Revista AE 58

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Ano XV - nº 58

artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

ALMA ITALIANA Padaria em bairro de São Paulo cultiva herança dos imigrantes

CLÍNICA HUMANIZADA

Os quartos montessorianos, uma ambientação do ponto de vista da criança

ESPAÇO CONHECIDO

A arquitetura da saga ‘Star Wars’ espelha a da Terra

DIÁLOGO COM A

NATUREZA

Projeto em condomínio fechado é conhecido como a Casa da Mata + O centenário de I.M. Pei, a histórias das camas, a regulamentação do designer de interiores e o couro nos projetos de interiores






Ano XV Edição 58

SUMÁRIO

CONHEÇA 23 livro

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O que o lar revela sobre você é o tema de ‘O Corpo Fala’

28 EXPOSIÇÃO

O artista plástico José Rufino é homenageado por Sandra Moura na Casa Cor SP

30 GRANDES ARQUITETOS

Os 100 anos do lendário I.M.Pei

34 A HISTÓRIA DE

As camas são nossas companheiras para toda a vida

38 ambientação

Estimulando a criatividade nos quartos montessorianos

70 ESPECIAL

Especialistas dão dicas sobre como cuidar da casa no inverno

72 reportagem

O designer de interiores tem sua profissão regulamentada

74 outras áreas

Lucas Veloso herdou o talento do pai, Shaolin, e virou o ‘novo Didi’

76 arquitetura e cinema

A arquitetura em expansão do universo Star Wars

78 INTERIORES E MODA

ARTIGOS

As tendências atuais do couro

VISÃO PANORÂMICA 12

Amelia Panet comenta sobre a arquitetura do vazio

URBANISMO 14

Carlos Sandrini pensa sobre as mudanças de rumo das cidades

Vida Profissional 16

Mauricio Guimarães escreve sobre o conceito de coopetição

VÃO LIVRE 18

Silton Henrique analisa sobre redes sociais e arquitetura

VISÃO LATERAL 20

Hélio Costa Lima comenta a última obra do arquiteto americano Frank Lloyd Wright

ENTREVISTA ENTREVISTA 24

O arquiteto Álvaro Puntoni fala sobre a arquitetura e os espaços públicos

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48 PROJETOS INTERIORES 42

Projeto de Ana Rita, proporciona praticidade e novos espaços para reunir a família

INTERIORES 48

Apartamento em cores vibrantes e com ambientes integrados assinado pela CR2 Arquitetura

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INTERIORES 52

Agência de publicidade ganha novo conceito e muito design em projeto de Adriana Noya

INTERIORES

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NOSSA CAPA

60

Padaria tem projeto do SuperLimão Studio, uma imersão na história da imigração italiana

O diálogo com a natureza na Casa da Mata marca o projeto de Sandra Moura

Nossa capa Projeto: Sandra Moura Foto: Vilmar Costa

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arquitetura & estilo de vida ANO XV - Edição 58

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda,Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e Renato Félix,

Diretora comercial - Márcia Barreiros Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - MB Fotógrafos desta edição - Vilmar Costa e indicados Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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www. artestudiorevista. com. br


EDITORIAL

Mais que um cenário

Márcia Barreiros editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Renato Félix editor de jornalismo

AMÉLIA PANET arquiteta e urbanista

A arquitetura é uma linguagem. Ela transmite ideias, sentimentos. Sendo assim, ela é fundamental para o cinema. Um cenário pode ser só um cenário, mas raramente é assim: tanto o visual das edificações quanto os interiores dos locais onde se passam as cenas, na maioria das vezes, é pensado para reforçar uma mensagem, servir de apoio ao que a história quer dizer ou até mesmo para ser um contraste ao que está sendo dito pelos personagens em primeiro plano. Essa introdução é para dizer que a AE traz de volta nesta edição uma das seções mais queridas da redação e uma das preferidas dos nossos leitores: Arquitetura e Cinema. Voltamos a observar os filmes sob a luz da arquitetura em seus usos variáveis pelo cinema. Já abordamos a imaginação do futuro, a reconstrução do passado, o uso de cenários reais, a criação a partir do zero, os profissionais como personagens nos filmes. A volta da seção é com a série mais popular do cinema: Star Wars. Ou, pelo seu título original no Brasil, Guerra nas Estrelas. A criação de George Lucas tem, literalmente, um universo para criar e se esmera para dar uma personalidade específica a cada planeta onde a história vem se passando já há sete filmes da série principal, mais um derivado – e o oitavo da série principal estreia em dezembro. Além desta, outras seções voltam e são mantidas para construir sobretudo o prazer da leitura e da informação em você. Mais um retorno é da seção Outras Áreas, estrelando o ator e humorista Lucas Veloso, o “novo Didi” da nova versão de Os Trapalhões. Ainda temos a entrevista, o livro da edição, A História de... Não perca tempo e vire a página. Boa leitura!

George Diniz projeto gráfico e diagramação

HÉLIO COSTA LIMA arquiteto e urbanista

GERMANA GONÇALVES designer de interiores

ARTESTUDIO

ALEX MAURÍCIO LACERDA GUIMARÃES consultor gestão empresarial jornalista

Débora Cristina jornalista

Lidiane Gonçalves jornalista


VISÃO PANORÂMICA

A arquitetura do

‘vazio’ Fotos: Divulgação e Amelia Panet

Museum of Wisdom- Jianning-2011 - Kengo Kuma

Loja Sunny Hills em Minami-Aoyama - vista interna

Japan House, São Paulo - Kengo Kuma

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A

capacidade de dar significado aos ambientes com a criação de lugares específicos, que acolhem e abrigam, pode ser uma das características do olhar fenomenológico sobre o espaço, como aborda Norberg-Schulz. A ciência não consegue analisar os espaços sem abstrair as questões subjetivas. No entanto, são elas que conferem identidade ao lugar. São questões que envolvem os mínimos detalhes, que vão da escolha dos materiais e texturas, ao cheiro que tais materiais provocam, da luz à sombra, dos sons ao completo silêncio, são aspectos que determinam a qualidade do lugar e fazem parte da escola de pensamento que encontram na fenomenologia seu esteio. Arquitetos como Steven Holl, Tadao Ando, Peter Zumthor, Juhani Pallasmaa e Kengo Kuma buscam despertar o interesse da arquitetura por meio dos “olhos da pele”, como sugere Pallasmaa, pela experiência multisensorial que a arquitetura pode promover aos seus usuários a partir da sua vivência. São experiências que serão guardadas na memória por toda a vida, pois mobilizam diversos sentidos e acabam por dar um significado particular ao lugar. Não se vivencia a arquitetura apenas com a faculdade do olhar, mas através de todos os sentidos. Nesse caminho, encontramos a obra do arquiteto japonês Kengo Kuma que chegou ao Brasil com o projeto da “Japan House” em São Paulo. Nascido em Yokohama, Kuma ainda tem viva a lembranças da típica casa japonesa que o abrigou em sua infância. O cheiro do tatame e da madeira está relacionado aos seus momentos de felicidade e aconchego vividos nessa casa dos anos 1920 e, até hoje, “se eu sinto esse cheiro, consigo dormir muito bem”, declara o arquiteto em Sensing Spaces – Architecture Reimagined (2014), um filme de Candida Richardson. Para


Kuma, o cheiro do tatame e o seu sono estão profundamente relacionados, conferem a identidade do lugar para além dos seus aspectos estéticos e funcionais. Como disse Bachelard em A poética do Espaço, “a casa do passado está viva em sua cabeça”. Essa memória é um importante combustível para suas criações. Ademais, a escala correta, os espaços vazios necessários, os materiais naturais, a luz filtrada, o cheiro do dentro e do fora, são os requisitos da arquitetura do escritório de Kuma, hoje com mais de quarenta profissionais. Para o arquiteto, o vazio é essencial na arquitetura, é nele onde coisas inusitadas podem acontecer. O vazio não é o “nada”, mas a possibilidade do “tudo”. Sua arquitetura procura aproximar o ser humano da natureza, é cuidadosa, detalhada e, em algum aspecto artesanal, procura um “retorno às coisas em oposição a abstrações e construções mentais”, como diria Noberg-Schulz. No seu processo de trabalho, Kuma enfatiza a necessidade da maquete física, em muitas ocasiões, no tamanho real. Para o arquiteto a escolha correta da escala é essencial, pois, se a escala estiver errada pode haver a supressão da materialidade e dos sentidos do espaço. Nesse caminho de concepção ele não costuma utilizar as renderizações em 3D por acreditar que tal ferramenta pode abstrair elementos considerados essenciais para ele, como, por exemplo, a relação entre o corpo humano e o espaço. Os espaços projetados pelo seu escritório procuram quebrar a ideia de “caixa” como espaço de delimitação da arquitetura e ultrapassam em direção ao seu entorno. Nesse sentido o Museu da Sabedoria, Xinjin Zhi Museum, na China, ilustra bem esse conceito. Localizado ao pé da montanha de Laojunshan, em Xinjin, é um lugar sagrado para o taoísmo. Kuma explorou o percurso como elemento de conexão com o exterior, uma vivência que inicia por meio de um espelho d’água que conduz o visitante até o interior do espaço protegido por cortinas vazadas de telhas, feitas de

acordo com a técnica local, queimadas ao ar livre, encontrando assim, a materialidade necessária, não existente em produtos industrializados. Esse anteparo translúcido apesar de delimitar o espaço, não limita o contato do visitante com o exterior. Nesse mesmo caminho, a Lotus House, construída no leste do Japão, integra-se à natureza, entre o rio e as montanhas. A casa é protegida por elementos vazados feitos de placas finas de travertino suspensos por barras planas de aço, formando uma superfície fluida e permeável em um padrão em xadrez. O rio está presente na casa, repleto de lotus flutuantes. O controle da luz e o equilíbrio do vazio são essenciais na obra do escritório de Kuma. Outro exemplo interessante é a loja de bolos de abacaxi, SunnyHills em MinamiAoyama, concebida com uma trama de madeira chamada “Jiigoku-Gumi”, um método tradicional usado na arquitetura do Japão. A grande lição que a obra de Kuma nos passa é a importância do retorno à materialidade, à essencia dos materiais naturais, das coisas a nossa volta, a importância dos detalhes, do vazio como prelúdio do “algo”, o significado dos lugares que dignificam nossa própria existência. Japan House São Paulo de Kengo Kuma e FGMF-foto FLAGRANTE

AMÉLIA PANET

Arquiteta e urbanista Mestre em Arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

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URBANISMO

as cidades em direção ao futuro Fotos: Divulgação

A

s principais cidades do mundo começaram a ser desenhadas há séculos, e elas não estão preparadas para o que acontecerá a partir dos próximos anos: a quase extinção do comércio popular de rua; o abandono dos antigos edifícios comerciais; a fuga das indústrias; as mudanças na relação de emprego; a robotização; e a inteligência artificial. Cabe ao poder público adaptar as cidades às novas necessidades, vocações e desejos. Tudo isso sob os preceitos da sustentabilidade. Em meados do século passado, iniciou-se a revitalização do centro das cidades portuárias como Rotterdam, Baltimore, Boston, Buenos Aires, Sidney e Barcelona. Foram intervenções bem-sucedidas que reverteram a degradação da área central destas cidades. Algo que, de forma mais modesta, está sendo feito no Rio de Janeiro. Porém, se no século passado a degradação foi maior nas cidades portuárias, agora o problema será de todas as médias e grandes cidades. As novas tecnologias e as mudanças de comportamento social irão, em menos de 10 anos, alterar o comércio, a indústria, o ensino, a relação de emprego, o trânsito, a construção civil e, consequentemente, o perfil urbano.

Já estão sobrando espaços no centro das cidades. É a hora de, a exemplo de Seul, na Coréia do Sul, fazer aflorar os rios e riachos que foram canalizados; desadensar eliminando edificações desnecessárias, criando percursos pelo interior das quadras, deixando o centro respirar; evitar a “musealização” do patrimônio histórico, dando vida aos mais importantes exemplares da arquitetura. Veremos também uma diminuição natural do trânsito nos grandes centros urbanos. Isso ocorrerá, principalmente, pela diminuição drástica da frota de automóveis, motivada pela mudança da cultura do carro próprio com a adoção do compartilhamento, por alternativas privadas e inteligentes de otimização de transporte e pelas soluções que evitam o deslocamento das pessoas. Obviamente, toda essa transformação vai refletir em mudanças na construção civil. Os edifícios comerciais deverão vender oportunidade de gerar negócios e não somente espaço. Hoje, vemos a diminuição da demanda para os edifícios de salas comerciais. Diversas variedades de coworkings vocacionais irão substituí-los. Os prédios residenciais deverão atender aos novos hábitos de consumo e relacionamento. Os projetos deverão viabilizar a prestação de novos serviços nas dependências Balneário Camboriú - SC

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Barcelona

do condomínio, sejam nos apartamentos ou nas áreas comuns. Assim como offices nas áreas comuns, para que os moradores possam receber pessoas para assuntos de trabalho. A tendência no Brasil é de prédios com aproximadamente 65 pavimentos, altura que só Balneário Camboriú (SC) ousou alcançar. Com este número de pavimentos, equacionado pelo número de torres e de elevadores independentes, o número de apartamentos poderá ser suficiente para sustentar um condomínio inteligente, para todas as classes sociais. É importante salientar que, independentemente do tamanho, as edificações deverão sempre ser amigáveis aos pedestres e à escala humana ao nível do solo. No Brasil, mais de 84% da população vive em área urbana. Em todo o mundo, esse índice não para de crescer. Para o Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, gerir áreas urbanas é um dos principais desafios do século XXI. Para evitar a degradação dos centros urbanos, é fundamental que as iniciativas públicas e privadas comecem a agir agora. Os poderes executivos e legislativos deverão decidir se essas transformações levarão progresso ou pobreza para suas cidades. As oportunidades que as novas tecnologias e comportamentos sociais estão trazendo são muitas. Planejar, legislar e decidir com visão de futuro é a diferença entre a evolução e o caos urbano.

Seul

Carlos Rodolfo Sandrini

Arquiteto, urbanista e presidente do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br)

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VIDA PROFISSIONAL

CONCORRENTE:

PARCEIRO OU INIMIGO?

Entenda o conceito de coopetição Imagens: Divulgação

T

enho me deparado com diversas situações de concorrência e algumas situações me chamaram atenção. Afinal, competição, cooperação e parceria podem ou não ser complementares? Você que é profissional liberal ou empresário deve se deparar com diversas situações em que um outro profissional ou empresa que presta o mesmo serviço que você ou algo similar lhe encara como inimigo, não é? Você também o vê assim ou enxerga possibilidade de cooperação e parceira? Primeiramente, vamos entender mais sobre esses termos: competição é a luta ou rivalidade pela conquista de mercados, segundo a economia. Trata-se da concorrência entre duas ou mais empresas com o intuito de se aproximar da qualidade da outra ou até ultrapassar. A competição é a luta pelos mesmos mercados e clientes. Cooperar, segundo a OCB – Organização da Cooperativas do Brasil, é unir-se a outras

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pessoas para conjuntamente enfrentar situações adversas, no sentido de transformá-las em oportunidade e bem-estar econômico e social. É operar juntamente com alguém; colaborar: Todos cooperam para o desenvolvimento intelectual. Certas formas de cooperação são ilegais em algumas jurisdições porque prejudicam o acesso das populações a alguns recursos, como acontece com a fixação de preços por cartéis, preconiza o Wikipedia. Quando se fala em parceria, pode-se dizer que é um formato em que duas ou mais partes estabelecem um acordo de cooperação para atingir interesses comuns, ou seja, o mesmo que cooperar, praticamente. E como estabelecer uma parceria com outro profissional ou empresa para lançar no mercado uma proposta de valor mais consistente? O consultor Antomar Marins sugere algumas dicas, que corroboro e coloco meu “tempero”: 1. Seja Honesto – Para que uma parceria dê


resultado deve existir honestidade entre as partes. A honestidade é um dos fatores mais importantes para a realização de parcerias. Esteja seguro de que a lógica está correta e de que tudo mais está às claras, sem mistérios. 2. Observar as oportunidades – É preciso que as partes interessadas analisem as oportunidades e os problemas do mercado atual e potencial. Se não existirem vantagens reais é preferível não concretizar a parceria. 3. Analisar os custos – Quanto custará a parceria e lembre-se que não é só dinheiro, horas de trabalho e dedicação também devem ser contabilizadas. 4. Arte em negociação – Uma relação de parceria deve ser de ganha-ganha ou perde-perde, nunca mais vantagem para um dos lados. 5. Foco no relacionamento – Valorize as pessoas. Não se esqueça que por traz de qualquer relação comercial existem pessoas. Para isso trate as pessoas com elas gostam de ser tratadas e não como você gostaria de ser tratado, pois existem pessoas com perfis bem diferentes do seu. 6. Seja leal – Seja extremamente leal com o parceiro. Quando as vantagens da parceria não mais se justificarem, seja leal e termine com ela. Não importa o que rege o contrato, quando não há mais interesse de ambas as partes, é chegada a hora de renegociar. Por fim, falo sobre coopetição, que é a união das palavras cooperação e competição. É uma estratégia de negócios baseada na Teoria dos Jogos, que busca combinar essas duas características. O termo “coopetição” foi usado pela primeira vez nos anos 1980 pelo CEO da empresa de informática Novell, o americano Raymond Noorda. A palavra utilizada fazia referência à sua experiência bem-sucedida unindo cooperação e competição entre empresas da

área, principalmente porque nessa época a computação estava em seu início e havia a necessidade de criar uma interação eficiente entre hardware e software. Coopetir, portanto, é cooperar com seu competidor para potencializar os pontos fortes do negócio. É oferecer uma experiência ao seu competidor, para que ele faça o mesmo e para que, no fim das contas, ambos contribuam para o crescimento do mercado, diz André Medina. E então, é possível conviver com seu concorrente, observando oportunidades de mercado e vislumbrando parcerias que somem esforços para garantir um ganho escalável? Pense nessa possibilidade e tenha sucesso!

Maurício Guimarães

Master coach e consultor em gestão empresarial. palestras, treinamentos e workshops para empresas

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VÃO LIVRE

Redes sociais e as mentiras ARQUITETÔNICAS

A

s pessoas são livres para postarem o que desejarem em redes sociais, mas devem se responsabilizar pelos seus atos. Quando vejo em Facebook ou Instagram postagens de leigos em arquitetura oferecendo ou ilustrando seus “projetos arquitetônicos” me questiono se essas pessoas abrem o jogo para seus “clientes”. Vejamos. Será que os não arquitetos dizem aos seus clientes que não assinarão um termo de responsabilidade por esse “projeto arquitetônico” e que se trata apenas de um desenho? Será se o não arquiteto diz ao cliente que o mesmo não poderá acioná-lo na justiça, caso não fique satisfeito com o “projeto”, pois o nome dele não estará em uma Anotação de Responsabilidade Técnica? Será que esse cliente tem conhecimento que está contribuindo para o exercício ilegal da profissão de arquiteto e comprando um serviço que poderá muito provavelmente trazer prejuízos financeiro e de bem-estar? Será que os profissionais ligado aos conselhos de classe que assinam(acobertamento) esses “projetos” estão cientes que em caso de judicialização de tal “projeto”, serão considerados responsáveis pelo “projeto arquitetônico”? Será que o cliente sabe que pode e deve reclamar judicialmente seus direitos nos casos de não estarem satisfeitos com erros técnicos de projeto arquitetônico? Será que o cliente sabe que o metro quadrado construído em nossa região não sai por menos de R$ 1.000,00 para residências? Será que o cliente sabe que uma boa solução com 10,00 m² a menos o fará economizar R$ 10.000,00? Os não arquitetos deveriam, em suas publicações com maquetes eletrônicas cheias

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Imagens: Divulgação


de efeitos, dizer: “não sou arquiteto, mas esse “projeto” foi feito por mim, tem X m² e será assinado (responsabilidade) por Fulano, portador de número tal”. Os não arquitetos deveriam postar seus trabalhos anteriores (“projetos”) – executados – e compará-los às suas maquetes eletrônicas e da mesma forma, já que acham que não estão fazendo nada de errado, postarem metragem quadrada das construções, pois os novos clientes deveriam conhecer seu portfolio. As pessoas são livres para fingir ser arquitetos e outras, igualmente, são livres para se sujeitar a esses “projetos”, na posição de cliente. Isso é o princípio da livre escolha. Mas existe um detalhe importante; vivemos em uma sociedade que bem ou mal vive sob a égide de leis, normas e regras e seus descumprimentos serão passíveis de penas. O exercício ilegal da profissão de arquiteto e urbanista jamais será extinto integralmente, tenho consciência disso, mas não posso deixar de exercer meu direito cívico do protesto e indignação. Num país em que 85% das construções não são projetadas por arquitetos e é público e notório que encontramos facilmente erros e patologias construtivas dos mais absurdos, seja por ausência de boas soluções de iluminação e ventilação, soluções de telhados eficientes, erros grotescos de funcionalidade que quase sempre fazem com que o proprietário gaste além do previsto, está mais que na hora da propagação das boas práticas e enfim contribuir para que essa cultura diminua consideravelmente. As faculdades de arquitetura e os órgãos ligados à classe devem envidar esforços para redução dessa prática. Tornar os alunos de arquitetura parceiros dessa ideia é essencial para que mecanismos sejam alavancados para minimizar os efeitos nocivos dessa prática ilegal e irresponsável entranhada na sociedade brasileira.

Silton Henrique

Arquiteto e urbanista, conselheiro e coordenador da Comissão de Ética e Disciplina do CAU/PB (2017)

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VISÃO LATERAL

SEDUÇÃO E POLÊMICA NO

GUGGENHEIM DE

NOVA YORK

Ú

Fotos: Divulgação

ltima obra do grande arquiteto americano Frank Lloyd Wright (1867-1959), o Museu Sollomon Guggenheim, inaugurado em 1959, ano da morte do seu autor, é um ícone da Arquitetura Moderna e um dos mais populares e polêmicos edifícios do mundo. Sua forma inusitada e contrastante com a arquitetura do entorno, instiga a curiosidade e faz dele um dos principais marcos urbanos e turísticos de Nova York. O projeto, que foi iniciado em 1943 e desenvolvido ao longo de mais de uma década, estabelece um conceito revolucionário de museu de arte. Uma rampa contínua em espiral ascendente, com quase quinhentos metros de extensão, ao longo da qual são dispostas as obras de arte, propicia ao visitante uma experiência de fruição diferente daquela proporcionada pelos modelos tradicionais de exposição em salas estanques.

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O espaço interior, que resulta da evolução da rampa em torno de um vazio central, encimado por uma grande cúpula translúcida, através da qual a luz natural penetra valorizando os movimentos curvilíneos das superfícies em ascensão, é de tal forma atraente que concorre com as próprias obras de arte ali expostas. Os movimentos perimetrais ascendentes e descentes estabelecidos pelas pessoas, visíveis a partir do vazio central, para onde se abrem os espaços em rampa, dão a sensação ao visitante de ser protagonista, ele mesmo, de um evento artístico – uma dança, uma performance... – e não apenas um mero observador. Pouca atenção se dá ao que está exposto. A arquitetura rouba a cena. Este paradoxo arquitetônico: um museu de arte mais atraente que as obras de arte que expõe, foi objeto de crítica contundente de artistas e curadores à época de sua abertura. Alguns deles chegaram mesmo a se recusar a ali expor suas obras. De fato, expor no GUG-NY não é mole! Nos flagrantes dessa reportagem pode-se ver que pouca gente está interessada na obra do grande Christopher Wool. Haja polêmica! Haja Wright!

Hélio Costa Lima

Arquiteto e urbanista, Professor de projeto arquitetônico e conselheiro federal do CAU/BR pela Paraíba

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LIVRO

Lar, doce lar

‘A Casa Fala’ estuda a relação pessoal entre o ser humano e o local onde mora Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

“A Casa Fala – Uma Relação de Vida e Amor” De: Maria do Carmo Brandini e Yara Lorenzetti Editora: Scortecci Páginas: 156 Formato: 16 x 23 cm

Maria do Carmo Brandini e Yara Lorenzetti

Autoras

“A casa também é a carteira de identidade de quem vive nela, pois cada casa é única e carrega as características do seu proprietário. Quando mudamos internamente, temos a necessidade imperiosa de mudar também externamente para que continuemos a viver em harmonia e equilíbrio”

A

ssinado por Maria do Carmo Brandini e Yara Lorenzetti, uma designer de interiores e uma psicóloga, o livro A Casa Fala – Uma Relação de Vida e Amor aborda de uma maneira diferenciada um espaço essencial para os profissionais de arquitetura e design – a casa – enfatizando o quanto um local pode falar sobre a personalidade das pessoas que residem lá e a importância da sensibilidade do profissional em tentar estabelecer essa relação de personalidade entre a casa e seu morador. Utilizando suas experiências profissionais, as autoras destacam as formas como uma edificação expressa a identidade de seus residentes, seja através do uso de cores, decoração ou iluminação, ou seja através da harmonização dos elementos. “Entrar em uma casa é como entrar em um espelho encantado que vai mostrando quem são seus moradores, como vivem, no que acreditam, que valores possuem; enfim, a casa conta a história de seus ocupantes. A casa é viva! O que ocorre ali integra vida, sentimentos, emoções.”, destaca um trecho do livro. O livro é uma ferramenta significativa para os profissionais de designer de interiores e arquitetura compreenderem mais a importância de compreender a essência de seu cliente e as formas como pode estabelecer relações entre os elementos e influências que irão compor a residência e as pessoas que moram nelas. Nos seis capítulos, ilustrados, as autoras também oferecem algumas dicas de como tornar a casa um ambiente mais saudável, como explorar uma melhor iluminação, usar o verde e uma boa ventilação. Brandini e Lorenzetti afirmam, por exemplo, que um desajuste no ambiente pode ser prejudicial aos seus moradores e que o estilo de decoração reflete a conduta de pessoas, explicando a tendência de pessoas modernas gostarem de materiais mais contemporâneos, ou dos românticos optarem por elementos como madeira e cerâmica para amplificar a sensação de aconchego. Na opinião das autoras, a casa refletir o estilo dos moradores contribui para estabelecer uma saúde física e mental de qualidade e que o ambiente tanto influencia as pessoas quanto as pessoas influenciam o ambiente. Por isso a importância do profissional entender, de uma forma mais profunda, as pessoas que vão morar no local e as influências adequadas que vão deixar o ambiente mais confortável e que reflitam de forma verdadeira os habitantes. O livro mostra que a relação das pessoas e seu lar não é uma relação com a estética em si e sim com a personalidade do indivíduo que mora no local e o momento da vida de cada um. Ele pede para que olhe para sua casa e reconheça nela o seu momento de vida e sua história.

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ENTREVISTA

ÁLVARO PUNTONI Mundos que existem e que não existem A relação da arquitetura com a nossa vida é objeto de reflexão constante por um dos arquitetos brasileiros mais brilhantes da atualidade

Texto : Renato Félix | Entrevista: Paulo Markun | Fotos: Divulgação

Á

lvaro Puntoni é um profissional que pensa a arquitetura. Doutor pela FAU-USP, combina projetos de seu escritório, o Grupo SP (desde 2004), com o tempo dedicado à academia e a participação em concursos públicos. O escritório já se define não como um grupo tradicional e fechado, mas como uma organização flexível, aberta a colaborações. “Ser arquiteto é ser construtor da cultura e do mundo que conhecemos e ainda não conhecemos”, termina dizendo o texto sobre o escritório, na página oficial, mostrando que há uma filosofia forte no trabalho do arquiteto e seus parceiros. Antes, Puntoni formou o escritório Arquitetura Paulista com Angelo Bucci e Alvaro Razuk, de 1987 a 1992. Trabalhou com Razuk de 1992 a 1996 e de 2002 a 2004 na SPBR Arquitetos. Nesta entrevista concedida a Paulo Markun para o canal Arquitetura e Urbanismo para Todos, do CAU-BR, no YouTube, Puntoni expõe suas ideias. A AE transcreve aqui um trecho da ótima conversa entre eles (mas recomendamos muito que você assista a entrevista comppleta, que pode ser acessada em https://www.youtube.com/watch?v=evnoLI18yWs&w=832& h=h468, em quatro partes). PAULO MARKUN – Vou começar pela pergunta que parece óbvia, mas tem que ser respondida. Se você fosse definir para uma pessoa que não conhece o ofício, explicaria de que maneira o que é arquitetura? ÁLVARO PUNTONI – Arquitetura é... a forma pela qual o homem constrói um mundo que existe e um

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mundo que ainda não existe. Eu acho que tudo o que a civilização humana, nessa trajetória principal dos últimos 10 mil anos, construiu tem muito a ver com arquitetura. Eu acho interessante pontuar que a ausência de arquitetura também constrói um mundo que existe e um mundo que não existe, mas me parece


Centro de São Paulo

mais encantadora a ideia de imaginar que um mundo que não existe é um mundo desejável – e a arquitetura dá forma a esse mundo. PM – Existe arquitetura sem arquiteto? AP – Existe. É controverso isso, mas... Lúcio Costa, por exemplo, defendia que há muita construção, mas pouca arquitetura. Que a arquitetura, portanto, é uma forma de conhecimento específico, relacionada obviamente à construção, mas toda a construção não poderia ser generalizada como arquitetura. Me parece também que algumas arquiteturas que academicamente a gente, talvez, não diga que haja um arquiteto por trás – uma arquitetura popular, uma arquitetura vernacular – , como manifestação cultural a gente poderia definir como arquitetura.

que também têm uma atuação no mundo acadêmico como professores – é “onde está a arquitetura no mundo contemporâneo?”. Quando você, por exemplo, pega um carro, sai de uma cidade como São Paulo, vai até Campinas, passa pela periferia da cidade, a pergunta é “onde estão todos os alunos de arquitetura, todas as escolas de arquitetura, toda a história da arquitetura nesse cenário urbano, nessa apropriação do território de uma forma absolutamente desprovida de qualquer intenção?”. Porque essa era uma definição interessante que o Lúcio Costa colocava: arquitetura é a construção com intenção. E talvez o Artigas, quando falava de desígnio ou desejo, arquitetura que vai além de pura e simplesmente o projeto da construção.

PM - ...Tem um pensamento, tem uma lógica própria, um jeito de fazer. AP – É, talvez a história. A questão da história como todo conhecimento necessário para urdir, formar um espaço, um abrigo... Me parece que a gente poderia dizer que existe arquiteto e arquitetura. Que a arquitetura, de alguma forma, pode e é capaz de gerar arquitetura também. Mesmo sem o arquiteto. PM – Já houve tempo no Brasil – na época do desenvolvimentismo, da construção de Brasília, período até mesmo aqui em São Paulo em que havia significativas obras feitas por arquitetos tanto de residências quanto de construções do estado – em que se discutia mais esse assunto. E a população – pelo menos a população letrada – entendia melhor a arquitetura. A impressão que dá hoje é que ela passa diante de exemplos significativos do trabalho dos arquitetos e não identifica isso. Como é possível reverter isso? AP – É interessante essa questão porque a gente poderia abordar de diferentes formas. Uma pergunta que a gente sempre faz como arquitetos – e como arquitetos

Casa Carapicuíba-Angelo Buccie e Alvaro Puntoni-fotoNelson Kon

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Casa de Baile e Igreja da Pampulha - Oscar Niemeyer

PM – Tem uma ideia por trás. AP – Sim. Então me parece que uma abordagem que seria interessante nessa questão é a pergunta “arquitetura não seria, nesse momento da nossa sociedade, da nossa história, ela não seria um produto... desnecessário? Ou futil?”. Porque é muito comum, por exemplo – mesmo no nosso meio – a expressão “casa de arquiteto”, como se fosse uma obra de exceção. A casa, portanto, onde o cidadão mora é uma casa genérica e a “casa de arquiteto” é a casa que é encomendada ao arquiteto: uma casa, portanto, cara, é objeto de um deejo. Existe um fetiche. PM – Fora do comum... AP – Fora do comum, fora do padrão... E aí eu fico perguntando, também, Paulo, até que ponto não seria importante... A gente vê, por exemplo, a arquitetura fora das discussões normais. Você abre um caderno cultural no jornal, tem moda, cinema, teatro, música, gastronomia... e não tem arquitetura, não tem urbanismo. Houve já tentativas, é verdade, de inserção desse ítem, vamos dizer assim, tanto em televisão quanto em jornais, mas parece que não interessa, é uma discussão que tá fora da pauta da vida cotidiana. Como se fosse desnecessária. PM – E um pouco misturada, às vezes, com decoração ou engenharia. AP – Seria interessantísmo e belíssimo imaginar que, nas escolas, o urbanismo deveria ser uma disciplina. Porque se a gente remonta à expressão “urbanidade”, essa expressão é utilizada inclusive pra ditar um comportamento. Se você age com urbanidade, você age com civilidade. Age de maneira cordata, cordial. Me parece que, no mundo contemporâneo, sobretudo em nossas cidades, é incrível como as pessoas se relacionam com o espaço urbano, com o espaço de todos, com os espaços públicos. De forma nem um pouco cordata, pouco urbana...

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PM – E até mesmo quando revela uma intenção ou uma afirmação de um desejo discutível, isso vira caso de polícia. É o caso dos rolezinhos, por exemplo. AP – Sim, é uma tentativa de se apropriar de alguma forma de um espaço de uso coletivo... PM – Público/ privado, porque é um shopping center. AP – Sim. Agora, voltando a esse tema de imaginar o urbanismo nas escolas, eu acho íncrível porque... Mesmo nós: depois de uma certa idade você ouve falar no Max Planck ou vai estudar o Einstein. E isso poderia ser perfeitamente estudada como uma forma de seduzir, de envolver o aluno no universo do conhecimento. Kepler, Galileu, as estrelas... Então a gente tem na escola, por exemplo, aula de física e biologia. Mas ninguém nos diz, por exemplo, que todos nós, toda matéria no universo foi forjada nas estrelas, nas estrelas que morreram. E portanto o sistema solar, que tem 5 bilhões de anos, tem matéria de estrelas que existiram antes de existirmos. E tudo isso dá uma dimensão tão magnífica e sensacional à vida. Eu fico imaginando... Imagina pra uma criança, você falar de cidade, de urbanismo, de como é que é, de que se trata, qual a importânicia. De certa maneira, construir um conhecimento que depois vai ser capaz, de alguma maneira, de transformar o mundo. De transformar a demanda. De você imaginar que quando uma criança tem na escola aulas sobre cidades, sobre arquitetura, sobre espaços, ela não vai se comportar de uma maneira pouco urbana na cidade, muito pelo contrário.


FAUSP - V. Artigas e C. Cascaldi - 1962-68

PM – Ela evolui. AP – Eu acredito que sim. PM – Você trabalha hoje num escritório de arquitetura um pouco diferenciado. Vi que entre as propostas do escritório tem duas expressões que chamam a atenção. Uma é “arquitetura do vazio” e a outra é “arquitetura do possível”. Isso é uma confissão de fracasso de desse desígnio gigante da arquitetura que, em certos momentos, junto com o urbanismo, imaginava transformar o mundo inteiro? AP – A ideia de transformar o mundo me parece que não era uma agenda somente dos arquitetos, da arquitetura moderna. Era uma agenda da sociedade, da humanidade, e acredito que ainda deseja. Porque ou a gente transforma o mundo ou talvez não possamos persistir como espécie. Sabemos que o mundo hoje é finito, que o mundo tem limitações... Talvez mais bonito que essa ideia de limitação é a ideia do ilimi tado. Sabemos também que temos um universo, e cada vez mais nos aproximamos desse universo, o caso, por exemplo, de Marte. Uma pergunta que sempre se faz: se formos capaz de habitar Marte nos próximos 30, 40, 50 anos, as cidades vão ser construídas ao bel prazer de uma especulação imobiliária ou se de fato a arquitetura ou os conhecimentos serão convocados para construir da melhor forma possível. Vamos cometer os mesmos erros que cometemos nas colônias? Na Índia, no Brasil , na América Latina, na África, sobretudo? Não sei se é um fracasso da profissão. Acho que a ideia romântica de revolução, de transformação do mundo... Me

parece que se há um afastamento hoje, ele talvez seja temporário porque, mais cedo ou mais tarde, necessariamente ele retornará – talvez de uma outra forma. E nesse momento, todos seremos convocados para, de alguma maneira, opinar ou levar a cabo essas transformações.

Sede do SEBRAE -Gruposp e Luciano Margotto_foto-Nelson Kon

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VITRINE

O ESPAÇO DO

ARTISTA

Sandra Moura homenageia o artista plástico José Rufino em trabalho na casa Cor São Paulo

E

m celebração aos seus 30 anos de arquitetura, a arquiteta Sandra Moura assina pela primeira vez um espaço na Casa Cor São Paulo, que aconteceu entre os dias 23 de maio a 23 de julho. Para criar uma atmosfera que envolve arquitetura, design e botânica, a profissional desenvolveu um espaço de 100m² de atravessamentos conceituais, onde os três elementos se unem para criar um lugar de habitação com arte. O Estúdio do Artista foi criado em homenagem ao artista plástico paraibano José Rufino, conhecido por suas obras com temas memorialísticos, sociais e políticos e une o regionalismo com contemporaneidade, num espaço atemporal. Tomando como mote as características da vida e obra de Rufino, Sandra Moura mergulhou em pesquisas de materiais específicos: plantas raras, móveis e objetos de design especial, rochas, estruturas metálicas e texturas. “O estúdio é uma residência artística, uma casa fora de casa, um módulo avançado para viver e soltar o pensamento criativo”, afirma a arquiteta. Assim, seguindo pistas apontadas pela formação original do artista, geólogo com doutorado em paleontologia, a profissional escolheu o quartzito Gabana Gray, uma pedra cheia de fósseis de centenas de milhões de anos que tem uma cor única, verde acinzentada que reveste parte do espaço. Para compor o ambiente, Sandra desenvolveu com a Cerâmica Elizabeth, um parquet cimentício que convive em harmonia com os veios e fósseis do quartzito polido, propondo um contato entre o simples e o sofisticado, uma alusão aos ornamentos barrocos do Nordeste, onde ouro e cal são misturados na arquitetura. Esse mesmo contato de nobreza e simplicidade está presente em uma escultura de parede

Texto: Denise Delalamo | Fotos: Divulgação

de José Rufino: uma raiz dupla, que a parte inferior é tingida de escuro e parte superior coberta de ouro. O elemento de design mais simbólico no estúdio é a grande estrutura metálica e vazada que a arquiteta desenhou para percorrer todo o espaço. Híbrido de esqueleto de coluna e viga, o elemento se transforma em estante, vitrine ou cabide, passando pelo hall, copa, quarto e reaparecendo no terraço. Essa peça, acomoda parte das coleções de estranhezas de Rufino, vindas do ateliê do artista, livros, obras de arte de sua autoria e plantas raras, em vasos ou em terrários. As plantas, uma das maiores paixões de Rufino, foram cuidadosamente pesquisadas pela arquiteta, com o suporte do homenageado e da equipe da Acta Botânica, responsável pelasbuscas e trato de cada espécie rara. Na área externa, destaque para o sofá que se compõe de várias formas, design de Alain Blatché para Saccaro. A estética precisa do jovem Jader Almeida dialoga com o conceito de design cooperativo/ coletivo de Geraldo de Barros, fotógrafo, artista e design por quem Rufino nutre especial interesse. Na realização do desejo do “cliente-artista”, Sandra encontrou a metáfora ao ideal de “design para todos”, tema da mostra esse ano. Em uma das paredes, um enorme painel fotográfico, de 7m x 2,50m, rompe os limites do estúdio, transportando o olhar diretamente para o que se vê do ateliê paraibano de Rufino, uma reserva de Mata Atlântica. A mata trazida de lá, por meio de uma simples fotografia, cria um jogo de transmutação de lugares, um tipo de mágico que testemunha que arquitetura e arte, quando unidas, provocam sonhos.

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GRANDES ARQUITETOS

Uma lenda centenária Com 100 anos completados este ano, o sinoamericano I.M. Pei é o grande representante do ainda vivo modernismo

Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

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pesar do nome, Ieoh Ming Pei é um arquiteto americano. Nasceu realmente na China, em 1917, mas foi educado nos Estados Unidos. Sua formação na profissão se deu através de duas das mais conceituadas instituições de ensino do país: graduação no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e pós-graduação pela universidade de Harvard. Pei ganhou o Pritzker em 1983. “Sua preocupação tem sempre sido o espaço do entorno de onde seus prédios serão construídos”, diz a justificativa do júri da premiação. “Ele tem se recusado a limitar-se a uma estreita faixa dos problemas da arquitetura. Seu trabalho, nos últimos 40 anos, inclui não só construções industriais, governamentais e de cultura de grande porte, mas também projetos moderados e habitações de baixa renda”. Seu escritório de arquitetura foi fundado em 1955 e, de lá para cá, ele desenhou obras que ficaram muito conhecidas – a mais conhecida delas, certamente, é a pirâmide de vidro do Museu do Louvre, em Paris, de 1989. Com mais de 20 metros de altura, de aço revestida de vidro reflexivo, cercada por três pirâmides semelhantes menores, ela é uma porta de entrada e fornece luz para as galerias no subsolo. Outra é a Biblioteca Kennedy, projeto realizado após a morte do presidente e próximo à viúva, Jacqueline Kennedy. Foi concluída em 1979, em Boston, Massachusetts. São três formas simples: uma torre triangular, uma base retangular e um cubo em estrutura de aço e vidro. Outros projetos marcantes são o Museu de Belas Artes de Boston (1980) e o Fragrant Hill Hotel, na China, de 1983, ano em que foi premiado com Pritzker. Com o dinheiro do prêmio, ele criou uma escola para chineses

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Espacio Publico Teatro La Lira

Pirâmide do Museu do Louvre - Paris

nos Estados Unidos que querem estudar arquitetura. Ainda nos anos 1980, veio a torre do Bank of China, em Hong Kong. Ele também desenhou o Rock and Roll Hall of Fame (em Cleveland, Ohio) e o Holocaust Memorial Museum (em Washington), ambos nos anos 1990. Um de seus últimos projetos foi o Museu de Arte Moderna na cidade de Kirchberg, em Luxemburgo, em 2006. Com cem anos completados em abril deste ano, I.M. Pei é considerado o grande nome do modernismo ainda vivo. Harvard vai celebrar o centenário de seu ilustre aluno e professor com um simpósio sobre sua obra, no outono americano.

Arquiteto: Ieoh Ming Pei

JFK Presidential Library - Boston

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Bontempo João Pessoa • Rua Professora Severina Souza Souto, 207 • João Pessoa - PB - Brasil 34


bontempo.com.br

/moveisbontempo

b o n t e m p o _ o fi c i a l 35


A HISTÓRIA DE

O berço da vida inteira O ser humano deixou de dormir no chão para ficar mais protegido; com o tempo o conforto é que passou a dar as cartas quando o assunto é a cama

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

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ada pessoa passa, em média, um terço de sua vida deitado nelas. Isso, dormindo: sem levar em consideração o tempo que passamos deitados lendo, vendo TV, trabalhando, brincando com os filhos, animais de estimação ou simplesmente descansando. As camas acompanham o desenvolvimento da história da humanidade. Os homens das cavernas deixaram de deitar no chão das cavernas, em 3600 a.C.: estavam expostos às intempéries e animais rastejantes. Passaram então às camas de pedras. Mais tarde, aos desmontáveis de madeira como as estruturas dos egípcios. Surgiu aí um dos principais elementos do nosso cotidiano, que acompanha a vida de todos nós. Longe do ambiente das cavernas – frio, úmido e suscetível a animais – , os egípcios e mesopotâmios foram os primeiros a perceber a necessidade de evitar o desconforto de dormir sem um suporte adequado, apropriado para o descanso. Apenas os faraós e seus altos funcionários tinham acesso às camas desmontáveis, mas o entendimento dessa necessidade alcançou uma maior quantidade de pessoas. Já no período do Império Romano, as pessoas adotavam camas semicirculares, dispostas ao redor de mesas, e costumavam fazer suas refeições em seus leitos. No início da Idade Média, virou hábito colocar os tapetes no chão ou em um banco contra a parede, posicionando sobre eles colchões recheados com penas, lã ou cabelo, usando peles como uma cobertura. Essas camas, eram relativamente simples. Os camponeses, batiam o feno, envolto apenas em um manto, ou cobertor de solteiro; nem todos, possuíam quartos separados para dormir. Com o passar do tempo as camas se tornaram motivos de orgulho, e passadas de geração em geração, sendo transmitidas em testamentos para a família, ou amigos. Essa importante peça não seria apenas o lugar para dormir e ter relações sexuais, mas também onde se poderia dar à luz e, muitas vezes, onde as pessoas teriam seus últimos momentos. Durante a Idade Média, as camas se tornaram elaboradas e caras. Escrevendo sobre a Inglaterra medieval, Roberta Gilchrist observa que haveria

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“cortinas de cama desde o século XI, e, no século XIV, casas de elite possuíam camas com dosséis elaborados. Pessoas de médio escalão compravam estrados de madeira com cabeceiras simples, nos quais foram adicionados colchões de penas, lençóis, cobertores, travesseiros, cobertores e travesseiros. Os camponeses tinham colchões recheado com palha, lã, cabelo, panos e penas, que podiam ser enrolados e arrumados durante o dia, enquanto os mais pobres simplesmente dormiam na palha ou no feno. As camas eram lugares sociais. O mais rico, reunia convidados e reuniões sobre elas. No entanto, foi ainda na Idade Média que as camas passaram a ocupar aposentos privativos, como quartos. Em 1540, Margery Wren, deixou para seu filho Geoffrey, uma cama de dossel vermelho e verde; aparentemente ele já possuía uma cama. Herdar uma cama, por si só, era um sinal de riqueza, já que a cama, teria sido a maior, e mais cara posse de uma casa. Tanto os ricos, como os pobres, orgulhavam-se deste sinal de status, e poderiam manter o mesmo leito por anos, ou gerações As contingências do clima estimularam a criação do dossel. Foram concebidos pelos persas, mas acabaram adotados pelos europeus, no século XIV, devido ao inverno intenso no continente. E uma nova modalidade de camas, a de ferro, surge a partir do século XVIII, juntamente com os travesseiros de penas.

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Com a chegada da industrialização e, por conseguinte, dos dias atuais, é possível encontrar camas em tamanhos e formatos mais variados. Os mais comuns são os tamanhos solteiro, solteiro king, queen e king, na forma retangular. No entanto, o beliche, as camas embutidas, e de diversos materiais – como madeira, ferro e materiais reciclados – , ocupam os lares de boa parte das pessoas em todo o mundo. As camas com gavetas têm sido uma solução útil para integrar funcionalidade e a criação de espaço e organização. Já as camas com nichos permitem uma individualidade nos aposentos para os casais.

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Para quem precisa tornar um ambiente social em um espaço de descanso, as camas altas são uma solução perfeita para encontrar o equilíbrio, perfeitas para mini apartamentos e estúdios, sem abrir mão da privacidade. Seja em quaisquer tamanhos e modelos, a cama é um dos elementos centrais nos nossos quartos, que costumam ser santuários particulares e os locais mais aconchegantes e privados da casa. Tudo gira em torno da cama e ela acaba, desta maneira, influenciando no visual de todo o cômodo e na forma como esta intimidade é refletida para as pessoas.


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AMBIENTAÇÃO

um ambiente para os pequenos

Foto: J.Vilhora - projeto Renata Amado e Rodrigo Picolo

Conforto, estilo e funcionalidade sob o ponto de vista infantil são a marca dos quartos montessorianos Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

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omar como base o ponto de vista da criança e estimular a criatividade. Essas são as características principais de um quarto montessoriano, que vem ganhando cada vez mais adeptos quando se fala em decoração de quartos infantis. Aliás, este estilo é algo mais que decoração, ele faz parte de uma pedagogia desenvolvida por volta de 1907, por Maria Montessori,

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uma das primeiras mulheres a se formar em medicina na Itália. Além de médica, Maria era educadora. Seu método propunha a criação de um ambiente de aprendizado mais criativo, adequado para o desenvolvimento da criança, capaz de permitir a livre expressão de suas capacidades. Montessori acreditava que o ambiente rico e estimulante ajuda a criança a se


tornar capaz de aprender sozinha por meio de suas próprias experiências. A proposta dela então é fazer um quarto pensando no bebê e não nos adultos da casa. A criança tem que ficar livre, mas em um ambiente seguro.

Ponto de vista da criança A arquiteta Thais Figueiredo lembra que o quarto montessoriano toma como base o ponto de vista da criança. “Ele pode ser usado em todas as idades e tem como característica principal estimular a criatividade, liberdade de escolhas e promover o espírito explorador nos pequenos”, disse. Apesar das vantagens que a arquiteta enxerga no método - aplicou no quarto da própria filha - ela revela que ainda encontra muita resistência em aplicar o método. “As ainda pessoas têm dificuldades em se desfazer de alguns padrões, eu mesma apliquei poucas vezes o método nos meus projetos em João Pessoa”, explicou.

O que não pode faltar Os elementos que devem constar em um projeto montessoriano dependem muito da idade da criança. Mas, alguns elementos devem ser comuns a todos. “Eu diria que espaço para brincar com tapetes emborrachados coloridos e bem lúdicos, espelhos em diversos formatos, brinquedos táteis (com texturas, barulhos e cheiros característicos), estantes abertas e baixinhas para acomodar livros, cestos para que possam escolher o brinquedo da vez e guardá-lo depois”, disse. Ela recomenda ainda que o quarto deve ter um cabideiro com algumas peças de roupas e sapatos acessíveis para que aprendam a se vestir e despir sozinhos. Para os bebês menores – que ainda não aprenderam a andar – é fundamental o uso de barras de apoio nas paredes, para que desenvolvam o equilíbrio e a segurança. “Também é fundamental uma cama tatame – aquela caminha no chão, com ou sem base – para que vejam tudo na sua altura e alcance e, principalmente, para que não se sintam limitados pelas grades do berço”, ponderou.

Vantagens para crianças e pais A arquiteta afirma que os pais ganham muito em ver a desenvoltura das crianças ao explorar todas as possibilidades que as cercam. “Como usuária deste método posso dizer que ganhamos ainda mais quando nos reservamos o direito de explorar junto com os pequenos. Diariamente sento e deito no tapete emborrachado com meu filhote para entender e interagir melhor no ‘mundo dele’”, disse.

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Para as crianças, o método cumpre o que promete. “Com todos estes estímulos naturais dentro do seu ambiente, a criança passa a entender que ali é o seu cantinho, a ter carinho e afeição pelo seu quarto, aprende naturalmente a limpar e organizar seus brinquedos, sente-se mais segura explorando um ambiente seguro para ela e no qual não se machuca, desenvolve muito a sensibilidade espacial, a criatividade e o autoconhecimento”, afirmou.

O dia a dia Thais sugere que nos primeiros meses de vida do bebê seja utilizado um berço portátil (desses que usamos em viagens), enquanto a mãe ainda está em recuperação e o pequeno ainda não tem muita imunidade. “No meu caso, adotei o quarto montessoriano com 5 meses. A esta altura eu já estava bem fisicamente e me abaixava com tranquilidade para colocá-lo na cama tatame. Ele estava na fase de sentar e se mexia bastante durante a noite. Sendo assim, usei meu kit berço para proteger as laterais (colando os protetores com velcro nas paredes) e colocando um rolinho na lateral da cama para ele não correr o risco de cair do colchão durante a noite”, explicou. Ela disse que funciona super bem desta forma, mas sempre há maneiras de individualizar as soluções e atender às necessidades pessoais de cada cliente.

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INTERIORES

Paixão por

tecnologia

Projeto de interiores proporciona praticidade e novos espaços para reunir a família em ambientes confortáveis Texto: Silvia Celani | Fotos: Evelyn Muller

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D

esenvolvido pela arquiteta Ana Rita Sousa e Silva, que comanda o escritório AR Arquitetura & Design, o projeto deste apartamento no Campo Belo em São Paulo conta, através da decoração, a história de uma família apaixonada por tecnologia, inovação e sistemas inteligentes. O apartamento possui 290m² e foi comprado na planta. Com um pedido inusitado, um dos maiores desafios de Ana Rita foi projetar um mezanino, que funciona como escritório sobre a sala de estar. “Fizemos a estrutura e uma escada que exigiram alguns reforços e estruturas independentes”, conta.

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Além do mezanino, os proprietários queriam um layout elegante e aconchegante. Por isso, foi priorizado o uso da cartela de cores em tons neutros, como branco, fendi e bege e materiais naturais, como madeira e pedra em tons claros. Para atender a esses pedidos, ela especificou para o piso taco de madeira Tauarí mesclado com pedra natural Limestone. A lareira, em pé direito duplo, foi revestida em Mármore Travertino Romano Bruto com a base em Limestone. Os tecidos em fibras naturais e tons claros, vasos e painéis verdes verticais ajudaram a compor os ambientes com harmonia e sobriedade.


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Nos quartos, papéis de parede e marcenaria elaborada compuseram diversos estilos, traduzindo a personalidade de cada membro da família, com destaque para peças de mobiliário de design assinados. A cozinha integrada à copa serve também como uma área gourmet para receber amigos e proporcionar à família um convívio agradável durante a semana. Com layout em ilha que se abre para a copa e favorece a interação da família. O terraço traz um feeling de área externa embora tenha sido fechado com vidro. O grande painel verde cria um clima agradável e fresco, além da beleza singular que proporciona ao espaço. Os materiais naturais foram explorados e a parede da churrasqueira foi revestida com lambri maciço de madeira ebanizada, com vasos para orquidário instalados sobre ela. Todo o verde deste espaço foi explorado nas paredes para que não se perdesse área de uso. As costas do sofá da mesa de jantar da churrasqueira faz a vez de um grande vaso onde ficam os temperos naturais. Este projeto é uma tradução dos desejos do cliente num clima elegante e muito aconchegante e convidativo.

Projeto:

Arquitetura de interiores

Arquiteta: Ana Rita

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INTERIORES

CORES VIBRANTES Integração entre os ambientes traz novos ares a esse apartamento paulistano após a reforma Fotos: Alessandro Guimarães

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A

reforma deste apartamento assinado pela CR2 Arquitetura, das sócias Clara Reynaldo e Cecília Reichstul, trouxe novos ares à morada de um jovem casal com uma filha de 3 anos e um bebê a caminho: com a necessidade de um imóvel maior para receber mais um integrante, o espaço escolhido foi este de 170m², em São Paulo. A missão das arquitetas foi otimizar a área e a circulação a partir de pequenas mudanças estruturais. Originalmente, eram três suítes e havia uma passagem entre a lavanderia e a sala. Além de eliminar esse acesso de serviço, as arquitetas transformaram um dos quartos em escritório e fizeram a entrada para os dois dormitórios através dele. Também excluíram um dos banheiros para aumentar o quarto dos filhos. A principal alteração foi a integração da varanda com o apartamento. Optou-se por abrir a cozinha para a sala e para o terraço – e a enorme esquadria que havia ali saiu de cena. A ideia, segundo as arquitetas, foi criar um apoio que ocupasse pouco espaço e não atrapalhasse o fluxo das pessoas. O living aberto de 46 m² ganhou então três ambientes contínuos: salas de

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jantar, de estar e de TV, podendo a sala de TV estar isolada com a porta de correr de cumaru instalada. Do lado oposto, outra divisória semelhante separa o cômodo da cozinha. O projeto investiu ainda na combinação de cores vivas, o que pode ser visto na estante modular Brasiliana, da Securit - a alternância entre cheios e vazios garante o aspecto dinâmico ao móvel e acomoda devidamente os objetos. Na sala de TV, a parede de concreto aparente manteve-se como no original para mostrar a estrutura do imóvel. A tubulação da rede elétrica é toda externa neste ambiente. Ao abrir a cozinha e retirar a porta que dividia o terraço, ficou mais fácil andar pelos espaços e enxergar toda a ala social, de um extremo ao outro.

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Projeto:

Arquitetura de interiores

Arquitetas:

Clara Reynaldo e Cecília Reichstul

Luminotécnica: CR2 Arquitetura Piso de madeira: Projeto Madeiras • Porta de correr: RM Vital Marcenaria Ladrilho hidráulico: Modelo Sol e Lua em azul ultramar e cinza-claro - Ladrilhar Fechamento varanda: Mansur Vidros • Estante Brasiliana: Securit

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INTERIORES

MUDANÇA de

CONCEITO

Projeto de interiores de agência de publicidadeoferece um ambiente confortável para os funcionários, mostrando que a criatividade pode e deve estar presente em espaços corporativos | Fotos: Rafael Renzo

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rabalhar em um ambiente confortável e aconchegante é o que todo mundo quer e para as empresas isso pode significar aumento na produtividade e, consequentemente, na lucratividade. Pensando nisso, a arquiteta Adriana Noya desenvolveu o projeto da nova sede da agência Fess’ Kobbi Comunicação, na Vila Olímpia em São Paulo. Com pé direito duplo e 400m², localizada em um dos endereços mais nobres da cidade, o projeto foi alvo de uma grande reforma para abrigar os escritórios dos três sócios, cinco salas de reuniões e um open office para seus 50 funcionários, contemplando inclusive refeitório. Atendendo ao pedido da empresa, o projeto e a obra duraram apenas dois meses.

Para compor o projeto, Adriana escolheu um piso laminado de madeira preta, na mesma tonalidade dos grandes caixilhos que dividem o mezzanino do Open Office, e também dos caixilhos externos do prédio. A divisão dos novos espaços foi feita com drywall com isolamento acústico, criando ambientes neutros e sofisticados. Na recepção, que é dividida com o Open Office, foi construída uma parede com porta pivotante mimetizada, ambos revestidos com um painel que tem em sua composição garrafas pets, o mesmo material foi aplicado também no amplo balcão. No forro, a iluminação com mini perfileds complementam a atmosfera futurista. Sobre as mesas de trabalho foram instaladas réguas pendentes e no grande teto inclinado spots cênicos, que proporcionam uma iluminação mais

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dramática e oferecem destaque a escada. Já na sala de reunião principal os três pendentes laranjas remetem à cor da empresa. Com alguns pontos de cor, marca registrada da arquiteta, mas cuidadosamente aplicados para não interferir na concepção das campanhas publicitárias, o projeto garante personalidade e versatilidade ao escritório, garantindo aos funcionários e clientes conforto para o dia a dia de trabalho.

Projeto:

Arquitetura de interiores Arquiteta:

Adriana Noya

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䄀刀䄀䴀䤀匀 䴀䄀一䄀촀刀䄀 匀䠀伀倀倀䤀一䜀  ⠀㠀㌀⤀ ㈀㄀ 㘀ⴀ㘀㈀㜀㈀ 57


INTERIORES

TRADIÇÃO NO BIXIGA

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Projeto para uma padaria paulistana é uma imersão nahistória da imigração italiana | Fotos: Maíra Acayaba

ascido na região da Basilicata, na Itália, Filippo Ponzio trouxe para o Brasil, há mais de 100 anos, a receita de um pão que se tornaria um dos mais famosos de São Paulo: o pão italiano Basilicata. Desde então, a tradicional padaria está no coração do bairro paulistano do Bixiga. E assim vai continuar, mas em um novo empreendimento, a Basilicata – Pão, Empório e Restaurante.

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Com projeto do SuperLimão Studio, o clima é de uma imersão na história da imigração italiana: balança antiga, o “pendura” (onde literalmente se penduravam as contas), cartazes escritos à mão e fotografias que contam a história da família que saiu do sul da Itália. O imóvel foi restaurado para receber o novo empreendimento. Com dois andares, no inferior está o empório e a padaria e, no andar superior, o restaurante. O ponto de partida do projeto foi buscar o resgate das


memórias mantendo a tradição a partir da arquitetura, respeitando características originais do prédio. E, ao mesmo tempo, buscando espaços abertos para as novas áreas de atendimento. Passando pela entrada, o espaço que se abre é um empório elaborado com detalhes que contam aos poucos a história da família, sem perder a sua essência. Tabuleiros de pães como expositor de produtos estão fixados em estruturas metálicas que remetem aos suportes originais de ferro elaborados pelos ferreiros da família; ao lado dos caixas um painel de cortiça abriga um mapa da Itália desenhado com fios de lã e resgata um o momento do início dessa história: contase que, enquanto o navio que se afastava do porto, o imigrante levava uma ponta de um novelo de lâ e os

familiares em terra seguravam a outra extremidade na esperança de um dia poder unir essas duas pontas. Ainda na entrada, à esquerda, uma mesa de corte de provolone marca a passagem para o outro salão e acomoda diversas opções de azeites e queijos. Nesta área, está a parte de produtos refrigerados do empório que, além das geladeiras em inox, estão acomodados em um móvel biscoiteiro da família e em mesas desenhadas especialmente para o projeto. Foram descobertos, durante a obra, afrescos do início do século XX nessas paredes, que foram preservados. Um amplo balcão e mesas-bistrô estarão à disposição para lanches rápidos no andar inferior. Bem na esquina desses balcões, e bem em frente à entrada da Basilicata, o balcão acomoda os pães

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propositalmente, por ser o carro chefe da casa. Caminhando por esse andar, uma mercearia com produtos estão à disposição dos clientes que querem levar para casa itens de mercado. Ao sair para a área externa, três coqueiros foram mantidos e mesas foram dispostas para receber os clientes. Os detalhes de todas essas histórias ficam na ambientação dos espaços com as peças herdadas de todas as gerações. Entre eles, portas dos fornos a lenha forjados pelos ferreiros da família, ferramentas como a bigorna, balança, grelhas das cinzas dos fornos transformadas em balaustres no vão aberto no segundo pavimento, até alguns objetos pessoais, como um caderno de anotações, óculos, cédulas e moedas. No andar superior está a novidade, o restaurante. É lá que o chef Rafael Lorenti prova que

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a cucina italiana está no DNA e prepara um menu tipicamente do sul da Itália, com cerca de 30 opções de pratos. Para chegar ao segundo andar, a escada existente foi reformada e adequada a novas normas. Um elevador também foi instalado para garantir a acessibilidade de todos os clientes. Sem paredes, o salão superior acomoda cadeiras, mesas e sofá desenhados pelo SuperLimão. O assento do sofá também faz referência a um momento familiar e pós-Segunda Guerra, em que o governo racionava produtos como farinha e açúcar. Certa vez, ao receber fiscais do governo em sua casa, a família arrumou uma cama no canto do quarto com sacas de farinha cobertas por uma colcha. Em cima do sofá, luminárias industriais iluminam diretamente cada mesa.


Portas balcão de madeira originais levam para uma varanda que é fundamental para a ventilação do espaço. Na cobertura, com telhas de fibrocimento tipo calhetão, foram feitos rasgos criando uma série de claraboias. Nas paredes, as tintas escolhidas remetem às cores da Itália, mas em tons suaves. Além do verde, vermelho e branco, outras cores estão presentes, como o amarelo e o azul complementando a atmosfera do ambiente.

Projeto:

Arquitetura de interiores Arquitetura:

SuperLimão Studio Equipe de Projeto: Lula Gouveia, Thiago Rodrigues, Antonio Carlos F. de Mello, Juliana Marcato, Renato Assada e Leticia Domingues. Revestimentos parede : Duriplast • Pisos : Ladrilho hidráulico Dalle Piagge / Elastopave BASF

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CAPA

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A natureza dá as cartas

O apelido de ‘Casa da Mata’ não é à toa para um projeto em João Pessoa que prima pelo diálogo com o ambiente Texto: Débora Cristina | Fotos: Vilmar Costa

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projeto de uma casa contemporânea, marcada por linhas retas com uma estrutura mista de concreto aparente, madeira, vidros e perfis de aço galvanizado. Assim é a definição da arquiteta Sandra Moura para esta casa única, aconchegante e convidativa, que fica num condomínio fechado em João Pessoa, na Paraíba.

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Sandra ressaltou que as esquadrias de vidro e alumínio em grandes dimensões banham de luz natural os espaços internos, o que contribui para uma economia significativa da energia da casa. “Na fachada sul, temos como parte do revestimento o aço corten com esquadrias em vidro e alumínio bronze, os perfis em madeira ipê na sua composição frontal”, contou a arquiteta. Na entrada da residência, os visitantes já percebem uma surpresa: eles se deparam com um lago em forma de ilha com vegetação e o revestimento em cerâmica vulcânica da palimanan emoldurando e marcando a entrada principal. Andando um pouco mais, já na fachada norte, é possível ver o formato em “U” da casa, marcado por dois balanços nas duas laterais menores com piso e teto realizado em concreto aparente e com as vigas de suporte destes balanços em aço galvanizado com pintura eletrostática aparente. No terraço e varanda gourmet, do lado norte, a sua implantação se deu com uma proporção acentuadamente alongada, com um detalhe: em parte temos a visão do pé direito duplo entre a sala e a varanda gourmet. As suítes, localizadas na parte superior do imóvel, tem uma estrutura que interage com os sistemas de concreto com vigas e pilares em aço, com sobrecarga distribuída homogeneamente por toda a laje de piso de concreto. A sala esbanja criatividade, com o pé direito duplo e recebendo internamente um jardim interno, que além de qualificar a iluminação natural dos interiores, funciona como favorável interrupção da

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proporção acentuadamente alongada da casa. Nesta mesma forma atuam a distribuição de materiais as ambiências distintas que criam em cada pavimento.

Piscina e spa A piscina em formato retangular tem o seu aquecimento através de energia solar, parte dela acolhe um spa e a prainha . A visão que o usuário tem da piscina é uma parede verde com a mata acima nos limites do muro. Esta piscina tem como apoio uma sauna toda construída em aço corten, madeira e vidro, dando suporte para quem a estiver utilizando. O desnível da varanda para o deque da piscina fica em torno de 60cm. O acesso ao deque é estruturado por degraus de madeira ipê com o suporte em aço, o piso do deque todo montado com madeira ipê certificada de reflorestamento, tem total integração com a área da piscina, que tem tanto borda como área interna revestida com pedra natural da palimanan. “Todo este equipamento tem como apoio a varanda gourmet que tem vários equipamentos como churrasqueira, adegas, cervejeiras e bancada para lavagem do material, ela fica disposta no lado leste da residência. Este espaço gourmet funciona como extensão das áreas sociais e de lazer do térreo, cujas portas de correr, feitas com alumínio e vidro, permitem abertura total dos vãos”, complementa a arquiteta.

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Iluminação O projeto luminotécnico dessa residência foi 100% realizado em LED com soluções inovadoras e criativas. “Parte do que ficou na laje de concreto, tivemos como solução realizar a pintura eletrostática nas caixas de iluminação na cor do concreto. O LED foi escolhido pela redução do custo de energia e pelo fato de que elas podem ser encontradas em tamanhos bem reduzidos, além do seu tempo de vida útil chegar perto dos 10 anos”, contou Sandra. As luminárias, spots e arandelas com lâmpadas amarelas, foram usadas nas áreas sociais e íntimas. Nas áreas como cozinha, serviço, depósito, despensa e escada de serviço foram utilizadas as lâmpadas frias que não propagam calor nem criam sombras. Já o mobiliário utilizado tanto internamente como externamente, na área externa prevaleceram as fibras sintéticas externas, telas e a madeira maciça com pedras naturais.

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Enfim, este é um projeto que fez uma conexão perfeita entre a arquitetura e a natureza, privilegiando a vista da mata: “O terraço que está integrado com a sala se lança para fora formando um espaço amplo

e generoso que molda um abrigo para uma família que tem a visão privilegiada da natureza. Esta reserva emoldura uma casa que já nasceu predestinada para ser chamada de ‘Casa da Mata’”.

Projeto: Arquitetura e interiores

Arquiteta:

Sandra Moura

Mobiliário: Artefacto • Esquadrias: Fecimal Arte e Madeiras • Iluminação: Stiluz

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ESPECIAL

Combatendo as alergias em casa

Projeto do escritório Jardim & Sperb Arquitetura e Interiores. Na sala, o piso de mármore dispensa o uso de tapetes. Fotos: Jomar Bragança

Especialistas dão dicas sobre como evitar o surgimento de alergias e outros problemas respiratórios

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Texto: Ana Horta | Fotos: Jomar Bragança, Henrique Queiroga e Osvaldo Castro

inverno 2017 chegou com tudo. No Brasil, algumas cidades registraram as mais baixas temperaturas em mais de quatro décadas. Com o clima tão frio, o ar torna-se favorável à proliferação de alergias e outros problemas respiratórios, o que acende um alerta sobre a saúde. Não por acaso, os cuidados que tomamos ao sair de casa nesta época do ano são redobrados. Todos querem escapar das temidas friagens. O que nem todo mundo se preocupa, porém, é justamente com o interior das casas, que pode ser o grande vilão. “Os ambientes inadequados são os principais causadores e mantenedores de crises alérgicas. Morar em um lugar arejado, sem ventos fortes, com boa luminosidade, é com certeza mais saudável

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para qualquer pessoa”, alerta a médica alergista Rozana de Fátima Gonçalves. Segundo a especialista, é preciso estar atento, pois é justamente em casa que as crises alérgicas costumam ser despertadas. “As pessoas nascem com o gene da alergia. Este pode despertar em qualquer época da vida e a pessoa sensibilizada passa a ter sintomas. Geralmente, este despertar ocorre quando a pessoa tem contato com ambientes empoeirados, poluídos, mofados”, pontua. Fica evidente, portanto, que a melhor maneira de evitar este tipo de problema de saúde é cuidando da casa desde os mínimos detalhes, que já começam no projeto de arquitetura de interiores. A arquiteta Fernanda Sperb, sócia do escritório Jardim & Sperb, é categórica sobre os elementos que devem ser evitados


em casas onde um dos moradores já manifestaram sintomas de alergias. “Tapetes, almofadas, bichos de pelúcia, cortinas, tudo que junte poeira é prejudicial para o alérgico”, enumera. Com relação aos tapetes, a profissional afirma que existem opções no mercado para quem não quer abrir mão do elemento, como os tapetes de nylon, que são fáceis de lavar. A designer de interiores Laura Santos, acrescenta: “Os tapetes emborrachados são ótimos, pois não são felpudos e são de fácil manutenção”. Os livros também costumam acumular poeira, mas, como muitas pessoas fazem questão de tê-los em casa, Laura Santos indica: “Uma boa ideia é acomodálos em armários com portas ou básculas, em vez de prateleiras e nichos. Para quem quer mantê-los à mostra, a melhor opção é usar portas de vidro incolor”. De acordo com as profissionais, outra questão importante diz respeito ao material do mobiliário. “Numa casa de uma pessoa alérgica é importante sempre escolher móveis que possam ser higienizados com pano úmido, como os móveis com superfície de vidro, por exemplo”, explica Laura. Lígia Jardim , arquiteta, completa: “Os materiais sintéticos para bancadas de cozinha e banheiro são indicados. O corian, por exemplo, não retém odores e não absorve líquidos, além de ser resistente a bolores e mofos”. Lígia e Fernanda recomendam ainda o uso de travesseiros antialérgicos e protetores de colchão. E Laura Santos finaliza: “Casa arejada e ensolarada é fundamental. Manter as janelas abertas e deixar o sol da manhã entrar pode ser de grande ajuda”.

Cuidados simples Casacos, moletons, cobertores, edredons, cortinas e tapetes escondem inimigos microscópicos que podem causar alergias e irritações. São eles os aracnídeos e os ácaros, que se alimentam da descamação da pele, gostam de ambientes quentes, úmidos e com pouca luz. Aquele cheirinho de guardado não é nada bom para a saúde e traz consigo as rinites alérgicas, que são uma inflamação da mucosa nasal e atingem cerca de 30% da população. Para evitar esse desconforto desnecessário - que pode acentuar esta doença -, o mais indicado é tirar as roupas do armário com frequência. Uma dica é guardar em lugares arejados ou armazenar em sacos plásticos fechados e, de qualquer forma, sempre colocar no sol. Porém, só isso não é suficiente; lavar as peças é fundamental para a limpeza. Como algumas roupas são delicadas, usualmente é indicada a lavagem à mão. Para isso é importante escolher o produto certo para que não haja a ocorrência de desconforto na pele e, por isso, recomenda-se escolher um lava-roupas dermatologicamente testado. “Esses produtos passam por testes clínicos de segurança, coordenados por médicos em institutos especializados. As pesquisas que comprovam a ausência de eventos adversos e irritação são realizadas com seres humanos. Esses resultados confirmam que a formulação foi desenvolvida de forma balanceada, capaz de remover sujidades com poder e suavidade”, explica Cristiane Ayres, Gerente de P&D e Regulatórios da Casa KM. Esses cuidados devem ser tomados por aquelas pessoas mais sensíveis e suscetíveis a irritações e alergias diversas. Muitos acreditam que a versão líquida do lava-roupas é a mais indicada nesses casos. Porém, segundo Cristiane, a irritação na pele é muito mais influenciada pela concentração do produto e balanceamento da fórmula do que pela forma como é comercializado – líquido ou pó –; portanto, é importante sempre escolher marcas de qualidade e seguir a dosagem recomendada indicada no rótulo do produto, pois os testes dermatológicos sempre simulam o uso do produto em condições reais. Os produtos que contêm coco são, também, os mais procurados por pessoas que querem se proteger de alergias e irritações. A especialista explica que a pele é o órgão responsável por criar uma barreira entre o exterior e o interior no corpo humano, sendo sua permeabilidade diretamente relacionada à facilidade ou dificuldade na absorção de quaisquer substâncias. “Os ativos derivados de ácido graxo de coco presentes no lava-roupas são capazes de formar uma camada protetiva sob a pele, evitando a absorção de substâncias que podem causar a irritação em pessoas mais sensíveis ou alérgicas”, completa. Mas, é sempre bom lembrar que, para manter alergias e irritações bem longe, além de cuidar das roupas é necessário também se preocupar com a casa, que deve ser arejada, com piso e móveis limpos - com produtos adequados e pano limpo - e averiguar a validade do colchão e dos travesseiros, que são os esconderijos preferidos dos ácaros.

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REPORTAGEM

Conhecimento e prática O designer de interiores agora é uma profissão regulamentada por lei no Brasil

Projeto: Sathler Camargo design de interiores

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esde dezembro de 2016 o designer de interiores só pode ser um profissional que tiver diploma de curso superior nas áreas de designer de interiores, composição de interior, design de ambientes na especificidade de interiores e em arquitetura e urbanismo. A mudança acontece através da Lei 13.369, que faz com que a profissão seja finalmente respeitada e exercida apenas por aqueles com conhecimento e prática necessários. O que beneficia o profissional, mas principalmente quem contrata o serviço. Na opinião da designer Germana Gonçalves, a regulamentação é importante para os profissionais atuantes e para os futuros designers. “Isso valoriza

Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

a profissão e beneficia a todos com a segurança de projetos elaborados apenas por profissionais devidamente habilitados”, disse. A designer Carine Medeiros, disse que é muito bom ter uma profissão reconhecida constitucionalmente. “O benefício não é só para designers, do modo como o projeto foi feito, abre brechas para outros profissionais que não têm formação específica para interiores atuarem também”. Carine disse ainda que, diretamente, a regulamentação ainda não mudou sua atuação. “Indiretamente a profissão, que é relativamente nova no Brasil, vem ganhando conhecimento do grande público e ações como a regulamentação sedimenta isso e ajudam


o mercado a crescer. A profissão está se ajustando, encontrando sua atuação, mas não exatamente por causa da regulamentação”, opinou. Ela tem ressalvas quanto aos benefícios da regulamentação. “Particularmente eu não estava esperando muito. Partiu de um nicho muito específico de profissionais que não reflete exatamente a vivência da maioria, além de que os grandes conflitos da regulamentação ainda ficaram em aberto. O que fazemos, outros profissionais como arquitetos também podem fazer”, disse. Para Geane Delgado, que tem 10 anos de experiência na área, a regulamentação da profissão foi uma vitória. “Depois de anos de luta, conseguimos ter nossa profissão reconhecida, estabelecendo nossas competências e os fundamentos da profissão. Além de estabelecer os vínculos jurídicos do profissional com a sociedade, tornando o exercício da profissão mais ético”, disse. Ela ponderou que, como a regulamentação ocorreu há alguns meses, ela ainda não conseguiu perceber no dia a dia do exercício da profissão alguma diferença de vulto. “Porém, alguns colegas já se movimentam para criar grupos de ação para divulgação e fortalecimento da profissão na cidade, e a discussão da necessidade de criação de um conselho. Apesar de ter havido alguns vetos, não afetaram o principal objetivo de garantir o exercício profissional”, afirmou. Geane crê que, a partir de agora, os designers poderão obter maior valorização profissional e a sociedade passará a conhecer melhor a diferença

deste profissional em relação a um arquiteto e um decorador, consumindo e pagando pelos serviços de maneira mais esclarecida.

Arquitetos e designers Germana explicou, citando a nova lei, que o profissional designer de interiores e ambientes é aquele que planeja e projeta espaços internos, visando o conforto, a estética, a saúde e a segurança dos usuários, respeitadas as atribuições privativas de outras profissões regulamentadas em lei. Já o arquiteto tem o design de interiores inserido dentre outras áreas em que pode atuar. Portanto pode exercer essa e outras atividades relacionadas a urbanismo e paisagismo, por exemplo. “É importante ressaltar, que as duas profissões se complementam, e podem estar juntas sempre, valorizando ainda mais os projetos residenciais, comerciais, industriais e corporativos”, opinou.

O que compete ao profissional de design de interiores? • Estudar, planejar e projetar ambientes internos existentes ou pré-configurados conforme os objetivos e as necessidades do cliente ou usuário, planejando e projetando o uso e a ocupação dos espaços de modo a otimizar o conforto, a estética, a saúde e a segurança de acordo com as normas técnicas de acessibilidade, de ergonomia e de conforto luminoso, térmico e acústico devidamente homologadas pelos órgãos competentes; • Elaborar plantas, cortes, elevações, perspectivas e detalhamento de elementos não estruturais de espaços ou ambientes internos e ambientes externos contíguos aos interiores, desde que na especificidade do projeto de interiores; • Planejar ambientes internos, permanentes ou não, inclusive especificando equipamento mobiliário, acessórios e materiais e providenciando orçamentos e instruções de instalação, respeitados os projetos elaborados e o direito autoral dos responsáveis técnicos habilitados; • Compatibilizar os seus projetos com as exigências legais e regulamentares

relacionadas a segurança contra incêndio, saúde e meio ambiente; • Selecionar e especificar cores, revestimentos e acabamentos; • Criar, desenhar e detalhar móveis e outros elementos de decoração e ambientação; • Assessorar nas compras e na contratação de pessoal, podendo responsabilizar-se diretamente por tais funções, inclusive no gerenciamento das obras afetas ao projeto de interiores e na fiscalização de cronogramas e fluxos de caixa, mediante prévio ajuste com o usuário dos serviços, assegurado a este o pleno direito à prestação de contas e a intervir para garantir a sua vontade; • Propor interferências em espaços existentes ou pré-configurados, internos e externos contíguos aos interiores, desde que na especificidade do projeto de interiores, mediante aprovação e execução por profissional habilitado na forma da lei; • Prestar consultoria técnica em design de interiores.

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OUTRas áreas

Crescendo nas

trapalhadas Lucas Veloso mantém viva a chama do humor do pai, Shaolin, e agora como sucessor de Renato Aragão Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

É

clichê, mas não tem como evitá-lo: Lucas Veloso leva o bom humor no sangue. O ator paraibano é filho do comediante Shaolin, que fez grande sucesso na TV nacional, mas cuja carreira foi interrompida no auge e tragicamente por um acidente automobilístico em 2011. A partir de então, foram quatro meses em coma e uma lenta recuperação em seguida, mas o humorista morreu em janeiro de 2016. Os meses seguintes, no entanto, viram florescer o talento de Lucas, então com 19 anos. Ainda em 2016, ele se tornou um rosto familiar em todo o Brasil com um pequeno papel na novela Velho Chico, um personagem que se chamava justamente Lucas. Pertencente ao núcleo dos personagens de Domingos Montagner e Lucy Alves, era o assistente na associação comunitária. Acabou disputando a personagem de Giullia Buscacio com Gabriel Leone e se destacando ao incorporar imitações a seu papel. Imitava o personagem de Antônio Fagundes na novela e também Silvio Santos e seus bordões. Um personagem muito simpático, com o qual ele pôde aproveitar muito bem seus momentos na tela. Daí, ele viu reforçadas as apresentações de seu show de humor pelo Brasil, onde tem a difícil missão de conviver com a memória do pai. “Não quero ser um novo Shaolin”, disse em entrevista na TV, consciente de que deve buscar sua própria identidade. “eu quero ser o primeiro Lucas Veloso”.

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Um novo desafio se apresentou este ano, e não dos pequenos: ser o “novo Didi” em uma refilmagem do icônico humorístico Os Trapalhões, que estreou no canal Viva em julho. Como Renato Aragão e Dedé Santana estão em cena como “mentores” do novo quarteto, ele não leva o peso total de ser 100% o “novo Didi”. Seu personagem, então, foi batizado como Didico. “Demorei a digerir que eu iria conhecer o Renato Aragão e o Dedé Santana”, disse, em entrevista ao site Observatório da Televisão. “Fiquei muito nervoso, tomei muito chá de camomila para me acalmar e segurar as pontas. Eu esperava uma pessoa muito menos

Os trapalhões, 2017

O Velho Chico, 2016

acessível do que ele é e me surpreendi com o quanto ele é generoso”. Lucas agora tem 21 anos e está prestes a ser muito conhecido. Após o Viva, o novo Os Trapalhões deve ir ao ar na Globo, um tiro de canhão muito maior. E, se fizer sucesso, pode ter mais temporadas. “Shaolin comemoraria por uns 15 anos”, disse o ator ao portal G1 sobre o novo projeto. Para terminar com outro clichê: ainda se ouvirá muito falar de Lucas Veloso – e ele ainda será muito visto, também.

77 O Velho Chico, 2016


ARQUITETURA E CINEMA

O espaço é aqui A Estrela da Morte, em Guerra nas Estrelas - 1977

Com liberdade para criar em um universo todo novo, Star Wars tem sua arquitetura inspirada nos ambientes da Terra

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o fim do ano mais um Star Wars estreia nos cinemas. Será o Episódio 8, mas, ao todo, o 11º filme (entram na conta dois derivados: Rogue One – Uma História Star Wars, lançado ano passado, e Star Wars –Clone Wars, piloto de uma série animada lançado no cinema em 2008). O mundo de fantasia concebido por George Lucas a partir dos anos 1970, situado “há muito, muito tempo, numa galáxia distante” é campo fértil para todo tipo de criação: costumes sociais, roupas, veículos, aparências alienígenas e, também, arquitetura. Mas a verdade é que nem tudo é tão novo e futurístico: as ambientações da série são inspiradas, quase sempre, no que já existe ou existiu no nosso mundinho, mesmo. Em termos de narrativa e em se tratando de uma escala galática, é curioso como os planetas e luas são tratados em geral como cidades ou regiões de um país. Desde o filme original, Guerra nas Estrelas (1977, desnecessariamente rebatizado a partir do final dos anos 1990 como Star Wars – Uma Nova Esperança), cada planeta possui uma característica visual particular. Não são, ou não parecem ser, como a Terra e suas inúmeras variações ambientais. O filme original começa no espaço, a bordo de naves, e o primeiro planeta em

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Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

que a série aterrisa é Tatooine, lar de Luke Skywalker, que será o herói da trama. É uma civilização que vive no deserto ¬ não por acaso, as filmagens dessa sequência foram realizadas na Tunísia. Uma construção real do país, escavada no chão para proteger seus habitantes das intempéries do tempo, é o modelo usado para o lar da família Skywalker. Fala-se de plantações e colheitas, mas não se vê nada disso. A única alteração maior nessa paisagem é o centro urbano de Mos Eisley, com a movimentação típica de uma cidade importante da região. O trânsito agitado de pessoas é resultado do espaçoporto local. Lucas reforçou essa agitação a partir dos anos 1990, quando sucessivas edições especiais do primeiro filme acrescentaram transeuntes, veículos e aumentaram edificações (em número e tamanho). É interessante, nesse quesito, a comparação entre as edições do filme de 1977, 1997 e a edição (até o momento) definitiva. A sensação de calor em Tatooine contrasta com a de frio na Estrela da Morte, a estação espacial armada e móvel com a qual o terrível Império pode dizimar planetas inteiros. De visual marcial e limpo, tanto nos uniformes quanto nos corredores, é para lá que os heróis rumam para salvar a Princesa Leia, encarcerada.


A Estrela da Morte tem o formato circular, sem destoar do resto do espaço: parece um corpo celeste e não uma nave. Chega mesmo a ser confundida pelos personagens, a princípio, com uma Lua. Dentro, aparecem a ponte de comando, o porto, muitos corredores, o nível da prisão e o compactador de lixo, onde uma das cenas mais lembradas acontece. Por fora, seu formato inclui corredores por onde pequenas naves se espremem em alucinados vôos para tentar acertar seu único ponto fraco – um tiro ao alvo cuja possibilidade é explicada em Rogue One. Em O Império Contra-Ataca (1980), segundo filme, aparecem Hoth, um mundo gelado, não muito diferente de regiões polares da Terra. Há a Cidade das Nuvens, flutuante, cercada por nuvens, e cujo interior pouco parece ter de cidade mesmo. Planos da cidade informam que há até fábricas e refinarias na estrutura. Mas, no filme, não se vê nada disso, além do momento em que o herói Han Solo é criogenizado e do combate entre o vilão Darth Vader e Luke Skywalker, em um cenário que prima pela fumaça e escuridão, contrastando com os níveis acolhedores, claros e amplas janelas exibidos antes. Curiosamente, com tudo isso, não aparecem veículos ou ruas na Cidade das Nuvens, mas corredores que também primam por um aspecto de limpeza visual: no fim, esses nível mais “turístico”, digamos assim, parece mais um shopping. Há também Dagobah, planeta onde aparecerá o pequeno e velhíssimo jedi Yoda. Trata-se de uma grande e úmida floresta, onde Yoda vive em uma habitação simples, sem vestígios de modernidade, propositalmente assim para esconder (inclusive do público) o passado mais glorioso do antigo combatente. Em O Retorno de Jedi (1983), o destaque fica por conta da lua de Endor, onde o combate final entre as tropas da Aliança Rebelde e do Império acontece. Mais uma vez, o ambiente parece ser um só: uma imensa floresta, onde vivem os fofinhos Ewoks. Um povo primitivo que parece uma coleção de ursinhos de pelúcia e que vive em estruturas montadas no alto das árvores: casas e complexos caminhos suspensos construídos para ligar umas às outras. A segunda trilogia (A Ameaça Fantasma, 1999; Ataque dos Clones, 2002; A Vingança dos Sith, 2005), cuja trama se passa antes da primeira, foi realizada numa época em que a geração de imagens por computador já era uma realidade. Literalmente era possível “construir” qualquer coisa – nos primeiros filmes, era preciso construir de verdade ou recorrer a maquetes. Por isso, explodiu a criatividade e imponência das edificações – muitas vezes, de maneira exagerada. A grandiosidade dá o tom o tempo inteiro. Coruscant, a capital da então República, é um planeta tomado por prédios tão altos que não se vê o chão, mas buscando combinar o art déco com arquitetura moderna. Há formas piramidais e o Templo Jedi, maciço, muito mais alto que as construções ao redor, além de suas

O desértico Tatooine em Guerra nas Estrelas , 1977

cinco torres. Nos interiores, a Arena do Senado, onde discussões políticas acontecem, é também gigantesca, com assentos que voam para dar protagonismo a quem está com a palavra. O planeta Naboo traz uma arquitetura mais clássica e romântica, inspirada em parte no trabalho de Frank Lloyd Wright e no Palácio Real de Caserta, na Itália. Os dois protagonistas desta trilogia, Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi se enfrentam em Mustafar, planeta vulcânico, trocando golpes de sabres de luz em um rio de lava. A série voltou com O Despertar da Força, o episódio VII, em 2015. Muito dos visual da primeira trilogia voltou, inclusive, com um planeta deserto na parte inicial (que, pela trama, não é Tatooine – mas, bem, é como se fosse). A ideia certamente era a de evocar os sentimentos do público com relação aos filmes originais e se distanciar da criticada trilogiaprelúdio. Agora, é esperar o que trará Star Wars – Os Últimos Jedi, filme que estreia em dezembro. Quai serão as novidades e buscar, nelas, de onde vieram as inspirações para essas criações: todas elas, bem aqui da Terra mesmo.

Alto das árvores em O Retorno de Jedi - 1977

A grandiosa Coruscant em A Ameaça Fantasma- 1999

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INTERIORES E MODA

SEGUNDA PELE As tendências e alternativas atuais do couro

Abajur Etna

Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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couro, ou seja, a pele curtida de animais, utilizada como material nobre para a confecção de acessórios como bolsas e sapatos, vestuário e revestimento de mobiliário, é tendência desde os primórdios. No Brasil, com a intensificação da colonização, os rebanhos se multiplicaram e a facilidade da instalação de curtumes (local onde é feito o processamento do couro cru), fez o material tornar-se abundante e bastante utilizado na confecção de instrumentos de trabalho. Atualmente o couro mais utilizado na fabricação de diversos produtos é o bovino, seguido do caprino, devido ao menor custo e a abundância do material. A indústria de alimentos produz 8 milhões de toneladas de pele bovina no mundo, e os curtumes acabam servindo como ferramentas que mantém viva

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um ciclo sustentável de aproveitamento que evita um enorme impacto no meio ambiente. O curtimento tornou-se uma indústria moderna que maximiza os benefícios da pele animal como um importante recurso natural. No Brasil, possui em média 310 curtumes que geram 42 mil empregos diretos. O couro para a decoração traz sensação de aconchego e tem o poder de transformar espaços e mobiliários com personalidade e durabilidade. Quando combinado com madeira e tecidos, traz um ar retrô, já combinado com metais, vidro e mármore revelam uma atmosfera contemporânea e moderna. Uma das últimas tendências para o uso do couro são os detalhes nos sofás que aparecem com costuras, pespontos, encosto e bordas diferenciadas e elegantes, além disso, os revestimentos diferenciados continuam sendo ponto chave na ambientação, entre


eles o uso do couro nobre traz promessas de luxo e modernidade. Já no mundo da moda, a matéria prima aparece em versões mais fluidas e menos justas ao corpo, em peças com mais movimento e texturas diferenciadas, com muito uso de brilho e grafitado. As saias plissadas em couro são as queridinhas do outono inverno 2017, junto com os casacos estilo “doudones” (aqueles utilizados para quem pratica esporte na neve), porém repaginados e estilizados com couro e outros tecidos. É importante ressaltar que nos últimos anos, devido ao custo alto do material, além das tendências e mudanças de pensamento mundial, o uso do couro legítimo de pele de animais ganha alternativas de utilização de materiais que possuem a mesma aparência do couro, porém com processos de fabricação e materiais alternativos, sintéticos ou naturais. As expressões “couro ecológico”, “sintético”, “vegetal” e etc., são proibidas pela Lei 4.888/65, que determina que apenas produtos feitos com pele de animal podem receber a denominação “couro”. Existe uma diferença considerável entre essas novas alternativas, onde o tecido denominado sintético não é de origem animal, possui menor custo e é bastante versátil, feito basicamente de poli cloreto de vinil (PVC). Já o ecológico utiliza em sua fabricação a matéria prima animal, porém substituem em seu processo, os metais pesados como o cromo, por substâncias alternativas como o tanino vegetal, o que torna as proteínas existentes nas peles, mais resistentes à decomposição, além de serem menos poluentes e utilizarem menos água no processo. Por último o vegetal, que é feito a base de látex natural extraídos das seringueiras nativas da floresta amazônica. Para a produção é utilizado um tecido de algodão banhado em látex, defumado e vulcanizado em estufas especiais. Este é 100% artesanal, promove a melhoria de vida dos seringueiros e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. É importante e plausível o uso de materiais alternativos, pois estes permitem a utilização em diversas formas como mesas, cadeiras, sofás, pufes, estofamento de veículos, almofadas, acessórios e na confecção de roupas e calçados, porém, deve-se haver uma comercialização honesta e um cuidado por parte dos consumidores em verificar na etiqueta do produto, a origem e durabilidade do material adquirido. Por fim, utilizar-se da beleza e versatilidade do couro legítimo e suas alternativas em tecidos similares de maneira consciente estão sempre na moda!

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PONTO FINAL

O tempo é um rio que corre A vida é uma casa que construímos com as próprias mãos, criando calos, esfolando joelhos, respirando poeira. Levantamos alicerces, paredes, aberturas e telhado. Podem ser janelas amplas pra enxergar o mundo, ou estreitas para nos isolarmos dele. Pode haver jardins, pátio, por pequenos que sejam, com flores, com balanços, para a alegria; ou só com lajes frias, para melancolia. Vendavais e terremotos abalam qualquer estrutura, mas ainda estaremos nela, e ainda poderemos consertar o que se desarrumou...

Lya Luft

Trecho do livro O Tempo é um Rio que Corre

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