Revista AE 06

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Ano II Nº 6

Jun/Jul/Ago 2004

Vitrine de Manaíra Estrutura Metálica e uso de vidro com película colorida na fachada são os diferenciais do novo

O que usar? Mármore e granito são pedras ornamentais que possuem utilizações distintas. Saiba o que fica melhor em cada ambiente

centro comercial da avenida Édson Ramalho

Polêmica

A construção de “espigões” na orla de João Pessoa divide opiniões. Pode-se desenvolver o turismo sem agredir o meio ambiente?

Toda a experiência da arte de ensinar revelada na entrevista com o arquiteto Gildo Montenegro Percival Brito usa elementos femininos e sensuais para ambientar loja de calçados e acessórios Márcia Barreiros ousa em projeto arquitetônico para dar mais imponência à imobiliária




sumário

editorial João Pessoa em foco

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A orla marítimia de João Pessoa foi assunto fácil nas conversas e discussões nos últimos dias não somente pela beleza que Deus lhe deu, mas sobretudo, por um assunto que vem ocupando o cenário político, artístico, turístico e tomando conta da sociedade em geral: a construção de espigões na avenida da praia. O assunto divide opiniões e de especulações sobre mexer ou não mexer na Lei Complementar nº 12 até pauta de debate entre os candidatos a prefeito da capital, a construção de prédios acima da faixa dos 12,9 metros na orla tem rendido muito pano pra manga. A Artestudio não poderia ficar de fora da discussão e preparou uma matéria especial sobre o assunto. Aliás, a capital João Pessoa acabou sendo a figurinha central na pauta desta sexta edição da Revista. Além da especial sobre a orla, você vai encontrar também um artigo na sessão Vão Livre sobre a Edson Ramalho, que vem, cada vez mais se transformando em avenida shopping. Sendo assim, não é apenas coincidência, mas é nesse corredor, que liga o bairro do Bessa à Epitácio Pessoa, que nosso projeto de capa está localizado. Mais uma vez, temos o prazer de levar até você, os mais variados assuntos nas áreas de arquitetura, design e estilo de vida. Não esquecendo tópicos importantes, como as tradições juninas que também ocupa espaços nas nossas páginas e o que acontece pelo mundo que vem ilustrado na sessão Internacional. É a sua revista! Assim, leia, releia e se der vontade, mande sua opinião pra gente, que teremos o maior prazer em contar com a sua participação. Boa leitura e até setembro.

capa A arquiteta Sandra Moura inovou no projeto da Vitrine de Manaíra. Estrutura metálica e vidro colorido deram mais vida à avenida Édson Ramalho

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Entre a arquitetura pública e o ensino, Gildo Montenegro repassa para seus alunos a experiência dos anos de dedicação ao estudo do desenho e da criatividade

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Um novo projeto arquitetônico da imobiliária Maia marcou o início das mudanças na estrutura organizacional da empresa

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O decorador Percival Brito levou todos os detalhes da tradição das cidades do interior para ambientar a festa de São João do Tribunal de Justiça

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entrevista

prancheta

decoração

internacional Duzentas obras do Museu de Arte Moderna de Nova York estão expostas em Berlim (Alemanha), de forma única e inédita

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reportagem Mármore e granito são pedras ornamentais que, muitas vezes, se confundem, mas cada uma tem características e usos distintos

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A polêmica sobre a construção de espigões na orla de João Pessoa é discutida por engenheiros e arquitetos

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especial

Márcia Barreiros, Socorro e Silva e Luciana Oliveira

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entrevista

“Não dou conselhos,

ninguém liga” Gildo Montenegro é o que se pode chamar de professor no sentido literal da palavra. Não somente pela função que desempenha na Universidade Federal de Pernambuco onde ministra disciplinas na área de desenho. Com uma carreira que se divide entre a arquitetura pública e o ensino, ele repassa para os seus alunos boa parte da experiência e conhecimentos que ganhou nos anos de dedicação ao estudo do desenho, da inteligência e da criatividade. “Não dou conselhos; ninguém liga. Eu conto coisas e casos, dou cursos; tem gente que toma notas, outros aplicam e outros conversam. Os gostos variam”, reflete o velho professor com a sabedoria inerente aos que fazem da profissão um motivo de prazer. Sobre a profissão, ele é enfático: “o professor de arquitetura não deve se sentir frustrado quando, depois de muitos anos de ensino, dá um balanço e verifica que nenhum aluno se destacou. É que curso de Arquitetura não forma um Arquiteto; ele já é assim. O que o professor tem a fazer é passar uma flanela e deixar o talento do aluno brilhar”.

G

Gildo Montenegro arquiteto


AE - Baseado na sua experiência como professor, é possível traçar um desenho sobre o futuro da arquitetura no Brasil? Gildo - Futurologia não é meu ramo, mas imagino a Arquitetura no futuro bem rósea, com outras cores também e cheia de vida. O arquiteto precisará ser o senhor das tecnologias de construção ainda por vir a fim de tirar delas o melhor e não ser escravizado por elas. AE - Como o senhor encara as novas tecnologias no mundo da arquitetura? É possível reinventar? Gildo - Não somente é possível reinventar a construção, a casa, o escritório, os equipamentos como isto está sendo feito aos poucos. Daqui a alguns decênios a vida será muito diferente da atual. AE - O que esperar então dos novos profissionais? Gildo - Que eles saibam acompanhar as mudanças, porque elas são inevitáveis. A vida é um processo de mudança. AE – Dá para arriscar falar de tendência da arquitetura nesse tempos? Gildo - A tendência é acompanhar as mudanças sociais, econômicas e de pensamento, do contrário a Arquitetura será feita por leigos. AE -O arquiteto corre o risco de perder o traço original com o uso de computador? Como o senhor vê essa questão, já que tem muito arquiteto que não consegue trabalhar sem tecnologia? Gildo - Acho que ele não perde, se bem que deixa atrofiada uma habilidade ou capacidade humana. O desenho é uma linguagem e quem não a usa se torna, de alguma forma, uma pessoa muda... gráfica e emocionalmente. AE - O desenho sempre foi uma constante em sua vida. Isso é dom? O senhor acredita que somente com o aprendizado das técnicas corretas é possível formar um bom profissional nessa área? Gildo - Não creio que seja dom. Diria que se trata de uma habilidade cultivada desde cedo. Pode-se formar um bom desenhador e, se o ensino começar na infância, os resultados serão melhores e mais rápidos. Claro que o adulto ou o idoso pode se tornar desenhista; vai depender de interesse e de persistência. Se houver boa orientação é uma grande ajuda. AE AE- Como o senhor conceitua o que é desenho arquitetônico? Gildo - É uma tentativa de representar um projeto de arquitetura. Quase sempre incompletamente. AE - Qual o maior desafio no ensino do desenho?

Gildo - Começar cedo. Aliás o desenho acontece na escola maternal. Retiraram por falta de visão e de imaginação do ensino fundamental e do médio o ensino de desenho, sem nada ter melhorado no restante. Ao contrário, a qualidade despencou. AE - Desenho e arquitetura são inseparáveis? Quem não sabe desenhar pode ser um bom arquiteto? Gildo - Eles andam juntos, mas não há casamento. De qualquer modo, poderia haver divórcio. Há arquitetos que desenham mal e projetam bem. Mas, por favor não usem isto para tirar o desenho do ensino! É a exceção, não a regra. AE - O senhor sempre foi muito detalhista nos seus projetos. Como vê os projetos dos novos profissionais? Gildo - Um projeto sem detalhes é meio projeto. Continua havendo bons e maus projetos; uns não passam de plantas burocráticas, outros são de excelente qualidade. AE - Quais os planos para o futuro? Gildo - Tenho planos de escrever mais livros além dos seis já publicados; as idéias fervilham, a caneta é barata e sempre há papel usado... Nestes planos incluo a divulgação de pesquisas sobre como aprendemos, como pensamos, porque agimos assim ou assado. Nada disto está sendo repassado para os professores e tudo fica restrito ao mundo da PNL (Programação Neuro-Linguística) e das Neurociências. Este descaso me dói! Estamos perdendo o futuro, já agora. AE – O senhor hoje é referência para muitos jovens. Quem lhe serviu de inspiração para escolher a profissão? Gildo - De quem eu gostava quando estudante era Lúcio Costa: grande arquiteto, desenhador de primeira. O mérito dele nunca foi devidamente reconhecido; ele não tinha marketing. E pouco estava ligando. Outro que vim a conhecer ou reconhecer - tardiamente- foi o Antonio Gaudí. No pedestal da genialidade eu o colocaria bem alto. Você vê Pelé jogando, vê brincando com a bola. Brincar na profissão só é possível para quem a domina inteiramente. Pois Gaudí foi o único que brincou com a arquitetura; fez isto, por exemplo, quando colocou na base da coluna aquela tartaruga. Não conheço outro capaz de brincar com a Arquitetura; é coisa privativa do gênio. Milor Fernandes falou; “ Ser gênio não é difícil; difícil e achar quem reconheça.” Isto explica porque tão poucos professores falam de Gaudí.

“O professor de arquitetura não deve se sentir frustrado quando, depois de muitos anos de ensino, dá um balanço e verifica que nenhum aluno se destacou. O que o professor tem a fazer é passar uma flanela e deixar o talento do aluno brilhar”.

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interiores

Elegância e

Sensualidade

P

Para tornar o ambiente da loja Pelika e Baton sensual e feminino, os proprietários da grife gaúcha apostaram no projeto de design de interiores de Percival Brito. A loja especializada na criação e fabricação de calçados femininos, com 72 metros quadrados de área e localizada na avenida Édson Ramalho, em Manaíra, precisava de um ambiente clean e descontraído, mas com um toque de elegância. O estilo dos sapatos da Pelika e Baton varia do clássico à vanguarda. Além desses aspectos, a distribuição interna da loja foi determinante, já que ela deveria ser organizada de forma que as clientes pudessem ver e provar os produtos expostos na loja, com conforto e praticidade. Definido o estilo da ambientação (uma sintonia entre cliente e designer), Percival iniciou o trabalho usando linhas retas e fazendo predominar a cor branca no piso, nas paredes e nos móveis. O toque sensual e feminino foi dado pela cor lilás, presente nas almofadas, nas cadeiras de apoio (em tafetá de seda) e em destaque no painel, criado pelo próprio designer e localizado por trás do balcão de atendimento. “Para criar o painel, me inspirei nas estampas geométricas da década de 60, do estilista italiano Emilio Pucci”, explicou Percival Brito. Situada no Centro Comercial Vitrine de Manaíra, inaugurado recentemente, a Pelika e Baton tem dois pavimentos. No térreo funciona a loja, com duas entradas de acesso e duas vitrines, uma oposta a outra. No piso superior funcionam o escritório, o estoque e mais uma vitrine.

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Fotos: Fernando Bronzeado

Decorador: Percival Brito Projeto: Loja de calçados e acessórios



A satisfação de realizar

seus sonhos Móveis planejados para casa e escritório

Cozinha - Sala - Dormitório - Banheiro Home Theater - Closets - Áreas de serviço

Av. Epitácio Pessoa, 3 1 3 8 - João Pessoa - PB - Fone (83) 244-1 1 3 1


prancheta

Instrumento de

mudança

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Arquiteta: Márcia Barreiros Projeto: Imobiliária Maia Cliente: Anísio Maia Maquete Eletrônica: Clayton Castro

Ao idealizar o projeto arquitetônico da imobiliária Maia, a arquiteta Márcia Barreiros, teve que ousar para mostrar a mudança na estrutura da empresa. O primeiro passo foi dar um efeito ilusório na fachada, que desse a sensação de dois pavimentos e uma imponência à edificação. “O proprietário da empresa queria mostrar que estava mudando, se atualizando com o seu tempo”, explicou Márcia Barreiros. Com uma área de 190 m2, uma residência na avenida Frutuoso Dantas (continuação da Marcionila da Conceição), no Cabo Branco em João Pessoa, deveria passar por uma ampla ampliação e reforma para abrigar a imobiliária. O cliente exigiu apenas que não houvesse demolições, já que não queria modificar a estrutura da casa. Um dos pontos interessantes, explorado pela arquiteta, foi dar vida maior às fachadas da imobiliária, já que os outros imóveis eram sempre na cor cinza e azul. “O cliente queria um projeto ousado, que o surpreendesse”, completou Márcia. Então, de acordo com o pedido do cliente, a arquiteta criou uma fachada que sobrepõe à original, mas tirando partido da estrutura já existente. O grande diferencial ficou por conta da estrutura metálica inclinada com vidro laminado, que dá a transparência e a luminosidade necessárias. Para completar, ousou com a cor vermelha e um jardim interno, logo na entrada da edificação. A parte interna atende todos os espaços que o cliente necessita, mas sem grandes aberturas de vãos, já que não poderia haver demolições na edificação. “Mais uma vez o desejo do cliente e a imagem que ele quer passar de sua empresa foram conseguidos através da arquitetura”, comemora Márcia. 11



decoração

São João

Requintado

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A tradição das festas juninas tomou conta do Forrock, no dia 18 de junho deste ano. O evento, organizado pelos funcionários do Tribunal de Justiça da Paraíba, contou com a decoração de Percival Brito. A riqueza de detalhes da ambientação contribuiu para o sucesso da festa. Os carros-chefe da decoração foram os espantalhos e o casario antigo. Em todo o ambiente foram colocados 30 espantalhos, inclusive um vestido de noivo e outro de noiva, representando o casamento matuto. As fachadas de casas antigas do interior também estavam por toda a decoração. Logo na entrada, o decorador reproduziu uma praça do interior, com todos os detalhes exigidos. Percival explicou que, para decorar o evento, pesquisou o artesanato, os costumes do interior e visitou mercados, durante mais de quinze dias. “Desde 1997 que faço decoração de festas temáticas. Sempre gostei deste trabalho de pesquisa”, ressaltou o decorador.

Foto: Ednaldo Araújo

Decorador: Percival Brito Projeto: São João do TJ Objetos: Terra do Sol

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projeto de capa

Vitrine

de

Centro Comercial, na avenida Édson Ramalho, inova no projeto arquitetônico, utilizando estrutura metálica aliada ao vidro laminado e temperado Passar pela Édson Ramalho e não contemplar as vitrines das inúmeras lojas que se instalaram na avenida é uma tarefa quase impossível. De carro ou a pé, quem cruza uma das principais avenidas do bairro de Manaíra fica impressionado com o seu rápido crescimento comercial e a beleza dos estabelecimentos. Apesar da grande variedade de opções, uma edificação vem chamando a atenção dos que observam a Édson Ramalho: o Centro Comercial Vitrine de Manaíra. Concebido em estrutura metálica e em vidro, o centro é composto de sete lojas, três salas internas (consultórios médicos), dois escritórios e um café. O projeto arquitetônico, moderno e ousado, é assinado por Sandra Moura, que atua nesta profissão há 17 anos.

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“Tivemos a preocupação de aproveitar todos os espaços, valorizando a frente do centro comercial, exposta para a Édson Ramalho, assim como a sua lateral”, disse Sandra. A localização em uma esquina facilitou o trabalho da arquiteta e embelezou ainda mais o projeto. Nessa lateral, inclusive, foram preservados os coqueiros já existentes no terreno, sem perder espaço para o estacionamento, localizado na frente e também na lateral do centro comercial. “Esse deslocamento das pessoas do Centro para a orla vem trazendo também o comércio. Nos últimos meses houve um boom de transformação de residências da Édson Ramalho em estabelecimentos comerciais. A Vitrine de Manaíra surge nesse contexto como uma edificação interessante e diferenciada, em uma das avenidas mais nobres da orla de João Pessoa”, ressalta Sandra Moura.


Manaíra

Estrutura metálica

Os materiais da construção são os primeiros elementos da diferenciação do projeto. “A construção metálica é muito mais rápida, mais limpa e apresenta uma melhor relação custo x benefício, além de proporcionar um visual belo e diferente dos demais”, explica Sandra, acrescentando que foram necessários apenas cinco meses para erguer a edificação. “Além disso, com esse tipo de material, o arquiteto tem uma liberdade maior para criar”, completa. Foram usadas chapas de alumínio pintadas (de branco) de fábrica. Somada à construção metálica está o vidro, que foi usado em 90% da edificação. Uma das inovações da Vitrine de Manaíra é justamente esse vidro, laminado e temperado. “Com essa película no vidro, pudemos abusar das cores, já que a avenida estava muito branca”, afirma. Cada loja do

Arquiteta: Sandra Moura Projeto: Edificação Comercial e Serviços

térreo está sendo identificada por uma cor, usada no vidro da porta. As cores escolhidas foram laranja, lilás, amarelo, vermelho, verde, azul e cinza. Na parte interna do prédio, está instalado o café, e há ainda três metros de circulação, onde foram plantadas palmeiras e colocados bancos. Para chegar ao pavimento superior, há uma escada com degraus em balanço, com a lateral presa na parede. Nesta parte superior é onde funcionarão os dois escritórios. 15


internacional

MOMA em Berlim A mais importante coleção americana é mostrada na Nova Galeria Nacional de Berlim

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Ao ser idealizado Pablo Picasso e Henry em 1929 por três damas Matisse acompanhados da sociedade Nova de Legér. Os defensores Yorquina, o Museu de da metafísica são Arte Moderna pretendia representados por apresentar a arte mais Malewitsch e Mondrian. significativa de sua época. Na década de 30 se Ao comemorar 75 anos destacam as obras de de existência em 2004, o caráter surrealista museu passa por uma defendidas por Miró, grande reforma para Tanguy e Dali seguidos por ampliar seu espaço físico, Marcel Duchamp e Meret além de aprimorar sua Oppenheim – consfuncionalidade. O trutores de um mundo arquiteto Yoshio Taniguchi absurdo onde tudo é é responsável pelo projeto possível. A segunda atual o qual tirou o museu metade do século XX é Óleo sobre tela de Edward Hopper, “Casa à beira da ferrovia” formada pelo encontro de funcionamento durante este período. Desta forma entre artistas europeus parte de seu significativo acervo esteve disponível em uma fugitivos do sistema nazista e jovens artistas americanos situação sem prescendentes para ser apresentado na Nova como Jackson Pollock e Barnett Newmann. O apogeu da Galeria Nacional de Berlim, prédio idealizado por Mies van arte americana é demarcado pela arte Pop defendida por der Rohe. A exposição MOMA em Berlim foi concebida Jasper Johns, Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Claes exclusivamente para esta instituição, sendo também o Oldenburg. único local a ser apresentada na Europa ficando em cartaz Assim como a coleção foi concebida a partir da até 19 de setembro. vivência germânica do primeiro diretor do MOMA, a A mostra é composta por 200 obras de 100 mestres apresentação se encerra com uma obra do artista alemão consagrados no século XX. Berlim da década de 20 do Gerhard Richter como uma devoção a um dos maiores século passado é em si a raiz desta fabulosa coleção. Nesta centros da arte moderna e contemporânea, a Alemanha, época o diretor do MOMA, Alfred H. Barr Jr., visitou a até único país europeu a ter a honra de abrigar esta coleção então Galeria Nacional situada na Unter den Linden, a qual significativa pelo caráter histórico e de valor. apresentava neste período a arte atual de sua época. Barr O MOMA abriga hoje 100.000 obras entre objetos, decidiu a partir daí criar o maior museu da modernidade pintura, escultura, gravura, objetos de design, maquetes em Nova York. Desde então O “MOMA – Museum of de arquitetura, fotografia, 10.000 filmes, além de Modern Art” coleciona obras desta vertente. A primeira 140.000 livros. “MOMA em Berlim” apresenta uma leitura tela adquirida para a coleção foi “Casa à beira da ferrovia” inédita da coleção pela seleção das obras e forma de de Edward Hopper datada de 1925. Esta obra pioneira pode apresentação criando um novo diálogo entre peças que até ser vista hoje em Berlim. então nunca foram expostas lado a lado apesar de A própria montagem da exposição delimita um pertencerem à mesma instituição. percurso histórico. O roteiro, somente para mencionar Tal disposição das obras se fez necessário para alguns dos célebres participantes, se inicia com obras de corresponder de certa forma à perspectiva européia da artistas da virada do século XIX como Cezánne, Van Gogh história da arte. Por esta razão a mostra é um atrativo até e Rousseau. O início do século XX é celebrado com obras mesmo para os frequentendadores assíduos do MOMA de dois grandes protagonistas deste período sendo eles em Nova York. 16 04

Teresa de Arruda jornalista e curadora de arte



reportagem

Mármore ou Granito? Quando e como usar essas pedras ornamentais Apesar de se confundirem na aparência, o mármore e o granito têm usos distintos em função de suas características próprias. Cada uma das pedras tem uma utilização adequada, que deve ser levada em consideração antes de iniciar a compra dos materiais. Os granitos são materiais mais resistentes que os mármores, por isso indicados para locais de maior trânsito, como áreas comerciais (shoppings, lojas e hall de edifícios). Também são muito bons para fachadas. Em residências, normalmente os granitos são usados para os ambientes de serviço e áreas externas, cabendo ao mármore ocupar as áreas mais nobres da casa. Mas isto não quer dizer que não se possa usar o granito em áreas nobres. Dependendo do material escolhido e do projeto estabelecido pelo arquiteto ou decorador, cria-se ambientes interessantes e harmoniosos. O granito é também bastante indicado para as bancadas da cozinha e do banheiro. Nos pisos externos e bordas de piscina também pode-se utilizar o granito, desde que haja um acabamento antiderrapante. Outra dica importante é que os granitos vermelhos e pretos são mais resistentes que os cinza. O mármore é um material mais clássico e pode servir de objeto de decoração e destaque em um ambiente. São ideais para piso de salas, halls de entrada de residências, lavabos e banheiros. Mas há algumas restrições. Não deve, por exemplo, ser usado na cozinha, pois sua porosidade faz absorver substâncias com facilidade. O mármore travertino é um dos mais porosos e deve ser evitado também em banheiros, principalmente no piso do boxe. Um fator que limita o uso do mármore é o carbonato presente em sua constituição, substância que reage com ácidos, mudando de cor. Como são produtos extraídos da natureza, os mármores e granitos estão sujeitos a variações de veios, cores, tonalidades e desenhos. Portanto, nunca duas peças serão exatamente iguais. Além disso, ao pesquisar preços, o consumidor deve considerar que a mesma pedra pode ser chamada por vários nomes. Por isso, é recomendável levar um exemplar, para permitir comparações de colorações e preços.

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Diversidade do mármore: no fundo, o branco; à esquerda, o beje; e à direita, o travertino

Como manter a beleza das pedras A limpeza e conservação das pedras são muito importantes, desde o período da construção da edificação. Segundo os especialistas, uma manutenção correta pode aumentar em mais de 20 vezes a vida útil das rochas. Na limpeza da obra, não deve ser aplicado nenhum tipo de removedor químico, o que pode causar manchas na pedra. O granito recém-assentado deve ser limpo com palha de aço fina e, depois, varrido. Para o mármore, somente espátula e vassoura de pêlo devem ser utilizadas. Em ambos os casos, recomenda-se proteger a superfície com plástico bolha até o final da construção. Já para a limpeza diária, deve-se utilizar apenas pano úmido e, se necessário, detergente neutro incolor. Qualquer substância colorida derramada acidentalmente sobre a pedra deve ser imediatamente enxugada com pano ou papel absorvente.

Composição O granito, por sua composição é uma rocha magmática formada de quartzo, feldspato e mica, com dureza acima de 6 na escala Mohs, enquanto o mármore é o nome de qualquer rocha carbonática de origem sedimentar ou metamórfica, composta de calcita e ou dolomita, com dureza 3. Os granitos: no fundo, o vermelho ventura; à esquerda, o branco cristal; e à direita, o verde ubatuba



especial

Espigões em foco

Construir ou não construir espigões na orla marítima de João Pessoa? Eis a questão que vem sendo motivo de discussão em vários segmentos da sociedade e tirando o sono de muita gente que acredita que a flexibilização ou até mesmo revogação da Lei Complementar nº 12 que regulamenta esse tipo de construção seja a solução para problemas como valorização da avenida que faz limite com o mar, investimento no turismo da cidade, nivelamento com as demais capitais onde esse tipo de legislação não existe e outras infinitas justificativas. Na orla marítima da grande João Pessoa são proibidas construções de edifícios que tenham altura superior a 12,90 metros e cuja distância para o mar não seja inferior a 500 metros. Significa que só é permitida a construção de prédios que contenham pilotis mais três pavimentos e um escalonamento, sempre respeitando a distância estabelecida da linha que define a maré sizígia. Essas definições foram

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estabelecidas com a Constituição Estadual de 1990, mas a proteção da orla vem desde a primeira Constituição da Paraíba, promulgada em 1969, que estabeleceu a faixa que vai do litoral do Seixas até Cabedelo como área a ser respeitada pelas construtoras. Essa mesma Carta Magna definiu o Cabo Branco e a Ponta do Seixas como sendo patrimônio estadual. Dessa forma, só existem três espigões ao longo da orla, mesmo porque foram construídos bem antes da Lei. A discussão divide opiniões. Os que são a favor têm como principal argumento, alegar que a Lei emperra o desenvolvimento do turismo no estado e impede a abertura de negócios do trade turístico. Para os que são contra, fora a agressão ao meio ambiente e impedimento da livre circulação das correntes de ar, o argumento é que os arranha-céus poderiam provocar desequilíbrio ecológico, uma vez que o fluxo de pessoas iria aumentar consideravelmente e, conseqüentemente, seria neces-

sário esgotamento, saneamento, novas construções, que alterariam o equilíbrio do meio ambiente. Para o engenheiro civil e professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Antônio Augusto de Almeida, revogar a Lei, é o mesmo que jogar fora um trunfo que a Paraíba conquistou ao longo desses anos, até mesmo na questão turística. Como um dos profissionais que participaram da elaboração da Lei, ele vota por um detalhamento mais apurado, mas deixa uma coisa bem clara: “sou contra as exceções para uso porque essa é uma abertura para que a legislação seja burlada”, enfatiza. Para os que acreditam atrapalhar o turismo, ele usa um exemplo prático. “Em Natal (RN) há uma lei que protege a orla e no entanto não há grandes construções à beira-mar”, destaca. De tempos em tempos a polêmica dos espigões volta à cena. Na última vez, foi preciso uma ação conjunta de vários segmentos para que a investida não se concretizasse.


O outro lado da questão Discussões e teorias sem embasamento à parte, há profissionais que defendem uma revisão na Lei e mostram tecnicamente a necessidade dessa alteração. É o caso do professor da UFPB e mestre em engenharia urbana, Francisco Gonçalves, que realizou estudos sobre o assunto no Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa (Portugal) e conclui que a revisão precisa ser feita urgentemente sob pena de daqui a duas décadas termos problemas ambientais. A justifica do professor se baseia em dois grandes erros nos quais a Lei incorre. O primeiro é a distância de 500 metros estabelecida para o início das construções. “Se a orla é sinuosa, como estabelecer uma distância fixa?”, questiona. Ele explica que por causa disso as condições de

ventilação são diferenciadas e portanto a medida tem que seguir os mesmos moldes. O segundo erro diz respeito ao escalonamento dos prédios com base nos 12,90 metros para os prédios mais próximos do mar. “Da forma como está, favorece a criação de uma espécie de rampa, onde o vento sobe e quem ficar em um nível mais baixo fica sem ventilação”, resume. Falando em vento, o professor enfatiza exatamente o que os que são resistentes às mudanças destacam, que, com a liberação das construções, haverá impedimento da passagem do ar e a cidade vai ficar mais quente. “É justamente o contrário desse jargão que está sendo usado para enganar a população”, comenta. Para solucionar a questão, Gonçalves propõe a realização de um

estudo sobre o que e onde pode construir. “Não existe discussão sem ter base técnico-científica, mas infelizmente as pessoas não estão interessadas nisso”. Apesar de bradar que o que está feito em termos de legislação é errado, o professor reconhece a importância da Lei na época em que foi sancionada para evitar a especulação imobiliária, “mas hoje, ao invés de ajudar, prejudica, pois diminui a velocidade dos ventos”, critica. Dentre as conseqüências negativas desse bloqueio de vento está no uso mais freqüente de ventiladores e circuladores de ar, que geram um maior consumo de energia elétrica, prejudicando as fontes naturais de energia, “mas o resultado disso só será visto a médio prazo, em torno de 15 anos”, finaliza o professor.


painel

Fotos: Valério Ayres

A Todeschini, empresa dos Irmãos Cabral, com 35 anos de existência, patrocinou um belíssimo coquetel realizado pela Sonho Doce, no dia 29 de abril deste ano. O evento teve como objetivo mostrar aos arquitetos e decoradores a coleção 2004 apresentada pelo arquiteto João Armetano. Esse projeto dá continuidade ao programa de mudança do conceito e do posicionamento da Todeschini no mercado. O arquiteto João Armetano também dará, no mês de agosto, uma palestra, para mostrar como essas mudanças estão sendo realizadas.

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03 01. Ricardo Cabral, Fernanda May, Nereu Conzati, Zenilda Cabral e Eduardo Cabral 02. Zeza e Cabral 03. Ricardo Cabral e Nereu Conzati 04. Márcia Barreiros, Fernanda May, Zorilda Roque e Janine Rolin 05. Zenilda Cabral, Giovana Rolin, Janine Rolin, Sarah Cavalcanti, Marília Franca, Tainah Rolin, Fernanda May e Bethânia Paiva. 06. Gerardo Rabelo foi o mestre de cerimônia

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07. José Roberto Hentz, Márcia Barreiros, Ricardo Cabral, Fernanda May e Nereu Conzati

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08. Henrique Santiago Fernanda May, Georgia Suassuna, Percival Brito, Giana Barreto e Alain Moszkovicz 09. Marcos May e Fernanda Cabral May 10. Doralice Paiva e Flávia Dantas

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11. Eduardo Cabral, Ruy Carneiro, Consolação Teixeira, Emília Carneiro, Leda Mendonça e Ricardo Cabral 12. Marcelo Gondin, Kiko Cornélio, Janine Rolin, Roberto Chianca, Andréa Araújo, Eli Martins, Zenilda Cabral e Marília Franca 13. Adriana Galdino, Waleska Menezes, Giovana Rolin e Marcelo França 14 Ricardo Cabral, Maria Mello, Zorilda Roque, Carmem Mello e Alain Moszkovicz

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15. Andréa Araújo, Zenilda Cabral Martins e Andressa Castro 16. Adroaldo e Fernanda Cabral May

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expediente Diretora Executiva: Márcia Barreiros Diretoras de Redação: Luciana Oliveira - DRT/DF 1.849/97 Socorro e Silva - DRT/PB 1.135/97 Redação e Edição: Formato Assessoria de Comunicação formatoassessoria@yahoo.com.br Diretora Comercial: Márcia Barreiros Diagramação: Renato de Sousa Fotografias: Stanley Talião e Márcia Visani Correspondente Internacional: Teresa de Arruda Pré-impressão: Multimagem Impressão: Gráfica JB A revista Artestudio é uma publicação trimestral com uma tiragem de 6 mil exemplares de distribuição dirigida e gratuita. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só pode ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados são de responsabilidades exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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carta do leitor Fiquei muito honrado com a publicação do meu trabalho nesta revista. A receptividade dos meus clientes foi muito grande e tem gerado interesse junto aos meus fornecedores. Estou torcendo para que esta revista cresça mais e mais e se torne referência para nossa classe e nosso empresariado. Adjalmir Rocha (Arquiteto) ••• Conheci a revista Artestudio somente na quinta edição. Fiquei muito impressionado com os textos, mas principalmente com a diagramação e as imagens. É uma revista linda, com diagramação muito leve. A parte que mais gostei foi a Vão Livre. Realmente é o lugar para se ler sobre quem entende do assunto. Contudo, o que eu gostaria de ter lido algo sobre a construção de espigões na orla de João Pessoa. No mais, espero que a revista tenha vida longa e muito sucesso. A nova equipe editoral parece ter começado com o ‘pé direito’. Maurício Melo (Jornalista e editor do paraiba.com.br)

Obrigada Maurício pela dica de pauta que já foi aproveitada nesta edição. Agradecemos pelos elogios e continuamos trabalhando para que a Artestudio esteja cada vez melhor. A editoria ••• Olá, estou concluindo o curso de arquitetura e gostaria muito de ser assinante da revista Artestudio. Tive a oportunidade de ver a última edicão no escritório de arquitetura de um professor meu e gostei muito, pois traz matérias interessantes de arquitetos locais, fornecedores, lojas, projetos, etc., tudo o que uma futura arquiteta como eu precisa para subsidiar meu ingresso no mercado de trabalho. Fernanda Medeiros (Estudante)

Fernanda, é só entrar em contato com a revista pelo e-mail, que responderemos prontamente sobre como receber a revista em casa. A editoria

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vão livre Arquitetura, comércio e sedução Hélio Costa Lima* Espaço aberto para você, é a nossa proposta com esta coluna. Aqui você pode falar abertamente sobre arquitetura, decoração, ambientação, arte e design. Solte o verbo, afinal o Vão é Livre.

Para além da satisfação de simples necessidades funcionais (vestir-se, alimentar-se, etc.), o comércio atua no campo da sedução, do fetiche - dessa necessidade humana do exótico, do novo, da moda, enfim, das coisas do desejo, do reino dos sentidos. E, para nos enfeitiçar, a visão é o primeiro dos sentidos que a mercadoria procura capturar. O pressuposto da visibilidade é que explica a estreita relação entre o comércio e as passagens de massa: caminhos e entroncamentos, ruas e rotas movimentadas. A Ponte del Vechio, na Florença do Séc. XVI, é síntese desse fenômeno. Os Shopping-Centers modernos, nada mais são do que um complexo de passagens de pedestres, de galerias comerciais, que têm precedente histórico nas “Passagens Cobertas” construídas no século XIX em Paris, Viena e Milão, e em outras cidades européias florescentes na Belle Epoque. Poderíamos mesmo evocar as ruas comerciais de milenares cidades árabes e romanas para constatar o quanto essa relação é antiga e visceral. Porém, estar visível não é tudo. Há que prender o olhar do transeunte, que seduzi-lo. Aí entra a arquitetura. No projeto de estabelecimentos comerciais, a dimensão mágica da arquitetura, a força de sedução inerente à estética arquitetural, é o atributo da profissão mais solicitado. Por isso a arquitetura comercial tornou-se um campo privilegiado de experimentação para os arquitetos contemporâneos. Em João Pessoa, a avenida Edson Ramalho é uma manifestação eloqüente da sinergia do comércio com a arquitetura. O incremento radical do trânsito naquela via, resultante da explosão imobiliária da orla marítima, fez com que, num piscar de olhos, ela se transformasse em um dos principais endereços comerciais da cidade, e um dos mais importantes laboratórios da inventiva dos arquitetos locais. A valorização das fachadas e vitrines nas bem sucedidas adaptações de antigos imóveis residenciais ao uso comercial, ou a experimen-

tação, em novos edifícios, de materiais e técnicas de última geração, criaram um espaço lúdico que testemunha o potencial criativo dos arquitetos, e a força destes profissionais na valorização do espaço urbano. Este potencial, entretanto, pode ser melhor explorado. A Edson Ramalho não é uma zona comercial planejada, e sim uma via residencial transformada em eixo comercial ao sabor do acaso. Até hoje, apesar de consolidada a sua vocação para o comércio, não foi objeto de um tratamento urbano compatível. Suas calçadas não permitem um fluxo contínuo próximo às lojas, dada a fragmentação herdada dos lotes residenciais - com comprometimento da acessibilidade e da fruição das vitrines pelos transeuntes. Os estacionamentos, conflitando com os passeios, agravam ainda mais o desconforto. Tudo isso acaba comprometendo a visibilidade tão necessária à promoção comercial. E começase a presenciar uma poluição visual gerada por uma “guerra de placas”, que concorre com a arquitetura das lojas, e consequentemente reduz a força de sedução da mercadoria. Nenhuma placa vende mais do que uma vitrine. Um exemplo lamentável de outros eixos comerciais da cidade deveria servir para mostrar que essa guerra não interessa a ninguém, e a necessidade de um tratamento urbano específico para o local. Não me refiro a regras genéricas de ocupação e uso do solo, mas a um projeto pontual que garanta a continuidade dos passeios junto às lojas, a acessibilidade, a oferta de estacionamentos sem inconvenientes para os pedestres, e a visibilidade de todos - tal como fazem, cientificamente, os ShoppingCenters. Mas não se pode esperar que o poder público se encarregue disto sozinho. Temos que propor planos pactuados, articulando, em parceria, a iniciativa privada e o poder público (os arquitetos, os comerciantes e a Prefeitura) para fazer face à necessidade de melhoria da qualidade dos espaços comerciais da cidade. *Hélio Costa Lima Arquiteto e Professor Adjunto do Curso de Arquitetura da UFPB

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