Jornal 360_ ed.213 _ Out23

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bem viver_Exercitar a mente com diversão e novo aprendizado é muito saudável em todas as idades, inclusive após os 80 •p11

acontece_ Uma banda que nunca tocou – nem tocará – é retratada em livro produzido em Portugal •p10

especial_ o Encarte Meninada Especial traz histórias de crianças que já sabem fazer o bem a quem precisa de um apoio •p6

Jornal 360

nº213 ANO 18

OUTUBRO2023

Grátis!

fotos: Flavia Rocha | 360

Toda criança tem o direito de se alimentar bem e de brincar

O Estatudo da Criança e do Adolescente garante às crianças e jovens brasileiros até os 18 anos uma série de direitos que devem ser cumpridos pelas autoridades, por governos de todas as esferas e também por todas as pes-

soas adultas, incluindo pais, irmãos, amigos e também desconhecidos, professores, vizinhos e parentes. Zelar pelos direitos básicos das crianças é algo que todos

podemos fazer. Partilhar alimentos, promover eventos onde possam se divertir e aprender, zelar por sua integridade física, mental e social é dever de todos os brasileiros. Mesmo os que não têm filhos.

Jornal360_ Circulação: • Avaré • Bernardino de Campos • Canitar • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Ipaussu • Ourinhos • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Pedro do Turvo Rodovias: • Graal Estação Kafé • Graal Paloma • RodoServ • RodoStar 360 online: facebook/jornal360 issuu.com/caderno360 (com links + formato celular + download)


2 • editorial

Essência

Do latim “essentia” , indica a natureza, substância ou característica essencial de uma pessoa ou coisa. Representa as manifestações fundamentais ou a substância do ser,ideia central, argumento principal; espírito.

SALMOS 109 vs26 foto: Flavia Rocha | 360

Cada um tem a sua própria essência e, como diz a própria definição, ela pode se assemelhar à de outras pessoas. Quando nos observamos e vemos o que realmente é capaz de nos mover, temos um claro sinal dela. Nossa essência também aparece na maneira como nos comportamos, principalmente no que diz respeito ao nosso caráter. Ao escolher uma atitude honesta, mesmo que menos vantajosa, temos uma essência que evidencia a ética. Já os que optam por colocar em primeiro plano as conquistas materiais, sem se importar com os meios, mostram ter uma essência predominantemente gananciosa. São exemplo, e não estamos aqui para julgar.

* Por conta própria, Yago Muniz, começou a colher e vender abacates aos 8 anos para ajudar em casa. Dois anos depois, quis fazer um café da manhã para crianças do bairro. Aos 13 anos, ele tem 4,5 mil seguidores no Instagram e segue convicto em fazer o bem. Na foto, com a visita da Vaquinha do Alimento, representada pela voluntária Odette Rocha *

Esta edição mostra em primeiro plano, a essência generosa e cidadã de adolescentes que não medem esforços para ajudar os outros, numa atitude precoce de cidadania e caráter humanitário. Veja nossa reportagem em MENINADA ESPECIAL. O encarte que produzimos todos os anos também traz a essência cidadã dos sócios de duas unidades da rede de postos Graal, situadas em Santa Cruz do Rio Pardo, que transformaram um problema de abandono de animais em suas unidades num projeto de adoção que já soma mais de seis anos. Nossa essência também se revela em nossas escolhas e na facilidade com que abrimos mão de nossos sonhos, de nossas convicções e de nossos valores, seja por comodismo, por medo ou por ambição. Acompanhe o pensamento de nossos colunistas, sempre dispostos a nos fazer repensar nossas posturas, na seção PONTO DE VISTA. A edição traz ainda a essência criativa da escritora Lully Salinas, que perpetuou em terras lusitanas a história de uma banda brasileira do interior que nunca tocou. Veja em ACONTECE. E confira as receitas de bolos pra lá de deliciosos que aparecem na nossa seção GASTRONOMIA. Para completar, a importância de nos mantermos dispostos a brincar e promover nosso raciocínio, numa inédita mistura de argumento com um passatempo,

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que trazemos em BEM VIVER. Antes de concluir, peço ao leitor especial atenção às nossoas publicidades de eventos benemerentes e à campanha do AACD, já que este periódico não se furta a ceder espaço para quem age em benefício do coletivo. E tampouco promove matérias pagas, afinal, temos uma essência verdadeiramente jornalística. Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin | editora c/w: 1499846-0732 • 360@jornal360.com

Ora ação!

“Ajuda-me, ó Senhor meu Deus, salva-me segundo a tua misericórdia.

e xpediente O jornal 360 é uma publicação da eComunicação. Todos os direitos reservados. Distribuição: gratuita. Tiragem: 2 mil exemplares. Circulação: mensa. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ˙editora, diagramadora e jornalista responsável -Mtb 21563˚, Fernanda Lira, Leonardo Medeiro, Angela Nunes e Maurício Salemme Corrêa ˙colunistas˚, Sabato Visconti ˙ilustrador˚, Odette Rocha Manfrin ˙receitas e separação˚, Camila Jovanolli ˙transcrições˚. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 - CEP 18900-007 - Santa Cruz do Rio Pardo/SP. • f/w: 14 99846-0732 • 360@jornal360.com • www.issuu.com/caderno360 • 360_nº213/out23


*Leonardo Medeiros

Confissões em Livre Associação 1

Meu pai era um profissional liberal. Independente e orgulhoso. Vivia em altos e baixos. Tinha épocas que era muito rico e esbanjava até o último centavo, tinha épocas que ficava pobre, vivia de empréstimos no banco, ficava irritadíssimo até com a queda de um lenço. Com ele aprendi a ser rico, e compreendi o que é ser pobre. Com uns 70 anos, papai levou um tombo na rua, bateu a cabeça e ficou meio abobado por alguns meses. Voltou a plenitude mental, mas o período de afastamento e distração cerebral serviram para que perdesse todos os clientes. Morreu sem um tostão. Não tinha dinheiro pra ir comprar pão na padaria. Reviu o orgulho, e veio a falecer um bom e compreensivo velhinho. No final, sempre que o encontrava, ele repetia carinhoso: “Eu gosto muito de você”. Acho que ele sempre quis dizer isso, mas o orgulho o impedia. Essa coisa dos machões do passado, para quem qualquer manifestação de afeto era um passo para a pederastia.

cinquenta cavalos, se o bólido fica parado no trânsito? Sem falar nos buracos e nas lombadas da tradicional rua brasileira. Quantos cavalos estariam ocultos no interior de um motor Ferrari?

imagem_canva.com

3 • ponto de vista

arquitetada falácia de marketeiros. Vinho pra mim é tudo igual, e me causa uma ressaca especialmente desagradável. Julguem-me. Só mesmo um caipira do meu quilate pode não gostar de vinho, essa coisa requintada que tanto agrada os novos ricos. Não que eu seja um velho rico. Ser rico, velho ou novo, é cafona. Saudades dos ricos italianos da renascença, que gastavam suas fortunas fomentando a arte e nos legaram as maiores obras primas da pintura e da escultura.

Quem, quando criança, não acreditava que dentro da TV habitavam aquelas pessoinhas que apareciam na tela? Por relação, crianças devem acreditar que cavalos galopam no interior dos motores das Ferraris. Quando criança eu tinha a pele muito clara, branca, transparente de olhar as veias. Sofria bullying, me chamavam de “branca de neve”, de “gasparzinho”, arriscava tomar um tabefe, e por isso sempre acabava me enturmando com os minorizados. Meus amigos eram nerds, bichas e pretos. Naquela época nerd apanhava na escola, ainda não existia Steve Jobs para redimir a categoria. O nerd não prestava como CDF e não servia pra jogar bola, um inútil. Aos 20, chorei no filme “A Vingança dos Nerds”.

do, ficavam todos dentro do armário, posando de “gente de bem”, esse termo dúbio que serve pra qualquer coisa. Só existia aquele estereótipo da TV, aquelas bichas engraçadas, e mais o Dener e o Clodovil.

Adoro guaraná, mas não gosto de azeitonas. Consigo sentir o gosto de um pedaço de azeitona perdido em um empadão de dois quilos. Meu paladar é aguçadíssimo para azeitonas. Para outros gostos, é simplesmente banal. Enquanto seres iluminados conseguem sentir aromas de damascos gregos em taças de vinho tinto, para mim a bebida de Baco não passa de uma bem

Só um rico da atualidade pode despender seu suado milhão de dólares numa Ferrari. Não tenho muita simpatia por carros em geral, não entendo por que um cidadão, por livre e espontânea vontade, queima petróleo sentado sobre uma tonelada de aço e plástico. Me parece desproporcional, um tipo de desmerecimento sei lá do quê. E depois, pra que ter um motor de duzentos e

Sou emotivo. Antes que algum paladino do politicamente correto levante o dedo, não quero ofender ninguém com o termo “bicha”. Todo mundo que tem amigos homossexuais sabe que só se usa o termo quando existe alguma intimidade. Chega a ser afetuoso. Nos anos 70 não existiam bichas na vida real, era proibi-

Você ama o que faz? * Maurício Salemme Corrêa Sabe quando, antes de dormir, nossas mentes ainda com os resíduos do dia, ficam martelando e até nos questionando sobre o que estamos fazendo das nossas vidas??? Pode acreditar meu querido, isso acontece com quase todo mundo... Alguns lamentam o dia vivido e querem que o amanhã demore a chegar, pois talvez tenham que fazer, mais uma vez, algo que não gostam, não acreditam, não concordam e, ainda assim, acham que tem que ser feito, afinal tem que ser assim, mesmo sem a sua plena concordância ou vontade, ou mais ainda, sem relevância para sua vida naquele momento... Pense sobre isso, sempre há tempo para uma nova oportunidade, um novo desafio, um novo desejo, uma nova visão, um novo passo, uma nova atitude, enfim, uma nova vida!!! Sei que a estabilidade de um trabalho ou de uma atividade, às vezes nos levam ao famoso “deixe como está, quem sabe um dia melhore”.... Lamento informar meu querido leitor, mas não é assim que a banda toca.... Dia após dia e você ainda não querendo que a o sol brilhe na manhã seguinte. Reflita com carinho, tente dar o seu melhor naquilo que realmente é relevante para você e sua família, com certeza, seu dia será melhor e sua noite de descanso também...

Sempre é tempo, avalie sua vida, busque realmente o que faz com que você vibre, acredite que está no caminho certo, mesmo que tenha que romper barreiras e desafiar obstáculos, ainda assim vai valer a pena. Bons momentos o esperam logo ali....

*ator, escritor e vocalista de banda de rock


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• gastronomia

Para o café da tarde A cada mês, investimos no teste de mais e mais receitas, muitas delas, tiradas das publicações que invadem nossas redes sociais. Nem sempre os resultados são realmente positivos, o que nos certifica que a realização das receitas é imprescindível para dar sentido a esta seção. Neste mês, por exemplo, pelo uma das receitas resultou numa massa chiclete. Outra teve que ser refeita e ajustada para realmente cumprir o que prometia.

O mais importante, no entando, é que as receitas de cada edição podem ser produzidas com total confiança, sem risco de dar errado. Nesta edição, duas receitas indicadas para o café da tarde que extraímos do Instagram. Uma torta de massa folhada que não segue o padrão da que compramos pronta. E outra de um bolo que leva pouca farinha e pouco açúcar, que ficou delicioso.

Torta de Massa Folhada

Bolo de Mel e Especiarias

preparo: Flávia Rocha Manfrin

preparo: Odette Rocha Manfrin

_Ingredientes massa: • 2 xícaras de farinha • ½ colher de chá de sal • ½ xícara de óleo vegetal • ½ xícara de água fervente • amido de milho _Preparo da massa: Misture os ingredientes, exceto o amido de milho. Mexa bem e depois amasse com as mãos até a massa ficar homogênea. Cubra e aguarde 30 minutos. Depois coloque sobre uma mesa polvilhada com amido de milho e abra a massa. Dobre em duas, dobre de novo e de novo, num total de quatro dobras. Deixe descansar mais um tempo. Repita o processo mais 3 vezes: abra de novo a massa, polvilhe amido de milho, dobre em quatro. São quatro dobras sempre polvilhando amido de milho. E quatro vezes o processo de dobras. E sempre dando um descanso para a massa. Finalmente abra a massa, recheie e cubra. Pincele com gema de ovo misturada a um pouco de sal e azeite.

_Ingredientes recheio: • 300g de palmito • 1 colher de molho de tomate • ½ cebola picada • 1 dente de alho espremido • 2 colheres de azeitonas picadas • 1 colher de chá de amido de milho • 2 colheres de água • 2 colheres de azeite • 1 punhado de cheiro verde • sal e pimenta a gosto _Preparo do recheio: Numa panela, aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola. Acrescente o palmito e as zeitonas. Adicione o molho de tomate e finalmente o amido de milho diluído em 2 colheres de água. Mexa até ficar com uma consistência de recheio. Adicione cheiro verde e espere esfriar um pouco para montar a torta. @comida.sem.regra

_Ingredientes massa: • 350g de mel • 60g de açúcar mascavo • 40g geleia de laranja • 115g de manteiga • 180g de leite • 2 ovos • 115g de farinha de trigo • 115g de farinha integral • ½ colher de chá de bicarbonato • ½ colher de chá de fermento em pó • 1 colher de chá de canela em pó • 2 colheres de chá de gengibre em pó _Ingredientes calda: • 40g de açúcar • 30g de suco de limão siciliano • 30g de manteiga _Preparo bolo: Em uma panela média, misture o mel, a geleia e a manteiga. Aqueça misturando todos os ingredi-

entes até derreterem e formarem uma pasta homogênea. Desligue o fogo e espere amornar. Junte o leite e os ovos a essa mistura mexendo para ficar homogêneo. Numa outra vasilha, misture todos os ingredientes secos (farinhas, açúcar, bicarbonato, fermento, canela, gengibre). Vá acrescentando a mistura de mel aos poucos até ficar bem misturado. Coloque em forma untada com manteiga e farinha e asse em forno pré aquecido a 180º. Desenforme e cubra com a calda. _Preparo calda: Misture os ingredientes e aqueça até ficar homogêneo. Despeje sobre o bolo. @cheflucascorazza @mariliazylber

fotos: Flavia Rocha | 360


a n d i a n l e e a m speci da Criança.Encarte o Dia da a r ed pa l a içã i c e o2 p s e 13 o ã ç i do Ed jor nal 3 60.

Edição nº 12

023 o/2 r b outu

A alegria da partilha Nem só de brinquedos, video games e redes sociais, nem mesmo dos jogos de bola, das brincadeiras com amigos e dos livros infantis se faz a felicidade das crianças. Comer bem, comer coisas gostosas e, de preferência, saudáveis, também as deixa muito, mas muito felizes. A felicidade também aparece quando se trata de proporcionar o acesso a tantas gostosuras. Sim, crianças também ficam felizes em repartir o que têm. E ainda mais em agir para que essa partilha seja cada vez maior. Esta edição de Meninada Especial conta a história de três garotos – e um bebê – que vivenciam a ação voluntária há mais de 3 anos. Eles nos contam de onde vem a disposição para ajudar outras crianças a comerem melhor. E o que sentem por fazer isso. Toda criança pode crescer praticando o que a gente chama de cidadania, que nada mais é do que fazer pelos outros aquilo que queremos para nós mesmos. fotos: Flavia Rocha | 360


Eles são felizes por fazer o Hoje adolescentes, eles começaram a atuar no voluntariado ainda crianças e não medem esforços para comparecem todos os domingos no café da manhã da Vila Divineia, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde seus pais, Ana Claudia e Cristiano, ajudam regularmente na busca por alimentos, serviço do café e até mesmo limpeza do barracão após o evento. Dali, onde muitas vezes preferiam servir as crianças do que simplesmente brincar, Guilherme e Henrique se tornaram os primeiros voluntários Jovens da Vaquinha do Alimento, programa de inclusão alimentar de Santa Cruz do Rio Pardo, que atende mais de 350 crianças e adolescentes da vila Divineia e bairros vizinhos com kits fartos de alimentos todos os meses.

A disposição e o prazer em ajudar as pessoas também são afinidades entre esses garotos. Yago começou vendendo abacates do terreno repleto de árvores que existe em frente a sua casa, no bairro Jardim Ivone, em Bauru. A atividade lhe rendeu o apelido de “Menino do Abacate”, que foi ficando conhecido e ganhou espaço na mídia e nas redes sociais através de suas postagens no Instagram, onde fala de futebol, de cidadania e de, abacates, naturalmente.

Tempo para os outros – Assim como acontece no trabalho voluntário adulto, quando se trata de crianças, a tarefa também envolve esforço e responsabilidade. Enquanto Yago se prontifica a publicar a campanha de captação mensal e a organizar o café junto com a mãe e pessoas da comunidade, os irmãos Miranda passaram a pandemia se dedicando a encher, lacrar, carregar e entregar centenas de caixas de alimentos. Depois, com o advento de um espaço para o evento mensal e eco-bolsas para as crianças, eles passaram a ajudar fazendo parte de uma equipe de 14 jovens que montam o local do evento, distribuem os alimentos, organizam a fila, registram imagens e deixam tudo em ordem depois de cada edição da Vaquinha do Alimento, que tem apoio da prefeitura da cidade com a

Yago nos mostra a origemte de sua ação: um pequeno abacate colhido numa das enormes árvores frutíferas vizinhas à sua casa, em Bauru O argumento do menino de então 10 anos, era que poderia conseguir ajuda com seus seguidores, que somavam 1,5 mil pessoas naquela época. Hoje, já são mais de 4,5mil. Proposta aceita, desde então eme realiza o café da manhã sempre no segundo domingo do mês ou datas festivas, como a Páscoa, o Natal e o Dia das Crianças, que pudemos conferir. Para ele fazer isso é encontrar a felicidade. Para as quase 200 crianças que com-

parecem para aproveitar as delícias que ele ganha ou compra, certamente também. “Alugamos brinquedos que geralmente eles não têm acesso”, diz Fran, que apoia o filho assumindo a tarefa de ajudá-lo na organização dos eventos. “Sinto muito orgulho e uma pessoa abençoada por Deus”, afirma ela, sobre o filho. É também por se se sentirem felizes que os irmãos Noronha de Miranda

fotos: Flavia Rocha | 360

Depois de dois anos faturando o suficiente para ajudar a mãe nas despesas de casa, Yago se viu diante da decisão de dividir uma única bolacha com dois amigos. Foi ali que teve a ideia de propor à mãe, Franciane, que o apoiasse na realização de um café da manhã mensal para as crianças do bairro.

foto: Flavia Rocha | 360

Guilherme e Henrique de Noronha Martins de Miranda são irmãos e têm 13 e 15 anos, respectivamente, eles são irmão do pequeno Leonardo, de apenas 2 anos e meio. Yago Francisco Muniz de Arruda Oliveira tem 13 anos. Além da disposição para brincar e do gosto por esportes, especialmente o futebol, no caso de Yago e Henrique, eles têm algo em comum. Desde muito crianças, a partir dos 8 anos no caso de Guilherme e dos 10, idade de Henrique e de Yago na época, eles atuam no que se usa chamar voluntariado, ajudando crianças como eles a terem mais alimentos gostoso e, assim, ficarem mais satisfeitas e alegres.

Yago teve apoio total da mãe, Franciane, na criação do café da manhã mensal que promove no bairro onde mora, em Bauru. Em datas festivas, como o Dia das Crianças, também tem brinquedos


bem sem olhar a quem continuar a ajudar outras crianças e jovens a se alimentarem melhor todos os meses cessão de espaço para usa realização, na unidade CRAS Betinha de atendimento comunitário. Nas conversas que mantivemos com os garotos, um de cada vez, as afirmações tinham o mesmo significado: não sentem preguiça, gostam de ajudar as pessoas e acham isso importante. De pais para filhos – Receber em casa o exemplo do exercício de cidadania, já que todo voluntariado se trata disso, certamente faz as crianças despertarem para essa atividade que,além de proporcionar bem estar, amplia os horizontes desses adolescentes, assim como a base de aprendizado, questões importantes para quando se tornarem adultos. Também proporciona diversão, pois eles conseguem fazer as coisas sem o peso de quem está a trabalho, mas com a alegria de quem está fazendo algo com amigos para amigos. dos dos pais nas sacolas das crianças que recebem o kit da Vaquinha do Alimento todos os meses.

mês. Ao ver o jornal junto com a família, o pequeno Leo questionou: “Cadê eu?, Cadê eu?”

Recentemente, seus irmãos apareceram neste periódico, numa matéria sobre voluntariado, ao lado do grupo jovem que ajudar nos eventos a cada

Pois aí está você, Leo, com foto de capa, ensinando que desde sempre é bom, gostoso, saudável e possível fazer o bem sem olhar a quem.

fotos: Flavia Rocha | 360

O pequeno Leonardo – Nascido pouco antes da pandemia, o caçula da família Noronha de Miranda sempre esteve acompanhando a mãe nos eventos da Vaquinha do Alimento. Isso explica a naturalidade com que ele, aos dois anos e meio, coloca itens que estão sob os cuida-

Guilherme, acima, é o “braço direito” da coordenadora da Vaquinha do Alimento. Henrique, abaixo, é o fotógrafo dos eventos

Assim como os irmãos, Leonardo está crescendo acompanhando a cidadania ativa dos pai. Ele já participa nos eventos fazendo o que gosta: separar os iogurtes e entregar para a turma da VAL


Curando feridas pelo caminho

foto: acervo Graal Estação kafé

foto: Flavia Rocha | 360

Postos de abastecimento em rodovia de Santa Cruz promovem adoção de animais em situação de abandono

Abandonar animais de estimação tem se tornado um dos mais recorrentes problemas desde que a busca por um pet aumentou, nas últimas décadas. A situação se tornou tão crônica que a prática do abandono passou a ser considerada crime em todo o território nacional. Apesar da indiferença de tantos, o trabalho de busca por novos lares para animais abandonados também ganha mais espaço nas comunidades. E também chega às rodovias brasileiras.

Santa Cruz, o índice de abandono de animais ainda é maior do que o de adoções. Segundo o gerente do Graal Paloma, Benedito Carlos Rodrigues, muitos chegam com cães que foram abandonados próximos de suas casas e bairros pedindo para que sejam mantidos no Canil ou Gatil dos postos. Segundo ele, a adoção é acompanhada através de uma ficha de cadastro e posterior contato com os novos tutores. “Não podemos deixar os animais desamparados, mas temos um limite de animais para garantir o bem estar deles”, explica Benedito.

Instalado na rodovia João Baptista Cabral Rennó, que liga Bauru a Ipaussu, no sudoeste do estado de São Paulo, o Espaço Pet de duas unidades da rede de postos Graal promovem a adoção responsável de cães e gatos. O projeto teve origem em 2017 na unidade Graal Paloma e rapidamente foi instalado também na unidade Graal Estação Kafé, ambos dirigidos pela família Toneta, de Santa Cruz do Rio Pardo.

Abandono prevalece – Apesar de todo o esforço das unidades Graal de

Alerta sobre crime – Além do incentivo à adoção e cuidados com os animais tutelados em suas unidades, os proprietários do Graal Paloma e Graal Estação Kafé mantêm avisos de alerta a respeito do abandono de animais, que além do caráter desumano, configura crime. Graal Paloma – _ Rod. Eng. João Baptista Cabral Rennó, km 309

foto: Flavia Rocha | 360

Info: Graal Estação Kafé – Rod. Eng. João Baptista Cabral Rennó, 316,5

foto: acervo Graal Estação kafé

Pontos de abastecimento, alimentação e turismo, as unidades mantêm o Espaço Pet onde cães e gatos são tratados até que encontrem uma família. A ação é resultado do abandono de diversos animais no pátio do Paloma na época, incluindo duas cachorras prenhas que juntas tiveram 19 filhotes. Muito organizado e acessível, o Espaço Pet de cada uma das unidades é mantido com recursos próprios e conta com parcerias no atendimento veterinário, realizado pela clínica MedCão, de Santa Cruz, e na alimentação, mantida pela Special Dog, que também tem sede na cidade.

foto: Flavia Rocha | 360

O Espaço Pet é destaque nas unidades Paloma e Estação kafé da rede Graal. Acima, cão adotado por cliente



10 • acontece

A banda que nunca tocou aparece em livro na Europa A história parece uma “causo”, desses que se conta em rodas de conversa de bar, em família, em noites de lua cheia. Três amigos resolveram criar uma banda. Só que nenhum deles era cantor ou sabia tocar algum instrumento com desenvol-tura. Definiram o nome “Zero à Esquer-da”, o que lhe caiu feito o uma luva, já que não sabiam tocar e pouca diferença fari-am no cenário musical da cidade, a não ser por serem membros veteranos da tri-bo de rock local: Zé, Tanaka e Pega, este, entre os mais lendários da cidade. Eis, no entanto, que na primeira aula de guitarra do Zé, a amiga poetisa e escritora dos integrantes, ao saber do projeto que tinha tudo para não dar certo e mesmo assim fadado ao sucesso, eternizou a banda que nunca tocou numa poesia.

homenageia a partir do título. A obra foi publicada, tornando pública “além mar” , a história da banda que, precocemente, antes de qualquer aventura de ensaios de garagem, estúdio ou apresentação num palco, deixou de existir, pelo menos em sua formação original. O que vai acontecer depois disso? É um mistério que a vã filosofia não pretender explicar.

Já habituada ao intercâmbio de seus escritos com editores portugueses, enviou o poema adaptado à fatalidade da perda do vocalista, o qual

A autora, Lully Salinas, é poetiza, escritora e já tem outras obras publicadas pela Editora Chiado Books, de Portugal.

Info: “Anagrama” , publicado em “Quarentena Memórias de um País Confinado Brasil – Colecção Palavras Soltas – Chiado Books 1ª edição (Ago/2020) “Andor”, publicado em “Registros Femininos” - Coletânea de Autoras Brasileiras Contemporâneas- Colecção Palavras Soltas (Mar/2020) “Coronelista”, publicado em “Além da Terra Além do Céu” – Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea Volume IV – Colecção Prazeres Poéticos – Chiado Books 1ª edição (Dez/ 2019)

Liberdade na Retaguarda Luly Salina Eram três amigos Que não dá para contar o tempo em poucas linhas Que queriam a liberdade de uma Banda de Rock formar Repertório ensaiado prontos para tocar Zé na guitarra Tanaka na bateria O Pega, o mais livre, quem diria Marcava aula e nunca ia (E agora que não vai mais não) De tanta rebeldia Nasceu a Zero a Esquerda Banda metaleira, hard core, punk, trash metal e toda liberdade que a música propicia (Agora só Utopia) Sucesso total este tal de metal E num instante dariam um salto anormal A Primeira mais tocada na rádio online local Zero a Esquerda encerraria o Rock in Pardo Festival Com o Zé ligadão na distorção Tanaka quebrando tudo na bateria E o Pega, simples homem, pássaro livre voou

Foi um baque total No Bar do Cersão não vão mais estrear Repertório liberdade quebradeira Zé e Tanaka na maior sonzeira E o Pega no camarote celestial tomando a saideira com seus ídolos do metal Descanse em paz Que sejas livre leve noutra dimensão Porque aqui seus amigos Não te esquecem não


11 • bem viver

Desafiar a própria mente é saudável e divertido Quem à ouviu falar que fazer Palavras Cruzadas ou outros passatempos que exigem raciocínio é bom para a saúde? Todo mundo, né? Eu sempre fiz passatempos. De Jogos de Diferenças a Palavras Cruzadas do mais elevado grau de dificuldade, cresci com esse hábito. Não sei se serei mais saudável por isso, mas me diverti muito. E aprendi muito também. Hoje em dia gosto muito de fazer o Sudoku, enquanto minha mãe prefere o Pesca-Palavras. É por causa dela que todos os meses crio esse passatempo, tentando elevar ao máximo a quantidade de palavras e a dificuldade. Sobre a saúde, vale lembrar que além de passatempos, é importante manter-se em constante aprendizado. Essa dica pode ajudar também a realizarmos sonhos antigos. A vontade de aprender algo que ficou lá no passado, pode ser resgatada e se transformar numa saudável e divertida aventura. Aprender, aliás, é algo infinito, que podemos fazer sempre. E isso que faz nosso cérebro permanecer mais saudável por mais tempo. Naturalmente, nem todos terão essa sorte, pois há outros fatores que podem provocar a demência. Mas não custa nada incluir essas atividades na nossa rotina, concorda?!

imagem: canva.com

*Flavia Manfrin

T R A P A Ç A O N F O R A T I V I D A D E S U S I A M E J R O N L O A C D O U C M E P A S S A D O S O H N O S C H O O Ã B A C N A B N Õ D O K A R R A C O V O R P A A Q O A G C P A N O J O P O R Ã A R S U E U K O D E T O D N I N I O A O Z R Ã L Q J Z Ç R H A S E I N M E U O E A I B I S R Z O T S O G O S U A D O P R A B L I D Z D E Z K F U P T P E R A X J R O P M A C G P B T O X A I E P U S B I O Q A O L N R U A T G R A Q D B U M E A P E V Ç R O A I C H U N R R A P O R T A T O S O R A E M U E O E C G I O S U O A T P A D I F E R E N Ç A S U L P E L B R I O R U X L L N E F M E E A L A A I U L A G E P O M E N T E Q U A Ç D O T V Q R M O S H L E C V G U V G I S V V N I E U E O U A Z I B U O E T U A A Z M I O A K E O S R A L D I M L T C D O D E K F N I A B F U E B D X P O N J A R U O X U P S V E E A B O S C N C I I I M U N D O E U T D V E D A T N O V O R D U D N I I H T L P A L A V R A S O U T R O S I U G B E P E Ç U A A F O O Z S E R O T A F I C J R E S G A T A D A M A B S R U N O A E T N A T R O P M I A T A N S F E R M A E U Q R T D I F I C U L D A D I Z E X O I N I C O I C A R S G U I O



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