jornal 360 _ edição 180 _ janeiro 2021

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meio ambiente_ Calçadas ecológicas são lindas, práticas, acessíveis a todo tipo de moradia e úteis para a cidade. •p10

Jornal 360

bem viver_Vamos esclare-

nº180

cer de uma vez por todas que toda vacina salva vidas e protege de doenças graves. •p15

Janeiro/21

cidadania_A caridade não é exclusividade de quem tem dinheiro de sobra para ajudar quem precisa. Trabalho também vale, e muito! •p12

ANO 16

Grátis!

O turismo rural requer volume e diversidade de árvores

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foto: Faz. Grumixama - SCRP Flávia Rocha | 360

Circulação Mensal: 3 mil exemplares Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré• Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Pardinho • Piraju • São Manuel • São Pedro do Turvo • Timburi • Santa Cruz do Rio Pardo • Pontos Rodoviários: • Graal Estação Kafé • RodoServ • RodoStar • site: www.jornal360.com


2 • editorial

Ciência

Do latim do latim scientia ("conhecimento") , Ciência representa todo o conhecimento adquirido através do estudo, pesquisa ou da prática, baseado em princípios certos. Antônimo de Ignorância A ciência é o supra sumo do conhecimento. É o aprofundamento, o mergulho no saber a respeito de algo a ponto de obter mais segurança e certeza a respeito das coisas. É ela quem está presente em tudo. No desenvolvimento tecnológico, nos tratamentos de saúde, no desenvolvimento agrícola. Claro que como tudo, a ciência evolui. Ela se supera, o tempo todo. Porque o saber é algo infinito. As descobertas acontecem o tempo todo. E pra isso há que estudar, pesquisar, debater e analisar muito aquilo que se estuda. Querer saber mais do que cientistas reconhecidos por sua capacidade tendo como base o que pipoca na internet é de uma prepotência sem precedentes. E infelizmente, isso passou a ser corriqueiro.

Essa prática exaustiva, de querer mostrar a quem pouco sabe de um assunto o quanto a pessoa está equivocada, ganhou grande evidência neste desafiante ano em que passamos driblando um vírus. O que não faltou foi uma enxurrada de postagens totalmente sem fundamentos, sempre defendidas com veemência por pessoas absolutamente leigas (ou seja, sem conhecimento algum) no assunto. Depois dos tratamentos mirabolantes, que agora os menos lunáticos admitem não ter o menor efeito profilático (preventivo) da Covid-19, começou a guerra contra as vacinas. Fazendo coro a negacionistas que colocaram de volta à realidade surtos de sarampo, por exemplo, muita gente de bem, dominada pela ilusão de que ao postar algo saber de alguma coisa, o que mais se ouviu foram críticas ao desenvolvimento ágil do mundo científico para uma saída que diminua o trágico número de mortes e doentes em todo o planeta. É com base no conhecimento de nossos entrevistados, pessoas que entendem do assunto abordado, que esta edição traz reportagens para o leitor. Uma delas, diz respeito às vacinas, de um modo geral e também especificamente a contra a Covid-19, como vemos em BEM VIVER.

* A natureza é sábia, ensina que devemos primeiro aprender, tomar conhecimento, para depois opinar * O conhecimento também se expressa na maneira de conduzir e tratar as questões ambientais de onde vivemos, que, no caso de Santa Cruz do Rio Pardo, a colocou entre as 10 cidades mais verdes de todos o Estado de São Paulo, veja em MEIO AMBIENTE. A consciência da importância do equilíbrio ambiental e o reconhecimento da necessidade de se fazer as coisas de modo planejado e supervisionado por quem realmente entende do assunto também aparecem AGRONEGÓCIO, onde apresentamos a vistosa arborização da Fazenda São José da Grumixama. A edição também traz opiniões e análises com base em conhecimento de nossos colunistas em PONTO DE VISTA, com a participação especial do jornalista e biólogo Fernando Franco Amorim, e receitas de quem cozinha com o conhecimento adquirido das antigas gerações, veja em GASTRONOMIA. Para completar, o nosso querido Pingo em MENINADA. Ansiosa pela vez de ser vacinada, desejo a todos que se cuidem usando máscaras e ficando em casa até que estejamos todos protegidos pela ciência. Boa leitura!

Flávia Rocha Manfrin | editora c/w: 14 99846-0732 • 360@jornal360.com | www.jornal360.com

Foto: Flávia Rocha | 360

Donas de casa, aposentados, jovens, comerciantes, profissionais liberarias.... o que não falta é gente que não tem a menor afinidade ou experiência com estudos científicos querendo debater questões cientificamente comprovadas. Há também os que mergulham em visões de mundo e, por isso, seguem fielmente o discurso negacionista de questões já resolvidas há tempos.

2 Pedro 1 Vs7

Ora ação!

“E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.

Código de Ética do Jornalismo

Artigo 14º

O jornalista deve ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demostradas ou verificadas

e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 3 mil exemplares. Distribuição gratuita. RedaçãoColaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos e Paola Pegorer Manfrim ‹colaboradores eventuais›, José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹ilustrador›, Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, Camila Jovanolli ‹transcrições›. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900-007 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • contato: 360@jornal360.com • cel/whats: +55 14 99846-0732 • 360_nº180/Janeiro2021


3 • acontece

Criança deve proteger os adultos da família

Até que tenhamos vacinação em massa, dependemos do outro para nos proteger do coronavírus. Isso inclui adultos, idosos, jovens e... crianças. Hoje vi um menino brincando na rua com seus amigos da vizinhança. Ele estava quase colado aos amigos. Porque criança é assim quando brinca. E todos estavam sem máscaras. Imagine que os outros garotos pertençam a duas outras famílias. Isso nos induz a pensar que em casa eles também permanecem sem máscaras, assim como seus familiares. Não é preciso ir muito longe na explicação para que se entenda o risco que cada criança representa quando brinca na rua sem máscara com seus amigos. Ela pode, facilmente, levar o vírus para sua casa. Lá, mãe, pai, avó, avô, tios, irmãos... podem se contaminar. Essas pessoas, naturalmente, trabalham. Uma vez contaminados, até que a doença se manifeste ou passe, pois há os assintomáticos, a transmissão vai se estendendo por onde elas passam. Só a máscara muito bem usada, vale dizer, por impedir essa proliferação. Não há incômodo que justifique que as pessoas não usem máscaras. Há modelos capazes de não incomodar. Também é fácil de se produzir. Não tem nada que justifique uma criança estar sem máscara. A não ser a falta de boa conduta. Afinal, se ela não usa máscara e sai de casa para brincar apesar da recomendação de seus pais, ela está se portando muito mal. Por outro lado, ao tolerar essa atitude das crianças, as famílias acabam se tor-

* Assim como os adultos, as crianças acima de 4 anos devem usar máscara ao sair de casa e manter uma distância mínima de 2 metros dos amiguinhos e também de adultos que estejam próximos. O ideal é que fiquem em casa para proteger a família * nando negligentes. Afinal, permitem que elas saiam à rua e brinquem sem máscara. Não adianta tomar banho ao voltar para casa. Se o vírus contaminar a criança, vai resistir ao banho e ficar livre para contaminar seus parentes já que dentro de casa costumam não usar máscara e ficam bem próximos uns dos outros. Se o fato de ser criança fosse suficiente para não haver transmissão do vírus, as escolas e creches estariam funcionando. Então, por que afinal tantos pais e responsáveis toleram que crianças brinquem livremente pelas ruas sem usar máscaras? É preciso rever essa situação e conscientizar as crianças.

Imagem de Jozef Mikulcik do Pixabay

Crianças devem cumprir os protocolos anti Covid

Qualquer um pode pegar o COVID e transmitir para o outro. Criança é pior porque o vírus não faz nada nela, são assintomáticas ou podem ter uma simples gripe, mas estão transmitindo para os adultos. Por isso, devem usar o mesmo sistema dos adultos, evitar o contato com outras crianças, evitar multidões e usar a máscara. É difícil para uma criança pequena usar a máscara, então ela deve ser mantida no ambiente familiar. A epidemia, na nossa cidade, está em curva ascendente. O número de casos aumenta a cada dia. O COVID é um vírus de fácil progressão. A contaminação se dá de uma pessoa para a outra através das vias respiratórias: boca e nariz, e pela mucosa do olho. O vírus não penetra na pele, mas você se contamina se levar a mão à boca, nariz ou aos olhos. Hoje, o único jeito de se prevenir é evitar o vírus. Usar a máscara, higienizar as mãos e fazer o isolamento. Dr. Jonas Jovanolli Filho – médico responsável pelo COVID-19 na Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo


4 • ponto

de vista

*José Mário Rocha de Andrade

Sempre foi Bolacha!

A viagem de descoberta de Pedro Álvarez Cabral no século XVI durou 44 dias e, conservar alimentos nessa época ainda sem refrigeração, que seria criada por um médico americano somente no século XIX, era um grande problema.

objeto esférico com o sufixo “acha”, diminutivo. A palavra holandesa “koekje” significa o mesmo e, dela, vieram cookie e cracker. No Brasil há estados que usam biscoito, outros bolacha: Biscoito: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Bolacha: Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Os outros estados utilizam os dois nomes.

Gregos, romanos, árabes introduziram mel, leite, canela, construíram fornos e o biscoito passou a ser um alimento, além de duradouro, muito apreciado. Era o alimento das viagens de descobertas nos séculos XV, XVI e XVII e eram extremamente duros, precisavam ser molhados para serem mastigáveis.

ilustracao: 360

Na época em que os homens viviam em cavernas, os trogloditas moíam os grãos na boca, mastigando-os. Alguém teve a ideia de moêlos com duas pedras, misturar água e secá-los duas vezes no fogo aumentando o tempo de conservação do alimento. Nascia biscoito, palavra de origem francesa: “bis” e “coctus”, cozido duas vezes.

A Inglaterra esmerou-se e ficou famosa por seus deliciosos biscoitos. Um deles destacouse, o biscoito Maria, em homenagem ao casamento da duquesa Maria Alexandrovna com o duque de Edimburgo. Chegando nos Estados

Unidos, receberam o nome de cookies. O Brasil é hoje o segundo maior produtor de biscoitos (ou seriam bolachas?) do mundo. Bolacha tem sua origem em bolo, do latim “bula”,

Uma brincadeira surgiu quando a vacina para COVID-19 foi primeiramente aprovada pelo Instituto Butantã em São Paulo e, na infeliz disputa política entre os Governos Estadual e Federal, os cariocas não tiveram dúvida, partiram para São Paulo para serem vacinados e, para mostrarem-se paulistas, usavam camisas estampadas: “SEMPRE FOI BOLACHA”. *médico santa-cruzense radicado em Campinas

Em 2021, sejamos Divinos! Por que chamamos de caráter humanitário, trabalho humanitário aquilo que se destina a tornar melhor a vida da coletividade e, especialmente, dos menos favorecidos? Se isso sempre foi prática de deuses e santos, por que não chamamos de caráter religioso? Ou caráter espiritual? Ou caráter divino? Por que nós, meros e pobres mortais, juntos, por nossa condição original, denominamos uma ação tão elevada? Humanitário significa filantrópico; que busca promover o bem-estar dos indivíduos, da humanidade, buscando incentivar reformas sociais. De modo geral, a julgar pelas guerras, pelas intolerâncias, pelos preconceitos, pela violência, pela injustiça, pelo ódio e indiferença que vemos no mundo historicamente, em conjunto individualmente, com exceções, naturalmente, humanos são péssimos. Não sabemos dividir o pão. Não sabemos ouvir sem julgar. Não sabemos nos ocupar de resolver ou minimizar o problema alheio. Somos propensos mais a confabular a respeito deles e dos menos favorecidos do que a agir pelo bem comum. Fossem os humanos tão bons para que humanitário significasse bondade, não haveria fome no mundo. Inclusive porque produzimos alimentos suficientes para todos. Para se ter

uma ideia, entre produção e distribuição, incluindo naturalmente a comercialização, 30% dos alimentos da categoria hortifrutis são desperdiçados. Sabe quanto é isso? Muito. Com 30% de tudo que você ganha, você já tem uma boa fatia do que chega de dinheiro em suas mãos. Seja pouco ou seja muito a totalidade, 1/3 disso é muito disso. É significativo. Faz diferença. Numa empresa 30% é um número de sonhos! De metas. Crescer 30% ao ano. Uau! Enxugar 30% dos custos. Viva! Ter 30% de lucro líquido. “Estupendo!”. Os 30% agilizam a compra de um carro, de um terreno, de uma casa. Muitas vezes pagam uma bela viagem. Ou uma roupa nova. Agora imagine uma quantidade gigante de alimentos. Imagine 1, 10, 20... 150 toneladas de alimentos, entre hortaliças, legumes e frutas. Consegue? É muito, né? Pois essa montanha de alimentos é desperdiçada todos os dias no Ceagesp, o maior entreposto de alimentos do país, sediado em São Paulo. Isso mostra o quanto estamos mal organizados, o quanto há de indiferença com a fome de milhões de brasileiros. O ano está aí começando e você, que me leu até aqui pode questionar: mas esse não é um jornal de boas notícias? Sim, é.

Imagem Pixabay

*Fernanda Lira

A boa notícia é que temos o livre arbítrio, o poder de escolha, a chance de mudar o olhar, a atitude, o ideal, a escolha. Podemos sim, ser melhores. Mas, até que isso aconteça, melhor nos espelharmos nos seres divinos. Como a natureza, as plantas, os animais. Como Deus,

Buda, Jesus, seres de luz. O que você acreditar. Faça de 2021 um ano feliz para você e para os outros. Todos eles. *jornalista paulistana que adora o interior


*Fernando Franco Amorim

Chega de usina em Piraju!

Sim, somos “Barrigas Amarelas”, Teyque-Pe, Kaiowá com muito orgulho! Nascemos e fomos criados dentro do “Panema” e, o rio, como diz o poeta “nos atravessa por inteiro e fica na memória”. Hoje, quando se comemora o aniversário de Piraju, os homenageados são, além do padroeiro São Sebastião e a cidade, também o povo bravio e íntegro desta cidade linda que luta incansavelmente para preservar, conservar e proteger este que é o maior patrimônio ambiental, histórico e cultural da Estância: o rio Paranapanema. As raízes ambientalistas dos pirajuenses são profundas e fortes. Desde a década de 70, da infeliz tentativa da Braskraft de destruir o rio, os “Barrigas Amarelas” lutam para manter a integridade das corredeiras do Paranapanema. O rio está tão entranhado no pirajuense, que molda nosso modo de “ser” e “ver o mundo”, através de suas águas lóticas verde-esmeralda, de suas corredeiras cheias de histórias, repleta de vida e pedras basálticas, de margens de um verde tão intenso que nos dá muita paz e força espiritual para prosseguir lutando. Quem são afinal os “Barrigas Amarelas” que estão por toda par-te? São todas as pessoas, nascidas ou não em Piraju, que têm no coração o amor incondicional por esta cidade incrível e pelo rio que atravessa a cidade ao meio, deixando um rastro de beleza cênica inigualável e lugares incríveis a serem descobertos. O “Panema”, tão ferido por 11 barragens de usinas hidrelétricas em seu curso, é a identidade cultural do pirajuense, é a nossa cara, é o nosso “eu” mais explícito, nosso rumo nesse mundo sem prumo que estamos vivendo atualmente. É nosso porto seguro. É nossa esperança em dias melhores. Há um tanto de nós naquelas águas que vão abrindo caminho rio abaixo. Somos parte desse rio e ele é parte de nós. Esse rio de inspirações e de tantas “canções de rio”, música molhada nos trastes do violão do poeta, do cancioneiro, brisa de rio no peito aberto ao sol, naquele cartão postal que se abre diante de nós todos os dias. Por isso, o rio é tão importante para o povo de Piraju. Somos devotos de São Sebastião e desse rio que nos enche de alegrias e de emoção com amor e muito sentimento o tempo to-do. É assim que o rio age em nossos corações e mentes. Sua natureza e simbolismo estão em nós desde sempre, desde o aldeamento dos índios guaranis Kaoiwás que habitavam às margens do Salto do Piraju, local conhe-cido como Garganta (no Parque da Fecapi) considerado a certidão de nascimento de Piraju, antigamente cha-mada São Sebastião do Tijuco Preto, que era um pea-byru, ou seja, antigas trilhas indígenas,

foto: Fernando Franco Amorim

que serpenteavam ao longo do Vale do Paranapanema. Eles buscavam o caminho de entrada (Teyque-Pe) para a “Terra sem mal”, onde poderiam finalmente viver em paz e livre da perseguição dos “homens brancos”. Atravessamos a imensidão para defender nosso modo de viver e sentir esse rio de nossas vidas. Criamos leis para proteger sua essência e estamos sempre atentos aos invasores e barrageiros sem escrúpulos, que querem a todo custo, destruir seu curso natural, barrando suas corredeiras. A cidade está no rio e o rio está na cidade, atravessa a cidade ao meio, impregnando sua gente com sua beleza, sua força e seu movimento rio abaixo. Nas escolas municipais as crianças aprendem a amá-lo através de uma extensa e importante grade curricular so-bre a história desse rio que se confunde com a própria histórica da cidade, numa clara demonstração de que tudo está interligado na natureza. Um exemplo de cidadania ambiental sem precedentes no mundo. Uma força nobre e eficaz que lança luz e respeito à natureza e ao ser humano, onde os educadores e professores pirajuenses, por meio da transversalidade do método ensino-aprendizagem, vivências e saberes, são como agricultores a lançar sementes de amor nessa terra fértil, que é o coração de uma criança ávida por conhecimento e savber Hoje celebramos a natureza integradora do rio Paranapanema na vida da comunidade “Barriga

Amarela”. O rio está nas can-ções, nos poemas, na pintura, nas artes em geral e no imaginário do pirajuense, onde quer que ele esteja no mundo. Em uma de suas “canções de rio” mais significativas, o poeta e músico pirajuense Paulo Viggu sintetiza de forma inequívoca o senso de pertencimento dos “Barrigas Amarelas” em relação ao rio e a posição clara da população quanto à destruição de suas corredeiras por mais uma usina hidrelétrica (basta, já temos muitas!), quando canta: “O rio daqui é meu. O rio daqui é seu. Mas gosto mesmo é quando a água passa e vai embora”. Por isso, os “Barrigas Amarelas” gritam: Chega de usina em Piraju! **Biólogo, jornalista, ex-presidente da Organização Ambiental Teyque-Pe (OAT) francopiraju@gmail.com


6 • gastronomia

Almoço de Domingo

Carmarões da Inô

Risoto funghi e brie

Receita de M. Inocência Rocha A.

Receita de Aldine Rocha Manfrin

_Ingredientes: • 1kg de camarão graúdo descascado • 1 cebola média • 4 dentes de alho grandes picadinhos • 15 a 20 cm de alho poró em rodelas fininhas • 4 pimentas de cheiro bem picadinhas • 1 tomate maduro picado em pedaços pequenos.

Batatas com especiarias Receita de M. Inocência Rocha A. _Ingredientes: • 6 batatas médias • sal a gosto • pimenta a gosto • 1 colher de café de cúrcuma (açafrão) • azeite * você pode usar outras especiarias, como colorau, alecrim... _Preparo: Cozinhei as batatas picadas no vapor, usando a cuscuzeira. Depois, coloquei num recipiente refratário temperada com sal, pimenta do reino, cúrcuma e azeite. Levei ao forno enquanto terminava o camarão.

_Preparo: Após lavar e escorrer bem os camarões, eles foram temperados com sal, pimenta do reino, pimenta de cheiro, um toque de azeite e foram para a geladeira, enquanto picava o restante dos ingredientes (e abria uma garrafa de vinho). Numa panela antiaderente coloquei o azeite de oliva, depois a cebola, depois o alho. Quando estavam perfumando a cozinha, coloquei o alho poró em rodelinhas e logo em seguida o tomate picado. Enquanto refogava esses ingredientes, grelhei os camarões, virandoos quando ficavam cor de rosa. O camarão não pode ser grelhado ou cozido por muito tempo, senão fica emborrachado, então vale a pena provar de vez em quando. Após grelhados, juntei-os ao alho poró, deixei mais alguns minutos para pegar o gosto e servi. Uma delícia!! Aproveitem e se deliciem com batatas ou arroz!

_Ingredientes: • 2 copos arroz arbóreo • 2 colheres de manteiga • 1 copo vinho tinto seco • 1 xícara parmesão ralado • 1 litro caldo legumes (ou de carne, frango...) • Sal e pimenta a gosto • 2 xícaras funghi seco • 1/2 copo vinho tinto seco • 1/4 cebola picada • 1 colher de azeite • 100gr de queijo brie picado _Preparo: Hidrate o funghi em água misturada com vinho por uns 30 minutos. Não jogue essa mistura de líquidos, pois será usada em parte no arroz. Corte o funghi em pedaços do seu gosto. Numa frigideira, coloque o azeite e a cebola, para dourar, adicione o funghi e refogue temperando a gosto. Reserve. Numa panela maior, aqueça e adicione metade da manteiga e a cebola picada, até que fique transparente. Adicione o arroz e mexa até refogar bem. Então adicione o vinho e deixe que

foto: Aldine Rocha Manfrin

foto: Inô Rocha de Andrade

A família Rocha é predominantemente feminina. Dos filhos de dona Joana, 3 mulheres. Dos 12 netos, 8 mulheres. Então a reunião é sempre uma farra regada a delícias culinárias. E boas taças de vinho também. Nesta edição, trago receitas práticas para o domingo. A primeira, um risoto inventado por minha irmã, Aldine, onde o vinho tinto substitui o tradicional branco seco. Ela realmente domina a arte de preparar risotos deliciosos, vale a pena replicar. A segunda opção veio da ilha de São Luiz, onde minha querida prima Inô aportou há décadas e se deliciosa com frutos do mar fresquinhos. Criação da própria, temos um camarão com tomates e cebolas de dar água na boca. E curiosamente, acompanhados de batatas que ela também nos ensina como fazer. Nem preciso lembrar que as duas trataram de abrir vinhos de boa procedência para acompanhar. Não apenas a refeição, mas o tempo de preparo! Tin tim!

ele evapore. Quando o vinho secar, adicione o caldo de legumes aos poucos e vá mexendo. Pode acrescentar também um pouco a água com vinho usada para hidratar o funghi. Tempere com sal e pimenta a gosto. Cuidado com o sal, porque ainda falta o parmesão, que é salgado. Mexa e quando o arroz estiver no ponto, adicione uma outra colher de manteiga e o queijo ralado. Finalize acrescentando o funghi refogado e o queijo brie. Misture bem e sirva acompanhado de um bom tinto.


7 • agronegócio

Fazenda quase centenária é um oásis de flores e frutas “Quer conhecer árvores frutíferas? Um pomar completo? Visite a fazenda São José da Grumixama” Esta poderia ser a chamada de um folheto de orientação turística de Santa Cruz do Rio Pardo, a cidade que pretende explorar o seu potencial de turismo rural. Mas isso ainda é um sonho.

* Repleta de árvores e arbustos, a entrada da Fazenda São José da Grumixama é um espetáculo, especialmente na Primavera *

foto: acervo fazenda S. José da Grumixama

Ali mesmo, na entrada, a fazenda já mostra seu dom para a diversidade. Moitas formadas por Espadas de São Jorge se entremeiam com primaveras de todas cores, ocultando o solo de onde surgem as árvores. Tudo isso é ornamentado com uma linda cerca de madeira branca, que faz um contraponto de cores ainda mais reluzentes com a variedade de verdes das folhas, de beges e marrons dos caules, das cores de todas as flores e do incrível azul do céu da cidade com suas nuvem fofas e brancas.

Foto: Flávia Rocha | 360

À entrada, você se depara com um suntuoso corredor de 500 metros formado por dezenas de flamboyants. A vistosa árvore frondosa de origem africana que se tropicalizou e enche da intensidade do vermelho a paisagem durante a primavera. Ali também há exemplares de flores alaranjadas e amarelas, num incrível santuário natural. No chão, quando as flores ficam menos aparentes, milhares de vagens acomodam suas sementes, numa grande disponibilidade de mudas para quem se dedicar a plantá-las.

foto: acervo fazenda S. José da Grumixama

O fato é que a fazenda Grumixama pode servir de modelo para muitos proprietários rurais interessados em ampliar seus ganhos com o turismo. Bem organizada, bem tratada, muito embelezada sem ferir a forma natural das plantas.


Fotos: Flávia Rocha | 360

* Muito bem planejado e cuidado, o pomar de mais de 500 árvores frutíferas da Fazenda São José da Grumixama produz frutas suculentas quase todo o ano * abacateiros, algum coisa remanescente nos pés de acerola e ainda verdes, porem deliciosamente incríveis, bacuparis, uma das mais exóticas frutas ali produzidas, natural da Amazônia. O pomar é obra de Roberto Magnani, que cuida da fazenda herdada pela esposa Rita, filha do célebre advogado Dr. Cyro de Mello Camarinha, que coincidentemente, nomeia a mais arborizada e, por isso, mais bela e vistosa avenida da cida-

de. “Como a fazenda fica numa posição alta, sem baixadas com áreas de proteção ambiental, e numa região onde predomina canaviais, a ideia foi separar uma área para criar uma espécie de 'ilha com árvores frutíferas e nativas' neste mar de cana-de-açúcar, melhorando o equilíbrio entre a fauna e a flora. É o que tem ocorrido ano a ano, com espécies diferentes de pássaros que vem aumentando”, explica Roberto. Segundo ele, o plantio das árvores frutíferas começou como um hobby. “Começamos em janeiro de 2000, sempre com mudas de boa procedência. Hoje temos

Fotos: Flávia Rocha | 360

Passado o grande corredor, chega-se à sede da fazenda, onde se é recebido pelo zeloso e simpático Gilmar e sua família. É ele quem cuida do pomar de mais 500 árvores de diversas espécies frutíferas. Tudo devidamente planejado, irrigado e respeitado em seu jeito de ser. Os aromas, os sabores e as cores ficam por conta da época do ano. Em nossa visita, mangueiras e jaqueiras estavam em festa, forradas de frutas suculentas e maduras. Também já havia frutos a crescer nos

cerca de 500 árvores frutíferas, devidamente irrigadas, sempre orientados por profissionais de Santa Cruz e com a dedicação do funcionário responsável por cuidar deste trabalho. Também sempre que surge alguma planta diferente, que atraia tipos diferentes de pássaros, providenciamos o plantio”, afirma. Entusiasmado com a fazenda, Roberto conta que as terras pertencem à família Camarinha há mais de 90 anos. “Ela foi adquirida pelo advogado e político Dr. Pedro Camarinha em Primeiro de Novembro de 1928”, informa. Nesse quase um século, Roberto elenca desafios histó-


Foto: Flávia Rocha | 360

* O respeito à natureza é visível no pomar da fazenda São José da Grumixama. A palhagem das árvores é depositada no solo, servindo de proteção e nutrição das árvores frutíferas, bem distribuídas em uma área vasta e próxima à sede * fé, e em seguida, com o falecimento do seu proprietário, Dr. Cyro de Mello Camarinha, a estrutura cafeeira foi desmontada e toda a produção da fazenda foi redirecionada para cana-de-açúcar. ricos, como a crise de 1932, a segunda Guerra Mundial (1939 a 19450, seguidas geadas, inúmeros planos econômicos com altas inflações e incertezas políticas, a era do algodão, da alfafa e a do café até 18 de julho de 1975 ao sofrer a forte "geada negra" que dizimou todo o cafezal dos estados de São Paulo e Paraná, provocando um enorme êxodo rural onde muitas famílias venderam suas terras, abandonando o campo e mudando para as cidades. “Segundo consta, na região é uma das poucas propriedades que continua por tanto tempo nas mãos de uma mesma família”, diz Roberto. Ele acrescenta: “Após a perda da produção de ca-

De acordo com Roberto, a partir de janeiro de 1998, a terceira geração assumiu a fazenda, alterando seu nome para Fazenda São José da Grumixama, dando início à arborizando com os 150 flamboyants plantados na entrada até a sede e rentes à estrada e com as árvores frutíferas. “Nossa expectativa é chegar ao centenário da Fazenda, em 2028, mantendo o equilíbrio entre produção agrícola e conservação ambiental, com o mesmo respeito de décadas, e aumentando a área a ser desfrutada, tão importante para o futuro do nosso planeta. Quando perguntamos o que a fazenda representa para ele e sua esposa, Roberto

mostra seu bem querer pela terra. “A São José da Grumixama representa uma dádiva a ser preservada e melhorada sempre, não apenas para o meio ambiente, fauna e flora, mas pela satisfação de após anos de trabalho intenso, sentir uma etapa já realizada e a certeza de que será possível ser desfrutada por muitos anos. São cuidados como esses, de valorização

histórica, do plantio intenso de grandes árvores nativas, exóticas e frutíferas, manutenção de antigas instalações e, naturalmente, da produtividade da terra, que tornam uma propriedade rural, seja qual for seu tamanho, atraente para o turismo. Afinal, quem vai esquecer-se de uma experiência como essa?


10 • meio

ambiente

Santa Cruz chega aos 151 anos vitalizada e ecológica

Bem administrada nos últimos 12 anos, a cidade hoje está condizente com o seu potencial econômico, já que abriga empresas altamente qualificadas, uma agricultura ampla e bem estabelecida e um comércio diversificado e grande para sua população. A infra-estrutura também está visivelmente melhor, com unidades de educação, saúde e assistência social qualificadas e instaladas em áreas estratégicas para suprir população. Chama a atenção, a qualidade da arborização, especialmente dos calçamentos, que parece ter encontrado forte apoio dos moradores. Não é de hoje que a inserção de área verde em calçadas são uma prática urbanística. Em cidades centenárias, é comum ver antigos e largos calçamentos ostentando canteiros vistosos de mais de um metro de largura. O tempo e os altos custos de ruas e calçadas largas, trouxe para as cidades uma paisagem árida, onde as calçadas, notadamente mais estreitas, passaram a ser completamente revestidas de cimento ou pedras, a depender do bolso do morador. O mesmo se deu em quintais. A partir da década de 60 do século passado, eles começaram a ser progressivamente recobertos de pisos cerâmicos ou pedras, elevando a impermeabilidade das cidades e o custo de manutenção, que envolve mais tempo, água e produtos para se manterem limpos.

Fotos: Flávia Rocha | 360

* Bastante arborizada e com plantio sistemático de árvores nas calçadas, Santa Cruz tem se tornado cada vez mais verde. A população colabora com calçadas ecológicas *

borado para a inserção de verdes em calçadas e jardins. No caso de calçamento público, tornou-se comum em novos loteamentos populares uma faixa de grama contar nos projetos entregues aos novos moradores. Uma tendência puramente de ordem econômica para construtoras, pois se o metro quadrado de cimento fica em torno de R$ 40,00, o preço cai para R$ 8,00 na compra de grama na mesma medida. Essa economia não fica restrita para a fase de construção. A manutenção de um gramado é significativamente menor do que de uma calçada revestida de cimento ou de pedras. Enquanto essas requerem tempo, água e produtos químicos para se manterem limpas e organizadas, as ecológicas, como passaram a ser chamadas calçadas onde há uma faixa de vegetação, requerem água apenas na época da estiagem e a poda do gramado, que pode ser feita rapidamente com uma tesoura de jardinagem ou cortadeira. Em Santa Cruz do Rio Pardo, que está completando 151 anos, as calçadas ecológicas estão cada vez mais presentes. Tanto nos bairros mais nobres da cidade, quanto nos bairros populares. A tendência, muitas vezes, ganha grande dedicação e criatividade dos moradores, que produzem canteiros ornamentados, onde pedras e vegetação constituem na extensão da beleza de residências e empresas. Equilíbrio climático – Ciente da importância da vegetação para se evitar enchentes e a poluição do rio que abastece o município, a administração pública tem investimento em canteiros centrais de avenidas 100% recobertos de vegetação e incentivado o plantio de árvores em

Felizmente, o elevado custo da permeabilidade está ajudando a reverter essa prática. A consciência ambiental de alguns e a boa formação em arquitetura e urbanismo de outros também têm cola-

* Tanto no Centro (acima) quanto em bairros mais distantes, como o Parque das Nações (ao lado), as calçadas ecológicas deixam a cidade mais bonita, o clima mais ameno e ainda absorvem a água da chuva *


* O secretário de Meio Ambiente, Luciano Massoca, concede entrevista na praça do Parque Itaipu, onde o ponto de ônibus é protegido pela sombra de uma grande árvore frondosa. à direita, a casa com calçada ecológica tem um grande flamboyant plantado em área interna, no Jardim Eldorado * todas as calçadas residenciais. De acordo com a lei 2.821 do município, sancionada em 2014, todas as novas edificações só podem obter o “Habite-se”, documento que autoriza a moradia de pessoas no local, se houver uma árvore plantada na calçada. Também as podas e a supressão de árvores em vias públicas e quintais é regulamentada de modo a evitar o corte equivocado e extermínio de árvores. Mais recentemente, em agosto de 2019, com a intenção de garantir uma boa posição no ranking do programa estadual Município Verde e Azul, focado no de-

senvolvimento sustentável, a prefeitura aprovou a lei 3.329, criando o “Espaço Árvore”, que determina que todas as novas calçadas tenham um mínimo de 2,5 metros de largura e que uma área de 40% de sua largura e 80% do seu comprimento seja ocupada por vegetação para plantio de pelo menos uma árvore. Os resultados são aparentes e a cidade, por ter cumprido bem todas as premissas do programa, aparecem em 9º lugar do ranking estadual. A lei também determina que as faixas ocupadas pela vegetação não tenham

muretas ou bordas, garantindo a permeabilidade do solo. “O objetivo de áreas verdes em calçadas, canteiros laterais e canteiros centrais da área urbana, é que elas absorvam a água da chuva e, assim, abasteçam o lençol freático (parte subterrânea dos rios). A mureta em canteiro ou calçada ecológica diminui o volume de água a ser absorvida pela área verde, pois toda a água que escorrer pelas calçadas seguirá para a rede de esgotos e apenas a água que cair sobre o canteiro será absorvida. Quando você tira as muretas, a água de toda a calçada tende a ser absorvida pelo canteiro verde”, explica Luciano Massoca, secretário de Meio Ambiente da cidade. “É muito importante que também as árvores sejam plantadas sem a inserção de muretas ou muros em volta, pois isso prejudica o desenvolvimento da árvore e impede a absorção da água”, acrescenta Massoca. Beleza, sombra e frescor – Além de garantir mais beleza a qualquer edificação, seja ela residencial ou comercial, pequena ou de grande porte, a calçada ecológica também promove o equilíbrio climático, algo que hoje em dia faz muita diferença na vida das pessoas. Seja para

* O novo Jardim Pacaembú, é repleto de calçadas ecológicas, como a da residência do casal Fernanda e José Trad (acima). Abaixo, modelos com arbustos e flores do Centro *

quem percorre aquele caminho, estaciona seu carro ou para moradores e usuários do imóvel, a existência de vegetação e árvores na calçada ameniza a temperatura cada vez mais quente das cidades. A população parece ter absorvido bem este conceito. Ao percorrer a cidade, é comum se deparar com calçamentos bastante permeabilizados, todos capazes de agradar a quem por ali passa. Sua calçada ecológica – Muitas cidades mantêm viveiros de mudas, fornecendo várias espécies nativas de árvores gratuitamente. Em Santa Cruz, as novas edificações têm direito também ao plantio das árvores, basta solicitar na Secretaria de Meio Ambiente. O município também conta o projeto Santa Cruz Mais Verde, que oferece a muda e o plantio de árvores, abrindo canteiros capazes de absorver a água da chuva no entorno da muda. Neste caso, o contato é a ONG Rio Pardo Vivo, autora e executora do projeto que tem apoio da prefeitura e da iniciativa privada. Sabesp, Santa Massa e Special Dog são empresas que apoiam o projeto regularmente.


12 • cidadania

Fazer o bem sem ter vintém mamos a nosso Programa de Inclusão Alimentar Vaquinha do Alimento, nos levou a formar um grupo muito especial: o de voluntários. Pessoas que não doam dinheiro (é uma regra), mas doam seu tempo, seu trabalho, sua ação. Gente que, como eu, entendeu na prática que não é preciso ter dinheiro sobrando para ajudar quem precisa mais do que a gente. Basta agir. Com responsabilidade, comprometimento e amor, muito amor.

Foto: Flávia Rocha | 360

Em novembro de 2018 eu pedi a uma amiga que fosse acompanhar um evento no teatro municipal da cidade, me representando, pois estava há mais de 24 horas sem dormir por causa da produção do jornal. Eram mais ou menos 19h00 e eu fui finalmente descansar. Mas o sossego não veio. Algo me dizia para ir ao teatro. Levantei, me aprontei e fui. Cheguei atrasada e perdi parte da programação da segunda edição do Fala Via, um coletivo cultural que se apresentava pela segunda vez levando a público questões da Vila Divineia, bairro carente da cidade, em forma de teatro, cinema, dança, poesia. O atraso não me impediu de assistir ao documentário que contava a história do Café da Manhã Dominical da dona Tereza. Assisti emocionada ao depoimento dela, contando que há mais de 20 anos ela serve um leite com chocolate e pão com manteiga para as crianças da vila. “Elas precisavam tomar um leite pelo menos uma vez por semana”, diz ela no filme. Aquilo tocou meu coração. Acabado o evento, fui pra casa e no dia seguinte procurei saber onde ela morava. Peguei caixas de melão que não seguiriam para venda, mas são deliciosos e fui até a casa dela. Entreguei as frutas e perguntei: — Falta alguma coisa no seu café? Ela disse que faltava leite, pois estava misturando com água. Perguntei a quantidade: 15 litros por semana. Prometi levar o leite para ela toda semana a partir daquele dia. Assim nasceu a Vaquinha do Alimento.

* Voluntários da Vaquinha do Alimento em dia de distribuição do kit mensal para as crianças e jovens da Vila Divineia. Comprometidos, entrosados e dispostos a colaborar * A primeira coisa que fiz foi ligar no supermercado onde vendem o leite que é produzido pela mesma família dos donos. Eu queria levar leite de qualidade, integral e fresco para a dona Tereza, que me disse atender em média 100 crianças por semana. Com o preço em mãos, fiz as contas de quanto precisaria por mês. Eu não queri assumir aquela quantia, não cabia no meu orçamento, mas estava disposta a conseguir o dinheiro, regular e organizadamente. Assim eu me tornei uma agente social. Algo que eu nunca imaginei fazer na vida. Com um sistema simples, de rodízio de doações, consegui pensar em algo prático, simples e que não tomasse muito do meu tempo, nem aborrecesse as pessoas. Eu precisaria de 12 doadores que se reve-

zariam na doação dos 15 litros de leite, que somava na época R$ 45,00. Cada um doaria apenas uma vez a cada 12 semanas, ouseja, 4 vezes por ano. Não seria muito. Nem mesmo para mim. Mas não me incluí na lista. Não foi preciso. Fiz uma arte, expliquei do que se tratava e disparei para as amigas e conhecidas que tinha no whatsapp. De cara formei 3 grupos de 12 doadores e pude, além do leite, levar alimentos para “turbinar” o café da manhã da dona Tereza todos os domingos, sem furar nenhuma semana. Nessa empreitada, eu tive apoio de muita gente. Inclusive de voluntários do café, como a família do Cristiano Miranda. E a ação foi crescendo. Quando me dei conta, já eram 6 grupos de doadores e, com mais dinheiro para as compras, os alimentos começaram a sobrar. Resolvi então mudar a sistemática, atender a mais crianças e, com o excedente, passei a suprir também entidades da cidade. Hoje, passados pouco mais de dois anos, a Vaquinha do Alimento atende a 280 crianças e adolescentes da Vila Divineia, devidamente cadastrados. A ideia é conhecer cada um deles. Saber onde moram, se têm irmãos, como vivem. Nos dias de entrega do kit, como muitos não aparecem, conseguimos atender crianças de outros bairros e das entidades. A distribuição, desde a pandemia, foi sendo adaptada e passou a ser mensal. São 8 grupos de doares e um grupo de empresas que nos ajudam a reforçar o kit, para garantir que seja farto, de qualidade e saboroso. Esse aumento todo de doações e crianças inscritas na VAL, como cha-

Com a palavra, os voluntários – Camila Jovanolli, Fátima Rodrigues, Isabela São Miguel e Leo Wagner são voluntários da Vaquinha do Alimento há algum tempo. Fátima começou em fevereiro de 2020, quando a VAL, ainda era semanal. Isabela e Leo passaram a me ajudar em agosto, quando tivemos que nos organizar para distribuir os alimentos a cada mês, em área pública. Camila está nos ajudando desde outubro, quando Deus soprou seu nome no meu ouvido. Eu precisava de ajuda. Em comum nós temos situação financeira: somos pessoas sem recursos sobrando para ajudar as pessoas. Com exceção do Leo, que sempre foi caridoso, também somos novatos nessa empreitada. Veja como eles avaliam a experiência da caridade sem por a mão no bolso: 360: Por que você aceitou ajudar a Vaquinha do Alimento? Camila: Topei participar da Vaquinha do Alimento primeiro por curiosidade, já que desconhecia o trabalho voluntário. E também porque, como preciso do andador ortopédico para andar, quis me desafiar, ver como e até onde poderia ir para superar minhas limitações físicas e trabalhar. Fatima: Achei que era um programa muito importante. É muita alegria e satisfação poder ajudar essas pessoas porque a gente tem que fazer o bem para receber o bem. Isabela: Eu aceitei porque achei legal esse projeto e senti que fazer parte dele seria muito bom para mim. Leo: Aceitei ajudar a Vaquinha principalmente quando soube que era voltada para crianças. Quando em São Paulo, frequentava um orfanato na Vila Alpina. Não levava brinquedos, roupas, muito menos dinheiro. Eu doava meu tempo, amor, carinho e atenção àquelas vozes tão carentes de serem ouvidas. Por que crianças? Porque elas são nosso futuro e principalmente precisam de cuidado e atenção, saber que nos importamos com elas. Sua inocência, fragilidade precisam de proteção e seus sonhos de apoio, não de julgamentos. 360: O que fazia no tempo que agora se dedica a essa atividade?


Camila: Desde o meu acidente, há 7 anos, estou aposentada por invalidez. Sair de casa para participar da Vaquinha do Alimento me faz um bem enorme. Fatima: Eu não fazia nada, ficava disponível. Sem ter o que fazer, a gente começa a pensar muita coisa. Agora, com a ajuda na Vaquinha do Alimento, eu não tenho mais tempo de pensar besteira porque me dedico a ajudar essas crianças. Isabela: Antes de participar dessa atividade eu ficava livre, não tinha compromissos. Leo: Geralmente a Vaquinha do Alimento acontece aos finais de semana. Antes de me evolver nesse projeto, dedicava esse tempo aos meus filhos e até mesmo trabalhos que se estendiam ao final de semana. 360: Você imaginava fazer esse tipo de trabalho voluntário para ajudar as pessoas? Camila: Sinceramente, nunca me vi fazendo trabalho voluntário. Admito que pensava ser um trabalho integral, que demandava muito dinheiro e esforço para obter pouco resultado, o que entendo agora, está longe da verdade. Cada um de nós, voluntários, faz uma parte que beneficia muita gente. Fatima: Olha, eu nunca imaginei que um dia estaria fazendo esse tipo de trabalho. Hoje,

360: Você pretende continuar a fazer esse trabalho voluntário? Camila: Sim, enquanto a Vaquinha existir, quero fazer parte. Me faz bem ajudar. Fatima: É cansativo, mas a gente nem sente porque é um trabalho gratificante. Eu acho que até quando Deus me der saúde, meus braços e minhas pernas perfeitas, minha visão perfeita, não penso em desistir. Isabela: Sim. Enquanto tiver esse tempo livre eu quero continuar. Leo: Pretendo continuar contribuindo com meu trabalho e quero expandir meu envolvimento futuramente. 360: Você sabia que poderia ajudar tanto as pessoas sem ter que doar dinheiro? Camila: Não. Como disse, achava que para ajudar precisava de muito dinheiro. Fatima: Não, nunca pensei. Achava que precisava de dinheiro para ajudar as pessoas e eu não tinha condições. Isabela: Não, eu achava que só poderia aju-

dar quem tivesse dinheiro para dar. Leo: Sabia sim. Sempre tive isso dentro de mim, desde criança, quando tirei minha blusa de frio para dar um garotinho quase pelado que pedia dinheiro no semáforo. Senti no coração de fazer isso e fiz. Nunca esqueci o olhar dele pra mim. Tocou meu espírito. 360: Que aprendizado essa atividade traz? Camila: Exercitar a empatia e a solidariedade, esse tem sido meu aprendizado. Fatima: Aprendi que nós temos que ajudar as pessoas, que ninguém é melhor que ninguém. Pensava que as pessoas tinham ajuda do governo e vi que elas são mesmo carentes e precisam dessa ajuda. Aprendi que a gente tem que procurar ajudar o próximo. Isabela: O maior aprendizado que tenho tirado dessa experiência é que não precisa de muito para ajudar as pessoas. Basta você querer e sentir no coração que isso vai fazer outras pessoas felizes através do seu ato. Leo: Aprendemos principalmente a ter empatia. A não julgar por aparências e condição social ou educacional. Aprendemos na prática o sentido da caridade, da dedicação ao outro, ainda que desconhecido. 360: Com essa experiência, o que a caridade significa hoje para você? Camila: Significa estar mais perto de Deus. Agradeço a Ele por ter soprado meu nome para fazer parte da Vaquinha do Alimento, pois estava sem propósito, sem rumo. Sinto que o tempo que dedico sendo voluntária é uma maneira de agradecer por estar viva. Fatima: Acho que, se eu não estivesse ajudando na Vaquinha do Alimento, a minha vida estaria parada do mesmo jeito que era ante. Trabalhava, corria atrás das coisas, mas não conseguia nada. É como eu falei, muita coisa mudou na minha vida e, se Deus qui-

* Em sentido horário: Leo Wagner, filma e fotografa cada edição mensal de kits de alimentos. O filme é apresentado aos doadores, para que tenham ideia do que é feito com o dinheiro que confiam ao programa VAL. Isabela é moradora da Vila Divineia e nossa embaixadora junto à comunidade. Além de ajudar na entrega dos kits, ela distribui os informativos e cuida do cadastramento das crianças . Fátima (de pé) e Camila ajudam na montagem dos kits. Fátima recebe todos os alimentos e os organiza. Camila monta caixas e embala o que for preciso. Trabalho valioso de cada um *

Foto:  álbum da Isabela

360: Qual a recompensa dessa atividade? Camila: Depois de todos esses anos de recuperação, a felicidade que sinto levando alimentos para as crianças é extraordinária. Ser útil é a maior recompensa. Fatima: Tenho muita recompensa. Agradeço a Deus porque, a partir do momento que comecei a colaborar com esse programa, sinto que estou recebendo. Já tinha perdido a esperança que eu ia conseguir, mas Deus está fazendo um milagre muito grande na minha vida. Isabela: Ver o sorriso das crianças é a maior recompensa. Leo: Com certeza minha recompensa é fazer parte desse plantio de sementes de amor, de caridade e esperança nesses coraçõezinhos férteis.

Foto: Flávia Rocha | 360

Foto: Flávia Rocha | 360

faço esse serviço com muita alegria. Isabela: Não imaginava fazer esse tipo de trabalho voluntário, agora que faço, percebo que todos, algum dia, podem fazer, independente de idade ou de vida financeira. Leo: Confesso que não sabia que aqui em Santa Cruz havia um trabalho tão bonito, organizado e sério de caridade. Então fiquei muito feliz ao conhecer o programa e por poder fazer parte dele.

ser, vou conseguir muito mais com esse trabalho que estou fazendo para as crianças, para as famílias. Isabela: Praticar a caridade, para mim, significa ter empatia e amor ao próximo. A caridade é a coisa mais linda de se ver e não tem dinheiro que pague ver a felicidade das pessoas estampada no rosto. Leo: A caridade pra mim é o exercício prático, real do amor. É um dever moral de todo ser humano. Tema recorrente – Nas próximas edições, o 360 vai trazer novos depoimentos de pessoas que praticam a caridade. A ideia é abordar esse tema sobre diversos pontos de vista.


14 • meninada

A idade chegou É verão! À tarde chove forte, ao meio-dia o sol é ainda mais forte e de manhã bem cedo é a hora boa para passear. Lá vão Alvinho feliz e Pingo correndo, fazendo curvas fechadas, paradas bruscas, olhando pra ver se alguma bola é lançada para ele pegar no pulo. De repente, um susto! Era o Pierre, um cachorrinho que há tempos ele não via. Andava lento, devagar, mas tão devagar que Pingo parou, olhou, observou e ouviu Alvinho explicar: Pierre está velhinho, Pingo, sente dor se corre e já não tem mais a energia de antes. Pingo demorou a se refazer, ficou triste por Pierre que era muito serelepe e, inteligente que é, decidiu: brincar, brincar, brincar. Pensar somente quando for preciso e, preocupar-se com a velhice, jamais! Au! Au! E saiu em disparada feliz outra vez!

arte: Sabato Visconti

Encontre 51 ALIMENTOS no DIAGRAMA abaixo ABACATE - ABACAXI - ABOBRINHA - AGRIÃO - ALFACE - ALHO - AMÊNDOA - AMENDOIM - AMORA - ANIZ - ARROZ - AVELÃ - AZEITONA - BANANA - BATATA - BETERRABA - CEBOLA - CENOURA ERVILHA - FEIJÃO - FIGO - FRANBOESA - JABUTICABA - LARANJA - LENTILHA - LIMA - LIMÃO MAÇÃ - MANDIOCA - MANJERICÃO - MELANCIA - MELÃO - MILHO - MILHO - MORANGO - NABO – NOZ - ORÉGANO - PALMITO - PERA - PIMENTÃO - PITAIA - RABANETE - REPOLHO - ROMÃ RÚCULA - TOMATE - TOMILHO - TRIGO - UVA - VAGEM M A N J E R E A

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15 • bem

viver

Vacinas: se você tem dúvidas, leia aqui! BCG, contra a tuberculose, por exemplo, pode apresentar proteção contra uma série de outras doenças, como a Hanseníase. Este fato se deve à imunidade “cruzada”, isto é, o microorganismo que compõe a vacina apresenta diferentes proteínas e açúcares na sua superfície, os quais podem reagir cruzadamente com outros microorganismos induzindo proteção inespecífica.

terem alta taxa de cobertura vacinal (quase 100% das crianças e adultos). Atualmente, esses números infelizmente estão caindo, pois muitas pessoas que não têm conhecimento ou não acreditam na ciência, deixando de vacinar seus filhos e a si mesmos, o que levou, por exemplo ao surgimento de surtos de sarampo no Brasil e no mundo.

Já que tantos se acham sabedores da ação e eficácia das vacinas, resolvemos falar com quem realmente entende do assunto. A Dra. Elaine Valim Camarinha Marcos é Bióloga, Mestre em Doenças Tropicais, pesquisadora científica e responsável pelo Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade do Instituto Lauro de Souza Lima da Secretaria Estadual de Saúde, em Bauru

360: Muitos negacionistas acusam vacinas de fazer mal. Como você responderia a uma pessoa que defende o não uso de vacinas? Dra. Elaine: A falta de conhecimento, o medo das reações adversas, as “receitas caseiras das amigas e vizinhas” e até mesmo o modismo ao naturalismo que estamos vivenciando fazem com que algumas pessoas deixem de se vacinar. Todas as vacinas que compõe o calendário vacinal do Ministério da Saúde, foram amplamente estudadas quanto à sua eficácia e segurança. O que acontece é que como todo composto biológico, quando administrado no organismo, pode levar a efeitos colaterais indesejados e provavelmente este seja o motivo da não adesão das pessoas.

360: Sobre a vacina contra a Covid-19, muitos dizem temer por conta da rapidez com que foram desenvolvidas. Pode nos ajudar a entender essa questão? Dra. Elaine: As vacinas que estão sendo propostas e estudadas com seus diferentes protocolos contra a COVID 19, apresentam consenso científico sobre sua segurança. As que estão na fase 3 de estudo, ou seja, estão sendo aplicadas e estudadas em humanos e que aqui no Brasil ontem, tiveram sua aprovação de uso emergencial pela ANVISA, são seguras. Contudo, a eficácia, que é a capacidade de proteção da vacina, ainda é um dado a ser melhor avaliado, em decorrência do número pequeno de indivíduos analisados no grupo inicial do estudo, pela urgência em controlar a pandemia instalada mundialmente.

foto: acervo pessoal

360: Estamos prestes a receber vacinas para nos proteger da Covid-19. E a questão gera muita polêmica. Pode nos informar a utilidade das vacinas? Dra. Elaine Camarinha Marcos: As vacinas são compostos biológicos produzidos em laboratório que têm a capacidade de nos fornecer o que chamamos de imunidade passiva, através do estímulo da formação de proteínas (anticorpos) que bloqueiam a ação de microrganismos que causam doenças. Quando tomamos vacinas, não desenvolveremos as doenças ou caso venhamos a ser contagiados, estaremos protegidos das formas graves dessas doenças. foto: governoSP

360: Muitas doenças foram erradicadas e outras controladas no passado graças às vacinas. Mas nos últimos anos tem crescido um movimento contra as vacinas. Afinal, elas não são benéficas? Dra. Elaine: em dúvida, as vacinas são benéficas e seguras! Doenças contagiosas e muito comuns no passado, como a Difteria, o Tétano, a Paralisia Infantil, o Sarampo, a Caxumba e a Rubéola, estavam praticamente extintas no Brasil, por

360: O que mais você diria aos leitores sobre vacinas? Dra. Elaine: Não tenham medo de tomar as vacinas. Elas são essenciais para proteger nosso organismo contra doenças em todas as idades e são a maneira mais segura e eficaz de prevenirmos o aparecimento de doenças infectocontagiosas. Acreditem e confiem nas vacinas!

360: Muitos pais, que foram vacinados na infância e por isso não sucumbiram ao sarampo, à poliomielite e à varíola, por exemplo, se recusam a vacinar seus filhos. Como você avalia essa resistência? Dra. Elaine: Há muitos mitos que cercam as vacinas. O mais famoso deles diz que as vacinas contêm mercúrio (Hg), um metal pesado que é nocivo ao nosso organismo. Na realidade, algumas vacinas, utilizam conservantes como o timerosal que tem o Hg em sua molécula formadora, mas a quantidade é infinitamente pequena, não causando riscos a nosso organismo e com aprovação da Organização Mundial de Saúde. Outro fator provável é que na década de 80, em um artigo publicado na revista Lancet, o autor descreve que crianças que tomaram vacina contra o sarampo desenvolveram autismo. Este fato foi corrigido 6 anos depois da publicação do artigo, através da manifestação pública da própria revista e por publicações de artigos científicos de outros autores, os quais provaram serem dados erroneamente analisados e que levaram a um grande prejuízo na credibilidade das vacinas no mundo. 360: Muitos naturalistas afirmam que a vacina traz prejuízos ao longo da vida. Os argumentos são mais fundamentados na elevação que eles julgam ter a respeito da existência do que em dados concretos. Como você esclareceria essa questão? Dra. Elaine: Na realidade o que acontece é exatamente o contrário. Há inúmeros relatos que as vacinas levam à proteção, não só de maneira específica ao microrganismo que a compõe, mas também contra outras doenças. A vacina

360: E sobre a vacina contra a Covid-19? Dra. Elaine: Atualmente, elas são a única alternativa para prevenção da Covid-19 e estão sendo amplamente estudadas e construídas a partir de conhecimento científico multicêntrico padronizado e com transparência de dados e rigor metodológico. As liberações emergenciais são pelo fato de os testes sobre eficácia não estarem completos, porém os testes de segurança foram completados. Além disso, a proteção individual leva a proteção coletiva com diminuição dos quadros graves da doença, das internações hospitalares e consequentemente na diminuição do número de óbitos.


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22/01/21

José Eduardo Catalano é eleito o “Melhor do Ano no Rádio” pela APCA fioto: acervo pessoal

A renomada e aguardada premiação da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) reconheceu o trabalho extraordinário do comunicador José Eduardo Piedade Catalano. O santa-cruzense foi o vencedor da categoria “Melhor do Ano no Rádio”. Ele foi surpreendido por uma ligação feita de São Paulo, onde pediam autorização para fazerem um levantamento dos dados de sua carreira. “Uma semana depois me disseram que sairia o resultado da escolha para representar a arte do Rádio. E anteontem saiu o resultado”, conta Catalano, naturalmente radiante com o reconhecimento mais almejado das artes. “A emoção é tão grande que nem sei qual o foco principal. Santa Cruz acaba de ser contemplada com essa homenagem especial”, diz p radialista, dividindo a conquista com toda a cidade, numa de suas atitudes sempre grandiosas em humildade e generosidade. Comunicador nato, além de radialista, Catalano sempre se destacou na cidade e em toda a região, como advogado, político, apresentador, membro do Rotary Club (onde exerceu importantes funções) e agente social, sempre contribuindo para o prestígio de associações, eventos de classe e de entidades beneficentes. Em 2016, lançou o livro onde conta sua biografia familiar e sua vida no rádio, intitulado “Testemunha Ocular. Vi, Ouvi e Vivi”. Ainda na ativa aos 86 anos, José Eduardo Catalano está temporariamente afastado da rádio em razão da pandemia. Mas pode ser ouvido no site do Jornal 360, para o qual colabora voluntariamente como locutor de pelo menos uma matéria a cada edição.

Camila Morgado e Tatiana Tibúrcio (TV/atriz , Eduardo Moscovis (TV/ator ), Pedro Bial (TV/programa) e Marcelo Adnet (TV/humor).

Prêmio APCA 2020 – Um dos mais respeitados e aguardados do país, o Prêmio APCA é concedido anualmente a profissionais e artistas das áreas de Arquitetura, Música Popular, Literatura, Teatro, Dança, Artes Visuais, Cinema e TV. Entre os artistas mais conhecidos do público, também foram contemplados com o Prêmio APCA 2020: Caetano Veloso (Música Popular/melhor live), Tereza Cristina (Música Popular/ Melho artista),

José Eduardo Piedade Catalano parece na lista da premiação como Melhor do Ano no Rádio”, sendo contemplado por seus mais de 72 anos de trabalho na Rádio Difusora de Santa Cruz do Rio Pardo. Ele concorreu ao prêmio com Luka Salomão (89 FM A Rádio Rock), Paulo Galvão (Rede CBN) e Rita Lizauskas (Eldorado FM). A categoria inclui ainda os prêmios “Valorização do Rádio” (Luiz Fernando Magliocca) e “Podcast” (César Rosa).

ARQUITETURA • Obra de Arquitetura: Estação Antártica Comandante Ferraz, do Estúdio 41 • Fronteiras da Arquitetura: Marcha a Ré, de Nuno Ramos e Teatro da Vertigem • Urbanidade: Padre Júlio Lancellotti ARTES VISUAIS • Exposição Internacional: Egito Antigo no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) • Atividade Cultural: IAC – Instituto de Arte Contemporânea 20 anos • Arte/Tecnologia: MIS Experience com a mostra Leonardo Da Vinci – 500 Anos de um Gênio CINEMA • Longa-metragem: M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De • Longa-metragem: Sertânia, de Geraldo Sarno • Média-metragem: Sete Dias em Maio, de Affonso Uchoa

* O comunicador José Eduardo Piedade Catalano, premiado como "Melhor do Ano" na categoria Rádio, pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em foto de 2016, quando lançou o livro que traz sua biografia familiar e a vida no rádio *

DANÇA • Criação: Silêncio, vídeo performance de Eduardo Fukushima e Sérgio Roizenblit • Difusão: Programação de Dança do FarOFFa – Circuito Paralelo de Artes de São Paulo, e do FarOFFa no sofá • Ação de formação: Ayodele Balé, escola de formação em danças preferencialmente para pessoas negras e as não negras de baixa renda • Ação de sustentabilidade: Senadora Benedita da Silva e Deputada Federal Jandira Fegalli, pelo trabalho em prol da elaboração, votação e regulamentação da Lei Aldir Blanc, garantindo condições emergenciais de sustentabilidade para a cadeia produtiva da dança • Prêmio especial: 80 Anos da EDASP – Escola de Dança de São Paulo

Prêmio PAPCA 2020|: LITERATURA • Trabalho editorial: Gita Guinsburg, pelas realizações à frente da Editora Perspectiva • Difusão de literatura brasileira: Bel Santos Mayer, pela propagação de literatura brasileira contemporânea valendo-se de meios aplicados a propostas de isolamento social • Difusão de literatura brasileira no exterior: Nara Vidal, pela revista digital Capitolina Books, que difunde literatura brasileira e gratuita MÚSICA POPULAR • Artista do ano: Teresa Cristina • Artista revelação: Jup do Bairro • Melhor live: Caetano Veloso • Melhor disco:“Rastilho”, Kiko Dinucci

O Prêmio APCA é concedido anualmente há mais de 60 anos pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Os indicados foram revelados no dia 23 de dezembro, às vésperas do Natal. Para eleger os vencedores, é feita uma votação por jornalistas membros da APCA dentro de sua área de atuação. Eles selecionam até sete categorias em cada área das artes, que podem variar a cada ano, de acordo com a análise dos críticos. São necessários três membros de cada área para que a premiação seja concedida. A cerimônia de premiação ainda não foi definida.

RÁDIO • Profissional do ano: José Eduardo Piedade Catalano , mais antigo radialista profissional na ativa, que comemorou 72 anos de trabalho, na apresentação de programas na Rádio Difusora de Santa Cruz do Rio Pardo/SP • Podcast: Atenção, Silêncio no Ar – Criação, produção e apresentação do radialista, César Rosa. • Valorização do rádio: Luiz Fernando Magliocca , ligado a momentos importantes desde os 70 TELEVISÃO • Atriz: Camila Morgado (Bom Dia, Verônica/) e Tatiana Tibúrcio (Especial Falas Negras) • Ator: Eduardo Moscovis (Bom Dia, Verônica) • Dramaturgia: Bom Dia, Verônica • Programa: Conversa com Bial • Humor: Marcelo Adnet – Sinta-se em Casa • Destaque do ano: CNN Brasil

TEATRO • Espetáculo: Bertoleza • Espetáculo virtual: Peça, com concepção e atuação Marat Descartes e direção de Janaina Leite. • Prêmio especial: Série“Cena Inquieta” TEATRO INFANTO-JUVENIL • Prêmio especial da quarentena por levar ao meio digital forma criativa e dinâmica: Grupo Esparrama (Diz aí… e Vamos Brincar?) • Prêmio especial quarentena por levar ao meio digital forma interativa: Caso Cabaré Privê – texto e direção de Pedro Granato, com a Cia. Pequeno Ato • Prêmio especial quarentena por levar ao meio digital formato pré-gravado: Trilogia Olho Mágico, da Cia. Delas, com direção de Thaís Medeiros




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