Cobaia #149 | 2016

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Foto: Kassia Salles

䌀伀䈀䄀䤀䄀 Itajaí, dezembro de 2016 | Edição 149 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Cidadania Hospedar um intercambista é a chance de ter uma experiência multicultural sem sair de casa Pág. 10

Cultura

Na luta

contra o HIV Pouco mais de trinta anos após a descoberta dos primeiros casos da doença na cidade, Itajaí segue na batalha contra o vírus. Novos dados do Ministério da Saúde mostram que o município é o quarto com maior incidência de HIV no país. Ações como a testagem rápida buscam identificar portadores e despertar a consciência da comunidade sobre a doença pág. 7

Banda Música Orgânica, de Porto Belo, lança o novo CD O Dia de Despertar com turnê na Argentina

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Resenha Rede Globo aposta em series em estilo americano, como Supermax, para reconquistar o público jovem

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Cidades Com 30 mil habitantes, Barra Velha ainda não possui serviço de transporte coletivo para a população

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Editorial Trinta anos se passaram desde que os primeiros casos de HIV começaram a surgir no Brasil, no início da década de 80. De lá para cá, muita coisa mudou, o tratamento evoluiu, os portadores passaram a conviver de forma natural com a doença e as pesquisas para a cura seguem em alto nível (saiba mais na matéria de capa, páginas 7, 8 e 9). Apesar do cenário ser amplamente positivo, o preconceito ainda é o maior problema enfrentado por quem convive com o vírus. O tratamento evoluiu, mas a sociedade continua presa aos preconceitos que surgiram com a doença lá no seu surgimento. Por isso, é preciso cada vez mais falar sobre o tema, principalmente com o público jovem. Os indicadores

EXPEDIENTE

mostram que a doença tem avançado entre os adolescentes pelo país. Trabalhar programas de prevenção e discutir educação sexual com crianças e jovens se torna cada vez mais necessário. O documentário O Combate ao HIV em Itajaí, produzido pelo curso de Jornalismo da Univali e lançado no dia 29 de novembro, coloca estas questões em debate e faz um retrospecto do combate à doença na cidade. Em breve, o vídeo estará disponível na web e faremos a divulgação aqui no Cobaia. O recado é claro: precisamos fala sobre HIV/AIDS e, principalmente, repensar o tratamento que a sociedade dá as pessoas que vivem com o vírus.

*** O ano de 2016 está caminhando para o fim e, olhando para trás, passamos por um ano bem conturbado e recheado de fatos históricos: impeachment de Dilma, eleicão de Trump, Olimpíadas no Brasil. O último grande fato do ano foi uma tragédia aérea sem precedentes que mexeu demais com todos nós. A queda do avião da Chapecoense, o Verdão do Oeste, encurtou a vida de atletas, jornalistas, dirigentes. Deixou um vazio enorme e uma dor que vai demorar para cicatrizar. #FORCACHAPE Que 2017 seja um ano mais leve. Até lá!

Crônica Agência Integrada de Comunicação

Memórias empoeiradas Antes mesmo de eu entender o que era futebol, meu avô materno já tinha o quadro com o time do Santos pendurado na parede. Minha incapacidade futebolística não me permite saber a qual ano aquela fotografia pertencia. Robinho está nela, único reconhecido pela memória. Na casa antiga, de madeira simples, pintada de caramelo, infestada pelo cheiro inconfundível de comida feita em fogão de lenha, o quadreco de madeira era ostentado na parede do quarto dele. Acompanhado de seus mais íntimos amigos, assistia aos jogos todo domingo à tarde: a xícara de café, o cigarro barato e o radinho de pilha. A sua xícara deveria ter a primeira dose de café vinda do bule, chamada peculiarmente de “aparadinho”. Até hoje não entendi o significado disso, talvez seja minha falha nunca ter questionado. Tanto faz, agora é tarde demais. Não havia fidelidade quanto à marca do cigarro. O melhor em custo benefício era arrematado no bar amarelo e azul perto de casa, o mesmo em que ele tomava doses de cachaça, a 51, mais especificamente. Possivelmente, sua maior e mais antiga paixão. Não contente em apenas assistir aos jogos na televisão jurássica e preta, o rádio vivia colado em seu ouvido para acompanhar as partidas do campeonato amador da cidade, a

pitoresca Tijucas. Ávido torcedor do União, time representante de seu bairro, fazia questão de não perder nada. Nesse ambiente caótico de informação, junto com o falatório da família reunida, Salvador de Melo conseguia prestar atenção em tudo, batia papo e ainda era capaz de discutir com minha avó. Quase como uma lei da Constituição Federal, filhos e netos enchiam a casa para os almoços de domingo, dia sagrado do futebol. Em meio à bagunça e à barulheira, lá estava o sorriso aberto, bobo igual de uma criança, ao ver todos reunidos. Dar dinheiro para os netos comprarem bala ou salgadinho era rotina. Fora a aposentadoria, o dinheiro que ajudava a comprar as guloseimas dos pequenos vinha da venda de frutas e verduras. Quando ainda exalava saúde, o seu Nilton, como era chamado pela vizinhança e pelos fregueses, saía em disparada com sua égua colorida com marrom desbotado, já muito vivida, puxando a carroça verde cheia de melancias, batatas, maçãs e bananas. Nunca tive a oportunidade de acompanhar uma dessas aventuras, mas quando o objeto de trabalho ficava guardado, eu e meus primos fazíamos a festa, viajando nas mais lúdicas invenções da mente infantil. Com cinco anos de idade, éramos empresários do ramo das commo-

dities, cavaleiros medievais, super sayajins de Dragon Ball e mestres Pokémon, dependia do dia e da criatividade. Perto dos 80 anos, após juntar um bom montante de dinheiro, conseguiu construir uma nova casa, dessa vez de alvenaria. No novo lar, o lugar escolhido de repouso para o quadro empoeirado do Santos foi, novamente, a parede do quarto. Sintomas da velhice foram surgindo devagar e as doenças agravaram-se lentamente. Os domingos foram deixando de ser extraordinariamente felizes. Os filhos não apareciam com a mesma frequência de outrora e os netos cresceram e trocaram seus finais de semana pelas festas e bebidas. Os jogos do Santos e do União ainda estavam lá, o radinho de pilha e a xícara de café também. 2014 levou meu velhote aos 84 anos, a morte decorreu das complicações de um enfisema pulmonar, resultado do vício em cigarro. Apesar da efemeridade do tempo, o quadro ainda fica no mesmo lugar. O quarto não é mais quarto, deu lugar à sala de estar, mas os 11 jogadores não precisaram se mudar, agora dividem lugar com as memórias dos bons tempos que jamais retornarão.

UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER Diretor: Renato Büchele Rodrigues CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Rua Uruguai, 458 - Bloco C3 Sala 306 | Centro, Itajaí - SC - CEP: 88302-202 Coordenadora: Vera Sommer JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Edição: Gustavo Paulo Zonta Reg. Prof. Mtb/SC 3428 JP Tiragem: 2 mil exemplares Distribuição Nacional Projeto Gráfico: Vinicius Batista Gustavo Zonta Diagramação: Tatiane Decker Colaboração: Kassia Salles

Todas as edições do Jornal Cobaia

Mikael Melo 4º período de Jornalismo

estão disponíveis online. Acesse: issuu.com/cobaia! Você tem alguma sugestão para fazer, ou alguma matéria que gostaria de ver

Agenda Exposição fotográfica A Passarela da Barra, em Balneário Camboriú, recebe a partir de hoje, dia 9 de dezembro (sexta-feira), a exposição “Kamuri”, com fotografias que retratam a paisagem e a vida às margens do Rio Camboriú. As obras foram produzidas por acadêmicos do curso de Fotografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Campus Itajaí, num trabalho em conjunto entre as disciplinas de Fotojornalismo e Fotografia Documental. A abertura da exposição ocorre às 15h, na parte superior da Passarela, com entrada gratuita. As fotografias poderão ser apreciadas até o dia 18 de dezembro.

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publicada? Conte com a gente! cobaia@univali.br Calendário acadêmico O término do ano letivo de 2016 da Univali acontece na quarta-feira, dia 21 de dezembro. A partir desta data, a universidade terá todos os acessos fechados no horário compreendido entre 23h45 e 5h45, de domingo a sexta-feira. Nos sábados, o fechamento dos acessos se dará às 18 horas. Para 2017, o início das aulas regulares para calouros e veteranos está programado para o dia 22 de fevereiro.

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TECNOLOGIA

Geração digital? Nem tanto Apesar da evolução tecnológica, a geração Z ainda prefere os livros impressos Lídia Sievers Lobe Louise Lamin de Oliveira

Fernanda Scherer, acadêmica do segundo período de jornalismo, vai quase todos 2º período de Jornalismo os dias à biblioteca andar em meio aos corredores para desestressar. Ela se interessa egundo pesquisa realiza- pela facilidade que é enconda pela American Uni- trar diversos títulos em pdf, versity, em Washington mas diz que nada se compaDC, 92% dos universitários ra a sensação das folhas e do ainda preferem livros im- cheiro de livro novo em mãos, pressos. Essa estatística não algo que não se encontra em está muito distante da reali- um arquivo de celular ou tadade percebida nos corredo- blet. Para Fernanda, apesar da res da Univali. Em entrevis- vantagem de o pdf ser mais ta, acadêmicos barato e prático, entre o 2º e 7º ela não abre mão período de didos livros imversos cursos pressos. apresentaram Outro aspecto uma rejeição no- A leitura tem favorável destatável em relação cado pelos acaa livros eletrôé o fato se tornado dêmicos nicos. O motivo, de que a maioria segundo eles, vai dos livros dispodo desconforto cada vez mais níveis na bibliofísico causado já são basacessível e teca pelo cansaço nos tante utilizados, olhos e dores por isso estão prática de cabeça, até a com marcações grande distrae destaque nas ção presente à partes importanum toque de distes, o que colatância: as redes bora na hora do sociais. “É claro estudo. Giullia que se você estiver lendo um Morgana, acadêmica do seartigo chato e alguém te cha- gundo período do curso de mar no Facebook ou What- Comércio Exterior, também sApp é fácil fácil perder o prefere os livros impressos, interesse”, conta Kevin Tava- mas não tem problema com res, estudante de Jornalismo. os livros online. “Acho uma

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boa, dá a chance para quem não pode comprar ou quem não tem como levar livros para todos os lados. É mais prático”, explica. Através da modernização, a leitura tem se tornado cada vez mais acessível e prática. Seja em uma folha de papel ou em uma tela virtual, ela sem dúvidas traz muitos benefícios para quem a mantém como hábito. Mesmo com a preferência pelos livros impressos, com os livros virtuais a única desculpa para não ler é não ter uma tomada por perto.

Leitor digital O e-Reader - leitor de livros digitais - é um pequeno aparelho para leitura de livros que disponibilizam seu conteúdo em formato digital. Um dos diferenciais do e-reader em relação ao tablet, é o fato de ele utilizar a tecnologia de tinta eletrônica, também chamada de papel eletrônico ou e-ink. A tecnologia dispensa a utilização de iluminação e aproxima a sensação de se ler um livro convencional impresso.

Foto: Victor Loja

Seja em tela ou em uma folha de papel, o hábito da leitura traz muitos benefícios

OPINATIVO Espaço aberto para os textos da disciplina de Jornalismo Opinativo, do 3o período do curso de Jornalismo, sob coordenação do professor André Pinheiro.

CRÔNICA Os Tons de Cinza por Lorena Polli Igual a todos os dias pela manhã, me levantei da cama depois daqueles “cinco minutinhos”. Olhei pela janela e o dia estava cinza. Fazer o que, né? Troquei de roupa: coloquei uma blusa cinza. Curiosamente, minha meia também era cinza, mas só percebi isso depois que fui colocar o tênis preto, tão surrado que já poderia ser considerado cinza. Coincidências... Indo para o trabalho, comecei a observar ao meu redor. As casas em tons variados de cinza - afinal, é o tom da moda - os carros, as calçadas, os muros inacabados, tudo cinza. Em determinado momento, senti uma leve claustrofobia tomar conta de mim. Estava sufocando dentro daquele carro... cinza. Logo cheguei ao trabalho, onde muitas luzes estavam apagadas, dando ao ambiente uma atmosfera de cinza. ​Afinal, o que era tudo aquilo? Eu estou ficando​louca ou o quê?, pensei. Não sei se foi a paranóia, mas a partir deste momento eu comecei a enxergar tudo cinza, como uma TV antiga. Como uma relação com o livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, em vez ficar cega e ver tudo branco eu veria tudo cinza? Consumida pelo terror de algo muito grave pudesse acontecer comigo, falei para meu chefe que estava me sentindo mal e que iria ao hospital. Naquele cenário acinzentado, atravessei a estrada e fui direto à emergência. Falei para o primeiro doutor que encontrei sobre o que estava acontecendo, e ele me conta que todas as pessoas que também estavam lá passavam pelo mesmo problema, e que, infelizmente, ainda não sabiam o que fazer. Pedi se não havia ao menos uma pista, pois acordei com tudo completamente cinza. O médico, achando a situação cômica, falou pra mim que lá fora o céu estava com um azul maravilhoso, uma pena que eu não pudesse ver. Surtei e quase mandei ele para aquele lugar. Nesse momento, dois enfermeiros me seguraram firme enquanto no fundo da minha mente soava um toque irritante de celular. Abri meus olhos, estava no meu quarto, deitada na cama. Eram 6 horas da manhã. Foi tudo um sonho. Para garantir, olho pela janela. Não era um dia lindo, mas era um dia com cor. Enquanto a sensação de desespero passava aos poucos, dava lugar para algo mais intrigante: o cansaço de tudo. Na verdade, não eram as coisas que estavam cinza, mas sim, a minha alma. Os meus olhos enxergavam as cores mas o seu ânimo era em tons acinzentados. Há um ano, conheci uma amiga que me disse sentir a mesma coisa. Que seus olhos queriam se manter fechados, e ela não via mais sentido para realizar o que quer que fosse. Na sua vida, muitas coisas boas foram feitas, mas quando olhava para o futuro, se perguntava: tudo isso vale a pena? Quando José Saramago escreveu Ensaio Sobre a Cegueira, ele criticava algo maior do que nós: vivemos em uma espécie de anedonia, que nada mais é do que a perda da capacidade de sentir prazer, questionar as coisas. Onde absorvemos mas não pensamos, olhamos mas não enxergamos, e as coisas que precisavam de atenção ficam salvas em algum aparelho desta era tecnológica. E todo mundo sabe, por exemplo, que o livro Cinquenta Tons de Cinza é ruim e só dá ibope principalmente por causa dos homens e mulheres que reprimem sua própria opinião e da verdadeira forma com que sentem prazer. Ultimamente, não sabemos mais dizer se aquele sapato rosa é bonito ou feio, apenas pelo cansaço de uma escolha tão banal. Ao pensar nisso, também me lembrei que a mudança é o primeiro passo. Parar de enxergar apenas o cinza, sair do automático. Enchi uma xícara de café, comi umas bolachas, peguei um livro, recostei na minha cama de volta e pensei: o trabalho pode esperar mais 20 minutinhos. E ao longo da leitura enxerguei os tons de azul, verdes, enfim, uma infinidade de cores que eu só encontro quando me concentro e penso criticamente naquilo que leio, vejo, ouço ou faço.

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AGRICULTURA

Plantação sem solo A técnica de produção de hidropônicos vem crescendo cada vez mais na região Foto: Bruna Ferreira Schiestl

As hortaliças produzidas na H2Orta são cultivadas em água, o que diminui a exposição a agrotóxicos e aumenta a produtividade

Bruna Ferreira Schiestl

4º período de Jornalismo

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rgânicos e hidropônicos, qual a diferença? Foi com essa pergunta em mente que fomos até a H2Orta, única franquia agrícola do Brasil, localizada no final da avenida Emília Ramos, em Tijucas. Lá conversamos com o produtor Eduardo Appel e descobrimos que, assim como na plantação em lavouras tradicionais, os hidropônicos também recebem adubos químicos, já os orgânicos são isentos a essas substâncias. As hortaliças hidropônicas são cultivadas na água, sem utilização do solo. A técnica garante nutrientes concentrados às plantas e menos exposição a agrotóxicos, o que

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reflete em poucas perdas e, consequentemente, mais produtividade. O valor de mercado dos produtos hidropônicos é maior do que o das hortaliças cultivadas pelo modo convencional, mas também significa mais saúde à mesa dos consumidores. A primeira etapa na produção das hortaliças hidropônicas é a semeadura. As sementes são infiltradas numa espuma fenólica, ou seja, com o pH controlado para que quando a planta for para a germinação ela tenha um bom desenvolvimento. A segunda etapa é conhecida como “berçário”, onde as plantas ficam até virarem mudas, num tempo médio de sete a 10 dias. Logo depois, as mudas são transplantadas para o “primeiro crescimento”, até atingirem o tamanho certo para

venda. Apenas as alfaces te- ções são os fungos. Eduardo rão uma segunda transferên- explica que a produção de hicia e irão para o “crescimento dropônicos geralmente é mais rápida do que a final”, ou seja, produção tradionde eles ficarão cional, pois são até o tempo de fornecidas concolheita. dições mais fa“Tem clientes voráveis para o que preferem foA técnica desenvolvimento lhas mais jovens, da planta, como outros preferem garante as variações clio pé um pouco máticas e a nutrimaior. Então, o nutrientes ção controlada. tempo que elas As hortaliças ficarão na fase de crescimento concentrados cultivadas pela H2Orta, vendifinal dependerá do cliente”, relaàs plantas das entre as cidades de Floriata Eduardo. nópolis e Itajaí, Como as horsão considerataliças hidropôdas premium ou nicas não são gourmet e tem cultivadas no solo, elas têm menor chance como alvo principal os restaude sofrer com as pragas. Os rantes. O valor médio de comaiores “vilões” das planta- mercialização de um pé de al-

face hidropônico é de R$ 1,90, enquanto no mercado você encontra por R$ 0,98. Porém, você nem sempre sabe onde e como as hortaliças vendidas em mercados são cultivadas e elas não possuem código de verificação. Já os alimentos hidropônicos da H2Orta são registrados e possuem o código, comprovando a qualidade do produto.

Sustentável As embalagens são produzidas em materiais recicláveis e oxibiodegradáveis. Unem a natureza e tecnologia, protegendo o alimento e o meio ambiente.


CIDADES

Falta de mobilidade Barra Velha possui aproximadamente 30 mil habitantes e não oferece serviço de transporte público Foto: Maiume Ignacio

Maiume Ignacio

Plano Regional

4º período de Jornalismo

No início do ano passado, a Amvali - Associação dos Municípios do Vale do Itapocu, da qual Barra Velha faz parte, promoveu um encontro para discutir um Plano Regional de Mobilidade Urbana. Na oportunidade, foi apresentada uma proposta de elaboração de um plano, através de parcerias, com o objetivo de implantar uma política para o setor e servir de referência aos municípios da região na elaboração dos seus Planos Municipais de Mobilidade.

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cordar de manhã, pegar um ônibus e ir trabalhar. No fim do expediente pegar outro ônibus até o centro e chegar ao banco para fazer o pagamento das contas do mês. Parecem ações simples do cotidiano, mas em Barra Velha não é bem assim. Uma cidade com aproximadamente 30 mil habitantes, sem mobilidade. Um lugar onde o sonho do transporte público segue vivo e sem perspectivas de se realizar. A infraestrutura do pequeno município contempla 13 bairros, porém oferece serviços essenciais como banco e pronto atendimento em apenas um, o Centro. Moradores que não possuem veículo próprio dependem da boa vontade de amigos para realizar suas tarefas. Ednéia Tomaz é funcionária da prefeitura, que fica no bairro Centro, e mora bairro Itajuba. Se houvesse transporte coletivo, o trajeto duraria apenas dez minutos. No entanto, a funcionária pública conta que realiza pagamentos bancários para vizinhos e conhecidos que não têm condições de se deslocarem até o bairro central. Outro problema enfrentado é a volta para casa. Janaina da Cunha tem 23 anos, é estudante de Direito e trabalha em um escritório de advocacia localizado em uma das avenidas principais da cidade. Quando termina suas tarefas, precisa esperar o marido que sai do serviço mais tarde, para buscá-la. O trajeto a pé leva cerca de meia hora e se torna perigoso em determinados pontos. Em pesquisa online realizada com barravelhenses alguns dados se destacam: 88,9% disseram já ter passado por algum contratempo quando o assunto é mobilidade urbana. O mesmo percentual acredita que a cidade tem condições de manter e oferecer transporte público de qualidade. Outros dados mostram que 94,4% aceitaria pagar entre R$ 3 e R$ 3,50 por este serviço. A população tem consciência da necessidade, porém apenas 27,7% afirma cobrar melhorias do poder público e outros 44,4% cobra somente quando o problema os afeta diretamente.

Muitos moradores que não possuem veículos são obrigados a pedir carona para se locomover

O sonho do transporte público segue vivo e sem perspectivas de se realizar

Os benefícios na qualidade de vida proporcionados pela mobilidade são numerosos. Segundo a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali Heloisa Figueiredo Moura, uma das principais vantagens é a diminuição da poluição. Com menos veículos circulando, menor será a emissão de gases poluentes. Melhorando dessa forma o ar das cidades.

Segundo a secretária de Planejamento de Barra Velha, Márcia Nunes Silveira, a inexistência de mobilidade urbana está ligada ao Plano Diretor Municipal, que não foi finalizado. Segundo Márcia, apenas o processo de diagnósticos foi concluído. O plano segue parado na fase de propostas e oficinas com a comunidade. Coordenador de trânsito, Josué Cesario da Luz lamenta o fato de não haver transporte coletivo no município e explica o motivo da pausa no Plano Diretor. Em nota, ele observa: “A medida Provisória Federal número 748, de 11 de Outubro de 2016 altera a Lei 12.587 de 03 de janeiro de 2012, que institui a Política Brasileira de Mobilidade Urbana. No Artigo 24, Parágrafo 3, esclarece o seguinte: O Plano e Mobilidade Urbana deverá ser integrado ao Plano Diretor Municipal, existente ou em elaboração, no prazo máximo de sete anos, contada da data de vigência desta lei.” Com o adiamento do prazo para os municípios terminarem os planos, tanto o coordenador quanto a secretária afirmam depender da boa vontade política para a implantação de melhorias no planejamento urbano. Ou ainda, como acredita a secretária, caso instituições com a força do Ministério Público intervirem nesse processo. De mãos atadas, a população aguarda ansiosa por mudanças para enfim trilhar a rota do desenvolvimento. DEZEMBRO | 2016

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SEGURANÇA

Arcanjo 03 volta a atuar Depois de quase sete meses do acidente, novo helicóptero foi entregue para retomar os atendimentos Foto: Soldado BM Maria Gabriela

Katyanne Krull

4º período de Jornalismo

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epois de quase sete meses do acidente em uma escola de aviação, o helicóptero Arcanjo 3 voltou a operar no começo de novembro na região do Vale do Itajaí e Litoral Norte de Santa Catarina. Para que o atendimento não ficasse prejudicado, a aeronave chegou a ser substituída no mês de setembro por um helicóptero locado. No dia 9 de novembro, a aeronave oficial foi entregue pelo governador Raimundo Colombo em Florianópolis durante o Seminário Nacional de Bombeiros (Senabom), evento de prevenção e combate a incêndio. Em entrevista concedida ao portal de notícias G1, o Governador falou sobre a abrangência do serviço. “A próxima região a receber uma aeronave será o Sul. Todas as regiões de Santa Catarina terão um helicóptero para proteção das pessoas”, declarou Colombo. O Batalhão de Operações Aéreas (BOA), criado em 2010 em Santa Catarina, surgiu de uma parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, através do SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). A importância dele é confirmada pelas estatísticas. “Desde o início das operações, foram realizados 4.866 atendimentos, com cerca de 4.500 vítimas atendidas diretamente. Em Blumenau, o Arcanjo-03 começou a operar em 5 de outubro de 2015, atendendo mais de 320 ocorrências”, afirma o subcomandante do Batalhão, Diogo Bahia Losso. Se fosse só a rapidez do helicóptero de nada adiantaria, afinal, a aeronave sozinha não socorre ninguém. Para que tanto o Arcanjo 01, como o 02 e o 03 chegue o mais rápido possível aos locais que necessitam de atendimento, uma grande equipe trabalha por trás, conforme explica o subcomandante Diogo. “Nossas tripulações são composta por bombeiros militares, médico e enfermeiro do SAMU, totalizando cinco profissionais a bordo. Tem ainda o pessoal de apoio no solo, que são aqueles que realizam os contatos com regulação médica, preparação de materiais e suprimentos, abastecimento da aeronave, entre outras funções”.

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O Arcanjo tem equipamentos, materiais e medicamentos que possibilitam a realização de procedimentos na cena da emergência

Todos esses profissionais treinamentos – o equivalendispõe dentro da própria aero- te a mais de 500 horas de voo nave de uma estrutura comple- - para que diante de situações ta de atendimento similar a de adversas consigamos operar de uma emergência de hospital. maneira segura. Afinal, aten“O Arcanjo tem equipamentos, demos ocorrências em locais materiais e medicamentos que desconhecidos e na maioria possibilitam a redas vezes sequer alização de prosabemos onde vacedimentos na mos pousar”. cena da emergênA seriedade Desde o cia. Esse suporte, e rapidez em dealiado à rapidez cidir onde pouinício das do deslocamento sar, como, quais aéreo, fazem toda as condições do operações, clima e outras a diferença para o atendimento das tantas decisões foram vítimas”. importantes feiOutro profistas pelo subcosional importante mandante, não realizados para atuação do fazem com que Arcanjo é o piloele escape de al4.866 to da aeronave, gumas emoções. trabalho exercido atendimentos Ao relembrar de pelo subcomanum caso com um dante Losso desgarotinho que de 2012. Ele retomou uma deslembra que essa carga elétrica, o atividade no serviço aeromédi- sentimento de dever cumprido co não pode ser comparada ao se sobressai. “A equipe ficou controle de voos para aeropor- fazendo a RCP (Reanimação tos e helipontos, onde a rota é Cardio Pulmonar) por mais de determinada posteriormente. uma hora e meia. O nosso pro“Passamos por cinco anos de tocolo já permitia que parásse-

mos e o médico declarasse o óbito. Mas eles não desistiram, insistiram e ele voltou. Hoje ele está vivo!”, relembra emocionado. Losso destaca ainda que as inúmeras ocorrências que atendeu nesses quatro anos atuando no Batalhão de Opera-

ções Áreas fazem com que ele tenha certeza de que, se o Arcanjo não estivesse lá, em cada situação em que foi acionado, as vítimas não teriam chance alguma de viver. “Saber que o nosso serviço fez a diferença entre alguém estar vivo, isso pra nós não tem o que pague.”

O Arcanjo no Vale A vinda do Arcanjo para o Vale do Itajaí foi trabalhosa, mas baseada em dados comprovatórios. Diversos foram os fatores levados em consideração na análise da região, dentre eles a malha viária, distância de hospitais de referência, população e número de ocorrências atendidas. “A área de atuação do Arcanjo-03 contempla cerca de 1 milhão de pessoas, sem contar a população do Litoral Centro-Norte, que aumenta consideravelmente durante a temporada de verão”. Hoje, a atuação do Batalhão de Operações Áereas no Vale do Itajaí está solidificada com a instalação da 2ª Companhia em Blumenau, sendo a base no Aeroporto de Blumenau. Por enquanto, a corporação utiliza um hangar alugado, mas segundo o subcomandante Losso já iniciaram as tratativas para a destinação de uma área no próprio aeroporto para a construção de um hangar próprio do Corpo de Bombeiros Militar. E, para um futuro próximo, a expectativa é de que, além da operação com helicóptero, os atendimentos na região sejam feitos também com um avião.


Foto: Kassia Salles

SAÚDE

30 anos de luta

Em 2017, Itajaí registra três décadas do primeiro caso oficial de HIV na cidade. Ações preventivas foram realizadas na universidade na semana de combate à doença Mikael Melo e Kassia Salles 4º período de Jornalismo

Professores e alunos das áreas da saúde realizaram testes rápidos para detecção do HIV, da sífilis e das hepatites B e C

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SAÚDE

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Semana de Combate ao HIV da Univali foi marcada por eventos que serviram para alertar a comunidade e os acadêmicos sobre o vírus. Uma das ações foi organizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí, na quarta-feira, 30 de novembro. A ação vinha sendo organizada desde julho, e reuniu aproximadamente 40 pessoas, entre profissionais da saúde, médicos e voluntários da Liga de Infectologia e do Projeto Escolhas. Segundo Gabriela Barreto, gerente DST/AIDS de Itajaí, a ação teve uma boa adesão dos jovens, principalmente da comunidade acadêmica. Ela conta que, no ano passado, foram feitos mais de trezentos testes e, esse ano, aproximadamente duzentos. O foco era principalmente nos jovens, para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de quem convive com o vírus. Isso porque a maior taxa de incidência de HIV e AIDS se dá entre os 20 e 49 anos. Para Gabriela, o que mais preocupa é a incidência de jovens que não usam preservativo, ou que têm mais de um parceiro e acabam negligenciando a prevenção.

O teste rápido No dia 30, foram feitos testes rápidos para detecção do HIV, da sífilis e das hepatites B e C, doenças sexualmente transmissíveis. Até o ano passado, os testes rápidos eram feitos exclusivamente por punção digital, ou seja, um pequeno furo no dedo para colher uma amostra de sangue, que pode detectar as três doenças. Esse ano também foram fornecidos, pelo Ministério da Saúde, testes para o HIV, que usam o fluído oral para detecção. Ambos os testes levam em média 20 minutos para ficarem prontos e, para o HIV, podem dar 100% de certeza, ou seja, não é necessário fazer um exame mais complexo. No entanto, os dois podem dar falsos positivos, portanto são colhidas duas amostras de cada. No Brasil, o teste para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis ainda não é requisitado nos exames de sangue. Para o médico infectologista Pablo Sebastian Velho, as pessoas têm o direito de saber seu diagnóstico sem precisar de um exame específico.

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Foram realizados cerca de duzentos testes rápidos no dia 30, principalmente entre as mulheres da comunidade acadêmica


Fotos: Kassia Salles

O teste de punção digital, onde são colhidas amostras de sangue dos dedos, é o mais comum, utilizado para detectar o HIV, a sífilis e as hepatites B e C

O tratamento Enquanto ainda não há a cura para o HIV, o Brasil trabalha com tratamento. Todos os medicamentos oferecidos aqui são gratuitos e distribuídos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, tornando o país um dos melhores em termos de políticas públicas para o HIV. Segundo o médico Pablo Velho, o melhor tratamento existente, hoje, é a medicação contínua, em que o paciente toma para sempre. O medicamento trabalha combatendo o vírus, que ataca o sistema imunológico da pessoa. Pablo explica que o vírus ataca a célula CD4, responsável por notificar o organismo quando acontece uma invasão. Quando o HIV invade essa célula e a ataca, e o corpo vai perdendo essa sinalização e, consequentemente, perde a capacidade de se defender. “A imunidade fica fraca e o organismo fica suscetível às infecções chamadas de oportunistas, aquelas que só acontecem porque a imunidade está baixa”, complementa. O remédio mata o vírus, e não aumenta a imunidade. Por isso, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de eliminar o vírus e debilitar menos o sistema imunológico. Com o tratamento adequado e as medicações modernas, Pablo explica, é possível ter uma qualidade de vida semelhante à das pessoas que não vivem com HIV.

Além da medicação oferecida depois do diagnóstico, existe também a profilaxia pós-exposição. Ela é oferecida quando uma pessoa é exposta ao vírus. “São medicamentos antirretrovirais tomados por 30 dias, que têm um potencial grande na prevenção”, como explica Gabriela. No entanto, muitas pessoas deixam de usar o preservativo pela existência do medicamento. “Nós gostaríamos que o medicamento fosse usado apenas em casos que a pessoa não teve como evitar”, ela completa. A melhor prevenção ainda é o uso do preservativo. A Organização Mundial da Saúde tem uma meta para combater o HIV, chamada de 90-90-90. Ela se baseia principalmente na ideia de que, se 90% das pessoas que são portadoras da doença sejam diagnosticados, e 90% destes sejam tratados e, dentro desse grupo, 90% tenham carga viral indetectável, a doença poderá ser erradicada. A carga viral baixa, como conta Pablo, é quando o vírus está em quantidades tão pequenas que o paciente já não transmite mais o vírus. Mas isso só é possível se o portador do HIV ter uma adesão grande do tratamento. Mesmo assim, o medicamento ainda deve ser tomado, para que o vírus não volte a se multiplicar.

Combate nas telas

HIV em Itajaí Em Itajaí, são em média 150 novos casos por ano, sendo a quarta cidade com mais casos de HIV proporcionalmente à população, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no início do mês de dezembro. Aproximadamente 80% dos novos casos são por transmissão via sexual, por contato heterossexual, segundo Gabriela, diferente do resto do país, onde a maior incidência de transmissão é por contato homossexual. Os 20% restantes se dividem em contato sexual homossexual, compartilhamento de seringas infectadas e transmissão vertical. Essa última é a transmissão que acontece na gestação, no parto ou na amamentação, de mãe para filho. “A

Documentário não é só coisa do Discovery Channel. A gerente do programa de DST/ Aids da Secretaria de Saúde, Gabriela Barreto, teve a ideia de montar uma parceria com o curso de Jornalismo para a criação de um filme-documentário, como parte da semana de combate à doença. O jornalista e professor Gustavo Zonta e o aluno Victor Loja entraram no projeto e fizeram todas as entrevistas e editaram o material. Na terça-feira, dia 29 de novembro, o projeto ‘’Combate ao HIV em Itajaí’’ foi lançado no auditório da universidade. O principal motivo para tirar a ideia do papel foi a comemoração do aniversário da luta contra a doença no município. Um dos objetivos foi dar um retrato histórico do tratamento da Aids em Itajaí, dar voz àqueles que iniciaram os cuidados com os soropositivos. Volmem Pereira, médico hematologista, era diretor do Banco de Sangue de Itajaí no início da década de 80, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. Nessa época, bem no início da epidemia, pessoas que suspeitavam ter o vírus iam até a unidade de saúde doar sangue para verificar se eram portadores. Isso porque os exames particulares eram muito caros e quase inexistentes na rede pública. Apesar de ter a especialização em hematologia, Volmem acabou ficando responsável pelo tratamento dos HIV positivos. Segundo ele, o preconceito era muito grande.

transmissão vertical tem sido muito bem controlada, então acaba não se ouvindo falar muito. Se a mãe tomar todas as medicações, a criança também, o risco de transmissão é bem baixo”, como Gabriela conta.

A médica infectologista e coordenadora do curso de medicina, Rosalie Kupka Knoll, fala no documentário sobre as dificuldades no tempo em que esteve à frente do setor. Apesar de o preconceito ainda existir, hoje em dia, as dificuldades que Gabriela Barreto enfrenta são menores, uma vez que a população e a comunidade médica estão mais esclarecidas sobre esse assunto do que antes. No filme, é possível ver os contrastes e semelhanças do tratamento no começo da epidemia e agora. Dos quatro soropositivos entrevistados, apenas um se identificou, o youtuber Filipe Santos de Faria, do canal Vida Positiva. O jovem de 21 anos criou um canal no Youtube para falar sobre o assunto. Nos vídeos, ele explica como são os efeitos colaterais e as maneiras de lidar com a descoberta. Em breve, o filme estará disponível na internet e o link de acesso será divulgado aqui no Jornal Cobaia.

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CIDADANIA

Hospede um intercambista Jovens de diversos países realizam projetos sociais em ONGs da região do Vale do Itajaí Fotos: AIESEC/BC

Em 2015, a AIESEC em Balneário Camboriú recebeu 70 intercambistas para realizar projetos sociais na região do Vale do Itajaí

Tatiane Decker

5º período de Jornalismo

H

oje em dia o sonho de muitas pessoas é conhecer uma nova cultura, um novo país ou um novo idioma. Infelizmente, por muitos motivos, as pessoas acabam adiando esse sonho. Porém, é possível ter uma experiência cultural totalmente diferente sem sair de casa graças ao programa de Host – Hospede um intercambista – da AIESEC em Balneário Camboriú. O estudante de Comércio Exterior da Univali, Jesielton Palhoza, viveu essa experiência três vezes. “Participei do programa Hospede um Intercambista por dois períodos. Minha primeira experiência como host foi recebendo em minha casa o Alejandro Mason, da Argentina. Recebi também outros dois intercambistas durante

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um mesmo tempo, Can Baran presente. Quando os intercamBeder da Turquia e o Adham bistas chegam ao Brasil eles Gamal Saad do Egito. Foram trabalham em ONGs da região duas experiências incríveis! A auxiliando em diferentes protroca de conhecimentos e de jetos. Esse intercambista é rescultura é fantástiponsável por seus ca! Aprender um gastos com a viapouco mais sobre gem, passaporte, um país diferente seguro de saúde. e ser um responA AIESEC busca Essa sável por apresenentão, encontrar tar o nosso país é de famílias experiência casas algo incalculável. ou estudantes Recomendo essa para os jovens fimudou sua carem neste períoportunidade para todos!” odo. Durante seis A AIESEC forma de ver semanas, além hoje é a maior do intercambista o mundo organização sem viver uma experifins lucrativos geência social e culrida por jovens. tura totalmente Desenvolve lidediferente de sua rança responsável realidade, ele traz e empreendedora também um poupor meio de intercâmbios rea- co da sua cultura para dentro lizados em parceria com orga- da casa das pessoas. nizações e instituições ao redor Maria Isabel Schauffert do mundo, nos mais de 120 também teve uma experiência países e territórios onde está nesse programa que mudou a

sua forma de ver o mundo “Eu hospedei duas colombianas e foi muito bom para conhecer essa nova cultura. E foi interessante perceber que nós como países estamos tão coladinhos mas temos diferenças culturais tão grandes, então eu realmente conheci a Colômbia dentro de casa. Outra coisa muito boa é saber que se um dia se eu precisar ir para Colômbia, vão ter pessoas que vão me receber muito bem”. Uma das maiores riquezas da humanidade é sua diversidade e heterogeneidade. O mundo está repleto de pessoas diferentes, com hábitos diferentes, línguas, culinárias e comportamentos diferentes. Isso tudo deveria somente acrescentar experiências ao ser humano, mas infelizmente, foram justamente a causa de muitas guerras. A AIESEC surgiu neste contexto, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, com a intenção de

tentar acabar com conflitos como esse, promovendo uma forma de cooperação entre várias culturas. Essa troca de experiências e culturas dentro de casa é uma das formas oferecidas de desenvolvimento da organização.

Acesse Além do programa Hospede um Intercambista, a organização oferece outras oportunidades para os jovens, como por exemplo, a realização do próprio intercâmbio. Para mais informações acesse: Site para informações: http://aiesec.org.br/ Facebook: facebook.com/aiesecembc


SAÚDE

A descoberta de Davi Em um dia no parque, Guédria percebeu que seu filho via o mundo de maneira diferente Grazielle Guimarães Kassia Salles

4º período de Jornalismo

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avi nasceu diferente, e não era um mistério: Se Guédria Motta, sua mãe, colocasse um brinquedo interessante ao seu lado, ele, ao invés de tentar ir até o objeto, pensava em como trazer o objeto até si. Brincava com as coisas de forma diferente, também. Tinha um teclado musical colorido e barulhento, mas gostava mesmo era de brincar com a parte de trás do brinquedo, toda branca e apenas com o compartimento das pilhas, onde a diversão estava em tentar tirá-las. Engatinhou com 11 meses, caminhou quando completou um ano e quatro meses, mesmo com as visitas mensais ao pediatra e a afirmação do médico que estava tudo normal. Foi em setembro de 2014, aos 19 meses de idade, que Guédria estranhou uma coisa. A professora da creche disse que não tinha muitas fotos dele – ela tirava

fotos das crianças em sala de aula – porque ele “quase não participava”. “Como assim ‘quase não participava’? Surtei. A professora não sabia dizer quais eram as suas diferenças”, Guédria conta. Depois de férias na praia, Guédria marcou uma consulta com um neuropediatra em Brusque. No final de janeiro de 2015, eles passaram 1h30 na consulta. Perguntas, testes clínicos, encaminhamento de exames e um laudo: Davi era autista. Guédria só queria ser prática naquele momento. Ao contar aos amigos e familiares, muitos sugeriram buscar outra opinião. No fim daquela tarde, ela conta: “Parei com o Davi no parque e intimei: ele iria subir na droga da escada e descer do escorrega, se comportar normalmente como uma criança de dois anos em um parque. E ele passou uma hora apenas observando as placas do local. Naquele instante decidi virar a página da aceitação e iniciar o trabalho”. Hoje Davi tem três anos e nove meses, e ainda não fala.

O autismo

no desenvolvimento infantil e TEA. “Quanto mais cedo o diagnóstico acontecer, melhor será o prognóstico, ou O Transtorno do Espectro seja, o desenvolvimento posAutista (TEA), é um trans- terior ao diagnóstico”, Ezetorno do neurodesenvolvi- quiel, que trabalha na Assomento. Assim como Davi, a ciação de Pais e Amigos do maioria das crianças autistas Autista – AMA Litoral, cotem os sintomas mais evi- menta. dentes antes dos A Associação três anos. Mesde Pais e Amimo assim, em gos dos Especasos mais leves, ciais, a APAE, como explica o faz um trabalho Todas as psicólogo Ezede inserção de quiel Leopoldo pessoas com crianças da Silva, o diagos mais divernóstico pode ser com autismo sos transtornos mais tardio. psicológicos Esse transna sociedade e podem e torno afeta prinno mercado de cipalmente a devem estudar trabalho, com comunicação, a parcerias com interação social regularmente empresas. Em e o comportaCamboriú, a Esmento. cola Especial O diagnóstico Alegria de Vido autismo pode ver – APAE faz ser feito por médicos neu- esse trabalho com crianças e rologistas, psicólogos, fono- adolescentes. São 178 alunos audiólogos, fisioterapeutas, matriculados, onde aproxipedagogos, terapeutas ocu- madamente 30 são autistas. pacionais, entre outros proNa APAE, todas as crianfissionais com experiência ças devem estar matriculaFoto: Arquivo pessoal

das no ensino regular, e no contra turno participam das atividades na instituição. Segundo Ezequiel, todas as crianças com autismo podem e devem estudar regularmente, “primeiro, por ser direito constituído por lei e, segundo, por todos terem condições de aprendizagem”. Mesmo que as crianças autistas possam apresentar dificuldades na leitura, escrita, matemática ou raciocínio lógico, isso não é uma regra. Principalmente para Davi.

Superação Segundo Guédria, Davi aprendeu o alfabeto e os numerais sozinho, aos dois anos, assim como a contar em inglês até 10. Hoje, ele participa de sessões duas vezes por semana numa clínica mantida pela APAE, em Brusque, com o objetivo de desenvolver suas habilidades cognitivas e motoras. Guédria ainda fez uma especialização à distância sobre autismo pela Universidade de São Paulo – USP. Guédria é jornalista e em suas redes sociais mantém um diário de seu dia a dia com seus dois filhos, Davi e Daniel. Daniel tem 7 meses e é cardiopata, e realiza suas próprias superações a cada dia. Fica mais do que claro que tratamos aqui de uma família especial onde o amor transforma tudo em luta.

AMA Litoral

O transtorno afeta a comunicação, a interação social e o comportamento

A AMA Litoral - Associação de Pais e Amigos do Autista do Litoral Catarinense foi fundada em 2007 e surgiu pela necessidade de pais e profissionais em aprimorar o trabalho no desenvolvimento das crianças autistas. Hoje, a instituição oferece atendimento interdisciplinar nas áreas da psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, pedagogia, assistência social e musicoterapia. A sede da AMA fica na rua 2080, esquina com a 2070, no 51, no centro de Balneário Camboriú

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CULTURA Fotos: Santiago José Asef

Show no tradicional Teatro Municipal de Bahía Blanca

Música Orgânica em turnê Banda de Porto Belo lançou o novo CD “O dia do despertar” também com shows na Argentina Thiago Furtado

3º período de Jornalismo

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m carro, uma carretinha abarrotada de instrumentos – boa parte deles por conta da percussão mirabolante de Carlinhos Ribeiro –, um cineasta a tira colo e muita música catarinense para mostrar aos vizinhos argentinos na bagagem. Assim, o grupo portobelense Música Orgânica rodou 7.000km na terra dos hermanos que visitam nosso litoral a cada verão. Depois de lançar seu primeiro disco, “O dia do despertar”, no último mês de agosto, o trio fez shows em cidades de Santa Catarina e Paraná, antes de partir para sua primeira turnê internacional (fotos na página ao lado), durante o mês de novembro. O projeto para circulação na Argentina teve apoio da Prefei-

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tura Municipal de Porto Belo leira. “Lá, eles estudam muito e da Fundação Municipal de mais a nossa música do que Cultura, através da Lei de In- nós mesmos”, ele garante. centivo à Cultura. Buenos Aires, La Plata, Cezinha Silva, André de Rosario e Viedma foram alMiranda e Carliguns dos desnhos Ribeiro antinos. As casas siavam por essa cheias em todos oportunidade de os shows, a aprelevar o trabalho sentação no Fesdo Música Orgâtival Rosario ReLíngua e nica para fora do percute, o show país. Não espeno Teatro Muculturas ravam, contudo, nicipal de Bahía uma recepção Blanca, clássico diferentes tão favorável aos centro cultural shows, ao disco, em não foram inaugurado à música autoral 1913. Momencatarinense. Em que o trio da obstáculos tos uma turnê de pequena Porto cerca de 20 dias, Belo jamais eso Música Orgâniquecerá. O Múca fez oito shows sica Orgânica é e ainda minisum grupo que trou dois workshops. Surpre- preza muito pela troca com o endente, segundo o baixista público. Preza por despertar Cezinha Silva, como os argen- sentimentos e emoções que, tinos gostam e conhecem pro- às vezes, relegamos a um sefundamente a música brasi- gundo plano perante a rotina

a que estamos condicionados. Surpreendeu-os, então, que essa troca fosse plena também na Argentina. Língua e culturas diferentes não foram obstáculos para esse propósito que está na raiz do trio. “Na Argentina as pessoas realmente param para ouvir o som”, André de Miranda destaca. Os muitos quilômetros percorridos em solo argentino certamente serviram para que o Música Orgânica reforçasse seu propósito de levar a música carregada de sentimentos, emoções e verdade, a que tanto se dedicam. Toda a viagem foi acompanhada pelo cineasta argentino, morador de Bombinhas, Santi Asef. Dos registros deve surgir um documentário mostrando os bastidores da turnê. De volta ao Brasil, o Música Orgânica segue com sua agenda de trabalho do disco “O dia do despertar” em shows por

Santa Catarina. No início de dezembro, o grupo tem show marcado para o Centro Cultural Butantã, em São Paulo, que tem se tornado referência na programação cultural da capital paulista.

Conheça mais Para conhecer melhor o trabalho do Música Orgânica, ouça “O dia do despertar” nas plataformas digitais: Spotify, Deezer, Google Play e iTunes. Site: musicaorganica.art.br FB: fb.com/musicaorganica. art.br Instagram: @musicaorganica


Fotos: Santiago José Asef

Turnê de lançamento do álbum O Dia de Despertar, na Argentina

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CULTURA

Nas batalhas de Rap Grupos se apresentam em público como forma de divulgar mais o estilo musical no litoral Eugênio Elvis dos Santos 3º período de Jornalismo

“N

osso principal objetivo é que as pessoas olhem para o Hip Hop e para o RAP como se tivessem ouvindo um sertanejo, rock ou pop. E elevar o nível no litoral para que as pessoas escutem como uma música e como cultura, uma arte que possam apreciar, se deliciar e consumir.” Assim, Nilson CWB, mais conhecido como DJ, define o movimento criado por ele, Gulherme do Nascimento, Alisson Fernando Trindade Silva e Erick Petter. Eles acabam de fundar um grupo de Hip Hop e Rap em Itajaí. A ideia veio há cinco meses quando várias pessoas foram convidados para um movimento de Hip Hop, porém, com muita chuva no dia, apenas os quatro apareceram. Ali decidiram criar o seu próprio movimento, nomeado de Grupo Colisão.

Apesar do pouco tempo de lado. Porém, com a saída do criação, o grupo tem angaria- antigo camelódromo, o chão do bons seguidores. Eles tem acabou prejudicado e está se apresentado todo sábado passando por reparos. Quanna rua Hercílio Luz, no centro do a obra estiver pronta, irão de Itajaí, e tem voltar para o loalcançado uma cal de origem, média 40 a 50 que é um espaço participantes por maior e melhor Apesar do data. As batalhas para o grupo. se transformam “O espaço no pouco tempo meio das duas caem palco para cantores de Rap e sas é muito bom de criação, músicas autorais. e ficará melhor, Todos que se porque o pessoal o grupo tem que fica aqui do sentem a vontade de soltar a voz e nosso lado cosmandar umas ri- angariado bons tuma reclamar mas têm o direium pouco. Mas é to de participar. válido porque é seguidores Tudo gratuito. promovido pela Além do grupo cultura, e eles estar todo sábado conseguiram um no centro, eles espaço ‘daora’”, também se apresentam no afirma Bruno Lenzi, um dos Mercado Publico de Itajaí e MCs, conhecido como “Noem alguns PUBs na região. bru”. O espaço em que eles fiNobru está no grupo desde cam em frente à Casa da Cul- agosto, na segunda edição da tura Dide Brandão ainda é um batalha dos MCs, e curtiu baslocal provisório. No início, tante a ideia do grupo de proeles só ocupavam a parte do mover o hip hop como cultura

e levar isso ao povo da cidade. Para ele, é uma forma de tirar o preconceito da cabeça das pessoas. “Porque o hip hop é muito associado a drogas e tudo mais. Só que é muito mais do que isso, é mais uma cultura do que algo impregnado na superfície”. Além de promover batalhas na rua, beste ano, eles realizaram um grande sonho: se apresentar no Teatro Municipal. “Sempre passávamos na frente do teatro e falávamos que um dia íamos nos apresentar lá, uma coisa que o RAP nunca conseguiu alcançar”, aponta Guilherme. Eles conseguiram apoio da Fundação Cultural para ocupar o espaço. Para assistir ao show, eles cobraram 1kg de alimento não perecível. O grupo esperava cerca de 200 pessoas para o evento, mas tiveram uma grande surpresa: cerca de 400 pessoas prestigiaram o show. Além disso, conseguiram arrecadar cerca de 500 kg de alimento, doados para a fundação do Lar Padre Jacó,

que cuida de jovens e crianças carentes. Para 2017, o grupo está fechando vários apoios e, possivelmente, haverá produções e lançamentos autorais pelo nome dos MCs no próximo ano. Eles também devem realizar mais eventos no teatro, em casas de shows e praias. E pretendem implementar ainda a batalha de DJs e a de MCs e, futuramente, eles pensam em criar uma batalha de break dance.

Participe Os encontros do Grupo Colisão acontecem na Hercílio Luz todo sábado a partir das 10h. Não é preciso pagar para participar das batalhas de Rap, basta apenas uma dose de coragem e muita criatividade para pegar o microfone e soltar as rimas.

Foto: Eugênio Elvis dos Santos

Batalhas de Rap acontecem em frente à Casa de Cultura Dide Brandão todos os sábados, no centro da cidade

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RESENHA Fotos: Divulgação

Supermax: nova aposta Rede Globo busca atrair público com produção de séries no formato americano

Michel Borba

3º período de Jornalismo

A

Rede Globo está tentando atrair públicos que outrora foram seus. As novelas não agradam mais a todos. O público que cansou do formato brasileiro de contar história migrou para a TV por assinatura e para os serviços de streaming. Para atrair novos e antigos espectadores, sejam eles jovens ou maduros, a Globo começou a produção de suas próprias séries no formato americano. Começou com Justiça, que teve 20 episódios, e agora a aposta é a ousada Supermax. Supermax é a nova série da emissora que mistura drama, ficção científica, terror e suspense. A história se passa em um reality show numa prisão de segurança máxima na Amazônia. No reality, apresentado por Pedro Bial, cada um dos participantes cometeu algum crime que é revelado no decorrer da trama. Eles buscam por redenção com os participantes e o público. Porém, coisas estranhas acontecem quando Bial não volta no segundo dia do jogo e a produção parece ter sumido. Com nomes famosos, como Mariana Ximenes (enfermeira Bruna), Erom Cor-

deiro (Sérgio, capitão da tão de bem sem motivo apaPolícia Militar), Cléo Pires rente. Apesar dos pesares, a série (Sabrina, psicóloga), Nicolas Trevijano (Nando, ex-padre) de José Alvarenga Jr, Fernane outras revelações, com do Bonassi e Marçal Aquino destaque para a atriz trans traz suspense desde o primeiMaria Clara Spinelli (Janete, ro episódio, com cenas que proprietária de um salão), a fazem o espectador se encotrama se desenvolve devagar. lher na cadeira com tamanha Nos primeiros episódios, os tensão. Ao trazer terror, Supermax usa de conflitos entre seitas satânicas a equipe são o para causar averdestaque. Lentasão, medo e oumente, o sobresentimentos natural e o susA história se tros para incremenpense ganham tar a trama. espaço e vão muVê-se que a dando o tom da passa em um Rede Globo está narrativa. reality show entrando numa Embora teera de séries nha um elenco conhecido, as numa prisão com a ousada produção de Suatuações inicialmente são fracas de segurança permax, procurando abocanhar e forçadas, com alguma fatia do palavrões exagemáxima público das TVs rados ou palavras por assinatura e que tornam os Streaming, já que diálogos clichês e superficiais. Gradualmente, disponibilizou 11 episódios a atuação dos atores melhora, da primeira temporada antes mas decepciona por serem mesmo da estreia nacional nomes que estão na drama- na TV em sua própria rede de turgia brasileira há um con- streaming, a GloboPlay. Com siderável tempo. Outra falha uma sacada muito inteligente, de Supermax é o desenvolvi- o último episódio será exibimento dos personagens que é do em dezembro na Globo. Apesar das atuações um confuso. Praticamente todos eles parecem inconstantes em tanto decepcionantes e um sua personalidade, sendo que roteiro com alguns furos, Sude um momento para o outro permax é um sopro de noviuns brigam entre si e logo es- dade para o entretenimento

brasileiro, trazendo consigo um gênero que não é comumente visto na TV aberta e

que mostra como o brasileiro está insatisfeito com as teledramaturgias.

No NETFLIX Foto: Divulgação

A Netflix estreou no dia 25 de Novembro sua primeira produção brasileira. A série 3% faz parte das ainda poucas produções de ficção cientifica no Brasil. Dirigida por César Charlone e produzida pela Boutique Filmes em coprodução com Pedro Aguillera, a obra discute a meritocracia em um Brasil pós-apocalíptico. Na história, muitos brasileiros sofrem com a falta de mantimentos e, quando completam 20 anos, têm uma chance única de viver em uma cidade de privilégios, chamada de Mar Alto. Para isso, eles participam de uma competição, mas somente 3% dos jovens é escolhido para viver na sociedade perfeita.

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COLETIVO FOTOGRÁFICO

Des[mata]mento Acadêmicos: Denilson Berlanda, Dyovana Koiwaski, Guilherme Venancio e Henrique Grandi

photocronica.wordpress.com

Camboriú, uma cidade com o potencial de crescimento alto, graças a sua cidade vizinha Balneário Camboriú e seus grandes empreendimentos imobiliários. No bairro Monte Alegre, mal visto pela sociedade devido aos problemas sociais, sofre também com as construções e escavamentos nos terrenos de arredores. A população reclama e faz abaixo assinados a mais de um ano para prefeitura e outros meios tentando suspender os escavamentos do morro, porque em dias chuvosos a terra se transforma em lama e atinge residências do bairro, o que tem trazido muitos prejuízos. A situação levou vereadores e Poder Público a realizar várias reuniões. A Fundação do Meio Ambiente, responsável

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pelas liberações não apresentou a documentação que embasou as licenças ambientais. Por isso, a vereadora Jane Stefenn apresentou um requerimento em regime de urgência solicitando a documentação apresentada pela Construtora Tradição para a liberação da obra. O ofício pede também todos os documentos solicitados pela Fucam para as licenças de duas áreas que estão sendo utilizadas como bota-fora da obra – uma localizada no bairro Santa Regina e outra no Rio do Meio. Entre estes documentos, devem estar os estudos de impacto ambiental, plano de contingência e laudos geológicos. Apesar da argumentação de Jane e de outros vereadores, a urgência do requerimen-

to foi reprovado pela maioria. Para Jane, não havia dúvidas na urgência de ter acesso a estas informações. “Quem tem acompanhado este desmatamento do morro sabe dos problemas que já causou, inclusive danificando casas”. “A desculpa de que houve erosão e que é preciso tirar o morro todo não me convence. Eles prejudicaram muito o distrito do Monte Alegre e com o bota-fora estão prejudicando seriamente outras localidades”, completou. Para a vereadora Jane, é preciso dar uma resposta para a população e o quanto antes. “Preciso destes dados para verificar o que realmente está ocorrendo lá e poder repassar estas informações para o Ministério Público”, disse ainda.


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