Revista AE 33

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Ano IX nº 33

Mar / Abr / Mai 2011

arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida

www.artestudiorevista.com.br

CASA PREMIADA

Nova sede do Sebrae foi considerada o melhor projeto arquitetônico de 2010

PERSONALIDADE À FLOR DA PELE

Valéria Simões usou obras de arte na ambientação de um apartamento

CONSTRUÇÃO EM SINTONIA

Imóvel em condomínio fechado tirou proveito da sincronia entre construtora, arquiteta e clientes

ANTES E DEPOIS

Lúcia Helena Aires e Anny Karinny Lima transformaram o apartamento de um apart-hotel

SEDE BEM PLANEJADA Íria Tavares projetou a nova sede da loja Bontempo

em João Pessoa seguindo novo conceito da franquia

DE BEM COM A NATUREZA

Márcia Barreiros propõe soluções ecologicamente corretas para um projeto de residência

E mais: O uso dos espelhos, a história das venezianas, iluminação de ambientes comerciais e residenciais

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Editorial

Colaboradores desta edição

Feliz Ano Novo

Márcia Barreiros

Diretora executiva e arquiteta

George Diniz Diretor de criação

Diego Carneiro Fotógrafo

Wellington Costa Assist. produção

Dizem que no Brasil o ano só começa mesmo depois do carnaval. Você já ouviu isso, mas é por causa do nosso calendário normal de publicações que esta é a primeira ARTESTUDIO do ano. Como sempre, nos esforçamos para trazer projetos variados, que abordam estilos e funcionalidades diversos. Esta edição trata de projetos residenciais e comerciais, concluídos ou que ainda nem saíram do papel. Trata também de iluminação e até de engenharia, enfoque que não costuma estar nas páginas da revista – mas que uma parcela dos leitores gostaria de ler, como mostra nossa seção de cartas. Também há espaço para o design, através da matéria com Freddy van Camp, um dos maiores especialistas brasileiros sobre o assunto. Abordamos também aspectos legais da profissão de arquiteto, com o novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo. E, mais uma vez, o lado cultural da profissão: a arquitetura da Chicago dos anos 1930 presente no filme Os Intocáveis (1987) e a da João Pessoa dos anos 1920 no prédio da antiga Associação Comercial da Paraíba, que fica no coração do Centro Histórico da cidade. Agora que o ano está começando para o país todo, já começamos a preparar a revista do meio do ano. Será inverno, mas nossa ideia é sempre trazer uma revista quente para o leitor. Então, boa leitura.

ARTESTUDIO Juarez Carneiro Fotógrafo

Cacio Murilo Fotógrafo

Renato Félix Editor e jornalista

Alex Lacerda Jornalista

Larissa Claro Jornalista

Amélia Panet Arquiteta

Débora Cristina Jornalista

Neide Donato Jornalista

Edu Cop Publicitário



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Sumário

Dez 2010 / Jan / Fev 2011

ENTREVISTA LORI CRIZEL

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De braços dados com a psicologia Foto Capa: Diego Carneiro

ARTIGOS EM EVIDÊNCIA 24

Amélia Panet analisa sobre espaços livres urbanos

VIDA PROFISSIONAL 26

Eduardo Cop fala sobre definição de objetivos e variável vocacional

VÃO LIVRE

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ESPECIAL

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REPORTAGEM

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INTERNACIONAL

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NACIONAL

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PERSONALIDADE À FLOR DA PELE

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CONSTRUÇÃO EM SINTONIA

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ANTES E DEPOIS

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DE BEM COM A NATUREZA

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SEDE BEM PLANEJADA

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Ligia Fascioni questiona: Será que as aparências enganam mesmo?

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JORNALISMO Descobrindo a cidade: Os habitantes conhecem cada vez menos as próprias cidades

A criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo abre novas perspectivas para o mercado

PROJETOS

62 46

A Ciudad de las Artes y las Ciencias, ainda em fase de conclusão, é o projeto mais ambicioso do gênero na Espanha

Nova sede do Sebrae foi considerada o melhor projeto arquitetônico de 2010

Obras de arte estão presentes no projeto de ambientação de um apartamento com vista para o mar

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Projeto de casa em um condomínio fechado mostrou sincronia entre cliente e profissionais

Arquitetas promovem uma verdadeira transformação em apartamento do Imperial Hotel

Projeto propõe soluções ecologicamente corretas para uma casa de 300 m²

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Projeto da nova sede da loja Bontempo em João Pessoa seguiu novo conceito da franquia

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Dez 2010 / Jan / Fev 2011

DICAS & IDEIAS AMBIENTAÇÃO 30

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Comercial ou residencial, o hall merece atenção por ser a primeira impressão do ambiente

A HISTORIA DE... 90

As venezianas surgiram para reduzir a luz e aumentar a privacidade

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MATERIAIS 92

Com tantas utilidades, o uso do espelho é praticamente indispensável nos projetos de decoração

ILUMINAÇÃO COMERCIAL

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ILUMINAÇÃO RESIDENCIAL

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Projeto de iluminação do hotel Hardman valoriza espaços destinados a diversão e relaxamento

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O projeto de iluminação ressalta a beleza das linhas retas e sóbrias da residência

CONHEÇA ACERVO 78

Prédio da Associação Comercial da Paraíba foi palco de importantes decisões políticas

ARQUITETURA E ARTE 80

Filmado boa parte em locação, Os Intocáveis revela a beleza da arquitetura da cidade nos anos 1930

VIAGEM DE ARQUITETO 94

EXPEDIENTE Diretora executiva - Márcia Barreiros Editor - Renato Félix , DRT/PB 1317 Redatores da edição - Alex Lacerda, Débora Cristina, Neide Donato, Larissa Claro e Renato Félix Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e Diagramação - George Diniz / Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, Juarez Carneiro e Cácio Murilo Impressão - Gráfica JB A revista ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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co nt ato a r te s t u d i o @ y a h o o. co m . b r R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000

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Instituto na cidade mineira de Brumadinho é duplamente prazeroso de visitar

SOCIEDADE EXPRESSÃO NACIONAL 88

Braulio Tavares é poeta, compositor, músico, roteirista de cinema e TV, dramaturgo, pesquisador de ficção científica...

OUTRAS ÁREAS 86

À frente do Mangai, Leneide Tavares transformou um restaurante em um ponto turístico

ESTILO DE VIDA 98

Dra Carla Gayoso, a necessidade de progredir sempre

PAINEL BONTEMPO 100

Inauguração da nova loja Bontempo-JP

PAINEL ARQDESIGN-PB 102

Premiação dos profissionais ganhadores do ano 2010


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Entrevista

De braços dados com a psicologia Conhecer o perfil psicológico dos clientes é cada vez mais importante na arquitetura comercial, diz Lori Crizel

L

ori Crizel é mestre em Conforto Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atua em várias universidades do Brasil como professor e coordena a Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Paranaense. Com especialização em Iluminação e Design de Interiores e Master em Arquitetura, Lori Crizel conversou com ARTESTUDIO quando veio a João Pessoa à convite do IPOG e fala sobre arquitetura comercial e suas principais peculiaridades no cenário atual, onde o projeto arquitetônico torna-se um aliado na hora de alavancar as vendas.

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Shopping - conceito Box

Artestudio: Quais as principais mudanças na arquitetura comercial nos últimos anos? Lori Crizel: Uma das principais mudanças chegou junto com a globalização, principalmente no meio coorporativo, que passou a contar com vários nichos. O principal deles foi a instalação dos shoppings, o que agente classifica como conceito box. O segundo grande nicho é o comércio estritamente setorizado tanto popular quanto requintado. Dentro desse contexto entra outra grande mudança que é a aplicação da psicologia comercial dentro da arquitetura. AE: A psicologia passou a ser uma aliada da arquitetura comercial? LC: Sim, com certeza ambas são utilizadas para auxiliar as vendas. Toda arquitetura comercial projetada por um profissional leva em conta o

perfil psicológico do cliente que se deseja atrair. O design da loja é projetado para conquistar um público específico e não ser atrativa para quem não se identifica com aquele produto. A arquitetura é uma das ferramentas utilizadas para atrair o público, por isso os projetos comerciais têm se apropriado da psicologia para saber como montar a loja, como expor o produto para fortalecer o apelo da compra para o consumidor. AE: É possível afirmar que uma loja mal projetada prejudica as vendas? LC: Sim, porque deixa de atrair o público alvo, uma loja bem projetada é tão importante quanto a qualidade do produto. As grandes marcas internacionais trazem essa concepção de uma forma eficaz. A avenida Oscar Freire, em São Paulo, é um exemplo muito claro dessa utilização.

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Rua Oscar Freire - São Paulo

São lojas localizadas direcionadas para o público com alto poder aquisitivo e disposto a pagar pelo valor agregado da marca. O layout das lojas e o lugar onde estão instaladas cria um apelo psicológico, que atrai justamente o consumidor certo. Isso também se aplica ao comércio popular que aposta na simplicidade para atrair o cliente alvo. AE: Qual é o pior erro que um arquiteto pode cometer na execução de um projeto comercial? LC: É não conhecer o público alvo. Ao contrário de um projeto residencial onde o arquiteto tem acesso a todas as informações do cliente, no projeto comercial ele vai trabalhar para atrair e agradar um público que ele não conhece, por isso é importante conhecer o produto que será comercializado e a que público ele se destina para não afastar o consumidor. AE: Quais as tendências para a arquitetura comercial hoje? LC: É o que chamamos de quarta dimensão, onde são explorados todos os sentidos e não apenas a visão. O olfato, a audição, o tato todos são levados em conta para criar sensações agradáveis e de identificação com o cliente. Músicas, cheiros, iluminação e cores são utilizados para reforçar a marca e o produto criando uma lembrança agradável e sempre viva na mente do cliente.

Rua Oscar Freire - São Paulo

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Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação


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Internacional

Cultural, turístico e pedagógico

A Ciudad de las Artes y las Ciencias, ainda em fase de conclusão, é o projeto mais ambicioso do gênero na Espanha

A

Ciudad de las Artes y las Ciencias é o centro cultural mais famoso da cidade espanhola de Valência. Desenhado por Santiago Calatrava e Félix Candela e inaugurado em 1998, é um complexo de edifícios: L’Hemisfèric, em forma de olho, foi o primeiro; o Ágora, uma praça coberta, é o último e, apesar de já inaugurado, ainda está sendo concluído.

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O complexo é formado por quatro edifícios, jardins e praças. El Hemisféric possui uma superfície aproximada de 13 mil metros quadrados e abriga uma grande tela côncava de 900 metros quadrados: é o maior cinema Imax da Espanha. Também serve como planetário e sala de espetáculos.


El Museo de la Ciencia Príncipe Felipe tem a forma parecida com um esqueleto de dinossauro. É interativo, tem três andares e 40 mil metros quadrados. Foi inaugurado em 2000. L’Umbracle é um jardim com várias espécies de plantas e também esculturas de artistas contemporâneos. É coberto por arcadas paralelas.

Todas as estruturas citadas até aqui são de Santiago Calatrava. A primeira assinada por outros arquitetos é L’Oceanogràfic, de Candela e José Maria Tomás Llavador. Inaugurado em 2002, é dedicado a mostrar a vida de diferentes habitats marinhos: em seu subterrâneo estão os maiores aquários da Europa – são mais de 40 mil animais de 500 espécies diferentes.

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O Palácio de las Artes Reina Sofia é dedicado à música e às artes cênicas. Integra o Teatro de la Opera de Valência e é sede da Orquestra de la Comunidad Valenciana. Outra obra de Santiago Calatrava, foi inaugurado em 2005 – também tem o formato parecido com um olho, como o L’Hemisferic. A Puente de l’Assut de l’Or cruza o Jardin del Turia. Mais uma obra de Calatrava, foi concluída em 2008 e liga o Museo Príncipe Felipe ao Ágora. São 180 metros de longitude. A ponte é sustentada por 29 cabos presos a um pilar de 125 metros de altura. Finalmente, o Ágora está localizado entre a ponte e L’Oceanogràfic. Foi inaugurado em 2009, apesar de ainda estar em fase final de construção – sua forma, segundo Calatrava, lembra mãos

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entrelaçadas. Ainda havia a previsão de três arranhacéus, mas o projeto está parado e não devem seguir adiante. O complexo foi idealizado por Piñero, professor de história da ciência da Universidad de Valencia, que queria um museu científico que fosse o centro de um complexo cultural, turístico e educativo. Houve reações dos opositores políticos de que a obra seria faraônica e uma mudança no governo fez o projeto ser reavaliado. Mas está chegando ao final e ninguém pode negar que o conjunto de talentos e ideais fez nascer uma obra e tanto. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação


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Nacional

Casa premiada Nova sede do Sebrae foi considerada o melhor projeto arquitetônico de 2010 pela Associação Paulista dos Críticos de Artes

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R

ecém inaugurada, a nova sede do Sebrae nacional foi premiada como a melhor obra de arquitetura do país em 2010. Distribuição funcional, sistemas estruturais e concepção de conforto ambiental foram algumas das características descritas pelo júri como principais destaques da obra. O prêmio é da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), que, pela primeira vez em seus mais de 50 anos de história, incluiu Arquitetura entre suas categorias. O projeto do edifício é dos arquitetos Álvaro Puntoni, Luciano Margotto Soares, Jonathan Davies e João Sodré.

“O reconhecimento deste prêmio ao projeto da nova sede é motivo de orgulho para o Sebrae. Nós nos empenhamos em realizar um concurso público para promover a escolha pública e transparente do projeto que fosse considerado o mais adequado. Na execução da obra, acompanhamos tudo bem de perto para que o edifício traduzisse de fato os conceitos de sustentabilidade, acessibilidade e conforto ambiental, que são os principais destaques do projeto”, afirmou José Claudio dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sebrae.

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Repercussão Para o arquiteto Abílio Guerra, um dos membros do júri, o projeto da sede do Sebrae se destacou especialmente pela releitura do modo contemporâneo das concepções arquitetônicas que fundaram Brasília. “O projeto destaca-se pela qualidade formal, espacial e construtiva. O edifício se destaca do solo por pilares, como o fazem os melhores edifícios modernos do Plano Piloto. Entretanto, o edifício continua descendo, como em direção ao lago (Paranoá), transformando o nível da entrada em um mirante. As duas empenas laterais enfatizam a abertura para a paisagem. Toda essa transparência é discreta, restrita a uma secção horizontal do volume a partir do nível de entrada e convive com um espaço central que remete à interioridade dos pátios. Trata-se de um exemplo positivo de projeto escolhido por concurso que chega a um bom termo”, diz o arquiteto. Guerra acredita que a premiação de um projeto realizado para uma entidade tradicional e reconhecida nacionalmente valoriza a classe dos arquitetos, além de possibilitar que eles compartilhem de uma distinção importante com artistas consagrados e revelações das diversas artes brasileiras. “Os principais prêmios na área de arquitetura no Brasil são ofertados por entidades e eventos vinculados à própria categoria, como os prêmios do Instituto de Arquitetos do Brasil, da Bienal de Arquitetura, e do Congresso de Arquitetura. São reconhecimentos importantes, mas com pouca repercussão no meio social. Com a premiação da APCA, as obras arquitetônicas receberão maior divulgação nos meios de comunicação”, afirma.

Texto: Tatiana Alarcon (Agência Sebrae de Notícias)

Fotos: Divulgação

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Em Evidência

Amélia Panet

arquiteta

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Espaços livres urbanos: algumas considerações

s espaços livres1 localizados em áreas urbanas surgiram como resposta às inquietações do movimento de dominação da natureza, provocados pelas modificações urbanas ocorridas em decorrência do processo de industrialização em diversas cidades e, de forma precedente, nas cidades europeias. As cidades tornaram-se insalubres e desprovidas de espaços que favorecessem o contato do homem com a natureza. Os benefícios sociais das modificações urbanas, em prol do avanço industrial foram questionados, e a natureza começou a ser percebida por meio de um novo olhar, um olhar poético que possibilitava as co-relações com a sociedade. A natureza, antes vista como uma força ameaçadora a ser vencida, passou a ser fascinante e preservada no meio urbano - ou recriada nos espaços livres destinados aos parques, praças e jardins com diversos usos, ou simplesmente como um refúgio às pressões do cotidiano.

Central Park - Nova Iorque

As cidades são consideradas pelos urbanistas como estruturas mutáveis, decorrentes do dinâmico e crescente processo de urbanização. Esse processo de urbanização, representado por necessidades econômicas, demográficas e políticas, vem transformando a paisagem dos grandes centros e tornado os espaços livres – ora reservas de ecossistemas primários, ora vazios a serem arborizados – em espaços cada vez mais escassos. Frequentemente, são alvos de múltiplos interesses conflitantes, ao mesmo tempo em que, enquanto ecossistemas preservados ou recriados, podem conferir qualidade às áreas urbanas, diminuindo as temperaturas, promovendo o equilíbrio ambiental e o tão almejado desenvolvimento sustentável. Entre tantos benefícios, os espaços livres bem geridos podem trazer dividendos econômicos e sociais para as cidades que os possuem e oferecer condições de vida mais saudáveis aos citadinos. Para


Parque do Coco - Fortaleza

isso, torna-se imprescindível que essas áreas façam parte de ações integradas do desenvolvimento urbano. Alguns autores salientam a importância da utilização de instrumentos flexíveis de planejamento na gestão desses espaços para garantir a quantidade e a qualidade necessária. No contexto brasileiro, o surgimento dessas áreas urbanas foi influenciado, sobretudo, com a vinda da família real para o país. Desde então, os parques, praças e jardins públicos brasileiros passaram a expressar os valores, as mudanças históricas, culturais e sociais do nosso povo ao mesmo tempo em que evoluíram os instrumentos legais e de gestão que podem garantir a integridade desses ambientes.

No entanto, a quantidade e qualidades desses espaços dependem da visão política de seus gestores e do grau de conhecimento da população local com relação, principalmente, aos benefícios ambientais e sociais que esses espaços conferem à vida urbana. Uma população conhecedora desses benefícios pode salvaguardar seus espaços livres e garantir qualidade urbana às gerações futuras. Exigir espaços livres e de qualidade é um trabalho coletivo a serviço do interesse comum, faz parte do direito à cidade, um exercício de cidadania para garantir “o interesse social e o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”, como estabelece o Estatuto da Cidade.

i Nesse pequeno ensaio consideram-se espaços livres aqueles espaços públicos não-edificados, localizados na área urbana, que possuem uma grande porcentagem de suas áreas ocupadas por solos não impermeabilizados e cobertos por vegetação, sendo possível sua utilização para a recreação ativa ou passiva da população, como parques, praças e jardins públicos, ou terem características próprias de reservas ambientais como matas, cursos d´água, dentre outros, que possam contribuir para a qualidade da vida urbana tornando-se espaços essenciais para o equilíbrio ambiental.

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Vida profissional

Marketing

Eduardo Cop

Profissional de marketing

T

anto na vida de um indivíduo quanto na maior das corporações, começamos a trabalhar a partir da definição de objetivos, que podem ser determinados pela vontade do indivíduo ou pelo resultado de um planejamento metodologicamente estruturado. No outro extremo do caminho está o sucesso que todos almejamos e, exatamente na construção dessa estrada, é que determinamos as possibilidades de alcançá-lo. O primeiro passo é poder confirmar o acerto do objetivo proposto, pois, caso contrário, sempre chegaremos a um lugar não pretendido. As diferenças podem ser sutis, vários objetivos podem parecer interligados, mas são determinantes. O profissional pode buscar o reconhecimento profissional, ou a recompensa financeira, ou a titulação acadêmica, ou algo parecido, assim como a empresa pode buscar o resultado financeiro, ou a excelência nos produtos, ou a qualidade nos processos, mas tanto um como outro deve compreender que o foco deve estar em um deles, ao começar a pavimentação da estrada do sucesso. Os outros devem ser considerados como recompensas adicionais, se alcançados também, mas a dispersão das ações enseja grande possibilidade de fracasso. O segundo passo, também com a importância acima, é descobrir qual é sua variável vocacional, que também deve passar por um processo de confirmação. Um profissional liberal que imagina ter como fator de destaque o conhecimento acadêmico ou uma empresa que está certa da sua capacidade comercial. Devem buscar a certeza dessa vocação para poder torná-la referência para as outras variáveis e atingir o patamar de alta performance. Antes de nos adiantarmos, é preciso conhecer como certificar a variável vocacional. Existem várias formas, mas o estabelecimento de indicadores comparativos é apropriada para este momento. Com relação às duas situações acima, podemos formular alguns exemplos de indicadores, com os devidos questionamentos. Caso 1 – Profissional liberal que acredita ter como variável vocacional o conhecimento acadêmico. Que indicadores deve procurar? – Exemplos: - melhores médias da turma ou melhores médias dentre algumas turmas? - o trabalho de conclusão mereceu nota máxima ou foi também indicado para uma publicação

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Definição de objetivos e variável vocacional especializada? - foi percebido ou formalizado algum reconhecimento público para o desempenho acadêmico? - o desempenho acadêmico observado foi único ou foi o padrão? Caso 2 – Empresa que acredita ter como variável vocacional a capacidade comercial. Que indicadores deve procurar? – Exemplos: - crescimento das vendas maior que o ano anterior? - crescimento das vendas maior que o setor de mercado que atua? - superação das metas determinadas? - vendas efetivadas acima da capacidade de entregar? As respostas devem ser diretas e verdadeiras, possibilitando uma análise que possibilite identificar a variável vocacional. Podemos observar que os indicadores exemplificados acima sempre estão direcionados ao interno e ao externo. Comparar com seus próprios indicadores pode resultar em uma falsa identificação da vocação. No Caso 1, a constatação de notas máximas, ao mesmo tempo em que toda a turma obteve nota máxima, não caracteriza diferencial, assim como no Caso 2, superar as vendas do ano anterior, mas em índices abaixo do setor de mercado que atua, pode mascarar uma falsa vocação. Todos os indicadores devem ser cruzados como referências relativas. Dessa forma, o resultado da análise dos indicadores, dentro dos critérios apresentados, será muito mais segura e objetiva para tornar-se o padrão de desempenho e qualidade dentre todas as outras variáveis. Com essas confirmações, o sucesso já começa a apontar no horizonte, mas ainda há muito trabalho até lá.


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Vão livre

Será que as aparências enganam mesmo? Ligia Fascioni

Especialista em marketing

S

erá que as coisas sempre são o que parecem? Ou comumente são cometidas injustiças em nome das aparências? Esse é um assunto polêmico, mas sou da opinião que a aparência deve traduzir a essência. Quando isso não acontece, é incompetência ou má-fé de quem parece ser o que não é. Vejamos: se estou calmamente sentada em um café e adentra no recinto um homem trôpego com as vestes em trapos cheirando a álcool, ninguém pode me acusar de preconceituosa se eu deduzir que o sujeito é um bêbado andarilho. O que eu vou fazer com essa leitura é outra história; o fato da pessoa ser mendiga e bêbada não a faz menos humana e nem me confere o direito a desrespeitá-la. Mas o que se quer enfatizar aqui é que a leitura está certa. Vejo muita gente reclamar por ser maltratada em lojas de grife porque entrou no estabelecimento mal vestida. Certamente, a atendente leu indícios de limitações financeiras na bermuda desfiada, a regata com propaganda eleitoral de duas eleições atrás e imitações de Havaianas. É claro que a moça é uma ignorante, pois não se trata mal um cliente porque ele é pobre – dizem até que são os melhores pagadores. O que eu quero ressaltar é que, se a leitura estava errada e o sujeito é, na verdade, dono de bilhões, a culpa é dele mesmo que provocou a confusão toda. Quer ser visto e tratado com as honras de milionário? Vista-se de milionário (ou, no caso, fantasie-se). Parece-me que o erro geralmente está na atitude (todas as pessoas, independente da aparência, são merecedoras de respeito e dignidade), dificilmente na leitura. Os novos-ricos esnobes, por exemplo, são facilmente legíveis e identificáveis em qualquer língua e situação. Nem por isso merecem ser ridicularizados (resista bravamente à tentação). E as empresas? Bem, prestando um pouquinho de atenção, também dá para lê-las com certa facilidade. Veja alguns exemplos. Há salões de beleza cuja decoração e a comunicação visual são um ode ao mau gosto e à desarmonia. Ninguém pode dizer que foi enganado se sair de lá com um cabelo de fazer inveja ao palhaço Bozo. Como alguém pode vender beleza sendo desprovido de qualquer senso estético? Há restaurantes que presenteiam clientes do sexo feminino com originais e criativas rosas vermelhas no Dia Internacional da Mulher e no Dia das Mães, mas não são capazes de oferecer um simples ganchinho para pendurar as suas preciosas bolsas no banheiro ou à mesa. É assim que eles valorizam e se preocupam em atender às necessidades das mulheres? Pura balela. E as lojas de móveis que vendem tudo para facilitar a sua vida? Parece que você está entrando em um depósito atravancado de móveis, bugigangas e eletrodomésticos. Alguns ainda completam a balbúrdia instalada com balões e confetes espalhados pelo chão. A mensagem mais clara que se pode ler é: seja nosso

cliente, compre tudo da gente e a sua casa ficará assim! Outro tipo comum é a loja que vende “design, bom gosto e sofisticação”. Você entra e os produtos são todos cópias mal feitas de móveis consagrados, péssimo acabamento, proporções erradas e preços incompreensíveis. Pseudo-design na sua melhor forma. Mais ou menos como os restaurantes que se gabam de sua comida maravilhosa e excelente cozinha, mas têm um banheiro que dá medo de imaginar o resto. Estou lendo errado? Uma vez cheguei ao cúmulo me deparar com uma vitrine cuja roupa exposta, além de amassada, tinha um botão faltando. Troféu “sem noção” para o talento persuasivo desse lojista! Tenho uma coleção de maus exemplos que conta com um folheto pavoroso, com cores todas “lavadas” e uma diagramação totalmente equivocada que é, pasmem, de uma gráfica que oferece impressão com “padrão de primeiro mundo” e serviços de “designer”! Numa viagem à serra gaúcha tive a oportunidade de me deparar com uma loja chamada “Expensive” (caro, em inglês) com um enorme cartaz de liquidação na vitrine oferecendo vestidos a R$ 10,00! Em São José, há uma escola que oferece cursos “do berçário a 8a série” (sic). Parece que o uso da crase não faz parte do currículo. E o que se pode esperar encontrar dentro de uma boutique chamada Vácuo? Teria esse nome sido escolhido por sua adequação ao conceito do negócio ou por causa de sua sonoridade peculiar? Mistérios insondáveis do marketing que nem Philip Kotler saberia responder. (...)Os exemplos são infinitos: atendentes de farmácia com cara de doentes; balconistas de cosméticos que parecem ter saído diretamente da cama sem nem ao menos pentear os cabelos; webdesigners que não têm site; agências de propaganda completamente desconhecidas; palestrantes profissionais que escrevem (e lêem!) textos intermináveis em transparências; lojas de flores com todas as áreas livres cimentadas; intelectuais cultíssimos que falam “a nível de”; profissionais de marketing com cartões de visita toscos; designers que nem cartão de visita têm; atendentes de livrarias que não gostam de ler; e por aí vai. A imagem é como um quebra-cabeças que se constrói na mente das pessoas. As peças são distribuídas pela própria empresa ou profissional, mesmo que eles não percebam. Por isso, não adianta gastar fortunas em um anúncio de página inteira na Veja se a distribuição de peças que contradizem a genial campanha publicitária é farta e prolífica. Não adianta usar o melhor terno na palestra se o seu português dói nos ouvidos. Toda criança sabe que peças faltando ou sobrando num quebra cabeças devem ser de outro jogo. Estão perdidas ou misturadas, não servem para montar uma imagem coerente. Mas até o Bob Esponja sabe que o destino delas é o lixo. Os e-mails para essa seção devem ser encaminhadas com o nome,profissão e telefone do remetente para :

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contatoartestudio@yahoo.com.br


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Ambientação

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Boas-vindas com muito estilo Comercial ou residencial, o hall merece atenção por ser a primeira impressão do ambiente

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primeira impressão nem sempre é a que realmente fica, mas com certeza já é um grande passo pra que tudo que vem a seguir dê certo. Por isso, ter um hall interessante, criativo, é um ótimo cartão de visita não só para ambientes comerciais, mas também para casas e apartamentos. O hall é o local de espera, recepção e despedida, então tem que ser bem aconchegante. A arquiteta Adriana Leal reforça que o conceito literal da palavra hall é “saguão, sala de entrada de grandes dimensões”. Mas que também significa corredor de passagem para chegar a algum lugar ou a divisão da casa com o exterior. Pode ser de teatros, cinemas, restaurantes, espaços públicos e de entrada e interiores de casas e apartamentos. “Ele é um espaço de fundamental importância, pois recebe e acolhe as pessoas e divide o ambiente externo do interior das edificações, criando um “anteparo”, que divide, abriga, faz a espera se tornar mais amena. Serve também como passagem e circulação entre ambientes”, explicou. Mas antes de decidir decorar este espaço, é bom ficar atento às dicas dos especialistas. Independentemente de ser grande ou pequeno, é importante saber que, enquanto ponto de passagem e de apoio, qual será a sua principal função? Você quer um espaço chique e elegante onde pode exibir peças decorativas especiais ou prefere algo prático e funcional, com opções para colocar casacos e bolsas dos visitantes? Outra dica interessante é seguir o mesmo estilo do resto da casa, ou seja, se em cada metro quadrado de um apartamento predomina uma decoração contemporânea ou minimalista, então um hall de entrada clássico, com poltronas pesadas, uma mesa de madeira e um espelho vintage pode impressionar, mas não vai combinar com o resto do ambiente. Como apresentação da casa, deixe que o hall de entrada seja um vislumbre do que está para vir. Para a arquiteta Alda Fran, qualquer que seja o tipo de hall – de entrada residencial ou de um empreendimento – o importante é usar recursos que o transforme em um verdadeiro cartão de


armários. Assim fica tudo organizado, sem aquele amontoado de coisas juntas”. A paginação de pisos é outro artifício que, para Rosanie, possibilita uma riqueza visual marcante, assim como a utilização de tapetes, se for o caso. E é assim que, se num primeiro momento, o hall de entrada pode parecer um espaço sem muita importância, depois, se ele for decorado de forma correta, acabará valorizando muito o conjunto, revelando que ali moram pessoas organizadas e de bom gosto. Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação

Ideias simples:

visita e seja convidativo a entrar. E ela dá outras dicas: “Use o espelho para ampliar e dar a ilusão de mais espaço, principalmente nos de pequenas dimensões; também é legal ter uma peça decorativa bem especial; uma iluminação pontual; use também uma poltrona, para que pareça uma saleta aconchegante”. E Adriana Leal completa a ideia: em halls de espaços públicos, pode-se até mesmo colocar um espaço com cafés ou souvenirs. Para ela, o principal erro ao planejar um hall, é não tratá-lo como o primeiro ambiente, aquele que vai recepcionar as pessoas e que merece especial atenção, caso contrário pode passar uma imagem de desleixo. Alda também lembra que o fato do hall ser um ambiente muitas vezes pequeno, não quer dizer que não possa ser decorado. “Pode ver que as possibilidades são as mais variadas”, enfatiza. Já a arquiteta Rosanie Garcia, enumera outros cuidados importantes para não errar na hora de decorar um hall. Segundo ela, as paredes podem ter revestimentos que vão desde um papel de parede legal, painéis amadeirados, até a pinturas com cores monocromáticas ou vibrantes. “Outra dica legal é acrescentar cabides, prateleiras ou pequenos

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• Um espelho num hall de entrada de pequena dimensão cria a ilusão de mais espaço. • Não descuide da iluminação: seja com focos de teto, apliques de parede, abajures de mesa e de pé ou até mesmo com velas, neste caso em ocasiões especiais. • Uma só peça deslumbrante e original – cabide de parede ou bengaleiro, quadro ou outro elemento de arte, tapete ou espelho – é suficiente para transformar o seu simples hall de entrada num espaço espetacular. • Encha uma parede inteira com fotografias da família, amigos, viagens e momentos especiais... Uma recordação para levar sempre que sai e para alegrar os mais difíceis dos dias sempre que chega. • Utilize um ou mais bancos para, além de criar um ambiente quente e confortável, servir de mesa e de lugares sentados – um dois-em-um original. • Este é o espaço perfeito para brincar com cores, padrões e texturas, até porque como é uma divisão onde se passa efetivamente pouco tempo, não há o risco de nos “cansarmos” do visual. Seja com uma tinta em tons vibrantes, cores monocromáticas ou em giz para escrever todos aqueles recados e lembretes. As paredes do hall pedem criatividade. • Preencha o espaço vazio debaixo da mesa ou consola com cestos em verga ou caixas revestidas a tecido para guardar correspondência, jornais, revistas, etc.


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Interiores

Personalidade à flor da pele Obras de arte estão presentes no projeto de ambientação de um apartamento com vista para o mar

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ista para o mar, 226 metros quadrados, bom gosto e moradores apaixonados por arte. Com esses elementos a arquiteta Valéria Simões foi além da ambientação e criou um apartamento incrível e com a cara dos moradores na praia do Cabo Branco. Um casal e dois filhos pré-adolescentes ocupam o imóvel

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projetado para atender as necessidades da família. Obras de artistas plásticos e objetos de designer famosos estão espalhados pelas salas integradas. Nos quartos e na cozinha, a mobília foi projetada especialmente para acomodar tudo e manter os ambientes organizados. Tudo com bom gosto e personalidade.


Logo na entrada, a arquiteta dá o seu recado: o que se vê é uma poltrona Charles Eames 670 acompanhada por uma luminária de arco. A composição é perfeita e quase ofusca o restante da sala, que ainda tem um sofá em linho cru e duas cadeiras Sérgio Rodrigues. Um enorme espelho com moldura feita em madeira de demolição e a mesa Surfboard, também do designer Charles Eames, completam o ambiente. Para afastar o mau olhado, a espécie conhecida por Espada de São Jorge foi colocada em um enorme jarro preto vitrificado. Próximo à porta de entrada, uma estante de apoio em laca branca da Adresse dá suporte ao quadro, livros e objetos decorativos dos proprietários. “Mesmo criando um projeto de

decoração para o apartamento, os clientes faziam questão de manter a casualidade. Eles não queriam que esse apartamento fosse mais um, mas que tivesse a cara deles, que são jovens, mas cultos”, comentou Valéria. A sala de TV também diz a que veio. Um sofá chaise longue em tom amarronzado foi pensado para acomodar a família em momentos de lazer, como ver um filme no DVD. “A cor do sofá logicamente não foi escolhida à toa. Com dois garotos em casa, é fácil pensar que a mobília logo recebesse uma mãozinha suja de pipoca ou qualquer outra coisa. A cor é perfeita para camuflar possíveis manchas”, acrescentou a arquiteta. A estante onde ficam os aparelhos

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eletrônicos, quadros, revistas e objetos de decoração foi colocada sobre uma parede de tijolos aparentes – a ideia também foi levada para outros cômodos da casa. As gavetas e nichos foram escolhidos nas cores branco e imbuia - tons presentes na maioria dos ambientes e fazem do apartamento um lugar bastante harmônico. Quadros encostados à parede receberam uma iluminação especial com um pendente de duas bolas localizado sobre as obras. Segundo a arquiteta, a iluminação foi um dos pontos chaves do projeto e ajudou a valorizar objetos da casa, a exemplo do piano da proprietária. O instrumento foi colocado bem na divisa das salas de TV e jantar e a sua cor parece responsável pelo tom utilizado no restante da sala de jantar. Do lado direito, um balcão e dois nichos com revestimento de pastilha de coco faz cena com um aparador em laca branco. No centro da sala, a mesa em madeira de demolição e cadeiras em couro off white parecem ter sido feitos um para o outro. A cristaleira antiga colocada do outro lado da parede foi um dos poucos objetos herdados do apartamento anterior do casal.

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Cozinha A parede que dá acesso a cozinha foi quebrada para a instalação de uma porta de correr vazada. Com essa opção, é possível esconder uma possível bagunça na cozinha sem precisar isolar o ambiente. Se bem que com tantos armários na cozinha, difícil mesmo é encontrá-la desorganizada. A arquiteta criou espaços para guardar de tudo e ainda deixou nichos abertos para acomodar objetos menos usuais e mais decorativos. Uma mesa de vidro com quatro cadeiras em alumínio é utilizada pela família durante o café da manhã.

Quartos O tijolo aparente volta a aparecer no quarto do casal e também no dos filhos. Outro detalhe comum aos dois cômodos são as camas de madeira em laca branca que já pertencia a família antes da mudança, mas que recebeu restauração antes de entrar no imóvel novo. “A proprietária sempre gostou das camas e não quis se desfazer delas. Apenas mandamos ao marceneiro e ele aplicou uma laca branca”, contou Valéria.

A harmonia de cores que permeia o apartamento também é encontrada no lavabo. A bancada recebeu revestimento que imita madeira de demolição e as paredes foram revestidas de compensado pintado de branco. A cerâmica ficou restrita ao piso e aos 50 centímetros da parede de baixo pra cima. O restante da parede não leva água e isso fez retirar a cerâmica de cena. O espelho tem a mesma largura da cuba quadrada e vai até 39 o teto.


No quarto dos dois filhos, o guarda-roupa e os móveis foram projetados especialmente para atender as necessidades de dois pré-adolescentes. O roupeiro foi feito em vidro e alumínio e tem um design bem moderno. Uma bancada de estudo e outra de TV traz pranchas, nichos e gaveteiros para acomodar livros e brinquedos. “A única exigência das crianças foi o pôster do Flamengo, por quem eles torcem muito”, ressaltou. Na suíte do casal, um armário quase imperceptível guarda roupas de cama e banho, além de algumas peças do casal. Outra porta branca, mas decorada com adesivos dá acesso ao closet e banheiro. Na frente da cama, um estante em MDF com revestimento bloque, acomoda sapateiro, gaveteiro, TV, além de outros objetos do casal. “Esse revestimento parece tijolinhos e foi escolhido justamente por causa da parede em tijolo aparente”, revelou a arquiteta. Mesas laterais e uma luminária bola terminam de compor o ambiente. O conceito criado para esse apartamento pode até apresentar semelhanças com outros projetos, mas a personalidade imprimida a ele jamais será vista em outro lugar.

Texto: Larissa Claro Fotos: Diego Carneiro

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Arquiteta: Valéria Simões Projeto: Ambientação de apartamento

Iluminação : B&M • Movéis: Espaço A e Sierra Modulados: Todeschini e Criare • Decoração: Bazaart Tapetes: Adroaldo Tapetes e Carpetes do Mundo

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Engenharia

Construção em sintonia Projeto de casa em um condomínio fechado mostrou sincronia entre cliente, arquiteta, engenheiro e execução

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ualidade em execução. Este é o termo que norteia a construção de um imóvel residencial situado num condomínio fechado no bairro Altiplano, um dos mais reservados da capital paraibana. Realizada pela construtora Lucena e Madruga Engenharia Ltda, a edificação possui 512 m2 distribuídos em dois pavimentos.

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A casa, erigida em estilo moderno, se apresenta com um balanço – uma laje de dimensões 13 x 3,5m – que concede à fachada um toque de destaque, além de fornecer uma área de sombra que cobre a varanda dos quartos. A casa possui quatro suítes, sendo uma delas em tamanho master, com quatro ambientes


separados, banheiro, quarto, varanda e closet. Na parte externa a locação conta com uma piscina, um jardim e uma área de lazer. Segundo o engenheiro Felipe Lucena, o equilíbrio entre o custo e o benefício foi um dos elementos de destaque na edificação. “Procuramos empregar materiais com o custo benefício garantido e, principalmente, uma mão de

obra especializada, fazendo com que o cliente não tenha dor de cabeça na obra. A construção de uma casa deve ser feita para durar com qualidade por, no mínimo, 20 anos. Por isso vale a pena investir num bom material”, ressalta. Um dos destaques da construção foi a sincronia entre a expectativa do cliente, o projeto

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da arquiteta Renata Madruga e a execução da obra. “Executamos sempre os projetos em parceria com o conceito arquitetônico idealizado pelo cliente. Quem está investindo em uma construção desta natureza conosco tem a certeza absoluta que obterá o resultado exato que pretende, senão melhor”, enfatiza Lucena. A parceria entre o conceito arquitetônico e projeto de engenharia também foi observada na escolha do material de acabamento. “O cliente teve toda a liberdade de escolher o material de acabamento, ficando a critério dele e da arquiteta. Como fornecemos um acompanhamento técnico durante toda obra é possível permitir ao cliente mais este prazer ao participar mais ativamente de sua obra”, assinala o engenheiro. Ainda na parte externa, a casa possui, além de cozinha, dependência, espaço gourmet para churrasqueira, forno de pizza e bancada de trabalho. A casa conta com aquecimento solar para banheiros, cozinha e banheira, o que confere uma economia potencial significativa de energia pelo cliente. “Além de economizar, o aquecimento solar evita também o desperdício de recursos. Tentamos repetir essa linha de ação em todo o projeto para que o proprietário do imóvel não desperdice recursos e gaste apenas o valor orçado”, explica. Texto: Alex Lacerda Fotos: Diego Carneiro

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Engenheiro: Felipe Lucena Projeto: Residência Unifamiliar Construtora: Lucena e Madruga Eng. Ltda


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Antes e depois

Em busca da claridade

Arquitetas promovem uma verdadeira transformação em apartamento do Imperial Hotel

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o curtíssimo prazo de um mês e meio, os desafios propostos às arquitetas Lúcia Helena Aires e Anny Karinny Lima ganharam vida nesse apart-hotel localizado a beira mar de Tambaú, em João Pessoa. O objetivo era torná-lo menos impessoal, mais agradável, acolhedor e, acima de tudo, sofisticado, para atender hóspedes exigentes. Antes de montar o projeto, a dupla se deparou com alguns desafios, entre eles a impossibilidade de mudar a mobília de lugar e dividir o apartamento em dois ambientes sem perder a integração. Depois do recado dado, mãos à obra. As arquitetas desenvolveram um estudo do layout para

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o ambiente, delimitando as áreas e dimensionando os elementos. Com isso, o apartamento foi dividido em dois ambientes: a sala juntamente com a copa e espaço para estudo e o quarto. Esses dois ambientes estão separados por um painel com porta de correr, possibilitando ao mesmo tempo integração e isolamento das partes. O apartamento de 35 metros quadrados era mal aproveitado, escuro e parecia menor do que o real. Piso e móveis não favoreciam a amplitude do lugar, que precisou de uma verdadeira transformação. A segunda coisa a fazer foi definir o estilo que seria predominante no apartamento e


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Nos painéis da sala e da cama, as arquitetas usaram espelho – um curinga na arte de ampliar, clarear e sofisticar o ambiente. Outro elemento marcante do projeto é o vidro, presente na mesa de estudo e no revestimento da parede ao lado da copa, que recebeu uma película branca e foi cortado em pedaços. “Tivemos a preocupação de deixar o apart-hotel com um estilo atemporal, de modo que possa ser utilizado durante anos sem sair de moda”, ressaltou Lúcia Helena. Para corrigir o problema de iluminação, as arquitetas deram atenção especial a este ponto no projeto. Ela foi planejada para gerar cenas intimistas e tornar o ambiente mais agradável. Spots embutidos foram usados para a iluminação geral e pontos em LED para iluminação indireta, assim como pendentes, que criam cenários diversificados no ambiente. a decisão foi unânime: clean, mas com toques de ousadia. A busca do equilíbrio está presente nos tons neutros dos revestimentos e móveis planejados. Entretanto, cadeiras em acrílico e objetos de decoração na cor vermelha caíram como uma luva no ambiente. “Com a cor branca predominando em todo o apartamento, pretendíamos proporcionar ao hóspede paz, tranquilidade e bem-estar, além de deixar o ambiente mais amplo e harmonioso. E para fazer com que o ambientes ficasse imponente e elegante utilizamos a cor vermelha em alguns elementos decorativos”, explicou Karinny.

Atenção com os detalhes Para o piso, as arquitetas optaram pelo PVC no tom amadeirado claro, que dá um aspecto contínuo às paredes e sem interrupções. O mobiliário também foi escolhido minuciosamente. Na sala, o sofá-cama ganhou vez por ser um elemento versátil e confortável, além de compor o ambiente ao lado das cadeiras marcantes de acrílico. No quarto, os padrões laca branco e amadeirado dos móveis projetados garantem o aconchego da suíte. O papel de parede em tons pastéis se associa de maneira

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Antes harmônica com a cortina e o branco presente em todo o ambiente. As arquitetas explicam que a agilidade na entrega e execução dos móveis foi um fator determinante no projeto, já que sem isso o curto prazo de execução cairia por terra e o seu cliente seria prejudicado. “Tudo deveria ficar pronto na data, afinal o hóspede já tinha data marcada para chegar a João Pessoa e suas férias não poderiam ser comprometidas”, ressaltou Karinny. Com o resultado final, as férias desse e de outros hóspedes é sucesso garantido.

Arquitetas: Lúcia Helena Aires e Anny Karinny Lima ( Forma Arquitetura) Colaboradores: Isis Almeida e Raquel Lins

Texto: Larissa Claro Fotos: Diego Carneiro

Projeto: Ambientação de apart-hotel Móveis Planejados: Sobmedida Móveis Planejados Mobiliário: Design PP • Iluminação: B&M Iluminação Decoração: Bazaart • Granito: Oficina do Granito Cortina: Verona Decorações

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Prancheta

De bem com a natureza

Projeto propõe soluções ecologicamente corretas para uma casa de 300 m²

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sina caseira de compostagem de lixo orgânico, aquecimento de água por meio de painéis solares e captação de água da chuva para lavar áreas impermeabilizadas. Tudo isso parece ter saído de uma dessas feiras com soluções ecologicamente corretas apresentadas em telejornais. No entanto, um projeto da arquiteta Márcia Barreiros já prevê soluções como essa para uma casa de 300 m², localizada num condomínio fechado de João Pessoa. O desejo de ter uma casa sustentável partiu dos próprios moradores que, segundo a autora do projeto, são preocupados com as questões ambientais. “A primeira orientação que eu recebi foi de fazer um telhado generoso, com muita madeira.

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O pedido se justificou duplamente: primeiro porque eles gostavam do clima de fazenda e gostariam de resgatar a sombra gerada pela coberta desse tipo de construção; segundo porque um amigo do casal trabalhava com madeira de reflorestamento, que seria utilizado na construção. A ideia, portanto, sempre foi fazer a casa mais ecologicamente correta possível”, contou Márcia Barreiros. Além de um quê de sustentabilidade, também seria necessário valorizar a funcionalidade da casa. Um casal e três filhos ocuparão a residência e tudo deve estar sob medida para atender as necessidades do dia a dia e o lazer do final de semana. “A minha cliente não é aquela típica dona de casa e por isso não tem tempo para atividades domésticas. Dos


480m² do terreno, aproveitamos o suficiente para uma casa confortável no dia a dia e adequada aos momentos de lazer”, comentou a arquiteta. A residência foi dividida, então, em dois pavimentos. No térreo, integração nas salas de estar e jantar. Cozinha e terraço têm visão e acesso direto para a área da piscina, através de panos de vidro. “Esse material foi muito utilizado no projeto porque é de fácil acesso ao proprietário, já que esse é o seu ramo de atividade empresarial”, revelou Márcia. No mesmo pavimento também estão home theater, a área de serviço e dependência de empregada. O piso superior ficou reservado a área íntima da residência, com três suítes e um estar. “Observe as grandes varandas da fachada frontal que se voltam para o exterior, com visão para a praça do condomínio fechado e os brises na fachada oposta, que permitem que a casa tenha um clima confortável em qualquer hora do dia”, ressaltou. As laterais da fachada são marcadas pela estrutura de coberta com réguas de madeira, com o uso de pedra e porcelanato com textura de madeira. Nas esquadrias, a arquiteta optou por alumínio com acabamento que imita madeira e vidros bronze. “O conjunto garante a harmonia entre os materiais escolhidos e a atemporalidade do projeto mantémTexto: Larissa Claro Imagens: Diego Poshar

se aliada à sua funcionalidade”, analisou. Para fechar com chave de ouro, o amarelo da fachada complementa e realça os volumes, acentuando a leitura de uma tradicional casa brasileira.

Arquiteta: Márcia Barreiros Projeto: Residência Unifamiliar 53


Capa

Sede bem planejada Projeto da nova sede da loja Bontempo em João Pessoa seguiu novo conceito da franquia

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grife Bontempo é uma das mais conceituadas no ramo de móveis planejados do país. Com um conceito moderno, a franquia é admirada por muitas pessoas, tanto clientes quanto os próprios arquitetos, que incluem os produtos da

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loja em seus projetos. Imagine então o prazer que a arquiteta Íria Tavares Melo teve ao ser chamada para fazer o projeto de construção da nova sede da loja, que fica no bairro Jardim Oceania, em João Pessoa.


No primeiro bloco do acesso principal está localizado o setor de atendimento ao público, com recepção, estar, showroom, sala de apresentação de projetos e espaço para atendimento. A bateria de banheiros sociais interliga o bloco principal ao

segundo bloco, onde está a parte administrativa, formada pela diretoria, com banheiro e arquivo, almoxarifado, sala de projetos e sanitários exclusivo para funcionários, além do setor de serviço, onde ficam a cozinha e o depósito com

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vestiários para os funcionários deste setor. Complementando esse bloco, tem um espaço para uma futura cozinha gourmet e terraço lazer, possibilitando um prolongamento das atividades. A construção é simples com colunas e vigas de concreto pré-moldados, permitindo um amplo

A iluminação também tem destaque no projeto da loja. Ela é indireta complementada por luminárias embutidas, forro de gesso com sancas em linhas retas trazendo a modernidade e melhor mobilidade na disposição das peças, permitindo um melhor cenário, maior aconchego e um acabamento nobre onde se tem todos os elementos estruturais da coberta, vigas e telhas encobertos

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salão livre e coberta com telhas de fibrocimento facilitando e minimizando o tempo e o custo do processo construtivo. “Por ser uma empresa de renome em todo Brasil, o cliente tem alguns critérios a exigir como, por exemplo, seguir a nova linguagem e o conceito da franquia. O projeto


passou por uma análise do Studio Bontempo, equipe de profissionais da franqueadora, com critérios rigorosos, o que me fez aperfeiçoar cada vez mais a apresentação”, disse a arquiteta. No entanto, seguindo alguns critérios do conceito da empresa – como exuberância,

qualidade, sofisticação, luxo, elegância, novas tecnologias e modernidade – se investiu no estilo minimalista, com a ausência de amplas vitrines, que retrata o novo posicionamento – marca onde o essencial é trazer o cliente para o aconchego, as novidades e beleza do interior da loja.

A abertura da vitrine e portas em vidro incolor trouxeram iluminação e amplidão ao ambiente interno

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As aberturas com vidro incolor foram projetadas de modo a permitir a iluminação interna e marcar a horizontalidade da edificação. “Foi uma parceria de muita fluidez e crescimento”, segundo Íria. O projeto, por ocupar um lote com três frentes livres contribuiu bastante para se ter uma dimensão maior das fachadas. “O diferencial foi o uso de uma caixa fechada com ausência de amplas vitrines. Esta volumetria foi suavizada com alguns elementos que trazem leveza como o vidro nas aberturas e uma escada externa em estrutura metálica, piso em granito com degraus suspensos, com apenas dois apoios abaixo, e corrimão em vidro e inox. O jardim complementa e traz a natureza perfeita”, descreve a arquiteta.

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Estrutura física A distribuição espacial foi feita de forma a atender o programa pré-estabelecido numa estrutura física racional em que os setores que compõem a estrutura organizacional mantivessem sua autonomia e, assim, ficassem completamente interligados. Foram especificados produtos modernos, para transmitir o conceito minimalista da proposta, como, por exemplo: piso cimentício no tamanho 1x1m; pintura acrílica nas áreas externas e internas, que além de trazer praticidade e rapidez na execução da obra, é um material que se adequa facilmente a qualquer outro, como foi este caso; a pastilha de resina preta da caixa saliente da fachada, que entrou como destaque.

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Parceria que deu certo A definição do layout e a escolha dos materiais do showroom foram de inteira responsabilidade do Studio Bontempo. Uma parceria que, realmente, deu certo. “Estou muito feliz com o resultado deste projeto que fluiu muito bem desde o começo,

onde pude atingir os ideais do cliente. Tive toda assessoria da fábrica e da franquia Bontempo João Pessoa, junto com a arquiteta e franqueada Maíra Feitosa que acompanhou todos os passos da definição deste projeto”, disse Íria. Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro

Arquiteta: Íria Tavares Melo Colaboradora: Maíra Feitosa Projeto: Projeto comercial da Loja Bontempo-JP Nos lavabos, as paredes receberam papéis de parede e pastilha de resina preta de forma alternada, e o lavatório foi confeccionado em silestone

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Iluminação comercial

Luz e lazer Projeto de iluminação do hotel Hardman valoriza espaços destinados a diversão e relaxamento

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lanejado para “casar” com a proposta de reforma do Hardman Hotel, o projeto de iluminação da designer de interiores Babienn Veloso prima pela economia de energia, sem esquecer a beleza e funcionalidade que o uso da iluminação adequada pode proporcionar em cada ambiente.

O desejo da proprietária do hotel era que a reforma contemplasse os quesitos praticidade, economia e conforto, além de dar espaço para o belo. A tarefa repassada para o arquiteto Paulo Macedo, responsável pela reforma do empreendimento, foi estendida para o projeto de iluminação, já que para atingir esses objetivos era


necessário pensar também em como cada espaço seria iluminado. Três ambientes ganharam tratamento especial: a fachada, a área de lazer e a piscina. O LED (Diodo Emissor de Luz) foi utilizado em todos os locais onde havia a possibilidade de optar por esse recurso. “O LED é um recurso tecnológico

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que proporciona diversidade de aplicação, sinalização, iluminação de efeito e o melhor, baixíssimo consumo de energia e longa durabilidade, que, por consequência, reduz drasticamente a manutenção”, comenta Babienn. Os elementos naturais com tonalidade de cor âmbar foram realçados com o uso do Efectlight, que destaca e produz efeitos, tornando o ambiente de lazer extremamente agradável, permitindo que os usuários sintam-se à vontade para contemplar o espaço projetado pelo escritório do arquiteto Paulo Macedo.

O lobby ganhou uma iluminação mais adequada para o espaço. A iluminância definida para essas áreas gira entre 150, 200 e 300 lux, por isso o local tem maior índice de luminosidade quando comparado a área de lazer. Para potencializar a iluminação foram utilizadas luminárias de excelente acabamento, elevado desempenho para inúmeras aplicações e que incorporam em seu conjunto o design clean. Com o difusor em acrílico, específico para iluminação, a lâmpada “parte feia do sistema” fica escondida, sendo visível apenas o efeito da luz. O acrílico uniformiza

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a luz compensando a transmitância de 82% da luminosidade. Atendendo a exigência da proprietária, para a iluminação das varandas foram utilizados espetos de jardim com lâmpadas halógenas refletindo na parede preta causando o efeito up light (iluminação de baixo para cima) valorizando e proporcionando verticalidade à fachada que antes tinha iluminação chapada através de refletores. Na rampa e escada de acesso ao hotel também foi usado LED, como sinalização e orientação de degraus, iluminação de piso e balizamento. “Outra exigência foi a iluminação do mastro, onde teríamos que alcançar 6 metros de altura para iluminar, diz”. A Fibra Ótica, sistema de iluminação ecologicamente correto, também foi utilizada, com a aplicação do Endlight (Emissão de Luz Pontual) que

conduz a luz de uma extremidade à outra, com a menor perda neste percurso. Assim, com uma única fonte de iluminação, diversos pontos óticos podem ser iluminados, com a opção de mudança de cores com o efeito RGB que cria a luz com a cor que se deseja. “A iluminação representa um dos elementos mais importantes da arquitetura e da ambientação. Através dela, é proporcionada uma linguagem entre a arquitetura e o ser humano mexendo com seus sentimentos. E para obter um resultado satisfatório é importante que o projeto luminotécnico seja desenvolvido em parceria com o arquiteto desde a concepção do projeto arquitetônico e da ambientação, para que detalhes pensados pelo arquiteto ganhem vida através da luz na medida certa”, finaliza Babienn. Texto: Neide Donato Fotos: Cacio Murilo

Arquitetos: João Pedro Marazzo, Paulo Macedo e Vladimir Luksys Projeto: Arquitetura e reforma

Designer de Interiores: Babienn Veloso Projeto: Iluminação Iluminação: Ligth Design e Emporium da Luz

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Iluminação residencial

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Traços valorizados O projeto de iluminação ressalta a beleza das linhas retas e sóbrias da residência Elas estão lá, tão discretas que até parecem desnecessárias. Mas, não se engane: as luminárias instaladas estrategicamente na área do jardim e na entrada da residência são essenciais para iluminar e valorizar os traços retos e a fachada predominantemente branca da residência. O projeto luminotécnico desenvolvido pela lightdesigner Andréa Carolina, criado simultaneamente ao projeto da residência, pelas arquitetas Larissa Vinagre, Suellen Montenegro e Ísis Almeida, prioriza dois tipos de iluminação: a amarela e a branca. Os efeitos criados pelo uso dos diferentes tons de iluminação começam logo na entrada da residência. Os balizadores instalados no jardim demarcam o caminho de chegada a residência. O muro lateral recebeu luzes cujos fachos instalados de baixo para cima atraem o olhar.

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As arandelas da sala de estar proporcionam iluminação indireta e criam uma atmosfera intimista. Os móveis e as paredes em tons claros auxiliam no reflexo da luz e evitam que o ambiente pareça escuro. Com leitura circular, o espaço destinado para um drinque, ou uma conversa mais reservada, ganha uma luminária com design moderno e luz amarela direcionada para a mesa de centro em vidro e madeira. A luminária cumpre sua função e se destaca como objeto de decoração, deixando o ambiente ainda mais agradável. A sala de jantar integrada aproveita a iluminação do outro ambiente. Com móveis seguindo a mesma tendência dos tons da sala de estar, o espaço recebe a iluminação indireta vinda de dois pendentes instalados acima da mesa. Spots direcionados de cima para baixo valorizam a tela exposta em uma das paredes e dá um up à sala clean.

Texto: Neide Donato Fotos: Diego Carneiro

Light designer: Andrea Carolina Projeto: Iluminação

Arquitetas: Larrisa Vinagre, Suellen Montenegro e Ísis Almeida Projeto: Arquitetura e ambientação

Iluminação: Ligth Design e Emporium da Luz 71


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Design

O design como uma experiência Freddy van Camp, um dos maiores especialistas na área no Brasil, fala sobre a evolução desse conceito e mostra um novo projeto: o Softstar

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s leigos ainda podem pensar que o termo “design” se refira ainda a aspectos meramente estéticos. É muito mais do que isso, garante Freddy van Camp, um dos maiores especialista, na área no Brasil, que esteve em João Pessoa em dezembro para apresentar uma palestra para o curso de Design da UFPB. “Design, hoje, é um elemento cultural estratégico”, disse ele. “Alguns países têm pessoas em nível de ministério cuidando dessa área”. O conceito de design se expandiu do visual de um produto para, bem, um conceito desse mesmo produto. “Design é uma qualidade, antes de mais nada”, explica Van Camp. “Ele deve atender a todas as necessidades de seu cliente: funcionalidade, economia, status...”. E, para ele,

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o design brasileiro já encontra lugar entre os melhores do mundo. “O design brasileiro hoje já tem uma história, uma repercussão internacional”, conta. “Brasil é o maior premiado do prêmio IF, em Hannover, que é o Oscar do design. Nosso design é eficiente, bom e não agride o meio ambiente”. Alguns setores, em especial, dão importância ainda maior ao design: é o caso das multinacionais em geral e das montadoras e fabricantes de produtos eletrônicos e de eletrodomésticos. “A Volks tem um concurso de design há mais de dez anos”, informa. Mas é um pensamento ainda em evolução e esse conceito de design não chegou a todos, ainda. “Ainda há alguns problemas com empresas de capital nacional e com a classe política”, afirma Van Camp. “A linha de frente no mundo esteve nos últimos anos com japoneses, depois coreanos, e hoje com os chineses”. Design virou até mesmo item de exportação. “Em vez de o país exportar café, exporta design”, ensina ele. “A Alemanha não produz café como nós, mas exporta a marca, a embalagem”. Isso tem uma explicação. “Hoje, design é uma experiência”, continua. “Você vai ao Starbucks, e estar lá é uma experiência. O ambiente, o atendimento, os produtos. Você paga direitos por isso: é o valor agregado ao produto, valor imaterial”.


Usar do design como item estratégico de governo, mesmo aquém das possibilidades, parece ser uma filosofia em evolução no Brasil. “O MinC acaba de incluir o design entre seus itens de interesse”, lembra Van Camp. “O ministério entendeu que design entra na cadeia produtiva da cultura”. No curso de Design, que, na UFPB, está sediado no campus de Rio Tinto, os alunos aprendem como conhecer o público-alvo com o qual trabalharão. “Design é a incorporificação de uma ideia para atender o usuário. Tem que conhecer esse usuário”, explica Freddy van Camp. “Tem que entender de ergonomia, percepção, cultura”. As empresas multinacionais possuem centros de design sediados no Brasil, pensando os produtos para os brasileiros, como a Electrolux e a Nike. “O design europeu ou americano às vezes não são adequados

para nossas necessidades”, diz o designer. “As multinacionais descobriram o design descentralizado nos anos 1990. Hoje, a competitividade é muito grande. Chegar mais próximo do usuário é ditar o mercado”. Van Camp começou sua carreira na área nos anos 1960. Formou-se na terceira turma de Design do Brasil. “Hoje, há mais cursos de Design que de Arquitetura”, diz. O primeiro emprego foi na Consul, em Joinville (SC), em 1965, onde foi fundador do departamento de design. Uma criação recente dele, que ainda nem chegou ao mercado, é o Softstar, um sofá norteado pela ideia de unir entretenimento e informática. Um dos braços do sofá é planejado para ter um suporte onde é possível apoiar o netbook, por exemplo, e plugá-lo. O projeto inclui eletrificação embutida e luminária individual. “È uma tendência inexorável”, afima Van Camp. “Logo vamos precisar ter mesas de jantar com tomada. Essa foi uma tentativa de antecipar uma necessidade que já está batendo na nossa porta”. O Softstar pode ser adaptado para vários modelos de assentos, como poltronas simples e giratória – o cliente pode muito bem montar o sofá que deseja. Não é necessariamente uma estação de trabalho no sofá, mas serve muito bem para isso. A empresa que contratou Freddy Van Camp para o design do projeto é de Brasília e já´produziu um protótipo: o produto deve chegar ao mercado ainda em 2011.

Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

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Especial

Descobrindo a cidade

Os habitantes conhecem cada vez menos as próprias cidades

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urpreende o número de pessoas no nosso país que quase nada sabem a respeito das suas próprias cidades. De carro ou em transporte coletivo, percorrem diariamente o mesmo itinerário, de casa para o trabalho ou para o local de estudo, sem que quase sejam particularmente despertadas ou atraídas por algum detalhe em especial. Não frequentam os poucos museus, galerias de arte, teatros ou instituições culturais, quando existentes. Os monumentos públicos são olhados com indiferença. Não exploram, a pé, as áreas menos contempladas pela aceitação coletiva, onde, em muitos casos, se encontram marcas do passado que diferenciam cada lugar. Os rios ou córregos, se ao alcance da visão, não lhes causam maior emoção. São incapazes de informar o nome das ruas circunvizinhas àquela em que moram ou mesmo desconhecem quem emprestou o nome à sua própria. É bem verdade que, em alguns casos, esta última atitude é perfeitamente compreensível. Na

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essência, falta o hábito de lidar e consumir cultura, uma prova da fragilidade e imperfeição do nosso modelo educacional. Como poderão amar sua cidade se a desconhecem? Não havendo essa relação de afeto e comprometimento, o sentido de preservação da coisa pública se deteriora, dando margem, em alguns casos, a atos de vandalismo. Inexiste, portanto, o imprescindível o engajamento coletivo em favor da própria cidade. Por extensão, os turistas e visitantes não terão por parte dos habitantes a informação precisa, a reciprocidade desejado. Enfrentar esse desafio e resolvê-lo exigirá eficiência administrativa, estratégica continuada e tempo. Habitualmente, os pais não introduzem uma mudança de atitude junto aos filhos, no sentido de instruí-los, porque também assim foram (des)educados. As escolas, por sua vez, não incluem nos currículos essa preocupação, e o governo não faz suficientemente sua parte.


Na contramão dessa tendência, aqui e ali, gente do povo ensina-nos muitas vezes lições edificantes. Por exemplo: em um dos bairros periféricos de João Pessoa, os moradores decidiram espontaneamente designar suas ruas com nomes de artistas da velha guarda da musica popular brasileira, como Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Noel Rosa e outros, numa clara manifestação de repúdio à ausência de melhores critérios, por parte dos vereadores, na hora da escolha dos nomes para ruas e logradouros públicos. Ou aquelas criaturas que, mesmo não possuindo automóveis, anonimamente sinalizam, com galhos de arvores, grandes buracos no asfalto ou “goelas de lobo” sem tampa, precedendo, em semanas ou meses, a prefeitura e secretarias, nas ações administrativas corretivas. As observações assinaladas no início deste artigo e encontradas em todas as camadas da sociedade levam à conclusão de que, para

consolidar o turismo pessoense, é preciso atrair cadeias de hotéis, criar uma escola de hotelaria, modernizar o aeroporto, construir o centro de convenções e outras ações paralelas, mas também, e com a mesma ênfase, fazer com que a população conheça melhor sua cidade e com ela se envolva. Por onde começar? Universalizar o acesso à educação de qualidade (em tempo integral) e à informação ininterrupta é o único caminho eficaz e sem substituto. Caminho que levará a outros. Nesse sentido, aos poucos o povo vem percebendo que não reside apenas na insuficiência de verbas o impedimento maior para se conseguir esse objetivo.

Texto: Manoel Jaime Xavier Filho (Colaborador) Fotos: Divulgação

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Reportagem

Em transição

A criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo abre novas perspectivas para o mercado

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palavra de ordem para profissionais de arquitetura e urbanismo de todo o Brasil é: transição. Com a criação do Conselho Nacional de Arquitetura e Urbanismo (CAU), no finalzinho de dezembro do ano passado, a categoria se prepara agora para traçar rumos muito mais independentes. Desvinculados do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e dos Creas (conselhos estaduais de engenharia, arquitetura e agronomia), os profissionais poderão defender suas próprias bandeiras, como, por exemplo, a função artística que cada obra pode ter.

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Apesar de criado, o CAU ainda está em fase de implantação e arquitetos e urbanistas continuam subordinados ao Confea e aos Creas, até a confecção das carteiras do CAU, ou até o dia 31 de dezembro. Segundo Fábio Queiroz, presidente do Sindicato dos Arquitetos do Estado da Paraíba, assim que a estrutura física e funcional estiverem ajustadas o Conselho começará a funcionar. “Estamos nos reunindo a nível nacional para unificarmos as ações sobre eleições e posse nos estados e Distrito Federal. Quando acontecerem as eleições todos os arquitetos serão ‘obrigados’ a


votar em nove conselheiros estaduais e um federal, e os estaduais indiretamente votarão no presidente do CAU-PB. Da mesma forma os federais (27) votarão no presidente do CAU-BR”, adianta Fábio. Fábio Queiroz disse que a notícia foi recebida com muito entusiasmo pela categoria, que lutava por essa independência há mais de meio século. “Para nós essa mudança é considerada melhor para os dois lados. Como os arquitetos poderão ter uma fiscalização mais eficiente, os projetos deverão ser melhor elaborados. Isso poderá ser revertido em reconhecimento dos clientes e consequentemente os arquitetos poderão ser mais bem remunerados”, argumenta.

Texto: Neide Donato Imagens: Divulgação

O que muda com a lei 12.378/ 2010: - O arquiteto e urbanista deverá ter registro profissional no CAU de seu estado. Esse registro permitirá sua atuação em todo o país. - Arquitetos terão regulamentação própria, totalmente desvinculada da regulamentação profissional de engenheiros. - Programado para começar a funcionar em 2012, o CAU será o órgão responsável pela atribuição e fiscalização dos profissionais arquitetos.

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Acervo

Comércio neoclássico Prédio da Associação Comercial da Paraíba foi palco de importantes decisões políticas

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naugurado no princípio da década de 1920, o prédio da Associação Comercial da Paraíba é um dos exemplos mais pungentes do estilo neoclássico de arquitetura em todo o estado. Palco de importantes decisões políticas do início e meados do século 20, o prédio teve o projeto idealizado pelo italiano Hermenegildo Di Lascio, considerado por estudiosos como o mais proeminente arquiteto da época na Paraíba.

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A obra, que foi iniciada em 1923 e concluída dois anos depois, é um marco do Centro Histórico de João Pessoa e faz parte dos limites arquitetônicos da cidade no século 19. A estrutura é um edifício de dois pavimentos, com um porão em adição, e conta, no projeto original, na frente da construção, com duas dependências ladeando uma escadaria, destinados ao comércio.


Uma grande parte da estrutura é em alvenaria, com o tijolo maciço prensado, com argamassa feita com cal, areia e barro. Nesta época as paredes eram muito mais grossas e chegavam a ter dimensões de 50 a 60cm de largura. Dentre os pontos mais marcantes da construção está a fachada, com destaque para a escada de entrada, feita em mármore, e as espessas colunas. O piso do térreo, todo em mosaico feito em ladrilho hidráulico, se caracteriza como um exemplo da arquitetura do período.

O arquiteto Mário Di Lascio, filho do responsável pelo projeto, destaca que a influência para elaboração da Associação parte de uma arquitetura descendente do movimento neoclássico francês do século 19. “Meu pai formou-se em Buenos Aires no início do século 20 e muito do que aprendeu teve base no conhecimento do século anterior. Uma prova maior desta influência é composição da fachada, representativa do século 19, com pilastras e escada”, enfatiza o arquiteto.

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Mário também ressalta a forte presença de dobradiças largas e grandes folhas de ferro e latão que faziam a sustentação das portas e janelas, bem como as travas que colocavam atrás das portas para auxiliar no fechamento, como características deste período. “O madeiramento da coberta era todo em pau amarelo e acapu, um material de cor escura. Todos estes eram recursos utilizados de forma muito comum naquela época”, destaca. O historiador José Octávio de Arruda Melo assinala que a construção da sede da Associação Comercial decorre da importância e influência política que o setor ocupou na administração desde sua fundação, em 1874. Com a criação da associação, iniciou-se o processo de crescimento ordenado do comércio, indústria e agricultura paraibana. “No

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período, toda a cidade é reformulada pelos italianos e o principal deles é o ítalo-argentino Hermenegildo Di Lascio, cuja firma Cunha Di Lascio construiu a Associação Comercial”, afirma. Desde 1987 a Associação Comercial do Estado da Paraíba é um dos prédios que integra o Centro Histórico de João Pessoa no Programa de Preservação do Patrimônio Cultural da IberoAmérica, mantido pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECI), firmado entre os governos espanhol e brasileiro, em parceria com as administrações estadual e municipal.

Texto: Alex Lacerda Fotos: M.B.


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Arquitetura e arte

O jeito de Chicago Filmado boa parte em locação, Os Intocáveis revela a beleza da arquitetura da cidade nos anos 1930

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mundo dos gangsters e a cidade de Chicago estão intimamente ligados no imaginário popular. E em um período de tempo muito específico: a década de 1930. Por isso, um filme

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como Os Intocáveis (1987) precisa ter atenção a uma série de aspectos referentes à fidelidade histórica, equilibrando isso com a outra função da arquitetura enquanto direção de arte em um filme: ajudar a produção a comunicar-se com o público. Dirigido por Brian de Palma e um dos grandes sucessos daquele ano, o filme teve nesse quesito um acerto que contribuiu muito para sua qualidade geral. O arquiteto Thiago Alcântara explica que a arquitetura da Chicago dos anos 1930 tinha uma diversificação do movimento moderno, apresentando elementos também do art décor


A South La Salle Street é um dos cenários principais do filme

A Union Station, com sua escadaria e colunas, reflete o estilo neoclássico

e de um revival do neoclassicismo – existe até mesmo, na arquitetura, uma “escola de Chicago”. São várias as cenas com planos gerais de ruas (como a South La Salle Street, que aparece no pôster e no encerramento do filme) ou dando atenção aos interiores. Vários prédios da época que ainda existem e cujas fachadas são preservadas foram usados como locações. É o caso do Chicago Tribune, um projeto do alemão Walter Gropius. “Ele fez parte da Escola Bauhaus, em Berlim”, conta Alcântara. “E ele levou alguns ensinamentos de lá para a Chicago dos anos 1930, como o não cumprimento da algumas linhas da arquitetura moderna, sem grandes aberturas e o uso de janelas pequenas”. Ele também identificou o mix de decoração nas residências que aparecem no filme, como a casa de Elliot Ness (Kevin Costner), o agente do Tesouro

que chega a Chicago para enfrentar a criminalidade e o comércio ilegal de bebida comandados por Al Capone (Robert De Niro) e, para isso, precisa recrutar três policiais tão incorruptíveis quanto ele (Sean Connery, Andy Garcia e Charles Martin Smith). “Tem papel de parede na cozinha!”, exclama. “As pessoas tinham essa preocupação”. Thiago Alcântara aponta também a escolha na paleta de cores. “As cortes são contidas. Às vezes aparece um vermelho, mas em geral fica em tons de cinza e marrom”, diz ele. A ambientação também é usada para reforçar a personalidade e origem dos personagens. “Os ambientes são bem definidos em termos de classes sociais”, completa. “Existe um preciosismo de detalhes em todos eles, no entanto”. Um exemplo, certamente, é o apartamento de Malone (Sean Connery, que ganhou o Oscar de ator coadjuvante pelo papel), repleto de detalhes.

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Interior da Our Lady of Sorrows Church, onde acontece o pacto de sangue

Várias cenas de Os Intocáveis foram filmadas em locação. Na South La Salle Street, o Rookery Building serviu como a sede da polícia. Construído em 1886, seu interior foi remodelado em 1907 por Frank Lloyd Wright. Na mesma rua fica o City National Bank and Trust Company Building, que, no filme, é o prédio dos Correios, onde o grupo dá sua primeira batida com sucesso em busca da bebida ilegal. As colunas na fachada mostram o aspecto neoclássico bem presente. A Roosevelt University, na South Michigan Avenue, se tornou o Lexington Hotel, onde Capone é hospedado – sua marca principal são os arcos na fachada. O interior do hotel combina cenas da Roosevelt com outras do Chicago Theater (que fica na North State Street). A fachada da casa de Ness,

de tesouro aparente, também é uma locação: a casa verdadeira fica na 22nd Place. Em uma das cenas mais marcantes, Ness e Malone fazem um pacto de sangue dentro de uma igreja: é a Our Lady of Sorrows Church, no West Jackson Boulevard. É lá que Malone diz uma das frases mais lembradas do filme: “Eles puxam uma faca, você puxa uma arma. Eles mandam um dos seus para o hospital, você manda um dos deles para o necrotério. Este é o jeito de Chicago”. As colunas neoclássicas e grandes espaços voltam a aparecer na sequência mais famosa do filme: a cena da estação de trem que usa a escadaria para citar o clássico do cinema soviético O Encouraçado Potemkin (1925). A estação existe mesmo: é a Union Station, inaugurada em 1925, e construída a partir de um projeto de Daniel Burnham, que morava em Chicago e morreu antes da construção ser completada – o trabalho de design foi concluído pela firma Graham, Anderson, Probst and White. A Union Station foi usada como cenário em vários filmes, como Golpe de Mestre (1973) e O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997). Parece ter nascido para ser estrela de cinema, como a própria cidade de Chicago. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

FICHA: Os Intocáveis (The Untouchables). Estados Unidos, 1987. Direção: Brian de Palma. Elenco: Kevin Costner, Sean Connery, Robert De Niro, Andy Garcia, Charles Martin Smith. Disponível em DVD no Brasil. Interior da Roosevelt Universiy se tornou o Lexington Hotel, onde Ness e Malone tentam encarar Al Capone


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Outras áreas

O regional que ultrapassou fronteiras À frente do Mangai, Leneide Tavares transformou um restaurante em um ponto turístico

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uem visita a Paraíba tem alguns compromissos que deve cumprir obrigatoriamente: visitar o Farol do Cabo Branco, ver o Pôr do Sol na praia do Jacaré e fazer pelo menos uma refeição no Restaurante Mangai. Sem medo de cometer nenhum exagero, o Mangai já se transformou num ponto turístico “extraoficial” do nosso estado. É lá onde são encontradas de forma deliciosa algumas das principais iguarias da culinária nordestina. Uma história que começou de forma bem rústica há mais de 20 anos com um paraibana corajosa: Leneide Maia Tavares, mais conhecida como “Parêa”. Foi Leneide quem começou a comercializar seus produtos num empreendimento que surgiu bem pequeno, funcionando apenas como uma bodega do sertão aqui na capital paraibana. A ideia era transformar o pequeno ambiente em uma “feira de mangaio”, uma expressão bem popular para as feiras do interior que têm de tudo um pouco. Mas aos poucos ela foi percebendo que os visitantes não se interessavam apenas pelos produtos regionais, mas que já havia uma procura considerável por alimentos desse local. Foi assim que começou a comercialização de tapiocas, carne de sol na manteiga, macaxeira e rubacão. Além de ter uma visão de negócio muito forte, Leneide também tem um amor enorme pela família, com quem fez questão de envolver em todo o projeto do trabalho. “A empresa surgiu com todos dentro do negócio. Aprendemos e ainda estamos aprendendo juntos. Cada um se especializou em uma área, o que de certo forma, deixa as coisas mais claras e cada um tem sua responsabilidade”, afirma de forma categórica a empresária, de 55 anos. Lorena cuida da parte comercial, Ednaldo Filho, da financeira, e Luciana, da produção. Tudo isso sem esquecer o apoio do braço direito de Leneide, o marido Edinaldo. A rotina de trabalho é dividida em: estudo

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Mangai Brasília

de novos negócios e visita em todas as unidades já existentes, o que garante ser fundamental para manter a qualidade do serviço prestado. Quem chega lá tem não apenas a comida regional, mas para cada lado que se olha é possível perceber os traços do interior. Mesas e bancos em madeira, como nas casas de fazenda, funcionários


vestidos a caráter, música ambiente... Tudo lembra as cidades interioranas no que de melhor elas têm. Até mesmo a receptividade, qualidade que a “Parêa” faz questão de manter. “Adoro ter esse contato com os clientes. Me dá muita satisfação recebê-los”, explica a empresária. Depois de tantos anos contribuindo para sedimentar o turismo na Paraíba, o Mangai se expandiu. Há 11 anos ele também está em Natal, no Rio Grande do Norte e, mais recentemente, em Brasília, no Distrito Federal. Mas manter as características regionais é uma das prioridades para o empreendimento. “Sempre nos preocupamos em manter nossas raízes, deixando bem claro que o Mangai nasceu aqui na Paraíba e por isso vamos levar essa referência para onde nós formos”, ressaltou Leneide. Com tudo isso, a empresária reforça o conceito de que trabalhar em família tem grandes compensações. “Acreditamos muito na união, no respeito e admiração. Sabemos que juntos somos mais fortes, pois cada um contribui de uma maneira e no final o resultado é mais proveitoso”, finalizou .

bonito com uma comida ruim não adianta de nada. Da mesma forma que uma boa comida num ambiente desarrumado também não funciona. Por isso temos tanta preocupação em unir esses dois aspectos. E nosso esforço vem dando certo”, disse Leneide.

Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação

Ambientação diferenciada A ambientação dos restaurantes Mangai são uma referência. É como se cada objeto, cada detalhe, tivesse uma razão de ser para estar lá. “No inicio não havia uma planejamento específico para decoração, pois juntávamos tudo que encontrávamos no interior da Paraíba, principalmente nas viagens de minha mãe ao município de Catolé do Rocha, nossa terra, onde ela garimpava até o que encontrava na beira da estrada e trazia para acrescentar ao nosso ambiente. Não havia uma projeto específico, por isso crescíamos sempre intuitivamente”, disse Luciana Maia, filha de Leneide e que segue direitinho o estilo de bem receber tão característico da mãe. Seguindo essa tendência, o Mangai ainda hoje, apesar de ter crescido, mudado sua arquitetura inicial, permanece com algumas peças decorativas desde o tempo da abertura, como explica a própria Luciana: “De sua estrutura inicial tentamos manter ‘viva’ a parede antiga da bodega (hoje dentro da área climatizada), com tijolos vindos naquela época (há 20 anos) da fazenda da minha avó”. Atualmente, o restaurante vem se destacando em guias especializados, como o da Veja (foi o vencedor pelo segundo ano consecutivo na categoria Cozinha Brasileira) e o Quatro Rodas. “João Pessoa cresceu e o Mangai cresceu junto. O turismo local aumentou e a nossa responsabilidade também”, enfatiza a diretora. E o objetivo maior de todos que fazem o Mangai ser referência no setor é justamente esse: fazer com que cada visitante se sinta em casa. “Um lugar

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Expressão Nacional

Mil homens em um Braulio Tavares é poeta, compositor, músico, roteirista de cinema e TV, dramaturgo, pesquisador de ficção científica...

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raulio Tavares é quase um faz-tudo na área da cultura. É, por exemplo, compositor, tendo, várias parcerias com nomes como Lenine (“Lavadeira do rio”; “Na pressão”). É, também, intérprete. Cantando sua “Meu nome é Trupizupe”, ele venceu um festival de música na cidade de Avaré, em São Paulo, no qual o amigo Lenine ficou em 3º lugar. É roteirista, co-assinando a minissérie A Pedra do Reino, por exemplo, e o filme Besouro. A abrangência de temas que domina permite que escreva de livros de não ficção tanto sobre Ariano Suassuna (ABC de Ariano Suassuna) quanto sobre ficção científica (O que É Ficção Científica) e pode ser observado na coluna que escreve diariamente no Jornal da Paraíba.

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Paraibano de Campina Grande, nascido em 1950, é também poeta. Talvez seja até a primeira das suas “identidades”, tendo em vista que, junto com a irmã Clotilde, aprendeu as regras de métrica com o pai e ler poesias era hábito na casa. Daí para o interesse por poetas como Drummond e, daí, para a poesia popular nordestina, foi pulo. Publicou um folheto de cordel próprio e coletâneas que usavam o formato e participou da organização do Congresso Nacional de Violeiros, em Campina, nos anos 1970. Esse lado avançou para a música. Já foi gravado por Elba Ramalho, Fátima Guedes, Zé Ramalho, Skank, Jorge Vercilo, MPB4 e até a americana Dionne Warwick – além de, claro, Lenine. Também tem parcerias com Fuba e com Antônio Nóbrega –um de seus projetos, a propósito, é um roteiro baseado nas peças de Nóbrega, para ser filmado por Walter Carvalho. Como compositor, uma de suas obras primordiais é “Nordeste independente”, um verdadeiro hino dedicado a levantar de forma bem-humorada a autoestima do nordestino – vítima de tantos

preconceitos nas regiões Sudeste e Sul do país. Ele também reuniu sua produção no estilo verso de martelo no livro Os Martelos de Trupizupe, cujos temas são mais um exemplo da versatilidade do olhar de Braulio sobre o mundo. Assim, da cultura popular nordestina, seu universo se expande ao rock (foi guitarrista) e aos escritores de ficção científica que conseguem falar de questões humanas atuais em meio ao futurismo ou assuntos tecnológicos. Escreve um romance do gênero que está a ser concluído ao mesmo tempo em que um sobre cantoria de viola já está pronto. Já publicados são cerca de 15 livros dos mais variados estilos e assuntos, por editoras maiores e menores. Há vários Braulios Tavares para vários tipos de público – ou um tipo de público tão plural quanto ele.

Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação


A história de...

Filtrando o olhar

As venezianas surgiram para reduzir a luz e aumentar a privacidade

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rivacidade e conforto. Estes são os dois elementos que têm baseado o uso das venezianas desde sua origem como as conhecemos, em meados do século 18. No entanto, estes sofisticados elementos de proteção solar, que filtram a luz sem impedir a entrada da ventilação, possuem uma forte relação com os muxarabis, elementos da arquitetura islâmica, trançados de madeira que, além da proteção solar, tinham a função de proteger a imagem das mulheres islâmicas dos olhares externos, possibilitando que estas pudessem observar o exterior sem serem vistas. Há o registro de patentes de venezianas tiradas na Inglaterra por Gowin Knight, em 1760, e

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Edward Beran, em 1769, mas as venezianas eram utilizadas muito antes disso pelos franceses. No final do século 19 e início do século 20, as venezianas foram amplamente adotadas nos edifícios de escritórios para regular a luz e o ar. A arquiteta Amélia Panet, no entanto, destaca a relação entre as venezianas com os princípios de elemento vazado dos antigos muxarabis, um recurso que data do século 12. “Os muxarabis são elementos da arquitetura árabe que empregam treliças de madeira, permitindo a ventilação e iluminação, ao mesmo tempo fornecendo privacidade do interior do ambiente e a visão do exterior”, explica Amélia. “Esses elementos foram bastante difundidos na nossa arquitetura colonial até o século 19. Era


muito comum encontrar muxarabis ou venezianas em sacadas e janelas dos sobrados brasileiros construídos nesse período”, complementa. A veneziana sobreviveu à arquitetura moderna, intensificando o seu uso e aprimorando sua função, tornando-se, entre outros usos, móveis. “A arquitetura moderna, além do uso da veneziana,

adotou os brises-soleil, que nada mais são do que grandes venezianas de diversos materiais, como madeira, concreto, alumínio, PVC, ou outro material apropriado para o exterior”, ressalta a arquiteta. Hoje existe uma gama considerável de opções em formatos e materiais, tanto para as venezianas quanto para os brises-soleil. “Infelizmente, com a verticalização das cidades, as venezianas não foram adotadas nas esquadrias dos edifícios, principalmente brasileiros, e perdemos muito no quesito conforto ambiental. Geralmente as esquadrias dos edifícios são em vidro, e poucos possuem a opção basculante, uma derivação da veneziana”, argumenta Panet. Atualmente, percebe-se uma procura maior pelos brises-soleil em edifícios verticais, mas ainda sem que possa ser considerado como um uso intenso. “No Brasil, o uso de elementos de proteção solar, sejam eles venezianas, muxarabis ou brisessoleil, são bastante adequados, principalmente nas regiões de clima quente, por permitirem a circulação do ar e filtragem da luz solar”, enfatiza a arquiteta.

Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação

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Materiais

Espelho meu

Com tantas utilidades, o uso do espelho é praticamente indispensável nos projetos de decoração

“E

spelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?”. A frase repetida dezenas de vezes pela madrasta de Branca de Neve, no conto infantil compilado pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, mostra apenas um dos usos que o espelho pode ter, que é revelar a beleza de quem se olha. Essa peça cuja data

94 Projeto da arquiteta Valéria Simões


Projeto das arquitetas Mariana Santos e Manuelle Oliveira

da invenção não se sabe ao certo – o que a história conta é que já se conhecia a técnica no Egito antigo, 3 mil anos antes de Cristo – atravessou o tempo e foi ganhando novos usos além de refletir as imagens.

Na decoração, o espelho é usado principalmente como recurso para ampliar espaços e criar efeitos nos ambientes. Segundo o decorador Alain Moscowickz não há contraindicações para o uso. “Todos os ambientes podem ganhar um toque de espelho na decoração. Eu, particularmente gosto de utilizar os de bronze e fumê nas salas de estar e jantar pois eles criam uma aura aconchegante nas áreas”, comenta. Nos espaços pequenos, eles servem para passar a sensação de amplitude, já nas áreas generosas os espelhos são utilizados como recurso para valorizar um canto ou criar efeitos nas paredes, isso porque o material permite cortes diversificados. Os espelhos também têm sido muito usados como revestimento de mesas de canto e de centro dando um toque moderno aos ambientes e valorizado as peças expostas. Nos banheiros e quartos, o uso mais comum é o funcional e o de prata tem a predominância, com o detalhe de que o mais indicado é usá-lo acima da cabeceira da cama, para evitar a visão direta. “Evito utilizar espelhos de prata em frente à cama, porque não acho que se ver ao acordar seja uma visão agradável”, argumenta Alain. Nesse caso, a resposta do espelho à pergunta da madrasta não seria nem um pouco agradável. Texto: Neide Donato Fotos: Diego Carneiro

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Viagem de arquiteto

Natureza e arte em Inhotim Instituto na cidade mineira de Brumadinho é duplamente prazeroso de visitar

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Instituto Inhotim fica em Brumadinho, a aproximadamente 60 km de Belo Horizonte, Minas Gerais, em uma área de 97 hectares. É um local que conseguiu reunir um dos principais acervos de arte contemporânea do mundo numa reserva florestal onde se pode apreciar um dos maiores acervos de espécies vegetais do Brasil.

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Pode-se contemplar obras de artes a céu aberto, mas também em galerias dispostas ao longo do grande jardim botânico permeado por cinco lagos ornamentais. Desde seu surgimento no cenário das artes,esta instituição tem possibilitado o acesso das pessoas a um acervo de obras de excelência internacional.


A relação arte e paisagem possibilita ao artista e ao publico em geral uma experiência única . Um acervo de cerca de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional complementa-se com coleções botânicas com destaque para as palmeiras com um acervo superior a 1300 espécies.Sem contar a diversidade de Aráceas e das orquídeas de tirar o fôlego.

A tipologia arquitetônica das galerias é diversificada e construída sob medidas para alguns artistas, entre eles Adriana Varejão cujo projeto ficou a cargo do arquiteto Rodrigo Cerviño Lopez. A construção em estilo minimalista e formato de paralelepípedo parece levitar em umas das faces e abriga umas de suas obras mais expressivas e instigantes.

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Em “Sound Pavilion” (2009), Doug Aitken reproduz em tempo real o som do interior da Terra em um pavilhão circulação e fechamento em vidro. No centro deste pavilhão foi feito um furo no solo de 200 metros de profundidade e onde foram instalados microfones de alta sensibilidade que captam diferentes frequências de som. Os sons da Terra são amplificados e perceptíveis aos visitantes. Se preferir as visitas podem ser programadas com orientação gratuita e em rotas especificas são disponibilizados carrinhos elétricos. A pulseira que dá

acesso a este serviço pode ser adquirida na recepção ou nas lanchonetes e restaurante do Instituto. O Instituto Inhotim tem promovido ainda projetos sociais, educacionais e culturais com a comunidade de seu entorno num tipo de inclusão social que privilegia os jovens. Em Inhotim o visitante tem diante de si inúmeras possibilidades de experimentar diferentes sensações porque a aqui é permitido definir seu próprio caminho dentro deste espaço deslumbrante e de beleza singular. Texto e fotos: Adjalmir Rocha

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Estilo de Vida

Realizações emocionais e profissionais

C

arla Gayoso, paraibana, natural de Campina Grande. Decidiu que queria fazer medicina ainda na quarta série primária. Filha de médico, mas afirma que não foi isso que influenciou na escolha da profissão. “ Escolhi a medicina porque sempre quis lidar com pessoas, isso me realiza. A escolha pela especialidade da dermatologia, veio bem depois, pelo apoio dos professores na época da faculdade em São Paulo”, afirma. Casada, mãe de duas meninas, se divide ao longo do dia em múltiplas ‘Carlas’, talvez por isso ela se defina como inquieta, agitada mas sensata, mesmo sem pensar em seguir uma vida acadêmica, fez mestrado e doutorado. “ Gosto de resultados rápidos, sou muito prática, tenho a necessidade de estar sempre me superando” conclui.

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“Minhas inspirações na vida: Papai, pela capacidade que ele tinha de se dar e tratar bem todas as pessoas, independente da condição social. Ele sempre me mostrou que todos são iguais. Meu avô, pela honestidade e minha mãe, pela delicadeza, ela sempre me diz que a gentileza cabe em qualquer lugar e em qualquer ocasião”


1 Livros:

tica, ito eclé u m u o udo, s ndo A ”Leio t nte estou le a de e iografi atualm uerra e a B tinuo n o c as aG Arte d tancourt, m os da h Be Ingrid o de quadrin xemplo” d r n a po e gosta Mônic a d a turm

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4 Saúde:

5 Viajar::

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“Sempre ac importân reditei na cia do es porte, m não gosto as de nada o corpo, que agri d que arris que a vid a Procuro a. também alimento saudáve s is para m inha dieta ”

6 Casa:

“O melhor de tudo é sempre voltar pra casa”

7 Rede:

tenho hego, dos c n o c o o de a icamente t “Gost t a r mp a” rede e dos da cas o m ô c os

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“ Nada é só aqui, ao mesmo tempo, tudo pode ser só aqui. A gente tem que viver a vida como se ela fosse única, para que a gente só dê importância ao necessário”

9 Siesta:

“30 minutos diários faz bem a tudo”

“Não te gião: nh que as p o religião, acho essoas tê mais so lidárias, m que ser faze amar ao próximo r o bem, ”

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Painel

Inauguração da nova loja Bontempo-JP A Bontempo Móveis Planejados sempre mostrando qualidade e consolidada há mais de uma década em João Pessoa apresentou no dia 24 de fevereiro o seu mais novo espaço. O casal de empresários André Bezerra e Maíra Feitosa, reuniu mais de 200 convidados, entre profissionais da área de arquitetura, design e clientes para apresentar seu novo endereço à rua Professora Severina de Souza Souto, no Jardim Oceania.

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Painel

Premiação Arqdesign-PB NAU - Foi nessa embarcação da gastronomia paraibana que a ARQDESIGN–PB escolheu para acolher e premiar uma tripulação muito especial: arquitetos, decoradores e designers. E para comandar essa noite foi convidada a estrela paraibana Renata Arruda que fez o evento ainda mais especial. PREMIADOS: Sandra Moura, Gilvane Bittencourt, Katiana Guimarães, Ana Sybelle Beltrão, Débora Julinda, Lizia Paiva, Annelise Lacerda, Samia Raquel, Alain Moszkowicz, Ana Cecília Schuler, Ana Cláudia Ataíde, Ana Helena de Andrade, Leonardo Maia, Rosane de Oliveira, Bethânia Tejo, Brena Hofmann, Camila Lacerda, Carmen Raquel, Georgia Suassuna, Germana Terceiro Neto, Lucia Nepomuceno,Magdale Medeiros, Márcia Barreiros, Roseneide Silva, Tereza Queiroga, Viviane Sanguinetti.

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Endereços dos profissionais desta edição

Andrea Carolina Av. Jacinto Dantas, 160 / loja C, Manaíra, João Pessoa-PB Tel: (83) 3226.2622 Andrea@grupo-emporium.com Anny Karinny e Lucia Helena ( Forma Arquitetura) Av. D. Pedro II, Edif. Síntese - s/n, Torre, João Pessoa-PB Tel: (83) 8842.9302 / 8738.1603 arquitetura@forma4.com.br Babienn Veloso Av. Jacinto Dantas, 160 / loja C, Manaíra, João Pessoa-PB Tel: (83) 3226.2622 babienn@grupo-emporium.com Felipe Lucena Rua Durval Ribeiro Lima, s/n, Miramar, João Pessoa-PB Tel: (83) 8821.3059 flucena@click21.com.br Íria Tavares Melo Av. Nego, 96 / 508, Tambaú, João Pessoa-PB Tel: (83) 9988.9459 / 8888.2005 / 3566.1380 / 3244.7075 iriatmelo@hotmail.com Márcia Barreiros Rua Tertuliano de Brito, 338B, 13 de Maio, João Pessoa-PB Tel: (83) 9921.9231 marcia.barreiros@yahoo.com.br Valeria Simões Av. Euquitiano Barreto, 801/701, Bessa, Manaíra-PB TEl: (83) 9922.0282 / 9109.4050 / 9956.0012 valeriasimoes14@hotmail.com

Errata

Esta é a foto correta que deveria estar na página 58 do projeto da arquiteta Adriana Leal, na edição 32.

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Carta do Leitor

A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco: contatoartestudio@yahoo.com.br.

Os emails devem ser encaminhados com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Linda capa da revista ARTESTUDIO 32. Cara de Brasil, de nordeste, de veraneio. Parabéns à arquiteta. Clóvis de Souza advogado, Fortaleza/CE Parabéns pela iniciativa de falar sobre marketing. É um assunto que todos precisam conhecer, mas parece tão difícil para a pessoa que não é do meio. Espero que o autor fale um pouco mais sobre a filosofia e as ferramentas do marketing, como ele abordou no texto. Carlos Augusto Comerciante, Campina Grande/PB Gostei muito do texto de marketing, mas vocês vão abordar o tema ‘como fazer uma empresa dar certo’? Pergunto isso porque estou na minha terceira tentativa de ser empresária e fecho antes de completar os 5 anos. Já fiz cursos, acho que faço tudo certo, mas no final dá tudo errado. Como posso criar uma empresa de sucesso? Marisa Cavalcanti, Empresária, João Pessoa/PB Aprecio muito o trabalho que vem sendo feito por vocês da ARTESTUDIO, mas ainda sinto uma revista muito feminina. Sou engenheiro e gostaria de ver temas mais da minha área. Silvio Fonseca,engenheiro

Silvio, exatamente nessa edição estamos apresentando um trabalho onde o foco é a construção. Veja se é isso que você está aguardando. Gostei de aumentarem o espaço da Amélia Panet. Senti também que o texto dela ficou numa linguagem mais leve para o leigo de arquitetura, parabéns. Ressalto também a iniciativa de abordar o marketing, outro assunto difícil para o leigo dessa área. Vocês estão cada vez melhores! Gilda de Alencar Campina Grande/PB

Vocês vão divulgar a tabela de preço dos arquitetos? É muito difícil fazer orçamentos com os profissionais devido à falta de uma tabela regulamentadora. Aproveito o ensejo e parabenizo a equipe pela qualidade da revista. Antônio Paulo João Pessoa/PB

Vamos sim! Antônio Paulo estamos apenas aguardando a tabela que o IAB-PB vai nos fornecer juntamente com o SINDARQ. Parabéns pela qualidade da revista. Ainda aguardo uma matéria sobre design, pois vocês abordam todos os temas, mas ainda estão devendo nesse quesito. Elizabeth de Macedo, Designer

Este ano vamos abordar o tema em todas as edições. Confira! Gostei muito de um anúncio da OCA na última edição que mostrava vários tipos de ambientação, vocês não poderiam falar sobre isso nas matérias? Michele Monteiro, Amante da arquitetura

Ainda estamos decidindo Michele, mas de qualquer forma valeu a dica! Gostaria de ver uma matéria sobre feng shui. Há alguma previsão de quando vocês poderiam abordar esse tema? Larissa Costa Cabedelo, PB

Larissa, já estamos preparando uma matéria sobre esse tema, creio que na edição de dezembro devemos publicá-la. A Editoria

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Inspiração Foto: M.B.

“A paixão torna-se uma força quando encontra saída no trabalho dos nossos braços, na perícia da nossa mão ou na atividade criadora do nosso espírito”. George Eliot

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