Revista AE 60 especiall 15 anos

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Ano XV

- n o 60

artestudiorevista.com.br

THOM MAYNE

O arquiteto americano que desafia o impossível

ACERVO

A casa modernista, legado de Acácio Gil Borsoi em João Pessoa

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO O portfólio de novos talentos da arquitetura paraibana celebra os 15 anos da AE

+ Entenda as diferenças entre CAU, IAB e Sindarq; a tendência dos apartamentos mínimos e entrevista com Carol Costa.






A Evviva está iniciando uma era de mudanças e novas experiências na sua história. O redesenho do seu logotipo e a nova campanha são apenas o início de um movimento que retrata a tradição e os valores da família Bertolini passados de geração para geração. Estamos escrevendo um novo capítulo, permeado pelo saber fazer, pelos detalhes, respeito ao produto, às pessoas e aos novos tempos.

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Evviva. Ontem, hoje e amanhã.

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PELA TRADIÇÃO DO NOVO


SUMÁRIO

Ano XV 2017 Edição 60

CONHEÇA

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68 32 ACERVO ESPECIAL

A casa projetada por Acácio Borsoi, um patrimônio modernista em João Pessoa

68 GRANDES ARQUITETOS

A ousadia premiada do americano Thom Mayne

72 ESPECIAL

Apartamentos de 10m2 podem se tornar uma tendência?

74 REPORTAGEM

Quais as diferenças entre IAB, CAU e o Sindarq?

78 INTERIORES E MODA

ARTIGOS

O charme e o poder das listras

VISÃO PANORÂMICA 14

Quando a arquitetura se torna a pele que habitamos

URBANISMO 16

Por que as pessoas não conversam mais sobre as cidades?

Vida Profissional 18

Dicas para ser mais fácil evoluir profissionalmente

VÃO LIVRE 20

As ações que permitem a fidelização do cliente

VISÃO LATERAL 23

Uma visita ao Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre

ENTREVISTA ENTREVISTA 26

A jornalista e jardineira Carol Costa fala sobre a relação entre pessoas e plantas

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32

JOVENS ARQUITETOS ANDRÉIA JULINDA E CAMILA SOARES 36

ANDREÍNA FERNANDES 44

78

MÁRCIO CATÃO 52

KARINA MENDES E ANTONIO NEVES

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Nossa capa Um portfólio especial de jovens arquitetos da Paraíba

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arquitetura & estilo de vida ANO XV - Edição 60

EXPEDIENTE Diretora| Editora geral : Márcia Barreiros Editor responsável : Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores : Alex Lacerda, Débora Cristina, Lidiane Gonçalves Projeto: Leonardo Maia | Foto: Saulo Dal Bó

e Renato Félix,

Diretora comercial : Márcia Barreiros Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Mavi Fotógrafos desta edição : Diego Carneiro, Vilmar Costa e indicados Impressão : Gráfica JB

QUEM SOMOS

PRODUTOS ARQUITETÔNICOS

AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

onde nos encontrar Contato : +55 (83) 3021.8308

/ 99857.1617

c o n t a t o @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r d i r e t o r i a @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r R. Tertuliano de Brito, 348 - Bairro dos Estados. CEP: 58.030-044 - João Pessoa / Paraíba / Brasil revistaae @revARTESTUDIO Artestudio Marcia Barreiros As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos.

www. artestudiorevista. com. br Av. Marcionila da Conceição, 1.500 Cabo Branco, JoãoPessoa-PB (83) 3244.7788

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EDITORIAL

De repente, 15

Márcia Barreiros editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Renato Félix editor de jornalismo

George Diniz projeto gráfico e diagramação

E assim, de repente, chegamos aos 15 anos. A idade em que, tradicionalmente, se convencionou chamar de “debutante”, quando a menina era “apresentada à sociedade” com uma festa. Eram outros tempos. As festas continuam existindo, como marco da idade, mas já sem esse simbolismo que trazia décadas atrás. Para a AE nem poderia ser assim. A revista não teria por que ser “apresentada à sociedade” agora: faz parte dela desde seu nascimento. Nesses 15 anos, esta publicação tem acompanhado, observado e dialogado com as áreas de arquitetura, urbanismo, design de interiores da Paraíba, do Brasil e do mundo. E não só com elas: também com a moda, a literatura, o cinema e outras mais. Tem mostrado o trabalho de grandes mestres, de profissionais que dão duro diariamente e também de quem está começando. É por esse último viés que resolvemos celebrar a data em nossas páginas: com um especial que apresenta o portfólio de jovens arquitetos paraibanos, que você pode conferir páginas à frente. A edição também traz uma super entrevista com a jornalista e jardineira Carol Costa, falando de quase tudo sobre criar plantas (quase, porque o assunto é inesgotável para uma conhecedora como ela). Você também vai conhecer um pouco mais da obra de Thom Mayne, arquiteto americano movido pelos desafios. E, para terminar, as comemorações não se encerram aqui nestas páginas. A AE comemora seus 15 anos com um importante livro com os perfis de 37 arquitetos que atuam na Paraíba, incluindo mestres como Mario Di Lascio, Amaro Muniz, Régis Cavalcanti, Expedito Arruda e Hélio Costa Lima. Uma edição imperdível, pronta para virar referência para os jovens que serão os arquitetos do futuro. E – por que não? – também para os arquitetos do presente. Boa leitura (aqui e no livro)! ARTESTUDIO

AMÉLIA PANET arquiteta e urbanista

HÉLIO COSTA LIMA arquiteto e urbanista

GERMANA GONÇALVES designer de interiores

ALEX MAURÍCIO LACERDA GUIMARÃES consultor gestão empresarial jornalista

Débora Cristina jornalista

Lidiane Gonçalves jornalista 13



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VISÃO PANORÂMICA

A pele da arquitetura ou, a pele que habito

Cena de ‘ A Pele que Habito’ (2011) Instituto do Mundo Árabe de Jean Nouvel, em Paris

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A

Pele que Habito é um filme espanhol, de 2011, realizado por Pedro Almodóvar, com Antônio Banderas e Elena Anaya nos papeis principais. No filme, Banderas é o doutor Robert Ledgard, um cirurgião plástico que desenvolve uma pesquisa para recriar em laboratório, uma espécie de pele humana logo após a morte de sua esposa, que sofrera graves queimaduras em um acidente. A pele da arquitetura faz alusão às membranas, telas, painéis, entre outros, que cobrem as fachadas da arquitetura contemporânea. Richard Scoffier (2009) em Os Quatro Conceitos Fundamentais da Arquitetura Contemporânea elege o objeto, o meio, o acontecimento e a tela, como conceitos basilares da nova arquitetura. Para o autor, esses são princípios ativos que determinam os rumos da arquitetura e das cidades edificadas. Para explicar o significado dos objetos na arquitetura contemporânea, o autor referese, inicialmente aos ready-made inventados por Marcel Duchamp no início do século XX, o gesto contestador que levou Duchamp a colocar um


mictório numa base, nomeá-lo de “Fontaine “ (fonte) e assiná-lo como uma obra de arte. A forma desvinculada de seu uso e de seu contexto. O momento, segundo Scoffier, em que o artista opera a transferência do real para o campo da estética. Na arquitetura, esse fenômeno não poderia deixar de se manifestar em projetos cujos “objetos” adquirem novos contextos e são resignificados. O outro conceito, meio, para Scoffier refere-se aos “não lugares”, expressão utilizada por Marc Augé para designar os novos espaços que podem estar em qualquer lugar do mundo, sem conexão com o seu contexto ou cultura, como os aeroportos, shoppings ou supermercados, por exemplo. Scoffier prefere chamá-los de meio-lugar, “um espaço que recusa a plenitude do lugar, e afirma-se como algo inacabado, embrionário (...) evoca a utopia de um espaço branco (...), de um espaço neutro, de um espaço que não reteria nada na memória e nos liberaria do peso da cultura e de suas convenções”. O próximo conceito, o acontecimento, é algo imprevisível, opõe-se ao termo uso, como algo mais constante e previsível. Para o autor, o uso é determinado pelas condicionantes físicas e sociais, possui continuidade no espaço, pois reflete a espacialidade funcional de um programa. Enquanto o acontecimento é inconstante, não foi previsto, no entanto, foi possibilitado pelo espaço. Tal conceito permite definir novas estratégias de apreensão do espaço arquitetônico, possibilitando espaços mais fluidos e multifuncionais. O conceito seguinte trabalhado pelo autor e interesse desse texto é a tela, a membrana que cobre as fachadas, a pele que protege a arquitetura. Para o autor, ela nega as duas funções essenciais destinadas às fachadas, aquela que expressa como o edifício foi construído, sua tectônica e, aquela que expõe o que nele existe, a função do edifício. A tela camufla as expressões individuais da fachada, ao mesmo tempo em que proteje

o espaço interno do exterior, o esconde do exterior. Para o autor, a tela modifica a lógica da profundidade, do jogo de volumes e aberturas que conformam as fachadas. Os painéis espelhados, a partir dos anos setenta, substituem a transparência do interior pelo reflexo da luz, das nuvens. Algumas soluções, no entanto, como o Instituto do Mundo Árabe do arquiteto Jean Nouvel, em Paris, consegue certa transparência, apesar do reflexo provocado pelos muxarabis metálicos. Da mesma forma, a Fundação Cartier do mesmo arquiteto, cujos paineis de vidros translúcidos protegem o volume interno e todo o espaço interior do lote. A tecnologia das telas ou peles evoluiu sobremaneira. Atualmente são inúmeras as possibilidades de películas, policarbonatos, chapas perfuradas, vidros insulados, espelhados, translúcidos de todas as cores, além dos elementos vazados, ou cobogós, entre tantas outras possibilidades, que podem conferir certa liberdade às aberturas internas sem comprometer a estética externa, e possibilitar proteção solar, se bem utilizados. O arquiteto Rem Koolhaas explora bastante a estratégia da pele em seus projetos, um exemplo é a proposta da Très Grande Bibliothèque, uma competição para a construção da nova biblioteca nacional na França que deveria abrigar várias bibliotecas menores. A equipe de Koolhaas trabalha uma série de volumes internos organizados de acordo com relações de pertinência e os envolve com um invólucro, estruturalmente independente. Nesse contexto, a pele que habitamos possui várias camadas, vão além da pele, das roupas e ultrapassam o nosso abrigo.

AMÉLIA PANET

Arquiteta e urbanista Mestre em Arquitetura e Urbanismo Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela UFRN Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo pela UFPB

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URBANISMO

Vamos conversar mais sobre

N

cidades?

as redes sociais, nas conversas entre amigos, nas mesas de bares, nas férias, enfim, fala-se de tudo: de comida, de moda, de esporte, de política, de economia, de trabalho, de futilidades. Tudo está em pauta, mas já notaram que não se fala de cidade, de arquitetura e urbanismo? Fala-se até da cidade em que se vive, mas muito pouco, e olha que a população urbana no país é superior a 83%. As cidades e o que queremos para elas não deveriam ser mais debatidas? Não apenas por gestores e especialistas, mas em conversas informais e nos espaços públicos? Tem como conseguir que as cidades melhorem sem disseminar a arquitetura e urbanismo como uma cultura de desenvolvimento humano nas cidades brasileiras? E aqui em João Pessoa, às vésperas de se debater a revisão do Plano Diretor. Não devemos conversar mais sobre isso? A propósito, você sabe o que é Plano Diretor (PD) e para que serve? É chato falar sobre isso? E se você entender que seu futuro na cidade em que vive e viverá nos próximos 10 anos perpassa por um eficiente Plano Diretor, você se interessaria? Você sabia que no seu bairro pode ter um plano de desenvolvimento com participação popular para melhorar os laços de vizinhança, a infraestrutura urbana e os equipamentos públicos (praças, ciclovias, escolas, unidades de saúde da família, moradia e comércios próximos, etc.), sendo este plano de bairro um desdobramento do PD? E as entidades de classe, conselhos profissionais e instituições de ensino não poderiam extrapolar os muros de suas sedes e estabelecimentos para divulgar em eventos públicos o que seria PD e as boas práticas de cidades mais humanas, justas e aprazíveis? Isso não ajudaria a fomentação da cultura arquitetônica e urbanística, fazendo com que a população seja mais consciente e saiba cobrar dos governantes por uma cidade melhor? Não está na hora de fazermos um pacto sobre a gestão verdadeiramente democrática nas cidades e aqui em João Pessoa? A colega

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Fotos: Divulgação

e professora Ermínia Maricato, reconhecida intelectual sobre as cidades comenta sobre o analfabetismo urbano, algo tão sério que perpassa não apenas entre a população leiga, mas atinge até juízes de direito que atuam no Ministério Público e não conhecem noções básicas do Estatuto da Cidade, lei federal de nº 10.257 de 10 de julho de 2001. Por outro lado, algumas pessoas reclamam de problemas que existem nas cidades, da violência urbana, das inundações, dos congestionamentos, da falta de opções de lazer, que os transportes públicos não funcionam, que faltam ciclovias, calçadas e espaços públicos sem acessibilidade, da falta de moradias para a população pobre, do desemprego, da saúde precária, de escolas públicas sucateadas, da exclusão social, da discriminação. É claro que muitos desses aspectos perpassam por políticas públicas socioeconômicas que deveriam ser aplicadas para reduzir o quadro desigual encontrado nas cidades. E, nesse sentido, investimentos em serviços públicos se fazem necessários (educação, saúde, moradia, segurança, etc.) de forma que eleve a qualidade de vida e, principalmente, a dignidade para os cidadãos. Mas o que muitos precisam saber também é que saúde pública e cidades bem planejadas para as pessoas podem andar juntas. Especialistas demonstram que bons espaços públicos, favoráveis ao encontro, ao lazer, e as práticas esportivas reduzem o estresse e as doenças provocadas pela vida agitada contemporânea. Para se viver em cidades melhores, é preciso participação popular no seu planejamento, bons projetos urbanos Inter-setoriais e pensar nas pessoas. Uma cidade “com uma escala mais humana, definida por praças, calçadas generosas e ruas fechadas nas quais as pessoas andem a pé despreocupadamente e descubram detalhes da


arquitetura, das texturas, das cores, dos aromas, dos sons, das pessoas... da vida no lugar”, na visão do urbanista dinamarquês Jan Gehl, da qual muitos compartilham. Parece uma realidade distante alcançar essa cidade mais humana e inclusiva, mas podemos iniciar começando a disseminar a cultura arquitetônica e urbanística nos bairros, contando com a ajuda das entidades de classe, do Instituto de Arquitetos do Brasil em suas regionais específicas, com as universidades públicas e privadas. Enfim com a sociedade civil organizada para juntos fazermos um pacto pelo acesso a informação as boas práticas e as cidades melhores. Em alguns centros urbanos, isso já vem ocorrendo, mas ainda falta muito para superarmos o desafio da desinformação sobre as cidades. Desta forma, podemos compartilhar as boas experiências em habitação de interesse social, parques, mobilidade urbana, patrimônio cultural, arte urbana, ecologia urbana, espaços públicos de qualidade e práticas de gestão compartilhadas espalhadas no Brasil e no mundo. Por isso, as boas experiências em arquitetura e urbanismo devem ir para praça pública, serem expostas e debatidas em associações de bairros, centros de convenções, em eventos mais objetivos, com foco na pauta urbano ambiental e como se pode melhorar a vida das pessoas. Só assim, se reduzirá gradualmente o analfabetismo urbano. Abordar a cidade que queremos apenas nos meios acadêmicos e entre gestores, é insuficiente, espera-se que com o acesso a informação de casos exitosos começa-se a criar uma cultura arquitetônica e urbanística ainda em falta nas nossas cidades, salvo raras exceções. Conhecer o que funciona e que é saudável para as pessoas que vivem nas cidades é o primeiro passo para a consciência cidadã e ao direito à cidade, favorecendo inclusive, a aplicação do verdadeiro sentido de gestão democrática, tema oportuno nos dias atuais.

Marco Suassuna Arquiteto e urbanista

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VIDA PROFISSIONAL

VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA PROFISSIONALMENTE?

EVOLUIR

F

aria sentido para você identificar a melhor forma de ascender em sua carreira profissional? Os desafios estão cada vez maiores e muitos profissionais estão se preparando e adquirindo experiências relevantes em seu meio, não é? Ser melhor e conquistar espaço não é uma questão de desenvolver habilidades técnicas no que faz, apenas. Trata-se de melhorar competências comportamentais para fatores ligados ao que você tem e o que faz. Vou ajudar você a fazer uma análise segmentada de sua vida profissional, observando algumas competências essenciais para que suas chances de vitória e sucesso aumentem mais. Gostaria de apresentar um conceito interessante de pensamento, que é voltado para a observância desses fatores, trata-se do “pensamento seletivo”. Pensar seletivamente significa identificar de forma clara os pontos que devem ser melhorados, analisando separadamente

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Imagens: Divulgação

esses pontos, elencando ações específicas para cada um deles. Muitas vezes, somos tomados por generalizações e isso dispersa, fazendo-nos tomar atitudes aleatórias e muitas vezes sem conexão com a necessidade real. Baseado na pirâmide do processo evolutivo, que trabalha com os níveis neurológicos de aprendizagem e mudança, temos alguns pontos relevantes a tratar: Ambiente: é o contexto no qual nós agimos, o meio onde estamos inseridos. Que ambiente você está? Ele é favorável ao seu desenvolvimento? Qual o contexto que você está inserido? O quanto você tem guiado sua própria vida? Você acredita em possibilidades infinitas? Comportamento: é o que fazemos num contexto específico e como utilizamos a informação inicial e de como nos comportamos. Quais são seus maiores e melhores comportamentos? O quanto você dá, recebe, planta e colhe?


Você

diria

que

age

ou

reage?

Capacidades e habilidades: capacidades genéricas, estratégicas, fisiológicas, emocionais, transcendentais. Suas capacidades têm direção estratégica? Quais são suas habilidades e competências? São suficientes? Você tem planejamento específico para as áreas de sua vida? (curto, médio e longo prazos) Crenças e valores: permissão, critérios, generalizações sobre o mundo e as pessoas. É que é importante para nós, a nossa verdade, em que nós acreditamos. Quais os seus critérios e generalizações sobre o mundo e as pessoas. O que é importante para você, “a sua verdade”? No que você acredita? O quanto suas crenças são limitantes? Identidade: senso somos, qual o nossa missão de você é? Qual o quanto você usa

do eu, que tipo de pessoa nosso papel no mundo, vida. Que tipo de pessoa seu papel no mundo? O positividade em sua vida?

Afiliação: o grupo em que nós fazemos parte, com quantas pessoas nos relacionamos nas diferentes áreas da vida. O quanto pertencemos a cada lugar que nos relacionamos. A que grupos você faz

parte? Com quantas pessoas você se relaciona nas diferentes áreas de sua minha vida? Que nota você dá para sua capacidade de aglutinar pessoas? (0 a 10) Legado: nosso desenvolvimento espiritual, nossa relação com o universo. Nossa integração: corpo, emoção, alma, espírito. O que você quer ser quando crescer? Qual o grande propósito que norteia sua vida? Como você que ser lembrado por onde passar? São muitas perguntas e são muito desafios. Sei o quanto é difícil, após uma reflexão assim, identificar a prioridade. Mas sei também que algo pode ser feito para que se inicie o processo de evolução, de subida ao próximo nível. Te convido a identificar o nível da pirâmide que mais lhe tocou. O que mais se identifica com o seu propósito na vida. Lembrese que não “temos” vida pessoal e profissional, “atuamos” nelas, e o que fizermos de bom e ruim em uma delas, refletirá em todo o contexto. Seja sincero consigo e trace mentalmente seu plano, escreva em seguida e estabeleça metas claras. A cada vitória vá subindo o nível ou voltando para fortalecer o anterior. A má notícia é que o tempo voa, a boa notícia é que você é o piloto dele. No mais, desejo sucesso para você, porque sorte está relacionada com o acaso e sucesso ao seu esforço.

Maurício Guimarães

Master coach e consultor em gestão empresarial. palestras, treinamentos e workshops para empresas

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VÃO LIVRE

Resultados efetivos e sustentáveis através de fidelização Imagens: Divulgação

A

concorrência tende a ficar mais forte a cada momento e, por isso, as empresas precisam buscar meios criativos para oferecer experiências marcantes para os seus clientes. Esse conjunto de ações, que visa a fidelização, atrai mais consumidores e, quem já conhece o serviço ou produto, torna-se fã e até advoga em prol daquela marca. Para transformar este ideal em realidade, é preciso ter que ajustar alguns pontos e rever questões que envolvem engajamento, equipe e liderança. “Os gestores devem fazer o questionamento se os seus colabores estão treinados e motivados para criar uma conexão emocional através da empatia, o que significa entender a necessidade do cliente e se colocar no lugar dele, para analisar como deve seguir com o atendimento”, aponta. A fidelização é um tema muito presente em todas as empresas, dos mais diversos portes

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e segmento. Gosto de dar como exemplo do que acontece em Orlando. Cerca de 90 % dos hóspedes que estão nos hotéis da Disney, já se hospedaram lá. Cerca de 70% das pessoas que estiveram nos parques, estão visitando o local pela segunda vez. Quem é fã traz novos clientes. A prospecção ocorre de forma natural e praticamente instantânea. Isso faz com que sua marca, serviços e produtos sejam desejados e buscados. Esse, é um clássico exemplo de como a técnica pode ajudar as empresas a se perpetuarem no mercado. A partir daí atingese uma alta taxa de fidelização, permitindo até mesmo diminuir os investimentos em marketing e destinar verba para treinamento e disseminação da cultura corporativa, peças fundamentais para o sucesso deste processo. Mas por onde começar? O encantamento do cliente interno (colaborador) é o primeiro passo para que a fidelização ocorra com sucesso. Na


esmagadora maioria das vezes, os gestores focam somente consumidor, que compra e garante a continuidade dos negócios, mas esquecem de olhar com carinho para os colaboradores. Por isso, dicas fundamentais, e que devem ser seguidas para conquistar a fidelização:

dele. Eu olho o problema do cliente como oportunidade de mostrar o meu valor e a minha competência, e assim, eu consigo criar a empatia. Isso gera resultado, empatia vende. Por isso, o grande valor das empresas está nas pessoas que as representam.

1.Engajamento da equipe – a essência do negócio está na forma de como o colaborador atende ao cliente. Os pequenos detalhes fazem a grande diferença.

4. Criar conexão emocional - Fundamental para as empresas que desejam prosperar e se firma no mercado de hoje, e isso significa criar experiências inesquecíveis. Daqui um tempo o cliente sai, mas ele pode indicar para outras pessoas, ele vai falar bem do seu atendimento ou produto. Ele fará, para você, o marketing e irá prospectar novos clientes. Quando encantamos nosso pessoal, fica mais fácil executarem o trabalho de forma comprometida e alinhado à cultura da empresa. Isso gera venda, recursos, e faz a magia acontecer.

2.Antecipar-se aos problemas – muitas vezes, os colaboradores têm medo de encarar os problemas e resolvê-los. O que os líderes precisam fazer é encorajá-los para que tudo possa ser tranquilizado tornando o desconforto cada vez menor. 3. Criar empatia – isso significa entender a necessidade do consumidor, se colocar no lugar

Alexandre Slivnik

é autor de diversos livros, entre eles do best-seller O Poder da Atitude. É sócio-diretor do IBEX – Institute for Business Excellence, em Orlando / FL (EUA), sócio-diretor do Instituto de Desenvolvimento Profissional (IDEPRO), diretor-executivo da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e diretor geral do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD)

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VISÃO LATERAL

MUSEU

IBERÊ CAMARGO

A força mediterrânea da arquitetura de Álvaro Siza Vieira presente no Brasil Fotos: Hélio Costa

O

mundialmente famoso arquiteto português Álvaro Siza Vieira, hoje com 84 anos, brindou o Brasil em 2008 com sua primeira e (até agora) única obra no continente sul-americano. Plantado à margem do lago Guaíba, em Porto Alegre, o Museu Iberê Camargo é um marco arquitetônico que sinaliza o vigor da escola contemporânea de arquitetura do Porto, Portugal, da qual Siza Vieira é um dos expoentes. O projeto ganhou o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2002, somando mais um prêmio à já premiadíssima carreira deste mestre da arquitetura. No Iberê Camargo, o arquiteto retoma, sessenta anos depois, o conceito de museu estabelecido por Frank Lloyd Wright no polêmico Museu Guggenheim de Nova York (veja AE 58). As ideias de museu como percurso de espaços interligados por rampas, onde o visitante passeia e se envolve com as obras e ambientes de arte, e de expressão dessas rampas na forma do edifício, voltam aqui a aparecer. Agora, sob a força mediterrânea da arquitetura de Siza Vieira. O impressionante maciço de concreto branco, com poucas aberturas, é recortado pelos volumes das rampas em diferentes direções, criando jogos de luz e sombra em grande escala, que se modificam, à medida que a gente se aproxima, segundo uma geometria cujo rigor dá as mãos à graça. O edifício é, em si mesmo, uma obra de arte primorosa em todos os seus detalhes. Os espaços internos são patamares diversificados em altura, formato, e temperatura de luz, permitindo ambientar diferentes tipos de exposição ou instalação. Diversas formas de estar e deambular estão à disposição do visitante. As rampas, na verdade túneis em rampa, possibilitam que se faça livremente diferentes percursos de descoberta e fruição, e encerram mistérios e surpresas no caminho: um recanto poderá esconder e depois revelar uma peça de

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arte; pequenas janelas em diferentes formatos enquadram a visão do lago Guaíba em molduras, ângulos e momentos únicos – quadros vivos da paisagem da cidade expostos no museu! O Iberê, como é chamado carinhosamente pelos porto-alegrenses, é um centro cultural, um marco urbano, um lugar cuja arquitetura facilita

e promove o convivo da gente com a arte, com a cidade e com os outros. O pôr do sol no Guaíba, visto a partir do Iberê, é um momento em que se combinam as astúcias da natureza com a sensibilidade humana para gerar, através da arquitetura, emoção e bem-estar.

Hélio Costa Lima

Arquiteto e urbanista, Professor de projeto arquitetônico e conselheiro federal do CAU/BR pela Paraíba

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ENTREVISTA

CAROL COSTA

Plantas muito além da decoração A jornalista e jardineira fala sobre como as plantas podem ajudar as pessoas – até a filtrar a poluição e ajudar a suportar o calor que vem aí

A

Texto : Renato Félix | Fotos: Divulgação

jornalista paulista Carol Costa é apaixonada pelas plantas e se especializou nessa paixão. É a editora do site Minhas Plantas, que tem cinco anos é um dos maiores sobre jardinagem no Brasil. Seu canal no YouTube (https://www.youtube.com/user/BlogGuindaste) também é um dos principais sobre o assunto no país. Seu Instagram é o maior sobre jardinagem no Brasil. Ela é colunista da BandNews FM e da revista Natureza, já teve um quadro no programa Mais Cor, por Favor, no GNT. Além disso, acaba de lançar seu segundo livro: Minhas Plantas – Jardinagem para Todos (Até Quem Mata Cactos), pelo selo Paralela, da Cia. das Letras. O primeiro foi Horta em Vasos, pela Matrix. Esteve em João Pessoa em outubro para conduzir um curso sobre plantas suculentas e conversou com a AE sobre seu assunto preferido – tanto que fez seu blog de crônicas, o Guindaste, se tornar um blog sobre plantas, gerando o Minhas Plantas.

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AE – Como é o seu novo livro? CAROL COSTA – Esse é um livro grande, que se propõe a ser um curso introdutório de jardinagem. Tem um capítulo só de suculentas, orquídeas, um capítulo só de hortas, um de plantas de sol, um de plantas de sombra, um de plantas de meia sombra... Tem dicas de adubação, de montagem de vasos, de como preparar a terra, qual o tipo da terra para cada tipo de planta. Ele é bem completo. Bom, ele se pretende ser (risos). AE – Teve um momento da sua vida em que você tesolveu abraçar esse interesse pelas plantas de maneira profissional. Como foi? CAROL COSTA – Eu era uma jornalista que tinha uma área de interesse meio fora da caixinha. A jardinagem veio andando em paralelo desde a época do Guindaste. Eu resolvo criar o Minhas Plantas porque eu escrevia muito texto de ecologia, jardinagem, agricultura, que era meu hobby. Chegou uma hora que deixou de ser um blog de crônicas e passou a ser um blog de jardinagem. E começou a pintar clientes nessa área. O Minhas Plantas passou a ter a intenção de ser um “UOL das plantas”, um portal que trouxesse tudo a ver com plantas. AE – E é um assunto bem vasto, não? CAROL COSTA – A jardinagem é todinha separada. Então você tem sites especializados em horta, em plantas medicinais, em arranjos florais. E as área não conversam entre si. Quem faz arranjo floral dificilmente entende sobre reflorestamento. O pessoal que trabalha com grande porte, com reflorestamento, dificilmente entende sobre ikebana. Quem faz ikebana não tem nada a ver com a turma das ervas medicinais. Quem é das ervas medicinais não entende nada do bonsai. Você entendeu? AE – Sim, é bem segmentado. CAROL COSTA – Muito. E é muito esquisito porque as plantas são mais ou menos as mesmas. Se eu posso falar, por exemplo, da urtiga. Ela é mato pro pessoal da horta. Pro pessoal da biodinâmica a urtiga é uma planta especial, um excelente enraizador. Pro pessoal da permacultura, a urtiga é um indicador da qualidade do solo. Pro pessoal da agricultura, a urtiga é um problema. Entende? Cada um vai olhar a mesmíssima planta por muitos aspectos. E eu achava que isso não tinha muito sentido: que a gente devia juntar os muitos aspectos no mesmo lugar. Porque é tudo a mesma planta. Vou te dar um exemplo mais simples: chá. Muita gente compra chá de caixinha ou toma chá em casa. O cháé a mesmíssima planta que a camélia. Se você falar pra sua mãe ou pra sua avó sobre a camélia, ela vai saber que é uma flor, parecida com a roseira, arbustiva. Se você falar chá pra ela, ela não vai ter a menor ideia de que seja a mesma planta – e é. O chá é feito da camellia sinensis, que é o nome científico da camélia. Por que é que a gente não está falando tudo da mesma planta? Por que eu não estou explicando na mesma matéria sobre chá sobre como estimular

a camélia pra florescer mais? Por que não tá tudo no mesmo lugar? AE – E o site veio ao encontro a um mercado que o acolheu? CAROL COSTA – A jardinagem tem um longo caminho pela frente. Eu sempre falei, há dez anos, quando comecei a estudar – não mais a jardinagem, mas o mercado: “Esse vai ser o próximo boom”. Depois do mercado pet e da gastronomia, vem a jardinagem porque está ancorada nesses dois mercados, olha que coisa curiosa. Quando você fala de jardinagem, você pode usar uma planta com a intenção de decoração, você pode usar uma planta para ser comestível... Então esses programas todos de gastronomia puxaram isso: a horta na cozinha, a horta vertical, a panc (planta alimentícia não convencional). Ninguém falaria isso se o mercado de gastronomia não ficasse robusto. Como o mercado cresceu, ele proporcionou que coisas paralelas crescessem também. O mesmo com o mercado pet: quase sempre quem gosta de bicho gosta de planta. É supercomum. Não necessariamente quem gosta de planta gosta de bicho. E o mercado cresceu nessa ordem: primeiro o bicho, depois a planta. AE – Vamos falar um pouco dos benefícios de ter uma planta em casa. CAROL COSTA – Você pode usar plantas para deixar o ambiente mais fresco. Todas as previsões meteorológicas indicam que vamos ter um dos verões mais frescos de todos os tempos. É muito mais ter planta em casa pra você aumentar essa umidade do ar, respirar mais tranquilo, evitar problemas respiratórios, do que colocar uma piscina em casa. É bem mais barato, é mais viável e funciona a longo prazo. AE – No caso da decoração, qualquer tipo de apartamento ou casa pode usar plantas?

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CAROL COSTA – Qualquer lugar pode ter planta. Logo que eu vim morar em São Paulo, eu morava numa quitinete de 27m2. Eu colhi tomate, morangos... Tive até uma mangueira – evidentemente, ela não deu fruta, mas até uma mangueira eu tive. Então não só é possível, como ter planta em ambiente pequeno é... salvador. É muito complicado você viver em um ambiente apertado, barulhento e, como era o meu caso, 16 apartamentos por andar. Você não consegue morar nessas condições, que são quase desumanas, se você não tiver um pouquinho de verde na sua casa. AE – Num caso desse, como a planta ajuda psicologicamente o morador? CAROL COSTA – Bom, a planta – primeiro, o mais óbvio, o que todo mundo comenta – cria um efeito visual, de verde. Eu vivo dizendo que você pode até ter uma casa, mas ela só é um lar se você tem planta. Eu acho, pelo menos. Mesmo que seja uma planta pequena, e não é à toa que tanta gente leva uma planta pro escritório: pra dar uma humanizada nesse espaço. Senão parece algo artificial, como uma foto numa capa de revista. Você pode reconhecer até uma época inteira pela planta que é usada e essas plantas gerarem um reconhecimento imediato de aconchego do lar. A segunda coisa, que é menos óbvia, é que a planta filtra poluentes. É menos óbvio porque você não consegue ver, como uma peneira, ela fazendo isso. Mas é atestado até pela Nasa: a planta consegue absorver poluentes em suspensão no ar. AE – E tem mais? CAROL COSTA – Outra coisa é o uso como filtro de som! As plantas filtram barulho na rua. Você não tem ideia de como seriam a cidades sem árvores: não só pela sombra, mas seriam muito mais barulhentas, 50 vezes pior. Quanto mais verde você tem na casa, especialmente plantas de folha fina, de folha não envernizada, de folhinha pequena como a samambaia, de folhinha peluda como as violetas, esse tipo de planta segura mais o som do que um ambiente sem nada. O que eu chamo de folha envernizada é a folha grande, como a das palmeiras e bananeiras, e dura, que reflete o som – como acontece na arquitetura com vidro, metal, laca. Você tem conforto térmico também. Repare: a gente está comparando sombra com sombra. É mais fresco embaixo da sombra de uma árvore que debaixo da sombra de um prédio. É até cinco graus mais fresco. E mais úmido também – porque a planta transpira. E muitas superfícies de concreto exalam calor. AE – Muitas vezes esses benefícios não são levados em conta, não é? A escolha de uma planta acaba sendo puramente estética. CAROL COSTA – Infelizmente a gente tem modinha na decoração de interiores. São plantas que de repente estouram. É muito louco isso, né? A gente vê modinha até em cachorro. As técnicas de desenvolvimento de plantas em laboratório vão evoluindo e você consegue ter hoje plantas que nossos avós nem sonhariam.

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Caso, por exemplo, da peônia. É uma flor de clima temperado, de frio. Ela virou a queridinha das noivas hoje. Um buquê pode custar até R$ 5 mil. Só o buquê, com meia dúzia de peônias. AE – Isso também é reflexo do crescimento do mercado? CAROL COSTA – 30 anos atrás você não encontrava orquídea em supermercado. Você comprava orquídea em orquidário. Eu já tenho conhecimento de alguns lugares no Brasil onde se começa a vender flor em... farmácia. Total novidade. O número de ponto de vendas de plantas cresceu muito. Você tem um acesso muito mais fácil: você vai comprar arroz e feijão e tem planta no supermercado. Isso facilita também para que a jardinagem seja um mercado muito promissor para daqui a dez anos ainda porque está em franca expansão. Para você tem uma ideia, os dados do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) apontam um crescimento de 9% em relação ao ano passado! Nove! Caramba, a gente depôs presidente, a gente está num ano desgraçado, uma crise galopante, um monte de gente desempregado, e as pessoas continuam comprando planta. Quem explica isso? AE – Tem alguma dica inicial para o jardineiro iniciante que não sabe bem que planta dará certo em sua casa? CAROL COSTA – Dê uma olhada no que está bonito na sua cidade. Mas não só na cidade: de uma olhada no seu bairro, e depois no seu quarteirão e na sua rua. Provavelmente é a planta que já se adaptou bem ao clima da cidade.


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ACERVO ESPECIAL

Vida nova para a casa Ícone modernista em João Pessoa, casa projetada na Epitácio Pessoa por Acácio Gil Borsoi é revitalizada como The House Mall

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Diego Carneiro e Divulgação

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onstruída em meados do século passado, uma casa projetada por Acácio Gil Borsoi situada em plena Avenida Epitácio Pessoa, a mais importante de João Pessoa, é um dos grandes exemplos da arquitetura modernista que podem ser encontrados na capital paraibana. A casa possui uma grande importância para o patrimônio histórico local, já que é a única construção modernista na cidade projetada por Borsoi e com jardins de Roberto Burle Marx. Efetivamente, a casa foi tombada pelo Iphaep em 2009. Considerado como um dos períodos mais ricos da arquitetura nacional, o modernismo teve vários projetos desenvolvidos na cidade entre as décadas de 1950 e 1970. Borsoi é um dos expoentes importantes desse período: dando aulas em Recife, formou alguns dos principais profissionais da arquitetura também na Paraíba. Ele estava morando em Recife havia poucos anos, quando recebeu o convite de Cassiano Ribeiro Coutinho para projetar a casa. Amigo de Odilon Ribeiro Coutinho e dando assistência arquitetônica na usina da família, acabou recebendo o pedido para projetar a residência – e convidou outro amigo, Burle Marx, para cuidar do paisagismo. E deixou no projeto na Epitácio Pessoa a excelência na utilização das formas geométricas elementares e trapezoidais, notadamente no uso dos brises, colchões de ar e painéis. O projeto data de 1953 e a construção de 1956. Ocupando uma área de 8 mil metros, a casa fica solta no terreno graças aos generosos recuos. O projeto contempla vários elementos da arquitetura

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modernista: destaques são os cobogós e brises de madeira. A integração entre o espaço interno e externo é outro elemento diretamente relacionado à arquitetura moderna, além da utilização de balanços e curvas. Outro recurso é a concepção de um projeto desenvolvido em quatro níveis, mas com aparência externa de dois. O projeto original contemplou o uso de uma grande variedade de materiais. Pode-se ressaltar soluções como a parede de pedras naturais na área da piscina, com cobogós de louça na lateral da casa e revestimento de tijolos cerâmicos na fachada. É possível ver na parede curva de tijolos intercalados na área da piscina um elemento da arquitetura de Borsoi, bem como na parede da sala, revestida com mix de mármore, predominantemente em quartzo rosa. O mesmo mix de mármore forma o piso da rampa da área externa e da área da piscina. “Aquela casa é a expressão de uma arquitetura”, disse Borsoi à AE, em 2009, quando a casa foi tombada pelo Iphaep (ele morreu no final daquele ano, aos 85 anos). “A fachada é limpa de enfeites e as formas puras e limpas seriam os aspectos mais importantes. Ela não tem nenhuma parte retorcida e possui uma proporção agradável. A casa atinge as pessoas naquele lado subjetivo”.


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Karla, será a colocação de cobogós na outra parede da fachada, que lembrará a treliça original de madeira que existia. “Vamos trocar as esquadrias para manter a mesma leitura original, além de pretendermos revitalizar o jardim”, enfatiza. O The House Mall pretende ser, em um futuro breve, composto por restaurantes, cafés, galeria de arte, espaço para eventos e escritórios. Tudo isso na casa, nos jardins e em um anexo, uma nova edificação de 2 mil metros, com térreo e primeiro andar.

Linha do tempo 1956 – A casa é projetada. 1960-1988 – Período em que foi residência da família Ribeiro Coutinho. 1988 – É adquirida pelo empresário Aldenor Mendes. 1988-1994 – Período em que foi residência da família Mendes. 1994 e 1995 – Alugada por Carmelita Chang para a realização de eventos. 1996-1999 – Período como escola de Informática Data Control. 1999-2005 – Período como loja da BCP/ Claro. 2006 – Sede de comitê eleitoral de Cássio Cunha Lima na eleição para governador. 2007-2009 – Unidade da UEPB. 2009 – A casa é retomada pelo Iphaep e fica desocupada.

Intervenções Filha do atual proprietário e à frente do projeto agora batizado como The House Mall, a administradora Karla Mendes destaca que, durante os anos, a casa passou por duas grandes modificações e está prestes a entrar numa terceira, com projeto da arquiteta Milena Nóbrega. A primeira foi durante o período em que ela sediou uma loja da operadora de telefonia BCP (depois rebatizada Claro). Os revestimentos e cobogós da fachada foram retirados e os revestimentos dos pilares e parede de mármore da sala foram cobertos. As janelas originais foram trocadas e foi fechada a varanda que liga a sala à piscina. Na mesma intervenção, a piscina foi aterrada e foram acrescentadas paredes de gesso. Grande parte desse desvirtuamento do projeto inicial foi restaurado, no entanto, na segunda grande intervenção, quando a casa sediou a Casa Cor PB, em 2016. Os pilares e a parede de mármore foram descobertos e todas as paredes de gesso foram retiradas, devolvendo à casa sua divisão original, tendo alguns revestimentos também restaurados. Com o projeto The House Mall, a casa ganhou um revestimento de tijolos na fachada, mais próximo ao original. Outra intervenção importante, segundo

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2014 – Sede de comitê eleitoral de Lucélio Cartaxo na eleição para a prefeitura de JP. 2016 – Sedia a primeira Casa Cor PB. 2017 – É palco de alguns eventos da sociedade paraibana e tem o projeto The House Mall aprovado pelo Iphaep. Foto: Diego Carneiro

Arquiteto: Acácio Gil Borsoi

Paisagista: Roberto Burle Max


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Fotos: Criar Fotografias e Divulgação

ANDRÉIA JULINDA E CAMILA SOARES

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ndreia Julinda Guedes Becker e Camila Soares de Oliveira são sócias fundadoras do escritório AC Arquitetura desde 2014. As arquitetas desenvolvem projetos de arquitetura, urbanismo e desingn de interiores, buscando desenvolver projetos aliando o estilo contemporâneo – e sem excessos - às necessidades e gostos do cliente. Sempre buscando atingir a expectativa do cliente e imprimir a marca do escritório nos projetos realizados. Andreia Julinda é formada em arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de João Pessoa, pós-graduanda master em Arquitetura

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e Interiores e com curso de extensão em inglês e arquitetura pela University of The Arts London. Durante a vida acadêmia fez estágio nos escritórios de Gilberto Guedes e Débora Julinda, se tornando sócia do seu escritório logo depois de formada. Camila Soares de Oliveira é arquiteta com formação pelo Centro Universitário de João Pessoa e pós-graduanda master pelo Ipog em Arquitetura e Interiores. Foi estagiária nos escritórios de arquitetura Débora Julinda e Paes e Andrade. Em 2014 tornou-se sócia do seu escritório. Andreia e Camila participaram da Casa Cor Paraíba 2016 e da Mostra Espaço A 2017.


INTERIORES VARANDA

Pequena, porém, bem aproveitada, esta varanda gourmet foi idealizada para o apartamento de um jovem casal que adora receber amigos. A solução do banco otimiza o espaço estreito e permite acomodar várias pessoas ao mesmo tempo. A iluminação de LED embaixo, confere a ele destaque e sensação de leveza. O uso da madeira no mobiliário traz aconchego e descontração.

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INTERIORES HOME THEATER

A simetria no design do móvel da televisão e na distribuição do mobiliário no ambiente, proporciona conforto visual. A iluminação pontual e de destaque, valoriza alguns pontos específicos do projeto, como as estantes e as duas mesas de centro, além de proporcionar um clima mais intimista e acolhedor.

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INTERIORES COZINHA

Nesta cozinha, traduzindo o estilo e personalidade do casal, utilizamos tons sóbrios como cinza e preto, porcelanato com textura de mármore nas bancadas e as luminárias com acabamento em cobre que dão o toque de cor ao ambiente neutro. A ilha central além de aumentar o espaço de preparo dos alimentos, permite abrigar os amigos por perto enquanto estão cozinhando.

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INTERIORES ESTAR

Com uma paleta de tons neutros, a cor verde é pontuada através das poltronas em tecido camurça num tom cinza esverdeado e de objetos de decoração, em especial as duas telas com fotografias de natureza que “aquecem” o ambiente.

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INTERIORES SUÍTE MASTER

Com cores neutras e suaves, esta suíte transmitem o desejo por um espaço de descanso e relaxamento. A textura da madeira no piso vinílico torna o ambiente mais aconchegante, o porcelanato marmorizado na parede da TV dá o toque de sofisticação e a iluminação indireta das sancas e de cor quente transmite uma atmosfera mais relaxante.

INTERIORES BANHEIRO

Um banheiro moderno e ao mesmo tempo elegante com o uso equilibrado de diferentes materiais. O cimento queimado no revestimento das paredes e a madeira no porcelanato do piso conferem o ar de modernidade. Já o mármore nero marquina utilizado na bancada com pias esculpidas contrasta de forma sutil com o mármore Carrara que reveste a parede e dão o toque de elegância.

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INTERIORES CLOSET

Contemporâneo com um toque industrial, um closet totalmente aberto e diferente foi o pedido dos clientes. A estrutura metálica solta, forma a moldura desse móvel sem portas, faz a sustentação das prateleiras e compõe o cabideiro, dando o ar industrial ao projeto.

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ANDREÍNA FERNANDES

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ormada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba, Maria Andreína Moreira Fernandes é sócia do 360 Arquitetura. Mestre em Arquitetura e Urbanismo, também pela UFPB, em 2013, pesquisou a verticalização do bairro Altiplano e as consequências deste adensamento para a cidade. Fez MBA em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção, pelo Ipog. Ainda como graduanda, se envolveu em vários projetos de pesquisa de iniciação científica, monitorias e treinamentos, sempre se dividindo entre a área acadêmica e a parte projetual. Foi estagiária da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de João Pessoa; participou de projetos do Iphan e atuou como colaboradora no 7S34W Studio em João Pessoa. Entre 2010 e 2013, já formada, gerenciou o escritório Giovani Andrade Arquitetura. Em 2014, os frutos desse trabalho resultaram na sociedade com Giovani e na criação do 360 Arquitetura, o que considera sua grande realização profissional. O escritório oferece vários serviços

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e profissionais para abranger, de todos os ângulos, cada etapa do projeto, do arquitetônico à ambientação. O portfólio do escritório abrange lojas, agências bancárias, clínicas e consultórios médicos, restaurantes, centros de convivência comunitária, complexos esportivos, studios de pilates, agências de publicidade, residências unifamiliares. Dentre os destaques estão o Setor de Oncologia do Hospital Unimed; a Sede do Crea – PB em Guarabira; Loja Verona em Manaíra; o Complexo Boxcon Crossfit Altiplano, e várias agências da Sicredi Norte/Nordeste. O escritório tem obras em vários estados do país como Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará, ultrapassando as fronteiras nacionais chegando até Las Vegas, nos Estados Unidos. Um dos projetos mais gratificantes para ela foi a nova sede da Associação Donos do Amanhã, resultado da parceria entre a 360 Arquitetura e outras empresas de engenharia. Em 2016 recebeu a premiação nacional da Accord Iluminação, com projeto destaque contemplado no catálogo do fabricante.


Fotos: Lyssandro Silveira, Vilmar Costa e Divulgação

CASA MONTENEGRO

A ideia de lar e vida em família foi o ponto central para elaboração da Casa Montenegro, projeto de 2014 no condomínio Alphaville. Materiais rústicos, que remetem às mais remotas memórias de uma infância vivida em casa, proporcionam a sensação de acolhimento, e, aliando-se à contemporaneidade das tecnologias atuais, formam uma residência que, nas palavras do proprietário: “É mais que tijolos, tem alma”.

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INTERIORES CASA MONTENEGRO

Projeto de 2014 no condomínio Alphaville.

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PAPELARIA

Promover uma atmosfera elegante com o uso da madeira, e ao mesmo tempo explorar ao máximo a funcionalidade num espaço compacto foram as diretrizes que levaram à concepção da papelaria Grafitus, projetada para atender aos escritórios e moradores do bairro Altiplano Nobre. Projeto de 2017.

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INTERIORES APARTAMENTO W.O

Imponência com sobriedade, elegância sem exageros nesse projeto de 2016 para o edifício Yaweh, no Altiplano. Esta é a definição para a ambientação do apartamento que nasceu carregado de móveis e objetos que contavam a história da família, que admirava o clássico mas que pedia ao mesmo tempo um toque de modernidade e tecnologia.

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LOJA COULISSE

No ano de 2016, levar renovação e modernidade a uma loja no MAG Shopping que já possuía um conceito bem firmado no mercado, foi um desafio prazeroso, facilitado pelos proprietários que não tiveram medo de ousar. A utilização de pendentes de cristal aliados a estruturas metálicas douradas e texturas de mica e couro animal conferiram sofisticação e luxuosidade à nova loja.

CLÍNICA OFTALMOLÓGICA DR. HAROLDO LUCENA

Impactar ao chegar, e acolher ao entrar. Este foi o resultado do projeto institucional da clínica oftalmológica, ano 2017 no Bairro dos Estados, que utilizou traços modernos e a tecnologia de materiais como o aço e o alumínio aliados à pedra natural, mármores e muito verde para acolher o paciente em seu período de tratamento.

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CASA R2

Com um jogo de volumes que ao mesmo tempo embeleza e protege, esta residência no condomínio Bosque de Intermares, expressa o casamento bem-sucedido entre as diferentes personalidades dos moradores, onde o rústico e o contemporâneo convivem de forma harmônica e bela. Projeto de 2014.

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Fotos: Lyssandro Silveira, Vilmar Costa e Divulgação

MÁRCIO CATÃO

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ormado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), Marcio Catão atua no mercado desde 2013 e conta, no escritório, com a colaboração de arquitetos, designers de interiores e estagiários. O arquiteto iniciou sua carreira na área de arquitetura de interiores e atualmente na área comercial, interiores e corporativo. Trabalha com arquitetura de linhas limpas, sem excessos, com o objetivo de conseguir atingir a satisfação e a necessidade do cliente. A paixão pela arquitetura começou desde cedo, visualizando diariamente o desenvolvimento da cidade em que mora. A gratificação que ele sente na sua profissão está no olhar dos clientes na finalização de um projeto. Ver que conseguiu desenvolver

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e realizar um sonho, diz que é maior satisfação profissional de um arquiteto. A rotina de trabalho de Márcio é intensa, com participação ativa no escritório, visitas diárias em obras, acompanhamentos com clientes e consultoria em lojas. Atualmente, o arquiteto está expandindo profissionalmente com projetos fora do estado e também fora do país, principalmente São Paulo, Salvador, Manaus, Natal, Recife, Miami e Orlando. A maioria dos projetos fora do estado é de residências. A oportunidade de visitar esses locais reflete no desenvolvimento do projeto, pois o conhecimento do local e das pessoas está diretamente relacionada na elaboração do projeto.


INTERIORES, ÁREA SOCIAL DE RESIDÊNCIA

INTERIORES, SALA DE ATENDIMENTO CLÍNICA

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RESTAURANTE HAO

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INTERIORES, SALA DE ESTAR RESIDENCIAL

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CASA COR PB 2016

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Fotos: Divulgação

KARINA MENDES E ANTONIO NEVES

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m 2011, os arquitetos Karina Mendes e Antonio Neves se uniram para formar a Topo Arquitetura. Ao longo desses 6 anos de parceria, desenvolveram um estilo próprio e refinado, presente nos trabalhos dos mais variados portes já realizados. Sem receio de desafios, a Topo Arquitetura assinou projetos residenciais, institucionais, corporativos, de ambientação e de reformas, materializando no traçado arquitetônico as necessidades estéticas e funcionais de seus clientes. Comprometidos e autênticos, a dupla traz em seus projetos a harmonia entre a qualidade e o custo benefício. Mesmo com personalidades bem diferentes, Karina e Antônio equalizam bem as dessemelhanças, numa equação cujo resultado

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reflete o melhor de cada um. A arquitetura, mesmo que indiretamente, sempre fez parte do cotidiano deles, seja através de familiares que atuam na área, ou da própria inquietude de criar. Obras inusitadas de Lina Bo Bardi, edificações de Oscar Niemeyer e a arte de Antoni Gaudí são memórias trazidas de viagens, confirmando a vocação de misturar sonhos, rabiscos e cimento. Jovens, ambos carregam a objetividade da nova geração, empregando um ritmo frenético ao trabalho, lapidando projetos que, não raras vezes, exigem o gratificante sacrifício das noites ou dos fins de semana. Curiosamente, mesmo submersos no trabalho, não conseguem se desvencilhar do estreitamento dos laços de amizade com os clientes.


APARTAMENTO L|L

Seguindo o perfil da família, o projeto incorpora o estilo clássico de forma suntuosa e requintada. Os móveis e obras de arte de artistas como Jader Almeida e José Rufino, bem como a predominância de tons neutros, transformam esse apartamento e trazem identidade e estilo bem definidos.

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APARTAMENTO L|L

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APARTAMENTO L|L

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APARTAMENTO G|G

Para o apartamento de temporada, sem se preocupar com regras estabelecidas, a arte contemporânea pode ser apreciada nesse projeto. A mistura de materiais, cores e obras de artes como fotografias assinadas por Thiago bruno e peças de cerâmicas queimadas de Cansanção, trazem equilíbrio visual e harmonia ao projeto.

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ANDRÉIA E CAMILA - AC ARQUITETURA Av. Mons. Odilon Coutinho, 191, sala 06, Edf. Atlantis Home Service, Cabo Branco, João Pessoa,PB ac.arquitetura1@gmail.com +55 (83) 99121. 9048 | 98764. 2223 @ ac.arquitetura ANDREÍNA FERNANDES - 360oARQUITETURA Empresarial Esperança, Av. Esperança, 1074 Sl 201 - Manaíra, João Pessoa - PB, +55 (83) 98822.1509 andreinafernandes@gmail.com @360arquitetura_

MÁRCIO CATÃO Av: Ruy Carneiro, 300. Trade Office Center, sl 3 Térreo. João Pessoa, PB +55 (83) 3024.5003 | 99309.1486 contato@marciocatao.com.br @marciocataoarquitetos

ANTONIO E KARINA MENDES - TOPO ARQUITETURA Av. Miriam Barreto Rabelo, 831, Emp.Oceania Center, sl 204, Bairro Bessa, João Pessoa – PB, +55 (83) 99342 3222 | 98892. 4439 topoarquiteturaurba@hotmail.com @topo_arquitetura

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(83) 9 9143.2123 67


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GRANDES ARQUITETOS

Buscando

a forma única

O americano Thom Mayne se tornou um grande nome da arquitetura no mundo por desafiar continuamente ‘o que não pode ser feito’ Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

A rebeldia dos anos 1960 se faz presente na arquitetura do americano Thom Mayne. Pilotando seu escritório Morphosis, em Los Angeles, ele buscou através dos tempos um estilo único, desafiando a noção do que não poderia ser feito. Sua ousadia e o resultado dela renderam o reconhecimento do Prêmio Pritzker, em 2005. Nascido em Connecticut, ele logo fundou sua base na Califórnia. Se formou pela University of Southern California, depois fez um mestrado em Harvard. O Morphosis foi criado em 1972, com alguns parceiros – Michael Rotondi entrou em 1975 e foi seu principal parceiro por muitos anos. Nos anos 1980, o escritório já era conhecido pelos interessados em arquitetura, mesmo que ainda lidasse com projetos de pequeno porte. Suas formas Cooper Union, New Academic, New York ( EUA)

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esculturais e complexas foram se tornando um marco. Houve uma queda de produção nos anos 1990, mas Mayne teve uma ascensão nos anos 2000. Começou a vencer comissões e concursos para projetos cada vez maiores – e neles foi imprimindo uma marca visual forte e ousada. Vieram daí o Student Recreation Center, para a Universidade de Cincinnati; o palácio da justiça federal Wayne L. Morse, em Eugene, Oregon; um novo edifício adicionado ao histórico prédio da escola Cooper Union, em Nova York; e o edifício da sede principal do Departamento de Transporte da Califórnia, em Los Angeles. Nessa trajetória, ele tem buscado se soltar de influências para buscar algo verdadeiramente original. “Desenraizado” é um adjetivo que já foi atribuído ao americano. Isso implica também no seu papel na


Diamond Ranch High School (EUA)

Diamond Ranch High School (EUA)

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Blades Residence, Santa Bárbara (EUA)

fundação de uma escola de arquitetura, a Southern California Institute of Architecture, a SCI-Arc, em 1972. Junto com outros estudantes e educadores, ele participou da criação de uma escola independente, que buscou mais a vanguarda e a experimentação em relação a outras escolas da área nos Estados Unidos. Mas ele também passou a ser um mentor de novas gerações através de uma instituição mais tradicional: a University of Califonia (UCLA). Em uma palestra no TED, em 2005, ele fez uma inusitada comparação entre arquitetura e dança. “Em vez de usar formas humanas para desenvolver ideias de tempo e espaço, trabalho com o mundo mineral. Trabalho com matéria mais ou menos inerte. E eu a organizo”, disse. Mas ele ligou esse assunto a outro: as limitações do arquiteto, enquanto criador. “Um arquiteto versus, digamos, uma companhia de dança, no final é uma negociação entre o mundo privado de uma pessoa – o mundo conceitual de uma pessoa, o mundo das ideias, o mundo das aspirações, das invenções – com o relacionamento do mundo exterior e todas as limitações e oposições”, afirmou. “Porque, devo dizer, em toda a minha carreira, se existe uma coisa que foi consistente, foi que aquilo não poderia ser feito. Não importava o que eu fizesse, o que eu tentasse fazer, todos diziam que aquilo não poderia ser feito”.

Arquiteto: Thom Mayne Science Center School, Los Angeles (EUA)

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ESPECIAL

Apartamentos de 10 m²: mínimo necessário ou

lucro máximo?

Moradias em tamanho reduzido podem tornar tendência para um ou dois moradores Texto: Raquel Rolnik * | Imagens: Divulgação


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eguindo a tendência dos apartamentos com áreas reduzidas, uma construtora pretende lançar o menor apartamento da América Latina. Trata-se de imóveis com até 10 metros quadrados de área, construídos na cidade de São Paulo. Mas, como viver em um apartamento de 10 metros quadrados? O tema tem gerado controvérsia, e a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Raquel Rolnik, comenta que “estamos passando por uma transformação em nosso modo de morar”. No mundo inteiro, segundo ela, cresce a quantidade de moradias onde vive apenas uma pessoa. Para Raquel, existe “toda uma discussão histórica, dentro da arquitetura e do urbanismo, sobre a questão da habitação mínima”. Mas, naquele momento, o debate era “como conseguir produzir uma habitação de baixo custo, para poder atender à necessidade de morar de todas as pessoas”, diferente da situação atual, em que uma “unidade mínima, de 10 metros quadrados, vai custar R$99 mil, um dos maiores valores por metro quadrado da cidade” Por isso o lançamento de um edifício no centro de São Paulo causou certo espanto pelo tamanho dos seus apartamentos. Isso levantou o debate sobre a tendência do mercado de produzir imóveis cada vez menores e a capacidade desses imóveis de atender às necessidades de seus moradores. Não há dúvida de que, por um lado, esse produto imobiliário se relaciona com as formas de morar das novas composições familiares. É cada vez mais comum que as residências sejam ocupadas por apenas uma pessoa ou, no máximo, duas. De acordo com dados da Fundação Seade para 2010, no estado de São Paulo são quase 40% os domicílios que têm essa característica, sendo 13% até uma pessoa. Portanto, edifícios de apartamentos tão pequenos como esse que acaba de ser lançado não são direcionados a famílias numerosas, e sim a casais sem filhos, jovens emancipados, pessoas divorciadas, ou mesmo aos idosos de uma população que envelhece cada vez mais. Mas qual a medida mínima necessária para se habitar com qualidade? Essa discussão é antiga. Foi lançada por arquitetos e urbanistas modernistas, no começo do século XX, ganhando especial relevância no período entre guerras. Em 1929, durante o segundo Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), um dos principais encontros do movimento modernista que ocorreu em Frankfurt, o tema central foi justamente esse e grandes arquitetos da época, como Walter Gropius, Le Corbusier e outros, apresentaram suas teses. Naquele momento, no entanto, não se tratava de debater qual deveria ser a metragem

mínima da habitação, mas sim quais eram as necessidades básicas do viver, e isso extrapolava o âmbito das casas e apartamentos em si para abarcar toda a cidade. Foi a partir dessas discussões que se consolidou a compreensão sobre a necessidade de existência de áreas verdes públicas, áreas de lazer, creches para as crianças e lavanderias coletivas que permitissem liberar especialmente as mulheres das atividades domésticas. E havia ainda o entendimento de que o Estado tinha o dever de propiciar tais condições para a população, oferecendo estes equipamentos e serviços de forma pública e gratuita para a população. Considerando o contexto de grande déficit de moradia em função da guerra, para os arquitetos modernistas essa discussão da habitação mínima também estava relacionada com a utopia de garantir moradia acessível a todos. Eles defendiam que, seria possível produzir moradia em série a baixíssimo custo, graças à industrialização da construção. Nossas necessidades habitacionais no atual contexto da cidade de São Paulo também são bastante complexas. Mas esses produtos imobiliários de 10 metros quadrados, vendidos por quase R$ 100 mil, estão longe daquela utopia modernista. Ainda que o edifício conte com uma série de equipamentos de uso coletivo, como cozinha, lavanderia e área para receber visitas, por serem equipamentos de uso exclusivo dos moradores, certamente implicarão também em altos custos do condomínio. Além disso, a um custo de quase R$10 mil por metro quadrado, um dos maiores da cidade, esses apartamentos na Vila Buarque não serão nada acessíveis para a maior parte da população. Neste contexto, este lançamento parece estar muito mais relacionado às possibilidades abertas de, reduzindo drasticamente as áreas úteis, propiciar aumentos significativos nas margens de lucro da incorporadora.

* Raquel Rolnik é urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

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REPORTAGEM

Cada um

no seu quadrado

O CAU, oIAB e o Sindarq são órgãos criados para dar suporte a arquitetos e urbanistas, mas cada um deles tem responsabilidades e objetivos específicos

Projeto de Sathler Camargo, designer de interiores

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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

s profissões têm entidades, conselhos e sindicatos para representá-las. Mas, você sabe o que faz cada um deles? Para os arquitetos, há o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas (Sindarq). É muito importante que todo arquiteto saiba o que essas entidades podem fazer pelo profissional.

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Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) foi criado em 2010, depois que uma lei regulamentou a profissão de arquiteto e urbanista. O CAU é uma autarquia, por isso faz parte da administração pública indireta. O conselho fiscaliza o exercício da profissão, além de orientar e disciplinar. Ele trabalha ainda pelo aperfeiçoamento profissional. Todos os arquitetos e urbanistas têm obrigação de se registrar ao conselho. Cristiano Rolim, presidente do CAU, disse que é fundamental para a profissão estar sujeito a normativa de um conselho. “Ter o CAU representa ter uma profissão regulamentada e reconhecida por um conselho. Dentro deste conceito, é a consciência de que a arquitetura – para a qualidade do espaço, do objeto construído é fundamental que isso seja feito por quem tem conhecimento técnico, para dar resposta de qualidade a esta demanda social”, disse. O CAU regulamenta uma espécie de contrato entre o arquiteto e seu cliente, dizendo as obrigações e o limite do trabalho. “A regulamentação do CAU é a garantia tanto ao cliente, quanto ao arquiteto. A sociedade contrata um profissional que está respaldado pelo conselho. O CAU não é um sistema arrecadatório, ele tem políticas de valorização do profissional, como o exercício legal da profissão e tabela de honorários”, explicou.

Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) O IAB tem como atribuição congregar os arquitetos e urbanistas para a defesa da profissão, desenvolvendo atividades como entidade profissional, cultural e técnica. “Para isso, o IAB busca promover eventos, cursos, concursos, formação e a capacitação de arquitetos e urbanistas nas áreas afins, assessorias, conferências, congressos, exposições, publicações, e quaisquer outras manifestações que contribuam para a dinamização, aprimoramento, formação e o desenvolvimento das atividades profissionais dos arquitetos e urbanistas’, garante o presidente, Pedro Rossi. Para ele, o instituto tem um importante papel na representação da sua classe profissional junto aos poderes públicos, órgãos paraestatais e outras entidades, firmando convênios e parcerias, colaborando para o desenvolvimento técnicocientífico e sócio cultural do país. “O IAB atua integralmente com outras entidades representativas dos arquitetos e urbanistas de modo a assegurar o fortalecimento das representações da categoria profissional, trabalhando para a arquitetura e o urbanismo sejam reconhecidos como manifestação cultural do povo brasileiro”. Pedro lembra que o IAB é de livre associação, não sendo é uma entidade cuja filiação é compulsória.

“É importante participar do instituto como sócio titular (profissionais) ou como sócio aspirante (estudantes) pela simples razão de fortalecer mais uma entidade que busca valorizar a profissão e a produção arquitetônica e urbanística. Infelizmente, muitos acreditam que o IAB é vinculado a partidos políticos e que não representam a classe profissional. O IAB não é uma entidade política, mas se apresenta como um organismo politizado, o que significa dizer que luta pelos direitos dos profissionais, sócios ou não, e pela qualidade de vida da sociedade”, disse.

Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas (Sindarq) Em 1972, a Associação de Profissionais Arquitetos se tornou o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas. Ele tem a função de coordenar e defender os interesses dos arquitetos em suas relações de trabalho. O sindicato atua participando de acordos e negociações coletivas de trabalho, assim como homologação contratuais e defesa de interesses dos trabalhadores arquitetos. Ele atua participando de acordos e negociações coletivas de trabalho bem como homologações contratuais e defesa dos interesses dos trabalhadores arquitetos. O sindicato é mantido pela contribuição sindical dos empregados. Os sindicatos protegem e fortalecem o profissional. Presidente do Sindicato dos Arquitetos, Fábio Queiroz disse que o que mais se faz é homologação e rescisão de trabalho. “Analisamos tudo e vemos os valores pagos. Além disso, somos uma das entidades que apóiam o Conselho de Arquitetura e se envolve em tudo que vem para a valorização do arquiteto, bem como ações que implementamos em relação a legislação de estado e município”, explicou. O Sindicato dos Arquitetos faz parte do conselho de desenvolvimento urbano da Prefeitura e das comissões que analisam a revisão dos códigos de obras, urbanismo e diretor. “Nosso principal objetivo é a valorização do arquiteto e da profissão. Como prestadores de serviço, como empregados e empregadores temos nossas obrigações, por isso, temos que obedecer a lei”, afirma.

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INTERIORES E MODA

O charme em listras Do século XIII ao século XXI

Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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stampa de zebra”, “passagem para pedestres”, “código de barras”... Listras! A estampa que outrora servia como identificadora de rebeldia utilizada apenas por prisioneiros, palhaços, prostitutas e carrascos, começou a ser vista com outros olhos a partir do Séc. XIII, quando a rainha Vitória vestiu de listras o seu herdeiro, Albert Edward, para embarcar em uma viagem ao Iate real. O terninho estilo marinheiro listrado caiu no gosto da população, que se encantou com as listras no vestuário infantil. O uniforme dos homens da marinha francesa também foram a inspiração para a imortal Coco Chanel criar sua coleção Navy, em uma de suas idas a Rivera Francesa no início do Séc.XX. A coleção foi um sucesso em sua loja em Deauville, e vestia as mulheres elegantes em suas viagens a Saint Tropez. A Camiseta básica listrada, denominada “bretã”, caiu no gosto de celebridades e artistas como Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Brigite Bardot entre outros, assim como figurino de filmes estrelados por Marlon Brando, James Dean, entre outros... Da classe trabalhadora a alta costura, de

Projeto da arquiteta Ana Campos

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rebeldes a velhacos e juntamente com os entusiastas da cultura popular, abraçaram a moda da “Bretã” de todas as maneiras. As listras governam o mundo da moda nos últimos 150 anos! Desde então, como clássico atemporal, o padrão listrado está em alta no verão 2017/2018, e segundo as semanas de moda internacionais, aparecem agora em versões mais assimétricas, com listras desconstruídas, em diferentes ângulos e principalmente coloridas, deixando um pouco de lado o estilo “navy” e o tradicional P&B. Tudo, menos sem graça, é o tipo de composição que traz à tona o que chamam de: “A nova era das listras”, que surgem em peças com movimento, cor e fluidez para esculpir o corpo criando movimento. Continuam fortes como referência na moda urbana, acompanhadas de coletes alongados, calças pantacourt entre outras peças. Para a decoração, as listras são clássicas e sempre estão na moda, podem ser utilizadas em forma de tecidos, papéis de parede, estampas de almofadas, sofás, poltronas, entre outros detalhes. Assim como no vestuário, devido ao seu formato, podem dar a sensação de amplitude em um ambiente pequeno, se usadas na

Desfile SPFW - Iódice


horizontal, e sensação de maior altura em ambientes mais baixos se utilizadas na posição vertical. Algumas regras devem ser seguidas para o uso adequado de listras na ambientação, para que não ocorra um efeito indesejado, como por exemplo o domínio de listras nas paredes, tendo em vista que o exagero causa desconforto visual, a mistura de elementos listrados, como paredes e poltronas em um mesmo ambiente, onde deve se prezar pelo equilíbrio. Verificar sempre o padrão de tamanho das listras, em caso de pintura, para que não pareçam desalinhadas, e o uso de listras em superfícies irregulares que provocam a mesma sensação, portanto devem ser utilizadas de preferência em paredes retas. Composês com listras e outros padrões são muito bemvindos na decoração, como por exemplo a mistura destas com o xadrez, que em cores complementares trazem elegância. Projeto de Interiores: Márcia Barreiros e Silvana Freitas

Desfile SPFW - Iódice

Adriana Valle e Patricia Carvalho - Arquitetura e Design de Interiores

Projeto de Interiores: Raira Amorim

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PONTO FINAL

Casa arrumada Arrume a casa todos os dias... Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo para viver nela. Casa arrumada é assim: um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz. Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não centro cirúrgico, um cenário de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas... Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida. Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa. E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança. Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto. Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos. E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Arrume a casa todos os dias. Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo para viver nela. E reconhecer nela o seu lugar.

lena gino

Do blog Mundo Paralelo

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