Jornal Cobaia 110

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CIENTÍFICO

Cobaia #110 | Setembro | 2011 | Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo - Univali

TOMADA PRA QUÊ?!

Alimentação Yin Yang Próximo passo negado

Dieta macrobiótica rica em cereais busca o equilíbrio entre corpo e mente | 03

Guillain-Barreé faz com que o corpo ataque os tecidos saudáveis e impeça os movimentos do paciente | 07

Medicina esportiva| 13


E

ditorial

www.cerino.com.br

Valquíria Michela John val@univali.br

Os acadêmicos buscaram, ainda, mosCostumamos dizer que uma das atribuições do jornalismo científico é con- trar que as ciências não se restringem ao tribuir para a alfabetização científica da universo da física, biologia ou matemátisociedade. Ciente de que nem todas as ca, mas que uma atividade que está ali ao pessoas têm acesso ao conhecimento que é nosso lado também passam por exaustiva produzido nas universidades e demais ins- pesquisa, ou, em última instância, buscam tituições que desenvolvem pesquisas, cabe o objetivo maior da ciência: a melhoria da ao jornalista auxiliar nessa tarefa de difu- qualidade de vida. Embora nossa intenção seja sempre a são dos saberes das ciências, em toda a sua de trazer a diversidade de temáticas e de diversidade, impacto e alcance social. Esta premissa pauta a disciplina de Jor- ciências para que este universo, ao mesmo nalismo Científico do curso de Jornalismo tempo tão fascinante e por vezes tão disda Univali e a produção semestral de um tante de nosso cotidiano, possa ser visto como parte da vida de jornal Cobaia focado todos nós, nesta edinesta temática busca ção enfocamos a pauta sempre trazer a nosda saúde. Nosso prinsa contribuição para cipal objetivo é o de a democratização do Ciências não se contribuir para o esacesso ao conhecirestringem ao universo clarecimento e para o mento. estímulo a práticas de Empenhados da Física, Biologia ou vida mais saudáveis. nessa tarefa, os aluE já que falamos nos do 3º. e 4º. peMatemática de saúde, não poderíríodos do primeiro amos deixar de lado a semestre de 2011 fosaúde de nosso próprio ram aos laboratórios, planeta e procuramos escritórios, consultóentão provocar nossos rios, ruas, gabinetes leitores para a reflexão e vários outros locais em busca, justamente, de trazer a você lei- quanto à importância da adoção de hábitos tor um pouco mais desse mundo por vezes de vida mais saudáveis, sejam eles indivitão distante do nosso dia a dia que é do duais ou coletivos. É o que buscamos ofefazer científico. O que os alunos buscam é recer a você leitor nesta edição. Esperamos mostrar que a ciência está presente na vida ter alcançado nossa meta. Boa leitura! de todos nós.

Cobaia

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIVALI

Editor Participaram desta Edição Sandro Lauri Galarça Reg. Prof. 8357 MTb/RS Alan Vignoli, Ana Maykot, Bárbara Caroline Bernardo, Bruna Andressa Osmari, Bruna Caroline Editora deste número: Froehner, Danúbia Melo, Evelise Laís, Felipe Adam, Valquíria Michela John Gabriela Florêncio, Gabriele Elene da Silva, Jéssica Gamba, Manuela Perrone Marques, Maryá da Silva Projeto Gráfico/Capa Dobner, Monike Furtado, Paulo André Staack Alves, Sandro Lauri Galarça Phamela Cristina Hinhel, Rodrigo Ramos, Stefani Ceolla de Moraes, Tamiris Sibele Schlegel e Tatiana Estagiária Sandri da Silva. Raquel da Cruz Agência Integrada de Comunicação - IN


Alimentação Yin Yang A dieta macrobiótica é rica em cereais e busca o equilíbrio entre corpo e mente

Bruna Andressa Osmari bruosmari@hotmail.com

Tamiris Sibele Schlegel tamiris.sibele@hotmail.com

A busca pelo equilíbrio do corpo está associada à qualidade de vida, o termo “Alimentação Saudável” pode significar muita coisa, desde a busca por um corpo ideal, até a prevenção de doenças. Todos os dias, inúmeras revistas estampam suas capas com promessas de dietas milagrosas, alimentos que prometem emagrecer ou que fazem bem para algum tipo de deficiência do organismo. No meio desta enxurrada de informações, uma forma diferente de se alimentar chama a atenção das pessoas, a Alimentação Macrobiótica. Muitos a denominam dieta, ou apenas alimentação, porém, para quem incorporou a cozinha macrobiótica ao seu dia-a-dia, ela é sinônimo de filosofia de vida. “Você se sen-

te mais leve, a digestão fica muito mais fácil, ela traz algo muito bom ao seu organismo, realmente transforma”, conta Vânia Scherer, 67 anos, de Itajaí e seguidora da alimentação macrobiótica há sete anos. Os resultados são sentidos tanto física, quanto psicologicamente, guiados através do princípio Yin e Yang, que busca equilibrar as forças do corpo, harmonizando-o. A nutricionista Jacqueline Fernandes, de Portugal e especialista em Inovação Alimentar e Saúde pela Universidade do Porto, explica que a palavra macrobiótica deriva de macro (Grande) e bios (Vida), e significa “Grande Vida”, no sentido de que é uma concepção da vida, orientada para o equilíbrio e longa duração dos indivíduos. Como uma atitude consciente, procura ajudar o organismo a integrar-se ao sistema ecológico a que pertence, favorecendo as suas características naturais de vitalidade. “Eu sou natureba, quer dizer que eu sou seletiva com aquilo que eu vou comer. Quanto mais alimentos naturais você come, melhor pra você”, explica Vânia. Bruna Osmari

Vânia, 67 anos, adepta da alimentação macrobiótica há sete anos.

O regime alimentar aparece na macrobiótica como parte fundamental do prolongamento de vida, com mais saúde, sem doenças e desequilíbrios orgânicos e psíquicos. Corresponde a uma alimentação exclusiva, ou quase exclusiva, de produtos naturais, que são os vegetais silvestres ou cultivados sem adubos, pesticidas e adjuvantes artificiais e, de preferência, na região em que as pessoas vivem, explica a nutricionista. A filosofia chinesa do Yin Yang rege esta dieta que, de acordo com a nutricionista Enir Franke, de Três Passos, e especialista em nutrição química pela UFPR, estes elementos visam equilibrar os alimentos que contém qualidades destas duas forças da natureza, opostas, mas complementares. O Yin representa o lado flexível, fluído e mais frio da natureza e o Yang o lado forte, dinâmico e mais quente. Para ela, todas as pessoas possuem um misto de elementos yin e yang como também os alimentos. Luiz Razzini, 79 anos, de Itajaí, incluiu a alimentação macrobiótica ao seu cardápio há vinte anos. “Procuro dentro deste processo macrobiótico, fazer aquela famosa refeição colorida, me alimento há tantos anos com alimentos macrobióticos porque me sinto muito bem”. Com a popularização deste novo estilo de vida, surgiram estabelecimentos que visam dar apoio àqueles que seguem a macrobiótica, oferecendo uma cozinha especial, com produtos naturais. Em Itajaí, o restaurante Macrobiótica Eden, localizado no centro da cidade, surgiu há vinte anos, com uma proposta de mudar os hábitos das pessoas quanto à alimentação. “Essa alimentação é rica em nutrientes, há uma variedade de saladas, pães, bolos e sucos, que além de satisfazer as pessoas, as torna mais saudáveis e contribui para o seu bem-estar físico e mental”, conta Maria Maldrug, proprietária do restaurante e adepta à dieta. A macrobiótica está ligada não só ao corpo, mas ao espírito. Os estudiosos acreditam que os alimentos que

http://www.nelsonavelar.com/macrobiotica/macrobiotica_artigos_pamb.htm

ingerimos, tem o poder de controlar as nossas emoções e, à medida que nos adaptamos a esta alimentação, o corpo entra em sincronia com a mente. Para isso, as duas forças Yin e Yang devem andar juntas, uma complementando a outra. Segundo Jacqueline, pessoas que procuram se alimentar mais de alimentos Yin (açúcar, centeio, café, leite, iogurte, ervas e temperos), tendem a ser mais calmas e criativas, porém, em excesso, pode provocar dispersão, confusão, tendência para a depressão, falta de apetite e de energia. Já os alimentos Yang (carnes vermelhas, aves, peixes, queijos e sal), deixam a pessoa mais ativa, alerta e cheia de vitalidade, mas se usados em excesso, podem causar tensão, irritabilidade, impaciência, agressividade e excesso de apetite. Os principais alimentos que compõe esta dieta são cereais integrais (arroz, cevada, aveia, trigo, milho, centeio, etc), legumes frescos, frutas (preferencialmente da época), leguminosas (feijão azuki, grão-de-brico, lentilha, etc), frutas secas e sementes (amendoins, nozes, castanhas, avelãs, etc), óleos (soja, girassol, oliva, etc), temperos (sal marinho, gengibre, mostarda) e peixes. Os benefícios são vários e variam de pessoa para pessoa, mas incluem redução

do colesterol e diabetes, regula o trânsito intestinal e reduz o risco de obesidade, explica a nutricionista Jacqueline. A macrobiótica tem como objetivo equilibrar os alimentos de acordo com cada pessoa e suas necessidades. A adaptação à alimentação macrobiótica pode ser diferente para cada pessoa, tudo depende de se adequar aos novos hábitos alimentares que ela exige, comenta a nutricionista Enir. Para Vânia, esta transição foi fácil, simplesmente uma questão de criar o hábito. “No almoço, dou prioridade a saladas e frutas, que tiram metade da minha vontade de comer. Passei a comer corretamente, porque eu não comia muito, mas, errado”. Adaptar-se a este estilo de vida pode ser um desafio, mas pode valer muito a pena, como foi para Vânia. “Eu estou comendo bem melhor do que eu comia, não passo fome, como o que gosto e emagreci”. Ao optar pela dieta macrobiótica, o indivíduo deve fazer esta transição gradualmente, e, para aqueles que acham a macrobiótica um tanto rígida, há a possibilidade de apenas incorporar certos alimentos ao seu cardápio. Buscar a orientação de um nutricionista é essencial, sempre observando como o seu organismo reage, para que corpo e mente possam alcançar o equilíbrio.


Remédio natural Especialistas e entidades se posicionam sobre efeitos positivos do sorriso no tratamento hospitalar

Felipe Adam felipe.adam@hotmail.com

Quando chega ao recinto, a pessoa já está abatida. A impressão é de que todos os seus problemas não terão solução. As paredes refletem o jaleco dos médicos. O cheiro dos medicamentos impera no ambiente rodeado por macas, enfermeiras e pacientes. Ao contrário do que muitos pensam, em um local mais reservado, cerca de 20 adultos não se deixam abater. Na ala de oncologia do Hospital Santo Antônio, em Blumenau, o ambiente é descontraído. E alegre. Deitada, logo na entrada da sala, Maria Fátima observa atentamente a movimentação das enfermeiras. Ao conviver com o câncer há um ano e dois meses, a mulher de 52 anos conta que ficou em estado de choque quando soube do diagnóstico: “Primeiramente o médico da Policlínica disse que eu tinha apenas dois meses de vida. Foi algo sem explicação, uma sensação de vazio tão grande”. Maria também descreve, emocionada, que já perdeu o cabelo em duas ocasiões: “Quantas vezes eu pego a escova pro cabelo, ou só passo a mão, e percebo que não tenho mais. Dá uma sensação de tristeza, como se fosse uma agressão ao corpo”. Mas confessa que o período que passa no hospital não é torturante: “Aqui não tem rico, não

tem pobre, o tratamento é igual. A nossa autoestima melhora”. Uma das atividades que colabora na recuperação dos pacientes é a visita semanal dos personagens do Projeto Sorriso, projeto social sem fins lucrativos do curso de Medicina da Furb – Universidade Regional de Blumenau. Mariana Fernandes, co-fundadora e atual presidente do projeto, conta que o Projeto Sorriso leva em conta a humanização no atendimento dos pacientes, tão abordada no início do curso: “O trabalho clown consiste em algo sensível, não é simplesmente colocar um nariz de palhaço, roupas coloridas com objetos exagerados. Requer um treinamento intenso e cuidadoso”. Enquanto o personagem do projeto cria um animal com diversos balões, Maria Fátima ensina que se a pessoa se fechar, a doença toma conta. E é o que a também paciente Adriana pensa. Devido ao câncer ter se alojado na tíbia, a jovem de 24 anos precisou amputar um membro inferior e conviver com a enfermidade por três anos. Segundo ela, o que lhe ajuda a ter força é sua filha de três anos. Adriana lembrou que sua mãe sofreu bastante: “Eu era a mais forte da família”. Há quase dois meses, o Brasil perdeu um político que ensinou muitos a não desistir. José Alencar, nos seus quase 80 anos, enfrentou 17 cirurgias em 13 anos de tratamento. Paulo Hoff, médico especialista em oncologia e também médico de Alencar, afirmou em reportagem da Felipe Adam

revista ISTOÉ, do dia 6 de abril que o ex-vice-presidente sempre teve uma grande vontade de viver e uma resistência maior do que a média das pessoas. “Ficamos amigos e posso dizer que aprendi muito com ele”.

Felipe Adam

Religião e Psicologia Nos três casos apresentados, os pacientes atribuem a resistência à fé, ou seja, a crença num Ser transcendente, denominado por muitos como a presença de Deus. No caso de José Alencar, “o ex-vice-presidente rezava nos últimos meses de dois a três Pai-Nossos por dia”, conforme noticiou a ISTOÉ. Para o Pároco da Catedral São Paulo Apóstolo, em Blumenau, Padre João Bachmann, Alencar sofria com a solidão interior. Para não se sentir abandonado, segundo Bachman, o político usava a fé como consolo: “Ele estava passando por um dilema de muito sofrimento. Você nasce e morre sozinho”. Ao ser indagada sobre sua crença em Deus, Maria Fátima responde confiante: “Já estou curada. Só falta o tratamento, que é um complemento. Vou conseguir, pois Ele é perfeito”. Padre Bachmann acrescenta que a fé pode transformar a doença em saúde: “O caminho da fé te ajuda a crescer mais”. Na mesma linha de pensamento, a psicologia e a religiosidade tendem a uma mesma visão. Aurino Ramos Filho, professor do curso de Psicologia da Univali, analisa que a tríade da tradição cristã é a fé, a esperança e o amor: “A esperança que vou melhorar potencializa a minha própria condição”. Pesquisador da temática da espiritualidade e religiosidade, Aurino também ensina que, assim como o acolhimento, o cuidado e o perdão, o sorriso é um dos ingredientes para a melhora: “Tudo isso nos leva a ter saúde. Não por acaso, todas as tradições dizem isso”. Ambos concluem que o sorriso cura. Aurino afirma que o sorriso é a capacidade do ser humano de reagir. A alegria produz endorfinas, que geram prazer ao indivíduo: “Quem tem senso de humor, por exemplo, tem menos hipertensão”. Na mesma lógica, o sacerdote João Bachmann complementa: “O sorriso contagia o ambiente, transformando num local feliz, harmonioso e de bemestar ”.

Projeto Sorriso Criado em agosto de 2005, o projeto é formado por 31 voluntários e atende oito instituições no Vale do Itajaí. Inspirados no filme “Patch Adams – o amor é contagioso”, o Projeto Sorriso surgiu em função dos conhecidos “Doutores da Alegria”, com sede em São Paulo. Reginaldo Rocha de Sousa e Fabiane Morales Polli estão há cerca de um ano no projeto e ambos se sentem realizados: “Tento, com este projeto, agradecer tudo que eu tenho”, explica Reginaldo. Na pele da personagem Dra. Polly, Fabiane conta: “Sempre digo que quando coloco o nariz, a gente se transforma”. Quem quiser conhecer melhor este trabalho, basta acessar: www.projetosorriso.net.

Apae Não é só de hospitais que o sorriso vive. O bem-estar pode ser proporcionado de diversas maneiras e é em locais como a Apae, que o resultado também se torna positivo. Em torno de duas vezes ao mês, a Apae de Blumenau promove um dia de lazer em que as alunas fazem maquiagem, pintam as unhas e lavam o cabelo: “O objetivo é promover a autonomia, casado com o aumento da autoestima”, diz Dolores Fanton Franzoi, orientadora pedagógica da entidade em Blumenau há 12 anos. Sua irmã, Maria Fanton Meneghetti, exerce a mesma função há 15 anos, porém, atuando na Apae de Rio do Sul. Além das oficinas de reciclagem, de padarias e de tapetes, o que mais chama a atenção nas duas entidades é a “cinoterapia”. Maria explica que a atividade é feita com cães, com o quais os alunos trabalham suas dificuldades ao interagir com o animal: “É um estímulo a mais para os alunos, promovendo assim o bem-estar ”.


Vai nascer Mães escolhem o parto domiciliar na água para evitar os transtornos de um hospital Wiliam Jose Koester

Ana Maykot aninha.maykot@gmail.com

Tatiana Sandri da Silva tati_sandri@hotmail.com

Hora do parto. A mãe permaneça em casa, dentro de uma piscina, comendo chocolate ao som de Bob Marley. Impossível? Para Ana Paula Bazi, não. Jornalista e assessora de imprensa da Universidade do Vale do Itajaí, Ana Paula tem 26 anos e há um ano e oito meses deu à luz a pequena Pietra. Em casa, rodeada por quatro enfermeiras, ficou cinco horas em trabalho de parto. Ana escolheu fazer o parto domiciliar sem o acompanhamento de um médico. Ela contratou a ajuda da “Equipe Hamani”: um grupo de enfermeiras com especialização em obstetrícia, de Florianópolis, que pratica partos domiciliares em toda a região desde 2003. A gestação de Ana foi acompanhada por elas a partir dos sete meses. O “parto na água” é uma alternativa para as mamães que querem ter seus bebês em casa. Trata-se de um método em que, na hora do parto, a mãe é colocada dentro de uma pequena piscina ou banheira com água morna – o que ajuda a relaxar e diminuir a dor – e ali permanece com as contrações, dilatação e todo o trabalho de um parto normal. O procedimento pode parecer semelhante ao de um hospital, mas para quem já sentiu na pele, é muito diferente. “A sensação de segurança é indescritível. Você solta das mãos do médico e acredita no seu poder... é um direito, uma escolha sua do que será melhor pra você e pro seu filho. A gente se sente uma guerreira, mais mulher, poderosa!” garante Ana. A modelo brasileira Gisele Bündchen também optou por este método domiciliar. Na banheira de sua casa, ela concebeu o primogênito Benjamim, fruto do casamento com o jogador de futebol americano Tom Brady. Em entrevista ao Fantástico, em 31 de janeiro de 2010, ela falou à repórter Juliana Morrone que queria muito ter um parto em casa, que essa era uma maneira de viver intensamente a hora do nascimento: “Eu queria estar muito consciente e presente no que estava acontecendo, eu não

queria estar dopada, anestesiada”, disse a modelo na ocasião. A enfermeira-chefe da equipe Hamani, Iara Silveira, alerta que o parto na água pode ser perigoso para as gestantes que têm pressão baixa, pois não é aconselhável ficar por muito tempo dentro da água quente. Além disso, quem escolhe este método deve estar ciente de que qualquer alteração, que não seja considerada normal, pode levar as enfermeiras a encaminhá-la para um hospital. O material necessário para o parto é levado pelas próprias enfermeiras, porém, a medicação fica restrita a casos de emergência e o alívio de dores é feito exclusivamente com técnicas naturais, como massagem.

Opiniões e conflito Entre os médicos, as opiniões sobre o método se dividem. Enquanto o obstetra Marcos Leite – ginecologista em Florianópolis, presidente do REHUNA, Rede pela Humanização do Parto e Nascimento e parceiro da Euipe Hamani – apoia a ideia, defendendo que "Cesárea não é parto, é cirurgia!"; outros médicos alertam para os riscos de se ter o bebê em casa. É o que pensa o também obstetra Lírio Eing. O médico até se diz a favor do parto na água, pois, apesar de não comprovado cientificamente, muitas gestantes já o convenceram do conforto da técnica, mas os métodos domiciliares é que não lhe agradam. “O parto em casa não oferece uma estrutura para o caso de uma complicação. Além disso, o método é diferente, mas os riscos são comuns a qualquer parto. Por exemplo, se o cordão umbilical envolver o pescoço da criança, em um ambiente médico se tem uma estrutura e os equipamentos necessários para o atendimento.” Se o método divide a opinião dos médicos, imagine a das mães. Marina de Moraes tem 25 anos e está grávida de cinco meses. Desde o início da gravidez ela já tinha certeza de que queria um parto normal, mas quando foi apresentada ao parto domiciliar na água, se assustou. “Mas, como todo o material vai ser trazido para dentro da minha casa? O parto na água pode ser feito no hospital? Iara Silveira explica: “Nós levamos tudo que é essencial para um parto. Se ela não gosta da idéia, indico também o nosso ‘acompanhamento ao parto hospitalar’. Em parceria com o

Especialistas não entram em consenso quando o assunto é parto natural e em casa médico da mamãe, nós vamos para a casa da gestante quando ela entrar em trabalho de parto e acompanhando a progressão das contrações, batimentos cardíacos e dilatação do colo do útero, dentro ou fora da água, como ela escolher. Quando este trabalho está estabelecido (com aproximadamente 5cm de dilatação), acompanhamos a futura mamãe até a maternidade onde o parto acontecerá, e damos continuida-

de ao atendimento, junto com o obstetra”, explica. Atualmente, o valor para o atendimento de um parto domiciliar da Hamani custa R$ 3.870,00 – as enfermeiras fazem visitas semanalmente a partir de 37ª semana de gestação; no parto, levam todo o material para a assistência da mulher e do recém-nascido e no pós-parto são realizadas cinco visitas para o acompanhamento da amamen-

tação. Se a gestante optar pela presença do médico obstetra no parto domiciliar, é acrescido o valor de R$ 1.500,00. Para quem quer fazer o acompanhamento ao parto hospitalar, a equipe cobra R$ 1.500,00 (somente a parte da equipe de enfermagem, não contabilizando neste preço o valor da clínica e do médico). O preço de um parto hospitalar, com pagamento particular, pode variar de R$ 1.800,00 a R$ 3.500,00.


Uma doença silenciosa As hepatites podem não apresentar sintomas e, em dez anos, já infectaram mais de 250 mil brasileiros

Rodrigo Ramos rodrigo.w.ramos@hotmail.com

Danúbia Melo adanumelo@terra.com.br

Quem vê Felipe dos Santos*, da cidade de Brusque, diariamente, não sabe muito da história dele. O dia a dia do rapaz de 21 anos é normal. Ele acorda, se prepara para pegar o ônibus que o leva à faculdade de Direito, volta pra casa, faz seu estágio durante a tarde e à noite desfruta de um tempo livre para as demais atividades. No entanto, há algo de diferente nos dias de Felipe. Ele possui o vírus da hepatite B em seu organismo. Apesar de ter o vírus, Felipe não se abala e, para ele, isso não muda em nada suas atividades diárias. Ele adquiriu a hepatite durante uma das transfusões de sangue que recebera durante o tratamento de um câncer quando tinha 10 anos. Mas, só descobriu que possuía o vírus em seu organismo cinco anos depois de ter curado o câncer, em outubro de 2006. A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser provocada por diversos fatores. Ela pode ser causada por abuso de bebida alcoólica, pelo uso de drogas, ou até mesmo por utilização de algum remédio que pode causar reações, como por exemplo, a destruição do fígado. A hepatite mais conhecida é a viral, que é transmitida de uma pessoa para a outra. São cinco tipos diferentes de hepatite viral. As mais comuns, contudo, são as hepatites A, B e C. No entanto, casos da A são cada vez mais difíceis, “porque ocorrem, especialmente, pela falta de higiene e saneamento básico, se enquadrando numa transmissão fecal-oral”, explica o médico infectologista Ricardo Alexandre Freitas, 43 anos, responsável pelo tratamento dos pacientes com hepatite nas cidades de Brusque e Gaspar. Já a B e a C são as que possuem um número maior de infectados. Isso porque os modos de transmissão são mais fáceis. O médico lembra que elas podem ocorrer através do sangue, contato sexual (na C, esta forma é mais difícil) ou em compartilhamento de objetos não esterilizados devidamente, como seringas em usuários de drogas ou alicates em manicures. As formas de prevenção não são difíceis. O que falta é um

cuidado maior das pessoas. Ricardo alerta que não é apenas no compartilhamento de agulhas que mora o perigo. Ele lembra que os vírus das hepatites B e C podem viver até sete dias fora de um corpo biológico. Ou seja, ele pode viver no frasco de tinta de um tatuador, numa tesoura e até mesmo no esmalte. A enfermeira Elaine Weirich, 30 anos, relembra que o Ministério da Saúde, em 2010, fez uma campanha para que os tatuadores e manicures cuidassem dos seus instrumentos de trabalho. Para Ricardo, seria ideal “se cada cliente tivesse seu kit ou que o estabelecimento tivesse uma autoclave”. O médico ainda ressalta que a hepatite é dez vezes mais fácil de pegar do que o vírus da AIDS, pois este não sobrevive fora de um ambiente biológico. Apesar de existir várias fontes de informações confiáveis sobre a hepatite atualmente, Elaine, a enfermeira que cuida dos pacientes de hepatite em Brusque, diz que as pessoas não são bem informadas em relação à doença. “Como a hepatite é uma doença silenciosa, as pessoas podem ter e ser assintomáticas. Tem muita gente que tem e nem sabe. Não é comum os médicos pedirem o exame de hepatite em consulta de rotina”. Além das campanhas, o governo ainda fornece a vacina contra a hepatite B. Para ficar protegido, é necessário receber três doses. Ela está disponível para todas as pessoas menores de 20 anos e para aqueles que têm mais risco de pegar o vírus como, por exemplo, sorospositivos para o HIV, transplantados, profissionais do sexo, manicures, doadores regulares de sangue. A vacina de nada adianta caso a pessoa já tenha contraído o vírus. Atualmente, existem 350 milhões de pessoas com o vírus em todo o mundo, segundo dados do Laboratório Roche. O infectologista Ricardo Freitas conta que “o próprio organismo costuma curar a hepatite A, enquanto a B também tem um percentual (70%) daqueles que se curam sozinhos (neste caso, quando ela ainda é aguda e não avançou para o estágio crônico)”. com relação aos casos em que não se curam sozinhos, 20% deles correm o risco de evoluir para cirrose e carcinoma. “A possibilidade de cura é discutível”, mas o tratamento faz com que cirrose e câncer sejam possibilidades remotas. “A hepatite C é uma encrenca”. Com o tratamento atual, a chance de cura é de 40% a 70%. O tratamento da hepatite B

se dá através de um comprimido diário por mais de dois anos. A hepatite C tem um tratamento de seis meses e outro de um ano. Pode ser por injeção uma vez por semana e por comprimido, de três à cinco compridos diariamente, todos eles prescritos e com acompanhamento médico. Como a hepatite de Felipe é a B, seu tratamento é feito através de comprimidos. Desde o início deste ano ele recebe o medicamento gratuitamente, já que o tratamento para as hepatites B e C é fornecido pelo Estado. Para ter acesso a eles, há um protocolo a ser cumprido. Há uma série de exames, anotações do médico, receita médica que são enviados para Florianópolis onde a ação será analisada. Com o processo aceito, o Estado envia a medicação para a regional de saúde e, em seguida, entrega para o paciente. *Nome fictício para preservar a fonte.

Casos de hepatite aumentam no país Em 2011, o Ministério da Saúde tem o objetivo de aumentar em 163% o número de vacinas contra a hepatite B. Isso porque o número de casos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, especialmente a do tipo B. Segundo números oficiais no Ministério, a hepatite A atingiu, entre 1999 e 2009, 124.687 pessoas, com 50% dos casos confirmados nas regiões Norte e Nordeste. A hepatite B, no mesmo intervalo de tempo, registrou 96.044 casos e 5.079 óbitos. Em 1999 eram 473 casos do contágio e em 2009 o número subiu para 14.601. Já a hepatite C tem 60.908 casos acumulados, resultando em 14.076 mortes. A hepatite D é a de menor incidência, com 1.605 casos e 227 mortes. Apenas na cidade de Brusque, são 259 pessoas com hepatite B e 70 com hepatite C. Em Santa Catarina os números são os seguintes: Hepatite A: 2.500 Hepatite B: 18.500 Hepatite C: 8.700 Hepatite D: 19

Fonte: Ministério da Saúde


Próximo passo negado

A Guillain-Barreé faz com que o corpo ataque os tecidos saudáveis e impeça os movimentos do paciente

Bárbara Caroline Bernardo barbara-bernardo@hotmail.com

Manuela Perrone Marques manuella.perrone@hotmail.com

Desde fevereiro deste ano, o aposentado Antônio Luiz Perrone, 65 anos, faz fisioterapia para recuperar sua independência motora devido às sequelas da Síndrome de Guillain-Barreé. Em todo o mundo a Síndrome tem incidência anual de um a quatro para cada 100.000 habitantes, e é praticamente desconhecida entre a população brasileira, assim como era para Antônio. “Não tínhamos um diagnóstico completo. Ele só piorava e a cada hora surgia um resultado diferente”, conta Adriana Perrone Marques, filha de Antônio. A Guillain-Barreé pode demorar de três a nove dias para se manifestar, sendo o nono, o de pico, quando a doença está no seu estágio mais elevado. No caso do seu Antônio, os sintomas se manifestaram em apenas um dia e progrediram rapidamente, por isso, no início a doença foi confundida com um acidente vascular. O primeiro diagnóstico foi descartado por um cardiologista e encaminhado para a área de neurologia. No mesmo dia, seu Antônio perdeu todos os reflexos do corpo e somente através de um exame específico a Síndrome foi confirmada. O neurologista Rodrigo Ramos, do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, que atendeu o caso, atribuiu a principal causa da Guillain-Barreé a infecções alimentares. Estes tipos de caso ocorrem em até 60% dos pacientes. Eles, geralmente, apresentam alguma doença precedente, e sendo uma síndrome um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma condição de saúde, são várias as possibilidades que elevam o número de casos da Guillain-Barreé na região do Vale do Itajaí. De dezembro a fevereiro o número de pessoas com sintomas da doença aumenta. O calor é propício para que os alimentos adquiram um prazo de validade mais curto, e mesmo assim sejam ingeridos pela população. O neurologista afirma que o problema é a falta de condições sanitárias adequadas nas próprias casas, restaurantes, bares, mercados, onde nem sempre as condições de conservação dos alimentos são feitas corretamente. Reações pós-virais também

podem ocasionar a GuillainBarreé, comum nas campanhas de vacinação. Os efeitos colaterais como indisposição, febre e calafrios podem desencadear a doença. Em um trabalho desenvolvido para conclusão do curso de Medicina em 2004 na Universidade Federal de Santa Catarina, pela acadêmica Silvia Dobes Raymundi, a relação das vacinas a Síndrome de Guillain-Barreé já era questionada. O efeito colateral da vacinação contra a gripe para idosos tratado neste trabalho exemplifica a Guillain-Barreé através do Informe Técnico para a Campanha de Vacinação do Idoso, publicado pelo Ministério da Saúde em 2002. A campanha apontava que pode ocorrer um caso de Guillain-Barreé a cada um milhão de vacinas aplicadas, apesar da dificuldade de identificar com certeza o agente desencadeante da Síndrome. Um dos casos mais recentes é o aparecimento da Síndrome após pacientes terem recebido a vacina contra a gripe H1N1. Em um comunicado emitido pela American Academy of Neurology (AAN), especialistas disseram que, embora eles não esperem que a vacina contra H1N1 de 2009 aumente o risco da doença autoimune, esta é uma preocupação com qualquer vacina contra pandemias.

Entenda como a síndrome age Sendo uma doença neurológica, a Guillain-Barreé ocorre quando o corpo em uma reação autoimune, detecta uma contaminação. Os anticorpos pequenas proteínas membros da família das imunoglobulinas, que atacam bactérias, vírus e outros invasores externos – começam a detectar na bainha de mielina dos nervos algo semelhante à cápsula de uma bactéria ou vírus. “É como se o sistema de defesa do organismo não reconhecesse mais o próprio corpo. Ele deixa de combater apenas inimigos, como vírus e bactérias, para atacar células ou tecidos saudáveis do organismo”, explica o neurologista Rodrigo Ramos. A bainha de mielina é uma substância gordurosa que cobre os axônios (extremidades dos neurônios) e seus feixes. Não apenas atua como um bom isolante, como é estruturalmente desenhada para promover a liberação rápida e eficiente de um impulso nervoso. Os anticorpos precisam atacar a mielina para chegar ao vírus ou à bactéria. É assim que o corpo age quando é atacado por uma doença autoimune como a Guillain-Barreé. Eles desmielinizam o nervo e destroem esta

Manuella Perrone Marques

Eletroterapia faz parte do fortalecimento muscular para pacientes da Guillain-Barreé capa protetora, que não volta a sua perfeição, gerando dormências, pouca ou nenhuma sensibilidade e um processo que necessita de muito cuidado para voltar à estabilidade. Entre as cinco pessoas que estavam internadas no mesmo quarto de Antônio, uma chamou mais atenção. Juarez, morador da cidade de Itajaí, também era um paciente que sofria da Síndrome de Guillain-Barreé. “O caso do senhor Juarez teve uma evolução lenta. Ele ficou totalmente paralisado e a família dele não tinha disponibilidade de ficar no hospital”, conta o neurologista Rodrigo Ramos que também acompanhou este caso. O médico afirma a importância da contribuição familiar para uma boa recuperação. A autoestima do paciente já estava baixa e não ajudou na reabilitação. Os medicamentos também são indispensáveis para o tratamento da Guillain-Barreé. O acompanhamento é feito através de doses de hemoglobina humana, que é uma overdose de anticorpos selecionados. Para fazer uma grama de imunoglobulina humana é preciso em torno de mil doações de sangue, por isso, o preço deste medicamento custa está em torno de R$1.300. O tratamento com doses de hemoglobina humana e o controle regular do coração e da pressão durante os onze dias que seu Antônio passou no Hospital Marieta, fizeram com que ele pudesse voltar para sua casa em Itapema. Mas, uma nova etapa com sessões de fisioterapia devido à hipotrofia (células lesionadas por estarem diminuindo e pela falta de nutrientes), flacidez de membros inferiores, da visão dupla e da queda da pálpebra foram indispensáveis. Cinco vezes por semana de se-

gunda a sexta o fisioterapeuta Andrei Batista aplicava exercícios para facilitar o cotidiano do paciente. “Começamos com hidroterapia composta por técnicas como Hall Wick, que visa dar independência individual para pacientes com enfermidades neurológicas, alongamentos e treinos de equilíbrio especiais para pacientes com sequelas da Guillain-Barreé.” Com a evolução do quadro clínico, o tratamento fisioterapeutico foi redu-

zido. No inicio da enfermidade o paciente tinha necessidade de uso do andador, mas, o sucesso devido ao desempenho melhorou suas condições motoras. “A família foi uma parte fundamental na minha recuperação, as pessoas estavam todos os dias ao meu lado, e se revezavam nos turnos do hospital. Hoje, retornei praticamente com a minha vida normal, e voltei a correr na areia da praia como sempre fiz”, se orgulha Antônio.

Conheça os sintomas Só este ano 15 casos de Guillain-Barreé foram encaminhados ao Hospital Marieta Konder Bornhausen. A maioria dos pacientes percebe a doença através de dormências pelo corpo, fraqueza geralmente ascendente, nos pés, pernas, tronco e respiração, e a diminuição ou ausência dos reflexos de forma progressiva. De acordo com Ministério da Saúde, a Síndrome de Guillain-Barreé é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, e costuma atingir principalmente pessoas entre 20 e 40 anos de idade.

Mayo Foundation for Medical Education and Research


Espe

Tomada pra quê?! A energia limpa ajuda no abastecimento energético e contribui com a economia

Monike Furtado monikeluize_@hotmail.com

Gabriela Florêncio gabii.florencio@gmail.com

O chuveiro elétrico está queimado há um ano e meio. Mas as gotas mornas ainda saem dos buraquinhos, graças à energia solar. O sorriso no rosto de Fabíola Maestri estampa a satisfação com a implantação dos coletores solares. Desde que se mudou para o bairro Promorar III, em Itajaí, a água da casa de Fabíola é aquecida através da captação da luz do sol. O chuveiro elétrico que está estragado nem precisou arrumar. E o filho de Fabíola tem apenas 7 anos já sabe como aproveitar o calor vindo do sol: um banho de banheira prolongado. Foram gastos R$ 463 mil. O bairro, visto de cima, é um

aglomerado de casas com um diferencial: um painel no telhado. Os painéis solares foram doados pelo Programa de Eficiência Energética – ProCeleficiência da Celesc em parceria com a Cohab Companhia de Habitação do Estado de Santa Catarina. O painel capta a energia solar e a água aquecida é usada no chuveiro, cozinha ou qualquer cômodo que precise. A economia na conta de luz dos lares chega a 50%, de acordo com os moradores do bairro. Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energias Renováveis da Greenpeace Brasil, acredita que atitudes sustentáveis não são comuns no Brasil. Os coletores solares são os mais utilizados, por serem a alternativa mais barata e popular. Porém, o professor Martinho Machado Júnior, do Laboratório de Recursos Energéticos da Univali, mestre em engenharia química, alerta que por causa das baterias a energia solar não pode ser

A casa com dispositivos automáticos para a sustentabilidade Monike Furtado

considerada totalmente limpa. Toda bateria precisa ser descartada causando sérios danos à água e ao solo se não for descartada corretamente, devido aos metais tóxicos. As baterias precisam ser levadas aos fabricantes, para serem reutilizadas. Sergio Palhares Júnior é consultor da empresa alemã Centrotherm Photovoltaics AG, e diz que na Alemanha o programa de incentivos a negócios familiares de produção de energia é bastante ativo. No início, o governo comprava a energia produzida pelas famílias em casa por um valor 50% mais caro, vendendo a energia com uma tarifa superior a que o governo vendia na rede convencional. “A população acaba aproveitando os programas de incentivo para fazer disso um negócio promissor ”, afirma o professor Roberto Lamberts, do Laboratório de Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina.

A energia que vem do sol Do sol também se pode produzir energia elétrica. Este é o trabalho dos módulos fotovoltaicos. A partir do processamento do silício, material abundante na natureza, obtém-se as células fotovoltaicas. Os raios solares são captados e provocam deslocamento de elétrons, o que gera uma diferença de potencial elétrica, os Volts. Uma célula fotovoltaica pode gerar aproximadamente 3,9 Volt. Uma placa fotovoltaica de 45 W gera por dia energia suficiente para uma lâmpada fluorescente de 9 W ficar acesa durante 60 horas.

Monike Furtado

Aproveitamento da água da chuva Do telhado, a água cai na calha e é envolta em um tubo. Os primeiros 120 litros são descartados por causa da poluição do ar e dos resíduos. A água é aproveitada para a lavagem de roupas, piso e carros, para descarga do vaso sanitário e irrigação de horta. Em casa, você pode começar com uma parte dos telhados, assim o custo é menor. Monike Furtado

Tratamento da água Um jardim diferente enfeita a Casa Eficiente. Dois tanques fazem o tratamento da água. No tanque 1, são tratadas as águas do banho e da lavagem de roupas. As raízes da espécie nativa de junco (Zizanopsis bonariensis brás) plantadas no tanque fazem o tratamento, com ajuda de uma peneira. Já o tanque 2, trata as águas do vaso sanitário e da pia da cozinha através de uma fossa séptica e também da raiz de junco. Após tratadas, as águas do tanque 2 vão para a rede de esgoto.

Aquecimento da água No chuveiro e na cozinha o papel de aquecer a água é feito pelo sol. Os coletores solares também ajudam na climatização. O sistema de aquecimento instalado nos rodapés deixa a casa quentinha no inverno com a circulação de água quente. Comece instalando para aquecer a água do chuveiro*. Isto reduz cerca de 45% da conta de luz. *Um coletor solar custa em média R$ 340. Monike Furtado

Geração de energia elétrica A UFSC e a Eletrosul desenvolveram o projeto “Casa Eficiente”. A construção e planejamento da casa foram pensados de acordo com as condições climáticas da região de Florianópolis e modificados para melhor aproveitar energia e água. A casa funciona há cinco anos e pode acomodar uma família de quartro pessoas. Apesar de ter um custo superior a uma construção comum, algumas iniciativas podem ser usadas em seu próprio lar.

A geração de energia é feita com o sistema solar fotovoltaico*. No inverno, a energia da rede é necessária. O painel foi instalado no telhado central, de onde se tem a melhor inclinação de latitude. Fique atento à latitude de seu telhado, isto irá determinar funcionamento de suas placas fotovoltaicas. *Um painel fotovoltaico de 50 watts custa em média R$ 860.


ecial Um projeto com a luz do sol

Nem só vento vem da brisa Os cataventos que brincávamos quando crianças hoje têm uma função muito mais nobre. Inspirados no brinquedo, os parques eólicos utilizam aerogeradores de três pás para captar a energia através do movimento das massas de ar. Para que a energia seja considerada aproveitável, é preciso que a turbina esteja há 50 metros do chão e uma velocidade mínima do vento de 8 m/s. Os ventos ainda não são potenciais geradores de energia em todo o Brasil porque nem todas as regiões possuem as condições adequadas. Marcelo Mohr, Engenheiro de Estudos Energéticos e de Mercado da Eletrosul, diz que a região com maior potencia eólica é a região nordeste. Em Santa Catarina algumas atitudes empreendedoras foram impedidas por questões ambientais, não sendo liberadas pelo IBAMA. Em Imbituba, a 96 km de Florianópolis, uma usina eólica não foi construída devido ao alto fluxo de migração de pássaros na região. No entanto, outras usi-

Raios solares para se movimentar Vento, sol e um barquinho para navegar. Imagine usufruir dessa combinação sem poluir a água. Pensando nisso, uma equipe de alunos da UFSC projetou e construiu o Vento Sul, em 2009. Com a ajuda de patrocinadores, o barco elétrico foi edificado para ser sustentável. A energia é produzida através de módulos fotovoltaicos. O Vento Sul atinge uma velocidade média de 11 km/h. Ele venceu o Desafio Solar Brasil 2009 realizado na cidade de Paraty (RJ). Os alunos não queriam parar por aí. A sede por novas vitórias motivou o aperfeiçoamento. Tassio Simioni, estudante de engenharia química e integrante do projeto, conta que as melhorias foram vistas ao longo da primeira competição. Assim, nasceu o Garapuvu, o segundo barco sustentável da UFSC. O principal diferencial: substituir a fibra de vidro usada no casco por fibra de carbono, propiciando maior leveza e velocidade. A embarcação estava pronta para a competição mundial de barcos solares, realizada na Holanda em 2010. Apesar de não ser o primeiro colocado, o Garapuvu foi reconhecido como o mais leve da competição, atingindo a velocidade de 18 km/h.

nas como a de Bom Jardim da Serra, instalada em 2002, na serra catarinense, puderam ser construídas. A usina tem energia para abastecer uma cidade como Blumenau, com 350 mil habitantes. Destaque também para o parque eólico de Osório, no Rio Grande do Sul, capaz de produzir 150 MW, sendo a maior usina eólica da América Latina. Você se interessou pela produção de energia eficiente? Segundo Baileto, para produzir energia em casa, você

precisa falar com a Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL. Após comunicar a ANEEL, a empresa que faz a distribuição de energia na sua região precisa ser informada para então você poder pedir uma licença de produtor. Isto, porque o Brasil ainda não possui uma legislação quanto às energias renováveis, sua produção e venda. Projetos de lei desenvolvidos pelo Greenpeace e outras organizações já estão em votação na Câmara de Deputados.

A Eletrosul lançou no mês de abril o projeto Megawatt Solar. O prédio da sede da empresa e o estacionamento, em Florianópolis, serão cobertos de módulos fotovoltaicos. O que for produzido servirá como fonte de energia para a empresa e também será comercializado. Esse piloto será um ensaio para a utilização de energia fotovoltaica na Copa de 2014. O professor Ricardo Rüther, do Laboratório de Energia Solar da UFSC, pós-doutor em sistemas solares fotovoltaicos, assegura que se os resultados do projeto Megawatt Solar forem favoráveis, a implantação começará nos estádios Governador Magalhães Pinto – o Mineirão, em Belo Horizonte (MG), o estádio Jornalista Mário Filho – O Maracanã, no Rio de Janeiro e de Pituaçu, em Salvador (BA). Os módulos solares instalados na Eletrosul devem gerar, em média, 1,2 GWh por ano, o que equivale ao consumo anual de cerca de 680 residências. Monike Furtado

O problema da distribuição de energia no Brasil Baitelo lembra o caso do apagão, em 2009, para dar ênfase que o Brasil precisa descentralizar o processo de produção da energia. Por enquanto, para não acontecer mais apagões, a distribuição e transporte de energia precisam melhorar. “Se, por exemplo, fosse diminuída a carga da Itaipu e energias complementares fossem instaladas haveria menos probabilidade

de apagões”. Em regiões atingidas por catástrofes naturais, Baitelo diz que as energias limpas seriam a alternativa mais sensata. Assim, passado o desastre seria mais fácil religar ao sistema de energia, por estar mais atrelado à atureza. Isto poderia ter ajudado na reconstrução do Japão, no ano passado ou Santa Catarina em 2008, por meio da distribuição de energia.

O que rejeitamos também vira energia O lixo produzido dentro de casa pode virar uma fonte eficiente de energia. Tudo começa com a separação dos resíduos. Somente lixo orgânico deve ser encaminhado aos aterros sanitários. A decomposição desses resíduos produz chorume (líquido poluente) e gases (metano – CH4 e dióxido de carbono CO2). O metano é responsável por 27% dos gases poluentes responsáveis pelo efeito estufa. Walfrido Ataíde, consultor em desenvolvimento sustentável, explica que o gás é altamente energético. “A obtenção deste material nos aterros pode produzir energia elétrica, geração direta de calor ou o biogás automotivo”. O aproveitamento do gás, além de fonte renovável, seria uma boa saída para diminuir a quantidade do metano na atmosfera. Nem todos os aterros têm potencial para uma geração sustentável de energia. Para que seja viável, é necessário que ele seja grande. Como em cidades com, no mínimo, um milhão de habitantes e a vida útil do lixão deve ficar em torno de cinco anos. Luis Felipe Pozzatti, Chefe do Setor de Estudo de Novos Potenciais da Eletrosul, diz que, em Santa Catarina, os aterros não estão sendo utilizados para gerar energia, porque nenhum se encaixa nesse perfil potencial. Este quadro pode ser alterado em breve aqui no Estado. A instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê que os Planos Estaduais possuam projetos para a coleta seletiva de lixo e metas para o melhor aproveitamento energético nos aterros sanitários. Do cocô também se produz energia. A bioenergia que causa mais surpresa é a obtida através da decomposição de dejetos. Sim, aquilo que o aparelho digestivo humano e de animais produzem, pode se transformar em uma fonte energética. No oeste de Santa Catarina, estudos estão sendo realizados para avaliar a viabilidade técnica, econômica e ambiental de projetos que aproveitem os dejetos suínos, para a produção do biogás. Na cidade de Faxinal dos Guedes (SC), 26 mil porcos produzem 315 mil litros de dejetos por dia, o que daria para produzir quatro bilhões litros de biogás.

Na Universidade Federal de Santa Catarina foi instalado um ponto de captação de energia fotovoltaica. A energia produzida pode ser usada para abastecer as motocicletas dos alunos. Monike Furtado

O piloto da produção de energia fotovoltaica na Eletrosul são as placas instaladas no pátio do estacionamento. A medição de quantidade de energia produzida serviu como ponta-pé para o projeto Megawatt Solar. Michela Monteiro

Campos eólicos estão sendo instalados e estudados no Brasil. No Ceará, a Tractebel viabilizou um novo projeto com produção de energia eólica.


Anestesia e seus mitos Do grego “ausência de sensação”, entenda melhor o funcionamento da anestesia no seu sistema nervoso

Gabriele Elene da Silva gabriele_bi@hotmail.com

Evelise Laís evelise.lais@hotmail.com

De todas as especialidades médicas, uma das que envolve mais mistério é a anestesia. Até o século 19 considerava-se que passar dor era uma consequência inevitável do ato cirúrgico. Devido a muitos estudos na área da medicina e aos avanços tecnológicos, hoje é possível a execução de procedimentos terapêuticos e diagnósticos sem sentir absolutamente nenhuma dor. Quando aplicada, a anestesia inibe de forma reversível a condução nervosa do organismo. Para entender melhor como ocorre essa prática dentro do corpo humano, Roberto Dávila, anestesiologista com 35 anos de experiência, explica o seu funcionamento. “A anestesia age no sistema nervoso. Quando é geral ela atua no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). E quando a anestesia é lóculo regional, que é aquela que as pessoas conhecem como anestesia local, atua diretamente no nervo daquela região. O que então deixa anestesiada somente aquela região, devido às atividades elé-

tricas interrompidas pelo anestésico, interrompendo também assim a dor”. Roberto Dávila, que mora em Balneário Camboriú, recebeu em 2010 o prêmio de Anestesiologista destaque de Santa Catarina. “São 35 anos de experiência e muito estudo”, afirma Roberto. A falta de informação sobre a anestesia é o que ainda hoje causa medo nas pessoas. “Mas é um procedimento seguro se feito com um profissional qualificado”. O tempo da anestesia depende do tipo do produto que é utilizado, mas dura, em média, de 1 hora e meia a 2 horas e meia. Existem os anestésicos como chilocaína ou marcaína e hoje, ainda se pode incrementar com algumas substâncias analgésicas misturadas aos anestésicos. Muitos médicos utilizam esta técnica na hora de aplicar a anestesia que é adicionar junto com o anestésico um analgésico que evita a dor quando o efeito da anestesia passa. Isso faz com que haja a possibilidade do ato cirúrgico, que precisa da anestesia, como por exemplo uma cirurgia plástica. Depois que cessa o ato cirúrgico, a sensibilidade e a dor diminuem, e essa substância que se coloca junto vai fazer com que haja uma demora para que apareça a dor, ou até mesmo que ela não apareça. “Hoje nós temos possibilidades de pessoas Evelise Laís

Roberto Dávila, anestesiologista destaque de SC em 2010

que entram no hospital com dor, são operados e saem sem dor. Nem mesmo a dor da cirurgia”, afirma o anestesiologista. Toda vez que o procedimento da anestesia for feito por um profissional especializado, ele vai cuidar daquele paciente, vai usar as substâncias adequadas e nas suas dosagens certas, o risco se distancia e a garantia para o paciente aumenta. Todos os tipos de anestesias, tanto a peridural quanto a anestesia geral, têm as suas técnicas próprias. Sendo adequada a técnica e sendo adequadas as substâncias que o anestesiologista aplicará, não existe risco, explica o anestesiologista Roberto. Não existem contraindicações para pessoas na terceira idade do ponto de vista anestesiológico. A contraindicação existe quando o paciente possui entidades patológicas como, por exemplo, enfisema pulmonar. As bases pra se fazer uma boa anestesia são ter um aparelho cardíaco, um rim e um pulmão saudáveis. Agora se o paciente tiver algum problema cardíaco, renal ou pulmonar vai se utilizar substâncias que não interferem com os problemas que ele tem. “Por isso que cada vez mais está se fazendo a consulta pré- anestésica. É muito importante essa consulta para o paciente e para o profissional, uma garantia a mais. É uma consulta geral, porém focada para a parte anestesiológica para ver quais são as doenças que interferem na anestesia. Cada paciente recebe uma anestesia, e cada uma delas é diferente uma da outra. Nunca é a mesma”, explica Roberto Dávila. Roseli Debatin, 48, já teve experiências tanto com a anestesia geral quanto a peridural (conhecida como local). A comerciante teve câncer no aparelho reprodutor há seis anos e passou por diversas cirurgias. “A anestesia é uma parte importante da operação, se ela for bem aplicada e feita por um profissional as chances de se ter uma recuperação melhor são maiores”. Roseli ainda conta que a anestesia sempre causa um desconforto quando se acorda após a cirurgia, mas o paciente consegue sentir e distinguir quando foi bem anestesiado ou não. “Da primeira cirurgia senti muitos enjoos e ânsia de vômito; já na segunda cirurgia me senti muito melhor depois, apesar de dor eu nunca ter sentido em nenhuma das duas”, afirma Roseli. Já Cristiane Taiane da Silva, 22, passou por uma anestesia local ainda neste ano de 2011 e afirma

Anestesista X Anestesiologista

Wiliam Jose Koester

É comum as pessoas pensarem que os dois profissionais têm a mesma função e são na verdade uma coisa só. Mas, para quem não sabe a diferença entre um profissional e outro, o anestesista é a pessoa que aplica a anestesia. Já o anestesiologista é a pessoa que estuda a anestesia e também a aplica. É um especialista na área, assim como cirurgiões plásticos, endocrinologistas e outras especializações.

não ter sentido nada nem durante e nem após a cirurgia plástica. “Quanto à anestesia não tenho nada o que falar, não senti absolutamente nada. O mais chato foi a recuperação após a plástica nas orelhas e nos braços, porque é preciso muito cuidado nas primeiras duas semanas”. Muitos casos mal-sucedidos de operações ocorrem justamente nas cirurgias plásticas. E toda plástica depende de um profissional anestesiologista para poder suceder. Odilon Micheis, de Curitiba, especialista na área, afirma que tecnicamente os jovens têm menos riscos em uma cirurgia plástica, o que não é regra. “Os problemas que se podem ocorrer durante uma cirurgia plástica podem ser tanto pela anestesia quanto pela cirurgia em si. Quando o problema está ligado à anes-

tesia, normalmente o paciente não avisou que já passou por algum processo cirúrgico, ou não falou das doenças imunológicas que tem ou teve. Enfim, não deixou o anestesiologista ciente de todo o quadro do paciente”. É importante que o médico esteja a par de todas as doenças do paciente. E quando o problema é da cirurgia, podem ser por diversos motivos, um deles que é muito freqüente é a cirurgia anêmica, quando se retira do paciente muito mais do que suporta o corpo, quando expõe o paciente, diz o Dr. Odilon. A dica do médico é procurar sempre profissionais qualificados para qualquer procedimento. Para um trabalho bem sucedido, o cirurgião plástico depende do anestesiologista, e vice-versa, o importante é estar nas mãos de profissionais com referência.


Jéssica Gamba

Os dois lados da radiação Simples ondas eletromagnéticas podem curar ou prejudicar a saúde

Jéssica Gamba apjessy@hotmail.com

É a primeira vez que a pequena Ana Lívia, três anos, moradora da cidade de Brusque, vai fazer um raio X. A mãe, Cimara Hodecker Lira, conta que a menina apresentava tosse e dor, então a médica solicitou raio-X de tórax para verificar se havia algo errado. O exame é um exemplo de radiação ionizante. A radiação ionizante é aquela energia que se propaga no espaço na forma de partículas ou ondas eletromagnéticas, pois é emitida por núcleos de átomos radioativos ou equipamentos médicos. Os danos causados pelos exames médicos estão relacionados ao tempo e à quantidade de exposição, se esta for alta pode interferir na divisão celular fazendo com que as células cresçam desordenadamente e mudem o seu funcionamento. Essa alteração pode levar à formação de tumores e à má formação do feto no caso de uma mulher grávida. Além do câncer, a radiação pode causar doenças como anemia, pneumonia e fa-

lência do sistema imunológico. São exemplos das não ionizantes: televisores, rádios, telefones celulares entre outros. Ainda não há um estudo que comprove que a radiação não ionizante causa malefícios à saúde. Seu principal efeito é o aquecimento do organismo devido à energia eletromagnética. Esses dois tipos de radiação podem ser de fontes naturais ou artificiais. A radiação natural provém dos gases radioativos presentes na atmosfera e também está atuante quando ingerimos alimentos e água, pois os sais presentes contêm alguns isótopos radioativos de elementos como o potássio e o iodo. Já a artificial é obtida por núcleos emissores que são produzidos em laboratório ou nos reatores nucleares. Pode ser exemplificada pelos raios-X médicos, odontológicos e industriais e na indústria nuclear. Na radiação emitida pelas usinas nucleares, como no caso do vazamento em Fukushima, no Japão, em 11 de março deste ano, a quantidade liberada no ambiente foi alta e atingiu aproximadamente 23 mil pessoas. Já nas práticas do dia a dia a pessoa fica exposta a pequenas doses que podem causar algum risco, mas não se comparam aos Jéssica Gamba

danos de um vazamento de usina nuclear. Em uma matéria publicada na revista VEJA do dia 18 de março deste ano, a Health Physics Society (HPS), uma organização americana especializada nesse assunto, deixa claro que “os cientistas ainda não têm dados precisos para determinar o risco de câncer associado a uma dada exposição à radiação. Mas existem estimativas. Sabe-se que baixas dosagens não estão relacionadas ao câncer por isso exames médicos como tomografia, raio-X e mamografia são seguros”. Quando houve a solicitação do exame de raio-X da Ana Lívia foi observado o princípio básico de proteção radiológica, que estabelece que nenhum prática deve ser autorizada a menos que produza suficiente benefício para o indivíduo exposto ou para a sociedade, de modo a compensar o detrimento que possa ser causado, conforme orienta a Portaria Federal SVS nº 453, de 1 de junho de 1998. Nas outras três vezes que Ana Lívia apresentou quadro semelhante, o exame não foi necessário. A diferença nesta vez foi a dor. Os efeitos da radiação podem acontecer com todos os seres vivos. Nas plantas a situação não é diferente, segundo a professora de Biologia do ensino médio, Ângela Helena Leoni Lira, de Brusque. Ela afirma que há também uma má formação que pode causar mutações nas células e, com o passar dos anos, pode dar origem a espécies diferentes e determinada estrutura não desempenhar mais a função que deveria.

O outro lado da radiação Apesar dos malefícios que a radiação pode causar ao homem, ela também pode salvar. Com pequenas doses ela ajuda a diagnosticar e tratar doenças. Podemos destacar os benefícios da radiação utilizada nas clínicas especializadas em Medicina Nuclear que existem em várias cidades da região, como por exemplo, em Itajaí, Florianópolis e Joinville. Apesar de ser uma área pouco conhecida pelas pessoas e pelos profissionais de saúde, a Medicina Nuclear é uma especialidade médica muito utilizada para a realização de diagnósticos através de pequenas doses de radiação. O exame diagnóstico na Medicina Nuclear é chamado cintilografia e ajuda a descobrir

de maneira precoce as doenças por meio de imagens fundamentais para avaliar o órgão que será examinado. Conforme explica o médico e diretor técnico da clínica Cintilus-Medicina Nuclear do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Thércio Murilo Rocha “esta detecção precoce possibilita que algumas enfermidades sejam tratadas nos estágios iniciais, quando existe uma melhor chance de prognóstico bem sucedido e recuperação do paciente”. Em relação à segurança, a quantidade de radiação utilizada é mínima devido à alta sensibilidade do aparelho utilizado para captá-la, sendo inferior a um exame de raio- X. Seu uso é indicado quando

as imagens dos exames comuns, (raio-X, ultrassom e ressonância magnética) não são suficientes para descobrir determinada enfermidade. Esse exame possui mais de 80 modalidades de diagnóstico disponíveis, além das terapêuticas. A medicina nuclear realiza cintilografia do coração, óssea, renal, cerebral, pulmonar, de tireoide e de outros órgãos. Para a doutora em Física do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física da Universidade São Paulo (USP), Emico Okuno, não é justificável a produção de energia nuclear no Brasil para geração de energia elétrica. Entretanto, o país precisa das usinas nucleares para a produção de radioisótopos para o uso na medicina.

Passos para a realização do exame da Medicina Nuclear Utiliza-se a injeção de um fármaco marcado com um isótopo radioativo, que em alguns casos pode ser também inalado ou ingerido.

Ocorre eliminação da pequena quantidade radioativa pela urina.

Depois do material radioativo, uma câmera especial é utilizada para tirar fotografias do corpo.

E por último a imagem captada dos materiais radioativos localizados dentro de do corpo é gravada em filme ou em um computador e então, avaliada por seu médico.

Fonte: Thércio Murilo Rocha (médico diretor-técnico) da CINTILUS-MEDICINA NUCLEAR de BLUMENAU.


Wiliam Jose Koester

Dificuldade pra ser

mãe

Endometriose, doença de causas desconhecidas e caracterizada por fortes cólicas pode impedir a gravidez

Stefani Ceolla de Moraes stefani_ceolla@hotmail.com

O quarto de Ian já está montado. Daqui a três meses, ele chega. A mãe, Juliana Câmara, mal consegue controlar a ansiedade. Ian é a representação de um sonho realizado e de anos de luta contra uma doença que a impediu de engravidar naturalmente, a endometriose. A doença foi diagnosticada em 2008. Juliana só começou a suspeitar que houvesse algum problema quando começou a tentar engravidar e não conseguia. Ela não sentia nenhum outro sintoma da endometriose.

A doença As causas da endometriose ainda não são totalmente conhecidas pelos médicos. De acordo com o ginecologista e obstetra de Balneário Camboriú Deniter Cleber Vargas Barbosa, fatores imunológicos e pré-disposição familiar podem desencadear a doença. A endometriose correspon-

de a um processo em que as células do endométrio, que fica no útero, começam a se instalar fora de seu local de origem. Estas células, que deveriam ser eliminadas pela menstruação, voltam pelas trompas e se implantam fora do útero, podendo atingir até outros órgãos. “Atinge mais as mulheres que menstruam muito”, afirma Barbosa. A endometriose pode resultar em doença inflamatória pélvica e esta associação de problemas pode impedir as mulheres de engravidar. “Depende da gravidade. A endometriose é classificada em quatro graus, conforme a aderência”, explica o médico. Maraísa Lucas foi diagnosticada com grau 1 depois de passar por vários exames. Ciclo menstrual de dez dias e o registro de um cisto hemorrágico no ovário levaram sua médica a suspeitar da doença. Depois de passar por ultrassom e por uma videolaparoscopia, que, segundo Barbosa, é considerada o “exame padrão ouro” para diagnosticar a doença, os tratamentos começaram. “Atualmente estou tomando anticoncepcional de uso contínuo como tratamento”,

conta Maraísa. A diminuição e até interrupção da menstruação é o objetivo básico do tratamento da doença. Se a paciente para de menstruar, o endométrio não se forma e, em casos de endometriose, deixa de se espalhar por locais que não são os de origem. Após um período de tratamento, que varia de paciente para paciente, novos exames são feitos e a tentativa de engravidar pode recomeçar. No caso de Maraísa, ser mãe é possível. “Minha médica falou que posso engravidar sim, pelo fato de minha endometriose ser de grau 1”.

Ser mãe Já a situação de Juliana era mais grave. Diagnosticada com grau 4, ela descobriu a doença quando já havia se espalhado para outros locais, além da parte externa do útero. “Nesses casos mais graves, dificulta a gravidez porque o espermatozóide tem dificuldade para chegar ao óvulo”, explica o ginecologista. “Se torna semelhante a uma laqueadura”, completa. Juliana passou por três vi-

deolaparoscopias. O exame é essencial para diagnosticar a doença, porém é um procedimento cirúrgico que necessita de internação e causa desconforto. Depois disso, foi tratada com injeção de Zoladex, um medicamente que interrompe a menstruação, causando uma menopausa artificial temporária. Não adiantou. “As várias tentativas frustradas acabam lhe deixando emocionalmente abalada”, conta. “O diagnóstico da minha endometriose foi feito tarde e já tinha trazido consequências ao funcionamento do aparelho reprodutor ”. Mesmo assim, ela não desistiu de ser mãe. “O apoio da família e do parceiro é muito importante, pois principalmente a medicação gera efeitos colaterais bastante incômodos e todos os pós-cirúrgicos requerem cuidado”, afirma Juliana. A solução apareceu com a possibilidade de fertilização in vitro. “É um tratamento bastante desgastante e trabalhoso, pois além da medicação, tem que fazer ultrassonografias periódicas para verificar a estimulação dos óvulos”, ela explica. Três dos cinco óvulos

coletados foram considerados adequados à fertilização. Eles foram implantados e o resultado saiu em 15 dias: Juliana estava esperando um bebê. “É o nosso tão esperado Ian”, finaliza a mãe.

Orientação Mulheres com o ciclo menstrual intenso, que sofrem de cólicas e têm um histórico de problemas ginecológicos devem ficar atentas. No entanto, há também casos como o de Juliana, que não apresentou sintomas. Por isso, é importante que a mulher faça consultas periódicas ao ginecologista e exames de rotina. “Quanto mais tardio o diagnóstico, mais as chances de engravidar diminuem”, salienta o ginecologista Deniter Cleber Vargas Barbosa.


Medicinaesportiva esportiva Medicina Lesões no joelho as principais causas cirurgianonomundo mundofutebolístico futebolístico Lesões no joelho sãosão as principais causas dede cirurgia

nossos pacientes, independen- Santos, hoje ele já poderia estar ros giram em torno do futebol tilagem do joelho. “ Foi muito nossos pacientes, independenSantos, hoje aos ele já poderia estar giram emdotorno do Porém, futebol é tilagem “ Foi Fiquei muito temente do seu grau de fama”, de volta gramados. “É tris- rosmais caro mundo. dolorosodoo joelho. tratamento. temente do seu grau de fama”, de volta aosver gramados. “É futebol, tris- mais caro do mundo. Porém, é doloroso o tratamento. afirma Lúcio, que também é te você no país do comum jogadores brasileiros dois meses em PortugalFiquei e dePaulo André Staack Alves Lúcio, titular que também é te você vercom no país futebol, jogadores emo Portugal e dePaulo André Staack Alves afirma Membro da Sociedade clubes uma do estrutura mé- comum retornarem para sebrasileiros tratar aqui. dois pois meses vim para Brasil. Aqui tepaauloalves@hotmail.com Membro titulardeda Sociedade clubes uma estrutura mépara senatural tratar de aqui. o Brasil. tepaauloalves@hotmail.com Brasileira Ortopedia e Traudicacom espetacular e outros sem retornarem James Santana, Ita- pois nhovim maispara confiança, os Aqui médicos Brasileira de Ortopedia e Traudicarecurso espetacular e outros sem James Santana, de Itamédicos matologia, de Cirurgia do Joalgum. Infelizmente, jaí, jogou duasnatural temporadas em nho sãomais muitoconfiança, bons. Lá aos estrutura é matologia, Jo- recurso algum. Infelizmente, “... Lá vem Ronaldo, partiu jogou duas temporadas em são muito bons. 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Santana rompeu o que lesão só pude volchão oem Fenômeno, desespero torno deleo é visível, o que de uma especialidade da medicina até o dentro desenvol- Em contraponto, o futebol rompeu o lesão complicada, só pude voleuropeu é conhecido por sua Desportivo. ligamento,Santana dois meniscos e aintar às partidas oficiais depois em torno dele é visível, o que da medicina aconteceu com o Fenômeno? atéinúmeros o desenvolvimento de equipaótima éestrutura. Bilhões europeu conhecido por de suaeu- ligamento, da teve que car- tar doisreconstituir meniscos e aainde às umpartidas ano” . oficiais depois Ele colocou mãos no joelho aconteceu com o asFenômeno? mentos conhecimento cientívimento de einúmeros equipaótima estrutura. 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Seja ele por cirurvoltava a campo Ronaldo contra a LaO coordenador médico do cirurgia no joelho, gia, fisioterapia ou ambos.” zio pelo Campeonato Italiano Coritiba acredita que voltava a campo contra a LaO coordenador médico adoResno Campeonato ano de 2000. Italiano Com apenas sonância Magnética foi um zio pelo Coritiba acredita que a Ressete minutos dentro das quatro dos maiores inventos das úlno ano de 2000. Com apenas sonância foi um linhas, em uma arrancada para timas Magnética e que existe sete minutos dentro das quatro dos maioresdécadas, inventos das úlo ataque, uma nova lesão faria ciência por trás de todo linhas, em uma arrancada para timasmuita décadas, e que existe com que ele ficasse mais quin- diagnóstico e tratamento. “Já o ataque, uma nova faria muita ciência por trás de todo ze meses fora lesão dos gramados. acabou aquela de que médico com que ele ficasse mais quine tratamento. Dois anos depois, ele dariadiagnóstico a do esporte só conhecia“Já gelo e ze meses acabou aquela de queHoje, médico voltafora por dos cimagramados. e seria o astro anti-inflamatório. tudo o Dois anos depois, ele daria a do gelo e por do Brasil na Copa da Coreia e esporte que se só fazconhecia está respaldado volta por cima em e seria Hoje, tudo o do Japão 2002.o astro anti-inflamatório. muito conhecimento científico, do Brasil Entorses na Copa no da Coreia e são que se fazenvolve está respaldado tornozelo que muitas e por muitas do Japão em 2002. muitohoras conhecimento científico, as mais comuns, mas machude estudo, congressos Entorses no tornozelo são que que envolve e muitas car o joelho é a pior lesão médicos emuitas pesquisas.” as mais mas machuumcomuns, jogador de futebol pode sohoras de estudo, Porém, hoje,congressos o futebol bracar o joelho é a piorrompeu lesão que frer. Ronaldo o tendão médicos e pesquisas.” sileiro contrasta com realidaum jogador dee futebol pode patelar ficou mais desoum ano Porém, hoje, o futebol bra-com des diferentes. Os clubes parado. rompeu Keirrison 22 anos frer. Ronaldo o tem tendão grande estrutura médica são sileiro contrasta com realidaCruzeiro. Quando patelare ejoga ficouno mais de um ano minoria no Os Brasil. O meio des diferentes. clubes comcamFonte: Globo Esporte - www.globo.com tinha 17 e era parado. Keirrison temdas 22 categorias anos grande po Paulo Henrique Ganso, estrutura médica são do base do Coritiba, rompeuminoria o Santos, e jogadeno Cruzeiro. Quando sofreuOno ano campassado, no Brasil. meio Fonte: Globo Esporte - www.globo.com cruzado anterior po do Paulo a mesma lesão Ganso, que Keirrison tinha ligamento 17 e era das categorias Henrique do joelho e foi obrigado a ficar um sofreu em no 2006. se machude base do Coritiba, rompeu o Santos, sofreu anoEle passado, ano sem jogaranterior futebol. do A cirurcou em umaque quarta-feira. ligamento cruzado a mesma lesão Keirrison Na liderada poraLúcio Ernlund quinta, já sabia a gravidade da joelho gia e foi obrigado ficar um sofreu em 2006. Ele se machufoi um sucesso e o atacante lesão após ressonânciaNa magano sem jogar futebol. A cirur- cou em uma quarta-feira. pode voltar aos gramados nética e no sábado foi operagia liderada por Lúcio Ernlund após quinta, já sabia a gravidade da A fisioterapeuta Karina recuperação. “Creio que do. Tudo muito rápido e com foi umrápida sucesso e o atacante lesão após ressonância magManfron do Instituto de Joa cirurgia do Keirrison tenha precisão. pode voltar aos gramados após nética e no sábado foi operaelho e Ombro de Curitiba exFase 1 – Analgesia : sido a mais grave e importante bem distante da A fisioterapeuta Karina rápida recuperação. “Creio que do. TudoRealidade rápido e com plicou para o jornal Cobaia Diminuição da dor através de analgésicos. que já fiz até hoje. O ligamen- vividamuito por Márcio Kessler, goManfron do Instituto de Joa cirurgia do Keirrison tenha precisão. como funciona o tratamento to cruzado anterior do joelho leiro do Marcílio Dias. O jogaelhodee Ombro de Curitiba exFase 1 – Analgesia : sido a émais grave e importante bem distante da atletas e indivíduos comuito delicado, mas fizemos Realidade dor da equipe rubro-anil sofreu plicou para o jornal Cobaia Diminuição da dor através de analgésicos. que jáum fiz ótimo até hoje. O ligamenvivida por Márcio Kessler, gomuns. trabalho e consegui- uma lesão no joelho durante como funciona o tratamento to cruzado anterior joelho leiro odocampeonato Marcílio Dias. O jogamos jogá-lo no do mundo da bola catarinense de de atletas e indivíduos coFase 2 – Diminuição do edema: é muito delicado, mas fizemos dor da equipe rubro-anil sofreu “Existem várias formas de novamente.” 2011. Devido à pouca estrutura muns. Se apresentar inchaço, utilizamos gelo, por exemplo. um ótimoLúcio trabalho e conseguiuma lesão no joelho durante tratamento. Podemos utilizar: é o coordenador mé- do time, só foi fazer a ressonânmos jogá-lo mundo Football da bola Club Ultrassom, Laser, T.E.N.S o campeonato catarinense dico donoCoritiba cia duas semanas após de sentir Fase 2 – Diminuição do edema: “Existem váriasNervosa formas de novamente.” (Estimulação Elé2011.asDevido estrutura há 11 anos. Ele é responsável dores. àOpouca resultado do exame Se apresentar inchaço, utilizamos gelo, por exemplo. tratamento. Podemos utilizar: Lúcio o coordenador mé- do trica Transcutânea), Criosó foi fazer a ressonânpor écinco médicos, quatro fi- time, conheceu sete dias depois. Ultrassom, Laser, T.E.N.S terapia (Gelo), compressas dico do Coritiba Football Club sioterapeutas e quatro massacia duasMárcio semanas sentir estáapós com osteomiliFase 3 Eléquentes, eNervosa principalmente há 11 gistas anos. Ele é responsável do futebol profissional as dores. O resultado do exame te, uma inflamação óssea que (Estimulação Se necessário, ganho de ADM (Amplitude Máxitrica Transcutânea), CrioCinesioterapia (exercícios), por cinco médicos, e amador. Alémquatro de ser fium dos conheceu dias depois. pode sete ser causada por alguma ma de Movimento) compressas onde (Gelo), utilizamos elásticos, sioterapeutas e quatro massasócios majoritários do Instituto Márcio está osteomilibactéria ou com fungo. Se não for terapia Fase 3 pesos ee diversos materiais. principalmente e Ombro de Curitigistas de doJoelho futebol profissional tratada logo, esseóssea tipo de infec- quentes, te, uma inflamação que Se necessário, ganho de ADM (Amplitude MáxiImportante ressaltar que em (exercícios), ba, uma e amador. Alémclínica de serque um com dos apese alastrar pelo cor- Cinesioterapia pode ção ser pode causada por alguma ma de Movimento) todas as lesões, seja em um onde utilizamos elásticos, dois anosdojáInstituto fez mais bactéria de po eou sócios nas majoritários comprometer a estrutura fungo. Se não for atleta ou indivíduo comum, é cincoemil atendimentos e virou e diversos materiais. Fase 4 óssea doesse joelho. de Joelho Ombro de Curititratada logo, tipo O de goleiro infec- do pesos preciso primeiramente avaProgressão com exercícios de fortalecimento, referência e no BraImportante ressaltar que em Marcílio vai ter que tomar no ba, uma clínica no queParaná com apeção pode se alastrar pelo corliar o grau da lesão, para alongamentos e exercícios funcionais (Exercícios sil. anos “Operar um mais atleta de famoso quatro ainjeções. nas dois já fez po e mínimo comprometer estruturaUma todas as lesões, seja em um traçar um tratamento. Isso imitando é tão complexo como operar sendo obrigado cinco mil atendimentos e virou Fase 4 gesto esportivo), para somente depois cheósseapor do semana, joelho. O goleiro do a atleta ou indivíduo comum, é porque devemos respeitar a gar à preparação qualquer indivíduo de nossa ficar pelo menos mais 30 dias preciso primeiramente avaProgressão com física. exercícios de fortalecimento, referência no Paraná e no BraMarcílio vai ter que tomar no resposta do organismo à lesociedade, somos todos seres de molho, até poder voltar a liar o grau da lesão, para alongamentos e exercícios funcionais (Exercícios sil. “Operar um atleta famoso mínimo quatro injeções. Uma são.um Podemos dividir oIsso tratatreinar com bola.obrigado Caso o goleiro traçar tratamento. imitando gesto esportivo), para somente depois cheé tão humanos complexoe nossa como responsabilioperar por semana, sendo a mento em algumas fases: dade enquanto médico é com tivesse a mesma estrutura que porque devemos respeitar a gar à preparação física. qualquer indivíduo de nossa ficar pelo menos mais 30 dias a vida e a integridade física de teve Paulo Henrique Ganso no resposta do organismo à lesociedade, somos todos seres de molho, até poder voltar a são. Podemos dividir o tratahumanos e nossa responsabili- treinar com bola. Caso o goleiro mento em algumas fases: dade enquanto médico é com tivesse a mesma estrutura que a vida e a integridade física de teve Paulo Henrique Ganso no

Entenda como funciona o tratamento Entenda funciona o tratamento à base como de Fisioterapia à base de Fisioterapia


Quebra de silêncio

Especialistas acreditam que a divulgação do suicídio pode tanto ajudar a salvar vidas como encorajar o ato Wiliam Jose Koester

Phamela Cristina Hinhel phamela.hinhel@hotmail.com

Maryá da Silva Dobner marydobner@hotmail.com

“Tente! Levante sua mão sedenta e recomece a andar. Não pense que a cabeça aguenta se você parar. Não! Não! Não! Não! Não! Não! Há uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira bailando no ar ”. Ao som do violão, em círculo, 18 usuários cantam em um coro a canção de Raul Seixas na oficina de música do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), de Brusque realizada toda quarta-feira. Junto com o grupo, a gestante Luciana de Jesus Espíndola, 33, em versos na ponta da língua, demonstrava alegria por intermédio da arte. Nem sempre Luciana participou com entusiasmo das oficinas. Depois de duas tentativas de suicídio, ela ficou internada por 18 dias no Hospital Psiquiátrico de Florianópolis e, após receber alta, permaneceu mais um ano e meio em tratamento. “Quando me deu aquilo tudo, eu não tinha noção de nada. Achei que a vida tinha acabado. Não levantava mais da cama para fazer nada, não me alimentava mais... perdi 15 quilos”. Luciana tentou ajuda com vários neurologistas, mas não adiantou. O desejo de tirar

a própria vida foi ficando cada vez mais intenso. “Até que eu tentei por duas vezes o suicídio. Eu tinha na minha mente em morrer. Só queria morrer, morrer, morrer. Eu não pensava nos meus filhos, na minha família, na minha casa. E aquilo foi vibrando forte na minha mente. Mas, quando eu paro e olho pra trás, eu penso: ‘Nossa! Que loucura! Quanta coisa que eu fiz. E se tivesse acontecido alguma coisa realmente?’”. Hoje, três meses após não precisar mais frequentar o Caps, ela retornou porque precisou parar de tomar a medicação, devido à gravidez. Diferente da realidade de Luciana, que conseguiu mudar o rumo dessa história com o apoio da família, e buscado tratamento, o número de suicidas cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 30 segundos uma pessoa tenta tirar a própria vida. A cada 20 tentativas, uma pessoa morre. A prática está entre as dez causas de morte mais frequentes em todas as idades e a terceira maior entre pessoas de 15 a 35 anos. Achar que a vida não vale mais a pena é o principal motivador, segundo o psicólogo Luiz Francisco Reis, de Brusque. Essa sensação de desesperança pela vida é, na maioria das vezes, causada por ter uma doença física incurável, pela perda de um ente querido ou de uma condição material em que vivia. “São questões sociais,

psíquicas e biológicas, que contribuem para a pessoa ficar doente. Por exemplo, quando ela perde o status perante a sociedade, quando tem que lidar com a morte de alguém muito próximo, ou até mesmo por causa de uma doença grave”. Para o médico, doutor em psiquiatria, Alan Indio Serrano, de Florianópolis, o suicídio não é uma doença. É um ato humano que pode ser desencadeado por diversas enfermidades. “Não precisa ser uma doença mental. O câncer é um fator que facilita muito num fenômeno fatalista”. Na concepção do psiquiatra, os números crescentes não são alarmantes. “As maiores taxas estão concentradas em lugares colonizados por países europeus, e os índices são semelhantes à região de origem desses imigrantes”. Ou seja, na visão do médico, o alto índice de suicídio aponta o quanto aquela região seria, ou não, desenvolvida. Para ele é um tabu existente na sociedade, que não deve ser divulgado e discutido. “Os brasileiros estão assustados com esses índices de suicídio aumentando, mas isso é um sinal de progresso. O ruim é o homicídio que ataca o inocente. A violência faz parte do ser humano. Eu fico me perguntando qual é o interesse em fazer esse tipo de matéria. O que move as pessoas a quererem falar sobre isso”. Alan publicou o livro ‘Chaves do Óbito Autoprovocado’ e, nele, argumenta os motivos da não divulgação do suicídio. No livro, o psiquiatra escreve: ‘Em uma década de pesquisa, ele (o sociólogo norte-americano David Phillips) evidenciou que as histórias de suicídio publicadas na imprensa aumentam, efetivamente, as estatísticas. Essa influência se mantém por alguns dias. Ao desbotar, as taxas voltam ao seu nível típico’ (página 113, capítulo 6). O psicólogo Luis Francisco Reis concorda parcialmente com Alan. Ele acredita que divulgar o suicídio de forma isolada encoraja aquele doente que poderia estar em dúvida. Mas, tratar o assunto como problema social ajuda as famílias a buscarem uma solução para o problema. “Eu acredito que se nós não tratarmos o suicídio e não falarmos e discutirmos, a sociedade também não vai saber como procurar ajuda. É algo que está escondido, mas ao mesmo tempo aumenta assustadoramente no mundo. Não se deve divulgar suicídio individualmente, pois isso vai gerar maiores problemas. E,

sim, falar sobre ele e as formas de tratamento”.

Visão jornalística Em confronto com a opinião do médico, o doutor em Comunicação e Semiótica, professor do curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina e referência em estudos de ética jornalística, Francisco Karan, acredita que quando se trata de um fenômeno social, o jornalismo pode e deve divulgar, a fim de gerar uma discussão para que seja buscada uma solução para o problema. A questão para ele é: ‘os debates jornalísticos podem ajudar a salvar vidas, ou podem estimular o ato de tirar a própria?’. Na visão de Karan, essa é uma questão que não tem consenso entre os autores. “Acho que a explicação cientifica é muito difícil, à medida que existem muitos valores que influenciam. Acho que aí está o ponto de discussão. E essa dúvida per-

manece. Não há conclusão porque não é científico. O que me parece importante é o jornalismo continuar lidando com o aspecto da realidade. Quando isso representa um fenômeno social, não há problema em divulgar”. Para Aparecida Maria de Souza, assistente social da Prefeitura Municipal de Brusque e coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial, a aceitação da doença e a discussão do problema foram a salvação de Luciana porque, com o apoio da família, ela fez todo o tratamento. As tentativas de suicídio foram o motivo da entrada dela no Caps. Após a internação, frequentava o lugar todos os dias. Depois, três vezes por semana e uma vez, até ser liberada. “Fiquei boa e consciente de tudo que eu fiz. Minha família foi muito importante e meu marido, um companheiro. Hoje, estamos todos felizes, principalmente com a chegada de mais um neném”, afirma Luciana.

Centro de Atenção Psicossocial (Caps) O que é? Criados pelo Governo Federal, os Centros de Atenção Psicossocial, entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se o tratamento a população a fim de evitar, ou diminuir, o número de internações nos hospitais psiquiátricos.

Para que serve? É um serviço para cuidar de pessoas que sofrem de transtornos mentais severos e persistentes. Deve oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Conta com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, técnicos administrativos e oferecem diversas atividades terapêuticas.

Como procurar o serviço? Procurar a unidade de saúde pertencente ao bairro. Após uma avaliação, o profissional da unidade, se achar necessário, o encaminhará ao Caps. Fonte: Ministério da Saúde

Obs. 1: Sobre a pesquisa, resolvemos tirar a frase que falava dela. Porque na realidade a pesquisa não é do Alan Indio Serrano. Ele usa a pesquisa do IBGE, realizada em 2007, para fazer análise e escrever o livro. Como achamos que não era importante, e mais um parágrafo ficaria extenso, resolvemos tirar. Obs. 2: Sobre os dados do número de suicídios no Brasil, Santa Catarina e Brusque, não

conseguimos fontes confiáveis. Buscamos um pouco na internet, mas a maioria dos dados são muito antigos (2004). No livro do Alan, ele aponta que em Santa Catarina, a taxa média é de 7,5 a cada 100 mil habitantes. Mas não tem muitas informações sobre a pesquisa. Ele aponta o IBGE e Datasus como fonte. Reviramos os dois sites e não conseguimos encontrar as informações.


Musculação & Personal Trainer A importância de acompanhamento profissional no treinamento de musculação Bruna Caroline Froehner jornalismo.bruna@gmail.com

Gente bonita, música alto astral, ambiente agitado. Uma academia pode ser bem atraente, mas entre os aparelhos de musculação circulam mentes inquietas, com muitas dúvidas. Será que estou fazendo o exercício certo? É por causa dessa pergunta que Talita Batista, 23, de Balneário Camboriú, está desanimada para ir à academia. Há mais de dois meses ela começou a malhar, se matriculou, fez a avaliação física e agora com a série de exercícios em mãos ainda se sente perdida dentro do ambiente. “Como não tenho meu personal, dependo dos instrutores da academia, e só tem um no meu horário, que muitas vezes não pode me dar a devida atenção. Então acabo me virando sozinha, sem pedir ajuda, porque não gosto de ficar chamando. Eu só tenho medo de estar fazendo algo errado”. Mas será que sem um personal trainer é impossível obter sucesso na musculação? “Depende muito do educador físico, no caso o instrutor da academia dar conta de acompanhar o aluno, fazêlo evoluir”, afirma Maria Valéria Figueiredo, mestre em fisiologia do exercício pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp). Valéria trabalha em uma academia em Balneário Camboriú e diz que as máquinas são muito específicas. “Elas têm todo um ajuste adequado para o corpo, tem máquinas que são mais apropriadas para aluno iniciante”. É categórica quando afirma que o aluno pode brincar, mas para o princípio básico da musculação, que é introduzir o aluno em um programa de exercícios, preparar a musculatura dele adequadamente é necessário que ele tenha acompanhamento. Não necessariamente o personal, mas o instrutor da academia. Jéferson Schmitt, 22, começou a praticar musculação com 18 anos. Ao entrar em uma academia, em Balneário Camboriú, precisou apresentar exame médico para a liberação da prática de exercício físico e uma avaliação física. Jéferson fez a avaliação, mas nunca entregou o exame. “Fui deixando passar, achava que não era muito importante e sempre treinei sem a liberação de médicos”. Ele conta que era leigo no assunto e como a academia cobrou apenas uma vez os exames, seguiu praticando a

musculação, com exercícios intensos para hipertrofia, crescimento da massa muscular. Hoje Jéferson tem três lesões, uma na coluna, e nos dois braços. Se afastou da academia por um ano. “Fiquei quase louco, tava viciado nos exercícios e não percebi que estava machucado, foi quando comecei a sentir dor para dormir, para andar, e na hora do exercício, que procurei um médico”. O jovem adora levantar peso e sonha em ser personal trainer, mas precisou sofrer para aprender. Na academia era auxiliado por amigos que treinavam com ele. Jéferson não pode pagar um profissional, mas, agora entende que sem a orientação de profissionais da área fica complicado. Mas não é apenas Jéferson que passa por esta situação. Ao procurar por saúde, muita gente acaba achando problema. O fisioterapeuta Andrei Batista de Oliveira, da cidade de Itajaí, convive com esse drama. “Já atendi um paciente com ruptura parcial do tendão do músculo bíceps-braquial (ombro), dois com distensão muscular em membros superiores (braços) e em membros inferiores (pernas) e quatro pacientes com dor muscular intensa em região do trapézio superior (ombro-pescoço). Todos, devido à sobrecarga inadequada em academia, e principalmente, falta de informação”. O fisioterapeuta ainda explica que em algumas academias a situação é preocupante. “O que mais me preocupa como profissional de saúde é a falta de orientação, o despreparo dos profissionais e o mau uso dos aparelhos em academias, já que a grande maioria dos indivíduos que usa estes locais para realizar seus exercícios físicos busca hipertrofia, ou seja, ganho de massa muscular, sem se preocupar com a sua saúde física e mental”. Ele alerta que o aluno pode ocasionar uma lesão devido a um movimento errado, pois além da ação da gravidade o músculo está imposto a sobrecargas. ”Eu mesmo, já presenciei educadores físicos orientando movimentos errados em academias. Mas também, não podemos generalizar, pois tem muitos educadores bons, assim como em qualquer profissão que tem os bons e ruins.” Segundo Ricardo Munir Nahas, Médico do Esporte e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME),que concedeu entrevista por e-mail, é possível fazer musculação corretamente sem personal. “Após a avaliação inicial,

Raquel da Cruz

Praticantes de musculação precisam de auxílio de profissionais para respeitar seus limites sabedor de seus limites, o indivíduo pode aprender corretamente os movimentos, postura e carga correta, e executar a tarefa sozinho, desde que seja saudável”. Nahas explica que no início o importante é aprender a executar o movimento corretamente e saber os limites do corpo para fazer na intensidade correta. “Deve-se ter a consciência de que o ganho será sempre gradativo, lento, e que os excessos cobram o preço transformando-se em doença, constância e bom senso são grandes aliados dos programas de treinamento e a maior amiga é a dor, pois ela é quem alerta se algo não vai bem”.

Para a educadora física de Balneário Camboriú, Talita Amorelli, “ se virar sozinho” em uma sala de musculação é como se automedicar, mas as pessoas colocam muita responsabilidade no profissional. “Quando a pessoa quer chegar ao objetivo, precisa ter muita força de vontade, isso é o principal e isso não depende do outro, depende da pessoa”. Talita afirma que é necessário o acompanhamento de um profissional, não é necessário que seja um personal trainer. “Nas academias os instrutores podem dar o apoio que o aluno precisa. Conheço personal trainer que é mais psicólogo do que personal, fica apenas do lado do

aluno conversando”. Para a personal trainer de Balneário Camboriú, Gisele Schmidt, esse profissional é importante porque está preparado para auxiliar o aluno e fazê-lo aproveitar o máximo do treino, mas quem não pode pagar por um, pode ter sucesso também. “Mesmo sem um personal a pessoa consegue malhar e alcançar o objetivo, mas não vai ter um atendimento personalizado, capaz de fazer o aluno chegar seu objetivo sem correr o risco de sofrer uma contusão’’. Gisele afirma também que o importante é ter a rotina dos exercícios e ser muito determinado. O importante é se mexer.


De onde vem o

mal?

Fenômenos como possessão e cura de doenças pela oração dividem as opiniões de estudiosos e praticantes de algumas religiões Alan Vignoli

Alan Vignoli alanvignoli@hotmail.com

“Em nome de Jesus eu declaro esse homem curado agora!”, ordena o pastor, enquanto mantém as mãos sobre o fiel, que afirma ter um problema na próstata. Natanael Roldão tem 50 anos e diz ter sido curado, através da oração, de problemas nas pernas e no ombro, além de liberto do vício do cigarro que mantinha há mais de 30 anos, para ele uma manifestação do mal. Zeny de Oliveira Motter, 65 anos, católica praticante desde que nasceu, frequenta a Igreja Mundial do Reino de Deus há um ano e meio, segundo ela depois de ter sido curada de diversas enfermidades apenas bebendo água ungida. O pastor Evaldo Muniz Pereira ministra cultos na Igreja que Natanael e Zeny frequentam, em Camboriú. Ele explica que o demônio não tem uma configuração física, é um espírito e se apresenta de diversas formas como doenças, dívidas, ou um casamento abalado. “Todo aquele que não se en-

trega a Jesus Cristo como seu salvador estará exposto a esse mal”. No processo de cura, explica Evaldo, Deus usa a autoridade religiosa como canal de bênção entre a pessoa e o milagre, mas o efeito dependerá dela: “O próprio Jesus dizia ‘vai, que a tua fé te curou’, ele não falava que era ele”. O pastor considera que a medicina é algo criado por Deus para os que não creem. “Ele constitui o médico para curar a pessoa”. A igreja católica também acredita na possessão demoníaca, mas não enxerga isso como algo frequente. Para o padre Isaltino Dias, a figura do demônio foi pintada de várias formas ao longo do tempo. “A igreja a princípio reconhece que o indivíduo possa agir sobre determinado grau de influência, a possessão seria algo muito maior, a pessoa agiria totalmente influenciada. É possível que isso aconteça, mas é algo raro.” O catolicismo crê na cura de doenças através da oração, podendo ser constatado nos santuários de diversos santos, onde as pessoas deixam lembranças das curas que consideram ter recebido pela devo-

ção. O padre é chamado Sumo Pontífice por ser um elo entre o fiel e Deus, mas, num sentido amplo, qualquer um que tenha uma grande vivência de fé pode fazer essa ligação. Na doutrina espírita, a crença no fenômeno da possessão também está presente. Em “O livro dos espíritos”, Allan Kardec, autor da obra e codificador da doutrina espírita, alega que espíritos podem influenciar os pensamentos, ações e, muitas vezes, até guiar uma pessoa. Segundo ele, aqueles que nos conduzem ao mal fazem isso para que venhamos a sofrer como eles. “Os espíritos imperfeitos são instrumentos que servem para pôr à prova a fé e a constância na prática do bem”. Já a medicina busca entender os fenômenos de possessão e curas de doenças pela oração, a partir de explicações científicas. Na Classificação Internacional de Doenças (CID -10), está enumerado em F44.3 o “Estado de Transe e de Possessão”, no qual afirma que “trata-se de um transtorno caracterizado por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação per-

feita da consciência do meio ambiente”. O psiquiatra Marco Antônio Cesar, de Camboriú, assegura que todo e qualquer transtorno tem tratamento médico. As possessões são síndromes, a pessoa tem noção do que acontece ao seu redor, mas no seu interior ela está em transe. O médico aponta que diversos fatores podem levar alguém a achar que está sendo possuído e vão da esquizofrenia à psicose. Marco Antônio explica que o cérebro tem uma capacidade infinita de armazenamento, localizada numa área chamada hipocampo. “A pessoa quando acredita estar sendo possuída, precisa dessa afirmação e o cérebro vai buscar características que possam garantir isso, como a mudança de voz, por exemplo”. Para o psicólogo e professor da Univali Evandro Fernandes Alves essa é uma forma de extravasar instintos agressivos e justificar ações, o que tira toda a responsabilidade do sujeito pelos seus atos. “Uma pessoa psicótica não age dessa maneira para se livrar da culpa, ela acredita que está possuída e foi conduzida a determinada ação, mas isso é algo da sua própria

vontade”. Segundo Evandro, em mentes sugestionáveis o inconsciente vai criar representações do desejo da pessoa, ela poder ter uma série de alucinações, como ver alguém que já morreu. “Freud vai dizer que dentro do inconsciente tem um caldeirão e um monte de demônios, só que os demônios são seus”. Ambos os especialistas afirmam, porém, que a fé ajuda na cura. Mesmo em doenças orgânicas, como o câncer, ela faz com que o organismo reaja e ganhe força. No caso das psicossomáticas, a partir do momento em que a pessoa acredita estar curada, o psiquismo vai fazer com que os sintomas desapareçam. Nesse sentido, a crença pode servir como fator contribuinte para a ciência. “Se a religião vier para ajudar o sujeito no seu restabelecimento, pra dar essa força espiritual, já é um ponto positivo” afirma Evandro. Marco Antônio lembra que muitas pessoas ao acreditarem que foram exorcizadas param de sentir os sintomas que as afligiam, já que o corpo não precisa mais daquela provação.

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O caso Klingenberg Assim ficou conhecido o caso da jovem alemã Anneliese Michel Rose, que mais tarde deu origem ao filme “O exorcismo de Emily Rose”, lançado em 2005 e que rendeu a Jennifer Carpenter, atriz que interpretou Emily, o prêmio de “melhor performance amedrontadora” no MTV movie awards, em 2006. A partir dos 16 anos, até a sua morte aos 23, Annelise foi possivelmente possuída por uma legião de demônios. Os médicos alegaram que ela sofria de epilepsia, aliada a um quadro de esquizofrenia. A garota foi submetida a rituais de exorcismo pelos padres Ernest Alt e Arnold Renz. Depois de sua morte, em 01 de julho de 1976, os promotores de justiça locais de Klingenberg am Main, abriram um processo contra os pais de Anneliese e os padres responsáveis pelo exorcismo, que foram considerados culpados por negligência médica. O caso dividiu a opinião pública alemã entre os que acreditavam na possessão da jovem e aqueles que defendiam que ela sofria de transtornos psíquicos.


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