Revista AE 17

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Editorial

Com o pé direito Essa é a nossa primeira edição do ano 2007. E começamos bem, com o pé direito. Como tem acontecido a cada nova edição: mais páginas, mais matérias, mais projetos, mais informação. E mais jornalistas fazendo parte da equipe, produzindo textos especiais e exclusivos para a revista. Tudo para trazermos não só uma bela edição, mas uma publicação que ofereça um conteúdo diferenciado o nosso leitor. Nesta edição, estreamos mais uma seção: Nacional, trazendo uma matéria especial sobre os 100 anos de Oscar Niemeyer. O texto, produzido por nossa ex-editora, Socorro e Silva, agora radicada no Rio de Janeiro, mostra a importância de um dos maiores arquitetos brasileiros para o Brasil e para o mundo. Já os projetos arquitetônicos locais mostram trabalhos de Teresa Queiroga (nossa bela capa, com fotografia de Stanley Talião), Alain Moszkowicz e Roberta Xavier, Renata Madruga, Gilvane Bittencourt e o trabalho em equipe de Ana Cláudia Ataíde, Cristina Rocha, Daniela Góes e Doralice Camboim. Nossas reportagens trazem temas atuais e interessantes, como o trabalho de pesquisa feito pela arquiteta Patrícia Gigliola, em uma favela de Santa Rita (PB). Pela primeira vez, profissionais foram à nossa comunidade propor soluções de habitação, a partir do desejo da população. Os moradores da favela que disseram à pesquisadora como desejavam morar. O protótipo já foi construído e com um material ecologicamente correto. Trazemos ainda textos sobre a arquitetura barroca de João Pessoa; as ruínas da igreja de Almagre em Cabedelo; o vidro resistente a riscos e arranhões; e a exposição Visões Berlinenses, em São Paulo. Temos ainda as seções “O que fazer?”, “Antes e Depois”, com projeto de Samia Raquel e o Vão Livre, com artigo de Roberta Xavier. Você irá conferir também esta edição, a cobertura fotográfica da festa em comemoração aos quatro anos da revista, em dezembro passado. Bom, muitos assuntos. E esperamos trazer mais ainda nas próximas edições. Para isso, contamos com sua colaboração e sugestão. Para que nossa revista melhore a cada edição, façamos, então, como Niemeyer. Copiemos não o seu traço (inimitável), mas a sua garra, perseverança e força de vontade para trabalhar e deixar seu legado por diversos anos para os que o admiram.

Expediente

D i r e t o r a E x e c u t i v a _Márcia Barreiros • E d i t o r aa_Luciana Oliveira (DRT/DF 1.849/97) • R e d a ç ã oo_Kaylle Vieira_Luciana Oliveira_Henrique França_Raquel Medeiros_Socorro e Silva_Tereza de Arruda • Fotógrafos desta edição edição_Cácio Murilo_Mano de Carvalho_Stanley Talião • E d i ç ã oo_Formato Assessoria de Comunicação (formatoassessoria@yahoo.com.br) • Diretora Comercial_ Comercial_Márcia Barreiros (arquimarciabarreiros@yahoo.com.br) • Diagramação Diagramação_Charles Wesley • Web Designer Designer_Clayton Castro • Impressão Impressão_Gráfica JB A revista Artestudio é uma publicação trimestral, com tiragem de 7 mil exemplares, de distribuição dirigida e gratuita. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só pode ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.



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Capa Projeto de Teresa Queiroga para o colégio Motiva Ambiental retrata a linha e a conduta da escola: prioridade ao conforto e valorização do meio ambiente.

12 Entrevista Carreira, profissão, mercado de trabalho, desafios, criatividade e soluções para o mundo através da arquitetura são os temas do bate-papo com o presidente do IAB/RJ, Fernando Alencar.

16 Internacional Artistas contemporâneos de Berlim expõem trabalhos no Paço das Artes, em São Paulo, criando uma ponte entre a arte da Alemanha e a do Brasil, na exposição Visões Berlinenses.

42 Acervo Igreja do Almagre, em Cabedelo, erguida por missionários cristãos no século XVII, tombada pelo Iphan em 1938, e hoje em ruínas, deverá ser restaurada.

46 Nacional Arquiteto Oscar Niemeyer completa 100 anos em dezembro e é homenageado no Rio de Janeiro com exposição no Paço Imperial, que permanece até 29 de abril.

48 Reportagem João Pessoa possui verdadeiras jóias, como a Igreja de São Francisco, um dos mais importantes monumentos artísticos da arquitetura barroca da América Latina.

52 Especial Arquitetos e universidades se aproximam da população carente e fazem trabalho social para conter déficit habitacional. Exemplo disso é a comunidade Santo Amaro, em Santa Rita/PB.

58 Materiais Vidro com película transparente e protetora é dez vezes mais resistente que o comum a riscos e arranhões. Relação custo/benefício tem atraído muitos clientes.

e mais os profissionais Ana Cláudia Ataíde, Cristina Rocha, Daniela Góes e Doralice Camboim

Renata Madruga

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Gilvane Bittencourt

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Alain Moszkowicz e Roberta Xavier

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Samia Raquel

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www.artestudiorevista.com.br

Sumário





Entrevista

“É prerrogativa do arquiteto diagnosticar problemas e propor soluções” Fernando Alencar arquiteto

T

Tempo. Eis o que, de cara, mais chama a atenção quando se trata de Fernando Alencar. Hora marcada no imenso relógio em frente à sua mesa, resposta do e-mail no dia prometido, sessão de fotos na hora marcadinha. Exatamente assim. Carioca, arquiteto e atual presidente do Instituto dos Arquitetos do Rio de Janeiro (IAB/RJ), Fernando Alencar administra, sem estresse, o tempo com a mesma maestria com que desenvolve seus projetos há mais de 30 anos, mais da metade dos seus 51 de vida. Foi em meio aos compromissos agendados que, em sua hora de almoço, recebeu a jornalista Socorro e Silva para falar sobre carreira, profissão, desafios, mercado de trabalho, criatividade, soluções para o mundo através da arquitetura...Para isso, não levou mais que duas horas.

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AE: O que é ser arquiteto? Alencar: Antes de tudo é a chance de imaginar e realizar sonhos seus e dos outros. O que deve ser feito sem a pretensão de ser o outro, mas com a obrigação de entender as vontades individuais e coletivas. É também ler nas entrelinhas das demandas, o verdadeiro objeto do projeto, do plano e da obra que deles resulta, levando em conta as condições do espaço oferecido, suas alternativas, tanto quanto respeitando os condicionantes do ambiente, da vizinhança e especialmente investigando as variáveis culturais e sócio-econômicas de forma a não interferir na opção de vida do cliente e de respeitar as naturalidades do programa.


AE: Quais são as atividade que um arquiteto pode desenvolver no exercício da profissão? Alencar: O arquiteto em princípio está preparado para muitas e diferentes tarefas. No que tange ao projeto, é prerrogativa dos arquitetos diagnosticarem problemas e propor soluções para a ocupação e o uso dos espaços internos e externos, seja de uma simples casa ou de uma complexa cidade. Na verdade, a escala do problema não anula o procedimento da investigação que invariavelmente segue um rito de causa e efeito visando prever situações de conflito e propor soluções de conforto que possa resultar no bem estar da família ou da comunidade. AE: Hoje, são inúmeros os cursos de arquitetura no Brasil. Existe mercado para todos esses profissionais? Alencar: O mercado é potencialmente imenso porque o déficit de moradias e as precárias condições de infra-estrutura urbana são por si só um manancial inesgotável de situações que requerem a intervenção dos arquitetos e urbanistas em proporções muito acima das que as faculdades de arquitetura podem formar. Ocorre que, por falta de recursos direcionados a estas prioridades, os arquitetos estão encontrando severas dificuldades para exercer a profissão em condições minimamente satisfatórias. AE: O que é preciso para se diferenciar no mercado e ganhar projeção? Alencar: Quanto menos desenvolvido é um país, mais elitista é o consumidor de arquitetura. Salvo aqueles que estão envolvidos com a gestão pública, os que se dedicam ao exercício da profissão liberal de arquiteto sofrem pela dificuldade de compreensão de como um bom projeto pode influenciar no resultado final de uma obra. Acredito que o arquiteto se qualifica quando se dedica a conhecer as diversas faces da arquitetura. Ao contrário de muitas profissões onde a especialização é a salvaguarda para o sucesso, na arquitetura a diversificação forma um profissional mais qualificado, seguro e experiente.

AE: Para os iniciantes. Como entrar em um mercado com tantos profissionais? Alencar: Se um filho meu anunciasse vocação para arquitetura, não teria dúvidas em aconselhá-lo a se iniciar pela obra. Começar pelo fim é, em arquitetura, a melhor forma de aprender errando pouco. Dificilmente um estudante de arquitetura que faz estágio em obra civil encontrará dificuldades de se afirmar perante o mercado e os seus pares. Sei que posso estar contrariando alguma alma sonhadora que acredita que seu gênio criativo e esteta flutuará acima das ortogonalidades da execução da obra. Pura inocência preguiçosa. Os grandes mestres são operários requintados com desenvoltura nas marcenarias, serralherias e experts em solução de minuciosos detalhes que tornam uma edificação o mais próximo possível de uma obra de arte. AE: Quais as suas perspectivas com relação aos novos profissionais - os que estão se formando hoje? Alencar: Vejo vantagens e desvantagens na comparação dos arquitetos recém formados aos veteranos. Há sem dúvida uma condição inicial de acesso mais amplo ao conhecimento o que resulta da convivência quase obrigatória do jovem universitário com a tecnologia e com a absoluta disponibilidade da informação. Entretanto, vejo também uma dispersão muito grande fruto do oferecimento de tantas alternativas midiáticas que possibilitam muito raramente uma reflexão mais aprofundada das coisas o que é essencial para ser alguém especial. O computador e suas inteligências são ferramentas extraordinárias que permitem avanços rápidos no processo do aprendizado, mas podem também esconder, mais facilmente, as mediocridades. AE: Qual o caminho para esses novos profissionais? Alencar: Se um arquiteto que inicia sua vida profissional acreditar na diversificação como etapa complementar e essencial de sua formação profissional, e isso inclui se aprofundar em outros conhecimentos como línguas, política e economia acabará por se tornar um especialista naquilo que ele agregar de conhecimento e vai fazer com que ele ofereça o diferencial necessário para se destacar no mundo da concorrência predatória.

“Você pode encontrar numa mesa de bar quem ame ou odeie um mesmo projeto. O essencial é a simplicidade e o conforto. Estas duas qualidades quando acontecem juntas num projeto farão dele um majestoso exemplar de boa e perene arquitetura”

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AE: Há quem diga que a solução está nas pequenas e médias cidades. O que você diz disso? Alencar: Sinceramente? Adoraria acreditar que sim. Mas não acho, não! Enquanto as pequenas e médias cidades não tiverem autonomia econômica acho improvável que um arquiteto encontre ambiente para prosperar. A pergunta obriga um pouco mais de reflexão se levarmos em conta o território brasileiro e suas diversidades. Se as cidades médias e pequenas tiverem diversidade econômica com alguma pujança nos setores secundário e terciário, ou seja, houver equilíbrio entre serviços, comércio e indústria, pode ser que o arquiteto consiga se estabelecer com seu escritório de projetos, como executor de obras ou ainda como empreendedor imobiliário. AE: Fora, ser bonito, o que é essencial em um bom projeto? Alencar: Não sei se gosto dos projetos por serem bonitos. Eis aí uma questão difícil para se lidar. Conceitos de beleza são tão variáveis hoje em dia que você pode encontrar numa mesa de bar quem ame ou odeie um mesmo projeto por mais brilhosa e

requintada que seja sua fachada. O essencial a meu ver é a simplicidade e o conforto. Estas duas qualidades quando acontecem juntas num projeto farão dele um majestoso exemplar de boa e perene arquitetura. AE: Quais os maiores problemas da profissão hoje? Alencar: Não sei se vejo a profissão de arquitetos a enfrentar problemas que outras profissões não enfrentem. Mas vou aproveitar para dizer de uma coisa que me deixa inconformado: a enorme interferência que os projetos sofrem pela exagerada e inútil presença de regras edilícias e urbanísticas que afogam a criatividade e deformam o volume da edificação. As regras de controle urbanístico, pelos órgãos públicos, deveriam se restringir aos chamados parâmetros de uso e ocupação. Outros controles, especialmente aqueles que interferem no livre direito de projetar, são falsas garantias de qualidade. O controle da qualidade do projeto deveria ser feito pelos órgãos de regulamentação do exercício profissional.

“ Uma

coisa que me deixa inconformado: a enorme interferência que os projetos sofrem pela exagerada e inútil presença de regras edilícias e urbanísticas que afogam a criatividade e deformam o volume da edificação.”.

Fotos: Divulgação



Internacional

Visões Berlinenses Exposição Visões Berlinenses cria uma ponte entre a arte contemporânea alemã e a brasileira, e traz ao Paço das Artes três representantes da nova geração de Berlim A atual geração de artistas contemporâneos de Berlim ganhou destaque no Paço das Artes, em São Paulo, desde o dia 12 de março. Brigitte Waldach, Clemens Krauss e Mariana Vassileva mostraram seus trabalhos na exposição Visões Berlinenses. A temporada é resultado de uma parceria firmada entre o Paço das Artes e a galeria DNA da capital alemã – representante dos três artistas –, e caracteriza a primeira etapa de um intercâmbio artístico.

Obras site-specific Brigitte Waldach, Clemens Krauss e Mariana Vassileva vieram ao Brasil por três semanas, período em que produzirão obras de caráter site-specific – concebidos especialmente para o espaço da exposição. A alemã Brigitte Waldach utiliza-se fortemente de referências da literatura e da mídia em suas obras, criando histórias complexas a partir da intervenção no espaço com figuras femininas. Para a exposição, criará uma instalação com trabalho em desenho. Já o austríaco Clemens Krauss realizará uma pintura em sua estadia em São Paulo, relacionada à sua pesquisa sobre o anonimato dos corpos e a sua fragmentação através do distanciamento de seus contextos originais. A búlgara Mariana Vassileva – que trabalha o processo mental dos movimentos humanos com elementos líricos – realizará uma videoinstalação a partir de sua experiência no Brasil.

Brigitte Waldach sichtung rot – still I, 2007 guache sobre papel artesanal 146 x 140 cm

Brigitte Waldach sichtung rot – still II, 2007 guache sobre papel artesanal 146 x 140 cm

Clemens Krauss série “Das KörperkörperProblem” , 2006 óleo sobre tela 90 x 130 cm

Clemens Krauss A Space, 2006 Pintura em instalação temporária na galeria DNA, em Berlim

Brasileiros na Alemanha Na segunda fase deste projeto, três artistas brasileiros – em processo de confirmação de nomes – farão uma exposição na galeria DNA durante o festival Mês da Fotografia em Berlim. Considerando a característica da cidade – que é residência de artistas contemporâneos de todo o mundo – a galeria DNA mantém um caráter internacional marcante, e busca dar destaque ao que há de inovador na arte produzida em Berlim. Esta parceria vai, assim, ao encontro desse caráter internacional da galeria, ao mesmo tempo em que afirma a política de intercâmbios internacionais do Paço das Artes. A instituição já desenvolveu parcerias com a Inglaterra – nas exposições de Jane Prophet e Kátia Maciel –, com a Alemanha – na exposição Geração Transterritorial –, e com o Canadá, que acontecerá entre 2008 e 2009.

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Texto_Tereza de Arruda Fotos_Divulgação

Mariana Vassileva Mirrorlight, 2004-2005 DVD, 12 min, PAL, loop

Mariana Vassileva Reflections, 2006 DVD, 5:14 min, PAL, loop



Arquitetura

Em harmonia com a natureza

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Fazer o turista se sentir bem, confortável, em um local agradável e bonito parece ser tarefa fácil, mas não é. Para que esse clima de satisfação e harmonia seja alcançado é preciso um bom planejamento do local onde se ficará hospedado. Foi pensando em proporcionar esse ambiente, ao mesmo tempo simples e prazeroso, que o escritório Espaço Criativo da arquiteta Cristina Rocha em parceria com as arquitetas Ana Cláudia Ataíde, Daniela Góes e Doralice Camboim projetaram a Pousada Aruanã, no município do Conde, na Paraíba. Foram oito meses de trabalho, envolvendo 19 profissionais. Localizada em uma das praias mais bonitas do litoral sul do estado, a Pousada Aruanã destaca-se principalmente pela harmonia com a natureza. O uso de materiais rústicos, a integração da área verde com as áreas de convivência e a preservação da natureza local são alguns dos elementos que demonstram essa harmonia. O próprio nome da pousada já é uma referência ao meio ambiente. Aruanã significa tartaruga marinha, em tupi. O nome foi escolhido em função da desova das tartarugas marinhas nas imediações da pousada.

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Estrutura física O projeto arquitetônico comporta três blocos principais e outros equipamentos de apoio implantados em um terreno com área de 5.609,10 m2. Os blocos principais são: apartamentos, bangalôs e bloco de restaurante e serviços. Há ainda os equipamentos esportivos, gazebos para massagem, mirantes e áreas de repouso e contemplação. O bloco de administração e restaurante possui dois pavimentos. No térreo está a área de recepção e lobby, restaurante, além de um espaço para serviços. No pavimento superior: três auditórios, business center e terraço panorâmico. O bloco de apartamentos possui 35 unidades disponíveis distribuídas em quatro pavimentos. Cada unidade possui uma suíte com banheiro e varanda privativa. O bloco dos bangalôs distribui-se em três edificações com duas unidades de apartamento. Cada unidade possui dois pavimentos, com varanda, estar, suíte, banheiro, estar íntimo e uma piscina individual integrada aos jardins e espelhos d’água.

Importância da acessibilidade A preocupação com a acessibilidade de idosos e portadores de necessidades especiais foi uma das questões do projeto. No bloco dos apartamentos, há duas unidades no térreo construídas especialmente para as pessoas com dificuldade de locomoção. Os banheiros dessas unidades são mais largos, facilitando o acesso. Nas rampas desse bloco, foram usados materiais antiderrapantes e apoios adequados. Nos caminhos dos jardins também foram usados materiais que facilitam a locomoção, sempre com rampas de acesso.

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Desfrutando das belezas naturais As belezas naturais são o grande charme e o trunfo da pousada. Para que o turista possa contemplá-la e desfrutá-la da melhor forma, o projeto arquitetônico valorizou alguns elementos. Os apartamentos, por exemplo, são todos direcionados para o mar e recebem a ventilação sudeste, que é natural e predominante. Na rampa de acesso à praia, há mirantes e áreas de vivência adequadas ao relevo já existente. O parque aquático é o ponto central da pousada. Todos os blocos convergem para o mesmo. A piscina foi projetada em variadas alturas, para viabilizar a hidroginástica e outras atividades de recreação. À noite, a vegetação também é valorizada pela iluminação. Balizadores ao longo dos jardins identificam os caminhos e ressaltam as plantas. Já os refletores destacam as fachadas do acesso principal, restaurante, bangalôs e apartamentos.

Respeito à natureza O primeiro elemento que demonstra essa harmonia entre o homem e o verde é o uso de materiais naturais, que dá um

clima rústico à pousada. Em toda a estrutura foram usadas: madeira, pedra, cerâmica e fibra natural. “A nossa idéia era integrar a área verde com a área de convivência”, ressalta Doralice Camboim. “O turista que vem ao Nordeste busca exatamente essa simplicidade, em um local agradável, onde possa desfrutar das belezas naturais”, completa Daniela Góes. A ambientação seguiu esse mesmo clima: cores quentes e tropicais. A base neutra, em cores pérola e branco neve deixam o colorido por conta dos objetos de decoração e da cor terracota, utilizada como destaque no ambiente do restaurante. Uma das preocupações das arquitetas e do proprietário era a integração da pousada com o entorno, além da contenção da erosão, já que o terreno é bastante elevado em relação ao nível do mar. Criar um passeio prazeroso entre a pousada e a praia foi a solução encontrada pelas arquitetas. “O grande coqueiral entre a pousada e a praia foi preservado, acrescentando-se ainda mais coqueiros e plantas tropicais, que tornam o acesso à praia mais agradável e contemplativo”, explica Cristina Rocha. Como a região é muito úmida, primeiro foi feita uma drenagem e depois um muro de arrimo no limite do terreno para conter a erosão. Além disso, foram evitadas construções maiores de concreto próximo à praia. “Nossa grande preocupação era preservar e respeitar o verde”, completa Ana Cláudia Ataíde. Arquitetas:

Daniela Góes Cristina Rocha Ana Cláudia Ataíde Doralice Camboim Projeto_Pousada Aruanã Colaboração_Elizabeth Brito Local_Praia de Carapibus - Conde - PB Piso_Portobello Shop Pintura_Aquarela Tintas

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Texto_Luciana Oliveira Fotos_Mano de Carvalho



Interiores

Planejando o próprio lar

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Ao adquirir seu apartamento ainda na planta, a arquiteta Renata Madruga pôde fazer todas as modificações que achasse necessárias para morar em um local exatamente do jeito que desejava. Pôde, com isso, planejar seu próprio lar de forma que pudesse permanecer nele ainda por vários anos. Partindo desse princípio projetou com conforto e funcionalidade o apartamento de 225m2 no bairro de Miramar, em João Pessoa. Em todo o projeto, a arquiteta explorou a linha clean, observada desde a escolha das cores e dos revestimentos de pisos e paredes (predominantemente neutros), até a disposição do mobiliário, de forma a garantir amplitude e leveza aos ambientes.

Salas: aconchego e elegância Na sala de jantar, o ponto principal é a mesa redonda de madeira, com oito lugares, escolhida pela beleza de sua forma e pelas amplas dimensões, ideal para receber os familiares e amigos de maneira acolhedora. A discrição das luminárias permite que se sobressaia o jogo de luzes e sombras, proporcionando o controle da iluminação e criando cenários diferentes. Na sala de estar foram usados poucos objetos . O sofá moderno, de tecido rústico e linhas retas, com muitas almofadas e chaise dupla, acomoda as visitas e ainda é confortável para assistir televisão.

Acima do sofá foram colocadas duas faixas de espelhos que dão amplitude e continuidade à janela, refletindo a vista do mar. No canto, uma palmeira natural envolve o ambiente e enche a sala de vida. O tapete indiano de listras discretas confere um tom acolhedor ao ambiente. A bela composição do clássico e do moderno, observada nos móveis e objetos de decoração, unem o aconchego e a elegância. Para valorizar a amplitude da sala, o piso foi revestido com um porcelanato polido, combinado com o rodapé embutido de mesmo material. As duas colunas redondas estruturais existentes na sala, que a princípio eram um entrave, transformaram-se em destaque, após a arquiteta revesti-las com filetes de porcelanato polido branco. O lavabo seguiu o mesmo padrão da sala, revestido de porcelanato no piso e nas paredes, combinado com a bancada em granito, cuba quadrada de apoio e um grande espelho . Um dos destaques é a iluminação embutida AR70 sobre a bancada.

Quarto de casal: personalidade e praticidade Idealizado para proporcionar conforto e personalidade, o quarto de casal possui uma cama Box king-size, com um painel em madeira, da cabeceira até o teto. Nas laterais da cama, carrinhos com gavetas e tampo de vidro dão praticidade ao dia-a-dia. Sobre


eles, fotos do casal, em padrão sépia, dão um toque pessoal ao ambiente. Executado mesclando o branco com a madeira carvalho, o quarto tem um visual suave e aconchegante. As cortinas de tecido, combinadas com o black-out, trazem leveza e dão privacidade, permitindo o controle da luminosidade. No banheiro do casal, a arquiteta abusou de espelhos, usados em toda a parede da bancada, realçando os armários superiores, projetados para melhor aproveitar o espaço. A iluminação em leds azuis, sobre a banheira, proporciona um clima agradável e relaxante.

No quarto do casal (acima) predominam o aconchego e a funcionalidade. As fotos do casal em tom sépia dão personalidade ao ambiente. Abaixo, destaque para a iluminação em leds azuis sobre a banheira

Cozinha: beleza e modernidade Priorizando a fusão da beleza e da praticidade, a cozinha foi planejada com bancadas e armários extensos, de linhas horizontais e modernas. Originalmente escura, por falta de janela, a arquiteta promoveu uma abertura em uma das paredes da cozinha, com comunicação para a sala de jantar, proporcionando mais aproveitamento da iluminação e ventilação naturais, através de dois painéis pivotantes de vidro jateado, que podem ser fechados para permitir a privacidade dos dois ambientes.

Arquiteta:

Renata Madruga Projeto_Apartamento Piso e Revestimento_Portobello Shop Móveis Planejados Quarto_Evviva Bertolini Cortinas_Persiart Iluminação_Emporium da Luz Vidros e Espelhos_Cristal Box Tapetes_Adroaldo Tapetes do Mundo Decoração_Bazzart Texto_Luciana Oliveira Fotos_Mano de Carvalho

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Arquitetura

Construída para curtir

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Aproveitar a vida e a casa onde se mora. Essa é a filosofia dos clientes da arquiteta Gilvane Bittencourt, que a convidaram para projetar sua casa, no bairro de Intermares, em Cabedelo (PB). “A casa é feita para usar e não para enfeitar. Eles deixaram isso muito claro e, acredito, que o resultado final foi alcançado”, ressalta a arquiteta, mostrando que seu projeto valorizou bastante a área de lazer, sem sofisticação e usando materiais de fácil manutenção. Segundo Gilvane, a interatividade entre a equipe que participou do projeto e o cliente foi o grande mérito para se chegar

ao sucesso. “A casa tem uma relação afetiva com a família. Tudo foi feito de acordo com o estilo de vida deles: gostam de receber amigos, do contato com a natureza e com animais”, explica. Para isso, a arquiteta optou por uma coberta única, inteira, de madeira e telha canal valorizando uma grande sombra . Varandas e amplos terraços remetem às significações do cliente, ligado à vida no campo e à natureza, criando áreas de convívio familiar e convidativas aos amigos. “A casa é compacta, comparando-se com o tamanho do terreno. Isso foi pensado para deixar uma grande área livre para o lazer”. O terreno possui 900m2 e tem uma área total construída de 450m2.

A escolha dos materiais Foram balanceados materiais rústicos com os nobres. “Usamos materiais rústicos, com os quais o cliente se identificava, como a madeira e a pedra, criando um contraste com materiais nobres como o mármore Branco Piauí usado no piso, imprimindo contemporaneidade ao projeto”, diz Gilvane. As grandes janelas, portas, pilares e a coberta única são todas de madeira. Na fachada foi usada pedra. O piso externo da área de lazer é um porcelanato rústico. Internamente, em toda a casa, usou-se o mármore branco. Uma das grandes preocupações dos clientes era referente à manutenção. Por isso, usaram muita pedra na fachada da casa e o revestimento do muro foi feito todo de cerâmica, com detalhes em pedra. “A casa é adequada ao clima de praia, com revestimentos impermeáveis para combater a umidade e as grandes sombras para amenizar a incidência do sol”, acrescenta a arquiteta.

Estrutura A área de lazer é o atrativo principal da casa. As grandes portas de vidro e madeira podem ficar abertas para integrar o ambiente interno com o externo. Esse ambiente externo já é super valorizado, com uma grande piscina, churrasqueira, com forno de pizza e barzinho, sauna, sala de ginástica e ateliê.


Já a casa é dividida em quatro suítes (sendo três no piso superior e uma no térreo), sala para três ambientes (estar, jantar e TV), lavabo, copa e cozinha. Todos os quartos têm varanda de frente para o mar. “É uma casa construída para o nascente, de frente para a praia e de todos os seus ambientes, exceto a cozinha, vê-se o mar”, completa Gilvane. A área de serviço foi construída à parte. Toda a casa (área interna e externa) possui ainda um sistema de som interligado. Há home-theater no piso superior e no térreo e esse som pode ser ouvido de qualquer parte do terreno.

Projeto luminotécnico e jardins O projeto luminotécnico foi usado na construção da identidade de cada ambiente. Foi valorizado o aconchego, tendose a opção de uma iluminação pontual ou geral. A primeira pode ser usada em um evento mais intimista, familiar. Mas quando for receber os amigos, eles podem abusar da iluminação. Nos jardins, usou-se leds para detalhar os caminhos. O projeto paisagístico também foi bastante valorizado no projeto. Foram usadas plantas regionais, de fácil manutenção, com muitos seixos, cascalho branco e pedriscos. Além de palmeiras, pequenos arbustos e muita grama, foram plantados coqueiros e limoeiros. “Os proprietários realmente têm uma grande identificação com a natureza, já que possuem haras e granja”, completa Gilvane.

A ampla piscina e área de lazer são os grandes charmes da casa, construída exatamente para ser usufruída pelos proprietários e amigos. Ao lado, a banheira da suíte do casal é separada do quarto por uma grande parede de vidro. De todos os ambientes, vê-se o mar

Arquiteta:

Gilvane Bittencourt Projeto_Residência em Intermares Iluminação_Emporium da Luz Louças e Metais_Emporium do Banho Pisos e Granitos_Oficina do Granito Piso Externo_Elizabeth Porcelanato Aço_Zarpox Madeira_Fecimal Jardinagem_Ambiente Flora e Paisagismo Vidros_CM Vidros Cortinas_Persiart Móveis Modulados_Florense Móveis_Casa Shopping Home Theater e Sistema de Som_Di Cinema Texto_Luciana Oliveira Fotos_Cácio Murilo

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Interiores

Ampliando espaços

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P

Para tornar um flat o mais amplo e aconchegante possível, a dupla Alain Moszkowicz e Roberta Xavier investiu em poucos móveis e em muitos espelhos, vidros e portas corrediças. Com o uso desses elementos, o apartamento de 56 m2, na praia de Tambaú, em João Pessoa, tornou-se bastante leve e confortável. Apesar de ser um apartamento decorado para vendas, os profissionais ambientaram tendo como inspiração proprietários que tivessem o seguinte perfil: um casal que tem como passatempo assistir filmes degustando um bom vinho. Por isso, a valorização do home theater, com os grandes painéis de madeira que trazem aconchego e móveis confortáveis, como o sofá com chaise. O pouco espaço foi bastante valorizado, criando diversos ambientes diferenciados, como a sala de estar, a de jantar, home theater com um pequeno escritório, além da varanda, do quarto, da cozinha e do banheiro. Em todo o flat foram usados tons crus e terra, com muita fibra natural e sintética. Contrastado com as cores pastéis, uma cadeira giratória de acrílico vermelha compõe o espaço do escritório. O clima de aconchego é complementado com as cortinas: claras, leves, com encaixe de bandô de gesso, quebrando a luz excessiva da manhã.


Portas corrediças, poucos móveis em tons claros são alguns dos artifícios usados pelos profissionais para deixar o flat o mais amplo e confortável possível

Portas corrediças e painéis deslizantes No quarto de dormir foram colocadas portas de correr no armário, revestidas com espelhos, que maximizam o espaço útil e criam um efeito visual de amplitude. “Em todos os ambientes, usamos diversos elementos que ampliassem os espaços. Fizemos tudo isso, com materiais nobres e de muito bom gosto”, ressalta Alain Moszkowicz. Os profissionais usaram carpete de madeira em todo o piso do flat, exceto no banheiro, onde foi usado o porcelanato que imita madeira de demolição. Na cozinha e no banheiro, usaram o mármore Travertino.

Para também dar um ar de amplitude na cozinha, foram usados painéis deslizantes e vazados, que possibilitam a integração com a área social ou a sua reserva, dependendo do contexto. Nas bancadas da cozinha foi usado o mármore travertino e nos armários, o revestimento color glass.

Iluminação e Tecnologia O projeto de iluminação valorizou o clima que se queria dar ao apartamento. Mais luz ou menos luz, dependendo do contexto ou da ocasião. Fazendo uso dos recursos da tecnologia, Alain e Roberta usaram um painel giratório para a TV. O mesmo equipamento que é assistido do home theater, pode ser girado e visto do quarto do casal. Solução ideal para espaços pequenos.

Arquiteta:

Roberta Xavier

Decorador:

Alain Moszkowicz Projeto_Flat Iluminação_Cleumy Design Tecidos_Verona Decorações Móveis_Art Casa Móveis Projetados_SCA Vidros_República Vidros Pisos_Portobello Shop Objetos de Decoração_Bazaart Texto_Luciana Oliveira Fotos_Mano de Carvalho

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Projeto Capa

Arquitetura e educação diferenciadas

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Elaborado com linhas retas, o projeto arquitetônico do colégio Motiva Ambiental, idealizado pela arquiteta Teresa Queiroga, retrata bem a linha e conduta da escola. No Motiva, a arquitetura prima pelo conforto, um dos princípios básicos exigidos pelo cliente. O colégio está localizado no nobre bairro de Tambaú, em uma área de aproximadamente 10 mil m². Implantado em um terreno em forma de “U”, contornado por três vias e visando uma boa acessibilidade e o bom fluxo de veículos, o projeto previu duas entradas frontais, uma entrada lateral e uma entrada nos fundos, contemplando assim todas as vias. Projetado para atender desde crianças do maternal até alunos do ensino médio e obedecendo rigorosamente o programa de necessidades exigido pelo cliente, houve durante todo o desenvolvimento do projeto uma grande preocupação em criar um espaço educacional diferenciado, valorizando a iluminação, a ventilação e a integração com a natureza.


A necessidade de grandes espaços para a implantação do ginásio de esportes e a localização do playground foram elementos que influenciaram diretamente na disposição do projeto e no seu conceito arquitetônico. Foi fundamental o dimensionamento das salas de aula, tendo em vista o número de alunos por sala, como também o dimensionamento da circulação interna, onde se tem a presença de grandes vãos privilegiados por clarabóias que permitem, além da entrada de luz, uma boa circulação de ar, transmitindo assim a sensação de bem-estar. Esta circulação tem como elemento de destaque a escada suspensa de concreto armado que interliga os pavimentos.

Fachada imponente A fachada principal é marcada por uma imponente estrutura metálica semi-circular que comporta um painel amarelo ouro com a logomarca da escola, de onde se projeta uma grande marquise revestida com chapas de alumínio prépintado em tom prata. Também fazem parte da composição da fachada vidros circulares na cor laranja e ladeando este elemento existem dois pórticos de entrada com cobertura em policarbonato azul que, propositalmente, direcionam a entrada de alunos.

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Contrastando com o volume central da entrada principal, devido à grande extensão da fachada, foram utilizadas colunas retas revestidas em pastilha azul, que se repetem nas outras fachadas, criando uma composição ritmada e limpa. Foi utilizado na construção o sistema de estrutura convencional, no qual pilares e vigas foram moldados no local.

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Internamente, foram utilizados materiais de acabamento de alta qualidade e resistência. Nos banheiros, por exemplo, foram usadas bancadas e divisórias de granito que garantissem fácil manutenção mantendo assim o padrão de qualidade da escola.

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A ampla biblioteca da escola está inserida no bloco central. Neste bloco também estão a recepção, a diretoria, a secretaria, a tesouraria, o auditório, a cantina e a papelaria.

Valorização da iluminação Os elementos de fachada e calçada bem como o paisagismo são valorizados pela iluminação. Segundo Teresa Queiroga, a pré-instalação dos pontos elétricos no início da obra foi fundamental . A presença de postes pré-dimensionados dispensou externamente a utilização de postes convencionais com fiação aérea para não interferir negativamente na fachada.

Complementando a iluminação, existem ainda balizadores e refletores estrategicamente localizados. Já na parte interna da escola, foram usadas lâmpadas fluorescentes, deixando as salas e as circulações bem iluminadas. Como resultado final, temos um conjunto arquitetônico harmônico, esteticamente agradável onde a soma de detalhes aliado ao conceito do projeto traduz a beleza e a finalidade da obra.

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No “Rancho Feliz”, as crianças podem interagir com a natureza, animais domésticos, plantas e uma pequena horta. A valorização do meio-ambiente começa no maternal.

Estrutura física O edifício é composto por três blocos que se interligam mantendo bem definidas suas funções. O bloco central concentra o núcleo administrativo com a recepção, diretoria, secretaria, tesouraria, biblioteca, auditório, cantina e papelaria. O bloco A comporta os laboratórios de ciências e informática e é destinado ao setor infantil, onde existem salas especiais para o maternal, contendo, individualmente, banheiros com fraldário e área externa destinada à recreação das crianças, com banco de areia e chuveiro. Este bloco tem acesso direto ao playground cuja localização nascentesul foi determinante. “O local do playground foi determinante para a concepção do projeto, já que era necessário estar inserido na área nascente do terreno”, explica Teresa Queiroga. Neste espaço há ainda o “Rancho Feliz”, que faz referência ao ambiente rural onde as crianças podem interagir com animais domésticos, plantas e uma pequena horta. O bloco B é composto de salas de aula padronizadas, além de salas de professores e supervisores. Complementando as exigências do programa, existe ainda um espaço destinado a atividades esportivas, contendo ginásio de esportes e o bloco que abriga a sala de judô, sala de dança e o ateliê de artes.

Arquiteta:

Teresa Queiroga Projeto_Colégio Motiva Ambiental Colaborador_Adriano Moreira Construção_Construtora Rocha Cálculo Estrutural_Henri Netto Piso_Cerâmica Portobello Jardim Externo_Júlio Anjos Estrutura Metálica_Eduart Iluminação Externa_Luminárias Projeto Texto_Luciana Oliveira Fotos_Stanley Talião

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Acervo

Igreja do Almagre Restauração pode devolver à PParaíba araíba monumento da época colonial

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Pedra calcária e argamassa são as peças de um quebracabeça que, chegando a ser concluído, pode revelar um monumento de valor histórico-documental que data dos primórdios da colonização da Paraíba. Trata-se de uma estrutura barroca erguida por missionários cristãos - no final do século XVII durante os trabalhos de catequização - e que dela resta praticamente uma parede do que já foi a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré do Almagre. Localizados estrategicamente na Praia de Ponta de Campina, na cidade de Cabedelo (cerca de 15 km de João Pessoa), os resquícios do templo religioso aguardam o desfecho de um processo administrativo que tramita no Ministério Público Federal para que a restauração proposta pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional -Iphan seja definitivamente iniciada. Figurando entre os 22 monumentos arquitetônicos do Estado tombados pelo Iphan, a Igreja do Almagre já alcançou esta condição, em 1938, quando parte significativa de sua estrutura estava no chão. Desde então, os quase 70 anos que separam a iniciativa da autarquia vinculada ao Ministério da Cultura tem esbarrado em querelas fundiárias levadas adiante por proprietários que têm a titularidade dos lotes que abrigam o que restou da construção. Tais barreiras impedem um trabalho de manutenção

e recuperação mais incisivo que venha salvaguardar a memória dos tempos da Capitania de Parahyba. Estudiosos revelam que na cartografia da época, a construção aparece como um dos marcos de conquista territorial. Possivelmente, uma área de proteção da missão franciscana (1589), que pelo desenrolar da história, também passou às mãos dos beneditinos e jesuítas. Mais que um templo religioso, as igrejas erguidas no litoral brasileiro (preferencialmente em lugares altos) durante a colonização guardavam por trás de seus altares e símbolos cristãos o papel de ponto de observação militar sobre o rio e o mar. Muitas reservavam espaços para que canhões pudessem ser usados durante as invasões. Hoje, quase uma imagem nebulosa que teima em ocupar um cenário contemporâneo marcado pela especulação imobiliária, as ruínas da Igreja do Almagre ainda resistem ao avanço dos muros que cercam o seu entorno, ao passo que se distancia do interesse dos veranistas e dos olhos de moradores locais acostumados à paisagem. Os registros documentais revelam pouco da história desse monumento e as interrogações atravessam o tempo para somar dúvidas não só sobre o passado, mas dirigidas a um futuro que depende de interesses de terceiros.


Intervenções emergenciais Medidas emergenciais do Iphan têm impedido que as últimas paredes que restam da Igreja do Almagre terminem no chão. Driblando os procedimentos jurídicos e os escassos recursos que o órgão dispõe para atuar em monumentos tombados em áreas particulares, especialistas trabalharam entre os anos de 2003 e 2005 para estabilizar os efeitos do desmoronamento causado pela ação do tempo. O diretor técnico do Iphan, Umbelino Peregrino de Albuquerque, explica que o trabalho é caro e lento. Para as primeiras intervenções realizadas nas ruínas da igreja, ele enfatiza que foram investidos R$ 150 mil, metade do valor solicitado ao Ministério da Cultura. Os recursos foram aplicados no trabalho de anastilose, que consiste no levantamento de informações (incluindo uma prospecção arqueológica e histórica) que mapeiam os danos causados à estrutura e apontam uma projeção da restauração baseada nos relatórios técnicos. No processo de restauração a ordem é utilizar todo o material encontrado. “O desmoronamento da igreja aconteceu de dentro para fora, projetando no solo um esboço do que antes existia de pé. Todo esse material será resgatado”, argumenta Umbelino. Com a futura recuperação do monumento - que tem uma área de aproximadamente 180 metros quadrados - será possível destacar por fora a magnitude das paredes de pedra calcária esculpidas com motivos barrocos e internamente, a decoração do arco do cruzeiro e das naves laterais que remontam ainda a símbolos do cristianismo das cruzadas.

do Norte - o monumento pode ser transformado em local atrativo para a realização de atividades culturais e turísticas. “O primeiro passo para que isso venha a acontecer é provocar a sensibilização de todos os segmentos envolvidos, garantindo a agilidade dos trabalhos de restauração. Temos insistido nesse esforço para cumprir uma tarefa que é a de devolver a estrutura no ponto em que foi tombada. Depois disso, não temos dúvidas de que a Igreja do Almagre pode ter um aproveitamento na forma de centro cultural ou parque temático contemplativo que só trará valorização à nossa história, cultura e turismo”, defende a arquiteta. Técnicos do Iphan estimam que superados os entraves que impedem o início da restauração, os trabalhos em caráter ininterrupto poderiam ser concluídos no prazo de um ano. Para tanto, o Ministério da Cultura já sinalizou a liberação de recursos na ordem de R$ 500 mil. A restauração contaria com a mão-deobra especializada de técnicos do Iphan, Oficina Escola e empresas qualificadas neste tipo de atividade. Em 1980 ainda existia uma das paredes laterais da igreja (foto abaixo). Questões fundiárias impedem a manutenção e recuperação do monumento. Hoje, sua deterioração está maior que há 25 anos.

Espaço de incentivo à cultura e turismo As pedras ainda estão no chão, mas o debate sobre o aproveitamento da Igreja do Almagre depois de reconstruída vem sendo edificado por técnicos de setores diversos há algum tempo. Para a arquiteta Eliane de Castro, que integra a equipe da 20ª Superintendência do Iphan - que abrange a Paraíba e o Rio Grande

Texto_Raquel Medeiros Fotos_Cácio Murilo

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Nacional

Um século de grandes obras Arquiteto Oscar Niemeyer completa 100 anos em dezembro em plena atividade

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Arquiteto, escritor, professor, amante declarado das “curvas livres e sensuais”, pioneiro na exploração das possibilidades plásticas do concreto armado no Brasil, referência internacional quando o assunto é arquitetura moderna, Oscar Niemeyer Soares Ribeiro de Almeida, ou simplesmente Oscar Niemeyer, completa 100 anos em dezembro. Quase um século de grandes criações em arquitetura, urbanismo, mobiliário, letras e artes e uma vida intensa que inclui o primeiro casamento aos 21 anos e o último aos 99. Isso mesmo, prestes a fechar um século de existência, o mestre faz mais uma vez, uso prático de uma palavrinha constante em toda sua vida: ousadia. Completar 100 anos significa se aposentar? Não para Niemeyer. Ele acabou de entregar um monumento em homenagem a Simon Bolívar, sob encomenda de Hugo Chávez, que será construído em Caracas, na Venezuela. Atualmente trabalha em projetos que terão como destino Minas Gerais, Recife, Espanha e Alemanha. Fora isso, mantém uma vida social, mesmo que, com raras aparições públicas – esteve no show de abertura da temporada carioca do amigo Chico Buarque.

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Resquícios de uma boemia que lhe foi tão característica na juventude, típica do Rio de Janeiro da época. Sem muitas preocupações com a vida ou o futuro, Oscar concluiu o ensino secundário somente aos 21 anos, mesma idade do primeiro casamento com Annita Baldo, do qual nasceu Anna Maria Niemeyer. Nessa mesma época entra para a Escola Nacional de Belas Artes e começa a trabalhar, sem remuneração, no escritório de Lúcio Costa, de quem foi parceiro em várias obras históricas. A inquietação já tomava conta do jovem engenheiro-arquiteto e ele sentia-se insatisfeito com a arquitetura que via nas ruas. “Não queria, como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que vemos aí”, afirma em texto no site da fundação que leva seu nome. Começa aí a carreira do mais importante arquiteto brasileiro do século passado que, na etapa inicial recebeu forte influência do pai da arquitetura moderna, o arquiteto franco-suíço Le Corbusier. Com o tempo, o brasileiro adquire características próprias e leveza, harmonia, graça, elegância, beleza passam a ser adjetivos constantes em suas formas curvas criadas tendo como base o concreto duro e frio.

Palácio do Congresso: a obra preferida Não é segredo que o Palácio do Congresso Nacional, em Brasília, é a menina dos olhos de Niemeyer. Em várias entrevistas concedidas nos últimos anos ele fez questão de destacar, com


Na página ao lado, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília. Acima, o Museu de Arte Moderna de Niterói (RJ) e, à direita, a igreja de São Francisco de Assis, às margens da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).

satisfação, as curvas e a dificuldade técnica do cálculo estrutural das cúpulas côncava e convexa. A Capital Federal, aliás, é o marco definitivo do arquiteto na história da arquitetura contemporânea. Destacam-se ainda as colunas dos palácios da Alvorada, do Planalto e da Suprema Corte pela originalidade. Característica que deixou boquiaberto o mestre dos primeiros tempos Le Corbusier, quando visitou a obra finalizada. Fazem parte do conjunto as colunas da Catedral e dos palácios Itamaraty e da Justiça e os edifícios da Esplanada dos Ministérios. Mas nem só das 108 obras da Capital Federal é feito o portfólio de Niemeyer. Aliás, segundo a fundação que leva seu nome, o maior conjunto de obras do autor por território não fica em Brasília, mas no estado do Rio de Janeiro, com 126 obras entre bibliotecas, museus, residências, igrejas, hotéis e outras peças do mobiliário urbano. O talento, no entanto ganhou mundo e suas obras podem ser vistas em vários países.

Exposição – Uma homenagem às curvas das mulheres e do Rio de Janeiro As homenagens ao carioca mais famoso da arquitetura moderna no ano do seu centenário foram abertas com a

exposição ‘Oscar Niemeyer 10/100’, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. A mostra apresenta a cronologia da vida do arquiteto e todos os trabalhos nos últimos dez anos. São 80 desenhos originais, projeção de fotos de obras, filmes, projetos recentes, móveis, 17 maquetes, uma escultura de três metros e 16 vitrines com documentos originais, incluindo seus escritos que ficam expostos até o próximo dia 29 de abril. Logo na entrada da exposição, o visitante é surpreendido com a frase “Reconheço, sem falsa modéstia, que não me faltou coragem para desenhar as cúpulas do Congresso Nacional, que espantaram até a Le Corbusier, a nos afirmar. ‘Aqui há invenção’”. Frase retirada do livro “Conversa de Arquiteto” escrito pelo homenageado. Avesso a badalações e lugares com muita gente, Niemeyer não compareceu à abertura da exposição em sua homenagem. Espera-se que visite as próximas. Dentro da programação em homenagem ao seu centenário, está a montagem de um pavilhão provisório em frente ao Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, para mostrar sua vida e obra. Texto_Socorro e Silva Fotos_Divulgação

Leia texto na íntegra em www.artestudiorevista.com .br

Oscar Niemeyer

A originalidade das colunas do Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente da República do Brasil) deixou boquiaberto o mestre da arquitetura, Le Corbusier.

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Reportagem

As jóias barrocas de João Pessoa

Igreja de São Francisco


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É fim de tarde no Centro Histórico de João Pessoa quando um grupo de turistas chega em frente à Igreja de São Francisco. Visitar os templos antigos da Capital é a programação do dia. Entre fotografias, risos e lembrancinhas, boa parte dos visitantes ali não percebe estar diante de um dos mais importantes monumentos artísticos da arquitetura barroca do Brasil, senão da América Latina. E que nesse itinerário turístico de poucas horas há uma viagem histórica de pelo menos dois séculos onde pedras esculpidas, madeiras talhadas, azulejos pintados e tetos ornamentados foram revelados para manter vivas as marcas de um dos períodos mais imponentes da arte mundial. Barroco, termo lusitano, significa “pérola imperfeita”. E na arquitetura, são as igrejas as jóias desse estilo. Terceira cidade mais antiga do Brasil, João Pessoa ostenta, em meio a prédios, vias pavimentadas e shoppings, os templos dessa “imperfeição” singular. Viajar por essas obras de arte em praça pública é retomar nossas origens. “A arquitetura barroca em João Pessoa é documento histórico, artístico, cultural, parte da memória que nos faz ser o que somos: paraibanos, nordestinos, brasileiros, comungando com nossos antepassados europeus, índios, crioulos, a beleza e exuberância de uma arquitetura monumental, cenográfica, essencialmente simbólica”, revela a arquiteta e urbanista Jovanka Baracuhy , doutora em Sociologia Urbana e professora de História da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil, na Universidade Federal da Paraíba. Foi em 1586, um ano depois de colonizadores portugueses aportarem por aqui, que deu-se início às construções barrocas na recém-conquistada Nossa Senhora das Neves, quando foi erguida a Igreja da Misericórdia. A aparente modéstia do templo, que hoje contracena com edifícios e lojas da rua Duque de Caxias, guarda detalhes cheios de simbolismos e história. “A simplicidade de fachada com detalhes em pedra calcária possui elementos visuais que a ligam intrinsecamente ao campo simbólico dos outros templos barrocos da antiga sede da Capitania Real da Parahyba”, afirma Jovanka, que exemplifica: “em sua nave lateral há uma pequena capela intitulada ‘do Salvador do Mundo’, em que as retorcidas colunas salomônicas do altar e as folhagens de acanto esculpidas em cantaria emolduram um nicho com a imagem de Jesus Cristo”. Durante pelo menos dois séculos padres e frades católicos usaram toda sua influência e conhecimento artístico-religioso para povoar a hoje parte alta do Centro Histórico da Capital com jóias barrocas. Os beneditinos com a Igreja e o Mosteiro de São Bento - suas paredes largas de pedra calcária e o leão indicador dos ventos no alto da torre; Os carmelitas com a Igreja do Carmo iniciada por volta de 1592, ostentando em sua torre única um estilo barroco romano de encher os olhos; anexo a esse templo os carmelitas ergueram ainda a Igreja de Santa Tereza de Jesus, que apesar do menor porte em relação à do Carmo guarda riquezas em lavores artísticos e seus altos relevos com folhas de ouro. Apesar de todo legado, esse tesouro arquitetônico parece ainda não ter sido realmente descoberto. “A dimensão barroca

Franciscanos fincaram um dos marcos da arquitetura religiosa barroca mundial, na Paraíba. Azulejos com a via crucis, teto ornamentado, ouro nas talhas.

Igr. S. Fco.: talhas de madeira cobertas de ouro Relógio solar nos jardins da São Francisco

Nos jardins da São Francisco, a fonte. Arte sacramentada e evocação da fé

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existente na cidade de João Pessoa fica para poucos. Alguns são curiosos, outros são fotógrafos, ou turistas que lá vão visitar. A cidade expandiu-se para o mar. O rio Sanhauá, onde tudo começou, ficou solitário. Mas em torno daquelas igrejas há um muro invisível, como se fosse uma cidadela grega”, compara, poeticamente, o pesquisador em filosofia da História, professor José Flávio da Silva. A arte, contudo, se impõe alheia às preferências populares. E foram os franciscanos quem fincaram na Paraíba um dos marcos da arquitetura religiosa barroca mundial. Louvado por escritores como Mário de Andrade e Rodrigo de Mello Franco, o conjunto arquitetônico São Francisco exige reverência desde seu amplo e detalhado adro. Dos azulejos que contam a via crucis de Cristo às cinco portas que simbolizam as chagas do Messias, das talhas em madeira recobertas de ouro às cantarias em pedras com motivos portugueses e orientais, do relógio solar aos jardins e sua fonte, tudo no local – que agrega Igreja de São Francisco e Convento de Santo Antonio – evoca devoção, senão a fé no Divino, a arte sacramentada. O início da construção do Convento de Santo Antônio e da Igreja de São Francisco deu-se em 1589, mas sua finalização aconteceu somente em fins do século XVIII, por volta de 1779. Nesse ínterim o local abrigou a Sede do Governo, um quartel, uma hospedaria de imigrantes, um seminário diocesano e um colégio. Além disso, a invasão holandesa e o descompasso entre sacerdotes e governantes provocaram a paralisação das obras algumas vezes. Os quase dois séculos de espera valeram a pena. Considerado por muitos o mais importante monumento históricoartístico e religioso do País, o conjunto arquitetônico São Francisco pulsa a imponência do sacro, do barroco, da arte. O tesouro de pérolas “imperfeitas” de João Pessoa excede o tempo, o espaço e o terreno, como revela a inscrição secular impressa na fonte de Santo Antonio: “À posteridade. O que tu aprecias, ó leitor, indagas com que trabalho foi feito? O amor fraterno construiu esta obra com muito sacrifício. Ó fontes, dizei um hino ao Senhor. Santo Antônio ora por nós”. Que assim seja.

Texto_Henrique França Fotos_Cácio Murilo

Mosteiro de São Bento: no alto da torre, o leão indicador dos ventos

Igreja do Carmo: torre única exibe um estilo barroco romano de encher os olhos



Especial

Arquitetura social

Com uso de materiais alternativos é possível construir casas populares e resgatar a cidadania da periferia

Protótipo da casa ideal para a comunidade Santo Amaro, em Santa Rita (PB). Construção utilizou tijolo de terra crua e o projeto foi elaborado a partir de pesquisa feita com os moradores.

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Uma arquitetura social, mais próxima da comunidade, e também comprometida com a estética. Apesar da grande maioria dos arquitetos estar se distanciando do cidadão comum, outros têm optado pelo trabalho social e intervencionista, como uma das saídas para o déficit habitacional e resgate da cidadania dos excluídos. Geralmente com a interferência da universidade, arquitetos têm “invadido” favelas e proposto mudanças para a melhoria da vida de seus moradores. Com muito trabalho e a conquista de parceiros comprometidos, muitos projetos têm dado certo. A comunidade Santo Amaro, no município paraibano de Santa Rita, tem sido alvo de um desses projetos. A participação

da arquiteta Patrícia Gigliola na construção de uma edificação para essa comunidade redundou em mestrado e na realização do sonho das periferias do país: a construção de sua própria casa. Sob orientação do professor Normando Perazzo, da Universidade Federal da Paraíba, Patrícia fez uma extensa pesquisa, procurando descobrir os anseios dessa população, no que diz respeito à habitação. “Começamos perguntando qual modelo de casa eles queriam, para podermos propor construções dentro da necessidade dos usuários”, ressaltou Patrícia. “Normalmente, os conjuntos habitacionais são feitos em modelo massificado. Por isso, logo depois seus moradores vão modificando suas casas”, completa.


Normalmente, as casas das favelas têm um pé direito baixo, é feita da mistura de diversos materiais e possui um vão único. Como as casas são ocupadas com o que os moradores encontram no lixo, os móveis são grandes e desproporcionais aos espaços. Com a pesquisa, Patrícia observou que mesmo a população mais excluída tem consciência dessa “desorganização” e quer mudanças. Após a pesquisa de campo (que também utilizou desenhos do que seria a casa ideal), Patrícia descobriu que a população das favelas, por virem do interior, do campo, valoriza um grande quintal, por exemplo. Por isso, propôs casas com dois quartos, banheiro no final da casa, cozinha grande, sala pequena e um grande quintal, com uma segunda cozinha, onde usam o fogão a carvão. “Esse quintal é um espaço multi-uso, bastante valorizado por eles”, explica.

Material ecologicamente correto Com o resultado da pesquisa, a arquiteta, o professor Normando Perazzo, a UFPB, a prefeitura de Santa Rita, voluntários (inclusive de outros países) e os próprios moradores construíram o protótipo de uma casa. Além de ter obedecido ao projeto que segue os anseios da comunidade, a casa foi construída com o tijolo de terra crua, um material ecologicamente correto, de fácil tecnologia e mais barato que o tijolo tradicional. Esses tijolos, feitos de barro e um pouco de cimento, foram produzidos pela comunidade. “Esse material tem um uso muito bom. Quando feito pela comunidade, seu preço final é cerca de 50% menor que o tijolo tradicional. Além disso, é térmico e acústico”, afirma Patrícia. E ainda é ecologicamente correto, já que ao contrário do tijolo tradicional, não causa poluição, nem queimadas. O tijolo de terra crua já foi utilizado em outros projetos, como em casas construídas a favela do S, em João Pessoa

(no antigo Lixão do Roger) e na favela Cuba de Baixo, no município de Sapé (PB). Segundo Patrícia, apesar desse tijolo ter a mesma resistência do tradicional, ainda não é um produto normatizado, por isso não é utilizado em projetos de conjuntos habitacionais por algumas prefeituras. Mas na comunidade Santo Amaro o resultado final foi bastante interessante. “Além de ter sido feita pela comunidade, o que levanta sua alta estima, a casa tem uma qualidade arquitetônica satisfatória, já que tem uma estética razoável e funcional”, diz.

Construção com terra crua A terra crua é um dos mais tradicionais materiais de construção. O tijolo de terra crua é feito da associação da terra com produtos modernos como o cimento. Segundo artigo do professor Normando Perazzo, “grade parte da tecnologia construtiva com materiais não industrializados foi se perdendo ao logo dos dois últimos séculos”. Ainda de acordo com o professor, a volta do emprego de produtos que envolvam menos energia no seu processo de produção, geram menor quantidade de rejeitos e apresentam baixa emissão de poluentes. Preocupados com essa emissão de poluentes dos materiais industrializados, cientistas, engenheiros e arquitetos vêm se dedicando a esse estudo, desenvolvimento e resgate de materiais locais, disponíveis em abundância. No Brasil, há a Associação Brasileira de Ciências de Materiais e Tecnologias não Convencionais. Em março de 1998, foi realizado na UFPB, o Encontro “Materiais de Construção não Convencionais: tradição e modernidade”, que foi organizado pelo professor Normando Perazzo e contou com a participação de 11 pesquisadores estrangeiros.

Texto_Luciana Oliveira Fotos_Divulgação


O que fazer?

Custos de projetos arquitetônicos Gostaria de saber se os serviços de um arquiteto são muito caros, se estão só ao alcance de pessoas com maiores recursos financeiros, ou se é um trabalho que qualquer um possa ter acesso. Comprei minha casa e estou querendo fazer algumas mudanças, mas gostaria primeiro de saber quais os procedimentos para se trabalhar com arquitetura. Carla Monteiro João Pessoa/PB

As questões para esta seção deverão ser encaminhadas com o nome completo e endereço para: jornalismo@artestudiorevista.com.br ou www.artestudiorevista.com.br/endereco.htm

Gostaria de esclarecer que a dúvida apresentada quanto aos custos de um projeto de arquitetura, infelizmente, ainda é muito comum. Entretanto, estamos trabalhando para desmistificar essa forma errônea de pensamento (que os serviços de um arquiteto só estão ao alcance de quem tem mais recursos financeiros) e, felizmente, temos obtido grandes conquistas. Um projeto de ambientação, reforma ou mesmo construção é bastante acessível e popular. Naturalmente, como em toda profissão, os serviços prestados exigem um custo, mas sempre se leva em consideração o cliente e de quanto ele pode dispor. Vale a pena salientar que se deve procurar um bom profissional, pois estará garantindo segurança e satisfação. Na necessidade de obter maiores esclarecimentos contatar o Instituto dos Arquitetos do Brasil/seção Paraíba (IAB/PB) – iabpb.org.br / iabparaiba@gmail.com. Fábio Galisa Presidente do IAB/PB

Quarto estilo “Barbie” Gostaria de ajuda para decorar o meu quarto. Quero estilo Barbie. Como posso fazer? Maria Verena Rio Grande do Sul

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O quarto é o lugar da casa onde os adolescentes passam a maior parte do tempo. Ali, eles assistem à televisão, falam horas a fio no telefone, ouvem música, tocam guitarra e bateria, navegam na internet, recebem amigos, namoram, estudam, comem e dormem. O quarto é o mundo deles e isso precisa ficar claro para quem entra lá. Em se tratando de um quarto teen, inspirado na Barbie, aí vão algumas sugestões para se fazer um espaço descolado: - Estante: de madeira laqueada de branco, com detalhes metálicos, tem bastante espaço para os acessórios. - Coleção: destaque para as bonecas, em prateleiras brancas laqueadas. - Pôsteres: todo jovem tem pelo menos um, que serve como marca do que gosta. Pode ser um pôster da Barbie ou. mesmo da adolescente vestida em tons de rosa ou pink. - Parede colorida: a cor rosa é para deixar o quarto “energizado” As cores variam entre rosa, lilás, pink ou uva.

- Almofadão: fundamental para acomodar as amigas durante um bate-papo. - Bicama: de dia sofá e à noite cama, ela se desdobra para receber um hóspede. As almofadas podem ter apliques com miçangas. - Escrivaninha: de preferência bem cheia de badulaques, com um mural de metal branco para imãs para colocar bilhetes, fotos e flyers. - Enfeites: o ideal é aproveitar os hobbies dos adolescentes na decoração. No quarto de menina, pode haver bailarinas, sereias, fadas (que elas adoram) por todos os lados, além de serem temas da Barbie e dos sonhos de toda adolescente. Jonas Lourenço arquiteto



Antes e Depois

Pequenas mudanças transformam ambiente

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Reformar um ambiente, aproveitando móveis já existentes, em um curto espaço de tempo e com os clientes já residindo no apartamento foi o grande desafio da arquiteta Samia Raquel. Essas condições fizeram com que a profissional promovesse mudanças essenciais às salas de estar e jantar de um apartamento em Manaíra, transformando-as em um ambiente moderno e acolhedor. O apartamento possuía cores fortes nas paredes. O primeiro passo foi deixar o ambiente, com cores sóbrias, reservando as cores vibrantes para os objetos de decoração. O passo seguinte foi revestir o móvel já existente na sala de jantar com o mesmo folheado usado no painel da sala de estar, integrando os dois ambientes.

Como o desejo da cliente era ter um apartamento contemporâneo e aconchegante, a arquiteta usou móveis de linhas retas, com destaque apenas nas poltronas arredondadas de cor preta. No jantar, a mesa de vidro dá a transparência necessária ao ambiente pequeno , e o uso das cadeiras em ratan complementam a harmonia desse espaço. Um outro problema enfrentado no projeto era a quantidade excessiva de lâmpadas dicróicas da linha antiga, que pesavam na decoração e esquentavam as salas. A arquiteta optou por retirar 17 pontos de luz, permanecendo com 12 ,sendo duas delas luminárias de design moderno no centro das salas e que realmente causavam efeito no projeto. Arquiteta:

Samia Raquel Projeto_ _Apartamento em Manaíra _Ornato Móveis_ _Di Classe Decoração_ _Carvalho Marcenaria Marcenaria_ _Emporium da Luz Iluminação_ _Milena Pinto Telas_

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Antes

Texto_Luciana Oliveira Fotos_Mano de Carvalho



Materiais

Vidro sem riscos Película transparente deixa material dez vezes mais resistente a traços e arranhões Arquiteto Francisco Calio

N Arquiteta Luiza Nogueira (Casa Cor PE 2005) Arquiteta Edmara Cavalcante (Casa Cor GO 2006)

Arquitetos Yeda e Sylvio Korman

Arquiteta Denise Bufaiçal (Casa Cor GO 2006) Arquiteto Mário Huerta

Arquit Cláudia Couto (Casa Nova Florianópolis 2006)

Arquit Yeda Korman , Sylvio Korman e Carina Korman

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Arquiteto Jose Roberto do Valle (Casa Cor SP 2006)

Não há nada mais desagradável do que ver o vidro da mesa de jantar ou do centro cheio de riscos. Essa situação indesejada pode estar chegando ao fim, com o aumento da oferta de um vidro extremamente resistente a riscos e arranhões. Esse tipo de vidro conta com uma camada protetora transparente e permanente incorporada a uma de suas faces. De acordo com o empresário Genival Júnior, um dos representantes do produto em João Pessoa, a procura por esse vidro tem crescido bastante nos últimos meses. “Quando começamos a vender esse tipo de vidro, o valor era 80% maior que o material convencional. Hoje em dia, essa diferença é de apenas 25%. A relação custo/benefício tem feito o número de pessoas interessadas crescer significativamente”, explicou Júnior. O empresário ressaltou que o produto é ideal para ser utilizado na decoração de interiores em peças como tampos de mesa, aparadores, bancadas, prateleiras, entre outros. Ele disse ainda que é importante destacar que o vidro não está totalmente imune a riscos e arranhões. “O material pode ser riscado, mas a sua resistência é bem superior aos vidros comuns. Uma lixa, por exemplo, pode danificar o produto”, frisou Genival Júnior. As especificações técnicas do vidro resistente a riscos indicam que a camada de proteção é resistente à ação mecânica e abrasiva da maioria dos objetos. Já materiais muito pontiagudos e duros, como diamante e aço temperado, bem como cerâmicas rústicas, se arrastadas com força sobre a superfície, podem vir a danificar este tipo de vidro. Outra característica do produto é que as bordas não têm a mesma proteção e também não pode ser utilizado em pisos ou escadas, guarda-corpo, box de banho, fachadas, coberturas e em outras aplicações semelhantes. O vidro resistente a riscos está disponível nas espessuras de 6, 8, 10, 12, 15 e 19 mm. Outra vantagem é que o processo de limpeza é igual aos utilizados nos cristais comuns. Basta apenas um pano macio e limpo, umedecido em água, álcool ou produtos tradicionais para limpeza de vidros, para deixar o material limpo e bonito. Deve-se evitar produtos muito ácidos ou alcalinos. Texto_Kaylle Vieira Fotos_divulgação



Painel


Arqdesign



Painel

Artestudio


Painel


Artestudio


Painel

Artestudio



Endereços Alain Moszkowicz e Roberta Xavier Rua Antônio Lira, 55, sala 102, Tambaú – João Pessoa - PB Fone: 83 3226-3866 / 9982-3670 / 8865 5706 alaindecorador@uol.com.br

Espaço Criativo Ana Cláudia Ataíde, Cristina Rocha, Daniela Góes e Doralice Camboim Av Fernando Luís Henrique dos Santos, 1940 Bessa – João Pessoa/PB Fone: 83 3246-3838 / 3245-9830

Gilvane Bittencourt Av. Rui Carneiro, 300, Edifício Trade Office Center, sala 104 Miramar - João Pessoa/PB Fone: (83) 3225-8262 / 9302-3133

Renata Madruga Rua Bancário Francisco Mendes, 255 Bairro dos Estados - João Pessoa/PB Fone: (83) 3244-9009 / 8806-8807

Samia Raquel Av. Expedicionários, Center 100, sala 207 Expedicionários – João Pessoa/PB 83 3243-8653 / 8811-7040 samiaarquiteta@gmail.com

Teresa Queiroga Av. Rui Carneiro, 300, Edifício Trade Office Center, sala 508 Miramar – João Pessoa/PB 83 3244-5002 / 8852-0148 teresaqueiroga@terra.com.br


Cartas do leitor Gostaria de parabenizar a todos que fazem a revista, desejando que a mesma continue sempre divulgando e engrandecendo nossa arquitetura paraibana. A todos os que lutam pela revista meu voto de aplauso e agradecimento, pois muitas matérias publicadas nos ajudam a nossa necessária e constante atualização. Gostaria de aproveitar e sugerir que se crie um banco de dados contendo listagem de profissionais e que se mantenha sempre as matérias técnicas. Oddo Villar Professor - João Pessoa/PB Oddo, obrigada pelas considerações sobre a revista Artestudio. Você sugeriu que criássemos um banco de dados de profissionais. Isso seria no site? Uma referência para a contratação de profissionais, mostrando seus projetos? Levaremos essas questões para o conselho editorial para que possamos divulgar a arquitetura e os arquitetos paraibanos da melhor forma possível. A editoria Senhores Editores, Parabéns pela revista que, a cada número nos apresenta novidades. Basta ver a última edição (nº 16), que traz a entrevista com o arquiteto e amigo Zeca Brandão, com ares professoral bem apropriado aos LADU Recife. Como faz tempo que não o vejo, foi bom ouvi-lo nas páginas da Artestudio bem como apreciar a reportagem sobre a Fortaleza de Santa Catarina, preocupações com o conforto térmico e com o patrimônio, etc. Agradeço a remessa e estimo sucesso sempre. Abraço a todos e um especial ao Zeca. Sylvio de Podestá Arquiteto – Belo Horizonte/MG Sylvio, ficamos felizes em você estar acompanhando e apreciando a Revista Artestudio. Aproveitamos também para agradecer suas considerações sobre a publicação. A editoria Sou arquiteta de Natal. Adorei as revistas de vocês. Gostaria de saber se vocês poderiam mandar a revista para mim. Meu namorado tem contratos com algumas construtoras aí em João Pessoa e quando ele vai para aí, traz a revista para mim. Eu adorei a revista, tem uma

boa qualidade e também gosto muito das idéias dos arquitetos. São muito bons. Não esqueçam de incluir meu nome na lista de assinantes. Laura Myrna Arquiteta – Natal/RN Laura, Obrigada por suas considerações a respeito da Artestudio. Iremos incluir seu nome na lista de assinantes. A editoria Sou arquiteta, recém-formada, trabalho com construções civis e tenho grande interesse em fazer parte da Artestudio. Gostaria de me cadastrar nessa revista. Caroline Fernandes de Miranda Arquiteta – João Pessoa/PB Caroline, Desde já iremos incluí-la em nosso cadastro de assinantes. Além disso, você pode fazer parte da Artestudio mostrando seus projetos. Entre em contato conosco para que possamos marcar uma reunião para a avaliação dos projetos pelo conselho editorial. A editoria Sou arquiteta, gostaria de receber a assinatura da revista na minha casa, acho as matérias muito interessantes. Sabrina Nogueira Arquiteta – João Pessoa Sabrina, Obrigada por sua opinião. Você, como profissional da área, pode também sugerir temas a serem abordados na revista. Seu nome será incluído na lista de assinantes. A editoria Equipe da Artestudio, A revista eletrônica está muito boa. Meus parabéns. Valder Filho Valder, Obrigada por nos enviar sua opinião. Continuaremos sempre trazendo novidades em nosso site. Você pode sugerir e criticar à vontade. A editoria

Contatos Entre em contato conosco e tenha em sua casa, loja ou escritório a nossa revista. .artestudiorevista.com.br ou no nosso endereço: RR.. TTertuliano ertuliano Acesse o site: www www.artestudiorevista.com.br de Brito, 338 B 13 de Maio • João Pessoa,PB • CEP 58.025-000

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Márcia Barreiros

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Vão Livre

Honorários profissionais Roberta Xavier* *Arquiteta, professora substituta da Universidade Federal da Paraíba e especialista em Feng Shui.

O arquiteto costuma estabelecer os valores dos honorários profissionais à base de percentual do custo estimado da obra a ser contratada pelo seu cliente. Os valores a serem pagos são acordados e definidos segundo as etapas a serem desenvolvidas. A forma de cálculo para esse custo estimativo da obra, é baseada em valores estabelecidos pelos indicadores econômicos do custo do metro quadrado, fornecido, no caso de João Pessoa pelo Sinduscon/JP. Até aí tudo bem. Não tem confusão, é bem profissional. Em geral os arquitetos e seus clientes têm conhecimento do assunto. Mas, e quanto ao percentual a ser estabelecido para cada tipo de obra? Bem, nesse ponto não há um consenso, os arquitetos costumam variar o percentual cobrado e os clientes, em geral, ficam sem uma noção clara de como os honorários são cobrados. Pessoalmente, sinto essa dificuldade no meu exercício profissional, em particular quando sou solicitada a realizar projetos de temas que diferem do cotidiano do escritório. Pela falta de uma tabela de algum órgão oficial (ou entidade representativa da profissão) que oriente essa nossa prestação de serviços aqui no nosso estado, adotei a prática de conferir com colegas profissionais mais próximos as tabelas que usamos. Numa dessas conferências, percebi que uma tabela que uso como guia para calcular honorários de projetos de interiores é uma tabela fornecida pela ABD (Associação Brasileira de Decoradores e Arquitetos de Interiores) que, embora não tenha um escritório aqui em João Pessoa, apenas representação, me presta um excelente serviço ao me auxiliar na negociação com meus clientes. Fica bem mais transparente, pois é legitimada por uma entidade representativa da profissão. É óbvio que o fato de termos uma normatização para os parâmetros que vão determinar os valores da prestação de serviço não inviabiliza a negociação entre cliente e profissional, mas deixa a possibilidade de maior clareza nesse contrato. Não tenho a ingenuidade de acreditar que a adoção de uma tabela de honorários, que seja legitimada por uma entidade representativa da classe profissional, venha a ser a solução para a concorrência desleal que, infelizmente, tem sido tão praticada em nosso meio. Porém, acredito, sim, que essa medida estimularia a prática de um mercado ético, onde os parceiros conhecem as regras do jogo; e, aí sim, os HONORÁRIOS serão mais PROFISSIONAIS!

As cartas e e-mails para essa seção devem ser encaminhadas com o nome completo, profissão, endereço e telefone do remetente para o endereço j o r n a l i s m o @ a r t e s t u d i o r e v i s t a . c o m . b r




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