Cobaia #137 | 2015

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Itajaí, junho de 2015

Autismo

Presença de fonoaudiólogos é importante no tratamento - p. 15

Itajaí em quadrinhos A cidade é cenário de uma história cheia de mistério e suspense - p. 4 e 5


Itajaí, junho de 2015

Editorial

Aventura de férias

Informação diversificada para construir conhecimento Jane Cardozo da Silveira*

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im de semestre, hora de fazer balanço. Nesta primeira metade de 2015 tivemos um período bem produtivo aqui na redação, com alguns avanços, entre eles a edição on line do Cobaia. Estivemos envolvidos com as visitas de três comissões do MEC: uma voltada ao Curso de Jornalismo, outra ao de Relações Públicas e uma terceira encarregada de avaliar todo o conjunto da Universidade, e destacamos a passagem dessas comissões na redação porque observamos satisfeitos que a existência de um jornallaboratório a exemplo deste nosso é vista com muitos bons olhos pelos avaliadores do MEC, que fizeram questão de saber como o veículo funciona, além de levarem consigo as edições de março, abril e maio para conhecerem de perto o nosso trabalho. O episódio confirma o que defendemos aqui no Cobaia: ao tempo que reconhecemos como primordiais as mídias on line, também não abrimos mão – pelo menos por enquanto – da velha e boa versão impressa. É bom constatar que outras pessoas pensam da mesma forma. Isso nos incentiva a

prosseguir neste projeto que já registra uma trajetória de quase 22 anos de circulação ininterrupta. Graças, é claro, à adesão de professores e acadêmicos não só dos cursos de Comunicação da Univali, mas também de outros cursos. É cada vez mais frequente por parte de estudantes de outras graduações a remessa de artigos e crônicas como as que estampamos na página 3 desta edição. Sempre bem vindos, esses colegas de outras áreas também nos sugerem pautas. Com isso, diversificam-se os assuntos, abrem-se outras perspectivas, produzem-se novos recortes do real. Nesta edição, por exemplo, discutimos o abandono de animais, apresentamos um desenhista que se lança às histórias em quadrinhos, divulgamos os trabalhos de conclusão de curso (são 30 de Jornalismo neste semestre), registramos uma visita técnica ao Jornal “A Notícia”, enfim, trazemos mais uma vez um leque de assuntos que, esperamos, ajude você a ampliar seu repertório e, é claro, a construir conhecimento. Boa leitura!

*Editora - Reg. Prof. SC 00187/JP

C

Você muda, o Cobaia muda! Você é conectado. O Cobaia também! issuu.com/cobaia

Expediente:

Cobaia IN - Agência Integrada de Comunicação

O Cobaia vai fazer um recesso em julho. Por isso, queremos agradecer a todos vocês que acompanharam as quatro edições deste ano e, junto com a gente, viveram a aventura do conhecimento que é colocado nas 16 páginas

deste jornal. E não podemos parar! Em agosto voltamos com força total com uma promoção bem bacana pra quem quer ter sua aventura de férias publicada no Cobaia: a melhor história vivida nessas férias e escrita em um

texto com sete mil caracteres terá espaço garantido nas nossas páginas. Vamos publicar suas férias na íntegra. Por isso, aproveitem bem essas semanas de descanso e contem tudo pra gente através do email cobaia@univali.br.

Bancas Já está disponível para os acadêmicos a agenda de bancas do CECIESA-CTL deste semestre. Além de ter uma experiência bem bacana, você

acompanha e dá apoio ao seu amigo que já está se formando. Claro, você ganha horas complementares com isso. Então, se ainda não sabe

quais bancas quer assistir, não perca tempo: elas começam na próxima semana! Tem várias opções em: univali.br/ jornalismo.

Prêmio Empresa Cidadã A Univali, nossa Universidade Comunitária, está entre as 15 organizações que irão receber o Prêmio Empresa Cidadã, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB/SC) em 2015. A entrega da premiação será no dia 16 de julho, em um evento na cidade de Chapecó. A Instituição foi destacada na categoria “Participação Comunitária”, com o Projeto Escolhas, que realiza capacitações sobre prevenção ao uso de drogas voltadas a

famílias e profissionais que atuam junto a adolescentes, para compreensão dos aspectos comportamentais e dos mecanismos da dependência química, bem como, a sensibilização e identificação de vulnerabilidade, e diálogo sobre ações protetoras relacionadas ao uso de substâncias psicoativas. O Prêmio Empresa Cidadã da ADVB/SC reconhece organizações catarinenses que desenvolvem iniciativas sustentáveis, voltadas à preservação ambiental, ao

desenvolvimento cultural e à inclusão e participação comunitária. Todos os projetos inscritos foram examinados entre os dias 23 de maio e 15 de junho por comissão julgadora formada por especialistas da Escola Superior de Propaganda e Marketing da região Sul (ESPMSul). Além da premiação, o evento na cidade de Chapecó também contará com um seminário para debater os desafios e as inovações em sustentabilidade empresarial.

50 anos de Direito O Curso de Direito da Univali foi homenageado na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) pela passagem de seus 50 anos. Uma sessão especial aconteceu no dia 23 de junho, no plenário da Assembleia, em Florianópolis. A solenidade foi proposta pelo deputado Vicente Caropreso. O reitor da Univali, Mário Cesar dos Santos, e mais oito personalidades, que assumiram o cargo de direção da faculdade de Direito, ao

longo das cinco décadas, foram homenageadas. O curso de Direito da Univali já formou mais de 18 mil profissionais, e atualmente, concentra mais de 200 docentes que têm a missão de levar conhecimento a mais de 5 mil alunos, presentes nos campi Itajaí, Balneário Camboriú, Tijucas, Kobrasol São José e Biguaçu. O curso destaca-se, também, pelo seu Programa de Pós-Graduação em Ciência

Jurídica, com os cursos de mestrado e doutorado e convênios de dupla titulação com universidades estrangeiras. Em contato direto com a comunidade, a graduação em Direito cumpre importante função social, viabilizando acesso à justiça à população carente, gratuitamente, por meio dos Escritórios-Modelo de Advocacia, que funcionam nas cinco cidades onde os cursos estão sediados.

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - Comunicação, Turismo e Lazer

DIRETOR: Prof. M.Sc Renato Büchele Rodrigues

CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI

COORDENADOR Prof. M.Sc Carlos Roberto Praxedes dos Santos

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI EDIÇÃO: Jane Cardozo da Silveira /Reg. Prof. SC 00187/JP - PROJETO GRÁFICO: Agência IN DIAGRAMAÇÃO: Gabriel Elias da Silva - TIRAGEM: 2 mil exemplares - DISTRIBUIÇÃO: Nacional REPORTAGENS: Bruna Bertoletti dos Santos, Bruna Costa Silva, Carolina Abreu, Gabriel Elias da Silva, Gabriel José Fidelis, Grazielle Guimarães dos Santos, Juniétty M. Hugen, Lara Karina Soares, Mariana Vieira Ricardo, Mikael Melo, Thamiriz Garcia Campos. Participação de Olga Luísa dos Santos.

Espaço do Leitor Cobaia

Você tem alguma sugestão para fazer, ou alguma matéria que gostaria de ver publicada? Conte com a gente! cobaia@univali.br

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Aprisionado

Homem Livre

N

ão que os punhos estivessem algemados, ou muito menos que ele estivesse atrás de grades. Não que visse o sol nascer quadrado, ou retangular, ou sequer alguma outra forma geométrica pontuda. O sol ainda era redondo. Os pés passavam por onde ele queria e seus passos direcionavam-se a qualquer lugar do mundo sem empecilhos. Mas ele estava ali. Ainda assim continuava preso. Um aprisionado homem livre. Enclausurado. Inarredável independente do quanto ele andasse e de onde estivesse. Irritado na rotina que ratificava sua prisão. E nem mesmo sabia.

Esparramado em um sofá almofadado, mastigava uma pipoca meio sem sal enquanto olhava para uma tela brilhante mágica que lhe dizia o que fazer e não fazer. Sentia-se angustiado. O problema com certeza não era o sal da pipoca. – Suspirou. – Uma. Duas. Três vezes. Fazia isso todos os dias. A chave da liberdade estava logo ali, discreta e silenciosa, em uma estante velha, mas ele jamais percebera. Viveu o resto de sua vida sendo cego em sua forma de enxergar o mundo. Entre suspiros, suspiros e suspiros de uma escravidão entediante. Se não és livre em tua própria mente, jamais serás propriamente livre. Leia.

Seu cheiro lembrava um amor de verão...

E

le sonhava com ela o tempo todo. Acordado. Dormindo. Parecia que tinha entrado em seu subconsciente e não veria sentido em não mais viver na sua presença. Sua atração era nítida, completa, cósmica. Sentia-se maravilhosamente bem apenas de estar perto. Em cima. Embaixo. Não importava. Quando estava dentro dela,

tinha certeza de que esse era um dos maiores prazeres da vida. Ficava louco quando a pegava. Ela era sua primeira paixão. Seu cheiro lembrava um amor de verão. Mas a estação pouco importava. Ela estava ali. Viva. Linda. Brilhante. O mundo era dela. E ele ainda a amava no inverno, outono, primavera. Obra prima da natureza. Sua grande e eterna amante… Água salgada.

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Crônicas Carolina Abreu Acadêmica do quarto período de Publicidade e Propaganda

Todos estavam enlouquecidos

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e repente todos estavam enlouquecidos, enfurecidos. Passos firmes e direcionados para um destino onde eles não queriam sequer chegar. Mas chegavam. Todos os dias na mesma frequência. E ali ficavam.

E

la se rendera à frieza do mundo. Percebera que as pessoas eram tão geladas quanto um dia de inverno onde o vento dói a pele. Entretanto, era difícil se abrir. Quase impossível desobstruir as paredes que guardavam os sentimentos. Se adaptar ao total desapego virara simplesmente mais cômodo. Assim, ela se desencantava do dia para a noite. As paixões eram rápidas e terminavam antes mesmo de se tornarem, de fato, paixões. Gostava de ver coisas nas pessoas que ninguém mais via.

O Jornal Cobaia, junto com a Agência Integrada de Comunicação - IN, realizou na semana dos namorados uma promoção para quem acompanha a página da IN no facebook. A promoção era simples e bem legal: quem postasse a melhor declaração de amor com a hashtag #publicameuamor, teria sua declaração estampada em nosso jornal, junto com uma foto do casal. Para nossa surpresa, depois da publicação vencedora, o namorado postou uma resposta, e nós resolvemos divulgar as duas declarações aqui no jornal. A declaração vencedora é de Amanda Dames. Confira: proporciona, ou, de todas as pessoas que a vida põe e tira do nosso caminho. Deus te colocou no meu caminho por um motivo e a cada dia que se passa eu tenho mais certeza do porquê. Você chegou no momento eu que eu não acreditava mais que existia amor e que alguém nunca poderia confiar plenamente em outra pessoa. Hoje, eu tenho certeza de que o amor realmente existe, e não só acredito no amor como também eu sinto-o. Saiba que vou estar ao seu lado em qualquer momento da vida, seja ele bom ou ruim. Estarei vivendo dia após dia como se fosse o último e fazendo assim com que cada dia se torne o dia e não apenas mais um dia.

se não mais vivessem disso, pois eles não sabiam o que era viver. Angustiados, depressivos, desesperados, frustrados, ansiosos, apressados… Todos dependentes de um elemento não vivo, feito de papel e que guardavam no bolso.

Rendição

#publicameuamor

Meu anjo, o que falar de você? O que falar de nós? Não vê? Quando penso em você, uma explosão de sentimentos invadem meu corpo. Te encontrar naquela rodoviária não foi mera coincidência. Para tudo que acontece em nossas vidas existe um motivo, existe um porquê. As pessoas entram e saem das nossas vidas constantemente, algumas nos trazem felicidade, outras nos decepcionam. Algumas pessoas conseguem conquistar nossa confiança e outras conseguem perdê-la. Existem vários tipos de pessoas nesse mundo, mas cada uma que entra na nossa vida não entra por acaso. Temos que aprender a tirar lições de todas as situações que a vida nos

Horas e horas fazendo o que não queriam fazer. Viciados, meros viciados. Escravos de uma droga que não botavam dentro de seus corpos. Psicológicamente doentes. Passavam assim sua doença a diante. A vida perderia o sentido

Obrigada por fazer parte da minha vida e me mostrar como a vida é linda mesmo o mundo estando em meio ao caos. Obrigada por me dar a honra de te amar e de te fazer se sentir o homem mais feliz deste mundo. Lembre-se: Eu me apaixono por você todos os dias. Eu amo você! Amanda Dames Já não tenho mais o que falar. Quero viver, sentir, te amar por toda minha vida... Nos achamos aquele dia, e não poderia ser diferente, em algum momento tínhamos de nos encontrar. Estava escrito! Costumo pensar que tudo não passa de um grande

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Um olhar característico e ímpar que tinha sobre tudo. Opinião forte e decidida sobre detalhes que passavam imperceptíveis a outros olhos, mas para ela faziam demasiado sentido. E como. A qualidade de tal olhar era antagônica. Poderia ser algo bom como ruim. Afinal era o que a fazia ficar, mas, na maioria das vezes, também era o que a fazia ir. Porém, não dessa vez. Alguém parecia ser suficientemente mais forte que seu gelo. Alguém conseguira quebrá-lo. Ou esburacá-lo. Ou simplesmente derretê-lo até que chegasse em seu lado

interior quente. Não sabia por quê. Só tinha certeza de que algo fantasticamente indefinível aconteceu desde aquele momento em que se abraçaram pela primeira vez. Foi quando não quis mais sair dali. Era como se fosse um lugar do mundo inexplorável por todas as outras pessoas. Só ela poderia sentir aquilo. E ninguém imaginava o quanto sentia. Ela se rendera à frieza do mundo. Percebera que as pessoas eram tão geladas quanto um dia de inverno onde o vento dói a pele. Entretanto, ele era o sol.

ensaio, pra que esse dia chegasse, pra que pudéssemos viver esse amor da melhor forma possível... e é só isso que preciso, viver esse amor.. é esse meu maior objetivo, sempre foi, e vai ser eternamente! Quero viver ao seu lado todos os dias da minha vida, e fazer deles os melhores. Porque a cada olhar, a cada beijo e cada toque, nossa paixão se renova. Esse amor pra mim é inimaginável. Já disse que você parece ter vindo dos meus sonhos, mas na verdade cada dia que se passa vejo que vai além de tudo o que eu sempre sonhei!! É você minha alma gêmea, minha cara-metade, só você que me completa, é você meu único amor, porque agora te conhecendo é que sei o que é amar, e tenho certeza que nada pode ser mais forte. Não existe prazer maior que estar ao seu lado, te fazer carinho e ver você feliz. É esse meu propósito: te fazer feliz, te proteger e crescer junto de você!! Você é minha luz, meu

farol, estarei do seu lado pra sempre, não importando as adversidades. Sou sim o homem mais feliz do mundo, obrigado!! Espero poder retribuir a altura com todo meu amor e carinho, usarei todas as minhas forças, por toda a eternidade, pra te provar meu amor. Te amo mais que tudo, e sempre será assim! Gustavo Reimann


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Leitura

Itajaí em

C quadrinhos

A cidade é cenário para uma história de suspense, totalmente produzida por um itajaiense

Gabriel Elias da Silva

E

u e meus amigos estávamos sentados na sala de aula, numa quinta-feira à noite, decidindo como faríamos um programa de entrevistas na rádio no outro dia, já que o nosso entrevistado tinha nos abandonado na véspera da gravação. Num momento sem criatividade, eu olhava o

facebook em busca de uma boa pauta para a nossa entrevista, e não apenas uma boa pauta, mas um bom entrevistado que estivesse disposto a marcar uma entrevista da noite para o dia, e comparecer na Univali para o programa. Acho que saiu até fumaça da minha cabeça quando eu me lembrei do lançamento de uma história

em quadrinhos escrita por um itajaiense. A HQ estava sendo lançado naquela hora, no Teatro Municipal de Itajaí. Eu já perdi as contas de quantas aventuras eu passei com meus amigos neste um ano de faculdade: até carro de polícia a gente já perseguiu para ter uma boa história para contar. Decidimos então procurar

Juliano, o itajaiense que estava lançando Lama, uma história em quadrinhos ambientada em Itajaí, mas não na Itajaí que conhecemos hoje, uma Itajaí um pouco menos movimentada e com nada de asfalto: Itajaí nos 60. As histórias em quadrinhos fizeram parte da infância de muitos de nós, os jovens desta geração. No Brasil, começaram a ser produzidas no século 19 e, atualmente, existem histórias para crianças e histórias para adultos. Juliano

meio de uma multidão, sentado diante de uma mesa e canetas, e uma taça de champagne ao seu lado, Juliano sorria para fotos e dava autógrafos. Simpático e simples, com um bom papo e gírias de surfista, Juliano recebeu nosso grupo e, além de autografar o livro que comprei dele, aceitou nossa proposta de vir até a Univali e nos conceder a entrevista, contando o passado, passando pelo presente e indo até o futuro.

Imagens: divulgação

Eu estou aprendendo constantemente, então esse foi o estudo, e estou esperando as criticas para melhorar aquilo que eu deixei a desejar Juliano Andrade Silva

Andrade Silva é um destes criadores de histórias em quadrinhos para adultos. Todo o texto e os desenhos do livro foram feitos por ele. Chegamos ao Teatro Municipal de Itajaí com a missão de conhecer Juliano e o seu trabalho e, quem sabe, convidá-lo para uma entrevista. E deu certo. No

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Itajaí na lama O nome, Lama, faz referência à lama do mangue de Itajaí, além de ter tudo a ver com a situação que o personagem principal do livro passa: “O nosso jornalista vai


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e começou a ler uma revista cheia de desenhos. Juliano se interessou pelos desenhos e ficou impressionado com o que via. Algum tempo depois a mãe dele já estava comprando papel pardo em metro para Juliano desenhar. Ele passava horas deitado em cima do papel, rabiscando. Foi assim que surgiu um desenhista. Ele desenhava Ex-man e Thundercats. Além de surfar e desenhar, Juliano dedicou um tempo de sua vida ao Jornalismo. Ele é quase formado, mas abandonou o curso para trabalhar com desenhos. “Já trabalhei com tatuagem, eu tive

Foto: reprodução Facebook

investigando uma história e vai descobrindo que é cada vez mais sórdida e vai se afundando cada vez mais nessa lama”, conta Juliano. Esse jornalista não é um jornalista qualquer, fruto da imaginação de Juliano. Esse jornalista na verdade é uma homenagem ao já falecido jornalista Renato Mannes, amigo de Juliano. Juliano diz que até agora não descobriu se desenha bem, ainda está aprendendo. Mas ele começou a desenhar em torno dos 5 anos de idade. A história é interessante: um pedreiro estava trabalhando na casa de Juliano, quando tirou a marmita, um café e pão,

Juliano, no lançamento do livro, sorrindo para fotos com amigos, familiares e pessoas que queriam conhecer o seu trabalho

um estúdio de tatuagem durante dois anos. Depois trabalhei com estampas, desenhando estampas, na Colcci, na MCD, e na DIMY, depois parti para os quadrinhos. Fui para uma escola de quadrinhos que é especializada nisso, a Impacto Quadrinhos, em São Paulo, que hoje em dia se chama Instituto dos Quadrinhos. Lá que eu comecei a aprender a desenhar mesmo, porque o meu autodidatismo chegou só num certo nível. É muito difícil conseguir desenvolver o teu trabalho se tu não buscar uma informação, um conhecimento. Treino também, disciplina, isso é muito necessário”, explica. Na área jornalística os interesses de Juliano eram a análise social, antropologia, sociologia. Ele diz que escreve bem, mas o que ele realmente gosta de fazer é desenhar. Ano passado Juliano foi vencedor do Prêmio Fluir de desenho, onde ele fez uma composição de uma onda com o Canto do Morcego, em Itajaí. A ideia para escrever o livro, inicialmente, pode parecer um pouco estranha, mas depois começa a fazer sentido. Ele estava assistindo ao filme Coração Satânico, de Alan Parker. O filme é um suspense policial, ambientado nos anos 60. Juliano diz que a arquitetura do lugar é bem parecida com a arquitetura de Itajaí. Foi aí que ele pensou: “Vou fazer um projeto pra Lei de Incentivo à Cultura, desenhando os prédios antigos de Itajaí nos anos 60. Eu curto desenhar preto e branco. Combina, né, fazer alguma coisa dos anos 60 em preto e branco, eu acho que tem tudo a ver. Eu busquei isso, busquei dar essa entonação para a história”. Desde o início da produção, com as pesquisas de como era a cidade naquela época, até o dia do lançamento, passando pela escrita do roteiro e os desenhos, foi um ano e meio dedicado ao livro. Os desenhos foram feitos no papel, depois escaneados e clareados no

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photoshop. Tudo em preto e branco. Durante esse tempo, Juliano trabalhava no caixa do Clube Itamirim durante a tarde e a noite, e desenhava durante a manhã e um pedaço da tarde. “Nesse tempo todo eu só trabalhei, domingo eu só descansava. Esse foi o problema, é estressante, é cansativo”, desabafa. Mas, quando Juliano pensava em desistir, ele teve o apoio da família, que fez tudo isso acontecer. Juliano agradece o apoio e diz que se não tivesse sido isso, Lama não teria acontecido. “É difícil tomar uma decisão assim de chegar e agora eu vou me largar nisso, eu vou passar um ano internado nesse processo.

A capa do livro

Volta e meia eu falava: eu vou largar tudo, eu vou abandonar. E eles diziam: não cara, como que tu vai abandonar agora? Agora que ta no finzinho? Toca a ficha. Foi esse apoio moral, esse incentivo, que me fez chegar até o final com esse trabalho”. Já pensando no próximo, Juliano tem boas ideias e está fazendo uma pesquisa com lendas urbanas, e vai juntar todas elas para uma próxima história em quadrinhos. No momento ele espera as críticas: “Eu estou aprendendo constantemente, então esse foi o estudo, e estou esperando as criticas para melhorar aquilo que eu deixei a desejar”.


Jurassic C

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Cinema

Crítica ao filme que foi um sucesso de vendas nas bilheterias do mundo inteiro

World Mikael Melo

E

quanto artificial, é possível se emocionar com as primeiras cenas mostrando o local e as atrações. Contudo, certos exageros são notáveis. O dinossauro aquático é um forte exemplo. Falta sutileza na direção do inexperiente Colin Trevorrow. Um produto dessa magnitude deveria ter sido entregue nas mãos de alguém com mais bagagem. O excesso de personagens, em sua maioria clichês, atrapalha o andamento e enfraquece o roteiro. Chris Pratt e seu Owen Grady é o destaque do filme, isso é uma unanimidade. O ator conta com um carisma gigantesco e o roteiro ajuda em seu protagonismo. Não que o personagem exija uma grande interpretação – é o clássico badass amado pelo público. Bryce Dallas Howard fez uma boa atuação, mas o texto não a favoreceu. Claire, uma personagem fria, vai mudando ao longo do filme e no fim se rende ao amor do “bonitão”. Acaba sendo uma visão bem machista, em tempos de Furiosa (Charlize Theron) dominado em Mad Max: Estrada da Fúria. Quando a

ruiva mata um dos dinossauros. As crianças, Gray (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson) não incomodam a narrativa e nem acrescentam, apenas funcionam de paralelo com os irmãos do primeiro filme. Toda a história da separação dos pais é fraca, não contribuindo para o apego aos personagens. Hoskins (Vincent D’Onofrio) um vilão humano bem fraco, que não impõe medo em nenhum momento. Vincent não consegue fugir do estereótipo e entrega uma atuação piegas. Simon Masrani (Irrfan Khan), o proprietário do novo parque não possui metade do carisma de Hammond (Richard Attenborough), do filme original. A produção é muito eficiente no quesito entretenimento, sendo um excelente filme pipoca. Porém, é perceptível como o reboot perdeu na contemplação dos animais e investiu na figura do monstro. O roteiro dificulta a nossa

Banco de imagens/Divulgação

xplicar o sucesso de Jurassic World não é tarefa difícil. Muitas pessoas da geração passada, ou que assistiram aos filmes na infância, voltaram aos cinemas para conferir a ressureição da franquia – o fator nostalgia é tão feroz quanto a Indominus Rex. Muitos pais levaram os filhos e dezenas de jovens foram apresentados ao universo de Jurassic Park. Pela segunda semana consecutiva, manteve o primeiro lugar nas bilheterias americanas, batendo a marca de US$ 1 bilhão no mundo. Esse filme mostra uma tendência para os próximos reboots/remakes de produções clássicas – atualizase o arco dramático da obra original, com personagens e situações diferentes, mas são feitas diversas homenagens e referências. A sinopse do filme é interessante. Mostrar o parque já aberto, sob o ataque de um dinossauro modificado geneticamente. A premissa é muito parecida com a produção de 1993, mas de uma forma megalomaníaca. Apesar de tudo ter se tornado tão grandioso e um tanto

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admiração p e l o s dinossauros. Não foi criada a mesma magia, sentimento que os dois primeiros proporcionavam. Indominus Rex é uma excelente vilã. Toda a tensão criada sobre ela é eficiente, mas a ação de matar por ‘’diversão’’ ficou forçada. No meio de tantos exageros, ficou bem colocado, principalmente por eles não serem 100% fiéis ao personagem de Pratt. O ataque dos dinossauros voadores trouxe a macabra morte da assistente de Claire, Zara (Katie McGrath)

A estrela jurássica é realmente o T-Rex, embora sua participação tenha tido a mesma função do primeiro filme. Sendo o mesma Tiranossauro Rex. Uma das maiores curiosidades em Jurassic World são os efeitos especiais. Vinte e dois anos depois, muita coisa mudou no ramo. Hoje em dia é mais fácil criar os dinossauros computadorizados. Felizmente, não abandonaram os animatronics para as cenas de proximidade, e funcionam muito bem em cena. Dessa vez, usaram muito mais CGI, tornando possível mostrar mais dinossauros. Ganha-se em quantidade, porém perde-se em realidade. Não foram raras as vezes em que foi nítido o teor artificial dos animais. Uma justificativa plausível é terem muito mais tempo em tela que antes. Nos três primeiros filmes, maior parte da tensão era criada pelas atuações, o roteiro e a trilha sonora. Depois de se tornar um sucesso instantâneo, virão continuações. Para alegria dos fãs da franquia, Chris Pratt afirmou que assinou contrato para mais um filme e Colin Trevorrow não dirigirá uma continuação. É improvável que o próximo longa se passe em uma das duas ilhas. O raio já caiu duas vezes no mesmo lugar. A única ponta solta fica por conta dos embriões levados pelo Dr. Henry Wu (BD Wong), deixando um gancho para uma futura guerra entre humanos e dinossauros.


Cinema

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Cultura

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Olhos vidrados na tela imensa, a imaginação corre solta pela sala escura

brasileiro Bruna Costa Silva

O

descoberta tem suas alterações, na década de 60, grande parte das produções cinematográficas no mundo todo vinham trocando o preto e branco pelo colorido. O PB logo iria deixar de ser uma imposição técnica para se tornar opção de linguagem autoral. No Brasil, conforme o site cinemateca brasileira, do Ministério da Cultura, o colorido chegou à telona com o filme “Destino em Apuros”, produzido por Mario Civelli e dirigido por Ernesto Remani em 1953. Quem conta essa história, no mesmo site, é o professor de cinema Máximo Barro: a produção custou uma fortuna e enfrentou mais gastos com o departamento de censura. No fim, acabou não saindo da forma esperada e o dinheiro investido não foi recuperado. O jornalista e crítico Carlos Augusto Brandão acrescenta uma curiosidade à narrativa: “Terminada a guerra, Mario [Civelli] - que já havia trabalhado com Federico Fellini, Mario Monicelli, Lucchino Visconti e outros importantes diretores do cinema italiano – foi contratado pela Companhia de Dino de Laurentis para pesquisar

Curiosidades do cinema brasileiro Em 1973, o Brasil criou o Festival de Gramado, realizado anualmente na cidade de mesmo nome, na Serra Gaúcha. O troféu, conhecido como “Kikito”, é uma figura risonha esculpida em bronze. Até 2014, nenhum filme brasileiro havia ganhado o Oscar de melhor filme estrangeiro. Algumas pessoas comemoram o Dia do Cinema Brasileiro em 5 de novembro, pois essa data, em 1896, marca a primeira exibição pública de um filme em terras brasileiras. A exibição se realizou na cidade do Rio de Janeiro. O filme brasileiro que teve maior bilheteria em todos os tempos foi Tropa de Elite 2 (2011), com público de 11 milhões. locações brasileiras onde a produtora pretendia filmar a história de Anita Garibaldi”. Esse filme não chegou a ser produzido, mas o caminho estava aberto. Tanto que o

pesquisador Antônio Leão da Silva Neto, em Dicionário de Filmes Brasileiros, listou 3.883 filmes de longa-metragem realizados no Brasil desde 1897.

Banco de imagens

Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguraram na Rua do Ouvidor uma pequena sala permanente. A história conta que os dez primeiros anos do cinema brasileiro foram um tanto problemáticos: a precariedade no fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro trazia dificuldades para exibir as fitas estrangeiras e para a fabricação artesanal dos filmes. De acordo com Paulo Emilio Sales Gomes, no artigo Cinema: Trajetória no subdesenvolvimento, a inauguração da usina de Ribeirão Lages, em 1907, impulsionou a abertura de dezenas de salas de exibição no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tendo sido exibido mais de 800 vezes, o filme “Os Estranguladores”, de Antônio Leal, com cerca de 40 minutos de projeção e baseado em fato verídico, é considerado o primeiro filme brasileiro de ficção. Em 29 de janeiro de 1911, a primeira companhia de cinema brasileira foi fundada, distribuindo salas em todo o país, além de reproduzir fitas estrangeiras. Assim o cinema nacional perdeu espaço. Mas como toda grande

Banco de imagens

c i n e m a , considerado a sétima arte, é uma das mais belas formas da expressão humana. Do grego: kinema, movimento, segundo o Aurélio, “é a arte de compor e realizar filmes para serem projetados, ou sala de espetáculos onde se veem projeções cinematográficas”. Em 19 de junho se comemora o Dia do Cinema Brasileiro. A data foi escolhida por ter sido o dia em que Afonso Segretto, descendente de italianos e primeiro diretor de cinema no país, registrou as primeiras imagens em movimento da entrada da baía de Guanabara. O ano era 1898 e Segretto chegava da Europa a bordo do navio francês Brésil. De acordo com o site Cine Eterno, se esta filmagem realmente existiu, nunca chegou a ser exibida. Ainda assim, desde 1970, 19 de junho é considerado o Dia do Cinema Brasileiro. Sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos Lumiére em Paris, em 1896, foi realizada no Rio de Janeiro a primeira sessão de cinema do Brasil. Pouco tempo depois, Paschoal

Affonso Segretto, imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro cineasta no Brasil

Público em frente ao Cine Soberano, no Rio

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Universidade

Trabalhos

C de Curso

Lições que os acadêmicos aprendem com o seu último trabalho na faculdade

T

Gabriel Elias da Silva

aprendizados diferentes. Além de estarem se formando, o mercado de trabalho chama os egressos para mostrarem ao mundo o que aprenderam na universidade e o que são capazes de fazer. Os professores ficam um pouco apreensivos, a família e os amigos se enchem de orgulho e o próprio acadêmico tem orgulho de si mesmo, por tudo o que conquistou até aqui. Rafaela Defreyn está se formando em Relações Públicas. “Nos TCC’s de relações públicas a gente faz um estágio obrigatório dentro de uma empresa, e a partir dessa empresa a gente cria todo um diagnóstico, faz uma análise dela, do ambiente interno e externo, e a partir disso a gente cria um projeto e aplica na empresa”, ela conta. Para o trabalho, ela escolheu o Centro Educacional Cuca Fresca, em Itapema. O projeto aplicado lá é uma mostra fotográfica para comemorar os 20 anos

da escola. A escolha do Centro Educacional se deu porque Rafaela tinha proximidade com a proprietária e, em conversas com os professores da Univali,

ela percebeu que esse não era um tema muito explorado nos TCC’s. “Cicloturismo e a influência na qualidade de vida das pessoas” é o tema do trabalho de Rubens Angioletti, um dos 30 formandos do Curso de Jornalismo. “Como já pratico o cicloturismo, eu comecei a ouvir muitas histórias de pessoas que largaram a cocaína, emagreceram 52 quilos em dois anos, não tiveram mais crises de hipertensão. Pessoas que mudaram completamente de vida só praticando o cicloturismo”, diz. Ele conta que essas histórias motivadoras devem ser compartilhadas. Alguns acadêmicos começaram a imaginar os seus TCC’s desde o começo do curso. É o caso da formanda Flaiane Lizote, de Jornalismo. Ela diz que desde o início

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do curso queria fazer um documentário com um tema que pudesse tocar no coração das pessoas, pudesse fazer as pessoas refletirem. “Depois

Eu aprendi exatamente isso: que eu devo reclamar menos e ser mais feliz

Reprodução Facebook

odo fim de semestre é assim: vários amigos nossos deixam a faculdade para seguir carreira na profissão que escolheram e a que se dedicaram durante tanto tempo. É sempre aquela correria dos veteranos no último semestre. A notícia boa é toda deles: o esforço valeu a pena, o diploma está chegando, agora é só pra frente. No início do próximo semestre chegam os calouros. Novas pessoas, novas amizades e um semestre inteiro pra gente se conhecer e trocar ideias e experiências. Pra fechar o semestre dos nossos veteranos do ultimo período, chega a hora de apresentar-se à banca. Cada trabalho é uma lição diferente, uma experiência nova, e tudo aquilo que se aprendeu no curso é colocado em prática. De todos os lados ouvimos as histórias dos nossos queridos amigos que nos deixam. São situações e

de Conclusão

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Flaiane Lizote que eu comecei a trabalhar no Colégio de Aplicação Univali eu conheci a Mariana, uma criança do 5º ano, deficiente visual. Eu percebia que ela era muito querida por todos, eu via essa superação dela todos

eu desejei contar o cotidiano, dando ênfase na superação e na inclusão dessa criança, e não na deficiência. Na inclusão e na superação a partir dessa deficiência”, ela conta. Dionatas Matheus Florêncio, do curso de Publicidade e Propaganda, começou a imaginar o seu PEPP, Projeto Experimental de Publicidade e Propaganda, no 3º período do curso. “Eu tive a disciplina de pesquisa de mercado e a gente estudou estratégia gay friendly, que é o posicionamento de uma empresa com um público gay, pra ter uma maior aproximação”, explica. PROCESSOS DE PRODUÇÃO Não basta escolher o tema,

A ideia é que a família assista a esse documentário e desligue a televisão se propondo a ter uma melhor qualidade de vida

os dias, sempre feliz, nunca a via reclamando, ou isolada num canto. Então eu comecei a perceber que eu podia contar a história da vida dela, da superação e da inclusão dessa criança. Foi por isso: por ver ela todos os dias no CAU que

Rubens Angioletti nem ter bons motivos pra isso. Ainda existe outro processo até que você esteja realmente apto a ir à banca e pegar o seu belo diploma de formando. Rafaela teve que fazer oito horas semanais na escola: ia duas vezes por semana na


2 parte da manhã. Assim que ela chegou e descobriu que a escola estava prestes a fazer 20 anos, encontrou o que queria: a oportunidade de fazer um bom projeto e também uma coisa relevante pra escola. “Eu achei que ia ser uma coisa bem fácil, acabou não sendo,

correr atrás de muita coisa. Um projeto muito maior do que eu tinha pensado na primeira vez”. Para Rubens, o processo foi um pouco mais simples: “Como eu já tenho a bicicleta e já trabalho com televisão, ao longo do tempo eu fui me preparando. Aí adquiri

O que mais me importou foi saber que a dona da escola gostou [...] da maneira que ela marcou a comemoração destes 20 anos da escola

mas eu tive uma abertura muito grande, mexi em todos os arquivos de fotos, foi bem legal. Teve também a questão da logística, como a escola não tinha uma estrutura legal de biombo, eu tive que correr atrás de apoio, correr atrás de colegas publicitários pra fazer a arte de convites, eu tive que

Rafaela Defreyn uma câmera portátil, depois os equipamentos que eu precisava. Em cada pedalada eu gravava, já registrava. Em casa eu já dava uma préeditada, fazia a seleção de algumas imagens e depois de tudo isso pronto, eu fiz o roteiro e enviei para uma edição fora, para finalizar”.

Flaiane diz que a produção foi bem tranquila. “Eu não senti dificuldades, porque eu me planejei muito: eu sabia as cenas que eu queria gravar. Depois, quando eu tinha as cenas prontas, comecei a fazer a edição, com todas as decupagens, os depoimentos. Claro, a gente sempre tem um pouco de dificuldade em questão de agendamentos, mas, se você se planeja bem, não há dificuldade nenhuma”, ela diz, se sentindo orgulhosa do trabalho que fez. RESULTADOS Quem se esforça sempre espera ver resultados, e aprende alguma coisa. Para os nossos colegas formandos não é diferente. Cada um deles sonha com algo bom para seu futuro. Flaiane pretende que, com esse TCC, as pessoas possam sentir algo diferente. “A gente coloca tanta dificuldade em algumas coisas, ‘não posso por isso’, ‘não posso por aquilo’, vendo ela ali (Mariana, a protagonista do TCC), tocando piano, mesmo não podendo ver, eu quero transmitir isso, que a gente pode ser melhor a cada dia, independente do problema que cada um tem. Eu aprendi exatamente isso: que eu devo reclamar menos e ser mais feliz”. Rafaela gostou do resultado do seu trabalho e dos frutos que ele gerou. “O que mais me importou foi saber que a dona da escola gostou do meu trabalho, gostou do resultado que gerou, gostou da exposição, da maneira que ela marcou a comemoração destes 20 anos da escola”. Ela espera, agora, ganhar mais experiência, fazer uma viagem, expandir suas oportunidades e se jogar no mercado de trabalho. Rubens espera que o documentário sirva realmente para o objetivo que ele foi criado: incentivar e estimular as pessoas a praticar uma atividade física. “O documentário é bem didático:

eu peguei a história da bicicleta, depois os tipos de bicicleta. Tem umas curiosidades sobre como você se equilibra na bicicleta, aí eu fui buscar na física, então tem um físico que explica o efeito giroscópio. Depois entra o psicólogo que explica o que acontece com a gente. A ideia

é que a família assista a esse documentário e desligue a televisão sabendo tudo sobre bicicleta e se propondo a ter uma melhor qualidade de vida”. Agora é encarar a banca e pegar o diploma que, pelo esforço, todos eles merecem.

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Itajaí, junho de 2015

3 Acadêmicos 1 - Flaiane Lizote, 27 anos. 2 - Rafaela Defreyn, 22 anos. 3 - Dionatas Matheus Florêncio, 24 anos. 4 - Rubens Angioletti, 44 anos.

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4 09


Itajaí, junho de 2015

Comunidade

Residencial

C da saúde

Terraço de edifício abriga projeto de horta orgânica

E

que agora ocupa todo o ambiente. Leonardo cultiva alface e tomate. O sistema projetado é o da hidroponia, o cultivo sem solo. Ele suspendeu canos longitudinalmente, sendo que as raízes da alface e do tomate ficam submersas numa solução de água e nutrientes que corre pelos canos, ‘’a técnica é simples, o ciclo reinicia a cada quinze minutos, assim a água não suja e a solução com os nutrientes funciona.’’ Os gastos com a manutenção são baixos, basicamente é o valor da água, nutrientes e do cultivo que ele irá produzir. Os lucros com a produção são satisfatórios e o professor diz estar contente com os resultados obtidos. Mas, por enquanto, não tem pretensão de expandir o negócio. ‘’Ainda estou

estudando para aprimorar as técnicas de produção, agora, vou investir na polinização dos tomates através de abelhas.’’ A esposa de Leonardo, Kimi Pereira, 33 anos, é fisioterapeuta e tem o próprio centro de estética que fica no térreo do residencial. Ela trabalha com Yoga e Pilates. Kimi contou que foi bailarina por mais de 20 anos e se machucava muito. Quando chegou a época de prestar vestibular, escolheu o curso de fisioterapia por ser uma oportunidade de entender seu corpo. ‘’Eu tive a oportunidade de passar seis meses na Índia, lá aprendi sobre o controle do corpo e da respiração. Foi quando tive certeza que queria ser fisioterapeuta, assim poderia ajudar as pessoas a entenderem como funciona seu corpo.’’

Fotos: Juniétty M. Hugen

ntre edifícios e arranha-céus, uma horta orgânica num terraço de 100 m, no Residencial Dona Marina, na Rua 970, em Balneário Camboriú, chama atenção. Mesmo com a vida agitada e não tendo o solo para o cultivo, o professor de estatística do curso de Biologia da Univali, Leonardo Pereira, 33 anos, conseguiu planejar a estrutura adequada para desenvolver seu projeto. ‘’A ideia de fazer a horta orgânica surgiu depois que uma aluna do curso de Biologia em que dou aula, trouxe uma pesquisa feita no Brasil mostrando que 70% das folhas, como a alface, estão contaminadas com agrotóxicos que não são permitidos.’’ Ele iniciou o cultivo em uma pequena área do terraço, depois expandiu a produção

Juniétty M. Hugen

Academia de Pilates, um exercício de alongamento e definição muscular que faz bem para todo o corpo

Cobaia

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O alface, alimento cultivado no condomínio, é rico em vitamina A, C e sais minerais O casal preza por uma vida saudável e destaca que é fundamental o equilíbrio da alimentação e das atividades físicas. Eles têm dois filhos, Hélio e Elisa, que são educados desde pequenos sobre a importância de se viver bem. ‘’O exercício não ajuda apenas no condicionamento físico, ele também alivia as tensões e o stress, influencia no humor e na melhora do cotidiano’’, completa Kimi. A construção civil é uma das principais atividades econômicas de Balneário Camboriú, além disso, a cidade é denominada capital do turismo do Estado de Santa Catarina, com belas praias e pontos turísticos e é bom perceber que, nesta cidade, existem pessoas interessadas em defender seu estilo de vida e construir espaços diferentes. A horta orgânica de Leonardo pode servir de inspiração para que outras pessoas invistam em uma alimentação mais saudável, produzindo o próprio alimento, ou até começando um negócio. Leonardo sentese orgulhoso e feliz pois está fazendo algo de que gosta e acredita. ‘’As pessoas vêm comprar as verduras e os tomates, fico contente pois sempre elogiam a qualidade do alimento que levam para casa.’’


A dor além

Itajaí, junho de 2015

Denúncia

C da morte H

Bruna Bertoletti dos Santos, Mariana Vieira Ricardo e Thamiriz Garcia Campos

as dificuldades para fazer o velório começaram a surgir. Assim que soube da morte do irmão, Josefa acionou o serviço funerário contratado pela família, na cidade de Navegantes. Ao entrar em contato com a concessionária, descobriu que o atendimento estava suspenso no município. “Primeiro falaram que ele teria que ser enterrado em Itajaí porque o carro da funerária não podia entrar em Navegantes. Depois falaram que iam fazer a complementação do convênio. Quando fui liberar o corpo, disseram que teria que pagar R$ 5 mil pelo enterro.”, conta. O que aconteceu com Josefa vem ocorrendo com a maioria dos navegantinos. A empresa São Cristóvão,

que atuava no município até dezembro de 2013, teve a renovação do contrato negada por pendências documentais. Com isso, a prefeitura contratou em caráter emergencial a empresa SC Funerárias, até a abertura da nova licitação. Um ano depois, o que era para ser temporário continua em funcionamento, isso porque o edital licitatório foi suspenso através de uma determinação judicial e, até que seja resolvida esta situação, a concessionária provisória é a detentora do serviço. O problema é que a empresa atuante não é obrigada a aceitar os associados do antigo convênio. O que pode ser feito, é a troca da prestadora do serviço, sem custo adicional, caso isso

Foto: Prefeitura de Navegantes

á mais de um ano, a população de Navegantes vive um impasse no serviço funerário municipal. O rompimento do contrato com a, até então, única empresa do setor na cidade e a demora para execução da nova licitação, tem comprometido o atendimento de quem já possuía o plano funeral. O irmão de Josefa faleceu há algumas semanas. Marcio Amaro Nunes, de 39 anos, sofreu um acidente de trânsito. Após ficar dois dias internado na UTI do Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, ele não resistiu aos ferimentos. O momento, que já era de tristeza, tornou-se ainda mais doloroso quando

Se já não bastasse a tristeza da perda, ainda vem o transtorno e a despesa com o plano funerário

Cemitério Municipal de Navegantes, no bairro Gravatá

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ocorra antes do óbito. Mas, sem acesso a essa informação, muita gente só procura o plano quando precisa e é aí que começa o impasse. A prefeitura de Navegantes, por meio do diretor presidente do Instituto de Previdência Social do município, Jan Ullrich, afirma que cabe à empresa aceitar ou não os planos funerários das antigas concessionárias. De acordo com ele, o novo edital será lançado em breve. “O município pretende nos próximos dias fazer a correção do edital anterior sanando essas partes que a justiça entendeu que era pertinente. A previsão é que dentro de 40 a 60 dias, nós tenhamos a abertura da nova concessão de serviços funerários de Navegantes.”

A empresa SC Funerárias, que atua na cidade de forma emergencial, declarou que não vai se responsabilizar por contratos de planos que não tenham sido alterados para o novo convênio. Segundo Claudio Spindler, diretor da concessionária, ao assumir o funeral sem o plano ter sido trocado, a empresa estaria exposta a grande prejuízo. Enquanto isso, quem acreditava estar assegurado pelo plano funeral do município, precisa agora enfrentar a burocracia inesperada no fim da vida. “O corpo do meu irmão ficou durante dois dias na sala da minha casa. Ele não pagou um convênio durante toda a sua vida para isso”, lamenta Josefa.


Itajaí, junho de 2015

Ação Social

Proteção aos

C animais

Ong de Brusque busca proteger e resgatar animais abandonados ou maltratados

Grazielle Guimarães dos Santos

A

A C A P R A (Associação Brusquense de Proteção aos Animais) é uma organização não governamental que cuida e resgata animais de rua abandonados ou maltratados pelos próprios donos. Surgiu no ano de 1999 como ACAPRA Florianópolis, a primeira associação catarinense de proteção aos animais, logo após foram surgindo outras entidades deste gênero no estado, inclusive a ACAPRA Brusque. Constituída por quinze voluntários que disponibilizam suas casas para abrigo provisório, doam ração, contribuem com dinheiro e também com três clínicas veterinárias, que cuidam e dão abrigo temporário aos animais, a ACAPRA de Brusque tem

impacto tão forte na cidade, que foi capaz de eleger um vereador. Moacir Giraldi, 50, mais conhecido como Moacir da Acapra, elegeu-se tendo como principal plataforma politica a defesa dos animais. Segundo o vereador, hoje a ONG está com cerca de cem mil reais em dívidas e por mais que as clínicas colaboradoras façam preços acessíveis, com até 50% de desconto, os gastos da associação são constantes pela quantidade de animais abandonados na cidade diariamente. Sem sede, a ACAPRA conta com voluntários que disponibilizam abrigo temporário, comida e remédios. Hoje a associação não tem o número exato de quantos animais são resgatados por dia, mas a presidente garante que são resgates diários, com vários níveis de gravidade.

Fotos: Grazielle Guimarães dos Santos

Cachorros são a principal atração das feirinhas de adoção promovidas pela ACAPRA Apesar de em menor número, gatos também são resgatados pela ACRAPRA. Hoje, a prefeitura ajuda a ACAPRA através de um convênio e algumas castrações

a castração masculina mais barata que a feminina. “Estou decepcionado, pois como vereador não posso fazer nada pela ONG, e a prefeitura ajuda, mas não resolve o problema”,

É algo quase indescritível quando se consegue salvar um animal, uma mistura de felicidade, emoção, sentimento de vitória. Louisiane Cunha

Apesar de em menor número, gatos também são abandonados e resgatados pela instituição

Cobaia

de animais. Segundo o vereador Moacir Giraldi, são dois mil e quatrocentos reais de convênio por mês mais as castrações. O vereador relata que a prefeitura ajuda, mas não resolve o problema, pois, só querem castrar animais do sexo masculino, por ser

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relata Moacir. A voluntária Louisiane Cunha, 31, empresária, conta a sensação que é resgatar um animalzinho e faz um apelo aqueles que insistem em comprar animais e não adotam um pet carente. “É algo quase indescritível quando

se consegue salvar um animal, uma mistura de felicidade, emoção, sentimento de vitória. Ver as carinhas felizes, de quem não sente mais dor, fome, frio ou medo, nossa, é algo que não tem preço. Também tem a parte ruim, de quando chegamos tarde demais e já não dá mais tempo de salvar o animalzinho, aí nos sentimos tristes, fracas, impotentes. Mas enfim, fazemos o que podemos e quando não dá, infelizmente, só nos resta nos consolarmos com os que pudemos ajudar. É importante preferir adotar do que comprar animais, só assim conseguiremos lar para todos. Os vira latas são super lindos e exclusivos, difícil de outra pessoa ter um igual ao seu, além de serem carentes, queridos e muito gratos por terem sido salvos, vale muito a pena adotar um amiguinho carente”, afirma a voluntária.


Um contato

com a realidade Gabriel José Fidelis

O

produção (formada pela Univali), Genara Rigotti, que apresentou todo o ambiente. A Notícia, com 92 anos de existência, é um jornal diário editado em versão impressa e online. Desde 2006, quando foi adquirido pela Rede Brasil Sul de Comunicação (Grupo RBS), o veículo tem foco local; mais de 30 mil assinantes e dois milhões de leitores online por mês. Segundo a jornalista Carol Vanzuita, responsável pela plataforma online, o site consegue alcançar os 80 mil acessos por dia. Ela afirma ainda que as colunas de opinião são as mais procuradas

pelos leitores, justamente por conter uma análise de alguém especializado na área citada na matéria. Além de conhecer e conversar com o editor chefe e alguns dos integrantes da equipe do jornal, os visitantes tiveram a oportunidade de escutar os relatos do repórter Leandro Junges sobre a reportagem do acidente na Serra Dona Francisca, no começo do ano. Com a voz às vezes embargada, ele contou como foi a experiência de cobrir a tragédia. Segundo Leandro, o primeiro susto foi o trânsito completamente parado e a

Fotos: Gabriel José Fidelis

s alunos do 1º e 5º período de Jornalismo da Univali de Itajaí tiveram a oportunidade de conhecer a redação do Jornal A Notícia recentemente. A viagem a Joinville, supervisionada pelas professoras Valquíria John e Vera Sommer, ainda incluiu o Museu da Imigração e da Bicicleta. Partindo de Itajaí com um ônibus e uma van por volta das 8h30, a primeira parada da visita técnica foi a redação do jornal A Notícia. No local, os alunos foram recebidos pela editora de

agonia de não ter informações. O repórter já tinha feito a cobertura de diversos plantões policiais, mas, para ele, o acidente foi o mais impactante pela proporção que tomou. “Eu não sabia mais se eu era jornalista, repórter ou alguém do trânsito, eu só queria ajudar”, fala, emocionado. Após a saída da redação, o grupo seguiu para o Museu Nacional de Imigração e Colonização, um casarão antigo inaugurado em 1961 que expõe materiais de famílias europeias. Um lugar calmo e silencioso, onde os visitantes podem se transportar para aquela época. A terceira parada dos estudantes foi a Estação da Memória, um prédio de 1906, onde está localizado um auditório, um memorial logo na entrada e algumas salas de exposição. Perto da estação, se pôde conhecer o Museu da Bicicleta (Mubi), lugar que servia como ponto de cargas e que agora abriga uma exposição de bicicletas antigas. “Aqui a gente volta ao passado”, observa João

Itajaí, junho de 2015

Viagem

C

Alunos do Curso de Jornalismo conhecem e trocam experiências com jornalistas profissionais

Cassiano, que trabalha há seis anos no museu. Durante a viagem, os alunos puderam absorver diversas informações importantes para levar para a vida acadêmica. Beatriz Ferreira (20), estudante do 5º período de Jornalismo entrou no curso pensando em trabalhar no jornal impresso, e para ela a visita à redação do jornal A Notícia foi muito interessante. “É a realidade, não é algo pomposo e bonito como a televisão e por isso eu gostei”, comenta. Elaíse Cidral (21), estudante do 7º período de Jornalismo, comenta que uma visita técnica acrescenta muito ao conhecimento, pois os estudantes podem conhecer de verdade o que é estudado dentro da faculdade, ou seja, ver a parte técnica aplicada na prática. Para ela, todos os lugares que foram vistos tem uma história, então é necessário parar, pensar e viver aquele momento para poder entender o que está vendo. “Toda viagem só é legal para quem se abre para aproveitála”, argumenta a estudante.

Deu na Revista Imprensa Sobre a compra de “A Notícia” pela RBS, veja o que publicou em agosto de 2006 a Revista Imprensa: “Com mais esta aquisição, o Grupo passa a ter oito jornais diários, 26 emissoras de TV aberta, duas emissoras locais de TV, 26 emissoras de rádio, dois portais de internet, uma editora, uma gravadora, uma fundação e mais três empresas (logística, marketing e agronegócios). [...] SC segue a mesma trilha de monopolização do RS - no Rio Grande do Sul houve processo semelhante de incorporação dos concorrentes e de monopolização do mercado.”

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Itajaí, junho de 2015

Tabu

Liberação da

C maconha

A proibição ou liberação do uso da maconha é fonte de longas discussões, e a pergunta final é sempre a mesma: libera ou não libera?

Bruna Costa da Silva

A

na mente das pessoas, eu me considero um viciado em maconha sim, porque depois que a pessoa descobre como é bom, ela vai querer sempre fazer de novo, existem vários tipos de maconha, depende muito do lugar, mas tudo é maconha, tudo chapa, é meio parecido, mas, cada baseado é uma viagem, a maconha é um vício que gira como todos os outros, quando dá a crise,ela fica mais cara também, pra mim, a definição de fumar maconha é ficar alegre, relaxado, em paz com a vida.” Maconha, não Conhecida como “Maconha, Não”, uma campanha vem sendo desenvolvida por meio de palestras e eventos em vários estados, entre eles Paraná, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal. Essa campanha é liderada por uma comissão contra a legalização da maconha e outras drogas, exceto para fins medicinais

devidamente regulamentados pela sociedade. O acadêmico Maicon Renan de Paula, 18 anos, Jornalismo 1º período, revela o que pensa sobre a erva. “Não sou a favor da legalização da maconha, primeiramente porque o uso exagerado dela causa malefícios a saúde sim, e em alguns casos pode levar à dependência, não vejo uma necessidade da legalização, até porque isso não traria o fim do tráfico da maconha. Para o uso medicinal são retiradas algumas substâncias dessa planta, ou seja, a maconha (conjunto de substâncias) não é remédio e sim parte dela. Acho mais correto afirmar que substâncias encontradas na maconha são benéficas à saúde e não a maconha em si. Porém não acho que a maconha seja um mal à sociedade, o mau uso dela traz consequências direta ou indiretamente, até porque se fosse, seria “culpa” de nós, seres humanos e não da maconha.” Conforme a lei nº

Foto: marchadamaconha.org

liberação da cannabis sativa ou maconha ainda é considerada uma ameaça e atualmente é um assunto muito debatido pela mídia brasileira. A maconha, usada como alucinógeno, também tem propriedades medicinais e seu emprego é defendido até em passeatas. Conhecida como “Marcha da Maconha”, a mobilização em favor da liberação da erva para consumo e fins medicinais teve início em 1998, encabeçada pelo ativista Dana Beal. Os manifestantes foram às ruas em defesa da legalização e contra a repressão ao usuário. A luta, segundo os organizadores do movimento, é pela liberdade de decidir o que fazer com o próprio corpo. Adson Guilherme, 18 anos, mecânico de automóveis, e usuário regular da cannabis sativa há 5 anos, tem uma visão peculiar quanto ao uso da erva: “Eu acho que a maconha deveria ser descriminalizada

Marcha da maconha - Rio de Janeiro, novembro de 2012.

Cobaia

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11.343/2006, de 23 de agosto de 2006, os usuários de drogas podem se expor a penalidades, como: prestação de serviços à comunidade, medida educativa, comparecimento a programa ou curso educativo e multa para quem armazene ou porte pequena quantidade. A planta A cannabis sativa é uma planta conhecida pelo homem há muito tempo, possui adaptação a quase todos os climas do globo terrestre e diferentes solos. Conhecida pelos seus efeitos alucinógenos, os que usufruem da erva relatam como o uso dela traz relaxamento, paz e faz ver o mundo de uma forma mais lenta e apreciar cada momento. Não existe comprovação de quanto tempo pode durar o efeito da droga, varia muito da quantidade e do organismo. Mas, até mesmo os que são a favor, admitem que o uso dela em condições mentais não muito favoráveis pode causar

o efeito “Bad”. Isso mesmo, dependendo do grau, leva a alucinações como estar sendo perseguido, ter falta de ar ou achar que está imobilizado, isso tudo porque ela mexe com o cérebro e faz com que a pessoa perca a noção da realidade e acredite que aquilo tudo está realmente acontecendo. Em meio a tantas controvérsias, está provado cientificamente que o uso da maconha pode trazer benefícios e malefícios. Empregada tanto em rituais por povos indígenas, quanto por celebridades como Paris Hilton, a maconha segue no centro das discussões. Existem ong’s e blogs que discutem o assunto, e países como o Uruguai já legalizaram o uso, mas com restrições:os usuários têm de estar registrados num cadastro específico e o limite máximo a ser adquirido por vez é de 40 gramas. Apesr da legalização no país vizinho, o assunto, mesmo lá, continua a despertar polêmica.


Autismo C

Itajaí, junho de 2015

Saúde

Acadêmica de fonoaudiologia explica a importância do trabalho de fonoaudiólogos no tratamento do autismo

Lara Karina Soares, com orientação da professora Fonoaudióloga Juliana Bastos

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atuais (DSM-5), o Transtorno do Espectro Autista se caracteriza como um déficit persistente na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, entre os quais se destacam: dificuldade na interação social, déficit quantitativo e qualitativo de comunicação e linguagem, padrões de comportamento restritos e repetitivos. Estes sinais muitas vezes passam despercebidos nos primeiros anos de vida e uma das maiores dificuldades em se diagnosticar o autismo reside justamente na falta de informação. Mesmo o autismo não tendo cura é de extrema importância o diagnóstico precoce, pois, quanto mais cedo a criança for diagnosticada, melhor será a sua evolução na terapia. Geralmente o tratamento é multi e interdisciplinar, porém destaca-se que diante dos sintomas de linguagem fica evidente a necessidade da presença do profissional fonoaudiólogo na intervenção da criança autista, sendo que este profissional desenvolve um trabalho voltado às características específicas de cada sujeito com o objetivo de estimular a linguagem nos seus diferentes aspectos. Pode-se dizer que a ação da terapia fonoaudiológica

Foto: www.remerterapias.com.br

autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que afeta a capacidade da criança de se comunicar, se relacionar e de responder ao ambiente que a rodeia. Atualmente, a sua incidência encontra-se estimada em 01 portador para cada 1000 nascimentos, sendo mais frequente no sexo masculino do que no feminino. De acordo com os critérios

2 de abril - Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, foi criado pela ONU em 18 de dezembro de 2007, com o desejo de alertar as sociedades e os governantes sobre esta síndrome, ajudando a destruir preconceitos e a esclarecer dúvidas. No Brasil, o Dia Mundial do Autismo é celebrado com palestras e eventos públicos que acontecem por várias cidades brasileiras. O objetivo é o mesmo: ajudar a conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o Autismo e como lidar com a situação. Nessa data, vários pontos turísticos do país são iluminados de azul, cor que simboliza o Autismo.

é fundamental no autismo, já que as alterações de linguagem e de comunicação, presentes no quadro clínico, são estruturadoras da constituição do sujeito. A base do trabalho terapêutico deve ser concebida de modo que o terapeuta direcione sua prática clínica tendo em vista as condições necessárias para favorecer o acontecer humano daquele que chega em busca de atendimento. O fonoaudiólogo deverá fazer a intervenção precoce e continuada, trabalhando a linguagem do autista e capacitando-o a compreender,

realizar demandas, fazendo com que a sua comunicação em geral evolua satisfatoriamente. A terapia fonoaudiológica em crianças autistas tem como objetivo principal o desenvolvimento da comunicação nos aspectos receptivos e expressivos. Estimular o contato ocular, a capacidade de imitação e compreensão das situações de comunicação, são alguns objetivos de terapia. Avaliações periódicas devem ser feitas para encontrar as melhores abordagens e reestabelecer as metas de cada criança.

Curiosidades sobre o autismo - O autismo é parte de um conjunto de condições chamado distúrbios do espectro do autismo (DEAs). - O questionário de Avaliação do Autismo contém 40 perguntas e é aplicado em crianças de quatro anos ou mais para avaliar as habilidades sociais e comunicativas. - A terapia comportamental, também chamada de intervenção comportamental, é o tratamento mais usado contra autismo. - Aproximadamente 40% das crianças com autismo não falam. Outros 25% começam a falar entre os 12 e 18 meses, mas logo perdem a habilidade da fala.

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Itajaí, junho de 2015

I V ” s i f r e P o d “Tecen Por Olga Luísa dos

F

Santos

Interesse de aprender e solidariedade para ensinar

alar sobre a vida profissional com uma mulher tão à frente de seu tempo me faz desvendar um perfil marcado por vigor e perfeccionismo. Num fim de tarde de sextafeira, sentadas em volta da mesa da cozinha, Odete Grippa Bononomi começa a me contar parte de sua vida. Aos 63 anos, é vaidosa e jovial. As unhas compridas pintadas de vermelho, os cabelos cor de cereja e as gargantilhas deixam-na ainda mais feminina. O som baixo da TV faz trilha de fundo a nossa voz. Na família de Odete, a carreira profissional começava cedo e geralmente dentro de uma indústria têxtil. Ter entre 15 e 16 anos era idade suficiente para o pai, trabalhador da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, conseguir vaga para os filhos dentro da empresa. Ainda “menina-moça”, foi trabalhar lá. No setor de fiação, Dete era responsável pela rocadeira. Quando se completaram seis anos de carteira assinada, Dete decidiu casar. Como regra das indústrias na época, toda mulher que tomasse a decisão de se tornar esposa seria exonerada de suas funções. Assim, todas as mulheres que se casavam eram demitidas e, caso tivessem alguma irmã, ela entraria no lugar. Dete foi substituída pela irmã, Goretti. Ao sair da Renaux, conseguiu uma vaga de emprego no antigo Banco Besc, localizado no Centro da cidade. Lá, fazia a limpeza das salas e servia café aos funcionários do estabelecimento. “Eu amava trabalhar lá, era minha alegria. Porque eu convivia com as pessoas, então aquilo pra mim era um paraíso”, gesticula, como se quisesse justificar o sentimento e a vontade de voltar no tempo. Foram 13 anos de amor e dedicação. Quando alguém faltava, conseguia fazer tranquilamente as funções do administrativo. A vontade de aprender e de crescer dentro da agência bancária fez Dete tentar o concurso público. O resultado, porém, não trouxe alegrias. Mesmo tendo sido aprovada, uma carta de notificação sobre a falta do diploma de conclusão do

Cobaia

Ensino Médio impossibilitou a promoção. Dete desanimou: “Aí eu pensava assim: meu Deus! Vou me aposentar com o quê? Um salário mínimo? Porque lá eu ganhava só o salário. Então isso me incentivou a sair e procurar um lugar pra eu ganhar mais”. Em 1987, logo que saiu do Besc, passou na Schlösser e preencheu uma ficha. Em três dias foi chamada para trabalhar. Nos primeiros momentos dentro da fábrica, Dete se define como um pássaro preso em uma gaiola. Diferente da agência, onde tinha flexibilidade de horários, na indústria, as oito horas de trabalho eram dentro da seção, de frente para uma máquina. “Eu já sabia que era um lugar pior, lá [no banco] eu tinha uma vida bem diferente, boa, tanto é que eu chorei acho que mais de uma semana, logo que entrei”. Dois mundos completamente inversos. Voltar a estudar e tentar novamente nas agências bancárias não era mais possível. Casada, não tinha mais horas livres à tarde e à noite. Mesmo tendo trabalhado na Renaux, nunca havia visto o setor de remedição. Teve que aprender tudo desde o início. Sentada em uma banqueta de frente para a máquina, colocava um papel desenhado, que indicava as cores e o modelo do tecido. Era a partir daquele rascunho que Dete sabia quantos “quadros” precisava para fazer uma imagem. “Tinha tear com dez quadros, com nove, com quinze, conforme o desenho, aumentava a quantidade de quadros”. Esses quadros eram formados por um conjunto de liços, pequenos objetos que lembram uma agulha, porém, com um buraco mais largo no meio. Dentro dos liços eram passados os fios. O método se assemelha ao utilizado nos teares de tapetes. Com o desenho já planejado, enquanto alguém segurava os fios, outra pessoa manualmente passava o pente: muito parecido com uma agulha, porém, sem o orifício, o pente – como revela o nome - se parece com aquele mesmo que usamos no cabelo, só que este é feito de metal Depois de pronta, a matriz era encaminhada ao tear.

Atenciosa, puxava fio a fio entre os liços para não se perder. No fim do dia, com dor nas costas, chegava em casa, deitava na cama e imaginava o que fazer para não sentir mais desconforto, e de que forma poderia otimizar o tempo de serviço. Mas, outra pergunta ainda povoava as noites insones: como não se perder em meio a uma imensidão de fios e cores, cada vez que viesse um novo desenho? Então, Dete pensou em usar algo que indicasse o ponto onde estava remetendo. Com um objeto semelhante a um clips, ou a uma tampa de caneta, fixado em cima do fio e da cor que estava trabalhando, o lapso de visão não a faria se confundir e começar tudo de novo. Depois de melhorar o método, Dete ensinava aos novos colegas de trabalho o jeito mais fácil de remeter. “Quando entrava alguém lá eu já ensinava direito, porque eu vi que foi ruim pra mim aprender”. Mesmo assim, eram poucas as pessoas que permaneciam por muito tempo na seção. No primeiro turno, das três máquinas do setor, apenas duas trabalhavam. Dete e a amiga Doralice estiveram por anos juntas, uma motivando a outra para enfrentar o dia a dia. “Éramos só nós duas de mulher, tinham três máquinas, mas dificilmente alguém aguentava nessa terceira”. A complexidade do serviço exigia muito dos profissionais. Não bastava produzir, era necessário cuidado para que nada desse errado. Dete ressalta que trabalhava no seu ritmo. Para ela não adiantava fazer tudo muito rápido e depois perder duas ou três horas dentro da tecelagem, consertando os erros cometidos na remedição. “Eu fazia devagar, mas eu fazia certo, tinham alguns contramestres que entendiam isso, mas tinham uns que não”. Como Dete é canhota, não era fácil trabalhar em uma máquina em que a maior parte do serviço precisava ser feita com a mão direita. Doralice como destra ajudava na passagem do pente. Quando o pente era da esquerda para a direita, Dete puxava primeiro. Se fosse da direita para a esquerda, era a vez de Doralice dar “uma

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Com essa fórmula, Odete Grippa Bononomi construiu uma carreira na indústria têxtil brusquense mãozinha”. Com o tempo, desenvolveu coordenação nas duas mãos, e enquanto com a esquerda manuseava os liços, com a direita segurava os fios. Antes de a empresa apresentar os sintomas da crise, a seção em que trabalhava foi terceirizada. Dete trabalhou nove anos terceirizada. Em janeiro de 2010, pediu uma licença da empresa para cuidar da mãe que havia quebrado quatro costelas e não podia mais ficar sozinha. Naquele período, a falta de produção provocou a paralisação dos funcionários, que permaneciam durante horas dentro da fábrica sem produzir um rolo de tecido. Vendo a dificuldade da empresa, e precisando cuidar da mãe, Dete solicitou uma dispensa, se colocando à disposição para voltar caso melhorassem as condições de trabalho. “Então eu pensei: vou ficar em casa, vou cuidar da minha mãe, me dedicar mais a ela. Graças a Deus que eu fiz isso, porque em 2011 ela morreu. Então tive aquele um ano e pouco para estar com ela aqui perto, cuidando dela. Foi tudo certinho no meu tempo”. Nos últimos meses, por conta da crise, teve o salário atrasado. Mas, como era contratada por outra empresa, recebeu a rescisão e os direitos trabalhistas. A decisão de se afastar da empresa foi pensada com a razão e com o coração. Não seria tão difícil ficar sem trabalhar, já que Dete estava aposentada fazia 14 anos. Mesmo recebendo o benefício, era preciso permanecer trabalhando. O sonho de reformar a casa não poderia ser realizado apenas com a aposentadoria, o salário

da Schlösser veio para complementar a renda da família. Dete explica indignada sobre sua aposentadoria. Com 27 anos e oito meses de carteira assinada, requereu o benefício que foi aceito pelo INSS, mas, sem conhecimento, não sabia que se completasse 30 anos de registro poderia receber um salário cheio. Por isso, precisou continuar na Schlösser. “Aí eu trabalhei até conseguir fazer a minha casa”. Não era só a necessidade de trabalhar que fazia Dete acordar todos os dias às 3h. Alguns momentos são recontados com grande estima. Ela relembra as missas de ação de graças celebradas todos os anos na última semana de novembro. Era o único dia do ano em que toda a fábrica parava durante uma hora. Em meio ao canto dos corais, as máquinas silenciavam e se ouviam apenas as orações de padres católicos e luteranos, rezadas dentro do parque fabril. Outros benefícios também eram oferecidos, como a disponibilidade de médicos na enfermaria em frente à fábrica, e os reforçados cafés que eles dispunham aos funcionários. Hoje, passar em frente à Schlösser traz boas recordações, mas, aguça sentimentos em Odete de que ela não gosta. “Eu tenho muito tristeza de ver aquilo fechado. Porque quantas pessoas hoje estariam lá trabalhando se aquilo fosse bem. Se fosse pra eu trabalhar na Schlösser, se não tivesse fechado e se estivesse bem, eu estaria lá trabalhando, eu não estaria em casa, porque eu gostava do que eu fazia. Foi um desafio, eu agradeço, valeu a pena”.


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