta e pode ocorrer um efeito areado. O ajuste correto do produto vai manter a fluidez da tinta o tempo suficiente para que uma aplicação sob condições difíceis alcance uma ótima retenção de humidade. 3 – Pinte durante o período da manhã. Uma vez que no verão a tendência normal é o aumento da temperatura durante o dia, e os ciclos de secagem tornam praticamente impossível baixar a temperatura, especialmente em cabinas de pintura combinadas, é aconselhável efetuar os trabalhos de pintura mais exigentes ou de maior dimensão durante o período da manhã, quando o ambiente está um pouco mais fresco. 4 – Utilize uma fita elástica para a cabeça. Se trabalha com uma máscara, em vez de um capuz completo de proteção, utilize uma fita elástica para a cabeça quando o clima for suscetível de o fazer transpirar. É uma forma simples e efetiva de prevenir que as gotas de suor caiam sobre a pintura fresca e destruam um trabalho praticamente concluído.

A

loja online de peças para automóvel AutoParts Logistic acaba de anunciar um novo lançamento, fruto da sua estratégia de crescimento e alargamento da sua oferta de produtos. Falamos da gama de filtros de partículas diesel da MTS, marca italiana reconhecida pela produção e distribuição de filtros de partículas de elevada qualidade, bem como de uma gama completa de escapes e catalisadores, que também estarão disponíveis nesta loja online sob consulta, em www.autopartslogistic.com. A gama da MTS estará disponível para entrega num prazo de 3 a 5 dias úteis após a encomenda.

VOSLA

Gama de lâmpadas A

VOSLA GmbH desenvolve e produz soluções de iluminação “made in Germany”. Especialista em halogéneo, está agora a lançar a marca VosLED, para desenvolvimento da tecnologia LED para automóvel. O catálogo da VOSLA engloba acima de 150 diferentes lâmpadas de automóvel e com a marca NARVA mais de 500 diferentes lâmpadas especiais para os clientes em todo o mundo. Da oferta principal constam o serviço de marcas individuais; a designação das embalagens; quantidades de fornecimento individuais; e desenvolvimento do produto direcionado para o cliente. A VOSLA é representada em Portugal pela Marein.

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REVISÃO

AleCarPeças.

PADOR

Distribuidora oficial ATE e Galfer

A

AleCarPeças anunciou ter conseguido dois novos acordos de distribuição oficial. Um deles é com a ATE, empresa fornecedora de equipamento original para fabricantes automóveis e também para o aftermarket. A marca lusa passa a incluir mais de 2000 referências na sua oferta da ATE, nomeadamente nas gamas de travagem, hidráulica, componentes eletrónicos, fluidos e ferramentas. Além desta marca, a AleCarPeças passa a ter disponível no seu catálogo a gama de pastilhas de travão da Galfer, uma marca do Grupo Continental que pretende fazer chegar a todos os níveis da distribuição produtos da maior qualidade. Para tal esta marca que

agora passa a ter representação lusa através da AleCarPeças, testa todos os seus produtos em conformidade com o padrão OE, para fabricantes de equipamentos originais.

Mercado.

Crescimento abranda

BATERIAS GARANTEM MAIS POTÊNCIA NO ARRANQUE As baterias PADOR, com as suas placas de material expandido ou perfurado, permitem uma substancial melhoria tanto da potência de arranque a frio como da duração dos seus ciclos. Trata-se de uma gama de alta qualidade para todo o tipo de veículos que optem por um produto eficiente a longo prazo. A tecnologia de cálcio/cálcio permite um incremento da máxima potência de arranque. No catálogo há uma vasta cobertura do parque automóvel europeu e asiático. Entre as principais características estão a alta capacidade de arranque (até mais 30% de potência); a fiabilidade e robustez; e a resistência a temperaturas extremas. Sempre baseadas na tecnologia de cálcio/ cálcio as baterias PADOR utilizam as últimas inovações da nanotecnologia. O sistema de selagem da PADOR, com tampa dupla, garante uma elevada proteção em caso de perda de eletrólito e faz com que não seja necessária manutenção.

D

epois de um ritmo de crescimento bastante acentuado ao longo da primeira metade do ano, com uma diferença de 31,2% comparativamente ao período homólogo, a segunda metade de 2015 começa com uma diferença mais pequena no volume de vendas. Ainda assim, o total de 18 398 veículos comercializados durante o último mês significa um aumento de 10,9% em relação aos números de igual período do ano passado, com um acumulado de 16595 automóveis transacionados. Destaque ainda para o facto de todos os setores terem evoluído positivamente ao longo do último mês, com os ligeiros de passageiros a subirem 9,7% (15 548 unidades), os comerciais ligeiros a progredirem 15,7% (2538 veículos) e os pesados a crescerem 34,5% (312 viaturas). O total de automóveis comercializados em Portugal ao longo de 2015 ascende agora a 135

526 unidades, o que representa um aumento de 28% em relação aos dados do ano anterior. Analisando a performance ao longo de 2015 das várias marcas, verificamos que a Renault continua confortavelmente instalada na liderança, com um total de 13 406 veículos comercializados e cada vez mais perto de completar 18 anos seguidos na liderança do mercado automóvel nacional. As duas posições que completam o pódio é que estão a ser alvo de uma animada disputa entre a Volkswagen e a Peugeot, com o fabricante germânico a entregar este ano 11 290 automóveis, enquanto os seus rivais franceses se ficam pelas 11 147 unidades transacionadas.

CAR ACADEMY

CURSO DE MECATRÓNICO AUTOMÓVEL EM SETEMBRO A Car Academy vai realizar um curso de 160 horas de mecânica e eletrónica automóvel, neste mês de setembro. A ação da Car Academy tem como destinatários todos os jovens interessados em iniciar as suas carreiras profissionais nas áreas de mecânica e eletrónica automóvel. O curso vai ter a duração, total, de 160 horas e assentará numa componente fortemente prática com 50% do tempo dedicado

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a trabalhos na oficina. A formação terá lugar nas instalações da Car Academy, em São Marcos (Cacém), com um custo de 800 € mais IVA, por participante. Mais cursos em www.caracademy.pt.

BOSCH CAR SERVICE

CAMPANHA PROMOCIONAL A Bosch Car Service tem em curso uma promoção até 30 de setembro. Os clientes que se dirigirem a uma das oficinas Bosch Car Service e adquirirem produtos e/ou serviços no valor igual ou superior a €49,40 habilitam-se a uma viagem de uma semana para duas pessas ao Dubai. Para participar os clientes devem submeter na página de Facebook da Bosch Car Service uma fotografia original tirada numa das oficinas Bosch Car Service distribuídas por todo o país. As fotos ficarão sujeitas a votação online e a mais votada ganha a viagem. Para além da viagem foram ainda criados três pacotes de serviços com preços fixos prédefinidos durante este período promocional: a substituição de óleo de motor e filtro de óleo a partir de €49,90 com óleo 10W40, €79,90 com óleo 5W30/5W40 ou ainda €89,90 com óleo 0W30.


Gates

Medidas contra pirataria PRODUÇÃO

ABRANDAMENTO EM JULHO Nos primeiros sete meses de 2015 a produção de veículos automóveis em Portugal registou uma queda de 5,2% relativamente ao período homólogo do ano anterior. No mês de julho de 2015 foram produzidos 15 516 veículos automóveis, o que representou um decréscimo de 13,4% face ao mês homólogo do ano anterior. Ainda neste mês, observou-se uma variação positiva no setor dos veículos pesados (+4,7%), sendo de realçar que a produção desta categoria de veículos continua em crescimento desde o início do ano. Já a produção de automóveis ligeiros de passageiros e de veículos comerciais ligeiros evidenciara quedas de, respetivamente, 11,7% e 20,2% no mês em causa. Em termos acumulados, no período de janeiro a julho de 2015 foram produzidos 103 018 veículos automóveis, o que representou um decréscimo de 5,2% face ao mesmo período do ano anterior. Deste total, 99 068 destinaram-se à exportação, o que representou 96,2% da produção total e menos 5,8% do que os veículos exportados no período homólogo do ano anterior. Por países de destino, nos primeiros sete meses do ano a Alemanha absorveu 26,8% dos veículos que Portugal exportou, seguida de Espanha (13,6%) e do Reino Unido (10,0%). O total da UE-28 absorveu 76,3% dos veículos exportados, enquanto o total da Ásia representou 14,8%, sendo que o total da China ascendeu a 13,2% das nossas exportações.

A

Gates, sendo um dos principais fabricantes de sistemas de correia de transmissão, está a tomar todas as medidas possíveis para evitar ou impedir a venda de correias de distribuição falsificadas com o seu nome de marca. Desde julho de 2015, a Gates aplica às suas correias de distribuição PowerGrip embaladas um código único, que nunca é repetido. As novas etiquetas de embalagem incluem três (3) métodos de verificação deste código único, uma marca de segurança tripla que ajuda a distinguir a qualidade Gates original da contrafação. Na embalagem da correia, está impresso um código alfanumérico único de 14 dígitos, que pode ser introduzido em gates.com/original para autenticação do produto. Em alternativa, é possível digitalizar o código QR que indica se o produto é falso ou genuíno, após a instalação de aplicações especiais num smartphone ou num leitor de código de barras. E por último mas não menos importante, foi acrescentada uma etiqueta tesa PrioSpot à série de medidas contra a contrafação. A etiqueta é difícil de falsificar, visto que inclui diferentes elementos de segurança. Algumas verificações visuais permitem reconhecer facilmente a autenticidade do produto.

RETA

MAIS SEMIRREBOQUES VENDIDOS A Reta – Serviços Técnicos e Rent-a-Cargo, S. A., registou um aumento nas vendas de semirreboques novos e usados, ao longo deste ano, antevendo-se um saldo positivo da atividade comercial desenvolvida no ano fiscal de 2015, superior ao desempenho registado no ano anterior. A venda de veículos usados obteve, no primeiro semestre de 2015, um crescimento de cerca de 10% face ao período homólogo. As tipologias mais procuradas foram os semirreboques de lonas e frigoríficos. No que se refere à venda de semirreboques novos registou-se no primeiro semestre um crescimento de 60%, comparativamente com o mesmo período de 2014, destacando-se positivamente a procura de semirreboques frigoríficos da fabricante espanhola

LeciTrailer –, da qual é representante exclusivo no mercado português. Neste segmento de negócio, aliás, a estratégia da Reta tem vindo a ser reforçada através da representação de grandes marcas, existindo já um impacto bastante significativo na atividade comercial. “Os resultados apresentados revelam a capacidade que a Reta tem em conseguir superar-se ano após ano, e, adaptar-se às necessidades do mercado, proporcionando aos nossos clientes as melhores ferramentas para o seu trabalho” reforça Paulo Caires, diretor de marketing.

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REVISÃO

JLS.

LIQUI MOLY

Tratores com novo TPMS

A

empresa de transportes JLS, sedeada em Viseu, adquiriu 30 novos tratores, seis dos quais equipados com o sistema ContiPressureCheck da Continental, um sistema que permitirá uma monitorização constante da pressão de ar dos pneus, bem como da respetiva temperatura, reduzindo de forma efetiva os custos operacionais e maximizando a eficiência das frotas. No mesmo sentido e com a redução do impacto ambiental também em mente, a JLS adquiriu ainda 50 semirreboques novos. Estes estão equipados com pneus ContiHybrid, da Continental, desenvolvidos para conseguir a máxima eficiência no eixo do reboque, uma vez que os pneus do reboque contribuem em

cerca de 60% para a resistência ao rolamento, tornando-se extremamente importante usar um pneu otimizado.

Polibaterias.

Boosters Electromem disponíveis

A

Polibaterias já tem disponíveis os novos Boosters de Lítio da Electromem, o Atom (o mais pequeno do mercado – do tamanho de um iPhone) e Zeus (modelo de maior capacidade para diesel e Comerciais) que vêm completar a gama iniciada com o modelo intermédio, Jenius. Ambos vêm equipados com lanterna LED e fichas para carregamento de telemóveis e

tablets. Extremamente compactos e leves, são a última tecnologia em desempanagem móvel. Simultaneamente foram também lançados os novos carregadores/ estabilizadores Sirius. Digitais, de alta frequência, para ligeiros e pequenos comerciais, com estanquecidade IP65 e dois tipos de ligações, por garras e fichas de montagem direta na bateria.

ESCAPE FORTE

MCNUR

A Escape Forte, empresa especializada na reparação de filtros de partículas, anunciou representar em Portugal a marca suíça Warm Up de produtos químicos para manutenção automóvel. A estreia desta nova parceria é feita com a comercialização da gama CombuTec de aditivos para viaturas que estejam equipadas com filtros de partículas com sistema de aditivação.

A Mcnur, especialista no comércio de componentes novos, usados e reconstruídos para automóveis, acaba de abrir uma delegação em Almeirim para melhor servir os clientes da zona do Ribatejo. Os principais produtos comercializados pela MCnur são: Motores, Blocos armados, Caixas de velocidades, Bombas injectoras, Injectores, Turbos, Alternadores, Motores de arranque, Caixas automáticas, Caixas de direção, Bombas de direção e Cabeças de motor. Além da nova delegação, a empresa lusa anunciou ter em curso uma campanha para a venda de motores reconstruídos para a Ford Transit 2.2 TDCI, para os quais é oferecida uma garantia de 24 meses.

NOVA REPRESENTAÇÃO

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PROMOÇÃO E NOVA DELEGAÇÃO

CAMPANHAS PARA TODOS A Liqui Moly tem em vigor quatro campanhas para potenciar a compra de tambores da sua gama Top Tec, válidas até ao final do ano salvo rutura de stock. Assim, na compra de um tambor da referência 3704 TOP TEC 4100 5W40 pode escolher entre um fatomacaco, uma caixa de sprays à escolha e uma caixa de aditivos de óleo à escolha. Se a opção recair sobre a referência 3744 TOP TEC 4300 5W30, tem à disposição um fato-macaco ou um pack servisse sprays à escolha ou ainda um pack aditivos de óleo à escolha. Na compra da referência 3754 TOP TEC 4400 5W30, as opções são um fatomacaco, uma caixa de sprays à escolha e uma caixa de aditivos de óleo à escolha. Nesta caso, na compra de 5 tambores terá um desconto adicional de 5%. Por fim, se eleger a referência 3711 TOP TEC 4200 5W30 pode optar entre um fato-macaco, uma caixa de sprays à escolha e uma caixa de aditivos de óleo à escolha. Nesta caso, na compra de 5 tambores terá um desconto adicional de 5%. Outra campanha é a que decorre até dia 30 de setembro, em parceria com o Clube TT de Oeiras, e que oferece um fim-de-semana de Aventura entre 16 e 18 de outubro. Para ganhar basta comprar 5500 euros em produtos das linhas TopTec 5L, ATF 1L, aditivos ou sprays. Além destas, as campanhas de verão da marca alemã de lubrificantes serão prolongadas até 15 de setembro, fruto da elevada adesão. Relembramos aqui as condições das campanhas: na compra de uma caixa de óleo mais uma caixa de aditivos de óleo da linha Top Tec a Liqui Moly oferece quatro bonés; na compra de um pack de produtos composto por três caixas de óleo da linha Top Tec, duas caixas de aditivos de combustível e uma caixa de sprays é oferecido um pack verão, composto por um boné, uma T-shirt e um chapéu-de-sol; e, na compra de seis referências de 20 litros (num total de 120 litros) de óleos, a oferta é um pack oficina, composto por umas jardineiras e um fato-macaco.


TRW

Pesquisa por matrícula facilita consulta do catálogo online O

novo e melhorado catálogo online de peças da TRW Automotive Aftermarket permite agora ao utilizador encontrar peças usando um identificador de veículos único, por mercado. No caso do mercado português, esta pesquisa é efetuada pelo número de matrícula do veículo. Esta nova funcionalidade ajudará na identificação rápida e precisa dos componentes TRW e faz parte do objetivo da companhia em se tornar um líder digital neste campo. A utilização desta nova ferramenta é muito simples. Usando um identificador único, qualquer pessoa pode identificar uma peça ou sistema TRW de um veículo, no site www. trwaftermarket.com, independentemente do país onde se encontre e da origem do veículo. Por exemplo, um mecânico que esteja a reparar, em Portugal, um carro com matrícula francesa, pode identificar as peças para esse veículo selecionando “França” na opção “selecionar mercado” e introduzir o identificador único disponível, no catálogo, para o mercado francês. O idioma será definido por defeito para português porque o protocolo da internet (IP) identificará o mecânico como estando em Portugal, mas o idioma também pode ser alterado, sempre que necessário. O responsável de marketing para a área digital da TRW, Alex Knorn, explicou: “A TRW investiu fortemente para melhorar a sua capacidade digital ao longo dos últimos

anos, em sintonia com as exigências do mercado. Sendo a globalização, hoje em dia, a norma e uma vez que as fronteiras geográficas deixaram de ser uma barreira aos negócios, a internet é a mais importante ferramenta de comunicação global que existe, estamos a trabalhar arduamente para explorar as suas potencialidades.” Clientes em Portugal e no Reino Unido podem agora realizar a pesquisa introduzindo a matrícula do veículo. Utilizadores na Alemanha podem identificar veículos usando um número de sete dígitos único emitido pela Direção Geral de Viação alemã (Kraftfahrtbundesamt (KBA)). O catálogo utiliza os códigos de identificação do Système n’Immatriculation des Véhicules (SIV) para pesquisar veículos com matrícula francesa. Outros países terão a opção de pesquisar através do número de identificação do veículo ou de chassis (VIN, na sigla em inglês). Alex concluiu: “O nosso catálogo integrado é agora a principal fonte de informação digital para peças e sistemas “Corner Module” (travagem, direção e suspensão). A identificação das peças é agora mais rápida e precisa, o que significa que se evita a inconveniência e o custo com artigos encomendados de forma errada pelos utilizadores. Para além disso, a função de seleção do mercado cria um mercado realmente global.” Experimente em www.trwaftermarket.com

GLASSDRIVE

LOUSÃMOTORES

Já está a funcionar o mais recente centro da Glassdrive em Lisboa. Localizado no Parque das Nações, ocupa um espaço no piso -1 do parque de estacionamento da Gare do Oriente e funciona durante toda a semana, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30, bem como ao sábado, durante o período da manhã, entre as 09h30 e as 12h00.

Depois do sucesso em 2014, a Lousãmotores regressa para a sua segunda edição, que se realizará entre os dias 25 e 27 de setembro na Nave de Exposições da Lousã. Este certame contará com a presença de várias empresas do setor do aftermarket automóvel e terá como pontos de interesse a intervenção do presidente da ARAN logo no primeiro dia, um workshop sobre manutenção básica e um desfile de participação livre com motos, ligeiros e camiões.

NOVO CENTRO NO PARQUE DAS NAÇÕES REGRESSO EM SETEMBRO

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ESPECIALISTA

Mercedes-Benz

Formação feita à medida A Mercedes-Benz Portugal tem planos de formação para os seus técnicos de vendas e de após-venda e para jovens aprendizes, ambos com o propósito de melhorar a experiência de excelência do cliente. Conversámos com João Santos, responsável pela formação da marca da estrela, para perceber como é que um construtor premium lida com a realidade formativa em Portugal. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

A

Mercedes-Benz Portugal oferece no nosso país dois programas de formação: um para técnicos de vendas e após-venda, da sua rede de concessionários e oficinas autorizadas, e outro que se dirige aos jovens que queiram abraçar os desafios da marca. Os cursos técnico profissionais dirigidos a aprendizes ocorrem em regime Dual e são realizados em colaboração com o IEFP, garantem

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equivalência escolar ao 12º ano e oferecem a oportunidade de poderem vir a ingressar numa das Concessões ou Oficina Autorizada da marca. A TURBO OFICINA falou com João Santos, responsável desde 2013 pela formação da Mercedes-Benz no nosso país, que nos “ensinou” mais algumas coisas sobre os programas da marca da estrela: Compromisso e ProEmprego.

Para a Mercedes, enquanto marca premium, a formação é um fator importante? Obviamente. É um dos fatores mais importantes. Não só para garantir que estamos alinhados com as mais recentes evoluções tecnológicas, como para garantir a excelência do serviço e do atendimento ao cliente. Eu diria que é um dos pilares mais importantes da nossa rede. Os nossos


parceiros, concessionários e oficinas autorizadas, sabem que é importantíssimo. Como funciona a formação na MercedesBenz Portugal? O centro de formação da Mercedes-Benz Portugal opera em duas vertentes maiores. Por um lado existe a formação dada aos seus técnicos e aos gestores da rede de concessionários e oficinas autorizadas, abarcando toda a formação técnica e nãotécnica; por outro existe a formação para jovens, nomeadamente os cursos técnicoprofissionais, com a duração de dois anos e meio, que se articulam com o IEFP e têm componente teórica e prática em regime Dual. Quais são os cursos que habitualmente ministram? A nossa formação é feita à medida das necessidades da nossa rede de oficinas autorizadas. Nos contratos que são celebrados com os formandos não existe nunca a obrigatoriedade de serem absorvidos pela nossa rede, mas tentamos que os conhecimentos que transmitimos aos formandos, assim como o custo que temos com esta formação, não vá para “fora de portas”. Por isso, tentamos ir ao encontro das necessidades dos nossos parceiros, não existindo temas definidos. No que respeita à formação de colaboradores dos nossos parceiros, o objetivo é o mesmo, ir ao encontro das necessidades da rede, mas aqui temos de acautelar também a formação obrigatória que deriva do plano global de formação da marca e que nos é transmitido a partir da Alemanha pela Daimler.

CADA VEZ SENTIMOS MAIOR PROCURA POR PARTE DAS OFICINAS AUTORIZADAS NA ÁREA DOS HÍBRIDOS E DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Mais recentemente, as oficinas da marca voltaram a pedir jovens formados nas escolas da empresa, com o “ADN da marca”, e em 2014 iniciaram a formação duas turmas, uma delas em parceria com a Mitsubishi Fuso. Uma destas turmas será integrada na unidade da Mitsubishi no Tramagal, a qual irá aumentar a sua capacidade de produção nos próximos anos. Este ano surgiu a necessidade de duas turmas adicionais, cuja formação se iniciará em outubro: uma na área de vendas (de automóveis a serviços e/ou peças) em parceria com a Würth, que deverá absorver parte dos

15 formandos que esperamos admitir; a outra na vertente de reparação de chapa e pintura de carroçarias, que deverá ser composta por 20 formandos. Assim, além de duplicarmos este ano o número de turmas, esperamos, em 2016, ter um total de 6 turmas a funcionar, um universo de cerca de 100 jovens a receberem formação connosco e de mais tarde, poderem vir a ingressar na nossa rede de concessionários e oficinas autorizadas. Quem é que se candidata a estes cursos? Estas turmas são compostas por jovens de todo o país, o que não acontecia até 2011. Até essa altura, os cursos ministrados cingiamse a jovens da Grande Lisboa, que eram absorvidos pelas oficinas da mesma zona, existindo esporadicamente algum jovem a ingressar numa oficina fora deste eixo. Atualmente são formados jovens de todo o país, pois todos os nossos parceiros aderiram ao projeto Pro Emprego. A formação base é ministrada aqui e a formação em ambiente de trabalho decorre na Concessão/Oficina Autorizada da área de residência destes jovens, caso tenham aproveitamento, o que

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Como se articula convosco o plano de formação da Daimler? De acordo com o programa de lançamento de produtos e também com alguns critérios a que estão obrigados em face da legislação europeia, a Daimler indica todos os anos um determinado número de cursos obrigatórios. Nós então divulgamos entre os nossos parceiros o plano de formação para o próximo semestre, onde estão incluídos os cursos internacionais obrigatórios e os que criámos localmente com base nas necessidades da rede. Qual é o balanço que fazem do vosso programa de formação para jovens, o Mercedes ProEmprego? A evolução tem sido muito satisfatória. Entre 1992 e 2011 existia apenas um curso a decorrer nas instalações da marca, na área da Mecatrónica. Com a recessão do mercado, a recetividade das oficinas para esses jovens foi afetada. As oficinas da marca tiveram necessidade de se restruturar e estes cursos foram suspensos.

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felizmente acontece em quase todos os casos, apesar de alguns ficarem pelo caminho devido a mau aproveitamento. Qual é a média de empregabilidade dos jovens que terminam a formação? É difícil dar-lhe valores oficiais, porque não temos números recentes, mas eu diria que, até 2011, entre 80 e 90% dos jovens que saíam destes cursos eram absorvidos pela rede. Mas nessa altura estamos a falar de apenas uma turma de formação, com cerca de 15 jovens. E o que é o Projeto Compromisso? É a vossa formação para técnicos de oficina? O Projeto Compromisso é um projeto que se articula entre a rede de Oficinas Autorizadas e a própria Mercedes-Benz Portugal. Nós facultamos à rede a totalidade de cursos que estão preconizados pela Daimler e que estamos habilitados a dar. Estes nossos parceiros fazem então uma escolha daqueles que querem e nós tentamos aglutinar essas escolhas da melhor forma possível e ministramos essa formação. Mas antes pedimos a estes parceiros o compromisso – e daqui deriva o nome – de termos um determinado número de pessoas a comparecer à formação, para que os custos inerentes à criação de um curso de formação não sejam desperdiçados. No que respeita ao após-venda, têm notado uma maior procura de formação por parte da vossa rede de oficinas?

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ALÉM DE DUPLICARMOS ESTE ANO O NÚMERO DE TURMAS, ESPERAMOS, EM 2016, TER UM TOTAL DE 6 TURMAS A FUNCIONAR, UM UNIVERSO DE CERCA DE 100 JOVENS

Sem dúvida. Nós, felizmente, estamos a crescer nas vendas desde 2012, de forma significativa, o que se reflete no após-venda, com uma décalage de três a cinco anos. Para fazer face ao aumento da procura dos nossos produtos, é fundamental que também as Oficinas Autorizadas estejam a par dos avanços tecnológicos que as novas viaturas contêm e que consigam lidar com eles. Cada vez mais a área dos híbridos, a área dos plug-in e demais novidades tecnológicas obrigam a que as Oficinas Autorizadas tenham um conhecimento mais profundo, o que está a ser acompanhado por nós. Não apenas no que respeita às novas tecnologias de motricidade, mas também no que respeita a telemática, gestão de clientes e técnicas de diagnóstico. Estes têm sido os temas mais requisitados para formação e aqueles que têm sido constantemente ministrados. É

preciso que todos os nossos parceiros estejam constantemente atualizados com as novas tecnologias dos nossos automóveis, mas também sem esquecer os mais antigos, pois o nosso parque automóvel também tem ainda carros com uma idade considerável. Quais são os custos inerentes a uma formação ministrada pela MercedesBenz Portugal? A nossa formação tem custos, até porque nós temos de disponibilizar esta formação a todos os nossos parceiros, Concessionários e Oficinas Autorizadas, mas também a todas as oficinas que queiram frequentar as nossas ações de formação. Os custos são iguais para todos, não havendo distinção entre parceiros e não parceiros. Essa é uma grande fatia do orçamento de formação para a vossa rede de concessionários e oficinas? Alguma vez vos aconteceu terem um parceiro que não integrasse uma formação por não poder pagar? Se tivermos em linha de conta o que oferecemos a quem queira participar nestas formações, não consideramos que seja um custo exagerado, antes pelo contrário, estamos bem abaixo do que é praticado no circuito comercial. Talvez por isso, nunca tenhamos tido nenhum parceiro a dizer que não pode enviar um colaborador à formação por não ter recursos financeiros para a suportar.


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Norauto

Novas vias para o cliente A Norauto inaugurou recentemente uma loja num centro comercial. A TURBO OFICINA foi descobrir o porquê desta nova forma de chegar ao cliente e descobriu que a divisão portuguesa da marca tem descortinado novas vias para chegar ao cliente. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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Norauto, uma das grandes marcas europeias no que respeita a centros auto, está geralmente implantada em grandes zonas comerciais. Em Portugal, onde a marca francesa está presente desde 1996, existem atualmente 22 centros Norauto. Estes centros são estandardizados, existindo sempre, além de um grande portefólio de produtos na área dos equipamentos, manutenção e reparação, uma zona de oficina, onde é possível realizar todos os serviços necessários para o conforto e segurança do automobilista, como diagnósticos especializados, revisões, pneus, travagem, embraiagem, suspensão, arranque, climatização e eletrónica. Apesar de o slogan da marca ser “uma loja e uma oficina”, recentemente foi aberta um espaço da Norauto no Fórum Sintra que contraria esta imagem de marca. E porquê? Porque este novo espaço comercial é apenas uma loja, um espaço de venda posicionado nas galerias comerciais. NOVO CONCEITO Esta nova via para chegar ao cliente surge porque a Norauto pretende multiplicar os pontos de contacto com os consumidores, criando cada vez mais uma experiência diferenciadora e que facilite a vida do automobilista. Assim sendo, este novo espaço, a Norauto Shop, insere-se no contexto da presença da marca de origem francesa em espaços comerciais com um grande fluxo de consumidores, o que lhe permite alargar e aproximar a base de influência e a oferta de soluções junto dos clientes e potenciais clientes. Para além da venda de produtos em livre serviço, a mais-valia deste espaço é garantir que os clientes disponham – num espaço que têm o hábito frequentar –, de mais um local onde podem fazer a marcação de um serviço oficina num centro Norauto que esteja próximo, neste caso o centro da marca em Sintra, que se situa a 3 km deste espaço comercial. Este é um conceito inteiramente novo, que está a ser testado pela primeira vez e cuja conceção é portuguesa, fruto da competência da equipa da Norauto Portugal, como nos explica Miguel Costa, Diretor de Compras e Marketing da Norauto Portugal, que acrescenta ainda à lista de elogios que faz

A NORAUTO PORTUGAL LANÇOU QUATRO SERVIÇOS INOVADORES: OFICINA MÓVEL, NORAUTO DRIVE, LINHA TELEFÓNICA DEDICADA A PNEUS E A NORAUTO SHOP SETEMBRO 2015

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O CASO DA MERCEDES

aos seus colaboradores “uma dinâmica muito positiva, um espírito inovador e empreendedor assinalável”. Para já limitado a este centro comercial, Miguel Costa não descarta a possibilidade de ele se expandir para outros locais e mesmo de ser exportado: “quando lançamos um novo conceito como a Norauto Shop é sempre com a perspetiva de que seja um sucesso e possa ser replicado nacionalmente, mas também internacionalmente”. INOVAÇÃO CONSTANTE Com o objetivo constante de criar e favorecer as condições para que o cliente tenha uma boa experiência sempre que recorre aos serviços da Norauto, a equipa de marketing da Norauto está sempre a pensar em novos serviços. Este ano foram já quatro os serviços inovadores e pioneiros lançados pela Norauto Portugal: Oficina Móvel, Norauto Drive, Linha Telefónica dedicada a Pneus e, agora, a Norauto Shop. A Oficina Móvel arrancou em abril, em Lisboa, mas deverá ser expandida para o resto do país até ao final do ano. O conceito é o de levar ao cliente o serviço de oficina, poupando-lhe a deslocação. A marcação é feita através de um call center ou via Internet e a carrinha realiza, num local previamente combinado, vários serviços, como revisões oficiais ou montagem de pneus novos, baterias e mesmo alguns consumíveis, como escovas ou lâmpadas, embora a pretensão seja alargar estes serviços à troca de pastilhas de travão ou amortecedores. O balanço feito pelo diretor de marketing a este projeto é positivo, “pois temos tido um retorno

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e reconhecimento muito bom por parte dos clientes deste serviço”. Quanto ao Norauto Drive, este serviço dividese em dois tipos de soluções: Norauto Drive, que consiste na marcação (num dos centros disponíveis) da recolha e/ou entrega da viatura para a realização de um serviço de oficina num centro Norauto, com um custo de €19,95 por deslocação, a que acresce o do serviço realizado; e Norauto Drive IPO, que custa €69,90 e inclui o diagnóstico nas oficinas da marca, além da deslocação ao IPO e respetiva inspeção. O serviço mais recente a ser lançado pela Norauto em Portugal (iniciou-se apenas em agosto) é a Linha Telefónica Dedicada a Pneus, uma linha nacional através da qual a marca pretenda que os seus clientes ou potenciais clientes façam consultas e realizem marcações de serviços de pneus para os centros Norauto. Para Miguel Costa, estes serviços – tendo em conta o standard de qualidade e profissionalismo com que a Norauto se compromete – são boas apostas porque requerem uma boa capacidade de investimento, sem, no entanto, ter necessidade de retorno financeiro num curto prazo.

ALÉM DA VENDA DE PRODUTOS EM LIVRE SERVIÇO, A MAISVALIA É GARANTIR QUE OS CLIENTES TENHAM MAIS UM LOCAL PARA FAZER MARCAÇÃO DE UM SERVIÇO OFICINAL

A Norauto Portugal não é a primeira marca a conceber uma forma inovadora de entrar em contacto com o cliente. Em fevereiro do ano passado a MercedesBenz Portugal abria a Mercedes-Benz@ CascaiShopping, que permitiu à marca da estrela uma maior aproximação ao seu público. No entanto, antes disso havia sido já realizado um ensaio no Oeiras Parque com uma Pop-up Store que mostrou a eficácia do conceito. Este espaço continua a funcionar como um ponto de contacto entre a marca e o público, ainda que a marca alemã não o classifique como uma loja, antes como “um local de troca de ideias, informações e experiências de marca”, que é para manter por muitos anos. Aliás, com mais de meio milhão de visitantes desde a sua abertura, o balanço que a Mercedes faz deste espaço é extremamente positivo, tendo mesmo sido ultrapassadas as expectativas da marca em termos de vendas para esta “não loja”, uma vez que a venda não é feita neste espaço, apenas o contacto inicial com a marca. A venda é uma consequência da visita ao espaço e da facilidade de visitar, testar e simular a aquisição de um novo modelo. O sucesso deste conceito teve repercussão no estrangeiro e o grupo Daimler está a abrir em todo o mundo “lojas” Mercedes me, um novo conceito de loja Mercedes-Benz, assim como centros de entretenimento. Até agora já foram abertos mais de cinco espaços destes, da Alemanha à China, passando por vários locais na Europa, esperando-se mais inaugurações até 2018.



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JF Equipamentos

Assistência é a chave Criada em 2008, a empresa JF Equipamentos e Serralharia conta já com cerca de 1500 clientes, em Portugal e no estrangeiro. A TURBO OFICINA foi conhecer o segredo do sucesso desta empresa, que passa pela aposta na assistência ao cliente, mas que também não descura a venda de equipamentos usados. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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empresa JF Equipamentos Industriais e Serralharia foi criada em 2008, com uma equipa de trabalho jovem mas já com cerca de 25 anos de experiência neste ramo de atividade.Este será o principal segredo para ter conseguido, nestes sete anos de atividade, chegar a uma carteira de clientes com cerca de 1500 referências, não apenas em Portugal, mas também em Espanha, Suíça e França, ainda que a maior fatia dos rendimentos seja obtida junto dos clientes portugueses. De acordo com o gerente da empresa, José

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Fernando, a JF Equipamentos consegue os seus maiores sucessos e projeção nos últimos sete anos – desde a sua existência enquanto empresa –, mas tem as suas raízes no trabalho desenvolvido ao longo de mais de 20 anos no ramo que o seu gerente tem. Apesar disso, a receita para o sucesso passa, na opinião de José Fernando, em grande medida pela assistência técnica, mas também por “nunca enganar o cliente e ter sempre a solução mais adequada quer a nível técnico quer a nível económico, e sermos sempre honestos e

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CONTACTOS JF EQUIPAMENTOS E SERRALHARIA RESPONSÁVEL JOSÉ FERNANDO TELEFONE 227 442 128 E.MAIL geral@jfequipamentoseserralharia.com INTERNET www.jfequipamentoseserralharia.com


humildes com o cliente. Pensamos que será esse o caminho a seguir”. A assistência é a aposta desta empresa nortenha e também uma grande ajuda para a manter à tona, mesmo com a pirataria que, nas palavras de José Fernando, existe no mercado. É a assistência que marca a diferença para a concorrência e que faz com que a empresa consiga uma boa média de negócio. O sistema de apoio ao cliente é composto por nove técnicos com seis viaturas de serviço e articula-se em torno do call center. Desde que tenha adquirido algum equipamento (recentemente ou não) à empresa ou assistido a alguma formação ministrada pelo seu formador, o cliente ganha o direito a contactar com o técnico, sem outras obrigações. Depois de explicada e avaliada a situação o técnico desloca-se ao cliente para efetuar as intervenções necessárias, a menos que tal seja impossível, altura em que a reparação passará a ser feita nas instalações da JF Equipamentos. FLAGELO DA PIRATARIA Quanto à pirataria, esta é, para o gerente da empresa, “o maior flagelo que temos no nosso mercado. Tem vindo a crescer e a destruir,

inclusive, algumas empresas do ramo” ou mesmo a forçar que outras façam “o mais fácil (…) juntarem-se ao flagelo”. As restantes estão “no seu canto a ver o que vai dar esta situação”. E o assunto não é pera doce. Para José Fernando, a pirataria leva a quebras de mais de 80%, valores que ultrapassam os 90% no caso das atualizações. Com isto, José Fernando afirma que “as empresas do ramo passaram a ser rotuladas por muitos clientes de meros ladrões que querem ganhar muito dinheiro com o diagnóstico”. Isto porque esta situação fez com que certos clientes não consigam distinguir o que é o original do que é contrafeito, o que poderá levar a muitos dissabores, como os que “têm surgido em alguns clientes”, que vêem os seus veículos e máquinas danificados devido à

“O MAIOR FLAGELO QUE TEMOS NO NOSSO MERCADO É A PIRATARIA. TEM VINDO A CRESCER E A DESTRUIR EMPRESAS DO RAMO”

utilização deste material contrafeito. Por isso é que José Fernando lamenta que não haja ainda uma fiscalização geral cujas atividades se centrem tanto em quem compra como em quem vende este tipo de material, situação que, por exemplo, na vizinha Espanha tem trazido bons frutos com as coimas elevadas. O gerente adianta que “em Portugal já surgiram casos dessas fiscalizações mas, para já, ainda só atingiram quem compra”, mas a sua opinião é de que se deveriam efetuar primeiro fiscalizações aos vendedores, o que, para ele, “não será difícil, basta navegar um pouco na net e temos lá tudo”. DIVERSIDADE José Fernando tem noção de que o momento é delicado e que o setor oficinal está apenas a revelar uma tímida evolução. Mas a crise nunca o assustou porque, como o próprio refere, “a assistência técnica é prioridade e com isso temos conquistado e mantido muito boas relações com os clientes”. Apesar disso, não é fácil manter à tona uma PME, embora José Fernando esteja em crer que o facto de terem uma dimensão menor os ajude, uma vez que não sentem o “desespero que temos assistido de se ter de vender equipamentos de

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Mensalmente a JF Equipamentos leva a cabo formações abertas a todos os interessados na área do diagnóstico automóvel qualquer maneira, muitas vezes enganando o próprio cliente com a utilidade do mesmo ou criando situações de ‘prisão’ económica, como por exemplo nos equipamentos de diagnóstico, onde se tenta hoje ‘prender’ o cliente”. É por isso que esta empresa não comercializa equipamentos que criem obrigatoriedades económicas ao cliente. Então e que equipamentos a empresa sediada em Grijó, Vila Nova de Gaia? Um pouco de tudo, das máquinas de diagnóstico ATS, Miac-AutoCom, Bosch e OTC a cabines de pintura da marca Metron e à marca Vamag de inspeções automóvel, sem esquecer as cabines de pintura e as áreas de preparação, onde estão aptos para todo o tipo de assistência e venda de equipamentos, bem como são capazes de levar a cabo medição de gases e todo o acompanhamento na CCDR. As ferramentas manuais também são comercializadas pela JF Equipamentos, que representa marcas como Irimo, Bahco, Usag, Facom ou Pastorino Expert, além, claro, da sua própria marca, a JF Tools. De entre esta grande diversidade de produtos, não existe uma categoria que se possa classificar como a mais rentável para a JF Equipamentos. Como diz José Fernando, existem fases onde são mais comercializados uns que outros. Contudo, a sua empresa tem “variado entre diagnóstico, cabines de pintura, equipamentos de ar condicionado e elevadores, nunca abandonando a ferramenta de mão.” USADO JÁ FOI OPÇÃO Uma empresa que comercializa todos os equipamentos necessários para equipar uma oficina terá uma visão privilegiada sobre os

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hábitos de consumo das oficinas lusas e sobre um outro tema, o da compra de material usado, uma vez que, como em todo o negócio, a crise tem afetado a comercialização de material novo. Apesar da crise, a venda de equipamento usado para as oficinas não tem tido um aumento significativo, chegando mesmo José Fernando a afirmar que tal negócio teve já o seu apogeu, até porque, “na maioria dos negócios usados o cliente já verificou que este tipo de negócio não compensa”. Atualmente é possível encontrar no mercado equipamentos de qualidade e com um preço tão competitivo que não justifica a compra de equipamentos usados, ainda que José Fernando ressalve que “esse mercado mexe e bem”. A empresa que tanto comercializa equipamentos novos como usados não está, no entanto, em crer que a utilização de material usado seja uma oportunidade para quem quer abrir uma oficina. O gerente da JF Equipamentos responde-nos com duas perguntas: “como se sente um cliente novo ao chegar a uma oficina nova com abertura recente e ao entrar vê material usado? Qual a segurança um elevador com 15 anos ou mais a demonstrar um intenso uso e que vemos frequentemente a serem vendidos de qualquer maneira?”. Apesar disso, para quem já tem uma oficina aberta, existem boas oportunidades de negócio, como o caso de material que, sendo usado, provém de falências de oficinas recentes e tem pouco tempo de utilização, o que já fará o negócio valer a pena. FORMAÇÃO DE ATIVOS Outra aposta da JF Equipamentos é a área do diagnóstico automóvel, não apenas no que

respeita à comercialização e assistência de equipamentos, mas também no capítulo da formação. Mensalmente – e já há cinco anos – a JF Equipamentos leva a cabo formações nesta área, tanto para os clientes que possuem equipamentos por si vendidos como para quem não tenham adquirido os seus equipamentos junto desta empresa, abrindo assim a porta a todos os que queiram evoluir. O custo destas atividades é de 70 euros + IVA e os workshops realizam-se em regime pós-laboral, entre as 20h00 e as 00h00, durante dois dias em que a componente prática é privilegiada. O cliente recebe um manual com informação respeitante a esta formação, bem como um certificado, que garante a conformidade com a lei em vigor. Esta aposta num formador permanente para a empresa leva a que este colaborador passe frequentemente em formações das marcas representadas pela JF Equipamentos, como ATS, Bosch, OTC, MIAC eAutocom, bem como em marcas automóveis, mantendose assim a par das novidades técnicas, que transmitirá aos formandos. A este respeito, a empresa nortenha irá levar a cabo, em setembro, uma formação em Évora, bem como um workshop de esclarecimento para equipamentos de diagnóstico. Nessa altura aproveitarão para apresentar a nova parceria com Bosch e OTC. Qualquer esclarecimento a nível de formações pode ser feito para o e-mail: jftecnicajf@hotmail.com. São ainda desenvolvidas ações de divulgação de equipamentos, sendo o exemplo mais recente o ciclo de divulgações que se iniciou em julho sobre as novas representações e parcerias, por exemplo com as marcas Bosch – OTC ou ATS.



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Software de orçamentação

Criar credibilidade Utilizar um sistema de orçamentação permite não só facilitar o trabalho do dia-a-dia na oficina mas também dar credibilidade ao profissional junto do cliente. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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m plena era digital, os sistemas de gestão são imprescindíveis numa oficina. Eles são o núcleo central da informação, sendo, por isso, possível afirmar que são eles que organizam a oficina e que apenas com sistemas de gestão eficientes as oficinas conseguem ser eficazes no seu relacionamento interno e externo. Além disso, estes sistemas são essenciais tanto para uma maior agilidade e qualidade nas tarefas de expediente diário da oficina como também para o processo de tomada de decisão, pois uma boa ferramenta de gestão permite controlar custos de forma eficiente (uma das

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maiores preocupações atuais das oficinas), e só sabendo onde se está gastar mais, se pode reduzir custos de forma eficiente. Como parte de uma receção ativa, um bom sistema de orçamentação permite à oficina reinventar o seu processo de receção de veículos, usando a mais recente tecnologia em comunicações móveis, otimizando o processo de receção e oferecendo uma experiência diferenciadora e de qualidade ao cliente. Quem faz a receção da viatura tem a responsabilidade de promover o bem-estar do cliente quando este chega à oficina com um problema para solucionar. Para além de

melhorar a experiência do cliente, este deve recolher informações corretas e precisas sobre o(s) serviço(s) a efetuar. É esta pessoa que serve de cartão de vista da empresa! Esta ferramenta vai causar com certeza um impacto muito positivo no cliente, para além de aumentar a produtividade, reduzir custos, minimizar o erro, evitar o retrabalho, entre outros. MAIS-VALIA Uma correta orçamentação é um fator chave para conseguir uma maior rentabilidade. Estes sistemas permitem ter várias versões de um


orçamento (por exemplo com peças de origem ou aftermarket), com opções adjudicadas e não adjudicadas, motivos de perda dos orçamentos, painel de conferência, valores previstos, gastos e desvios, análises gráficas, etc. Com as corretas interfaces de ligação com os restantes softwares da oficina, o sistema transforma-se num centro de informações completo, onde é possível identificar de forma rápida e segura as peças de substituição e tempos de serviço, tornando assim o processo de orçamentação simples, rápido e com um resultado seguro. Ao mesmo tempo, um bom sistema de orçamentação permite otimizar o fluxo de trabalho, realizando-se assim uma melhor gestão do tempo, o que, por seu turno, permite que sejam realizados mais trabalhos, garantindo à oficina maior rendimento financeiro. Mas mais do que isso, o software de orçamentação é uma ferramenta de credibilidade para o profissional, que ajuda a explicar ao cliente todos os procedimentos que serão efetuados no seu veículo e todos os custos inerentes a uma qualquer reparação,

sem que possa haver lugar a dúvidas ou a parcelas inesperadas. VOZ AO MERCADO Para fortalecer esta ideia de que utilizar um sistema de orçamentação garante ao profissional da oficina uma maior credibilidade junto do cliente, ouvimos a opinião dos dois extremos do mercado: por um lado, pedimos opinião à LeasePlan, a maior empresa de gestão de frotas a operar em Portugal e cuja atividade a coloca diariamente em contacto com várias oficinas e com vários orçamentos; por outro, quisemos saber o que tinha a dizer a Alidata, empresa especializada na criação deste tipo de softwares que afirmou que os sistemas de gestão são essenciais para criar valor para a empresa. Para esta empresa com sede em Leiria é cada vez mais necessário que as oficinas encontrem métodos para aumentar a sua eficiência produtiva ou que desenvolvam alguma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes, pois, caso tal não aconteça, a Alidata crê que sejam “engolidas pelo mercado em pouco tempo”. Daí que esta empresa se foque nas ferramentas

ESTA É UMA FERRAMENTA DE CREDIBILIDADE PARA O PROFISSIONAL, QUE AJUDA A EXPLICAR AO CLIENTE TODOS OS PROCEDIMENTOS de gestão como forma de apoiar os decisores e colaboradores. Para a Alidata, o facto de toda a informação estar centralizada e disponível permite com rapidez saber todas as informações sobre o cliente, viatura, serviços, peças, etc. Tal facto, numa receção ativa, permite receber o cliente/viatura e fazer a inserção de todas as informações úteis e e necessárias para executar os serviços, ao mesmo tempo que garante ao cliente que a oficina o conhece e à(s) sua(s) viatura(s), que se preocupa com ele e que é uma empresa tecnologicamente evoluída, com todos os benefícios que isso acarreta.

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A Leaseplan é da mesma opinião. Para esta empresa de gestão de frotas a orçamentação elaborada com base em softwares especializados transmite uma maior transparência, mas também oferece ao cliente uma imagem de mais rigor, ao mesmo tempo que é garante de fiabilidade. A introdução destes softwares vem assegurar que “a orçamentação é realizada com base nas operações e tempários definidos pelas marcas, retirando a carga de subjetividade imposta por cada orçamentista”. Esta mesma empresa, que garante que a orçamentação feita com base em ferramentas especializadas transmite maior confiança ao cliente – pois este tem a perceção de um maior rigor na avaliação da intervenção, manutenções e colisão, bem como dos respetivos custos – reforça a ideia da necessidade de um bom sistema de orçamentação com a utilização de um sistema próprio, criado para responder às necessidades suas específicas. EXIGÊNCIAS As soluções atualmente presentes no mercado encontram-se em permanente

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desenvolvimento, registando-se alguns melhoramentos neste tipo de softwares, como o acompanhamento da folha de obra em tempo real (custos vs proveitos) ou a melhoria na receção ao cliente/viatura. A necessidade de mobilidade obrigou as empresas de desenvolvimento a ajustar a sua oferta e estes softwares já correm nos tablets, o que permite que, de forma simples e rápida, o rececionista possa abrir a folha de obra junto do cliente e registar logo todas as informações importantes. O cliente pode mesmo assinar diretamente no tablet para confirmar os serviços que está a solicitar e esta plataforma permite ainda tirar fotografias (que ficam anexadas à folha de obra), assinalar os danos da viatura, fazer a abertura de clientes e matrículas diretamente, imprimir a folha de obra para o local apropriado (por exemplo, na seção de mecânica), consultar obras abertas, etc. Para além disso, pode ser também utilizada nos serviços externos com a mesma versatilidade. Apesar de todas estas inovações a Alidata – que reconhece a mais-valia de adequar o software às necessidades dos clientes –

aponta que, as oficinas, “muitas vezes por desconhecimento ou análise incorreta”, acabam por adquirir soluções de gestão que são anunciadas como de “gestão de oficinas”, mas que não cumprem muitas das suas necessidades, “porque foram adaptadas e não criadas de raiz, o que se traduz depois em ineficiência e falta de controlo. São softwares genéricos com algumas adaptações e personalizações, para que possam ser usados também por este segmento de mercado”. Esta softwarehouse acredita, no entanto, que existem “muito poucos sistemas à altura das exigências do mercado, principalmente para empresas com maiores exigências”. Hoje em dia, com a necessidade de controlo de custos, aumento de produtividade e eficiência, é determinante ter uma ferramenta competente e eficiente para gerir com rigor a oficina. Daí que se afirme como uma boa solução para quem pretende uma solução de gestão para o setor automóvel, pois conseguem oferecer soluções à medida dos seus clientes, não apenas no que respeita a gestão, mas também tendo em linha de conta as restantes necessidades informáticas de uma empresa, como os sistemas de vigilância, por exemplo. Quanto à LeasePlan, optou, como dito acima, por uma solução própria. O S.I.M. – Suppliers Invoicing Manager – é o software que a LeasePlan criou e que disponibiliza gratuitamente à sua rede de prestadorores de serviços. É uma plataforma web que obriga a elaboração de orçamentos no software GT Estimate, integrado na plataforma, e a submissão do pedido de autorização à LeasePlan, mas apenas para os serviços de manutenção, pois no que respeita às intervenções resultantes de uma colisão, todos os serviços de chapa e pintura estão sujeitos a peritagem por parte das seguradoras e é hoje prática corrente a utilização destas ferramentas. Para esta empresa de gestão de frotas, a utilização da plataforma web própria (S.I.M.) pelos fornecedores está a tornar-se um requisito obrigatório, assegurando assim uma orçamentação informática em 100% das intervenções.

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CONTACTOS ALIDATA TEL. 244 850 030 E-MAIL. geral@alidata.pt LEASEPLAN TEL. 707 202 020 E-MAIL. contacto@leaseplan.pt



D dossier

Inquérito

Condutores preparam os carros para o inverno? A TURBO OFICINA levou a cabo um inquérito aos consumidores finais sobre os seus hábitos de preparação do carro para o Inverno. Uma época com desafios adicionais para quem anda na estrada. Há oportunidades para as oficinas, entre elas a iluminação.

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chegada do Outono/Inverno traz sempre dificuldades e perigos acrescidos para quem anda na estrada. Este é também um forte argumento de venda para as oficinas, que podem (e devem) preparar campanhas especiais para esta altura do ano, alertando os seus clientes para realidades que, muitas vezes, lhes escapam ou para as quais não estão sensibilizados. E a segurança é o principal argumento. É fundamental que os condutores preparem o carro para esta época do ano. Mas será que, na realidade, é isso que acontece? A TURBO OFICINA fez um inquérito online aos leitores da Revista TURBO, condutores, consumidores finais e que têm carro próprio. Será que têm essa preocupação? A amostra foi de 202 respostas válidas, sendo que entre os inquiridos, 72,8% conduz um carro de uma marca generalista e 27,2% está aos comandos de veículos de marcas premium. No que diz respeito à idade dos automóveis, a realidade confirma os números oficiais de um parque automóvel envelhecido, que já passou os 11 anos de idade média. Das duas centenas de inquiridos, 50% tem um veículo com mais de oito anos, sendo a fatia maior do bolo. A mais pequena (12,4%) é a dos que têm carros com menos de três anos de idade. Estes números mostram que há uma grande fatia de negócio disponível para o mercado independente da manutenção automóvel. PREPARAR OU NÃO PREPARAR? Eis a questão. Porque se em teoria é fácil de explicar a importância de preparar o carro para o Inverno e a maioria dos condutores até entende essa necessidade, entre o saber e o fazer vai, quase sempre, uma grande distância. A pergunta não podia ser mais direta: “Pensa preparar o seu carro para o próximo Inverno?” As respostas são animadoras: 70,3% dos inquiridos vai preparar o carro para o Inverno e apenas 29,7% afirma que não vai ter esse tipo de preocupações. Ainda assim, estes quase 30% são clientes potenciais e representam uma fatia importante do negócio. As oficinas devem encontrar formas de conseguir

O SEU CARRO PERTENCE A UYMA MARCA PREMIUM OU GENERALISTA?

QUE IDADE TEM O SEU AUTOMÓVEL?

12.4% 27.2% 12.9% 72.8%

50% 24.8%

Premium Generalista

55 27.2% 147 72.8%

PENSA PREPARAR O SEU CARRO PARA O PRÓXIMO INVERNO?

Menos de 3 anos Entre 3 e 5 anos Entre 6 e 8 anos mais de 8 anos

25 26 50 101

COMO IRÁ FAZER ESSA PREPARAÇÃO PARA O INVERNO?

23.8%

23.8% 29.7%

12.4% 12.9% 24.8% 50%

12.9% 70.3%

24.8%

Sim Não

142 70.3% 60 29.7%

21.8%

30.7%

O próprio 44 Uma Oficina Oficial da marca da viatura 48 Uma oficina Independente 62 Não vou efetuar nenhuma preparação especial 48

21.8% 23.8% 30.7% 23.8%

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dossier QUANTO ADMITE GASTAR NESTE SERVIÇO?

QUANDO PENSA EFETUAR ESSA PREPARAÇÃO DO VEÍCULO

8.4% 9.9%

19.8%

25.2%

70,3% DOS INQUIRIDOS VAI PREPARAR O CARRO PARA O INVERNO, PREFERINDO O MÊS DE OUTUBRO PARA O FAZER

38.1% 25.7% 9.4% 45.5%

25.7%

Setembro 40 19.8% Outubro 92 45.5% Novembro 19 9.4% Não vou efetuar nenhuma preparação especial 51 25.2%

Menos de 50 euros Entre 51 e 70 euros Entre 71 e 100 euros Mais de 101 euros Não sei/Não se aplica

17 20 36 52 77

8.4% 9.9% 17.8% 25.7% 38.1%

QUAIS OS ITENS QUE CONSIDERA PRIORITÁRIOS A ANALISAR NESSA REVISÃO? Pneus Faróis Bateria e parte elétrica Climatização Vedantes das portas e bagageira Escovas para-brisas Outros

Pneus Faróis Bateria e parte elétrica Climatização Vedantes das portas e bagageira Escovas para-brisas Outros

sensibilizar estes clientes, porque com uma venda bem feita (cada vez mais técnica), é mais fácil fidelizar clientes. Porém, é fundamental que mesmo os clientes que se dirigem, por sua iniciativa a uma oficina, para fazer qualquer tipo de manutenção, por mais simples que seja, sejam bem servidos e, acima de tudo, bem informados porque hoje o preço é um fator que, ao mínimo deslize, faz com que a fidelização seja posta em causa.

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183 90.6% 80 39.6% 70 34.7% 57 28.2% 56 27.7% 168 83.2% 54 26.7%

As oficinas independentes estão em vantagem, no que diz respeito aos inquiridos pela Revista TURBO. Do total dos inquiridos que afirmaram ter planeada uma revisão de inverno, 40,25% dos internautas que responderam vai fazer a preparação do carro para o Inverno numa oficina independente. Já 31,16% prefere levar o carro a uma oficina oficial da marca, enquanto 28,57% garante que vai aplicar uma tendência crescente do “faça você mesmo”.

No calendário pessoal dos inquiridos que admitiram realizar uma operação de manutenção Outubro é o mês por excelência para levar a cabo a revisão para o Inverno (60,92% das respostas). Segue-se o Setembro nas preferências (26,49%) e há poucos condutores a deixar para Novembro a manutenção de inverno do seu veículo (12,58%). EXPECTATIVA DE GASTOS Apesar de os clientes quererem gastar sempre o mínimo possível quando vão a uma oficina, 25,7% dos inquiridos está preparado para gastar mais de 101 euros na intervenção. Já 17,8% espera gastar entre 71 e 100 euros e só uma fatia muito reduzida (8,4%) tem como objetivo gastar menos de 50 euros. Mas um número que pode ser interessante para as oficinas é que 38,1% dos inquiridos, além dos que não pretendem fazer qualquer serviço, não sabem exatamente quanto vão gastar. Isso abre, mais uma vez, a oportunidade para uma venda técnica e informada. O QUE MAIS VALORIZAM OS CONDUTORES Quando inquiridos sobre que itens são prioritários numa revisão de inverno, os 202 inquiridos, numa resposta aberta em que podiam escolher mais do que uma hipótese, os três itens mais valorizados são os pneus (90,6%), as escovas para-brisas (83,2%) e os faróis (39,6%). Centramo-nos na questão da iluminação, que será abordada de forma aprofundada nas páginas seguintes. Os faróis de halogéneo estão no mercado há cerca de 50 anos, mas o seu fim está cada vez mais próximo. O declínio desta tecnologia iniciou-se com a chegada ao mercado das luzes Xénon, mas a estocada final está a ser dada pela tecnologia LED, que chegou muito mais recentemente ao mercado mas tem conquistado rapidamente terreno face a todas as tecnologias atualmente existentes. Hoje, desde as luzes de condução diurna em LED até aos sistemas completos de iluminação, esta tecnologia generalizou-se e é um negócio crescente também no aftermarket. Mas a tecnologia vai continuar a evoluir, algo que lhe explicamos neste dossier. Auscultamos ainda vários players que estão no negócio da iluminação para tomar o pulso ao estado do mercado em Portugal. Para ler nas páginas seguintes.


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LED

Evolução da iluminação Será o LED o futuro da iluminação? Conheça melhor esta tecnologia, os contornos legais da sua utilização e a visão dos players lusos. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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s faróis de halogéneo estão no mercado há cerca de 50 anos, mas o seu fim está cada vez mais próximo. O declínio desta tecnologia iniciou-se com a chegada ao mercado das luzes Xénon e todas as suas derivantes (bi-Xénon e Xénon Plus) entretanto criadas, mas a estocada final está a ser dada pela tecnologia LED, que chegou muito mais recentemente ao mercado mas tem conquistado rapidamente terreno face a todas as tecnologias atualmente existentes. As razões para tal são muitas e não se esgotam na diferença de preço. Para já porque os LED proporcionam maior rentabilidade e duração, uma vez que as lâmpadas tradicionais utilizadas nas luzes de presença traseiras são prejudicadas pelas vibrações, humidade e frio ou calor. Mais do que isso, uma lâmpada tradicional P21W tem uma vida útil aproximada de 500 horas, devido

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aos critérios de fabrico. Os LED, por sua vez, têm uma vida útil próxima das 100 mil horas, praticamente tanto como o próprio veículo. Isto quer dizer que é possível um destes LED permanecer aceso durante onze anos e meio sem quaisquer interrupções. À partida tal pode parecer inócuo, mas o profissional perceberá que, em termos teóricos, a troca de lâmpadas será algo do passado assim que esta tecnologia se disseminar de forma mais vasta do que atualmente, uma vez que a manutenção é inexistente, tal como o perigo de avaria. É por isso que, apesar de serem mais caros, os LED se amortizam em pouco tempo. Em comparação com as lâmpadas habituais os LED também consomem menos energia para oferecer a mesma potência de iluminação e produzem menos calor, pelo que as suas estruturas são mais pequenas e podem utilizar materiais com pouca dissipação térmica.

Tal quer dizer que os designers de automóveis conseguem outra liberdade para a criação de novos faróis que as lâmpadas convencionais não garantem, bem como maior liberdade para configurar o espaço e para implantar aspetos ergonómicos que oferecem mais liberdade ao designer do veículo e à fabricação do farol. Dependendo também dos requisitos do produto ou dos desejos dos clientes, os fabricantes de componentes de automóvel podem aplicar diversos sistemas óticos de iluminação, como acontece com os faróis dianteiros com matrizes LED, como os IntelliLux que a Opel apresentará no próximo mês no salão de Frankfurt e que equiparão o novo Astra. SEGURANÇA EXTRA O sistema IntelliLux vem democratizar os faróis dianteiros LED; até agora reservados


apenas a veículos de segmentos superiores. É composto por um total de 16 segmentos de LED – oito de cada lado do automóvel – que ajustam permanentemente, de forma automática, o alcance e a distribuição do feixe de luz mediante as condições de tráfego, em coordenação com a câmara dianteira Opel Eye, que faz a leitura do espaço e identifica outros veículos em movimento, enviando informação para cada segmento LED com instruções de desligar e ligar. Em estrada, fora do ambiente urbano, os “máximos” são acionados automaticamente e ficam sempre ligados, o que representa um acréscimo importante em segurança, comprovado por um estudo realizado pela Universidade Técnica de Darmstadt e a Iniciativa Europeia LightSightSafety. As conclusões mostram que, à velocidade de 80 km/h, os condutores conseguem detetar obstáculos nas bermas cerca de 30 a 40 metros mais cedo quando utilizam o sistema de matriz de LED. Mas não é só aqui que os LED oferecem mais segurança. Como o sinal luminoso dos LED alcança imediatamente o seu valor nominal, o tempo de advertência ao veículo traseiro – no caso das luzes de travão LED – é maior, o que se traduz numa antecipação da travagem por parte dos veículos que se seguem. São

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milésimos de segundo que podem evitar acidentes ou atenuar as suas consequências: à velocidade de 80 km/h a distância de travagem pode ser reduzida em quatro metros. Com uma temperatura de cor muito semelhante à luz do dia, e consequentemente mais confortável para o olho humano – o que diminui a fadiga ocular em longas viagens –, a iluminação LED permite unir, numa única ótica, luzes de nevoeiro, médios, máximos e luzes diurnas. O acendimento individual dos vários LED que compõem o farol virtualmente elimina a possibilidade de encandeamento, potenciando de forma indelével a segurança dos veículos. LEGALIDADES Mas poderá o profissional esperar que nos próximos tempos haja uma corrida massiva às oficinas com vista à substituição das atuais lâmpadas de halogéneo por sistemas de iluminação LED? Para já não. Como dito acima, o preço da solução de iluminação LED é elevado, mais ainda que a passagem de halogéneo para xénon. Além disso, e por alterar as características do veículo, esta mudança teria sempre de passar pelo moroso processo de aprovação pelo IMT.

COMO FUNCIONA Os LED são díodos singulares, embora o seu funcionamento seja o mesmo do díodo comum. Quando passa corrente através do díodo são emitidas ondas eletromagnéticas que nos díodos LED se encontram dentro do campo visual humano. Por isso vemo-los iluminados. Este fenómeno consegue-se com a introdução de um gás na união do díodo, que muda o comprimento de onda emitida à passagem da corrente através do díodo. Dependendo do tipo de gás introduzido obter-se-á uma cor diferente, podendo obter-se cores como roxo, verde, amarelo, âmbar, infravermelho e outras. Até há pouco tempo a luz produzida pelos díodos LED era reduzida e não se conseguia a luz branca. Os últimos desenvolvimentos técnicos conseguiram obter uma grande luminosidade branca neste tipo de díodos, mantendo as suas vantagens de não se fundirem, consumo muito baixo e larga duração de uso.


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GUIA DAS LÂMPADAS Devido à crescente complexidade dos veículos, é muitas vezes necessário desmontar uma série de componentes para aceder aos faróis. E, mesmo após a remoção da cobertura traseira da caixa do farol, é frequente não ser possível ver o suporte da lâmpada. Procurar às cegas um clipe ou um casquilho de baioneta ou puxar por uma ou outra ficha é certamente a pior das soluções, uma vez que os danos são, por norma, inevitáveis. Existe uma boa dúzia de diferentes suportes e casquilhos para lâmpadas de halogéneo e diferentes sistemas de xénon, pelo que é aconselhável primeiro analisar bem o sistema antes de iniciar os trabalhos. Um espelho articulado é a ferramenta mais adequada antes de iniciar o processo de substituição. Aqui, há diversos cuidados a ter: primeiro, não se deve puxar com demasiada força no pino de contacto. A lâmpada pode soltar-se repentinamente e partir no refletor, além de que os eventuais estilhaços são depois de difícil remoção. No caso de uma montagem inadequada da lâmpada com porta-lâmpadas de alta tensão, pode ocorrer a quebra do casquilho. Isto acontece se o porta-lâmpadas (conetor, ficha) é montado torcido sobre uma unidade eletrónica externa ou se o conetor for rodado antes de o ter premido sob a lâmpada até chegar ao fim do seu curso. Além disso, também é possível danificar a lâmpada se se rodar o porta-lâmpada com demasiada

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força contra o batente. Portanto, deve-se proceder com cuidado durante a montagem do portalâmpada, de modo a evitar danos. CUIDADOS A TER Durante a substituição de uma lâmpada de xénon fundida devem ser realizados os seguintes passos de trabalho: 1. Desligar a ignição. 2. Retirar a capa de cobertura dos faróis. 3. Rodar o módulo de ignição para a esquerda. O cabo de alimentação é automaticamente ejetado do conetor de ficha. 4. Retirar o módulo de ignição da lâmpada de xénon. 5. Soltar o estribo de fio de mola e substituir a lâmpada. 6. Voltar a encaixar o módulo de ignição e rodar para a direita até ao batente. 7. Conectar o cabo ao módulo de ignição. 8. Voltar a montar a tampa do farol. 9. Controlar o bom funcionamento do sistema de iluminação. 10. Verificar e eventualmente ajustar os faróis. ATENÇÃO! O cabo de alimentação só deve ser encaixado assim que o módulo de ignição estiver novamente fixado no casquilho da lâmpada. Por norma, o pino de bloqueio evita uma conexão antes do tempo. Eventualmente o porta-lâmpada também pode ser conectado ao módulo de ignição, aplicando um esforço maior. Lâmpadas Incandescentes Os faróis modernos dos atuais fabricantes são aparelhos óticos complexos e de alta precisão. Todos os componentes de um farol estão adaptados na perfeição uns aos outros e são produzidos com um grau de tolerâncias na produção extremamente baixas. A precisão de um refletor, durante o cálculo e fabrico, situa-se em pequenos milésimos de milímetros. Esta precisão é necessária visto que

o refletor, por exemplo, assume a distribuição da luz na estrada nos faróis com vidro de remate transparente. Neste sistema, o denominado “limite claro-escuro” é exclusivamente produzido pela projeção do filamento de incandescência. O filamento de incandescência de uma lâmpada tem uma posição exata calculada no refletor, o chamado ponto focal. Se a lâmpada de incandescência estiver montada corretamente, é atingida a iluminação otimizada, e os ocupantes da via na direção inversa não são ofuscados. SEGURANÇA Se a lâmpada de incandescência não for corretamente fixada no refletor, a posição da lâmpada e, consequentemente, do filamento incandescente, sofrem alterações. Desta forma, os ocupantes da via na direção inversa podem ficar ofuscados. Em caso de mau tempo, também poderá haver um autoofuscamento, visto que a luz é refletida pelas gotas de água, neve ou nevoeiro. Isto pode ser bem identificado no aparelho de regulação dos faróis. Se o “limite claro-escuro” for extremamente elevado e o teor de luz assimétrico se deslocar para a esquerda, os riscos para o condutor e para os restantes ocupantes da via são elevados. Com uma distribuição de luz deste tipo vê-se claramente as consequências que alguns milímetros de desvio podem ter. Um estribo de fio de mola mal encaixado é outro erro de montagem que pode acontecer facilmente, sempre que não seja possível ver diretamente a lâmpada e os trabalhos estiverem limitados ao sentido do tato. É apenas uma questão de tempo até o estribo se soltar completamente e a lâmpada ficar solta nas estradas em mau estado. Por isso, tenha em atenção todos estes fatores quando substituir uma lâmpada. Informação Hella

Apesar das dificuldades processuais e financeiras, esta alteração é possível. De acordo com a ANCIA, a Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel, a troca de sistemas de iluminação é permitida pelo regulamento n.º 48 da UNECE, que regula a instalação de luzes. Na sua edição de 23/05/2008, transposta pelo Decretolei 11/2010, este decreto prevê a utilização de luzes LED para iluminação, devendo a homologação de cada tipo de luz ser conforme o regulamento relativo à homologação das mesmas. Quer isto dizer que, desde que o novo farol seja homologado pela União Europeia e cumpra as especificações do veículo, este upgrade de iluminação pode ser efetuado. Neste caso todo o cuidado é pouco, pois a instalação de um farol não homologado no carro de um cliente resultará numa infração de tipo 2 numa IPO, o que representa a reprovação automática do veículo, com todos os transtornos que tal acarreta, tanto para o cliente como para a oficina que realizou a instalação. REQUISITOS Além de acautelar a legalidade dos componentes, quando surge a possibilidade de realizar um destes upgrades há mais a ter em conta. A própria natureza do sistema de iluminação não permite uma simples troca de lâmpadas, pois os encaixes do farol foram criados para um tipo específico de lâmpadas e não conseguem acomodar os LED. Além disso, o facto de a emissão de luz partir de uma superfície plana (ao contrário do que acontece com o filamento de uma lâmpada) pode levar a que o resultado de uma destas conversões seja apenas o encandeamento dos restantes condutores.


Os faróis LED são habitualmente construídos e vendidos como unidades fechadas que não podem ser desmontadas, fruto da necessidade de posicionamento específico dentro do grupo refletor. Assim, os emissores de luz são soldados no sítio devido, não deixando espaço para qualquer intervenção de reparação, além de que a substituição de uma destas unidades se revela bastante dispendiosa. À partida esta é uma não questão, pois o tempo de vida útil de um LED é de 11 anos e meio, mas há que ter em conta que as condições em que os LED duram este tempo são muito difíceis de atingir num carro. Por exemplo, o calor extremo que o LED gera pode levar a que, sem arrefecimento, o díodo sobreaqueça e avarie. Por isso a grande maioria dos sistemas trazem incluídas ventoinhas elétricas para o seu arrefecimento, mas estas estão sujeitas a avarias e, quando tal acontece, a falência do díodo pode suceder e levar a que a ótica tenha de ser substituída, gerando assim uma oportunidade para a oficina. Para já, e enquanto a massificação não leva a uma descida de custos significativa, a melhor opção de negócio para as oficinas reside nas restantes luzes que já utilizam a tecnologia LED, nomeadamente as luzes diurnas, que já são obrigatórias em todos os carros novos desde 2011. Aqui os componentes estão bem identificados e as reparações dos sistemas OEM são fáceis de realizar, ao mesmo tempo que existem no mercado variadíssimos sistemas destes para montagem nos automóveis que não contam com este equipamento de origem mas cujos proprietários pretendem (muitas vezes por pura preocupação estética) ver montados nos seus automóveis.


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Mercado

Futuro incerto Apesar de não estarem de acordo quanto ao futuro da iluminação em Portugal, os vários players do setor apontam o LED como uma evolução favorável do mercado. TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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iluminação é um fator essencial para a segurança rodoviária, pelo que se mantém em constante evolução, quanto mais não seja porque o envelhecido parque automóvel luso leva a que as lâmpadas de halogéneo sejam as que ainda hoje mais se vendam e substituam. Talvez por isso o Stand Asla afirme que o mercado da iluminação automóvel em Portugal se mantém ativo e em constante revolução. Já a Charme Car aponta o fraco consumo que caracteriza este setor, uma posição partilhada pela Vieira & Freitas, para quem o mercado (nomeadamente a reposição de lâmpadas) tem vindo a cair em número de

Iluminação LED (à esq.) vs iluminação laser (à dir.)

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unidades vendidas, e a Hella, que faz reparar nas perspetivas algo limitadas de crescimento de um mercado que qualifica como maduro. A razão para tal é a duração das novas lâmpadas utilizadas, nomeadamente as LED e xénon, que, segundo a Vieira & Freitas, prejudicam a substituição por durarem muito mais que as de halogéneo. Contudo, esta empresa aponta o facto de neste momento o preço de uma lâmpada xénon ou de um sistema LED ser bastante superior ao das anteriores lâmpadas, o que faz com que os volumes faturados se mantenham sem grandes alterações. Para a Extrasecurity tudo se resume ao fator

sazonal de substituição de lâmpadas, que gera flutuações no negócio, embora relembre também a duração mais elevada deste sistema, projetado para responder à vida útil do veículo. Para esta empresa há ainda que ter em linha de conta que, com o uso, os LED sofrem alterações de cor, que obrigam à substituição, que, tal como se viu anteriormente, tem de ser da totalidade do farol. A maioria dos players que conseguimos que contribuíssem para este artigo estão de acordo quando o tema é a evolução do setor, que vêem como tendo sido favorável. Würth e Stand Asla opinam neste sentido, com a primeira a apontar o crescimento significativo registado


O PREÇO DE CUSTO DE UM FAROL ENQUANTO PEÇA DE REPOSIÇÃO TENDE A AUMENTAR SUBSTANCIALMENTE

desde 2012 e a segunda a reafirmar que, apesar do parque estagnado, têm conseguido boas prestações. Pelo mesmo diapasão alinha a Charme Car, apontando a boa prestação dos LED neste particular, e a Hella, que aponta este ano como de retoma, que espera continue, a menos que o país sofra algum percalço fruto da situação económica que atravessa. IMPORTÂNCIA LED Quando questionados sobre o impacto que a tecnologia LED teve no mercado, todos afirmam a importância que a chegada desta nova tecnologia teve no mercado, ainda que por razões diferentes. Apesar de apontar o grande benefício para a segurança desta nova tecnologia, a Vieira & Freitas não esquece que a chegada dos LED impacta negativamente as vendas de reposição, voltando à questão da durabilidade deste novo produto, tema que também a Hella aborda, referindo que o impacto a médio prazo vai ser certamente de redução do consumo de lâmpadas no mercado, “ainda que até à data não se tenha sentido de forma significativa”. Por outro lado, a Hella ressalva que “o preço de custo de um farol enquanto peça de reposição tende a aumentar substancialmente, o que trará consigo um aumento de faturação nesta linha de produtos. Portanto, sentimentos mistos. Mistos não são os sentimentos do Stand Asla quanto a esta questão, uma vez que afirma que a iluminação LED revolucionou o mercado automóvel, minimizando o impacto ambiental, pois a tecnologia LED reduz a energia e os resíduos, o que está em conformidade com a diretiva da UE sobre Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos. Além do fator energético, para a Extrasecurity o fator que mais impactou o mercado foi a durabilidade desta tecnologia e a sua versatilidade, além da gama de cores permitida. A Würth é a única marca que aponta um facto interessante: a necessidade que as empresas terão de se adaptar a esta nova tecnologia, pois sempre que a indústria automóvel evolui para uma tecnologia mais recente existe um período de adaptação do aftermarket, e o LED não foi diferente, tendo “o mesmo impacto

que outras que a precederam (…) as empresas que comercializam artigos de iluminação automóvel terão de fazer ajustamentos à sua gama de produtos”. E O FUTURO? Apesar de quase todas estarem de acordo quanto à evolução favorável do mercado nos últimos anos, não é possível encontrar um consenso quando toca ao tema das perspetivas de futuro. A Vieira & Freitas crê que as vendas de reposição de iluminação automóvel vão ficar bastante limitadas, uma vez que “já nem faróis suplementares se vendem, que era um grande mercado no passado”. Por seu turno, a Hella prevê que o futuro da iluminação automóvel, sobretudo na Europa, passe por uma mudança de tecnologia, para a iluminação LED, até porque existem hoje muitos modelos de automóveis que apostam nesta tecnologia, que “começou por ser destinada apenas aos topos de gama e que agora tende a massificar-se”. E se a Charme Car responde a esta questão com grande incerteza, a Extrasecurity afirma que o futuro reserva maiores campos de atividade, como a implementação de sistemas de iluminação adaptativa e uma maior eficiência energética. Também de desenvolvimento é o futuro previsto pelo Stand Asla, tanto para o setor da iluminação como para o automóvel em geral. Para isso esta empresa investe em novas tecnologias, “que deem aos nossos clientes a satisfação que esperam”. Positivo é também o futuro para a Würth, que augura que o nível de exigência do mercado português deverá continuar a aumentar, fruto da aposta em produtos de maior qualidade, capacidade de iluminação e durabilidade. AMEAÇA LASER Quanto à tecnologia que se avizinha, a laser, esta marca aponta que será o futuro, pois tem uma margem de progressão maior, permitindo aos construtores de automóveis um design mais arrojado nos faróis, maior capacidade de iluminação e uma eficiência energética mais elevada do que a tecnologia LED. No entanto ainda têm de ser acautelados alguns fatores, sendo o maior deles o nível de custos para o seu desenvolvimento e implementação. Pelo mesmo diapasão alinha a Hella, que crê que a tecnologia laser tardará a massificar-se e não será aplicável a todas as gamas de veículos pelo seu custo muito elevado e complexidade do sistema. Por isso ainda deveremos ter “alguns anos de lâmpadas e seguramente muitos anos de LED pela frente antes de se adotar a tecnologia laser como ‘standard’”. Também a Vieira & Freitas aposta num futuro LED ao invés de laser, da mesma forma que o Stand Asla, que nota que a tecnologia laser

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CONTACTOS EXTRASECURITY LUÍS SARDINHA 963 862 266 sales@cargift.eu HELLA, SUCURSAL EM PORTUGAL, S.A. FREDERICO ABECASIS MARTINS 21 608 09 71 f.abecasis@hella.com VIEIRA & FREITAS PAULO PIMENTEL TORRES 253 607 320 geral@vieirafreitas.pt CHARME CAR VITOR TREPECEL 21 947 8086 geral@charmecar.com WÜRTH PORTUGAL, LDA. RICARDO MATTOS COELHO 21 915 72 00 ricardo.coelho@wurth.pt STAND ASLA SANDRA PEREIRA 22 091 70 40 sandra.pereira@stand-asla.pt

ainda está numa fase “primordial” e que nunca deverá substituir a LED, antes apoiarem-se ambas e melhorando-se mutuamente. A voz dissonante pertence à Extrasecurity, que acredita que tendencialmente, o laser substituirá o LED, apontando a cor perfeita, a eficácia e o excelente alcance de luminosidade como razões para tal. No entanto, ressalva que ainda é uma solução mais dispendiosa do que a iluminação LED e também que não apresenta soluções práticas de substituição. Com a massificação da produção, o preço deverá baixar e a utilização de faróis laser será maior. “Mas não nos podemos esquecer de que as lâmpadas de halogéneo irão demorar anos para sair de produção, porque o preço é baixo e ainda existem inúmeros veículos que as utilizam”. Tal como em tudo, as mudanças são lentas e não será de um dia para o outro que se verá a braços com centenas de clientes a quererem trocar os seus faróis por sistemas LED ou laser, mas nunca é de mais estar preparado, porque a mudança acontecerá, lenta e inexoravelmente. SETEMBRO 2015

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Passo a passo

PARCERIA

Óticas danificadas

Uma das peças com maior índice de sinistralidade são as óticas dianteiras. Em muitos casos o impacto do embate apenas afeta as patilhas de fixação da ótica à carroçaria, mantendo-se a ótica em perfeito funcionamento. A recuperação desta peça apenas mediante a substituição do encaixe danificado representa uma grande poupança para o cliente. A denominação normalmente usada pelos fabricantes de automóveis para esta peça de substituição é “jogo ou kit de reparação de faróis” e habitualmente contém o jogo completo das diferentes patilhas ou encaixes necessários para a ótica e os parafusos de fixação para cada uma delas.

1 – ANÁLISE DO DANO

2- IDENTIFICAÇÃO DA PATILHA DE SUBSTITUIÇÃO A USAR E PREPARAÇÃO DAS FERRAMENTAS

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3- RETIRAR A PATILHA PARTIDA/DANIFICADA

4- PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE NA CARCAÇA DA ÓTICA PARA QUE SE ADAPTE CORRETAMENTE À NOVA PATILHA


5- PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE NA PATILHA NOVA (SE NECESSÁRIO)

6- AJUSTE E FIXAÇÃO DA PATILHA NOVA NA CARCAÇA DA ÓTICA

7- MONTAGEM DA ÓTICA NO VEÍCULO E VERIFICAÇÃO DA SUA CORRETA ADAPTABILIDADE

8- ACERTO DO ACABAMENTO (ADESIVO, PINTURA, ETC) DA ZONA DE UNIÃO ENTRE A PATILHA E A CARCAÇA

9- MONTAGEM FINAL DA ÓTICA NO VEÍCULO

10- REGULAÇÃO DA ALTURA DOS FARÓIS

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PSA Mangualde

Uma fábrica com futuro Localizada bem no centro do país, próxima da Viseu, a fábrica da PSA em Mangualde conta já com mais de um milhão de unidades produzidas ao longo dos últimos cinquenta anos, mas os novos projetos anunciados garantem um futuro risonho para este centro de produção. TEXTO NUNO FATELA

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interior do país é muitas vezes considerado um local menos atrativo para investir, pela maior distância aos grandes centros urbanos e principais rotas de escoamento dos produtos, mas em Mangualde existe um exemplo que ao longo dos últimos cinquenta anos tem vindo a contrariar esta ideia. Trata-se da unidade de produção do grupo PSA, um centro que começou a laborar em fevereiro de 1964, com o 2CV, e que desde então já foi responsável por mais de um milhão de viaturas “Made in Portugal”. Entre os projetos que marcaram o seu passado encontram-se modelos famosos da Citroën, como o DS, Visa, AX e Saxo, mas de momento são os comerciais da marca francesa, o Berlingo, e da “irmã” Peugeot, o Partner, os principais modelos saídos das suas linhas de produção. Os números de 2014 da Produção Automóvel Nacional comprovam bem a sua importância para o país, já que este é o segundo centro com maior volume de produção a nível nacional do sector, com 53510 unidades fabricadas, das quais 38016 foram comerciais ligeiros. Aliás, neste segmento Mangualde é responsável por mais de 90% de toda a produção nacional. Outras estatísticas revelam também a importância deste local, que conta com 780 funcionários e faturou 460 milhões de euros, auxiliando também ao equilíbrio da balança comercial ao exportar 93% das viaturas que produziu em 2014. A localização da fábrica, numa encosta perto da entrada para Mangualde, é desde logo uma característica pouco habitual nestes centros, obrigando à divisão física em dois pisos e que tem as suas repercussões ao nível da logística, mas que não afeta a capacidade e eficácia deste centro de produção. Tratando-se de uma unidade que se responsabiliza por todo o processo de fabrico dos comerciais ligeiros da PSA, este Centro da PSA contempla todas as secções essenciais a esta “empreitada”, com a viagem do Citröen Berlingo e do Peugeot Partner a ter início na ferragem, onde todas as partes da carroçaria são soldadas, permitindo o primeiro vislumbre da imagem final do modelo. A paragem seguinte nas linhas de

produção é no departamento de pintura, onde são aplicadas as diversas camadas de tinta que cumprem funções como a proteção contra a corrosão e resistência contra os elementos, impermeabilidade e, numa fase final, abrilhantar a estética das viaturas. Os comerciais ligeiros da PSA tal como os conhecemos (o Partner é o comercial deste mês) ganham a sua imagem na secção de montagem, onde em média cada veículo recebe 2050 peças, e 600 parafusos e porcas são aparafusados. É neste local que são integrados todos os componentes, cablagens e até algumas características específicas para determinados automóveis. Exemplificativo da capacidade desta unidade do Grupo PSA são os novos comerciais que a CTT encomendou à Peugeot, que saem das linhas de produção já com um conjunto de especificações requisitadas para facilitar a tarefa aos carteiros. Apesar do trabalho de fabrico ficar concluído na montagem, falta ainda um último grande passo antes que as portas de Mangualde se abram para os automóveis que aqui são produzidos. Trata-se da inspeção final a cargo do departamento de qualidade, que confirma o cumprimento de requisitos como a estanquicidade e o bom funcionamento dos diversos componentes (por exemplo, o sistema de travagem e motor). Estas quatro áreas (Ferragem, Pintura, Montagem e Qualidade) representam as linhas de montagem de Mangualde, mas existem ainda duas outras secções nesta unidade de produção, o departamento logístico que é responsável pelos armazéns onde se encontram todas as peças necessárias à produção dos automóveis, e ainda o Centro Técnico, que realiza a manutenção dos equipamentos, avalia o cumprimento dos compromissos ambientais do Grupo PSA e tem ainda outras funções. Esta preocupação ambiental verifica-se em todos os locais destas instalações por onde passámos, com destaque para a boa qualidade do ar e os baixos níveis de ruído verificados, algo que contribui também para a qualidade de vida dos funcionários, protegidos com os Equipamentos de Proteção

OS NÚMEROS DE 2014 COMPROVAM BEM A SUA IMPORTÂNCIA PARA O PAÍS. NO SETOR, É O SEGUNDO CENTRO COM MAIOR VOLUME DE PRODUÇÃO A NÍVEL NACIONAL

Individual exigidos às diversas tarefas. Como referido na entrada deste artigo, apesar da localização geográfica, a unidade de produção da PSA em Mangualde tem o seu futuro assegurado para os próximos anos, já que foi confirmado um investimento de 50 milhões de euros entre 2016 e 2018. O objetivo é que, no final deste período, este local esteja preparado para fabricar a próxima geração de comerciais ligeiros do grupo gaulês, o denominado projeto K9. Um prémio merecido para uma unidade que o CEO do grupo gaulês, Carlos Tavares, uma vez definiu como “uma fábrica pequena que está muito bem gerida”. Além disso, um futuro risonho para Mangualde também se vislumbra pelos projetos que estavam em curso durante a visita às instalações, dedicada não apenas à produção dos comerciais Partner para os CTT como também as unidades que serão entregues aos serviços de correios franceses, o La Poste. Combinando mais de 50 anos de experiência com os mais avançados métodos de produção, Mangualde assume-se como uma referência dentro do setor da produção automóvel nacional, e as tecnologias de ponta também marcam lugar nesta fábrica. Finalizando com um exemplo desse caráter inovador, ao longo da viagem pelas instalações foi possível observar em funcionamento os carrinhos elétricos autónomos que transportam todas as peças necessárias para “fazer nascer” cada viatura e, de uma forma inteligente, acompanham as linhas de produção, otimizando o processo de fabrico.

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RAIO-X

Peugeot Partner

Impulso tecnológico Responsável por 20% do mercado nacional de furgões, o Peugeot Partner estreia agora uma nova geração, procurando reforçar os seus principais atributos e dotar o modelo de novos equipamentos tecnológicos, garantindo que o condutor está sempre ligado ao exterior neste escritório com rodas. TEXTO NUNO FATELA

J

á está no mercado nacional a nova geração do Peugeot Partner, modelo fabricado pelo emblema do leão em Mangualde e que, nesta nova evolução mantém a sua aposta na modularidade e ampla capacidade do espaço de carga, aliando a isto uma nova estética mais moderna e um reforço dos equipamentos tecnológicos e de conetividade. Esta oferta será ainda complementada no terceiro trimestre pela inclusão dos novos blocos HDi (que testámos

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já na versão para passageiros denominada Tepee), que vão reduzir os consumos e emissões deste modelo em cerca de 20%. Apesar da chegada planeada para este segundo semestre da nova geração, o Peugeot Partner conseguiu ainda assim ter uma performance bastante assinalável durante a primeira metade de 2015, sendo responsável por 1/5 das vendas de pequenos furgões em Portugal. Para tal, indica a marca, foram fulcrais atributos como a fiabilidade, flexibilidade e

O PACK SE OFFICE PRETENDE TRANSFORMAR O PARTNER NUM ESCRITÓRIO SOBRE RODAS, JÁ QUE PERMITE ESTAR SEMPRE LIGADO AO MUNDO


modularidade das áreas interiores, e ainda uma grande capacidade de carga. Estes foram alguns dos elementos focados durante o desenvolvimento desta nova geração, que completou com sucesso mais de 6 milhões de quilómetros de testes intensivos em condições extremas. Mas agora outras características se destacam neste comercial ligeiro, que recebeu novidades no design e reforçou a aposta nas tecnologias de bordo e conectividade, garantindo que está sempre ligado ao exterior e o seu escritório o acompanha para todos os lugares. A estética do Peugeot Partner surge agora mais moderna, alinhada com a nova identidade visual dos comerciais da marca, que desde 2014 pode ser observada no “irmão” Boxer, com novas linhas na dianteira para as óticas, para-choques e grelha, agora com o símbolo do leão ao centro. Mas é no interior que se encontram as maiores novidades deste modelo “Made In Portugal”, já que a vertente tecnológica marca agora o habitáculo. Tal foi visível no primeiro contacto com o modelo, a cargo ainda da versão Tepee com o equipamento topo de gama, onde ganha destaque o

grande ecrã ao centro para cumprir diversas tarefas. Este equipamento, que surge nos comerciais através do pack SE Office, pretende transformar o Partner num escritório sobre rodas, já que permite estar sempre ligado ao mundo. O modelo passa a incorporar o MirrorScreen, que transpõe as aplicações do telemóvel para o automóvel, garantindo assim acesso imediato e de forma mais segura a emails, contactos e outras informações que sejam necessárias. Este ecrã com 7’’ assume ainda a navegação e funciona como computador de bordo. Outro destaque da versão de topo deste comercial da Peugeot será o seu terceiro banco ao centro da fila dianteira, que se transforma facilmente numa mesa ao reclinar as costas, facilitando a execução de diversas tarefas como a assinatura de documentos, e ainda conta com um compartimento de arrumação extra (além dos 60L dos diversos espaços da dianteira) que pode ser fechado à chave. Nos motores o principal destaque será a futura introdução dos blocos 1.6 BlueHDi, que vai permitir reduzir os consumos, na versão de 100 CV, para um registo de apenas 4,1l/100km, menos 0,9l que a versão mais eficiente da atual

1.6 DIESEL 100 CV*

3.3 M3

4.1 L

*A PARTIR DO TERCEIRO TRIMESTRE

1450 KG PESO BRUTO/ /TARA

109/KM

VOL. CARGA

100 KM CO2

14 537€ PREÇO APROX.

gama de propulsores. Além disso, as vantagens repercutem-se também nas emissões (109g/ km), com efeitos notórios na redução do Imposto Único de Circulação. Mas quem deseja reforçar ainda mais a eficiência, continua a poder optar pela versão elétrica, com 67 CV e uma autonomia de 170 km, e que recarrega 80% da bateria em apenas 30 minutos. Esta opção representa, no entanto, um investimento consideravelmente superior, já que estas versões de emissões zero começam nos 26.318€, enquanto nos motores de combustão (ainda com os atuais propulsores e-HDI) a tabela de preços varia entre os 14.537€ da versão L1 Base com 75 CV aos 17.362€ do L2 Confort SE Office com 90 CV. As dimensões deste comercial continuam a ser um dos seus principais trunfos, com a Peugeot Partner a surgir na versão L1 com uma capacidade de carga de 3,3 m3 e comprimento de 1800mm, enquanto o L2 alcança os 3,7 m3 e apresenta um comprimento de 2050 mm. Com uma largura de 1505 mm e altura de 1190 mm, existe ainda a opção pelas versões de carga máxima aumentada, e algumas novas soluções na organização do espaço, que permitem transportar objetos mais compridos ou volumosos. Um último destaque para o acesso bastante facilitado ao compartimento de carga, algo para que contribuem a abertura assimétrica das portas traseiras e, opcionalmente, as duas portas laterais deslizantes. SETEMBRO 2015

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Motor do ano

Híbrido da BMW vence em 2015 O júri do International Engine of the Year elegeu o motor híbrido da BMW como o melhor do ano de 2015, mas também como o melhor no seu segmento e ainda na categoria New Engine. TEXTO LUÍS MAGALHÃES

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T

odos os anos um painel de 65 jurados, composto por jornalistas da especialidade, de 31 países elege os melhores motores do ano no International Engine of The Year. Na edição de 2015 deste prémio – a 17.ª desde que foram entregues pela primeira vez, em 1997 – entre as 12 categorias a concurso houve um motor que se destacou. Falamos do motor híbrido (gasolina+elétrico) de 1,5 litros e três cilindros da BMW, que equipa o modelo i8 e lhe oferece 362 CV de potência máxima, que foi considerado pelo júri internacional como o motor internacional do ano, recebendo 274 pontos. Em segundo surge o vencedor dos últimos três anos, neste caso, o bloco de 1,0 litros EcoBoost da Ford, com 267 pontos. A finalizar o pódio, o motor de 1,2 litros do grupo PSA Peugeot Citroën com 222 pontos. “É uma vitória apropriada, por que é um motor notável. O i8 é um supercarro do futuro que já está disponível hoje. Progressivo, emotivo e ambientalmente responsável, é uma criação que comprova que o transporte de amanhã pode ser muito, muito emocionante”, afirma Dean Slavnich, copresidente do International Engine of the Year Awards. No entanto, os feitos deste bloco híbrido da marca da hélice não ficaram por aqui, tendo sido ainda o mais pontuado na sua categoria (motores com capacidade entre 1,4 e 1,8 litros – 262 pontos) e também na categoria New Engine, obtendo 339 pontos. Uma categoria que foi criada este ano e que visa galardoar os maiores desenvolvimentos em motores dos últimos 12 meses.

“Estamos muito orgulhosos com esta distinção. Especialmente por provarmos que as pessoas que diziam não ser possível estavam erradas. A BMW está a tomar a dianteira, em termos do que será a indústria automóvel, no futuro. Com o i8 e o i3 estamos a mostrar onde se pode chegar e qual o caminho que queremos seguir”, comentou Dirk Abendroth, um dos responsáveis pelas motorizações da BMW i. RESTANTES VENCEDORES Mas o International Engine of The Year de 2015 não se resumiu aos feitos do motor híbrido da BMW, que arrebatou o primeiro lugar absoluto e noutras duas categorias. Conheça de seguida os restantes vencedores em cada uma das categorias a concurso.

passado. Esta motorização está presente em vários modelos da gama Ford, desde o Fiesta ao Mondeo ou EcoSport. No segundo lugar, a uns distantes 268 pontos, surge o motor de um litro da General Motors que equipa, por exemplo, o Opel Adam. No último lugar do pódio, o júri atribuiu 163 pontos (menos 13 que ao da GM) à motorização elétrica com extensor de autonomia da BMW, com 647 cc, disponível no BMW i3. CATEGORIA 1,0 – 1,4 LITROS

CATEGORIA <1,0 LITROS

O motor 1.0 EcoBoost (999 cc, três cilindros turbo e 125 CV), da Ford, foi distinguido na sua categoria, obtendo 444 pontos. Este bloco foi o primeiro a vencer o principal galardão – “International Engine of the Year” – três vezes consecutivas, sendo que a última foi no ano

O bloco do consórcio francês, PSA Peugeot Citroën, de 1,2 litros venceu esta categoria com 243 pontos. Bem acima dos concorrentes que não excederam os duzentos pontos. O segundo classificado (174 pontos) foi o bloco de 1,4 litros da Volkswagen, enquanto em terceiro lugar (165 pontos) surge, igualmente, a motorização do gigante alemão, desta feita a de 1,4 litros híbrida. A motorização vencedora pode encontrar-se no Peugeot 308 ou no Citroën C4, por exemplo. Por outro lado, o SETEMBRO 2015

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segundo e terceiro classificados equipam o Volkswagen Eos e o Volkswagen Golf GTE, respetivamente. CATEGORIA 1,8 – 2,0 LITROS

distância considerável (Mazda 2.2 Diesel – 184 pontos) disponível no Mazda 3. No terceiro posto surge o motor de 2,3 litros da Ford (152 pontos) que equipa, por exemplo, o Ford Mustang. CATEGORIA 2,5 – 3,0 LITROS

Mas, o primeiro lugar não foi fácil de alcançar, pois o segundo classificado, desta categoria, Mercedes AMG 4.0 que está disponível, por exemplo, no Mercedes AMG GT obteve 239 pontos. No terceiro posto (214 pontos) ficou o bloco boxer de 3,8 litros da Porsche que equipa o icónico 911 Carrera S. CATEGORIA >4,0 LITROS

O motor Mercedes-AMG 2.0 (1991 cc, 4 cilindros turbo e 360 CV) foi considerado o melhor, neste curto intervalo de capacidades, pelo júri destes prémios que lhe atribuíram 298 pontos. Este potente bloco equipa desportivos como o Mercedes-Benz A45 AMG, CLA45 AMG ou o GLA45 AMG. De seguida a pontuação (226 pontos) ditou que se posicionaria o bloco de dois litros da Audi que se pode ver no Audi S1, por exemplo. O terceiro posto, nesta categoria, com 150 pontos, foi ocupado pelo motor de dois litros da BMW que está disponível, entre outros, no BMW Série 1 118d.

O motor desenvolvido pela divisão M da BMW com 3 litros de capacidade (2979 cc, seis cilindros biturbo e 431 CV) foi o mais pontuado nesta categoria (246 pontos). Esta motorização pode ser vista nos BMW M3 e M4. No entanto, a marca da hélice arrecadou, igualmente, o segundo posto (178 pontos) com o seu bloco 3.0 biturbo de seis cilindros e 326 CV de potência máxima que equipa, por exemplo, o BMW M135i. O pódio é fechado pelo motor boxer da Porsche de 2,7 litros de capacidade (158 pontos) que se pode encontrar no Porsche Boxster.

CATEGORIA 2,0 – 2,5 LITROS CATEGORIA 3,0 – 4,0 LITROS

O motor Ferrari 4.5 (4497 cc, V8 e 605 CV) foi considerado o melhor nesta categoria (295 pontos), batendo outra motorização da marca do “cavallino rampante”. Ou seja, em segundo surge o bloco de 6,3 litros V12. O Ferrari 458 Speciale equipa com o motor vencedor, enquanto o segundo classificado pode encontrar-se no Ferrari F12 Berlinetta (740 CV). O motor de 4,5 litros foi, igualmente, considerado pelo painel de jurados como o vencedor da categoria “Performance Engine”. A alcançar os titãs italianos surge, com 140 pontos, a motorização Mercedes-AMG de 5,5 litros (V8 turbo) que está disponível, entre outros, no Mercedes GLE63 AMG. GREEN ENGINE

Nesta categoria, o feliz contemplado com o galardão foi o motor de 2,5 litros da Audi (2480 cc, cinco cilindros turbo e 367 CV), bloco que equipa o Audi RS3. O grupo de jornalistas da especialidade deu-lhe 347 pontos. Neste caso, deixando o segundo classificado a uma

Nesta categoria entramos no domínio dos superdesportivos e, neste caso, o vencedor foi o motor McLaren de 3,8 litros (3799 cc, V8 biturbo e 650 CV) arrecadando 258 pontos. O modelo 650S, da McLaren, possui este motor.

CRITÉRIOS E PONTUAÇÃO Em cada categoria, o painel de jurados atribui as pontuações a cada motor pré-selecionado, dando expressão às suas impressões subjetivas de condução e ao seu

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conhecimento técnico, tendo em conta características como: economia de combustível, suavidade, desempenho, ruído e dirigibilidade. Cada um dos jurados tem um máximo de 25

pontos para atribuir aos seus cinco motores favoritos, em cada categoria. Assim, para cada motorização, o júri podia atribuir um máximo de 15 pontos e, no mínimo, 1 ponto.

Na categoria dedicada a motores concebidos com responsabilidade ambiental em mente, o grande vencedor foi o motor da Tesla, totalmente elétrico (trifásico, quatro polos e indução AC, debita 700 CV de potência máxima, a potência da bateria é de 85 kWh e a marca anuncia autonomia para 458 quilómetros) que é montado no Tesla Model S. O júri atribuiu a este motor 100% elétrico, 239 pontos. No segundo lugar, sem surpresa, o motor vencedor da votação geral, ou seja, o motor híbrido de 1,5 litros do BMW i8, aqui com 191 pontos. A fechar o pódio, mais um bloco da marca bávara, desta feita o motor totalmente elétrico do BMW i3 que obteve 109 pontos.


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AUDI Q7 QUEM FAZ O QUÊ?

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NISSAN

SISTEMA DE ALERTA PARA PEÕES Com o intuito de ajudar os peões a notar a presença de veículos elétricos na via pública, a Nissan montou num protótipo do Nissan Leaf um sistema inovador de alerta, que encontra as suas raízes no projeto e-VADER da Comissão Europeia. Juntamente com mais nove empresas foi criado um consórcio para a criação desta nova tecnologia de alerta de peões, que alerta para a direção onde se encontra o veículo elétrico em causa, sem, no entanto, ter um impacto demasiado elevado nos níveis de contaminação acústica.

Salão de Frankfurt

ESTUDO

AS 7 PERSONALIDADES AO VOLANTE Os psicólogos sociais da London School of Economics and Political Science (LSE), num estudo em colaboração com a Goodyear sobre segurança rodoviária, identificaram sete personalidades:: 1) O Professor: necessita de se certificar de que os restantes condutores estão cientes dos seus erros e espera reconhecimento dos seus esforços para ensinar outros. 2) O Sabichão: acha que está rodeado por pessoas incompetentes e contenta-se em gritar em tom condescendente com os outros condutores na proteção do seu próprio automóvel. 3) O Competitivo: precisa de passar à frente de todos os outros condutores e irrita-se quando alguém se intromete no seu caminho. É provável que acelere quando alguém o tenta ultrapassar ou reduza a distância entre ele e o automóvel da frente para impedir que outra pessoa se meta à sua frente. 4) O Justiceiro: quer punir os outros condutores por qualquer comportamento considerado incorreto. Pode acabar por sair do seu automóvel ou abordar os outros condutores diretamente. 5) O Filósofo: aceita as falhas dos outros condutores e tenta explicá-las racionalmente. Consegue controlar os sentimentos quando conduz. 6) O Evasivo: trata os condutores que cometem infrações de forma impessoal, considera-os apenas um perigo. 7) O Fugitivo: ouve música ou fala ao telefone para se isolar. Os fugitivos distraem-se com relações sociais selecionadas para não se relacionarem com nenhum dos outros condutores na estrada. É uma estratégia para evitarem ficar frustrados.

Novidades na Alemanha Nem só de carros vive o Salãode Frankfurt. Que o digam GNK, Continental e Johnson Controls, com estreias planeadas para este certame.

C

ontinental, GNK e Johnson Controls anunciaram grandes novidades a serem apresentadas no Salão de Frankfurt, que tem lugar já durante o mês de setembro. A presença da GNK no Salão de Frankfurt será marcada pela apresentação de novas tecnologias que deverão dar aos modelos híbridos uma maior exposição no mercado, bem como pela apresentação do sistema de tração integral que montará o novo Ford Focus RS. O presidente de Tecnologia da marca, Peter Moelgg, afirma que “acreditamos que já é tempo de reconhecer que os híbridos são dos carros mais excitantes e que a tração integral pode ser tão eficiente quanto desejável. Desde o último Salão de Frankfurt já lançámos os sistemas híbridos que animam o Porsche 918 Spyder e o BMW i8. Este ano vamos revelar o que acontece quando a vectorização de binário entra na equação e como a tecnologia ajuda a reinventar os modelos de altas performances”. Quanto à Continental, a marca alemã pretende dar a conhecer em Frankfurt os benefícios da hibridização de baixa voltagem, já demonstrados nos veículos a gasolina, mas desta feita aplicados num automóvel diesel. Para tal o fabricante alemão integrou

a sua tecnologia 48 V Eco Drive num modelo equipado com um motor TDI de 1,6 litros. Os cálculos da Continental apontam para uma redução de entre 7 e 9% no consumo. Para 2016 está já agendada a produção de duas séries deste sistema, uma equipando um motor diesel e outra um motor a gasolina. Além disso, a marca pretende mostrar em Frankfurt inovações que em breve serão vistas nas estradas, como a nova geração SportContact6; como os componentes podem ajudar a tornar os veículos mais leves e emitir menos CO2; tecnologias de segurança ativa e passiva; e produtos que facilitam a dinâmica de condução. Já a Johnson Controls, especialista em bancos automóveis, vai expor um veículo, o SD15, que vai mostrar as principais tendências do futuro do automóvel na perspetiva dos assentos. Os novos bancos vão estar preparados para a condução autónoma, são leves e vão responder às necessidades dos clientes, em termos de personalização e estilo para a condução do futuro. As principais características destes bancos são a espessura fina, a movimentação lateral dos assentos traseiros para ter quatro ou cinco lugares ou a possibilidade de alojar uma bateria de 48 volts sob eles para carregar aparelhos eletrónicos sem desgastar a bateria do automóvel. SETEMBRO 2015

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Ford

AXALTA

Mustang estreia novo airbag

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novo Ford Mustang estreia um airbag para os joelhos dos passageiros da frente, integrado dentro da tampa do porta-luvas, para que os passageiros possam obter o máximo de espaço para as pernas. Ao invés de um airbag fabricado com tecido, a tecnologia consiste num design inovador em plástico moldado, alojado entre as superfícies externas e internas da tampa do porta-luvas. Com 46 centímetros de comprimento e 28 centímetros de largura, o airbag no portaluvas pesa menos 65% que um airbag de joelhos convencional e oferece protecção comparável. No caso de uma colisão, um pequeno gerador de gás no interior da tampa do porta-luvas enche a bolsa em apenas 20 milissegundos,

empurrando a parte exterior da tampa para fora, para proporcionar proteção às pernas. A redução de peso melhora a eficiência do combustível e até à data já foram concedidas à inovação 23 patentes.

PREMIADA PELA VOLVO A Axalta Coating Systems venceu o Volvo Cars Quality Excellence (VQE) Award numa cerimónia exclusiva realizada nas instalações da Axalta em Wuppertal, Alemanha. O Prémio VQE é atribuído às empresas que obtêm 100% de classificação numa série de requisitos definidos pela Volvo Cars, os quais monitorizam a excelência numa diversidade de áreas operacionais, que incluem Confiança, Fornecimento e Logística e Sistemas de Qualidade Eficientes. Patrick de Wolf, Technical & Commercial Leader da Axalta, comentou: “O trabalho que conduz a um reconhecimento como este não acontece de um dia para o outro. É necessário muita gente a trabalhar em equipa, com o objetivo comum e claro de fornecer aos nossos clientes os melhores produtos e serviços.

NGK.

500 milhões de velas fabricadas em França

O

MEYLE

BRAÇO UNIVERSAL

especialista em velas e sondas Lambda anunciou que o número de velas produzidas em França desde a inauguração da fábrica superou os 500 milhões de unidades em junho. Seguindo a filosofia de estar sempre o mais perto possível do cliente, a NGK Spark Plug tem 24 fábricas em todo o mundo. A unidade de Meungsur Loire, em França, é de grande importância para o mercado europeu. A prova disso é a marca dos 500 milhões de velas ultrapassadas por esta fábrica.

Quando a fábrica francesa iniciou as suas operações, em 1991, produzia 20 referências com três linhas de montagem. Hoje, produz 100 referências de velas e um total de 39 milhões de unidades por ano, distribuídas entre mais de 40 países. A fábrica conta ainda com várias certificações de qualidade e ambientais e recentemente, em 2014, a NGK investiu 4,5 milhões de euros numa nova linha de produção para velas de múltiplos elétrodos por forma a satisfazer as necessidades do mercado.

BMW E SCHERM

GOODYEAR

Está em marcha um projeto piloto com realização conjunta da BMW e do grupo Scherm, especializado em logística, para a promoção de camiões amigos do ambiente. Um camião elétrico Terberg YT202-EV está a ser utilizado para transportar, entre o centro da Scherm e a fábrica da BMW em Munique, componentes para os automóveis da casa da hélice. Este camião opera de forma muito silenciosa e tem como parceira no projeto a Continental, que montou neste camião a solução ContiPressureCheck para medição da pressão dos pneus.

A Goodyear anunciou que o Range Rover Sport será equipado com pneus Eagle F1 Asymmetric SUV. Este equipamento é resultado de vários anos de colaboração com a Jaguar Land Rover. Os Eagle F1 Asymmetric SUV pretendem ser o complemento ideal para a dinâmica deste automóvel na estrada e seu manuseamento ágil. O pneu disponibiliza um ótimo controlo nas curvas graças à pressão distribuída de forma uniforme e à superfície de contacto com a estrada aumentar quando se efetuam curvas de certa velocidade.

TESTAM CAMIÃO ELÉTRICO

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EAGLE F1 NO RANGE ROVER SPORT

A Meyle lançou um vídeo no seu canal do YouTube onde pode ser vista a instalação de braços de suspensão em modelos BMW Série 5, 6 e 7 – uma tarefa muitas vezes complicada, uma vez que a identificação correta dos braços exige que a direção seja alinhada primeiro. O design MEYLE possui um enorme potencial de poupança de tempo, tanto ao encomendar a peça correta como durante a instalação, uma vez que apenas uma peça pode ser aplicada em três modelos de viaturas diferentes. Para estender a vida destes braços para além da da peça original, a equipa de engenheiros da Wulf Gaertner Autoparts AG também melhorou algumas das suas especificações técnicas, como por exemplo a rótula do braço, que possui um revestimento altamente resistente à corrosão, ou o encaixe, que é feito de um material plástico anti-abrasivo altamente resistente, oferecendo uma garantia de quatro anos.


DELPHI

NOVO CATÁLOGO DE DIREÇÃO E SUSPENSÃO A Delphi anunciou o lançamento do seu novo catálogo de Direção e Suspensão 2015/2016. Este novo documento contém informação sobre mais de 4700 referências, incluindo aproximadamente 500 novas peças adicionais. As últimas incorporações às aplicações de direção e suspensão da Delphi incluem as séries 3 e 4 da BMW, Ford Fiesta / Focus, Mini Paceman / Countryman, Porsche 911 / Cayman / Boxster e Range Rover Evoque. As novas referências na gama de peças da Delphi incluem 169 peças de borracha-metal; 94 conjuntos de eixos; 72 barras estabilizadoras; 68 trapézios e 11 braços estabilizadores. A gama completa aparece também detalhada no TecDoc, onde a Delphi aparece certificada como fornecedor de dados de “Classe A”, assim como em delphicat.com.

Liqui Moly

Aditivos testados com bons resultados

A

RSP-Motorsports de Ontário, no Canadá, Num Porsche Cayenne GTS de 2009, o acréscimo de potência foi de até 20 cv. Proporcionalmente maior foi também o binário. Além disso, a acumulação de calor do motor foi reduzida, em média, em 25°C. Foram obtidos resultantes semelhantes noutros testes com um Mercedes-Benz C320 3.2L V6 e um Porsche 993. “Nos meus 43 anos como profissional do setor automóvel a trabalhar com automóveis de luxo e exóticos tanto na Europa como no Canadá, nunca encontrei lubrificantes que melhorassem e regenerassem o motor e os componentes a um nível comparável ao dos produtos da Liqui Moly”, afirmou Renato Fausch, Presidente da

RSP-Motorsports. Para o teste, os veículos foram colocados a funcionar sobre um dinamómetro e a sua potência foi medida antes e depois do serviço de aditivos para óleo. Imediatamente antes da mudança do óleo foi adicionado o Engine Flush ao óleo do motor, para dissolver sedimentos, lamas de óleo e sujidade. Numa segunda etapa, a RSP abasteceu com o Leichtlauf High Tech 5W-4, um óleo de motor 100% sintético, e, para concluir, foram ainda acrescentados dois aditivos ao óleo de motor: o Motor Oil Saver, que regenera vedações fragilizadas e as deixa novamente macias e flexíveis, e o Cera Tec, aditivo antidesgaste de alta tecnologia, que protege o motor em termos químicos e físicos.

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Barómetro

Dinâmica das empresas do setor

Todos os meses, em parceria com a Informa D&B, a TURBO OFICINA regista as mudanças no tecido empresarial deste setor. O balanço mais aprofundado das alterações é feito trimestralmente. PARCERIA INFORMA D&B

Principais ocorrências no setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas auto, por região DINÂMICA NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) INSOLVÊNCIAS REGIONAL DO SETOR ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO JUL. 2015 HOMÓLOGA JUL. 2015 HOMÓLOGA JUL. 2015 HOMÓLOGA ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) NORTE 338 30,5% CENTRO 161 10,3% ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 193 16,3% ALENTEJO 40 17,6% ALGARVE 21 -19,2% R. A. AÇORES 9 0,0% R. A. MADEIRA 19 46,2%

87 2,4% 54 -3,6%

39 8,3% 24 14,3%

53 12 4 2 9

24 5 1 2 5

TOTAL 781 19,6%

221 -0,5%

Principais ocorrências no setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%) JUL. 2015

ACUMULADO JUL. 2014 JUL. 2015

ACUMULADO SETOR JUL. 2014

TECIDO EMPRESARIAL

NASCIMENTOS

77

781

75

653

19,6% 8,4%

25

221

26

222

-0,5% 3,0%

100

16

102

-2,0% -6,7%

(CONSTITUIÇÕES)

ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES)

INSOLVÊNCIAS 15

Tecido empresarial do setor Julho 2015 EM NÚMERO

R.A. AÇORES 199 NORTE 4986

R.A. MADEIRA 291 CENTRO 3377 ÁREA METROPOLITANA LISBOA 3301

EM PERCENTAGEM

36,9 25,0 24,4 ALENTEJO 872

ALGARVE 478

74

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6,5 3,5 1,5 2,2

-7,0% 100,0% -33,3% -50,0% 12,5%

-29,4% 0,0% -75,0% 100,0% 400,0%

100 -2,0%

FONTES: ANÁLISE INFORMA D&B; DADOS: PUBLICAÇÕES DE ACTOS SOCIETÁRIOS E PORTAL CITIUS /MINISTÉRIO DA JUSTIÇA *TODA A INFORMAÇÃO INTRODUZIDA NA BASE DE DADOS INFORMA D&B É DINÂMICA, ENCONTRANDO-SE SUJEITA À PUBLICAÇÃO TARDIA DE ALGUNS ACTOS E ÀS ALTERAÇÕES DIÁRIAS DE DIVERSAS FONTES.

FICHA TÉCNICA Universo de empresas e outras organizações - Tecido Empresarial O Tecido Empresarial considerado engloba a informação relativa às empresas e outras organizações ativas com sede em Portugal, sob as formas jurídicas de sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades unipessoais, entidades públicas, associações, cooperativas e outras sociedades (os empresários em nome individual não fazem parte deste universo de estudo). Consideram-se as empresas e outras organizações classificadas em todas as secções da CAE V3.0. Universo de setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto Organizações ativas do tecido empresarial classificadas nas seguintes secções da CAE V3.0.: Grossistas auto: CAE 45310 - Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis Retalhistas auto: CAE 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis Concessionários auto: CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros Oficinas: CAE 45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis Nascimentos Entidades constituídas no período considerado, com publicação de constituição no portal de atos societários do Ministério da Justiça.

Encerramentos Entidades extintas no período considerado, com publicação de extinção no portal de atos societários do Ministério da Justiça (não são consideradas as extinções com origem em procedimentos administrativos de dissolução). Entidades com insolvências Entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça. Regiões As entidades foram classificadas através da localização da sua sede, representando as 7 unidades da NUTS II de Portugal (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS)). A Informa D&B é especialista no conhecimento do tecido empresarial e através de análises inovadoras, disponibiliza o acesso a informação atualizada e relevante sobre a atividade de empresas e gestores, fundamental para a condução dos negócios dos seus clientes. A Informa D&B está integrada na maior rede mundial de informação empresarial, a D&B Worldwide Network, com acesso aos dados de mais de 243 milhões de agentes económicos em 221 países. www.informadb.pt (+351) 213 500 300 informadb@informadb.pt



6 Reparação

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A importância do orçamento

A melhor ferramenta para o rececionista A receção pode ser a área mais importante da oficina, onde se estabelece o contacto com o cliente, conciliando as suas necessidades com os objetivos e capacidades da oficina. O rececionista, ou assessor de serviço, é a figura chave, sendo a verdadeira cara da oficina junto do cliente. Das suas aptidões e atitudes dependerá, em boa medida, a satisfação final do cliente. TEXTO FRANCISCO JAVIER ALFONSO PEÑA

PARCERIA

A

figura do assessor de serviço agrupa três tarefas fundamentais: captação e manutenção dos clientes, porque se é importante que um cliente vá à oficina, mas importante ainda é que regresse (função comercial); especificar os termos técnicos e económicos do serviço a prestar (função tecnicoeconómica); e equilibrar a capacidade produtiva da oficina face aos compromissos assumidos com os clientes (função organizativa). Para cumprir estas tarefas a melhor ferramenta do rececionista é o orçamento. FERRAMENTA DE VENDA Num primeiro momento, podemos pensar que a atividade principal de uma oficina de chapa e pintura é reparar veículos sinistrados. Ainda assim, a venda é crucial, pois não haverá o que reparar sem o serviço ter sido vendido. A princípio o processo de venda numa oficina de reparação pode parecer óbvio, uma vez que existe um comprador (cliente particular ou companhia de seguros), que leva um veículo que precisa de cuidado a um vendedor (a oficina de reparação) que dispõe dos meios e capacidades necessários

para prestar determinado serviço. Os pontos de vista, necessidades e expectativas de ambos serão diferentes, mas ambos têm um elemento em comum: precisam de chegar a um acordo. Há que ter em conta que o cliente está cada vez mais e melhor informado e que é ele quem decide o que compra e o que não compra. Por isso é fundamental estabelecer uma relação baseada na criação de confiança, o que quer dizer que o que se deve fazer logo é perguntar, para deste modo identificar as reais necessidades do potencial comprador. Nunca se deve oferecer nada antes de tempo. A partir daí, o assessor de serviço dará a sua opinião de perito de forma a que o cliente consiga entender e apreciar, com o objetivo final de vencer o maior obstáculo do cliente para a compra: o medo de tomar uma decisão errada. É fundamental contar com um orçamento detalhado onde se indiquem as operações a realizar, os elementos afetados, as peças necessárias para a reparação, as verificações obrigatórias, os custos inerentes a todos estes processos e, por último, o valor final a cobrar. Quanto mais informação o cliente

possa obter a partir do orçamento mais provável é que tome uma decisão acertada. Se a isto somarmos as mais-valias que, como empresa, estamos em condição de oferecer, podemos convencer o cliente de que ele está no sítio certo. FERRAMENTA DE PLANEAMENTO E CONTROLO Uma vez vendido o nosso serviço passaremos à fase seguinte, centrada na reparação, na qual temos de cumprir as expetativas que o cliente depositou na nossa empresa.

UM ORÇAMENTO COMPLETO PERMITIRÁ UMA BOA PLANIFICAÇÃO E TRADUZ-SE NUM CICLO DE TRABALHO FLUIDO E SEM IMPREVISTOS SIGNIFICATIVOS SETEMBRO 2015

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Reparação

Do ponto de vista da oficina, o orçamento é o primeiro ponto crítico do processo produtivo, por tudo o que ele implica na etapa de previsão e planificação; é o momento de decidir, antecipadamente, o que se deve fazer com o veículo. A realização do orçamento pressupõe uma planificação adequada dos recursos que serão necessários, das tarefas a realizar e da sua duração, ou seja, contempla peças e materiais, equipamentos e tecnologia, postos de trabalho e recursos humanos. Em primeiro lugar, o orçamento será o instrumento que permitirá ao assessor de serviço controlar a distribuição de serviço na oficina e a agenda de compromissos com os clientes, cumprindo as datas de entrega prometidas. Em segundo lugar, recolherá a informação necessária para decidir a melhor distribuição dos trabalhos, dando conta das prioridades. Em terceiro lugar, permitirá mostrar às diferentes áreas da oficina envolvidas na reparação as intervenções que terão de realizar, facilitando-lhes o planeamento do seu trabalho. Se não achamos oportuno dedicar à elaboração do orçamento de reparação os recursos necessários, deveríamos pensar na perda de tempo que acarretaria a realização de vários pedidos de peças para a mesma ordem de trabalho, desenvolver extensões, consultar o responsável para saber exatamente o que é preciso fazer no veículo, interromper a reparação até ao ponto em que o técnico deva passar para outro veículo, reagendar a data de entrega, etc. Uma boa reparação tem de partir de uma planificação correta. Se além disso, a oficina possui um sistema de arquivamento dos processos produtivos o orçamento adquire uma segunda dimensão, convertendo-se num instrumento de controlo, ao permitir comparar o real com o planeado. Isto será chave para o controlo, entre outros, dos tempos empregues nas reparações em relação ao tempo disponível. Será possível, portanto, avaliar o trabalho de cada operário, de cada secção, atividade, etc., analisando os possíveis desvios e, com isso, as ações corretivas a levar a cabo. O QUE DEVE INCLUIR UM ORÇAMENTO Centrando-nos unicamente no ponto de vista técnico, qualquer

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orçamento deveria recolher a seguinte informação: Identificação geral e o mais completa possível do veículo: marca, modelo, versão, equipamento completo… esta será a forma de garantir a ausência de erros na avaliação dos danos. Lista das peças necessárias para a reparação, incluindo, se possível, a sua referência e preço. Descrição e, sobretudo, duração, das tarefas de carroçaria e mecânica, expressas em períodos de tempo. Conhecendo o preço/hora da oficina será uma questão matemática calcular o valor da mão-deobra. As intervenções de pintura a realizar, descrevendo tanto o custo da mão-de-obra como dos materiais. Qualquer montante adicional devido a circunstâncias e condições particulares da oficina, como trabalhos subcontratados. Finalmente poder-se-á calcular o custo total da reparação, ao qual se aplicarão os impostos devidos. O ORÇAMENTO INFORMATIZADO Cada reparação de carroçaria e pintura é única e diferente da anterior. Única será também a avaliação económica dos seus danos, não sendo possível estandardizar os serviços como pode ser feito para outros tipos de intervenções, como por exemplo as manutenções. Se a estas circunstâncias juntarmos o número de fabricantes, modelos e versões de veículos existente, a elaboração manual de um orçamento de reparação completo torna-se praticamente inviável.

O ORÇAMENTO INFLUENCIA A SATISFAÇÃO DO CLIENTE, A PRODUÇÃO E A RENTABILIDADE

Para tal existem no mercado ferramentas informáticas para a avaliação de danos, fundamentalmente AUDATEX e GT ESTIMATE, que põem à disposição do utilizador grandes bases de dados com toda a informação necessária para este propósito. Contam com a informação oficial dos fabricantes no que concerne a peças de substituição e à sua comercialização, com referências e preços, tempos oficiais de substituição e, como complemento, escalas de tempos e materiais de pintura, como os da CESVIMAP, certificados e aceites pelo mercado. Essa informação é posta à disposição do utilizador de uma forma perfeitamente estruturada, o que traz uma série de vantagens: O processo fica bastante simplificado, gerando mais rápida e imediata a avaliação dos danos. Facilita-se o trabalho do utilizador ao realizar, de forma automática, todos os cálculos necessários até chegar ao custo final da reparação, aplicando seguidamente os impostos correspondentes. Sempre que a identificação do veículo se realize corretamente, assegura a exatidão da avaliação. Permite apresentar toda a informação de forma clara e perfeitamente ordenada, por blocos, o que facilita a explicação ao cliente. Dá boa imagem ao nosso negócio. É possível integrar estas ferramentas com as que estejam a ser usadas para a gestão do negócio, como programas de gestão (DMS), aplicações de companhias de seguros… Com esta possibilidade, realizando de uma só vez o trabalho na receção, é possível utilizar a informação, aplicando-a a todos os processos da oficina, com a gestão das substituições, distribuição de tempos e controlo de rácios operacionais, até que chegue a fatura final. A elaboração prévia do orçamento da reparação influencia a satisfação do cliente, o processo produtivo e a rentabilidade do nosso negócio. Por isso seria bom fazer uma pequena reflexão, respondendo a duas questões: somos capazes de fazer um orçamento completo, detalhado e competitivo? Somos capazes de o explicar e vender?


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REPARAÇÃO PLANO DE MANUTENÇÃO PROGRAMADA MARCA, MODELO E VERSÃO PRAZO/ QUILOMETRAGEM CARACTERÍSTICAS VEÍCULO

RENCAP0017A: RENAULT CAPTUR 0.9 TCE 90 ENERGY SPORT 5P S/S 48/120000

POTÊNCIA (CV)

90

CILINDRADA (CC)

898

EURONCAP 50/20/00 CO2 113 TRANSMISSÃO MANUAL CAIXA DE VELOCIDADES

5 VELOCIDADES

CARROÇARIA TODO-O-TERRENO REVISÕES

Manutenção

Renault Captur 0.9 TCe O Renault Captur é, sem dúvida, um veículo muito em voga, nomeadamente, com um sucesso comercial extraordinário, também, no nosso país. Analisamos a manutenção deste veículo, aqui na versão a gasolina com motor de 0,9 litros. PARCERIA

O

Renault Captur insere-se na categoria crossover, devido à sua carroçaria considerada todo-o-terreno, principalmente pela elevada distância do automóvel em relação ao solo. Aqui, analisamos a viatura francesa na sua versão 0.9 TCe Energy Sport de cinco portas, com sistema Start&Stop. Esta motorização, a gasolina, debita 90 CV de potência máxima e está acoplada a caixa manual de cinco velocidades. Ao adquirir tal veículo, direcionado para um público jovem, o consumidor procura um automóvel robusto, com espaço e económico (não só no consumo de combustível, mas também na manutenção). Assim, ao analisar os custos de manutenção a 48 meses ou 120 000 km, os gastos referentes ao desgaste natural do automóvel sobressaem, sendo o custo total de 2889,58 euros. Com especial ênfase para a troca das pastilhas de travão

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traseiras (no período analisado, necessita de três trocas) que se fixa nos 617,72 euros. Assim como a substituição dos discos dianteiros que ascende aos 545,66 euros, com duas trocas programadas. A acrescer a isto está a recarga do ar condicionado, a efetuar apenas uma vez, por 413,21 euros. Os gastos com os pneus, neste caso, com a medida 205/60 R16T são de 1864, 50 euros. Sendo que as dez mudanças aconselhadas dos pneumáticos englobam custos na ordem dos 1705 euros. As revisões do Renault Captur 0.9 TCe ascendem ao valor de 929,12 €, com a mãode-obra a ser a maior fatia deste bolo, com um custo de 422,74 euros. Ainda, o óleo (semisintético), a ser substituído quatro vezes, tem um preço que se fixa nos 244,94 euros. Concluindo, os custos de manutenção fixam-se nos 6372,59 euros, pressupondo um gasto de 5,31 euros por cada 100 quilómetros percorridos.

VALOR N.º SUBSTITUIÇÕES

929,12 €

MÃO-DE-OBRA

422,74 €

[11,5]

ÓLEO

244,94 €

[4]

CAPACIDADE DO CARTER (LITROS)

4,2

TIPO DE ÓLEO

SEMI-SINTÉTICO

FILTRO DE ÓLEO

52,00 €

FILTRO DE AR

37,12 €

[2]

FILTRO DE PÓLEN

106,00 €

[4]

[4]

FILTRO DE COMBUSTÍVEL

- €

[0]

VELAS

66,32 €

[2]

DESGASTE

2.889,58 €

ESCOVAS LIMPA PARA BRISAS FRENTE

249,97 €

ESCOVAS LIMPA PARA BRISAS TRAS

27,13 €

[2]

PASTILHAS FRENTE

422,28 €

[6]

PASTILHAS TRAS

617,72 €

[3]

DISCOS FRENTE

545,66 €

[2]

DISCOS TRAS

373,23 €

[1]

LIQUIDO DE TRAVÃO

18,38 €

[1]

EMBRAIAGEM

122,00 €

[1]

CARGA AR CONDICIONADO

413,21 €

[1]

ESCAPE

100,00 €

[1]

BATERIA

- €

[0]

AMORTECEDOR FRENTE

- €

[0]

AMORTECEDOR TRAS

- €

[0]

BOMBA AGUA

- €

[0]

FILTRO PARTICULAS

- €

[0]

[4]

TAREFAS EXTRA

- €

[0]

AVARIAS

- €

[0]

ELÉCTRICAS

- €

[0]

TOTAL

- €

[0]

PNEUS

1.864,50 €

PNEUS FRENTE

205/60R16T

PNEUS TRÁS

205/60R16T

PNEUS

1.705,00 €

ALINHAMENTO DE DIRECÇÃO

45,00 €

[10] [3]

EQUILIBRAGEM

85,20 €

[10]

VÁLVULA

29,30 €

[10]

OUTROS

689,38 €

IPO

27,00 €

INFLAÇÃO

662,38 €

AJUSTES

- €

CUSTOS DE MANUTENÇÃO TOTAL

6.372,59 €

/100 KMS

5,31 €

COMBUSTÍVEL

* VALORES SEM IVA



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JURÍDICO

Pagamento de taxas de portagem

T MIGUEL RAMOS ASCENÇÃO ADVOGADO

Todos os meses abordaremos neste espaço assuntos de natureza jurídica que julgamos relevantes para a atividade da reparação e manutenção. Se tiver dúvidas ou situações específicas, por favor envie-nos um email para: oficina@turbo.pt indicando que se trata de um pedido de esclarecimento de natureza jurídica. O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga grafia

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em processos de contra ordenação ou de execução fiscal decorrentes do não pagamento de taxas de portagens por passagens até ao dia 30/04/2015? Apresse-se! Tem até ao final deste mês para regularizar a situação de forma simples através do Portal das Finanças. Depois de muitas reclamações à evidente injustiça e desproporcionalidade de multas e taxas processuais e administrativas decorrentes da falta de pagamento de taxas de portagem, tal como anunciado em edições anteriores, foi publicada a Lei n.º 51/2015 de 8 de Junho que estabelece um regime excecional de regularização de dívidas resultantes do não pagamento de taxas de portagem e coimas delas derivadas. Este regime extraordinário de regularização está em vigor até ao dia 30 do corrente mês de Setembro. Nos termos do art. 4.º da Lei 51/2015, os processos de execução fiscal que, a 30-042015, visassem apenas cobrar juros e custas resultantes do não pagamento de taxas de portagem, estando a dívida associada devidamente regularizada, extinguem-se sem outras formalidades. O regime de regularização dirige-se a quem não pagou taxas de portagens devidas até dia 30 de Abril, prevendo uma dispensa de juros de mora, redução para metade das custas do processo de execução fiscal, redução da coima e dispensa dos encargos do processo de contra-ordenação e do processo executivo. Na prática, o regime estabelece que se a coima não tiver sido aplicada no processo de contra-ordenação, o beneficiário deste regime pagará apenas 10% do montante mínimo, com dispensa de pagamento dos

encargos do processo de contra-ordenação. Se, pelo contrário, a coima tiver sido aplicada no processo de contra-ordenação, só terá de pagar 10% desse montante, com dispensa do pagamento dos encargos apurados nos processos de contra-ordenação e de execução fiscal. Em qualquer dos casos, porém, o beneficiário do regime extraordinário, não poderá pagar menos do que cinco euros, valor mínimo estabelecido pelo artigo 3.º da referida Lei 50/2015. COMO FAZER Para poder beneficiar das vantagens decorrentes do regime, os utentes de autoestradas e SCUTs com taxas de portagem em dívida (por passagens ocorridas até ao dia 30/04/2015) devem apenas proceder ao pagamento no Portal das Finanças até ao dia 30/09/2015 ou, até à mesma data, identificar o processo de contra-ordenação onde está a ser aplicada a coima. A partir daquela data, e nos termos da Lei 51/2015, o valor da coima a pagar por contra-ordenação foi reduzida de um valor mínimo de 10 vezes para um valor mínimo correspondente a 7,5 vezes o valor da taxa de portagem, mas nunca inferior a 25 euros, valor mínimo fixado na Lei. No caso dos utentes que tenham mais do que uma taxa de portagem para pagar podem pagar individualmente. Irão beneficiar da dispensa de juros de mora, de redução de coima e outros benefícios, como a dispensa de pagar encargos do processo de contraordenação ou do executivo, devendo no entanto proceder ao pagamento total das taxas de portagem incluídas no(s) processo(s) em questão.




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