BOLETIM DER HUT: Cultura Teuto-Brasileira na Cabeça - mês de fevereiro de 2019

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BOLETIM “DER HUT” - CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA, WWW.PORTAL25.COM- fevereiro de 2019

Tradições, Música, Dança, Turismo, Idioma e Sociedade Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.01.

No seu município falam alemão? Ja oder nein?

Por Denis Gerson Simões Moin! Me recordo de ser diariamente cumprimentado pela minha bisavó por essa palavra. Era como um “bom dia” ou quem sabe um “seja bem-vindo”. Estávamos no Brasil e falávamos em alemão dentro de casa e também com alguns vizinhos. Um cenário que parece ser do interior do Rio Grande do Sul, contudo acontecia em Porto Alegre. É uma realidade: a língua dos imigrantes se mantém ainda viva em muitas localidades da América Latina, pequenas e grandes, e carrega em si muita cultura. Foi com essa inspiração que nasceu a pesquisa Municípios latinoamericanos que falam alemão, uma iniciativa do Der Hut, do Hin & Weg e da Rádio Imperial FM. Mais do que listar cidades, a proposta é visualizar como as pessoas percebem a localidade onde moram quanto a presença da língua alemã e suas tradições. O questionamento foi realizado pela Rede Social Facebook através das páginas do Der Hut e da Rádio Imperial FM, de Nova Petrópolis. Desde o dia

Apoio:

17/01 a postagem vem recebendo contribuições, tendo alcançado - segundo o site - mais de 40.000 internautas, uma centena de compartilhamentos e citar aproximadamente 150 municípios do Brasil, Argentina, Paraguai e Venezuela. O diferencial desta pesquisa foi a forma cordial como ela foi recebida, congregando comunidades em prol de um bem comum: a preservação do patrimônio imaterial brasileiro, na qual a língua dos imigrantes se inclui. Ao destacar a presença do idioma alemão as pessoas também o valorizam e garantem a sua continuidade, assim como preservam um conjunto de outras tradições que a acompanham. Um dado é real: estão em extinção os municípios da América Latina que só falam alemão, sem a presença do idioma oficial do país. Mesmo que não seja um real problema, essa questão acaba por trazer um desafio: como manter uma cidade bilíngue? O que acontece em países como a Suíça

- que podem ter numa mesma localidade a sobrevivência simultânea de dois ou três idiomas - mostra-se algo distante da realidade brasileira, onde o próprio ensino da língua portuguesa é carente em diversas regiões. De toda forma, é importante inspirarse em ações exitosas, presentes na própria América Latina, para buscar um caminho positivo na manutenção de idiomas cotidianos, o que também faz parte de uma segunda etapa desta pesquisa. A análise dos dados dessa primeira rodada de contribuições via Rede Social ocorrerá em fevereiro, apresentando os caminhos para os próximos passos. As informações serão periodicamente difundidas no Boletim Der Hut e seus parceiros. Espera-se seguir contando com as comunidades para ampliar esse trabalho, somando questões sobre dialetos e público que usa o idioma alemão periodicamente.


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.02.

Editorial Rápidas

Agora na Alemanha

C

omeçamos um novo ciclo: estamos com a equipe 100% na Alemanha. É uma mudança, uma transição, mas que ao mesmo tempo não nega, ou quem sabe até amplie, os contatos temáticos com o Brasil. Uma transformação que vai também se manifestar nos trabalhos do Der Hut e reforçar o compromisso com a cultura teuto-brasileira. O primeiro ponto, e o mais claro, é a questão física: estaremos vendo, ouvindo e sentindo os acontecimentos que se fazem na Europa, podendo transmitilos com maior fidelidade ao leitores e ouvintes do Boletim e outros braços de nosso trabalho. Desta forma, a partir desse momento passamos a trazer um novo ponto de vista sobre as relações culturais entre o Brasil e a Alemanha. Um dado que pode parecer estranho é que em nosso país os descendentes de alemães sentem-se um tanto germânicos; agora que estamos fora do Brasil, nós teuto-brasileiros, fica a impressão que se destaca a identidade latino-americana. Neste sentido, essa mudança também nos traz a consciência de que mesmo sendo teuto-brasileiros, não podemos nos esquecer que nossa cultura local, com nossas peculiaridades da

E chegamos em fevereiro de 2019 repletos de expectativas. Contudo, como o carnaval desse ano será só em março, é como se ainda estivéssemos em 2018. Então é ver se é uma boa ou má notícia. Para os Brasileiros 2019 de fato começará depois da folia. ?

América do Sul, tendo suas qualidades e características. Lembramos que é importante valorizar as nossas múltiplas raízes e valores. Outra mudança que ocorrerá é o maior trânsito junto aos grupos culturais da Alemanha. Isto permitirá maiores diálogos com seus pares no Brasil e buscará promover pontes de experiências. É a oportunidade de ambos fazerem trocas positivas, aprendendo uns com os outros sobre tradições e diálogos sociais. É importante lembrar que tanto latino-americanos quanto europeus têm muito a aprender sobre a cultura uns dos outros e que existem muitos pontos comuns e de encontro. Essas pontes não se fazem somente com as imigrações transoceânicas, mas também com o trânsito entre pessoas de Portugal e Espanha para os países de língua alemã, e viceversa, já conectando idiomas e algum hábitos. Há mais elementos que aproximam Brasil e Alemanha do que os separam. E o mais importante: essa mudança permite renovar ideias, propor novas abordagens e instigar novos desafios. Sem alterações no caminho as jornadas perderiam seu estímulo. Que nos ajudem nesse processo de muitos diálogos!

Estamos retornando com o Boletim Der Hut em diagramação de Revista. Nossa última edição neste formato ocorreu em abril de 2018. A parada se deu por problemas técnicos e, após a mudança para a Alemanha, temos a possibilidade de retomar o processo. ?

Em janeiro de 2019 ocorreram várias atividades teuto-brasileiras, como a 30. Sommerfest, em Domingos Martins-ES, e a 36ª. Festa Pomerana, em Pomerode-SC. Parabenizamos ambos os eventos pelo bom trabalho e aguardamos sua retomada em 2020. ?

E queremos elogiar o trabalho da Kapelle Josef Menzl, que prestigiamos em evento ocorrido no dia 06/01 no Wirtshaus im Fraunhofer. Podem conhecer o conjunto via o site: kapellejosefmenzl.de. ?

Palácio Nymphenburg em Munique. Foto: Denis Simões.

BOLETIM “DER HUT” CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA Coordenação: Denis Gerson Simões; Conselho Editorial: Claudia Santana, Denis Simões, Elisangela Leitzke, Felix Mugwyler; Textos: Denis Simões, Elisangela

Leitzke, Hiberson von Neuhoff, William Schmidt Roese ; Revisão: Ana Maria Rosa; Contatos: derhut@portal25.com Periodicidade: mensal; Distribuição: online; Contribuições: até dia 10 de cada mês, para publicações no mês seguinte. Textos inéditos de no

máximo 2000 caracteres. Portal25 - Der Hut Rua Atanásio Belmonte, 256 - Bairro Bela Vista -. Porto Alegre-RS. CEP 90520-550. Fone: (51) 3328.7580. www.PORTAL25.com www.DERHUT.com.br


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.03.

A arte de fazer meias artesanalmente Sueli Maike Ruediger desde 1991 trança meias e polainas típicas, atendendo amantes da cultura alemã em todo o sul do Brasil.

A equipe do Der Hut esteve no ateliê de Sueli e conheceu o processo de feitura das meias e polainas. Muita simpatia e experiência em fazer este trabalho artesanal. Foto: Denis Simões

Meias. No dia a dia a maior parte das pessoas não dá bola para elas. Contudo, quando se coloca um traje típico germânico é muito provável que essa peça agregue status ao conjunto: uma meia bonita faz toda a diferença em um Tracht. No sul do Brasil, em função das comunidades teuto-brasileiras, há uma grande demanda por essas meias, com diversos modelos e tramados. Para atender a esse público Sueli Maike Ruediger há mais de 25 anos produz artesanalmente meias e polainas tradicionais: “no ano de 1991 iniciamos na confeção de meias típicas. [...] a Sra. Almira Isleb (in memoriam), da Trachten Haus de Blumenau-SC, pediu para fazer para ela. Foi assim que surgiu à nossa história na confecção.” Seu ateliê está na cidade de Blumenau-SC e conta com o auxílio de sua mãe, que delicadamente realiza os acabamentos. “O meu processo é de fazer a meia aberta e depois promover cuidadosamente o fechamento”, disse ela. Um par que tem um trabalhado específico chega a levar 3h30min para ser tramado, podendo levar vários fios com cores diferentes, o que complexifica o tricô. Ela vai manualmente tramando os fios em seu equipamento , usando pesos para que a meia fique esticada no processo e o fio não arrebente. Inicia pela barra da meia e finda

no pé, tendo que ajustar a largura da peça durante a tricotagem, para moldar a panturrilha e tornozelo. Cada uma, por ser um ofício personalizado, tem um número de carreiras e pontos diferentes, ajustados ao comprimento e tamanho de quem encomendou. Ela utiliza de modelos para construir os tramados e rendados, organizando as agulhas de acordo com os pedidos. A complexidade muda de acordo com cada traje. A conclusão da meia vem com a colocação de um elástico na parte superior, o que auxilia a fixar a peça à perna. Questionada pelo motivo dela não usar fios com elastano, Sueli justifica: “o elástico, com o tempo, também fica velho, com o uso e lavagem. Tendo a barra que permite trocá-lo garante não aposentar a meia tão cedo”. Atualmente Sueli atende demandas de todo o sul do Brasil, com destaque aos grupos de danças alemãs. E, inclusive, recebeu encomenda da Alemanha. “A maioria me contata pelo Facebook, na fanpage ou pelo WhatsApp. Atualmente poucos por telefone fixo. O e-mail é mais para passar as medidas e fotos”, disse ela. Podem contatá-la pelos fones (47) 3237.2236, (47) 99647.0089, ou facebook.com/suelimeiastipicas/, ou sueli080886@gmail.com.

Joinville: uma ponte do passado ao futuro Por Hiberson von Neuhoff Joinville, em Santa Catarina, outrora chamada Colônia Dona Francisca, é a maior cidade do Estado e reduto de imigrantes alemães na região. Surgiu de um presente imperial de casamento e posteriormente, através da Companhia de Hamburgo, recebeu seus primeiros imigrantes germânicos em 1851. Desde então, a cidade é marcada pela forte presença cultural que reflete nas relações humanas e na preservação da memória da colonização. É desta cidade também o primeiro jornal do estado, o Kolonie Zeitung, redigido em alemão e que abrangia também a colônia Blumenau. A partir da campanha de nacionalização, a cidade sofreu com a repressão a seu idioma e muitos de seus costumes. Entretanto, após tal período houve a reafirmação da identidade através de instituições como a Sociedade Cultural Lírica e mais recentemente a Sociedade Cultural Alemã de Joinville. Atualmente, a cidade contrasta a sua história com o futuro e ao mesmo tempo que cresce ainda é possível ouvir alemão em muitas ocasiões. Além disso, o município não abre mão de seus inúmeros estabelecimentos culinários típicos. E em nenhuma reunião familiar pode faltar o doce mais famoso da cidade: o Schnecke.

Um espaço de contrastes.


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.04.

Migrações: transitos e culturas em mutação Fenômeno que acompanha a humanidade desde tenros tempos, migrar, mudar de lugar e estabelecer-se em uma nova terra é produto de muitos fatores. Não necessariamente se sai de um lugar ruim para ir a outro melhor. Por Denis Gerson Simões. questões básicas se comparado ao século XIX: 1) que as percepções sobre migrações mudaram muito nos últimos dois século, transitando de comunidades povoadoras para orda de flagelados; 2) que se associou o processo migratório ao trânsito de pobres e famintos, desconsiderando totalmente aqueles que sairam de sua comunidades por dezenas de outros motivos. Frente esses dois apontamentos pode-se promover um conjunto de reflexões. Pesquisadores desse enredo apontam que há uma diferença clara entre as migrações nesses dois momentos históricos: enquanto no passado houve o convite para a vinda de imigrantes, como os da Europa e Ásia, a irem à América, nos dias de hoje são as populações que saem de um lugar para outro sem garantia de abrigo ou de acolhida. O que era uma recepção voluntária passou a ser por solidariedade ou mesmo por obrigação. Contudo, o que se pode esperar de consumidores que observam o mundo globalizado? Os mercados não estão abertos? Se os produtos transitam entre as fronteiras, qual o impeditivo entre os indivíduos também o fazerem? Se vende a imagem de um Mickey Mouse da terra da fantasia e logo se diz: “pode comprar nossas imagens, todavia não é permitido que viva conosco”. Apresenta-se uma falsa ideia de

Falar alemão é abrir portas para o Mundo! Aulas presenciais em Munique ou online em todo o planeta. lise_leitzke@yahoo.com.br WhatsApp: +49 1511 0279078

mobilidade internacional, que é permitida somente a quem pode pagar adequadamente por ela. Aporta, aqui, a outra questão: que o imigrante não necessariamente é flagelado em busca de uma vida melhor em outro lugar. Mesmo no século XIX muitos empreendedores, que tinham boa vida na Europa, foram às Américas procurar oportunidades de negócios e novas pontes culturais. A saída de seu local de origem pode ocorrer por motivo de trabalho, de formação familiar, de desejo pessoal ou mesmo pelo espírito desbravador e solidário. Contudo, esse imigrante não vira capa de jornal e nem ganha fama de indesejado. O que não mudou nesse período foi o estranhamento entre os que chegam e os que já estão naquele destino. Quanto mais distintas culturas mais difícil de haver compreensão da língua, das tradições e dos valores. Gerar uma convivência ordeira é o desejo da maioria, contudo não de todos. Trata-se de um desafio que transpôs o tempo e ainda hoje mobiliza atenção das Nações Unidas. De toda forma fica a dúvida: no passar dos tempos a sociedade festejará a vinda desses imigrantes do século XXI como fez com italianos, alemães, japoneses, entre outros, dos séculos XIX e XX? No fundo, todos se observam como vencedores de uma epopéia.

Elisangela Leitzke reside na Alemanha e é professora e tradutora desde 2013, com mais de 2500 horas/aula. Tem qualificação para ser avaliadora nas provas orais e escritas telc - The European Language Certificates, reconhecidas em toda a Europa - em escolas licenciadas.

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Em pleno século XXI a sociedade ocidental se mostra em uma crise quanto ao processo de migração. São conhecidos os venezuelanos que deixam sua terra devido à crise econômico, por exemplo, ou os haitianos que saem da América Central depois de uma série de terremotos dizimarem suas cidades, ou os povos que deixam o Oriente Médio para encontrarem novo lar na Europa. Essas pessoas são vistas como problema, pois ingressam em sociedades com culturas diferentes das delas e que também não estão preparadas para recebê-las. Deixa se der um uma questão local para adentrar no contexto da geopolítica. Nos Estados Unidos da América a questão das migrações apresenta-se como elemento de segurança nacional. A promessa da América aberta do século XIX se inverteu totalmente na atulidade e fecha, no XXI, suas portas aos que querem ingressar no sonho americano (vendido em filmes e séries televisivas). Muros são levantados e estrangeiros são barrados por terra, água e ar. Junto com a justificativa do desiquilíbrio populacional e econômico se soma, desde os anos 2000, o princípio da ameaça terrorista e a necessidade de vigia extrema. Observando esse cenário do presente pode-se constatar duas


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.05.

Medien Zum Sehen und Hören Por Denis Gerson Simões

Os Simpsons e seu alemãozinho

Üter é intercambista alemão na Escola de Springfield. Fonte: WikiSimpsons.

Já oviram falar do Üter Slaurten Zörker? A probabilidade do nome ser familiar é muito pequena. Todavia, Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie Simpsons são bem conhecidos. A família amarela ganhou o mundo, tendo como cenário a cidade de Springfield, nos Estados Unidos. São o produto do cartunista Matt Groening, que estreou a série de animação Os Simpsons em dezembro de 1989. Mas quem é, afinal, o Üter? Na Quinta temporada, em 1993, no episódio Casa da Árvore dos Horrores IV apareceu pela primeira vez esse personagem, dividindo banco do ônibus escolar com Bart. É Üter Zörker, intercambista da Alemanha que estuda na Escola Elementar de Springfield.

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Agora você pode acompanhar as informações da cultura alemã, no Brasil e na Europa, em diversas bases. Acesse, curta e se inscreva. É gratis.

Seguindo seu estilo clássico e ácido, a série faz críticas à sociedade a partir de seus estereótipos e seus hábitos politicamente incorretos. Não é diferente com o jovem Üter. Gordinho, o alemãozinho utiliza a lederhose, é loiro e gosta muito de comer - com destaque a chocolates e salsichas. Ele passa por todo o tipo de bullying, seja pelo porte físico, seja por ser estrangeiro, o que traz a tona um conjunto de reflexões. O personagem segue o padrão de outros germânicos presentes na cinematografia norte-americana, como o famoso Augustus Gloop, de A Fantástica Fábrica de Chocolates, que de tão obeso e guloso entalou no encanamento. É a imagem do alemão batata, que entre outras coisas faz parecer que todo o germânico se veste de bávaro e sofre de obesidade. Mas a cada episódio que Üter aparece acaba por participar de uma nova polêmica, trazendo questões morais fantasiadas de entretenimento. Faz parte do hall de personagens secundários que, como o Abelhão - representando o Chapolin Colorado mexicano -, coloca em xeque o pensamento tradicional e destaca o olhar simplista da sociedade de consumo da contemporaneidade. Ele está em uma proposta de produto audiovisual que consegue atingir as massas e, ao mesmo tempo, trazer críticas inteligentes.

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Feste und Musik Por William Schmidt Roese - Fritz

Iniciando o ano! Hallo meine lieben Freunde! Após um breve recesso nesta coluna voltamos com tudo, e nesta edição falamos sobre o verão aqui no Sul do Brasil. Es ist so heiß. Começamos por onde... Bem, o veraneio aqui na região sul é muito divertido, pois nesse período os dias ficam mais longos e as noites mais curtas; “nós deitamos sem sono e acordamos dormindo”, hehehe. Em todo o país é adotado o Horário de Verão para maior aproveitamento de sol, o que na prática gera alguma redução do gasto com energia elétrica. Nas áreas rurais as famílias aproveitam para dar prioridade ao plantio em estufas, pois é nesta época do ano que se cultiva beterraba, couve, feijão vagem, agrião, coentro, cebolinha, rúcula, salsa e espinafre. Já na lavoura cultivam no verão o milho e soja, onde os cuidados devem ser constantes para uma boa colheita. Também nesta época do ano é comemorada, em muitas localidades onde se concentram grandes números de descendentes alemães, a tradicional Festa da Colheita Erntedankfest. Em outras ocorrem os Kerbfest, em homenagem ao santo padroeiro da comunidade ou a data de fundação do templo. Já em Gramado ocorre anualmente em janeiro o Curso de Danças Folclóricas Alemãs, na Casa da Juventude. Conta com professor vindo da Alemanha, bem preparado para instruir os grupos que compõe a ACG - Associação Cultural Gramado. Esses seminários são importantes para os grupos de danças poderem reiniciar o ano com opções de renovação de seus repertórios. Dankeschön meine lieben Frende. Halten wir auch im nächsten Jahr zusammen.


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.06.

Gruppen Notícias dos Grupos de Danças / Infos FEVEREIRO * 01 a 03/02 - Fremde Heimat / Pátria Estrangeira. Teatro do Goethe Institut Porto Alegre-RS (51) 99423.0680. portoveraoalegre.com.br

Heimatland de Pinhalzinho-SC vai ao Espírito Santo Grupo de Danças de Santa Catarina foi promover intercâmbios na capital capixaba, litoral e Domingos Martins-ES, na Sommerfest.

* 01 a 03/02 - 30. Sommerfest: o Festival da Imigração Alemã. Domingos Martins-ES; * 08/02 - Tiroler Bauernbundball 2019. Innsbruck - Tirol - Áustria. * 09/02 - Schuhplattler Fest - Encontro entre amigos. Marechal Floriano-ES. grunestalschuhplattler@gmail.com ; *09/02 - Sommerfest na Colônia Witmarsum - Palmeira-PR. * 09/02 - Steirerball - Söding - Áustria. * 09 e 10/02 - Feira Medieval de Nova Petrópolis - Rua Coberta - Centro de Nova Petrópolis-RS. Entrada franca; *

Immer Lustig arrumando a casa para o novo ano Início de ano é período de colocar a casa em ordem. Por isso que o Grupo Folclórico Germânico Immer Lustig de Santa Maria-RS reservou esse momento para fazer seu mutirão anual de organização de materiais. Segundo o instrutor Thomas Newton Martin, a atividade serviu tanto para a limpeza e reestruturação do espaço tarefa importante a ser feita - quanto para rememorar acontecimentos que estavam esquecidos pelo grupo, pois lá estão troféus e recordações de eventos. Essa ação coletiva uniu o grupo, que ao final saiu animado e com muitas expectativas para 2019.

Dançarinos animados após mutirão .

Heimatland no Centro da cidade de Domingos Martins-ES.

Integrar pessoas, paisagens e culturas. Estes foram alguns objetivos do Heimatland Volkstanzgruppe aus Pinhalzinho em sua ida para o Espírito Santo. O grupo catarinense realizou um tour com duração de 10 dias, passando do Litoral à Serra Capixabas. Na primeira parte da viagem passaram pela capital Vitória e suas belas paisagens, aproveitando o verão para

Ocorreu o Tanz+Kurs no Vale do Itajaí

Entrega de certificados aos participantes. Fonte: AFG.

A AFG - Associação dos Grupos Folclóricos Germânicos do Médio Vale do Itajaí realizou o TANZ+Kurs 2019, de 13 a 19 de janeiro, no Centro de Eventos Rodeio 12, próximo a TimbóSC. Tiveram como professores Patrick Welther e Reiner Adam, do Siebenbürgische Jugendtanzgruppe Heilbronn, do Baden-Württemberg.No repertório estavam danças apreciadas pelos Siebenbürger Sachsen. Houve destaque à postura e presença de palco. Também ministraram atividades os professores brasileiros Cassio Correia e Franciele Lenzi.

irem ao mar. Segundo Patrick Zancanaro, coordenador, visitaram “o Morro do Convento da Penha, a Fábrica da Garoto, as Praias de Guarapari, Manguinhos, Beverly Hills entre outras!”. Conheceram destinos históricos como a Igreja de Santo Antônio, o Museu da Ferrovia e a feirinha local, “além de provar o prato típico da região, que é a muqueca capixaba!”, pontuou ele. Após seguiram a Domingos Martins, na Serra, para a Sommerfest. Lá realizaram apresentações e integração com o Grupo Folclórico Alemão Bergfreund, de Campinho. Outra ação foi um passeio pelo interior para ver as tradições pomeranas que ainda vivem. Não pode faltar nesse trajeto a visita à Pedra Azul, ponto turístico imperdível do município.

Casa da Juventude realizou seus Cursos de Danças Alemãs Como acontece tradicionalmente no mês de janeiro, ocorreu na cidade de Gramado-RS o Curso de Danças Folclóricas Alemãs da Associação Cultural Gramado - ACG - Casa da Juventude. Neste ano o professor convidado para ministrar as atividades foi Mario Hecker, vindo de Marburg Hessen, Alemanha. Ocorreram dois cursos voltados à categoria adulta e um para a infanto-juvenil.

Participantes do 1º Curso Adulto.


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.07.

Tänze Schäfflertanz destaca uma história de mais de 500 anos

Vejano You Tube A Schäfflertanz é reapresentada a cada 7 anos, podendo ocorrer em várias partes da cidade. Foto: Denis Simões.

Por Lise Leitzke Você já ouviu falar do Glockenspiel - carrilhão - da prefeitura de Munique? Quem já esteve na Marienplatz, bem no coração da cidade, pode olhar para cima e ver esse belo espetáculo artístico, o qual toca ao menos duas vezes ao dia, em horários específicos. Porém, o que isso tem a ver com o Schäfflertanz? O conjunto de bonecos que forma os dançarinos na torre da Praça da Maria tem na sua parte inferior as figuras dos Schäffler. E o que se esconde por trás dessa dança que tem mais de 500 anos? Pelos idos do final da Idade Média e início da Idade Moderna, Munique foi assolada em diversos momentos por surtos de peste - a Peste Negra. Entre 1463 e 1643 as epidemias tiraram a vida de milhares de pessoas. A morte se espalhou pelas vielas e os moradores ficaram com medo de sair de casa, já que nem medidas de saneamento, nem a medicina da época, puderam evitar o alastrar da doença. Em 1517 mais uma vez a peste semeou seu conhecido terror por Munique. Os cidadãos não saíam de suas casas, nem abriam suas janelas, muito menos os camponeses tinham coragem de se aventurar a abrir as suas bancas para vender mantimentos. Sendo assim, tudo faltava, inclusive vontade de seguir em frente. O cenário não se mostrava nada

bom. Um morador que pertencia à corporação de artesões que fabricavam barris teve a ideia de juntar seus colegas para tocar e dançar pelas ruelas, animando a população a sair de suas casas. Portanto, com a ajuda dos açougueiros, os Fassmacher - construtores de barris - motivaram as pessoas a se permitir viver de novo. Assim, desde 1517 os dançarinos - só homens, já que, penso eu, não havia mulheres participando da guilda na época - nos deleitam a cada sete anos com sua arte. A nota escrita mais antiga que se tem deles data de 1702, quando pediram autorização por escrito - necessária até hoje para o magistrado local permitir que eles revivessem essa tradição. Eu tive a oportunidade de ver o Glockenspiel na prefeitura nova de Munique e logo depois o tradicional “Original Münchner Schäfflertanz”, quando este completou seus 500 anos, em 2017. Em seu rápido discurso o prefeito anunciou a apresentação e o Münchner Kindl - personagem símbolo da cidade - contou sobre a história desse patrimônio cultural. Agora em 2019 a tradição se repetiu, mantendo os ciclos de 7 anos. Interessado em saber mais, acessem o site oficial do Schäfflertanz: http://www.schaefflertanz.com

A coreografia A Schäfflertanz tem em suas figuras principais 20 homens. Todavia, há outros participantes que ingressam no decorrer da coreografia, como o Münchner Kindl monge que simboliza a cidade de Munique - e personagens de humor, como bobos da corte, que interagem com o público e auxiliam na dinâmica da apresentação - colocando e retirando arcos, por exemplo. Ela segue alguns padrões de danças de arcos - Bogentänze, como na Reifentanz, Sterntanz e Kronentanz. No seu decorrer a sincronia dos Schäffler é fundamental, por isso dois dos dançarinos marcam o início e o fim de cada etapa com suas bandeirinhas. Estão entre as figuras o ninho, a coroa e o caracol. Há também elementos peculiares, como belas estruturas em linhas e círculos, além da formação de moinhos, trançados e corrente. O passo - uma espécie de marcha misturada com Wechselschritt - caracteriza toda a sequência, unindo aspectos solenes e alegres - pois previa animar a população. O barril, elemento emblemático dessa história, aparece no transcurso da Schäffletanz, já que de seus artesãos veio essa tradição.


Alemanha, fevereiro de 2019. Ano 3, nº 18. p.08.

Você quer brincar na neve?

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uitas pessoas que moram em países tropicais tem o sonho de ver neve. Gostariam de imitar os filmes, onde constroem iglus, fazer bonecos gelados e se divertem com uma guerrinha de bolas com os vizinhos. É um misto do otimismo do Olaf, de Frozen, e as desventuras do Diário de um Argentino em Toronto. Mas seja com qual motivação for, vale a pena brincar com a neve e se divertir um pouco com o inverno abaixo de -1º. Uma brincadeira comum na neve é esculpir bonecos, usando o que tem ao dispor, como galhos secos e objetos velhos; a fórmula base é fazer três grandes bolas e colocar uma sobre a outra. Também há a opção da famosa guerra de bolas de neve, incluindo a feitura dos muros de pro-teção; contudo exige mais participantes. Construir uma casinha gelada é também interessante, mas mais complicado - já que os iglus geralmente são de blocos de gelo. Outra diversão é formar um rolo de neve e em-purrar por grandes distâncias e vê-lo crescer a cada metro que se desloca. Se forem usados adereços, como trenós, patins e esquis, a lista se torna gigantesca de boas atividades. Um ponto importante a ser destacado é que para brincar com a neve ela não pode estar derretendo ou empedrado - quando ficou líquida e volta a congelar. O ideal é quando recém caiu: estando fofa é possível tanto moldá-la como atira-la um no outro sem se machucar. Lembre-se de estar bem agasalhado, principalmente nas mãos e nos pés. Em muitos casos não se dá bola à temperatura das extremidades do corpo e podem ocorrer acidentes ou dores, produto das baixas temperaturas. Sair de um espaço fechado, com aquecedores de ambiente, pode dar a impressão de que do lado de fora o clima não está tão frio, o que não corresponde à verdade. Precisa-se brincar com responsabilidade. E quer conhecer mais sobre esportes de inverno, atividades na neve? Entre em nosso site e veja nossas matérias anteriores: www.PORTAL25.com

A esquerda: Parque Olímpico de Munique em janeiro de 2019: muita neve. À direita: fazendo um rolo de neve. Fotos: Denis Simões


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