Revista Viração - Edição 71 - Abril/2011

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br

Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Bemfam - Recife (PE) www.bemfam.org.br

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com

Agência Fotec – Natal (RN)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.chamadacontrapobreza.org.br

Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org


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o i d é m e r o d a r u t l Cu P “

rsidade s da Unive a ic d é das M s Ciência ue 56,6% , mostra q uldade de c 7 a 0 F 0 2 a d e d a ir remédio amp), esquis m consum inas (Unic ra p m se a is C d e s d o resultado vistad Estadual ntes entre am a esse e v le sc e le u o q d a s que, como causa crianças e medicação . Uma das a to u ic a d é a d m o o ábit riçã ada jovens o h uma presc . É a cham sem nenh nsfere aos pendência a e tr d r e u sa em torno q u , o a es de c ntar alg a família c e ri n p a im h v ró c o p s m a a a é 10, grandes e crescem ano de 20 roga, são l. Cifras qu ou, só no ia d d ju qualquer d n a u e m u q o c ” a. o remédio farmacêuti a desta Vir “cultura d o mercado em de cap ra g a a p rt s o e p õ io re h g 0 bil s reló s” stra a de US$ 83 como mo nfusão do , o % “c 5 a e tando d á a st te cerc 10 pergun ue pé e anualmen bro de 20 fere em q n tu o u c o ê c m o e l v , buna rendo Além disso do pelo Tri u um refe homologa do realizo a o st d E a bém lt O m su s. com re . Tem ta acreano a adiantou rário local, d o a h n e so d fâ , fu da in ncia gora sobre o Mas, até a a situação l. re ra b o so it le F E E NIC Superior tório do U cabelos, o es do rela iro sobre e n a m m informaçõ e ob , um artig uito mais. no mundo icano e m fr a a m e in c e! festival de e até brev Boa leitura

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses oito anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

Com 12 edições anuais, a Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore).

at en dimen t o ao l eit o r Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Revista Viração • Ano 9 • Edição 71 03


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8 Calouros

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Universidade de São Paulo (USP) inicia aulas da primeira turma do curso de licenciatura em Educ omunicação

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Cabelo, cabeleira, cabeludo... curto, careca.

Louro, preto, vermelho, crespo, longo, a, o importante Não importa o que você tem na cabeç é se sentir bem

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Logo de primeira

Adolescentes e jovens da cidade mineira de Lima Duarte recebem formação educomunicativa e produzem primeiro jornal impresso

Cara a cara

Representantes dos Pontos de Cultura vão a Brasília deb ater com ministra da Cultura, Ana de Hollanda, a continuidade do projeto

a Dosagem perigos internações Saúde afirma que 10% das

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Organização Mundial da dicamentos. as pelo mau uso de me hospitalares são causad edicarem. om tas pessoas a se aut Descubra o que leva tan

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Sempre na Vira

Manda vê . . . . . . . . . . . . . 06 Imagens que Viram . . . . . 12 No Escurinho . . . . . . . . . . 15 Galera Repórter . . . . . . . . 16 Que Figura . . . . . . . . . . . . 23 Parada Social . . . . . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Rango da Terrinha . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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no Cinema africa 22 ª edição do do que rolou na

Fique por dentro de Televisão de no de Cinema e Festival Panafrica na Fasso rki Bu spaco), em Ouagadougou (Fe

Precisa mudar

Suicídio de jovens indígenas no Brasil é muito recorrente, informa estudo com apoio do Ministério da Justiça

Fase prioritária

UNICEF lança relatório sobre a situação da infância no mundo e reforça a necessidade de maior atenç ão às questões relacionadas aos adolescentes e jovens

Parem os relógios

o alterado Acre realiza referendo para decidir o fuso horári maioria da o decisã Mas TV. da por conta da programação Estado pelo a adotad foi não ainda

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial

Direção Executiva

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe

Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Ana Paula Marques, Douglas Lima, Elisangela Nunes, Eric Silva, Gisella Hiche, Manuela Ribeiro, Rafael Stemberg, Sâmia Pereira, Sonia Regina e Vânia Correia

Conselho Pedagógico

Administração/Assinaturas

Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Douglas Ramos e Norma Cinara Padilha

Conselho Fiscal

Presidente Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão

(Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Cláudia Fabiana), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves) e São Paulo (Ana Luíza Vastag, Damiso Faustino, Sâmia Pereira e Virgílio Paulo).

Colaboradores Antônio Martins, Clarissa Barbosa, Emilia Merlini, Heloísa Sato, Lentini, Marcelo Rampazzo, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes e Sérgio Rizzo.

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Desenvolvimento do Site Natsuo Slater e Orlando Libardi

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente!

Diga lá

@Naazinhaa_ @ekalafabio Hoje a aula de Licenciatura em Educomunicação destacou proposta de Imersão, vamos atuar em projetos extra classe. Escolhi a @viracao

Twitter Chegaram muitas mensagens parabenizando a Vira no mês passado, quando foram completados oito anos. Também viramos caso de estudo... veja parte do que rolou!

Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta! Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet. É só acessar www.issuu.com/viracao

Quero participar de algum jeito da comemoração do niver da Revista, ajudando no q eu puder!!

@direitoshumanos Parabéns !!! Jornalismo de primeira = @viracao Março é o mês de aniversário!

@pamplonaalex Que o mês do aniversario da Viração represente o marco na democratização da comunicação, produção compartilhada...

Carta Oi, galera! Escrevo só para lembrar que simplesmente amamos a Revista Viração, por ser muita bacana e por trazer muitas informações que utilizamos no programa de rádio produzido por aqui. Tudo de bom para vocês!

Resposta: Muito bom receber a carta de vocês, meninas. Também gostamos de saber que a Revista tem sido útil na programação da rádio que colaboram. Sucesso!

Ponto G

Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é http://twitter.com/viracao

Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 0135-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Gabriela Ferraz e Cláudia Ferraz, São Gabriel da Cachoeira (AM)

Parceiros de Conteúdo


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Manda Vê

Avanny Oliveira e Jhonathan Pino, do Virajovem Maceió (AL)*, e Elis Aquino, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)

Com mais de dois milhões de acessos no MySpace, apenas em 2009, a banda Restart, conquista adolescentes e jovens do Brasil com suas músicas de pop-rock. Com versões musicais que passeiam por melodias sóbrias e alegres, a banda não só agrada a galerinha pelo som que produz, mas principalmente pelo modo como se veste. E esse diversificado estilo tem modificado o vestuário temporal da galera, que se integra ao simples uso das roupas no dia a dia. Além disso, o estilo de corte de cabelo também mudou: está mais liberal e despojado. As novidades lembram alguma coisa do estilo jovem dos anos 1980, onde o colorido era o mais importante no guarda roupa de meninos e meninas que aderiam à “pegada” da época. Hoje, a moda é apostar em peças com cores

gritantes, como fazem os integrantes do Restart, mas também do Cine, Replace e Hevo 84, por exemplo, que usam e abusam das cores sem se preocupar com a combinação. Aos poucos, os jovens dessa nova tribo repaginaram o visual ao andar com o cabelo “bagunçado” e assumindo a fase colorida da moda. E há quem diga que essa fase da adolescência é um importante componente para a formação da vida. No entanto, no mesmo momento de sucesso por qual passa o movimento colorido, também pipocam debates sobre o gosto, um tanto ousado, adotado por eles. E para saber mais o que pensa a moçada, o Virajovem foi ouvir a opinião das pessoas sobre o assunto. Confira!

O que acha da moda dos coloridos? 06 Revista Viração • Ano 9 • Edição 71

s

Andira Miranda, 13 anos, Maceió (AL) “Acho que eles são um modelo americano, que vem passando de país a país. Esse tipo de coisa influencia muito o modo de vestir e falar. As pessoas têm ficado muito sérias em relação à banda, mas é música jovem.”

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (al@viracao.org)


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Vitória Nascimento, 13 anos, Rio de Janeiro (RJ)

Jhoanyne Wedylla, 13 anos, União dos Palmares (AL)

“As músicas são legais, os músicos são bonitos e o estilo de roupas é muito bacana.”

“Os adolescentes que curtem a nova moda têm muita influência de seus ídolos em basicamente tudo, e isso faz com que a sua personalidade mude cada vez mais.”

Henrique Souza Andrade, 17 anos, São Paulo (SP) “Acho muito diferente, é uma nova tribo. Não curto muito esse jeito de se vestir, pois é muito chamativo. Além de ser uma moda temporal, por conta dessas bandas atuais.”

Rayssa Oliveira, 16 anos, Rio de Janeiro (RJ) “Algumas pessoas passam a gostar desse tipo de música só porque os outros gostam. O Restart quis se destacar, mas não buscou ter qualidade para isso. Preferiu ganhar atenção pelo visual extravagante.”

João Felipe, 18 anos, São Paulo (SP) “Primeiro veio o estilo emo e, quando acabou, o povo começou a inventar moda, deixando o cabelo crescer e com franja na cara. Pra quê uma calça laranja com camiseta azul? É para chamar a atenção.”

Jacqueline Freire, 25 anos, Maceió (AL)

Faah Araújo, União dos Palmares (AL)

“Acho que tudo isso é produto dessa sociedade prioritariamente consumista em que vivemos. As bandas que hoje fazem sucesso têm uma influência temporária sobre os adolescentes e os jovens em geral.”

“Quem é fã deles passou a se vestir igual, usando calças coloridas! Essas novas bandas vieram para mostrar que devemos aceitar todo mundo do jeito que é, com suas diferenças.”

A Moda e Seu Papel Social: classe, gênero e identidade das roupas, de Diana Crane (Editora Senac) A autora traça um histórico das relações que mediaram a criação e as transformações no uso da moda, desde sua origem, identificando de que forma o vestuário de cada época contribuiu para a construção da identidade do indivíduo, por meio de sua correspondência com valores que cada pessoa escolhe seguir.

Faz Parte

Uma declaração feita pelo baterista do Restart, Thomas, criou polêmica nas redes sociais. Em entrevista a um programa de TV, em março, o jovem comentou ter interesse de tocar no Amazonas para saber se havia civilização no Estado. "Imagine você tocar no meio do mato! Nem sei como é o público de lá, não sei se tem gente, civilização...", falou. Após muita repercussão na internet, o músico usou o Twitter para um pedido de desculpas. "Galera, eu disse que achava que não tinha ninguém lá! Não desvalorizei a galera de lá, não! Tenho muita vontade de conhecer Manaus, o Acre...", disse. Thomas também comentou que a frase dita por ele foi tirada de contexto e editado de forma mal intencionada por alguém que não gosta da banda. O Restart tem show programado para este mês em Manaus.


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USP inaugura curso de Educomunicação Licenciatura é ministrada pela Escola de Comunicações e Artes; primeira turma é formada por 30 alunos Da Redação

08 Revista Viração • Ano 9 • Edição 71

rumos e formatos da educação. “Como acadêmicos, nos isolamos, pensamos os problemas da sociedade, mas nem sempre temos a oportunidade de vivê-los.” A professora já atuou como secretária municipal de Educação do Rio e foi membro do Conselho Nacional de Educação.

Momento histórico Com duração de quatro anos, o novo curso da USP reforça a importância que a Educomunicação tem como um novo campo de atuação, e apontada por muitos especialistas como uma das fórmulas para mudar o atual formato da educação no Brasil e no mundo. Para essa primeira turma, foram selecionados 30 alunos que seguirão disciplinas divididas em atividades práticas e teóricas. Nas atividades teóricas, o aluno conhece as teorias da Comunicação e da Educação; a epistemologia da Educomunicação (teoria do conhecimento); a gestão da Comunicação. Em aulas práticas, poderá ter contato com a produção das diferentes áreas midiáticas e os processos comunicacionais. Ao terminar a licenciatura, o educomunicador poderá atuar em dois grandes campos: como professor e como consultor que atua em diferentes áreas como meios de comunicação, organismos internacionais, instituições governamentais, organizações do terceiro setor e empresas privadas. V Rafael Stemberg

A

Universidade de São Paulo (USP) realizou, em 23 de fevereiro, a aula inaugural da licenciatura em Educomunicação. Estiveram presentes os alunos selecionados para a primeiro turma do curso, professores, convidados, estudantes de outras graduações e diretores da USP. A aula magna teve transmissão online ao vivo pelo site da Viração, utilizando a tecnologia IPTV. Coordenador do curso, o professor Ismar de Oliveira Soares iniciou sua fala na mesa de abertura dando boas-vindas aos novos estudantes e trouxe um panorama da área de Educomunicação no Brasil, assim como os campos de atuação dos profissionais que sairão formados da licenciatura ministrada pela Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP). Em seguida, a pró-reitora da USP, Telma Maria Tenório, destacou a importância dos cursos de licenciatura, por formarem os futuros professores do País. Também disse que o profissional de qualquer área precisa ter conhecimentos na área da comunicação para poder atuar. “O que caracteriza um bom médico é a capacidade de fazer uma boa comunicação com o paciente”, afirmou Telma, formada em Medicina. Vice-diretora da ECA, Maria Dora Mourão comentou que a universidade tem grandes expectativas sobre o novo curso por ser algo que acompanha a atual mudança de cenário das formas de se fazer comunicação e educação. “A ECA está tentando retomar a sua ousadia, e o curso de licenciatura em Educomunicação vem para ajudar nisso, principalmente nessa aliança entre educação e comunicação”, disse. A coordenadora do curso de graduação em Educomunicação (bacharelado) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Danielle Andrade Souza, também esteve presente na aula inaugural. Após a mesa de abertura, os participantes assistiram a uma conferência da professora e produtora de mídia Regina de Assis, doutora em Educação pelas universidades de Harvad e Columbia, nos Estados Unidos. Com o tema “Espaços de atuação do novo profissional: o caso da MultiRio”, a professora contou sobre sua experiência como presidenta da Empresa Municipal de Muitimeios da Prefeitura do Rio de Janeiro (MultiRio) no período de 2001 a 2008. A MultiRio é uma produtora de mídias para professores, alunos da rede municipal de ensino e seus familiares. Regina falou do importante papel dos educomunicadores na sociedade, provocando nos alunos o debate sobre os novos

Professor Ismar de Oliveira Soares, coordenador do curso, dá as boas-vindas aos novos estudantes da licenciatura

Conheça a MultiRio: www.multirio.rj.gov.br Se quer saber um pouco mais sobre Educomunicação, acesse o site do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (www.usp.br/nce) e o site do Departamento de Comunicação e Artes da USP (www.cca.eca.usp.br).


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Fruto

que se colhe jovens, da cidade de Lima Confira o depoimento de nal riência de escrever um jor Duarte (MG), sobre a expe

Acessem o blog da galera: blogjovensjornalistas.blogspot.com

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (mg@viracao.org)

Também visitamos a TV Panorama, de Juiz de Fora, o Jornal JFHoje, que é online e a Brandel’s Gráfica de Lima Duarte. Pudemos ver como o jornal da TV vai para o ar, e como é planejada a ordem de entrada dos programas transmitidos nacionalmente. O mais legal foi Primeira edição da publicação ver a apresentação do feita pelos adolescentes telejornal MGTV 2 ª edição para os demais participantes do projeto. No JFHoje conversamos com um dos jornalistas que contou um pouco de sua rotina, que é bem corrida e imprevisível! Na gráfica da nossa cidade, conhecemos cada passo da impressão de um jornal. “O curso foi uma experiência muito boa, melhoramos nossa escrita, aprendemos sobre o que a gente vê e não vê na mídia, sobre seu funcionamento. Pudemos expressar um pouco do que pensamos, falar o que queríamos, mas sabendo que não podemos falar algo de que não temos certeza, ou enrolar demais na escrita... Independentemente do caminho que vamos seguir, o curso foi muito útil e acreditamos que nos abrirá portas”, finalizam Débora, Mariana e Thiago. A oficina de jornalismo ministrada pelo Instituto Candeia abrirá duas novas turmas em 2011, na zona rural e no centro da cidade, e trabalhará com 60 jovens, sendo que 20 deles formarão o nosso Conselho Editorial.

Revista RevistaViração Viração••Ano Ano97••Edição Edição71 51 09 9

Reprodu

N

o segundo semestre de 2010, treze jovens da cidade de Lima Duarte, em Minas Gerais, cursando o 1º ano do Ensino Médio de escolas públicas da região, participaram da oficina de Jornalismo promovida pela ONG Instituto Candeia de Cidadania, desenvolvida e coordenada pela educadora Emilia de Mattos Merlini. “Quisemos fazer a oficina porque pra gente era um novo conhecimento”, explica Thiago Duarte, um dos participantes. Os encontros eram realizados em roda onde todos podiam expressar suas ideias. Além disso, tínhamos dinâmicas de grupo que eram bastante divertidas. No começo aprendemos mais sobre a parte teórica, tivemos algumas aulas no laboratório de informática onde fizemos o nosso blog Jovens Jornalistas. Durante a formação, percebemos como pode haver manipulações no Jornalismo na hora de editar as matérias. Depois, fizemos reuniões de pauta e escolhemos as matérias que iríamos desenvolver. Pesquisamos sobre os assuntos e fizemos as entrevistas. Em seguida, escrevemos as reportagens e a Emilia nos ajudou com a revisão. “Foi difícil, mas eu gostei mais de escrever, porque os outros iam ler uma coisa feita por mim e isso valoriza a nossa autoestima”, conta Mariana Pailley. “Fazer as entrevistas também foi bom, elaboramos as perguntas e foi legal ver o que os entrevistados responderam. Fomos meio sem graça de entrevistá-los, mas eles trataram a gente super bem, falaram que podíamos ir lá de novo se precisássemos de mais alguma coisa”, completa Débora Delgado.

ção

Depoimento de Débora Delgado, Mariana Pailley, Thiago Duarte e Yolanda Esteves, do Virajovem Lima Duarte (MG)*


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Que estilo cola

Reflexões sobre a careca de

uma jovem cabeluda

Leandra Barros, do Virajovem Vitória (ES)*

10 Revista Viração • Ano 9 • Edição 71

aquelas escovas que deixavam meu cabelo como um capacete alisado, no modelo peruca de senhoras emergentes. Depois dessa saga na infância, na pré-adolescência descobri as tranças! Que alegria. Me aproximava mais da minha identidade afro-descendente. Mas, mesmo assim, logo que chegaram as tranças sintéticas, eu quis colocar as mais longas que tinham, para sentir o “cabelo” comprido balançar. Até que um coleguinha no pré-vestibular gritou: “Eca, que horror! Ela tem cabelo de boneca!“ E todo meu “orgulho negro” das tranças foi abalado. Não quis nunca mais...Mas foi bom. Finalmente, não sei de onde, a onda do Black Power voltou e saiu arrastando gente de tudo quanto é cor. Acabei soltando meus cachos também e foi libertador. Tão libertador que depois disso até passar máquina zero no cabelo eu já passei. E ficou bom. Amei. As únicas coisas chatas de raspar a cabeça a meu ver foram: 1. Ter que responder toda hora por que raspei a cabeça; 2. Se tiver frio, faz bastante frio mesmo na cabeça. “Chega dói”; 3. Não sentir a água puxar meu cabelo ao sair de um mergulho (muito chato). Fora isso, acho que toda menina poderia fazer essa experiência um dia. É, literalmente, sensacional (e sensorial). Especialmente sentir a diferença que a sombra faz ao sair do sol, sentir as gotas da água do chuveiro ou da chuva caírem direto sobre o “coco” e sentir o vento passando são Flickr - Saffy

Flickr - Saffy

Q

uem nunca teve que responder: “O que é que você tem na cabeça, menin@ ?!” Pois bem... a maioria de nós, adolescentes e jovens, temos cabelo. No mínimo. E ter cabelo não é uma coisa tão simples assim. Nem sempre é só deixar crescer no alto da cabeça (às vezes sim. E por que não?). Querendo ou não ter cabelo e como tê-lo também é uma questão de IDENTIDADE. Alguns dizem que “o cabelo é a moldura do rosto”, e molduras fazem toda diferença nos quadros, não é mesmo? Por causa do cabelo, muitos são louvados. Outros, podem chegar até a ser humilhados. Sansão (da Bíblia) e Rapunzel (do conto de fadas) nem podiam cortar os cabelos. Porque Sansão tinha o segredo da força nas madeixas e Rapunzel tinha que jogar suas loooongas tranças para o seu amado. As loiras já foram chamadas de burras, muito embora sejam também consideradas símbolo sexual. Já li até reportagens sobre o poder que as loiras exercem sobre os homens. Eu, que sou negra, tive que crescer ouvindo “negra do cabelo duro, que não gosta de pentear...” ou “meu cabelo duro é assim, cabelo duro, de pixaim”. Era zoada na escola e não tinha muito pra onde fugir. Ou eu tinha o cabelo tosado pela minha avó porque eu chorava pra pentear, e, com o cabelo super curto, era chamada de “Joãozinho”. Ou deixava minha tia, aspirante à cabeleireira na época, testar seus alisantes em mim, e depois fazer


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Flickr: Saffy / Air-doll / Suedehead

sensações incríveis, que se a gente não raspa a cabeça, só os meninos que raspam e os carecas, por razões naturais, têm. Mas uma coisa foi pra mim misteriosa nessa história cabeluda. De tudo que já fiz no meu cabelo até hoje (e olha que não foi pouca coisa), raspar, que pra muitos pode remeter a uma escolha “masculina”, foi, de todas as experiências, a que me fez sentir mais feminina. Mas os mistério que a “força na peruca” escondem não pararam por ai. Se liguem no enigma dessa relação com os cabelos que presenciei na experiência que conto a seguir.

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos... Mesmo vivendo tudo que já vivi com meus cabelos (e sem eles), nunca tinha parado pra pensar que os cabelos podiam ser de uma importância vital para alguém. Um dia eu estava no salão afro em que sempre trancei meu cabelo, quando a Rozi de Sá, cabeleireira que vai além disso e trabalha a relação cabelo-restauração da identidade e autoestima de um forma super linda, recebeu uma ligação. Uma cliente de muitos anos estava na UTI, inconsciente e em estado muito grave. Num momento de lucidez rápido que teve, a única frase que ela disse foi: "Mãe, não deixa ninguém tocar no meu cabelo." Suas madeixas eram daquelas trancinhas sintéticas, saca? Que a Rozi tinha feito. Só que ela tava muito mal e o médico pediu pra mãe dela pra cortar todo o cabelo por risco de infecção. A mãe, que estava no telefone, pediu pra cabeleireira para ir ao hospital: "Você é a única que ela deixaria tocar o cabelo dela!". A menina já estava inconsciente novamente e a mãe, mesmo querendo respeitar o pedido da filha, tinha que tentar salvá-la. Rozi, sem coragem de ir sozinha pela delicadeza da situação, me chamou. E eu nem conhecia a moça, mas Rozi disse que eu tinha uma energia boa e que eu podia dar uma força pra ela. Então fomos. Rozi conversou com ela, mesmo inconsciente, dizendo que ia cortar para o bem dela e que não deixaria ninguém fora dali ver ela assim e, que quando ela ficasse boa, voltaria

ao hospital para trançar de novo. Com a moça desacordada, Rozi cortou o cabelo com todo carinho. Juntas lavamos. Nos despedimos dela. E saímos. Vinte minutos após a nossa saída, ela faleceu. V

Dicas pra te deixar de cabelo em pé! Música: Cabelo – Composição de Jorge Ben e Arnaldo Antunes na voz de Gal Costa: www.youtube.com/revistaviracao Vídeo: “Imagine uma menina com cabelo de Brasil” – de Alexandre Bersot: http://tinyurl.com/cabelos

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org)

Flickr - Saffy

Revista Viração • Ano 9 • Edição 71 11


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IMAGENS QUE VIRAM

Texto e fotos: Sâmia Pereira e Maurício Nunes, do Virajovem São Paulo (SP)*

N

a cidade de São Paulo podemos encontrar diversos ritmos e manifestações culturais de todo o Brasil. Um exemplo é o Maracatu Nação, também conhecido como Maracatu do Baque Virado, que é uma manifestação popular pernambucana afro-brasileira. “Maracatu” era, inicialmente, o nome de um instrumento de percussão e, depois, da dança realizada ao som desse instrumento. A hipótese aceita pelos estudiosos é que essa dança teria surgido a partir das coroações do Rei do Congo, sendo trazida para o Brasil pelos portugueses e permitida pelos senhores de escravos. Esses reis eram uma espécie de líderes dentro das senzalas para facilitar o controle sobre o grupo de escravos, que lhe deviam obediência. Dessa forma, nasceram instituições populares que começaram a organizar encontros em torno destas representações sociais, dando origem ao Maracatu de Baque Virado. As fotos a seguir são do Maracatu Bloco de Pedra, composto pela galera que frequenta as oficinas oferecidas pelo Projeto Calo Na Mão. V

xequerê

Para conhecer mais sobre o Maracatu de Baque Virado acessem: http://tinyurl.com/calonamao

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)


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Personagens do Maracatu de Baque Virado Porta-estandarte: é a pessoa que carrega o estandarte; este contém, basicamente, o nome da agremiação, uma figura que o represente e o ano em que foi criada. Dama do paço: mulher que leva em uma das mãos a calunga, uma boneca de madeira ricamente vestida, que simboliza uma entidade ou rainha já morta. Rei e rainha: as figuras mais importantes do cortejo, e é por sua coroação que tudo é feito. Vassalo: um escravo que leva o palio, guarda-sol que protege o rei e a rainha. Figuras da corte: príncipes, ministros, embaixadores etc. Damas da corte: senhoras ricas que não possuem títulos de realeza. Yabás: mais conhecidas como baianas, que são escravas. Batuqueiros: que animam o cortejo, tocando vários instrumentos, como caixas de guerra, alfaias, gonguê, xequerês, maracás etc.

alfaia

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Mídias Livres

Os Pontos de Cultura Antônio Martins, do Outras Palavras*

E

m 22 de fevereiro, o prédio do ministério da Cultura (MinC), em Brasília, recebeu visitantes inesperados. Dezenas de integrantes dos Pontos de Cultura, vindos de vários Estados fizeram quase uma ocupação. Chegaram sem pedir crachá na portaria. Dirigiram-se direto ao auditório. Queriam – e conseguiram – ser recebidos pela nova ministra, Ana de Hollanda, que assumira 45 dias antes. Reivindicavam a manutenção de um projeto cultural que estimula dezenas de milhares de pessoas em todo o País (a maior parte jovens) e tem reconhecimento internacional. Nas semanas anteriores, haviam constatado que tal projeto estava em risco. O sinal de alarme soou quando parte dos Pontos de Cultura deixou de receber, em dezembro passado, os recursos que lhes permitiriam manter suas atividades em 2011. Há mais de dois mil Pontos em todo o Brasil. São coletivos culturais autônomos, que se dedicam a atividades muito diversas. Há de oficinas de bordadeiras a equipes de desenvolvedores de software livres; de grupos de maracatu rural a blogueiros, rádios livres, estúdios de WebTV. Os Pontos são sempre criados em concursos públicos, chamados de “editais”, abertos periodicamente, desde 2003. Para prestar serviços à sociedade, recebem, por meio de um programa do MinC denominado Cultura Viva, um subsídio mínimo do Estado brasileiro. Na grande maioria dos casos, R$ 60 mil anuais, para equipes que às vezes reúnem dezenas de pessoas – e envolvem centenas, em suas atividades. A falta dos recursos gerou situações bizarras, que ilustram o enraizamento destes coletivos. Em São Paulo, há Pontos cujos responsáveis estão jurados de morte pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital – o PCC. Sem verbas, não puderam honrar a ajuda de custo prometida a jovens e adolescentes que participaram de atividades realizadas em comunidades onde o PCC atua.

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Antônio Cruz/ABr

vão à luta

obiliza coletivos de Corte de recursos m r de um programa todo o País em favo seu enorme sucesso ameaçado, apesar de

Ministra da Cultura, Ana de Hol landa, enfrenta impasse sobre o bloqueio de verbas aos Pontos de Cultura

Além do bloqueio das verbas devidas aos Pontos já existentes, teme-se o esvaziamento do programa Cultura Viva. A partir de julho de 2010, o MinC interrompeu o credenciamento de novos Pontos. Centenas de coletivos, que disputaram editais e foram selecionados, não puderam executar os projetos a que se propunham. Em muitos casos, as equipes se dispersaram. Há uma causa essencial para este conjunto de problemas. Tanto em 2010 quanto em 2011, parte dos recursos que o orçamento do governo federal destina à Cultura foi retida para pagamento de juros – um processo denominado “contingenciamento”, na linguagem dos tecnocratas. Em 2011, os ministérios econômicos pretendem “contingenciar” 39,6% das verbas do MinC. A mobilização dos Pontos pode evitar que as ameaças se concretizem. A “semi-ocupação” do Minc, em fevereiro, foi apenas o começo. Aparentemente sensibilizada, a ministra Ana de Hollanda abriu uma agenda de negociação – e afirmou seu compromisso de manter o Cultura Viva. Para que não seja apenas promessa, os Pontos estão promovendo encontros e mobilizações. em diversos Estados. Viração mantém, junto com o site Outras Palavras (www.outraspalavras.net), o Pontão de Cultura Laboratórios de Mídia Livre. Para participar do movimento, é só falar conosco: (11) 3237.4091 (Viração) ou (11) 3449.3749 (Outras Palavras). V

* Acesse as notícias do site Outras Palavras: www.outraspalavras.net


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No escurinho

História do Cinema - Parte 2 A cada edição, Sérgio Rizzo traz em capítulos um pouco da história cinematográfica, uma oportunidade para colecionar e conhecer as diferentes fases que ajudaram a tornar o escurinho da sala de cinema um espaço apreciado por muitos

Griffith, o contador de histórias C

om a 1ª Guerra Mundial, que afetou fortemente a economia europeia, a indústria cinematográfica dos Estados Unidos consolidou-se como a principal força no cenário internacional. O eixo da produção deslocou-se de Nova York e Nova Jersey, na Costa Leste, para a região de Los Angeles, na Costa Oeste. Os grandes estúdios instalaram suas bases de operações em Hollywood, hoje sinônimo de cinema segundo a lógica do entretenimento. Foram atraídos por melhores condições ambientais (como a luz natural, mais intensa durante um período maior do ano) e também por uma certa frouxidão na fiscalização, entre outros motivos. Foi consolidado ali, na segunda metade da década de 1910, o cinema narrativo clássico, ou uma certa maneira de contar histórias, usando apenas imagens e depois também o som, que se tornaria dominante em todo o planeta. A imensa maioria dos filmes, assim como novelas e seriados de TV, é baseada ainda hoje em seus princípios: onisciência (o ponto de vista narrativo tem conhecimento de todos os fatos que interessam à história, inclusive o que se passa dentro dos personagens), onipresença (está em todos os lugares) e invisibilidade (não se revela ao espectador, com o objetivo de não chamar a atenção para a sua artificialidade). A perspectiva narrativa do cinema clássico se confunde, portanto, com a ideia de divino. Coube ao filho de um veterano da Guerra Civil, o produtor, diretor e roteirista David Wark Griffith (1875-1948), ser o principal arquiteto desse modelo. Depois de breve carreira no teatro, ele realizou mais de 400 filmes, entre 1908 e 1913, para a produtora Biograph. Em seguida, criou sua própria companhia, que assinou os longas-metragens O Nascimento de uma Nação (1915), Intolerância (1916) e O Lírio Partido (1919). Nesses filmes, Griffith reuniu e aprofundou procedimentos de câmera e montagem que tornaram mais complexa a narrativa cinematográfica. Apesar disso, sua carreira entrou em declínio com o desenvolvimento, a partir de 1927, do cinema sonoro.

V

“Hollywood é uma lenda, um conceito, uma ilusão. Mas a ilusão funciona, produz lucros enormes, paga impostos e tornou-se o segundo produto americano de exportação.” François Forestier, crítico de cinema e romancista

Divulgação

Sérgio Rizzo*, crítico de cinema

“Cinema é um campo de batalha: amor, ódio, ação, morte. Em uma palavra: emoção.” Samuel Fuller, cineasta estadunidense

David Wark Griffith produziu filmes como O Nascimento de uma Nação (1915) e O Lírio Partido (1919)

* www.sergiorizzo.com.br

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a r e l a G

r e t r ó Rep

Segurança

virtual

Diretor de Prevenção da Safernet Brasil, Rodrigo Nejm fala sobre prevenção de crimes cometidos na internet Silvia Ariel, da Platarforma dos Centros Urbanos, Douglas Lima, Eric Silva, Lilian Romão e Sâmia Pereira, da Redação

“A

liciamento, produção e difusão em larga escala de imagens de abuso sexual de crianças e adolescentes, racismo, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia, apologia e incitação a crimes contra a vida e maus tratos contra animais”. A “pequena” lista de crimes contra os Direitos Humanos está no site da Safernet Brasil (www.safernet.org.br), organização que se consolidou como referência nacional no enfrentamento aos crimes na internet. Mas o trabalho não é muito fácil, como explica Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção da ONG. A seguir, você confere trechos da entrevista (a íntegra está em www.agenciajovem.org) feita com Rodrigo, que fala sobre o cenário brasileiro no enfrentamento aos crimes cibernéticos, além de dicas para educadores e pais trabalharem o tema em casa. Viração: Você acredita que a proposta de criar classificações indicativas para os sites é realmente uma medida eficaz? Rodrigo Nejm: A proposta de classificação indicativa de sites é, em uma primeira instância, uma medida interessante para ajudar a todo mundo a pensar cada vez mais e melhor sobre as informações que circulam na internet. Mas a gente tem que lembrar que a internet funciona de forma muito diferente das outras mídias no que diz respeito à classificação de conteúdos. No espaço virtual, é

praticamente impossível uma agência, o governo ou alguma organização conseguir controlar todas as informações que vão para o ar. A cada segundo, milhões de pessoas podem criar seu próprio conteúdo e publicar. Não adianta proibir o conteúdo que está na internet. O caminho deve ser inverso. Devemos orientar a criança para que, dependendo da idade, ela não navegue sozinha, conheça alguns limites importantes e que tem coisas perigosas por perto. É muito mais fácil classificar o conteúdo e orientar a criança do que retirar conteúdo do ar. Isso não seria legal. Muito se fala sobre não deixar que os adolescentes tenham computadores dentro dos quartos, para que os pais possam acompanhar a vida virtual de seus filhos. Mas agora que a internet está em toda parte, como nos celulares, como fazer esse trabalho de conscientização? Quando a gente fala sobre a internet dentro do quarto, essa restrição vale mais pra criança. A gente sempre orienta, na Safernet, para que os pais tenham a postura de acompanhar os filhos desde o primeiro “clic”. A criança pequena tem que saber que há limites, que na internet tem perigo e que ela pode contar com os pais para poder navegar. Para a adolescência, a Safernet tem trabalhado com a Polícia Federal em iniciativas que a gente chama de educação para o

Linha do Tempo É criado um projeto de lei (PL) para inibir crimes virtuais. Hoje é conhecido como Lei Azeredo, em referência ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que incluiu na proposta pontos polêmicos, considerados como censura. Sem aprovação, o PL está parado no Senado.

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O Rio de Janeiro é o primeiro Estado a ter Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática

2000


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autocuidado. Não é apenas o local onde você acessa, mas é o que você faz na internet. Procuramos ensinar o adolescente que tem muita coisa boa na internet, mas se vacilar, quem vai pagar o preço é ele mesmo. O que a gente quer é que o adolescente saiba, independente de onde ele estiver plugado na internet, que ele tome cuidado não para evitar a bronca, e sim para se proteger. Se o Brasil é o quinto país que mais acessa a internet, por que na Europa iniciativas como a da Safernet contam com milhões de euros para desenvolver projetos e aqui no Brasil há tão pouco investimento? Essa é a pergunta que não quer calar. Safer Internet Program é o nome dessa área na Europa e as organizações que desenvolvem essas atividades fazem parte de uma política pública europeia. Se não me engano, são 58 milhões de euros anuais para desenvolver as ações que aqui no Brasil a gente desenvolve a duras penas, por meio da militância, da insistência. Eu não tenho resposta para essa pergunta, pois são as mesmas empresas na Europa e nos Estados Unidos que apoiam essas iniciativas. A pergunta a ser feita é: o que diferencia uma criança inglesa ou francesa de uma criança brasileira no que diz respeito aos direitos que ela tem? A política pública ainda está iniciando aqui no Brasil. A Safernet tem feito essa militância junto ao ministério da Educação, da Justiça, Polícia Federal, Ministério Público Federal, insistindo para que eles pelo menos coloquem o tema na pauta. Já existe hoje uma seção especializada da Polícia Federal que trabalha com crimes contra criança e adolescente na internet. Há muita resistência das empresas ligadas à internet. Essas empresas têm demonstrado interesse em trabalhar com questões de segurança na web? A gente não pode negar que tem algumas empresas que têm uma postura diferenciada, apesar de ainda tímida em termos de apoio. É o caso da GVT, empresa que desde 2000 desenvolve um trabalho de educação para o uso seguro da internet. Uma grande polêmica foi com relação ao Orkut, que simplesmente se recusava a respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), alegando que respeitaria apenas a lei americana. A Safernet travou, junto com o Ministério Público Federal, uma batalha judicial. Foram três anos de luta na Justiça, culminando num termo que era assim: ou o Orkut respeitava o ECA, ou fechava as portas no Brasil. Foi o primeiro caso em que o Google se submeteu a lei de um país.

Quando a gente fala com o adolescente, a mensagem é para a gente trabalhar com a internet de forma consciente, para que não caia em situações de perigo e não produza violência, pois muitos adolescentes têm produzido a violência. É o caso do ciberbullyng, em que os jovens estão filmando os amigos bêbados, sem roupa, as relações sexuais e publicando na web. Isso pode ter, inclusive, consequência legal. Então, o negócio é prevenir. A internet é aquilo que a gente faz dela. Só que quando se fala de segurança, de dicas na internet, a galera já associa com alguma coisa chata, maçante, como se fosse bronca. Então a gente está usando outros recursos, como a produção de vídeos e concursos para jovens, por exemplo. Vocês conseguem listar quais são os principais problemas relacionados à internet no Brasil? O maior número de denúncias são de crimes de pornografia infantil. Mas não significa que são os que mais acontecem. Entre crianças e adolescentes, os mais comuns são os crimes de ciberbullyng, páginas humilhantes, de ofensa, com informação falsa. Entre os adultos são os crimes de calúnia e difamação. Tem crescido o número de sites racistas. Mas é legal destacar, como um alerta, que proteção não tem nada a ver com censura ou com restrição do acesso à internet livre e aberta. Quando um site fere o direito humano de alguém, tem que sair do ar e o responsável tem que pagar por isso. Mas em momento algum isso significa tirar da internet o que ela tem de melhor, que é a liberdade de você criar, de divulgar, de poder ter acesso a conteúdos quase que infinitos. A internet pode continuar sendo livre com respeito aos direitos humanos, sem dúvida nenhuma. V

“Foram três anos de luta na Justiça, culminando num termo que era assim: ou o Orkut respeitava o ECA, ou fechava as portas no Brasil. Foi o primeiro caso em que o Google se submeteu a lei de um país”

Rodrigo Nejm

Como você acha que pode ser a melhor forma de abordar o assunto segurança na internet com adolescentes, jovens e educadores?

Iniciativa da Comissão Europeia, é criado o Dia da Internet Segura, comemorado sempre em fevereiro em mais de 60 países

2004

Em dezembro, é fundada a Safernet Brasil, que atua no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na internet.

Participe do concurso Internética 2011, promovido pela Safernet e Chilhood, e concorra a prêmios. Basta enviar sugestões de aulas, dinâmicas, animações e mensagens para promover o uso seguro e consciente da internet. Veja o regulamento: www.safernet.org.br/concurso

2005 Revista Viração • Ano 9 • Edição 71 17


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Capa

O hábito de se medicar por conta própria é generalizado no Brasil. Saiba o que está por trás disso e quais as consequências para o indivíduo e para a sociedade

Alessandro Muniz, Daísa Alves, Nadjara Martins, do Virajovem Natal (RN), e Reynaldo Azevedo, do Virajovem Lavras (MG)* Ilustrações: Marcelo Rampazzo, colaborador da Vira

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poeta Carlos Drummond em sua crônica intitulada O Homem e o Remédio, publicada no Jornal do Brasil em 1980, ironiza que “todo sadio é um doente em potencial, ou melhor, todo ser humano é carente de remédio. Principalmente, de remédio novo com embalagem nova, propriedades novas e novíssima eficácia, ou seja, que se não curar este mal, conhecido, irá curar outro, de que somos portadores sem sabê-los”. É fácil sentir identificação com as palavras de Drummond. Afinal, quem nunca tomou um “simples” analgésico para aquietar uma dor de cabeça ou dor qualquer, quem nunca tomou o clássico antigripal diante dos primeiros indícios de sintomas? Há uma grande oferta de medicamentos no Brasil, uma enorme quantidade de drogarias, debilidades no sistema de saúde que dificultam o acesso a médicos e diversos estímulos na sociedade para o consumo de remédios de forma indiscriminada. Como nós lidamos com tudo isso?

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De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação no País. Automedicação consiste no uso de medicamentos sem a prescrição médica, quando a própria pessoa escolhe que medicamento usará. A pesquisa Automedicação em crianças e adolescentes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicada no periódico da Sociedade Brasileira de Pediatria em 2007, constatou que o fenômeno afeta também a população com menos de 18 anos. O estudo mostra que 56,6% das crianças e adolescentes entrevistados consumiam remédio sem prescrição médica. Essa prática tão difundida e culturalmente enraizada, como comprova o provérbio popular “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”, é arriscada e perigosa porque ao


Na opinião de Phiética Raissa Rodrigues da Silva, de 22 anos, “todo comercial afirma que vão curar as doenças, quando só amenizam os sintomas”. tomar um remédio sem orientação médica, a pessoa pode estar mascarando os sintomas de uma doença mais grave, explica a pediatra e homeopata Regina Kotke. Além disso, há o risco de intoxicação, como demonstra dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que afirmam que mais de 10% das internações hospitalares são causadas pelo mau uso de medicamentos e 20 mil pessoas morrem por ano no Brasil segundo a Abifarma. “De modo geral, quer me parecer que o homem contemporâneo está mais escravizado aos remédios do que às enfermidades”, resume Drummond.

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sintoma que atrapalhem esses objetivos devem ser eliminados rapidamente”. Outra razão importante é a constante propaganda veiculada nos meios de comunicação estimulando e induzindo o consumo de remédios, afinal, como toda empresa, a indústria farmacêutica tem um produto e quer vendê-lo. A estudante de biomedicina Phiética Raissa Rodrigues da Silva, de 22 anos, opina que “todo comercial afirma que vão curar as doenças, quando só amenizam os sintomas”. Essa promessa de cura acaba convencendo o consumidor e levando-o a comprar o medicamento. Há também a conveniência e facilidade em se encontrar os remédios. A drogaria não é reconhecida como uma unidade de saúde e, sim, um ponto comercial de vendas de medicamento e produtos relacionados, e assim o número de estabelecimentos se multiplicam proporcionalmente à procura de medicamentos e o número de remédios nas prateleiras também é surpreendente, pois, só no mercado brasileiro, a OMS e o Ministério da Saúde estimam que haja 32 mil medicamentos disponíveis. A saúde e os medicamentos se tornaram instrumentos da lógica da mercadoria e do lucro, especialmente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), por ocasião da expansão da indústria farmacêutica. Hoje essa indústria é a segunda maior do mundo. O coordenador do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), Antonio Barbosa, afirmou que no Brasil não existe nenhum medicamento que tenha margem de lucro inferior a 600%, ou seja, o preço cobrado é seis vezes maior que o custo de produção. O mercado global farmacêutico movimentou em 2010 entre US$ 820 bilhões e US$ 830 bilhões, com um crescimento de 4% a 6% em relação a 2009, de acordo com

A cultura do remédio “O tratamento mais tradicional no Brasil é o tratamento alopático (remédios tradicionais), que é o ensinado na maioria das escolas médicas. Portanto esse é o tratamento mais usado pela população para a maioria das doenças, mesmo não sendo o mais indicado para um grande número de casos”, afirma a doutora Kotke. Desde cedo nós somos acostumados a tomar remédios em diversas situações de mal-estar e nosso primeiro contato é, em geral, com a família. A professora Nazaré Liberalino, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em sala de aula solicita aos estudantes uma pesquisa básica sobre automedicação e eles constataram que, em 40% dos casos, a indicação para tomar o remédio foi de familiares. É frequente também se utilizar dos remédios recomendados pelo médico em doenças passadas para tratar, sem nova consulta, de sintomas semelhantes. A prática da automedicação tem muitas raízes. Uma delas é a cultura ocidental na qual, segundo a doutora Kotke, “as pessoas não querem saber o que está acontecendo consigo, querem estar sempre produtivas, bonitas, jovens e ativas, nada pode lhes atrapalhar os objetivos, portanto qualquer Revista Viração • Ano 9 • Edição 71 19


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Virajovem

Natal (RN)

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“Na naturopatia quem cura é a natureza e quem orienta é o médico”, define o Dr. Geraldo Gerano dos Santos, médico naturista.

a consultoria IMS Health. Nos últimos cinco anos, as vendas globais das indústrias cresceram cerca de 40% e só no Brasil foram cerca de 1,81 bilhão de unidades vendidas. É o único setor industrial cuja matéria prima (ou a motivação de seus produtos) é a doença. O professor do curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Josimário João da Silva, explica que os analgésicos, os antiinflamatórios e os antibióticos são os medicamentos mais usados pela população de forma incorreta. Porém, por trás de um remédio aparentemente inofensivo existe o perigo real do enfraquecimento das defesas naturais do corpo. A cultura da automedicação, tratada de maneira tão habitual por tantos brasileiros, pode ter consequências muito graves, seja um efeito colateral inesperado ou o prejuízo da saúde de forma geral, e pode levar também ao uso de remédios mais fortes por motivos cada vez mais banais. A sociedade vê-se escrava dos interesses de uma indústria e um bem coletivo e direito humano, a saúde, ganha uma etiqueta de preço.

“Que seu alimento seja seu remédio” Uma dieta balanceada, saudável, com todos os nutrientes que o corpo precisa. Um corpo saudável e uma postura de cuidado consigo e atenção para o que o corpo diz é a postura de muitas pessoas que buscam viver de forma mais equilibrada e quando sentem que algo não está bem, procuram formas naturais de reestabelecer a harmonia corporal, como dizia o grego e pioneiro da medicina ocidental, Hipócrates: "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio". “A dor é um sinal de que seu corpo está precisando de ajuda e quando você medica, está mascarando uma doença que pode evoluir”, afirma Phiética. Antes de tentar neutralizar a dor ou outros sintomas, é preciso perceber o que está acontecendo. Ela relata “o caso clássico, a febre. Quando eu tenho uma gripe, eu sei que em sete dias vai

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passar. Eu sei que é normal, a febre é uma reação natural do corpo para combater infecções e outras doenças, então basta ficar em repouso, se alimentar bem e esperar o sintoma passar. A menos que ela suba demais é que é preciso controlar”. Fundamentados nestes princípios criou-se a Naturopatia. “Na naturopatia quem cura é a natureza e quem orienta é o médico”, assim define o doutor Geraldo Gerano dos Santos, médico naturista. De acordo com o dicionário Michaelis, a naturopatia é um “sistema terapêutico em que se utilizam não drogas, mas simplesmente os meios naturais, como a luz, a água, o ar, o calor etc”. “Verificamos se a pessoa tem paz, como se relaciona com a sociedade, o uso dos alimentos, mastigação”, explica o doutor Gerano e complementa dizendo que “não busco diagnosticar doenças, mas sim doentes”. Um dos métodos utilizados para diagnostico é olhar a íris do paciente e verificar se existe uma tendência para doenças. Como elementos para a cura são utilizados a fitoterapia (praticada de maneira popular por meio dos chás de diversas plantas), homeopatia, acupuntura, e na grande maioria dos casos, recursos da natureza e hábitos saudáveis, como caminhar e respirar. “A homeopatia é um método demorado, porém, que não atinge uma doença em específico atacando um órgão do próprio organismo beneficiando o que está ruim, porém piorando o que está bom. Ela ajuda o corpo como um todo a combater a doença trazendo um melhor resultado a longo prazo”, conta Nicholas Saraiva Martino, de 17 anos, que há seis anos utiliza a homeopatia para cuidar da saúde. Ele completa que “a partir daí, os remédios homeopáticos


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tomaram conta da minha vida. Não tive mais febre, a asma passou, não houveram mais alergias. O poder das plantas equilibrou o meu organismo”. A acupuntura trabalha com base numa técnica de neuroestimulação: segundo a Medicina Tradicional Chinesa, o corpo humano possui pontos específicos que se estendem em forma de rede, alcançando e influenciando as respostas de outros pontos – são os chamados Meridianos. No tratamento, as agulhas penetram na pele até os meridianos, o que estimula a produção de substâncias como hormônios ou neurotransmissores, que chegarão as regiões que apresentam a dor e a aliviarão. Maria da Conceição Ribeiro, de 71 anos, sempre tem um chá pronto em caso de doenças. Ela adquiriu um conhecimento sobre plantas com seu marido, e passa para seus familiares e moradores do bairro Água Limpa, em Lavras (MG). E garante que nenhuma dor resiste a um chá de assapeixe ou sete sangria e que remédios farmacêuticos podem mais prejudicar do que ajudar. A fitoterapia (do grego phyton = vegetal e therapeia = tratamento) pode ser muito eficaz no tratamento da saúde, seja com chás ou remédios a base de plantas, mas deve ser respeitada e utilizada com orientação adequada. Segundo doutor Gerano, em relação à medicina tradicional (alopática), há uma complementação com a medicina natural, somente está faltando mais humildade da medicina, olhar mais para o paciente e orientá-lo.

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Em 2006 o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), pelo qual o SUS passou a custear tratamentos com homeopatia, acupuntura, fitoterapia e outras práticas alternativas. Dados do Ministério mostram que foram feitos 216.616 procedimentos de acupuntura em 2008, ante 97.240 no ano anterior, um aumento de 122%. As práticas corporais, como Tai Chi Chuan e Lian Gong, registraram aumento de 358% no mesmo período – foram 27.646 práticas em 2007 e 126.652 em 2008. Entre 2000 e 2008, o Ministério da Saúde aumentou em 383% o investimento em consultas homeopáticas, passando de R$ 611.367 para R$ 2.953.480. No mesmo período, o investimento em acupuntura cresceu 1.420%, subindo de R$ 278.794 para R$ 3.960 120.

Filme: O Jardineiro Fiel, de Fernando Meireles. Trata de como as multinacionais do setor farmacêutico utiliza cobaias humanas na África para testar remédios. Livro: O doente imaginário, de Molière (editora Martin Claret). O dramaturgo francês satiriza o vício pelos remédios na história de um homem que se crê sempre doente. Música: Remédio, da banda Acústicos e Valvulados.

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rn@viracao.org e mg@viracao.org) Revista Viração • Ano 9 • Edição 71 21


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Cinema de qualidade

ncia internacional al de cinema africano de referê tiv fes ior ma o , co pa Fes o Conheça Cyrille Guel, de Ouagadougou (Burkina Fasso)* e Paulo Lima, da Redação

C

riado em 1969, o Festival Panafricano de Cinema e de Televisão de Ouagadougou (Fespaco) acontece a cada dois anos em Burkina Fasso. Referência do cinema africano, o Fespaco reúne, durante uma semana de atividades, milhares de profissionais, personalidades e apaixonados pelo cinema de toda a África e de vários outros países do mundo. Este ano, a 22ª edição do Festival aconteceu de 26 de fevereiro a 5 de março e teve como tema: Cinema africano e mercados. Um tema que cai como luva em um momento em que o cinema africano e, em particular aquele de Burkina Fasso, passa por problemas de financiamento e de distribuição. Entre as muitas atividades da programação, houve a tradicional competição de filmes de longa-metragem, considerada a principal atração do evento. Para esta edição, concorreram oficialmente um total de 110 filmes e, na mostra paralela, foram apresentados outros 84 filmes. Quem levou o principal troféu, o Étalons de Yennega, na categoria de Melhor Filme de Longa-Metragem foi o diretor marroquino Mohamed Mouftakir, com o filme Pégase. Outras competições contempladas no Fespaco foram: filmes africanos de curtametragem, documentários africanos, produções de TV e vídeo africanos e filmes da diáspora africana. País: Burkina Fasso Capital: Ouagadougou População: 16,3 milhões Língua oficial: Francês

Vitrine africana Além de projeção de filmes, o Fespaco se destaca por oferecer ao público muitas mostras, como o 15º Mercado Internacional do Cinema e da Televisão Africana. Ponto forte também foram os encontros e debates com diretores, profissionais e especialistas. Para o diretor de cinema burinabé Festival acontece no momento em Bernard Yameogo, o que o cinema africano tem enfrentado Fespaco é uma dificuldades financeiras grande vitrine para quem faz cinema africano. “Cinema feito com muita vontade e poucos recursos financeiros. Mesmo assim, recebemos muitos convites para participar de mostras internacionais em diversos países do mundo. No entanto, sofremos com a falta de financiamento do exterior e o financiamento governamental que recebemos infelizmente não cobre tudo.” Bernard é fundador e diretor da produtora de vídeo Credo Media, organização que diz ter em seu DNA. “Acreditar, realizar, educar e difundir mídia”. Ele participou do Fespaco apresentando o filme para TV Núpcias Cruzadas, em que conta a vida e os desafios de um casamento entre uma católica e um muçulmano.

Burkina Fasso Com 274 mil quilômetros, Burkina Fasso conta com uma população de 16,3 milhões de habitantes, dos quais 50% possui menos de 17 anos, pertencentes a mais de 60 grupos étnicos. O país tem 45 províncias, tendo uma sala de cinema em cada uma delas. V

Fique por dentro das ações da Viração pelo mundo: www.viracaoworld.tk (selecione o idioma no topo da página)

22 Revista Viração • Ano 9 • Edição 71

* Cyrille Guel é diretor executivo da Agência Burkinabé para a Promoção da Educomunicação, organização do Burkina Fasso criada em parceira com a Viração Educomunicação


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Que Figura!

Autodidata, Saramago ganhou o gosto pela literatura durante as aulas do curso de serralheria Gisella Hiche, da Redação

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osé Saramago (1922 - 2010) ia chamar-se José de Souza, como seu pai, se o funcionário do Registro Civil não tivesse acrescentado o “Saramago” por sua conta e risco. É que no povoado de Azinhaga, Portugal, onde nasceu, seu pai era chamado de saramago; uma “planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres”, conforme escreve o romancista, dramaturgo e poeta em um texto curto com sua autobiografia. De família simples, frequentou uma escola de ensino profissional de serralheria mecânica, que, curiosamente também ensinava literatura. Nasceu ali o gosto pelos mundos que as palavras abrem. Sem condições financeiras para completar seus estudos, Saramago foi um autodidata que frequentou as bibliotecas de Lisboa, buscando livros que lhe despertassem a curiosidade. Em 1947, publicou seu primeiro livro, o romance Terra do Pecado. Só voltou a escrever 19 anos depois, inaugurando uma forma única de contar suas histórias: suas frases são longas e os diálogos estão no meio das frases, sem travessões. Há algo nesta escrita que nos captura, de repente, já não nos damos conta de que aquela frase já dura mais de três páginas. O estilo de Saramago aliado às tramas de seus livros, sempre cheias de graça e ironia, rendeu ao escritor o Prêmio Camões e o Nobel de Literatura. Com o Nobel, Saramago pôde viajar muito pelo mundo, divulgando não apenas seus livros, mas também suas visões políticas. Filiado ao Partido Comunista Português e ateu, José Saramago foi um grande defensor dos Direitos Humanos e de uma sociedade mais justa, “onde a pessoa seja prioridade absoluta, e não o comércio

ou as lutas por um poder hegemônico, sempre destrutivas”, escreve ele em sua autobiografia. É de Saramago a introdução do livro do fotógrafo Sebastião Salgado, que registra cenas cotidianas do Movimento dos Sem Terra (MST). Em 2008, seu livro Ensaio sobre a Cegueira ganhou uma versão para o cinema, do realizador brasileiro Fernando Meirelles, e foi exibida no Festival de Cannes. O romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de 1991, rendeu à Saramago muitos desafetos da Igreja Católica e foi proibido em Portugal em 1992. A “humanização” de Jesus não foi vista com bons olhos. Em 1993, ele mudou-se para as Ilhas Canárias, na Espanha, com sua segunda esposa Pilar del Rio, onde morou até sua morte.

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José Saramago

Conheça o site da Fundação José Saramago: www.josesaramago.org

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a do suicìdio de jovens indìgenas no Bras

Estudo traz à tona mais uma vez o dram Ricardo Verdum, da Adital Jovem*

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violência relacionada com os povos indígenas no Brasil é um tema recorrente nos estudos e avaliações sobre a situação dos direitos humanos no País. A academia também tem abordado o assunto a partir de diferentes perspectivas, especialmente, as ciências sociais e a saúde pública. São formas de violência contra os povos indígenas, entre outras, a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a espoliação patrimonial, a dominação política e a violência institucional. De todas as situações de violência multifacetada vivida pelos indígenas no País, a mais dramática é sem sombra de dúvidas a dos Guarani no Estado do Mato Grosso do Sul. O estudo, Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil, realizado com o apoio do Ministério da Justiça e lançado em fevereiro passado, embora não focado especificamente nos povos indígenas, dá uma contribuição importante para o debate sobre a situação desses em relação à questão da violência e suas causas. No tocante a morte por suicídio, o estudo encontrou índices exageradamente elevados em um conjunto de municípios, que têm um fato em comum: a totalidade ou a maior parte dos suicídios aconteceram nas populações indígenas, principalmente entre os jovens. Em 2008, dos 17 suicídios que aconteceram em Amambai (MS), 15 foram de indígenas, sendo 9 suicídios juvenis. Em Dourados, também no Mato Grosso do Sul, foram registrados nesse ano 25 suicídios, sendo 13 de indígenas, dos quais 8 de jovens. No Estado do Amazonas, se destaca o município de São Gabriel da Cachoeira, onde em 2008 aconteceram 9 suicídios,

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todos de pessoas identificadas como indígenas, das quais 7 situados na faixa etária jovem. Tabatinga vem na sequência com 14 suicídios, sendo 9 indígenas, dos quais 5 juvenis. Em 2009, foram registrados casos de suicídios indígenas em 12 das 27 UFs. Dessas, quatro se destacam com mais de um caso: Mato Grosso do Sul, com 54; Amazonas, com 27; Roraima, com 9; e São Paulo, com 2. Mato Grosso do Sul e Amazonas juntas concentraram 81% do total nacional de suicídios indígenas registrados.

Violência corre solta Estimativas realizadas a partir de dados de população da Funai e do número de suicídios indígenas registrados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, a taxa nacional de suicídios indígenas chegaria a 20 para cada 100 mil indivíduos (quatro vezes a média nacional). Nos dois Estados onde foram registrados 81% dos suicídios indígenas, as taxas de suicídio adquirem proporções trágicas: o Amazonas apresenta uma taxa de 32,2 suicídios por cada 100 mil indígenas (seis vezes a média nacional); e o Mato Grosso do Sul uma taxa de 166 suicídios por cada 100 mil indígenas (mais de 34 vezes a média nacional). Tomando especificamente a população indígena jovem, as taxas alcançaram a esfera do absurdo, sem comparação no contexto internacional: 101 suicídios para 100 mil indígenas no Amazonas; e 446 para igual valor no estado do Mato Grosso do Sul. Desta foram, entendemos ser necessário e urgente uma rápida revisão das políticas e ações implementadas, especialmente no Mato Grosso do Sul, onde ao longo dos últimos oito anos foi


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aportada parcela significativa de recursos federal, estadual e de agências do Sistema Nações Unidas, entre outros. Não basta distribuição de cestas básicas. Enquanto o direito a terra não estiver solucionado, especialmente no Cone Sul do MS, onde estão os municípios com maior concentração indígena e onde a violência alcança índices alarmantes, dificilmente o quadro de violência registrado será diferente nos próximos quatro anos.

Egon Heck/CIMI

Guarani Kaiowà em campanha para defender suas terras ameaçadas por fazeneiros

* Ricardo Verdum é doutor em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). O texto foi publicado originalmente pela Adital Jovem (www.adital.com.br), parceira da Viração.


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Uma fase de oportunidades Época de fortes transformações na vida do ser humano, a adolescência nem sempre é tratada como prioridade Grace Araújo de Carvalho, da LACVOX (Red Regional de Adolescentes Comunicadores)

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dolescência: uma fase de oportunidades. É com esse tema que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou, nos quatro cantos do mundo, o relatório Situação Mundial da Infância 2011 no final de fevereiro. Em meio a tantos problemas climáticos, ambientais, políticos e sociais que fazem parte desse emblemático início do século 21, a situação da criança e do adolescente pode passar despercebida. Embora os meios de comunicação e as redes sociais venham contribuindo consideravelmente para reverter essa situação, a mídia é um dos principais fatores que corrompem os adolescentes. O descaso da população ainda é gritante. Você já se perguntou se aquele café que você tomou hoje não foi colhido por crianças que sofrem de exploração de mão de obra infantil? Ou quantas crianças e jovens, nesse momento, estão vendendo suas vidas em troca de alguns centavos humilhantes? Quantas crianças foram abusadas sexualmente ou agredidas em seus lares? Quantos jovens perderam a oportunidade de ter um futuro brilhante pelo mau investimento na Educação?

Filhos de Zé Ninguém Para as Nações Unidas, os adolescentes são os indivíduos de 10 a 19 anos de idade. A adolescência é uma época de fortes transformações na vida mental do ser humano, uma época de desafios que deve ser tratada como prioridade. Além disso, são mudanças de necessidades, físicas, ideológicas,

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comportamentais, que requerem um pouco a mais de atenção dos familiares, orientadores e em geral, do governo. A segunda década da vida dos seres humanos nada mais é que a construção da sua identidade. A realidade muda nos diferentes continentes, mas quando se trata da adolescência, existem precariedades comuns ao que se diz respeito ao assunto. As crianças e os adolescentes brasileiros, por exemplo, sofrem constantemente com as violações de seus direitos, expondo-se à pobreza, à desigualdade social e à iniquidade no País. Carolina Favero, estudante de Design do Instituto Federal de Santa Catarina, comenta sobre a realidade dos jovens de sua região: “Vivo em Florianópolis, cidade turística, linda e muito bem falada em todos os lugares e na mídia. Meus poucos 19 anos me fazem perceber as inúmeras disparidades na realidade dos jovens dessa região. Numa visão generalista: os privilegiados e os ignorados. Filhos de pais influentes ou filhos de um Zé Ninguém”.


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Doçura de sonhar “Ao invés de generalizar todos os adolescentes, podemos dividi-los em dois grupos: os que têm acesso à educação, seja ela precária ou não, e aqueles que não têm acesso.” Essa é a ideia do jovem Jhonathas Ramon Leal Fraga, estudante do terceiro ano do curso de Edificações do Instituto Federal de Sergipe. Para ele, a precariedade na educação ou a falta da mesma é um dos grandes desafios que o jovem enfrenta nos dias atuais. “Ao falar educação, fala-se de uma forma ampla. Uma educação que traga projetos de integração social onde o jovem possa se sentir participativo, ter um valor em meio à sociedade que não o entende.” O jovem Jonnathan Siqueira Ramos, de 17 anos, catequista em sua paróquia, relata uma triste realidade dos jovens de hoje: eles já não sonham. “Já tive inúmeras experiências com diferentes realidades de jovens. Há mais ou menos dois anos, embora ainda seja muito novo, participo de um trabalho para a evangelização de adolescentes, e pude notar que somente uma pequena parte destes têm um sonho de viver uma vida digna no futuro. É evidente, não importa se uma escola é menos favorecida do que a outra, os jovens perderam a doçura de sonhar e lutar por seus sonhos, contentando-se apenar com o que a vida lhe impõe a ser”, diz Jonnathan.

Comunicar valores “Sabemos que a realidade é um campo de possibilidades. E nós, humanos, somos agentes potencialmente capazes de transformar/melhorar/aperfeiçoar a realidade na qual vivemos. A educação pode servir de “bússola” para “guiá-lo” a conhecer o mundo e a conhecer a si nesse mundo. Assim, educando-se, eles poderão, às vezes de modo irrepetível, transformar realidades”, propõe o mestre em Educação e pedagogo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, Fábio Kalil de Souza. Questionado sobre o que poderia ser feito para melhorar a situação do adolescente no século 21, o professor de Física e mestre José Uibson Pereira Moraes apresenta a seguinte sugestão: “Para que a realidade mude, seria preciso uma reeducação da mídia, onde se procurasse promover valores que enriquece verdadeiramente a vida das pessoas, onde uma sociedade melhor pudesse ser construída e não que se promovam valores que enriqueçam ao capitalista selvagem”.

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Situação no Brasil Além dos dados sobre o Brasil incluídos no relatório Situação Mundial da Infância 2011, o UNICEF também divulgou o Caderno Brasil, publicação que contextualiza para a realidade brasileira as reflexões e dados do documento global. O Brasil é um País jovem: 30% dos seus 191 milhões de habitantes têm menos de 18 anos e 11% da população possui entre 12 e 17 anos, uma população de mais de 21 milhões de adolescentes. Por isso, é essencial atender às necessidades específicas da adolescência nas suas políticas. Caso contrário, corre-se o risco de que um grupo tão significativo e estratégico para o desenvolvimento do País fique invisível em meio às políticas públicas que focam prioritariamente na primeira fase da infância e na fase seguinte da juventude.

Confira as notícias da Rede de adolescentes da América Latina e do Caribe em www.lacvox.net

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ado realiza re, população reclama e Est Ac no io rár ho m da mu TV Emissoras de respeitada cisão do povo ainda não foi de is, po de s se me co cin s, referendo. Ma Raiclin Vasconcelos, Magliel de Moura, Joedson Reis, Luiz Braga, Victoria Sales, Hanna Cristina e Leonardo Nora, do Virajovem Rio Branco (AC)*, e Rafael Stemberg, da Redação

U

ma confusão acontece no Acre desde 2008, quando, por vontade política, houve alteração no horário do Estado, que passou a ter uma hora a menos do horário de Brasília – antes eram duas. A medida estaria relacionada a uma portaria de 2007, do Ministério da Justiça, determinando que as emissoras de televisão adaptassem suas programações aos diferentes fusos horários do País por conta da classificação indicativa dos programas. Segundo as emissoras, isso geraria custos e

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queda de receita publicitária. A solução, então, seria mudar o relógio dos moradores dos Estados com grande diferença de horas em relação a Brasília, como acontece com o Acre. Meses depois à publicação dessa portaria, foi aprovada a Lei 11.662/2008, de autoria do então senador Tião Viana (PTAC), que modificou o horário sem consultar a população. Na época, Viana, hoje governador do Acre, alegou ser uma mudança necessária, pois as máquinas públicas precisavam funcionar em horários próximos. Após a aprovação da lei, o Estado, que possuía duas horas de diferença do horário oficial de Brasília (cinco a menos no horário de Greenwich), passou a ter uma hora a menos, e duas durante o horário de verão.


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A repentina mudança provocou grande polêmica entre a população que, ao lado de organizações sociais e sindicatos, passaram a reivindicar o retorno do antigo horário ou mesmo aprovar a atual mudança. Entre os contrários à alteração, está a justificativa de que as pessoas, ao acordarem cedo para irem trabalhar, correm riscos de assalto, já que a luz do dia começa a aparecer após as 6h30, principalmente em áreas rurais. Os quem aprovam, destacam como maior benefício o horário da programação televisiva, como novelas, filmes e esportes, que passou a ser transmitida simultaneamente com a maioria dos Estados (antes, as emissoras de TV precisavam alugar novos satélites para transmiti-los de acordo com a hora local, conforme a classificação indicativa). Além disso, bancos e outros serviços básicos tiveram os horários de atendimento alterados. Marcela Silva, estudante de 18 anos, é uma das pessoas que teve sua rotina modificada e não gostou nenhum pouco disso. “Estudo pela manhã e, com a mudança, ainda está escuro para ir à aula. À tarde, nem tenho mais vontade de dar uma

volta por aí”, conta. Sandro Souza, de 47 anos, atua como vendedor e, assim como Marcela, desaprova a ideia. “Saindo no escuro, para ir trabalhar, estamos sujeitos a assaltos e violências”, alerta. Talison Vilan, de 16 anos, aprova em parte a nova hora. “Gostei por causa dos jogos de futebol, que passaram a ser exibidos ao vivo, e os aeroportos que ganharam melhores horários de voos. Mas agora meus pais acordam mais cedo e ainda não tem a luz do dia”. O pastor Evandro Costa, de 37 anos, também reclama pelo fato de ter de acordar cedo demais. No entanto, gostou dos horários diferentes dos programas de TV que assiste. Já para o eletricista André Paiva, de 32 anos, a alteração deixou o Acre mais “integrado” com o País. “As agências de banco, o futebol e o resto da programação da TV melhoraram. Passamos a integrar mais o Brasil”, comenta.

Consulta popular Com a divergência de opiniões do Estado, o jeito foi Quando a população é convocada, realizar um referendo para a após a aprovação de uma lei, para se população decidir com qual pronunciar sobre determinado assunto. fuso horário gostariam de O primeiro referendo feito no Brasil foi ficar. Em novembro de 2009, em 1963, quando o Congresso o Senado aprovou decreto Nacional consultou os brasileiros sobre legislativo, de autoria do a manutenção do regime deputado Flaviano Melo parlamentarista, instaurada em 1961, (PMDB-AC), para a realização ou se retornaria para o antigo regime do referendo que aconteceu presidencialista. Venceu a segunda em 31 de outubro de 2010 opção. Em 2005, os eleitores se durante o 2º turno das mobilizaram para responder se o eleições presidenciais. comércio de armas de fogo e munições A criação das duas frentes deveria ser proibido no Brasil. 63,94% extra-partidárias contra e a dos votos disseram “não”. favor da mudança esteve a cargo do Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-AC). Com a pergunta “"Você é a favor da recente alteração do horário legal


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promovida no seu Estado?", a população teve de escolher entre dois números: o 55 (SIM), para continuar com a mudança, e o 77 (NÃO), para a volta do antigo horário. Aos cofres públicos, o Referendo do Fuso Horário custou R$ 1 milhão. Compareceram às urnas 336 mil pessoas, das quais 56,87% optaram pelo retorno da velha hora. A opção SIM obteve 43,13%. Somados, brancos e nulos tiveram 3,44%. Não foram votar 28,61% dos eleitores registrados. No dia 14 de dezembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou o resultado das urnas, porém, a história continuaria. Segundo entendimento do ministro relator Marcelo Ribeiro, não cabe ao TSE pôr em prática a decisão das urnas, pois a função do tribunal nesse processo foi encerrada após a homologação do resultado.

A TV, de novo Coube ao Senado assinar o Ato Declaratório, documento que reintegraria o Acre ao “horário de Deus”, como muitos conhecem. A data prevista para o retorno era 1º de janeiro de 2011, o que não aconteceu. O motivo alegado foi o recesso de final de ano dos congressistas. Uma segunda data foi o dia 20 de fevereiro, alinhando-se com o término do horário de verão brasileiro, o que também não ocorreu. Informações dão conta de que o Senado teria sido pressionado a não validar o referendo. A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), organização representante das emissoras de TV, defendeu que só uma outra lei, votada em Congresso, poderia alterar a lei que estabelece a hora atual. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), entendeu da mesma forma e transferiu a decisão para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem como relator o senador Sérgio Petecão (PMN-AC). “Com a volta do horário antigo, provavelmente, as emissoras de televisão necessitarão adaptar-se à nova realidade. Certamente

isso irá gerar custos. Entretanto, caso haja qualquer articulação dos radiodifusores contra a volta do horário, elas não poderão influenciar na decisão do referendo”, afirma Sérgio Petecão. Para ele, o referendo deveria ter entrado em vigor no momento da homologação do TSE. “Creio que pode haver 'forças ocultas' contribuindo para que essa decisão esteja sendo postergada.” O relatório produzido por Sérgio, favorável à decisão do referendo, já entrou na pauta para votação da CCJ, mas sempre é adiado, pois senadores pedem revisão do projeto. Com isso, o Acre continuará com sua hora indefinida. “O povo do Estado já se manifestou através do referendo, e essa vontade deve prevalecer. Alguns senadores votaram contra o parecer que eu apresentei à Comissão de Constituição e Justiça, onde defendia a volta imediata do horário antigo. A Comissão entendeu que o referendo não pode revogar a lei em vigor, necessitando, no entanto, de uma outra lei para substituir a já existente”, diz Sérgio. A Viração entrou em contato com a Abert, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno. V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ac@viracao.org)

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Parada Social

Em movimento cia Jovem de Notícias

Oficina de comunicação popular cria novos núcleos da Agên

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constituição de mais núcleos da Agência Jovem de Notícias (www.agenciajovem.org) foi um dos resultados da oficina de Comunicação Popular, realizada em março, em Santarém, no oeste do Pará. A atividade faz parte do Programa Juventude, Participação e Autonomia (JPA), vinculado ao Instituto Universidade Popular (Unipop), em parceria com a Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém (Famcos). O facilitador da oficina foi o educador Alex Pamplona, que teve a missão de apresentar a comunicação popular como instrumento de mobilização entre os jovens. Participaram da formação 20 pessoas, entre adolescentes e jovens do JPA da Comunidade Educativa de Santarém. A proposta é que os jovens produzam notícias para alimentar o blog Boca no Trombone, o blog do JPA, site da Unipop, a Agência Jovem de Notícias e a Revista Viração. Esses núcleos de comunicação serão criados em todas as comunidades educativas onde o JPA tem atuação. Ao todo, são 15 núcleos, dos quais 12 estão em Belém, nos bairros de Bengui, Tapanã, Pedreira, Telégrafo, Cremação, Barreiro, Condor, Guamá, Terra Firme, Sacramenta, Cabangem e Ilha de Cotijuba e um no município de Ananindeua, no bairro do Distrito Industrial. Além dos núcleos de Marabá, sul do Pará, e Santarém. O JPA tem por objetivo contribuir para o empoderamento da juventude, fortalecendo e ampliando ações individuais e coletivas pela promoção e garantia dos direitos da juventude. Para isso, realiza uma programação anual extensa, com a finalidade de levantar debates sobre temáticas referentes ao público juvenil. Entre as quais, juventude e religião e juventude e comunicação.

no blog relatam experiências de jovens que fazem parte do grupo, como Daniele Nascimento e Manuelle Lopes, que lembram o início de sua participação nas oficinas de Comunicação Popular e a importância da capacitação para o desenvolvimento pessoal delas. Adriane Pinto e Poliane dos Santos explanam sobre o comportamento de cada membro do grupo. Elas lembram que, aos poucos, foram desenvolvendo suas ações, quando surgiu o Foram criados mais 15 núcleos jovens no nome do blog. Virajovem Belém, no Pará. Galera produzirá “A partir dessas também para o blog Boca no Trombone experiências (primeiras oficinas), surge o nome Boca no Trombone para caracterizar o JPA Santarém. Com isso, vieram novos desafios, como o fanzine e a campanha de mobilização ‘Que Cidade Queremos Para Viver’ . Estes foram as grandes provas da participação e autonomia do nosso grupo”, enfatizam as jovens. V

Boca no trombone O Boca no Trombone é um meio aberto para a juventude expor suas opiniões e trocar ideias com jovens da sua comunidade, do seu município, do seu Estado e com os de outros países. As primeiras notícias publicadas

Mais informações sobre o Boca no Trombone: www.bocanotrombonesantarem.blogspot.com

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pa@viracao.org)

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Virajovem Belém (PA)

Edna Nunes, do Virajovem Belém (PA)*


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Sexo e Saúde

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ssencial em qualquer relação entre duas pessoas, o beijo pode ocasionar muitas doenças. Mas não precisa parar de beijar, pois só acontece se não tomados os devidos cuidados. Edneusa Lopes, do Virajovem Recife (PE)* conversou sobre o assunto com a dentista Adriana Maria Ayres da Costa Melo, que atua no programa Saúde da Família na comunidade Alto José Bonifácio. A doutora cita algumas doenças transmitidas pela troca de saliva e apresenta dicas para prevenção, como o uso do preservativo durante o sexo oral e a higienização completa da boca. Confira!

Por meio do beijo, podem ser transmitidas inúmeras bactérias e doenças como a cárie, gengivite, gripe suína, meningite meningocócica, herpes, sífilis, gonorreia, tuberculose e citomegalovírus. Quais os sintomas dessas doenças? Eles variam muito. Vou citar alguns exemplos. A meningite meningocócica apresenta febre, dor de cabeça, vômito, diarreia e rigidez dos músculos da nuca e ombros. Tem uma evolução rápida e pode ser fatal, se não tratada. Na herpes, quando manisfestada, apresenta coceira na região da boca e, em seguida, aparecem pequenas bolhas nos lábios, língua, bochecha, gengiva e garganta. O rompimento dessas bolhas libera um líquido com vírus, fase considerada perigosa, pois a transmissão para outra pessoa é mais fácil. É complicada ser detectada no início, pois pode ser que no momento do beijo a pessoa não tenha nenhum indício visível da doença. Já a mononucleose, que é conhecida como a “doença do beijo”, é transmitida pelo vírus Epstein-Barr, e também é difícil de percebê-la no começo. Como nem sempre a pessoa sabe que tem o vírus, ela acaba transmitindo a doença, que não tem cura (existe tratamento para aliviar os sintomas). O vírus pode ficar incubado de 30 a 45 dias no organismo e, em casos raros, pode causar ruptura do baço, pois a região fica muito

sensível. Entre os sintomas, estão a fadiga, dor de garganta, tosse e inchaço dos gânglios. Esses sintomas são facilmente confundidos com outras doenças, por isso é importante estar atento.

CUPOM DE ASSINATURA

Existe algum exame específico para detectar as doenças bucais?

anual e renovação 12 edições

O ideal é ir ao médico em qualquer caso de suspeita. Se constatar alguma anormalidade, é preciso fazer um exame mais completo num hospital. Toda doença diagnosticada no início é fácil de ser tratada. Além disso, evite o compartilhamento de batom, faça corretamente a higiene bucal (na dúvida, consulte o dentista) e, no caso de praticar sexo oral, sempre usar preservativo. Nunca use remédios sem prescrição médica. V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org)

É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor da VIRAÇÃO. Natália Forcat

Quais doenças podem ser transmitidas pelo beijo?

2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BANCO DO BRASIL – Agência 2947-5 Conta corrente 14712-5 em nome da VIRAÇÃO OBS: O comprovante do depósito também pode ser enviado por fax. 3. VALE POSTAL em favor da VIRAÇÃO, pagável na Agência Augusta – São Paulo (SP), código 72300078 4. BOLETO BANCÁRIO (R$2,95 de taxa bancária)


FONE(COM.) E-MAIL

EST. CIVIL BAIRRO SEXO

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$90,00

Rango da terrinha

Tem pra todo gosto local, Cuscuz é um prato tão regional que, conforme o

muda completamente a receita

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PREÇO DA ASSINATURA

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DATA DE NASC. FONE(RES.) ESTADO

em

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Gleison de Jesus, do Virajovem Teresina (PI)*

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cuscuz surgiu na África e foi trazido ao Brasil na época da colonização dos portugueses. Por ser um prato com baixo custo, foi por muito tempo usado pelos escravos como uma das principais refeições do dia ou como fonte de renda, pois era vendido nas ruas para famílias pobres. Nesse período (século 16), o prato viajou o mundo, mas foi por aqui que ganhou grande popularidade, além de muitas variações. Na região Sul do País, o produto, feito com farinha de milho, ganhou complementos, como peixes, ovos e palmito. No Norte, a massa de milho é cozida no vapor e banhada com leite de coco. No Rango desta edição, você confere como se faz o cuscuz do Nordeste. Ah, quando for servir, uma dica é passar um pouco de manteiga ou margarina por cima. Aproveite! V

te

do Nordes Como fazer o cuscuz

has.com Reprodução Quitandin

2 xícaras de chá de farinha de milho, tipo flocão 1 xícara de chá de açúcar cristal 1 pitada de sal temperado 1 xícara de chá de água

Coloque a cuscuzeira para ferver com água até a marca indicada na própria panela. Enquanto isso, misture a farinha, o açúcar e sal, acrescentando a água até que a massa fique úmida. Adicione a massa com cuidado na cuscuzeira e deixe no fogo alto para cozinhar durante cerca de 20 minutos.

ot.com

Modo de preparo:

Reprodução amedeiros87.blogsp

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pi@viracao.org)


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Roteiro de S창mia Pereira, do Virajovem S찾o Paulo (SP)


Novaes

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Noel Rosa, mĂşsico carioca, autor de sambas inspirados e bem humorados. Nasceu em 11 de dezembro de 1910 e morreu em 4 de maio de 1937, com apenas 26 anos.


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