Revista Viração - Edição 83 - Abril/2012

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s o r i e c r a p s o s Nos

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com

Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA - Fortaleza (CE) www.taconectados.blogspot.com

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Projeto Araçá - São Mateus (ES) www.projetoaraca.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.inesc.org.br

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Agência Fotec – Natal (RN)

Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Lunos - Boituva (SP) www.lunos.com.br

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com


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t e n r e t n i à s a ç a Gr

ão. O e express erdade d b li a m a e orec iabiliz o logias fav rso que v o u n c c re te agora, o s s a s nov podero inda mais m a u , o é ã t ç e a unic intern r no à com acesso à um maio ito huma e e ir d permitem o d e u q io os da red , íc ri e á rc d u e a s x u id e c s lo O e . v tc e d ns e diversas to, image receber ibilidades úsica tex m e r d o apenas s ã com poss o n iv e u d rq e a ponibiliza d a e anto d ssibilid tos e dis h o n il p e rt a im a c p m e m h tê co con tadores har seus e compu compartil e d or a mundial d m é b tam nde melh ão, mas você ente , ! o is ir e informaç c z u ! re oais r, prod rtilhar p ivos pess e recebe d a Compa s p e a d c a e seus arqu id d sibil portagem nitas pos Com a re ite as infi rm e ue p e u rtagem q igital, q rmações. uma repo fo cultura d e d in l, o e tr s b n 2 de a ri por de har ideia rra, em 2 ocê fica e v compartil T , o a ã d iç ia d ões no D sta e is discuss Ainda ne contecer s principa ue vão a a q s re e b õ o ç s a er trata das m de sab aulo, que em São P Brasil, alé o to n o e d or v to e em drogas p em um meto às teceram ta n n o e c a fr n e e ! u q do itura a questão as. Boa le abordou american o n ti la s de comunida

A “

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da ANDI - Comunicação e Direitos. Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses oito anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira Lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no Distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Boituva (SP) - sp@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lagarto (SE) – se@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Lima Duarte (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Pinheiros (ES) - es@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (ES) - es@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira (AM) - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Mateus (ES) - es@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

Quem faz a Vira Alisson Rodrigues, do Virajovem São Paulo (SP)

Julia Dávila, da Redação, entrevista participantes durante a cobertura do evento Respostas Comunitárias – Encontro de Saberes e Fazeres, que aconteceu em São Paulo, no dias 20 e 21 de março de 2012.

Revista Viração • Ano 10 • Edição 83 03


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Blogosfera

Conheça as ferramentas e plataformas disponíveis na internet para a criação de sites e blogs

Educom ítalo-brasileira

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Educadora italiana passa temporada na Vira para conhecer e compartilhar práticas de educomunicação

Jornal Mural

Aprenda como se faz um veículo de comunicação útil para escolas e que favorece a participação de todos

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Preparativos

Confira as ações da Campanha Rio +Você pelo Brasil que vão acontecer no Dia da Terra, em 22 de abril, como parte dos preparativos da Rio+20

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Sustentabilidade globalYork, Carol Howe, visita o Brasil Representante do UNICEF em Nova bilidade e bate papo com a para facilitar oficinas sobre sustenta galera da Viração

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Respostas possíveuteiscomo comunidades brasileiras

Geração conectada

A cultura digital sugere uma nova forma de pensar o conhecimento e compartilhar é a ordem vigente entre os usuários da internet

Evento em São Paulo disc ado a questão das drogas e sulamericanas têm enfrent

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Sempre na Vira

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 06 De Olho no ECA . . . . . . . . 08 Imagens que Viram. . . . . . 14 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32 Rango da Terrinha . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Esporte e Política

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tivo

o obje entes e Jovens que tem com Conheça a Rede de Adolesc il Bras rte no consolidar o direito ao Espo

Rap no Sul

Curitiba se destaca como cidade de relevantes eventos e produções culturais voltadas para o Hip- Hop

Na mira

Políticas públicas são insu ficientes para reduzir indí ce de homicídios entre jovens neg ros no Brasil

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Revista Viração - ISSN 2236-6806 Conselho Editorial Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

Direção Executiva Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe Ana Paula Marques, Bruno Ferreira, Carla Renieri, Elisangela Nunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, Gisella Hiche, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista, Ionara Silva, Julia Dávila, Manuela Ribeiro, Mariana Rosário, Novaes, Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Everton Nova), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel), Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto),

Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão, Silmara Aparecida dos Santos e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos) e São Paulo (Gutierrez de Jesus Silva e Tamires Ribeiro).

Colaboradores Antônio Martins, Heloísa Sato, Lentini, Marcelo Rampazzo, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Rogério Zé e Sérgio Rizzo.

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Via Twitter @uiliandalpiaz Revista @viracao contribuindo no debate e construção e difusão da Rio+20. Juventude presente e sonhando outro mundo possível!

Fale com a gente! E-mail Olá! Meu nome é Júnior e o motivo do meu e-mail é elogiar a belissíma revista de vocês. Adorei a matéria da seção De olho no ECA que li na revista de janeiro de 2012, por meio da Biblioteca Municipal João Sarmento Furtado, de Nazarezinho (PB). Espero que a referida biblioteca continue sendo contemplada para que muitos da nossa cidade continuem lendo a Viração. Muito obrigado!

Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

Quero parabenizar pelos conteúdos da revista e falar da minha relação com ela. Comecei a trabalhar a revista com a juventude do teatro do Centro Cultural e fiz um trabalho da faculdade com ela, e houve uma aceitação muito boa de todos. A Viração está sendo um mecanismo de estudos e participação social entre nós, jovens, que almejamos uma sociedade mais justa e humana. Parabéns!

Júnior Ribeiro

Danilo Borges dos Santos, Centro Cultural Rio Branco Paratinga (BA)

Obrigado pelos elogios à revista! A Biblioteca e o Centro Cultural das suas cidades recebiam a revista pelo Edital Periódicos do Ministério da Cultura, pelo qual não somos mais contemplados. Mas é possível fazer a assinatura anual da Viração. Entre em contato pelo e-mail assinatura@viracao.org

A Rio+20 será um importante momento para a juventude e sociedade de uma forma geral! Não podíamos ficar fora dessa! Acompanhem na Vira e na Agência Jovem de Notícias informações sobre diversas ações preparatórias para o evento, sobretudo a campanha Rio+Você (www.riomaisvoce.org)

Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta!

E-mail

Ops! Erramos! Acabamos nos esquecendo de dar o crédito da imagem que foi capa da última edição (nº 82, de março de 2012). Quem fez a foto foi Filipe Borges Campos, do Virajovem Vitória (ES), um dos participantes da cobertura jovem do Fórum Social Temático, que aconteceu em janeiro, em Porto Alegre (RS). Pedimos desculpas pelo erro!

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Siga a Vira no Twitter: @viracao. E também confira a página e o perfil da Viração Educomunicação no Facebok.

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.


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Manda Vê Alessandro Muniz, Yasmim Kyssyanne e Daísa Alves, do Virajovem Natal (RN); Cláudia Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM); e Vinícius Gallon, do Virajovem Curitiba (PR)*

É inegável a quantidade de informações compartilhadas atualmente na internet. O que no início da informática começou com bits hoje são terabytes. Alguns precisam até de HDs externos para armazenar tanto. E o Google informa em seu serviço de e-mail, o gmail, que a capacidade de armazenamento de nossas contas está aumentando. Existem até serviços de HD virtual, como o DropBox e o SkyDrive. Estamos na chamada Era da Informação, a Sociedade do Conhecimento. Nunca a humanidade produziu tanto conhecimento e de forma tão rápida. Mas que tipo de informação é essa? Ela se torna conhecimento ou são apenas dados? É de qualidade ou é somente quantidade? Conseguimos fazer algo com ela ou apenas a acumulamos? A pergunta que não quer calar é:

Estamos bem informados? Larissa Moura, 18 anos, Natal (RN)

Cauê Almeida Galvão, 21 anos, Natal (RN) “Estamos mais informados, mas depende por qual fonte de informação. Setenta por cento dos brasileiros ainda usam televisão como o seu meio de informação. E infelizmente esse é um meio monopolizador de ideias e de mentes e não abre espaço para os movimentos sociais, como nós aqui, os universitários que lutamos pelos direitos coletivos. Porque toda informação é inválida se você não sabe ter o senso crítico sobre ela.”

06 Revista Viração • Ano 10 • Edição 83

“Acredito estamos sim mais informados, só que ao contrário de quando se tinha mais tempo para ler uma notícia, acabamos não nos aprofundando mais nos assuntos porque hoje em dia é tudo muito rápido. A gente está mais informado, mas não estamos mais embasados nos assuntos.”

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal rn@viracao.org, am@viracao.org e pr@viracao.org)


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Elder Marinho, 20 anos, São Gabriel da Cachoeira (AM) “Eu acho que não, porque depende muito do interesse da pessoa que está conectada na internet. Se ela acessa assuntos que venham a valer a apena na sua vida, é uma coisa, já os sites de bate-papo muitas vezes não levam a lugar nenhum.”

Fabiane Moreira da Silva, 18 anos, São José dos Pinhais (PR)

“Informação não falta, o que falta hoje é informação de qualidade e que tenha um propósito maior, que traga a reflexão para nossas vidas.”

Kassandra Lopes, 19 anos, Natal (RN) “Eu acho que estamos mais confusos. Recebemos informação demais, mas não temos tempo para processar essa informação. Não sei diferenciar confusão de informação de uma informação plena.”

Eliane de Souza Ferreira, 24 anos, São Gabriel da Cachoeira (AM)

Guilherme Nascimento, 20 anos , Toledo (PR)

“Acredito que não, apesar de a internet ser uma ferramenta importante para obtermos diversos tipos de informações. Mas, se desejamos informações para adquirir conhecimento, devemos procurar outras fontes como jornais e livros, pois a quantidade de conteúdos produzidos e compartilhados na internet não são tão confiáveis.”

“Desde o advento dos computadores, a internet e o boom das redes sociais, houve uma grande mudança na comunicação. Uma delas é a aproximação ainda maior entre pessoas que estão distantes, em outras cidades, estados e países. Logo, entendo que há mais informações.”

Não é de hoje Se na Idade Média o problema era a falta de conhecimento, com a invenção da imprensa por Gutenberg no século 16, o problema passou a ser o excesso de publicações. Isso porque, naquela época, estima-se que havia 13 milhões de livros em circulação, para uma população de 100 milhões de europeus. Depois, até 1750, com a imprensa funcionando a todo vapor, essa estimativa passa para 130 milhões de livros. Hoje, podemos medir toda informação disponível em bytes, mais precisamente em exabytes (são dezoito zeros, um quintilhão ou um bilhão de gigabytes). Em 2010, toda informação gerada no planeta foi duas vezes maior que a capacidade de armazenamento disponível.

O Stop Online Piracy Act, ou Lei de Combate à Pirataria Online (SOPA) é um projeto de lei, ainda em tramitação, proposto pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que visa proteger os direitos autorais dos conteúdos da web com o combate à pirataria e a propriedade online protegida. Parece legítimo, já que pirataria é crime. No entanto, se aprovado, o SOPA permitirá, por exemplo, que o governo controle a lista de links acessados pelos usuários, bloqueie sites, proíba o download gratuito de livros, músicas e filmes, e criminaliza qualquer empresa ou usuário comum que infringir a lei. Uma lei semelhante no Brasil está em tramitação, conhecida como Lei Azeredo, proposta pelo deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Faz Parte


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Ivo S sa ou

a C e o n o de olh

Trabalho infantil: escola ajuda a combater Propercio Rezende e equipe do Portal Pró-Menino*

Lentini

q

uando falamos em trabalho infantil, há um aspecto que sempre vai existir independente das inúmeras questões, opiniões ou posições sobre o tema: ele é aceito culturalmente. Isso significa que as pessoas acreditam que trabalhar faz bem para crianças e adolescentes. Acreditam que, ao trabalhar, a criança aprende a ter responsabilidade, a cumprir horários ou a ser mais organizada. Muitas pessoas trabalharam quando crianças e afirmam que isso foi bom pra elas, sem se dar conta do que perderam de melhor. É comum que as pessoas não aceitem que crianças trabalhem em locais onde o risco é mais claro, como em pedreiras ou lixões, mas é bem visto o trabalho em supermercados, como empacotadores, em pequenas oficinas ou salões de beleza, por exemplo. Isso acontece porque as pessoas não percebem que estas situações também violam direitos. A criança que trabalha aproveita menos a escola, pois não tem tanto tempo para estudar, não pode participar da vida comunitária ou de projetos culturais, esportivos ou sociais. Nestes projetos ela também aprenderia a ter responsabilidade ou ser organizada, mas em atividades que a preparariam muito mais para uma vida ou uma profissão melhores. Afinal, que profissão aprende quem empacota no mercado ou varre no salão da cabeleireira? Quando falamos em combater o trabalho infantil, falamos em mudar uma cultura. E a escola tem um papel essencial neste processo, pois, quando tem qualidade, ela garante a formação de um ser humano mais reflexivo, com posições definidas e uma cultura sólida. O papel da escola é fundamental porque ela está formando crianças e adolescentes que, se compreenderem os reais prejuízos do trabalho infantil, ajudarão a combatê-lo, desde já e no futuro. Os professores, de qualquer disciplina ou nível de ensino, devem levar o tema para a escola. Tanto em aulas expositivas, como em trabalhos em grupos, pesquisas, levantamentos ou discussões após apresentar um filme aos alunos, por exemplo. Além disso, o professor deve estar atento aos seus alunos, denunciando situações de trabalho infantil ao conselho tutelar, e ajudando a acompanhar se alguém tem faltado à aula porque tem que trabalhar. Com ações como esta, a educação estará contribuindo muito para que, com o tempo, cada vez menos o trabalho infantil seja aceito e crianças e adolescentes sejam prejudicados. V

O que O prOfessOr pOde fazer: - Trazer a temática do trabalho infantil para a escola; - Denunciar casos de trabalho infantil ao conselho tutelar; - Acompanhar alunos que estão faltando, ou que não retornaram às aulas, para que não sejam vítimas do trabalho infantil.

O que O alunO pOde fazer: - Pesquisar sobre o tema e sugerir aos seus professores que tratem destas questões em sala de aula ou na escola; - Participar ou promover ações contra o trabalho infantil na escola, na cidade ou pela internet; - Denunciar os casos de trabalho infantil que conhece.

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

08 Revista Viração • Ano 10 • Edição 83


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Mídias Livres

POSSIBILIDADES DA BLOGOSFERA Entenda a diferença entre plataformas disponíveis na web para a criação de blogs

Gutierrez de Jesus Silva, da Redação

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termo “weblog” foi criado em 1997 por Jorn Barger e dois anos depois, Peter Merholz separou as palavras em uma brincadeira, formando “we blog”, que significa “nós blogamos”. Antes dos anos 2000, o blog era usado propriamente como um diário online e na última década o seu uso e finalidades tornaram-se mais amplas. Os blogs sofreram atualizações e passaram a ter links para cada post, podendo ser referenciados, o que tornou possível uma maior divulgação das postagens. Ainda posteriormente, hakers implementaram o sistema de comentários que ainda não existia naquela época. Estima-se que no ano de 1999 havia por volta de 50 blogs e apenas um ano depois, em 2000, haviam milhares de blogs já criados. Em pouco menos de três anos a estimativa saltou para quatro milhões de blogs. A grande diferença entre um blog e um site comum é que os blogs utilizam o Content Management Systems (CMS), que pode ser traduzido para o português como Sistema de Gerenciamento de Conteúdo. Essa ferramenta, mais utilizada para a criação de blogs pela plataforma WordPress, por ser fácil de ser utilizado e na versão paga conta com diversas funcionalidades que facilitam ainda mais a vida das pessoas que querem publicar o seu conteúdo na internet, mas não querem mexer com programação para ter a possibilidade de publicar o seu conteúdo. Hoje em dia muitos portais grandes utilizam o WordPress para postar os seus conteúdos na internet, possibilitando uma maior interatividade com o seu público e os blogueiros não têm grandes dificuldades de postar os conteúdos quase em tempo real. Sem a ferramenta CMS, a possibilidade de termos notícias em tempo real na internet seria impossível. A plataforma WordPress é uma ferramenta que pode ser utilizada de diversas formas, como um blog pessoal, um blog ou site de imagens, vídeos, fotos e texto sem ter dor de cabeça para publicar o conteúdo, e também de tê-lo como gerenciador de sites, facilitando o uso.. Com o Wordpress, o usuário não tem dor de cabeça quando decide comprar um domínio na web e hospedar o seu site. Depois disso, é possível ter acesso aos plugins, ferramentas que podem ajudar na implementação de diversas funcionalidades restritas na versão gratuita. A grande diferença do WordPress para outras plataformas de blogs é que suas funcionalidades são de site, além de contar com uma vasta quantidade de pessoas desenvolvendo ferramentas e traduzindo-o para diversas línguas. V

Revista Viração • Ano 10 • Edição 83 09


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Sentir a diferença na pele

Pela primeira vez no Brasil, educadora italiana Carla Renieri faz imersão na Vira

Bruno Ferreira, da Redação

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Manuela Ribeiro

Bruno Ferreira

ntusiasmo, simpatia, vontade de compartilhar e aprender… Ela conta que na Itália há a predominância do Em menos de uma semana, a equipe da Viração já pôde pessimismo, que faz com que certas situações não perceber essas e outras qualidades da jornalista e mudem. Ela destaca a importância de sonhar e de educadora italiana Carla Renieri, que passa uma temporada em estimular o sonho entre os mais jovens. “Na Itália falta o São Paulo para acompanhar e conhecer as atividades da sonho. É como se não alimentassem a vontade de sonhar. organização. Pela primeira vez no Brasil, o calor típico do clima É a fantasia e a criatividade que fazem as coisas serem tropical brasileiro não parece desanimar a visitante, diferentes.” interessada em vivenciar plenamente a estadia no País. A educomunicadora italiana conta que quando tinha Na Itália, Carla trabalha com crianças com deficiências 22 anos despertou para a necessidade de ter uma postura físicas e psicológicas. Faz intervenções educativas utilizando mais ativa. Ela compara a sua transformação a um braço comunicação alternativa aumentativa como metodologia, que antes imóvel, que necessitou de fisioterapia pra se auxilia pessoas com deficiência a se apropriarem da movimentar e desempenhar suas funções. linguagem, amenizando as dificuldades com a fala ou escrita. Carla entende pouco o português, assim como a equipe Formada em Jornalismo, Carla sempre teve interesse por da Viração pouco entende o italiano, mas a ideologia e o Educação. Então, cursou uma segunda amor pela educação parecem dissolver as faculdade para tornar-se barreiras existentes devido à diferença entre as educadora. línguas. A estadia de Carla em São Paulo será de Durante um curso sobre dois meses. Periodicamente, ela publica em sua direitos de crianças e página na rede social Phyrtual um diário de adolescentes na Itália, teve bordo, em italiano, sobre sua imersão na Vira. contato com Paulo Lima, Para quem entende o idioma do povo mais diretor executivo da Viração romântico do mundo, vale a pena conferir: que vive no País europeu, por http://www.phyrtual.org/en/project/a-capo V meio do qual conheceu o projeto. “Apesar da realidade brasileira, percebe-se que é possível fazer coisas incríveis. atividades Me aninei muito em fazer uma Carla participa de a Vir pesquisa sobre coisas que em Oficina na funcionam”, disse. Nascia a vontade de conhecer um projeto diferente do outro lado do Oceano Atlântico. “O que me interessava era sair da Itália para sentir a diferença na pele da diversidade. Precisava viver a diferença de um País diferente”, completa a visitante. Equipe e jovens da Viração com a voluntária italiana

10 Revista Viração • Ano 10 • Edição 83


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Como se faz

Jornal Mural Veículo de visibilidade, o Jornal Mural pode ser alternativa para uma escola melhor Passo a passo Juliana Araújo, Jumara Araújo, Roseline Silva e Verônica Muniz, do Virajovem Salvador (BA)*, com a colaboração da Redação e do Guia de Educomunicação da Viração

I

nstrumento de comunicação rápida e imediata, o jornal mural atende a um grande número de pessoas por ser um veículo exposto em locais estratégicos. Eficiente em escolas, informa de modo rápido e prático sobre agendas culturais, datas comemorativas, vagas de estágio e emprego etc. O seu diferencial está na visibilidade que dá às informações, que ficam expostas num mural, em locais de grande circulação, justamente para que muitos possam ter acesso ao seu conteúdo. Nas escolas, o jornal mural é feito para chamar a atenção de estudantes e professores sobre o que se passa no ambiente escolar. Pode ser utilizado por educadores como forma de estimular a leitura e a produção de texto. Sem contar que também incentiva o debate sobre diversos assuntos, quando permite a participação de todos.

Participação Um dos desafios de qualquer veículo de comunicação, e não apenas do jornal mural, é promover a participação de seus leitores, de forma que eles também possam produzir notícias. Nesse sentido, uma simples caixa ao lado do jornal convidando à participação pode atrair a atenção do leitor e incentivá-lo a também colaborar com opiniões, poesias, ilustrações e informações de utilidade pública. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ba@viracao.org)

1. Defina uma equipe: recrute amigos que possam colaborar com ideias e conteúdo. Procure chamar pessoas que curtam escrever, desenhar, fotografar, recortar e colar. Essa diversidade é fundamental para que o jornal mural seja rico em conteúdo e visualmente bonito. 2. Pensar nos objetivos: pense em conjunto sobre a utilidade do seu jornal mural. Para quê ele serve? A quem se destina? Sobre o que vai tratar? 3. Pensar no formato: pode-se fazer jornal mural de vários materiais, como cortiça madeira, papel, tela de galinheiro. Pode ainda ter diversas cores e tamanhos. 4. Processo de Produção: como em qualquer veículo, o jornal mural segue alguns passos como reunião de pauta, apuração, redação, elaboração de layout (organização dos conteúdos no espaço do jornal mural), edição, revisão, fechamento e divulgação. 5. Fechamento: em conjunto, escolham pessoas no grupo responsáveis pela revisão e edição dos conteúdos, e fixe-os no mural apenas depois que tudo tiver sido corrigido. 6. Lembre-se da acessibilidade: o jornal deve ficar numa altura que todos possam ler, inclusive os cadeirantes. As letras dos textos devem ser maiores que a de um veículo impresso, para garantir que todos leiam de uma distância razoável. 7. Apelos visuais: é importante lembrar que o jornal mural precisa chamar a atenção das pessoas que passam por ele diariamente. Isso significa que você deve ser criativo, usar e abusar de desenhos, imagens e colagens.

Revista Viração • Ano 10 • Edição 83 11


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a r e l a G

r e t r ó Rep

Em clima de esquenta

Nova York, facilita Carol Howe, representante do UNICEF de versa com a galera oficina sobre sustentabilida na Vira e con

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP); Julia Dávila, Ingrid Evangelista, Gutierrez de Jesus Silva e Bruno Ferreira, da Redação

“A

Rio+20 está chegando e, enquanto isso, vários grupos em todo o Brasil se preparam para os debates que acontecerão em junho na cidade maravilhosa. Na Viração, as coisas não são diferentes. No último dia 13 de março, jovens de São Paulo puderam participar de uma formação para entender e discutir o que é sustentabilidade e a importância da Rio+20 para a juventude. O Encontro foi promovido pelo ChangeMob e UNICEF de Nova York com o apoio da Campanha Rio +Você e Viração Educomunicação. A formação foi facilitada por Carolina Howe, de 26 anos, representante do UNICEF em Nova York Desde muito cedo, ela desenvolve ações sobre proteção ambiental em sua pequena cidade natal, nos Estados Unidos, que tem apenas seis mil habitantes. Ela trabalha com questões ambientais voltadas para crianças e jovens no UNICEF e, em sua comunidade na metrópole estadunidense, trabalha com organizações que lidam com jardins urbanos e compostagem. “É muito interessante compartilhar as ideias de como podemos multiplicar para mais pessoas, jovens, crianças, comunidade, para entender o que é sustentabilidade e Rio+20. Temos experimentado a oportunidade de compartilhar isso com os jovens e organizações brasileiras”, afirma Carolina. Treinamento semelhante ao que foi realizado na Vira presencialmente também é oferecido por Carol no ambiente virtual para países como Madagascar, África do Sul, Moçambique, Inglaterra e outros da Europa. Confira a seguir o bate-papo que fizemos com ela ao término da formação. Qual o seu envolvimento com as questões ambientais? Desde quando você se envolve com a questão?

Linha do Tempo Acontece a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), conhecida como ECO 92

1992 12 Revista Viração • Ano 10 • Edição 83

Dez anos após a ECO 92, acontece uma conferência de acompanhamento em Johanesburgo para renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável

2002


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Creio que estou participando das questões ambientais durante toda a minha vida. Venho de uma cidade muito pequena nos Estados Unidos, onde vivem seis mil pessoas em meio a dez mil vacas, muitos pastos, muitas árvores. Há muito desenvolvimento na minha comunidade. Na minha vida, passei por muitos experimentos sobre como posso caminhar e proteger o meio ambiente e não estou segura exatamente de como será, mas creio que haverá muitas oportunidades de desenvolvimento. Estarei no dia a dia, durante toda minha vida, experimentando. O que você faz no UNICEF e qual a sua história lá? Trabalho no UNICEF há alguns meses envolvendo jovens e crianças na participação em coisas relacionadas ao meio ambiente. Estou aqui porque creio que a Viração é uma organização que trabalha com muitos jovens que podem ensinar muitos outros jovens e, ao mesmo tempo, creio que é um tempo para o UNICEF desenvolver planos de participação. Em minha opinião, estamos caminhando porque o UNICEF tem participação real na comunidade de muitos países, mas antes de participar, necessitamos de respeito e creio que agora estamos nos planejando para dar aos jovens tecnologias e assistência para participar.

Qual a importância de um evento como a Rio+20 para a juventude? As questões da Rio+20 são muito importantes para toda a juventude, porque é a nossa vida, nosso futuro que vão decidir, mas não vão mudar as coisas em uma conferência no Rio. Na verdade, vamos começar uma conversa e os jovens precisam fazer parte disso. A Rio+20 é uma oportunidade para refletir sobre o que aconteceu e o que não aconteceu e de entender porque acontecem os problemas e como a nossa geração pode mudar, fazendo coisas diferentes e obtendo mais sucesso. V

Além do UNICEF, você está envolvida com outras questões, causas e organizações? Sim, muitas. Adoro trabalhar com a minha comunidade em Nova York, nas organizações de jardins urbanos e nas organizações que trabalham com compostagem em Nova York e também nas organizações que produzem sua própria comida na comunidade. E muitas outras coisas: pintar telhados de branco para diminuir o calor, trabalhar com jovens de outros países... Também estou pensando em alguns projetos de sites na internet que possam ajudar os jovens. Há muitas outras coisas que faço ao mesmo tempo. Você falou sobre comportamento do jovem brasileiro envolvido com as questões ambientais. Como é esse comportamento dos jovens dos Estados Unidos? Creio que no Brasil é muito mais fácil a ideia de mudar a comunidade. Isso nos Estados Unidos tem menos foco. Visitei um projeto do UNICEF nas favelas do Rio sobre redução dos riscos de desastres e vi que os jovens ali não tinham treinamento formal sobre a questão. O Brasil tem um meio ambiente tão bonito e todas as pessoas sabem que há algo que precisa proteger. Mesmo no centro da cidade há meio ambiente também, creio que no centro de Nova York há jovens que nunca viram um pássaro, e isso é muito diferente.

A Assembleia Geral da ONU adotou uma Resolução concordando em realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) em 2012

2009

“Vamos começar uma conversa e os jovens precisam fazer parte disso. A Rio+20 é uma oportunidade para refletir sobre o que aconteceu e o que não aconteceu e de entender porque acontecem os problemas e como a nossa geração pode obter mais sucesso.”

Carol Howe

A Rio+20 acontece de 20 a 22 de junho com três objetivos: renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável, avaliar as lacunas no cumprimento dos compromissos e abordar novos desafios

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IMAGENS QUE VIRAM

Natureza Viva Do Virajovem São Mateus (ES)* Texto: Jéssica Delcarro | Poema: Genílton dos Santos | Imagens: Heriklis Douglas, Jéssica Delcarro, José Vandemacio, Maria Araújo e Raphael Verly

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tribulados com tantos afazeres urbanos, muitas vezes deixamos de valorizar o pouco verde que resta nas cidades. Vivemos em um grande ecossistema, no qual todos estão conectados e interligados, cada qual com sua importância e função. A procura constante por viver em equilíbrio e harmonia com a natureza é um dos maiores desafios da humanidade. Em sua perfeição, a natureza revela-se esplêndida e bela dos mais simples aos mais complexos seres que a compõem, tornando a vida harmoniosa e inteligente! O pouco que restou de Mata Atlântica na cidade histórica e litorânea de São Mateus (ES), há 222 quilômetros de Vitória, pode ser encontrado na Agro Floresta do Projeto Araçá, onde são cultivadas várias árvores características desse tipo de vegetação. V

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Uniao pela natureza Unidos fazemos grandes coisas Em nome da natureza Que encanta as pessoas E espalha beleza Ela deve ser cuidada De modo bem dedicado Com uma plena atenção Assim teremos um mundo conservado Todo ser vivo tem um valor Basta desabrochar Como uma florzinha que nasce E sabe nos encantar A natureza tem uma vida Que depende do ser humano, Por isso, nunca a destrua Pois seria um dos atos mais desumanos.


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am tos e organizações aproveit en vim mo , as sso pe , rra Te Em 22 de abril, Dia da neta é possível a outra relação com o pla um e qu r tra ns mo de ra pa a data

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP)*

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em sombra de dúvidas este é um ano histórico para as questões ambientais. Enquanto uns se preocupam com o calendário Maia e o fim do mundo, um monte de pessoas, organizações e governos se preparam para tentar pactuar em junho, no Rio de Janeiro, uma série de encaminhamentos com a intenção de tentar reverter, entre outras coisas, o quadro de devastação e exploração desenfreada dos recursos naturais. Todo esse contexto torna o Dia da Terra de 2012, que é celebrado em 22 de abril, uma das datas mais estratégicas no ano para atrair a atenção de ainda mais pessoas para as questões ambientais. O dia é estratégico também porque é celebrado dois meses antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+20. Há uma grande expectativa que o evento seja o divisor de águas que definirá o futuro do relacionamento da sociedade com o planeta e o Dia da Terra acontece em um cenário que faz lembrar o seu surgimento em 1970. Na época, havia a grande polarização entre a disseminação do capitalismo versus a do comunismo. Um contraponto a esse momento histórico, uma manifestação que reuniu 20 milhões de pessoas no dia 22 de abril daquele ano e que ocupou parques, ruas e outros lugares por todo o país dos Estados Unidos, foram a onda hippie e o movimento contra a guerra do Vietnã.

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As reivindicações não eram apenas pela paz, mas também para que houvesse um ambiente saudável para viver, até porque naquele tempo já era possível notar a imensa frota de veículos que lançavam todos os dias altas doses de fumaça escura e fábricas que poluíam sem qualquer pudor ou temor de serem punidas. Outro fator que também auxiliou no surgimento desse movimento, foi a publicação do best-seller Silent Spring, em 1962, escrito pelo jornalista do New York Times Rachel Carson, que chegou a 500 mil pessoas em todo mundo e trouxe à tona, pela primeira vez, questionamentos sobre os efeitos da sociedade tal qual caminhava sobre organismos vivos, o meio ambiente e a saúde humana. Comparando com os tempos atuais, identificamos também duas vias muito fortes e opostas de pensamento, os que acreditam que o desenvolvimento está diretamente ligado ao crescimento econômico e alguns fatores sociais; e outra que acredita que o desenvolvimento tem que ser sustentável, ou seja, tratar o meio ambiente como um dos fatores primordiais e transversais a serem considerados na hora de implementar qualquer tipo de política. O Dia da Terra também vem para ajudar as pessoas a cobrarem de seus governos que, dessa vez, cumpram o que definirem como agenda para as próximas


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décadas, que as palavras nos documentos que serão aprovados durante a Rio+20 se transformem em ações. E uma das maneiras que a sociedade civil encontrou para demonstrar isso é se reunir ao redor do mundo todo, no Dia da Terra, para realizar desde pequenas ações locais até grandes mobilizações mundiais, todas ligadas a uma mesma rede.

Mobilizações em rede Se em 1970 cerca de 20 milhões de pessoas entraram para história manifestando sua vontade, em 2012 a Earth Day Network (Rede do Dia da Terra, em português) pretende reunir um bilhão de pessoas participando de atividades no mundo todo. A rede nasce com o propósito de promover campanhas educativas e de consumo consciente e políticas públicas. Hoje a rede conta com mais de 25 mil parceiros e organizações em 192 países. Em 2011 a Earth Day Network fechou uma parceria com o Facebook para incentivar a campanha global Um Bilhão de Atos Verdes. Por meio de um aplicativo na rede social, a iniciativa encoraja os indivíduos e organizações a realizarem atos de defesa e de serviço ambiental e compartilhá-los com o mundo. Ao acessar a rede, tanto pelo Facebook quanto pelo site (http://act.earthday.org), além de poder criar o seu próprio ato “verde”, é possível encontrar uma lista com alguns exemplos de como diminuir o uso de agrotóxicos, usar o transporte público ao menos uma vez por dia e reduzir o uso de lâmpadas incandescentes. No site, é possível encontrar uma ação organizada por brasileiros que vai acontecer no Estado da Bahia. Segundo os proponentes da Organização Canto Ecológico a proposta é a de ter um simples, mas divertido Dia da Terra. “Nós vamos passar o dia limpando o lixo marinho e colocando mais lixeiras na praia, para que outros possam ajudar a mantêla limpa”, informa a organização na página do evento. Além das ações da Rede do Dia da Terra, várias organizações e movimentos que já atuam com a pauta ambiental no dia a dia também irão realizar eventos no dia 22 de abril. No Rio de janeiro, o Instituto Socioambiental Óikos, que representa o movimento ambientalista dentro do Conselho Estadual de Juventude (COJUERJ), irá fazer um dia de limpeza e reparo nas trilhas da Floresta da Tijuca,

fechamento de atalhos, abertura de drenos e interagir com as pessoas que estiverem no percurso no dia, fazendo uma campanha de conscientização para o uso sustentável das trilhas do parque. Falando em juventude, o movimento Rio+Você, que já foi citado em uma reportagem publicada na Vira da edição nº 82, de fevereiro de 2012, tem desde seu nascimento o convite aberto a todos que quiserem participar da corrente de ações que serão realizadas pelo mundo todo durante o dia 22 de abril. Em São Paulo, o movimento conjunto entre Viração Educomunicação, Programa Cidades Sustentáveis e Grupo de Trabalho de Juventude da Rede Nossa São Paulo pretende reunir nesse dia cerca de 200 jovens que atuam em projetos ambientais nas comunidades da capital. O evento acontece no Parque da Juventude, das 11h às 17h, onde serão organizadas oficinas de stencil, jornal mural e troca de experiências sobre os projetos de atuação ambiental. V

Para saber mais sobre como se envolver com a Rio+Você, basta acessar o site HTTP://riomasvos.org/?lang=pt

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (sp@viracao.org)

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Capa

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Compartilhar e preciso! sar o conhecimento, a criatividade

Cultura Digital e a nova lógica de pen

e a vida

Alessandro Muniz, Carolina Cunha, Daísa Alves e Yasmim Kyssyanne, do Virajovem de Nata (RN)*

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onectado... Por meio de um cabo ou wi-fi, em casa, na rua, em uma lan-house ou telecentro, em um computador convencional, notebook, celular, netbook ou tablet, pesquisando, se informando, se divertindo, publicando, reivindicando, compartilhando, conversando, conhecendo, transformando, navegando... Posta uma mensagem no mural da rede social, envia um SMS avisando que você está preso no trânsito, mas “tá” chegando, liga o mp3, 4, 5 player e curte uma música de um artista ou banda que você conheceu em um blog ou nos vídeos relacionados do YouTube, abre o livro que comprou no portal de sebos online... A chamada internet 2.0 está cada vez mais interativa, participativa e colaborativa! As novas tecnologias da comunicação e da informação (NTICs), os equipamentos portáteis, multifuncionais, com preços cada vez mais acessíveis, estão conectados onde quer que estejam às redes invisíveis de internet sem fio. Sem falar da internet a cabo, banda larga, que está muito mais rápida do que há uma década e com muito chão ainda para se tornar mais veloz (nos países mais ricos é dez a 20 vezes mais rápida que no Brasil – veja a reportagem de capa da edição 72 da Viração sobre Banda Larga). Tudo isso faz parte da cultura digital que, em geral, está transformando nossa forma de ver, comunicar, sentir, ser e estar no mundo.

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Ampliando as formas de viver e fazer Rayanne Azevedo, de 23 anos, está concluindo o curso de comunicação social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e é um exemplo da importância que a internet pode ter na vida das pessoas, pois a rede possibilita oportunidades antes impensáveis. Em um fórum na internet, conheceu uma família alemã com a qual conversou bastante via Skype até se sentir segura para fazer um intercâmbio, sem intermediação de agências. Por meio de amigos e pelas redes sociais ficou sabendo e compreendeu melhor o que era o #ForaMicarla, um entre tantos movimentos e manifestações populares que, mobilizados pela internet, abalaram as estruturas do poder no Brasil e no mundo. Decidiu então escrever um livro-reportagem sobre o #FM e, pelo Facebook e Twitter, encontrou muitos dos participantes, tanto manifestantes quanto “autoridades”, para entrevistar e retratar em seu trabalho. Na rede mundial de computadores existem milhares de fotografias, vídeos e materiais sobre o movimento, o que contribuiu para sua pesquisa, sem contar que o #FM, na época, transmitia tudo o que acontecia durante a ocupação da Câmara de Vereadores de Natal na TwitterCam. A vida afetiva também passa pelo mundo digital. A virtualidade, ferramentas e espaços


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Compartilhar! Outra lógica de pensar “A felicidade só é real quando compartilhada”, afirma Christopher McCandless, jovem americano que, em 1990, largou tudo para sair em uma aventura de si mesmo e do mundo e teve sua história narrada no filme Na Natureza Selvagem (2007), de Sean Penn. A conclusão de Chris, em seus últimos dias de vida, traz reflexões sobre a vida em sociedade que podem ser aplicadas à cultura digital. Compartilhar é a palavra de ordem, é a lógica motriz, é o habitual, o essencial na internet. Blogs compartilham textos pessoais, literários, artísticos, ideias, pensamentos. Sites de armazenagem e compartilhamento permitem compartilhar tudo, arquivos em geral (Megaupload, 4shared, Rapidshare e outros), vídeos (Youtube, Vimeo e outros), fotos (Flickr, Picasa e outros), músicas (MySpace, GrooveShark e outros), informações e conhecimento (Wikipédia, bibliotecas digitais e sites de pesquisa.), notícias alternativas (Centro de Mídia Independente,

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Filipe Borges

Rampazzo

disponíveis, desde bate-papos em sites até chats como o Messenger (MSN) e Gtalk, passando pelas redes sociais, podem tanto afastar como aproximar as pessoas. Tudo depende da relação com elas. O estudante de comunicação social Enildo Fernandes da Silva, de 26 anos, é um exemplo disso. Pela internet conheceu, conversa e mantém contato com mais de 300 pessoas de todo o mundo, de todos os continentes, desde a Indonésia até o Egito e Argentina. “Mais de uma vez, algumas dessas pessoas me disseram que eu conhecia certos pontos do país delas mais do que elas”, conta Enildo. Essa troca de experiências, ideias e informações entre as pessoas e as culturas, transpassando as fronteiras dos países ou entre uma pessoa e outra, permite a ampliação dos horizontes, especialmente culturais, e da tolerância e valorização da diversidade. “A internet aproxima quando você busca na vida real, off-line, manter suas relações sociais, não se fechando para as outras pessoas”, afirma Rayanne.


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Capa Agência Frei Tito para a América Latina - Adital, a própria Agência Jovem de Notícias, e tudo que puder ser imaginado é compartilhado na internet.) Também a tecnologia P2P (peer-to-peer, em português “de par-para-par” ou “pessoa para pessoa”) e do Torrent possibilitam que todos os arquivos dos usuários se tornem fontes para os demais poderem baixá-los, mais uma forma de compartilhamento e colaboração. Por essa tecnologia, você ajuda outros a conseguir algo e é ajudado por eles. Não podemos nos esquecer do modelo wiki, termo havaiano que significa “extremamente rápido”, que significa produção/organização colaborativa de conteúdos, conectados por hiperlinks e softwares colaborativos, segundo a definição da Wikipédia, a wiki mais famosa e também a maior enciclopédia que existe. Há diversas outras ferramentas de wiki, como o wikcionário (www.pt.wiktionary.org) e as wikicidades (um exemplo é www.portoalegre.cc). E não é só isso! Existem muitas outras formas de compartilhamento. Não se trata só de disponibilizar conteúdos gratuitamente às pessoas. É também

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colaboração e interatividade em diversos níveis e formatos. Um bom exemplo é o processo de produção de conteúdo da Vira, em funcionamento de forma inovadora desde 2003, quando nem se falava de web 2.0. A revista promove mensalmente um chat online com adolescentes e jovens dos conselhos Virajovens de todo o Brasil para escolher qual será o tema da capa, as matérias das diversas seções, o que está bom e o que está ruim. Outro grande exemplo é o documentário Life in a Day (A Vida em um Dia), produzido por Ridley Scott e dirigido por Kevin Macdonald em parceria com o site YouTube. No dia 24 de julho de 2010 todos os usuários do site foram convidados a mandar trechos de suas vidas em vídeo, resultando em 4.500 horas de vídeo que foram editados e preparados por Scott e Kevin, resultando no documentário publicado no site. Ou seja, pela internet, pessoas de qualquer canto do país ou do planeta podem contribuir com um projeto, uma causa ou uma ideia. Há também o compartilhamento de saberes, ideias e modos de fazer que as pessoas fazem com o coletivo por meio de vídeos e textos ensinando como se faz algo, desde


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como tocar qualquer instrumento musical, fabricar um barco, preparar uma bomba de fumaça colorida e a como baixar arquivos. A jornalista, cantora e atriz Laila Coelho possui um blog chamado Beleza Free (www.belezafree.blogspot.com), no qual compartilha inúmeras dicas de beleza com os leitores. Nele, ela ensina diversos penteados, maquiagens, formas diferentes de se arrumar, dicas de produtos mais acessíveis e de qualidade, tanto no blog quanto em vídeos no YouTube. Na rede, é possível encontrar alguém ensinando a fazer praticamente tudo que se pode imaginar. Lembra dos seriados e filmes estrangeiros que pouco depois de serem lançados já estavam disponíveis na internet? Ou aquele filme iraniano, chinês, boliviano que você nunca viu em locadora nem em lugar nenhum em que você pudesse comprar? Ele certamente está disponível na web e, ainda por cima, legendado em português. É, tem muita gente articulada por meio da rede e colaborando para que materiais do tipo sejam disponibilizados e compreendidos. Maíra Leal, de 28 anos, mestranda em ciências sociais e articuladora cultural, trabalha durante algumas madrugadas como legendadora de inglês, espanhol e italiano na equipe Insubs, sem ganhar nada por isso. Ela conta que são equipes altamente organizadas, compostas de pessoas de todo o Brasil, a maioria entre 17 e 20 anos, com divisão de funções entre administradores, revisores, legendadores, em que cada membro fica responsável por alguns minutos de legenda. A lógica do compartilhamento, em que todos os que contribuem com o coletivo e pelo coletivo, consiste em beneficiar a todos. A informação, o conhecimento e as ideias são livres e abertas e o acesso à cultura, à arte, à educação, a formas diferentes e criativas de fazer e viver se chocam com a lógica da compra-e-venda dominante na sociedade contemporânea. Qual a vantagem de restringir o acesso aos bens sociais, a tudo o que é necessário e bom para todos, de modo que só quem pode pagar passa a ter direito? Principalmente em se tratando de uma sociedade baseada na desigualdade social, em que ter propriedade privada faz de uns mais do que outros, com mais oportunidades e possibilidades. Compartilhar é garantir a todos oportunidades e possibilidades. É fazer da

criatividade, inventividade, diversidade e generosidade as maiores riquezas da sociedade. Todos ganham, ninguém perde. E essa lógica de compartilhamento não se restringe ao ambiente virtual da internet, mas pode ser aplicado a todos os setores, espaços, ambientes, desde a produção de alimentos a produtos e serviços. É só lembrar que a lógica é: “todos podem ter acesso a tudo, todos podem contribuir”, remontando ao pensamento do russo Piotr Kropotkin (18421921), “de cada um, segundo suas capacidades, para cada um, segundo suas necessidades”. V

Financiamento colaborativo: “Quero fazer algo, mas não tenho dinheiro. Ajuda-aí!” A cultura digital, do compartilhamento, possibilita “uma maneira nova, contemporânea, de criação, de produção, de existência”, afirma a articuladora cultural Maíra Leal. E continua: “Porque eu posso não só querer fazer uma música, um filme [produções culturais mais frequentes e difundidas na internet], posso querer produzir um livro infantil, uma série de desenhos, mas não tenho dinheiro para fazer isso.. Com a internet, você simplesmente pode dizer: Eu tenho esse trabalho, mas não tenho grana para produzir – Ajuda aí! Ou então eu filmei um material, mas não sei fazer a edição, e pela net posso encontrar alguém para editar”. O modelo Crowdfunding, que significa “financiamento pela multidão” é uma exemplo. Rodrigo Maia, co-fundador do site Multidão, em entrevista para o programa Sala de Notícias, do Canal Futura, cuja temática foi Cultura Digital: Produção e Distribuição Cultural, explica que “é um sistema no qual se dilui uma quantidade de dinheiro necessário para realizar alguma coisa em pequenas parcelas, micro-patrocínios. É uma maneira de diluir os custos para realizar um projeto por meio de uma multidão de pessoas que se interessam, se identificam”. Confira a reportagem sobre Crowdfunding na edição 74 da Viração, de julho de 2011, disponível em www.issuu.com/viracao/docs/ed_74.

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Capa Propriedade privada ou bem público? “O direito autoral é um instrumento de proteção para os criadores de obras intelectuais, sejam elas literárias, artísticas ou científicas”, explica a bacharel em direito Clara Cortêz, de 24 anos, cujo tema do Trabalho de Conclusão de Curso foi Direito Autoral - Creative Commons em face do ordenamento jurídico brasileiro. Surgiu, segundo ela, “para incentivar a criação intelectual, porque, além de defender a autoria e a integridade da obra, tem como função essencial garantir a remuneração do autor pela sua produção”. “É preciso proteger a criação das pessoas e mais do que isso, garantir a esses criadores que eles possam viver do resultado de sua própria criação”, defende Hildebrando Pontes, ex-presidente executivo do Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), em entrevista ao programa Sala de Notícias, do Canal Futura, Clara explica que “há também um outro aspecto: existe uma função social do direito autoral. Ele atende não só aos interesses privados do autor, mas também ao interesse da coletividade no desenvolvimento intelectual e cultural dos povos. Por isso, a lei impôs limitações ao direito do autor. Uma delas é o instituto do domínio público, que estabelece um prazo ao direito de exploração econômica de uma criação – atualmente, esse prazo conta toda a vida do autor mais 70 anos depois de seu falecimento. A partir daí, passa a ser livre o uso da obra”. Contudo, esse equilíbrio entre direito do autor e direito social, coletivo, não é estático, nem livre de conflitos. E a cultura digital acirra esses conflitos, com a ampla disponibilização de tudo, gratuitamente. “Estamos vivendo hoje uma situação muito peculiar em que a legislação de direito autoral brasileira se divorciou da realidade. Com a mudança tecnológica, é preciso uma nova lei que não transforme em ilícito grande parte das atividades que são triviais, que se fazem cotidianamente pela rede”, explica Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade, da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao citado programa Sala de Notícias, referindo-se à prática do compartilhamento e download de arquivos.

Carol Lucena, de 25 anos, estudante de cinema pela Universidade de Brasília (UnB), considera que “a maior revolução foi na divulgação, que diminuiu os custos e possibilitou que artistas independentes fizessem sucesso sozinhos”, porque, se uma determinada obra é difundida na internet, uma quantidade muito maior de pessoas irá conhecê-la mais do que se fosse preciso comprá-la. “A grande novidade do tecnobrega [gênero criado no Pará] é que ele inventou um novo modelo de produção e de distribuição. As pessoas se apropriaram do computador para produzir música e distribui-la de uma outra forma. E os músicos do tecnobrega foram muito rápidos ao descobrir que a tecnologia pode ser uma aliada e não uma inimiga. Imediatamente eles ocuparam todas as redes que existiam à disposição, por exemplo os camelôs, como uma das redes que usava a cópia de CDs para distribuir o mais rápido e o mais amplamente possível. A ideia é que a música quanto mais se distribuir, mais se forma público e mais viável economicamente você [artista] se torna”, afirma Ronaldo Lemos. “Se por um lado a venda de CDs cai, por outro lado se vê um aumento da presença das pessoas e da arrecadação de direitos autorias em shows”, relata Oona Castro, no programa Sala de Notícias, diretora executiva do Instituto Overmundo, responsável pelo portal Overmundo, de produção colaborativa sobre cultura brasileira, no qual se publicam textos, poesias, notícias, fotos, tudo produzido por usuários. “Antes do rádio e das gravações, a única maneira de ganhar dinheiro com música era se apresentando. A tecnologia dá, mas também tira. O modelo comercial de antes da tecnologia de gravação pode voltar a ser o melhor para hoje e o modelo após esta tecnologia pode não ser mais o melhor para hoje”, afirma Cory Doctorow, jornalista e escritor canadense, no documentário Rip! A Remix Manifesto.

Criatividade: individual ou coletiva? Na próxima edição da Viração, você poderá conferir uma matéria que tem tudo a ver com esta que acabou de ler. Nesse contexto de cultura digital, compartilhamento, colaboração em que estamos todos cada vez mais conectados, como fica a criatividade? Será ela algo individual ou coletivo? Leia na próxima edição!

22 Revista Viração • Ano 10 • Edição 83

Saiba mais sobre o Catarse, Crowdfunding e Legendas em: www.catarse.me, www.crowdfundingbr.com.br e www.legendas.tv



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Respostas comunitárias ções

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colocando na roda nossos saberes e fazeres que se consegue mudar o mundo. Um exemplo disso foi o evento Respostas Comunitárias – Encontro de Saberes e Fazeres, realizado pela ONG Lua Nova e Instituto Empodera, nos dias 20 e 21 de março, na sede da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em São Paulo. O evento abriu espaço para diversos representantes de organizações e departamentos governamentais brasileiros e estrangeiros debaterem sobre políticas públicas e formas de combate locais às drogas ilíctias e ao álcool, por exemplo. Maristela Monteiro, assessora para álcool e drogas da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), foi uma das participantes da mesa. Ela destaca que uma das prioridades da OPAS é colocar a saúde no centro de todas as políticas de todas as nações. “O impacto de controle de ofertas tem que ser observado. É uma prioridade que a saúde pública não reflita apenas nas médias. Isso implica em proteger os direitos humanos e trabalhar com as populações que saem das médias, das estatísticas em geral, como os indígenas, os sem terra e os próprios usuários de drogas.” Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, destaca a participação social como fundamental na construção de uma política de enfrentamento de droga eficiente. Ela acredita numa ação de combate às drogas em conjunto com outros países. “Com a responsabilidade de compartilhamento conseguiremos enfrentar a questão das drogas. A droga está na sociedade desde o início da civilização e os governos precisam encontrar o enfrentamento com políticas pragmáticas com base no que a ciência, a comunidade e o momento social nos apontam. Esse é um problema de todos nós!”

Fotos: Gut

Alisson Rodrigues e Tamires Ribeiro, do Virajovem São Paulo (SP)*; Elisângela Cordeiro, Gutierrez de Jesus Silva, Julia Dávila, Ingrid Evangelista, Mariana Rosário, Carla Renieri, Novaes e Bruno Ferreira, da Redação

Paulina Duarte: “Com responsabilidade de compartilhamento, conseguimos enfrentar a questão das drogas”

Convidados para a mesa de abertura são apresentados aos presentes


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Arte como alternativa

Escola: espaço de experimentação Mafoane Odara, da Ashoka Empreendedores Sociais, foi uma das participantes do diálogo sobre Educação. Ela destaca a importância do educador na transformação social, além de procurar saber do jovem qual o seu sonho. Mas isso não basta. É preciso trabalhar para realizá-lo. A necessidade de se trabalhar com diversas disciplinas juntas nas escolas para o conhecimento e o enfrentamento de diversas questões foi destacada pela química Vania Medeiros, da CRR Paraíba. Ela entende que a escola deve fornecer uma base sólida para crianças e jovens. E para que isso aconteça, ela destaca a importância de Paulo Freire, que acreditava numa educação inovadora. Para ela, há uma crise nas escolas, atualmente, e por isso reforça a necessidade da prática da educação, que envolva ainda mais educadores e educandos. Para os participantes do diálogo, a escola deve ter o papel de promover espaços para experimentar novos saberes e, além disso, ser capaz de atrair o jovem, fixá-lo para manter o afeto pela comunidade.

Investir em potencial humano No segundo dia do evento, representantes sulamericanos de entidades de apoio a pessoas que vivem em vulnerabilidade social trocaram ideias sobre ações que minimizam a desigualdade social em países

como Colômbia, México e Chile. Raul Félix Tovar, da Corporación Vivendo, da Colômbia, por exemplo, afirmou que o trabalho que desenvolve em seu país para pessoas que vivem em situação de rua visa capacitar a pessoa para que ela mesma tenha condições de se manter. Para ele, o importante não é dar roupa, comida ou dinheiro; mas sim investir no potencial humano, que dá condições para que as pessoas sanem suas próprias necessidades básicas.

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Espaço de convivência abre para produções coletivas e rituais durante evento

Foto: Alisson Rodrigues

Uma das salas da Funarte foi designada para ser um espaço de convivência criativa, destinado para os participantes se agruparem e produzirem diversas elementos artísticos e realizarem ações culturais, como um ritual indígena que aconteceu na tarde do segundo dia. Nesse espaço, moradores de várias localidades do Brasil e do mundo tiveram a oportunidade de apresentar as sua respostas comunitárias. Maria Eugenia da Silva, da Associação A. Branca, por exemplo, conta sobre sua resposta para este evento.“Essa roda vem trazendo uma nova maneira de convivência, onde enquanto conversamos fazemos artesanato. Hoje nós temos uma turma de meninas que são garotas de programa. No início, elas tinham muita vergonha ao chegar no espaço, mas com o tempo acabam fazendo parte e até trazendo amigas que estavam nas ruas com elas. Hoje temos algumas que até já saíram das ruas e se mantém com uma nova renda, melhorando a qualidade de vida.” Dentro do espaço de convivência também foi possível encontrar a Associação Reciclázaro, uma casa de acolhida que reinsere socialmente pessoas em situação de risco. Nela, as pessoas têm a oportunidade de aprender um novo ofício com acompanhamento psicológico. “Nunca tive paciência com artesanato, que agora vejo como uma terapia. Fui envolvido com drogas e há quatro anos não uso mais. Com essa atividade melhorei cem por cento”, afirma um dos integrantes que trabalha com vidros na associação.

Lançamento Logo após as considerações dos integrantes da primeira mesa, houve o lançamento do livro Tratamento Comunitário – manual de trabalho I, de autoria de Efrem Milanese, que reúne sugestões e práticas de comunidades latinoamericanas de enfrentamento comunitário à questão das drogas. O lançamento foi feito por Raquel Barros, da Lua Nova, e por Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, idealizadora e patrocinadora da obra. “Estamos disponibilizando uma joia do trabalho comunitário. Recomendo uma leitura e o acompanhamento dele no dia a dia”, disse Paulina.

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Esporte é para todos! utem direito ao esporte e ao lazer

Adolescentes e jovens brasileiros disc Elisangela Cordeiro, da Redação

O

esporte pode ser uma verdadeira escola prática. Valores como a importância do trabalho em equipe, dedicação, confiança em si mesmo e no próximo são assimilados. O esporte também deve ser pensado como prática que estimula a vida comunitária e a socialização dos adolescentes e jovens. A quadra de esportes ou a pista de skate são, muitas vezes, os pontos de encontro nos bairros, integrando aos adolescentes e jovens de maneira sadia. Um convênio do Ministério dos Esportes prevê a construção ou reforma de 192 praças da juventude até 2010 para ampliar o acesso ao esporte e lazer das comunidades. Mas somente 45 (23,8% do total) praças receberam recursos para sua construção ou reforma previstos no orçamento federal. Na escola, a educação física deve ser garantida de modo a possibilitar aos adolescentes e jovens o contato com várias modalidades esportivas. Dados do Censo Escola de 2010, realizado pelo Ministério da Educação, mostram que a infraestrutura para a prática de esportes por parte dos adolescentes e jovens é escassa e precária. Somente 55,7% das escolas brasileiras que oferecem os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) têm quadras esportivas. No ensino médio, as quadras estavam presentes em 75,7% das escolas e eram disponíveis para 79,9% dos estudantes. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), em 2009 o percentual de escolas da educação básica que ofereciam a disciplina de educação física era de 59,7%. Apesar de esporte e lazer serem reconhecidos como direito do cidadão brasileiro na Constituição de 1988, só em 1995, o Brasil deu atenção especial ao tema, montando o primeiro Ministério do Esporte. Foram feitos avanços, mas só “foi a partir de 2003 que o direito ao esporte e ao lazer começou a ganhar canais de formulação, financiamento e complementação de políticas públicas”, conforme indica o relatório Direito de Ser Adolescente, uma publicação do UNICEF. Mas infelizmente esse avanço não é sentido nas escolas e cidades do Brasil.

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Unidos pelo Esporte A frase “Esporte não é só para alguns, é para todos!” abre a carta entregue às autoridades responsáveis pelo Esporte no Brasil. O documento foi construído por 202 adolescentes e jovens de 11 Estados brasileiros que integram a Rede Juvenil pelo Esporte (Rejupe). A Rejupe é um espaço de participação e integração formado por adolescentes com o objetivo de oportunizar a troca entre adolescentes, jovens e grupos de participação cidadã de diversas regiões do País para consolidar ações de defesa e promoção do direito ao esporte seguro e inclusivo, para todas as crianças e adolescentes do Brasil, assim como iniciativas que incidam diretamente no planejamento da construção de um legado social positivo para os megaeventos esportivos desta década. A rede surgiu em abril de 2011, após o Encontro Nacional dos Adolescentes pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo, realizando no Rio de Janeiro (RJ) e promovido pelo UNICEF em parceira com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC). Esse ano, os adolescentes e jovens conjuntamente com UNICEF e IIDAC iniciam nas 12 cidades-sede da Copa de 2014 diálogos locais para expansão e estruturação da Rejupe. Os ciclos de encontros locais da Rede Juvenil pelo Esporte estão em processo de sensibilização e articulação de adolescentes, organizações governamentais e não governamentais que trabalham com a temática de esporte e outras questões relacionadas à adolescência e juventude, sobre a necessidade da garantia do direito ao esporte, de forma a criar ações conjuntas entre estes atores e os adolescentes para dinamizar a criação de iniciativas e programas dirigidos a potencializar o legado dos megaeventos no Brasil. V


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Algumas propostas da Rejupe: • Criação dentro do governo de um grupo de trabalho que vai se dedicar a planejar ações para que os megaeventos esportivos promovam o direito ao esporte seguro e inclusivo para todas as crianças, adolescentes e jovens. Nós queremos fazer valer nosso lado cidadão, trocar ideias entre nós e nas redes sociais, e dar nossa contribuição a esse grupo. • Desenvolvimento de projetos esportivos e sociais para melhorar os espaços para práticas esportivas, criar equipamentos de esportes inclusivos nas escolas e capacitar os professores para atuarem com o esporte inclusivo e educacional. • Investimento na saúde como um direito de todos, preparando os hospitais para atender a população e garantindo a qualidade de vida das pessoas. • Investimento na melhoria das estradas, do transporte público e dos aeroportos. Pedimos atenção especial ao transporte público e ao transporte escolar para aumentar a quantidade e melhorar a sua qualidade, promovendo o acesso aos equipamentos urbanos. • Garantia de equipamentos específicos de acessibilidade, bem como a manutenção dos mesmos e profissionais capacitados para operá-los. • Participação da sociedade na fiscalização do dinheiro utilizado. • Criação de uma política pública de investimento nos atletas brasileiros para que eles não tenham que deixar o País e ir para o exterior em busca de oportunidades. • Oferta de esportes menos conhecidos e divulgados nas aulas de educação física para dar oportunidade a todos. Para isso, são necessárias a construção de pistas de atletismo e piscinas nas escolas e a criação de mais quadras com materiais didáticos adequados e bons profissionais, promovendo a diversidade de modalidades esportivas.

Plataforma dos Centros Urbanos A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidades para a Infância (UNICEF) voltada para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. O objetivo é reduzir as iniquidades garantindo que as crianças e adolescentes, de regiões periféricas das cidades, possam crescer e se desenvolver integralmente como previsto no ECA. A iniciativa é desenvolvida em ciclos com duração de quatro anos (2008 a 2011) e está sendo implementada inicialmente nas cidades de São Paulo e Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A Viração Educomuncação é parceira técnica do UNICEF nessa ação, atuando diretamente na formação de adolescentes que, por meio da comunicação, mobilizam as comunidades em torno de seus direitos.

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Faz Cultura Akhim Salles, da Agência Jovem de Notícias; e Eric Silva, da Redação

NAS BATIDAS PESADAS DE CURITIBA Artistas e produtores culturais da capital paranaense destacam-se no cenário do Hip-Hop nacional O Hip-Hop hoje se encontra em todos os cantos do mundo. Das periferias de Nova York até as de Curitiba, com uma forte indentificação com as ruas, essa expressão artístca dos guetos surgiu na década de 1970 com quatro pilares: Breakdance (dança), Grafite (pintura), MC e DJ (música). E hoje, no segundo milênio, vem fazendo um enorme barulho no cenário nacional. Um grande polo de produção musical do Hip-Hop nacional é Curitiba. A cidade vem revelando grandes produtores das famosas "batidas" (a instrumental que dá corpo ao rap) e também talentosos MC's. Pela fama conquistada por essas grandes

produções, a cidade ganhou o apelido de CWBeats, que é a junção da sigla aeroportuária CWB (Curitiba World Brazil) com a palavra beates (Batidas ou instrumentais) tendo como referência a nova safra de artistas e produtores da cidade que se destacam no cenário do Hip-Hop nacional. Para revelarem esses grandes talentos, foi criada a festa I Love CWBeats, evento quinzenal que ocorre desde de 2009. A festa traz MCs, DJs e produtores da cidade e de outros Estados tocando Hip-Hop e suas vertentes, com sets de músicas exclusivas dos artistas. Uma festa perfeita para aqueles que apreciam o Hip-Hop e também para aqueles que querem divulgar o seu talento. V

André Laudz: “Participar e comparecer na I Love CWBeats se tornou um ritual. Já toco na festa há mais de três anos, e a gente vem acompanhando ela como uma filha, que vem crescendo a cada festa. No começo tinha dias em que iam em média 50 pessoas, hoje temos público de até 500, o que é espetacular. O forte trabalho e esforço da equipe não foram em vão, e isso vai crescer muito mais."

Luis Cilho: "I Love CWBeats já é um movimento. Vários MCs, DJs e beatmakers novos e de renome se apresentam, além dos muitos lançamentos que envolvem skate, grafite e cultura Hip-Hop em geral. Já perdi a conta do quanto aprendi e o número de pessoas que conheci e trabalhos que firmei através da I Love CWBeats, e o valor disso não se conta."

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Cabes: “Acredito que essa seja uma das únicas festas no País onde se reúnem no mesmo evento os elementos musicais do Hip-Hop, o MC, o DJ e também o beatmaker (que é o produtor musical), valorizando assim o rap na essência. De forma local, que é uma das propostas do encontro, valoriza artistas independentes e da cidade, fomentando o cenário e estimulando o desenvolvimento artístico e o crescimento cultural como um todo."

www.ilovecwbeats.blogspot.com www.twitter.com/ilovecwbeats


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E eu com isso?!

Juventude na mira Faltam políticas públicas para diminuir índice de homicídio entre juventude negra Juliana Cordeiro, do Virajovem Curitiba (PR)*

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ara defender seus direitos, sejam eles à educação, saúde ou segurança, os jovens precisam saber como cobrar de governos a formulação de políticas que contemplam as suas necessidades. Pensando nisso, a Rede de Mulheres do Paraná desenvolve seminários que visam pautar debates sobre juventude negra a partir da perspectiva da saúde. Segundo Michely Ribeiro, integrante da Rede de Mulheres Negras, é necessário garantir a participação de jovens negros em todos os espaços de formulação de políticas. “É preciso por a pauta de equidade racial em cada um destes espaços para efetivar políticas que contemplem a juventude negra”. A aprovação da PEC da Juventude em julho de 2010, transformada na Emenda Constitucional nº 65, insere o termo jovem no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal, assegurando aos jovens direitos que já foram garantidos constitucionalmente às crianças, adolescentes, idosos, indígenas e mulheres. Mas ainda há muito que fazer para construir políticas públicas específicas para algumas juventudes. De acordo com Michely, existe uma dificuldade ainda maior para implantar políticas direcionadas aos jovens negros. Apesar de ter sido estabelecido na 1ª Conferência de Juventude como prioridade de monitoramento o acompanhamento e a criação de políticas para este segmento, elas não foram realizadas com eficácia. “Os programas do governo como Pró-Jovem e Pronace têm como foco a juventude negra, mas não conseguiram torná-los de fato o público-alvo. A ineficácia destas políticas culminou na criação do Mapa da Violência”, opina Michely. A prevenção à morte de jovens negros e sua inserção no ensino superior têm sido as principais preocupações do movimento negro. O Mapa da Violência, elaborado em 2011 pelo Ministério da Justiça e Instituto Sangari, aponta que para cada jovem branco assassinado, morrem dois negros. O índice demonstra a existência de uma vitimização deste segmento e a importância de se trabalhar para a redução destes números. “Não adianta implantar políticas públicas para quem não vive mais, precisamos de medidas de prevenção destas mortes”, destaca Michely. No que diz respeito à educação, o jovem negro passou a ter maior acesso a universidade após a criação de políticas afirmativas, na qual passaram a ingressar na faculdade pelo sistema de cotas raciais. A Universidade de Brasília e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro foram as primeiras a implantar no vestibular este tipo de cotas, em 2003. “É preciso compreender que a implantação de políticas afirmativas é um processo de reparação aos negros, que viveram 300 anos de escravidão“, afirma a doutora em Sociologia Marcilene Garcia.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (pr@viracao.org)

V

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No Escurinho

Tristeza de palhaço ndo longa-metragem como diretor e roteirisa

Selton Mello interpreta Benjamim em seu segu

Sérgio Rizzo, crítico de cinema* missão: alegrar o público. Mas como fazer isso se, por dentro, o sujeito está triste e insatisfeito? O Palhaço recria o cotidiano de um pequeno circo (batizado, não por acaso, de Esperança) que viaja pelo interior do Brasil. Assim, o filme olha com ternura para um cenário social em que a cultura urbana, disseminada pelos meios de comunicação de massa, ainda não conseguiu sufocar outros modos de vida. Para jovens de metrópoles, saber que personagens e lugares como aqueles ainda existem, e devem continuar existindo por muito tempo, talvez represente uma descoberta. V

Divulgação

U

m dos mais populares atores brasileiros de sua geração, o também diretor e roteirista Selton Mello vai completar 40 anos em dezembro. A sensação é a de que o conhecemos por quase todo esse tempo; ele começou a atuar ainda na infância. Seu intenso ritmo de trabalho – na televisão, no teatro e no cinema – o apresenta a desafios que ele enfrenta com o envolvimento de quem está feliz com os rumos profissionais. É bem diferente, no entanto, o personagem que Mello interpreta em seu segundo longa-metragem como diretor e roteirista, O Palhaço. Protagonista do filme, ele está em crise: seguiu a carreira do pai, como se fosse algo natural e mesmo inevitável, mas começa a sentir que talvez encontrasse a felicidade em outra ocupação, fazendo coisas bem diferentes. Essa situação é comum a muita gente, mas o aspecto peculiar da trama reside no fato de Benjamin, o personagem de Mello, trabalhar como palhaço de circo, filho de Valdemar (Paulo José), também palhaço. No picadeiro, eles formam a dupla Pangaré e Puro Sangue. Sua

Paulo José (esq.) e Selton Mello (dir.) são pai e filho em O Palhaço

* www.sergiorizzo.com.br

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Que Figura!

Literato sergipano éa "O trabalho fornece o pão de cada dia, mas ero alegria que lhe dá o sabor", dizia Sílvio Rom

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undador da Cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, conhecido por suas polêmicas e críticas literárias, Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero nasceu na vila de Lagarto, pertencente à Província de Sergipe, em 21 de abril de 1851. Filho de comerciantes portugueses, destacou-se como historiador da literatura brasileira, poeta, filósofo, professor, ensaísta, folclorista, polemista, crítico literário e político brasileiro. Foi contemporâneo de Tobias Barreto, outro grande sergipano, patrono da cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras. Ambos, unindo-se a outros jovens, formaram a Escola de Recife, movimento crítico, intelectual, filosófico, sociológico, cultural, folclórico, poético e jurídico de grande força, que almejava uma renovação na mentalidade e na formação intelectual do País. Defendeu uma tese ambicionando o título de doutor. Aconteceu, então, um dos fatos mais relevantes da sua carreira como crítico. Levantou um grande embate contra a Congregação da Faculdade de Direito do Recife ao declarar que “a metafísica estava morta”. Ao defendê-la, abandonou a sala da faculdade; atraiu para si a atenção dos intelectuais por ter sido sujeito a um processo pela Congregação. Em 1875, Sílvio Romero foi nomeado juiz municipal ao transferir-se para a cidade de Parati (RJ). Publicou duas obras poéticas: Cantos do fim do século (1878), não sendo bem recebida pela crítica, e Corte e Últimos harpejos (1883), com a qual abandonou a carreira poética. Já residindo fixamente no Rio de Janeiro, começou a escrever para o jornal O Repórter, de seu amigo dos tempos preparatórios Lopes Trovão, por meio do qual atacava algumas figuras políticas, utilizando-se de pseudônimo. A polêmica sempre foi uma das marcas nas obras e na própria personalidade de Sílvio Romero e é presente no embate forte e intransigente contra políticos, intelectuais e escritores. Um dos seus maiores e mais constantes alvos eram as obras de Machado de Assis. Esse fato levou o conselheiro Lafayette Rodrigues a publicar uma série de artigos em defesa de Machado.

Sílvio Romero também fazia parte do corpo docente da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro e da Faculdade Livre de Direito. Era sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, além de integrar outras diversas associações. Tinha grande influência na imprensa no Rio de Janeiro, onde era altamente poderoso. Foi deputado Provincial e Federal de Sergipe, na presidência de Campos Sales. Inaugurou em 20 de julho de 1897, como membro fundador, a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 17, que tem Hipólito da Costa como patrono. Foi casado com Clarinda Diamantina, com Maria Liberato e com Petronila Barreto. Morreu aos 63 anos, no dia 18 de julho de 1914, no Rio de Janeiro. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (se@viracao.org)


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Sexo e Saúde

É

importante estar atento às formas de prevenção. Informação nunca é demais! Doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada podem, sim, ser evitadas com proteção durante a relação sexual. Para saber como se prevenir corretamente e não colocar sua saúde em risco, pedimos ao psicólogo Robson Zamboni, técnico em DST/aids da Gerência de Prevenção da Coordenação Estadual em DST/aids de São Paulo, para responder questões formuladas por crianças e adolescentes da Associação Bemvindo sobre esse tema.

Mariana Rosário, da Redação

Não, embora o vírus tenha sido isolado de vários fluídos corporais como saliva, urina, lágrimas, somente o contato com sangue, sêmen, secreções genitais e leite materno têm sido implicados como fonte de infecção. O risco da transmissão do virus HIV por saliva foi avaliado em vários estudos laboratoriais e epidemiológicos. Esses estudos mostram que a concentração e a efetividade dos vírus da saliva de indivíduos portadores é extremamente baixa. Portanto beijo não transmite HIV. Como e quando se pode tomar a pílula do dia seguinte? A pílula do dia seguinte é uma contracepção de emergência. É um método que pode ser usado depois da relação sexual, quando há risco de gravidez. Portanto, quando houve falha de algum método, como rompimento de preservativo, ou a pessoa não tenha usado contraceptivo, ou foi forçada a fazer sexo, ela pode ser usada.

Quais os cuidados devemos tomar depois de uma relação sexual? Os cuidados que o casal tem que tomar devem ser antes da relação. Consiste no uso da camisinha feminina ou masculina em todas as relações sexuais para proteção ao mesmo tempo de DST/HIV/aids e de gravidez não planejada. O uso correto da camisinha é importante para o homem e para a mulher. Imediatamente após a ejaculação e antes de o pênis ficar mole, retirar a camisinha, segurando-a com cuidado pela base, para que o esperma não vaze. Cada camisinha pode ser usada uma única vez. Depois de usada, deve-se dar um nó na camisinha embrulhá-la em papel higiênico e colocá-la no lixo. O que acontece se a mulher usa camisinha e o homem usa a dele ao mesmo tempo?

Natália Forcat

A aids pode ser transmitida pelo beijo?

Nunca se deve usar duas camisinhas ao mesmo tempo, nem masculina com feminina, nem duas masculinas, nem duas femininas, pois o risco de rompimento é maior. V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org

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Rango da terrinha

O sabor da Juçara ribui para o Suco de fruta da região amazônica cont ades indígenas desenvolvimento sustentável de comunid Danilo Avelar, Alex Martins e Neilar Gulart, integrantes do Projeto Ijé Ofé do Faor

A

juçara vem, de geração em geração, contribuindo com o sustento da comunidade com o próprio consumo e, às vezes, vende-se para ajudar na renda familiar. Em outras regiões do país, é muito popular. Trata-se de um tipo do famoço açaí! Agora aqui na nossa comunidade temos pouca juçara, mas no tempo dos nossos avós tinha bastante que dava gosto de ver aquelas pessoas com várias sacas vindas do igapó. Com o passar do tempo, com o desmatamento, começaram a tirar e quebrar a madeira da juçareira. Mesmo com esse acontecimento, o fruto ainda resiste na nossa comunidade e ajuda na alimentação das famílias quilombolas. Esse delicioso suco pode ser saboreado com peixe assado e camarão. Confira como fazer! V

Ingredientes

Modo de preparo

Água potável Juçara

Apanhar o fruto pela manhã, cedinho, retirálo do cacho e pôr na bacia. Ferver a água potável e misturá-la com um pouco de água fria e deixar de molho por dez minutos. Colocar o fruto no caldeirão e socar por oito minutos. Depois de socado, retire-o do caldeirão e coloque-o em uma bacia. Lave os caroços por duas vezes com a mesma água que foi usada para o amolecimento do fruto. Depois de lavada, retire o caroço para adubo. A massa formada deve ser passada na peneira. E assim, está pronto o suco!

Materiais necessários 2 bacias plásticas 1 caldeirão 1 garrafa com água tampada 1 peneira 1 cuia

CUPOM DE ASSINATURA anual e renovação 12 edições ++ newsletter É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor da VIRAÇÃO. 2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BANCO DO BRASIL – Agência 2947-5 Conta corrente 14712-5 em nome da VIRAÇÃO OBS: O comprovante do depósito também pode ser enviado por fax. 3. VALE POSTAL em favor da VIRAÇÃO, pagável na Agência Augusta – São Paulo (SP), código 72300078

Foto: Flickr keetr

4. BOLETO BANCÁRIO (R$2,95 de taxa bancária)


EST. CIVIL BAIRRO

Um ato de solidariedade do Estado do Acre Conheça a Brigada Jovem, que reúne voluntários es naturais para prestar auxílio à população vítima de catástrof

REVISTA VIRAÇÃO Rua Augusta, 1239 – Cj. 11 Consolação – 01305-100 São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

NOME ENDEREÇO CEP CIDADE

FONE(RES.) ESTADO

DATA DE NASC.

/ em Cheque nominal Depósito bancário no banco Vale Postal Boleto Bancário Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

FORMA DE PAGAMENTO: TIPO DE ASSINATURA:

Dagner Silva, Douglas Silva, Marcos Craveiro, Raiclin Vasconcelos e Leonardo Nora, do Virajovem Rio Branco (AC)*

O

Especial de Juventude. A Brigada surge toda Estado do Acre tem 733.559 habitantes e vez que acontece uma situação emergencial existe há pouco mais de cem anos. Com no Estado, como epidemia, dengue, características revolucionárias, a região alagação, problemas ambientais etc., além antes pertencente à Bolívia lutou para ser de trabalhar com questões de educação, brasileira. O Acre encontra-se na Região Norte, sexualidade e outras. que possui grandes bacias hidrográficas, O projeto agrega jovens de universidades, ambiente chuvoso, amazônico. Com todas escolas, grupos teatrais essas características, torna-se vulnerável a e ONGs. Nesta ocasião catástrofes naturais, foi montada a Brigada pois é uma região Jovem Operação pluvial, tendo quatro Alagação, da qual grandes rios (Purus, participaram Juruá, Envira e Acre), na voluntariamente mais margem dos quais foi de 500 jovens da estabelecida grande Faculdade da parte de suas cidades. Amazônia Ocidental E uma das catástrofes (FAAO), Faculdade que o Estado sofre Participantes da Brigada Jovem Meta, do anualmente é a alagação. posam para foto durante ação Grupo Ação E 2012 não está sendo diferente. O Entre Rio Acre, um dos principais do Amigos e Estado, causou uma enchente com Projeto graves danos, atingindo quase cinco Saúde e municípios, afetando de forma mais Prevenção grave a cidade de Brasileia, que no Barão ficou 95% debaixo d’água, e a (SPB). capital Rio Branco, onde foram Para o afetadas mais de cem mil pessoas jovem vítimas da enchente. O Rio Acre tem Roberto JJ, de 20 anos, integrante do SPB, “a sua cota de transbordamento próxima aos 13,5 experiência de trabalhar na Brigada Jovem foi metros. Neste ano, atingiu quase 18, sendo a única, porque quando você deixa alguns segunda maior alagação sofrida no Estado. Com todos estes agravantes, a juventude afazeres que não têm tanta relevância, e vai trabalhar em auxílio de seres humanos que acriana participou ativamente no projeto estão passando necessidades, você se torna Brigada Jovem, que existe há quase um ano mais humano”. V e meio, sendo coordenado pela Assessoria Divulgação

FONE(COM.) E-MAIL

SEXO

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 65,00 R$ 55,00 R$ 80,00 US$103,00

Parada Social

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PREÇO DA ASSINATURA

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*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (ac@viracao.org)


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Notícias nasceu em A Agência Jovem de al rante o Fórum Soci l. janeiro de 2005 du an no Rio Gr de do Su , re e jovem eg Al o rt Po em alquer adolescente Mundial, qu , le Ne . te si um rticipar a ganhou ar e filmar pode pa in op Em 2011, a Agênci , ar af gr to fo eferências! crever, falar, escola, gostos, pr interessado em es e, ad id un m co a su m! a-dia, de ça parte você també Fa . falando do seu dians ve jo os ra jovens e pa Este é um espaço de ia com a gente. e, faça a sua notíc in op e, ip ic rt pa a, Escrev


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