ARTESTUDIO 41

Page 1

Ano xI nº 41 | março / Abril / maio 2013

www.artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

DOIS EM UM

O novo MAR, no Rio, é museu e escola em dois prédios antigos integrados

PARA RECEBER Residência foi projetada pensando no lazer com os amigos

ELEMENTOS

FRANCISCANOS; NÃO JESUÍTAS Estudo arqueológico na Fazenda da Graça muda história do lugar

cONFORTO NO TJ-pB Tradição e modernidade na reforma do Pleno do tribunal

MARcANTES

Madeira e pedra marcam presença no projeto de uma residência

NOVAS INSTALAÇÕES

Clínica cadiológica muda de endereço e ganha novo projeto

JOGO DE

VOlUmES

linguagem contemporânea para residência

AMPLOS ESPAÇOS

Showroom de loja de móveis planejados readapta antiga fábrica E +: A arquitetura em ʻ500 Dias com Elaʼ e o problemas da Avenida Edson Ramalho, em João pessoa


CHICAGO MIAMI CIUDAD DE MEXICO MONTERREY CIUDAD DE PANAMA CIUDAD DE GUATEMALA SANTIAGO DE CHILE ASUNCION MONTEVIDEO PUNTA DEL ESTE 60 LOJAS BRASIL

AV EPITテ,IO PESSOA 3070 TAMBAUZINHO JOテグ PESSOA TEL 3244 6688







SUMÁRIO

Março / Abril / Maio 2013

DICAS & IDEIAS 32 AMBIENTAÇÃO

As dicas para a sua casa e seu bichinho de estimação

78 A HISTORIA DE...

Usada por aqui desde os tempos pré-colombianos, a rede continua um dos mais queridos utensílios no Nordeste

CONHEÇA 18 LIVRO

ARTIGOS

Cidade, Cultura e Urbanidade reúne artigos que mostram olhar plural sobre a questão

VISÃO PANORÂMICA 12

Amélia Panet lembra dos livros fundamentais do estudo da arquitetura

URBANISMO 14

A cultura da paisagem no reconhecimento do Rio de Janeiro pela Unesco

VÃO LIVRE

16

24 Grandes arquitetos

O elemento marcou a carreira de Philip Johnson, o primeiro vencedor do Prêmio Pritzker

76 ACERVO

Estudo arqueológico na Fazenda da Graça traz revelações sobre a capela do lugar

88 VIAGEM DE ARQUITETO

A imobilidade nas cidades como um problema crescente

Charme suíço, belezas da cidade de Thun

OPINIÃO PROFISSIONAL 17

94 ARQUITETURA E ARTE - CINEMA

Arquitetos falam de como João Pessoa pode melhorar relação com os idosos

ENTREVISTAS ENTREVISTA

20

Paulo Torniziello fala sobre processo criativo e iluminação

CONVERSA FRANCA 99

Janine Holmes fala sobre a profissão de designer de interiores

SOCIEDADE especial 72

A importância da acústica arquitetônica

REPORTAGEM 82

Estudo mostra os problemas da Avenida Edson Ramalho

OUTRAS ÁREAS 86

Cristóvam Tadeu é o riso levado a sério

Estado de espírito, a arquitetura reflete as paixões do personagem principal de 500 Dias com Ela


88

arquitetura & estilo de vida ANO XI - Março/Abril/Maio 2013

ExpEDIENTE Diretora/ Editora Geral- márcia barreiros Editor Responsável - Renato félix, DRT/pb 1317 Redatores - Alex lacerda, Débora Cristina,

Neide Donato, Renato félix e Thamara Duarte

Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - márcia barreiros Arte e diagramação - George Diniz / Welington Costa fotógrafos desta edição - Vilmar Costa / Christian Woa / mb Impressão - Gráfica Jb

qUEm SOmOS

pROJETOS NAcIONAL

28

HORA DO JULGAMENTO

36

O novo Museu de Arte do Rio dá início à revitalização da região portuária carioca

Reforma equilibra tradição e modernidade no plenário do TJ da Paraíba

ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

ONDE NOS ENCONTRAR Contato : +55 (83)

MADEIRA E pEDRA

40

Elementos marcantes no projeto de uma residência

cOMpARTILHANDO 46

Receber os amigos norteou o projeto de uma residência

NOVO ENDEREÇO

50

NOSSA cApA

56

pRANcHETA

64

Clínica cardiológica ganha novas e modernas instalações

Amplos espaços, integração e funcionalidade em loja de móveis planejados

Edifício com duas torres que buscam a inovação Nossa Capa: Foto: fátima Dantas Projeto: Karla barros e Anellise lacerda

3021.8308 / 9921.9231

c o n t a t o a r t e s t u d i o @ y a h o o. c o m . b r c o n t a t o @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r d i r e t o r i a @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r R. Tertuliano de brito, 338 b - 13 de maio, João pessoa / pb , CEp 58.025-000 @revARTESTUDIO Artestudio márcia barreiros

www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: w w w.ar testudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos


12


EDITORIAL

DEpOIS DOS 10... No capítulo anterior, a ARTESTUDIO completou seus dez anos. Agora, um novo capítulo começa, apontando para os próximos dez anos e além. E a edição que você tem em mãos procura, mais uma vez, levantar vários aspectos das áreas de arquitetura, urbanismo, design e ambientação. A estética, a vida prática, a história, a arte. Ao mesmo tempo em que desvendamos a história das redes, essa “mobília” tão querida aqui no Nordeste, vamos à capela da Fazenda da Graça saber um pouco mais sobre sua história. Observamos a arquitetura na história e nos cenários do filme 500 Dias com Ela e contamos a história do humorista Cristóvam Tadeu e suas mil faces. Falamos sobre livros de arquitetura marcantes e discutimos, mais uma vez, o colapso da imobilidade nas grandes cidades. Mostramos o novíssimo Museu de Arte do Rio (MAR), que começa uma revitalização da região portuária do Rio, e também a distante cidade de Thun, na Suíça. Enfim, há muito o que ler nesta edição da ARTESTUDIO. Mais uma vez tentamos combinar todos esses elementos para o seu entretenimento e conhecimento. Boa leitura!

Márcia Barreiros

Editora Geral e Diretora executiva

Colaboradores desta edição

ARTESTUDIO

George Diniz Diretor de criação

Alex Lacerda Jornalista

Renato Félix Editor responsável

Débora Cristina Jornalista

Neide Donato Jornalista

Wellington Costa Prod. e diagramador

Vilmar Costa Fotógrafo

Jean Fechine Arquiteto

Rossana Honorato Arquiteta

Amélia Panet Arquiteta

Roberto Ghione Arquiteto 13


VISÃO PANORÂMICA

Uma árvore, grande e frondosa

V

enho de uma geração de arquitetos que não tinha tanta facilidade em adquirir livros de arquitetura. Eram caros, escassos e não chegavam com facilidade à cidade. Nossa oportunidade para formar nossa biblioteca estava nos encontros de arquitetura, ou quando aparecia alguma editora para divulgar suas publicações na pracinha do CT da UFPB. As revistas Projeto e AU eram as assinaturas mais frequentes entre os alunos de arquitetura e a maneira possível para nos manter atualizados sobre o que acontecia na arquitetura “brasileira”. Sim, brasileira entre ”aspas”, pois os projetos publicados nessas revistas estavam situados, em sua maioria, no triângulo: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Só após a vinda de José Wolf, saudoso jornalista de São Paulo e amigo da família Borsoi, é que começamos a ver projetos de arquitetos nordestinos nas revistas de circulação nacional. Estou falando de meados da década de 1980. Nesse período, mesmo de maneira 14

limitada, tínhamos acesso aos livros da biblioteca, e principalmente, aos infindáveis textos em espanhol, fornecidos pelos nossos queridos professores de teoria e história. Para o meu desespero eram todos obrigatórios à leitura e, naquela época, ler em espanhol era a mesma coisa que ler em mandarim, tamanha era a dificuldade de estudar sobre Grécia e Roma, sem ver uma “figurinha” que pudesse alimentar a nossa imaginação. Mesmo assim, alguns livros eram obrigatórios em nossas pranchetas e cito três deles que acompanharam toda a minha formação. O primeiro deles ganhei de presente dos meus pais, assim que entrei na universidade, o “Neufert”, um verdadeiro manual de arquitetura até hoje, cujo título é Arte de Projetar em Arquitetura. Escrito por Ernst Neufert, um arquiteto alemão, colaborador de Walter Gropius, o grande arquiteto da Bauhaus, o Neufert trazia normativas, exemplos e medidas para quase todos os temas da arquitetura, no entanto, tudo

Foto: divulgação


muito relacionado às medidas e ao contexto Esses princípios resumem a arquitetura alemão, evidentemente. Assim, para fazer o da Escola Pernambucana de Arquitetura, tendo contraponto brasileiro tínhamos o livro de Emile Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi como seus Pronk, Dimensionamento em Arquitetura, publicado principais expoentes. Tais arquitetos conseguiram pela editora da UFPB, fininho e bem mais leve adaptar os princípios da arquitetura moderna que o Neufert, de maneira que vivíamos com uma carioca, inspirada em Le Corbusier, às condições cópia embaixo do braço. nordestinas. Outro livro tão importante quanto os Assim, criar uma sombra, significa propor anteriores era o livro do pernambucano Armando uma boa cobertura, ventilada, capaz de nos de Holanda, Roteiro para Construir no Nordeste. proteger da radiação do sol. Recuar as paredes é Esse livro é fantástico até hoje. Uma coisinha de criar beirais generosos, varandas, terraços, pilotis, nada, que diz tudo. Em sua homenagem, está sombrear as vedações externas. Vazar os muros nesta página um trecho do poema “Fábula de um e paredes é a utilização de cobogós, elementos arquiteto”, que faz a abertura da edição de 1979. vazados e venezianas, para que filtrem a luz, Com poucas páginas, mas deixem a brisa passar. Holanda nos brindou com “A arquitetura como construir portas Proteger as janelas com as mais adequadas lições de de abrir; ou como construir o aberto; marquises, brises, beirais, arquitetura para se construir construir, não como ilhar e prender, muxarabis para que a luz nos trópicos brasileiros. São nem construir como fechar secretos; entre controlada e o vento lições que podem ser levadas construir portas abertas, em portas; possa arejar a morada. Abrir adiante, por todas as gerações casas exclusivamente portas e teto. as portas para integrar os de arquitetos, independente O arquiteto: o que abre para o homem ambientes, para diminuir a da linguagem arquitetônica (tudo se sanearia desde casas abertas) distância entre o dentro e do momento, pois são portas por-onde, jamais portas-contra; o fora, sem descuidarmos premissas que podem se por onde, livres: ar luz razão certa”. da segurança. Continuar os adaptar a qualquer geometria espaços para dar flexibilidade formal, apesar de terem Trecho do poema “Fábula de um arquiteto,” aos ambientes, fluidez visual sido baseadas nas tradições de João Cabral de Melo Neto e para que possamos utilizáconstrutivas nordestinas que los para diversas atividades. priorizam a harmonia das Construir com pouco, poucos edificações com a natureza. componentes, poucos materiais, mas com muita Assim, em nove princípios, Holanda define criatividade para que possamos criar boas relações como uma arquitetura pode tornar-se um lugar espaciais sem poluição visual. Conviver com a ameno nos trópicos ensolarados: natureza, entre jardins, pergolados e a sombra das árvores, respeitando o entorno e aproveitando ao 1º. – criar uma sombra; máximo a topografia e a situação do terreno. E por 2º. – recuar as paredes; fim, o que seria a síntese de tudo, um construir 3º. – vazar os muros; frondoso, uma arquitetura livre, espontânea, 4º. – proteger as janelas; sombreada, acolhedora, representante da nossa 5º. – abrir as portas; cultura e em harmonia com o meio-ambiente. 6º. – continuar os espaços; Simples, mas tão difícil de ver nos dias 7º. – construir com pouco; atuais. Uma árvore ... grande e frondosa. 8º. – conviver com a natureza; e 9º. – construir frondoso.

Amélia Panet

arquiteta e urbanista Mestre em arquitetura e urbanismo Doutoranda em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

15


URBANISMO

A paisagem como

expressão cultural

Foto: divulgação

O

título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural concedido ao Rio de Janeiro pela Unesco ano passado, aprovado durante a 36ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial realizada em São Petersburgo, na Rússia, resultou em um fato singular, não somente para o Brasil e a humanidade, mas para a própria United Nations Educational, Scientificand Cultural Organization: o pioneirismo da concessão. Ao celebrar vinte anos do reconhecimento da paisagem como expressão cultural pela Convenção do Patrimônio da Unesco, o título conquistado pela cidade do Rio de Janeiro transcende a fronteira nacional e assegura certamente para a humanidade mais uma firmação identitária no curso da história urbana do processo civilizatório. Ainda que não tenha sido a primeira tentativa da cidade em inscrever-se nos editais anuais da premiação e a ocorrência em 2012 conjugue, certamente, uma série de fatores de interesse da conjuntura internacional contemporânea para a promoção mercadológica de cidades - vide o ciclo econômico em que se transformaram os campeonatos esportivos mundiais -, a rara beleza da cidade do Rio de Janeiro, sobretudo pelo curso de sua expansão urbana sobre o território natural cujo relevo de altimetria variada entre enseadas do Oceano Atlântico não constituiu barreiras

16

à ocupação e ao uso do solo, permite relevar qualquer questão quanto ao mérito da titulação. O primeiro reconhecimento de uma “paisagem de excepcional valor universal”, da incorporação do conceito de paisagem como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais para a Unesco, após 20 anos de sua adoção embasada na Convenção de 1972, ampliou os olhares de pesquisadores brasileiros interessados na temática, chamando-os a um debate desafiador em torno dos juízos de valor que o termo cultural agrega ao termo original e as repercussões para as políticas de conservação das paisagens no país. Estejam elas degradadas, em processo de conservação ou cada vez menos conservadas, as paisagens constituem um elo de firmação de identidades territoriais em um mundo de economia globalizada, que reúne um conjunto de estratégias mercantis que se valida da uniformização dos lugares, da eliminação do distintivo, justamente das singularidades capazes de assegurar às comunidades o reconhecimento de pertença a um lugar. Para quem reconhece as paisagens em meio à riqueza e à complexidade do imaginário coletivo, a passagem da percepção social para a memória produz uma marca humana de reconhecimento da própria existência, dos traços do próprio cotidiano. A capacidade de reconhecer um lugar, onde quer que


Foto: divulgação

essas paisagens se situem - em um sítio, uma parede, uma janela ou na própria memória -, marca uma potencial interação do privado com o público por meio de um diálogo entre a memória individual e a memória coletiva. Em meio à gradativa devastação da memória dos lugares, uma visão otimista leva a ressaltar um potencial percurso porvir: a apropriação pelos habitantes de cidades do espaço público com o sentimento cada vez mais sólido de pertença. Uma utopia, decerto. A busca por uma arte de viver em harmoniosa relação com a história dos lugares e o patrimônio natural, e, longo prazo, uma maneira de repensar as trocas humanas em meio à vida urbana e sua relação com os reinos da natureza. Ainda que, em torno da riqueza da diversidade e de belos panoramas da natureza, esteja em operação a mercantilização da sua apreciação pelo mercado imobiliário através de sua miragem. Imagens que passam a constituir, em si, um valor de troca e redundem em controvérsias que conflitem noções de paisagens naturais com paisagens fictícias. A construção de valor da imagem veiculada pelas propagandas do mercado imobiliário decerto repercutirá numa revalorização social do significado e da conservação de paisagens para o patrimônio coletivo. Com o impacto dessa nova propagação de imagens no mercado imobiliário, ainda é impreciso

estimar sua incidência sobre os habitantes de centros urbanos em movimentos de apreensão de paisagens em rápidos processos de transmutação. Vivam eles em cidades “comuns”, vivam eles em uma cidade, patrimônio recém-tombado como Paisagem Cultural da Humanidade, vivam esses habitantes em cidades cujos centros históricos sejam tombados como patrimônio cultural do Brasil, como o caso de João Pessoa. Realidades que tipificam espaços e tempos distintos, mas uma preocupação comum às pessoas interessadas na conservação da paisagem dos lugares, como meios de reconhecimento de significados das “caras urbanas” para a vida da sociedade. Histórias urbanas, fomento para a identidade de pertença, que proporcione às suas sociedades a afirmação de culturas próprias e de sua singularidade no curso do processo civilizatório contra a ordem global da desindentificação. A procura de uma especificidade regional, a busca incansável por uma arte de viver nas cidades, a valorização do patrimônio cultural coletivo podem tornar-se fonte de esperanças e proporcionar novas dinâmicas para a vida dos lugares. O curso do balanço continua e o mais difícil ainda constitui o desafio: a conservação sem o engessamento da paisagem urbana e a expansão urbana sem o mau uso do patrimônio natural e cultural. Desenvolvimento que sirva às atuais e às futuras gerações.

Rossana Honorato

Arquiteta e urbanista Mestre em Ciências Socias Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB

17


VÃO LIVRE

A imobilidade

nas cidades

A

s cidades brasileiras entraram em colapso de imobilidade. A situação compromete diariamente o tempo, a saúde e a produtividade de milhares de pessoas e representa o maior desafio dos atuais gestores urbanos. O sucesso ou fracasso de uma gestão municipal estará diretamente relacionado à solução deste problema, que é muito mais complexa que construir novos corredores e viadutos, melhorar o transporte público, apelar para a tecnologia de ponta, regularizar as calçadas ou fomentar o uso de bicicletas e outros meios de transporte alternativos. O problema não se resolve em termos quantitativos, nem na relação lógica de causa e efeito, nem com burocracia e tecnocracia administrativa. É preciso entender a complexidade do fato urbano e as relações com o território, assim como abrir a mente para novos conceitos que superem o modelo atual de construção da cidade. Isto implica enfrentar interesses de setores que se beneficiam com um modelo que redunda em muito lucro para poucos e muitos inconvenientes para todos, promover um debate participativo e democrático com a sociedade organizada, elaborar um diagnóstico da situação atual da mobilidade, conscientizar a população acerca da necessidade e conveniência de mudar hábitos e comportamentos, determinar estratégias e objetivos para o curto, médio e longo prazo. Ponto de partida essencial é estabelecer a hierarquia dos componentes do problema: o pedestre antes que o automóvel; a calçada antes que a rua; os espaços públicos antes que as obras de engenharia do trânsito; o transporte público antes que o privado; o espaço urbano como ambiente de vivência social antes que como local de passagem entre um ponto e outro. A inversão de hierarquias em relação à situação atual significa a mudança do paradigma de gestão e do modelo de cidade em construção. Enrique Peñaloza, ex-prefeito de Bogotá, afirma, no prólogo do livro La Humanización del Espacio Urbano, de Jan Gehl, que “se a cidade é o lugar do encontro por excelência, mais que qualquer outra coisa, a cidade é seu espaço público pedestre. Os seres humanos não podem estar no espaço dos automóveis, nem nos espaços privados que não lhes pertencem. A quantidade e a qualidade do espaço público pedestre determinam a qualidade urbanística de uma cidade”.

Fotos: Divulgação

A cidade de planejamento tecnocrático e fragmentado, baseado em indicadores abstratos e alheios à configuração de uma paisagem urbana e ao favorecimento da convivência social, precisa ser orientada para outros modelos que estimulem a apropriação pacífica e civilizada dos espaços públicos. Neste contexto, um projeto de mobilidade urbana terá mais possibilidades de ser resolvido que na continuidade da situação atual. Substituir os automóveis pelas pessoas nos objetivos centrais das decisões arquitetônicas e urbanísticas constitui um passo fundamental para iniciar as transformações necessárias. As leis de uso e ocupação do solo devem ser orientadas nesse sentido. O modelo de cidade implícito nelas e as arquiteturas que hoje são permitidas construir pouco contribuem para a solução da mobilidade. Ao contrário, nos centros comerciais e edifícios residenciais e empresariais de uso exclusivo encontra-se a origem da imobilidade. Esse modelo urbano propõe a fragmentação e isolamento das funções e serviços, assim como os empreendimentos propõem edifícios totalmente dependentes do automóvel para funcionar e estabelecer as redes de contatos com a cidade, ao mesmo tempo que negam a integração social e estimulam a violência e a exclusão. Uma nova visão de cidade torna-se imprescindível para evoluir na direção de uma sociedade mais justa e integrada e, conseqüentemente, mais favorável a resolver problemas críticos, como o da mobilidade. O estímulo do uso misto, a criação de novas centralidades urbanas, a promoção de usos que integram as pessoas, o cuidado e controle espontâneo do espaço público pelos próprios moradores são, dentre outras, orientações válidas para definir novos paradigmas de uso e apropriação da cidade pelas pessoas e, consequentemente, diminuir sensivelmente a presença de automóveis nas ruas. Continuar a construção da cidade com edifícios de uso exclusivo, baseados em estruturas sociais defensivas, com paisagens urbanas de muros e guaritas, significa continuar um modelo pernicioso que só contribui para engessar e complicar o funcionamento das cidades, até elas morrerem de imobilidade.

Esse espaço é para você, leitor. Os e-mails enviados para essa seção devem ser encaminhados com o nome e profissão do remetente para:

contato@artestudiorevista.com.br contatoartestudio@yahoo.com.br

Roberto Ghione

Arquiteto Diretor do IAB/PE

18


OPINIÃO PROFISSIONAL

A casa e a cidade para o futuro

A projeção para o ano 2025 é que os idosos passem a ser 15% da população brasileira, o que equivalerá a 34 milhões de pessoas idosas. Diante desse quadro, como você vê a cidade de João Pessoa? e quais sugestões poderiam ser dadas para nos prepararmos para o futuro? Considerando o quadro atual, não vejo João Pessoa ou qualquer cidade brasileira preparada para pessoas com mobilidade reduzida. É preciso um grande esforço no sentido de adaptar nossas cidades para a população idosa, que, além de aumentar gradativamente, se mostra cada vez mais economicamente e socialmente ativa. Como solução a curto prazo, ampliaria a legislação existente, já que a atual só trata dos edifícios públicos ou de uso coletivo. Já a médio e longo prazo proponho um grande debate social, que inclua todos os setores da sociedade além de toda a cadeia da construção civil. Temos que entender acessibilidade como necessidade e não como obrigação, afinal todos nós desejamos chegar na terceira idade. Fabiano Melo, Arquiteto e urbanista Mestre em Engenharia Urbana Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Facisa e sócio do escritório Vilanova Arquitetura.

A cidade de João Pessoa vem passando por um processo de transformação nos últimos oito anos, que busca a melhoria da qualidade de vida da sua população. Ações de planejamento urbano foram desenvolvidas nas quatorze regiões do Orçamento Democrático, que compreende os sessenta bairros da cidade, entretanto o conjunto dessas ações precisam estar associadas a outras políticas públicas que garantam a população o sentimento amplo de cidade que todos almejam. A capital paraibana, segundo o IBGE, apresenta índice GINI de 0,52, o que demonstra ainda uma grande desigualdade social, que afasta boa parte da nossa população da efetiva participação na utilização de equipamentos públicos instalados na cidade. Principalmente os de lazer e cultura, por não terem suprida a necessidade básica que é habitação. Em estudo recente da topografia social da cidade de João Pessoa, constatou-se através da análise de variáveis que permitiram avaliar a infraestrutura que atende a população de cada bairro e as condições de habitabilidade, que em 73% dos bairros, parte dos moradores está nas piores condições de vida que a cidade oferecia, quando da pesquisa, sendo os bairros da Penha, Distrito Industrial e Padre Zé os que apresentaram os piores índices. Diante dessas constatações, e apesar de todos os avanços, podemos afirmar que João Pessoa trilha caminhos seguros na busca dessa utopia da cidade que todos almejam, mas ainda temos um árduo caminho até consolidarmos esse sonho coletivo. José Guilherme de Almeida Barbosa Engenheiro civil e ciências da computação Secretário municipal de Habitação da cidade de João Pessoa em 2012

19


LIVRO

A pRIVATIzAÇãO DOS ESpAÇOS pÚblICOS

ʻCidade, Cultura e Urbanidadeʼ reúne artigos que mostram olhar plural sobre a questão Texto: Alex lacerda | Fotos: Divulgação

O

bservar a cidade criada não apenas pelos urbanistas, mas, sobretudo, modelada, vivida e culturalmente criada pelos cidadãos. Este é um dos principais vieses abordados pelo livro Cidade, Cultura e Urbanidade, organizado pela arquiteta e professora Jovanka Baracuhy. O livro é uma coletânea de artigos produzidos por integrantes do laboratório de Estudos sobre Cidade, Cultura Contemporânea e Urbanidade, do departamento de arquitetura da UFPB. Cidade, Cultura e Urbanidade apresenta artigos produzidos a partir de pesquisas que utilizam questões teóricas, intercaladas com resultados de pesquisas empíricas, procurando enriquecer o diálogo sobre espaço público, cultura e urbanidade. Os artigos são fruto de uma equipe interdisciplinar de pesquisadores, professores e alunos de arquitetura e urbanismo, sociologia, geografia e antropologia. É com essa pluralidade de criadores que o livro consegue construir uma série de discussões relacionadas à crítica aos processos de privatização dos espaços públicos, homogeneização, espetacularização e mercantilização das estratégias de intervenção e das políticas urbanas. Já na apresentação do livro a organizadora chama atenção para o fato da população mundial ter se tornado majoritariamente urbana em 2009, com mais de 50% das pessoas habitando em cidades e que este fator faz com que as médias e grandes cidades atraiam cada vez mais as pessoas. O livro é uma resposta inicial de pesquisadores para procurar novos métodos para enfrentar questões complexas apresentadas por esta realidade e repensar a forma como entendemos as cidades hoje. Nos artigos este elemento é desenvolvido e os textos levam em consideração a diversidade com que as cidades se apresentam hoje. No livro é possível notar que os textos apontam para uma diversificação e ampliação da agenda política para o espaço público, bem como a dimensão da cultura urbana em destaque nas políticas públicas e intervenções público-privadas. Os textos são divididos em três seções: “Ambiências urbanas, espaços públicos”, “Dinâmicas de exclusão e segregação socioespacial” e “Patrimônio cultural das imagens urbanas”. Nos temas são abordadas questões que afetam a forma como são vistos os espaços urbanos como um todo, mas as cidades de João Pessoa, Recife e Campina Grande se apresentam como alvo de avaliação central dos articulistas.

20

Nas palavras da organizadora, com o livro é possível compreender alguns “elementos que compõem as dinâmicas, valorizam a heterogeneidade do ambiente urbano, reafirmam o caráter e a importância da percepção e da relação entre corpo e cidade, buscando compreender onde e como o sensível faz contexto”.

Laboratório Publicado pela Editora da UFPB, este é a primeira produção do laboratório de Estudos sobre Cidade, Cultura Contemporânea e Urbanidade, que se propõe a discutir temas como culturalização e segregação socioespacial das cidades contemporâneas, transformações nos espaços públicos e possibilidades de renovação epistêmica e metodológica no campo da arquitetura e urbanismo.

Jovanka barakuhy Organizadora

Cidade, Cultura e Urbanidade, de Jovanka baracuhy (org), Editora da Ufpb, 2012


João Pessoa Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 931 | Manaíra | 3246.7660

Recife

83 3326.2737

Natal

84 3221.0982

Fortaleza

85 3244.1552

w w w. a d r o a l d o . c o m . b r 21


ENTREVISTA

Paulo Torniziello Rodrigues

Faça-se a luz!

Coordenador de desenvolvimento de produtos de uma grande empresa de iluminação, o arquiteto e urbanista conta detalhes do processo criativo e analisa o mercado

C

oordenador de desenvolvimento de produtos de uma grande empresa de iluminação no Brasil, Paulo Torniziello Rodrigues é o tipo de profissional que se pode classificar como criador. O arquiteto e urbanista com especialização em Iluminação e Design de Interiores é capaz de montar o quebra-cabeça que é projetar e criar

22

Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

uma luminária. Do design a necessidade do cliente e do mercado, tudo tem que estar em perfeita sintonia para que finalmente ‘faça-se a luz’. Colaborador na Abilux (Associação Brasileira das Indústrias de Iluminação), o especialista revela na entrevista a seguir, peculiaridades do processo criativo e de como a tecnologia LED está transformando o mercado.


Iluminar Prêmio Abilux

ARTESTUDIO – Como se dá o processo criativo ao se projetar uma luminária? PAULO TORNIZIELLO – O processo criativo se dá através de informações dadas pelo departamento comercial e marketing com todas as especificações e necessidades. Quanto ao design, vejo muito mais as características das empresas e um feeling do responsável e as tendências do mercado, além de muita pesquisa de produtos. AE – Quais as principais condicionantes nesse processo? PT – Conhecer bem os tipos de processos existentes, materiais e equipamentos para poder fazer um produto bem comercial do ponto de vista de vendas. Uma coisa muito importante é estar bem a par de tudo que está acontecendo no mundo em relação a produtos, conhecer os produtos das empresas nacionais e internacionais, além de conhecer muito bem o portfólio da própria empresa. AE – O que as novas tecnologias, como o LED e OLED têm provocado nesse processo?

PT – Eles têm causado um grande furor no mercado. Muitos produtos são importados e com alta tecnologia, e estamos tentando acompanhar o que acontece lá fora. Por outro lado, nossos produtos estão surgindo com grande qualidade e preços cada vez mais baixos. O LED veio para ficar, já o OLED ainda é algo em desenvolvimento e que ainda vai demorar para entrar no mercado, apesar de já existirem produtos com essa tecnologia. AE – Como obter um resultado eficiente? PT – Um bom conhecimento dos processos e materiais e seguir um fluxo de desenvolvimento, que vai do papel à linha de montagem. AE – Qual as principais diferenças entre se projetar para o público residencial, comercial e fábricas? PT – Cada um tem suas características muito peculiares ao seguimento, e atender a cada necessidade é bem interessante. Por exemplo: o público residencial precisa de novos produtos de tempos em tempos, já

23


o comercial e fábricas estão muito mais ligados aos que têm grandes desempenhos, com vida útil longa e alta tecnologia. AE – Quais as principais influências nas escolhas dos materiais? PT – A escolha de um material pode encarecer um produto, porém o torna muito mais eficiente e com vida útil mais longa. Um outro ponto na escolha desse material é o produto pode se tornar inviável se não estiver de acordo com um processo de fabricação já pré-determinado, o que encareceria esse produto, fugindo do seu preço ideal. AE – Quais são as etapas desse processo? PT – As etapas de um processo de criação vão da pesquisa do que está acontecendo no mercado externo e interno à escolha do material. Quanto às etapas do desenvolvimento, elas vão do desenho à criação de um protótipo, e ao lote piloto de montagem para – aí, sim – uma produção sem problemas ou surpresas na montagem do produto. AE – Qual a importância da iluminação em um projeto arquitetônico? PT – Primeiro vale lembrar que, quando falamos de projeto arquitetônico, estamos englobando tudo: comercial, industrial, lojas, corporativo, museus, residenciais e muitos outros também. Temos as partes externas das edificações e as vias, e, para cada aplicação, temos normas técnicas regulamentas pela ABNT (a Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que devem ser seguidas. A importância da iluminação para qualquer um desses projetos é valorizar tudo aquilo que foi trabalhado e criado, mostrar os detalhes arquitetônicos e dar condições para as pessoas usufruírem funcionalmente cada espaço, seja o de trabalho, lazer ou até mesmo o de nossas casas de uma forma muito agradável.

Rambla design alternativo

AE – Como o senhor avalia o mercado profissional hoje? PT – Hoje temos grandes profissionais no mercado dedicados à iluminação. Precisamos cada vez mais qualificá-los e valorizá-los, pois do que adianta termos uma edificação muito bem construída em todos os aspectos se não podemos desfrutar desses espaços de forma benéfica?

Pendentes by Dan Yeffet Lucie Koldova 2012

“A importância da iluminação para qualquer um desses projetos é valorizar tudo aquilo que foi trabalhado e criado, mostrar os detalhes arquitetônicos e dar condições para as pessoas usufruírem funcionalmente cada espaço” 24


25


GRANDES ARQUITETOS

A beleza

do vidro O elemento marcou a carreira de Philip Johnson, o primeiro vencedor do Prêmio Pritzker Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

A

pontado como um dos pais da arquitetura moderna, filho de um advogado multimilionário, Philip Cortelyou Johnson nasceu em Ohio (EUA), em 1906. Em 1927 formou-se mestre em Filosofia pela conceituada universidade de Harvard. Sua

26

formação de pensador permitiu uma nova visão para a arquitetura, o que transformou seus projetos em verdadeiros marcos. Trabalhou como historiador e crítico de arquitetura. Em 1932 foi designado para dirigir o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).


Glass House

Sede principal da AT&T

Crystal Cathedral Foto: Divulgação

Aos 36 anos, projetou seu primeiro edifício e pelos 50 anos seguintes Philip Johnson foi um dos mais influentes arquitetos americanos. Seus projetos tinham como característica a utilização de materiais modernos como o vidro o aço. Os edifícios projetados por Johnson revelavam a influência de grandes mestres do passado, principalmente dos clássicos da arquitetura.

Em 1945 projetou uma de suas mais famosas obras, a Glass House, construída em New Canaan, Connecticut, em 1950. Um quadrado erguido em vidro e aço, onde ambientes interno e externo se fundem na visão de quem contempla a obra que marcou a carreira do arquiteto e é objeto de estudo em praticamente todas as universidades de arquitetura do mundo.

27


Puerta de Europa Madrid

Depois dessa obra, o vidro continuou tendo destaque nos projetos de Johnson e nos anos 1950, ele foi responsável por várias torres de vidro, inclusive a Catedral de Cristal no bosque do Jardim da Califórnia, que foi concluída na década de 1980. Na década de 1960, seu olhar passou por uma transformação e Johnson começou a utilizar um estilo mais eclético, fugindo da estética moderna, que a partir de então, virou alvo de suas críticas. Em 1978, foi agraciado com a medalha de ouro do Instituto Americano dos Arquitetos (AIA) e um ano depois, junto com seu parceiro John Burgee, ganhou o prêmio Pritzker – na verdade, foi o primeiro vencedor do prêmio que é considerado o Nobel da arquitetura, em 1979. Seguidor do alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), publicou em 1932, em parceria com Russel Hitchcock, o livro The International Style, onde defendeu o modernismo como uma expressão formal, uma tendência estilística, descartado de qualquer compromisso ideológico. Outras obras marcantes projetadas por Johnson estão o edifício-sede da Seagrams (1958), então o prédio mais alto do mundo, em Nova York, considerado marco do funcionalismo; e o monumento a John F. Kennedy, em Dallas (1970). Também são de sua autoria um dos principais símbolos de Madri, as Torres Kio, assim como a Catedral of Hope, templo das Igrejas Comunitárias Metropolitanas, que reúne 40 mil fiéis evangélicos da comunidade gay, com capacidade para 2.200 pessoas, obra que ele classifica como o santuário emocionante do Cristianismo e pela qual ele, que morreu em 2005, afirmava que seria lembrado.

28

Arquiteto

Philip Johnson


29


NACIONAL

A vista

pArA O MAR Ponto de partida da revitalização da região portuária da Cidade Maravilhosa, o Museu de Arte do Rio possui visual de impacto Texto: Renato Félix | Fotos e imagens: Divulgação

30


O

Rio de Janeiro ganhou um grande presente de aniversário em março: o Museu de Arte do Rio (MAR). O projeto faz parte da revitalização da região portuária da Cidade Maravilhosa e é de grande impacto visual: o complexo une dois prédios históricos através de uma passarela. Junto ao museu, funciona a Escola do Olhar, a primeira escola pública de arte do Rio de Janeiro. O projeto foi concebido pelo escritório Bernardes + Jacobsen, de Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, do Rio de Janeiro. Uma das construções, a mais antiga (inaugurada em 1916 para ser a Inspetoria de Portos do Rio), de estilo eclético, abriga as exposições – e passou por um cuidadoso processo de restauro que devolveu ao prédio a sua cor original. A outra, modernista, onde funcionou o Hospital da Polícia Civil, será ocupada pela escola: são sete pavimentos. As duas são unidas por uma cobertura fluida de concreto, que lembra a ondulação das águas, e uma

rampa coberta que conecta o quinto andar da escola ao terceiro da área de exposições. Sustentada por 37 pilares, a cobertura tem uma área 1,65 mil metros quadrados e espessura de 15 centímetros, em que foram usados 70 toneladas de aço e 40 caminhões (ou 320 metros cúbicos) de concreto. E pesa 800 toneladas; foi desenvolvida em um isopor especial que resiste à compressão de mais de 1 tonelada por metro quadrado. A forma foi moldada sob a coordenação do artista plástico e artesão Carlos Lopes, por uma equipe de 33 profissionais que trabalham – só poderia ser – em escolas de samba Embaixo, na marquise tombada do antigo terminal rodoviário, estão a bilheteria e a área técnica do MAR. São cerca de 15 mil metros quadrados, com oito grandes salas de exposições (com cerca de 300 metros quadrados cada), área educativa, auditório, biblioteca, restaurante-mirante, café, loja, áreas administrativas e

31


de reserva técnica. O acesso às exposições – são quatro atualmente em cartaz – é feito pelo acesso da Escola do Olhar – um fluxo proposto pelos arquitetos. As quatro exposições são Rio de Imagens: Uma Paisagem em Construção, no terceiro andar, piso que será sempre dedicado ao Rio em diferentes enfoques – com cerca de 400 peças. No segundo andar, O Colecionador – Arte Brasileira e Internacional na Coleção Boghici, com 136 obras pertencentes ao marchand romeno radicado no Rio Jean Boghici. O primeiro andar apresenta Vontade Construtiva na Coleção Fadel, com cerca de 250 obras da coleção do advogado carioca Sergio Fadel. No térreo são duas salas dedicadas à arte contemporânea: a exposição que ocupa o local é a coletiva O Abrigo e o Terreno – Arte e Sociedade no Brasil I. O museu também está construindo seu próprio acervo e, entre a já numerosa coleção, está uma escultura de Aleijadinho: o São José de Botas. Há também 1.200 aquarelas de Santiago Calatrava e cinco mil peças de memorabilia do Rio. É só o primeiro passo para a revitalização de um dos locais históricos mais importantes do Rio: a Praça Mauá, durante anos o principal ponto de entrada na cidade. A gestão do museu fica sob responsabilidade do Instituto Odeon, que ganhou a concorrência

32

pública aberta pela prefeitura do Rio. A construção foi uma parceria da prefeitura com a Fundação Roberto Marinho e o projeto de revitalização da região é ambicioso, englobando três bairros (Santo Cristo, Gamboa e Saúde) e atingindo outros quatro (Centro, Caju, Cidade Nova e São Cristóvão). E o começo de tudo é com muita arte, a começar pelos próprios prédios que formam o MAR.

Arquitetos

Thiago bernardes e paulo Jacobsen


33


ambientação

Eles também são moradores Os cuidados com a ambientação da casa para a boa convivência com cachorros e gatos

Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

P

elos soltos, móveis arranhados, almofadas desfiadas... É, quem tem animais de estimação sabe bem que é preciso ter muito cuidado para manter o ambiente limpo e arrumado sem abrir mão da convivência com os bichinhos. Por isso, é bom criar algumas “táticas” para deixar o local sempre pronto para receber convidados sem passar nenhum vexame. Segundo os especialistas em decoração e também no comportamento animal, o melhor caminho para uma convivência harmoniosa é conhecer as necessidades essenciais de cada espécie e também pela educação dos bichos, para que eles aprendam a perceber os limites e a se comportar bem.

34


Os cuidados começam pelo piso: “Todo pet solta pelos, alguns mais, outros menos. Por isso escolha um piso claro, pois ele disfarça melhor os pelos. Para quem tem um cão branco, por exemplo, não deve comprar um sofá preto, já que os fios que se soltam dos bichinhos ficam mais visíveis em tecido escuro”, afirma Renata Sandrin, que faz parte de uma empresa de móveis planejados pioneira no Brasil com uma linha especialmente voltada para quem tem animais em casa. “Nossa linha pet traz praticidade aos espaços da casa que acolhem os animais de estimação, além de possibilitar a organização dos acessórios e alimentos que fazem parte do dia a dia de quem lhe faz tão bem”, disse. E para quem gosta de usar tapetes, outra dica importante é utilizar os de vinil ou plástico, pois são fáceis de limpar e possuem difícil absorção de líquidos, já que a maioria dos animais não é adestrada e acaba fazendo xixi em qualquer canto do imóvel. Se o problema é o acúmulo de pelos, escolha modelos que dificultem a penetração dos fios. Lembre sempre que quanto mais densos, compactos e baixos, mais fáceis são de limpar. E se o tapete ficou sujo, rasgado ou mordido nas pontas, vale recorrer ao serviço de restauração. Com ele, é possível refazer a malha ou tingir o tecido manchado. Quem costuma usar mesas e mesinhas de centro com tampo de vidro, é bom ficar atento, já que os gatos, principalmente, podem subir e causar acidentes. Vale lembrar que os revestimentos sintéticos ou couro para sofás são uma ótima solução nos ambientes aos quais os animais têm acesso livre. Além disso, capas são ótimas soluções para manter sofás e poltronas como novos. Quando o assunto é a escolha da cortina, saiba que o melhor é usar tecidos que tenham o selo de tratamento “washed” (lavado), que podem ser higienizados em casa, facilitando a manutenção. Caso contrário, as lavanderias especializadas são a melhor opção. Os mais resistentes e laváveis são o poliéster, o algodão e os linhos mais pesados. Evite materiais leves e que puxam fios, como a gaze de linho, o veludo, a juta e as fibras naturais. As persianas são mais eficientes que as cortinas contra arranhões de gatos. Outra saída é amarrar um fio de náilon com latas ou tampas de

Curiosidades: * Por que os gatos afiam as unhas: é do instinto dos bichanos. Eles fazem isso para remover unhas soltas, marcar território e demonstrar alegria. * Gatos são mais independentes, higiênicos, e cada um precisa de, pelo menos, duas caixas de areia, o que evita a urina no local errado. E como detestam sustos e ambientes desconfortáveis, sempre que precisar desestimular comportamentos ruins faça que ele associe o desconforto ao lugar, e não às pessoas, para não gerar problemas de relacionamento com o animal. * Por que os cães mastigam os objetos: para explorar o mundo, por tédio e ao trocar os dentes, aos seis meses. Cachorros precisam sempre de um passatempo. Descubra e incentive atividades que ele aprecie, como brincar com mordedores, pelúcias, e outras alternativas para se divertir e passar o tempo sem estragar a decoração. * Tanto cães como gatos precisam de companhia e não devem ser deixados sozinhos por longos períodos. O tédio da solidão pode acarretar problemas de comportamento, que incluem latir sem parar, destruir objetos e espalhar xixi e cocô pelos ambientes.

35


Dicas: * Se você tem gato em casa, escolha um desses tecidos resistentes e com trama fechada para utilizar nos sofás: camurça sintética, lona e veludo cotelê. * Evite esses tipos de plantas: azaléia (há risco de morte para os bichinhos que engolirem as pétalas dessa flor); comigo-ninguém-pode (se mastigada, causa fortes irritações na boca e nas mucosas); e lantana (qualquer parte da planta pode intoxicar pessoas, cães e gatos). * Enquanto os bichos estiverem aprendendo as normas da casa, mantenha bem guardados objetos pessoais, como roupas, sapatos, livros, óculos, controle remoto, etc. * Os gatos gostam de ficar próximo à janela, vendo o movimento, por isso mantenha todas as aberturas fechadas * Eles apreciam também explorar a altura das estantes, motivo para retirar das prateleiras as peças delicadas de louça e outros objetos que possam quebrar. * Diversão garantida para eles é oferecer bichinhos de feltro estofados com a erva catnip, uma planta que exerce forte atração neles. * Mantenha longe do alcance dos bichos: remédios, inseticidas, adubos, chocolate (ele contém teobromina, substância tóxica para os pets), produtos de limpeza, fios de decoração natalina e latas de lixo. * Para evitar que eles mordam os móveis, vale usar sprays inibidores e “repelentes”, de gostos amargos, que também funcionam bem contra esse problema.

36

panela. Eles se assustam com o barulho e param de mexer. Renata dá uma dica importante para manter a limpeza do ambiente: “Enquanto estiver em casa, mantenha seu cão preso à guia e vá onde ele for. Ao perceber que ele pretende urinar, diga um não e puxe de leve a coleira, levando-o até o local correto. Repita essa ação até ele aprender e recompense-o com muito carinho!”, explica.

Espaços próprios Vale a pena investir em espaços próprios para seu bichinho de estimação. Eles vão manter seu pet entretido, mesmo enquanto você não estiver por perto. Além disso, possuem designs contemporâneos que não vão estragar a decoração do ambiente. Quem tem gatinhos, por exemplo, sabe que eles adoram o espaço aéreo da casa, por isso é indicado enriquecer o ambiente com pequenas prateleiras, escadas e “arranhadores”. Pensando na alegria dos “bichanos”, por exemplo, a Sandrin criou a prateleira “O pulo do gato” para que os felinos pulem livremente. E é sempre bom lembrar para quem mora em apartamento ou casas com mais de um pavimento que, como é preciso fazer com as crianças, também é bom ficar atento quando o assunto é a segurança. Por isso, é fundamental a instalação de redes de proteção nas janelas, para evitar que eles caiam ou simplesmente saiam e acabem se perdendo.


37


PRANCHETA

Equilíbrio para a Justiça Reforma no plenário do TJ da Paraíba cria mais espaço e une tradição e modernidade

O

Tribunal de Justiça é uma das instituições de maior tradição na Paraíba. O edifício onde ele funciona remete ao conservadorismo e à seriedade do órgão. Por isso, quando a arquiteta Fabiana Furtado recebeu a tarefa de fazer a reforma e ampliação do plenário do TJ não teve dúvidas e manteve o conceito desse espaço, dimensionado para

38

Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

acomodar as mais diversas atividades relacionadas ao seu uso. Sendo assim, a proposta foi abrigar de forma confortável e segura, buscando associar com equilíbrio a modernidade e o conservadorismo próprios do Poder Judiciário. Em 2011, o então presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, o desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos, designou à gerência de arquitetura,


cargo ocupado por Fabiana, a incumbência de desenvolver um projeto arquitetônico compatível com a necessidade de ampliação do número de integrantes da Corte, utilizando os mais avançados recursos de tecnologia da informação. Para ela, o grande desafio do projeto foi a limitação do espaço físico. Por se tratar de uma reforma, foi imprescindível adequar os ambientes ao programa de necessidades preestabelecido, mas

sem descaracterizar a edificação existente. “Um bom exemplo desta adequação é a sala de sessões do Tribunal Pleno, que hoje funciona no Palácio da Justiça, e será transferida para o auditório do anexo administrativo, integrada aos diversos ambientes que pretendem dar continuidade aos trabalhos realizados pelos desembargadores”, informou Fabiana. A arquiteta explicou que apesar de mantida a conformação pré-existente do edifício,

39


respeitando sua relação com o anexo e seu entorno, foram necessárias modificações nas esquadrias. Por isso, a opção foi substituir por pele de vidro laminado duplo reflexivo com perfis em alumínio anodizado fosco com o objetivo de garantir maior segurança, isolamento acústico e estanqueidade, impedindo a passagem de água para o lado interno do ambiente. Além disso, para dar maior conforto e evitar acidentes, foi criada uma cobertura de vidro e perfis de alumínio na escada do acesso externo com uma linguagem semelhante à da passarela que liga o Palácio da Justiça ao anexo administrativo. O grande diferencial do projeto é utilizar os mais avançados recursos tecnológicos associados a materiais nobres e duradouros num ambiente físico delimitado, garantindo então beleza e funcionalidade com a seriedade que o ambiente requer.

40

Divisão em três planos O projeto se desenvolve em três planos: subsolo, térreo e mezanino. No subsolo, uma escada localizada no hall de entrada permite aos desembargadores acesso direto às acomodações do Pleno. Neste nível também é encontrado um ambiente disponível com uso ainda a ser determinado, além da copa para apoio nos dias de sessão. O térreo possibilita ao público acesso ao plenário diretamente pela área externa do anexo administrativo através da rampa e das escadas existentes e pela passarela do Palácio da Justiça. Neste pavimento encontram-se: O hall de entrada, grande área contigua ao plenário destinada ao público. Apresenta mármore espanhol perlato no piso e uma grande parede curva


revestida com painéis na cor champanhe para expor fotografias de todos os presidentes do Tribunal de Justiça da Paraíba. Duas escadas sinuosas conduzem as pessoas ao mezanino. A sala de sessões, onde os desembargadores reunidos, no uso de suas atribuições, deliberam sobre assuntos diversos e importantes. Para um perfeito funcionamento, este ambiente possui tratamento acústico garantido pelo forro metálico com interessante desenho em curvas, pelo carpete, pelas esquadrias em vidro laminado duplo e por painéis de madeira com isolamento de lã de vidro. O layout proposto objetiva acomodar de maneira segura e confortável a mesa dos desembargadores, que prevê aumento no número de integrantes da Corte de 19 para 23; a mesa de taquigrafia; a tribuna, que dispõe de outros dois lugares com computadores para uso dos advogados que farão suas exposições em seguida; as 93 poltronas destinadas ao público, além de espaço destinado aos cadeirantes e 10 poltronas

para as autoridades presentes. O projeto conta ainda com dois painéis de video wall localizados em pontos estratégicos possibilitando aos presentes a visualização de imagens muito nítidas exibidas em telas de alta definição. A sala de imprensa, adjacente ao plenário possui painéis de vidro que permitem a visualização das sessões. Nos banheiros dos desembargadores foram utilizados materiais nobres como o marmoglass white dispostos em réguas de 15cm e pastilhas de vidro 1.5x1.5cm nas paredes compondo com os espelhos e o porcelanato composto 80x80cm no piso. A sala de togas é o lugar destinado ao abrigo das vestimentas para os desembargadores trajarem durante as sessões. A sala de reuniões, espaço amplo com capacidade para 26 ocupantes na mesa, é isolada acústicamente e revestida com papéis de paredes e piso de madeira. Possui dois telões retráteis com

41


42


Foto: Divulgação

projetores embutidos no forro e um sistema de som apropriado, com microfones, em consequência de sua dimensão. Possui ainda, estrutura de apoio para servir refeições quando necessário, tendo em vista o longo tempo em que a Corte permanece reunida. A sala de estar, ambiente destinado ao descanso e reuniões informais entre os desembargadores, possui móveis clássicos do design, confortáveis e belos. Revestido por painéis de madeira e papéis de parede, é um espaço aconchegante que possui ainda TVs de LED em pontos estratégicos. E a assessoria do Pleno, local destinado para a equipe de apoio preparar as pautas e atas necessárias a um bom funcionamento do plenário. “Fico atenta aos detalhes para que tudo saia como planejado, mas muitas vezes em reformas nos deparamos com situações que podem levar ao atraso na obra e mudanças no projeto idealizado. Minha expectativa é que atenda com satisfação às necessidades de funcionamento do plenário”, finalizou a arquiteta.

Arquiteta: fabiana furtado Projeto: Reforma e ambientação COlAbORADORES Engenheiro: Ricardo Alexandre • Desenho: fernanda Cantalice Projeto Luminotécnico: Via Arquitetura/Cláudia Torres Execução da Obra: Comtérmica • Piso de madeira: Durafloor Imagens da Sala de Reuniões: Victor Hugo Pastilha de vidro: Glass Stone • Porcelanato: porto Design Paineis: Alucobond • Papel de parede: Omexco

43


44


45


ARQUITETURA

46


Inspiração em

madeira e pedra Os elementos são marcantes neste projeto de uma casa em um condomínio fechado Texto: Débora Cristina | Fotos: Vilmar Costa

U

ma casa confortável, bonita e de elementos marcantes, localizada num condomínio fechado, no bairro do Altiplano. Este é o sonho realizado por uma família de João Pessoa, graças ao projeto da arquiteta Samia Raquel. Desde o início, a ideia era que fosse um imóvel moderno, mas com traços clássicos, misturando assim dois elementos distintos, mas que dão um toque todo especial aos ambientes. Para isso, foram usados três elementos: a madeira, a pedra e a coberta em telha canal. “A madeira foi um elemento extremamente marcante e importante para que chegássemos ao resultado final com tanta precisão. Elementos esses marcados através dos grandes pilares na fachada frontal, do caramanchão na fachada dos fundos sendo utilizados ora como garagem, ora como extensão da área de lazer e toda a estrutura aparente do telhado permitindo um ar mais aconchegante”, explicou Samia, acrescentando ainda que a pedra em tons claros permite um toque mais moderno, deixando a casa mais leve, em contraposição ao detalhes em frisos de alumínio que, apesar da leveza, são um detalhe mais clássico.

47


48


49


A casa possui 345m² muito bem divididos. No térreo ficam: sala-de-estar, jantar, sala de TV, cozinha, área de serviço, dependência de empregada, WCB serviço e suíte hóspedes. No pavimento superior: quatro suítes, sendo que uma delas, a suíte máster, tem um closet. Todos os quartos possuem acesso para a varanda. A área externa foi outro ponto muito importante da casa. “Para que tivéssemos mais espaço em dias de festas e reuniões de amigos, optamos em colocar a garagem atrás e, assim, aumentar a área de lazer”, explicou ela. A pedido do cliente, foram feitas duas piscinas separadas, apesar de estarem coladas uma na outra. Isso foi necessário para que em uma raia pudesse ser praticado exercício e uma menor com profundidade de 5cm para as crianças se divertirem. Para a arquiteta, a troca de experiências foi um elemento bem marcante nesse projeto. “No início do projeto os clientes não tinham certeza exatamente do estilo que gostariam de seguir. Então, fomos discutindo todos os detalhes arquitetônicos até chegarmos ao projeto final. Passamos por todos os elementos desde telhado até os detalhes como a quantidade de frisos de alumínio que seriam utilizados na fachada, por exemplo. E isso foi de extrema importância para a satisfação final do cliente”, destacou. Ao todo, foram seis meses para chegar ao resultado final e o mais interessante é que ao olhar a maquete final e a casa hoje executada fica até difícil distinguir o que é real do que é virtual. “É, um sonho realizado para essa família”.

50

Arquiteta: Samia Raquel Projeto: Arquitetura de residência unifamiliar Madeira: Fecimal Arte e Madeira Vidros: República Vidros Iluminação: Grupo Emporium + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br


51


ARQUITETURA

JOGO DE VOLUMES Uma casa de condomínio, de linguagem contemporânea, que se desenvolve a partir de um pátio interno de lazer

Texto: Débora Cristina | Fotos: Christian Woa

52


O

projeto de uma residência para uma família grande, com três filhas, que tem como foco um patio central definidor da convivência familiar foi criado pela CRN Arquitetura, e construída no bairro do Altiplano Nobre, em João Pessoa. Os espaços foram pensados para atenderem as funções dessa família e onde o casal satisfizesse o prazer de receber bem os amigos. “Com base no planejamento do uso do espaço para atender essas necessidades de lazer familiar e compartilhamento do espaço com os amigos é que desenvolvemos a arquitetura, procurando corresponder às expectativas dos clientes com comprometimento estético e tendo a tecnologia a serviço da qualidade do projeto”, afirmou o arquiteto Cristiano Rolim. A casa foi construída com as restrições normativas de condomínios fechados, onde os muros se fecham para a cidade, mas as casas se abrem internamente para a vizinhança. Estabelecer esse diálogo entre interno e externo dentro desses condomínios sem perder a privacidade da rotina diária foi um dos desafios desse projeto. Por isso, foi construída uma entrada social demarcada e uma grande esquadria que fecha a garagem e compõe um painel de madeira que integra a esquadria do gabinete, voltada para a fachada frontal da residência. A casa, com 292m², tem uma ampla garagem que se abre para o pátio interno. Ao lado, fica a entrada social que se faz por uma escada demarcada pelo jogo nos degraus, que leva a um hall onde a casa se desenvolve com o escritório, que também pode servir de quarto de hóspedes e a uma grande sala que se abre para o jardim. Na parte posterior do térreo fica a área de serviço da residência, com uma cozinha que também se liga ao terraço gourmet onde a churrasqueira e a piscina se tornam o centro de convivência familiar. Por fim, uma escada leva ao primeiro pavimento com sala íntima e três suítes.

Iluminação e cores em destaque A casa foi projetada como um jogo de volumes, onde as cores e os materiais determinam e reforçam o caráter contemporâneo do projeto, por isso a iluminação aparece para realçar a volumetria e demarcar o paisagismo e os acessos. O uso do grande painel de madeira, das esquadrias da fachada frontal e do porcelanato ecowood usado nos degraus da escada e no deck da piscina, aquecem a casa que tem esquadrias de alumínio branco com vidros. A cobertura da área de lazer executada com perfis metálicos cobre o apoio da churrasqueira e dá ao pátio interno um caráter mais tecnológico e atual, quebrando a caixa branca com alumínio, e vidro na porção interna da casa. Como o proprietário da casa é dono de uma transportadora, muito dos materiais ele comprou diretamente do fabricante em São Paulo como luminárias e o revestimento da piscina. 53


54


55


que a execução foi muito fiel. O espaço resultante corresponde às expectativas da família e hoje sentimos a satisfação dos clientes no uso da casa”, finalizou o arquiteto.

Foto: Divulgação

E para que o resultado fosse tão impressionante, o desenvolvimento do projeto se deu de forma salutar por existir uma amizade entre os proprietários e um dos sócios do escritório. “As conversas sempre francas e as colocações objetivas dos clientes fizeram com que o projeto acontecesse de forma satisfatória. É claro que contratempos em obra sempre existem, mas essas relação de proximidade e as frequentes visitas à obra foram fundamentais para que o bom resultado arquitetônico se concretizasse. Se for observado o projeto da casa e o resultado edificado vemos

Arquiteto: Ricardo Nogueira e Cristiano Rolim Projeto: Arquitetura de residência unifamiliar + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br

56

Piso: Porcelanato Elizabeth e Portinari Deck da piscina e entrada: Portobello Esquadrias de madeira : Oficina da Madeira Esquadrias de alumínio: Alumínios


Refletir o futuro em cada projeto

Embutido ORUS. Fotografia Chico Aragテ」o

JOテグ PESSOA Av. Geraldo Costa 601, Manaテュra Encontre um de nossos showrooms atravテゥs do www.lightdesign.com.br 57


ARQUITETURA

Clínica de casa nova Projeto das novas instalações de uma clínica cardiológica deu mais espaço e melhor estrutura a profissionais e clientes

Texto: Débora Cristina | Fotos: Christian Woa

U

ma edificação arrojada, contemporânea e imponente. Assim pode ser definida a nova sede da clínica cardiológica Cardioclin, localizada na Avenida Argemiro de Figueiredo, no bairro do Bessa, em João

58

Pessoa, projeto do arquiteto Alexandre Suassuna. As antigas instalações se acomodavam em um prédio alugado e após alguns anos necessitavam de mais espaço e melhor estrutura, tanto para clientes quanto para os próprios médicos. Assim, a construção


59


de uma edificação erguida do zero foi a escolha apropriada para garantir o melhor funcionamento da nova clínica. Para que esse objetivo fosse alcançado, a opção foi utilizar materiais sofisticados, linhas retas e ângulos inesperados. “Minha inspiração, de uma forma geral, vem da busca por uma arquitetura de formas limpas e retilíneas, que traduzam também uma clareza funcional e integração com o entorno imediato”, explicou Alexandre. A concepção veio a partir do desafio de unir o complexo programa de necessidades às características do terreno (dimensões/ declividade/localização/ orientação). Assim, surgiram os três níveis de pavimentos, os volumes vazados por grandes esquadrias, e o modo de implantar o edifício no lote, num quebra-cabeças para, além de tudo, gerar beleza formal. O lote medindo 15 metros de frente e 50 metros de profundidade, acomoda uma área construída de 655m², distribuindo-se, no térreo, pavimento com o principal acesso, em sala de espera e recepção, banheiros para clientes, três salas para exames, quatro consultórios básicos, copa/cozinha, banheiros para funcionários e circulação. No subsolo estão oito vagas para carros (num total de 12 vagas), depósito, sala técnica e banheiro para funcionários. E no pavimento superior estão o consultório principal com banheiro e sala privativa de descanso (com 2ª função para sala de reuniões), uma sala de exame, dois consultórios básicos, um banheiro, e auditório com capacidade para 50 pessoas, sendo os três pavimentos interligados por um elevador e uma escada centrais. A fachada principal é voltada para a avenida/ mar e se apresenta assimétrica, com volumes que avançam, com generosas transparências e com elementos que convidam ao interior da clínica. Assim, a principal característica estética da edificação é vista na fachada principal, com grandes esquadrias espelhadas, na cor azul, a pedido do cliente, inseridas e contidas em elementos brancos e volumes que avançam e movimentam a fachada, a exemplo da extensa parede, também azul, que leva o olhar desde a calçada até o interior da clínica, onde se destaca o novo logotipo, criado também pelo escritório responsável pelo projeto. O destaque acontece logo que entramos na clínica, com uma recepção com pé-direito duplo, para gerar imponência e amplitude, ao mesmo tempo em que acolhe cada cliente com maior conforto e receptividade, além do visual livre para o exterior leste através do grande pano de vidro.

60


61


Os seis consultórios básicos foram dimensionados para acomodar um layout simples com mobiliário padronizado e que comportassem várias especialidades médicas além da cardiologia. Houve a preocupação com a distribuição de banheiros para clientes, funcionários e adaptação para cadeirantes, além de lavabo para eventos do auditório. Destinouse no final do pavimento térreo, uma copa/cozinha para apoio aos clientes e funcionários, contando também com varanda para momentos de pausa dos profissionais. Para o proprietário e médico principal, foi projetado um consultório de maiores dimensões e com acesso a uma sala restrita para descanso e reuniões, além de varanda para a avenida. Para os exames da principal especialidade da clínica, que é a cardiologia, há quatro salas: teste ergométrico, métodos gráficos e ecocardiograma, no térreo, e outra sala para exame tilt test, no pavimento superior. Para a iluminação, Alexandre buscou a utilização ao máximo da luz natural, já que a clínica funciona principalmente durante o dia. A intenção principal foi gerar menores gastos com iluminação artificial, esta aplicada em pontos estratégicos e formas diferenciadas, a exemplo da iluminação direta com luz branca em espaços onde se exige maior atenção, como as salas de exames; e iluminação em sancas, indiretas, com luz amarela, para ambientes de maior conforto, como sala zen (descanso) e plateia do auditório. A preocupação com o meio ambiente foi muito importante nesse projeto. “Foram atribuídos alguns elementos e sistemas de eficiência ecológica que fizeram com que o impacto da edificação ao meio inserido fosse amenizado, tais como a utilização de generosas janelas com posicionamento e proteções estratégicas, permitindo excelente iluminação e ventilação naturais, dispensando luz artificial durante o dia, principal horário de funcionamento da clínica. Foram implantadas cisternas para reuso de águas pluviais, utilização de bacias sanitárias com

62

acionamento duplo, de três e seis litros, piso externo em blocos intertravados drenantes, e maiores recuos das edificações vizinhas, permitindo maior circulação dos ventos do litoral da praia do Bessa”, afirmou o arquiteto, que, por fim, ressaltou a alegria em realizar este projeto: “Me trouxe uma satisfação enorme vê-la pronta e em pleno funcionamento. Reafirmei a minha convicção de que não basta seguir sozinho em busca da realização de um objetivo. Ele deve ser um esforço conjunto, com sintonia e muito profissionalismo”.

Menção honrosa no concurso CAPA AE

Arquiteto: Alexandre Suassuna Projeto: Arquitetura e ambientação de clinica Revestimentos internos: Obra Prima Revestimentos - Elizabeth Louças e metais para banheiros: Obra prima Banho Iluminação: B&M iluminação Esquadrias e revestimento em alumínio: Belmetal Cadeiras da espera e auditório: Flexform e Kastrup + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br


63


64


65


CAPA

Novos ares para a fábrica

Showroom e atendimento ao cliente são unidos com harmonia em loja de móveis planejados Texto: Débora Cristina | Fotos: Fátima Dantas e Wilmar Costa

66


67


U

nir um espaço de fábrica, estilo galpão, com uma área de showroom e atendimento ao cliente de uma loja de móveis planejados. Assim é o projeto das arquitetas Karla e Annelise Lacerda, em João Pessoa. Para a área ampla e extremamente funcional, foi criada uma fachada imponente em pé direito duplo, que valoriza o espaço externo e interno, dando um ar grandioso ao prédio e afastando a ideia de galpão e fabrica. A construção se caracteriza por uma arquitetura moderna, onde o uso do pano vidro convida e estimula a curiosidade de conhecer o interior. A ambientação foi concebida através de um estudo de layout para que todos os espaços fossem ambientes próprios e ao mesmo tempo integrados, dando amplitude e harmonia ao conjunto. A ideia era transmitir ao cliente uma noção de espaços importantes em uma residência, como: cozinha, quarto, home e lavabo. A parte superior ficou destinada à sala de reunião e fechamento de contratos. Todos os espaços foram bem aproveitados para cumprir completamente as funções que uma loja pede. Integrados aos ambientes de showroom, estão espaços funcionais como as mesas de atendimento e apresentação de projetos.

68


69


70


71


72


A cozinha ficou clean, moderna com elementos retrô e o ladrilho hidráulico. “O elemento mais impactante do interior da loja é o móvel que marca o pé direito duplo e que tem o uso de materiais de contraste, tais como: a madeira de demolição e a laca laranja, com design baseado no I Salão de Milão”, disse Karla, acrescentando que para dar mais vida ao ambiente, foi colocada uma vegetação tropical: a samambaia. Já o quarto ganhou cores sóbrias, como o bege e madeira em tom claro, em harmonia com o eterno branco. No home foi utilizada a madeira de demolição, espelho e poltronas com estampa marcante e colorida, para conferir ao ambiente uma espontaneidade e deixá-lo descontraído. O lavabo tem a mistura do rústico, através do uso da madeira de demolição com o retrô, com uma estante em ferro, que torna o ambiente super aconchegante. Para coroar o estilo, o jardim por trás da bancada dá mais vida e natureza ao local. A sala de reunião é um ambiente versátil que propõe três tipos de momentos: uma grande mesa para reunir várias pessoas, uma mesa redonda para um menor número de visitantes e um ambiente de estar com poltronas para ocasiões mais informais. “Este ambiente recebeu cores escuras para dar a seriedade que o espaço propõe”, explicou Annelise.

73


Elementos importantes

Foto: Divulgação

Para marcar o pé direito duplo da entrada, foram utilizados três pendentes com formas e em alturas diferentes. Nas laterais desse espaço foram utilizadas faixas de painéis com iluminação de fita de LED, que propõe um ambiente cenográfico. Já para os espaços de atendimento foi utilizada a iluminação geral. “A parte de móveis planejados exploramos tudo o que se podia, pois a ideia era mostrar a capacidade da matéria prima vendida na loja. Compramos apenas cadeiras, poltronas e uma mesa de madeira de demolição para compor um dos ambientes da sala de reunião”, disse Annelise. “O empresário confiou e comprou nossa ideia contribuindo assim para um resultado extremamente arrojado e inovador”, como as própias arquitetas afirmam.

Arquitetas: Karla Barros e Annelise Lacerda Projeto: Arquitetura e ambientação de loja Iluminação: B & M Poltronas e cadeiras: Conceito Interiores Móveis projetados: Ximenes Dantas 74


75


PRANCHETA

A promessa da inovação Projeto do edifício com duas torres buscou novas tecnologias Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

O

projeto do Duo Corporate Towers foi lançado recentemente, em João Pessoa, partindo de dois conceitos simples que são as referências de características de edifícios desse segmento: a open plan e as fachadas em pele de vidro. Foi realizada uma extensa pesquisa junto com a construtora. A cidade já vinha apresentando alguns lançamentos de edifícios empresariais e a Planc buscava um novo nicho mercadológico que era o segmento corporativo. Por isso, os arquitetos Cristiano Rolim e Ricardo Nogueira, da CRN Arquitetura, foram buscar em outros centros não apenas referencias projetuais, mas principalmente avanços tecnológicos que caracterizassem

76


77


esse empreendimento como um diferencial para a cidade. Houve também uma preocupação com os custos dessa tecnologia e o que poderia ser absolvido pelo mercado local. A pesquisa para o projeto começou a ser feita em 2011 e o processo de projeto iniciado em janeiro de 2012, com previsão de o projeto executivo ser concluído em mais nove meses. O edifício corporativo possui duas torres com 30 pavimentos, num um total de 60 lajes com aproximadamente 450m². Ele difere da solução empresarial por ter foco na venda de lajes empresariais, com a possibilidade de essas lajes serem divididas em até seis salas de 70m², que podem ser comercializadas individualmente ou em módulos de uma a seis

78

unidades. Foi prevista a possibilidade de ligação interna entre os pavimentos por uma escada nas salas posteriores, o que acabou acontecendo com a compra de mais de uma laje por algumas empresas. As torres, implantadas de forma desencontradas, permitem um melhor visual do entorno e como o terreno está em uma porção mais alta da cidade, proporciona belos visuais de todas as unidades. Compondo o conjunto, haverá quatro lajes de estacionamento com mais de mil vagas que foram desenvolvidas utilizando o declive natural do terreno. Um restaurante, um café, uma lanchonete e um auditório para até 200 pessoas, que pode ser dividido em duas salas menores, associado a um grande empraçamento, em um trabalho conjunto


do escritório com a paisagista Patrícia Lago, dão ao conjunto de torres, serviço e empraçamentos uma ambiência urbana muito agradável. Ele possui sistema de elevadores inteligentes, central de controle com câmeras por todo o empreendimento e acesso controlado por uma central de cadastramento no lobby de cada torre. Além disso, tem excelente localização, com uma grande facilidade de estacionamento pela grande quantidade de vagas oferecidas. Outro ponto a se destacar é o uso de piso elevado e forro modulado que viabiliza flexibilização nos arranjos de layout, o que é fundamental para possibilitar a instalação de todo tipo de empresas. O sistema de fechamento com pele de vidro duplo

que otimiza a utilização de condicionamento térmico artificial e possibilita um bom aproveitamento da luz natural. Com relação às fachadas de vidro, é bom lembrar que elas acontecem nas faces leste, norte e sul, ficando o poente protegido pela caixa de escada e por uma empena cega, uma preocupação do escritório com o conforto ambiental e com esse diálogo estabelecido com nosso lugar, nosso clima. “Quando a Planc chegou ao escritório com o terreno e a proposta de executarmos um edifício corporativo, naquele local da cidade, de imediato visualizamos esse diálogo com a rica paisagem que tínhamos. Nossas premissas iniciais de projeto sempre

79


se basearam na utilização do potencial do lote como diferencial de partido arquitetônico. À medida que o projeto foi se desenvolvendo fomos adicionando itens que hoje, seguramente, o DCT poderá ser certificado pelo menos com o selo green da certificação LEED”, afirmou Cristiano. O partido arquitetônico do empreendimento leva em conta a inserção das torres de forma a garantir uma grande parcela de solo livre, com boa porção de solo permeável a partir de uma taxa de ocupação de dez por cento. Criando uma inserção urbana que dialoga com a mata a ser preservada no entorno e com a área de proteção permanente (APP) do Rio Jaguaribe. Entre os materiais que deverão ser usados na estrutura do DCT estão o concreto e o vidro. “Temos uma construção feita de forma tradicional, com o aspecto tecnológico em destaque mais nos acabamentos e nos serviços oferecidos do que propriamente na tecnologia construtiva. Como as peles de vidro dominam a proposta das duas edificações, todo o dimensionamento das plantas e do pé esquerdo dos pavimentos foram feitos para otimizar o vidro e os perfis de alumínio”, finalizou Ricardo.

Arquitetos: Ricardo Nogueira e Cristiano Rolim Projeto: Arquitetura de edifício corporativo Paisagismo: Patrícia Largo + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br 80


81


INFORME PUBLICITÁRIO

Piso Elevado, conceito, aplicações e benefícios do uso

U

Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

m conceito moderno, já bastante utilizado nos grandes centros, vem ganhando espaço no mercado paraibano. São os pisos elevados. De montagem rápida e material super resistente, eles dão acesso irrestrito a todo o cabeamento estruturado (dados, voz e elétrico), proporcionando flexibilidade de layout, zero custo de manutenção, criando espaços modernos com ambientes funcionais e econômicos. A flexibilidade é realmente uma das grandes vantagens do uso de pisos elevados em qualquer tipo de ambiente, principalmente em empresas que precisam de agilidade e produtividade. Com o sistema de pisos elevados, é possível até variar a localização de um banheiro dentro de um mesmo empreendimento, uma vez que pode se criar espaço

82


também para a distribuição da hidráulica. A Floorinch, fabricantes de pisos-elevados e representada na Paraíba pela Tempo Escritório Total, nos informa que em seus produtos ela confere até 20 anos de garantia, dada a segurança da matéria prima e do conceito. Como o produto é feito com materiais altamente resistentes e ainda possiblita fácil transferência em caso de necessidade de mudança, o piso-elevado se torna um patrimônio das empresas. O acabamento final pode ser feito com carpete, vinílico, porcelanato entre outros. O piso elevado Floorinch é totalmente reciclável e não gera lixo, contribuindo assim para o meio ambiente, ele é um dos atributos que contribuem para que as empresas recebam o LEED, que é o selo de certificação de prédio verde, dado pela GBC Brasil, conceito muito valorizado e até exigido na atualidade. Entre outras vantagens desse piso elevado estão: não sofre intercorrência de umidade, não gera estática, é imune a cupim, fungos, isentos e ferrugem. Além disso, ele não deforma e também oferece a opção de ser antichamas. Para quem tem preocupação com o barulho, é uma ótima opção, já que proporciona uma excelente atenuação acústica. A instalação é fácil, já que não há furos e não usa parafusos. Ele funciona com um sistema que garante perfeita estabilidade, pois é intertravado.

Conceito diferenciado

Há seis anos no Brasil e dois na Paraíba, esse conceito de piso elevado vem conquistando muito espaço aqui no estado. O mais recente exemplo é o empreendimento DCT - Duo Corporate Towers, que foi lançado recentemente em João Pessoa e promete ser um dos mais modernos do Nordeste. Com tecnologia de ponta, o mesmo produto também vem sendo usado em vários projetos inovadores espalhados em outros estados do país. Em Pernambuco, ele já é utilizado nos principais prédios comerciais, como por exemplo o Shopping Rio Mar, o Pernambuco Corporate e também, na Arena da Copa, que deve ficar pronta nos próximos meses. Especificamente para a Arena, foi desenvolvido pela Floorinch um sistema especial, que permite suportar até 2.800 kg por metro quadrado, ou seja, o dobro do que normalmente é suportado, que é de 1.400 kg.

83


84


85


sala são paulo

especial

Ótimo som,

do lado de dentro A importância da acústica arquitetônica para uma boa audição e um ambiente harmônico Texto: Jean Fechine | Fotos: Divulgação

N

ão é preciso ir longe para encontrar situações onde a relação entre o som e o ambiente construído apresente-se de maneira desfavorável à percepção auditiva humana. São corriqueiras as cenas do tipo: o grande ruído da conversa que se sobrepõe a apresentação da música ao vivo em um restaurante; pacientes em consultórios odontológicos cada vez mais incomodados antes de serem atendidos em virtude do ruído emitido pela broca na sala de atendimento e percebido na recepção; o home theater em um ambiente interferindo no sono do vizinho (se for em uma edificação vertical este vizinho pode estar ao lado, ou nos pavimentos superiores ou inferiores, o que potencializa o problema); o ruído de uma via expressa atrapalhando o desempenho de alunos em salas de aula em uma escola situada à sua margem; e ainda, um teatro ou mesmo um auditório onde não se compreende a palavra. É possível citar

86

inúmeros outros casos do dia a dia que comprovam a falta de compromisso por parte de projetistas no que se refere à relação entre o som e o ambiente construído. Mas nem sempre foi assim. Recorrendo ao passado, há inúmeros exemplos com qualidade quando se trata deste assunto. Mesmo com tantas limitações de materiais e técnicas construtivas, bem como de tecnologias disponíveis comparadas às condições atuais, os teatros gregos são bons exemplos de que é possível compatibilizar a acústica com a arquitetura, buscando sempre dois objetivos, a defesa contra ruído (isolamento acústico) e o controle de som no recinto (tratamento acústico). Em outras palavras, não permitir que sons indesejáveis interfiram no desempenho de uma determinada atividade, assim como garantir que o ambiente responda com qualidade aos sons refletidos por suas vedações, conferindo desta forma a inteligibilidade do som.


Antigo Teatro de Dionísio - Atenas Grécia

Não se trata aqui da versatilidade dos sons gerados hoje por diversas fontes eletrônicas, mas, sim, independente da fonte sonora, de como o ambiente contribui para que por um lado, os sons não incomodem a vizinhança, e, por outro, sejam entendidos com clareza. Apesar da acústica ser uma parte da física, não é da competência profissional de um físico, a distribuição espacial de um ambiente construído, ou seja, esta função é, sim, do arquiteto, a quem é atribuído o desafio de deixá-lo ao mesmo tempo com um nível estético apurado e tecnicamente funcional frente a esta variável de projeto, superficialmente abordada nas escolas de arquitetura, com o título de acústica arquitetônica. É possível atestar tal superficialidade quando se sabe que o tempo dedicado à formação do arquiteto, neste assunto, quando muito, não chega a dois por cento da carga horária total do curso de graduação em arquitetura e urbanismo. E a dramaticidade aumenta, quando se tem depoimentos de profissionais que não desfrutaram nem mesmo deste minúsculo percentual. Isto pode justificar a “surdez” sobre o assunto aqui abordado, mas não justifica a presença constante das desagradáveis situações corriqueiras supracitadas, uma vez que, apesar de escassos, temos exemplos de edificações que atendem a esta variável, tal como o espaço da Estação Julho Prestes que abriga a Sala São Paulo, localizada na capital paulista, onde a Dupré Arquitetura, em 1999, desenvolveu um projeto de reforma e, responsavelmente, buscou conteúdo e técnicas para garantir a excelência, em termos acústicos do citado espaço. Hoje, a acústica arquitetônica deixou de ser privilégio de poucos e requisito apenas de projetos especiais ou de grande porte. As pessoas têm se mostrado mais exigentes em relação a este assunto.

O cinema entrou em casa, o restaurante que zela pelo seu consumidor oferece um bom tratamento acústico, os ambientes comerciais já tratam suas áreas comuns, minimizando a reverberação sonora e oferecendo mais qualidade em suas edificações. Neste sentido, já ocorre em escolas, consultórios médicos, casas de shows, entre outros inúmeros ambientes que aliam corretamente a sua geometria e os seus materiais de acabamento buscando uma boa performance acústica. Assim sendo, os arquitetos precisam acompanhar o que hoje a força do mercado consumidor chama de tendência, apesar do entendimento de que tal variável seja inerente ao projeto de arquitetura. Para tanto, encontram-se disponíveis métodos de cálculos, softwares, materiais com diversas características técnicas que contribuem para bons resultados, literatura técnica e pós-graduação no assunto, possibilitando o cumprimento das duas principais exigências relativas à resposta do ambiente construído frente à acústica, traduzidas nos termos isolamento acústico e tratamento acústico, garantindo portanto, que o mesmo seja espacialmente agradável e tecnicamente eficiente.

87


88


89


ACERVO

Equipe de geofísicos recebe instruções do arqueólogo Antonio Canto para os possíveis locais de maior densidade de material arqueológico

REVElAÇÕES SObRE A CApElA Texto: Antonio Canto | Fotos: Germana bronzeado

faiança padrão floral (Século xIx)

Garrafas, em Grés, recuperadas intactas das escavações arqueológicas na fazenda da Graça

90

O

estudo arqueológico realizado no conjunto Fazenda da Graça (capela, ruínas da casa grande, fábrica e senzala, assim como todo o seu entorno) consistiu no resgate e compreensão da sua história, buscando dados consistentes e científicos que pudessem preencher as lacunas existentes sobre o seu período de construção, estratégias de ocupação, aspectos construtivos e posicionamento geográfico. No início do projeto, nos deparamos com dados conflitantes sobre a história da capela (monumento tombado pelo Iphan desde 1938). Percebendo a complexidade, resolvemos investir em procedimentos tecnológicos de ponta, na tentativa de recuperar parte da memória de um local de implantação que foi palco aglutinador de inúmeros fatos históricos ocorridos na Paraíba, principalmente, entre os séculos XVII e XIX.


Imagem área da Fazenda da Graça/PB | Foto: Dirceu Tortorello

As parcas informações bibliográficas existentes sobre a Capela da Graça revelam que a edificação teria sido “provavelmente” construída pelos jesuítas e que, “provavelmente”, teria sido edificada no século XVIII. Optamos por nos debruçar na questão científica e interdisciplinar, e esse cruzamento de informações nos possibilitou levantar dados polêmicos e, sobretudo, discordantes sobre a filiação religiosa e a situação temporal da capela. Os resultados das amostras de argamassa histórica para a Capela (primeira metade do século XVII) e para a casa grande (século XVIII) se mostraram compatíveis com os registros arqueológicos correspondentes. Assim permite-se concluir que a capela não teria sido construída como parte do conjunto de um engenho, mas sim, como um local de catequização dos índios existentes nos limites da propriedade. A bibliografia disponível informa que os jesuítas foram expulsos da Paraíba, em 1593 e só voltaram 115 anos depois, ou seja, em 1708. Em pesquisas históricas levantamos que, em fins do século XVI (entre 1595/1596), estava sendo construída uma capela, na

Aldeia Braço de Peixe, sob o domínio frades capuchos. A informação bibliográfica se apresenta em consonância com as datações obtidas, o que descarta a possibilidade da capela ter sido construída pelos jesuítas, já que no período indicado pelas datações esta ordem religiosa não se encontrava mais na Paraíba. Com o apoio da tecnologia na pesquisa arqueológica empreendida na fazenda, começa a ser contada uma nova história sobre a Capela de Nossa Senhora da Graça: um monumento do século XVII, construído pelos franciscanos, ordem religiosa que se estabeleceu no aldeamento do Braço de Peixe para a catequização dos índios tabajaras, em fins do século XVI, e que se manteve na localidade, durante o século XVII, para a conclusão desse patrimônio.

Cachimbos históricos resgatados das escavações. O Cachimbo branco é de origem francesa (GRAVéE). O Cachimbo marrom, em cerâmica, é também conhecido como “pito”.

Garrafa, de pequeno porte, em Grés

faiança fina Inglesa do século xIx

faiança fina (malga)

Tijela utilitária (bijuzeiro)

91


A História de...

bAlANÇA, mAS NãO CAI Usada por aqui desde os tempos pré-colombianos, a rede continua um dos mais queridos utensílios no Nordeste Texto: Alex lacerda | Fotos: Divulgação


93


Curiosidades - A rede ganhou este nome pela semelhança com a rede de pescar. - Não foi notificada nenhuma referência antiga da rede fora da América, o que indica que as redes foram levadas para a Índia e para a África pelos europeus. - Pero Vaz de Caminha é considerado o “padrinho da rede” por ter sido o primeiro a utilizar este termo. Os índios a chamavam de “ini”. - No Nordeste, em muitos locais a rede ainda é considerada como uma herança familiar. A presença da rede na região se deve a influência dos jesuítas, que se espalharam pelo território brasileiro. - Durante o período colonial nas Américas, a cama era uma peça eminentemente de decoração. Na maioria das residências, dormia-se na rede. - As fábricas oficiais de rede estão localizadas nas cidades de São Bento, na Paraíba, e de Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte.

94


95


REPORTAGEM

Batalha pelos espaços Texto: Neide Donato | Fotos/imagens: Cynthia Sordi

A Avenida General Edson Ramalho, em Manaíra, enfrenta problemas de mobilidade, segurança e uso inadequado dos passeios 96


A

avenida tem nome de general, no entanto só lembra a organização de um quartel em poucos aspectos. Na verdade, o que se vê hoje na Av. Edson Ramalho, em Manaíra, João Pessoa, parece muito mais uma batalha pelos espaços. Com a vocação inicial de ser palco para endereços residenciais, a via se transformou ao longo dos anos em avenida comercial, porém essa transformação não obedeceu a requisitos básicos de mobilidade e ocupação do espaço urbano.

À primeira vista, os problemas passam despercebidos, mas quando um profissional de arquitetura e urbanismo bate o olho no local, percebe os equívocos que aconteceram durante a metamorfose que transformou uma rua programada para ser residencial em um espaço comercial. A arquiteta e urbanista Cynthia Sordi, não só viu as pedras no caminho da Edson Ramalho, como fez questão de estudar e propor soluções de mobilidade e urbanismo para mudar a cara do lugar transformando-o em um espaço atrativo para os transeuntes, lucrativo para empresários e agradável para motoristas. “Tenho acompanhado as transformações que vem ocorrendo nesta avenida, que após ter se transformado em corredor viário, teve o uso residencial substituído rapidamente pelo uso comercial e de serviços. As lojas de avenida ajudam a resgatar a urbanidade, o uso do espaço público pelo pedestre, mas a Avenida Gen. Edson Ramalho tomou um formato confuso, que repele o pedestre, um espaço novo construído segundo padrões ultrapassados, que não consideram a mobilidade urbana, um espaço público de baixa qualidade, paradoxalmente novo e deteriorado, um mau exemplo, um transtorno urbano”, analisa Cyntia. Entre os problemas detectados na pesquisa feita por Cyntia e apresentada como objeto de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo pelo Unipê, os de mobilidade e poluição visual chamam a atenção. “Fluxos conflitantes, carros pelas calçadas, pedestres

97


pelas ruas, acessibilidade comprometida, poluição visual causada tanto pelo excesso de elementos de propaganda dispostos quanto pela fiação aérea, enfim, vários obstáculos à própria vocação que a avenida assumiu: a de avenida de comércio, onde as vitrines, que deveriam ser seu maior apelo ficam cobertas pelos veículos em cima das calçadas, pelos grandes totens e pelos transformadores e fios encobrindo a paisagem”, comenta a arquiteta. Essas duas características, por si só já brigam com a vocação atual da avenida atraindo apenas clientes que possuem veículo e cujo comportamento se resume a parar apenas em frente às lojas que desejam entrar. Por outro lado, os pedestres se sentem inseguros e ficam relegados a segundo plano. “Há uma inversão de hierarquia onde são os veículos que assumem o papel de maior importância”, afirma Cyntia.

Velocidade das mudanças agravou problemas Uma das causas apontadas por Cyntia para a avalanche de conflitos que a avenida enfrenta é o curto espaço de tempo ocorrido para a mudança de uso dos imóveis dispostos ao longo da via. “Num entorno onde o predomínio é de uso residencial (75%), a Avenida

98

Gen. Edson Ramalho transformou-se a ponto de tornar-se, proporcionalmente, o inverso do uso do seu entorno, predominando o uso comercial e de serviços (73%), cada vez mais afirmado na avenida”, ressalta, com dados da pesquisa realizada em 2009. Ao se transformar um imóvel residencial em comercial, as calçadas perdem a utilidade para os pedestres e automaticamente viram estacionamentos. “A maioria dos imóveis que mudam de uso, utilizam o recuo frontal das antigas edificações como estacionamento – em 2009 representavam quase 60% dos lotes da avenida. O que parece uma solução para os comerciantes se torna um problema para os pedestres, com os veículos constantemente cruzando e congestionando as calçadas, estacionando sem disciplina, interrompendo o passeio, causando o conflito veículos x pedestres”, ressalta. O entorno da avenida também influencia e é influenciado pela falta de planejamento. No estudo foi constatado que o espaço coletivo é, em geral, árido, com pouca vegetação inserida, pavimentação comprometida, obstáculos do mobiliário urbano, e portanto pouco confortável para as caminhadas. O fluxo de pedestres ao longo da via é alimentado pelos funcionários, por moradores da vizinhança, e em menor escala, por consumidores, gerando um movimento maior no horário comercial. Além de não ter um visual agradavél a avenida não é considerada um local seguro, tanto pela velocidade dos veículos quanto pelos furtos que ocorrem. “Não conseguindo trazer a vitalidade às ruas, permanece o fluxo necessário, o modelo de lojas trancadas, de edifícios fechados com lazer interno. Comportamentalmente não enriquece. Fisicamente o modelo se repete no entorno, aproveitando o veio comercial, lojas se insatalam também nas vicinais, com o mesmo mau uso do espaço público”, argumenta Cyntia.

Ajustes beneficiariam avenida e entorno Apesar de, na atualidade, a avenida parecer mais uma terra de ninguém, a experiência de outras cidades, prova que é possível, sim, requalificar espaços urbanos e devolvê-los aos transeuntes, sem deixar de valorizar e se aproveitar dos novos usos. “Parafraseando Rita Lee, diria que no momento a avenida é ‘mutante... parece sozinha...seguindo o seu caminho...’. Corredor viário, espaço de residências, espaço de comércio, de negócios, possui uma diversidade que contribuiria para a segurança e que, mal aproveitada, mal conduzida, perde seu vigor, sua força. Tem as características de espaço invadido e ao mesmo tempo abandonado”, afirma Cyntia. “Mas ainda, segundo Jan Ghel em Novos Espaços Urbanos, existe a ‘cidade recuperada’, onde, aos interesses comerciais pelo espaço público, somaram-se as necessidades de espaços e condições para os passeios, com oportunidades para a realização de atividades sociais e recreativas. É neste conceito que devemos trabalhar, investir, insistir, acreditar”, reflete a arquiteta.


99


OUTRAS ÁREAS

100


A missão de ser

engraçado A trajetória de Cristóvam Tadeu, que faz rir há mais de 30 anos em diversas frentes Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

C

ristóvam Tadeu tem experiência no humor: são mais de 30 anos, desde que estreou com um show de comédia no teatro – no estilo one-man show. Foi em 1982, quando ele tinha 20 anos – e dois anos antes havia estreado como ator de teatro. Hoje, Tadeu já diversificou e muito no gênero: além de contar piadas e fazer imitações, já dirigiu peças de teatro, apresentou programas de rádio, criou e dirigiu uma sitcom na TV paraibana, foi dublador de filmes, estrelou comerciais de TV e faz histórias em quadrinhos. E já participou várias vezes de programas em rede nacional. Em 1989, esteve no elenco do programa Só Riso, da Rede Bandeirantes, que também tinha mestres do humor como Costinha e José Vasconcelos. Há bem menos tempo, também fez parte do elenco do Show do Tom, na Record, como o Gaetano Velhoso (paródia de Caetano Veloso). Também já participou de outros programas de auditório da Record. Com a missão de ser engraçado, Cristóvam Tadeu reuniu uma pequena

retrospectiva da carreira em um DVD que comemorou seus 25 anos de carreira: Risopontocom. Uma edição feita com a seriedade com quem sempre tratou suas muitas atividades – entre elas, atualmente é gerente de programação da rádio Tabajara e faz charges para o jornal Correio da Paraíba, ambos de João Pessoa. Aos 8 anos, Cristóvam descobriu seu talento para a comédia no colégio, tentando ser mais popular com as meninas. Aos 12, conseguiu ter uma tirinha publicada no jornal O Norte. Aos 14, publicava um jornalzinho no bairro onde morava. Aos 17, saía de casa de chuteiras, mas, na verdade, ia para o Teatro Santa Roza participar de laboratórios de atuação. Em 1980, estreou na peça O Dia em que Deu Elefante. Foras muitas peças depois dessa, sendo que Bailei na Curva foi a primeira que dirigiu. Em 1982, subiu ao palco para seu primeiro show solo de humor: Pra Morrer de Rir. Foram 15 solos, sempre contando piadas e imitando nomes conhecidos da cultura nacional – de Caetano Veloso a Lula, passando por José Wilker e Ariano Suassuna – e também personalidades regionais, como o agora arcebispo emérito da Paraíba, Dom Marcelo Carvalheira. Com o Sábado de Graça, ele conseguiu a proeza de manter no ar na TV paraibana um seriado de humor nos moldes do Sai de Baixo, da Rede Globo. E nos quadrinhos, seu destaque é o bebum Bartolo, publicado algumas vezes nos jornais locais e que chegou a ser exposto na cidade de Rimini, na Itália (Rimini, a terra natal de Federico Fellini). São as muitas faces de Cristóvam Tadeu, embora todas tenham o mesmo objetivo: provocar o riso no espectador, leitor, ouvinte...

101


Viagem de Arquiteto

Texto e fotos : Suellen Montenegro

Inspiração milenar A charmosa cidade de Thun, na Suíça, existe desde antes de Cristo

T

hun é uma cidade Suíça que fica no Cantão de Berna. Cidade muito antiga, recebeu os primeiros habitantes vários anos antes de Cristo, porém foi realmente povoada após a construção do castelo Schloss, no ano de 1190 d.C. O castelo existe até hoje e passa atualmente por pequenas reformas. Existem vários pequenos castelos e chatôs espalhados pela cidade, que é pequena, romântica e aconchegante, como a maioria das cidades suíças. É cercada pelo Rio Aar, e banhada pelo enorme Lago Tune. Esse lago é lindíssimo e dá um toque bucólico à cidade, que é apaixonante. A população local está em torno dos 45.000 habitantes.

102


As boas surpresas são destinos da vida E o inesperado pode acontecer Mesmo na escuridão fria e obscura Um belo lugar nos fez conhecer A beleza da neve caindo Fez o mundo tornar perigoso E como que numa pista de dança Ao som de uma música dramática e lenta Sacudiu nosso carro num balanço nervoso Percorremos novos caminhos Para num novo rumo chegar E lá chegando, quanta surpresa! Os desenhos de Deus naquele momento, Tive a certeza de encontrar. Thun! Tão estonteantemente bela Um destino não programado Mas de certo abençoado Pelas mãos de Nosso Senhor Encantos não lhe faltavam E adjetivos para lhe engrandecer Eram fartos e cheios vida E suaves de dizer A cidade linda e encantada Submersa na solidão Na sua brancura intacta Nos trouxe como presente Novamente a convicção Que o dia seria lindo Que a vida era um presente Que nada era em vão A cada passo que dávamos Cada canto percorrido Enchia os olhos de surpresas E como crianças perplexas Chegávamos a desconfiar Se aquilo era mesmo vivido O antigo castelo no alto Devidamente iluminado Como num conto de fadas Fez parecer tudo encantado As casinhas ao seu redor Perfeitamente dispostas Numa arquitetura peculiar De mezaninos e subsolos De cores diversas então Faziam com que o olhar Aguçado e curioso Mantivesse a atenção Há novecentos anos A cidade foi crescendo Em volta de rios e lagos Tomou forma exuberante E é belo tudo o que se olha É beleza por todos os lados É beleza incessante

103


As árvores que passam frio Os pássaros cantarolando Em volta daquele rio Vão depressa anunciando As sutilezas de lá estar A neve que não cessa Que encanta e machuca Torna o lugar calmo E romântico, por fim E deixa lembranças únicas Marcadas dentro de mim Olhando para a água fria Tive a certeza em sigilo Que ao me colocar ali Deus queria compartilhar Aquela cidade comigo Cidade de poucas pessoas Cidade de belas paisagens Cidade que vale a pena Cidade que deixa saudades!

104

Texto e fotos: arquiteta Suellen Montenegro + fotos no site: www.artestudiorevista.com.br


105


106


DEIXE SEU OLHAR PASSEAR PELO QUE É BELO. ACOMPANHAR A SIMPLICIDADE DE UMA LINHA, IMAGINAR O TODO NO DETALHE.

www.bontempo.com.br @moveisbontempo João Pessoa • Rua Professora Severina Sousa Souto, 207 (83) 3244.7075 • Jardim Oceania • João Pessoa/PB

107


ARQUITETURA E ARTE

Estado de espírito A arquitetura reflete as paixões do personagem principal de 500 Dias com Ela Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

T

om, o protagonista do filme 500 Dias com Ela (2009), trabalha como redator em uma empresa fabricante daqueles cartões de festas. Não é o que ele quer fazer. Ele é apaixonado por desenho e arquitetura e essa paixão, se não é o ponto principal do roteiro, é um elemento importante da construção do personagem desta comédia romântica muito elogiada. Por exemplo: ele é formado em arquitetura, mas se contenta com o quase-bico de escrever mensagens de cartões. O que isso tem a dizer sobre Tom (Joseph Gordon-Levitt) e sobre seu relacionamento com Summer (Zooey Deschanel), a colega por quem ele se apaixona, mas que, mesmo curtindo o lance dos dois, não quer compromisso? Não por acaso, o protagonista aparece lendo A Arquitetura da Felicidade, de Alain de Botton, e dá o livro de presente para Summer. “O roteiro foi pensado para ser filmado originalmente em São Francisco”, explica a arquiteta Tharsiana Freitas. “Contudo, após uma visita à Downtown Los Angeles, o Webb e o ator Gordon-Levitt ficaram encantados com a arquitetura histórica dessa parte da cidade, que é pouco vista pelos turistas e pouco mostrada no cinema e na TV. Eles decidiram, então, readaptar o roteiro para incluir cenas em que o cenário arquitetônico fosse destacado”.

108


109


O romance, que é mostrado em idas e vindas no tempo, entre momentos bons e ruins, é pontuado por comentários culturais – entre eles, arquitetônicos. “Num dos passeios que eles fazem o jovem arquiteto mostra à sua namorada o Edíficio das Belas Artes de Los Angeles, seu prédio favorito na cidade – projetado pelos arquitetos Walker & Eisen, que foi construído em 1925 no estilo neo-românico, originariamente para abrigar artesãos”, diz a arquiteta. Mas a cena mais marcante está em outro local favorito de Tom na cidade. “A Califórnia Plaza é onde Tom faz um croqui da skyline no antebraço de Summer para mostrar o que ele proporia para a área”, lembra ela. O filme volta ao local perto do desfecho da história. Como elemento de comunicação com a plateia, os interiores são bastante eloqüentes. O apartamento de Summer, por exemplo, possui papel de parede de ar bem feminino. “No apartamento de Tom, um sofá Chesterfield toma a cena e agrega sofisticação ao local, que se não fosse pela peça da época vitoriana, passaria por um apartamento de solteiro qualquer”, completa Tharsiana. “É bem curioso o contraste de toda a arquitetura histórica e de altíssima qualidade com as cenas filmadas na Ikea, uma rede de lojas sueca que vende móveis de baixo custo num modelo de ambientes prontos pouco personalizados, mas encantam grande parcela de pessoas comuns, com um design fácil de se consumir”. A arquiteta destaca o prédio onde se passa a cena final de 500 Dias com Ela. “O ponto alto no que se refere a arquitetura e design mostrados são as cenas filmadas no Bradbury Building, construído em 1893, projetado por George H. Wyman nos estilos revival renascença italiana e românica”, conta. “O interior do prédio é esplendido, com vários mezaninos abertos para um vão central de pé direito muito alto, iluminado com luz natural através de um grande shed. Fechando a ultima cena do filme Tom, espera por uma entrevista de emprego sentado numa poltrona Barcelona”. O trabalho de fotografia, que chega a misturar as cenas reais com desenho, também foi elogiado por Tharsiana. “Para passar a atmosfera de altos e baixos emocionais o diretor faz uso da temperatura da luz durante todo o filme, variando os tons sépia e por vezes chegando à luz branca menos intimista, dependendo do local e do momento”, diz ela. “Isso demonstra a influência que a iluminação dos ambientes provoca no emocional das pessoas. As mudanças de luz, de ambiência e de lugar mostra que, como na arte, na vida observamos aquilo que realmente nos interessa e invariavelmente o estado de espírito influenciará na percepção do ambiente. E o ambiente nos emocionará de alguma forma”.

Tom (levitt) desenha um croqui no braço de Summer (zooey)

500 Dias com Ela (500 Days of Summer, EUA, 2009) De Marc Webb Distribuição: 20th Century-Fox

110


111


112


conversa franca

Janine Holmes Um lugar

ao sol A coordenadora do curso superior de Tecnologia em Design de Interiores do IFPB diz que regulamentação da profissão ainda é um desafio

C

Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

om graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e mestrado em Engenharia Urbana, Janine Holmes Gualberto tem na docência a mais expressiva experiência profissional. Ela já foi professora temporária no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, ministrando disciplinas na área de representação gráfica, projeto e desenho urbano; lecionou para turmas no curso técnico em Edificações e no curso superior de Tecnologia em Design de Interiores ambos do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), ministrando disciplinas na área de representação gráfica e projeto. Desde 2009 é professora efetiva no curso superior de Tecnologia em Design de Interiores do IFPB, ministrando disciplinas na área de representação gráfica e em 2010 assumiu a coordenação do curso. Em entrevista à AE, Janine fala sobre o mercado de trabalho para os designers de interiores apontando oportunidades e entraves nessa profissão.

113


“ Como a profissão de designer de interiores é mais recente, confunde-se muito com arquiteto ou decorador.”

ARTESTUDIO - Como coordenadora do curso de design de interiores, como você avalia o mercado atualmente para esse profissional? Janine Holmes - Há uma expansão no setor de comércio, serviços e no setor imobiliário no nosso país e, consequentemente, em nosso estado. Esse crescimento, digamos assim, reforça a importância e o aumento pela procura de profissionais capazes de estruturar e organizar espaços físicos mais eficientes e confortáveis. Este mercado requer profissionais habilitados que possam oferecer atendimento técnico na orientação aos clientes para a aquisição e utilização correta dos produtos, bem como profissionais específicos para o desenvolvimento dos projetos visando à qualificação dos espaços interiores. As novas demandas e as exigências de mercado para os espaços interiores, no que tange a soluções sustentáveis e acessíveis, são fatores, entre outros, que tornam a profissão necessária. AE - Quais as semelhanças e diferenças entre um arquiteto e designer de interiores? JH - No que diz respeito ao designer de interiores devese diferenciar primeiramente a formação, já que existem cursos de nível técnico, tecnólogo e bacharel, sendo estes dois últimos de nível superior. Um profissional, formado pelo curso superior de Tecnologia em Designer de Interiores do IFPB, por exemplo, está habilitado a elaborar, desenvolver, detalhar e especificar projetos de interiores residenciais, comerciais e institucionais, considerando todos os elementos que compõem os ambientes interiores: mobiliários, revestimentos, iluminação, forros, elementos decorativos, entre outros. Sua habilidade pode incluir ainda: a análise de espaços interiores considerando aspectos funcionais, estéticos, ergonômicos, tecnológicos, socioeconômicos, ambientais, culturais e históricos; a especificação de materiais, indicadores e parâmetros em projetos de interiores; a análise de projetos de interiores quanto à sua viabilidade técnica e financeira; a análise de ambientes interiores quanto ao atendimento às legislações e normas técnicas vigentes; a elaboração de

orçamentos de projetos de interiores; o gerenciamento e a supervisão de obras de execução de projetos de interiores; a produção de maquetes físicas e eletrônicas de interiores. Em suma, os designers de interiores atuam nos ambientes internos ao edifício. Como atribuições, o arquiteto também pode conceber e executar projetos de ambientes, além de estar habilitado a atuar nos setores de arquitetura e urbanismo, de arquitetura paisagística, do patrimônio histórico cultural e artístico, do planejamento urbano e regional, da topografia, do conforto ambiental, entre outros, conforme Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010 que regulamenta o exercício da arquitetura e urbanismo e, cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. AE - As pessoas ainda confundem muito as duas funções? JH - Como a profissão de designer de interiores é mais recente, confunde-se muito com arquiteto ou decorador. Porém, pode-se notar pelas habilidades descritas anteriormente, qual a área de atuação do designer de interiores. Há diferença também entre um decorador e um designer de interiores. Pela própria formação em nível superior, o designer de interiores possui conhecimento técnico/científico, devido ao seu aprendizado acadêmico que aborda conteúdos como conforto térmico, iluminação, acústica, ergonomia, ecodesign, história, entre outros. É interessante perceber que o próprio mercado já começa a entender a diferenciação entre esses profissionais (arquiteto, designer de interiores e decorador), principalmente quando se trata do interesse em contratação para determinado posto de trabalho. AE - O que o cliente deve esperar em relação a entrega de projetos de cada um desses profissionais? JH - Ambos os profissionais têm capacidade de desenvolver projetos de interiores, seja um arquiteto, seja um designer de interiores de nível superior. AE - Na sua avaliação qual o maior entrave atualmente para os profissionais de design? Projeto: Márcia Barreiros Imagens: Juliane Gasparin

114


Foto: Patrícia Pasquini

JH - O maior entrave atualmente para o designer de interiores, do meu ponto de vista, seria a não regulamentação da profissão. Um importante passo dado nesse sentido foi o reconhecimento da profissão, por parte do Ministério do Trabalho, que ocorreu este ano. As entidades e associações dos designers de interiores lutam agora para a regulamentação da profissão e consequentemente a vinculação em conselho de classe. Apesar disso, é importante ressaltar que o profissional formado tem capacidade, habilidade e direito de exercer sua profissão de acordo com seu nível de formação. AE - A teoria e a prática estão alinhados, ou ainda há uma distância entre mercado de trabalho e academia? JH- Sempre houve uma certa distância entre academia e prática profissional. Os estudantes da minha época no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, entre 2005 e 2010, não cursavam disciplinas que desenvolvessem projetos de interiores. A experiência e o conhecimento que se adquiriam eram através de estágios em escritórios que desenvolvessem projetos naquela área. Não existiam disciplinas ou conteúdos que abordassem de forma específica os projetos de interiores. Do meu ponto de vista, essa distância é menor para um designer de interiores, pois esse abordou, no âmbito acadêmico, de forma específica, os condicionantes e parâmetros para concepção de ambientes internos. Mas, reforço, que a prática profissional é importante em todas as formações. Ter capacidade e habilidade não significa experiência profissional. Até porque o aprendizado não termina na academia. O exercício da profissão é um eterno aprendizado.

115




CARTA DO LEITOR

A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contatoartestudio@yahoo.com.br | contato@artestudiorevista.com.br

Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Sou de Recife, PE, e gostaria que vocês soubessem que tenho a edição de aniversário da ARTESTUDIO como minha leitura de cabeceira. Percebi muitas mudanças e todas para melhor. O projeto da capa é minha inspiração. Parabéns a arquiteta Sandra Moura e a equipe da revista que apresentou tão bem esse maravilhoso projeto. Raquel Rezende Recife, PE

Olá, quero parabenizar a toda equipe da ARTESTUDIO. Confesso que, quando eu recebi a edição pensei que era outra revista de tão grande as mudanças, mas tudo foi para melhor: mais fácil e ainda mais conteúdo. Gostei da nova logo, menor, mais atual e ainda lembra a antiga. A capa ficou ainda mais bonita. Parabéns! Simone Carvalho Cabedelo, PB

Parabéns à arquiteta Sandra Moura: belíssimo projeto, muito bem apresentado nas páginas dessa revista. Excelente escolha! Roberto mello Recife, PE

Parabenizo a editoria dessa revista, excelente qualidade gráfica e, me surpreendeu saber que a Paraíba tem um produto de tão boa qualidade. Foi muito bom ter conhecido, vou continuar acompanhando vocês pelo site. Abraços. michel benvenutti Florianópolis, SC

Gostaria de parabenizar pela excelente revista passada. Lindo projeto, linda capa. Carlos Santos Campina Grande, PB

ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83)

3021.8308 / 9921.9231

R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000

118

revArtestudio Artestudio márcia barreiros co nt ato @ a r te s t u d i o r ev i s t a . co m . b r co nt ato a r te s t u d i o @ y a h o o. co m . b r

www. artestudiorevista. com. br


ENDEREÇOS

Alexandre Suassuna Av. Rui Carneiro, 636, sl 13, Ed. Pacific Center Manaíra - João Pessoa/PB Fone: +55 (83) 4141.4690 / 8827.2769 alexandresuassuna@homtail.com

Karla Barros e Annelise Lacerda Av. Guarabira 949 - Manaíra João Pessoa/PB Fone: +55 (83) 3021.6161 ka.arq@hotmail.com

Fabiana Furtado Av. Euzely Fabrício de Sousa, 477 Manaíra - João Pessoa/PB Fone: +55 (83) 9997.6992 fabianafurtadojp@yahoo.com.br

Cristiano Rolim e Ricardo Nogueira Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 300 Ed. Praia Shopping, sl 206 Bessa - João Pessoa/PB Fone: +55 (83) 3246.7500 / 9983.9321

Samia Raquel Av. Presidente Epitácio Pessoa, empresarial Bell Center, 2055, sala 109, Bairro dos estados João Pessoa / PB. Fone: +55 (83) 3224.4657 / 9663.0000

119


120


121


122


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.