Cobaia #155

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Foto: Coletivo ContraPonto

Itajaí, Outubro de 2017 | Edição 155 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Perfil

NÃO É CRIME Pág. 8

Mulher de fé, Rosa Bastiani é a pessoa mais procurada da região de Nova Trento por crianças, adultos e até mesmo por empresas quando o assunto é a cura através da reza

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Editorial Grafites apagados dos muros pela Prefeitura de São Paulo, mostra de arte cancelada após críticas nas redes sociais, projeto de lei que busca proibir a manifestação de artistas de rua em Balneário Camboriú. Casos como estes têm gerado tensões entre artistas e movimentos que questionam suas produções e legitimidade. Este cenário coloca os limites da arte no centro dos debates que acontecem no país. A mostra Queermuseu, cancelada pelo Santander em Porto Alegre, e a performance de um artista nu no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo foram acusadas de promover a pedofilia

EXPEDIENTE

e ofender símbolos religiosos por grupos organizados em redes sociais, como o Movimento Brasil Livre (MBL). Os ataques a museus e exposições fizeram os artistas se unirem para responder as acusações. Famosos como Caetano Veloso e Fernanda Montenegro se manifestaram a favor da cultura da liberdade e defenderam as manifestações artísticas. Para os artistas, o cancelamento de exposições e toda a polêmica gerada são uma forma de censurar e difamar a classe. O debate invadiu as redes sociais e muitas pessoas passaram a emitir opiniões sobre as manifestações artísticas.

Diante de todas as manifestações, museus brasileiros pretendem criar um manual para a aplicação de classificações indicativas para facilitar o trabalho de quem trabalha com exposições. A iniciativa parece interessante no sentido de garantir os direitos das crianças e adolescentes, mas é preciso ter cuidado para evitar o cerceamento da liberdade de expressão dos artistas. Trabalhar com temas polêmicos como sexualidade e ir no limite da transgressão fazem parte da essência dos movimentos artísticos. A arte jamais pode ser taxada de criminosa ou ainda freada por movimentos conservadores.

Opinião Crônicas de aeroporto Checking feito e malas despachadas, procuro um lugar pra sentar e passar mais alguns momentos com meus pais. Avisto um casal se levantando e já vou em direção aos seus lugares. Sento, me acomodo, observo. Adoro ficar olhando o povo passar no aeroporto. Sempre admirei as comissárias de bordo, elegantes, cada milímetro no lugar, uma única mala de mão que parece também estar impecável. Já sonhei com essa vida nos ares – vai que um dia ela ainda exista. Mas legal mesmo é imaginar de onde vem e para onde vai toda essa gente que passa por aqui. Observo as despedidas, os abraços tão apertados, as lágrimas de saudade. Ouço a semelhança e a diferença de outros idiomas. Vejo uma outra menina se despedir da família, como eu. Até eu avistar duas pessoas que estavam bem na minha frente. Como de costume, tento entender a situação. Eles parecem um casal. É, ele trouxe um chocolate pra ela. Qual dos dois vai viajar será? Ou será que vão juntos? Percebi que ela levava várias bolsas – três e mais uma mochila, pra ser exata – e já imaginei que era uma despedida. Vi, junto às bolsas, duas rosas. Mas eles nem perceberam que eu adentrava seus universos. O menino parecia estar assistindo algo no celular, enquanto ela checava suas redes sociais, ou sei lá o que. E assim foi, cabeças baixas intercaladas com um ou dois beijos. Levantaram e foram pro portão de embarque, juntos. Na verdade, a mochila era do meni-

Agência Integrada de Comunicação

no, e não dela. Por um instante meu desejo foi que, quem sabe já no seu destino, os beijos sobressaiam as cabeças baixas e que as aventuras que eles viverão aproximem um do outro. Já em São Paulo, adentro a sala de embarque desejando um hambúrguer com fritas, mas tudo que encontro pra saciar minha fome são uns salgados. Bem, eles vão servir algo no voo – espero que esteja bom. Sento próxima a uma família com três crianças pequenas e adepta do idioma dos hermanos. Não consigo descobrir de onde eram, mas uma coisa é fato: crianças são crianças em qualquer lugar. Uma senhora, sozinha como eu, sorri ao folhear seu passaporte. Que cena linda! Fico imaginando quantas histórias não vieram à sua cabeça e quais outras vai escrever daqui umas horas. Piso no avião que me levará até o Marrocos e imediatamente sou transportada a outro lugar. Talvez justamente pra fazer os passageiros entrarem na “vibe” marroquina a Royal Air Maroc coloca músicas árabes pra tocar antes mesmo de o avião deixar o chão – pelo menos foi assim comigo . O choque cultural se seguiu ao ouvir as instruções em segurança em árabe, e me encontrar na mistura árabe-inglês-francês que foi aquele voo. Filmes e músicas nesse idioma tão diferente recheiam a programação. Acho que sair do eixo comum de culturas com as quais temos contato meio que assusta. A gente lembra que existe muito mais mundo do que a

gente pensa pra ser explorado, muitas outras realidades tão diferentes da nossa. O aeroporto de Casablanca é prova viva disso. Logo após desembarcar, vejo um homem ajoelhado sobre um tapete rezando. Mulheres de burca e homens de túnica é o que há de mais comum. Algo único me chama a atenção, eu diria exótico para aeroportos. O de Casablanca possui uma sala de orações. Aliás, duas. Uma exclusivamente para homens e outra somente para mulheres. Reflito sobre tradições e sobre privilégios, sobre o que de fato fazemos com os nossos. Novamente nos ares, por um momento me pergunto se outros brasileiros estão no voo – sempre estão. Só aí me dou conta de que vi apenas gringos embarcando. Já não me sinto um peixe fora d’Água em meio há tanta gente falando em idiomas por vezes compreensíveis, por vezes não. Não tenho aquela sensação de deslocamento, pelo contrário. Imergir nessa bagunça cultural me traz uma paz. Talvez meu lugar seja mesmo lugar nenhum. Olho pela janela e tento adivinhar quais cidades sobrevoo no momento. Imagino quais lugares especiais guardam e as vidas das pessoas que ali moram. Tudo parece tão pequeno aqui do alto. E tudo é mesmo. Só um pedacinho da imensidão desse mundo.

UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER Diretor: Renato Büchele Rodrigues CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Rua Uruguai, 458 - Bloco C3 Sala 306 | Centro, Itajaí - SC - CEP: 88302-202 Coordenador: Carlos Roberto Praxedes JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Edição: Gustavo Paulo Zonta Reg. Prof. Mtb/SC 3428 JP Tiragem: 1 mil exemplares Distribuição Nacional Projeto Gráfico: Vinicius Batista Gustavo Zonta Diagramação: Tatiane Decker

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Nathalia Fontana 5º período de Jornalismo

Você tem alguma sugestão para fazer, ou alguma matéria que gostaria de ver publicada? Conte com a gente!

Agenda

cobaia@univali.br

Novembro Azul

Avaliação Institucional

Nos dias 17 e 24 de novembro, das 8h às 12h, haverá atendimento clínico e exame de coleta de PSA, gratuitos, na Unidade de Saúde Familiar e Comunitária, no bloco F7, do Campus Itajaí. A ação integra a campanha Novembro Azul e tem como objetivo estimular o diagnóstico precoce, promover orientação e rastrear o câncer de próstata.

A avaliação institucional acontece semestralmente e é uma oportunidade para toda a comunidade acadêmica se manifestar sobre aspectos da Univali e contribuir para a melhoria da Universidade. Para responder à pesquisa, acesse o Portal do Aluno, link Pesquisa On-line, e preencha o formulário. A pesquisa encerra dia 24 de Novembro.

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CULTURA

Ritmo e poesia no Hip Hop Batalha de rap em Balneário Camboriú comemora um ano e tem a participação de rappers nacionais Fotos: Sender Stramosk

Origem A Batalha nasceu com o objetivo de disseminar e apresentar a cultura do hip hop, reunir os amigos e apaixonados pela música e descobrir novos talentos. O encontro, que acontece com frequência semanal, conta com a realização de: Cinco Crew, Família PLKG, Teo Mafra e apoio de: Galli Beats, DIKGA, Xpoent. Grupos de rap da região, lojas de roupa, fotógrafo e beatmaker. Dente MC, idealizador do projeto e rapper local, comenta que é uma luta diária, uma verdadeira batalha. Ele busca apoio e faz com que a cultura do hip hop seja cada vez mais compreendida e aceita pela sociedade, que ainda a julga com maus olhos. Durante esses inúmeros encontros, não apenas rappers locais foram descobertos e premiados, a população também ganhou mais espaço e confiança para se manifestar.

Reportagem publicada originalmente na Agência Prefixo agenciaprefixo.com

Juliana Passos e Silvio Matheus 7º período de Jornalismo

Dente MC (BC), Baraka Jogador (Blumenau), Nnay Beats (Gaspar), Enviados (Itajaí), Pizzol (Brusque – São Paulo) foram alguns dos rappers nacionais que estiveram presentes na 20ª edição da Batalha da Tamandaré. O evento aconteceu no dia 18 de julho, em Balneário Camboriú, que comemorou um ano de existência no Sublime Bar, localizado na Avenida Alvin Bauer, esquina com Avenida Central, no centro da cidade. – Batalha da Tamandaré, o que vocês querem ver? – Sangue. Frases como essa, de incentivo e interação, são ditas em diversos momentos, que são caraterizados pelas rimas de sangue. A praça recebeu o nome em homenagem ao almirante Tamandaré, patrono da Marinha, e foi escolhido não pela vontade popular, mas pela imposição da ditadura.

Há alguns tipos de batalha de rima, os mais conhecidos são: Batalha de Sangue, em que os dois MC’s, que estão na disputa, têm autorização para usar palavras de baixo calão, brincar com a ironia e rimar sobre qualquer assunto; e a Batalha de Conhecimento, voltada ao conhecimento adquirido pelo MC, em qualquer área e assunto. Geralmente os temas abordados são racismo, preconceito, violência, desigualdade social, crises políticas, entre outros problemas que eles conhecem e enfrentam diariamente. Os MC’s batalham de maneira individual e têm 30 segundos para falar o que vem à mente. O método utilizado é o freestyle, a rima feita na hora. Quem se sair melhor e apresentar as melhores rimas vence a partida. Geralmente, a disputa é dividida em quatro partes e o MC que apresentar o melhor verso dá início ao outro. A escolha é feita pelo público que, entre palmas, palavras de incentivo e assovios, escolhe o vencedor. O número de participantes depende do total de inscrições.

O ato é feito no dia, pouco tempo antes do início da batalha. Os nomes são sorteados e divulgados ao público com o objetivo de formar as duplas que irão rimar. No início e término de cada batalha, os MC’s, que comandam o encontro, relembram

que as palavras trocadas ali são ditas com o objetivo momentâneo de rimar. O MC campeão é premiado com diversos prêmios, como tatuagem, beat (base musical que dá origem a rima), peças de roupas e a gravação de um vídeo clipe.

Dente MC é idealizador de alguns projetos de rap na região

Disseminação de cultura Dente MC é também idealizador e responsável pelo Movimento Rap BC, um coletivo cultural itinerante ligado ao movimento hip hop, que apresenta o estilo de vida ao jovens e às famílias da região. O Movimento Rap BC recebe o patrocínio da LIC – Lei de Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Balneário Camboriú. Uma grande conquista para uma manifestação que é bastante marginalizada. Além da Batalha da Tamandaré, o rapper também é responsável pelo Domingo de Rima, projeto fruto do Movimento Rap BC, que tem apoio da Fundação Cultura de Balneário Camboriú. Grafitte, skate, bboys, pocket shows e batalha de conhecimento são algumas das atividades envolvidas no Domingo, que tem como objetivo a disseminação da cultura do hip hop com o intuito de levá-la a todos os bairros da cidade, e recebe o apoio da Fundação Municipal de Esportes, Fundação Cultural e também da prefeitura. OUTUBRO | 2017

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CIDADANIA

Pego minha bike e vou O uso da bicicleta facilita a locomoção em grandes centros urbanos e auxilia na melhoria de vida Foto: Chris Becker

Reportagem publicada originalmente na Agência Prefixo agenciaprefixo.com

Caroline de Borba e Paula Dagostin 7º período de Jornalismo

“A bicicleta me leva para onde preciso ir, sem precisar enfrentar o trânsito de Balneário Camboriú e ainda contribui para a saúde e forma física”. Mesmo com carro na garagem, José Sálvio prefere utilizar sua bike para resolver as pendências no centro da cidade. Para ele, o carro é uma necessidade, mas em situações pontuais como levar seu pai no médico ou fazer as compras do mês. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a frota de automóveis no Brasil, em 2016, girava em torno de 50

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milhões. Ou seja, dividindo esse número entre a população brasileira, há pelo menos um carro a cada quatro pessoas. Mas esse número, para o arquiteto e consultor de transportes, Flamínio Fichmann, não representa a realidade. No Brasil não há a baixa nos veículos, pois os proprietários não notificam os órgãos necessários que o automóvel saiu de circulação. A família de José faz parte da estatística, já que é formada por quatro membros, sendo dois deles licenciados para dirigir. Mas ele controla o uso do carro e reforça a facilidade da bicicleta. “Sou de família com raiz alemã, sei economizar para gastar com o que realmente importa. Então, deixo o carro para situações necessárias e utilizo a bicicleta por questões de saú-

de, facilidade e também pelo busca de assegurar transporfator financeiro”. te de qualidade e segurança. Para o especialista em plaA partir dos anos 2000, nejamento urbano, Marcus com a facilidade de compra, Polette, o Brasil precisa me- os automóveis invadiram as lhorar em diversos quesitos, cidades brasileiras, principalpara, desse modo, diminuir mente as metrópoles. Como a utilização de símbolo de stacarros. Seguntus e com a nedo Marcus, em cessidade de looutros países já comoção, visto existem iniciatias dificuldades vas que estimu- “Utilizo a bicicleta do sistema de lam as pessoas as por questões de transporte, a utilizarem o cidades sofrem transporte co- saúde, facilidade com tráfego inletivo, compartenso e congestilhar a viagem tionamentos, e também pelo de carro, cicloalém de toda a vias adequadas, fator financeiro” poluição. entre outros. Emissores Mas o Brasil de gases poainda está enluentes, os vegatinhando ículos são resneste sentido, pois precisa ponsáveis por cerca de 90% passar por formulações em da poluição em cidades gran-

des. Algumas das consequências dessa poluição são alergias, problemas respiratórios, atrofias em plantas e até o risco de câncer. Em metrópoles, como São Paulo, especialistas apontam que respirar o ar poluído é equivalente a fumar dois cigarros por dia. Uma alternativa para reduzir a produção dos poluentes é substituir, pelo menos quando possível, o automóvel pela bicicleta. Essa prática é um dos famosos clichês “juntar o útil ao agradável”, pois, além de beneficiar o meio ambiente, é um exercício físico, aliado de um organismo saudável. O hábito de andar de bicicleta, assim como outros exercícios físicos, estimula o organismo a trabalhar. Desta forma, o corpo precisa se adaptar para conseguir rea-


lizar o esforço, havendo um aumento no ritmo de funcionamento de todos os sistemas do organismo. De acordo com a professora de Educação Física Luciana Gomes Alves, ao pedalar a pessoa adquire uma melhora do tônus muscular, sistema cardiovascular, saúde mental, bem como alterações do metabolismo. Já o professor Mark Anderson Caldeira alerta para os cuidados necessários para a realização da prática. Os ciclistas devem possuir equipamentos adequados como acessórios de segurança e estarem em condições para a prática. “É preciso garantir também a hidratação e reposição dos macro e micronutrientes necessários para o esforço, além de praticar a atividade em local adequado e seguro”. Andar de bicicleta é uma atividade que pode ser realizada para um simples passeio ou para treinos, com o acompanhamento de um profissional. Os professores Mark e Luciana chamam a atenção, no entanto, para a condição física de cada pessoa. Não há restrições de idade para a atividade, mas as limitações físicas de cada um devem ser respeitadas, além de ser realizada juntamente com um acompanhamento e avaliação médica, principalmente em casos de mulheres gestantes.

Foto: Arthur Miranda

Os motoristas e ciclistas possuem espaços delimitados para garantir a segurança de todos

Foto: Celso Peixoto

Ciclovias As ciclovias são aliadas a quem opta por andar de bicicleta, garantindo um trânsito mais seguro. Nem todas as cidades, no entanto, possuem o espaço reservado aos ciclistas, o que dificulta quem transita por ali. No município de Camboriú, por exemplo, as bicicletas dividem espaço com carros e motos, e em alguns casos, ainda precisam desviar de pedestres. Já a cidade vizinha Balneário Camboriú possui ciclovias e recentemente as ampliou, estendendo para outros bairros. Segundo dados de 2016, o município possui uma malha cicloviária de 30 quilômetros de extensão, distribuídas pela cidade. A adequação do espaço viário foi realizada para desafogar o trânsito, garantindo

a mobilidade urbana e a segurança tanto de motoristas quanto dos ciclistas. Outro ponto a ser trabalhado é o estudo ambiental, como menciona Mara Becker, educadora ambiental da Prefeitura de Balneário Camboriú. “É fundamental essa educação nas escolas, reforçando os hábitos saudáveis, tanto em crianças quanto em jovens”. Em relatório realizado pelo Sistema de Informações da Mobilidade Urbana (SIMU), divulgado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), comparando os dados entre 2003 e 2014, foi constatado que o uso da bicicleta dobrou no Brasil. Os novos ciclistas são atraídos pelas questões financeiras e de saúde física, mas também para escapar do trânsito.

Ranking brasileiro O ranking Connected Smart Cities avaliou mais de 500 municípios brasileiros e listou os melhores no quesito mobilidade e acessibilidade. Os cinco primeiros lugares do ranking foram: São Paulo (SP), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). Balneário Camboriú aparece em 26º lugar. Uma boa colocação, porém, com um decréscimo do último ano, em que havia ficado em 12º lugar.

A ciclovia é destinada a prática das modalidades de bicicleta, skate, patinete, corrida e patins OUTUBRO | 2017

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RELIGIÃO

Em nome do Pai Mulher de fé, Rosa Bastiani é a pessoa mais procurada da região quando o assunto é cura através da reza Fotos: Juliane Ferreira

Beatriz Nunes e Juliane Ferreira 4º período de Jornalismo

Os diversos santos e imagens religiosas no interior da casa de Rosa Bastiani Tridapalli, em Nova Trento, podem até se assemelhar aos de uma vovozinha que ainda mantém sua fé protegida. Entretanto, o crucifixo que carrega sempre de forma protetora é mais do que apenas um símbolo de sua crença. É o seu instrumento de trabalho. Dona Rosa é benzedeira e cura pessoas há mais de 40 anos. Desde muito cedo, dona Rosinha, como é chamada, é ligada à religião católica. Como foi criada na roça, cortava capim logo de manhã para à tarde poder lecionar catequese às crianças da igreja. Tudo isso com apenas 16 anos de idade. “Desde pequena me apeguei muito à religião. Eu gostava de ajudar, sempre gostei, e foi aí que eu fui pra catequese”.

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Tudo começou no dia 25 de setembro de 1975 – Rosa faz questão de lembrar - , quando ela teve uma visão de um padre, que com o passar do tempo a acompanhava. Segundo ela, ele lhe dizia que ela iria passar por muitas coisas caso aceitasse o seu dom de cura. “Eu disse: ‘se é por Deus, eu vou passar por tudo’”. Após algum tempo, uma mulher infértil por causa de um câncer a procurou, e depois de muita reza feita pela senhora, a moça foi curada. Foi a primeira vez que dona Rosa curou alguém. Satisfeita com o primeiro sucesso, foi benzendo mais e mais pessoas, até que seu nome virou o mais conhecido na região quando o assunto é a cura através da reza. Público de todas as idades e crenças a procura, para curar desde crianças até empresas que não vão bem financeiramente. “Eu tô bem contente com a missão que tô cumprindo. Meus filhos não querem porque eu já estou nessa idade, né, mas minha cabeça é boa, como se fosse o primeiro dia que eu comecei”.

A receita da cura Benzer alguém não é uma tarefa fácil. É necessário, além da fé, ter o que os religiosos chamam de “o dom da cura” junto com a sabedoria que só a idade proporciona.

Os anciãos são os melhores benzedeiros. Geralmente, os ensinamentos são passados entre as gerações familiares ou entre grandes vínculos de amizade. Há também os casos em que o benzedeiro inicia a sua “missão” por meio de visões, como no caso de dona Rosa.

Para benzer é necessário ter fé e também o dom da cura

Para benzer, dona Rosa sempre usou o que o padre de suas visões recomendava: um crucifixo, água benta, rosário e um ramo (pode ser de arruda ou oliveira) que, umedecido na água, “absorve” tudo aquilo que é mau. Esses “ingredientes” são os mais comuns entre benzedeiros, podendo haver variações de acordo com o tipo de fé que o curador possui. Há benzedeiros que utilizam ervas, velas e até mesmo carvão na hora da reza. Vale lembrar que para alcançar a cura, segundo a fé, é necessário que a pessoa a ser curada também acredite nas orações.’ Sabe-se que os índios e africanos já possuíam técnicas de cura com auxílio de ervas parecidas com as usadas por benzedeiras como dona Rosinha, por exemplo. Na região, as técnicas de cura foram trazidas na época de colonização da população açoriana, muito ligada ao catolicismo. Atualmente, as benzedeiras realizam o processo de cura advindo de uma mescla entre a cultura indígena e a católica.


Foto: Arquivo pessoal

Elas viajam sozinhas Por Tatiane Decker

Mayara Floriani estuda psicologia e tem 22 anos de idade, 19 quando visitou a França e 21 a Argentina. Para quais lugares você viajou sozinha? Fiz duas viagens. A primeira foi para a França. Não fui completamente sozinha, pois era uma viagem em grupo, mas não havia ninguém que eu já conhecesse. Nessa época, um amigo estava morando na Alemanha e me convidou para ir visitá-lo, já que estava perto. Nova, não tinha comigo muito dinheiro e, ao invés de ir de trem, optei por ir de ônibus. Primeiro fui até Strasbourg, para de lá pegar um trem até Altenburg. Foi uma viagem de sete horas e foi, oficialmente, minha primeira viagem completamente sozinha. Minha segunda viagem foi para Salta, Argentina, durante dois meses em um intercâmbio social que realizei através da AIESEC. Lá eu fiquei em uma casa de família e logo fiz muitos amigos. Como foi tomar essa decisão? Aos 18 anos, todo mundo da minha idade estava comprando carro ou fazendo esse tipo de coisa. Na época, eu não precisava de um carro, não precisava de uma moto, não precisava de bens materiais. Eu só precisava viver minha vida, precisava de experiências. Esse foi meu pensamento na minha primeira viagem. Na segunda, eu estava no final da faculdade e queria muito trabalhar com saúde mental. Como eu já havia participado da AIESEC antes, eu sabia que poderia realizar esse intercâmbio. E a decisão foi como um estalo, eu pensei “preciso fazer esse intercâmbio e precisa ser agora”. Em algum momento você ouviu “Mulher não deve viajar sozinha”? Escutei mais no Brasil do que fora.

Principalmente de conhecidos, preocupados com minha segurança, mas não me desencorajando. Na Argentina, o índice de feminicidio é muito alto, então eu mesma tive bastante medo. Feminista como sou, eu conhecia histórias e estatísticas e muitas vezes senti medo de sair sozinha.

ouve, pois, criar laços com uma pessoa de outro lugar, que fala outra língua, que tem assuntos totalmente diferentes dos seus interesses normais, isso tudo cria um sentimento enorme em você. É uma sensação viciante.

Sentiu dificuldade em conviver com outra cultura? Você tomou algum tipo de cuidado es- Na França, eu percebi dois extremos pecial quando estava lá? na questão de educação. Em ônibus, Os mesmos cuidados que tenho toda metrô e até mesmo nas ruas, as pessovez que vou a um lugar diferente aqui. as se comportavam de maneira muiNo aeroporto, dividi o dinheiro em vá- to educada. Já os comerciantes, eram rios lugares diferentes (meia, sutiã, po- extremamente grosseiros com estranchete...). Tive o cuidado de fazer a cópia geiros. Principalmente ao falar inglês dos documentos também. E me adequa- com eles. Passei por uma situação em va muito aos lugares, como faço aqui. que me senti bastante mal por isso. Na Por exemplo, se eu vou em algum lugar França, e até na Alemanha, eu tamonde eu percebo que nenhuma pessoa bém senti que as pessoas fumavam está mexendo no celular, por que eu fa- muito e fumavam em qualquer lugar. ria isso? Se os locais estão com um com- Na questão de vestimentas, era engraportamento mais fechado é porque eles çado, pois, as pessoas realmente iam sabem que é assim que deve ser. muito arrumadas ao trabalho, com roupas formais, saltos, Qual é a melhor parte ternos, maquiagem. Mas de viajar sozinha? quando elas iam sair, toAutoconhecimento. Esmar uma cerveja, por tar sozinha é aproveitar exemplo, sempre via a sua própria compaelas muito simples, com nhia. É quando você vê roupas confortáveis e “Estar sozinha um pôr do sol maravisem estarem arrumalhoso e absorve aquilo dinhas. Na Argentina, é aproveitar tudo pra ti mesma. É minha principal dificuluma jornada de autodade foi com a limpeza a sua própria conhecimento imensa, nas ruas, e a organizacoisas que passam na ção dentro de casa. As companhia” sua cabeça que não pasruas eram muito sujas, sariam se você não eslixos jogados em vários tivesse sozinha. A sua cantos. Havia também mente consegue falar muitos cachorros e eles com você. A vontade de tinham donos, então anconhecer o outro e oudavam livremente nas tras culturas também é algo forte. Às ruas e depois voltavam para dentro de vezes quando estamos em nosso am- casa. Cresci em uma cultura em que biente, não temos tanto interesse em tudo precisa estar sempre bem orgaouvir o outro. Mas quando é alguém nizado. Chegando lá, percebi que eu de fora, indiferente do assunto, você também sou assim, organizada.

Qual foi sua maior aventura ou aprendizado? Ter me permitido ir sozinha para a Alemanha, sem falar muito bem inglês e sem falar uma palavra de alemão. Constantemente eu pensava: “Se eu consigo me virar em um país sem conseguir falar com ninguém, sem conseguir ler as placas, sem internet, eu posso fazer qualquer outra coisa”. Em que momento você pensou “Valeu a pena”? Na minha primeira semana na Argentina, nós fomos conhecer uma cidade vizinha. A paisagem no caminho era lindíssima. Em um momento da viagem, olhei pela janela e comecei a sorrir sozinha. Foi uma sensação de borboletas no estômago, de felicidade, de plenitude tão grande, que é difícil explicar. Você planeja uma próxima viagem? Ainda planejo fazer muitas viagens sim, mas, no momento, penso em viagens como turista mesmo e não outro intercâmbio. Quando eu voltei da Argentina, eu sofri um choque cultural reverso e durante muito tempo eu quis fazer outro intercâmbio o mais rápido possível para sair do Brasil. Com o passar do tempo, essa sensação se foi. Agora estou focando no meu futuro profissional e pretendo ficar por aqui mesmo. Mas, com certeza, esse intercâmbio me transformou. Na Argentina, conheci muito mais do que museus e pontos turísticos. Eu conheci lugares que não são nada turísticos, histórias de pessoas de lá. Hoje, se eu for fazer uma viagem, eu quero conhecer esse tipo de coisas, conhecer pessoas, conhecer experiências. Meu olhar mudou. Não quero apenas conhecer novas culturas, quero vivê-las. OUTUBRO | 2017

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CULTURA

COLETIVO FOTOGRÁFICO Acadêmicos: Allan Franzoi Jr., Jeniffer Prado e Michel Borba

coletivocontrapontoblog.wordpress.com

ARTE NÃO

Bere e o colorido nos muros d

Luis Felipe Berekuj, mais conhecido como Bere, é um dos artistas que mais colore os muros da região de Itajaí e Balneário Camboriú, com os projetos “Grafite Portuário” e “Colorindo BC City”. Nascido em União da Vitória, no Paraná, mas criado em Santa Catarina, Bere se encantou pela arte das ruas, o grafite, enquanto passeava com amigos de skate. Ficou tão apaixonado pelas cores que chamou os amigos para grafitar junto, porém não obteve sucesso. Decidiu, então, começar a grafitar sozinho: comprou algumas latas de spray para começar. Quem olha as grandes obras dele não imagina que tudo começou com a produção de estêncil do tamanho de folhas de caderno, que usava para sair “carimbando” pela cidade. Um talento gigantesco que não cabia nessas obras tão pequenas e suas artes começaram a aumentar. O artista começou do zero, sem nenhuma experiência, e foi aperfeiçoando a sua técnica com a experiência e com prática. Ele conta que inicialmente não conhecia os Caps, que são os bicos das latas de tinta que permitem alterar a forma e quantidade de tinta, e que não conhecia as variadas técnicas de pintura. Logo o aspirante a grafi-

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teiro começou a ficar reconhecido, sendo convidado para um evento onde conheceu ainda mais técnicas e tintas, além de entrar em contato com grafiteiros experientes. Dali em diante, Bere relata que começou a receber convites. “Comecei a ser chamado para pintar em casas e no começo evitava, mas depois ficou inevitável recusar”. Apesar da explosão de cores e da expressão de rua oferecidos pelo grafite, infelizmente muito preconceito acontece com artistas. “Preconceito sempre tem, né? A gente (grafiteiros) já passou por inúmeras situações quando estávamos pintando. Cada vez acontece alguma coisa que às vezes você nem acredita que vai acontecer”, relata. Bere já foi agredido por sete guardas municipais que confundiram a arte com pichação, caso do qual ele responde processo até hoje e que deixou marcas. “Foi uma experiência horrível, bem desagradável mesmo”, desabafa. Apesar do acontecido, ele tem esperança na sociedade atual. As coisas estão mudando aos poucos, a arte de grafitar está sendo divulgada para as pessoas, que anteriormente olhavam torto para esta forma de expressão confundindo-a com a pichação. Para o


Fotos: Coletivo Contra Ponto

O É CRIME

de Itajaí e Balneário Camboriú artista, as pessoas estão com a cabeça mais aberta. O apoio da família parte principalmente da irmã, Fernanda Berejuk, que tece elogios para o irmão em seu blog e ressalta a importância da valorização do grafite. Já os pais entendem a arte do filho, mas não totalmente. “Uma hora, para eles, é extraordinário, uma hora é normal, uma hora eles são contra e outra eles gostam”, declara. Os pais sabem que o grafite dá retorno financeiro, ajudando a compreender que as criações do grafiteiro é uma produção séria. Mesmo com o apoio da família, a vida de artista autônomo não é fácil. Os trabalhos surgem dependendo da demanda, não é algo que ocupe oito horas de um dia como estamos habituados a viver. Mas, focado em seu trabalho, consegue alcançar seus ideais. Bere faz o que gosta e conta que é muito bom sobreviver da arte, porém é difícil e cansativo. “Muitas vezes eu tenho que colocar valor em coisas que não tem como calcular o valor”. É notável que Luis Felipe Berejuk está feliz com o que faz ao ver o entusiasmo e o amor que coloca nas palavras para descrever o quanto o grafite mudou em sua vida. Essa experiência trans-

formou tudo em sua vida, como o modo de pensar e de viver. “É uma loucura, mas é legal”, brinca, de modo juvenil. Ele ressalta que o grafite mudou seu modo de ver a vida, dando a ela um toque um tanto quanto mágico. “Os olhos da arte é uma coisa mágica”. “Tem que ler e estudar bastante, buscando novas. Tem toda uma parte espiritual por trás”, analisa. Para o futuro, o jovem grafiteiro de 29 anos quer continuar produzindo arte e contagiando pessoas com ela. Ele se sente gratificado ao receber notícias de ações que transformam uma comunidade pelo poder do grafite, algo que não imaginava que era possível. Além dessa bela visão sonhadora, Bere pretende focar na arte em telas e em tatuagens futuramente. Para ele, novas ideias sempre surgem, todas interligadas a sua arte e expressão. Ao ver o artista criar do zero uma arte para o perfil fotográfico é notável o amor e quão detalhista é com o grafite, parecendo estar em estado de transe enquanto os flashes pipocavam de todos os cantos do estúdio. “Quando estou pintando é o melhor momento, o mundo para. Tudo some, é só você ali e sua arte”. OUTUBRO | 2017

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EDUCAÇÃO

OPA 2017 a escolha do curso ideal Univali abriu as portas para estudantes conhecerem estrutura da instituição e áreas de formação Fernando Rhenius 5º período de Jornalismo

Desiree parecia perdida. Em suas mãos, o mapa com as atrações e orientações sobre a edição 2017 do OPA. Ela poderia estar confusa em escolher entre as diversas opções oferecidas pela universidade, mas não nos sonhos. Aluna da Escola Estadual Henrique da Silva Fontes, de Itajaí, a estudante de 15 anos deseja cursar Engenharia Civil. “Optei por este curso por gostar de matemática”. A estudante estava dentre os 4 mil alunos que estiveram no campus de Itajaí para conhecer a estrutura oferecida pela Univali, além de saber um pouco mais dos 42 cursos de graduação em atividade. Para ajudar Desirre e os demais visitantes, mais de 1.000 voluntários, entre professores e alunos, estiveram presentes no OPA. A aluna se encantou com os detalhes do curso de engenharia e ficou espantada com o tamanho do campus de Itajaí. “Parece uma cidade, tem banco, restaurante, ambulatório e farmácia. Só faltou o cinema”, brincou. Os estudantes do ensino médio puderam visitar os laboratórios, conversar com professores e alunos, calouros e veteranos. Várias palestras foram ministradas para apresentar disciplinas e perspectivas de trabalho após formados. Mesmo para quem estuda dentro da Univali, o OPA auxilia na escolha do curso de graduação. Sofia Coutinho, aluna do Colégio de Aplicação da Univali (CAU), veio conhecer os laboratórios do curso de jornalismo. A vontade de estudar comunicação só aumentou depois de vivenciar o dia a dia dos futuros “focas” nos estúdios de televisão e fotografia. “Mesmo estando todos os dias dentro da universidade, são mundos totalmente diferentes. Sonho em cursar comunicação”, finalizou Sofia. Veja alguns momentos do OPA 2017 no campus Itajaí em nosso álbum de fotos:

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Fotos: Cobertura dos cursos de comunicação - UNIVALI


Fotos: Cobertura dos cursos de comunicação - UNIVALI

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MEIO AMBIENTE

Agricultura sintrópica Ideias para a manutenção da vida no planeta duelam com a ganância da produção capitalista Fotos: Marcos de Freitas

Marcos de Freitas 3º período de Jornalismo

Os agressivos métodos de cultivo aplicados anteriormente tornaram a terra improdutiva. O solo não conseguia mais gerar vida após repetidos ciclos de cultivo de mandioca, criação de suínos e pastagens mantidas à base de queimadas. A fazenda “Fugidos da Terra Seca” estava esgotada. Usando técnicas agroflorestais para recuperação do solo, a vegetação e a fauna características do local foram restauradas, assim como quatorze nascentes. O cultivo de frutas como cacau e banana moldaram a economia das famílias e transformaram a paisagem da região. A fazenda, hoje chamada Olhos D’Água, foi totalmente recuperada. Tornou-se uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Tudo isso sem o uso

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de agrotóxicos ou fertilizan- conviver com Ernest. tes. Hoje referência no munResponsável por esse ce- do todo quando se fala de nário, o suíço Ernst Gotsch regeneração de solos, Ernest mudou mais de 400 hectares usou o conhecimento como de terra na zona cacaueira matéria prima. Percebeu que da Bahia nos anos 80. Usou é melhor criar condições métodos que ambientais desenvolveu para o desene chamou de volvimento de Agricultura vida do que Sintrópica. Sinsubmeter aniTrata-se de um tropia, antônimais e plantas a mo de entropia, maus-tratos em conjunto de trata-se de um locais diferentécnicas para conjunto de tes. Sua visão técnicas para e pioneirismo aproveitamento permitem que aproveitamento de energia o método seja de energia da da natureza, de aplicado em forma regenequalquer ecosnatureza rativa para o sistema. meio ambien“Pela obserte. “Tudo que vação da natuse degrada do reza, ele comcomplexo para o simples é preendeu como a sucessão entropia, e tudo que se de- natural funciona e como a senvolve, cresce e cria co- floresta faz para se regenerar nexões para o desenvolvi- e colonizar áreas degradadas. mento é sintropia”, descreve Então, de forma artificial, Deodoro Hermes da Silveira plantou espécies chaves faJr, consultor socioambiental zendo o mesmo processo da que teve a oportunidade de sucessão natural. Em vez de

plantar um arbusto ou árvore pioneira, ele elencou plantas criadoras que regeneraram o solo e deu oportunidade para espécies mais exigentes como canela e imbuia”, explica Deodoro. Recentemente, ele deixou de lado o termo Agrofloresta, porque estava sendo mal utilizada por agrônomos que faziam a monocultura de eucaliptos e seringueiras. “Como sabemos, a Agricultura Sintrópica, como é chamada agora, tem se mostrado como a técnica mais eficiente para recuperação de áreas degradadas e para a produção de alimentos”, completa Deodoro. A intervenção humana acelerou o sucesso do processo, pois incorporou um sistema de produção econômico e a mesmo tempo de restauro do meio ambiente. Por isso, o reconhecimento de espécies é de extrema importância para a continuidade dos sistemas agroflorestais. Não é somente plantar, mas entender e classificar as espécies tendo um melhor aproveitamento da sua capacidade.

Simulando a natureza Projetos para preservação e conservação ambiental se tornaram uma preocupação constante para governos e empresas. Com ideias inseridas no transporte, energia, reuso da água e reciclagem do lixo, a sociedade tenta melhorar a utilização desses recursos pensando nas próximas gerações. Com dois conceitos diferentes, mas tratados como sinônimos, preservação e conservação não são a mesma coisa. A preservação compreende a proteção integral da natureza, independentemente do uso econômico que ela possa ter, ou seja, deve permanecer intacta da ação humana. Na conservação, é permitido o uso da natureza de maneira racional e sustentável, sendo esse o alicerce para as políticas econômicas e ambientais da atualidade. Das diversas motivações para manutenção da flora e da fauna, está o entendimen-


to que avanços na área da saúde podem acontecer, com a descoberta de substâncias naturais. Máxima que é resumida na frase do botânico inglês Alberto Howard: “Devemos tratar de toda a questão da saúde, do solo, das plantas, dos animais e do homem, como um único grande tema”. Incorporadas no nosso dia a dia, tais discussões começaram a ter espaço no cenário brasileiros nos anos 70, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Mesmo assim, a temática para conservação só foi integrada na década passada. Diversas organizações internacionais trabalham hoje com o ativismo ambiental, como Greenpeace, WWF e a brasileira Fundação SOS Mata Atlântica. Entretanto, ativismos independentes para reflorestamento urbano já são uma realidade próxima de nós. Um exemplo é a ONG Servos do Verde, de Belo Horizonte, idealizada por Bresson Versiani no início de 2007. Com o lema “Uma cidade cada vez mais verde e arborizada”, eles vêm mudando a capital do estado de Minas Gerais. “Estamos passando por grandes transformações no nosso planeta, temos várias ilhas de calor, bolsões que se formam por causa da poluição e falta de áreas verdes. A nossa proposta é modificar o microclima das diversas regiões da cidade plantando mudas de árvores frutíferas, nativas ou ornamentais em espaços públicos abandonados”, explica Bresson. O objetivo das ONG’s converge com a preocupação constante de despertar na sociedade a consciência ambiental. Hoje, quando uma árvore é cortada ou um rio é poluído, ocorrem lutas

Entenda melhor

VANTAGENS: - Maior produção de alimentos; - Resistência das plantas as pragas e mudanças climáticas; - Rapidez no plantio e replantio; - Diminuição da fome do mundo. DESVANTAGENS: - Desmatamento para cultivo; - Surgimento de novas pragas; - Contaminação dos ecossistemas; - Utilização de agrotóxicos e fertilizantes.

ambientas com objetivo de desenvolver a educação e a consciência do cidadão. Outras formas de atuação seriam dos órgãos de fiscalização do estado, e das instituições de ensino que aliam pequenas estratégias de trabalho e preservação. Isso pode ser observado no Sistema Integrado de Produção de Alimentos, conhecido também como Sisteminha Embrapa. Um projeto que nasceu em 2011 no Nordeste brasileiro e tem como objetivo a produção de alimentos para famílias em situação de seca. O projeto foi premiado internacionalmente 3 anos depois por dar segurança e soberania alimentar aos beneficiados. Além de fazer o correto uso de animais e da água, os módulos de produção são organizados de acordo com o interesse do produtor, podendo variar entre hidropônica, horticultura, criação de aves, compostagem e produção de frutas. Parecido com o projeto anterior, na cidade de Itajaí temos o Cultivo Aquapônico desenvolvido e executado por Thomas Abbud, formando do curso de Ciências Biológicas e Estagiário do Laboratório de Estudo dos Ecossistemas Costeiros. “A aquaponia pode ser definida como o cultivo integrado de plantas e organismos aquáticos em um mesmo ecossistema. E uma ótima alternativa para as áreas urbanas, pois aproxima consumidores e produtores, além de gerar alimentos mais saudáveis e com menor custo”, explica Thomas. A Univali é pioneira na pesquisa da aquaponia. O espaço de estudo da técnica fica localizado no Laboratório de Pesquisa Tecnológica em Engenharia – Latec, situado no bairro Fazenda, em Itajaí.

Revolução Verde Expressão originada de outras revoluções ocorrida na segunda metade do século XX, teve como propósito, o aumento da produção de alimentos. Usando sementes modificadas em laboratório para resistir a diferentes pragas e mudanças climáticas, a ideia era extinguir a fome com a inserção maciça de tecnologias, dado o uso de agrotóxicos e fertilizantes como base proposta pelo capitalismo verde. A oferta de alimentos aconteceu como resposta positiva a revolução, pacotes de insumos agrícolas foram destinados para países como Índia, Brasil e México, mercados produtores e subdesenvolvidos que destinaria a colheita para os Estados Unidos, Japão e países europeus. Como consequência da mecanização, a natureza foi degradada, reduzindo a biodiversidade e transformando em

Os módulos de produção podem ser organizados de acordo com os interesses do produtor

pastagens grandes aéreas onde antes era floresta. “O pai da Revolução Verde foi Norman Borlaug, engenheiro agrônomo, que no intuito do discurso da teoria malthusiana que não teria mais alimentos para sustentar o mundo, veio com uma roupagem humanista para produzir comida. Entretanto o objetivo por trás disso, era simplesmente de aproveitar os resíduos químicos Agente Laranja e o gás Zyklon-B, que foram utilizados pela Alemanha nos campos de concentração, como agrotóxicos. Ele pensou, se grandes doses matam pessoas, então, pequenas doses matam insetos”, explica a Engenheira Agrônoma e Diretora na Secretaria de Agricultura Christianne Belinzoni. Tendo o Brasil participado desde o início com o objetivo de intensificar a oferta de alimentos, essas inovações fizeram do país recordista na produção agrícola desde os anos 90. Muitas consequên-

cias nasceram também dessa situação, como alteração da estrutura agrária do país – pequenos produtores venderam suas terras por não conseguirem competir com a grande indústria. Houve também a acumulação de pesticidas pelo homem e meio ambiente, o que ficou conhecido como Primavera Silenciosa no livro da biologista Rachel Carson. “No governo Geisel o chefe da casa civil Golbery do Couto e Silva, foi presidente da Dow Química do Brasil. A Dow Química, foi a industria que desenvolveu o Agente Laranja que durante 10 anos seguidos, foi aspergido sobre o Vietnã durante a guerra causando malformações congênitas até hoje nos habitantes. Já o governo Sarney facilitou a entrada de agrotóxicos proibidos. Incentivou a instalação e ampliação de indústrias multinacionais que são isentas de impostos”, explica. Da evolução do homem ao

convívio na sociedade, a intelectualidade para construir e inventar, foram responsáveis pelas grandes transformações do meio ambiente. Bruscamente a natureza foi reinventada em decorrência da dualidade de consumir e preservar, fato esse que alterou as condições climáticas e causou mudanças no planeta. Não podendo eliminar a natureza capitalista do homem, é preciso que o desenvolvimento sustentável mude seu comportamento. Modifique a atitude predatória e encontre soluções para as perversas politicas de consumo dos recursos naturais. “Até 10 anos atrás, ainda se poderia dizer que os agricultores tiveram algum tipo de ganho com as plantações, entretanto com altíssimo custo da semente, do diesel e de todo um processo artificial que se faz para produzir, aos poucos eles estão migrando para uma produção mais sustentável”, conclui Christianne. OUTUBRO | 2017

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SAÚDE ANIMAL

Dúvida sobre castração Para evitar tumores cadelas precisam ser castradas antes do primeiro cio ou gestação. Mito ou verdade? Fotos: Dayana Hoffmann

Mikael Melo 6º período de Jornalismo

A cada seis meses a história se repete, ela fica mais carente, quer chamar atenção a todo instante e ainda corre para a frente da casa onde mora para namorar. Essa é a Eny, uma cadela da raça pinscher, quando entra no período do cio. Nessa época, a cachorrinha de cinco anos dá trabalho para a família da fotógrafa Dayana Hoffmann (23). Duas vezes ao ano, durante cerca de três semanas, Eny fica mais confinada dentro de casa para evitar contato com cães galanteadores, mas isso não a impede de tentar cruzar com animais de outras espécies. Dayana Hoffmann tem três gatos machos, recém chegados, que já foram vítimas da pequena cadela. Um mito muito popular diz que cachorras devem ser cas-

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tradas antes do primeiro cio ou o procedimento da castração antes da primeira ninhada de retira útero e ovários, a produfilhotes, para evitar o apareci- ção de hormônios é interrommento de tumores. Como Eny pida. Quanto ao argumento de já passou por vários ciclos fér- castrar a cadela só depois da teis, Dayanna fica com medo de primeira gestação, a veterinária mandar seu xodó conta que não há para a castração. fundamento. O primeiro cio Além de cândas cadelas aconcer, a castração tece entre os seis ainda ajuda a evimeses de vida até tar outros proEssa prática um ano. As fêblemas de saúde. reduz em até meas de grande Cistos nos ováporte demoram rios, complicação mais devido ao 0,5% as chances que provoca dor desenvolvimento e produção irresexual ser mais do animal adquirir gular de hormôlento. câncer de mama nios, e também Segundo a infecções uteriveterinária Lais nas são complePena Paganelli, tamente interrealmente é rerompidos após comendável que o procedimento. a fêmea seja castrada antes do ‘’Fora esses problemas, existe a primeiro cio. Essa prática reduz questão do controle populacioem 0,5% as chances do animal nal e da redução de sujeira cauadquirir câncer de mama, por- sada pelo cio”. que ao longo da vida o tumor A mudança de comportapode se desenvolver com os mento também é causada pela hormônios produzidos. Como produção de hormônios e varia

de animal para animal. Se a cadela vive no mesmo ambiente com machos vai ter mais estimulação, sendo assim, maiores alterações. Então, não há problema da Eny ser castrada mesmo sem ter nenhuma cria. Para Laís Pena, quanto antes o procedimento acontecer, melhor. As fêmeas mais velhas continuam a entrar no cio, mas as substâncias anestésicas da cirurgia podem ofe-

recer risco de morte pela idade avançada. Os donos de cadelas ainda precisam ficar atentos a outros detalhes. Alguns animais apresentam o cio silencioso, que é quando inchaço e sangramento na vagina não aparecem. Nesses casos, a fêmea ovula da mesma forma e continua a exalar odores. Na dúvida, procure um especialista para verificar se o seu pet está totalmente saudável.

Nos períodos de cio, Eny fica confinada dentro de casa


RESENHA

A hora do lobisomem Um clássico de Stephen King, com as ilustrações originais de Bernie Wrightson, repleta de sangue Foto: Fernando Rhenius

Fernando Rhenius 5º período de Jornalismo

A figura do Lobisomem está incrustada na nossa cultura há vários séculos. Sua origem remete à mitologia grega sendo Lykos (lobo) e Anthrõpos (homem). Desde então, a imagem do homem que se transforma em lobo durante noites de lua cheia se tornou algo comum na literatura, no cinema e nos desenhos. São vários autores que narram a carnificina provocada pelo animal. Stephen King não poderia ficar de fora. O autor adiciona uma pitada de terror ao ser que que vaga pelas noites causando mortes. Durante a Convenção Mundial de Fantasia, em 1979, nos EUA, King estava concorrendo nas categorias de melhor livro e melhor antologia com A Dança da Morte e Sombras da Noite. Para

promover o autor, foi sugerido por um dos editores que King criasse uma história em 12 capítulos em que cada um representasse um mês do ano. Tinha apenas uma regra, não exceder 500 palavras. Mesmo ultrapassando o limite de palavras, King acabou abraçando o projeto. Em 1983, nascia A Hora do Lobisomem (Cycle of the Werewolf). As ilustrações ficaram a cargo de Bernie Wrightson, que foi o responsável pela arte de A Dança da Morte, Creepshow e Torre Negra, Buick 8 em suas edições americanas. Foi o criador de “O Monstro do Pântano”, além de trabalhar em séries como O Homem Aranha, Batman e Os Justiceiros. No cinema, teve envolvimento artístico nos filmes Os Caça Fantasma, Terra dos Mortos, além de O Nevoeiro e Creepshow, também de Stephen King. A história se passa na provinciana Chester´s Mills, obviamente no estado do Maine.

Com um povo simples, a cidade tem todas as características de um lugar do interior: o xerife que acredita resolver todos os problemas, a barbearia em que todos sabem das fofocas cotidianas, a mulher sonhadora que espera o amor da sua vida, e todos acabam na igreja nos finais de semana. E então, começa a carnificina. O Lobisomem não escolhe as vítimas por cor, raça ou credo. Ele apenas mata, precisa se alimentar para se manter forte até a próxima lua cheia. As narrativas divididas em meses são interessantes. Sendo um livro pequeno (149 páginas), se espera que a caracterização dos personagens possa ser fraca, mas não é. Todos têm uma ótima apresentação dentro da história. Como é de costume, King sabe dar detalhes de cada um, não só os predestinados a ficar cara a cara com o homem lobo. Mulheres, filhos, irmãos e namoradas. O leitor vai conseguir traçar o perfil de cada

um durante a leitura. Alguns que não estavam na mira do lobo, poderiam ter sido pegos. Atire a primeira pedra quem não gostaria que a mãe do pequeno Marty Coslaw estivesse na alça de mira da besta? Mesmo tendo uma certa continuidade durante os 12 meses, cada capítulo tem vida própria. Com o passar dos meses, o leitor acaba descobrindo quem é o lobo (King deixa bem claro). Isso não faz a leitura dos meses faltantes chata ou desnecessária. A partir deste ponto, ficamos na expectativa de como o lobo vai agir, quais os planos para uma fatal vingança. A Hora do Lobisomem não é um dos melhores trabalhos de King, mas está longe de ser algo simples e limitado. É um ótimo livro, tem o DNA do autor em cada página, seja no estilo dos personagens ou no desenrolar da trama. O dilema do homem que se transforma no monstro é muito bem re-

tratado. Em determinados momentos, até nos solidarizamos com o drama vivido pela personagem. Mas não se engane, o lobisomem não teria a mesma compaixão por você.

Stephen King A Hora do Lobisomem é o segundo volume da “Biblioteca Stephen King”, série de livros raros ou inéditos no Brasil lançada pela Suma de Letras. O primeiro volume foi Cujo. Em comemoração aos 40 anos da publicação de O Iluminado no país, a editora lançou uma edição com conteúdo inédito. A Incendiária é o próximo livro a ganhar vida, sem data de lançamento. Sendo um diferencial da biblioteca, a capa do livro é dura, com as formas do lobisomem em alto relevo. A gramatura das páginas também é superior, bem como as ilustrações originais coloridas.

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Fotos: Sérgio Augusto

ENSAIO

Não sou um viadinho de peruca

Sou uma drag queen Sérgio Augusto

personalidade, e também é um mundo onde eu me encaixo melhor”, conta enquanto esconde sua sobrancelha para a sessão de fotos dessa matéria. Marcos, assim como alguns É mais complexo que mui- de seus amigos, faz parte de uma tos pensam por aí, dar a vida a nova geração de Drag Queens. personas com características Elas fazem sucesso em baladas, peculiares, coloridas e extrava- programas de televisão e redes gante, com make bafo e o visual sociais. “Hoje, em Balneário arrasador. São muitas horas de Camboriú e região, sei que deitrabalho profissional que não se xei um pedaço da minha maraprende de uma hora para outra. ca. Porém, quero mais, quero ir Surgiram entre os anos 50 e mais longe”, afirma, ao ser ques60, mas seus trabalhos se inten- tionado sobre o futuro de Jessie. sificaram após os anos 80, com Uma das novas sensações a ascensão da cultura gay. Atu- no mundo Drag, e que deu mais almente, as Drag visibilidade a esQueens são um ses artistas, foi o sucesso. reality show da Há dois anos, Drag Queen norElas fazem o cabeleireiro e te-americana Ru maquiador MarPaul, o RuPaul’s sucesso em cos Walder, de Drag Race, em 21 anos, gasta que drags dispubaladas, horas dos seus tam US$ 100 mil dias se prepae um “suprimenprogramas de to gigantesco de rando para sair à noite. Tromaquiagem”. televisão e ca suas roupas O programa masculinas por vem ganhando redes sociais diversos fãs e vestidos e perucas. “Quando vem inspirando vi uma pessoa novos adeptos se maquiando, dessa arte. achei um close. Sempre vi um “A princípio, não tinha vonlado mais artístico na minha tade de me montar. Mas depois

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que comecei ao assistir o reality, veio a vontade de me montar. Me encantei”, diz Guilherme Crispim, de 18 anos, que a sete meses dá vida a Sheyla Ashley. Trabalhar como Drag Queen significa superar muitos obstáculos, e o mais óbvio deles é o preconceito “Tenho Prótsy, tenho silicone e tenho peito. Não sou um viadinho de peruca. Sou uma travesti. Mentira sou uma Drag Queen”, é com humor que Jessie dribla o preconceito, “Eu lido de boa com o preconceito. É só ignorar”, destaca. Sheyla diz que o preconceito sempre vai ter. “Tenho que saber lidar com isso, e tentar tirar de letra as gracinhas”. Marcos é mais de boa, Jessie é mais solta, mais sociável, engraçada. Marcos fica mais tranquilo, “Hoje em dia vejo mais Jessie no Marcos do que Marcos em Jessie, sabe? ”, comenta Jessie rindo ao fazer poses para a câmera. A diferença entre o Guilherme e a Sheyla é que o Guilherme é mais tímido, na dele, já a Sheyla chega chegando, sorriso no rosto e por aí vai. “Quero fama, conhecer e trabalhar em casas noturnas. Tenho o apoio da minha família, inclusive minha mãe já foi para a balada comigo montada”, diz


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