poemas perdidos de asfalto campo santo leituga
O sangue macio na mão/tinge o azulejo branco – paz em toda a imensidão noite
Abra o banheiro de um brega e dê de cara com o inferno
(bloco 1) Em meio aos escombros dos fantasmas da BR Demônios cegos com lanças perfuram teu ouvido Da sacada pro meio da rua, anjos hermafroditas trepam às escondidas ouvindo mantras de Joca Brandão Flores vivas Rosa mulher Cheiro de pólvora E os palhaços brincam de malabaristas Criancinhas desmontadas no ar rolam Logo ali no hospital, há um resquício de feriado: noite infeliz A lua hemorrágica foge da escuridão enquanto Marina me pede flores, muitas flores desde que regadas a sangue, ela diz Lágrimas, orgia, amor e melancolia Tudo límpido Eles brincam de voyeur – Pobre Diabo Vire de quatro.
Lixos humanos esquálidos são triturados e ofertados para Gestantes de cassetes colossais! Buracos suturados, bucetas rasgadas Alguém recebe setenta e tantas facadas Que bom, serão setenta e tantas vaginas para um Bilac qualquer Declama Cora, poeta! Tudo aparece desaparece Há um verso vindo de outro lugar Não há lugar
(bloco 2)
E morremos E vivemos E fudemos E nos comemos (as famílias nas redomas de cristal) Os palhaços riem Os palhaços querem E os palhaços cheiram éter E a cada osso quebrado uma paz!
(bloco 3) correm pelo asfalto pedras tragadas de ilus達o perdigueiros esquartejados vomitam universos dizeres sertanejos despencam
(bloco 4) Num curto espaço de eternidade entre escombros e plenitude a noite me finta para além das ruínas E tudo tem o vício da sina humana por estilhaços Percorro: Perco-me: Por um instante eu sou tudo: Por uma eternidade, eu sou todos: Cada esquina Cada porta fechada Cada ponto em que a energia se abre Cada fragmento de ilusão Dissolvo: Reintegro: Expando!
(depois de tudo) Na pele Negra INFINITUDE Eu sou a noite E as estrelas, meu bem, são velas acesas para cada alma perdida O sol recolhe tudo, inclusive o nosso coração!
NÃO Publicado (1ª edição, ebook) Capa, fotografia: luís mathias
candeeirocafe.wordpress.com