Revista AE 51

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Ano XIII - nº 51

www.artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

A OPÇÃO PELO ESPAÇO

Em projeto de apartamento, clientes preferiram abrir mão de muito quartos por cômodos maiores e mais confortáveis

NO SERTÃO

Projeto na cidade paraibana de Sousa uniu conforto e religiosidade

MARIDO E ESPOSA

Gostos diferentes precisaram ser unidos em projeto de interiores no Paraná

NOVO POINT DA GASTRONOMIA Paineis com recortes vazados são destaque em restaurante

+ Entrevista com Ricardo Botelho, a história do prédio da Fundação Cultural de João Pessoa, o criador da Sidney Opera House


M A D R E P É R O L A

A semijoia que já faz sucesso em painéis de iates, jatos particulares, automóveis de luxo e acessórios da alta costura chega agora aos móveis Florense. A madrepérola é uma matéria-prima natural semipreciosa encontrada na

parte

interna

de

algumas

conchas

marinhas.

Fiel

aos

preceitos

da

sustentabilidade, a Florense adota − com exclusividade nas Américas − a madrepérola Superlativa®, marca de excelência que é referência mundial do luxo, oferecendo um produto raro, durável, impossível de imitar e derivado de uma cadeia de produção sustentável com certificação eco-friendly Ecocrest©.

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Ano XIII

SUMÁRIO

Edição 51

CONHEÇA 16 LIVRO Desatando Nós mostra como resolver problemas

18 LIVRO Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba

22 GRANDES ARQUITETOS O dinamarquês Jørn Utzon marcou o século XX com a Ópera de Sidney

26 A HISTÓRIA DE A criação do chuveiro e a revolução da higiene pessoal

70 AMBIENTAÇÃO Vinho ganha espaço no lar dos brasileiros

72 ACERVO Com fachada que resiste há muitas décadas, o prédio da Fundação Cultural de João Pessoa ainda é lembrada como sede social do Clube Cabo Branco

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ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 10 Amélia Panet fala sobre o drama da vida urbana VIDA PROFISSIONAL 12 Tom Coelho aborda os problemas pessoais no trabalho VÃO LIVRE 14 Carlos Salamanca alerta. Construção civil: escolha dos materiais pode evitar ‘dores de cabeça’ a longo prazo PONTO FINAL 82 Viviane Mosé nos faz refletir

ENTREVISTA ENTREVISTA 20 Ricardo Botelho fala sobre a valorização da profissão do arquiteto

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74 ARQUITETURA E MODA Germana Gonçalves aponta tendências em cores para 2016 e a persuasão suave do Rose Quartz


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PROJETOS INTERIORES 32 Repaginada em apartamento no sertão paraibano por Débora Pires e Juliana Xavier CONCENTRAÇÃO 40 Gisele Busmayer e Carolina Reis Projetam moradia de jogador de futebol que é para descanso e diversão

COMBINAÇÃO 46 O vintage e o contemporâneo no projeto de um apartamento no Paraná assinados por Marcela Garcia e Claudia Ortenzi

AMPLITUDE PARA A FAMÍLIA 54 Márcia Barreiros e Silvana Freire criaram espaços únicos e personalizados que refletem o estilo de vida dos moradores

NOSSA CAPA 64 Annelise Lacerda projeta restaurante e vira novo point da gastronomia com arquitetura que mistura o moderno e o rústico

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Nossa capa: Projeto: Annelise Lacerda Foto: Lyssandro Silveira

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arquitetura & estilo de vida ANO XIII - Edição 51

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda, Débora Cristina,

Lidiane Gonçalves, Renato Félix, Neide Donato

Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Welington Costa Fotógrafos desta edição - Alyssandro Silveira / Diego Carneiro Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

ONDE NOS ENCONTRAR Contato : +55 (83) 3021.8308

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www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos


EDITORIAL

DILEMAS DA PROFISSÃO Todas as profissões possuem os seus pormenores e o de arquiteto não é diferente. Há o fato, por exemplo, de lidar com o belo (e, por tabela, com a vaidade) e ter que pôr um preço em algo tão subjetivo. Questões como essas são temas de palestras que o especialista em marketing Ricardo Botelho tem dado pelo país. São palestras voltadas para o universo do profissional de arquitetura e ele conversou um pouco com a AE sobre eles – e sobre a crise de credibilidade que ele acredita que o setor vive. Nesta edição, trazemos excepcionalmente duas publicações na seção Livros. Uma delas, uma experiência mais centrada, sobre a arquitetura do Vale do Paraíba, no Sudeste. A outra, mais abrangente, é sobre a solução de problemas nas organizações. Um tema sempre útil para os profissionais. A seção Grandes Arquitetos conta a história do dinamarquês que projetou a icônica Sidney Opera House. E há, claro, os projetos destacados por nossa edição, que enfrentaram e superaram todos os dilemas que envolvem a profissão de arquiteto.

MÁRCIA BARREIROS editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Boa leitura!

ARTESTUDIO

RENATO FÉLIX editor de jornalismo

WELLINGTON COSTA prod. e diagramador

ALEX LACERDA jornalista

DÉBORA CRISTINA jornalista

AMÉLIA PANET arquiteta

GERMANA GONÇALVES designer interiores

LIDIANE GONÇALVES jornalista

NEIDE DONATO jornalista


VISÃO PANORÂMICA

O DRAMA DA

V I DA

C

UR BANA

omo atores da cena urbana, quando pensamos numa cidade agradável a imaginamos com segurança. Uma cidade onde possamos caminhar tranquilos pelas ruas, calçadas, praças, largos e toda espécie de espaço público. A segurança de uma cidade está diretamente relacionada à ausência de violência nos seus espaços públicos. Como afirmou Jane Jacobs, no início da década de 60, em ‘Morte e vida de grandes cidades’, não é necessário a existência de muitos casos de violência na rua, ou numa cidade como um todo, para que as pessoas se sintam inseguras em usá-las. “E, quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras.” A sensação de insegurança transforma o cotidiano dos cidadãos que, por sua vez, transformam a cidade. Publicado recentemente, o Mapa da Violência elaborado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, é

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uma contribuição importante para compreendermos as diversas formas de violência que toma conta das nossas cidades. Para os pesquisadores do documento, um dos motivos que eleva os índices de violência a cada ano, é a sua tolerância validada pela própria sociedade, quando esta mesma sociedade se omite na adoção de normas, condutas e políticas que possam oferecer alternativas para a mediação dos conflitos que promovem as injustiças sociais. A violência se expressa de várias formas e intensidades, desde a prática de bullying na infância, uma violência física e psicológica, que cresce de forma velada nas salas e pátios das escolas públicas e privadas, até a violência doméstica que envolve questões de gênero e tolerância cultural, até a violência urbana que extrapola os muros das nossas casas e se expressa em taxas de mortalidade por arma de fogo, ou, em acidentes de trânsito, por exemplo.


De fato, o que se percebe nas conversas e nas diversas mídias locais e nacionais, é o fato de que a violência urbana tornou-se um dos principais problemas da sociedade contemporânea, envolvendo todas as camadas sociais. Essa sensação de insegurança é real. Dados do Mapa da Violência comprovam que o índice de mortes por arma de fogo na população total brasileira, cresceu absurdamente desde a década de 80, passando de 7,3 mortes por cada 100 mil habitantes em 1980, para 21,9 mortes por cada 100 mil habitantes em 2012, triplicando as ocorrências. Não existe uma única razão para a violência, é um fenômeno social complexo, consequência de práticas, posturas e omissões da sociedade e dos poderes públicos, que sofrem, ao mesmo tempo, em que a reproduz por caminhos diversos. Ao tratarmos de violência urbana, é impossível não direcionar nossa reflexão para o contexto da cidade com todas as injustiças sociais e segregação espacial decorrentes de um processo secular de ocupação do território. A cidade em toda sua dinâmica pode ser considerada suporte de ações e práticas sociais, ao mesmo tempo em que é, também, o produto dessas ações e práticas ao longo do tempo e do espaço. É um sistema de ações que se retroalimenta com desigualdades expressas nos níveis relativos aos poderes delegados aos seus diversos atores. O drama da vida urbana reflete, portanto, as contradições da própria sociedade. A cidade em seu uso e ocupação revela essa injustiça social. O zoneamento urbano reflete a hierarquia social e econômica existente, onde o valor da terra está diretamente relacionado às condições de infraestrutura, de localização e de acesso. Por atos e omissões essa segregação espacial se reproduz na macro e micro escala, onde os caminhos para a sua mudança são inacessíveis à população. Os instrumentos de planejamento não conseguem alcançar e atender às necessidades mais prementes da população. Por outro lado, reproduz estratégias de ocupação do solo urbano que contribuem para o aumento de áreas inóspitas e sem vida, como a multiplicação de eixos viários, os viadutos e cruzamentos extensos sem ciclovias e calçadas, a aprovação de sequências de condomínios fechados multiplicando os metros lineares de muros fechados, a prioridade dada ao automóvel individual, a falta de prioridade dada ao pedestre, entre outros. Uma cidade sem vida nas ruas é uma cidade insegura. Alguns meses atrás, registramos que quando Jane Jacobs publicou o seu manifesto “contra os princípios e os objetivos que moldaram o planejamento

urbano e a reurbanização modernos e ortodoxos” das cidades americanas, sua principal intenção foi apresentar princípios diferentes, que ao seu olhar de usuária da cidade, ilustravam o funcionamento de uma cidade acolhedora ao convívio humano. Repetimos aqui, que a argumentação de Jacobs estava sustentada na necessidade urbana de “diversidade de usos mais complexa e densa”, para que possibilitem entre eles uma “sustentação mútua e constante, tanto econômica quanto social”. Esse aspecto está diretamente relacionado à segurança pública. Um espaço bem cuidado, diversificado e adequado às nossas necessidades será frequentado por todos: famílias, crianças, adolescentes, idosos e adultos. Jacobs parte do princípio de que um espaço ocupado pela população é um espaço seguro. Já na década de 60, a autora lançava o conceito do que hoje chamamos de ‘fachadas ativas’, serviços e comércios oferecidos no nível da rua, para movimentá-las com pessoas. Recentemente, a cidade de São Paulo aprovou a reestruturação do seu Plano Diretor. Em setores específicos, o plano estabeleceu que os novos prédios residenciais e comerciais que oferecerem espaço para a instalação de estabelecimentos comerciais ou de serviços no nível da rua (fachadas ativas) receberão subsídios para a construção, como também, desconto no IPTU e desconto da área de comércio, do total de metros quadrados que podem ser construídos na região do empreendimento. Os gestores esperam com isso, que o uso dos térreos dos edifícios, seja compartilhado por meio de uma convivência entre os espaços públicos e privados. Em conjunto com essa estratégia, as calçadas e áreas verdes desses setores serão ampliadas para possibilitar a permanência e circulação dos pedestres. Outro grande avanço do instrumento de planejamento paulista envolve os recursos do Fundurb, o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano. Assim como na cidade de João Pessoa, os recursos do Fundurb são oriundos da Outorga Onerosa e é destinado aos investimentos nas ZEIS, Zonas Especiais de Interesse Social. Em São Paulo, cerca de 30 % desse recurso será destinado ao sistema de transporte público, incluindo ciclovias e calçadas. Pretende-se com isso, estimular o uso do transporte público, a diminuição do transporte individual motorizado e o uso mais intenso de bicicletas em ciclovias. São medidas dessa natureza que conferem um maior valor ao coletivo, ao espaço público, à cidade. Por falar nisso, já está mais que na hora de revermos nosso Plano Diretor.

Amélia Panet

Arquiteta e urbanista Mestre em arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

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VIDA PROFISSIONAL

PROBLEMAS PESSOAIS NO TRABALHO “Enfrente os problemas ou será destruído por eles.” (Rimpoche)

Fotos: Divulgação

O

relógio toca as oito badaladas matinais, você registra sua presença no livro ou ponto eletrônico e automaticamente todos os seus dilemas pessoais são trancafiados no armário do vestiário. Agora você pode

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iniciar a jornada de trabalho com toda energia e foco em suas tarefas, as quais serão desenvolvidas com elevada produtividade. Contas vencidas, parentes enfermos e desilusões amorosas voltarão a habitar seus pensamentos apenas ao final do expediente.


O quadro acima é tão surreal quanto alguns empregadores gostariam que espelhasse a realidade. A publicitária alemã Judith Mair publicou em 2003 um livro intitulado “Chega de diversão”, depois rebatizado de “Chega de oba-oba”, em que sentencia que trabalho não tem que ser sinônimo de prazer, o ambiente profissional não é lugar para amizades e a jornada deve terminar na empresa, sendo proibido levar serviço para casa. O fato é que colocar uma linha divisória entre a vida pessoal e a profissional pode ser possível num mundo prussiano, mas é absolutamente impraticável dentro da cultura latina. Razão e emoção coexistem em nosso ser, a cada instante, onde quer que estejamos. Assim, o que podemos fazer é minorar o impacto de nossos problemas pessoais dentro do espaço corporativo, buscando conciliar nossos interesses com os da empresa. Quando este equilíbrio deixa de ser atingido, as consequências são imediatas. Primeiro, o estresse, que em grau mais acentuado pode levar ao burnout. Em paralelo, surge o presenteísmo, a síndrome de estar presente no ambiente de trabalho, porém absolutamente desconectado das atividades profissionais, afetando drasticamente a produtividade. Mais adiante, vem o absenteísmo, a ausência física da empresa motivada seja por desestímulo, seja por doenças clinicamente identificadas. Mas então, como lidar com estes infortúnios do cotidiano pessoal sem comprometer a posição na empresa? Algumas sugestões: 1. Siga pelo caminho do meio. Evite o isolamento, deixando de compartilhar seus problemas com as pessoas mais próximas. Passamos ao menos oito horas envolvidos com o trabalho. Se você não conversar com alguém, sua cabeça pode virar uma panela de pressão prestes a explodir! Entretanto, evite também a exposição demasiada. Você não precisa dividir seus anseios com todos ao redor, até porque no ardiloso ambiente corporativo há muitas pessoas à espera de descobrir suas fraquezas para lhe atacar. Seja seletivo. 2. Comunique. Seu superior hierárquico não tem bola de cristal para saber o que está se passando

e pode avaliar sua apatia como desinteresse ou até desleixo. Informe-o, ainda que superficialmente, que está passando por uma fase difícil, mas que está em busca da superação. 3. Seja discreto. A menos que seu espaço seja delimitado por uma sala privada, com boa vedação acústica, onde seja possível trancar a porta, cuide para que seus assuntos pessoais sejam tratados reservadamente. Assim, afaste-se para falar ao telefone ou travar aquela batalha verbal comum a muitas discussões. Se o embate for pelo computador, certifique-se de fechar a janela que contém o diálogo ao sair do ambiente. E jamais, jamais chore em público. Alguns serão solícitos e lhe oferecerão carinho e apoio. Mas outros não se esquecerão deste seu momento de fragilidade. E usarão isso contra você no futuro. 4. Peça ajuda. Se o problema é de ordem financeira, procure obter um adiantamento ou um crédito consignado para solucionar o problema. Se for uma questão de saúde, busque tratamento. Se enfermo, evite a automedicação e agende um médico. Se diante de dependência química, comece uma terapia. E tenha no RH ou departamento de saúde ocupacional de sua empresa um aliado. 5. Afaste-se para cuidar dos problemas. Se o seu desempenho está sendo prejudicado e seus problemas não estão sendo resolvidos, o melhor é se licenciar. Antecipe parte das férias para direcionar toda a atenção na solução do que lhe aflige. Em última instância, vale até considerar um pedido voluntário de demissão, negociando as condições da saída. Se com você está tudo bem, mas seu colega de trabalho notadamente está passando por um período turvo, use da empatia e coloque-se por um instante no lugar dele, procurando ajudá-lo. Aconselhamento e orientação podem fazer toda a diferença. Afinal, lembre-se de que um dia os papéis poderão estar invertidos.

Tom Coelho

Educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em 17 países e autor de oito livros. www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br

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VÃO LIVRE

CONSTRUÇÃO CIVIL: ESCOLHA DOS MATERIAIS PODE EVITAR ‘DORES DE CABEÇA’ A LONGO PRAZO

Avaliar vida útil dos materiais, bem como preço, durabilidade, tempo e custo de manutenção são ações que demandam auxílio de um arquiteto e que contribuem para a redução no custo da construção

Fotos: Divulgação

I

niciar a construção de um imóvel ou realizar uma simples reforma, são ações que demandam atenção redobrada do consumidor quando o assunto são os materiais. A diversidade de produtos e marcas disponíveis no mercado podem confundir quem não tem experiência no assunto e, o que parecia ser um produto com o maior custo-benefício, acaba por se tornar uma grande “dor de cabeça”. Devido ao custo que envolve toda a obra, as pessoas ficam tentadas a optar por alternativas mais baratas, porém é importante lembrar que produtos de má qualidade podem comprometer todo o trabalho. Dentre os problemas que podem ser desencadeados por materiais de baixa qualidade, estão: infiltrações, rachaduras,

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manchas e até mesmo deslocamentos da obra. Além da estética, é necessário se atentar a procedência e referências do produto.

Para evitar a ‘dor de cabeça’ O primeiro passo para a realização de uma obra sem intercorrências, é ter o auxílio de um arquiteto, que fará – dentro do projeto arquitetônico – o planejamento dos espaços, revestimentos, pisos, acabamentos, tintas e outros materiais para a decoração. A vida útil do material escolhido é uma das questões a ser observada: qual a resistência, para quais áreas da casa é indicado, além do tempo e valor da manutenção. Pensar a necessidade de gastar muito dinheiro e esforço para manter as condições do material ao longo do tempo é determinante ao escolher acabamentos. A madeira, por exemplo, quer uma manutenção maior e dedetização periódica para não atrair parasitas. A disponibilidade de mão de obra qualificada para instalação dos produtos também deve ser pensada, já que o investimento em um material com bom preço, procedência e durabilidade pode ser perdido caso o pedreiro não saiba manuseá-lo. O porcelanato, por exemplo, requer um trabalho cuidadoso na colocação, da mesma forma que pastilhas de vidro, isso deve ser levado em conta.

Hoje é comum realizar a industrialização da obra, ou seja, utilizar elementos pré-fabricados que são apenas instalados na construção, e essa industrialização dos canteiros de obra ocorre por meio do uso de materiais como concreto armado – para vigas e pilares – e estruturas metálicas na cobertura, por exemplo. Em uma reforma, antes de derrubar paredes para erguer novas divisórias, converse com o profissional escolhido para planejar a construção e verifique a viabilidade de reaproveitar os espaços. Os primeiros itens que podem ser considerados em uma obra sustentável é o aproveitamento dos recursos: iluminação, ventilação natural e captação da água da chuva. Este último, por exemplo, se bem direcionado pode ser utilizado para o condicionamento térmico. Além disso, optar por vidros e elementos vazados com grandes aberturas, potencializam a iluminação e a ventilação natural. Outro ponto é saber como a casa está situada no terreno, para orientar as aberturas para a indicação solar correta, o que evitaria o gasto com recursos para diminuir a intensidade da luz. Todos os detalhes deve ser pensados. A função dos arquitetos é abrir o olhar do cliente para novas possibilidades, a fim de que ele viva na casa e não para a casa.

Materiais sustentáveis A cautela ao decidir por qual material utilizar na obra também pode contribuir para uma construção sustentável, principalmente ao realizar uma reforma. Está cada vez mais acessível tornar uma obra sustentável. No Brasil, alguns itens, como o próprio sistema de energia solar, o custo é ainda um pouco mais alto do que nos países de primeiro mundo, porém, já está bem mais fácil investir nestes elementos. Além da escolha de produtos que tenham menos custo de compra e manutenção, que representem um alto custo-benefício pelo tempo de vida útil, é importante se atentar para o impacto que o material terá ao meio ambiente, tanto na geração de resíduos durante a obra, quanto no descarte após a manutenção periódica.

Carlos Eduardo Salamanca

Formado em Arquitetura e Urbanismo em 2010 pela Faculdade Assis Gurgacz (FAG). Desde 2011 coordena as atividades na Salamanca Arquitetura Ltda., com sede no município de Toledo. www.mmatsuo.com.br

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LIVRO

RESOLVENDO PROBLEMA Desatando Nós aborda eficiência para jovens gestores

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

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ão importa qual a área, seja na arquitetura, engenharia ou medicina, o gestor de uma empresa se depara diariamente com diversos problemas, os chamados “nós” do dia a dia das empresas. Para ajudar a antecipá-los e resolvê-los é que o consultor de negócios Frederico Martinelli escreveu o livro Desatando Nós Princípios da Eficiência para Jovens Gestores (2014), lançado pela editora LCTE. Como que para refletir essa dinâmica, o livro é de fácil acesso ao leitor, contando com perguntas e, o mais importante, as respostas mais frequentes aos problemas usuais de uma grande empresa. Longe de apresentar soluções milagrosas ou elaboradas para os dilemas, o livro aborda princípios de eficiência para jovens gestores, ressaltando a importância de saber detectar disfunções em pessoas, processos e produtos antes que elas gerem perturbações nos processos, além de problemas na organização. Martinelli, tendo vivenciado décadas esse cenário de organizações empresariais, analisa os processos e acúmulos de disfunções e divide o livro em dois momentos. O primeiro, abordando situações relacionadas às pessoas e ao cotidiano na empresa, e o segundo, levando o leitor a uma análise sobre sua estruturação e formação, destacando elementos como escolha, objetivação e condução do grupo. Para que o leitor possa fazer a ligação entre as ideias no livro, o autor numera os parágrafos, um recurso que facilita o acesso a passagens recorrentes. Nas palavras do próprio autor, em texto da contracapa, a facilidade do acesso ao conteúdo é um dos principais elementos da obra. “Este livro tem a pretensão de ser um trabalho, antes de qualquer coisa, útil ao leitor. Por isso, apresenta uma rápida forma de montar um autodiagnóstico da sua organização, para você”. Mais do que ajudar a vida profissional do leitor, Desatando Nós oferece preciosos recursos para serem aplicados nas rotinas pessoais.

O autor – Frederico Martinelli é engenheiro, administrador de empresas e pós-graduado como Mestre em Engenharia. Em 2014, publicou seu livro Desatando Nós.

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Desatando Nós Princípios da Eficiência para Jovens Gestores Editora: LCTE Editora Páginas: 144 páginas Formato: 14x21cm Preço: R$ 34,00

Frederico Martinelli Autor


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LIVRO

ARQUITETURA E URBANISMO NO VALE DO PARAÍBA Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

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aseado na dissertação de mestrado do professor e pesquisador Percival Tirapeli, o livro Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba: do colonial ao eclético, de sua autoria, é referência para o estudo da arquitetura sacra vale-paraibana. Ilustrada com fotografias e desenhos do autor, a obra, uma coedição das Edições Sesc São Paulo e Editora Unesp, justifica-se pelo conteúdo e relevância do conjunto arquitetônico e artístico remanescente da região. O Vale do Paraíba estende-se ao longo da bacia do Rio Paraíba do Sul, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, se desenvolveu a partir do ciclo do café (18301930) e manteve importância econômica relevante com o subsequente processo de industrialização. Diferentemente dos estudos em geral sobre as fazendas de café da região, a obra enfatiza a arte sacra que tanto caracteriza o Vale - também conhecido como Vale da Fé -, a qual floresceu ao lado das inúmeras manifestações religiosas características da região. O livro resgata a gênese das vilas vale-paraibanas ao redor das pequenas capelas desenhadas pelo pintor Thomas Ender (1817) e o incipiente traçado do urbanismo nas anotações de Julien Pallière (1821) e aquarelas de Jean-Baptiste Debret anos depois. No período imperial as fazendas se avolumaram e as cidades ganharam palacetes dos fazendeiros brasonados pelo imperador; as igrejas foram reformadas e ampliadas ao gosto eclético, os cientistas viajantes, como Saint-Hilaire e Emilio Zaluar, registraram as vilas, os ofícios, ruas e construções. Distante das leituras de especialistas que dirigem um único olhar às construções, o autor, por sua formação artística e capacidade para análises mais amplas, em termos urbanísticos, técnicos, arquitetônicos e ornamentais, observa no monumento a projeção de tempos que se sobrepõem aos gostos estilísticos. Mesmo sem projetos de arquitetos renomados, igrejas foram ampliadas, torres levantadas e fachadas ganharam ares monumentais. Na segunda metade do século XIX, com a chegada da estrada de ferro, dos imigrantes italianos e com a libertação paulatina dos escravos, emergiram novas ideias de usufrutos da riqueza: o urbanismo animou-se com a inserção das estações férreas, enquanto a construção de palacetes aposentou

as antigas técnicas coloniais da taipa de pilão e aderiu à alvenaria, aos alicerces em pedra e frisos embelezadores executados pelas hábeis mãos dos imigrantes. Com a libertação da Igreja do poder temporal do imperador, novos ideais religiosos impulsionaram a construção com tendências neogóticas, românicas e italianizadas trazidas pelas novas congregações de padres da Europa do Norte. Assim, o Vale do Paraíba ostenta em seu precioso acervo artístico e arquitetônico um rico diálogo entre a lembrança do passado e a vitalidade do presente, aspectos bem retratados neste livro.

O autor – Percival Tirapeli (Nhandeara, SP, 1952) é pesquisador e professor em Arte Brasileira da Unesp desde 1987. Doutor em Artes Visuais e mestre pela ECA-USP (‘A Construção religiosa no contexto urbano do Vale do Paraíba’ - 1983), pós-doutor pela Universidade Nova de Lisboa, organizou o livro ‘Arte sacra colonial: barroco memória viva’ (Editora Unesp e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001) e escreveu vários outros sobre o barroco brasileiro e latino-americano, entre os quais Igrejas paulistas: barroco e rococó. Recebeu o prêmio Sérgio Milliet de melhor pesquisa nacional pela Associação Brasileira de Críticos de Artes em 2003. 20

Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba Coedição: Edições Sesc Páginas: 233 Formato: 27 x 27 Preço: R$ 108

Percival Tirapeli

Autor


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RICARDO BOTELHO

ENTREVISTA

VALORIZANDO O PROCESSO O arquiteto deve valorizar seu método para recobrar a credibilidade junto ao cliente, acredita o especialista em marketing para arquitetura. Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

ARTESTUDIO – O senhor já afirmou que arquitetos, designers de interiores e fornecedores precisam resgatar a credibilidade junto ao consumidor. Há uma crise de credibilidade na profissão? RICARDO BOTELHO – Entendo que sim. Os arquitetos mais antigos nos dizem que houve um tempo em que o cliente depositava no profissional muito mais responsabilidade pelas decisões envolvendo desde o projeto até a sua execução. Quer dizer, o cliente entendia que ao contratar um arquiteto cabia a ele (arquiteto) determinar o que (e como) deve ou não deve ser feito. Isso mudou, em parte, devido ao advento da internet, através da qual achamos que sabemos de tudo (mesmo fenômeno assistimos no exercício da medicina) e, de outro lado, pelo processo de trabalho do profissional, que não evoluiu para lidar com o novo cenário.

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AE - Em que aspectos a profissão de arquiteto precisa ser valorizada? RB - Ou seja, nossas práticas precisam ser outras para convencer o cliente que a condução tem que estar na mão do arquiteto. Necessitamos mais de métodos e processos e mostrar isso no portfólio, por exemplo. Não basta mostrar o que foi feito (projetos), mas como foi feito (método e processo). AE - O que o senhor chama de “especificador-chave” para as empresas? RB - As empresas fornecedoras a partir dos anos 1990 passaram e ver os arquitetos sob um nova ótica, e nós da Ricardo Botelho Marketing tivemos um papel relevante nisso, quando fomos a primeira organização que trouxe dados estatísticos sobre o tema para o mercado. Quer dizer, mostramos


que a ação dos arquitetos junto ao cliente era uma chave essencial para abrir a porta de vendas. Nos preocupamos em mostrar quais as necessidades desses profissionais, como efetuam esse processo de seleção de fornecedores, quais são variáveis que determinam a fidelidade etc. Criamos também em 1993 o primeiro programa de relacionamento com arquitetos e depois vários outros. AE - Como se dá essa relação atualmente? RB - Hoje, percebemos que o mercado banalizou tudo isso. Qualquer empresa tem um programa de milhagem e premiação de arquiteto. Virou um lugar comum. Penso que o momento é de rever essa situação. Não adianta dar uma viagem para a Lua se a qualidade de atendimento é medíocre. AE - O que é importante nesse relacionamento, então? RB - Quando pesquiso junto aos arquitetos a sua satisfação com fornecedores percebo que é mais importante a capacidade e competência na solução dos problemas do que as eventuais premiações e recompensas oferecidas. Então, temos que fazer disso o ponto critico nessa condição. Outro aspecto: arquiteto não indica fornecedor. Arquiteto define (determina) qual a melhor opção para cada situação. Arquiteto, não é parte da equipe de vendas do fornecedor. É preciso ter isso em mente, sempre. AE - O principal recurso de marketing do arquiteto é o seu trabalho ou há mais para ser desenvolvido? RB - Repito: o arquiteto precisa se concentrar não apenas no resultado final do seu trabalho, mas igualmente, no processo pelo qual ele produz o resultado. Esse é o melhor marketing. Eu apostaria no método. Nas condições que existem na minha organização para garantir a satisfação do cliente. A começar pela nossa expertise em entender as necessidades do cliente. O programa de necessidades é uma etapa essencial e que determina o sucesso do projeto. Mas isso no Brasil é pouco evidenciado pelo arquiteto. Não pode ser apenas criação. Não! Nós temos método!

AE - Qual o principal problema que, em geral, o arquiteto tem hoje no relacionamento com o cliente e precisa melhorar? RB - São três. Adotar uma metodologia de desenvolver o programa de necessidades ancorada em questionários formais respondidos por escrito por todos os usuários do projeto (se for residencial) ou por um grupo de trabalho se for comercial. Mudar a maneira de elaborar propostas fatiando as etapas, desconcentrando do projeto, e mostrando valor em cada uma delas (projeto, especificaçãoorçamentação, acompanhamento de obra, gerenciamento de obra e produção. Manter uma área de pesquisa (clientes comerciais) que faça com que o arquiteto esteja à frente do cliente no conhecimento da área de atuação dele (o cliente) e que este veja o profissional como um grande aliado na busca de soluções. AE - Uma frase atribuída ao senhor é “Quando pergunto a arquitetos ou designers de interiores o que de fato vendem, a resposta unânime é: sonhos. Acreditar nisso é o caminho mais fácil para cobrar pouco pelo projeto. Afinal, ninguém paga para sonhar”. O arquiteto, no fundo, é um romântico? RB - O arquiteto é um artista, pois se vê como tal. A linha entre arte e negócio não está bem definida para a maioria dos profissionais. Você não vende sonhos. Você vende um método que compreende e interpreta os sonhos de cliente (ou do cliente do cliente) e elabora um projeto nessa dimensão. Para isso, existe não s;o um trabalho artístico, mas técnico, metódico, estruturado etc. AE - O senhor é formado em comunicação social. Como se especializou em marketing na área de arquitetura? RB - Descobri esse segmento em 1992. Quantas consultorias de marketing atuavam nesse nicho? Nenhuma! Fomos pioneiros. Gozamos até hoje desse prestígio de termos sido pioneiros. Mas a cada dia buscamos inovar para que possamos continuar sendo o número 1 do mercado. Não é fácil, sem dúvida. É um enorme desafio, AE - Qual o feedback que o senhor tem tido dos arquitetos e designers a respeito de suas palestras? RB - Bem, tem sido um feedback bastante positivo. Para que isso se mantenha, estamos pesquisando, estudando, descobrindo novas fórmulas, novos conteúdos. Hoje, temos gente que pega nossas idéias originais e copiam sem qualquer cerimônia. Alguns vão aos nossos seminários e depois saem por aí ofertando “poções mágicas”. Por isso, temos que inovar sempre. Quando eles acham que sabem, nós já estamos em outra dimensão. Esse é o desafio.

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GRANDES ARQUITETOS

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CRIADOR DE UM SÍMBOLO Com a Sidney Opera House, o dinamarquês Jørn Utzon marcou a arquitetura do século XX Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

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Sidney Opera House é uma imagem conhecida mundialmente e se tornou o principal símbolo visual da cidade. É através dela que sabemos onde estamos em, por exemplo, Procurando Nemo, animação de 2003. O design é de um dimamarquês: Jørn Utzon, vencedor do Prêmio Pritzker justamente em 2003. Nascido em 1918, filho de um arquiteto naval, Utzon morreu em 2008, tendo desenvolvido um trabalho que mostrava inspiração no meio ambiente, na arquitetura maia, islâmica e do Extremo Oriente. Em 1942, ele deixou a Dinamarca – então ocupada pelos nazistas na II Guerra Mundial – e mudou-se para a Suécia, voltando após o fim do conflito.

A Opera de Sidney teve sua inspiração na natureza e foi inaugurada em 1973. Sua popularidade ocmo monumento é tão grande que já foi lançada até uma versão em Lego. Em 1957, Utzon, 38 anos, tinhas apenas uma entre 233 submissões de design, oriundos de 32 países. Ele foi o escolhido, em seu primeiro projeto fora da Dinamarca. O visual marcante tem 14 conchas que, caso fossem combinadas e segundo o arquiteto, formariam uma esfera perfeita. Mas o longo tempo entre o começo do projeto e sua inauguração já mostra que não foi nada tranquilo. Até mudanças de governo atrapalharam. Após disputas financeiras e criativas sobre o projeto,

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Stonehenge Exhibition Visito | Foto: James Davies

Utzon Center, Aalborg

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BagsvĂŚrd Church near Copenhagen


Utzon’s first house on Mallorca

Utzon Center, Aalborg

ele deixou a Austrália em 1966, bem antes da conclusão do projeto, tocado por outros profissionais. Para nunca mais voltar. Nunca viu sua obra-prima pronta. O que se seguiu à abstração das formas da Ópera de Sidney são edifícios residenciais de sutileza e originalidade, combinando e se alternando entre as diversas inspirações de Utzon (e aí inclui-se a casa que construiu para si mesmo na costa de Mallorca, na Espanha, ao longo dos anos). Vieram também a Assembleia Nacional do Kuwait (desenhada em 1971, construída em 1983, e que tendo sofrido danos durante a Primeira Guerra

do Golfo, foi reconstruída em 1993) e a igreja luterana de Bagsvaerd, na Dinamarca, que dava espaço à luz contrastando com as escuras igrejas escandinavas e acolhia um jardim japonês (começou a ser construída em 1968 e foi concluída em 1976). Trabalhos diferentes que mostram diferentes facetas de um dos grandes arquitetos do século XX. Mas, acima de todos, está a Ópera de Sidney, símbolo não só de seu trabalho e de uma cidade, mas de um país inteiro

Svaneke Water Tower

Arquiteto: Jorn Utzon + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

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sala de banho

A HISTÓRIA DE

A CRIAÇÃO DO CHUVEIRO

E A REVOLUÇÃO DA HIGIENE PESSOAL Antigamente o homem usava a água como espelho; hoje, ele está da astronomia às academias Texto: Débora | Fotos: Divulgação

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ocê já imaginou como as pessoas tomavam banho antes da criação do chuveiro? Esse, hoje simples objeto, ferramenta básica de higiene pessoal, foi uma grande revolução na idade média, quando todos tomavam banhos com pouquíssima frequência e de uma forma muito mais complexa, em imersão. A limitação de ter que se pagar por isso e as crenças de que a ação era prejudicial a saúde, faziam com que o banho acontecesse apenas de duas a três vezes ao ano.

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Projeto: Fernanda Barros | Foto: Vilmar Costa

Hoje com as inovações tecnológicas e o design aplicado a esses metais sanitários as prioridades se tornaram outras. Marcas especializadas concentram seus esforços para apresentar produtos que atendem o consumidor de forma completa, garantindo o tão necessário conforto na hora do banho, unido à economia de água, um assunto que está em evidência nos últimos anos. Hoje existem produtos como chuveiros com restritor de vazão capaz de economizar até 70% de água, em comparação a um chuveiro similar sem restritor. A tecnologia é simples, mas eficiente. E, apesar da grande economia gerada por estes produtos, é possível ter um banho relaxante e confortável, além de um banheiro elegante e moderno, graças ao design do produto. A higiene pessoal, como é conhecida hoje, só se estabeleceu a partir do século XIX. Desde então o desenvolvimento de produtos necessários para a ação, deslanchou. Assim como houve a evolução na forma de tomar banho, os próprios banheiros começaram a ser entendidos de uma forma diferente. Quando a higiene pessoal passou a ser um dos momentos de prazer e relaxamento das pessoas, após longas horas de trabalho ou como uma forma de revitalização para dar início ao dia, começaram a surgir espaços mais convidativos; muitos banheiros deixaram de ser apenas espaços de rápida passagem, para se tornar salas de banho, Acqua Zone Dream, Chuveiro by Fantini Rubinetti | Foto: Divulgação

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Projeto Paulo Peregrino e Janine Holmes | Foto: Deise Rathge

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Projeto: Juliana Pippi | Foto: Divulgação


Projeto: Rosane Oliveira | Foto: VilmarCosta

confortáveis e aconchegantes. Com isso, os metais sanitários ganharam novas formas e uma função adicional: compor a decoração dos espaços. Um movimento que transforma os banheiros em salas de banho vem acontecendo. Daniela Dantas, head da WGSN/Mindset, principal portal de tendências do mundo, afirma que a preocupação com economia de água pode ser um dos influenciadores. “Móveis, decoração e outros objetos de conforto e beleza vêm sendo incorporados ao banheiro. Os chuveiros vêm acompanhando essa tendência. O que se imagina é que até a própria questão de economia de água tem colaborado pra isso. Ao invés de gastar mais tempo no chuveiro, desperdiçando água, as pessoas utilizem o próprio espaço do banheiro para um relaxamento”. O mercado oferece produtos que atendem o consumidor em diferentes vertentes, tanto em questão de design, com peças mais modernas, coloridas e descoladas ou metais com linhas retas e formas mais sofisticadas, quanto na funcionalidade e tecnologia.

Projeto: Camila Klein | Foto: Divulgação

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INTERIORES

ESTÉTICA E FUNCIONALIDADE Da religiosidade à praticidade na cozinha, ambientação de apartamento seguiu de perto a vontade dos clientes Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Sidney Alves

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uem olha o projeto deste apartamento de 300m² desenvolvido pelas arquitetas Débora Pires e Juliana Xavier enxerga a beleza e a harmonia dos ambientes. Mas, muito mais que bom gosto, existe o planejamento de um projeto que inclui o estudo de fluxos, distribuição do mobiliário, projeto de iluminação, escolha adequada de acabamentos e revestimentos, detalhamento do forro de gesso, escolha e desenho do mobiliário e objetos decorativos. Tudo para atender ao pedido de um jovem casal, que tem dois filhos adolescentes.

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O apartamento está localizado na cidade de Sousa, sertão da Paraíba, e foi todo pensado para atender às necessidades dos clientes, visando o planejamento da decoração, achando soluções para problemas técnicos e estéticos. Além disso, o projeto abrangeu uma série de necessidades para melhorar a qualidade cotidiana, o modo de vida e anseios da família. Todos os ambientes foram pensados com a intenção de aliar a estética e a funcionalidade de forma harmônica, nunca esquecendo dos pedidos feitos. Além do gosto do cliente, as arquitetas procuraram inovação, buscando sempre materiais diferenciados.


Religiosidade Um dos pedidos da cliente foi que no hall de entrada tivesse uma imagem de Nossa Senhora. Uma jovem advogada, ela queria que as pessoas que chegassem à sua casa recebessem a proteção da santa de sua devoção. “Por esse motivo, utilizamos o Corian Iluminado com Imagem da santa refletindo a paz e o amor através da luz. O uso do revestimento em folhas de ouro nas laterais valorizou e destacou ainda mais a imagem iluminada”, explicou Juliana.

Salas A harmonia do layout das salas confere uma distribuição perfeita em três ambientes integrados entre si e também com a varanda, através das esquadrias de vidro. “Essa integração motivou na utilização de um aparador por trás do sofá, favorecendo o uso de objetos de decoração nesse local”, disse Débora. Os tons de bege e madeira se harmonizam com toques de azul turquesa e dourado. O dourado na decoração imprime o requinte clássico contrastando com os móveis modernos utilizados nesse espaço. “Contamos

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com a parceria da arquiteta Gabriella Alves, proprietária de uma loja local, que participou junto a nossa equipe de forma efetiva na escolha de móveis e objetos de decoração, além do fornecimento de todos os ítens de iluminação básica e decorativa”, lembrou a arquiteta. Neste projeto as cortinas são essenciais na conservação dos móveis e eletrônicos, além do controle da incidência solar, elas evitam o ofuscamento e proporcionam elegância ao espaço. “O uso de tapete nos três ambientes delimita visualmente os espaços, que apesar de serem integrados possuem características próprias”, comentou Débora. A varanda gourmet é o local mais frequentado da casa. Idealizado com o conceito de botequim, a pedido do proprietário. Para ter as características do estilo proposto, a arquitetas usaram equipamentos e mobiliários adequados à proposta.

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lIuminação Pensar em um projeto de iluminação vai além do prever pontos ou decidir o estilo de luminária para o ambiente. A iluminação é a alma do projeto de interiores. A luz realça ou mascara volumes, texturas e temperaturas. “Nesse projeto as sancas com fitas de LED RGB permitem ambientes vistos de forma diferente a cada segundo. Os lustres conferem sofisticação, efeitos de luz e sombra na parede e teto, e acima de tudo, são belas peças decorativas”, disse Juliana. Ainda sobre iluminação, na sala de estar, o painel em slimstone, através da retroiluminação associada a espessura fina do produto produz um efeito lumínico diferenciado.


Aconchego A cozinha é o lugar aconchegante do apartamento. O layout com a ilha no centro do ambiente é responsável pela integração da área de preparar os alimentos com a área de refeição, utilizando o espaço de forma funcional sem a necessidade de grandes deslocamentos. A torre com equipamentos como geladeira, forno e micro-ondas foi um recurso utilizado para garantir organização e estética. Os tons neutros de bege e branco, assim como a pastilha em tons terrosos evidenciaram os elementos amarelos, criando uma atmosfera quente.

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Quartos Com medidas generosas, o quarto do casal foi projetado possibilitando diversas atividades. O local para maquiagem e local para estudo foram valorizados com a utilização de papéis dourados, espelhos e vidros. O móvel em frente à cama possui painel para TV, gavetas para guarda de objetos e espaço para frigobar, que também está próximo a uma mesa de apoio para pequenas refeições. Com a intenção de valorizar e oferecer mais conforto foi criado um painel estofado verticalizado, do piso ao teto, de forma a delimitar o espaço de dormir, valorizando ainda mais a porta de correr que permite acesso ao closet, produzida em vidro com a foto do casal.

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Como se trata de um casal jovem, com profissões e rotinas diferentes, procurou-se otimizar o tempo com a locação de duas cubas na bancada do banheiro. Esse artifício além de ser funcional contribuiu para uma simetria estética ao espaço. “Dentro dessa perspectiva, um fator importante no resultado final do projeto foi a inclusão de novos materiais e tecnologias disponíveis no mercado. Utilizamos todos os lançamentos e diferenciais que as empresas ofereciam

no momento. Como por exemplo o Corian iluminado, painéis de vidros adesivados de fábrica, o slimstone e revestimento com folha de ouro”, disse. Para as arquitetas, o mais surpreendente foi a parceria e aceitação cliente-arquiteto. “Pensamos arquitetura de interiores como um trabalho conjunto e quando acontece dessa forma o resultado é sempre positivo”.

Projeto: Arquitetura de interiores Arquitetas: Débora Pires e Juliana Xavier Móveis, Decoração e Iluminação: Gabi Móveis e Decorações – Sousa PB Móveis Planejados: SCA Móveis – João Pessoa PB Revestimentos: Oca Revestimentos – João Pessoa PB Revestimentos, louças e metais: Spaço Casa – Sousa-PB Churrasqueira: Home Grill – João Pessoa PB + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br 40


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INTERIORES

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PARA CONVOCAR O TIME Casa de jogador de futebol foi pensada para descanso e diversão e tem até palco no espaço gourmet Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

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e formos falar em “futebolês”, a escola da designer de interiores Gisele Busmayer e da técnica em arquitetura Carolina Reis para o projeto da casa de um jogador de futebol foi a marcação de um golaço. Mas a verdade é que o estilo elegante e requintado de Gisele e a personalização e criatividade de Carolina produziram um ambiente ímpar, que permite áreas para conforto e descanso, mas também espaços para festejar com a família e os amigos.

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O projeto de interiores assinado pelas profissionais valorizou com elementos da arquitetura de interiores o pé-direito alto e duplo da residência do atleta. A temática do projeto foi influenciada pela profissão do dono da casa, por isso, há muitos espaços para receber os amigos, palco no espaço gourmet e quadro na sala com uma cena do jogador. A casa foi pensada para dar conforto, proporcionar momentos de descanso, mas também para momentos de diversão. Por isso, a parte superior da casa foi toda pensada para os momentos mais íntimos e de repouso e a parte inferior para festas e reuniões com amigos e familiares.

Salas A casa, que fica em Curitiba, no Paraná, integra os ambientes de forma harmoniosa. Os cinco metros de pé-direito duplo contemplam a sala de estar e o home da residência. Um painel grande de madeira e uma lareira torna o ambiente ainda mais grandioso. Projetos com pé-direito alto ou duplo tornam o espaço mais limpo e amplo, permitindo explorar trabalhos de marcenaria e materiais nobres. Por causa do pé-direito, Carolina e Gisele puderam abusar no tamanho dos pendentes, cortinas automatizadas e cores escuras, já que a entrada de luz é bastante favorável. A escolha dos pendentes majestosos

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da GreyHouse Iluminação, que garantiram a elegância da residência, também foi influenciada pelo futebol. A elegância dos móveis escuros e paredes claras ajudaram a dar ao projeto um ar masculino. Já o quadro na parede, mostrando uma cena de um jogo de futebol, além de lembrar a profissão do dono da casa, ajudou a dar cor ao ambiente. A sala de jantar toda em madeira ajudou a quebrar o preto, chumbo e o branco das salas ao lado, proporcionando aconchego ao ambiente. Já as plantas no ambiente interno da casa são marca dos projetos da arquiteta e da designer. A ideia é levar a natureza para dentro de casa. Para a sala de TV foi escolhida uma super tela e equipamentos de som para que os shows assistidos fossem em alta qualidade.

Varanda O projeto criou ainda uma varanda, com abertura para as salas, mas também integrada à área da piscina e à sala de sinuca. Ela foi pensada para integrar a área gourmet ao restante da casa e ainda proporcionar um espaço coberto próximo a piscina. A área de lazer inclui ainda piscina com deck em madeira, mobiliários branco e uma mesa de sinuca - também branca, à pedido do jogador, para homenagear o seu time.

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O Bar Um espaço pensado para festejar, o bar ficou com a cara de um pub. Lá tem uma TV para a exibição de shows e – quem sabe? – alguma partida de futebol. Com bastante espaço para dispor de bebidas e taças apropriadas a cada uma delas. Além disso, o balcão tem uma chopeira espetacular. Os bancos com encosto dão mais conforto a quem estiver no bar. Objetivo alcançado para o repouso e diversão desejados.

Projeto: Interiores Arquitetas: Gisele Busmayer e Carolina Reis Artefacto • A Exclusiva Marcenaria + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br

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REPRESENTANTE OFICIAL

Arandelas Edro, embutidos Inside e LD 87. Arquitetura Cristiano Lemes, fotografia Paulo Rezende

Av. Geraldo Costa 601, Manaíra – João Pessoa (83) 3226 2622 www.lightdesign.com.br 47


INTERIORES

O VINTAGE E O CONTEMPORÂNEO Projeto de apartamento no Paraná buscou integração perfeita entre os ambientes para receber bem Texto: Débora Cristina | Fotos: Mariana Avanti Cazaroli

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uem é apaixonado por gastronomia sabe que não basta o sabor de uma boa comida para fazer uma refeição completa. É preciso combinar os sabores com um ambiente apropriado, um clima agradável e boa companhia para que esse momento seja realmente único. Para um casal de clientes do escritório E3 Arquitetura, de Londrina, no Paraná, a história não foi diferente: eles desejavam que o seu lar

reunisse os atributos necessários para oferecer total conforto no convívio e, ao mesmo tempo, combinasse o contemporâneo e o vintage. E foi assim, com esse conceito, que os arquitetos Marcela Baioni, Cláudia Ortenzi e José Carlos Ortenzi aceitaram o desafio de transformar o apartamento de 104 m² em um lugar que, dentre as diversas e importantíssimas funções cotidianas, tivesse também a capacidade de receber amigos para momentos de descontração e lazer.

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“O maior desafio mesmo foi unir os diferentes gostos do marido e da esposa, pois cada um tinha uma ideia. Ele queria um estilo mais vintage e ela mais contemporâneo. A execução da obra foi relativamente rápida já que o projeto estava bem definido antes do início da obra”, explicou Marcela Baioni. E apesar da primeira palavra geralmente ser a da mulher, nesse caso quem fez o pedido inicial foi o marido, apreciador de cervejas artesanais: a área da churrasqueira deveria lembrar um pub. A esposa deixou clara a opção do casal por móveis menos chamativos, que contemplassem também peças vintage, outra preferência do homem da casa. O mobiliário e os modulados, cuidadosamente escolhidos para essa composição, tiveram papel fundamental na composição da cozinha e da churrasqueira. Dessa maneira, o projeto passou, primeiro, pela integração harmônica dos ambientes, destacada pela utilização de um amplo móvel de bancada na cozinha (que se estende até a sala),

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INTERIORES

com corpo Nero, complementado pela sobriedade das frentes nos acabamentos nos aéreos e na parede da churrasqueira. E, para tornar tudo ainda mais interessante, foi colocada uma bela mesa em laca branca com tampo chanfrado e vidro branco, acompanhada por cadeiras em madeira e tela, funcionando como elo de transição entre os espaços da cozinha e do estar. O trabalho de pintura da parede leva efeito concreto que se harmoniza com a frente dos armários em tons de cimento. “Nós respeitamos bastante as necessidades e gostos do cliente. O projeto levou em consideração a

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necessidade do casal de ter uma casa receptiva, pois eles recebem muitas pessoas. Então optamos por ambientes integrados, cozinha e sala de jantar, estar e churrasqueira, tudo se tornou um ambiente só, mas cada um com um toque único. Ficamos muito felizes com o resultado”, ressaltou Cláudia Ortenzi.

Neutralidade ressaltando detalhes A cartela de cores para esse projeto, explicou Marcela, aposta no diálogo entre a linha contemporânea e o vintage. Na cozinha isso se traduz na predominância do cinza e do preto, deixando que os eletrodomésticos carreguem as cores. Na sala, os detalhes do painel de madeira natural Curupixa e o tapete colorido são destacados graças a essa paleta de tonalidades, presentes também na escolha do piso em porcelanato polido. A iluminação é pontuada, sem uma luz central, que só foi possível graças ao embutido recuado que abriga as lâmpadas LED. A abertura para os dormitórios recebe outro detalhe importante: portas laqueadas de branco que se estendem até o teto e que não contam com fechaduras convencionais, mas sim estilosos puxadores. A suíte recebeu um belo armário com sistema de trilho externo ao vão – fazendo com que a porta pareça estar suspensa – no padrão de acabamento Pecan e perfil fosco.


Para integrar o banho com o espaço, uma parede foi retirada, permitindo a criação de uma indispensável sapateira entre a suíte e o banheiro. Além disso, um espelho se estende da parede até a lateral da sapateira, fazendo com que ela não apareça dentro do quarto e proporcionando uma sensação de amplitude. Os espaços se completam e se harmonizam, um fator que pontua basicamente em todos os espaços desse apartamento, resultando em ambientes aconchegantes e cheios de personalidade.

Projeto: Arquitetura e interiores Arquitetas: Marcela Baioni Garcia e Claudia Grassiano Ortenzi Móveis planejados: Evviva Bertolini Tampo e frentes dos modulados: Cinex Piano Zaffiro, Ébano e Cinex Slice Espelho Fog

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INTERIORES CAPA

AMPLITUDE PARA A FAMÍLIA Projeto de ambientação de uma casa em condomínio fechado valoriza os espaços Texto: Débora Cristina | Fotos: Diego Carneiro

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spaços únicos, personalizados, com a cara da família que mora nela. Assim é essa casa de estilo neoclássica que teve a ambientação feita pelas arquitetas Márcia Barreiros e Silvana Freitas que fica localizada num condomínio fechado no bairro do Altiplano, em João Pessoa. A dona da casa tem um gosto todo especial pelo estilo clássico aliado ao brilho e o dourado, por isso todas as escolhas de mobiliário e peças de decoração seguiram este conceito à princípio. Os proprietários dessa residência, contou Silvana, tinham objetivos claros com relação ao projeto de interiores. Os ambientes deveriam ser claros e iluminados, agradáveis para receber amigos e também muito práticos, com amplos espaços nas áreas comuns e confortáveis para reuniões familiares. Para isso foi bastante importante o uso de cores claras, suaves e materiais duráveis e de boa qualidade acima de tudo.

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“Eu acredito muito no conceito do filósofo Alain de Botton que nos convida a abrir os olhos para essa curiosa relação raramente percebida do papel da arquitetura na promoção de felicidade. Ele defende que o que buscamos numa obra de arquitetura e também de interiores não está tão longe do que procuramos num amigo. Ao construir uma casa ou decorar um cômodo, as pessoas querem mostrar quem são, lembrar de si próprias e ter sempre em mente como elas poderiam idealmente ser. Então o projeto não deve refletir a minha personalidade e, sim, a do cliente, apesar do meu estilo e dos conceitos que uso

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no trabalho estarem caminhando lado a lado com ele”, afirmou Márcia. Acabamentos sofisticados, como madeira, lacas, mármores, ônix, espelhos e vidros foram escolhidos principalmente pela sensação de aconchego que agregam. Tais materiais proporcionaram ao décor uma base neutra que ganhou uma atmosfera de sofisticação graças à iluminação intimista e destacada para cada ambiente, complementa Silvana. O que mais chama a atenção do projeto é a mistura equilibrada de peças de estilos diferentes entre o clássico e o contemporâneo. Na sala de jantar,


por exemplo, convivem harmoniosamente a mesa de forma contemporâneas e em laca, com as cadeiras estofadas de referência mais clássica, e o buffet em estilo contemporâneo e arandela neoclássica em cristais. A iluminação é complementada pelo lustre de cristal de um metro de diâmetro na sala de jantar e hall de entrada.

A combinação de estilos também pode ser notada em outros ambientes como o estar, hometheater, cozinha e o lavabo, que se destaca por ser inteiramente dourado, se diferenciando apenas pelas texturas inseridas nele. Todos os espaços seguem uma linha bem coerente com o estilo da residência. Apenas nos espaços

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individuais como os quartos das filhas é que o gosto pessoal das meninas foi ainda mais destacado, pois o quarto é um mundo particular de cada uma delas. Para cada uma foi respeitada a sua cor preferida e um partido mais contemporâneo, respeitando o espírito jovem e aventureiro, próprios da idade. Outro detalhe importante é que cada filha deveria ter seu próprio espaço de estudo dentro do quarto, uma poltrona para leitura e espaços generosos de circulação.

Já no quarto do casal tudo deveria ser muito suave e elegante. O mobiliário de linhas retas como os armários do closet, convivem com o design clássico presente em peças como o espelho. A sala de banho se destaca pelos materiais nobres de revestimento e acabamento. O grande diferencial desse projeto é a leveza, pois apesar do estilo clássico solicitado, ele tem fluidez, não é pesado e permitiu algumas misturas com peças

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mais contemporâneas. “Esse projeto foi a minha primeira parceria com Silvana Freitas e isso de certa forma gerava uma certa ansiedade entre nós, mas o resultado final foi extremamente satisfatório. É uma grande alegria o projeto de interiores ter agradado

Arquiteta: Silvana Freitas Projeto: Arquitetura de Interiores

em cheio dentro dos sonhos e expectativas do cliente. Afinal são eles que vão habitar o espaço e essa satisfação tem muita importância em nosso trabalho”, finaliza Márcia.

Arquiteta: Márcia Barreiros Projeto: Arquitetura de Interiores e Iluminação

Revestimentos: Portobello Shop, Oca revestimentos e Bracol • Mármores ônix e granitos: Oficina do Granito • Metais: Oca Bagno • Vidros: República Vidros • Aço inox: Servinox • Estofados: Acanto • Iluminação: B&M Cortinas e Persianas: Ambidecor • Modulados: Florense • Marcenaria: Studio Decor • Mobiliário: Sierra, Conceito, Tidelli, Saccaro • Decoração: A Sempre Viva e Bazaart • Tapetes: Adroaldo Tapetes do Mundo • Puxadores: Central das Fechaduras + imagens no site: www.artestudiorevista.com.br 64


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CAPA

VOLUMES E RECORTES Restaurante vira novo point da gastronomia com arquitetura que mistura o moderno e o rústico

Texto: Débora Cristina | Fotos: Lyssandro Silveira

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m dos mais novos restaurantes de João Pessoa, na Paraíba, tem os traços e o talento da arquiteta Annelise Lacerda. O Filleto, das empresárias Tatiana Nishida e Ana Leonor, fica na praia de Manaíra e chega com força total para se transformar num dos mais modernos points gastronômicos da Paraíba. “Ao começar esse projeto pensei logo num ar praiano, rústico, mas também moderno e acima de tudo com

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muito conforto para os visitantes”, afirmou a arquiteta, reforçando que ‘aconchegante’ é a palavra que mais tem sido usada por quem visita o novo restaurante. A partir deste conceito, Annelise começou a traçar o volume da arquitetura em linhas retas, com o uso da madeira, tijolo rústico e vidro. E pra isso, ela pensou logo em algo que fizesse a integração perfeita do prédio com a paisagem natural onde ele estaria inserido. “Tomamos como partido uma árvore frondosa que invade grande parte do terreno do restaurante,


fazendo um gazebo de vidro como um anexo da edificação principal”, explicou a arquiteta. A área principal abriga os seguintes ambientes: salão de mesas, salão de mesas climatizado, salão de atendimento, cozinha, escritório, depósito, banheiros e vestiário de funcionários. A fachada do restaurante segue linhas retas com o uso de um elemento vertical marcante, um grande painel em ACM recortado onde está inserida a logomarca do estabelecimento. Em composição a este

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volume tem como anexo o gazebo todo em madeira com uma iluminação diferenciada nas colunas. Além disso, também é possível aproveitar esse ambiente todo gramado, com parapeito feito em vidro e jardineiras em toda sua extensão. Foi pensado ainda o uso de ombrelones próximos ao parapeito de vidro, para dar a ideia dos bistrôs italianos onde o público fica mais em contato com a rua.

Mesas e painéis com recortes vazados são destaque Entre os detalhes marcantes usados no restaurante Filetto e que não passam despercebidos pelos clientes, estão os elementos vazados e

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recortados a laser em MDF laqueados. Entre eles estão, por exemplo, os vários painéis e ainda em outro grande diferencial do restaurante: as mesas, projetadas pela arquiteta Annelise, são imponentes eexclusivas, dando realmente um ar sofisticado a todo o restaurante. O elemento vazado se tornou um dos partidos do projeto para dar um ar mais descontraído ao ambiente. Outro elemento bastante usado foi o ladrilho hidráulico em preto e branco, também com a intenção de dar um ar mais jovem e moderno e para quebrar o ar mais sério da madeira e do tijolo rústico. A arquiteta usou muita madeira de demolição e a laca alto brilho nas cores amarelo e preto. E foi justamente a mistura da madeira de demolição com a laca amarela, o ladrilho hidráulico e o cimento queimado do piso deram um charme e uma harmonia visual que agrada a todos. O uso do cimento queimado


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se fez presente também no banheiro de clientes que é um espaço muito agradável com um jardim interno revestido com seixos negros. A bancada em cimento queimado contrasta com os espelhos em cubos suspensos de laca amarela alto brilho e espelhos fumê. Nesse ambiente também esteve presente o ladrilho hidráulico no piso e na parede formando um `L`. Nos móveis, Annelise fez questão de usar também a mistura entre materiais rústicos e modernos. Tudo numa sintonia que vem recebendo elogios constantes dos visitantes., pois ficou tudo do jeito que foi planejado e, por isso, todos felizes com o resultado final.

Projeto: Arquitetura e interiores Arquiteta: Annelise Lacerda MDF duratex e elementos vazados: Boneca madeiras Móveis planejados: Ximenes Dantas

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AMBIENTAÇÃO

VINHO GANHA ESPAÇO NO LAR DOS BRASILEIROS Brasileiros descobrem o prazer do vinho e projetos de interiores se adéquam para garantir a presença da adega nas moradas contemporâneas Texto: Ana Paula Horta | Fotos: Jomar Bragança

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egundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), mesmo com a retração da economia, o consumo da bebida no Brasil aumentou 4,6% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2014. E, como o reflexo da incorporação do vinho na mesa dos brasileiros, o número de adegas na decoração também aumentou. Mas com uma importante mudança.

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As adegas estão agora integradas aos espaços sociais da casa. E isso se deve ao fato das moradas estarem cada vez menores (o que impede de ser ter um ambiente exclusivo para se guardar vinhos) e também para proporcionar mais comodidade aos apreciadores da bebida que não precisa se deslocar do ambiente onde está, deixando seus convidados sozinhos, para ter acesso às bebidas. A arquiteta Estela Neto já é adepta dessa combinação. “Em um loft, utilizei um apoio de adega simples, sem climatização, conectada à área gourmet. A escolha foi ideal por se tratar de uma morada onde tudo é integrado”. Assim como Estela, a arquiteta Isabela Canaan também opta por trabalhar com a adega integrada aos espaços sociais. Em um projeto, a profissional apostou nessa combinação na sala de jantar. “A adega remete aos prazeres de comer e beber bem. Sua localização próxima à sala de jantar aguça os sentidos”, enfatiza a profissional. Quem também lança mão desse recurso em seus projetos é a designer de interiores Laura Santos. “Com a integração da adega, a sala de jantar, se transformou também em um estar, onde pessoas podem degustar o vinho e fazer suas refeições, além de confraternizarem”, salienta a designer. Para arrematar o projeto a profissional utilizou a automação. “Há quatro formas de setorizar a adega: por país, tipo de uva, safra ou tipo de vinho. Nesse caso, a adega é toda iluminada e quando a pessoa escolhe uma dessas quatro opções, ela se acende e todas as outras se apagam, tornando mais fácil e rápida a escolha”, explica Laura.

Antes de apostar nessa charmosa e funcional solução, no entanto, é preciso ficar atento a alguns cuidados. “Deve-se escolher um bom climatizador, o volume correto de garrafas para definir a quantidade de nichos, como eles serão e fazer um projeto de iluminação eficiente e com baixa emissão de calor”, aconselha Isabela. Mas antes de tudo há outro fator importante: “A primeira coisa que deve haver é uma boa conversa entre cliente e profissional para que as demandas sejam compreendidas e, assim, o projeto possa atender as reais demandas e sonhos da pessoa”, encerra Estela.

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ACERVO

CULTURA por dentro e por fora Com fachada que resiste há muitas décadas, o prédio da Fundação Cultural de João Pessoa ainda é lembrada como sede social do Clube Cabo Branco Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: MB

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ajestoso, em uma esquina do Centro Histórico de João Pessoa está o prédio que até hoje é conhecido como sendo do Clube Cabo Branco. O certo é que o imóvel de nº 352 da Rua Duque de Caxias hoje abriga a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), mas já foi palco de muitas histórias da cidade. Sua própria história é curiosa, pois já foi residência, ponto comercial e sede de outro clube antes de passar a pertencer ao Esporte Clube Cabo Branco. Passou por várias reformas, com a maior parte das mudanças na parte interna. A fachada continuou preservada, apesar do prédio ter “avançado” e ampliado usando um espaço que antes pertencia a Biblioteca Pública, que ainda funciona ao lado. O edifício, que fica na esquina das ruas Duque de Caixas com Peregrino de Carvalho, é considerado eclético, misturando vários estilos, com predominância da art-decor e da art nouveau. Não se sabe ao certo a data de sua construção, pois antes de ser a sede do Clube dos Diários havia sido uma residência. Depois de uma divergência entre os sócios do Cabo Branco (fundado em 1915), surgiu o Clube dos Diários, em 1925 e com ele a necessidade de ter uma sede própria. Foi então que o imóvel de nº352 da Duque de Caxias foi adquirido. Na época, o prédio era apenas um sobrado – com características coloniais –, que de residência já havia se transformado em ponto comercial. Para abrigar a sede do novo clube foi necessário realizar uma reforma, mas as paredes externas foram preservadas e apenas o interior foi modificado, atendendo as necessidades dos sócios. Depois de reformado, o prédio foi inaugurado em janeiro de 1926. Algum tempo depois os sócios dos dois clubes se uniram novamente, formado o Esporte Clube Cabo Branco. O prédio da Duque de Caxias passou a ser a sede social, enquanto outro imóvel que existia em Jaguaribe era a sede esportiva.

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Algumas outras reformas foram realizadas no local, mas todas preservaram o aspecto exterior. Duas foram bastante significativas, entretanto, pois ampliaram o prédio. Uma em 1960, que seguiu as mesmas linhas arquitetônicas, mas trocou a escada de madeira, construiu banheiros e um café, além da ampliação em si. Vinte anos depois, houve nova reforma e nova ampliação, avançando novamente sobre o prédio da Biblioteca Pública. Em 2011, depois de dificuldades financeiras enfrentadas pelo Clube, a edificação passou a pertencer à Prefeitura de João Pessoa. E a partir daí começou uma nova fase, como a sede da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). E não há como negar que o reflexo de sua fachada artística na produção cultural agora em seu interior confere harmonia ao conjunto.


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ARQUITETURA E MODA

TENDÊNCIAS

EM CORES PARA 2016

E A PERSUASÃO

SUAVE DO

ROSE

QUARTZ Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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odos os anos, tendências em cores são lançadas e divulgadas através da internet e meios de comunicação, ditando assim, todo o caminho a ser traçado pela moda e arquitetura. Quem comanda a escala de cores tendência é o Instituto Pantone, a autoridade mundial no que diz respeito à divulgação das cores a serem utilizadas em diversos segmentos. Fundada em 1962 por Lawrence Herbert, o instituto fabricava cartões de cores para uma indústria de cosméticos, porém em 1963, Inovou o seu sistema numérico e ficou conhecida como sistema de escala de cores Pantone, que é atualmente considerado a linguagem padrão para a comunicação em todas as fases do processo de gerenciamento de cores, onde se permite identificar as tonalidades em qualquer canto


do planeta através de uma padronização da descrição destas, facilitando assim, o trabalho de criação de designers e estilistas, que antigamente precisavam ter em mãos amostras de papel ou tecido, para identificar os tons desejados. Para 2016, a Pantone já revelou a lista das dez cores do ano, as “top trend colors”, que prometem trazer de volta às passarelas e a decoração, a natureza suave, o universo das artes e a desconexão da tecnologia, além de principalmente, ultrapassarem a fronteira de gênero, onde não deverá existir distinção entre cores masculinas e femininas. As cores são: Rose Quartz, Serenity, Buttercup, Lilac Gray, Iced Coffee, Peach Echo, Snorkel Blue, Limpet Shell, Fiesta e Green Flash.

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PANTONE 13-1520

Rose Quartz PANTONE 15-3919

Serenity PANTONE 12-0752

Buttercup PANTONE 16-3905

Lilac Gray PANTONE 15-1040

Iced Coffee

PANTONE 16-1548

Peach Echo PANTONE 19-4049

Snorkel Blue PANTONE 13-4810

Limpet Shell PANTONE 17-1564

Fiesta PANTONE 15-0146

Green Flash

Porém como estamos praticamente no verão, vamos falar do “Rose Quartz”, o rosa Persuasivo e suave queridinho do momento, eleito pela Pantone como a cor da primavera/verão na Europa. Nas passarelas da última edição da SPFW, já se via em abundância o tom rosa claro, cheio de personalidade nos desfiles de Reinaldo Lourenço, Vitorino, Lilly Sarti, Iódice entre outros. Não demorou para a tonalidade ser lançada pela Pantone como o rosa do verão 2016. O nome Rosa quartzo, vem da pedra preciosa que possui tonalidade rosa claro, porém luminosa e brilhante. O tom é persuasivo e ao mesmo tempo suave, transmite compaixão e senso de compostura. Segundo o instituto, é como um pôr do sol sereno, a bochecha vermelha, o brotamento de uma flor... É importante ressaltar, que apesar de claro e romântico o tom tem sido explorado de maneira adulta, deixando a pitada açucarada e “baby” um pouco de lado. Houve um tempo em que a moda feminina inspirava o design de interiores e a decoração, e a moda masculina ditava o design mais comercial, porém essa ideia tornou-se ultrapassada em 1980, onde começamos a perceber que homens de verdade não só poderiam usar rosa ou lavanda, como também poderiam morar em espaços revestidos em tons pastel. Hoje em dia essa ideia é cada vez mais forte, e o rosa quartzo vem para quebrar de vês o paradigma de gênero através de cores, por isso é bem provável de ser tendência para ficar. O tom calmante e otimista entra no mundo do design e promete trazer combinações lindíssimas para ambientes de todos os estilos. Algumas técnicas e estratégias prometem ser sucesso na arquitetura de interiores, no que diz respeito à inserção do rosa quartzo, entre elas estão: A junção do preto e branco com o rosa em móveis de forma geométrica, orquestrando assim um ambiente urbano

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e com ar masculino e industrial; O branco com cinza e acessórios rosa para alcançar um clima leve e urbano; Base em tons neutros e dourados unidos à detalhes rosa para evocar um sentimento de delicadeza e ainda o cobre misturado ao rosa para acender a tonalidade, tornando-a o centro das atenções. De certo, o rosa quartzo não será apenas uma “cor do momento”, porém parte de um marco para a abertura de horizontes no mundo das cores e suas influências na moda e na arquitetura.


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VIAGEM DE AQUITETO

Antiga cidade de Ayuttaia

Tradição e modernidade Templos budistas, museus e arquitetura tradicional em contraste com o trânsito e os arranha céus de uma metrópole

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iajar para a Ásia, já significa ir a um lugar com arquitetura e cultura diferentes. Bangkok, capital da Tailândia, país do sudeste asiático, é uma metrópole, que concentra, em torno de 400 templos budistas, em meio a sua arquitetura, às vezes caótica, às vezes, permeada pela modernidade dos arranhas céus e das edificações envidraçadas.

O Grande Palácio destaca-se como um dos maiores e mais importantes complexos de templos da grande Bangkok. Fica dentro de uma cidadela murada, composto por vários templos budistas, esculturas, museu e antiga residência do rei, as margens do rio que corta a cidade, no coração de Bangkok. Nele está o mais importante templo budista do país, o templo do Grande Palácio, Bangkok

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Buda de Esmeralda (que na verdade, de jade), onde não é permitido fotografar o seu interior. A arquitetura do complexo encanta, pela suntuosidade, cores , detalhes e características peculiares às edificações religiosas do budismo, com seus telhados pontudos, entalhes dourados e coloridos e esculturas diversas. Outra atração dessa rica cultura é a cidade histórica de Ayutthaia ,a 80 km de Bangkok . Ela foi durante muito tempo, a capital do reino de Sião, até sua destruição pelo exercito birmanês no século XVI e sua transferência para Bangkok. Foi o mais poderoso reino do sudeste asiático. Hoje, é patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO. Ainda em Ayutthaia, visitei o palácio de verão do rei da Tailândia( Bang Pa In) que encerra um complexo de edifícios, porém já com influencia clara da arquitetura neoclássica e chinesa, além dos templos budistas, que fazem uma harmoniosa mistura de estilos entre suas lindas alamedas e jardins. BANGKOK já foi chamada de, a Veneza do Oriente, por ser cortada por um grande rio, o CHAO PRAYA, e ser permeada por vários canais que antigamente, serviam ao comércio dos mercados flutuantes. A cidade tem um trânsito intenso, muitos arranhas céus e a modernidade de uma metrópole, convivendo com a tradição dos templos budistas. O centro financeiro de Bangkok concentra muitos shoppings, bancos, hotéis, templos e um sistema de transportes diversificado, com metrôs aéreos, taxis, ônibus, tuk-tuks e trens de superfície e é, sem duvida, uma cidade de arquitetura única, alegre, muito turística e que não dorme. Partindo de Bangkok, visitei Hanói, a capital do Vietnã, e segunda maior cidade do país. É bem horizontalizada, com muito lagos e edificações em estilo colonial francês, que guarda influências de sua colonização e ocupação. Seu mais famoso lago é o Hoan Kiem, onde fica o templo da Tartaruga, no coração da cidade ,no bairro antigo, onde se concentram muitas lojas, cafés, restaurantes e hotéis. Visitamos também o Museu da historia militar, que guarda memórias da guerra do Vietnã como, artefatos, aviões, tanques, documentos e abriga a torre à bandeira. Hanói, além de guardar uma rica história da cultura vietnamita, é porta de entrada para se conhecer uma das sete maravilhas do mundo natural - a baía de Halong Bay.

Lago Hoan Kien Região Central de Bangkok

Antiga cidade de Ayuttaia, Tailândia

Museu da História Militar do Vietnã, Vietnã

Texto e Fotos: Adriana Leal

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CARTA DO LEITOR

A AE quer ouvir você É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contato@artestudiorevista.com.br Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Parabéns a Imobiliária Hofmann. Parabéns ao arquiteto Francisco Cabral e sócios. Maravilhosa capa da edição 50. Sergio Andrade João Pessoa, PB

Muito boa a edição 50 da Revista Artestudio, muitas matérias boas. Em especial a Ponto Final na qual me identifiquei muito. Maria José Cabedelo, PB

Linda capa, excelente projeto. A revista AE mais uma vez de parabéns. Glória Barros João Pessoa, PB

A minha filha disse que quer morar nessa casa. Parabéns as arquitetas Silvana Freitas e Márcia Barreiros.

ENDEREÇOS PROFISSIONAIS DESSA EDIÇÃO: ANNELISE LACERDA Av. Guarabira, 949. Manaíra, João Pessoa / PB. +55 (83) 99900.41141 lacerdaannelise@gmail.com DÉBORA PIRES E JULIANA XAVIER Rua Universitário Carlos Marcelo Pinto, 118, Torre. João Pessoa/PB +55 (83) 3244 4024 | 98740.7233| 99997.4781 jx.andrade@gmail.com debora@piresxavierarquitetura.com.br juliana@piresxavierarquitetura.com.br GISELE BUSMAYER E CAROLINA REIS Av. Candido de Abreu 526, sala 606 +55 (41) 8858-7131 studio@giselebusmayer.com.br carolinareis@carolinareis.com.br www.giselebusmayer.com.br | www.carolinareis.com.br MÁRCIA BARREIROS E SILVANA FREITAS Rua Tertuliano de Brito, 348 Bairro dos Estados, João Pessoa / PB. +55 (83) 3031-2308 | 99857-1617 | 99908- 4405 marcia.silvana@arquitetura2.com.br arquiteta@marciabarreiros.com freitasarquitetura@gmail.com E3 ARQUITETURA MARCELA BAIONI GARCIA E CLAUDIA GRASSIANO Rua Bento Munhoz da Rocha Neto, 595 Jardim do Lago - Londrina/PR +55 (43) 3324 5004 contato@e3arquitetura.com.br

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Obrigada a todos que nos enviaram e-mails. Abraço. Equipe Artestudio

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PONTO FINAL

RECEITA PARA LAVAR PALAVRA SUJA

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ergulhar a palavra suja em água sanitária. Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia. Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida. Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente. São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas. Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada. Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão. Agora nunca vi palavra tão suja como perda. Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua. O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar. O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras.

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Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha. Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade. Já a palavra força cai bem em qualquer mistura. Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras sob o risco de perderem o sentido. A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons. Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa. Conviva com a palavra durante alguns dias. Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo. Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne, prolifera em toda sua possibilidade. Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa. Uma palavra LIMPA é uma palavra possível.

VIVIANE MOSÉ

Poetisa, filósofa, psicóloga, psicanalista e especialista em elaboração e implementação de políticas públicas. Mestre e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro


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