Revista ae 52

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Ano XIV - nº 52

www.artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

FAMÍLIA UNIDA

Projeto de interiores dá atenção ao casal de filhos adolecentes

SABOR ITALIANO A Toscana é inspiração para projeto de residência

INTERESSE SOCIAL Arquitetas falam de experiência em assistência técnica para habitações de baixa renda

A OPÇÃO PELO ESPAÇO

Em projeto de apartamento, clientes preferiram abrir mão de muitos quartos por cômodos maiores e mais confortáveis

+ A volta por cima de Medellín, a história dos muxarabis, a vida e obra de Hans Hollein e o uso de obras de arte na decoração


NEW YORK CHICAGO MIAMI MEXICO MONTERREY GUATEMALA PANAMA SANTIAGO ASUNCION MONTEVIDEO PUNTA DEL ESTE AUCKLAND 60 BRASIL

www.florense.com


!! !! M U LT I

TOP M Ó V E I S PA R A Q U A RT O S A R M Á R I O S P L A N E J A D O S PA R A Q U A RT O S COZINHAS PLANEJADAS M Ó V E I S P L A N E J A D O S PA R A E S C R I T Ó R I O S

PRÊMIO

Na edição 2015 do Prêmio Top of Mind Casa e Mercado, a Florense arrasou: foi vencedora em quatro categorias. Um resultado que retrata o alto conceito e credibilidade da marca junto aos profissionais da arquitetura e decoração de interiores. E que conta uma história de 62 anos de tradição e inovação constante, onde o respeito ao cliente sempre foi ponto de honra. Nossos agradecimentos a todos que confiaram em nossa proposta de trabalho e em nosso compromisso com a qualidade dos produtos e serviços, contribuindo para que a grife Florense seja cada vez mais TOP! O Prêmio Top of Mind é resultado de uma pesquisa do Instituto Datafolha em todo o território nacional, encomendada pela revista Casa e Mercado. Foram feitas 306 entrevistas com respostas espontâneas a arquitetos, designers de interiores e urbanistas, no período de 13 a 26 de outubro de 2015. A margem de erro é de 5% para mais ou para menos. No item “Cozinhas”, houve empate técnico no primeiro lugar; nos demais, a Florense venceu isoladamente.

AV EPITÁCIO PESSOA 3070

TAMBAUZINHO JOÃO PESSOA

TEL 3244 6688




Ano XIV

SUMÁRIO

Edição 52

CONHEÇA

26 20 LIVRO

Coleção Ipsis aborda a fotografia sobre arquitetura

26 GRANDES ARQUITETOS

O luxo e humor do austríaco Hans Hollein

32 A HISTÓRIA DE

A herança árabe nos muxarabis

36 AMBIENTAÇÃO

O uso das obras de arte cada vez mais presentes na decoração

66 VIAGEM DE ARQUITETO

Fabiano Melo conta as transformações da cidade de Medellín, na Colombia

68 ACERVO

Santa Isabel, primeiro grande hospital de João Pessoa

70 ARQUITETURA E MODA A Pop Art está de volta

70

ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 12

Amélia Panet discute os arranha-céus

URBANISMO 14

Antônio de Arimatéia fala sobre as cidades inteligentes

VIDA PROFISSIONAL 16

Tiago Prado e a necessidade de contratar um gerente de projetos

VÃO LIVRE 18

Os cuidados na hora de mudar a marca da empresa

PONTO FINAL 80

Lena Gino nos faz refletir o que é preciso para se viver

ENTREVISTA ENTREVISTA 22

Renata Coradin e Fabrícia Zulin falam da assistência técnica para habitações de interesse social



54 46

PROJETOS ARQUITETURA 42

Inspiração italiana em um projeto de casa por Giuseppe Cafasso

INTERIORES 46

Denise Delalamo projeta apartamento que dá total atenção aos filhos adolescentes

ILUMINAÇÃO 52

Flat em São Paulo recebe ambiente jovial projetado por Fernanda Trindade

NOSSA CAPA

56

Família optou por quartos grandes e conforto em apartamento que recebeu a assinatura de Leonardo Maia

Nossa capa Projeto: Leonardo Maia Foto: Vilmar Costa

32



arquitetura & estilo de vida ANO XIII - Edição 51

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda, Débora Cristina, Lidiane Gonçalves, Renato Félix, Neide Donato

Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Welington Costa Fotógrafo desta edição - Vilmar Costa e MB Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

ONDE NOS ENCONTRAR Contato : +55 (83) 3021.8308

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www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos


EDITORIAL

DIFERENTES LINGUAGENS

MÁRCIA BARREIROS editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Qual é o discurso do luxo? Em geral é tido como mera ostentação de riqueza, um elemento vazio e arrogante. Mas, como prova de que a arquitetura (embora precise ser antes de tudo funcional) também é uma linguagem, o austríaco Hans Hollein usou o luxo de outra maneira em seus projetos. Primeiro, como algo que remete ao passado de seu próprio país, que já foi o poderoso Império Austro-Húngaro, até a I Guerra Mundial. Mas também como um elemento irônico, de humor mesmo. Humor em arquitetura? Bem, sim, se a arquitetura é uma linguagem por que um de seus discursos não pode ser o do humor? Hollein, vencedor do Prêmio Pritzker em 1985, é o personagem da seção Grandes Arquitetos nesta edição da AE. Os arquitetos que aparecem nesta seção da revista, em geral cobrindo os vencedores do Pritzker ano a ano, são profissionais que “pensam fora da caixa”, como se diz hoje. Não dispensam conforto e funcionalidade de seus projetos, mas aliam isso a uma linguagem própria, que não é necessariamente ser luxuoso ou ser franciscano. É interessante observar esses elementos nos projetos que apresentamos nesta edição ou na entrevista com as arquitetas Renata Coradin e Fabrícia Zulin, sobre a assistência técnica em habitações de interesse social. Boa leitura! ARTESTUDIO

RENATO FÉLIX editor de jornalismo

WELLINGTON COSTA prod. e diagramador

AMÉLIA PANET arquiteta

GERMANA GONÇALVES designer interiores

DÉBORA CRISTINA jornalista

LIDIANE GONÇALVES jornalista


VISÃO PANORÂMICA 432 Park Avenue, NY

O DESEJO DE ARRANHAR OS CÉUS Fotos: Divulgação

A

o longo da história das civilizações, os seres humanos sempre tentaram desafiar a natureza, muitas vezes antes de compreendê-la em sua plenitude. Na arquitetura, os desafios iniciais para conceber os abrigos foram responsáveis pelo desenvolvimento de técnicas capazes de conjugar os materiais disponíveis e as necessidades de cada época. Os desafios nunca cessaram e, muitas vezes, estiveram à frente das próprias necessidades materiais. Um exemplo disso é o desejo de elevar-se às alturas, de construir as edificações cada vez mais altas, de conceber e executar o “maior edifício do mundo”. Em termos estruturais, o uso de estruturas internas de aço no concreto liberou as paredes como elementos estruturais, aumentou a possibilidade de vãos mais generosos e deu liberdade para as alturas. O elevador veio somar às possibilidades, permitindo o transporte vertical dos usuários com segurança e rapidez. Hoje, com os avanços tecnológicos, parece não haver limites. A cada ano anuncia-se um novo prédio, mais alto que o anterior, com automação, mais econômico e seguro. É o que dizem os anúncios. Em Nova York, o 432 Park Avenue é, atualmente, o edifício residencial mais alto do mundo. Foi concebido

pelo arquiteto Rafael Viñoly Beceiro, arquiteto uruguaio residente de Nova York desde 1979. Além de Nova York, Viñoly tem escritório em Palo Alto, Londres, Manchester, Abu Dhabi e Buenos Aires. Há poucos anos, um dos edifícios projetados pelo escritório de Viñoly, em Londres, teve uma grande repercussão pelas consequências provocadas pelo reflexo do sol na superfície côncava envidraçada do projeto, chegando a derreter carros e objetos localizados nas ruas, devido à ação dos raios de calor. O 20 Fenchurch Street, conhecido como “Walkie-Talkie”, também vem provocando incômodos para as pessoas que caminham nas proximidades, em determinadas épocas do ano, causados pela canalização de fortes ventos que a implantação do edifício gerou. Mesmo tornando-se ícones urbanos, os edifícios altos provocam alguns desconfortos urbanos que precisam ser previstos antes de sua implantação, além das questões de escala e paisagem. Em algumas cidades que permitem a construção de espigões na primeira quadra da beira-mar é comum parte da praia ficar na sombra em determinado período do ano, principalmente quando os recuos entre os edifícios não são generosos. Com a altura dos edifícios, perde-se a questão da escala humana. Algumas lições de arquitetura e urbanismo são seculares e possuem relação direta


Skyline em Joao Pessoa | Foto: MB

sua maioria, nos bairros de maior poder aquisitivo, ou concentrados na poligonal do Altiplano, onde a altura é liberada de acordo com os índices da região. O subsolo da cidade, dizem os engenheiros, é favorável à construção de edifícios altos, pois as rochas que ancoram as fundações são acessíveis há poucos metros. Outra justificativa é o desejo humano pela altura, quanto mais alto for a sua possibilidade financeira de elevar a sua visão. O fato é que o prédio alto multiplicase em quantidade e pouco se discute a sua pertinência no conjunto edificado da cidade e na sua ambiência. Nossos planejadores carecem de uma metodologia que possa avaliar os impactos dessas propostas, tanto nos aspectos econômicos, sociais, quanto ambientais. Em trabalhos acadêmicos e pesquisas tecnológicas percebemos que, em paralelo às discussões sobre o impacto ambiental, energético e de conforto ambiental, as questões culturais, sociais e questões paisagísticas tomam o seu lugar nas pesquisas. O quão pertinente é a implantação de um edifício alto em determinada região, essa é a questão. 20 Fenchurch Street - Walkie Talkie

com as capacidades humanas. Numa das entrevistas dadas por Lúcio Costa, sobre o Plano Piloto de Brasília especificamente sobre a razão do limite de altura para os edifícios residenciais, seis pavimentos, o arquiteto respondeu que essa altura foi definida como sendo a máxima possível para que uma mãe pudesse chamar, pela janela, os seus filhos para almoçar ou jantar. Uma resposta tão singela, cheia de conteúdo e vida. A preocupação em não perder a escala humana, a relação do olhar e do comunicar de uma mãe com os seus filhos. Talvez hoje, isso não faça sentido algum, para a maioria das pessoas. Vivemos tecnologicamente tão conectados que crianças com cinco anos já possuem celular e, provavelmente, as mães vão ligar quando a mesa estiver posta. Mas quais as razões e necessidade de construirmos prédios tão altos? Não creio que haja apenas uma resposta plausível. Poder econômico, destaque social, valor da terra, simbolismo vertical, desafios tecnológicos, entre outros, levam profissionais e empresários nessa empreitada. Em cidades espalhadas pelo mundo, as alterações na paisagem são evidentes devido ao crescente interesse pelos edifícios de grande altura. Os pontos mais altos tornam-se logo pontos turísticos e sempre terá alguém que deseja ver a vista do topo do edifício mais alto da cidade. Isso vem gerando uma série de discussões que envolvem a sociedade, políticos, engenheiros, arquitetos, e planejadores. Em João Pessoa, a mudança do skyline é visível. Embora a nossa Constituição Estadual não permita espigões nas primeiras quadras lindeiras à orla, ocasionando um escalonamento de alturas, os prédios altos estão espalhados pela cidade, implantados em

Amélia Panet

Arquiteta e urbanista Mestre em arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB


Cidade digital

URBANISMO

UM OLHAR REALISTA SOBRE

AS CIDADES INTELIGENTES

Fotos: Divulgação

A

pergunta que eu mais ouço é: “O que é uma cidade inteligente?”. Como profissional de tecnologia, é natural eu incluir conceitos tecnológicos nas respostas até por ter facilidade e experiência em encontrar formas de utilizá-la para ajudar a resolver problemas das cidades. No entanto, a tecnologia não passa de um ferramenta, que, se bem utilizada, permite que as cidades resolvam dos problemas mais básicos aos mais complexos de forma muito eficiente. Porém, o conceito de cidade inteligente trata muito mais de pessoas do que de tecnologias, pois ele se refere à nossa casa, ao lugar onde gostamos ou queremos viver e criar nossos filhos, ao lugar onde nos sentimos partes importantes e até indispensáveis no processo de sua construção e melhoria.

Car parking na Alemanha


Fujisawa

Diferente do Brasil, o tema cidades inteligentes recebe a devida atenção e é aplicado intensamente nos países mais desenvolvidos. Por aqui, percebemos que nossa sociedade ainda tem dificuldade de entender o quão complexa é uma cidade, por menor que ela seja. Essa complexidade é tão menosprezada que basta tirar um raio x do corpo gestor da maioria dos municípios brasileiros (nos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário), que é possível enxergar o grande descompasso profissional entre a maioria deles e as áreas pelas quais são responsáveis, refletindo na forma distorcida como lidam com o este importante tema. A iniciativa privada por sua vez tem o papel fundamental de disseminar conceitos, conhecimento e boas práticas relacionadas ao tema, apoiando o desenvolvimento e adoção de padrões mundiais, ofertando modelos de comercialização aderentes à nossa realidade, investindo em pesquisa e desenvolvimento local, além de assumir compromissos com resultados técnicos e níveis de serviços (SLAs) compatíveis. Quando a avaliação de um problema leva em conta as necessidades de todos os envolvidos e a adoção da tecnologia é feita de forma inteligente a solução é, na maioria das vezes, simples e eficiente, mas tenho visto muito glamour ineficiente. Vejamos exemplos reais presentes em algumas cidades brasileiras que utilizam parquímetros. Glamour ineficiente – grande, caro, ecologicamente incorreto, com problemas de acessibilidade e usabilidade, financeira e eticamente injusto, passível de danos e furtos, e com muitas variáveis que podem causar sua indisponibilidade. Caro por ser grande e possuir

muitos componentes (unidade computacional, leitor de cartões, captador/contador de dinheiro, impressora, bateria grande e ou alimentação elétrica); Ecologicamente incorreto por usar papel, toner (que pode atingir a rede pluvial em caso de acidente) etc., e financeira e eticamente injusto porque o usuário paga por um período pré-estabelecido, pagando mais caro caso fique menos tempo, ou sendo multado caso fique mais tempo. No caminho correto e oposto ao da “solução” anterior, a adoção simples e eficiente é mais barata, pois é uma pequena torre que controla até 10 vagas, Ela possui um pequeno display com membrana sensível ao toque e um ponto de leitura de tokens, controlada por uma pequena placa de circuito impresso com uma diminuta bateria. Ecologicamente correta por não utilizar papel, toner e energia elétrica, e no caso da bateria, o risco é bem menor. Do ponto de vista financeiro e ético é justa porque o usuário paga somente pelo período que utilizar, porém ele registra sua chegada e saída. Infelizmente o que mais tenho visto no Brasil é glamour ineficiente, tornando a vida nas cidades brasileiras mais difícil, criando a cultura do “cada um por si” e a do “querer levar vantagem em tudo”, desestimulando a inovação e o empreendedorismo. Sendo assim, acredito que uma das formas de mudarmos esta realidade é disseminando os benefícios da adoção dos conceitos e tecnologias ligadas ao tema de cidades inteligentes através de todos os meios e canais disponíveis assim nivelamos o conhecimento de forma que ele permeie através dos órgãos e instituições públicas brasileiras.

Antônio de Arimateia

Gerente de desenvolvimento de negócios da Sonda Utilities, divisão de soluções para os setores de energia, saneamento e gás da Sonda IT, maior integradora latino-americana de soluções de Tecnologia da Informação


VIDA PROFISSIONAL

POR QUE CONTRATAR UM

GERENTE DE PROJETOS? Fotos/imagens: Divulgação

D

esde que comecei a trabalhar na área de TI e telecom, muitas pessoas me perguntam: “Mas, afinal, o que realmente faz um gerente de projetos?”. Minha resposta, normalmente, é: “Gerente de projetos é quem trabalha para garantir que tudo aconteça da forma planejada, no tempo planejado, com os recursos e custos planejados, e tenha o resultado esperado”. Simples, não é? E é nessa hora que eu recebo um sorriso e o comentário de volta: “Ah, legal, mas isso é meio impossível, não é?” Infelizmente, grande parte dos gestores nas empresas compartilha desta opinião. Isso acontece devido a experiências ruins de projetos com entregas fora do prazo, com custos bem acima do planejado e resultados pífios.


É muito provável que esses projetos tenham utilizado a metodologia “junta os meninos aí e entrega até sexta”, ou seja, sem nenhuma metodologia para gestão de projetos. Existem diversas definições para projeto. Eu, pessoalmente, gosto da definição de que um projeto é um conjunto de esforços organizados por um tempo determinado para se atingir um objetivo. O lançamento de um produto, o desenvolvimento de um novo produto, a implantação de uma nova tecnologia ou de um sistema, são exemplos de projetos. Todo projeto assume três compromissos: o produto (aquilo que será entregue ao final do projeto), o prazo (o tempo determinado para a duração do projeto ou quando o produto do projeto será entregue) e o orçamento (o investimento que deverá ser feito para a realização do projeto). Infelizmente, é muito comum a alteração de um ou mais desses compromissos para se manter outro durante a execução do projeto. Por exemplo, para se entregar no prazo determinado será necessário reduzir as especificações do produto e/ou investir mais recursos no projeto. Essas alterações é que causam essa frustração dos gestores com relação aos projetos. O papel do gerente de projetos é organizar os recursos no tempo para que esses três compromissos

sejam cumpridos utilizando planejamento e controle. De acordo com a pesquisa realizada pelo PMI (Project Management Institute), em 2014 somente 56% dos projetos foram realizados com sucesso total. Essa mesma pesquisa mostra que nas organizações, onde a percepção é de que o gerente de projetos exerce um papel importante, o atraso médio nos projetos é de 7%, assim como a média no estouro do orçamento. Já nas empresas que não percebem esse valor ou não têm um gerente de projetos, o atraso médio nos projetos é de 32% e a média no estouro do orçamento é de 30%. Utilizar uma metodologia específica e adequada é o melhor caminho para trazer resultados expressivos. Boa parte dos gestores enxerga que é inviável ter um gerente de projetos em sua estrutura por uma questão de custo. Porém, hoje há alternativas como a contratação de um gerente para um projeto específico em empresas especializadas. Desta forma, se reduz drasticamente o custo com a gestão do projeto e se aumenta expressivamente os resultados. Portanto, se você acha impossível contratar um profissional que consiga realizar projetos de forma planejada, no tempo planejado, com os recursos e custos planejados, e com o resultado esperado, só posso lhe dizer: “Sim, isso é totalmente possível!”

Tiago Prado

Membro da M2BS, técnico em Eletrônica pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, e consultor em TI e telecom


VÃO LIVRE

MUDANÇA DE MARCA REQUER ATENÇÃO E MUITO CUIDADO Profissionais da área do design dão dicas importantes para a empresa que deseja reformular a identidade visual Fotos: Divulgação

N

o último dia 1º de setembro, o Google anunciou ao mundo uma reformulação na identidade visual de algumas ações relacionadas aos serviços prestados. A mudança aconteceu com o objetivo de mostrar a quantidade de plataformas em que a companhia está presente. Com novas cores e fontes mais simples, a marca Google simboliza a segunda mudança em menos de dois anos. É muito comum que as empresas busquem mudanças na identidade visual, seja porque está ultrapassada ou não possui o efeito desejado. O fato é que para a criação de uma nova marca são necessários cuidados e muito estudo aprofundado. Afinal, a identidade forte é um dos fatores responsáveis pelo sucesso de uma marca. De acordo com o designer Lucas Saad, fundador e proprietário do estúdio Saad Brading+Desgin, para criar uma marca primeiramente é necessário considerar o contexto onde ela se encontra. “As necessidades não atendidas e o perfil do público-alvo, o cenário de mercado e suas tendências, conhecer a fundo os concorrentes (seus pontos fortes de fracos) e, por último, o que faz parte da essência da empresa e suas demais características são pontos essenciais”, diz. A partir do cruzamento destes dados será possível traçar as diretrizes estratégicas que irão conduzir todas as decisões e manifestações da marca, indo desde a remodelagem do negócio, gestão, definição do portfólio de produtos e serviços, produção e pessoas até a criação de novos produtos e comunicação, preparando-a para o futuro. “Marca não é só um logotipo ou o nome de um produto. Além dos atributos funcionais, devemos pensar nos atributos emocionais que a marca deve trazer. Um produto pode ser copiado pelo seu concorrente, mas a marca é única”, explica Saad. Já em casos de mudança de identidade, Saad explica que o ideal é que a marca esteja sempre observando as mudanças e tendências do mercado, além dos hábitos de compra do público e novas tecnologias. “Se as marcas quiserem estar preparadas para sobreviver no futuro, devem abraçar as mudanças, devem reagir rapidamente, ser flexíveis e adaptáveis. Um bom exemplo são empresas como o Airbnb, Uber e Netflix, que estão mudando completamente a antiga forma de se fazer negócios em seus ramos de atuação”, pontua. Além disso, outros momentos nos quais as empresas costumam considerar mudanças nas marcas encontram-


se na criação de novos negócios, reposicionamento de mercado, identificação e criação de novas oportunidades, lançamento de novos produtos e serviços, alinhamento interno, entre outros. “A essência da empresa deve estar sempre presente, porém a linha estratégica pode mudar de acordo com as variáveis faladas anteriormente. Já em relação a identidade visual e verbal, não precisa necessariamente haver uma conexão com a marca antiga. A estratégia de branding deve ser a base para a tomada das decisões em relação à marca”, detalha. Outro ponto é o fato de algumas marcas não se adaptarem à dinâmica da contemporaneidade, ou seja, marcas que não são flexíveis (não se adaptam aos diferentes perfis de clientes, às diferentes plataformas, veículos e pontos de contato) e que não dialogam com seus públicos. Marcas que não são transparentes, que possuem uma desconexão entre sua promessa (discurso) e a entrega (prática) - seja na cadeia produtiva, na relação com seus colaboradores, na comunicação - também estão entre alguns dos erros encontrados em marcas. Um dos cases do estúdio Saad Branding+Design foi desenvolvido para a Sementes Ipiranga, uma empresa do agronegócio da região Centro-Oeste do Brasil. Em apenas dois anos desde o início do projeto de branding, a empresa teve um aumento de 84% em sua produtividade e um crescimento de 45% na lucratividade, se tornando em um curto espaço de tempo referência em qualidade de sementes no Mato Grosso, o principal estado produtor de soja do país. O projeto também foi reconhecido tanto nacional quanto internacionalmente, tendo ganhado prata no Idea Brasil 2013 e também sendo premiado com o iF Design Awards 2014 na Alemanha, uma das maiores premiações mundiais da área (dentre os dez projetos premiados em todo o mundo na categoria

Crossmedia - Corporate Identity, o projeto foi o único desenvolvido fora do continente europeu). Para a diretora do Centro Brasil Design (CBD), Ana Brum, o design surge como resolução de problemas, desde o desenvolvimento de novos produtos e a experiência no seu uso, passando pelos serviços e a comunicação da marca com seus clientes. “Assim, antes de comunicar precisamos saber exatamente o que comunicar, para quem e como comunicar e para isso, o CBD atua junto com o empresário na identificação de uma oportunidade que seja estratégica para o negócio”, explica. A importância do design se torna cada vez mais evidente quando o sucesso da marca é atribuído à reputação da empresa. Alguns empresários desconhecem a importância e o impacto que uma marca pode ter em um projeto. “O design é totalmente responsável por criar a identificação visual com o público e é capaz de gerar vínculos emocionais com ele. Para que a marca se consolide de forma positiva no mercado é necessário apostar em uma construção bem estruturada com muito estudo e planejamento”, finaliza Ana. Muitas pessoas ainda acham que o design está relacionado somente à parte estética do produto, porém a sua inserção é muito mais ampla e deveria estar presente na estratégia da empresa. Para um projeto adequado, deve-se dedicar uma atenção especial na gestão correta da marca, além do alinhamento da estratégia e aplicação na parte executiva da empresa.

Eduardo Bertinardi

P+G Comunicação Integrada


LIVRO

COLEÇÃO IPSIS TRAZ A ATMOSFERA QUE PERMEIA A FOTOGRAFIA E A ARQUITETURA Texto: Magali Martucci | Fotos: Divulgação

C

om o lançamento simultâneo de novos volumes de dois conceituados fotógrafos, respectivamente, Nelson Kon e Cristiano Mascaro, a “Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira”, criada em 2013 com o propósito de homenagear e reconhecer a fotografia nacional mostrando nossas riquezas culturais e naturais apresentará agora, o olhar destes dois nomes referenciais quando se fala em fotografia de arquitetura. Os livros, em charmoso formato pocket, um critério da empresa para dar acesso a um produto de qualidade ao grande público. Sob a organização e textos de Eder Chiodetto, jornalista, pesquisador e renomado curador da área de fotografia, as imagens selecionadas surpreendem ao revelar as percepções singulares e as sutis atmosferas que envolvem a vida e obra dos dois autores: arquitetura e fotografia. No volume 2, Nelson Kon, a forma que fazemos a ocupação do espaço é mostrada em fotografias que “narram” o meio urbano, ora ilustrando ou documentando, traduzindo suas grandezas e detalhes, ora revelando a poética silenciosa oculta em uma obra arquitetônica. O livro mostra a tênue linha que separa o conflito e a harmonia mesclada em imagens de seu trabalho feito quase todo sob a encomenda de clientes onde, uma almejada precisão técnica se alia a sua sensível e sofisticada capacidade de narrar paisagens. O volume 3, Cristiano Mascaro, apresenta um mágico acervo de retratos, quase todos inéditos, feitos com delicados estudos de luz e composição. Criados em uma atmosfera onde o tempo, subjetivamente alongado para este tipo de criação é um elemento marcante, pessoas, cidades e construções se entremeiam no livro em uma estrutura imagética que busca traduzir o esperado pelo autor: a simplicidade. Esses novos volumes da Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira relacionam o encontro da fotografia com a arquitetura possibilitando uma leitura em que os princípios formais das duas linguagens são mostrados em uma transcendência aos contextos tradicionais.

“Olhar a cidade. Perscrutá-la por cima, por baixo, em seus interstícios. Percebê-la na sua grandiosidade épica e nos seus detalhes quase insignificantes. Entendê-la como a somatória de tempos, histórias, embates políticos e econômicos, crenças e sobreposição de ideias que rabiscam e transformam continuamente o território.” Eder Chiodetto, curador

“Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira” Nelson Kon e Cristiano Mascaro: o olhar da Fotografia sobre a Arquitetura Editora: Ipsis Curadoria: Eder Chiodetto Projeto Gráfico: Fernando Moser Formato: 144x166 / capa dura Preço de capa individual: R$ 49,00

Eder Chiodetto Curador



RENATA CORADIN & FABRICIA ZULIN

ENTREVISTA

TUDO PELO

SOCIAL As arquitetas contam como é o trabalho de assistência técnica para habitação de interesse social

Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

F

abrícia Zulin e Renata Coradin são sócias no Habitar Arquitetas Associadas e desde a faculdade já tinham, entre seus interesses em comum, este: a arquitetura servindo a pessoas de baixa renda. A chamada Habitação de Interesse Social define ações nesse sentido: resolver problemas de moradia para uma população que não tem acesso a isso. Mas, além da construção de casas por si só, há o trabalho dos arquitetos que planejam e coordenam essas ações e lidam com o baixo custo para buscar também algum voo estético. Fabrícia e Renata falam à AE sobre este trabalho e sua experiência no projeto Canhema II, que seu escritório desenvolve na cidade paulista de Diadema. ARTESTUDIO - Como vocês, pessoalmente, se envolveram com o tema das Habitações de Interesse Social? RENATA CORADIN – Habitação de Interesse Social é um tema muito interessante, necessário e estimulante, principalmente quando pensamos na função do arquiteto atuando na formação das cidades.

FABRÍCIA ZULIN – O envolvimento e interesse pelo tema é gradual e vai aumentando e se adequando cada vez mais à realidade com o passar do tempo. Começou na própria universidade, quando do nada tínhamos que projetar habitação coletiva na área da Cracolândia, no centro de São Paulo, e nos mostravam referências incríveis, da Holanda, Espanha, etc. e aquilo era uma novidade muito estimulante. RC – Recém-formadas, já buscávamos oportunidades de desenvolver projetos nesta área, sendo que a primeira experiência concreta foi a participação e premiação no Concurso de Ideias: Prêmio Caixa-IAB 2008/2009. FZ – Projetamos habitação na região de Santa Cecília, em São Paulo, numa área bem próxima ao famoso “minhocão”. Foi uma primeira experiência pós formadas, momento de inserir tudo aquilo que havíamos aprendido na universidade e também os conceitos do “Master Laboratório de la Vivienda Sostenible de Barcelona” que na ocasião, a Renata estava cursando, e eu, de “carona”, também acabei me envolvendo bastante com o conteúdo. Depois continuamos participando de concursos, e paralelamente comecei a trabalhar na Secretaria de Habitação de Diadema-SP, o que, de fato, foi um primeiro momento de contato direto com os verdadeiros “clientes” da habitação de interesse social, e aí sim, conseguir conciliar conhecimentos acadêmicos à realidade das pessoas, afinal: existe projeto sem a aprovação e participação do cliente? Logo após isso foi fundado o Habitar e vieram projetos com destaque na área de habitação social, sendo o primeiro trabalho do escritório uma consultoria à Secretaria de Habitação de São Paulo, para avaliação da qualidade dos conjuntos habitacionais e urbanização de favelas realizadas pela secretaria. RC – Os escritórios Montaner Muxí Arquitectes (escritório espanhol, especializado no estudo de habitação coletiva, dirigido pelos arquitetos Josep Maria Montaner e Zaida Muxí) e o Habitar se uniram para o desenvolver uma metodologia para análise e avaliação de projetos e, desde então, estamos envolvidas com esse tema tão desafiador e gratificante ao mesmo tempo.


AE - A área da assistência técnica para esse tipo de habitação está restrita ao programa da Caixa Econômica? Há órgãos estaduais ou municipais que também se ocupam disso? FZ – A assistência técnica nada mais é do que dar auxílio técnico às famílias de baixa renda no processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação, tanto na fase de projeto quanto no acompanhamento das obras, e se pensarmos assim, a Caixa subsidia ações deste tipo, mas também órgãos municipais, estaduais. E inclusive agentes particulares, como o caso do Canhema II: por meio de uma associação foi possível viabilizar a provisão de moradias para famílias de baixa renda, com o diferencial de possuir a assistência técnica da nossa equipe, pois caso contrário, seriam apenas construções sem orientação técnica, e, portanto, sem qualidade. RC – No caso do projeto Canhema II, que estamos desenvolvendo junto à Associação Oeste na cidade de Diadema/SP, foram os próprios moradores que, a partir da formação de um grupo de interesse comum, ratearam e pagaram pelo projeto. Em julho de 2015 este projeto foi selecionado por um edital do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil de Assistência Técnica e, só a partir de então, conta com apoio financeiro do CAU/BR. FZ – O que acontece é que as ações existentes, dentro de programas governamentais, inclusive da Caixa, ainda não atingem a assistência técnica individual, geralmente só se viabiliza a partir da formação de um grupo de interessados, que normalmente resultam em projetos ou soluções padronizadas. Por outro lado, o que mais notamos enquanto atuamos é que as pessoas têm desejos e necessidades muitas vezes particulares, e que nem sempre o projeto padronizado consegue um resultado satisfatório. Então, pensando em tudo isso, o desafio é tentar ampliar a assistência técnica para o atendimento individual. Em parte, conseguimos isso no Canhema II, pois, por mais que exista um grupo de moradores que conjuntamente nos contrataram, nós realizamos os projetos atendendo as particularidades de cada família. AE – Quais preocupações os arquitetos devem ter nessa função? RC – Muitas! Carregamos uma grande responsabilidade atuando entre o meio técnico e os sonhos dos moradores de construírem ou reformarem suas casas para viverem em espaços de qualidade. É importante buscar o equilíbrio entre o saber técnico e o conhecimento popular. Prestar serviços de assistência técnica vai mais além de fazer um bom projeto, envolve a compreensão das necessidades e dos costumes dos futuros moradores garantindo que haja uma participação efetiva durante todo o processo, pois essa troca é que contribuirá para um resultado de qualidade. Além disso, também somos responsáveis por orientar uma execução correta das construções, com segurança, mão de obra e materiais de qualidade. Tudo isso sem deixar de valorizar nosso trabalho. FZ – Durante os atendimentos, elaboração dos projetos e acompanhamento das obras, devemos nos colocar no lugar das famílias, entendendo suas realidades específicas. Por vezes as famílias nos solicitam determinadas soluções, que podem parecer absurdas (geralmente situações de ocupação do lote além do permitido pela legislação, espaços com dimensões inadequadas, etc.), porém, para determinada família é algo normal, algo que faz parte de sua rotina há muitos anos. Assim, dizer de imediato que é inviável, impossível, um absurdo, pode parecer que

você esteja querendo simplesmente impor sua solução. Há maneiras de argumentar e mostrar os benefícios de uma proposta. As decisões devem ser tomadas junto com a família, e para isso não basta ter conhecimento técnico, tem que saber transmiti-lo, e é esse o diferencial de um arquiteto que sabe atuar na área de habitação de interesse social, saber transmitir seu conhecimento. AE – O que pode ajudar mais os arquitetos nessa missão? FZ – Seria muito importante para nós, arquitetos, termos mais experiências práticas durante nossa formação e também durante nossa vida profissional: a cultura da obra ou da autoconstrução é muito forte nas famílias que moram na periferia, justamente aquelas famílias que estão nos grupos da população brasileira que nunca tiveram acesso aos serviços de arquitetura e engenharia. Porém, o projeto é algo desconhecido, que não faz parte de sua rotina e história. Como aproximar o erudito ao popular? Como fazer com que as pessoas discutam o projeto de modo confortável e de modo mais próximo com sua realidade, sem se sentirem intimidadas? Acho que são algumas preocupações que devemos ter, em especial, em projetos de assistência técnica. AE – Dá para buscar voos estéticos ao tratar das habitações para pessoas de baixa renda? RC – Claro! Nós arquitetos somos também idealizadores e grandes sonhadores buscando, em cada projeto, os melhores resultados, inclusive estéticos. FZ –Inclusive este é um anseio da maioria das famílias, pois querem segurança e funcionalidade, mas também querem beleza em suas moradias. Porém, os desafios encontrados neste tipo de trabalho é muito similar a outros clientes que nos deparamos na nossa trajetória profissional: nem sempre os padrões estéticos são parecidos, entra um pouco no gosto pessoal. De todo modo, é mais um desafio de propor algo com qualidade e que tenha a aceitação do cliente. Nesta fase, mais do que em outras, notamos que há mais vontade na participação, acaba havendo uma verdadeira disputa (no bom sentido) sobre a opinião do cliente versus do arquiteto. Dá para alcançar resultados satisfatórios, porém, novamente, mais uma fase intensa de dedicação, que nos leva a crer que não basta ter conhecimento técnico, tem que saber transmiti-lo. RC – Colocando os pés no chão, sabemos que os logros estéticos muitas vezes ficam para segundo e terceiro planos por questões econômicas e esse é mais um desafio que deve ser enfrentado por nós através da busca por soluções estéticas econômicas e de qualidade. AE – Vocês procuram experiências no exterior, nesse setor, que se revelem (ou podem ser revelar) úteis na habitação brasileira para baixa renda? RC – Sim, sempre procuramos estar informadas e atualizadas com relação ao que está acontecendo em outros lugares, dentro e fora do Brasil. Há muitos exemplos internacionais que, direta ou indiretamente são referências para o desenvolvimento de projetos, iniciando pelos Conjuntos Habitacionais da Europa dos anos 1920, com destaque para as produções da Holanda, passando pelas Cooperativas Uruguaias, iniciadas nos anos 1970, até exemplos um pouco mais recentes como as atuações no Chile e na Colômbia. FZ - A proposta chilena da Elemental, de Alejandro Aravena, é muito interessante frente à escassez de


Quinta Monroy - Iquique Chile Elemental | projeto Alejandro Aravena

recursos, algo que sempre iremos nos deparar ao realizar projetos de habitação para baixa renda. É inovadora, pois o famoso “puxadinho” atribui qualidade à construção inicial, não havendo deterioração como normalmente ocorre. O conceito da moradia progressiva também está no Prev (Projeto Experimental de Vivendas) da década de 1960/1970 em Lima, Peru. São referências que pensamos, por exemplo, quando estávamos concebendo o Canhema II, afinal, sabíamos que as famílias iriam construir suas moradias aos poucos, conforme sua realidade. Assim, propostas que consideram a realidade do nosso país e a lógica natural dos acontecimentos são úteis e devem ser cada vez mais incorporadas. AE – O Minha Casa, Minha Vida influenciou de alguma forma esse trabalho de assistência técnica? RC – No Projeto Canhema II especificamente, não. Temos outros projetos em desenvolvimento, também com a Associação Oeste, que contarão com o financiamento deste Programa que atualmente estão em fase de estudo preliminar aguardando o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3. AE – Como esse trabalho funciona exatamente? Vocês cuidam do design do projeto ou apenas dos ajustes técnico e solução de problemas? RC – O Projeto Canhema II é um loteamento com 98 lotes individuais. Fomos contratadas pela Associação Oeste de Diadema para desenvolver o projeto das unidades habitacionais. Quando fomos incorporadas a esse trabalho, o projeto de implantação do loteamento já havia sido realizado. Demos início ao trabalho no final de 2013 e a primeira fase compreendeu o desenvolvimento do projeto das unidades habitacionais e, neste primeiro momento, contamos com a colaboração de outros dois arquitetos: Alessandra Bedolini e Antônio Castelo Branco e do engenheiro Armando Loures Vieira, além da participação dos moradores através de atendimentos e conversas com as famílias. Já a segunda fase compreende o acompanhamento da execução das obras das casas. AE – Como é o trabalho no cotidiano do escritório de arquitetura de vocês? Quanto tempo ele exige de dedicação por semana, por exemplo? Há como ter uma ideia disso? FZ – O Habitar possui um núcleo profissional relativamente pequeno, composto por nós, sócias, e um estagiário. Ao mesmo tempo conta com uma rede de colaboradores grande, que permite maior flexibilidade de adequação às diferentes demandas de trabalho. O projeto de assistência técnica Canhema II já passou por distintas fases. Inicialmente, houve uma fase mais intensa de atendimento às famílias, que ocorria na própria sede da Associação Oeste em Diadema. Os plantões ocorriam aos domingos, e a equipe contava com quatro arquitetos no local. Paralelamente havia um trabalho intenso no escritório para elaboração dos projetos executivos, a medida em que as famílias aprovavam

os estudos preliminares de suas moradias. Essa fase mais intensa de projeto durou aproximadamente seis meses, e representava a maior demanda de trabalho do escritório na época, afinal, entregamos 80 projetos executivos, foi bem intenso. Ainda fazemos os projetos para as famílias que não compareceram nos plantões. Porém, é mais esporádico, pois a maioria já recebeu o projeto final. Depois começaram as obras, e o trabalho ficou mais intenso fora do escritório. Ao menos uma vez por semana estou no canteiro, supervisionando o trabalho de acompanhamento das obras que é realizado por engenheiro civil e estagiário, e também para atender famílias que nos procuram por diversos motivos: dúvidas sobre o projeto, pedidos de alterações, auxílio nos quantitativos, orçamentos, etc, além de atender as famílias que ainda não receberam o projeto executivo. Fora do canteiro tem o trabalho burocrático, de solicitação dos alvarás na prefeitura. No escritório, ainda temos o trabalho de realizar os projetos executivos pendentes, algumas revisões e elaboração dos projetos legais. Podemos considerar que este projeto ocupa hoje 1/3 da demanda de trabalho do escritório. AE – Qual o futuro da habitação popular, em termos de arquitetura? RC – Espero que seja de evolução e não de retrocesso. Temos uma longa jornada de atuação neste âmbito, muita coisa boa já foi feita (como os grandes exemplos dos anos 1950, como os conjuntos dos IAPs e o famoso exemplo do Pedregulho no Rio de Janeiro e exemplos mais contemporâneos também), mas também conhecemos muitas atuações malsucedidas, projetos de pouca qualidade, sem relação com o entorno e com nenhum compromisso com a cidade. As lições estão aí, precisamos reconhecê-las; aprender e melhorar a produção habitacional no nosso país, principalmente no que diz respeito aos programas de financiamento. Enquanto as soluções forem em direção à quantidade, deixando de lado a qualidade, teremos um problema. FZ – A pesquisa que saiu recentemente do Datafolha, promovida pelo CAU/BR, revelou que apenas 7% da população economicamente ativa já utilizou o serviço de arquitetura e urbanismo no Brasil. Assim, espero que o futuro seja de aproximação com esta grande parcela da população que nunca teve acesso à arquitetura. Por outro lado esta abrangência de atuação deve ser de qualidade, afinal, passamos por um período de muita construção e pouca arquitetura. Deve haver, portanto, a busca por inovação nos sistemas construtivos, nas soluções sustentáveis, e acima de tudo, melhor inserção das habitações nas cidades, o que acaba atribuindo maior apropriação da arquitetura pela população. Projeto Canhema II | Imagem: Divulgação



GRANDES ARQUITETOS

ABAIXO A SIMPLICIDADE

Hans Hollein, vencedor do Pritzker em 1985, marcou com uma obra que remete aos tempos de luxo do Império Austro-Húngaro Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

Museum Abteiberg Moenchengladbach


O

austríaco Hans Hollein não nasceu em Viena impunemente. Levou consigo para sua arquitetura premiada a herança cultural da sofisticação dos prédios públicos de uma capital marcada pela sofisticação cultural e intelectual: afinal, é onde Mozart e Freud floresceram seus talentos, cada qual em sua área. Ele morreu em 2014, aos 80 anos de vida e 60 de arquitetura. E, na carreira, a homenagem com um prêmio Pritzker em 1985. Hollein nasceu, portanto, em 1934, quando a Áustria já via a anexação nazista batendo à porta – o que aconteceria em 1938 para o país que, até 1919, havia sido o poderoso Império Austro-Húngaro. A Áustria só voltaria a ser um país livre com o final da Segunda Guerra, em 1945. A arquitetura de Hollein de certa forma evoca os dias de glória do império.


Museum Abteiberg Moenchengladbach

Ele se formou na academia de Bela Artes de Viena, em 1956. Ele sempre demonstrou talento para o desenho e, mesmo optando profissionalmente pela arquitetura, seguiu com um trabalho de pintura que também teve sucesso. Fez mestrado em Arquitetura na Universidade da California e conheceu e estudou com alguns dos profissionais que mais admirava, como Mies van der Rohe, Frank Lloyd Wright e Richard Neutra.

Além disso, fez questão de conhecer as sete cidades americanas chamadas... Viena. Viajou pelos EUA em um Chevrolet usado, o que diz bastante sobre sua personalidade. Ele trabalhou em firmas na Suécia e nos Estados Unidos, antes de se estabelecer em sua Viena natal. Sua primeira obra foi para uma loja de velas de 14,8m2 em 1964, onde ele já combinava luxo e simplicidade.


chamada moderna do pos-guerra, que buscava uma simplicidade. Em 1970, veio seu primeiro trabalho em Nova York: a Richard Feigen Gallery. De novo a riqueza criativa do prédio chamou a atenção das publicações especializadas. Foi chamado atpe de “arquitetura fabergé”. A elegância de seus interiores foi apontada como irônica e até cômica: a Österreiches Verkehrsburö (1979) tem palmeiras douradas; a Feigen tem colunas cromadas. No decorrer da carreira, ele trabalhou tanto em residências familiares quanto em museus. O Museu Abteiberg, na Alemanha, é de 1982 e abriu as portas para outros projetos de dimensões semelhantes. É um espaço que foge da fórmula consagrada de espaços expositivos, com múltiplas situações espaciais: uma complexa topografia de janelas, escadas, pilares e outros elementos. Vieram depois projetos como a torre Vulcania, em espiral, com uma fachada externa em branco fosco e uma interna , uma parede modulada dourada. O que ele pensava sobre arquitetura não estava só em suas obras: também estava em artigos e até em poemas. Suas exposições de objetos de design e museografia também causavam repercussão. Ou seja: podia tanto ser a forma de um museus quanto seu conteúdo.

“Ainda menor que a maioria dos primeiros trabalhos de encomenda”, descreveu a revista Archictectural Phorum, citada no relato do júri do Prêmio Pritzker. O trabalho já rendeu a Hollein o reconhecimento e também o Reynolds Memorial Award, um prêmio em dinheiro que, pela primeira vez em sua história, era maior que o custo do projeto vencedor. Ele já se posicionava desde o início contra a arquitetura

Arquiteto: Hans Hollein + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br


O QUE VOCÊ PREFERE: MUITAS OPÇÕES OU O INFINITO?

Bontempo João Pessoa • Rua Professora Severina Souza Souto, 207 • (83) 3244.7075 • João Pessoa/PB

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ESPAÇOS únicos, POSSIBILIDADES infinitas.


A HISTÓRIA DE Moucharabieh em Mesquita

A LUZ E O VENTO ENTRAM, MAS NÃO O OLHAR

Criado no mundo árabe, o muxarabi era usado para dar à mulher uma visão da rua, mas protegendo-a dos olhares externos

Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

M

uxarabis e cobogós têm muito em comum: são elementos vazados, que permitem maior ventilação e iluminação naturais em um ambiente, sem abrir mão totalmente da privacidade. No caso do muxarabi, no entanto, a forma é a de um trançado de ripado de madeira, resultando em uma estrutura mais delicada e com vãos em geral menores que os cobogós. Os muxarabis têm origem árabe (e sua aparência continua tendo muita identificação com o mundo árabe, onde uma de suas funções era “proteger” as mulheres de olhares masculinos, mas elas podiam espiar o lado de fora) e foram trazidos para o Brasil colônia pelos portugueses. Há até aqueles onde é possível dosar a incidência da luz solar no ambiente, fechando ou abrindo mais os vãos entre a madeira. O cobogó, na verdade, bem mais recente (é uma criação pernambucana do século XX), é uma releitura dessa treliça árabe, com uma resistência maior, por causa dos materiais envolvidos. Geralmente artesanal, os muxarabis também não são exatamente simétricos, mantendo uma naturalidade nessas leves diferenças entre os vãos. A palavra vem do árabe “mashrabiya”, originalmente significando o lugar (ou janela) onde eram dispostos jarros com água para que fossem

Gelosias


Casa dos Crivos

Projeto do arquiteto Marco Suassuna

resfriados. Há uma segunda teoria, que a forma que a palavra vem de “mashrafiya”, derivada do verbo “ ashrafa”, que significa “observar”, e teria mudado com o tempo. De qualquer forma, foi sempre usado desde a Idade Média, em casas, palácios e edifícios públicos, sendo muito presente no Egito e no Iraque. Outra forma de ser chamada é de “gelosias”, que muitos atribuem a palavra “ciúme“ em espanhol, por também proteger as mulheres dos olhares da rua.

Mouxarabis no Cairo


Museu da Civilização Européia e Mediterrânea

Os portugueses trouxeram os muxarabis para o Brasil já em 1530, época em que Portugal tinha muita influência moura. Trata-se de um elemento encontrado não raramente em construções do nosso período colonial que chegaram até nossos dias. Perderam força a partir da chegada da família real em 1808, mas têm sido redescoberto pela arquitetura contemporânea e arquitetura de interiores, em inspirações mais diretas ou em releituras. Não só aqui, mas no mundo. O Instituto do Mundo Árabe, em Paris, projeto do francês Jean Nouvel, tem na fachada 240 painéis quadrados que agrupam nada menos que 30 mil pequenos diafragmas de aço mecânicos, conectados a sensores fotossensíveis que faz com que eles abram e fechem de acordo com a intensidade da luz. É a tecnologia mais moderna aliada à tradição dos muxarabis.

Instituto do Mundo Árabe, Paris. Projeto do arquiteto Jean Nouvel



AMBIENTAÇÃO

BELEZA E HARMONIA

O uso da arte na decoração ultrapassa o valor artístico individual da obra: ela precisa atuar como um elemento compositivo no ambiente Texto: Lidiane Gonçalves| Fotos: Divulgação

H

istoricamente, a arte esteve sempre presente no cotidiano das pessoas, nas mais diversas formas de expressão. Na atual “arquitetura de interiores”, as obras de arte passaram a ser utilizadas como elementos compositivos dos ambientes, transcendendo o seu valor artístico individual, agindo como harmonizadores ou destaques cromáticos e formais dos espaços tratados. Para ser arte, não precisa ser caro e também, obras caras não significam que a harmonia e beleza estarão no ambiente. O uso de obras de arte nos mais diversos ambientes da casa, do escritório ou do apartamento é cada vez mais comum. Pinturas, gravuras, fotografias, esculturas, instalações são alguns dos muitos exemplos do que pode compor um ambiente e deixá-lo bonito, harmonioso, agradável e com as características de quem vai usá-lo. A arte como decoração, além de valorizar qualquer cômodo, todos os ambientes, pode ser o complemento enriquecedor para o local ficar “perfeito”. A vida do ambiente pode ser dada quando a arte é incorporada, compondo o que se quer daquele lugar.

Para o arquiteto Antônio Cláudio Massa, as obras de arte têm grande importância como registros culturais de cada época e lugar, sempre complementando a arquitetura, enriquecendo a experiência espacial de ambientes internos e externos. Massa pontua ainda que o planejamento dos interiores de qualquer edificação arquitetônica deve ter como objetivo a harmonia funcional e estética. “Avaliando nesse contexto a necessidade da inclusão de obras de arte adicionais ou apenas eliminar ou reduzir ao mínimo estas informações formais e cromáticas extras, para permitir que o espaço construído respire livremente com seus próprios valores escultóricos”, salientou. Para as escolas dos objetos de arte para o projeto de um cliente, o arquiteto afirma que o profissional sempre tem que buscar interpretar os valores e modo de vida dos seus usuários como indicadores das suas identidades e reais necessidades artísticas. “O projeto de interiores deve tratar coerentemente as três dimensões do espaço construído e a escolha das obras de arte segue um caminho pactual entre o profissional e seu cliente para um resultado coerente e duradouro”, argumentou.


Projeto do arquiteto Alexandre Suassuna

Projeto da arquiteta Alyssandra Delmas

Harmonia e arte Antônio Massa disse que o mais importante para uma especificação de obra de arte é a sua harmonia com o ambiente, considerando suas dimensões, cores, materiais e expressão artística. “Eu sempre fugir dos ‘modismos’ ou ‘tendências’, buscando os reais valores estéticos dos ambientes tratados, realçando a arquitetura e as obras de arte que se fizerem necessárias”, explicou. Ele lembrou ainda que cada edificação ou ambiente deve ter sua função e caracterização compatibilizada com a identidade dos seus usuários, exigindo do profissional a sensibilidade para captar a obra de arte apropriada.

Cereja do bolo A arquiteta Jussara Chianca classifica a arte da arquitetura de interiores como a cereja do bolo. “Podemos dizer que elas caminham juntas, que são indissociáveis. As obras de arte são por natureza atemporais, elas não precisam de suporte. ‘Ela vive por si só’”, opinou. Ela disse ainda que nenhum projeto estará finalizado e suficientemente bom sem o complemento de uma obra de arte, seja ela caríssima ou que possua apenas um apelo sentimental para quem há de admirá-la e


usufruí-la. “Considero e respeito a opinião dos meus clientes, então a escolha de uma obra de arte deve estar diretamente ligada com a sensibilidade, gosto de quem irá interagir e conviver naquele espaço, para que ele possa ter uma identidade e não apenas servir como objeto de decoração e encher os olhos de curiosos. O estilo de vida e a realidade do cliente são levados em conta”, afirmou. A obra de arte é a peça chave, o que confere personalidade a uma decoração, logo – jamais – se pode esquecer dos objetos garimpados em viagens, peças de coleção, livros, esculturas ou apenas uma simples gravura ou fotografia que possuam valor sentimental, objetos estes que irão representar a alma de quem irá morar. “O bom senso do profissional é muito importante mas a obra de arte jamais poderá ficar de fora”, pontuou.

Visão Além de arquiteto, Jonas Lourenço é artista visual, formado pela Universidade Federal da Paraíba. Ele tem dezenas de exposições de arte, individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, e está à frente da Galeria Louro & Canela, juntamente com a artista Jô Cortez, há 10 anos. Para ele, a tentativa de se definir a arte sempre causou muita polêmica e controvérsia, principalmente nos dias atuais, um mundo fluido onde fronteiras que separam o que é arte daquilo que não é,

muda com a mesma velocidade com que a autoridade responsável por essa classificação transita de mão em mão. “Jamais fora tão difícil evitar a experiência estética. A ‘obra de arte’ se perdera na enxurrada de palavras, sons, imagens, muranos, no ambiente do que um dia se teria chamado arte. A fotografia libertou a pintura do realismo, as vanguardas surgiram trazendo consigo uma nova forma de perceber e representar o mundo e, consequentemente, estenderam o leque de tudo o que poderia ser considerado arte. O pósmodernismo, que virou moda na década de 1980, varreu qualquer critério preestabelecido de julgamento e valor nas artes, ou seja, tudo pode ser considerado arte”, concluiu. Jonas disse que hoje as obras de arte são tratadas, principalmente, como investimentos. E, como um investimento, estão sujeitas aos altos e baixos do mercado, os preços são mais realistas nos períodos de crise. Os critérios para a valorização passam a ser mais rigorosos. “O hype dá lugar a uma perspectiva histórica, a uma consideração mais cuidadosa do conteúdo da obra. Isto favorece a qualidade em detrimento da badalação. Para resumir: Picasso ou Van Gogh jamais perderão o seu valor. Se não pode tê-los, busque referências nos artistas locais que não usam a arte apenas como decoração, mas apropriam-se dela para transmitir uma história de vida, que perdure pelos anos afora. A arte não descartável”, afirmou.


A escolha Lourenço disse que a sensação de liberdade de escolha e a flexibilidade proporcionada por um mundo onde as mudanças acontecem a todo o momento, e onde, para não se tornar um excluído, é preciso estar sempre atento às novas tendências e sempre em movimento, buscando um lugar que possa proporcionar o mínimo de segurança, fez surgir um sujeito fragmentado que está constantemente buscando a identidade que lhe foi subtraída. “Em um mundo fluído, onde a mudança é a palavra de ordem, a atenção do público é disputada pelos mais diversos meios, as opções são múltiplas, porém o tempo de permanência em cada uma delas é efêmero, qual o sentido da arte na sociedade contemporânea? Esses objetos de arte precisam dialogar com os moradores ou usuários dos espaços. A partir daí pode-se criar uma ambientação rica em detalhes, quer seja moderna, contemporânea ou clássica. Não pode faltar a identidade de quem vai usar o espaço, seja fotografias, esculturas ou telas”, disse

A arte Conservadora ou progressista, clássica ou experimental, alguns fins ainda permanecem, mas a forma de se produzir e consumir arte sofreu uma grande modificação ao longo dos anos. Novos materiais, novas tecnologias e, principalmente, novas maneiras de atingir o público, seja pela admiração causada pela beleza, pela repulsa causada pelo grotesco ou pelo estranhamento causado pela novidade. “Em um mundo povoado por tantos estímulos visuais é no mínimo estranho que as pessoas não sejam capazes de ver, ou melhor, de compreender uma imagem. É necessária a criação e difusão de um vocabulário compartilhado para a leitura e

entendimento das imagens. Mais do que produzir em profusão, precisamos incentivar a sua leitura, fazer com que as pessoas extraiam delas mais do que o simples prazer visual, procurem o conhecimento e tenham condições de identificar a relevância de uma obra”, afirmou Lourenço. Ele continua dizendo que o público precisa aprender a ver, a fazer a leitura das imagens, saber diferenciar as várias mensagens que são enviadas a todo o momento em profusão, mas principalmente precisamos refletir se em uma sociedade onde o tempo é pontilhista e tudo é feito, ainda há lugar para aquela velha arte que atravessa os séculos. “Devemos simplesmente nos conformar e ver todo o potencial humano rendido aos caprichos do mercado, muitas vezes ditadas pelo profissional da arquitetura e design, ou devemos procurar uma forma de valorizar esse potencial?”




ARQUITETURA

À ITALIANA Casa no interior de São Paulo conta com detalhes rústicos e estilo elegante que lembra a região da Toscana, no país europeu Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

C

om inspiração nas elegantes residências italianas, o arquiteto Giuseppe Cafasso projetou o mais novo trabalho dele, na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo. A casa tem mais de 300 m² e conta com um ótimo aproveitamento dos espaços internos, fluidez nas linhas e um tom poético que nos remete àquele país europeu. Além disso, neste novo projeto, Cafasso executa com maestria sua característica de fazer a interlocução do interior da casa com a natureza ao seu redor. Ainda há áreas gourmet e social voltadas para o jardim, ou seja, espaços integrados com harmonia, delicadeza e muita precisão.


“A família queria uma casa bem arejada e cheia de verde. Então foi feita com estilo rústico, com tijolos de demolição. Para que a família pudesse ter esse contato com o verde e também com a área externa e a piscina, foram feitas portas e janelas de vidros”, conta Cafasso. “A estrutura da casa foi feita com toras de eucalipto. A necessidade deles era ter uma casa grande e aconchegante que pudesse acolher seus filhos e netos. Outra necessidade, era de ter a entrada de luz natural durante o dia, sem que precisasse da luz artificial. Como a dona adora o verde, ela queria ter essa interação total com as plantas, eles não queriam ficar em uma casa comum e fechada”. O estilo rústico e ao mesmo tempo elegante faz do projeto uma releitura incrível das típicas casas da Toscana, na Itália. Uma verdadeira obra de arte que transforma poesia em uma residência erguida com pinho de riga, madeira de demolição, roliço de eucalipto, entre outros materiais selecionados. Ainda há detalhes em móveis cuidadosamente escolhidos para complementar o ambiente, como peças variadas com diversos tons de branco com pinceladas de nuances neutras. Esta decoração conversa naturalmente com o verde do jardim e traz mais paz ao local. A intenção foi fazer uma casa que conseguisse acolher a família, a moradora conseguisse fazer sua horta e plantar suas plantas e trazer amigos para fazer uma festinha. No interior da casa foram usados materiais artesanais, como cerâmicas, ladrilho hidráulico e pastilhas de vidro. Giuseppe Cafasso reforça que seu objetivo sempre foi dar um tom poético à casa, desde a valorização dos volumes e passando por contornos visuais delicados e harmoniosos. Tudo isso para inspirar e provocar uma observação diferente das pessoas em todos os cantos e aberturas da residência.


Detalhes rústicos A sala foi pensada para suprir a necessidade do cliente, que seria uma sala ampla, bem iluminada, com um estilo rustico chique. Os móveis são clean para contrastar com as cores da parede. A solução mais significativa foi fazer a sala de estar inteira de vidro, para que a família pudesse ter muita luz natural, além de economizar energia. Já a sala de jantar é integrada com a sala de estar, pois os proprietários querem estar sempre perto da família. A mesa e as cadeiras são de estilo rustico chique, com um pendente de cristais e obras de arte por todo o ambiente. A varanda é bem ampla com uma piscina e com muito verde ao redor. Os móveis da área externa são de estilo rústico e as paredes são de tijolo de demolição. A proprietária da casa pediu para que o muro da casa fosse baixo para que ela tivesse uma visão ampla do que acontece ao seu redor. A área da churrasqueira também é bem rústica com móveis claros e com muito verde ao seu redor. Assim foi possível suprir a necessidade do cliente que é sempre ter a família ao seu redor.

Referência ecológica Há 34 anos no mercado de arquitetura, Giuseppe Cafasso possui um trabalho harmonioso, com a fluidez das linhas e aproveitamento intuitivo dos espaços. Busca as tendências das casas ecológicas e sustentáveis em seus projetos, pois é adepto de materiais sustentáveis como pinho de riga, roliço de eucalipto, madeira de demolição, entre outros. Suas principais inspirações são as vilas italianas, a poesia, a música clássica e o meio ambiente. “Nesse projeto, por exemplo, tivemos como aliada a economia de tempo da obra, pois a estrutura da casa foi feita com toras de eucaliptos, que é mais rápido que que fazer uma estrutura de concreto armado. Além disso é ecologicamente correto, o que nos deixa muito felizes”, finalizou.

Projeto: Arquitetura Residencial Unifamiliar Arquiteto: Giuseppe Cafasso Churrasqueira: Bella Telha Móveis: Arte Móveis Rústicos, Tok & Stok e Breton • Piso : Joli Revestimento de parede: Tijolo de demolição-Loja Imperium Brasil + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br



INTERIORES

MOTOCROSS E ROMANCE Apartamento recebe tons leves e sofisticados e dá atenção aos filhos adolescentes do casal Texto: Carla Stellato | Fotos: Leandro Farchi


U

m apartamento com 107m² foi pensando para uma família com um casal de filhos adolescentes. Os arquitetos os arquitetos Daniele Guardini e Adriano Stancati, buscaram fazer ambientes cleans, modernos, jovens, funcionais e despojados. Com uma planta inteligente e boa distribuição dos cômodos, os mobiliários foram definidos e posicionados de maneira que os espaços ficassem amplos e fluidos. A cozinha, que apesar de bastante compacta, teve distribuição inteligente, foi feita uma integração do balcão da cozinha para a sala de jantar. A proposta foi fazer uma distribuição de layout bem elaborada, aproveitando o máximo possível de cada ambiente. Na área social, a sala com acabamentos em cores claras integrase à sala de jantar e à cozinha, através



de uma bancada. Essa por sua vez, por ser integrada, segue com madeira nos tons usados no living e jantar. A estante desenhada com formas irregulares, quebra a seriedade. Na varanda um futon e a estante com plantas convidam ao descanso. O tom de azul turquesa dá

vida aos ambientes. Entre os quartos, o corredor virou escritório, proporcionando uma otimização de espaço. No quarto do menino, o painel adesivado sobre a cama expõe sua paixão por motocross. Tons de madeira e jeans predominam. No quarto da menina, tons de rosa e nude refletem seu romantismo. A


prateleira estendida pela parede serve para seus objetos e tambĂŠm para apoiar o espelho, que inclinado funciona como um camarim ao lado da escrivaninha. No quarto do casal, tons de creme e branco criam ar aconchegante e clĂĄssico. A cabeceira em couro contrapĂľe-se com os criados revestidos de espelhos.

Projeto: Interiores Arquitetos: Daniele Guardini e Adriano Stancati + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br


REPRESENTANTE OFICIAL

Balizadores Zero, sistemas Linear e ST5. Projeto 1:1 Arquitetura, fotografia Haruo Mikami

Av. Geraldo Costa 601, Manaíra – João Pessoa (83) 3226 2622 www.lightdesign.com.br


ILUMINAÇÃO

EFEITO CENOGRÁFICO Iluminação destaca projeto moderno de flat na capital paulista Texto: Graziela do Rosário | Fotos: André Monteiro


U

m flat já é sinônimo de conforto e comodidade, pois agrega serviços essenciais para o dia a dia em um único lugar. Quando esse apartamento recebe um projeto jovial, com cores despojadas e iluminação moderna, a experiência se torna ainda mais completa e personalizada. E esse foi o conceito de um flat, localizado em São Paulo, idealizado pela arquiteta Fernanda Trindade em parceria com a Guido Iluminação e Design. A paleta de cores utilizadas foi voltada para os tons amadeirados, bege, cinza e azul, com características modernas e masculinas. A iluminação ressalta os detalhes do projeto e valoriza cada detalhe do residencial de 50 m². O piso vinílico e o papel de parede, unidos ao LED linear azul na sala de estar e jantar, dão o toque sofisticado e moderno ao apartamento, proporcionando um acabamento único. No jantar, um pendente personalizado adorna e combina perfeitamente com o mobiliário escolhido, enquanto que o conjunto de arandelas assimétricas completam o ar de contemporaneidade e são o destaque da decoração do living. Em um dos dormitórios, a iluminação embutida e o abajur com design despojado criam a sensação de aconchego. Seguindo o restante do apartamento, o ambiente recebeu papel de parede em tom amadeirado, mas, em contraponto, detalhes em azul criam uma experiência visual única.


Na suíte master, a grandiosa cama unida com os quadros, iluminação e paleta de cores demonstra a personalidade jovem e funcional do cliente.

A importância da iluminação É muito importante que num projeto sejam oferecidos produtos de referência e atentos às inovações do mercado, com serviço de uma boa instalação e uma avaliação de efeito final. Atualmente, a iluminação é considerada responsável, em média, por 80% do sucesso no projeto final. Um projeto de iluminação vai muito além da escolha

de modelos, cores e tamanhos de peças decorativas, já que a luz é um elemento fundamental na concepção e criação de um espaço. A iluminação deve ser trabalhada como uma arte e ter como resultado a capacidade de provocar reações emocionais e diferentes sensações nas pessoas. Nesse projeto não foi diferente, todo o clima e atmosfera gerados se deve a iluminação e sua boa conceituação, alcançando assim o resultado final desejado.

Projeto: Interiores e iluminação Arquiteta: Fernanda Trindade em parceria com Guido iluminação



CAPA


MAIS ESPAÇO Projeto de apartamento em João Pessoa dá preferência a cômodos grandes e muito conforto Texto: Débora Cristina | Fotos: Vilmar Costa

U

m apartamento localizado no Altiplano, em João Pessoa, é o lar dos sonhos de um casal de médicos e dois filhos pequenos. O projeto do arquiteto Leonardo Maia priorizou o conforto da família e adaptou os mais de 500 metros quadrados, que poderia ter até cinco quartos, para três de metragem bem mais generosa e ampla. Além disso, foi priorizada uma área social fantástica, já que o casal de médicos tem um perfil moderno, adora viajar, curte gastronomia e um vinho. Assim, eles podem receber os amigos e desfrutar de um apartamento com dimensões que trazem muito conforto para todos. “Nesse projeto conseguimos usar o que há de melhor no mercado. E como pegamos o projeto ainda na planta deu pra adaptar tudo ao gosto do cliente, trabalhamos minuciosamente todo o imóvel de acordo com base


no perfil deles, desde o início da concepção da planta. Tudo foi milimetricamente calculado. Foram três anos de processo para a gente montar e chegar nesse resultado final, que eu considero um apartamento de alto padrão”, afirmou Léo. Segundo ele, o casal aprecia que na casa deles tenha só produtos de qualidade com rigor na captação dos móveis e no detalhamento das bancadas. Léo Maia explicou ainda que nesses grandes apartamentos existem áreas sociais cada vez mais conjugadas, espaços gourmet onde os proprietários podem receber familiares e amigos com muito conforto e equipamentos super modernos, uma



cozinha generosa com uma área de serviço pra atender toda a demanda, incluindo uma sala de home theater, além de área de living com três ambientes. “Todo o imóvel tem equipamentos de uso para o dia a dia e para ocasiões especiais bem interessantes e com o que há de mais moderno no setor”, afirmou. Um dos destaques deste apartamento fica por

conta da adega especial, feita toda em vidro e que fica voltada para a sala. “Ela foi um pedido do dono do apartamento e fizemos com o maior carinho. Nela, cabe cerca de 120 garrafas, é toda climatizada, com nichos e mais nichos para trabalhar vinhos, taças e etc. Equipamos com o que há de mais moderno. É um espaço onde ele tem um living ao lado, onde pode



receber as pessoas especialmente para degustar esses vinhos, confortavelmente sentados em poltronas especiais”, disse o arquiteto. Ao entrarmos na suíte master do casal, que é ampla e cheia de conforto, percebemos um espaço de escritório que fica à parte e tem um ar moderno, onde foi usado um conceito de hotelaria com um frigobar e móveis projetados. Nesta suíte, também é possível encontrar uma sala de banho dos sonhos, com uma banheira relaxante, um ambiente de spa, um espaço de chuveiro extremamente generoso, perfeito para ser usado depois de um dia cansativo de trabalho e poder relaxar. O closet teve cada espaço milimetricamente projetado. Quando entramos no quarto das crianças, temos um mundo de sonhos. O do menino, o arquiteto optou por uma composição do silver e do marinho que o garoto vai demorar a cansar, porque é atemporal e elegante. Já no da menina, foi possível trabalhar um quarto de princesa bem moderno e planejado. “Tudo com base no mais rigoroso pré-requisito de iluminação e conforto visual e termos de paleta de cores visual”. Os móveis foram feitos todos desenhados e planejados especialmente para cada ambiente, trabalhando a composição de laminados só com pintura automotiva, predominantemente assim, muito deles com laca ou com laminados lisos, neutros e atemporais, perfeitos e efetivos para um apartamento de longo prazo ou em caráter definitivo, porque




+ imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

não vai cansar. “Temos laminados lisos em cores extremamente sóbrias para combinar com a paleta de todo o material escolhido, a exemplo de móveis e estofados e peças de design que foram extremamente pensados e escolhidos a dedo”, contou Léo. Na iluminação, Léo Maia trabalhou todos os múltiplos efeitos que um projeto luminotécnico pode oferecer. São cenas de efeito em diversos pontos que ele quis valorizar, como por exemplo nas colunas super robustas da sala, as paredes que foram adornadas pelos painéis e as estantes. Além disso, claro, foi usada a iluminação funcional, como já é de praxe, tudo com o uso do LED, que já é algo consolidado e irreversível. “Foi um imóvel muito prazeroso de trabalhar e com um resultado final fantástico. Foi um projeto realmente que os clientes nos deram muita liberdade pra trabalhar e trabalharam junto com a gente nesse sonho”, finalizou Leonardo, cheio de orgulho e alegria.

Projeto: Arquitetura de interiores Arquiteto: Leonardo Maia Modulados: Florense • Móveis: Artefacto e Tok de Casa • Bancadas : Oficina do Granito Iluminação : B&M • Decoração: Bazaart • Persianas : Persiart Esquadrias : Fecimal, Arte e Madeiras • Revestimentos: Portobello e Oca


VIAGEM DE AQUITETO

MEDELLÍN, CIDADE DA INOVAÇÃO MUNDIAL A volta por cima de uma cidade marcada pelo tráfico de drogas

A

Colômbia muitas vezes figurou em nosso imaginário por um um passado sombrio ligado a problemas com o tráfico de drogas. A história do cartel de Medellín e de seu protagonista Pablo Escobar dominaram os noticiários policiais na década de 1980 e atualmente é motivo de sucesso na TV com a série Narcos com Wagner Moura. Todavia, o que nem todos sabem é que esta cidade, hoje com pouco mais de 2 milhões de habitantes, não só conseguiu vencer a violência ligada à cocaína como é considerada atualmente a cidade da inovação mundial. Por este motivo sediou em maio do ano passado o Fórum Urbano Mundial, evento organizado pela ONU, recebendo milhares de estudiosos das cidades e seus problemas, além de gestores e chefes de estado de todo o mundo. Tão ou mais gratificante como assistir conferências como do ex-prefeito de Medellín Sergio Fajardo, do atual prefeito de São Paulo Fernando Haddad e do Prêmio Nobel em economia Joseph Stiglitz, foi conhecer in loco tais transformações junto com grupos de arquitetos de vários países. Medellín, como qualquer grande cidade da América Latina, sofreu e sofre as chagas urbanas advindas de uma industrialização tardia e precária associada à má distribuição de renda e que gerou, além dos problemas de violências já citados, um alto déficit habitacional com baixo acesso a serviços


básicos refletido em uma segregação espacial latente que aparece, assim como no Rio de Janeiro, na ocupação dos morros em volta da cidade formal por favelas ou “comunas” como eles chamam. O fato de a cidade ter se originado em um vale às margens do Rio Medellín oferece por um lado um belo skyline de montanhas com mais de mil metros de altura, e por outro a impressionante precariedade das construções das encostas. Por outro lado, o clima, a música, gastronomia, o rum e o calor humano dos colombianos nos colocam em um clima colorido como uma tela do artista as Fernando Botero, muito mais parecido com a cultura nordestina brasileira do que países como Argentina e Chile. Mas nada impressionou mais do que as obras recentes de arquitetura e urbanismo. Fruto de um esforço da administração central da Colômbia, dos gestores do município e do colégio de arquitetos local, uma série de intervenções urbanas articuladas entre si e com outras políticas públicas transformaram a cidade e são representadas por slogans como “cidade para a vida”, “o melhor para o mais pobre” e “equidade e desenvolvimento”. No urbanismo, destaque para as obras de mobilidade, como o metrô de superfície, o BRT e os teleféricos (lá chamado de metrocables). Impressiona também a quantidade e os baixos dos taxis, mas também a beleza da informalidade dos micro-ônibus, sempre muito enfeitados e coloridos. Impressiona também a qualidade dos equipamentos públicos vinculados aos sistemas de transportes: estações de embarque, escadas rolantes públicas, bibliotecas públicas e centros cívicos. Na arquitetura, uma série de concursos públicos de projetos revelaram jovens e talentosos arquitetos como os irmãos Mesa do Plan B e presentearam a cidade com excelentes equipamentos, como o Complexo Esportivo para os Jogos Sul-Americanos de 2010, o jardim Botânico e várias escolas e bibliotecas instaladas em comunidades pobres da cidade. Por fim, além da boa impressão acerca da cidade e sua população, ficaram duas lições fundamentais. A primeira é ver que as cidades brasileiras podem e devem resolver seus problemas urbanos e sociais, pois um país mais pobre e mais desigual como a Colômbia tem provado isso em Medellín e em outras cidades. A segunda e mais importante (e emocionante) lição foi ver como a profissão de arquiteto e urbanista pode contribuir nestas transformações, e que qualidade de projetos e obras pode provocar grandes mudanças sociais. Texto e Fotos: Fabiano Melo


ACERVO

HISTÓRIA

E CUIDADO Ainda em atividade, o Santa Isabel foi o primeiro grande hospital de João Pessoa Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação


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onstruído na época que o neocolonial se consolidava, o Hospital Santa Isabel, assim como outras construções de João Pessoa tem as expressões do neocolonial luso-brasileiro. Sua construção teve início em 1908, pois, com o crescimento da cidade, havia a necessidade de um hospital que pudesse suprir o aumento da população. A inauguração foi em 1914, seis anos depois do início da construção. Pertencente a Santa Casa de Misericórdia, o Santa Isabel substituiu um outro hospital, que ficava nas cercanias da Igreja da Misericórdia, no centro da cidade. Este outro hospital funcionou até 1924, quando começou a ser demolido.

O Santa Isabel, que hoje - segundo a Secretaria de Saúde de João Pessoa - é referência em atendimento cardiológico e realiza cirurgias eletivas, já foi um grande hospital de urgência e emergência e também uma grande maternidade. Na época da sua inauguração possuía apenas um pavimento. Em 1940 aconteceu a primeira grande ampliação, sendo colocado o primeiro andar sobre duas das alas do prédio (ala sul e ala leste). No decorrer dos anos, até 1950, reformas foram feitas no prédio, mas apenas em 1965 foram construídas a escadaria, rampas de acesso e o abrigo para ambulâncias. Em 1968 foi instalada a maternidade do hospital. No começo dos anos 1970 iniciou-se a construção do primeiro andar das demais alas do hospital. O hospital possui ainda um solário, de onde é possível ter uma bela visão da cidade de João Pessoa.


INTERIORES E MODA

2016, O ANO “POP ART” DAS CORES! Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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ntramos em 2016 com algumas palavras de ordem no que diz respeito à moda e décor, dentre as mais comentadas destaca-se: abusar da arte, se desconectar da tecnologia, estar mais perto da natureza e viver e vestir mais jovialidade e alegria. E para pôr em prática tudo isso, os desfiles abusaram das cores alegres e estilo jovial em cortes assimétricos, tecidos artesanais, bordados, mistura de estampas, maxi floral, desenhos marroquinos em cores quentes, além da forte tendência em padrões geométricos. Dentre as referências de estilos presentes nessas novas coleções, destaca-se o “pop art”, que para a moda traz além das cores vibrantes e contrastantes, a estampa Artsy, que nada mais é que linhas largas e com cores diversificadas, rabiscos que parecem canetas na paleta de cores ton sour ton, ou ainda desenhos que parecem ter sido feitos sem a menor técnica que remetem à caricatura.



O estilo pop art começou a surgir no final da década de 1950 no Reino Unido e nos Estados Unidos, sendo caracterizado pelo mix de elementos como fotografias, colagens e repetições de imagens que evocam produtos industriais produzidos em série e celebridades idolatradas pela mídia, de materiais como tinta acrílica, látex, poliéster e outros em cores intensas e vibrantes. Atingindo a maturidade na década de 1960, o pop art criticava de maneira irônica a vida cotidiana com seu materialismo e consumismo, o que se aplica totalmente ao nosso desejo atual de se desconectar da ideia seca e monótona do consumismo desenfreado. O principal nome desse movimento foi Andy Warhol, famoso pelas suas obras que reproduziam imagens de ícones como Marilyn Monroe, Elvis Presley, Elizabeth Taylor e Marlon Brando, além de produtos enlatados, automóveis, ilustrações em geral e produtos de design. O estilo que marcou toda uma geração está em alta em 2016 e promete muita diversão e jovialidade através das cores e da mistura entre moderno e retrô, trazendo enumeras possibilidades na decoração que deixa um pouco de lado o minimalismo das cores neutras e traz aos ambientes um pouco mais de criatividade e originalidade. Algumas tendências como cinza misturado com cores vibrantes, mantendo o estilo industrial, espírito jovial e urbano com paredes coloridas, móveis retrô laqueados, agrupamento de nichos, luminárias divertidas e decoração em temas de humor, são algumas das manifestações mais atuais do estilo. É importante lembrar que uma ambientação que tem como ponto chave esse estilo, merece alguns cuidados específicos, pois a tentativa de misturar cores fortes, figuras divertidas e elementos retrô podem tornar-se saturada e cansativa, portanto algumas regras básicas, como utilizar uma cor neutra como base para no máximo duas cores contrastantes, aliadas a toques de pequenos elementos em cores fortes como quadros, pôsteres, puffs e almofadas, com certeza irão formar uma atmosfera versátil, criativa e fácil de fazer. As cores mais utilizadas são tons de verde, azul, rosa, amarelo e vermelho, e as estampas geométricas em tapetes ou papéis de parede sempre se tornam arremates de sucesso. Em 2016 use e abuse das cores, da criatividade, da liberdade de expressão, daquilo que te faz feliz...



INFORME PUBLICITÁRIO

ENTREVISTA

Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

1998. O profissional que ministra nossos cursos tem uma visão real da necessidade profissional das pessoas que estão ali para fazer o curso. Isso traz uma visão diferenciada para nossos alunos. Qual a metodologia usada por vocês? OD – Metodologia de repetição. Assessoramos o aluno todo tempo para observar se ele não está errando ou acertando, tirando suas dúvidas. Não passamos para um próximo assunto enquanto a turma não estiver nivelada e tiver aprendido todo o assunto já ministrado. Fazemos exercícios passo a passo para melhorar o desempenho do aluno. Fazendo uma avaliação final, aonde o mesmo verificará se está dominando o conteúdo. Caso contrário poderá ser realizado uma revisão submetendo-se a uma nova avaliação.

O SCAR DANTAS

Tecnologia se aprende

Quem trabalha nas áreas de engenharia e arquitetura sabe que é primordial saber lidar com as ferramentas tecnológicas que a profissão disponibiliza. Para suprir a necessidade dos profissionais, a Paraíba tem uma empresa especializada, com cursos presenciais e um suporte de até três anos para os alunos sanarem suas dúvidas. A StúdioArq foi pensada pelo Técnico de Edificações e estudante de Engenharia Civil, Oscar de Oliveira Dantas Junior, e está no mercado desde 1999, trazendo soluções para os alunos que precisam lidar com vários tipos de ferramentas tecnológicas. Além disso, a equipe da empresa também é responsável por projetos arquitetônicos e de instalações prediais na Paraíba, inclusive com certificação Leedque, selo LEED e medalha Silver de construção sustentável na categoria Novas Construções. Como surgiu a ideia de fazer cursos de informática focando nos profissionais que trabalham com Engenharia e Arquitetura? Oscar de Oliveira Dantas Junior - Surgiu da paixão pela área profissional. Além disso, percebi a necessidade que profissionais e estudantes da área possuem em dominar esses recursos para exercer bem seu trabalho. Quais são os cursos oferecidos? OD– Auto CAD 2D e 3D, Revit BIM, Excel Avançado, Orçamento para Obras, Sketchup, Decoração para leigos, CADD Proj, Active 3D. Qual o diferencial desses cursos? OD – O diferencial está na proposta “vip”, onde cada curso terá um número limitado de alunos, com uma assistência individualizada. Temos experiência na área de projetos desde

Como fica o desempenho dos alunos depois de fazer o curso na Studioarq? OD – Entre outros fatores, melhora a produtividade, desempenho, agilidade nos resultados e segurança ao finalizar um projeto. Consequentemente, haverá um melhor ganho financeiro. Qual a diferença do profissional que faz o curso na Studioarq daquele que aprende a usar a ferramenta sozinho ou que faz o curso em outro local? OD – Mesmo tratando-se de um aluno autodidata, ele em determinado momento poderá sentir dificuldade em assimilar o conteúdo. Entretanto, fazendo o curso presencial com o instrutor a sua disposição para tirar dúvidas, esclarecer os problemas que por ventura surgirem, torna-se um curso dinâmico e eficaz. Esse profissional consegue trabalhar mais rápido? OD – Sim, não só mais rápido, como também estará mais seguro, haja vista que terá suporte durante o curso e póscurso, pois damos assistência de três anos para que o aluno tire dúvidas conosco. Ele se sentirá mais dinâmico e capacitado e o trabalho fluirá melhor, pois no curso simularemos com projetos práticos. Por que dar um suporte de três anos aos alunos ? OD – Trata-se de um diferencial do cursos do Studioarq, uma vez que o aluno terá esse apoio pós-curso, no caso de surgirem dúvidas relacionadas a prática do dia a dia. Ao longo da experiência, verificamos que era primordial essa assistência individualizada do suporte. Isso mostra o compromisso da empresa com o aluno. Por que o curso é totalmente presencial? OJ – Existe uma infraestrutura própria para o aperfeiçoamento de cada aluno. Além de que, todas as dúvidas e dificuldades que por ventura surgirem serão solucionadas em tempo real. Em sala de aula o aluno terá um melhor rendimento. Qual a diferença que o profissional vai sentir depois que fizer o curso? OD– Terá uma visão ampliada na área de informática, terá o suporte de três anos. Além de uma base sólida para os cursos que surgirão no decorrer da sua experiência profissional. A Studioarq também tem um lado de responsabilidade social. Como isso funciona? OD – Visando uma proposta social o Studioarq tem uma preocupação com o lado social, humano. O aluno com poder aquisitivo baixo poderá receber uma bonificação que pode ser de 50% ou mesmo uma bolsa integral do curso desejado. Para isso, temos alguns critérios, que são a comprovação de estudarem em rede pública ou de terem sido bolsistas em escola particular, ter uma renda familiar baixa, ter apenas um aluno nesta situação por turma e ter vontade de aprender.



PAINEL

PRÊMIO IAB.PB 2015 A qualificação do espaço urbano como manifesto

N

o último dia 15 de dezembro, dia do arquiteto, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Paraíba realizou a abertura da Mostra Paraibana de Arquitetura e a premiação dos trabalhos inscritos. Segundo a coordenadora do evento, a arquiteta Paula Ismael, o objetivo é apresentar, discutir e divulgar experiências ligadas à arquitetura e ao urbanismo na Paraíba ou realizadas por profissionais paraibanos. O evento realizado na Casa dos Arquitetos, sede do IAB.pb localizada no Centro Histórico de João Pessoa, contou com a presença de arquitetos e urbanistas, estudantes das escolas de Arquitetura e Urbanismo sediadas no estado, além da sociedade civil. Após estabelecer duas etapas para a seleção (uma à distância e individual, outra presencial e coletiva), a comissão julgadora “decidiu premiar trabalhos que aportam contribuições positivas para a cidade e assumem um caráter de exemplaridade ao qualificar o espaço urbano” (trecho retirado da ata publicada pelo júri), concedendo três prêmios e seis menções honrosas. A banca foi composta por Carlos Alberto Maciel (Arquitetos Associados/UFMG), Fabiano Moreira (Câmara dos Deputados/MGS), Xico Costa (PPGAU/UFPB), Heitor de Andrade Silva (CAU/UFCG), Lucas Fehr (Mackenzie/Estúdio América) e Mércia Parente Rocha (Presidente da Comissão Julgadora/IAB. pb/Unipê). De acordo com Fabiano Melo, presidente do IAB.pb, três segmentos receberam os troféus elaborados pelo artista plástico Roberto Romero: os premiados, as menções honrosas e os homenageados. Na categoria Arquitetura de Edificações, o projeto “Teatro da Juteca”, de Ernani Henrique Júnior, Rebeca Conserva e Tatiana Rodrigues, foi o vencedor. Já em Produção Teórica, o premiado foi “Quadra Híbrida no Cotidiano dos Bairros”, de Marco Antônio Suassuna Lima, e em Estudantes, Thyago Ramon levou o prêmio com o projeto “Escola de Aplicação da UFPB”. Os alunos Bruna Pontes, Marco Sousa e Roberta Gomes foram os vencedores na categoria Fotografia com “Cidade Para Quem?”, enquanto os também universitários Manoella Cavalcanti, Marihana Lima e Raphael Albuquerque venceram a categoria Ação Social com o projeto “Ocupaçude”, ambas decididas por voto popular. Os projetos “Ateliê Experimento” (Paulo César Lopes e Susana Freire Borba), “Casa IF” (Kleimer Martins e Márcio Lucena), “Residência RS” e “Atlantis Office Design” (ambos de autoria de Antônio Massa, Ernani Henrique Júnior e Silvia Henrique), todos estes na categoria Arquitetura e Edificações; “Requalificação Urbana da Comunidade da Feirinha de Mangabeira” (Victor Hugo Ferreira), e “Parque das Estações – Diretrizes Projetuais” (Raphael Albuquerque dos Santos), na categoria Estudantes; receberam menções honrosas na premiação.


A cerimônia ainda contou com homenagens ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, que recentemente completou 40 anos, e à instituição Oficina-Escola, que trabalha com a restauração do patrimônio histórico da Paraíba e qualifica jovens em situação de vulnerabilidade social. A Mostra Paraibana de Arquitetura, com todos os trabalhos selecionados, continua em exposição na Casa dos Arquitetos até março de 2016, e segue posteriormente para outros locais que em breve serão divulgados. Texto e fotos : Assessoria de Comunicação (Vulpi Comunicação Cultural)


CARTA DO LEITOR

Nós queremos ouvir você É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contato@artestudiorevista.com.br Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Parabéns pela maravilhosa matéria da história do chuveiro, muito esclarecedora e completa. Gosto muito dessa seção. Juliana de Brito João Pessoa, PB

Gostei muito da matéria da história dos chuveiros, muito completa. Nessa mesma abordagem vou dar uma sugestão: que tal falar sobre a segurança da parte elétrica? Espero esse tema numa próxima edição. Parabéns a toda a equipe. Valder de Souza João Pessoa, PB

Estou gostando muito dessa nova abordagem de finalizar com um texto leve e que faz a gente pensar. Essa última página de ponto final foi uma grande sacada. Parabéns!

Muito bom o projeto. Parabéns a Annelise Lacerda. Lugar convidativo e agradável de se permanecer. Ana Rita João Pessoa, PB

Annelise Lacerda, excelente projeto, excelente fachada e interior. Parabéns! Karla Leone João Pessoa, PB

Obrigada a todos que nos enviaram e-mails. Pelos elogios e pelas sugestões que serão atendidas. Abraço. Equipe Artestudio

Carol Toscano João Pessoa, PB

Nosso problema com a violência urbana é um dos maiores enfrentados pela sociedade na atualidade e apresentar isso de uma forma ainda mais abrangente, como um problema também das cidades foi muito bem estruturado pela Amélia Panet em seu artigo. Parabenizo pelos temas sempre pertinentes a todos que fazem a revista. Ivan Melo João Pessoa, PB

Sempre pensei que a revista Artestudio fosse só para arquitetos e fiquei surpresa com a última edição que abordava temas que fazem parte do conjunto, mas também agrada a pessoas que não são da área. Estou no aguardo do próximo artigo de vida profissional, o texto me ajudou muito e veio até às minhas mãos no momento certo. Obrigada por fazerem um material com tanto conteúdo. Maria José de Lima João Pessoa, PB

A AE é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83) 3021.8308 / 99857.1617 R. Dep.Tertuliano de Brito, 348 - Bairro dos Estados, João Pessoa / PB , CEP 58.030-044

revistaae revArtestudio

Belo projeto, boa apresentação que me fez desejar conhecer o lugar. Parabéns à arquiteta do restaurante Filetto. José Emiliano Campina Grande, PB

Artestudio Marcia Barreiros co nt ato @ a r te s t u d i o r ev i s t a . co m . b r

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ENDEREÇOS PROFISSIONAIS DESSA EDIÇÃO: DANI GUARDIN E ADRIANO STANCATI Rua Dr. Emilio Ribas, 1082, 1º andar Galeria Thiers – Cambuí, Campinas – SP. +55 (19) 3790.2900 contato@gsad.com.br www.gsad.com.br FERNANDA TRINDADE Rua Goiás, 91 altos – Boqueirão Santos,SP +55 (13) 3472-7377 / 98873-4885 GIUSEPPE CAFASSO Rua João Previtalle, 2780 - Santa Cruz Valinhos - SP, CEP: 13272-400 + 55 (19) 3829-4037 LEONARDO MAIA Av. João Câncio, 993, Manaíra. João Pessoa - PB + 55(83) 3021.1818 / 98898.2100 contato@leonardomaiaarquitetos.com leonardomaiaarquitetos.com.br

PREMIAÇÃO

No 7° Prêmio Nordeste de Excelência Gráfica José Cândido Cordeiro, que aconteceu em Recife, uma das peças premiadas foi a edição especial da revista Artestudio na categoria guias, manuais e anuários impressas pela Gráfica JB. Ficamos muito felizes com a notícia e por termos essa parceria com a JB. Nossos parabéns, não só pelo sucesso nesse evento, mas por oferecer a todo o Nordeste serviço com grande qualidade e excelência há mais de 30 anos!



PONTO FINAL

TUDO O

QUE EU PRECISO

Foto: Divulgação

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udo o que eu preciso para viver, carrego sem ocupar as mãos. Tudo o que eu preciso para ser feliz não se transporta numa caixa, não se guarda numa bolsa, nem pesa nos ombros. Carrego comigo o que é possível para me movimentar livre, nesse mundo tão cheio de coisas. As coisas que eu carrego não têm peso, nem forma nem volume. São coisas que me alimentam sem que eu precise comer. Que me locomovem sem que eu precise caminhar. Que me alegram, sem que eu precise comprar.

Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais. A dignidade conquistada com o meu trabalho. As lições aprendidas na dor. O amor dos meus afetos. E a força da minha fé. Com isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem. Assim fica mais fácil viver e andar por aí. Porque coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão. As coisas que não cabem no coração, pesam nos braços. Por isso eu carrego só coisas que caibam aqui, nos sonhos que eu inventei pra ser feliz.

LENA GINO

mundoparalelog.blogspot.com.br




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