Revista Viração - Edição 98 - Agosto/2013

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Juliana Carolina/Virajovem Boa Vista (RR)

quem faz a vira pelo brasil

Virajovens discutem em grupo, durante o 4º Enajoc, questões editoriais da Revista Viração

Conheça os Virajovens em 20 Estados brasileiros e no Distrito Federal: Aracaju (SE) Belém (PA) Boa Vista (RR) Boituva (SP) Brasília (DF) Campo Grande (MS) Curitiba (PR) Fortaleza (CE) Goiânia (GO) João Pessoa (PB) Lagarto (SE) Lavras (MG) Lima Duarte (MG) Maceió (AL) Manaus (AM) Natal (RN) Picuí (PB) Pinheiros (ES) Porto Alegre (RS) Recife (PE) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Salvador (BA) S. Gabriel da Cachoeira (AM) São Luís (MA) São Paulo (SP) Vitória (ES)

Auçuba Comunicação e Educomunicação – Recife (PE) • Avalanche Missões Urbanas Underground – Vitória (ES) • Buxé Fixe - Amadora (Portugal) • Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) • Casa Peque Davi – João Pessoa (PB) • Catavento Comunicação e Educação – Fortaleza (CE) • Cientifica Assessoria Empresarial – Porto Alegre (RS) • Cipó Comunicação Iterativa – Salvador (BA) • Ciranda – Central de Notícia dos Direitos da Infância e Adolescência – Curitiba (PR) • Coletivo Jovem – Movimento Nossa São Luís – São Luís (MA) • Gira Solidário – Campo Grande (MS) • Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA – Fortaleza (CE) • Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil – Boa Vista (RR) • Instituto de Desenvolvimento, Educação e Cultura da Amazônia – Manaus (AM) • Instituto Universidade Popular – Belém (PA) • Mídia Periférica – Salvador (BA) • Instituto Candeias de Cidadania – Lima Duarte (MG) • Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) • Lunos – Boituva (SP) • Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG) • Oi Kabum – Rio de Janeiro (RJ) • Projeto de Extensão Vir-a-Vila (UFRN) - Natal (RN) • Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa – Maceió (AL) • Rejupe • União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)


Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

editorial quem somos

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Repensando a escola

A

educação em tempo integral já é uma prática há décadas em diversos países, como em nosso vizinho Chile ou na distante Finlândia. Aqui no Brasil, atualmente existem 32 mil escolas pelo País que funcionam em tempo integral e há projetos tramitando no Congresso Nacional que sugerem o avanço desse tipo de iniciativa. Na nossa reportagem de capa, mostramos alguns exemplos e sugerimos a reflexão sobre a educação integral como possível alternativa diante da crítica generalizada às atuais condições da escola pública brasileira. Acreditamos que você, até agora, já deve ter notado que a Viração está de cara nova! O novo visual da revista foi aprovado pelos virajovens durante o 4º Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores (4º Enajoc), que aconteceu em julho, em São Paulo. Esperamos que curtam a nossa nova identidade visual, fruto de pesquisa e discussões com os jovens que leem e fazem a Vira! Boa leitura!

Viração é uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da ANDI - Comunicação e Direitos. Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica, contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 20 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses dez anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá’í. E mais: no ranking da ANDI, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Paulo Pereira Lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Apoio institucional

Asso

ciazione Jangada


Novamente juntos

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Vindos de todas as regiões brasileiras, adolescentes e jovens da Renajoc promovem mais um encontro e seminário em parceria com a Vira, em São Paulo

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Desculpinha Não é por falta de tempo ou de acesso a bons livros que a maior parte da população do País não lê. Pesquisa revela que o que falta à maioria dos brasileiros é interesse

Democratização da Comunicação Dênis de Moraes, professor da UFF e estudioso das políticas de comunicação na América Latina, dá bons exemplos de democratização dos meios no continente

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Conferência de Juventude Durante o mês de julho, jovens de 114 países realizaram conferências para discutir justiça social, dignidade e cultura de paz nos cinco continentes do planeta

sempre na vira: Manda Vê Quadrim Vale 10 No Escurinho Que Figura

RG da Vira: Revista Viração - ISSN 2236-6806 Conselho Editorial

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Conselho Fiscal

Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico

Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

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Sexo e Saúde Rango da Terrinha Parada Social Rap Dez

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Diretoria Executiva

Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe

Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista, Irma D’Angelo, Luiz Altieri, Manuela Ribeiro, Marcos Vinícius Oliveira, Rafael Silva, Tulio Bucchioni e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da Vira

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amazonas (Jhony Abreu, Claudia Maria Ferraz e Sebastian Roa), Bahia

Aprendendo a educar Arte, esporte e mídias são temas de iniciativas de educação em tempo integral no Brasil, que pensam a escola como um espaço de criatividade e experimentação

Enfrentamento Proteger crianças e adolescentes da violência sexual é um desafio para a sociedade. Conheça o trabalho de um comitê de Porto Alegre que levanta essa bandeira

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(Everton Nova, Enderson Araújo e Mariana Sebastião), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel), Distrito Federal (Webert da Cruz), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Izabela Silva), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria do Socorro Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará (Diego Souza Teofilo), Paraíba (José Carlos Santos e Manassés de Oliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes e Luiz Felipe Bessa), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul (Evelin Haslinger e Joaquim Moura), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho) e São Paulo

(Luciano Frontelle, Paolla Menchetti e Harrison Kobalski).

Colaboradores

Antônio Martins, Dedê Paiva, Heloísa Sato, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Nobu Chinen, Novaes e Sérgio Rizzo .

Projeto Gráfico

Ana Paula Marques e Manuela Ribeiro

Revisão

Izabel Leão

Jornalista Responsável

Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação

redacao@viracao.org


diga lá! “Mídia (rádio e TV) é concessão pública e não é para ser governista. Nem oposicionista. Jornalismo é para informar todos os fatos”, Marianne, via twitter, em resposta ao seguinte tweet da Viração durante a cobertura do Seminário Juventudes e Comunicação. “Rita Freire: ‘Mídia pública não é para ser chapa branca. Jovens precisam se apropriar dessas mídias’” #4enajoc

Olá, Marianne! A Viração concorda plenamente que a mídia pública não deve ser governista. Mídia pública é diferente de mídia estatal; esta sim está vinculada a governos e poderes do Estado. Rita Freire chamou atenção para a necessidade de aprofundar a função social da mídia pública, em uma perspectiva de politização, educação e participação juvenil. No mais, vale ressaltar: acreditamos que a imparcialidade total na narrativa de um fato não existe e, nesse sentido, é preciso estar atento para o trabalho jornalístico honesto, que não se propõe imparcial e que divulga suas opiniões e posicionamentos de maneira clara.

Perdeu alguma edição da vira? não esquenta! Você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

A Viração Educomunicação recuperou o seu perfil original no Twitter. Volte a nos seguir pelo @viracao.

E também confira a página da Agência Jovem de Notícias no Facebok.

Ops... erramos O artigo do crítico de cinema Sérgio Rizzo para a coluna No Escurinho da edição de maio (nº96) foi sobre o filme Dezesseis Luas. No entanto, a informação que veio logo abaixo do título – que no jornalismo chamamos de linha fina, gravata ou sutiã – era referente ao filme Elefante Branco, tratado na edição anterior. Acabamos nos esquecendo de trocar as informações. E na legenda da foto da seção Parada Social, também da edição nº 96, escrevemos “participante”, em vez de “participantes”, no plural. Também percebemos alguns errinhos na edição 97, referentes à repetição ou uso equivocado de imagens. Pedimos desculpas pelos erros.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org - Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo


manda vê

Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES), Jhony Abreu, do Virajovem (AM) e Bruno Ferreira, da Redação

Depois de dez anos, os Tribalistas, trio formado por Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown, lançaram recentemente a música Joga arroz, composição em apoio ao casamento gay. O trio fez uma música para sensibilizar os deputados, senadores e a sociedade brasileira em nome da liberdade de amar. “O seu juiz já falou, que o coração não tem lei, pode chegar, pra celebrar, o casamento gay, joga arroz, joga arroz, joga arroz, em nós dois...” Recentemente o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução obrigando os cartórios de todo o País a celebrarem o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, não é possível ainda afirmar que o Brasil reconhece legalmente esses direitos civis, porque o casamento gay ainda não foi legalizado e aprovado no Congresso Nacional, para valer como lei. A resolução funciona como reforço à decisão de 2011 do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a união estável homoafetiva. Desde então, o problema para casais do mesmo sexo ficava na hora de oficializar o casamento. Depois da decisão, o Brasil torna-se o 15º país no mundo e o 4º país americano a reconhecer legalmente os direitos civis de casais homossexuais. Mas essa decisão levantou polêmica em todo o País. E você, o que pensa sobre isso?

Você é contra ou a favor do casamento gay? Ravel Coelho

20 anos | Nova Venécia (ES) “Sou a favor. Eu tenho pais bastante abertos, compreensivos e respeitosos que me passaram valores sobre as decisões e a forma como cada um vive sua vida. Todos são seres humanos, cidadãos, que pagam impostos e obedecem às leis.”

Beni Aragão

29 anos | Manaus (AM) “O casamento igualitário, somente vem enaltecer as uniões homoafetivas já existentes há tempos. É mais humano e cidadão permitir aos interessados o direito de lutar por seus ideais perante a lei, a ter que gerar um embate norteado por preconceito e homofobia, fechando os olhos a uma realidade existente.”

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Eduardo Soares 29 anos | Belém (PA)

“O casamento igualitário é a reafirmação de um direito presente na Constituição Federal (art. 5º) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 1º). Num Estado laico, a liberdade e igualdade são elementos necessários para o respeito à diversidade, tal como a efetivação de políticas públicas para todos, independente de orientação sexual.”


Luciana Uchôa 30 anos | Manaus (AM)

“Sou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque acredito que esse não é o curso natural da vida, da concepção da vida. Mas também é certo afirmar que caminhamos para um futuro ainda desconhecido, e que a legalização desse matrimônio é algo inevitável, e devemos respeitar.”

Beatriz Peres Rios

19 anos | São Paulo (SP) “Sou a favor, porque acho que a principal regra de convivência numa sociedade é o respeito mútuo das liberdades individuais. O casamento homoafetivo é apenas mais uma conquista da sociedade moderna, que caminha nesse sentido.”

Gege Santos

19 anos | São Mateus (ES) “Sou contra, porque Deus criou o homem e a mulher para manterem relações conjugais entre si, mas eu não tenho preconceito com os casais gays, pois apesar de tudo, cada um tem liberdade de escolher o que quer para sua vida.”

para ler no busão Rostros de un Triunfo

O livro Rostros de un Triunfo (Rostos de um Triunfo), de Javier Fuentes e Nícolas Fernandéz, reúne fotos e testemunhos de vários casais, homossexuais e heterossexuais, cidadãos presentes na emblemática Praça de Maio e na Praça do Congresso, na Argentina, durante a votação da lei do casamento igualitário em 2010. Os “clicks”da máquina de Javier e Nícolas revelam os momentos cruciais do processo, como a assinatura final da lei que reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo pela presidenta do país Cristina Kirchner.

Casamento gay: como a Argentina superou o preconceito

Casamento igualitário é o título do livro escrito pelo jornalista e escritor Bruno Bimbi, que relata a vitoriosa campanha que, em menos de três anos, conseguiu aprovar a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina. Nele, é possível conhecer todos os bastidores da campanha, as articulações políticas e sociais, os embates com os representantes dos setores mais conservadores do país e de grupos religiosos.

FAZ PARTE Milk

O filme Milk é baseado em uma história real sobre um político de São Francisco, Harvey Milk (1930-1978), o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos, o que motivou um contra-ataque desmedido da homofobia vigente na época. Milk tinha 48 anos quando foi assassinado por um adversário de carreira política desconsolado com a perda nas urnas. Apesar da morte prematura, Harvey Milk é lembrado enquanto um pioneiro na política que atuou fortemente contra a discriminação, pelas causas das minorias e pelo direito ao voto.

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#4º Enajoc:

Viração Total! s Cerca de 60 adolescentes e jovens de 21 Estados brasileiro reúnem-se em São Paulo para mais um encontro nacional

Juliana Carolina Lima, do Virajovem Boa Vista (RR); Hércules Barros, colaborador da Vira em Brasília (DF); Bruno Ferreira e Tulio Bucchioni, da Redação

J

Ingrid Evangelista

ovens jogados sobre almofadas esparramados em sofás e deitados em colchões discutindo política de comunicação. É nesse cenário descontraído de salas, quartos, varandas e até cozinha do The Hostel Paulista, em São Paulo, que um grupo de 60 adolescentes e jovens, de 21 Estados brasileiros e do Distrito Federal, trataram de coisa séria: fazer comunicação com e para o jovem, no contexto do planejamento das ações da Renajoc e Rede Virajovem para os próximos dois anos. Assim foi o 4º Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (Enajoc), promovido pela Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc) e Viração Educomunicação, de 9 a 14 de julho.

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“Gostei muito de ter conhecido a Renajoc e de interagir com a galera, além de ter aprendido muito sobre a rede, aprendi a produzir mídia e como é importante o jovem possuir seu espaço nela”, afirma o adolescente Cadu Ferreira, 17 anos, de São Paulo (SP). A programação do 4º Enajoc contou com atividades autogestionadas de formação em comunicação, linguagens, mídias e questões relacionadas ao meio ambiente. A maior parte delas aconteceu nas dependências do hostel. O jornalista Hércules Barros, integrante da Renajoc em Brasília, veio exclusivamente para ministrar uma formação sobre A arte de escrever notícia na perspectiva da Educomunicação, no dia 10. “Foi um momento de troca de olhares, onde cada


Juliana Carolina

Grupo de trabalho discute aspectos editoriais da Revista Viração Gutierrez de Jesus

um pode compartilhar sua percepção sobre como transformar a notícia e fazer o diferencial sem perder a simplicidade e a importância da informação.” Alfredo Redondo, de 30 anos, é argentino de Mendoza e também acompanhou a semana dos jovens comunicadores em São Paulo. Ele, junto com a facilitadora nacional da Renajoc, Evelyn Araripe, conduziu a oficina Sustentabilidade e Mudanças Climáticas – a caminho da COP 19. “Um novo grupo de jovens comunicadores foi formado sobre diferentes técnicas de comunicação sobre sustentabilidade e mudanças climáticas. Tomara que sigam comunicando sobre isso quando voltarem a suas cidades”, afirma Alfredo. No total, foram oito atividades, das quais os participantes poderiam escolher duas: uma pela manhã e a outra na parte da tarde do dia 10.

Juventudes e Comunicação No terceiro dia do 4º Enajoc, em 11 de julho, aconteceu o Seminário Nacional Juventudes e Comunicação, cuja proposta foi aprofundar os debates em torno da educomunicação, do direito à comunicação e da participação jovem. Para abrir o seminário, uma mesa com o tema “Comunicação e cidadania para a garantia de direitos de crianças, adolescentes e jovens” contou com a presença de três debatedores: Gizele Martins (jornalista do jornal O Cidadão, do Complexo da Maré, Rio de Janeiro, e integrante da Rede Virajovem), Ismar Soares (coordenador da licenciatura em Educomunicação da ECA/USP), Amanda Rahra (coordenadora do Énóis – Agência Escola de Conteúdo Livre) e Daniela Majori (pesquisadora em Educomunicação). O debate foi mediado por Paulo Lima, fundador e diretor executivo da Viração Educomunicação. A segunda mesa, sobre os desafios da comunicação no Brasil e na América Latina, foi mediada por Alessandro Muniz, integrante da Rede Virajovem e membro da Renajoc, e contou com a participação de Douglas Moreira, membro do Coletivo Intervozes do Paraná, e de Rita Freire, da Rede Ciranda de Comunicação Compartilhada. As mesas tiveram participação expressiva do público que lotou o auditório Paulo Emílio, da ECA/USP, e refletiu sobre a necessidade de aprofundamento nos debates em torno da educomunicação e das experiências práticas dos jovens ao redor do País. No período da tarde, diversos grupos de trabalho (GTs) debateram a intersecção entre comunicação e cultura, o conceito de compartilhamento e colaboração nas redes, perspectivas de atuação para a Renajoc e o histórico da

Participantes debatem o papel da mídia na formação do sujeito durante oficina de comunicação e mediação

luta pela democratização dos meios de comunicação no Brasil, entre outros assuntos. Referindo-se às redes sociais e ao potencial da internet, Antônio Martins, jornalista do site Outras Palavras e facilitador do GT de Mídia Colaborativa, ressaltou a importância do conceito de compartilhamento para a ocupação e produção de conteúdo online. “Essa nossa comunicação é muito nova e precisa ser aproveitada para construir determinadas formas dentro da comunicação colaborativa, estabelecendo colaborações de fato. O grande desafio é construir uma comunicação articulada, de modo que os nossos saberes sejam compartilhados”, afirmou. No GT Políticas Públicas de Comunicação e Juventude foi reforçada a indivisibilidade dos direitos humanos e Revista Viração • Ano 11 • Edição 98

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Renajoc Os participantes da Renajoc, nos útimos dias do 4º Enajoc, dedicaram-se ao planejamento estratégico da Rede para o biênio 2013-2014. Eles se reuniram em grupos regionais e posteriormente apresentaram em plenária os informes sobre os debates feitos em cada grupo. A necessidade de melhorar a comunicação interna e externa regionalmente, de avançar no trabalho educomunicativo nas escolas via o projeto Mais Educomunicação, de mapear possíveis parceiros e jovens, ampliando o alcance político da Rede, foram alguns dos temas abordados. A maior parte das regiões definiu o estabelecimento de reuniões mensais. Foi sugerida também a criação de uma carta de princípios e valores da Rede. O grupo da Região Norte definiu a realização de um encontro regional para novembro deste ano em Manaus; as regiões Centro-Oeste e Sul sinalizaram a realização de um encontro entre o fim de 2013 e início de 2014. Entre os desafios consensuais estão a ampliação da Rede, do trabalho de mobilização de jovens, a participação em fóruns, conselhos e espaços que envolvam temas ligados às atividades da Renajoc, assim como o aprimoramento organizativo da gestão da Rede.

Revista Viração Na tarde do dia 13, os participantes do 4º Enajoc discutiram aspectos editoriais e metodológicos da Revista Viração, que comemora dez anos em 2013. Os virajovens presentes expuseram questões relativas aos seus conselhos e puderam, em grupos de trabalho, discutir o processo de produção da publicação. O desafio foi melhorar a prática de comunicação compartilhada, potencializando os canais pelos quais acontecem mobilizações para a produção das matérias via Facebook e e-mails. Foi nesse momento também que os virajovens presentes aprovaram o novo layout da revista. “O planejamento da revista, apesar de ter ocorrido em um espaço de tempo muito curto, ajudou a trazer mais clareza sobre meios de escrita e produção que vão nos ajudar a torná-la mais atrativa e envolvente pra quem lê”, avalia o virajovem de Boituva (SP), Luciano Frontelle.

Ingrid Evangelista

o combate à hierarquização de direitos. “Ter moradia, ter o que comer e também ter o direito à comunicação garantido são prioridades”, afirmou Vânia Correia, da equipe da Viração e facilitadora do GT, enfatizando o desafio de consolidar a noção de comunicação como um direito humano.

Ingrid Evangelista

Virajovens avaliam propostas de novo layout da revista

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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quadrim

A origem de todas as coisas

Nobu Chinen, crítico de quadrinhos

No princípio só existia o nada. E do nada, Olorum, o mais poderoso dos orixás deu origem à vida, a outros orixás e ao universo. É isso o que nos conta a tradição do candomblé, a religião africana trazida pelos negros escravizados para o Brasil e que tem hoje um significativo número de seguidores. Para o candomblé as principais divindades são os orixás. Essas entidades são espécies de deuses que cuidam cada um de um aspecto da natureza e da vida, de modo geral. O livro Orixás. Do Orum ao Ayê conta uma parte dessa tradição ao transpor para os quadrinhos algumas das mais importantes narrativas das façanhas atribuídas aos orixás. As histórias têm roteiro de Alex Mir, desenhos de Caio Majado e arte-final e cores de Omar Viñole. São cinco histórias adaptadas da mitologia africana que contam a criação da Terra, do ser humano e como o céu e a terra, que antes eram uma coisa só, foram separados. As tradições religiosas africanas são extremamente ricas em histórias, entidades e rituais, mas pouco conhecidas para quem não é adepto. Também existem variações de acordo com o grupo social e a região da África em que viviam e o número de orixás cultuados pode variar de dezenas a centenas. O candomblé, praticado no Brasil, tem suas raízes nas tradições do povo iorubá. Os autores de Orixás fizeram pesquisas em livros sobre mitologia africana e realizaram vários estudos de personagens para chegar a uma solução visual bem elaborada. A única ressalva é que se nota uma ocidentalização gráfica, certa influência dos superheróis americanos na caracterização dos orixás e a edificação, onde habitam essas entidades, lembra mais uma construção clássica da Grécia antiga. Apesar disso, o resultado é um trabalho bonito, com uma narrativa dinâmica e interessante que vale a pena ler pra conhecer um pouco mais da cultura afro-brasileira.

Por que é legal ler? As histórias dos orixás são contadas como episódios de uma série. Há intrigas, lutas pelo poder, traições, alianças, ou seja, todos os ingredientes necessários para uma boa aventura.

Por que é importante ler? Existe mais de uma versão sobre a criação do universo. Cada povo tem sua cultura e seu conjunto de crenças. É importante conhecer essas diferentes visões e respeitar seus modos de interpretar os fenômenos do mundo.

Para ler e refletir Tanto no Antigo Testamento da Bíblia quanto na tradição dos orixás, o homem foi criado do barro. Coincidência ou haveria uma sabedoria ancestral por trás de todo o conhecimento humano?

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Ler faz bem! reconhecer Não é preciso ser nenhum especialista em educação para os efeitos positivos que a leitura promove em qualquer fase da vida Edilene Guedes e Jhony Abreu, do Virajovem Manaus (AM)* Ilustrações: Alexandre Reis

N

ão é por que o livro é caro, nem por que faltam bibliotecas: os brasileiros que não leem alegam desinteresse e falta de tempo, alguns dos motivos apontados na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2012 sobre os hábitos de leitura do brasileiro. Com o objetivo de medir intensidade, forma, motivação e condições de leitura da população brasileira, a pesquisa, encomendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, mostra que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito de ler livros, jornais, revistas e textos na internet por atividades como ver televisão, reunir-se com amigos e família, assistir a filmes em DVD e navegar na internet por diversão. Segundo a pesquisa, enquanto 85% das pessoas gastam seu tempo assistindo televisão e se encontrando com amigos nas baladas, outros 24% estão adquirindo conhecimento com uma boa leitura de livros ou revistas. Número ainda muito pequeno comparado ao universo de leitores que o País poderia formar. A pesquisa ainda revela que as mulheres na faixa etária entre 30 e 39 anos representam a maioria das pessoas que tem o hábito de ler, pelo menos um livro a cada três meses, representando 57% da amostra. Crianças entre cinco e dez anos de idade somam 16% do total; e jovens entre 18 e 24 anos, 14%. Os livros escolares são apontados como os mais lidos, num total de 44% do universo pesquisado.

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O Brasil possui uma produção anual de livros bastante razoável, contudo a média de livros lidos é muito baixa. O censo do livro de 2011, encomendado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), anunciou que em 2010 as editoras brasileiras publicaram quase 500 milhões de livros e o número de exemplares vendidos no mercado cresceu 8,3%, entretanto diz-se que o brasileiro lê 1,8 livro não acadêmico por ano. O governo e a sociedade brasileira têm se esforçado para reverter essa realidade. Um dos destaques é o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no País, empreendidos pelo Estado (em âmbito federal, estadual e municipal) e pela sociedade. A prioridade do PNLL é transformar a qualidade da capacidade leitora do Brasil e trazer a leitura para o dia a dia do brasileiro. Criar e desenvolver o gosto pela leitura não requer muitos esforços, basta que se abra o primeiro livro, a primeira revista ou gibi. As pessoas leem por razões variadas, como refletir, investigar, relembrar, entreter, rir, chorar e até sentir medo, além de que a leitura de obras literárias promove a reflexão sobre a vida cotidiana, permitindo que se criem novos significados. Segundo o diretor Paulo Sérgio, do Colégio Palas Atena, de Manaus (AM), “a leitura auxilia na ampliação da visão de mundo, oportuniza vivenciar experiências alheias e confrontar pontos de vista diversos, enfim, transforma o indivíduo em um ser partícipe da construção da história do seu tempo”. Um bom leitor não é aquele que lê grandes clássicos da literatura, e sim o que passeia por gêneros variados, criando seu próprio percurso. Na verdade, ler é educarse. O bom leitor lê em qualquer lugar, no sofá, na cama, na fila do banco, no ônibus. Os leitores que buscam esse hábito, procuram seu próprio canto para ler. Pesquisas recentes mostram que crianças que testemunham seus pais lendo tendem a ler mais na vida adulta. As outras leem menos. Ou seja, o hábito de leitura pode ser considerado transmissível. Geralmente, pessoas que possuem o hábito de ler tendem a se expressar melhor, tanto de forma oral ou escrita, pois possuem um vocabulário mais rico e entendem as diferentes aplicações de uma mesma palavra em diversos contextos, articulam e encadeiam ideias com mais facilidade e coerência. Conseguem construir um repertório de histórias maior do que os não leitores e desta forma tornam-se mais criativos e aptos a fazer relações inteligentes e metáforas inéditas. Todas essas capacidades só serão desenvolvidas se começarem desde cedo. Dificilmente uma criança que não possua estímulos literários se tornará um adulto leitor, apto a selecionar bons livros e a desenvolver todas as características de expressão citadas anteriormente. Revista Viração • Ano 11 • Edição 98

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Educar para a leitura Confira algumas dicas essenciais para criar bons leitores: • Nas datas festivas, aniversário, casamento, troca de presentes em amigo secreto, presenteie a pessoa com um livro novo; • Não há nada mais divertido que passar uma tarde em uma livraria, mesmo que não tenha o hábito. No mínimo, entre e tome um café, folheie uma revista, pegue algo para ler e divirta-se; • Se não puder ir à livraria comprar um livro, que tal visitar uma biblioteca? Toda cidade deveria ter uma biblioteca pública, elas costumam ter um bom acervo de títulos novos e antigos, sempre à disposição para serem desvendados; • A leitura deve estar ligada a atividades prazerosas, já que também é uma delas. Quando resolver ir à livraria ou à biblioteca, estique o passeio e dê uma passada no parque, no bosque ou no zoológico. Não precisa ser nada muito complicado; • No caso das histórias em quadrinhos, elas são ótimas maneiras de iniciar uma criança à leitura. Esse gênero também habitua crianças e adolescentes à palavra escrita; • Divida suas experiências literárias com seus amigos, conte um pouco sobre o livro que está lendo para os mais próximos. Se puder, monte um clube de leitura se perceber que no seu grupo de amizade há interesses comuns de gêneros literários.

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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galera repórter Alessandro Muniz

“Não há pluralismo na mídia brasileira, pois grupos privados impedem o contraditório, a diferença.”

Comunicações além das fronteiras bons exemplos de democratização O professor Dênis de Moraes fala sobre dos meios de comunicação na América Latina

Alessandro Muniz e Isadora Morena, do Virajovem Natal (RN)*

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s principais meios de comunicação, como a televisão e o rádio, estão nas mãos de grandes grupos econômicos e políticos em toda a América Latina, a exemplo do Brasil, e as sociedades de todos esses países vêm lutando há décadas pela democratização desses meios, reforçando que comunicação é um direito humano e que todos devem ter acesso a esses meios de expressão. O jornalista e professor Dênis de Moraes, da Universidade Federal Fluminense (UFF), é um dos principais pesquisadores latino-americanos dos movimentos e ações de democratização das comunicações no continente, como também um militante desta causa. Conversamos com ele durante o 3º Seminário Interdisciplinar sobre Comunicação, Mídia e Direitos Humanos, realizado em Natal, nos dias 6 e 7 de junho, onde ele ministrou a conferência “O Público e o Privado na comunicação latino-americana”.

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Viração: Explica pra gente como o sistema de comunicação brasileiro se tornou predominantemente privado, ainda que se considere que a comunicação é um bem público. Dênis de Moraes: O processo de formação dos sistemas de comunicação no Brasil acompanhou a lógica elitista que caracterizou a própria formação da sociedade brasileira. O controle dos meios, dos sistemas e modos de comunicação se fez sempre fora do campo popular, fora do alcance da sociedade civil. As mudanças sempre ocorreram pelo alto, nas elites, refletindo mecanismos de autoritarismo, concentração de poder e ambições monopólicas que também incidiram na construção da moderna sociedade brasileira. Isso significa que as vozes sociais e comunitárias que se expressam pelos meios de comunicação estão neutralizadas e sob controle dos interesses econômicos, políticos e ideológicos do pequeno


número de grupos e dinastias familiares que hegemonizam o processo comunicacional no País. Esse não é um processo apenas brasileiro, é latino-americano e reflete os males da colonização e da formação autoritária das mentalidades na América Latina. Qual é o impacto para os adolescentes e jovens brasileiros deste cenário de concentração midiática e de um sistema principalmente privado? Por ser um segmento que tem um contato mais permanente com a televisão, que é o infantil e infantojuventil, a concentração midiática é prejudicial, na medida em que ela concentra um grande número de canais, plataformas e veículos de comunicação nas mãos de poucos. Isso significa o atrelamento de programações, diretrizes editorais e conteúdos aos interesses dos grupos privados, que têm esse poder absurdo de definir programações que vão ser consumidas pela maioria de ouvintes e telespectadores. Isso significa que não há pluralismo na mídia brasileira, pois esses grupos impedem o contraditório, a diferença. Eles privilegiam assuntos que não coloquem em risco os seus interesses e conveniências e têm uma profunda desconfiança dos anseios comunitários e uma tendência a desqualificar ou criminalizar reivindicações dos movimentos sociais, que quando não são vítimas de mentiras e deturpações, são silenciados nos espaços midiáticos. E quais são os bons exemplos de democratização na América Latina, que o senhor coloca como contraponto a esta realidade? Os principais exemplos são o do Equador, da Venezuela, da Argentina e da Bolívia, os quais surgiram das pressões sociais e cidadãs contra os malefícios do neoliberalismo no continente latino-americano, que significou uma privatização generalizada dos sistemas de comunicação, um atrelamento aos interesses monopólicos e um controle das vozes que poderiam aparecer e se expressar nos meios de comunicação. Em linhas gerais, como se deu o processo de democratização nesses países? As mobilizações e protestos populares contribuíram para sensibilizar os governantes para a necessidade de valorizar a diversidade informativa e cultural. Isso passa por uma renovação dos marcos regulatórios de leis e normas para a radiodifusão sob concessão pública, pela criação de mecanismos de fomento à comunicação comunitária e cidadã, como também pelo prestígio à produção audiovisual independente nacional. Passa também pelo fortalecimento dos sistemas de comunicação pública, com a criação de rádios, jornais, com ações como editais públicos para a comunicação alternativa, a produção cultural não mercantilizada.

A democratização da comunicação na América Latina, nas palavras de Dênis de Moraes:

Venezuela “Na Venezuela houve uma reconstrução do sistema estatal de comunicação, com o fortalecimento dos veículos de comunicação governamentais que se dispõe a enfrentar os latifúndios midiáticos, além da criação da lei de responsabilidade de rádio e televisão. Há também um apoio sistemático do poder público aos meios alternativos e comunitários, por meio de editais que garantem a compra e conservação de equipamentos, manutenção de equipes de jornalismo. Hoje já contam com o apoio do poder público mais de 600 meios comunitários e alternativos de comunicação.”

Bolívia “Na Bolívia, podemos citar a criação da rede de rádios comunitárias para os povos originários (indígenas), integradas por trinta emissoras espalhadas pelas várias regiões e etnias do país.”

Equador “No Equador, há a nova lei de comunicação audiovisual inspirada na lei argentina, que resulta de um amplo processo de consulta à sociedade civil e que reestrutura o sistema de comunicação em bases equitativas: um terço para o setor estatal/público, um terço para o privado/lucrativo e um terço para o social/comunitário. Também foram criadas as redes culturais comunitárias, em que, por meio de editais, se levam projetos itinerantes de conteúdos culturais não midiatizados.”

Argentina “Na Argentina, temos hoje, reconhecida pela UNESCO, a mais avançada legislação de comunicação audiovisual do mundo, chamada ley de medios. A lei significa um combate à concentração de canais de rádio e televisão em torno de um mesmo grupo, em uma mesma cidade ou em uma mesma região. Além disso, ela também é grande fomentadora da comunicação alternativa e comunitária e da produção independente.”

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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capa

Reinventando a escola

-se como um dos meios A educação em tempo integral apresenta para alcançar o objetivo de melhorar a qualidade de ensino no Brasil

Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS); Reynaldo Azevedo, do Virajovem Lavras (MG); Jhony Abreu, do Virajovem Manaus (AM)* e Bruno Ferreira da Redação Ilustrações: Di Castro, do Virajovem Curitiba (PR)

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ducar com qualidade é um debate longo e divide opiniões entre especialistas, estudantes e leigos. Esse diálogo torna-se ainda mais presente desde que a educação passa a ser um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, e a sociedade passa a ter mais consciência sobre esse direito. O Art. 205 determina que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) reitera os princípios constitucionais e ainda prevê a ampliação progressiva da jornada escolar do ensino fundamental para o regime de tempo integral. O que é bem comum, hoje em dia, são as pessoas criticarem a educação brasileira. Por ora, também há especialistas que afirmam que a escola se mantém firme em sua forma tradicional de educar. Fora das salas de aula, estudantes têm contato com uma infinidade de experiências e conhecimentos, sobretudo as possibilitadas pelas novas tecnologias da informação. Paralelamente a isso, muitos falam sobre o tempo que o estudante fica na escola diariamente. Em países como

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Mais Educação Não é de hoje a proposta de educação integral no Brasil. Em 1950, Anísio Teixeira com as escolas-parques, na Bahia; e Darcy Ribeiro, em 1980, com os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), no Rio de Janeiro, já defendiam essa ideia. Em 2007, a discussão retorna à pauta, quando o Governo Federal apresenta o Programa Mais Educação enquanto estratégia para a implantação de educação integral no Brasil contemporâneo. O programa pretende aumentar os espaços de atividades educativas nas escolas públicas por meio de atividades optativas que foram agrupadas em

Blog do Maria Lygia

Estudantes do CMEB Maria Lygia ensaiam no Centro de Porto Alegre

Evelin Haslinger

Finlândia, Coreia do Sul, Irlanda e Chile, os estudantes passam mais de um terço do dia na escola, enquanto no Brasil a maioria dos alunos não fica mais de cinco horas por dia em aula. Pensando em melhorar a qualidade do ensino, com alternativas ao tradicionalismo e formalidade existente em sala de aula, e avançando para uma proposta de “escola o dia todo”, a educação em tempo integral surge para proporcionar a crianças e jovens novas possibilidades. A escola como espaço de construção do conhecimento vem se modificando com base na nova realidade da sociedade brasileira. O desafio do País é superar as desigualdades sociais e oportunizar o acesso à educação de qualidade a todos os cidadãos. Com um plano audacioso, o governo federal corre contra o tempo para implantar o sistema de educação em tempo integral. Atualmente, o número de escolas públicas com esse regime é de 32 mil, a meta é chegar a 45 mil até o final do ano, e a 60 mil em 2014. De acordo com a meta 6 do Plano Nacional de Educação, cujo projeto de lei encontra-se em tramitação no Congresso Nacional, até o final da década a educação em tempo integral deverá ser ofertada em 50% das escolas públicas de educação básica. Dessa forma, com o aumento do tempo e do espaço educativo dos alunos na escola, será possível construir uma educação que resulte numa aprendizagem significativa e que verdadeiramente prepare o indivíduo para a vida. Quem ganha com tudo isso é a sociedade. Por definição, integral significa total, absoluto, inteiro, global. É isto o que se almeja com a educação em tempo integral: desenvolver ações pedagógicas com alunos de forma completa, em sua totalidade. Muito mais do que o tempo em sala de aula, a educação integral reorganiza espaços e currículo. Um grande desafio, mas que já começa a tomar forma.

Jovens da percussão que participam das orquestras OSPA e da UFRGS posam para foto com seu educador

macro campos: acompanhamento pedagógico, meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura digital, cultura e artes, promoção da saúde, educomunicação, investigação nas ciências da natureza e educação econômica. Inspirado pelos ideais dos educadores Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire, o programa visa fomentar atividades para melhorar o ambiente escolar, tendo como base estudos desenvolvidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), utilizando os resultados da Prova Brasil de 2005. Desses estudos, destacou-se o Índice de Efeito Escola (IEE), indicador do impacto que a escola pode ter na vida e no aprendizado do estudante, cruzando-se informações socioeconômicas do município no qual está localizado. Revista Viração • Ano 11 • Edição 98

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Blog do Maria Lygia

Alunos da escola conquistam medalha de ouro em campeonato de judô, em São Leopoldo (RS)

Di Castro

Anísio Teixeira

Mais esporte e cultura A Viração foi atrás de uma experiência de educação em turno integral e encontrou em Esteio (RS) o Colégio Municipal de Ensino Básico Maria Lygia Andrade Haack (CMEB Maria Lygia). A escola optou pelo Programa Mais Educação em setembro de 2009 e executa atividades no macro campo de esporte e lazer. Flauta, instrumentos de cordas, percussão e judô são as opções oferecidas no contra turno escolar. 20

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De um total de 1.000 estudantes, o programa é oferecido a apenas 130, pois a escola não possui infraestrutura necessária para atender a todos os alunos. As oficinas acontecem todos os dias da semana com a carga horária de três horas diárias. O Plano Nacional de Educação (PNE 2011/2020), ainda não aprovado, tem como meta oferecer educação em tempo integral a 50% das escolas públicas de ensino básico até 2020. A música consolidou-se na escola, por conta do interesse dos alunos e pelo empenho da direção e professores em procurar espaços fora do colégio para que os estudantes dêem continuidade à sua formação. Atualmente, quatro ex-alunos participam da Escola de Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e dois cursam violão no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Deste modo, os alunos vivem uma formação musical importante, com oficinas de aprendizado musical, acesso a shows de qualidade a apresentações próprias. Eles fazem um percurso formativo completo, inclusive estudando história da música e criando blogs sobre o tema”, ressalta o professor da escola, Tiago Pavinato Klein. Luis Mario Tavares hoje é educador de percussão, mas começou como aluno do Programa em 2009. Relata que no início das oficinas o pessoal não tinha nem ideia do que era percussão. Por algum tempo, realizaram as atividades em outros espaços da comunidade. Hoje transformaram a sala de aula quase num estúdio de ensaio, pois a escola investiu no isolamento acústico de uma sala de aula. “Aqui, o projeto é um espaço de descobertas. Não é para ocupar o tempo. As conquistas como as medalhas do judô são também da comunidade, pois os jovens moram aqui. Inclusive, a própria comunidade já reconhece o trabalho desenvolvido.”


Di Castro

O judô, inclusive, faz parte das atividades da escola graças a uma parceria com o Grêmio Náutico União, um dos clubes mais tradicionais do Rio Grande do Sul, pelo qual os alunos participam de campeonatos estaduais. Pela parceria, os alunos treinam duas noites por semana em Porto Alegre, além terem oficinas na própria escola. Disputam campeonatos desde o final de 2010, tendo já conquistado a vitória em três campeonatos gaúchos. Para a ida aos treinos em Porto Alegre, a escola conta com o incentivo da Secretaria Municipal de Educação de Esteio. Wesley Erick Braga, de 14 anos, cursa a 8ª serie do Ensino Fundamental. Ele iniciou no Mais Educação em 2009 e diz dedicar-se mais ao judô, esporte pelo qual já conquistou medalhas em torneios. O adolescente fala sobre os passeios, torneios e outras atividades realizadas fora da escola. “Agora ocupo minha mente. Antes eu ficava na rua, jogando futebol ou em casa sem fazer nada. Agora fico na escola fazendo judô, percussão, flauta e violão. Minhas notas na escola estão ótimas”, comemora. Atualmente, a escola também oferece oficinas de Práticas Circenses e Atletismo, abrindo outros campos de conhecimento para os alunos. No mês de junho deste ano, a escola estabeleceu parceria com a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (Rejanoc) para desenvolver o Projeto Mais Educomunicação. Segundo Cristina Werner, vice-diretora do colégio, que acompanha as atividades do judô e de conselho de classe, após o inicio do Programa Mais Educação iniciou-se uma transformação positiva no comportamento e rendimento escolar dos educandos, principalmente dos atletas que são acompanhados e bastante incentivados a estudar e frequentar a escola. Já na capital do Estado, Porto Alegre (RS), a Secretaria Municipal de Educação aderiu à proposta da educação integral em 2006 dando o nome de Cidade Escola ao projeto. A Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (FECI) é uma das instituições não governamentais conveniadas à Secretaria para executar nas escolas municipais atividades do projeto. São atendidas 1.765 crianças e adolescentes nas oficinas de dança, capoeira, artes, artesanato, biscuit, música, esportes, hip hop, artes circenses, informática, teatro, biodança, cinema e customização de roupas e acessórios. Leonardo Menezes, coordenador operacional do projeto pela FECI, aponta mais aspectos positivos do que negativos em relação à educação integral. Fala da necessidade de qualificar os espaços físicos das escolas para receber as atividades em contra turno. Destaca ainda que há maior integração entre a comunidade escolar após o inicio das atividades e que os pais aderiram positivamente à proposta.

Darcy Ribeiro

Renajoc e o Mais Educomunicação O projeto Mais Educomunicação vem realizando formações em escolas públicas distribuídas entre 20 cidades do País. Trata-se de uma iniciativa da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores (Renajoc) e conta com o apoio e investimento do Instituto C&A. O projeto pretende envolver estudantes do ensino fundamental e médio na temática da comunicação. Oficinas sobre mídias alternativas, direito humano à comunicação e democratização dos meios sensibilizam a juventude para a importância da comunicação não apenas enquanto mídia, mas instrumento de mobilização social. Em Lavras (MG), por exemplo, as oficinas já começaram no mês de maio deste ano, na escola Estadual Firmino Costa, com a participação de 70 estudantes do primeiro ano do ensino médio. Confira os relatos das experiências do Mais Educomunicação no site: www.agenciajovem.org.br.

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Política de Educação Integral Na manhã de 19 de junho de 2013, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FACED/UFRGS), aconteceu a palestra Construção da Política de Educação Integral, ministrada pela Diretora de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação – Prof. Dra. Jaqueline Moll, que é coordenadora do Programa Mais Educação, da Secretaria de Educação Básica do MEC. Aproveitamos a oportunidade para bater um papo com ela sobre educação integral! Confira! O que o Mais Educação traz de novo para a educação pública brasileira? O Mais Educação traz a possibilidade de que nós repensemos o tempo da escola na perspectiva de uma educação integral. Ele traz de volta os sonhos de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, que já estavam presentes lá nos pioneiros da educação nova. Ele traz de volta o sonho de uma escola que seja de dia inteiro, como direito consolidado e ampliado, mas de uma educação que não seja só da mente para os conteúdos, embora a atividade intelectual seja central nesse processo, mas que pode ser potencializada pelas atividades culturais, esportivas, artísticas e nas áreas do conhecimento que a contemporaneidade traz, como as novas tecnologias da comunicação e das mídias.

Já é possível perceber benefícios do programa? Já temos estudos e resultados positivos, inclusive, da melhoria de resultados das provas desses estudantes em português e matemática, que são as áreas que a Prova Brasil avalia. A minha percepção empírica por visitas que eu faço às escolas e conversas com diretores é que o Mais Educação impacta o projeto da escola. Ele reconecta os estudantes com os saberes e práticas escolares, com o espaço da escola. Ele resignifica a presença desses meninos e meninas no dia a dia da escola. Quais seriam os próximos passos do Programa? Mobilizar mais municípios seria um deles? O Mais Educação é uma estratégia indutora. Ele desencadeou um conjunto de processos e permite que a escola se reorganize. Mas, do ponto de vista da política educacional do município e do Estado, é preciso avançar para a questão da mudança na estrutura física das escolas, sobretudo para perspectivas de plano de carreira dos professores, caminhando para um tempo integral dos professores. É preciso debater o currículo para que a gente entenda o turno que vai ser sucedido por um contra turno. São elementos da construção da política educacional.

tá na mão Acesse o blog do CMEB Maria Lygia: http:// marialygiamais.blogspot.com.br Conheça a dissertação de mestrado do Professor Tiago Klein, sobre o Mais Educação: http://www. unilasalle.edu.br/canoas/assets/upload/mestrado_ educacao/tiago.pdf Confira os links sugeridos pelos QR Codes!

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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Pesquisas querem saber qual é a da Viração! Ismar de Oliveira Soares* meses de publicação da revista. Por sua vez, Amanda Proetti preferiu eleger a própria educomunicação como referencial de análise das práticas de gestão fomentadas pela ONG, perguntando pela coerência entre teoria e prática, buscando caminhos de solução para poossíveis incongruências. Os resultados têm contribuido não apenas para formular um referencial analítico da presença da publicação no universo da produção midiática do País, mas especialmente para o entendimento da natureza mesma do conceito e da prática educomunicativa.

Natália Forcat

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m dez anos de existência, poucos periódicos foram tão vasculhadas por pesquisas acadêmcias quanto a Viração. Entre 2007 e 2011, pelo menos seis trabalhos acadêmicos de significativo valor foram defendidos em cinco universidades diferentes. Para se ter a compreensão da importância destes trabalhos é preciso lembrar que todos contam coma orientação de professores doutores, em suas respectivas universidades. Cada pesquisador deve, por outro lado, identificar claramente um objeto de estudo. No caso, três aspectos têm sido privilegiados: a natureza educomunicativa da revista, sua gestão e seu vínculo com a realidade da juventude. A natureza educomunicativa da publicação foi tema, por exemplo, da pesquisa Comunicação e Educação: Interfaces e Experiências (USJT, 2008), de Camila Caringe. A gestão foi tema de um trabalho de especilização de Amanda Proetti, intitulado Viração: experiência epistemológica da educomunicação (ECA/USP, 2011). Já o vínculo da publicação com a juventude ganhou uma dissertação de mestrado, A Mídia Alternativa Revista Viração - Uma Iniciativa que inclui adolescentes e jovens na busca pela emancipação social, de Nayara Teixeira (UMESP, 2007). Há ainda uma pesquisa de especialização de Ricardo Carvalho, chamada O desafio de utilizar a comunicação jornalística para a promoção de direitos da infância e juventude: uma análise de conteúdo da Revista Viração e seu impacto social (PUC/SP, 2010) e um TCC, de Clarissa Diógenes, Mudança, atitude, ousadia: O/a jovem na Revista Viração (UNIFOR ,2008). Clarissa optou, por exemplo, por estudar como o jovem “está representado” na Revista Viração, uma publicação produzida com o concurso direto dos próprios jovens. Já Ricardo explorou os potenciais da comunicação jornalística. Sua meta foi a de revelar a possibilidade de se ampliar as conquistas do jornalismo ao se “fundir” sua prática com a da educação. Para ele, o dialogismo entre educomunicação, jornalismo, juventude e direitos passa a ser a base para a análise de conteúdo de seis

* Coordenador da Licenciatura em Educomunicação da ECA/USP

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A serviço da humanidade se reúnem Em 114 Conferências da Juventude pelo Planeta, jovens para dialogar e refletir sobre justiça social, dignidade e paz Jordana Araújo, colaboradora da Vira em Brasília (DF)

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onexão. Essa é a palavra que define exatamente como a juventude pretende transformar a realidade a sua volta. O jovem simplesmente busca se conectar. Quando digo isso, refiro-me a uma conexão para além da internet, para além de “@”, “ponto com, ponto br”, “hashtags”, “curtir”, “compartilhar”. A conexão em destaque acontece por meio da força capaz de mover os corações e mentes dos seres humanos: o amor. É preciso perceber que todos os cidadãos do mundo usufruem tanto de direitos como de deveres. E, a partir disso, o cuidado com o bem-estar coletivo passa a ser algo natural e, assim como defendo a minha dignidade, também sou responsável pela proteção de toda e qualquer sociedade marginalizada. Para solucionar a premissa do “eu” superior aos demais e alçar voo para um plano maior, no qual a bondade, o desprendimento e a servitude ao próximo são requisitos básicos, milhares de pessoas estão cultivando, dia a dia, a educação espiritual na base da sociedade. Elas rompem com a passividade e não se intimidam pela voz em grande escala da sociedade que teima em afirmar jargões batidos como “paz mundial não passa de pura utopia”.

Conexão necessária Durante o mês de julho, jovens estiveram engajados em se conectar com o “diferente”, seja pela classe social,

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credo, cor da pele ou cultura. Todos partilharam do mesmo sonho: a construção de um mundo digno e justo, onde se possa ter a compreensão de que a terra é um só país e os seres humanos, seus cidadãos. Sonho este que é não apenas possível como inevitável. A juventude é um forte agente que semeia esperança e traduz as palavras de unidade em ação. Somos nós, jovens, que mobilizaremos almas dispostas a estabelecer uma Nova Ordem Mundial, baseada na plenitude dos direitos humanos e em princípios espirituais e valores humanos. Atualmente, nota-se que permanece, indubitavelmente, vivo nas pessoas de boa índole o receio do ativista político, Martin Luther King, que defendeu fortemente os direitos civis dos negros e afirmou “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons”. Eventos como esses, que visam cessar o silêncio, trazer à reflexão do crucial papel dos jovens para a transformação de mentalidade – cuidado com o meio ambiente, pessoas e todo ser vivente – ocorreram em 114 localidades do globo. As Conferências de Juventude em todo o mundo se interligam, todas estão conectadas pelo mesmo espírito e finalidade. O Brasil sediou duas destas conferências: na capital federal (19 a 21 de julho) e no sul do País, na cidade de Canoas (26 a 28 de julho). Esses jovens, de 15 a 30 anos, acreditam que a humanidade é uma, e que cada indivíduo tem fundamental responsabilidade para o surgimento de um mundo pacífico.


Depoimentos:

Nadia Linares, 28 anos San Salvador (El Salvador) “O papel que a juventude decide tomar para o melhoramento do mundo é essencial. Jovens devem ter uma chance de assumir uma função ativa na tomada de decisões. Mas o cenário está definido em uma Era consumida pelo auto-interesse, e os jovens precisam lutar contra o materialismo e aumentar a sua capacidade para servir os outros.”

Rahul Thampi, 30 anos Bangkoc (Tailândia) “O que é capaz de trazer uma grande promessa para o destino da humanidade é a nossa constante determinação em promover a tão sonhada mudança. Essa transformação é realizada apenas quando a juventude reflete um compromisso de serviço e ação em prol do bem-estar coletivo.”

Rubén Jiménez, 25 anos Madrid (Espanha) “Devemos ter uma atitude positiva e pensar o que nós, jovens, podemos fazer para mudar a realidade. Um jovem pode ser uma fonte de energia, inspiração e alegria capaz de contagiar multidões. Então, cada indivíduo deve se perguntar o que pode fazer para aproveitar todo o potencial dessa fase com o intuito de solucionar os problemas da própria região para que assim seja possível motivar uma mudança global.”

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Yvonne Tatah, 26 anos Yaounde (Camarões) “Vivemos em um mundo repleto de problemas e essas conferências certamente reanimam a juventude ao redor do mundo, sendo capaz de nos revigorar e trazer propósito à vida.”

Bahiyyeh Ahmadpour Furtado, 24 anos Manaus (Brasil) “O vigor e a energia que os jovens possuem na busca por seus objetivos é imensamente maior ao compararmos com a fase adulta, e com as limitações de uma criança. Vários fatores contribuem para essa realidade, como ter maior disponibilidade de tempo e esperança, além da realização constante de ações altruístas.”

Darius Banani, 27 anos Boston (Estados Unidos) “Vemos, cada vez mais, a importância do jovem tomar um papel ativo para mudar o mundo. O jovem possui algumas características chaves que definem essa fase da vida: energia, paixão, criatividade, e idealismo entre outras. Com o alcance global da mídia social e outras redes sociais, o jovem tem mais facilidade e acesso para empolgar os demais.”

Neda Mei Shun Loh, 22 anos Perth (Austrália) “A juventude tem refletido sobre a sua realidade para atender às necessidades de sua comunidade, por meio de atos que demonstrem amor ao próximo, tais como a educação moral das crianças e sensibilização para os problemas sociais.”

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no escurinho

Oz e a arte da ilusão Sérgio Rizzo*

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uase 20 livros do norte-americano L. Frank Baum (1856-1919) falam dos personagens da Terra de Oz, um universo de fantasia povoado por seres extraordinários. O primeiro foi publicado em 1900. Adaptações começaram a ser feitas nos anos seguintes e jamais pararam de sair do forno do cinema e da TV. Algumas das versões mais antigas, realizadas nas décadas de1910 e 1920, podem ser vistas no DVD especial de colecionador da mais célebre adaptação, O Mágico de Oz (1939), lançado em comemoração aos 70 anos do filme. Coube ao império Disney realizar a mais recente versão para cinema, já disponível em DVD e Blu-Ray: Oz – Mágico e Poderoso (2013). Para cuidar da atualização dos ingredientes da história, com o objetivo de atingir o público jovem de hoje, foi recrutado o diretor Sam Raimi (Uma Noite Alucinante, Homem-Aranha). Em relação ao clássico de 1939, estrelado por Judy Garland no papel da menina Dorothy, há uma drástica mudança de tom na abordagem: a ingenuidade deu lugar a um humor cínico, com diálogos de sentido duplo. Além disso, pitadas de terror e de elementos sobrenaturais combinam-se a muita ação. Ao imaginar como o tal mágico teria ido parar na terra que Dorothy visitará anos depois, Oz – Mágico e Poderoso apresenta um pilantra simpático (James Franco) que desembarca acidentalmente em um reino ameaçado por uma bruxa dissimulada (Rachel Weisz). A ação é ambientada no início do século 20, quando o cinema começava a se popularizar. Assim, é também do cinema, como arte da ilusão, que o filme trata. O personagem de Franco vive na mesma época em que trabalhava outro mágico convertido pelas imensas possibilidades da fantasia no cinema: o francês Georges Méliès (1861-1938), protagonista de A Invenção de Hugo Cabret (2011) – que, baseado em romance de Brian Selznick, usa informações verídicas para criar uma história ficcional sobre um dos grandes pioneiros do espetáculo cinematográfico.

*www.sergiorizzo.com.br

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Vigilância constante s Cerca de 60 adolescentes e jovens de 21 Estados brasileiro reúnem-se em São Paulo para mais um encontro nacional

Evelin Haslinger e Joaquim Moura, do Virajovem de Porto Alegre(RS)*

Fotos: Divulgação

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Representantes do Evesca durante lançamento de Plano Municipal de Enfrentamento

Reunião do Comitê Evesca, em Porto Alegre

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enfrentamento à violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes é um tema abordado com frequência pela Vira. Na edição de maio publicamos a matéria Graves Consequências, que revelou dados de um estudo sobre o aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes durante a realização de grandes eventos esportivos como, por exemplo, a Copa do Mundo. Para chamar a atenção da sociedade sobre esta questão, ainda em 2000, com a Lei Federal 9970/00, foi instituído o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O dia escolhido foi 18 de maio em memória a menina Araceli Santos, sequestrada em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), estuprada, espancada, drogada e assassinada. Os agressores de Araceli ficaram impunes. Esse fato, divulgado pela mídia, chocou todo o País, ficando conhecido como “Caso Araceli”. Pelo Brasil, são inúmeras as ações desenvolvidas em torno do tema e que são intensificadas durante as primeiras semanas do mês de maio. Porto Alegre vem de uma trajetória de grande participação e colaboração no que se referem a direitos humanos de crianças e adolescentes, por meio de seus conselhos, fóruns e comitês que tratam de questões da infância e juventude. Nesse ano, a Vira acompanhou a programação da 2ª Semana Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes promovida pela Prefeitura de Porto Alegre, por meio do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (Evesca). O Comitê foi criado com a finalidade de monitorar, avaliar e implementar o Plano Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra


crianças e adolescentes no município. O evento aconteceu de 12 a 18 de maio de 2013. Durante os dias de atividades, um dos pontos mais marcantes foi o lançamento e distribuição de duas publicações. A primeira delas é o Guia de Orientação – Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, que apresenta parâmetros para atender e orientar as pessoas em casos de violência sexual ou suspeita, indicando alternativas que possam ser acessadas, quer seja pessoalmente ou por telefone. A segunda publicação é O segredinho de Lucas, um livro infantil trata deste assunto polêmico de uma forma que possa ser compreendida pelos leitores, sem traumatizar.

Aprendendo a enfrentar Proteger as crianças e os adolescentes da violência sexual é um grande desafio até mesmo para os profissionais da área. O que fazer quando há suspeita de um caso de abuso? Como abordar um tema tão delicado e orientar uma criança que está passando pelo problema? Para ajudar a responder essas e outras dúvidas que aparecem no dia a dia dos agentes do Sistema de Garantia de Direitos, o Comitê Evesca de Porto Alegre (RS) desenvolveu essas duas publicações para atender e encaminhar casos de Violência sexual contra crianças e adolescentes de forma qualificada e integrada. Este ano, o foco da 2ª Semana Evesca foi o tema Promoção e Proteção a Crianças e Adolescentes no contexto da Copa do Mundo 2014. “As atividades contribuíram com o processo de mobilização e sensibilização de agentes públicos e atores sociais para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes nos megaeventos esportivos”, afirma Claudia Machado, coordenadora do Comitê. Conversamos com o coordenador do Programa Infância e Juventude Protegida, da Secretaria Municipal de Governança Local de Porto Alegre (SMGL), Carlos Fernando Simões Filho, sobre a importância de comitês de proteção à criança e adolescente. Ele traz à lembrança que o Brasil é um dos primeiros países signatários da Convenção Internacional dos Direitos da Infância a criar uma nova legislação de proteção para suas crianças e adolescentes perfeitamente identificada com a nova doutrina da proteção integral aprovada naquele encontro da ONU. Esta legislação foi materializada em 1990 no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo Carlos, em 23 anos de vigência do ECA, foi possível, em quase todo o território nacional, formar a

Em maio deste ano, foram lançadas, em Porto Alegre, duas publicações sobre o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes

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chamada Rede de Proteção e criar os Mecanismos de Exigibilidade previstos pelo Estatuto. Até aqui, todos os esforços tiveram por meta estruturar essa rede. Para a assistente social Priscilla Lunardelli, Coordenadora Estadual do RS na Paz + Saúde, do Governo do Estado, e Conselheira Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDICA/RS), “as agendas de mobilização sobre a temática são de extrema relevância, pois ainda hoje observamos muitos profissionais e a imprensa tratarem do tema de maneira equivocada referindo-se, por exemplo, a determinada adolescente como em situação de ‘prostituição’. Necessitamos de uma agenda de mobilização permanente para o enfrentamento das violências sexuais, principalmente diante da proximidade de grandes eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas no Brasil”, afirma. Priscilla ainda informa que até maio de 2013, os serviços de saúde no Estado do Rio Grande do Sul já notificaram 539 casos de violência sexual praticados contra adolescentes e jovens até 19 anos.

Membros do Comitê Evesca, no bairro da Redenção, em Porto Alegre, durante Semana de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

DENUNCIE! A DENÚNCIA É O PRIMEIRO PASSO PARA O ENFRENTAMENTO A ESSA VIOLAÇÃO. LIGUE 100! A LIGAÇÃO É GRATUITA E MANTEM EM SIGILO A IDENTIDADE DO DENUNCIANTE. “ É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde ,à dignidade e ao respeito...” (trecho do art. 4º Estatuto da Criança e do Adolescente)

tá na mão Acesso às publicações do Comitê de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Porto Alegre no blog: evescaportoalegre.blogspot.com.br

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*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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que figura!

O anjo bom da Bahia

Um exemplo de bravura, bondade e de fé, Irmã Dulce foi uma religiosa que entrou

para a história da sociedade brasileira

Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS); e Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*

M

“Minha religião é a do amor e a minha linguagem é a do coração.”

aria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecia por Irmã Dulce, nascida em 26 de maio de 1914, em Salvador (BA), aos 13 anos manifestou pela primeira vez seu interesse pela vida religiosa. Nessa época, já atendia os doentes no portão de sua casa. Em 1933, entra para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição (Irmã Dulce) da Mãe de Deus, em Sergipe. Após seis meses faz votos perpétuos, e recebe o hábito de Irmã, passando e ser chamada de Irmã Dulce em homenagem à sua mãe Dulce Maria. Professora primária, recebe como primeira missão, em 1922, ensinar num colégio mantido pela Congregação, em Salvador. No entanto, ajuda principalmente aos que viviam em situação de vulnerabilidade social. Estava muito presente nas comunidades, defendendo homens e mulheres privados de liberdade e de direitos básicos, oferecendo atendimento de saúde onde havia pobreza e tristeza. Irmã Dulce estava sempre pronta pra ajudar com muito carinho. Pela devoção à sociedade brasileira, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 1988. Após 50 anos de entrega total à caridade, em 11 de novembro de 1990, Irmã Dulce começa a apresentar problemas respiratórios. No ano seguinte, já em seu leito de morte, é visitada pelo Papa João Paulo II, de quem recebe a bênção e Unção dos Enfermos. Em 1992, morre aos 78 anos, de causas naturais. Em 2011, acontece no Vaticano a cerimônia de beatificação de Irmã Dulce. Reconhecida como “Bem-Aventurada Quem quiser conhecer Dulce dos Pobres”, a Igreja Católica inclui em seu um pouco mais sobre a vida calendário o dia 13 de agosto como data de festa e e obra de Irmã Dulce, visite o site www.irmadulce.org.br lembrança à Irmã Dulce. Suas obras sociais permanecem em funcionamento, em Salvador e, em 1993, foi inaugurado um memorial em Confira o link sugerido pelo QR Code! sua memória, na capital baiana.

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sexo e saúde

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m assunto que sempre dá o que falar. Alguns só sentem após receberem estímulos inusitados e há também quem não consegue “chegar lá” porque sequer consegue responder às preliminares e passar pelo “estágio” que antecede o orgasmo. Excitação é o tema dessa edição da seção Sexo e Saúde e para satisfazer nossas curiosidades sobre a sensação de inquietação que acontece principalmente em momentos calientes, convidamos Everton Pinheiro, coordenador da Escola de Missões Urbanas no Maranhão, que trabalha com aconselhamento cristão com foco na sexualidade humana e é também colunista do Portal Conectar, para responder algumas perguntas sobre o tema.

Stephany Pinho, do Virajovem São Luís (MA)*

Por que as pessoas ficam excitadas?

Natália Forcat

A excitação é uma resposta sexual do corpo a algum tipo de estímulo. Durante o desenvolvimento da nossa sexualidade, aquilo que nos estimula e nos gera alguma pulsão de prazer sexual vai ficando mais definido: toques em determinadas partes do corpo, registros visuais, palavras. No que se refere à sexualidade humana, de fato, cada caso é um caso, ou seja, aquilo que me provoca excitação nem sempre parte dos mesmos disparadores que uma outra pessoa. Por que há pessoas que se excitam com pessoas do mesmo sexo e outras que se excitam com pessoas do sexo oposto? Precisamos deixar claro que excitação é uma resposta sexual do corpo humano aos estímulos que nos provocam sensação de prazer. Em nada compreende a orientação sexual. Mas durante as primeiras fases do desenvolvimento da sexualidade, a partir de alguma experiência com o mesmo sexo, por exemplo, pode-se registrar algo prazeroso e logo, tem-se uma tendência natural a se excitar com mais facilidade com os estímulos que o mesmo sexo traz. No âmbito da sexualidade, excitação e desejo são a mesma coisa? Ambos fazem parte do ciclo de resposta sexual do corpo humano, onde temos: desejo, excitação, orgasmo e resolução. Porém não são a mesma coisa, ambos acontecem na mente, mas o desejo parte da ideia do que eu ainda não tenho. Já a excitação, enquanto resposta, vem da necessidade de manter a sensação do que possuo. 32

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Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org


Bah Tchê, que doçura! povos que ajudaram Ambrosia é uma receita deixada pelos a formar o Estado do Rio Grande do Sul Evelin Haslinger , do Virajovem Porto Alegre (RS)*

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uem visita o Estado do Rio Grande do Sul, além de encontrar belas paisagens, não pode perder a oportunidade de conhecer as delícias da gastronomia da terra dos imortais escritores Érico Veríssimo, Moacyr Scliar e Mário Quintana e de belas vozes, como Lupicínio Rodrigues e Elis Regina. É um Estado rico em cultura e conhecido pelos belos campos e pelo hábito do churrasco e do fandango. Formou-se com a contribuição de diferentes povos como indígenas, negros, portugueses, alemães e italianos. A culinária, por consequência, recebeu grande influência dessas etnias. Para ficar com água na boca de conhecer o Rio Grande do Sul e para ganhar uns quilinhos a mais, trouxemos a deliciosa receita de ambrosia de laranja – doce tipicamente gaúcho. Há controvérsias sobre a origem desse prato, se seria herança dos portugueses ou dos espanhóis. O importante é que a ambrosia é um manjar dos deuses. Espero que gostem da receita! Bom apetite, guris e gurias!

Ingredientes

Mexa somente o necessário para não derramar o doce no fogão e para não desmanchar os coágulos que vão se formando. Deixe no fogo até secar quase toda a água da panela. Deixe esfriar e sirva aos seus convidados!

Modo de preparo Colocar em uma panela grande o leite para aquecer. Bata os ovos e o açúcar e os despeje na panela quando o leite começar a ferver. Mexa tudo e, quando ferver novamente, coloque o suco de laranja. Ele fará com que o leite talhe. Por isso, vão surgir bolinhas.

Evelin Haslin ger

- 2 litros de leite; - 6 ovos; - 500g de açúcar; - 250 ml de suco de laranja natural; - Canela em casca a gosto.


parado social

Gols que transformam

A Streetfootballword fortalece organizações que usam

o

futebol como ferramenta para o desenvolvimento social Jhony Abreu e Luciano Martins, do Virajovem de Manaus (AM)*

O

futebol foi criado no final do século 19, mas somente em 1894 o esportista Charles Miller o trouxe para o Brasil. Inicialmente, era uma atividade praticada pela aristocracia brasileira e, hoje, é considerada o esporte mais popular do mundo, com cerca de 270 milhões de praticantes. Foi em 2002 que a Streetfootbalworld (SFW), com sede em Berlim (Alemanha), percebeu uma ótima oportunidade para transformar o futebol em ferramenta para o desenvolvimento social. A SWF apoia uma rede mundial formada por mais de 80 organizações sociais de mais de 50 países, promovendo a articulação entre pessoas, instituições e o poder público para alcançar um único objetivo: o desenvolvimento social. No Brasil, a Streetfootballworld foi fundada em 2010 e visa desenvolver e fomentar seu crescimento com base nas oportunidades advindas dos grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016, além, é claro, da Copa das Confederações que aconteceu em junho deste ano. Atualmente, Estados como Maranhão, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia estão participando da rede da SWF no Brasil e colaborando com o desenvolvimento social de muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo a visão dos representantes da SWF, “o esporte tem sido reconhecido em políticas

internacionais como um componente chave no desenvolvimento de crianças e jovens, não somente em relação individual, mas também associado a sua vida em sociedade.” Foi com base nesse entendimento que a Rede Latino-Americana de Futebol de Rua foi criada. Ela desenvolve o projeto Futebol para o Desenvolvimento e conta hoje com 26 organizações integradas à rede global da Streetfootballworld, proporcionando o ensinamento não apenas da modalidade esportiva, mas também educa, entretém, ensina parâmetros e transforma a vida dos participantes. É o futebol deixando um legado social para o Brasil que todos querem ver.

tá na mão Saiba mais em: www. streetfootballworld.org

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