BOLETIM DER HUT: Cultura Teuto-Brasileira na Cabeça - mês de novembro de 2017

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BOLETIM “DER HUT” - CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA, WWW.PORTAL25.COM- novembro de 2017

Tradições, Música, Dança, Turismo, Idioma, Gastronomia e Sociedade Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 12. p.01.

Capa Especial

Martinstag e a Tanzfest!

Noite de festa com as comemorações de São Martinho Por Denis Gerson Simões

O dia 11/11 na Europa é repleto de festividades: é o Martinstag / Festa de São Martinho. Contam que ele era um cavalariano romano que converteu-se ao cristianismo e que, em tempos antigos, ganhou popularidade na região de língua alemã. Sendo comemorado no final do outono europeu, associaram-se a esta data também rituais pagãos de utilizar fantasias e promover jogos ao ar livre, o que muda de local para local. Seguindo essas tradições, a Tanzfest - Festa da Dança -, promovida em Porto Alegre, trará algumas das atrações do Martinstag, como o costume do Golpe de Sabre, o Pau de Sebo, o Cabo de Guerra e o Desfile das Lanternas, para citar algumas. Uma noite repleta de novidades. Uma das tradições curio-

A Tanzfest une a gastronomia e alegria do Baile de Chope com as tradições das culturas alemãs, austríacas e suíças. Apoio:

sas, realizadas na cidade de Sursse, na Suíça, é o Golpe de Sabre, também conhecido como Gans-Abhauet (Decapitação do Ganso). A origem desse costume provavelmente é do século XVIII e veio do dízimo pago pelos agricultores no período do outono para o Monastério de São Urbano. Como contrapartida às ofertas, era sorteado um ganso assado. Desse costume gerou-se outro, mudando a forma de sorteio: esticar sobre a rua um ganso morto e, então, uma pessoa vendada (com um manto vermelho e uma máscara) precisa decapitá-lo com um golpe. Quem realiza esse feito, leva-o para casa e tem a admiração da comunidade. Geralmente o quinto ou o sexto da fila conseguem o objetivo. O costume do Pau de Sebo está ligado à tradição de subir em árvores como atividade lúdica, sendo uma brincadeira competitiva para alcançar os presentes no topo. As brincadeiras entravam noite a dentro, sempre com tom satírico e alegre, como no caso do concurso de caretas grotescas, no qual era possível ganhar uns petiscos (originalmente um pedaço de queijo). Vê-se que as tradições acabam se mesclando com as novidades, tendo como ponto principal a integração da comunidade. Isso segue também no Brasil.


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Editorial Rápidas

Passividade X Proatividade

U

m ponto que é base para o desenvolvimento da cultura é a ação. Não existem manifestações populares legítimas na passividade, pois é exatamente no manifestarse que encontra-se o movimento, o agir e o fazer a diferença. Um Coral só o é se tem um conjunto de pessoas ativas promovendo música no coletivo, onde todos doam um pouco de sí para alcançar o resultado desejado. O mesmo vale para um Volkstanzgruppe, quando indivíduos unem-se para juntos expressarem-se através das danças tradicionais - não por acaso um de seus maiores símbolos é o círculo, de mãos dadas. Em tempos de consumo exagerado o maior impulso que a sociedade recebe é de comprar. Como enlatados que são fáceis de adquirir, cada vez mais se instiga o menor esforço e a passividade. A homogeneização dos costumes torna mais simples a publicidade e as margens de lucro com as vendas aumentam. O resultado são Shoppings Centers lotados e a vivência do mais do mesmo, de um mundo pasteurizado. Fazer-se proativo virou expressão da moda nas empresas, a começar nas entrevistas de emprego. Entretanto, o desejo de indivíduos tomarem atitudes sem esperar que terceiros o mandem fazê-lo está quase no âmbito da utopia: uma realidade pouco efetiva.

A escassez da proatividade nas comunidades e do engajamento social mostra a fragmentação das tradições e da coletividade. Cada vez mais o ficar em casa se torna mais atrativo do que trabalhar por uma causa; o estar estressado virou boa justificativa para distanciar-se de compromissos - inclusive os familiares. Somam-se boas desculpas para não fazer nada para mudar coisa alguma, ficando cada um protegido atrás de seu perfil no facebook. Um ponto que é fundamental para a manutenção dos valores é exatamente o fazer junto, a colaboração e o doar-se a um propósito. Se há interesse em ainda manter grupos culturais nas comunidades, sejam eles ligados às tradições ou não, faz-se fundamental agir. Desacomodar quem está no ponto de conforto é mais complicado do que parar quem está em movimento. Consumir é positivo quando acompanhado de engajamento e um olhar amplo sobre o contexto onde se vive. Se cada um é único, que haja pluralidade de ações e pontos de vistas, não só nas Redes Sociais digitais: também nos clubes, igrejas, sociedades, prefeituras e nas famílias. Marcas importantes se fazem junto aos realizadores, os que só consomem geralmente deixam detritos, fazendo um mundo repleto de lixo.

E se parece que as Oktoberfest passaram, algumas ainda estão seguindo, mesmo nos primeiros dias de Novembro; ?

? Na verdade as Oktoberfest se tornaram um estilo de festejar, com muito chope, alegria e o direito das pessoas de se vestirem de alemães. Dai tudo vale!

No mês que vem, dezembro, o Boletim Der Hut completa um ano de vida. Por isso mudanças estão previstas, buscando atender a sugestões dos leitores. Aguarde! ?

? E o nosso site está em construção. No próximo mês está previsto o lançamento. Aguardem por novidades!

No dia 31/10 o Boletim Der Hut visitou o Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau. Fomos recebidos pelo presidente, Dieter Berner (à direita), que mostrou as melhorias nas instalações e falou dos projetos da entidade.

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Pintura do Painel da Tanzfest. Out. 2015.

BOLETIM “DER HUT”

CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA Coordenação: Denis Gerson Simões; Conselho Editorial: Claudia Santana, Denis Simões, Elisangela Leitzke, Felix Mugwyler; Textos: Denis Simões, Juliano Emilio,

Rafael R. Rahn, Elaine R. Klemz, Débora Laux, Erika Weinert, Ernandes Batista e Rosemarie Taylor; Revisão: Elisangela Leitzke; Contatos: derhut@portal25.com Períodicidade: mensal; Distribuição: online; Contribuições: até dia 10 de cada mês, para publicações no mês

seguinte. Textos inéditos de no máximo 2000 caracteres. Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre. Rua Germano Petersen Júnior, 250, B. Auxiliadora. Porto Alegre-RS. CEP 90540-140. Fone: (51) 33428733 www.25brasil.com.br


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OLHARES DE UM MÉDICO BRASILEIRO

E hoje o Rafael nos conta como segue a aventura dele junto com a Elaine de ir viver na Alemanha, ainda antes de chegarem lá: Em abril de 2017, viajamos de férias para a Alemanha e aproveitamos para conhecer uma empresa com a qual eu estava me correspondendo e acabei conseguindo uma vaga de programador nessa firma. Saímos da empresa muito felizes e também apavorados com todas as coisas por fazer. Uma mistura muito grande de sentimentos: alegria, empolgação, medo, ansiedade, de tudo um pouco. Voltamos ao Brasil no começo de maio, conversamos com os familiares mais próximos e começamos a correr atrás do visto. Num primeiro momento já providenciamos a tradução juramentada de todos os documentos necessários e fizemos o apostilamento (validação) destes documentos. Nossa meta inicial era começar a trabalhar já no dia 1º de julho, porém, ao ver quanto tempo os documentos podiam demorar e tudo o que tínhamos para resolver, conversamos com a empresa para postergamos a data de início para 18 de setembro. Enquanto isso, o contrato de trabalho demorava e demorava para chegar. Por fim, tivemos que esperar 40 dias até o mesmo chegar ao Brasil. Com ele em mãos e após algumas ligações para o Consulado Alemão de Porto Alegre, descobrimos que era necessário fazer um reconhecimento do meu diploma na Alemanha. Como já tínhamos uma data

Por Rafael R. Rahn e Elaine R. Klemz

agendada no consulado, enviamos o mais rápido possível os documentos para a validação do certificado universitário. No final desse processo o que gerou mais estresse foi o pagamento para o órgão que levou cerca de uma semana até ser processado. Por sorte, um dia antes da data agendada no consulado veio o e-mail de retorno com o reconhecimento das vias. No dia seguinte fomos à representação diplomática que era a uma distância de cerca de 12 horas de ônibus. Viajamos a noite toda, chegamos cedo e tudo deu certo. Toda a documentação estava correta e três dias depois já estávamos com o visto em mãos. Ficamos super aliviados! Neste momento pudemos comprar as passagens do vôo, que estavam absurdamente caras, muito mais que o normal, e depois de muita procura encontramos uma somente de ida num preço razoável. Com todos esses procedimentos legais resolvidos, nos restava vender nosso carro e uma série de artigos de casa, como TV, armários, ar-condicionado, mesa e tantas outras coisas. Também chegou o momento de encontrar um local para morar em Munique, o que não foi fácil. No momento, isto também está quase resolvido. Agora resta apenas a arrumação das malas e controlar a ansiedade na contagem regressiva para a nova vida!

Falar alemão é abrir portas para o Mundo! Aulas presenciais em Munique ou online em todo o planeta. lise_leitzke@yahoo.com.br WhatsApp: +49 1511 0279078

Os pacientes alemães são mais frios? Por Juliano Emilio

Sim. A frieza é uma característica conhecida do povo alemão em outras áreas, mas na Medicina, aprendi o quanto eles são realistas e fatalistas. Pouquíssimas vezes vi pacientes demonstrarem medo ou apreensão antes dos procedimentos cirúrgicos, tanto homens quanto mulheres. Aliás, este tema é recorrente nas reuniões entre médicos que, ao compararem pacientes alemães com os de outras nacionalidades, como italianos, espanhóis ou turcos (geralmente exagerados em suas expressões de dor e ansiedade), cunharam o termo morbus mediterraneus para justificar os casos em que o paciente reclama muito de dor e faz uma encenação para justificar sua condição de moribundo. Os alemães, ao contrário, recebem com relativa firmeza, além dos estímulos de dor e de ansiedade, também notícias como o falecimento de alguém da família ou o diagnóstico de um câncer. Em parte positiva, em parte negativa, esta é uma característica que pude perceber em meus pacientes.

Elisangela Leitzke reside na Alemanha e é professora e tradutora desde 2013, com mais de 2500 horas/aula. Tem qualificação para ser avaliadora nas provas orais e escritas telc - The European Language Certificates, reconhecidas em toda a Europa - em escolas licenciadas.

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Antes de chegar à Alemanha (2)


Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 11. Pág. 04.

Grupo folclórico brasileiro em viagem pela Europa Volkstanzgrupe Johannetertal, de Picada Café-RS, apresentou-se em evento na Suíça e conheceu cidades europeias. Por Débora Laux Tudo começou quando soubemos da notícia de termos vencido o concurso da música Unspunnen-Masurka, o qual consistia em criar a coreografia da mesma para apresentar na festa Unspunnen 2017, em Interlaken, na Suíça. Após a longa espera e os preparativos para que o grande momento chegasse, embarcamos rumo a novas experiências, descobertas e aprendizado. 16 integrantes do Volkstanzgrupe Johannetertal, cada qual com suas expectativas particulares, porém com um mesmo objetivo, levar para a Europa o folclore, a cultura e os costumes cultivados aqui no Sul do Brasil. Nossa primeira parada foi em Milão, na Itália. Com sua rica culinária e sua expressividade nos conquistou logo de início. Tivemos a oportunidade de conhecer diversos pontos turísticos, como a catedral - em italiano Duomo -, o Estádio San Ciro, parques e praças que com certeza não esqueceremos. Após nossa experiência italiana, seguimos viagem para a tão esperada Suíça. De início ficamos deslumbrados com as belas paisagens, com seus lagos de um azul cristalino e seus Alpes, que poderiam tocar o céu. Chur – Coira em português - foi a primeira cidade suíça que nos acolheu, juntamente com seus moradores cuja hospitalidade e gentileza foi ímpar. Tivemos a oportunidade, e, porque não dizer a sorte, de viver durante três dias em meio a cultura e aos costumes suíços. Somos muito gratos às famílias que nos acolheram e proporcionaram as melhores experiências que poderíamos ter. Esperamos que um dia possamos retribuir a gentileza. Seguindo nosso roteiro de viagem. Fomos para Interlaken, onde encontramos com o criador da música, a qual nos proporcionou esta viagem maravilhosa. Nessa encantadora cidade tivemos a oportunidade de participar desta que só ocorre de 12 em 12 anos, a

Unspunnenfest! Não tenho como descrever a sensação de entrar na arena da festa, com mais de duas mil pessoas nos aplaudindo e vibrando com a nossa apresentação, ao mesmo tempo em que crianças suíças balançavam a bandeira do Brasil. Quando voltamos para o Brasil, uma das primeiras coisas que meus familiares me perguntaram foi o que mais me chamou atenção nessa rica experiência. Sem dúvida alguma respondi hospitalidade. Em todos os lugares que nos hospedamos e conhecemos, desde hotéis, casas de família, casas de férias, restaurantes, bares, sempre fomos muito bem recebidos. Me senti em casa, e sou muito grata por isso. Mas como diz um ditado brasileiro, tudo que é bom acaba, nosso último destino foi Munique! Esse centro urbano, econômico e cultural logo nos conquistou. Sua rica história, narrada por duas brasileiras que ali vivem e que se disponibilizaram a nos acompanhar, enriqueceu ainda mais nossa passagem por essa cidade. Fomos a restaurantes típicos, cervejarias, além de vários pontos turísticos históricos. Uma experiência única, que ficará guardada no coração de cada integrante do Volkstanzgruppe Johannetertal. Por fim, em nome do grupo de danças, quero deixar nosso mais sincero agradecimento a todas as pessoas que nos auxiliaram e que fizeram com que essas experiências se tornasse realidade. Especialmente nosso querido amigo Felix, que por livre e espontânea vontade se ofereceu para acompanhar esse grupo de jovens brasileiros na primeira de muitas viagens pela Europa. Agradecimentos às famílias que nos acolheram como filhos, aos organizadores da Unspunnenfest que nos auxiliaram em tudo durante a festa e às nossas queridas amigas de Munique que também voluntariamente tornaram nossa viagem ainda mais divertida e rica culturalmente. Nos vemos em breve Europa!


Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 11. Pág. 05.

Reconstituindo os trajes da Floresta da Boêmia Uma história ligada à retomada de antigas indumentárias típicas do Böhmerwald.

Por Erika Weinert. Tradução de Elisangela Leitzke Uma entrevista com Erika Weinert, integrante do Böhmerwald Sing- und Volkstanzgruppe München e apaixonada confeccionista de trajes. Seu trabalho é altamente reconhecido pelo grupo e por todos que sabem que podem contar com suas ótimas informações, quando houver perguntas sobre o assunto. Ela responde perguntas gerais, como por exemplo, desde quando e como ela veio a confeccionar estas roupas; se o ofício é ou era um hobby ou um trabalho e quais mudanças e dificuldades houve ao longo do tempo no que concerne à produção de trajes. Ela conta detalhes interessantes de sua vida e de sua ocupação preferida: O gosto pela costura Quando eu vim para Munique em 1958 eu procurei por contatos e em 1962 encontrei a Associação do Alemães da Floresta da Boêmia e o Grupo Folclórico de Canto e Danças. Eu sempre me diverti ao dançar e cantar e, por isso, participo até hoje. As vestimentas eram necessárias para as apresentações e a costura dos mesmos sempre me interessou. Porém, eu não tinha nenhum conhecimento na área. Existia a revista Trachtenfibel - uma espécie de manual para a fabricação das vestes -, na qual o traje oficial festivo dos alemães da FloEin Interview mit Erika Weinert, Mitglied der Böhmerwald Sing- und Volkstanzgruppe München und leidenschaftliche Trachtenherstellerin. Ihre Arbeit wird von der Gruppe sehr hoch anerkannt und jeder, der Fragen zu dem Thema hat, weiß, dass sie eine sehr gut informierte Ansprechpartnerin ist. Sie beantwortete ganz allgemeine Fragen: Wie z.B. seit wann und wie sie dazu kam, Trachtenkleider anzufertigen; ob es ein Hobby oder ein Job war und ist und welche Veränderungen und Schwierigkeiten es im Laufe der Zeit bei dem Anfertigen der Trachten gab. Sie erzählt uns interessante Details zu ihrem Leben und ihrer Lieblingsbeschäftigung:

Erika Weinert dançando no Sudetendeutscher Tag 2016.

Als ich 1958 nach München kam, habe ich nach Anschluss gesucht und bin 1962 zum Deutschen Böhmerwaldbund und zur Sing-und Volkstanzgruppe gekommen. Volkstanz und Singen hat mir Spaß gemacht und so bin ich bis heute noch dabei. Für die Auftritte wurden Trachten gebraucht und Nähen hat mir schon immer spaß gemacht. Aber Kenntnisse vom Trachtennähen hatte ich keine. Es gab zwar die Trachtenfibel, in der die erneuerte Böhmerwaldfesttagstracht vorgestellt

resta da Boêmia era apresentado. No entanto, eles iam aos eventos trajados de forma absurda. Por iniciativa da senhora Olga Hartmetz-Sager eu fiz alguns cursos de costura destas roupas específicas em Reichersberg, para aprender as técnicas e o seu processo de elaboração. Meu interesse nestas peças foi acordado e eu comecei a pesquisar sobre alguns vestidos e os reconstituí como eram usados na Floresta da Boêmia. A confecção da roupagem e a cultura da região da Boêmia se transformaram nas minhas atividades em meu tempo livre. Profissionalmente eu era funcionária do comércio na área de contabilidade. Algo que eu gostava de fazer, entrentanto, o traje e a cultura da Floresta da Boêmia - meu lar me mantinham ocupada e, ainda hoje, seguem em meu coração. Eu espero e desejo que meu empenho não seja em vão e que seja reconhecido pelos descendentes deste povo. Ao recuperar - no sentido de fazer cópias - o Trachten e as peças como elas eram usadas no passado, deve-se fazer algumas concessões no que refere ao material. Quanto à elaboração e transformação o trabalho extra vale a pena. O Tracht é algo constante e é facilmente adulterado no que concerne ao material usado e corte feito atualmente. wurde, aber zu den Veranstaltungen kamen die Böhmerwäldler in den unmöglichsten Trachten. Auf Anregung von Frau Olga Hartmetz-Sager besuchte ich einige Trachtennähkurse in Reichersberg, um Techniken und Verarbeitungen beim Trachtennähen zu lernen. Mein Interesse an Trachten wurde geweckt und so habe ich nachgeforscht und einige Kleider, wie sie früher im Böhmerwald getragen wurden, nachgenäht. Das Nähen der Trachten und die Kultur im Böhmerwald wurden meine Hobbys. Beruflich war ich kaufmännische Angestellte im Bereich Buchhaltung, was ich auch gerne gemacht habe, aber die Tracht und die Kultur des Böhmerwaldes - meine Heimat - hat mich sehr beschäftigt und liegt mir heute noch am Herzen. Ich hoffe und wünsche, dass mein Einsatz nicht umsonst ist und von den Nachkommen auch anerkannt wird. Beim Nacharbeiten der Trachten und Kleidungsstücken wie sie früher getragen wurden, muss man selbstverständlich Zugeständnisse machen, was das Material angeht. Was das Ausarbeiten und die Verarbeitung betrifft, lohnt sich die Mehrarbeit. Tracht ist was Bodenständiges und wird durch die heutige schnelllebige Zeit gerne verfälscht, was Materialien und Passform anbelangt.


Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 12. Pág. 06.

Notícias dos Grupos de Danças / Infos

Festivais Folclóricos do Sul do Brasil – Curitiba Por Ernandes Batista O Festival Folclórico de Etnias do Paraná mostrou o que melhor representa o Estado do Paraná quanto à cultura dos povos que o colonizaram. Em 12 dias com os mais variados espetáculos o público presente teve o deleite de aproveitar uma verdadeira integração de diversas etnias no palco do Teatro Guaíra. Embora não seja feito por artistas profissionais, o Festival de Etnias empenha-se por manter o nível técnico de suas apresentações. Algo realmente único, já que, desde as primeiras edições, quem realizava o Festival eram os primeiros imigrantes ou os filhos deles. Talvez o crescimento do evento e a valorização das tradições se deva à saudade da terra onde nasceram. Um

sentimento muito presente devido à saída recente do país de origem. Uma das histórias mais interessantes é que os próprios grupos que se apresentam são os responsáveis por trazer o público. Parte de cada integrante a iniciativa de ter um número determinado de ingressos para vender e, dessa forma, fortalecer o evento. Tanto antes como após as apresentações, percebia-se o envolvimento familiar entre coordenadores, dançarinos e assistentes de palco. Mesmo não sendo família de mesmo sangue, houve um sentimento único, capaz de cativar e emocionar as mais variadas plateias presentes: uma integração mágica entre o público e seus grupos.

NOVEMBRO * 04/11 - Biertanzfest 2017 - Grupo Folclórico Sonnenlicht - Imigrante-RS. gfsonnenlicht@gmail.com * 04/11 - Encontro de Grupos da Terceira Idade - G.D.F.A. Wiedergeburt Igrejinha-RS. * 11/11 - Tanzfest Porto Alegre 2017. D. V. Tanz mit uns. Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre. Baile Temático Danças Alemãs. www.25brasil.com.br * 18/11 - VIII Encontro de Grupos Infanto-Juvenís. G.D.F.A. Origens. Paverama - RS. * 18/11 - Noite Alemã - Grupo Folclórico Alte Heimat. 3 Marias Clube de Campo. Curitiba-PR. (41) 98495-2237 * 24 a 26/11 - 14. Deutsche Volkstanztreffen - Noite Germânica de Chapecó - Eintracht Volkstanzgruppe Chapecó-SC. (49) 99143-1362 JANEIRO 2018 * Cursos Danças Alemãs - Gramado: - 03 a 10/01 - Adulto 01; -12 a 19/01 - Adulto 02; -20 a 26/01 - Infanto-Juvenil; * 25 a 28/01 - 28. Sommerfest Domingos Martins-ES. MARÇO 2018 * 17/03 - Festa dos 25 anos do Schützenhaus Tanzgruppe - Nova Petrópolis-RS.

Jardim Botânico de Curitiba. Foto: Denis Simões.

Espaço da

Casa da Juventude

Cursos de Danças Foclóricas 2018 O Depto. de Danças da FECAB e Casa da Juventude realizará no mês de janeiro seus cursos de danças folclóricas alemãs. Nesta edição de 2018 os professores serão Landulf e Silvia Jäger, de Erlangen - Alemanha. Trarão danças do norte da Europa, destacando repertórios mais curtos e dinâmicos, atendendo ao pedido dos associados da ACG. Em janeiro de 2017 o professor foi Felix Mugwyler, da Suíça, que teve uma avaliação muito positiva por parte dos

presentes. O repertório que ele trouxe foi muito utilizado durante o ano. A proposta com os professores de 2018 é seguir um estilo similar, dentro da lógica de trabalho dos grupos do Brasil. Terá dois cursos voltados às danças adultas e um para as infanto-juvenís. Segue o cronograma abaixo: Adulto 01: 03 a 10 de janeiro; Adulto 02: 12 a 19 de janeiro; Infanto-Juvenil: 20 a 26 de janeiro; As inscrições podem ser realizadas pelo site: www.acg-gramado.com.br.

* 24/03 - 12. Westfälischer Tanzabend Westfälische Tanzgruppe - WestfáliaRS. * 24/03 - Encontro de Grupos de Danças - G.D. Jugendfreund - Restinga Sêca -RS. ABRIL 2018 * 07/04 - Encontro de Grupos de Danças Folclóricas Alemãs - G. D. F. A. Tanzen i s t F re i h e i t - Fo r q u e t i n h a - R S . grupotanzenistfreiheit@gmail.com * 28/04 - 1. Heimatlandfest Heimatland Volkstanzgruppe Pinhalzinho-SC. (45) 99981-2349 MAIO 2018 * 19 e 20/05 - 69.Sudetendeutscher Tag - Augsburg - www.sudeten.de * 20/05 - 11º Encontro de Grupos - Der Deutsche Jugendtanz - Vale do Sol-RS. gertrudesmelchior@yahoo.com.br


Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 12. Pág. 07.

Nossa mudança para Blumenau no Brasil (1) Viajar da Alemanha para o Brasil hoje é rápido, utilizando a via aérea e com toda a tecnologia disponível. Mas nos anos de 1950 era um tanto diferente. Conheça a primeira parte da história da alemã Rosemarie Taylor e sua ida para terras tropicais. Em 1955 fazia exatos 10 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Alemanha. A devastação das cidades ainda é visível em todos os lugares. As pessoas parecem ainda vestir-se de luto, somente cinza sobre cinza, não se vêem cores alegres. No meio disso, quase como um milagre, meu pai recebe uma oferta através da empresa de voar para o Brasil para modernizar as indústrias têxteis com máquinas alemãs. O milagre econômico alemão havia acabado de ter início e o trabalho de valor dos alemães era novamente procurado no mundo todo. Já que o empreendimento levaria alguns anos, decidiu-se por uma mudança com toda a família para Blumenau - uma cidade de raízes alemãs no sul do Brasil -, já que nesta região se localiza a maioria das tecelagens. Depois dos necessários preparativos foi preciso despedir-se da Alemanha num ensolarado dia de agosto - cheios de esperança pelo que estava por vir. Com o navio Santa Catarina pela empresa de navegação Hamburg-Süd partimos do porto de Bremen para o Rio de Janeiro. A banda à bordo tocou para a despedida Muss i denn, muss i

Por Rosemarie Taylor. Tradução de Elisangela Leitzke. Siga acompanhando a história de Rosemarie nas próximas edições do Boletim Der Hut.

(Preciso mesmo ir, preciso mesmo ir, para a cidade afora...) Os adultos tinham lágrimas nos olhos. Eu e meu irmão éramos as únicas crianças à bordo. Era um navio cargueiro com apenas 26 passageiros que viajavam em cabines de primeira classe. À nossa frente uma viagem de navio de 28 dias. A travessia não sofreu nenhum tipo de incidente e teve direito à baile de recepção e despedida e, naturalmente, ao batismo ao passar pela Linha Equatorial para todos aqueles que a atravessavam pela primeira vez. Não houve tempo para tédio. O oceano estava calmo. Não houve tempestades. Eu não soube de ninguém que tivesse ficado mareado. Cartaz de viagem AlemanhaBrasil da Hamburg Süd. Foto: Denis Simões.

denn, zum Städele hinaus…

Unser Umzug nach Blumenau, Brasilien (1) 1955, genau 10 Jahre nach Kriegsende in Deutschland. Die Verwüstungen der Städte sind noch überall sichtbar. Die Menschen scheinen noch immer in ihre Kleidung Trauer zu tragen, nur grau in grau, keine fröhlichen Farben sind zu sehen. Da scheint es wie ein Wunder, als mein Vater das Angebot bekommt, für seine Firma nach Brasilien zu fliegen, um die dortige Textilindustrie mit deutschen Maschinen zu modernisieren. Das deutsche Wirtschaftswunder hatte gerade begonnen und deutsche Wertarbeit war weltweit wieder gefragt. Da das Unterfangen wohl einige Jahre in

Anspruch nehmen würde, entschied man sich für einen Umzug mit der Familie, und zwar nach Blumenau, einer deutschen Siedlung im Süden von Brasilien, da in dieser Region die meisten Webereien angesiedelt sind. An einem sonnigen Tag im August, nach den notwendigen Vorbereitungen, hieß es Abschied nehmen von Deutschland, voller Erwartungen für das, was uns erwarten würde. Mit der Santa Catarina von der Reederei Hamburg-Süd ging es von Bremerhaven nach Rio de Janeiro. Zum Abschied spielte die Bordkapelle Muss i denn, muss i denn, zum Städele hinaus…

Die Erwachsenen hatten Tränen in den Augen. Mein Bruder und ich waren die einzigen Kinder an Bord. Es war ein CargoSchiff mit nur 26 Passagieren, die alle in 1.Klasse-Kabinen untergebracht waren. 28 Tage Schiffsreise lagen vor uns. Die Überfahrt gestaltete sich ohne Zwischenfälle, mit Empfangs- und Abschiedsball und natürliche die Äquatortaufe für alle, die das erste Mal den Äquator überquerten. Langeweile kam überhaupt nicht auf. Die See war ruhig. Es gab keine Stürme. Ich weiß von keinem, der Seekrank geworden wäre.


Brasil, novembro de 2017. Ano 1, nº 12. Pág. 08.

Música ao vivo na Oktoberfest de Igrejinha

Como chegar na festa! Novembro veio trazendo a Tanzfest, uma festa da dança popular germânica, comida típica, apresentações culturais e brincadeiras. Ocorre em Porto Alegre, na rua Germano Petersen Jr. 250 - Bairro Auxiliadora. Para quem vem de carro, pode acessar o endereço pela rua Marquês do Pombal ou avenidas Cristóvão Colombo ou 24 de Outubro. Há serviço de estacionamento. Como o chope artesanal promete momentos especiais, uma opção muito válida é vir de táxi ou demais serviços de transporte público. É uma comodidade que auxilia a aproveitar todas as oportunidades da Tanzfest e ainda chegar em segurança em casa. Escolha a alternativa que mais lhe agrada. Para quem vem de fora da capital gaúcha a sugestão é usar as grandes vias da capital, com destaque à Terceira Perimetral, acessando a região pela Av. Dom Pedro II e ingressando na Av. Cristóvão Colombo pelo acesso que já está liberado. A partir da entrada da cidade o tempo até o Centro Cultural 25 de Julho é de entorno de 15 minutos. E uma sugestão: chegue na Tanzfest com seu traje típico. O clima do evento é mais animado para quem vem dentro do espírito da festa. Vale tanto só o chapeuzinho como também trazer a indumentária completa. Estarão presentes muitos grupos de danças com sua indumentária, deixando o ambiente colorido e com muito movimento.

OBRAS

Mapa para chegar ao 25. Arte: Denis Simões.

Musikgruppe Tanz mit uns e Grupo de Danças Kirchleinburg. Foto: Barbara Jungblut.

Por Denis Gerson Simões

Alguns projetos demoram um bom tempo para se concretizar, outros podem ser um pouco mais rápidos. Ter música ao vivo para os grupos de danças alemãs no Brasil é uma caminhada que não é de hoje. Em 1980 um grupo de danças formado por jovens austríacos veio ao Brasil e trabalhou para difundir a cultura germânica, incentivando a prática da dança tradicional e da música. Dessa visita surgiram dançarinos em Porto Alegre que, em 1981, fundaram o Grupo 25 de Julho. Estes por sua vez auxiliaram na fundação de outras agremiações em Igrejinha, Blumenau, Dois Irmãos, Paverama, entre outros locais. Foi um projeto que iniciou e gerou frutos em menos de 5 anos, com resultados visíveis até hoje. Contudo, enquanto as coreografias seguiram vivas, a parte musical ficou adormecida. Mesmo a Banda Eintracht, em Campo Bom, com grande qualidade técnica, passado um tempo se desvinculou do grupo de danças. A partir dos anos 2000 pequenos movimentos buscaram fomentar a música ao vivo nos grupos de danças. Em Blumenau ações foram realizadas com esse fim, assim como em Teutônia e Porto Alegre. Em momentos específicos bandas de baile foram convidadas para interpretar as danças típicas, todavia a musicalidade era executada diferente do que na Europa. Grupos que trabalham especificamente com o sapateado germânico (Schuhplattler) em Santa Catarina mobilizaram acor-

deonistas para suas apresentações, o que se mostrou frutífero, entretanto, pontual. Todavia, novos esforços estão trazendo à década de 2010 a esperança que a música ao vivo possa se pluralizar junto aos grupos de danças germânicas. A Oktoberfest de Igrejinha, em 2017, foi um desses espaços. Os diálogos sobre o tema começaram quatro anos antes, com o recolhimento de partituras e a tentativa de que a bandinha local tocasse as melodias. Em 2017, buscando novos resultados, dançarinos dos próprios grupos foram convidados a ensaiarem e apresentarem as músicas, o que ocorreu. O Musikgruppe Tanz mit uns, de Porto Alegre, apresentou 15 Tänze, das quais os demais Volkstanzgruppen participaram. Ação similar ocorreu em Blumenau, com os grupos pertencentes a AFG - Associação dos Grupos Folclóricos Germânicos do Médio Vale do Itajaí em outras festas. Além do volume de danças ser grande - mantendo os músicos envolvidos com o público por mais de 5 horas - o diferencial do acontecimento em Igrejinha foi que, estava tocando no palco Jonas Badermann de Lemos, co-fundador de muitos grupos (inclusive do Kirchleinburg) e apoiador da música ao vivo. Foi um momento único e emocionante para os presentes. E fica o desejo de que esse impulso espalhe o interesse no entoar as Volkstänze com instrumentos musicais. Novos desafios para que as tradições sigam vivas.


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