BOLETIM DER HUT: Cultura Teuto-Brasileira na Cabeça - mês de agosto de 2017

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BOLETIM “DER HUT” - CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA, WWW.PORTAL25.COM- agosto de 2017

Tradições, Música, Dança, Turismo, Idioma, Gastronomia e Sociedade Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. p.01.

Rothenburg und der Schäfertanz A tradição da dança dos pastores foi retomada em 1911 e segue viva na cidade. Por Claudia Santana

Rothenburg ob der Taube é uma das cidades mais famosas e visitadas pelos turistas na Alemanha. Essa charmosa cidadezinha medieval é palco de alguns importantes eventos como o Meistertrunk, encenação histórica tombada em 2016 pela UNESCO como patrimônio imaterial que se passa na Guerra dos 30 anos, e o Schäfertanz, a dança dos pastores. Durante a Idade Média os pastores eram tidos como preguiçosos, pois não faziam nada além de ficar zanzando com suas ovelhas. Também pelo medo dos habitantes da cidade de serem infectados pelas doenças dos animais, os Schäfer acabavam sendo excluídos do convívio social. De todo modo eles eram importantes para a economia do local e a partir 1517 ganharam um dia no ano em que tinham o direito de entrar na cidade e festejar. Nesse dia eles se embebedavam e seduziam as moças solteiras para dançar com elas e assim surgiu a tradição da dança dos pastores - Schäfertanz. Contudo, por ser muito selvagem, a dança foi proibida em 1776 e acabou caindo no esquecimento até que em 1911, para a comemoração do carnaval, um clube de esporte de Rothenburg resolveu reviver a tradição. Mesmo com muita pesquisa, pouco foi encontrado sobre como e o que era dançado nessa festividade, então uma nova coreografia precisou ser criada e tal versão é apresentada até hoje na praça principal. Mulheres com vestidos que remetem ao período Biedermeier (início do século XIX), homens com Lederhosen compridas e o típico chapéu de três

pontas da Francônia dançam por quase dez minutos uma coreografia cheia de figuras que se alternam em roda, filas paralelas, cruz e até uma retilínea fileira executada com precisão por todos os pares. A banda de instrumentos de sopro toca a melodia para os dançarinos que ao comando do assovio do Oberschäfer (chefe dos pastores) iniciam a próxima figura. Hoje em dia os dançarinos não são mais pastores, mas sim jovens da região interessados nas tradições locais. Eles se organizam como um grupo folclórico e se reúnem antes das apresentações (que são três ao ano: Páscoa, Pentecostes e em setembro na data oficial da cidade) para ensaiar alguns meses. A coordenadora do grupo, Silvia Döppert de 25 anos, em traje masculino cumpre o papel do Oberschäfer e contou ao Der Hut que os passos pulados, executados durante toda a dança imitam os saltos dos carneiros. Disse também que dançar assim por mais de dez minutos não é nada fácil e por isso o grupo acaba sendo formado apenas por integrantes bastante jovens. Ela se diz impressionada, pois uma tradição de mais de 100 anos hoje em dia é mantida exclusivamente pelos jovens da região. Próxima apresentação do Schäfert a n z : Re i c h s s t a d t t a g n o d i a 03.09.2017 às 11:30. Confira o site para obter maiores informações: www.schaefertanzrothenburg.de

Schäfertanz, Dança dos Pastores, no Centro de Rothenburg ob der Taube. Fotos: Claudia Santana. Apoio:


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 02

Editorial Rápidas

Pluralidade nas tradições alemãs?

E

R. C.

BOLETIM “DER HUT”

Se fala de pluralidade na apresentação pública da cultura teuto-brasileira; contudo, nosso próprio Boletim Der Hut tem como logomarca um chapéu bávaro, bem estereotipado. Se poderia dizer que é uma contradição? Creio que não. Trata-se de outra estratégia: chegar ao grande público através de símbolos conhecidos. Um caminho pra chegar a cultura teuto-brasileira na cabeça. ?

Carioca. Em ambos os exemplos constata-se com clareza que essas realidades também existem, contudo não são únicas e uníssonas. Há de se ter a visão clara de que precisa-se preservar a diversidade. Poderia-se dizer que, em função dos estereótipos, houve uma gradual bavarização da cultura alemã, assim como uma carioquização da brasileira, mas seria tentar achar culpados por um fenômeno que acontece fortemente no mundo globalizado. Se busca vender o que o público quer consumir, o famoso estereótipo. Isso se verifica nos aeroportos, por exemplo, onde em Porto Alegre se pode comprar souveniers do Pão de Açucar e em Frankfurt adquirir uma bolsinha em formato de calça de couro bávara. É possível lutar contra essa maré? Entretanto, realmente é uma luta? Ou será um incentivo à pluralidade e olhar a multiplicidade de culturas presentes dentre os falantes de língua alemã? Mais do que críticas, propõe-se novas experiências e permitir a preservação de identidades, que aos poucos tem o perigo de serem suplantadas. É de direito gostar muito da Oktoberfest e ao mesmo tempo conhecer a Schützenfest dos Clubes de Caça e Tiro, assim como viver os três dias de um baile de Kerb. Cada costume tem seu espaço, com sua identidade própria, sem necessariamente tudo virar festa do chope em azul e branco.

Foto: Denis Simões

stive em um evento onde a palestrante falava das tradições ligadas às identidades dos imigrantes de cada etnia e pontuou exemplos: Festa do Divino, para os açorianos; O Dia de Reis, para os hispânicos; a Oktoberfest para os alemães... Não entrando em detalhes dos dois primeiros casos - típicas festas ibéricas religiosas -, pontuo o terceiro: a Festa de Outubro está ligada à identidade do teuto-brasileiro? Provavelmente é uma questão que gere polêmica, principalmente pelo carinho que alguns municípios criaram com ela; entretanto, na prática, essa é uma festa recente na maior parte do Brasil, da década de 1980. Sem entrar no mérito da Oktoberfest em si, o que se verifica é uma certa homogeneização do que é apresentado como cultura alemã ao grande público. Paulatinamente as festas germânicas passam a ter a mesma aparência, utilizando dos mesmos símbolos e cores. Ocorre o esquecimento de elementos antes tradicionais e há a substituição por outros massificados, de fácil compreensão da massa. Em outras palavras, ser alemão cada vez mais se caracteriza pelo uso da Lederhose - por homens e mulheres -, carregar o caneco de chope, cantar o Ein Prosit e dançar o trenzinho enquanto a bandinha toca uma polca. É mais ou menos como a imagem internacional de que todo o brasileiro fica semi-nu sambando no carnaval e que tem a malandragem do Zé

CULTURA TEUTO-BRASILEIRA NA CABEÇA

Leitzke, Luiz Timm dos Reis, Claudia Santana, Juliano Emilio; Revisão: Elisangela Leitzke.

Coordenação: Denis Gerson Simões; Conselho Editorial: Claudia Santana, Denis Simões, Elisangela Leitzke, Felix Mugwyler; Textos: Denis Simões, Elisangela

Contatos: derhut@portal25.com Periodicidade: mensal; Distribuição: online; Contribuições: até dia 10 de cada mês, para publicações no mês

? Parabenizamos nesta edição os 150 anos da Sociedade Ginástica de Porto Alegre - SOGIPA. Foi fundada no dia 10 de agosto de 1867 como Deutscher Turnverein, depois se transformando em Turnerbund. Em 1942, em função da II Guerra Mundial, passou para a atual denominação. Sua primeira Oktoberfest foi em 1911.

? E nesta edição de agosto ultrapassamos a marca de 50 páginas do Boletim Der Hut. Precisamente chegamos à 54, considerando que tivemos a primeira edição com duas (2) páginas e outras três com quatro (4). A partir de 1º de abril passamos a ter oito (8) laudas, o que não é mentira. Vale a pena ler as edições anteriores.

seguinte. Textos inéditos de no máximo 2000 caracteres. Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre. Rua Germano Petersen Júnior, 250, B. Auxiliadora. Porto Alegre-RS. CEP 90540-140. Fone: (51) 33428733 www.25brasil.com.br


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 03

Culto luterano comemora Imigração Alemã com danças A atividade na Paróquia Martin Luther, em Porto Alegrem, também recordou a Data Nacional Suíça.

O grupo Tanz mit uns apresentou duas danças folclóricas germânicas. Foto: Rafael Marques.

Unir crenças, identidades e história. Esse foi o objetivo do culto ocorrido no dia 30 de julho na Paróquia Martin Luther, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Na ocasião foram homenageados o dia da Imigração Alemã no Brasil - 25 de julho - e também a Data Nacional Suíça - 01 de agosto. Em 2016 atividade similar foi realizada na Paróquia, tendo o Pastor Claus Martin Dreher como oficiante. Neste ano foi a Pastora Ruth Musskopf. A proposta foi realizada pelo instrutor do Deutsche Volkstanzgruppe Tanz mit uns, do Centro Cultural 25 de Julho de POA, Denis Simões: nos inspiramos em um evento de danças na Suíça ocorrido dentro da Igreja, tocado com música ao vivo. As duas datas são significativas para a Comunidade Evangélica de Porto Alegre - CEPA, pois foi através dos alemães e suíços que houve a vinda da doutrina que deu base à IECLB. Em 31 de outubro de 2017 a Reforma Luterana, ocorrida na Alemanha, completa 500 anos.

OLHARES DE UM MÉDICO BRASILEIRO

Pacientes alemães são preconceituosos? Por Juliano Emilio

É inegável o resquício de um pensamento protecionista, mas que é reprimido e ocultado sob o risco de punição até através da lei. A empatia que aprendi a ter, me permitiu compreender esta característica de um povo que tanto sofreu, foi menosprezado e ainda assim conseguiu reerguer seu país das cinzas e torná-lo uma potência mundial. Quase sem exceção, os pacientes ao fim da consulta perguntavam minha origem: um médico simpático, de pele morena e com sotaque estranho. Eu perguntava qual era o palpite deles e a resposta variava: Itália? Pérsia (Irã)? América Latina? Quando respondia Brasilien , eles sorriam e relaxavam. Quase todos tinham uma boa impressão do Brasil, apesar das notícias negativas que chegavam a eles. O preconceito se tornou mais nítido desde a crise dos refugiados. Percebi sutilezas no tratamento dentro do hospital, onde até colegas passaram a corrigir alguns erros gramaticais meus, coisa que antes não faziam. O maior fator de preconceito está na língua: à medida que meu conhecimento da língua alemã se aprimorou, os alemães passaram a me tratar com maior simpatia, incluindo os pacientes e colegas médicos. Possivelmente os alemães seguem, sem perceber, a máxima do poeta português Fernando Pessoa que dizia Minha pátria é a língua portuguesa. Na Alemanha de hoje há uma pluralidade de etnias. Foto: Denis Simões.

Espaço da

Casa da Juventude Agenda de eventos unificada Uma das reivindicações dos associados da Casa da Juventude era a elaboração de uma agenda unificada de eventos dos grupos culturais ligados diretamente ao Departamento de Danças. Nesta seriam destacados principalmente os bailes festivos, festivais e encontros de grupos. Desde 2016 essa listagem está sendo realizada a partir do envio de e-

mails com o nome, data, tipo de evento, local e motivo de sua realização. Para mais informações, podem contatar o coordenador do Depto. de Danças, Dieter Kleine. As corretas informações são fundamentais para a veiculação dos dados. A cooperação entre os grupos associados ao Depto. de Danças é, além dos cursos anualmente promovidos, o sentido para a existência desse trabalho. A lista apresenta os eventos do ano vigente, para os grupos se agendarem.


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 04.

Blasmusik e as Bandinhas (2): as Blaskapellen na Europa Por Luiz Maurício Timm dos Reis

No outro lado do Atlântico, na Europa, entende-se, por Blasmusik o estilo musical típico dos países de língua alemã, tocado com instrumentos de sopro feitos em metal. Para quem está acostumado com as Bandinhas Típicas, no Brasil, pode encontrar similaridades, contudo, também há distinções claras entre elas. A Blasmusik existe em todo o território de língua alemã. No centro e norte da Alemanha está mais relacionada à tradição militar, onde os músicos, nas horas vagas, formavam bandas para executar canções populares. Já nas terras situadas ao sul do território linguístico alemão, ela se enraizou nas comunidades, desligando-se mais claramente da origem marcial. As regiões que melhor desenvolveram este estilo foram Baviera, Baden-Württemberg, juntamente com todo o território da Áustria, áreas isoladas da Suíça, bem como demais localidades onde a língua alemã historicamente se faz presente, tais como o Südtirol (situado no Norte da Itália) e de colonização

germânica (Boêmia e Morávia, demais locais da Hungria, Croácia, Sérvia, Romênia, etc). Nas áreas historicamente relacionadas com o sul da Alemanha e Áustria, quer seja pela procedência da população ou em decorrência da influência cultural do Império Austro-Húngaro, a Blasmusik acabou sendo tocada com instrumentos de sopro caracterizados por válvulas (em alemão, Ventillen), ao invés dos pistões, as quais eram mais comuns naquelas áreas. Esta diferença se nota na sonoridade aveludada, suave e aparentemente mais grave das Blaskapellen, como são conhecidas essas bandas. Como instrumentação básica desses grupos são empregados trompetes, barítonos e tenores (Bariton e Tenorhorn) e o clarinete, apesar de ser feito em madeira ou resina; variavelmente, são utilizados trombones, saxofones e flautas transversas; entretanto, não é uma unanimidade. Outra diferença importante se comparado às Bandinhas teuto-brasileiras: a presença de um regente – o qual, muitas vezes, dá o nome à banda – é praticamente imprescindível. Este é responsável pelos arranjos e composições, sendo que destinam-se, em sua maioria, aos concertos ao invés dos bailes. Essas características revestem a Blasmusik com um certo formalismo, mas que confere maior sofisticação e deleite para o público, eternizando vários clássicos como os executados por Ernst Mosch & Die Egerländer Musikanten, Otto Ebner, Josef Augustin und die donauschwäbische Blasmusik, entre muitos. Este estilo tem se renovado com bandas de uma geração atual, mais irreverente, porém, deixaram de ser tradicionais, como Kapelle Joseph Menzl, Da Blechhaufn, Kapelle Kaiserschmarrn, só para citar alguns exemplos, que no próprio nome traz comicidade. No entanto, surgiram também bandas do estilo Blasmusik no Brasil, as quais procuram preservar, até hoje, o mesmo estilo e organização. Vale observar, que estas bandas surgiram em comunidades teuto-brasileiras com predominância de imigrantes vindo de regiões situadas no Sul da Alemanha e nas áreas de influência cultural e política do Império Austro-Húngaro. Entre estas, destacam-se Banda Treml (São Bento do Sul-SC), Banda Tureck (Rio NegrinhoSC), Banda dos Tiroleses (Treze Tílias-SC), Banda de Sopros da Fundação Cultural SuábioBrasileira (Entre Rios-PR).

Tanngrindler Musikanten no Kocherlball 2017. Foto: Denis Simões


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 05.

A feitura da Cerveja Artesanal Já pensou em fazer sua própria cerveja? O que era uma necessidade no século XIX no Brasil, com a oferta restrita dessa bebida para algumas regiões, hoje é uma escolha. A década de 2010 mostra um crescimento gradativo da produção de cervejas artesanais e também da expansão do mercado de micro-cervejarias, o que abriu não só um bom motivo para juntar amigos, como fomenta um novo segmento de negócios, como a venda no varejo de insumos e equipamentos. Veja alguns tópicos sobre esse processo e inspire-se! Fazer cerveja é fácil, mas... Existem diversas etapas neste processo e explicar cada uma delas é fácil para quem é da área, porém nem tão simples de compreender para os leigos. Durante os passos do fazer cerveja, também chamado de brassagem, criam-se as condições de temperatura e pH para que as enzimas ajam sobre os grãos selecionados, quebrando proteínas grandes em porções menores e dividindo as longas cadeias de amido em pequenos açúcares, adequados ao consumo pelas leveduras. Junte os amigos, ingredientes e uma grande panela A moagem do malte expõe o interior do grão à ação da água. A parada protéica ocorre a 54ºC quebrando proteínas grandes em menores que nutrem as leveduras e podem ajudar na formação e retenção da espuma. Já a sacarificação é realizada a 65ºC, transformando o amido presente nos grãos em açúcares, como glicose, maltose e maltoriose. Aqui o produto é uma água adocicada. No que se refere à fervura, a mesma serve para sanitizar o mosto - que é a mistura até agora realizada - através da temperatura e da adição de lúpulos - que tem propriedades bacteriostáticas e conferem amargor e/ou aromas e sabores. Em alguns tipos de cerveja são adicionados nesta fase adjuntos que podem fornecer material

Por Christian Franzen, Elisangela Leitzke e Denis Simões

fermentescível que será transformado em álcool ou sabores e aromas. E o que acontece depois... Em alguns estilos o resfriamento do mosto ocorre naturalmente, as vezes de um dia para o outro, como na escola belga. Outros o resfriam rapidamente, com serpentinas, para manter os aromas do lúpulo na cerveja. Em ambos os casos, o mosto deve estar frio o suficiente para que as leveduras possam ser adicionadas. A fermentação é realizada a 18ºC, transformando o mosto através de várias etapas de absorção e alteração de substâncias nele presentes. O fermento produz álcool, CO2 e uma variedade de compostos aromáticos e de sabor. Depois de muitas horas de trabalho, hora de esperar Já a maturação se dá pela remoção do fermento, essencial em cervejarias maiores – também nas artesanais pois a pressão do fermentador alto pode levar à “ morte” do fermento, liberando aromas e sabores desagradáveis. É necessário baixar a temperatura para que o fermento se agrupe e decante.

se açúcar à cerveja pronta, engarrafando-a para que o fermento o utilize para produzir um pouco de álcool e principalmente CO2. E aí, entendeu? Fazer cerveja é um verdadeiro processo químico, quando se aprende na prática com os cervejeiros experientes, como em um laboratório. Se a teoria é complicada de compreender, conheça confrarias de cerveja e veja o trabalho delas. Há muitas formas de dar sabores distintos ao produto e o prazer de beber o resultado do próprio esforço é um capítulo à parte. Aventure-se e depois nos conte como foi.

E quando se engarrafa? Na última semana antes do engarrafamento é feito o Dry-hop, que é acrescentar mais aroma de lúpulo à cerveja. Como contém leveduras vivas e ativas acrescenta-

Tudo começa com a seleção dos ingredientes e a moagem. Foto: Denis Simões.


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 06.

Os 66 anos do Centro Cultural 25 de Julho de POA Um olhar diferente sobre o passar de quase sete décadas de ações. Uma entidade fazendo aniversário. Esta é a temática deste texto. Normalmente neste tipo de material se realiza citações de grandes feitos e momentos marcantes, destacando a sua fundação e o legado de seus idealizadores. Contudo, neste momento, se optou por algo diferente: falar do dia a dia. Primeiramente, a pergunta que se pode fazer é: o que é um Centro Cultural? A resposta simples seria dizer que é um local focado na produção e fruição de atividades culturais, contudo, neste caso, o melhor será questionar o que esperavam de um Centro Cultural em 1951?, o que muda significativamente a resposta. Na década de 1950 há a grande marca do pós-guerra. As feridas deixadas pela II Guerra Mundial estavam muito presentes e eram para muitos teuto-brasileiros uma sombra constante. Até poucos anos antes era proibido falar alemão. Era cauteloso se manter um tanto anômimo no quesito germanidade. Nesse sentido, ter a denominação Centro Cultural era um tanto propício, podendo funcionar como um clube onde seus sócios teriam atividades sócio-culturais menos chamativas. O nome 25 de Julho, dia da homenagem à imigração alemã, seria para a maioria somente uma data, deixando ainda mais

privado aos sócios o intuito de preservar a identidade teuto-brasileira. E foi nesse espaço que muito aconteceu. Pode-se pensar em muitas solenidades e festas que ocorreram ali, produto do esforço de muitas pessoas. Entretanto, pense que muita gente fez dali seu espaço de trabalho. Outras pessoas acabaram tendo ali suas lembranças da casamento, mesmo sem recordar o nome do local. Também passaram por ali muitas e muitas crianças que brincaram nas piscinas, dançaram, correram nos corredores, realizaram seu jardim da infância ou simplesmente tiveram bons momentos com suas famílias. Não se pode esquecer que foi ali que muitas pessoas encontraram seu primeiro amor, namoraram, casaram e até hoje seguem com uma grande família. Gente com ideais, força de vontade e energia pra gastar. Direta ou indiretamente o 25 acabou por marcar novas gerações. Esse Centro Cultural é um local de convivência de gente, muitas pessoas que podem não ter percebido o tamanho de suas realizações... e no fundo só queriam viver de modo mais intenso seu dia a dia. O 25 é um tanto de inspiração e de transpiração. Uma identidade do fazer a diferença. Parabéns a todos por esse 7 de agosto, 66 anos desse movimento inquieto e constante.

AGOSTO * 12/08 - Olimpíadas Folclóricas 2017 Blumenau - SC. fb.com/afg.tanz / fb.com/t.eintracht * 19/08 - VI Noite Alemã - G. F. Grünes Tal - Marechal Floriano - ES. noitealema.mf@gmail.com * 26 e 27/08 - I Encontro de Grupos de Danças Étnicas - Capanema - PR SETEMBRO *09/09 - X Festival de Danças Folclóricas Alemãs. Santa Cruz do Sul RS. luiza_schus@hotmail.com * 16/09 - Acampamento Sternenglanz Braço do Trombudo-SC. Com Ingrid / Chica: (47) 99903 6459 * 16/09 - Blumentanzfest - Colinas-RS. centroculturalmorgenstern@gmail.com

(51) 99122-9728 – com Evanilson * 16/09 a 03/10 - Münchner Oktoberfest 2017 - Alemanha. oktoberfest.de * 30/09 - X Barril Fest - V. Sünnros Fr e d e r i c o We s p h a l e n - R S . f a c e b o o k . c o m / Vo l k s t a n z g r u p p e Sünnros-146850752315688/ OUTUBRO * 04 a 22/10 - Oktoberfest de Blumenau 2017. oktoberfestblumenau.com.br * 06 a 08/10 - 30ª. Südoktoberfest de São Lourenço do Sul-RS. sudoktoberfest.com.br * 20 a 29/10 - 30ª. Oktoberfest de Igrejinha-RS. www.oktoberfest.org.br * 21/10 - 20º. Deutsches Nachtfest Comenda Alemã de Canoas - RS. facebook.com/comendaalemadecanoas * 28/10 - VI Heimatfest - XV Encontro de Grupos Folclóricos - Linha Nova-RS NOVEMBRO * 11/11 - Tanzfest Porto Alegre 2017. D. V. Tanz mit uns. Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre. Baile Temático Danças Alemãs. www.25brasil.com.br * 18/11 - VIII Encontro de Grupos Infanto-Juvenís. G.D.F.A. Origens. Paverama - RS. ABRIL 2018

Centro Cultural 25 de Julho de POA. Arte: Denis Simões

* 07/04 - Encontro de Grupos de Danças Folclóricas Alemãs - G. D. F. A. Tanzen i s t F re i h e i t - Fo r q u e t i n h a - R S . grupotanzenistfreiheit@gmail.com


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 07.

Agosto é o mês do desgosto? Do Cachorro Louco? Meio lorota isso. Eu estou sempre rindo dessas boba-

gens... na verdade estou sempre rindo de tudo. E os próximos 31 dias não serão diferentes. Só não gostei dessa cor de coco que colocaram no Boletim, tá muito feio. Se fosse eu era um azul e branco bem bávaro... E pra setembro podemos fazer umas mudanças, com mais fotos minhas...

Cidade austríaca será rebatizada de Florianópolis Uma austríaca achou um jeito de fazer sua cidade ter mar, mesmo não o tendo no seu país. Johenna Metz, 32 anos, conseguiu algo inusitado: a aprovação pública para que a sua cidade natal, Baden, seja rebatizada de Florianópolis. A medida veio em função de haver muitas cidades de nome

Baden na Áustria: Morei na capital catarinense por 2 anos e me encantei. Será um nome que nenhuma cidade européia terá, disse ela. O plebiscito foi realizado no final de março e teve aprovação por 82% dos votantes. Mas a medida não foi aceita por unanimidade. Ingo Schönbrunn tem repulsa à ideia: passaremos a ostentar o nome de um assassino, como o expresidente brasileiro. Então que se chamasse Desterro, desabafa. Mas história do Brasil não é o forte dos austríacos e a medida encantou mais pelas imagens do que pelas palavras. Será implementada uma praia artificial com o nome de Jurerê, essa sim internacional!

Replica da Ponte Hercílio Luz deve ser construída, já com andaimes para reformas.

Cigarro feito de casca de coco promete matar menos Fumar é um hábito combatido em grande parte do mundo. Proteger o pulmão é um dos objetivos da Organização Mundial da Saúde e o tabaco está na lista dos produtos combatidos. Por isso o alemão Peter Busck tomou uma medida no mínimo curiosa: produzir cigarros e charutos feitos de casca de coco. A ideia veio quando o empresário investiu em uma empresa de água de coco e os restos iam integralmente para o lixo. Era preciso fazer alguma coisa com esse resto todo e eu brinquei com meu funcionário - O que fazer com isso? - e ele disse - fuma!. E olha que a ideia funcionou, falou Busck. Testes mostram que a fumaça do coco compromete menos os brôn-

Família se muda para a Alemanha para comer Gummibärchen Solingen, no estado da Vestfália, acaba de ganhar novos moradores: a família Gomes Fischer. O casal de brasileiros acompanhados de três filhos chegaram a cidade no início de junho com o intuito de realizar um sonho: ter acesso ilimitado às balinhas de goma em formato de ursinho, os Gummibärchen. A escolha do local não foi por acaso, já que é lá uma das fábricas dessa iguaria, um verdadeiro símbolo da Alemanha da atualidade. O patriarca da família, Egídio Fischer, emocionado destacou: é um sonho que estamos tornando realidade, morar junto a fábrica dessas balas é um desejo que tenho há décadas e que compartilho hoje com meus filhos. A esposam, Susana Gomes Fischer fica feliz pelo marido: ainda não sei falar alemão, mas vê-los contentes me enche de alegria. Logo que chegaram de viagem fizeram uma visita à fábrica, que já estava agendada. Margo, Petra e Olavo Gomes Fischer fizeram questão de adquirir sacos da variação com mais suco e também uma grande quantidade de souveniers: amamos, estaremos aqui todos os dias! Egidio, que fala o dialeto sapato de pau, está buscando um emprego nesse mesmo segmento alimentício.

quios, com redução de 13,5% dos malefícios. Os cigarros podem ser vendidos com aroma de cocada e quindim. A promessa é de que não viciam: eu uso desde que começamos os experimentos e não estou viciado, garante ele.

As balinhas vistas de perto mais parecem Ets do que realmente ursinhos, mas encantam quem come.

Nota Rápida O produto está em testes para venda ao consumidor.

Não temos nota rápida em agosto. Leiam as longas mesmo!

As informações contidas nesta coluna são sátiras. Não devem ser consideradas verdadeiras. Trata-se, assim, de uma ficção, uma piada.


Brasil, agosto de 2017. Ano 1, nº 09. Pág. 08.

Passau e os alemães do Böhmerwald Um encontro para imigrados e descendentes da Floresta da Boêmia. Por Elisangela Leitzke

Salsicha Bock Os alemães são conhecidos por serem os especialistas em salsichas. Esta qualidade gastronômica veio em decorrência de uma necessidade climática: preparar a carne para preservá-la frente ao tempo úmido e frio do inverno, já que não abatiam animais nesse período. Temperá-la e defumá-la garantia ter proteína animal para consumo em meio a momentos de muito frio. A Bockwurst vai ao encontro desse contexto. Uma massa moída feita com carne de novilho e porco, geralmente defumada, que fica com coloração marrom-alaranjado. O termo Bock quer dizer bode em alemão, mas não tem relação com a carne desse animal. A justificativa geralmente atribuída ao nome é por essa salsicha acompanhar a cerveja tipo bock, ou mesmo por ser considerada mais forte (mas se comparar a outras variedades alemãs isso é bem relativo) ou pela cor mais escura. No Brasil é associada às festas da cultura alemã, como a Oktoberfest, tanto que criaram a versão cachorro-quente alemão, com pão, salsicha bock e chucrute (que se encontra até mesmo na Argentina, mas não na Alemanha). Mais do que um tipo específico de embutido, tornou-se um símbolo de identidade: mesmo não tendo o gosto da alemã, sendo esteticamente parecida, serve para um festa de bandinha. Pelo menos é assim que muitos pensam. O importante e buscar manter tradições e ícones.

A Salsicha Bock faz parte do cardápio da Tanzfest. Foto: Denis Simões

Houve a apresentação de danças, músicas instrumentais e canto coral. Entre as atividades de integração realizaram a Mühlradl. Foto: Elisangela Leitzke.

Entre os dias 28 e 30 de julho de 2017 ocorreu o 29. Encontro Nacional dos Böhmerwäldler em Passau. Este evento é realizado especificamente para reunir os imigrados assim como os seus descendentes da região da Floresta da Boêmia. Estes foram expulsos de suas casas após o fim da Segunda Guerra Mundial, pois geograficamente ficavam na atual República Tcheca, partindo para os países de língua alemã. Passau foi uma das primeiras cidades que apadrinhou este povo quando chegaram na Alemanha, motivo pelo qual, a cada dois anos o evento é ali realizado, perto da fronteira com a República Tcheca e a Áustria. Algumas décadas atrás este tipo de Encontro juntava milhares de pessoas. Infelizmente com o passar dos anos o número de expectadores vem diminuindo drasticamente: por um lado, porque os mais idosos estão falecendo - ou não tendo mais condições de fazerem viagens longas -, por outro, porque, assim como no Brasil, os mais jovens não se interessam tanto em manter as tradições dos seus antepassados ficando focados no seu trabalho, família e afazeres contemporâneos. Todos os anos um grupo de boêmios é o responsável principal pela programação do final de semana. Este ano a organização fi-

cou sob incumbência do Sing- und Spielschar der Böhmerwaldjugend Esslingen / Backnang, de BadenWürttemberg. Participaram também do encontro comunidades de Munique e Nürtingen. É tradição que, além do evento em Passau, haja um encontro dos presentes no Memorial da Diáspora Boêmia, que fica em Neureichenau / Lackenhäuser, tendo a apresentação de canções tradicionais e uma explanação sobre a saída dos boêmios no pós-guerra. Na mesma cidade, em anos alternados a Passau, ocorre um encontro similar. Na noite festiva foram quase duas horas de apresentação entre danças, canto, música, poesia e muito trabalho conjunto. Quanto às danças o repertório foi colorido: houve as típicas boêmias, como Böhmischer, Howernsock, Böhmerwaldlander e Sternpolka; as bávaras a exemplo de Niederbayrische Landler, Mühlradl e Holzhacker, e de outras regiões da Europa, como Gumbinner, Jägerneuner , Schwedentanz , Festival Walzer e Elsässer. Foi um final de semana de aprendizado e união com os demais grupos de boêmios da Alemanha, que tornarão a se encontrar para o desfile de Oktoberfest em Munique em setembro de 2017.


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