Revista AE 53

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Ano XIV - nº 53

www.artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

CONVITE PARA A CULTURA Projeto em São Paulo explora formas assimétricas para centro cultural

ENTRE O LITORAL E O SERTÃO Volumes sobrepostos e muitas referências marcam a volumetria desse projeto residencial

O ESTATUTO NA GAVETA A urbanista Erminia Maricato fala sobre o Estatuto das Cidades

UMA BASE EM PARIS

CASA COM ALMA DE VARANDA

Apartamento na cidade-luz é pouso de casal brasileiro na Europa

Projeto em formato de L tem circulação de ar cruzada e integração com o paisagismo

+ a questão social e o vencedor do Pritzker; a história da Mata do Buraquinho; uma nova vida para o corredor





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Ano XIV

SUMÁRIO

Edição 53

CONHEÇA

26 20 LIVRO

‘Imáginários, Estranhamentos Urbanos’ parte da observação das grandes cidades

26 GRANDES ARQUITETOS

Alejandro Aravena é o vencedor do Prêmio Pritzker 2016, com uma arquitetura de preocupação social

32 REPORTAGEM

O aumento do uso dos containers na construção

72 ACERVO

A Mata do Buraquinho é um pedaço precioso de Mata Atlântica em João Pessoa

74 INTERIORES E MODA

Serviço de hospedagem em apartamentos pelo mundo usa referências de moda em seus anúncios

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ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 12

Amélia Panet escreve sobre os exoesqueletos das nossas cidades

URBANISMO 14

Kardec Borges fala sobre a ética urbana

VIDA PROFISSIONAL 16

Ênio Padilha defende a necessidade de que as empresas paguem impostos

VÃO LIVRE 18

Dicas para um dia com mais disposição

PONTO FINAL 80

Uma homenagem a Zaha Hadid

ENTREVISTA ENTREVISTA 22

A urbanista Ermínia Maricato fala sobre o Estatuto das Cidades

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PROJETOS COMIDA DESCOLADA 38

Hamburgueria busca ambiente original e moderno com projeto de Larissa Vinagre

EQUILÍBRIO 42

A construção de uma nova casa usou as referências sertanejas da família assinada por Márcia Barreiros

CIDADE-LUZ 50

Projeto de interiores de Diego Revollo para “embaixada” de casal brasileiro em Paris

NOSSA CAPA

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PARA INSTIGAR

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Sandra Moura projeta uma casa em L que ganhou ares de varanda Espaço cultural em São Paulo explora formas assimétricas projetado pelo escritório São Paulo Arquitetura

Nossa capa Projeto: Sandra Moura Foto: Deise Rathge

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arquitetura & estilo de vida ANO XIII - Edição 51

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e Renato Félix, Diretora comercial - Márcia Barreiros Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, Vilmar Costa, Deise Rathge e MB Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos


EDITORIAL

DUPLA FACE

MÁRCIA BARREIROS editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Neste mês de abril morreu Zaha Hadid, considerada uma das maiores “starchitects” do mundo. A iraquiana, considerada a “rainha da curva”, era um dos símbolos de uma arquitetura expansiva, que se destaca de longe na paisagem e que não só causa espanto como chega a chocar com suas formas ousadas. E também pode provocar discussões a respeito da utilidade dessas formas. Por outro lado, este ano o Pritzker – principal prêmio de arquitetura do mundo, vocês sabem – elegeu o chileno Alejandro Aravena. Aravena, personagem da nossa seção “Grandes Arquitetos”, não leva consigo nenhuma aura de “starchitect”. Seu lance é trabalhar com questões sociais, a reconstrução de lugares abalados por desastres naturais e o desenho de moradias populares. Apostando, inclusive, no futuro dessas pessoas ao incluir em seus projetos a possibilidade de crescimento do imóvel. Mais recentemente disponibilizou os desenhos de quatro de seus projetos de habitação social para uso público. São duas visões bem diferentes da arquitetura, mas que convivem (ou devem conviver) dentro de cada profissional: a busca pela beleza, pela arte, pela estética, e a preocupação em melhorar a sociedade, dedicar tempo para trabalhar com uma parcela da população para a qual a arquitetura vai ajudar em uma vida com mais dignidade. Um direito básico de qualquer cidadão. Você mesmo pode avaliar em que lado se enquadra cada projeto mostrado nesta e em todas as edições da AE. Ou se combinam características dos dois lados. Além deles, esta edição conta a história da Mata do Buraquinho, em João Pessoa, dá dicas de ambientação para corredores, fala do uso de containers em construções. Como se vê, a AE sempre contempla esses dois lados. Boa leitura! ARTESTUDIO

RENATO FÉLIX editor de jornalismo

WELLINGTON COSTA prod. e diagramador

AMÉLIA PANET arquiteta

GERMANA GONÇALVES designer de interiores

DÉBORA CRISTINA jornalista

LIDIANE GONÇALVES jornalista


VISÃO PANORÂMICA

NOSSOS EXOESQUELETOS DE PEDRA E CAL Fotos: Divulgação

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lguns seres humanos possuem comportamento semelhante aos artrópodes. Os artrópodes são animais que, entre outras características, possuem um exoesqueleto feito de material resistente, impermeável e constituído de sais de quitina, uma espécie de “açúcar”. Além de protegê-los dos perigos externos, esse esqueleto evita que tais animais se desidratem e possam adaptar-se ao ambiente terrestre. Ocorre que o exoesqueleto acaba por limitar o crescimento do animal. Assim, quando a sua proteção

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torna-se demasiada pequena, o animal a descarta e inicia a formação de um novo exoesqueleto que possa lhe abrigar adequadamente. Isso ocorre várias vezes, deixando exoesqueletos abandonados nos galhos das árvores, vazios e sem função “social” para a população de artrópodes. Assim como os artrópodes, nós seres humanos da espécie mais desenvolvida de “homo sapiens” costumamos abandonar nossos abrigos, sejam eles para morar, trabalhar, descansar ou qualquer outra função. Os centros urbanos estão cheios deles, exoesqueletos de pedra e cal, vazios, abandonados, sem o exercício de suas funções sociais. Entre os nossos abrigos e aqueles dos artrópodes, no entanto, existe uma grande diferença, os exoesqueletos dos ditos animais logo serão incorporados à natureza como matéria orgânica. Nossos edifícios abandonados, no entanto, permanecem por longos anos, incorporados à paisagem das nossas cidades. Quais as questões que envolvem o abandono da nossa arquitetura e a permanência desse abandono por tanto tempo? São questões sem dúvida complexas, que envolvem diversos atores e a ação e o descaso de tantos outros.


No Brasil, os centros urbanos padecem de políticas públicas que possam dar conta de tantas questões. Não daremos conta de abordar tamanha complexidade em espaço tão curto, no entanto, nos esforçaremos em traçar alguns pontos para a reflexão. No que cabe ao arquiteto e urbanista, a cultura do abandono começa na nossa formação. Nossos cursos não utilizam a arquitetura existente como propósito para um novo espaço. São pouquíssimas as disciplinas de projeto que partem do existente e a reabilitam para novos usos. A maioria começa do zero, um terreno vazio, muitos deles fictícios. Novos projetos, novas construções e a cidade crescendo, espalhando-se e gerando cada vez mais problemas de infraestrutura e acessibilidade. Outros aspectos são abordados de maneira brilhante por Ermínia Maricato em seu livro Para entender a crise urbana quando reflete sobre o centro de São Paulo, mas poderia ser outro centro de outra cidade brasileira. No caso paulista, a princípio, os investimentos culturais feitos no centro da cidade, como museus, salas de espetáculos, centros culturais e algumas renovações urbanas não despertaram o interesse do mercado imobiliário a ponto de investir no centro com moradias e outros espaços contemporâneos. Vários problemas são apontados. Entre eles, os terrenos reduzidos e a presença dos pobres. Segundo Maricato, para os empreendedores, essa proximidade desvaloriza os empreendimentos. Sem o interesse do mercado imobiliário pelo centro de São Paulo, os serviços públicos declinaram aumentando o número de imóveis vazios e de moradias precárias. Essa ‘terra de ninguém’ foi ocupada por dependentes químicos e pessoas sem moradias. Apesar de todos os problemas, geralmente os centros urbanos ainda são áreas de comércio e serviços diversos. Investir nessas áreas requer a conciliação de diversos interesses e estímulos públicos. Segundo Maricato, nas últimas gestões, Serra e Kassab, o governo municipal empenhou-se em retirar os obstáculos que afastavam o mercado imobiliário de investir na área realizando desapropriações, remembramento de lotes, construção de vias rebaixadas, entre outros, parte do Projeto Nova Luz. Nessa operação urbana o maior obstáculo são os pobres. Enquanto não havia interesse de investimentos no centro o problema nunca foi enfrentado. A lógica

mercadológica não aceita a moradia das pessoas de baixa renda nos lugares valorizados da cidade: para tornar o centro valorizado seria necessário retirar os “pobres” que, por falta de alternativas, acabam por ocupá-las. Como diz Maricato, nessas “áreas ditas ‘deterioradas’, está a única alternativa de os pobres vivenciarem o ‘direito à cidade’, pois, de um modo geral, eles são expulsos dela”. Os centros urbanos estão cheios de edifícios vazios e sem função social, enquanto milhares de pessoas não possuem moradias adequadas. É o caso do centro histórico de João Pessoa. Refazer as cidades torna-se urgente e deve envolver decisões políticas e o exercício da ética. A nós, cabe o ativismo urbano como prática permanente de alerta e manifestação contra o descaso público. O abandono dos espaços urbanos é um fenômeno contemporâneo antiético e tem resultado em cenários desoladores e em resíduos destruidores. A dimensão ética da arquitetura e urbanismo não é perceptível facilmente, no entanto, ela deveria ser uma substância inerente a sua práxis, no verdadeiro sentido do termo enquanto ação política de uma categoria profissional que trabalha com o espaço e deveria ter responsabilidades sobre ele. Se o arquiteto contemporâneo pretende representar um papel nesse mundo complexo, consciente de imposições ambientais e de diferenças culturais, um mundo onde a tecnologia continuará avançando na escala do planeta, esse profissional deve refletir sobre as estratégias próprias para que possa revelar a capacidade que a disciplina “arquitetura e urbanismo” tem para concretizar uma intencionalidade ética. O abandono da cidade segue na contramão dessa postura.

Amélia Panet

Arquiteta e urbanista Mestre em arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

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Nova Odessa

URBANISMO

A ÉTICA URBANA

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im, a ética urbana é necessária! A afirmação pode parecer puramente ideológica e até ingênua, mas o fato é que pensar as ações do mercado imobiliário puramente pelo viés do resultado financeiro, poderá num curto espaço de tempo prejudicá-lo. Por mais que as construtoras, incorporadoras e afins pensem pela lógica quantitativa, baseada no retorno do investimento, hoje o consumidor final baseia-se em outros elementos intangíveis no

Car16 parking na Alemanha

Fotos: Divulgação

momento de escolha de onde irá se estabelecer, como, por exemplo, a qualidade de vida do local onde irá morar ou trabalhar. É este entendimento que nos obriga a pensar as cidades por uma ótica mais humana. Existe hoje uma retomada pela valorização das cidades, de maneira a repensá-las considerando o inchaço urbano que vivenciamos, sem prejudicar a mobilidade e integridade urbana. Mas quem “pensa” no modelo dessas cidades modernas?


A cidade é pensada e planejada a partir de diferentes pontos de vista: Governo, academia (universidades), a sociedade organizada e também pelo mercado imobiliário. Cada ponto de vista busca definir o conceito de como a cidade deve ser a partir de seus próprios interesses. Mas a pergunta que deveria mediar o planejamento urbano é “Em que tipo de cidade eu quero morar?”. É a busca por esta resposta que desencadeará um novo pensar, baseado na ética urbana. Precisamos pensar a cidade a partir dela mesma, analisando o que é melhor para ela e para o bem comum. É imaginar projetos, construções e soluções urbanas de modo a preservar os melhores aspectos de uma cidade. Ou seja: sua cultura, sua história, sua paisagem e seus espaços públicos. Esta mudança na lógica de mercado não é responsabilidade exclusiva dos players do mercado imobiliário, mas de todas as partes interessadas no desenvolvimento e bem estar urbano, que inclui também Governo, academia e sociedade organizada. Assim a definição da ética urbana, não passará apenas pelo debate ideológico, ela deverá, principalmente, atuar na definição de regras e critério claros e objetivos para um planejamento urbano ético, que se possa garantir o futuro de uma cidade sustentável. Isto inclui uma legislação adequada e efetiva na preservação do espaço público, uma academia que se inteire da realidade urbana e na apresentação de soluções práticas, uma sociedade ativa no debate e um mercado responsável no processo de transformação efetiva do espaço, em um pensar futuro, planejado para frente e corrigindo o passado. Dentro da lógica do mercado imobiliário precisamos avaliar se os investimentos em desenvolvimento urbano podem agregar valor ao produto imobiliário e cremos que a resposta é sim. Precisamos acompanhar as mudanças, onde alguns valores considerados intangíveis, como design e integração urbana, ganharam importância na escolha de um imóvel. É a partir disso que o próprio mercado precisa ir além, deixar o mero “quantitativo” e pensar qualitativamente, ou seja, chegouse o tempo em pensar nas cidades, sem que isto seja uma pura ideologia, mas de maneira, social e mercadológica. Se é bom para a cidade é bom para o todo.

Kardec Borges

Sócio fundador da Unyt Arquitetura de Resultados, graduado em Arquitetura e Urbanismo, pós-graduado em Gestão de Negócios Imobiliários e especialista em projetos urbanísticos e arquitetônicos

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VIDA PROFISSIONAL

PAGUE SEUS

IMPOSTOS OU

MORRA! Pagar impostos não é a melhor parte de ser empresário, no Brasil. Mas não existe escolha. É melhor pagar os impostos (em dia). A outra opção é enfrentar a guilhotina da mortalidade empresarial Fotos: Divulgação

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carga tributária, no Brasil, é absurda! O retorno que o governo dá ao cidadão pelos impostos pagos é ridículo. Os empresários são punidos de forma ainda mais cruel pois, geralmente, numa empresa, o lucro (aquela parte que vai para a conta pessoal do proprietário ou dos sócios) nunca chega nem perto do valor que é pago em impostos.

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Empresas de engenharia e de arquitetura sofrem ainda mais, pois a legislação tributária brasileira não dá aos profissionais liberais de nível superior nenhum benefício. A vida é dura! Ainda assim, nos meus cursos e palestras insisto numa posição que contraria o senso comum: todos devemos pagar os impostos. Ou enfrentar a guilhotina da mortalidade empresarial. Há alguns anos, quando eu lecionava Empreendedorismo numa turma de graduação em Administração, provoquei os alunos com um trabalho interessante. Pedi a eles que produzissem uma análise que relacionasse (a) carga tributária, (b) informalidade e (c) mortalidade empresarial. Seria um trabalho com um certo grau de profundidade, pois ocuparia quase metade das aulas do semestre letivo. No primeiro dia fizemos um briefing sobre o tema e, na discussão, por mais que eu apresentasse argumentos, a conclusão de 35 dos 37 alunos da turma seguiu, rigorosamente, o pensamento da maioria dos pequenos empresários brasileiros: (1) sonegar impostos é inevitável; (2) se pagar todos os impostos a empresa não consegue sobreviver; (3) sonegar impostos é justo, já que o governo não aplica direito os impostos que são pagos.


Munidos dessas premissas eles foram para a biblioteca, para a internet e para o campo. Ler os principais autores que tratavam do tema, analisar relatos contemporâneos e entrevistar empresários bem-sucedidos e também aqueles que estão em dificuldades. Depois de algumas semanas as “surpresas” começaram a aparecer. Vários autores abordavam a questão dos impostos e da informalidade. Nenhum deles, no entanto, apontava a informalidade como uma alternativa viável para o empresário. Não a apontavam como uma coisa boa. Muito menos recomendável (o termo “inevitável” não aparecia em nenhum lugar). Na pesquisa feita na internet os alunos descobriram que milhões de micro e pequenas empresas brasileiras estão submetidos a um círculo vicioso em que o peso dos impostos é tão grande que elas não conseguem se formalizar. Como são informais, não assinam a carteira dos empregados, não emitem notas fiscais e sonegam impostos, obrigações sociais e trabalhistas. Por conta disso, uma empresa que começa pequena provavelmente está condenada a ficar pequena ou desaparecer rapidamente, porque o nosso ambiente de negócios não permite a ela ter acesso a crédito, nem a uma situação regular de formalidade. Por consequência, não consegue ter um aumento de produtividade e faturamento. Mas foi do campo que as respostas vieram com mais clareza. Entrevistas e análise de casos reais rapidamente permitiam àqueles jovens estudantes de administração fazer um diagnóstico que pode ser cruel, mas é necessário: a informalidade e a sonegação de impostos são duas das principais causas associadas à mortalidade empresarial. Empresas que não assumem suas obrigações sociais e trabalhistas alimentam uma bomba de efeito retardado: num primeiro momento isso pode parecer uma solução interessante, mas, depois de algum tempo o que acontece é que o empresário vira refém dessa situação. Não tem mais liberdade para implementar as políticas de pessoal que considere adequadas, se essas contrariam os interesses dos empregados. Por mais “de confiança” que eles sejam, sempre poderá haver quem os instigue a uma ação trabalhista. E uma única ação trabalhista pode comprometer (às vezes irremediavelmente) a viabilidade da empresa.

Empresas que não estão legalizadas não podem se expor. Ficam impedidas de utilizar os mecanismos de promoção das suas marcas e produtos. E, o mais grave: ficam impedidas de ter acesso aos melhores mercados. Os melhores clientes, aqueles que fazem os negócios mais vultosos, geralmente são aqueles que não negociam com quem não fornece nota fiscal. O rosário de dificuldades e armadilhas da informalidade levou meus alunos a concluir, praticamente por unanimidade, que a a informalidade é uma falsa solução para um problema que, geralmente, os novos empresários não estão preparados para avaliar tecnicamente de forma completa. A enganosa noção de lucro que o empresário tem no início do processo sempre apresentará uma conta salgada mais adiante. Esta conta, geralmente virá sob a forma de um problema legal derivado de uma fiscalização de algum órgão do governo ou então de uma ação trabalhista. Esses problemas legais sempre estarão acompanhados de um correspondente financeiro que, não raro, inviabiliza a continuidade da empresa, engrossando as estatísticas da mortalidade empresarial. Atuar de acordo com a legalidade e pagar todos os impostos é, portanto, necessário e útil. Conformar-se com a carga tributária e com a maneira como os governos desperdiçam os impostos cobrados é inadmissível. Profissionais de engenharia e de arquitetura que servem ao país mantendo abertas suas empresas, gerando empregos e impostos, precisam se unir para exigir racionalidade na carga tributária e responsabilidade no uso dos recursos arrecadados Ou morrer de inanição empresarial.

Ênio Padilha

Engenheiro Eletricista (UFSC) e Mestre em Administração(UNIVALI).

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VÃO LIVRE

10 SUPER DICAS PARA TER MAIS DISPOSIÇÃO NO DIA A DIA Fotos: Divulgação

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omo é o seu dia? Você acorda e se mantém disposto, sem deixar que a correria atrapalhe? Para ter disposição e sucesso diariamente, Wesley Dmitruk, coach e consultor em treinamento e desenvolvimento da Khalanet (www.khalanet.com), listou dicas importantíssimas e organizou para vocês. 1) Faça pequenas pausas em sua rotina diária: O ideal seriam pausas de cinco minutos a cada hora. No entanto, isso não é possível para todos. Se você usa computador durante todo o dia, pelo menos lembre-se de levantar-se um pouco, alongar os braços e pernas e relaxar os ombros. Um cochilo de 15 minutos no meio do dia comprovadamente aumenta sua produtividade mental e disposição física. 2) Sente-se com os pés apoiados no chão e as costas eretas: Tenha cuidado especial com a ergonomia. Utilize cadeiras com altura adequada, cadeiras baixas podem exigir muito dos ombros devido ao teclado e

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mouse. Cadeiras altas podem deixar seus pés no ar, então utilize um apoio nesse caso. Pode ser aquela lista telefônica de 2008 que você nem tirou do plástico. 3) Ao caminhar olhe para a frente na altura da linha do horizonte: Treine sua visão periférica. Você será capaz de evitar pequenos obstáculos como buracos e degraus sem precisar olhar para o chão. Ao olhar para frente seu corpo automaticamente ficará ereto. Por outro lado, se você caminha olhando para baixo, aumenta a possibilidade de entrar em seu diálogo interno e, caso esteja com alguma questão a ser resolvida, provavelmente isso não o ajudará. 4) Está com problemas, precisa encontrar soluções ou planejar algo... então caminhe: Mente é movimento; se você movimenta seu corpo movimenta também sua mente. Troque a esteira da academia pela caminhada, sem pressa, tranquilo. Você se surpreenderá com as mudanças mentais que irá experimentar. Lembre-se de olhar para frente.


Caminhe também após o almoço, você gasta mais energia caminhando nesse período, ótimo para quem deseja emagrecer um pouco.

Talvez você não consiga organizá-la de forma perfeita. No entanto, uma pequena mudança que conseguir já é um grande salto de qualidade.

5) Alimente-se adequadamente, ou o melhor possível: Aquela história de “não vou comer agora pois tenho que resolver um problema” pode ser prejudicial e também afetar seu desempenho mental. Cada grupo de alimentos tem funções distintas e é possível encontrar listas ricas e complexas na internet. Quando você está bem alimentado seu corpo e mente funcionam com mais eficácia.

9) Se não dá, então faça outra coisa: OK, choveu e você sabe que São Paulo está com 345 quilômetros de lentidão. Vai por o carro na rua para quê??? Para passar três horas no trânsito e deixar a cidade com 345 quilômetros + 2,5 metros de lentidão. Aproveite para ir ao cinema, fazer um happy hour com os amigos ou invente uma outra coisa qualquer. Frequente uma academia, por exemplo. O dinheiro que gastaria com gasolina parado no trânsito talvez seja suficiente para pagar a mensalidade da academia ou o ingresso do cinema.

6) Durma bem: Dormir bem não significa dormir muito ou pouco, significa sono de qualidade e para conseguir isso, é fundamental aprender a deixar seus problemas fora de sua cama. É recomendável desligar a TV e evitar leituras com conteúdos que sejam estimulantes ou ainda discutir problemas na cama. Um banho quente antes de se deitar é bom para relaxar, um chazinho (que não seja mate) ou leite com chocolate antes de dormir também é ótimo. Um caldo leve com verdura e uma proteína também pode ser uma ótima pedida no inverno. Se não consegue dormir bem procure um médico para certificar-se de que não tem distúrbio de sono. Uma vez confirmada a saúde física, se mesmo assim não dorme bem, procure um terapeuta ou pratique algum tipo de arte marcial. Quando dormimos mal a velocidade de nosso metabolismo diminui e isso pode determinar aumento de peso a longo prazo. Assim, se quer emagrecer, comece dormindo bem. 7) Aprenda a respirar de forma adequada: Lembre-se de parar duas ou três vezes ao dia para respirar fundo. Treine para trazer sua respiração para a altura do umbigo. Respiração na altura do peito mantém a ansiedade e outros sentimentos negativos como raiva ou medo. Entretanto, tome cuidado. Evite a hiperventilação (respiração profunda por várias vezes seguidas). Apenas três respirações profundas são suficientes para você se acalmar e também ajuda a dormir melhor. Para aprender de fato a respirar você pode praticar yoga, kung-fu, tai chi chuan, ou até mesmo aulas de canto. Você também pode procurar a ajuda de um fonoaudiólogo ou ainda de um dentista (sim, em alguns casos o uso de aparelhos móveis pode ajudá-lo). 8) Faça as pazes com o tempo: Deu tempo, ótimo. Se não deu, não deu. O melhor é ficar vivo para fazer amanhã o que não deu pra fazer hoje. Acredite, você tem limites e é saudável conhecê-los. Além disso, talvez nem todo dia você esteja supercriativo ou superdinâmico. Procure organizar sua agenda de forma que possa aproveitar suas inspirações.

10) Cuide de sua vida: Parece brincadeira, mas não é. Uma grande parte de nossa energia é gasta com preocupações relacionadas à vida dos outros: filhos, pais, esposas, tios, amigos, cônjuges etc. Cada um é responsável por sua própria vida. Se você conseguir lidar com seus problemas já estará fazendo bastante. Deixe os outros se preocuparem com suas próprias vidas. Isso não significa que você não irá ajudá-los caso precisem, significa apenas que você deixa para os outros os problemas deles. 11) Faça coisas novas Ok, eu sei que o título é “10 super dicas...”. Mesmo assim, não pude resistir, fazer o quê? Aprender novas atividades estimula o cérebro. Isso faz com que novas conexões neurais sejam criadas e, por incrível que pareça, aquele curso de jardinagem que você fez ano passado pode ajudá-lo a encontrar novas soluções em seu trabalho justamente devido a isso. Além disso, pesquisas utilizando ressonância magnética craniana vêm mostrando algo muito interessante. Embora ainda faltem experiências mais profundas, aparentemente o aprendizado de novos comportamentos também estimula o cérebro a liberar neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar. E para que você possa se lembrar dessas dicas, segue uma pequena história: “Um viajante percebeu que em sua jornada algumas coisas não haviam saído de acordo com o que havia planejado, então decidiu parar para se alimentar bem, sabendo que há o tempo adequado para cada colheita; assim pôde respirar tranquilamente e descansar de sua viagem, aproveitando para conversar com outras pessoas, lembrando-se que novos aprendizados trazem alternativas para cuidar cada vez melhor de sua própria vida e dessa forma, descansado, bem alimentado e renovado ao olhar para o horizonte sentiu a imensa satisfação de continuar sua jornada.”

Ana Claudia Proença

ana@omagencia.com.br

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LIVRO

OS SEGREDOS QUE CERCAM AS GRANDES CIDADES DO MUNDO Profundo Estudo sobre história, a construção e futuro das cidades lança olhar para as diferentes linguagens e símbolos que edificam o espaço urbano Texto: Magno Oliveira | Fotos: Divulgação

As cidades são organismos vivos que crescem, eclodem, amadurecem e ao mesmo tempo sofrem, sorriem e são maquiadas. Para aqueles que vivem nas grandes cidades do mundo pode ser difícil notar as mudanças pelas quais a nossa casa coletiva passa de tempos em tempos. Mas, para aqueles que conseguem frear o ritmo cotidiano, a cidade se torna um rico observatório social, artístico e histórico. O pesquisador colombiano Armando Silva mergulhou a fundo nestas questões em publicação lançada pelas Edições Sesc São Paulo, Imaginários, Estranhamentos Urbanos. Para definir o espaço urbano, é necessário ir além da arquitetura e do aglomerado de edificações que nos cercam para se perceber que o ambiente se estende às vitrines de lojas, as luzes dos sinais de rua, os outdoors que invadem e dividem o espaço da paisagem urbana com árvores e artistas de rua. Por meio do estudo da semiótica, da história, da arte, dos indivíduos e de associações o autor confere outra importância para a cidade. O que para a maioria é concreto e cinza, para Armando Silva se torna subjetivo, colorido e plural. Por toda a obra existe um riquíssimo conjunto de fotos, ilustrações e gráficos, concebidos especialmente para a edição brasileira, os quais representam e demonstram as diferentes visões de mundo dos cidadãos em diálogo com as cidades. Este material também serve como pano de fundo para o estudo, que se mostra, ao mesmo tempo, poético, reflexivo e técnico. Imaginários, Estranhamentos Urbanos se divide em três partes. Na primeira, “Cidades Imaginadas”, Armando Silva expõe a percepção da cidade para além da cidade, ou seja, passa a visão da arquitetura e ruas para adentrar o âmbito do cidadão, do urbanismo, na construção de novas e diferentes referências dentro de uma mesma cidade. Na segunda parte, “Arquivos urbanos”, discorrese sobre a organização do material imaginário urbano, gerado pelos cidadãos, que faz com que existam cidades que funcionam como arquivos de lembranças, opressões, histórias e medos, sedimentando a

“Se tentássemos saber onde e como se produz hoje a forma da cidade, muito provavelmente teríamos de admitir que já não são apenas a arquitetura, as edificações ou as ruas os elementos que marcam essa condição e que, a cada dia, aparecem objetos muito mais etéreos, como anúncios, produtos digitais ou sinais, e até invisíveis, do ponto de vista icônico, como luzes ou bits do ciberespaço”. 22

construção do modo de ser urbano nas culturas contemporâneas. E, por fim, na terceira parte, intitulada de “A arte dos artistas”, o autor explica como os habitantes de uma cidade inventam formas de vida urbana para criar a cidade na qualidade de acontecimento estético e político. Para o autor, a arte de uma cidade não é apenas a arquitetura, mas também elementos como vitrines, roupas e cortes de cabelo, assim como as inscrições nos muros do subúrbio. Por fim, a obra pode interessar não somente a arquitetos ou agentes de instituições cidadãs, mas também todos aqueles que nutrem curiosidade acerca da condição humana e da história, sejam elas sobre o que se passou, seja pelo que está por vir.

“Imaginarios, Estranhamentos Urbanos” Armando Silva Editora: Edições Sesc São Paulo Páginas: 252 Formato: 16x23cm Preço: R$ 59,00

Armando Silva Curador


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ENTREVISTA

ERMÍNIA MARICATO A QUESTÃO IMOBILIÁRIA Ex-secretária executiva do Ministério das Cidades, a urbanista fala sobre o Estatuto da Cidade e os motivos pelos quais ele ainda não saiu do papel Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

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rmínia Maricato é urbanista, professora aposentada da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo e professora visitante da Unicamp. Ela foi secretária executiva do Ministério das Cidades entre 2002 e 2005 e secretária de habitação e Desenvolvimento Urbano do município de São Paulo entre 1989 e 2002. Nesta entrevista ela fala à AE sobre o Estatuto das Cidades e sobre os seus benefícios à população, caso verdadeiramente tivesse saído do papel. ARTESTÚDIO – O Estatuto da cidade é uma boa lei? ERMÍNIA MARICATO – O Estatuto da Cidade é uma lei tomada como exemplar no mundo todo porque organizou a legislação existente e criou novos instrumentos para a gestão das cidades regulamentando, em especial, a função social da propriedade prevista na Constituição Federal de 1988. AE - Então o que aconteceu com ele? EM - O Estatuto da Cidade permanece quase como

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letra morta, pois, embora figure nos planos diretores municipais, de maneira geral, sua aplicação não se verifica. Ele não saiu do papel. AE - Se o Estatuto da cidade fosse cumprido na íntegra, o que seria diferente para a população das cidades brasileiras? EM - Nós lutamos para regulamentar a função social da propriedade prevista na Constituição com a finalidade de diminuir a segregação urbana e ampliar o direito à cidade. Todo mundo mora em algum lugar, mas desde a libertação dos escravos os trabalhadores não têm lugar na cidade como bem lembra Gilberto Freyre em Sobrados e Mucambos. AE - Como assim? EM - Atualmente as periferias crescem construídas pelos próprios trabalhadores, resultando em bairros extremamente precários, como revelam os indicadores ligados às epidemias transmitidas pelo famoso mosquito. A expulsão da população trabalhadora pobre da cidade


tem a ver com a concentração da propriedade da terra e dos imóveis e com o valor do seu m². A função social da propriedade pretendia (e ainda pretende) combater a retenção ociosa dos imóveis, a especulação imobiliária e a segregação. Mas acho que não conseguimos uma correlação de forças suficientemente avançada para fazer valer a aplicação da lei. AE - A urbanista Ermínia pensa igual à Ermínia gestora? Há diferença entre elas na execução de projetos? Foto: Agência Brasil A urbanista em 2003, quando integrava o Ministério das cidades

EM - Uma coisa é pensar teoricamente a produção do espaço e as forças que a comandam. Outra é ocupar um cargo que lhe confere um poder muito limitado para mudar a realidade e realizar utopias. O que um governante pode ou não fazer depende da correlação de forças na sociedade. Quando você tem uma população com baixa escolaridade, baixo nível de consciência da própria realidade e um massacre midiático a margem de manobra diminui, mas quando eu ocupei cargo na prefeitura de São Paulo, no governo Luiza Erundina, tínhamos movimentos que nos cobravam e nos impulsionavam. Fizemos muita coisa que é lembrada até hoje. AE - Como arquitetos e urbanistas podem transformar verdadeiramente a vida nas cidades brasileiras? EM - A competência técnica, a capacidade de inovação são fundamentais, mas nada disso transforma a realidade se não há ambiente político e social favorável. De qualquer forma o engajamento social é fundamental para o arquiteto e urbanista ajudar a combater a escandalosa desigualdade social no Brasil. AE - A mobilidade urbana tem jeito no Brasil? EM - É evidente que a mobilidade urbana tem jeito, mas não quando a prioridade dos investimentos é o automóvel e toda a infraestrutura rodoviarista. A Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) tem know how de sobra para resolver esses problemas. AE - Algo efetivo foi feito de 2013 para cá? EM - Já temos a lei federal da mobilidade, que é de 2012. Portanto, falta dar prioridade ao transporte coletivo de massa. Mas o que temos visto é muito investimento em obras (avenidas, pontes, túneis, viadutos) cuja prioridade é abrir fronteiras para a expansão do mercado imobiliário. São obras imobiliárias mais do que viárias, como diz o Candido Malta.

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Bontempo João Pessoa • Rua Professora Severina Souza Souto, 207 (83) 3244.7075 • João Pessoa/PB

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PORQUE ACEITAR LIMITES SE VOCÊ PODE TER O IMPOSSÍVEL?

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GRANDES ARQUITETOS

ARQUITETURA PELA IGUALDADE

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O chileno Alejandro Aravena vence o Pritzker 2016 com um trabalho preocupado com questões sociais Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

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preocupação social é cada vez mais reconhecida como uma das qualidades de um arquiteto. Mais uma vez o Pritzker, principal prêmio de arquitetura do mundo, reconhece o talento de quem trabalha nesta seara. Desta vez, o eleito é o chileno Alejandro Aravena, repetindo o feito do japonês Shigeru Ban, em 2014, e o alemão Frei Otto, no ano passado, cujo trabalho também têm um peso social importante. A bordo do escritório Elemental (com os sócios Juan Cerda, Diego Torres e Victor Oddó), em Santiago, Aravena trabalha com projetos urbanísticos, habitações sociais e na área das residências incrementais (o apartamento é entregue não “finalizado”, mas com possibilidade de crescer quando o cliente tiver condições para isso).

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Foi dele o projeto que recuperou a cidade de Constitución, que sofreu com um terremoto de 8.8 graus na Escala Richter e, em seguida, um tsunami. Seu projeto não envolveu muros de contenção, mas espaços em que a força dos abalos se dissipasse. Em 2004, projetou o conjunto habitacional Quinta Monroy, em Iquique – que custou US$ 7,5 mil por unidade. Foram construídas mais de 2,5 mil unidades, vendidas para pessoas pobres. São residências, também, que seguem o estilo das moradias incrementais.

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“Ficamos marcados como profissão por tentar responder a problemas que interessam somente aos arquitetos. Fomos pouco treinados para que nosso ponto de partida fique fora da arquitetura”, contou em entrevista ao jornal El País. “Talvez por uma espécie de antecipação para garantir um resultado formoso, escultural, chegamos a pensar que se a solução não está na origem não pode ser encontrada. O preço que pagamos por essa maneira de trabalhar é o da irrelevância”.


A tendência do Prtizker nos últimos anos é deixar um pouco de lado o trabalho dos profissionais que acabaram conhecidos como “starchitects”. São aqueles que se tornaram muito famosos graças a projetos grandiosos. O prêmio agora provilegia os projetos menos vistosos como unidade, mas com ação social abrangente, com atenção aos mais carentes e preocupações ecológicas. Aravena, 48 anos, ainda tem muita estrada pela frente. É o quarto latinoamericano a ganhar o prêmio – os outros são o mexicano Luís Barragán (1980) e dois brasileiros, Oscar Niemeyer (1988) e Paulo Mendes da Rocha (2006).

Em vez de uma arquitetura preocupada apenas com a beleza e a ostentação de quem tem muito dinheiro, o chileno representa o ideal de uma arquitetura que trabalha pela igualdade entre os seres humanos.

Arquiteto: Alejandro Aravena

+ imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

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REPORTAGEM

MONTANDO PEÇAS O uso de containers na construção aumenta: eles tornam a obra mais rápida e são menos poluentes Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

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m tempos em que se fala tanto sobre a necessidade de não poluir quanto de precisar reutilizar o que for possível, nada melhor do que descobrir que uma tendência mundial se torna cada vez mais comum no Brasil: a utilização de containers em construções. Os caixotes de metal e formato pré-definido utilizados para transportar mercadorias em navios de carga são seguros, práticos e são capazes de tornar a construção, seja ela residencial ou comercial, bem mais barata e rápida. A construção em container não é nenhuma novidade pelo mundo, estando bem difundida em países como Japão, EUA, Holanda, França e Nova

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Zelândia. No Brasil esse tipo de construção chega como novidade, e como tudo que é diferente gera muitas dúvidas, mas quem experimenta tem gostado. Esse novo conceito de construção sustentável desperta um interesse imediato em empresas, instituições de ensino, ONGs e profissionais comprometidos com o desenvolvimento de produtos que buscam reduzir o uso de recursos naturais em seus processos de produção. A reforma de um container pode precisar de cortes no aço e soldagem, o que exige mão-de-obra especializada, porém, mesmo com esses custos extras, esse tipo de construção ainda é mais vantajosa. O


Projeto: Xênia Lavogade e Sthephanie Serrano

Curiosidades: • Muitas coisas que compramos, consumimos, ou que usamos podem ter sido transportadas dentro de um container. Esses contêineres são usados para o transporte de mercadorias no mundo inteiro. Estima-se que 90% do movimento de mercadorias no mundo utilizam contêineres como forma de transporte e cem milhões de cargas cruzam os oceanos do mundo em mais de 5.000 navios de contêineres a cada ano. • Malcolm McLean foi o inventor dos contêineres que representaram uma verdadeira revolução na indústria de transportes em meados dos anos 50. Porém, hoje, após determinado tempo de uso, eles se tornam inutilizáveis gerando um cemitério de contêineres abandonados. Ou acontece como nos EUA e Europa, onde mandar o container de volta gera custos consideráveis compensando mais, a compra de novos na Ásia. • Os containers foram e são utilizados como abrigos improvisados em países que tiveram terremotos, desastres naturais, e em guerras, como na Guerra do Golfo em 1991, onde também serviram como transporte de prisioneiros iraquianos. Buracos foram feitos nos containers para permitir a ventilação e não houve relatos de efeitos nocivos deste método.

aço do container também deve ser jateado com um abrasivo e repintado com uma tinta não tóxica antes de ser habitável, a fim de evitar probabilidades de contaminação em detrimento das cargas que o container transportou durante sua vida marítima. O uso de aço para a construção ainda não é amplamente usado para estruturas residenciais. Portanto a obtenção de licenças para construção pode ser problemática em algumas regiões devido aos municípios não terem visto este tipo de construção anteriormente.

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As arquitetas Xênia Lavogade e Sthephanie Serrano receberam uma proposta de um cliente para fazer uma lanchonete usando containers, porque eles precisavam que tudo ficasse pronto em tempo recorde e com baixo custo. A mobilidade também foi outro diferencial, já que o container pode ser transferido de um lugar para outro facilmente. “A facilidade, sem dúvidas, é a praticidade e rapidez na execução. Em contrapartida, todo o projeto tem que ser pensado de acordo com a modulação existente dos containers, se tornando um obstáculo no processo de criação do arquiteto”, ressaltou Xênia. Sobre os cuidados antes de comprar o produto principal pra esse tipo de construção está, segundo Sthephanie, a escolha de uma empresa séria e especializada, que forneça garantia dos containers. Isso é primordial. “Elas dão segurança ao esclarecer sobre a procedência do container, uma vez que o cliente não poderá rastrear o que cada um transportou

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durante o tempo em que esteve em trânsito. Com o projeto em mãos, a empresa escolherá o container ideal para aproveitá-lo da melhor maneira, já que nem sempre se consegue uma unidade totalmente conservada”, explicou a arquiteta. E, pra dar mais segurança, essas empresas precisam apresentar laudos de descontaminação, que mostrem cuidados com riscos radioativos e garantam que os containers não ofereçam riscos à saúde. Considerando que os constainers são feitos de aço, um forte condutor de calor, é importante a utilização de revestimentos que proporcionem esse tipo de isolamento. Alguns dos materiais usados para isso, são: lã de rocha, lã de pet, XPS e drywall. É preciso também ficar atento pois alguns containers apresentam defeitos na fabricação e reparos realizados de maneira imprópria, que futuramente resultam em corrosão, então isso exige um cuidado ainda maior na hora da escolha. Além disso, alguns


transportam materiais químicos e corrosivos. Para a seleção eficaz dos containers, inspetores são treinados para identificar todos esses detalhes, garantindo se estão ou não em boas condições estruturais. Os containers seguem uma modulação fixa que varia em 20 e 40 pés. A partir dessas medidas, o arquiteto pode comparar a metragem ideal do projeto com a área dos containers e definir com quantos módulos deve trabalhar. Definida essa etapa, começam as adaptações, visto que os containers podem ficar lado a lado ou sobrepostos. E pra facilitar o trabalho dos arquitetos, já existem muitas empresas especializadas que possuem toda a estrutura e tecnologia necessárias para fazer qualquer tipo de modificação, e as executam antes mesmo de levar os containers ao terreno. “Todo recorte deve ser reforçado, e dependendo do tamanho das aberturas, serão necessários colunas e vigas. Uma dúvida muito comum é a quantidade de cortes que se

pode fazer em um container. Porém, esta resposta está aliada a muitos outros fatores, principalmente ao custo, já que quanto mais cortes, mais serviços e materiais serão necessários”, contou Xênia. Para a colocação de portas e esquadrias, diferente das construções tradicionais, todo recorte deve ser reforçado com estrutura metálica para permitir a estabilidade dos painéis ondulados, podendo ainda ser intensificado com uma contra-parede interna feita com drywall ou steelframe. A maioria das obras com containers dispensa fundações, o que também preserva a característica de mobilidade do projeto. Geralmente, a construção é apoiada em quatro pontos estruturais, as sapatas. O acabamento final do projeto está diretamente ligado a uma boa pintura, que envolve a preparação da superfície do container, tintas de alto desempenho e boa aplicação. “No projeto da lanchonete que fizemos, antes da pintura com esmalte sintético, foi aplicado o

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zarcão marítimo, produto antiferrugem utilizado no fundo de embarcações, que garante que o aço não sofra corrosão”, contou Sthephanie. Para o escoamento da água da chuva, o próprio container já apresenta uma leve inclinação na parte superior. Porém, muitos projetos estão agregando uma estrutura de coberta com telhas de chapa galvanizada ou a base de poliuretano para garantir melhor escoamento da água.

Vantagens de usar os containers nas construções: Conforto térmico: Se ele não for refrigerado, no estilo

câmara fria, é primordial que seja revestido para que se tenha um conforto. O container sem revestimento pode chegar a 50 graus Celsius, por isso a importância de um bom estudo para o revestimento. Para isso existem diversos produtos como a lã de vidro, de rocha e até mesmo lã de pet.

Preço: A visão que as pessoas tem de uma construção em container é que ela sai infinitamente mais barata do que a convencional, mas isso depende muito da necessidade do cliente e dos materiais que serão utilizados na obra. Hoje o custo benefício da construção em container em relação a construção convencional é superior pelo fato de ser rápido, móvel, prático para o cliente que não precisa se preocupar com obras, não depender do clima, ter menor impacto ambiental e um desperdício de materiais muito menor que na construção convencional. Hoje o custo do metro quadrado varia entre novecentos reais até três mil reais (container automatizado). Espaço: Construir em containers é como brincar de lego: eles são modulares, então se pode encaixar um no outro, abrir espaços, misturar outros tipos de técnicas construtivas usando a estrutura de containers. Muito práticos, ideal para quem quer começar uma obra menor e já deixar planejado para ir aumentando aos poucos. Tempo: O tempo de construção em container em relação a construção convencional é um dos grandes diferenciais. Hoje, após a aprovação do projeto e dependendo dele, é possível entregar uma casa montada para o cliente em 30 dias, então pelo prazo de entrega acaba sendo mais econômico, pois o tempo que o cliente ia estar construindo 38 já pode morar ou alugar seu imóvel em container.

O sucesso do uso de containers sempre depende de um bom projeto e da contratação de uma empresa confiável e experiente na área. Com um apelo sustentável e praticidade de execução, os containers estão sendo cada vez mais usados no setor comercial, especialmente para aqueles que buscam uma alternativa de estilo industrial que está em alta nos últimos tempos..


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INTERIORES

ORIGEM DO SUCESSO

Moderna, descolada e aconchegante, hamburgueria arrisca um ambiente original Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Vilmar Costa

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m projeto que uniu o conceito da marca ao conforto e modernidade que a arquitetura pode proporcionar. Assim as arquiteta Larissa Vinagre e Mayara Costa Cordeiro projetaram a Hamburgueria de Origem (HDO), levando em consideração a proposta conceitual do empreendimento. O resultado foi um ambiente original, confortável, moderno e aconchegante. A proposta da hamburgueria é oferecer alimentos cuja procedência seja conhecida pelo cliente. Que eles saibam que estão comendo um produto artesanal, feito na casa, com a utilização de produtos extremamente selecionados. Daí o nome Hamburguer de Origem. E assim foi estabelecido, também, o conceito do projeto. “A marca do

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estabelecimento foi desenvolvida por uma empresa de publicidade e foi enviado um manual com explicações sobre o seu conceito, que foi traduzido para o projeto arquitetônico, resultando em um ambiente descolado, contemporâneo e agradável”, explicou Larissa. Ela disse ainda que a inserção de elementos artesanais, muitas vezes não utilizados neste tipo de projeto, fez com que desse tão certo e acontecesse esse “feliz casamento” entre o conceito do estabelecimento e a arquitetura. “Além do próprio conceito da empresa, nós tivemos o desafio de levar em consideração a agilidade que um tipo de obra deste porte precisa. Por isso, fizemos uma transformação e imprimimos personalidade com o mínimo de intervenção possível”, disse.


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Em todo o projeto foram utilizados materiais simples, sem muitos detalhes, como os quadros com temas de filmes, desenhos animados e comida, que são gostos em comum das pessoas. O ambiente ficou descolado e contemporâneo.

A FACHADA Na fachada foram criados elementos que marcam a entrada. Por causa do recuo da edificação e do tráfego intenso de automóveis na rua, era imprescindível chamar atenção para o local. “Desta forma, a primeira medida projetual foi inclinar a placa no sentido do fluxo de veículos, para que o nome da hamburgueria pudesse ser logo visualizada. Outra medida para chamar a atenção e para marcar a entrada foi a utilização de uma parede de tijolos aparentes que se prolonga até dentro da hamburgueria, levando o cliente ao seu interior”, explicou. Ainda na fachada, do lado oposto à parede de tijolos, foram utilizados vasos com plantas que delimitaram definitivamente a passagem. “Outro fator importante foi a iluminação criada na fachada”, comentou a arquiteta.

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O INTERIOR Larissa explica que o interior do espaço foi pensando com base no fluxo dos clientes. “Não existem garçons no local, um conceito americano, especialmente da cidade de Nova York. “Por ser um espaço que necessita de agilidade, com o giro rápido dos clientes no salão, procurei criar um ambiente flexível, que permite várias formas de apreciar o hambúrguer da casa”, disse. Além dos bancos contínuos criados, foram pensados dois outros tipos de locais para sentar: um balcão com bancos altos - para aqueles mais apressados que pegam o sanduiche, sentam ali sozinhos e saem rapidinho; e mesas com cadeiras. Esses tipos foram idealizados para criar uma diversificação ao ambiente. A escolha das cores também foi idealizada junto com o conceito da marca. O vermelho segue a teoria das cores, estimulando o apetite e tornando o ambiente convidativo.

INSTALAÇÃO Mantendo o conceito descolado, o lustre central foi criado com o reuso de grades que existiam


no prédio, serpenteando luminárias por entre elas, o que causou a sensação de escultura e que as torna um ponto focal no ambiente. “Aqui também foi usado o conceito do artesanal, do feito à mão. A iluminação é reforçada com luminárias em trilho, que mantêm o conceito despojado do ambiente”, explicou.

COZINHA A cozinha aberta ao público foi um pedido específico do cliente. Sendo o coração do projeto, ela é aberta e central, possibilitando ao cliente ver o seu funcionamento. “A intenção foi quebrar o tabu existente na maioria das lanchonetes, onde o cliente não vê a linha de montagem do seu sanduíche, não sabe sua ‘origem’”, argumentou Larissa. E os desafios arquitetônicos para que a cozinha ficasse desta forma foram vencidos. Para que o calor do seu interior não fosse transferido para o salão, foi feito um projeto de exaustão com uma empresa especializada em cozinhas industriais, evitando assim que a fumaça e o cheiro escapassem para o salão. Além disso, foi feita uma parede dupla com material resistente ao calor, que deixa um bolsão de ar, principalmente entre a chapa e o caixa. O espaço existente entre o vidro e o balcão permite que o próprio cliente pegue o seu lanche, e o revestimento utilizado nas paredes, além de ser super estiloso, tem uma resistência altíssima ao calor, aliando a estética à funcionalidade.

Projeto:

Interiores

Arquiteta:

Larissa Vinagre

Iluminação: B&M • Revestimento: OCA Revestimentos Granito: Pedra Polida • Placa: Adesivo 2 + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

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ARQUITETURA

ENTRE O LITORAL E O SERTテグ Referテェncias sertanejas fazem parte do projeto de casa que equilibra volumes, cores e texturas Texto: MB | Fotos: Diego Carneiro

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“A

minha casa é uma projeção (...) da minha vida, das minhas ideias, dos meus mistérios, dos meus sonhos (...)”,! Foi com essa citação de Gylberto Freire que foi iniciada a criação do partido arquitetônico de uma casa cheia de referências e desejos dos clientes. Recém construída para um casal de origem sertaneja e dois filhos, com 480m2 de área o layout foi definido priorizando o convívio com os familiares e amigos. A família gosta muito de ficar em casa e de poder usufruir de tudo o que os espaços possam oferecer. Então, “a integração dos ambientes foi a premissa inicial para que a residência refletisse o estilo de vida dos moradores e se transformasse num refúgio de bemestar”, inicia a arquiteta Márcia Barreiros na descrição do histórico desse projeto.

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A casa foi desenhada para tirar partido da iluminação natural e sempre reforçando a sensação de amplitude dos espaços. As fachadas se destacam pelos volumes sobrepostos e pelas grandes aberturas e o uso da madeira. Seguindo a conformação de um semi L, que se volta para a área de lazer e piscina. As referências do sertão se traduziram nas escolhas dos materiais, nos tecidos dos mobiliários e objetos de decoração. “Não existe nada nesse projeto que não tenha sido discutido com os clientes. Era a realização de um sonho, a personalidade e anseios dos clientes deveriam estar impressos no projeto” adianta Márcia Barreiros.

Os espaços Os espaços internos são generosos e se abrem para as varandas ou jardins, mantendo a integração dos espaços tão desejada. “O destaque se inicia por um hall de pé-direito baixo, que acolhe, confere intimidade e mostra a simplicidade dos moradores e depois se abre ao ambiente social em pé-direito duplo e conceito aberto da cozinha, uma das paixões

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da proprietária pela culinária, e da piscina que invade a construção com a visibilidade do piso de vidro na escada, dessa forma os ambientes de misturam e se integram”, explica Márcia. A residência é composta ainda no térreo de estar íntimo, bar, lavabo, ambiente de costura, serviço, dependências, garagem para dois automóveis, terraço gourmet e área livre da piscina com decks de porcelanato e de madeira natural que receberam mobiliário em tons de azul e almofadas de tecido náutico com tons de amarelo, cor preferida da dona da casa. No primeiro pavimento o mezanino distribui os ambientes de home-theater, home-office, suíte do casal e mais as duas suítes dos filhos. 48

Uso Consciente O projeto também foi pensado na questão da sustentabilidade. Onde a ventilação e a iluminação natural foram prioridade, aliado ao uso de materiais de revestimento claros que refletem a luz de forma agradável. “A casa só precisa de luz artificial a partir das 17h30 e a luz que entra antes desse horário nunca é agressiva, mas sempre filtrada, seja pelas varandas, pelos brises e também pelos jardins. Sem contar que mais de 80% da iluminação artificial foi usado LEDs e em alguns lugares ainda, aliados ao sensor de presença” afirma Márcia. Não esquecendo do uso de


placas solares e irrigação automatizada para um uso mais consciente.

Iluminação A luz percebida foi conceituada a partir da busca pelo equilíbrio, dos contrastes e da geração de efeitos. O realce dos materiais de acabamento que apresentam sofisticação estética conferem ao projeto de iluminação, em parceria com Andreia Carolina, um aspecto contemporâneo e inovador, sendo assim um diferencial e trazendo muita personalidade ao projeto. 49


Para fugir do tradicional pendente na mesa de jantar, eles foram utilizados como destaque do mezanino de forma decorativa e escultural e para a mesa foi utilizado um foco direcionado e de luz agradável. Tudo foi pensado para o conforto na iluminação interna, com atenção para a luz da escada que revela todas as texturas dos revestimentos, das sancas com sua luz difusa e dos balizadores nos corredores com uso de sensor de presença. Na área externa o destaque vai para a iluminação da marquise de entrada, do painel de madeira do deck da piscina - piscina iluminada com fibra-ótica e arandelas que criam efeitos e contrastes inesperados. O resultado final é bastante expressivo e mostra que quando as soluções de iluminação e tecnologia são associadas à arquitetura, todos os elementos ganham força e expressividade, valorizando o projeto e entregando um boa solução e resultado final ao cliente.

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+ imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

Projeto: Arquitetura Interiores Paisagismo Iluminação Arquiteta: Márcia Barreiros

Mobiliário externo: Cabbana Móveis • Mobiliário interno: Conceito • Vidros e espelhos: República Vidros Revestimentos internos e externos: Portobello Shop • Esquadrias de alumínio: Decor Portas, revestimentos, lambri, brises e estruturas de madeira e ferragens: Fecimal • Modulados: Florense Mármores e silestone das bancadas: Oficina do Granito • Revestimento painel da escada: Espaço Revestt Aço inox: Servinox • Objetos de decoração: A Sempre Viva e Baza’art • Persianas: Uniflex • Forros e gesso: 161 Gesso Construtora: Vital Construções • Arandelas da escada: Dellas Iluminação • Pendentes do mezanino: B&M iluminação Iluminação geral, int. e externa: Light Design + Expolux com a colaboração da lightdesigner Andreia Carolina 51


INTERIORES

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EMBAIXADA BRASILEIRA Projeto de apartamento em Paris que serve como base na Europa para casal do Brasil

Texto: Débora Cristina | Fotos: Alain Brugier

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eja muito bem-vindo ao apartamento trés chic que o arquiteto paulistano Diego Revollo projetou para um casal brasileiro num dos endereços mais charmosos da capital francesa: o Champs-Elysées, no distrito 8ème. E não é um apartamento qualquer. “Um projeto de vida”, é como o casal define o tão sonhado pied-à-terre de 100m2. Esse casal de brasileiros mora em São Paulo, mas tem em Paris esse apartamento, que funciona como uma base na Europa. Eles viajam cerca de 4 ou 5 vezes por ano para esse apartamento, onde passam 10 dias e de lá fazem pequenas viagens pelo continente.

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O apartamento fica no penúltimo andar de um prédio de cinco pavimentos, construído em 1856, em estilo neoclássico, mas passou por uma reforma recente – sempre, claro, respeitando as características originais. Tem um pé direito de 2,65m com grandes aberturas que traz uma agradável luminosidade aos ambientes. “Os projetos foram desenvolvidos no Brasil, mas o apartamento havia sido retrofitado, o escritório apenas entrou com o desenho de alguns revestimentos, como a marcenaria, toda executada em Portugal. A decoração que veio de fornecedores parisienses, resume a elegância clássica, no entanto despretensiosa que imprimiu toda a classe e estilo ao imóvel de dois dormitórios, hall, banho, lavabo, cozinha e living comas áreas de jantar e escritório”, explicou Revollo.

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Esse não é o primeiro trabalho internacional do paulista Diego Revollo. Ao todo, ele tem cinco projetos finalizados fora do país, sendo dois em Miami (uma loja e um apartamento), dois na Bolívia (um centro comercial e uma residência) e agora este em Paris. “Como meu trabalho não segue uma estética ‘nacionalista’ ou essencialmente ‘brasileira’, trabalho facilmente com projetos em outros países e fico satisfeito com o resultado”, contou ele. Em destaque na decoração do apartamento em Paris, um mix perfeito high & low. A arte foi adquirida nos marchés aux puces (mercados de pulgas) e na Galerie Maeght, um dos estabelecimentos de maior prestígio, representante de nomes da história de arte moderna como Braque, Miró, Chagall e Calder. Todo o


apartamento recebeu papel de parede no tom cinza com textura de linho. Quanto ao mobiliário, as manufaturas vão de escandinavas, como George Jensen, e italianas, como Minotti e B&B Itália, a francesas como Serge Mouille, e de grifes como Christophle, a peças das ótimas coleções do Au Bon Marché e RocheBobois, templo da casa francesa. Na sala de jantar, a mesa tem design do escritório do próprio Diego Revollo. É uma lâmina de fina espessura e formato orgânico feita em laca brilhante no tom cinza chocolate com vidro serigrafado no mesmo tom. Não tem quem entre no apartamento sem perceber um detalhe na decoração: luminária de

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parede de pé vintage do designer francês, especializado em luminárias, Serge Mouille (1922-1988). Um dos itens principais do projeto que foi encomendado e produzido com muita antecedência, pois como existem muitos modelos e desenhos de braços não é encontrada pronta-entrega. Segundo Revollo, esse era um dos itens sobre os quais os proprietários ficaram em dúvida pelo prazo e complexidade do pedido, mas hoje concordam que é um dos pontos altos da sala.

Projeto: Interiores Arquiteto: Diego Revollo Marcenaria: Vergadela Interiores (Braga, Portugal) • Papel de Parede: Au Fil des Couleurs (Paris) • Sofá Ray: B&B Italia (Paris) Mesa lateral art deco: Marché aux Puces (Paris) • Abajur acrílico e metais dourados: Marché aux Puces (Paris) Applique deux Brás droits pivotants 1954, de Serge Mouille: Arteri 7 Boulevard Raspail (Paris) • Mesa apoio: Elios Maxalto (Paris) Mesa de centro: Isamu Noguchi • Puf Fjord: Moroso • Mesa de centro e estante, living, poltrona Febo: Maxalto Living (Paris) Abajur Tati Kartell no quarto do casal: Boulevard Saint Germain (Paris) • Vaso Bunch: B&B Italia (Paris) • Vide Poche: Jean Luce Poltrona Aston: Minotti • Living, mesa de jantar: Desenho Diego Revollo; Execução Marcenaria Vergala Cadeiras de jantar Grace: Poliform (Paris) • Hack: Poliform • Tabouret (banqueta) Luis XV: Marché aux Puces (Paris) Tapete do living: Stepevi (Paris) • Tapetes dos quartos: Toulemonde Bochart (Paris) • Tecidos: Nobilis (Paris) Cadeiras antigas no living e suite: Marché aux Puces (Paris) • Tecidos do quarto do casal: Romo (Paris) + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br 57


CAPA

OĂ SIS URBANO

A Casa Varanda, que integra conforto, sustentabilidade, beleza e natureza foi idealizada como uma obra de arte Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Deise Rathge

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m oásis em meio ao caos urbano da área metropolitana de uma capital. Mais de 500m² de conforto e comunhão com a natureza. Tudo isso foi conseguido em um projeto realizado pela arquiteta Sandra Moura, com a colaboração de Alexandre Suassuna e Fernanda Figueredo, para a casa que ficou conhecida como Casa Varanda, por causa dos seus espaços abertos e integrados.

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A construção tem um pé-direito de 3,10 metros e levou 18 meses para ficar perfeita, do jeito que seus donos idealizavam: uma casa com espaços integrados, onde o verde externo transformasse em refúgio particular e que a área tornasse um oásis em meio ao caos urbano, capaz de renovar as energias. O projeto apresenta a implantação em L, com a área da piscina voltada para o espaço interno da casa. Na fachada norte existem brises de madeira que a compõem e por trás destes uma esquadria em vidro e alumínio que possibilita a abertura total para duas grandes árvores centenárias, que transforma a visão externa e harmoniza com a implantação e jardim frontal da casa, ganhando o status de refúgio particular. Do lado sul a esquadria em L de vidro, em sistema europeu recolhe 100% e transforma a área de estar, jantar, área gourmet e cozinha numa grande varanda com circulação de ar cruzada e total integração com o paisagismo externo.

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Contemporaneidade Em estilo contemporâneo, a Casa Varanda tem materiais e cores naturais. Implantada em L, a perna maior dá para a piscina e abriga o living, gourmet, lavabo e suíte de hóspede. O L menor, a cozinha, serviço, dependência e garagem. “O projeto

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tem uma linguagem simples com texturas e cores naturais com revestimentos na fachada de madeira em ipê, as vigas também de madeira formam o teto do espaço gourmet e se estendem para a área externa da piscina”, explicou Sandra. Essa contemporaneidade casou com as necessidades do cliente, que desejava um abrigo confortável, com integração total com a área externa


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e soluções sustentáveis, utilizando materiais naturais como madeira, pedra e a luz natural através da utilização dos vidros. A presença é forte do elemento madeira, que aparecem no brise frontal do teto do espaço gourmet com extensão para piscina, na fachada revestindo algumas paredes e nas portas internas do living e jantar que estão integrados com o espaço gourmet demarcado apenas por vigas de madeira e a cozinha está estrategicamente colocada com total integração da piscina e o espaço gourmet. A piscina tem um spa complementar desenhado revestido em pedra natural água marinha que dá mais conforto e reflete o estilo de vida dos moradores.

Abraçada pelo verde A Casa Varanda abraça o verde. “A presença marcante de árvores centenárias, localizada em frente ao lado no lado norte e ao sul com um terreno onde os cajueiros se debruçam no espaço do terreno da casa, instigou uma solução transparente mas ao mesmo tempo utilizando os brises de madeira como filtro dos raios solares e o projeto integrou a casa à paisagem e permitiu ver o verde da copa das árvores”, disse a arquiteta.

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Luz e sustentabilidade A integração com a natureza não está só na beleza. O projeto da casa pensou também na sustentabilidade. Há placas solares, reaproveitamento de água pluvial, irrigação automatizada e aberturas cruzadas para o aproveitamento de ventilação natural. Além disso, a casa tem muitas “paredes de vidro”, o que possibilita – na arquitetura sustentável – o aproveitamento da luminosidade solar que banha todos os espaços. “Isso economiza a luz artificial, permitindo a sua utilização apenas a partir das 17h30, além do vidro trazer o verde para dentro de casa. Em relação a privacidade foram utilizados painéis de proteção solar, preservando a privacidade familiar quando necessário”, explicou Sandra.

Detalhes fazem a diferença Para os revestimentos, foram escolhidos tons claros, que remetem à tranquilidade. “Eles remetem também ao bem estar, são menos cansativos, poluem menos os espaços, são atemporais e proporcionam uma sensação de relaxamento e calma”, disse a arquiteta, explicando a escolha dos tons para os revestimentos.

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Quanto aos móveis, ela destacou a simplicidade de formas, linhas retas, onde o conforto e elegância são pontos importantes. “Todos os móveis são de design da Saccaro. Na área externa utilizamos a madeira com mobiliário com o desenho limpo e atemporal”, lembrou. Para a decoração foi usado o linho natural, que hoje é um dos tecidos mais nobres que existem e tem entre suas principais características a durabilidade, a maciez e a sofisticação. Tudo feito com o máximo de conforto, pois conforto é um elemento primordial para todo projeto. “A madeira reinou soberanamente em vários espaços, caracterizada pelo brilho natural, dureza moderada, textura sedosa e beleza estética”, conclui Sandra Moura.

Projeto: Arquitetura e interiores Arquiteta: Sandra Moura Esquadrias, revestimentos de madeira e ferragens: Fecimal • Mobiliário: Saccaro • Modulados: Florense Revestimento de piso: Cristal Mármores (Travertino Perlato) • Climatização: Montel • Forros e gesso: Maxwel Revestimentos externos e Piso piscina: Oca Revestimentos • Paisagismo: Júlio Anjos • Vidros e espelhos: Cristal Vidros Pintura imobiliária: Mundo das Tintas (Coral) • Persianas: Uniflex • Cortinas: Lili Cortinas • Esquadria de alumínio: Decor Iluminação (projeto e peças): Stiluz • Acessórios e objetos decorativos: Mix Home Premium

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ARQUITETURA

ATIÇANDO A CURIOSIDADE Projeto de espaço cultural na capital paulista explora as formas assimétricas para convidar visitante a explorar o lugar 68

Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Acervo São Paulo Arquitetura e Fabio Hargesheimer


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cidade de São Paulo ganhou um novo espaço para a cultura: o Espaço Cultural Porto Seguro. Além de poder abrir a arte, a própria edificação tem uma arquitetura que já é uma obra de arte. O projeto foi assinado pelo escritório São Paulo Arquitetura, dos arquitetos Miguel Muralha e Yuri Vital. Como primeira exposição,

recebeu Grandes Mestres, com réplicas de obras de Leonardo, Michelangelo e Rafael. A construção, com uma área de 961m², tem um partido arquitetônico que foge do formalismo normal, com uso do concreto aparente e com dobras quee conferem arranjos técnicos, tais como: divisão de espaços expositivos, orientação dos acessos,

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iluminação zenital e boa acústica devido à quebra do paralelismo. Essas formas assimétricas e as paredes de concreto aparente instigam a descoberta do espaço. Por isso o projeto visa a integração entre os espaços, permitindo ao visitante um contato contemplativo com o meio externo. O conceito do próprio espaço cultural– que faz parte do Complexo Cultural Porto Seguro, composto por teatro, restaurante e café – se mostra integrado com o projeto arquitetônico escolhido para ele. O conceito é ser uma plataforma das mais diversas manifestações das artes visuais com ênfase no contemporâneo; uma vitrine conectada às novas tendências em arte, ciência e tecnologia e ancorada no conhecimento histórico, trazendo ao público exposições de caráter multidisciplinar. O espaço também pretende ser um observatório de inovação antenado no que está sendo produzido de melhor ao redor do mundo no âmbito da arte, atuando como incubadora de novos talentos. E também uma usina de arte, propiciando a produção artística, o encontro, a troca e a experiência estética através de suas

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exposições, ateliês, cursos, workshops, simpósios, editais, feiras, festas e festivais. O espaço se divide em áreas de apoio e espaços de exposição. Ele tem uma grande diversidade de espacialidade interna e também grande flexibilidade de uso, possibilitando assim diversos arranjos de curadorias e escalas de exposições. Além da arquitetura assimétrica, o projeto conta com uma praça pública que articula o Espaço Cultural com os outros equipamentos – restaurante e loja.

Projeto: Arquitetura de Museu Arquitetos: São Paulo Arquitetura


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ACERVO

CORAÇÃO VERDE Encravada dentro de João Pessoa, a Mata do Buraquinho é a maior floresta semi-equatorial nativa dentro de uma cidade

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Texto: Renato Felix | Foto: Cacio Murilo


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m pedaço precioso da quase totalmente desaparecida Mata Atlântida é um destaque de João Pessoa. A Mata do Buraquinho, encravada dentro da cidade, e hoje também conhecida como Jardim Botânico Benjamim Maranhão, serve como um coração verde para a capital paraibana. Tem 515 hectares e é a maior floresta semi-equatorial nativa em uma cidade. A Floresta da Tijuca, no Rio, é maior, mas é um reflorestamento. A Mata do Buraquinho ganhou status de jardim botânico em 2000, com o objetivo de estudo da fauna e da flora e de promover a educação ambiental. É também área de lazer, com três trilhas para caminhada (do Rio, do Buriti e do Bambuzal). Em 2004, recebeu o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. E em 2014 surgiu a proposta de transformá-la em Unidade de Conservação de Proteção Integral (classificada como RVS, sigla para Refúgio de Vida Silvestre). Em meados do século XIX, a mata era chamada de Sítio Jaguaricumbe e era uma propriedade privada. O nome era derivado do Rio Jaguaribe, que corta a mata e boa parte da cidade de João Pessoa. E era muito maior: seus limites chegavam ao Palácio da Redenção, sede do governo estadual, e proximidades da lagoa do Parque Sólon de Lucena, ambos no centro da cidade. Vendas e desapropriações reduziram o tamanho do sítio, que foi vendido em 1909 à companhia de água de então. Com 33 poços, a mata se tornou responsável pelo abastecimento de água da cidade, a partir de 1912. Madeira da mata alimentava as caldeiras do sistema de abastecimento e uma barragem foi construída em 1940. O jardim botânico já estava previsto desde os anos 1950, quando foi assinado o Acordo Florestal da Paraíba. Começou uma ação para a preservação da flora e da fauna, mas os desmembramentos continuaram acontecendo. Nos anos 1970, um deles abriu espaço para a construção do campus I da Universidade Federal da Paraíba. Finalmente em 1989 um decreto federal determinou que os 515 hectares restantes fossem considerados área de preservação permanente, sob a responsabilidade do Ibama. Isso garantiu que hoje qualquer morador de João Pessoa ou visitante possa dar um passeio pelo pulmão da cidade, apreciar a beleza de suas três trilhas e tomar contato com a diversidade da flora local e ser eventualmente surpreendido pelos animais da área – mesmo com as ocupações irregulares em seu entorno, um problema antigo.

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INTERIORES E MODA

HOSPEDAGEM FASHIONISTA A partir da ideia de três designers, serviço oferece apartamentos em 190 países

Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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ão é de hoje que o mundo virtual nos traz praticidade e inúmeras facilidades no que diz respeito à ações que antes pareciam complicadas. Como compra e venda de produtos e imóveis usados ou novos, alimentação, hospedagem etc. Dentre os mais utilizados e comentados estão os sites e comunidades relacionadas à hospedagem, tendo em vista que a população viaja cada vez mais. Foto: Coleção Nicole Miller 2016

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Inspirados na necessidade e procura cada vez maior por serviços de hospedagem alternativa, três designers tiveram a grande “sacada” de colocarem à disposição na web, seu apartamento em São Francisco, Califórnia. A ideia deu certo, e foi fundada a Airbnb, que nada mais é que um mercado virtual comunitário para pessoas anunciarem, descobrirem e reservarem acomodações de todos os tipos ao redor do mundo. Hoje a Airbnb abrange 34 mil cidades em 190 países,

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Foto: Coleção Victoria Beckham 2016

o: Coleção Christopher Kane 2016

Foto: Denilson Machado - MCA Studio

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onde milhões de “anfitriões” optam por criar uma conta para anunciar ou reservar acomodações exclusivas. Para muitos, a comunidade virtual tornou-se uma forma muitas vezes econômica e que proporciona experiências mais reais nos locais visitados. Sempre inovando na maneira de anunciar os locais de hospedagem disponíveis, a Airbnb se superou ao se inspirar na moda e fazer uma linda conexão entre cômodos e looks apresentados na semana da moda primavera-verão de Nova Yorque e Milão, onde mesmo quem não tem interesse em hospedar-se, pode perceber a beleza da ligação entre moda e arquitetura que inspira qualquer um. Os ambientes são compostos por cores, estampas e texturas que remetem diretamente aos lindos looks criados por grandes estilistas como Emilia Wickestead, Manish Arora, Nicole Miller, Lisa Perry, Gareth Pugh entre outras. Assim é possível ver com outros olhos e se deslumbrar com o acolhedor duplex nos alpes franceses, a romântica casa do jardim em Florença, o trailer cigano no sul da França, o flat grafitado em Copenhague, a casa japonesa em Osaka e o flat artístico no centro de Budapeste. É ou não é o máximo como arquitetura e moda entrelaçando como um nó que não desata, e quanto mais atado, mais bonito e interessante fica?

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Foto: Coleção Christopher Kane 2016


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CARTA DO LEITOR

Nós queremos ouvir você É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contato@artestudiorevista.com.br Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

A história dos muxarabis, uma matéria bem escrita, esclarecedora e bonita de se ver. Parabéns!

Leonardo Maia, sou fã dos seus trabalhos, parabéns pelo apartamento da capa.

Clarice Diniz João Pessoa, PB

Laís F. de Lima João Pessoa, PB

Continuem sempre assim, trazendo boas matérias e muito conteúdo como essa dos muxarabis. Parabéns a equipe da revista.

Obrigada a todos que nos enviaram e-mails. Informamos que por questão de espaço não publicamos todas as cartas sobre a matéria da História dos muxarabis, mas ficamos muito felizes por tamanha repercussão. Obrigada por todos os incentivos e elogios. Abraço.

Carlos Oliveira João Pessoa, PB

É por matérias assim que vocês continuam mantendo a excelência. Parabéns pela matéria dos muxarabis.

Equipe Artestudio

Silvia C. Nunes João Pessoa, PB

Peguei a revista da Artestudio no consultório do meu médico porque tem muito conteúdo e eu queria ler tudo em casa, parabéns por tanta informação. Como faço para ficar recebendo? Sônia Silveira João Pessoa, PB

Que bom que gostou Sônia, obrigado pelo reconhecimento do nosso trabalho. A revista não tem assinatura, você precisa ver os anunciantes parceiros e pegar nas lojas, ou ainda, aqui no endereço da revista. Abraço. Lindo projeto de Leonardo Maia na capa da última edição. Parabéns pela escolha!

A AE é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83) 3021.8308 / 99857.1617 R. Dep.Tertuliano de Brito, 348 - Bairro dos Estados, João Pessoa / PB , CEP 58.030-044

Glória Lima João Pessoa, PB revistaae

Sempre fico encantada com os projetos apresentados pela revista AE, parabenizo o conselho editorial pelas escolhas. Karla Rocha João Pessoa, PB

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revArtestudio Artestudio Marcia Barreiros co nt ato @ a r te s t u d i o r ev i s t a . co m . b r

www. artestudiorevista. com. br


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ENDEREÇOS

PROFISSIONAIS DESSA EDIÇÃO: DIEGO REVOLLO Rua dos Três Irmãos, 201 – Cj. 98 Jd. Guedala, Morumbi/SP +55 (11) 3722.4605 contato@diegorevollo.com.br www.diegorevollo.com.br

LARISSA VINAGRE Av. Cajazeiras, n. 105A, Manaíra, João Pessoa/PB +55 (83) 3224.4657 contato@larissavinagre.com www.larissavinagre.com

SANDRA MOURA Av. Monteiro da Franca, 989, Manaíra, João Pessoa/ PB +55 (83) 3221.7032 | 3241.6999 | 99131.6473 | 99131.6456 contato@sandramoura.com.br www.sandramoura.com.br

MARCIA BARREIROS Rua Tertuliano de Brito, 348, Bairro dos Estados, João Pessoa - PB + 55(83) 3021.8308 / 99857.1617 arquiteta@marciabarreiros.com

SÃO PAULO ARQUITETURA MIGUEL MURALHA E YURI VITAL Rua Alameda Barão de Piracicaba, 610, Campos Elíseos - São Paulo, SP + 55(11) 3226-7361 www.saopauloarquitetura.com

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PONTO FINAL

O PROJETO EM ARQUITETURA:

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UMA HISTÓRIA SEM PALAVRAS

m arquiteto deve utilizar rodas redondas, e deve criar portas com vãos maiores do que as pessoas. Mas os arquitetos devem reconhecer que têm outros direitos... Seus próprios direitos.

Aprender isso, compreendê-lo, É ter nas mãos as ferramentas para criar o inacreditável, Isso que a natureza não pode fazer. As ferramentas têm uma eficácia psicológica, não apenas física, Porque o homem, diferente da natureza, escolhe. O terceiro aspecto que se deve aprender É que a arquitetura não existe realmente. O que existe é a obra de arquitetura. A arquitetura existe, sim, na mente. Ao fazer uma obra de arquitetura, O homem faz uma oferenda ao espírito da arquitetura... Um espírito que não conhece estilos, não conhece técnicas, nem métodos. Um espírito que apenas espera pelo que o traga à presença. Aí entra a arquitetura, e ela é a incorporação do imensurável.

LOUIS KAHN arquiteto

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Nossa homenagem a:

ZAHA HADID


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