Jornal 360 _ edição 184 - Maio 2021

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2 • editorial

Entendimento

Entendimento, assim como todos os outros que derivam do verbo “entender”, se originaram a partir do latim intendere, que também pode ser traduzido como “estender”, estando relacionado com o que seria a ideia metafórica do entendimento: o ato de estender ou esticar os conhecimentos, fazendo com que se consiga chegar a um entendimento consigo ou com o outro, pois consegue sair de sua “zona de conforto” e perceber outros pontos de vista. Conhecer o que as partes envolvidas em uma situação, em um dilema ou em uma ação pensam e almejam é essencial para que se chegue a um denominador comum. Ou, a um entendimento. A atual realidade brasileira, trágica e aparentemente longe de ser solucionada, nos permite traçar a falta de entendimento da maioria das pessoas da importância de evitar toda e qualquer possibilidade de contágio. foto: Bruno Henrique Fotografias

Lucas 17 Vs 21

Afinal, não se trata de posição política, mas de salvar a própria pele. É espantoso que tanta gente, de toda base cultural, social e econômica, ainda insista em ligar o ar condicionado e manter os ambientes fechados, reunir-se com amigos e familiares, mesmo que em pequenos grupos e, o que é pior, usar a máscara mal e porcamente, deixando toda hora o nariz escapar, ajeitando-a por cima bem na área do nariz e puxandoa para a papada do pescoço inclusive no momento em que ela mais importa: o da conversa. Entender que a situação exige cuidado já deveria ter acontecido. Porém, o país, ainda sob o comando de um genocida assumido, continua à mercê do coronavírus, esse sim, fortalecido e fazendo mais e mais vítimas. Já são mais de 400 mil mortos. O que mais é necessário para que a população entenda que é preciso cumprir os protocolos de proteção para se manter viva? O entendimento é a tônica desta edição, que traz a primeira de uma provável série de reportagens em torno de mais uma investida de empresas interessadas em usar o rio Pardo para gerar energia. Foram várias conversas, perguntas e pesquisas que buscam trazer ao leitor informações sobre o que se está propondo para o rio, as chamadas CGHs (Centrais Geradoras de Energia). Só assim, com muita informação será possível se chegar a uma opinião acertada sobre a viabilidade e a utilidade esses projetos. O ponto de partida, naturalmente, parte do conceito da sustentabilidade, ou seja, do quanto ele estará a salvo de deteriorização, e as vantagens para os proprietários rurais, que estão sendo convidados a participar dos empreendimentos como sócios ou fornecedores de terra, e para a comunidade em geral. Nossa primeira abordagem aparece numa seção mista de AGRONEGÓCIO e MEIO AMBIENTE.

Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.”

Código de Ética do Jornalismo * Paramentada para se proteger e proteger os outros, a editora do 360 promove mais uma ação da Vaquinha do Alimento, que aparece nesta edição em matéria sobre voluntariado e o entendimento da necessidade de apoio de quem vive na exclusão * A edição traz ainda dicas imperdíveis em FINANÇAS, passatempo em MENINADA, receitas em GASTRONOMIA e uma campanha de proteção às crianças e adolescentes da ação violenta de verdadeiros predadores humanos, como vemos em ACONTECE. Para completar, o trabalho que não rende dinheiro, mas uma grande paz de espírito, o voluntariado, retratado em CIDADANIA. Ciente de que há muito mais a informar cada leitor, com dados baseados em fatos e na busca pela estabilidade coletiva, desejo a você e a todos, muita saúde. E recomendo todo o cuidado. Use máscara! E faça coro à nossa campanha “Depende de Nós”, alertando sobre a importância de se usar máscara para manterse vivo, que estampa nossa capa e contracapa! Boa Leitura! Flávia Rocha Manfrin | editora c/w: 1499846-0732 • 360@jornal360.com

Ora ação!

Artigo 15º

O Jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções.

e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 3 mil exemplares. Distribuição gratuita. RedaçãoColaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diagrmadora e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos e Paola Pegorer Manfrim ‹colaboradores›, José Mário Rocha de Andrade, Fernanda Lira e Angela Nunes ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹ilustrador›, Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, Camila Jovanolli ‹transcrições e comercial›. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 - centro - 18900-007 - Santa Cruz do Rio Pardo/SP • contato: 360@jornal360.com • cel/whats:+551499846-0732• 360_nº184/maio2021


3 • acontece

No mês das Mães, vamos proteger todos os filhos Com números crescentes de ocorrências envolvendo o abuso de menores, Avaré lança este mês a campanha “Faça Bonito - Proteja Nossas Crianças e Adolescentes”, criada pela sua Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SEMADS) .

Adolescentes” esclarece que abuso sexual é caracterizado como o uso do corpo de uma criança ou adolescente por um adulto ou adolescente para a prática de qualquer ato de natureza sexual, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico.

O início da campanha que tem como objetivo alertar a população e informar os canais para denúncias de casos de abusos de menores, coincide com o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio.

Já a exploração sexual é a utilização sexual de crianças e adolescentes com a intenção do lucro ou troca, seja financeiro ou de qualquer outra espécie, de modo presencial ou por meio eletrônico, prática também criminalizada pela legislação.

A data da campanha rememora o trágico caso da menina Araceli, violentada e assassinada no dia 18 de maio de 1973, aos 8 anos de idade, por jovens de classe média alta em Vitória (ES). Um crime, hediondo impune até hoje. Abuso e exploração – Informativa, a campanha “Faça Bonito - Proteja Nossas Crianças e

Segundoa a secretaria de assistência social de Avaré, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é o órgão público responsável pelas famílias e pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social e violação dos direitos humanos. É esse órgão que está encarregado de fazer as escutas das denúncias, para não haver a revitimização de quem

teve a integridade física violada. Segundo a SEMADS, o número de casos vem crescendo. Em 2019, o CREAS de Avaré registrou 8 atendimentos, entre crianças e adolescentes que sofreram abuso. Em 2020, foram 10 escutas especializadas de crianças e 14 escutas de adolescentes nessa situação de violência. O número aumentou ainda mais em 2021. Em apenas quatro meses, foram atendidas 14 crianças e 8 adolescentes em situação de abuso. Os dados apontam, por um lado, o aumento de casos, um fator negativo, mas por outro, o aumento das denúncias, o que é positivo no sentido de se apurar a real situação desse terrível cenário. “Convidamos toda a população a cooperar com o enfrentamento à violação dos direitos de nossas crianças e adolescentes durante o período de quarentena, propósito representado pela hastag #QuarentenaSimViolênciaNão”, anuncia a SEMADS.

Como denunciar – Para ajudar a combater essa prática criminosa as denúncias podem ser feitas junto aos órgãos competentes: no Plantão Policial, CREAS ou Conselho Tutelar de cada município. Também existe o disque-denúncia para casos de abuso de menores, um serviço de utilidade pública que tem como função registrar e encaminhar denúncias de direitos humanos, incluindo todos os grupos vulneráveis,

como idosos, mulheres, pessoas em situação de rua, pessoas com deficiência e população LGBT+. Contatos e informações sobre os serviços em Avaré: • Plantão Policial: 3731-2373 R. Minas Gerais, 1315, centro • Delegacia da Mulher: 3733-1629 Av. Salim Antônio Curiati, 1630 • CREASs: 3732-6012 ou 37325017. R. Rio de Janeiro, 1032 • Conselho Tutelar: 3732-1199 R. Rio Grande do Norte, 921


4 • ponto

de vista

*José Mário Rocha de Andrade As histórias da mitologia falam do nosso interior, utilizam fantasias para ajudar-nos a melhor entender a nós mesmos. Jasão constrói o Argo, um barco que irá transportar os argonautas, heróis em busca do velocino (a pele com a lã do carneiro) de ouro, um talismã que outorga a quem o possui prosperidade e poder. Jasão foi educado por Quíron, o mais sábio dos Centauros que o ensinou:

Tudo é SANTO Temos a imagem clássica da deusa da justiça segurando em uma mão uma balança para equilibrar o crime e o castigo imposto, na outra a espada, a força da justiça e uma venda cobrindo seus olhos para que não veja a classe social e o status. Para os gregos, os fundadores da nossa cultura ocidental, mesmo Themis, a deusa da justiça, tem os olhos cobertos ao julgar. Aprendemos no filme “O Silêncio dos Inocentes” que o desejo chega pelo olhar. A oftalmologia diz que 80% do relacionamento com o mundo é feito através do olhar.

“Tudo é santo. Tudo é santo. Não há nada de natural na natureza. Quando a natureza parecer natural terá acabado tudo e começará qualquer outra coisa. Que belo céu. Próximo. Feliz. Diga, não parece mesmo nada natural qualquer pedacinho dele e que pertence a um deus? Como o mar, neste dia em que faz 13 anos e está pescando com os pés na água morna. Olha atrás de você. O que vê? Talvez alguma coisa natural? Não. É uma miragem a qual vê atrás de você. Com as nuvens que se espelham na água parada, pesada, das 3 horas da tarde. Em cada ponto onde seus olhos pousam está escondido um deus. E se por acaso não está, aí deixou sinais de sua pre-

O sagrado no olhar encontra-se no que você enxerga. Se precisamos de Themis ,a balança e a espada, para olhar e enxergar que tudo é santo, que não há nada de natural na natureza, enxergar o coração das pessoas, enxergar com o coração e a mente, com fé e esperança, ter os olhos e o coração abertos é preciso

Imagem de Daniel Hannah por Pixabay

sença sagrada. Ou silêncio ou cheiro de erva ou frescor de água doce. Sim, tudo é santo.” Há duas semanas fui à missa e o padre citou uma passagem em que o Senhor diz a Samuel: “O Senhor não vê como vê o homem: o homem vê a aparência, mas o

Senhor vê o coração”. Há muitos anos meu irmão me enviou uma foto de um banco de jardim com os dizeres bíblicos: “Fixamos nossos olhos no que não é visto, pois que, o que é visto é passageiro, mas o que não é visto é eterno”.

*médico santa-cruzense radicado em Campinas

O BOM EMPREGO Afinal, o trabalho serve para nos prover de dinheiro para comprar aquilo que precisamos para viver. Vivemos dessa forma e é isso que nos faz sair em busca de um emprego. Que tipo de trabalho traz esse aprendizado e a oportunidade de superação, de aperfeiçoamento? Onde o seu chefe faça muito bem aquilo que cabe a você fazer. Ele tem que ser um grande conhecedor e executor do que você vai fazer. Quando o seu chefe não é um executor do que você vai fazer, é porque você está na posição do chefe. Então, quando você inicia numa carreira é muito importante que os eu chefe direto saiba fazer – e bem – o que você vai fazer. Você também precisa de uma empresa, seja ela micro, média ou gigante, que prime pela qualidade naquilo que faz e produz. Uma empresa que ostente a qualidade no seu sistema de produção e naquilo que ela oferece ao mercado como um diferencial. Essa empresa terá um nível de exigência alto. Porque é isso que promove e garante a qualidade. Para quem está trabalhando, esse nível de exigência e o conhecimento transmitido pelo empregador, são fundamentais para que se

aprenda através do trabalho. Isso significa, aprender a fazer, a fazer melhor e melhor e melhor. Sempre.

imagem: ilustração produzida com imagens Pixabay.com

O bom emprego é aquele em que você aprende chegando a um nível de aprendizado e superação do seu conhecimento naquela função que lhe permita almejar um emprego melhor, uma posição, um ganho melhor.

*Fernanda Lira

Quando a a gente faz bem feito, quando isso é exigido pelo nosso trabalho, a gente se torna um profissional muito mais qualificado. Aprendemos não apenas a fazer bem feito, mas a buscar o melhor. E isso é valorizado no nosso sistema de convívio: o que é melhor. Procurar trabalhar, especialmente no primeiro emprego, que ensine muito e exija muito do que você vai fazer, vai fazer toda a diferença no seu perfil profissional. E um profissional mais qualificado terá mais oportunidades de um desenvolvimento profissional, de mais ganho e mais satisfação também. Porque é muito gratificante quando nosso trabalho se destaca. O emprego que nos coloca em constante aprendizado sob um nível elevado de exigência também nos permite ampliar nossas atividades, mudar de setores e assumir cargos de chefia. Porque quando temos o hábito do aprendizado e da qualidade, do capricho naquilo que se faz, fica muito mais fácil assumir tarefas novas, que precisem ser aprendida para serem incorporadas à nossa rotina. A pessoa habituada a aprender, aprende. Isso se desenvolve através de um emprego que o desafie ao constante aprendizado. Ninguém nasce sabendo. O hábito, faz sim o monge.

Busque isso no seu primeiro emprego. Porque a questão financeira, a carga horária, são coadjuvantes quando estamos começando a vida profissional. Ainda mais quando somos jovens e podemos viver com pouco, pois temos menos responsabilidades na nossa vida. E lembre-se: não seja tão rigoroso quanto aos horários. Porque a gente sempre gasta um tempo com conversas, com paradinhas para isso e aquilo. Então, uma horinha ou outra a mais, não vai te deixar no prejuízo. Muitas vezes elas são o seu momento de aprendizado. Eu fiz muitas horas extras, muitas não foram remuneradas, mas não me arrependo de nenhuma delas. Porque eu tive a disposição de aprender em todos os meus empregos. E a sorte de ter empregadores e chefes muito exigentes.

Uma empresa que tenha boas práticas em relação a seus funcionários e à comunidade sempre vale a pena. Ainda mais se você conseguir se desenvolver profissionalmente dentro dela. As mais notáveis, as maiores, já têm muita procura, mas talvez você esteja deixando de observar pequenos e médios empregadores que também primam por toda essa qualidade. Passar pela experiência de ter um chefe exigente, que saiba como fazer bem feito, é uma escola. Porque ninguém nasce sabendo e o universo acadêmico nos serve como base. O desenvolvimento profissional advém da prática. Esse é um ponto importante para quem sai de uma escola técnica ou mesmo da universidade. Em vez de sair em busca de uma gráfica para estampar sua logomarca porque você, afinal, tem um diploma, procure um emprego para exercer a atividade que você se qualificou sob a supervisão de um chefe experiente e exigente. Além de ampliar significativamente o seu conhecimento, você não precisará se ocupar com as questões decorrentes de todo empreendimento: a administração, a captação de clientes e, naturalmente, o dinheiro para pagar todas as contas, inclusive o seu salário!

*jornalista paulistana que adora o interior


5 • finanças

o Mapa da

MINa

Por uma vida financeira mais tranquila! Olá, Pessoal! O artigo deste mês será sobre um tema que vai nos ajudar a caminhar com mais tranquilidade no Mapa da Mina para atingirmos o TESOURO do BEM ESTAR FINANCEIRO. Angela Nunes

Aí está o tesouro: Capítulo 4 - reserva

Reserva de tranquilidade é aquele dinheiro que a gente deve guardar para o caso de algum imprevisto ou necessidade inesperada acontecer.

Ah! Eles continuam fazendo a poupança na garrafa pet, que passou a ser chamada de cofre, e depositando o dinheiro poupado a cada mês na Poupança. Eles também combinaram de fazer depósitos extras no “cofre” sempre que conseguirem. Inclusive, já estão começando a pensar se devem colocar o dinheiro que já têm em outro tipo de investimento.

É importante reforçar que a Reserva de Tranquilidade deve ser utilizada para nos ajudar a pagar nossas despesas em momentos de emergência e não para pagar despesas que nós já sabemos que vão acontecer em determinados momentos do ano, como por exemplo: IPTU, IPVA e material escolar. Algumas perguntas importantes: Qual o valor que devemos guardar? Como eu vou conseguir guardar?

Imagem de Steve Buissinne do Pixabay

Normalmente, a Reserva de Tranquilidade é calculada tendo como base a nossa despesa mensal. Em geral, a gente deve ter guardado, no mínimo, três meses de despesas mensais. Então, se a família gasta R$ 1.500,00 por mês, a reserva deve ser R$ 4.500,00.

Imagem do USA-Reiseblogger do Pixabay

Quem nunca teve um imprevisto ou emergência na vida, não é? A perda de emprego ou redução do trabalho, uma doença na família, a troca da geladeira que pifou de repente... são imprevistos.

A Reserva de Tranquilidade é aquele dinheiro que a gente tem guardado e torce para nunca precisar gastar! Porque não gastar a essa reserva significa que, graças a Deus, não houve uma emergência na nossa vida.

jadora Financeira Certificada pela Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Graduada em Ciências Econômicas pela UERJ, com Especialização em Psicologia Econômica. É Consultora e Administradora de Valores Mobiliários autorizada pela CVM e sócia da Moneyplan - Consultoria em Planejamento Financeiro e Educação Financeira. Membro do Conselho de Administração e do Comitê Executivo da Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, foi diretora do Banco Itamarati, da BCN Alliance Capital Management e do Banco BCN - Grupo Bradesco - e docente do Curso de Planejamento Financeiro do INSPER – Instituto de Ensino e Pesquisa. É também co-autora do livro “Planejamento Financeiro Pessoal e Gestão do Patrimônio – Fundamentos e Práticas”

forço e a colaboração de cada membro da família. O que eles fizeram com o dinheiro? Abriram uma poupança no banco e depositaram o dinheiro lá!

Vamos falar sobre RESERVA DE TRANQUILIDADE!

Esse dinheiro guardado nos ajuda a ter menor estresse com a nossa vida financeira. Ajuda, também, a evitar que a gente se endivide por causa de alguma emergência.

Maria Angela de Azevedo Nunes, CFP®, Plane-

Claro que se a família não tem esse dinheiro guardado, não vai fazer isso da noite para o dia! Será necessário se organizar para ir poupando o valor necessário aos poucos. A gente sabe que guardar dinheiro, especialmente agora com todas as dificuldades que estamos vivendo, não está fácil! Por outro lado, é muito importante tentar se organizar para fazer isso. Mais do que nunca é fundamental fazer os registros do que gastamos... fazer um orçamento... economizar e... poupar! Vale lembrar que falamos sobre orçamento de despesas na edição de fevereiro (360_ed.181). Vou contar para vocês, o “combinado” que uma amiga fez com a família para guardar dinheiro de uma forma coletiva. Ela e toda a família combinaram que TODOS OS DIAS DO MÊS a família, em conjunto, colocaria em uma garrafa pet (para todos irem vendo o dinheiro crescer), o VALOR de dinheiro correspondente AO DIA DO MÊS. No dia 1º guardaram R$ 1,00, no dia 2 guardaram R$ 2,00 e foram fazendo assim todos os dias, até o dia 30, quando guardaram R$ 30,00. No final do mês, eles abriram a garrafa e tinham R$ 465,00 que foram guardados devagar durante todo o mês com o es-

Então pessoal, até para poupar nesses tempos complicados, precisamos nos organizar, pensar em conjunto e ser criativo! Vamos seguindo com o nosso MAPA DA MINA, lembrando que: • poupar e ter um dinheiro guardado, traz conforto e tranquilidade! • uma vida mais simples é mais fácil de carregar!


6 • gastronomia

Deliciosamente, SAUDÁVEIS

Fotos: Flávia Rocha | 360

Flávia Rocha Manfrin

Quem já passou dos 50 anos, como eu, sabe que ser magrinha nem sempre é pra vida toda. A saída para controlar a balança sem perder o hábito de comer despreocupadamente pode estar na substituição de alguns alimentos. Foi o que fiz para contornar o ganho de peso da meia idade. O delicioso pãozinho deu lugar à também deliciosa tapioca. Bastou achar um jeito de prepará-la de acordo com as preferências do meu paladar. A mesma coisa podemos fazer com gorduras e açúcares, como apresentamos nesta edição.

Manteiga Ghee

Frutas ao MEL

Dica de Flávia Rocha Manfrin

Dica de Flávia Rocha Manfrin

Dica de FLávia Manfrin

Também não queria preparos complexos ou com muitos ingredientes. Então fui testando a espessura da massa. Usar uma peneira, ou coador, para polvilhar a tapioca em vez de fazer isso diretamente da colher ou usando as mãos, ajudou muito a espalhar melhor na frigideira, sempre bem untada com azeite e em temperatura mais pra baixa do que alta. Vou peneirando formando um pequeno círculo, uso um saleiro para dar sabor e quando ela vai virando uma telha, coloco o queijo, dobro e está pronta a tapioca do café da manhã. Para o jantar, aumento um pouco o disco polvilhado, quando ele se forma passo uma camada final de molho de tomates e então coloco o queijo e outros ingredientes a gosto. Para acelerar, coloco uma tampa por alguns instantes apenas, para promover o derretimento do queijo. E pronto!

Fotos: Flávia Rocha | 360

Resolvi encarar a tapioca porque adotei uma dieta com baixo consumo de glúten e carboidratos. A mandioca, como sabemos, é muito mais indicada do que batatas, por exemplo. E do que o trigo também. O desafio, no meu caso, era a textura. O estado de goma dos tradicionais preparos realmente me desagradava!

A manteiga Ghee anda famosa por não conter os inconvenientes da lactose e da proteína do leite. Mais saudável, esse produto milenar é mais indicado para melhorar a digestão, mas, como toda gordura, engorda. Também conhecida como “manteiga clarificada“, é bem fácil de fazer. _Preparo: Coloque a manteiga sem sal em um recipiente de vidro e leve para derreter em banhomaria em fogo baixo e sem mexer. Quando levantar fervura, retire a espuma com uma escumadeira ou colher. Faça isso até que sobre apenas o líquido de óleo. Ou então apenas aqueça, sempre em recepiente de vidro e banho-maria, até as duas partes – líquido e gordura – se separarem. Retire com cuidado a parte de gordura, que ficará por cima, passando por um coador bem fininho. Coloque em um pote de vidro esterilizado e mantenha uns 15 minutos no freezer para endurecer. Feito isso, pode até manter fora da geladeira.

Foto de Tim Douglas no Pexels

A vez da Tapioca

Não se trata de elencar uma receita no modo tradicional, mas de indicar o uso do mel no lugar onde usamos açúcar, creme de leite ou mesmo o leite condensado. As saladas de frutas, por exemplo, ficam deliciosas quando trocamos esses produtos que engordam pelo mel puro. Pode até ser um mel pouquinho aquecido, que vai deixar sua salada de frutas deliciosa, ainda mais se tiver uma granola crocante para polvilhar. O queijo, que muita gente assa e cobre com geleia, também fica maravilhoso se você trocar a geleia, feita com açúcar, pelo mel. Dá até para misturar uma especiaria, como noz moscada, e seu petisco ficará muito saboroso.



8 • agronegócio_meio

ambiente

Foto: Flávia Rocha | 360

Projetos de CGHs podem ser implantados no rio Pardo

* Com 264km de extensão, o rio Pardo que nasce em Pardinho e desagua nas águas do rio Paranapanema em Salto Grande, é um rio tranquilo, despoluído, que não tem o fluxo de águas de grandes rios. É preciso muita cautela e análise dos impactos que projetos causar a essa fonte que abastece diretamente 15 municípios do sudoeste paulista * As intenções podem até ser boas. Mas toda e qualquer interferência no fluxo de uma rio limpo e despoluído em pleno século 21 gera muitas dúvidas e requer extrema cautela, além de muitos estudos e reflexõs. A razão é muito simples: queiram admitir ou não os entusiastas de geração de energia a partir de matrizes hídricas, este modelo de produção é considerado ultrapassado por comprometer a sustentabilidade dos rios, riquezas hoje reconhecidamente passíveis de serem preservadas, afinal, são, ao lado das florestas, nossa garantia de sobrevivência. Por isso, ao tomar conhecimento da existência de empreendimentos do setor energético tomando como fonte as águas do rio Pardo, especificamente dentro do município de Santa Cruz do Rio Pardo, os integrantes do Movimento Rio Pardo Vivo, cujas atividades são sistematicamente reportadas por este jornal, se reuniram para avaliar o que está sendo proposto. O assunto também ganha as páginas desta edição por envolver diretamente uma série de produtores rurais, cujas propriedades chegam à beira do rio e para os quais a Construnível Energias, empresa que atua no setor desde 2012, com sede em Xanxerê, Santa Catarina,

está propondo não apenas a compra das terras para a instação de CGHs, mas também a opção de parceria no empreendimento, sem a perda do direito à propriedade para os proprietários rurais. Menor impacto ambiental – É certo que as CGHs (Centrais Geradoras e Energia) propostas pela empresa catarinense para as águas do rio Pardo são geradoras de energia menos agressivas ao meio ambiente do que as já noticiadas – e rechaçadas – PCHs (Pequenas Centrais Hidreléticas). A começar pela área utilizada e pelo não alagamento do rio através de grandes barragens. Por isso, as CGHs são vistas como alternativas mais seguras no que diz respeito à preservação do rio. Também geram menos energia, naturalmente. E é a venda dessa energia à rede pública que está sendo ofertada aos proprietários das áreas a serem utilizadas no projeto em troca de contratos de arrendamento com renovação automática ou do investimento direto no projeto, com a integração da área em questão. Essa tem sido a principal oferta da empresa aos agricultores, que, pelo que pudemos apurar, têm não somente dúvidas a respeito do projeto,

mas grande resistência, ainda mais em relação a associar-se ao empreendimento. “A mim só interessa vender e ainda assim, não tenho certeza dessa decisão”, disse um dos proprietários com os quais conversamos, que não quis se identificar. A questão do impacto e a vantagem comercial do empreendimento constituem a principal linha de argumento da Construnível Energias, que nos atendeu através de departamento de marketing, que pos sua vez levou nossos questionamentos a seu principal executivo, Cleber Antonio Leites, por meio de troca de e-mails. Solícita, a empresa também nos proveu de imagens de empreendimentos já realizados no país, que aparecem na página ao lado, e nos colocou em contato direto com seu executivo de vendas que tem visitado a cidade, o que nos permitiu esclareceros pontos necessários para a produção desta reportagem. “As CGH’s têm sua implantação aliada a geração de impactos ambientais baixíssimos e localizados, quando comparadas a fontes de geração de energia não renováveis ou com empreendimentos hidrelétricos de médio a grande porte”, informa Leites, diretor geral da empresa. Segundo ele, a implan-

tação de empreendimentos desta natureza, resulta em cuidados com o ambiente, no seu aspecto geral de fauna, flora, poluição do entorno e tudo o que estiver diretamente relacionado à sua instalação. “Todos os benefícios mencionados estão diretamente relacionados ao projeto, que quando bem estruturado, resultará, não apenas no benefício financeiro, mas, no progresso da região no qual está instituído, sem grandes intervenções a natureza”, informou Leite. Busca de informação – Cientes desta iniciativa envolvendo o rio Pardo, os membros do Movimento pelo Rio Pardo Vivo estão tratando de conhecer o projeto em detalhes e também de manter os órgãos competentes informados. Em contato direto com a empresa, que busca fechar contratos com os proprietários rurais da região, o presidente do Sindicato Rural, Antonio Consalter teve acesso a documentos, como o contrato de intenção de venda, de parceria no empreendimento e um mapa do projeto. “Os três projetos em prospecção atingirão cerca 84,70 hectares, entre áreas produtivas e não produtivas”, diz Consalter.


imagens: acervo da Cosntrunível Energias

* As imagens das CGHs foram fornecidas pela Construnível Energias, empresa de Santa Catarina que está propspectando a instalação de quatro unidades desse tipo de obra no leito do rio Pardo, todas no município de Santa Cruz do Rio Pardo. Apenas após a anuência dos proprietários das terras é que serão tomadas medidas de licenciamento * que consta no contrato de interesse de venda ou arrendamento tem deixado os produtores resistentes a participar do empreendimento, seja vendendo terras ou simplesmente arrendando. “O advogado que consultei disse que o contrato traz garantias apenas para a empresa e não para os produtores”, disse um dos agricultores que também pediu para não ter seu nome revelado.

Segundo ele, apenas as análises ambientais dos órgãos competentes é que irão mostrar os impactos ambientais e também a viabilidade dos projetos. Ciente da questão, o presidente da ONG Rio Pardo Vivo, Luiz Carlos Cavalchuki, que também participa do Movimento pelo Rio Pardo Vivo, está tratando o assunto como todos os outros passíveis de comprometer a preservação e a consequente sustentabilidade do rio Pardo. “É prática da ONG comunicar toda e qualquer ação em torno do Bacia do rio Pardo ao Ministério Público Ambiental de Santa Cruz, ao GAEMA (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) de Assis e ao Comitê de Bacias, informando as ocorrências e solicitando a tutela ambiental da bacia do rio Pardo, sobretudo no nosso município”, explica Cavalchuki. Segundo ele, baseado nos estudos que a empresa irá realizar, será promovido um detalhado debate com todos os envolvidos: empresas, autoridades, produtores rurais e toda a comunidade. “Temos que aferir se esses projetos são ambiental,

econômica e socialmente viáveis para a bacia hidrográfica como um todo”, afirma Cavalchuki As etapas do projeto – As dúvidas dos ativistas ambientais fazem sentido e encontram disparidade com o cronograma dos projetos das CGHs. Ao contrário do que costuma acontecer com empreendimentos maiores, como as PCHs, que envolvem Audiências Públicas onde os estudos de impacto ambiental são previamente apresentados à população e às autoridades competentes, os projetos das CGHs partem primeiro da negociação com os donos das áreas a serem ocupadas pelos empreendimentos e só a partir da assinatura de contratos de compromisso de venda ou de arrendamento é que são feitos os estudos de impacto e dado andamento às documentações juntos aos órgãos competentes. Nesse sentido, uma das preocupações dos ativistas e também de proprietários rurais consultados é o possível dano ambiental que possa ser causado durante os estudos prévios. Também o termo de uma multa da ordem de 500 mil reais,

Abertura para o diálogo – Até o momento, a Construnível Energias tem se mostrado disposta a esclarecer todas as dúvidas dos produtores e também da sociedade. Tanto que não tivemos nenhuma dificuldade nesta reportagem. A em-

presa também sinalizou disposição para participar de reunião on line com os especialistas do Movimento Rio Pardo Vivo, quando sua equipe técnica irá dirimir dúvidas quando à premissa de causar o menor impacto ambiental possível com seus projetos no rio Pardo. O evento, se confirmado, será reportado na próxima edição do 360 e contará com a participação do especialista no assunto, Prof. Dr. Edson Pirolli, da UNESP. Sempre disposto a colaborar para que tudo seja bem estudado e avaliado, ele acompanhou esta reportagem e nos enviou uma primeira análise da questão. Leia a seguir na próxima página.


Interferências no rio Pardo exigem estudos e cautela *Edson Pirolli

E é este aspecto que torna o nosso Rio Pardo atraente, uma vez que ele tem vários trechos com desníveis significativos. É importante salientar que quanto maior for o desnível em um trecho curto, maior é o potencial para geração de energia. Caso o desnível seja baixo, são necessários centenas ou milhares de metros de tubos ou canais para que a água adquira a força necessária para movimentar as turbinas. Neste contexto, aparentemente os impactos ambientais das CGHs são menores do que aqueles gerados pelas PCHs. No entanto, é preciso considerar que toda e qualquer ação junto a um rio, que foi criado e formatado pela natureza ao longo de milhões de anos, se não for planejada adequadamente, pode causar prejuízos significativos ao seu ecossistema, comprometendo-o futuramente. Este comprometimento pode inclusive inviabilizar seu uso. Sobretudo se ocorrerem impactos cumulativos ao longo de seu leito. A implantação das CGHs, por depender

Foto: Flávia Rocha | 360

Novamente o rio Pardo é alvo de projetos de uso de suas águas para geração de energia elétrica. Agora, as informações que temos dizem respeito à possibilidade de implantação de CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas). Estas, por gerarem até 5 MW estão liberadas de cumprirem uma série de exigências tanto da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), órgão que regulamenta o setor, quanto ambientais. As CGHs, via de regra, não implantam barragens significativas no leito dos rios. Operam na maioria dos casos com desvios da água para dutos que a direcionam para as turbinas de geração de energia. Na sequência, a água é devolvida ao rio. Para que este processo ocorra é necessário que o rio tenha desnível considerável no local onde a CGH será implantada.

apenas de decisões de empreendedores e dos proprietários das terras, é mais simples em termos de implantação. No entanto, os proponentes precisam de autorizações ambientais para poder fazer as intervenções no rio e nas Áreas de Preservação Permanentes (APPs). Este é um aspecto importante a ser considerado pois os órgãos ambientais podem não conceder estas licenças. No entanto, se as concederem, é crucial que monitorem as fases das obras, exigindo o cumprimento das condicionantes e principalmente a recomposição imediata das matas ciliares que por ventura venham a ser degradadas. Este papel de monitoramento também pode,

e deve, ser feito por ONGs, universidades, imprensa e pela sociedade em geral. A história tem nos mostrado que onde há potencial de geração de recursos monetários, sempre há interessados em explorá-los. É o caso do Rio Pardo, que desde que estudos da ANEEL o indicaram como com potencial hidrelétrico, tem despertado interesse de pessoas e empresas para o seu aproveitamento. De qualquer forma, a população residente nos municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, seus vereadores e prefeitos, os órgãos ambientais, organi-

zações, imprensa, Comitê da Bacia do Médio Paranapanema, ministério público e cidadãos em geral, deveremos nos manter atentos para que qualquer interferência que venha a ser feita ocorra dentro dos mais restritos requisitos legais e, sobretudo, ambientais. Não é aceitável, que o Rio Pardo ou parte dele seja degradado ou tenha seu ecossistema comprometido significativamente. *Engenheiro Florestal, Mestre em Engenharia Agrícola, Doutor em Agronomia e Livre Docente da UNESP. Autor do livro “Água: por uma nova relação” (Paco Editorial)


11 • bem

viver

*Flávia Manfrin

Faça da vida um caleidoscópio

“Saia da dor. Olhe a situação de fora”, me sugeria meu grande amigo Cacá quando eu aparecia com meus problemas. Boa aluna que gosto de ser, tratava de acatar e avaliar o resultado. E sempre dava certo. O distanciamento ajuda muito a gente a olhar para uma situação e isso aumenta nossa base crítica, permitindo que possamos tomar uma decisão, fazer uma escolha ou simplesmente deixar de agir com mais segurança e, importante, com muito mais possibilidades de acertos.

verdadeiro quando o que insistíamos em informar. Essa aula, bem como o livro infantil, nunca deixou de pairar diante da minha observação a respeito de tudo.

Olhar à distância é tão importante quanto olhar de outros ângulos, de outros pontos de vista, como usamos dizer. E o que isso significa? Que tudo tem muitas nuances, muitas informações e muitos aspectos. Minha primeira lição a esse respeito aconteceu quando era menina e ganhei o livro “O Frio Pode Ser Quente”, de Jandira Masur, que mostrava a relatividade das coisas. Quase uma década depois, foi em sala de aula. “O que tenho nas mãos?”, perguntou o padre dominicano Estevão Nunes ao encarar o desafio de lecionar para a turma que inaugurou o Colégio OAPEC, um grupo de 18 alunos que, únicos na escola e no auge da adolescência, sentiam-se donos daquele pequeno universo. “Ora, um livro, né frei!”, respondemos quase que jocosamente. “Sim, mas como ele é?”, replicou o padre. Passamos a descrever a capa do livro que ele exibia. A cada informação, ele rebatia com dados completamente diferentes. Afinal, estava olhando para o livro, mas de um outro ponto de vista: a contracapa. Ou seja, tudo que ele via e dizia sobre o livro, apesar de ser completamente diferente do víamos, era tão * Observar e conviver com a arte nos ajuda a abrir a mente para novos modos de ver

as coisas. Obra de Acácio Pereira, artista santa-cruzense radicado em Campinas *

Curiosamente, somos, como povo, como rebanho de uma nação e inclusive de religiões, estimulados a ver sob uma só ótica. E condicionados a acreditar que tudo aquilo que não é exatamente como vemos ou acreditamos ser, contraria a verdade, estando errado, portanto. Esse conceito de considerar errado e alvo de combate tudo que por alguma ou muitas razões contraria o que acreditamos ser certo é chamado maniqueísmo. Ou seja, uma visão onde só existe a dualidade entre opostos: bem e mal, certo e errado, claro e escuro. Para afastar de minhas conversas o entrave do maniqueísmo, costumo dizer que “entre o preto e o branco, há inúmeros tons de cinza, sem contar todas as outras cores”. A frase busca mostrar aos meus interlocutores que o fato de divergir do pensamento deles, não significa nem que estou errada e muito menos que eu discorde completamente deles. Eu apenas estou olhando por um outro ponto de vista e fazendo minha análise. Esse hábito de avaliar as questões e situações de vários pontos de vista é imprescindível ao profissional de imprensa. E também para quem quer evoluir. Ou seja, superar o “ser e estar” neste mundo, deixando teimosias e radicalismos de lado. Afinal, o mundo, redondo, girando, em constante movimento! Ah, sim! Quanto a isso não há o que discutir! Há fatos, científicos, ou seja, embasados por profundo conhecimento, que não nos cabe questionar. Pra nos lembrar disso, existe a sensatez.


12 • cidadania

Gente que doa o que menos temos de sobra: TEMPO * Cristiano não se esquiva de qualquer pedido de ajuda para trabalhar em benefício da comunidade. É inclusive conhecido em todos os bairros *

A participação de voluntários na Vaquinha do Alimento tem sido fundamental desde sua criação, em novembro de 2018. Já nas primeiras semanas, o cidadão (e vereador) Cristiano Miranda, se dispôs a ajudar a iniciativa, cuidando de pegar os alimentos e levar para o café da manhã da vila Divineia, onde a Vaquinha do Alimento iniciou sua ação de levar itens de saudáveis e de qualidade para crianças e jovens até 16 anos. Na época, o café acontecia semanalmente na vila e Cristiano, que já participava do evento como voluntário acompanhado de sua esposa e dos filhos, Guilherme e Henrique,

Foto: Flávia Rocha | 360

Na vida corrida que nos acomete, até mesmo nas pequenas cidades do interior, tempo é uma joia rara. Algo que pouca gente está disposta a oferecer. Ainda mais sendo de graça e muito menos em circunstâncias nem sempre das mais confortáveis. Mas existe gente disposta a doar esse bem precioso a quem precisa de ajuda. É o caso dos voluntários da Vaquinha do Alimento, o Programa de Inclusão Alimentar que, vira e mexe, aparece aqui no 360, afinal, somos idealizadores dessa ação e o jornal apoio integralmente essa e toda atividade benemerente.

Cristiane Giacon e Matheus Marelli surgiram quando o programa cresceu e passou a atender as crianças em plena pandemia. Era agosto de 2020 e a Vaquinha do Alimento gradativamente foi ampliando sua rede de atendimento, saltando de 120 para mais de 200 inscritos. Hoje, são quase 400 crianças e adolescentes entre 3 a 16 anos que se beneficiam dos alimentos que são organizados em kits e distribuídos mensalmente, uma ação da qual Cristiane e Matheus são figuras muito importantes.

Cristiane Giacon: Eu costumava fazer trabalhos voluntários na minha época de ginásio, nos meus 13 anos. Adorava. Eu e algumas amigas nos vestíamos de Xuxa e as Paquitas para alegrar as crianças na creche. Sempre que podia, a gente colocava a música e elas dançavam. Cristiano Miranda: Essa questão de trabalhos voluntários partiu quando estava na Secretaria do Meio Ambiente e conheci de perto a realidade do pessoal da Vila Divineia, muitas famílias carentes. Como ajudei a remontar a Associação de Moradores do bairro, comecei, junto com minha esposa, Ana Claudia, a buscar algumas formas de ajudar, buscando doações de alimentos, roupas e móveis. E foi assim, há oito anos, que comecei com o serviço voluntário. Sou voluntário e parceiro do Café da Manhã da Associação da Vila Divineia, que é feito pela dona Teresa e o pessoal da comunidade, desde os primeiros meses do meu mandato como vereador. Como estamos em pandemia, estou ansioso para o retorno do Café assim que tivermos segurança. Sou parceiro também de entidades e igrejas, que me procuram para vender ou comprar rifas porque há famílias que precisam de ajuda, não só na Divineia, mas também em outros bairros da cidade. Colaboro com a Comissão de Moradores do bairro Bom Jardim. E sou voluntário e parceiro da Vaquinha do Alimento. Estou à disposição para ajudar o próximo sempre que sou convidado. Matheus Arcoleze Marelli: Desde que me conheço por gente estou envolvido com trabalho voluntário porque lá em Bernardino de Campos existe uma comunidade chamada Lar de Maria, um dos fundadores é meu avô. Atuo em festas beneficentes aqui em Santa Cruz, já atuei no asilo Lar São Vicente de Paula. Mais recentemente, com a pandemia, atuo na Vaquinha.

Veja como eles avaliam a atividade que é frequente, tem uma dose alta de trabalho e de responsabilidade e não lhes rende nenhum centavo!

Cristiane: Eu acompanhava a Vaquinha há tempos, pelo Facebook. Achei muito bonito o trabalho. Meu sonho era participar, mas não tinha a iniciativa de chegar e pedir. A até que mostrei para minha filha e ela começou como

* Matheus controla a frequência das crianças atendidas pela VAL durante evento *

doadora. Então viemos juntas para ajudar e fiquei como voluntária. Cristiano: Decidi participar porque é bom, faz bem à alma e ao espírito. Faz bem à família, aos meus filhos. Participar de um programa tão bonito para crianças, levar as coisas que, de repente, elas nem têm acesso, é muito grandioso e muito gratificante. Não é por política nem nada, é pelo bem estar comum, pelo bem do ser humano. Acho que todo mundo deveria participar de ações como essa. Matheus: Foi marcante porque via vários posts no Facebook sobre a Vaquinha, então decidi participar. Acabei gostando e, nossa, foi uma sensação incrível! 360: Como é sua participação?

foto: Bruno Henrique Fotografias

360: Desde quando você faz trabalhos voluntários?

Além da montagem dos kits, eles comparecem na distribuição, paramentados para cumprir os protocolos impostos pela pandemia e expressando não só solidariedade, mas uma dose cavalar de amor ao próximo.

Cristiane: Minha participação é voluntária. É realmente botar a mão na massa: montar kits, distribuir para as crianças e ir nas casas. Cristiano: No começo, era arrecadação de alimentos comprados ou doados pelos parceiros. Hoje é mais na localização das crianças, montagem e distribuição dos kits. Participo com meus filhos, Henrique e Guilherme. A gente se sente muito feliz. Eu louvo e agradeço a Deus pelas pessoas que fazem as doações. Matheus: Na Vaquinha, sou o principal montador das caixas dos kits de alimentos. E cuido também do controle da distribuição, checagem da presença dos inscritos. 360: O que você fazia nesse tempo que hoje se dedica à Vaquinha do Alimento? Cristiane: Parei de trabalhar recentemente e, com os filhos crescidos, sobrou mais tempo para fazer trabalhos voluntários. Então decidi participar.

360: Como começou a ajudar a Vaquinha do Alimento? Cristiano: Participava, e continuo participando, de ações


Foto: Flávia Rocha | 360

para mim. A cada mês, eu posso sentir o coração das crianças mais próximo. A sensação de coração cheio ajudando e olhando nos olhos delas, que nos retribuem com amor. Me sinto completa. Esse tipo de serviço faz a gente se sentir cada vez melhor, se colocando no lugar do próximo. Cristiano:: Trabalho voluntário significa muito, faz parte da minha pessoa. Não me vejo, em nenhum momento, fora disso. Pretendo, se Deus assim permitir e tiver condições, aumentar minha participação e trazer mais pessoas o que, talvez, seja o mais importante. Porque, nessa vida, uma coisa é certa: tudo passa e tudo passará. A gente tem que ver com bons olhos as pessoas boas, para continuar o trabalho, não só o meu, mas de todos que fazem essas ações. Matheus: Esse trabalho voluntário é fantástico! Falo que ele engrandece e dignifica o homem. É tão bonito ver o rosto das crianças recebendo os kits mensalmente. Emociona tanto que, às vezes, fico bravo quando não vou às entregas porque é lindo ver o resultado acontecendo. 360: Qual seu comprometimento com o voluntariado?

* Cristiane se prontifica a fazer qualquer tarefa e por isso se tornou voluntária-chave da VAL. Monta kits, recolhe e transporta alimentos e distribui para as crianças, tarefa que ela mais gosta de fazer * que a ONG Rio Pardo Vivo e a Secretaria do Meio Ambiente promovem. Como a Vaquinha é nos fins de semana, ficava com minha família, em casa, ou ajudando alguém que precisava. Sempre estendi a mão como voluntário. Nunca fiquei parado, sou uma pessoa de muita movimentação e, graças a Deus, a gente consegue ajudar quem precisa. Matheus: Eu fazia alguns trabalhos, mas nada fixo como a Vaquinha, que acontece, mensalmente. 360: O que esse trabalho voluntário significa para você? Cristiane: Esse trabalho voluntário é muito importante

Cristiane: Esse trabalho significa muito para mim. Além de fazer com que eu me sinta cada vez melhor, posso mostrar para as pessoas que todos nós podemos arregaçar as mangas e ajudar uns aos outros. Cristiano: Com certeza, não abro mão por nada. Enquanto estiver servindo, quero estar 100% à disposição. Matheus: Falar que não vou participar da Vaquinha desse mês, por exemplo, é muito difícil, tem que ser um caso de vida ou morte para que eu não venha participar porque faz parte de mim. 360: Quanto o voluntariado traz de satisfação pessoal? Cristiane: Fazer o bem, para mim, é algo que alimenta a minha alma, preenche o vazio do meu coração. E disso eu não abro mão. A Vaquinha tem sido uma escola de amor. A cada mês, eu me surpreendo mais e tenho mais vontade de ajudar, de dar amor às crianças.

Cristiano:A satisfação é muito grande, de colocar a cabeça no travesseiro e saber que a gente está fazendo o possível, está contribuindo para um mundo, uma cidade melhor, um povo melhor. Contribuir para dias melhores para as crianças, mesmo que de tempo em tempo, ver o sorriso delas, não tem dinheiro que pague isso tudo. Por isso que eu sempre faço questão de colocar todos os voluntários e colaboradores nas minhas orações, para que Deus nos dê sabedoria, inteligência e nos mantenha firmes porque é uma ação muito grandiosa que não pode parar. Matheus: Engrandecimento pessoal. Mas não para mostrar para as pessoas que eu participo; é para mim, eu fico feliz. Sabe, acho que a gente cresce muito com o trabalho voluntário. 360: Qual o maior aprendizado? Cristiane: O grande aprendizado que tenho com a Vaquinha do Alimento é: se podemos, por que não tirar um tempo, nem que seja um tempinho pequeno, para distribuir um doce e fazer a alegria do próximo? Porque ver o sorriso das crianças (elas sorriem com os olhos) não tem prazer maior. Cada vez que volto da Vaquinha, volto com um degrauzinho a mais na minha pessoa, no meu caráter. Acredito que eu evoluo mais. Cristiano: Saber que sempre há um jeito. Tenho para mim que a Vaquinha do Alimento nasceu de uma ação social que, talvez, não tivesse espaço de crescimento. E que agora temos mais um outro olhar sobre as crianças porque elas merecem mais. Temos o Café da Manhã, parado por conta da pandemia, e a Vaquinha do Alimento, um final de semana por mês. Mesmo nos momentos difíceis, de tribulações, provações e tentações, a gente precisa buscar um caminho, não desistir jamais porque tem sempre um jeito de chegar nas pessoas e ajudar. Matheus: Um dos maiores aprendizados que eu já tive foi perceber que eu vivia numa bolha e que, com a Vaquinha, eu pude conhecer uma outra realidade aqui, na minha cidade, que não conhecia. Me emociono ao falar que estou fazendo parte de um trabalho que tenta mudar essa triste marca da história.


14 • meninada

Pingo vai à Fisioterapia Somos bípedes e caminhamos com dois pés, Pingo é é quadrúpede e caminha com 4 patas, mas, nem quadrúpede e caminha com 4 patas, mas, nem por por isso de mancar quando se machuca. isso deixadeixa de mancar quando se machuca.

arte: arte: Sabato Sabato Visconti Visconti

Alvinho assustou-se quando viu uma onda com as cores do Pingo subir e descer atrás do sofá e correu para para olhar:olhar: ao tentar apoiar-se na pata sofá e correu ao tentar dianteira direita, Pingo não conseguia e seu corpo apoiar-se na pata dianteira direita, Pingo abaixava, depois subia comabaixava, a pata dianteira não conseguia e seu corpo depois esquerda subia com firme. a pata dianteira esquerda firme. A médica veterinária observou uma inflamação no tendão enodiagnosticou: “Pingo tem “Pingo uma inflamação tendão e diagnosticou: tendinite e vai paraeavai fisioterapia”. tem uma tendinite para a fisioterapia”. Havia uma esteira rolante de borracha dentro de uma piscina e Pingo era obrigado a caminhar com a água batendo em sua barriga. Na água ficamos leves, quase sem peso e foi que Pingo sarou.sarou. eassim foi assim que Pingo Alvinho imaginou-se no espaço, sem gravidade, sem peso, um verdadeiro astronauta, olhou para o Pingo e, com os olhou olhos fechados, enxergou aquanautas, osenxergou astronautas da água: verdadeiro astronauta, para o Pingo e, com dois os olhos fechados, ele eaquanautas, Pingo flutuando, sem peso da divertindo-se piscina. Viva!!! sem Maispeso um sonho que vira dois os astronautas água: ele ena Pingo flutuando, divertindo-se realidade! Mais um limão que vira limonada! na piscina. Viva!!! Mais um sonho que vira realidade! Mais um limão que vira limonada!

Frutas que dão no PÉ! É NEM TODA FRUTA NASCE EM ÁRVORE. MARACUJÁ E UVA, POR EXEMPLO, NASCEM EM PLANTAS TREPADEIRAS, QUE SE ESPALHAM SOBRE ARAMES, CERCAS OU ATÉ MESMO SOBRE OUTROS VERDES. MORANGO E FRAMBOESA CRESCEM EM ARBUSTOS, ASSIM COMO O KIWI, O ABACAXI E A PITAIA, QUE NA VERDADE, NASCE EM UM CACTO. TAMBÉM A MELANCIA, O MELÃO E O TOMATE CRESCEM EM PLANTAS RASTEIRAS, QUE PODEM SER ELEVADAS, DE ACORDO COM O SISTEMA DE PRODUÇÃO, OU MANTIDAS EM SOLO. AO CONTRÁRIO DESSAS DELICIOSAS FRUTAS, TEMOS AS QUE NASCEM MESMO NO PÉ! MAIS TÍMIDOS, COMO O PÉ DE UVAIA, OU PARRUDOS, COMO MANGUEIRAS E JAQUEIRAS. ENCONTRE-AS NO DIAGRAMA ABAIXO: AÇAÍ, LICHIA, COCO, CACAU, PERA, MAÇÃ, LARANKA, LIMÃO, MEXERICA, AZEITONA, ABACATE, MAMÃO, PÊSSEGO, AMEIXA, AMORA, CEREJA, PITANGA, MANGA, CAJU, JABUTICABA, JACA, CAJÁ, GOIABA, FIGO, ROMÃ E ACEROLA.

M E L A A N C I A I Ç A C I T B A J

A L S M Ã J A J N Ã S E Z A J A C A

M Ã O S O E U U Z M E L A N C I A B

à R R A R S B C S Ç Ã Ç E M H A D B

A Ç Z L A S L B A Ã A I U G F V J U

M O R O N E H X R R D B M R U U A T

P J G R G O I N E J A E A T P B C I

R I F E U E Ã P M L O M Ç I U E K C

F S T C M A S A E C B E Ã P O D A A

M A R A C U M S X O E F A R T G B R

E R T U N Ã I H E Ã Ç R J C A U T E

L B O Z O G D S R P E R E A Ç O A S

A I A S A B A C I T U B A J I I H J

R Q M O U D R F C T D I Ç U A Ã T N

A U T Ã A V F Ã A U I K A T D Ç Ã O

N E E Ç O L A B A C A X I Z G L G S

A B R I D E A S Ç Ã S P G W U O U S

J N A L F C T R F M O Q U L I G E F

A U O I A M I B A A F A O N H N A V

O Ç I T E B R O U N V S E H L A O Z

Ç S E L I C H I A G J C S T D R E A

à D à J Z E O J U A R A J I A O R R

R O H M D C Z U H C R C I N D M U G

M B L U O A I A F N Ã A O Z A T O S

A U A C R R E B E U O U Q I A I A T




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