Revista Viração - Edição 62 - Maio/2010

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG)

Casa da Juventude Pe. Burnier Goiânia (GO)

Universidade Popular Belém (PA)

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA)

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

Centro Cultural Bájò Ayò João Pessoa (PB)

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES)

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA)

Companhia Terra-Mar Natal (RN)

Agência Uga-Uga Manaus (AM)

Girassolidário Campo Grande (MS)

União da Juventude Socialista Rio Branco (AC)

Bemfam - Recife (PE)

Diretório Acadêmico Freitas Neto Maceió (AL)

Fundação Athos Bulcão Brasília (DF)

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

Centro Cultural Escrava Anastácia Florianópolis (SC)

Jornal O Cidadão Rio de Janeiro (RJ)

Grupo Cultural Entreface (Diversidade Juvenil, Comunicação e Cidadania) Belo Horizonte (MG)

Grupo Atitude - Porto Alegre (RS)

Centro de Refererência Integral de Adolescentes Salvador (BA)

Virajovem Vitória - Vitória (ES)

Taba - Campinas (SP)


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! o h l o e d r a c i f a r P C “

de Programa obras do s re io a Usina a d m o ma das nstruçã u o a c d a ra ), e C id A ons to (P mica nos Crescimen muita polê o o d d ou o a s ã u ç a ra c Acele ís, descart te tem rgia do Pa Belo Mon e n e e d e a gu d ic in a tr X a ofert lo rio Hidrelé assará pe de elevar p o p e u e q u q a , in e to to qu , da us os. O proje Um assun onstrução . c o à iã g s a re últimos an v a ti ram n lterna tor, não ossíveis a os que mo io constru p v rc s o ó a p s s s n a o o d d c to do opinião a seleção co ouviu a leilão para o o (PA) e pou id edição. rr ta o s c isso ne tenha o z a já tr e animais. u a q ir V o mesm o com os do. E a n ti a u c m is u d h rias que r r e e ar de s ção do s ca de histó s la u b re a m e pode deix é o ram que a abordad ajovens fo o mais do Outro tem zem muit apa, os vir a c tr e s d o n m e s migo reportag elhores a Em nossa a nossos m s o e u or da Turm q am ta e criad is n u demonstr rt a c ue om o mpanhia. inclusão q trevista c apenas co a uma en ações de d re in b a o s re la fe e fa Você con Souza, qu uricio de a M , a ma ha. ic in n da Mô os mais u da turm e, trazem histórias m s a tu n s o e c v o mo de prom ra Clarice página, co a: a escrito ri Na última tó is . H a s s or Novaes ade da no colaborad o s s personalid o n r r, feita po xima! Linspecto e até a pró Boa leitura

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses seis anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Coordenador Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Florianópolis (SC) - sc@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

A Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore); CNPJ: 11.228.471/0001-78; Inscrição Municipal: 3.975.955-5

atendimento ao leitor Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 3


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Educação mais

humana Vernor Muñoz, relator da ONU, fala sobre as formas de dis criminação na educação

O assunto continua

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Mesmo após leilão de Belo Monte, no rio Xingu (PA), moradores da região continuam questionando a construção da usina hidrelétrica

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Bom pra cahorro!

Mais do que auxiliar na caç a, oferecer segurança e companhia, os animais tam bém podem ser responsáve is pela mudança de compor tamento das pessoas

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 06 PCU . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 De Olho no ECA . . . . . . . . 16 Escuta Soh! . . . . . . . . . . . . 28 Rango da Terrinha . . . . . . 29 Que Figura . . . . . . . . . . . . 30 No Escurinho . . . . . . . . . . 31 Todos os Sons . . . . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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O cartunista Mauricio de Sousa está atento às questões sociais e faz questão de incluí-las nas histórias da Turma da Mônica.

Diversidade Cultura

l Teia Brasil 2010 reu niu, em Fortaleza (CE), pessoas interessa das nos rumos da cultura popular brasileira

22 Sempre na Vira

Quadrinhos para todos

Segundas intenções

Proibidas em muitos lugares, as polêmicas pulseiras coloridas alertam para a necessidade de discutir abertamente a sexu alidade

Blogue-se

Dicas de como criar a sua pág ina na internet e atrair muitos leitores

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Significadoslavras que você usa podem

Sem perceber, pa eça melhor s ofensivos. Conh trazer significado o-Violenta a Comunicação Nã

Quilombaque

Uma jam session pode ser mai s do que improvisação musical, pelo menos num bairro de São Paulo

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial

Coordenação Executiva

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Paulo Lima e Lilian Romão

Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Consultivo Douglas Lima, Isabel Santos, Ismar de Oliveira e Izabel Leão

Equipe Ana Paula Marques, Camila Luz, Carol Lemos, Elisangela Nunes, Eric Silva, Gilliane Esthael, Gisella Hiche, Luciano de Sálua, Maria Rehder, Micaela Cyrino, Rafael Lira, Rafael Stemberg, Simone Nascimento, Vânia Correia e Vivian Ragazzi

Administração/Assinaturas

Presidente

Norma Cinara Lemos e Danilo Asevedo

Juliana Rocha Barroso

Mobilizadores da Vira

Vice-Presidente

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz, Délio Alves e Lorena Bahia), Bahia (Isabel Brasileiro e Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Ionara Silva), Espírito Santo (Filipe Borges, Jéssica Delcarro, Moyara

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

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Kossmann e Wanderson Araújo), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Daniel Rabello, Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (AlexPamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Juliana Cordeiro), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves),Santa Catarina (Celina Sales e Ciro Tavares) e São Paulo (Luciano de Souza, Simone Nascimento e Virgílio Paulo).

Colaboradores Amanda Proetti, Andréia Martins, Anne-Sophie Lockner, Antônio Martins, Carolina Gutierrez, Emilia Merlini, Juliana Giron, Heloísa Sato, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Philipe Leonhardt e Sérgio Rizzo.

Consultor de Marketing Thomas Steward

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente!

Diga lá

@antoniaalves, via twitter Parabéns, @viracao por mais esta edição, profissionalismo e #educomunicação!

Clície Aparecida Pereira, pelo site da Vira de Belo Horizonte (MG) Ei, gente, sou educadora de participação cidadã do ProJovem Urbano, em Belo Horizonte (MG). Estamos desenvolvendo uma ação comunitária para conhecer, fomentar e criar empreendimentos de Economia Solidária. Para monitorar nosso trabalho e ajudar que todos estejam inteirados do processo, queremos construir um jornal mural na escola. Queria a ajuda de vocês para aprendermos a construir um jornal mural. Seria muito legal. Dá essa força!

Olá Antonia! Ficamos felizes que tenha gostado da última edição (número 61). Aproveitamos para convidar a todos para acompanhar a Viração na íntegra no endereço www.issuu.com/viracao.

Clície, muito boa a ideia de montar um jornal mural para deixar todo mundo por dentro do trabalho de vocês. No site da Vira tem muita informação sobre como montar o jornal. Nossa equipe também irá mandar para o seu e-mail alguns materiais de apoio. Boa sorte e mande notícias!

Maria Adrião, psicóloga e educadora, por e-mail de São Paulo (SP) Quero parabenizar a Viração pela ousadia e coragem de tocar num ponto que ainda é tabu para uma maioria considerável da população: a descriminalização da maconha (edição nº 60/março). Sabemos que o debate sobre as drogas ainda precisa ser feito considerando outros olhares, que extrapole o viés proibicionista ou da justiça. Debatê-lo em profundidade é considerar o olhar das políticas públicas, mas também a participação da sociedade, principalmente dos adolescentes e jovens, que cada vez mais cedo entram em contato com essa realidade.

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Assunto bem polêmico mesmo, Maria Adrião. A Vira vai continuar tocando no tema com o intuito de colaborar com o debate, apresentando as visões de quem defende ou é contra a descriminalização da maconha. Abraço!

Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é http://twitter.com/viracao

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para nosso endereço: Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 Consolação - 0135-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@revistaviracao.org.br Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo


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Manda Vê Alex Ferreira e Jéssica Ferreira, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*, Filipe Borges Campos, Jéssica Delcarro e Moyara Kossman, do Virajovem Vitória (ES)

No início do ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que, entre 1987 e 2007, o índice de desemprego entre jovens com 16 e 20 anos subiu de 7% para 20%. Entre quem tem de 21 a 29 anos, a porcentagem também aumentou, passando de 5% para 11% no mesmo período. O número de jovens sem emprego representava, em 2007, 60,74% do total de desempregados no Brasil. Esse quadro tem causado muita preocupação entre os governos, que criam programas de colocação profissional para os que estão na busca de uma vaga no mercado de trabalho. O mais famoso atualmente é

o ProJovemTrabalhador, programa do governo federal que prepara o jovem, entre 18 e 29 anos, para o mercado de trabalho e para ocupações alternativas geradoras de renda. Segundo o livro Jovens e Trabalho no Brasil desigualdade e desafios para as políticas públicas (leia abaixo, no Para ler no busão), uma parceria da Ação Comunitária e o Instituto Ibi, a dificuldade de se conseguir a primeira oportunidade de trabalho é pior entre os que têm renda familiar baixa. Os virajovens do Rio de Janeiro e do Espírito Santo foram às ruas para saber de adolescentes e jovens se...

Os programas de governo voltados à qualificação do jovem para o mercado de trabalho são eficientes? Ana Beatriz Marcarini, 17 anos, Vitória (ES) “São satisfatórios, mas não são excelentes. É uma oportunidade de preparar o jovem para o campo de trabalho. Também servem para o preenchimento das vagas de aprendizes que as empresas abrem e que pagam salários injustos. Contudo, vale ressaltar que o importante é a experiência adquirida, não o dinheiro”.

06 Revista Viração • Ano 8 • Edição 62

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rj@revistaviracao.org.br e es@revistaviracao.org.br).


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Arthur Soares, 17 anos, Vitória (ES) "Eles formam bons profissionais para atender a demanda do mercado de trabalho, mas, como as cotas nas universidades, é uma medida paliativa que serve apenas para reparar e não melhorar de fato a educação e formação de profissionais no Brasil”.

Sarah Dias Linhares, 19 anos, Vitória (ES) “A eficiência desses programas depende totalmente do jovem. Se ele quiser e se levar a sério, poderá extrair o máximo de informação possível, sendo preparado para o mercado de trabalho. Senão, será uma perda de tempo, fazendo o programa ficar ineficiente”.

Alana Manzoli de 17 anos, Vitória (ES) “Acho que os projetos são eficientes sim, mas precisa de mais, tanto no meio urbano quanto no meio rural”.

Patricia Ferreira da Silva, 15 anos, Rio de Janeiro (RJ) “Acho que não existe tanta oportunidade assim, não. Até já me inscrevi em alguns, mas até agora nada! Mas é certo que, com mais oportunidades assim, aprenderíamos muito”.

Tainá de Jesus, 15 anos, Rio de Janeiro (RJ)

Jhom Amaral, 18 anos, Vitória (ES)

“Vejo bastante oportunidades sim, pois os cursos geralmente são bons. Mas falta bolsa-auxílio e melhor enquadramento com o horário escolar”.

“Os projetos são eficientes sim, servindo como uma porta de entrada para os jovens no mercado de trabalho, mas como todo projeto, precisam de melhorias”.

Em 2008, a ONG Ação Educativa e o Instituto Ibi lançaram o livro Jovens e Trabalho no Brasil – Desigualdades e desafios para as políticas públicas. A publicação, de Maria Inês Caetano Ferreira, Maria Virgínia Freitas e Raquel Sousa, analisa a relação entre jovens, estudo e mercado de trabalho e foi baseada em dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD 2006). O livro apresenta seis diferentes situações da juventude que está em busca do primeiro emprego, como os que apenas trabalham, os que combinam trabalho e estudo e os desempregados que estudam. O arquivo pode ser acessado gratuitamente em: http://migre.me/ERYr

Faz Parte

Em 2005, o Brasil regulamentou a Lei do Aprendiz, que determina que toda empresa de grande e médio porte deve ter de 5% a 15% de jovens aprendizes, entre 14 e 24 anos, no quadro de funcionários. Mas para que isso aconteça, o jovem deve estar matriculado num curso profissionalizante, o que o diferencia da função de estagiário (profissionais vinculados à uma instituição de ensino fundamental, médio e superior). No entanto, o empregador deve assegurar o andamento da educação básica e fundamental do jovem aprendiz, caso ele ainda não tenha terminado os estudos. Como o decreto da Lei do Aprendiz foi redigido com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é garantido salário mínimo, jornada máxima de seis horas por dia, férias e fundo de garantia aos contratados. O decreto completo pode ser lido em: http://migre.me/EBPu


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Educação universal eito à Latino-Americana pelo Dir ha an mp Ca da a lei mb se Em debate na 6ª As modelo de educação atual, ou tic cri s ida Un es çõ Na s Educação, relator da ras e diversidade a e que não valoriza cultu list nti rca me ra ide ns co e qu

Vivian R

agazzi

Simone Nascimento e Vivian Ragazzi, da Redação

C

om o lema “educação é um direito humano – pela não-discriminação na educação na América Latina e no Caribe”, a Campanha LatinoAmericana pelo Direito à Educação (CLADE) reuniu 19 países no Memorial da América Latina, em São Paulo (SP), na 6ª Assembleia da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE), em maio. Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 20% a 30% das crianças com deficiência da América Latina e Caribe frequentam a escola. Na Colômbia, de cada 100 jovens afrodescendentes que terminam o ensino médio, apenas dois têm acesso a estudo superiores. 21% das pessoas adultas indígenas não sabem ler nem escrever no Peru, contra apenas 4% das pessoas que falam espanhol como primeira língua. No Brasil, a pesquisa mostrou que 99% da comunidade escolar admitem ter preconceito com algum grupo, como afrodescendentes, indígenas ou pessoas com deficiência. O evento teve a participação do costa-riquenho Vernor Muñoz, doutor em educação e relator especial das Nações Unidas sobre o Direito à Educação, que debateu sobre as formas de discriminação na educação com a socióloga Mariângela Graciano, a pesquisadora Analu Silva Souza, a jornalista Cláudia Werneck e o público participante. Segundo Vernor, a discriminação tem a ver com a exclusão de direitos e é um dos mais graves obstáculos que impedem a realização plena do direito à educação. Para o relator da ONU, isso faz com que as pessoas creiam que a desigualdade é normal, reproduzindo estereótipos e preconceitos. “A ideologia patriarcal sempre sustentou as relações de pobreza e miséria. É necessário desconstruir o tipo de sociedade com hierarquias para uma cultura de direitos humanos”, enfatizou. Vernor ressaltou ainda que, apesar de existirem programas educacionais de boa qualidade em diversos

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países, muitas deles não passam de “retórica vazia”. Para o relator, um dos problemas que dificultam a realização desses programas é a falta de comprometimento e atitudes equivocadas de alguns professores e gestores. “Temos que destacar que direitos humanos se desenvolvem com a prática cotidiana de liberdade, igualdade e dignidade. O programa educacional tem que estar ligado à prática docente para construir um ambiente favorável para mudar a educação.”

Pessoas invisíveis A jornalista Cláudia Werneck relembrou os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência no Brasil, historicamente excluídas da educação de qualidade. Uma das evidências desse tipo de discriminação é a dificuldade em encontrar materiais didáticos acessíveis para as pessoas com deficiência. O relator das Nações Unidas enfatizou que “os processos de homogeneização do Estado-Nação fizeram com que se considerasse que pessoas com deficiência não fossem produtivas. Por isso, foi concebida uma educação mercantilista e utilitarista que negou a educação humanitária e igualitária”. Para Vernor, produzir materiais acessíveis, apesar de um pouco mais caros, é essencial. “Trata-se de estabelecer prioridades. Educação é cara, mas futebol também é caro. Ir à Lua também é caro, é muito mais caro que a educação.” De acordo com a socióloga Analu Silva Souza, a população negra brasileira ocupa os piores índices nas avaliações de educação, sendo que são afrodescendentes a maioria dos estudantes da modalidade de ensino da rede pública Educação de Jovens e Adultos (EJA). A esse respeito, Vernor

Discriminação é um dos obstáculos mais graves que impedem direito à educação”, destaca Vernor Muñoz

Ma


Gilvan Barreto

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es/CLADE Maíra Soar

Dogna Hernandez, 46 anos, ensina um grupo de mulheres agricultoras como aplicar fertilizantes orgânicos. Macala é uma região empobrecida de Honduras, que produz café para exportação. O projeto nasce da iniciativa da organização social COMUCAP, que incentivou 48 mulheres a montar e manter suas pequenas hortas e formou seis técnicas como ela, para ensinar suas companheiras. É fundamental que os Estados de nossa região possam promover uma educação inserida em seu contexto, que dialogue com seu meio. Macala, Honduras, 2007

B. Hege r

Min Marcelo

A estudante da foto tem deficiência visual. A escola Novo Ângulo Novo Esquema, atende pessoas com dificuldades de aprendizagem desde sua fundação, com uma proposta pedagógica inclusiva. Lá, não se separam estudantes com deficiência de estudantes sem deficiência. São Paulo, Brasil, 2009

Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) http://www.campanaderechoeducacion.org/

comentou que as comunidades étnicas não contam com marcos reguladores nem políticas públicas para garantir seus direitos. Outra realidade de discriminação foi apresentada por Mariângela Graciano, pesquisadora e assessora da Ação Educativa, que falou sobre o direito à educação nas prisões. Segundo ela, o acesso à educação é precário nas prisões, sendo que, caso haja qualquer revista nas celas ou suposição por parte dos carcereiros, as aulas são suspensas. “Existe uma tensão entre a lógica da educação e a lógica do controle”, reforçou Mariãngela. Também não existe qualquer instrumento de registro das atividades educacionais. A situação piora com a pouca fiscalização e nenhuma pressão da sociedade civil por uma educação de qualidade nos estabelecimentos prisionais.

Vernor lembrou que o direito à educação é fundamental e habilitador, porque realiza todos os outros direitos. “Pesquisas mostram que os adolescentes que saem das prisões não têm mais acesso à educação. Deveria haver qualidade igual ao sistema educacional de fora dos presídios, que permitam construir capacidades para responder às necessidades de suas famílias.” O relator finalizou dizendo que é necessário respeitar, proteger e legitimar a diversidade no sistema educativo. “Não podemos permitir que comportamentos ultrapassados continuem a existir. Não podemos deixar que o preconceito permaneça invisível.” V

Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 09


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a r e l a G

r e t r Repó

A M R U T A D I A OP

Fernando Lana, do Virajovem São Paulo (SP)*, Jaqueline Silva e Leonardo Bello, da Plataforma dos Centros Urbanos, Luciano de Sálua, Simone Nascimento, Rafael Stemberg e Vivian Ragazzi, da Redação

Com 74 anos, Mauricio de Sousa não pensa em aposentadoria e, após a criação da Turma da Mônica Jovem, fala em histórias para o público da terceira idade

É

muito difícil encontrar um brasileiro que não conheça a Turma da Mônica. Os personagens são responsáveis, por meio dos gibis e revistas - que já venderam mais de 1 bilhão de exemplares - pela alfabetização de muitas crianças, público que, mesmo ao crescer, continua acompanhando as histórias ou consumindo um dos mais de 3 mil produtos licenciados com a marca da Turma. E essa fidelidade é recíproca. O criador da Turma, o cartunista Mauricio de Sousa, criou até histórias para acompanhá-los, como a Turma da Mônica Jovem, que faz muito sucesso também entre os adultos. A preocupação com questões sociais também está presente na marca da Turma, fato que rendeu, em 2007, o título de embaixadora do Unicef no Brasil para a personagem Mônica, e a Maurício, o título de Escritor do Unicef para as Crianças. O cartunista recebeu o Virajovem São Paulo em seus estúdios e conversou com a galera. Confira!

Arquivo Pessoal

Viração: Você já foi repórter policial, mas o desenho falou mais alto. Hoje em dia, de alguma forma, você procura conciliar o Jornalismo com os quadrinhos? Mauricio de Sousa: Sempre tentamos buscar temas que estejam ligados aos acontecimentos, mas não temos o compromisso com o tempo da forma que os jornais e revistas

têm, algo factual. Com a gente, isso acontece muito com a linguagem da criançada. Acompanhamos as mudanças e as colocamos nas histórias. Existem alguns personagens com deficiência na turminha, como a Dora, que é cega, e o Luca, cadeirante. Qual é a receptividade do público com relação a eles? Nós nos preocupamos com a inclusão nas histórias e colocamos isso em nossa pauta. Quando criamos um personagem com deficiência, o fazemos para que seja aceito como outro personagem da Turma, e não passageiro. A Dorinha, por exemplo, conseguiu cumprir esse papel e hoje está inserida nos quadrinhos. Isso aconteceu com o Caio, das histórias da Tina, que muitos leitores interpretaram como um personagem homossexual? Houve uma grande reação. Mais de 90% do público agiu positivamente. Nesse caso, depende muito da leitura que você faz da história. Ele pode ou não ser homossexual. Isso foi bom para abrir a discussão do tema entre os leitores. Penso que mesmo com 20, 30 anos de democracia, velhos tabus se mantêm e é muito difícil desraigá-los. Como a história em quadrinhos cai nas mãos de pessoas de todas as idades, temos o cuidado de inserir novas propostas e, mesmo assim, há complicações no decorrer do processo, isso faz parte da evolução humana. Então, não devemos nos acovardar e

Linha do Tempo Filho de poetas, Mauricio de Sousa nasceu em Santa Isabel (SP), em 1935.

1935 10 Revista Viração • Ano 8 • Edição 62

Mauricio ao lado de seus colegas de escola, aos 15 anos.

1950

Mauricio (no centro) trabalhou como repórter policial. Em 1959, começou a fazer as primeiras tirinhas com o cãozinho Bidu e seu dono, Franjinha.

1959


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am os que nos cham á r ve ha e pr m Se emos algo que z fa is po s, ai ic de rad rompe padrões. e a in t o r a a r b que

i

Vivian Ragazz

passamos o que achamos que é certo. Do contrário, a Turma da Mônica não estaria, há 50 anos, alfabetizando muitas crianças e chegando a dezenas de países do mundo, dos mais diferentes credos, raças, costumes e religiões. Sempre haverá os que nos chamam de radicais, pois fazemos algo que quebra a rotina e rompe padrões. Quais foram os cuidados que vocês tiveram ao criar uma publicação destinada a crianças com câncer? Existe a possibilidade de deixar um personagem com câncer na Turma? Acho que não deve ter esse personagem, porque a história deve sugerir que o câncer é uma doença curável hoje em dia. Não teria sentido colocar um personagem que permaneça com câncer. Seria contra a proposta. Esse tipo de assunto deve estar em revistas especiais, sempre apontando formas de tratamento, os cuidados que se deve ter e as maneiras de prevenção Como você se sente sendo um grande educador, já que os quadrinhos ajudam muitas crianças a desenvolver o gosto pela leitura? Lógico que eu me sinto muito bem, mas ao mesmo tempo com muito mais responsabilidade, então vejo todas as histórias que são escritas. Se for preciso, leio duas vezes e procuro fazer isso com a visão do leitor, sempre me preocupando com a mensagem que se quer passar. Tenho certeza que o nosso leitor aprende com mais facilidade.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br)

A leitura dos quadrinhos da Mônica conquistou muitas gerações. Como se adequar aos novos tempos e à agilidade da internet? Sou a favor de qualquer nova plataforma de comunicação e temos de estar atrás delas. A equipe do nosso estúdio é composta por muitos jovens, e isso é para que não percamos a linguagem atual. Além disso, temos os colaboradores que não trabalham aqui na Redação, muitos são de Porto Alegre, Bahia, Manaus... Esse pessoal todo está me ajudando a criar histórias, na linguagem do dia, e não apenas de São Paulo, mas do País. Isso ajuda a universalizar o nosso material. Há também o fato de eu ter dez filhos, desde os 11 anos até 50. Cada um deles, em sua década, falou de maneira diferente e me ensinaram a linguagem de cada momento. Com o meu filho mais novo e os primos dele, costumo passear, ir ao cinema, e com isso fico sabendo o que está 'pintando por aí', o que gostam, o que usam, as músicas...Inclusive 'rettwito' para a equipe essas novidades. Turma da Mônica Jovem está fazendo sucesso entre adolescentes e adultos. É mais fácil conversar com esse público ou com crianças? É mais fácil conversar com quer te ouvir. Se você fizer um material adequado para a faixa de idade jovem, eles irão te ouvir. Então, a nossa preocupação aqui no estúdio é falar a língua dos grupos, das tribos...Estamos falando a língua da Turma da Mônica Jovem, da turminha mais nova, da turminha da Mônica clássica, e estão sugerindo que a gente fale com a Turma da Mônica “terceira idade” (risos). O que não é impossível...Antigamente, uma pessoa de 40, 50 anos era velha, hoje uma pessoa de 70, 80 anos não quer ser e não é velha. Modéstia à parte, eu tô trabalhando e não quero me aposentar, isso com 74 anos. Mas a ideia não é deixar a Mônica com mais idade, mas sim trazer os avós dos personagens para as histórias, criar quadrinhos com eles. V

Sua mais recente criação foi a Turma da Mônica Jovem com os personagens tradicionais crescidos dos 7 para os 15 anos de idade.

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Todos contra o “Belo Monstro” iderou propostas Governo federal não cons e o da Usina de Belo Mont alternativas à construçã Max Costa, colaborador da Vira em Belém (PA)*

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m meio à polêmica em torno da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, o Instituto Universidade Popular (Unipop) tem se posicionado contrariamente à construção do empreendimento e à barragem do Rio Xingu, no Estado do Pará. Marcada por sua atuação em defesa da Amazônia e do protagonismo popular, a organização integra o Comitê Xingu Vivo para Sempre que, desde setembro de 2009, tem promovido debates, seminários e manifestações de rua para aumentar a pressão política contra o projeto. A Usina de Belo Monte é um projeto marcado pela falta de transparência e por dezenas de irregularidades. O próprio Ministério Público Federal (MPF) move mais de dez ações civis públicas, questionando desde a forma como foi feito o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) da obra até o processo de licenciamento ambiental. Apesar de serem os principais atingidos pela obra, os indígenas não foram ouvidos, em um claro desrespeito à Constituição Federal, que lhes garante o direito a oitivas (termo jurídico para audições) em suas aldeias, para que possam manifestar sua opinião. As audiências públicas realizadas foram um ataque à democracia, pois não atenderam todos os municípios envolvidos – de um total de onze, apenas três cidades da região do Xingu sediaram as audiências. Além disso, a presença da sociedade civil foi coibida por meio de forte aparato militar, e o Ministério Público sequer foi convidado para compor a mesa das audiências. Embora tenha sido liberada no início de fevereiro deste ano, a licença ambiental concedida pela presidência do Ibama ignorou o parecer 114/2009, elaborado por analistas ambientais do órgão, que aponta que o prazo estipulado para a análise do EIA-Rima foi insuficiente e impediu uma avaliação satisfatória. O documento indica que os impactos decorrentes do fluxo populacional por conta da obra não foram dimensionados e indicam que há um elevado grau de incerteza sobre a qualidade da água no reservatório dos canais. O parecer aponta, ainda, algo mais grave.

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“O estudo do hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade e as condições de vida das populações”, diz o parecer dos analistas. A falta de transparência em torno de Belo Monte pôde ser confirmada, durante o leilão da obra, no último dia 20 de abril, quando o governo federal utilizou sua influência política para derrubar liminares judiciais embargando o leilão. Isto mostra que o governo pretende “enfiar a obra goela abaixo dos povos da Amazônia”, para beneficiar o mercado e multinacionais, pois da energia gerada a partir de Belo Monte, 80% serão destinados ao eixo Sul e Sudeste, e os 20% que ficarão no Pará vão ser utilizados pelas mineradoras Vale e Alcoa. Estudos do professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica da USP, Célio Bergman, mostram que se as 157 hidrelétricas brasileiras fossem repotencializadas e tivessem seu parque tecnológico renovado, não seria preciso construir novas hidrelétricas, evitando novos impactos ambientais. Vale lembrar que as hidrelétricas emitem gás metano, que causa um impacto no aquecimento global 25 vezes maior que o gás carbônico. Na avaliação da Unipop, parceira da Vira, quando o mundo volta sua atenção para a questão ambiental, o governo federal dá um exemplo de atraso, usando práticas predatórias de desenvolvimento, quando deveria utilizar novas matrizes energéticas, como a energia solar e eólica, muito menos maléficas ao meio ambiente. V

José Cruz/ABr

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No soar dos tambores Cultura de is reúne Pontos de ta gi Di s re bo am -T s Teia 2010 integração de açõe e s ia nc riê pe ex de a todo o País para troc

Cobertura

Colaborati

va

Texto e fotos: Teófilo Girão, Demócrito Rocha, Rebouças Macambira e Nilson Holanda, dos Projetos Segura Essa Onda e Rádio-Escola pela Educação; integrantes dos Projetos Rede Boca no Trombone, Agência Torpedo de Notícias (ONG Catavento), alunos da escola Marieta Cals e Virajovem Fortaleza (CE)*

L

ogo no primeiro dia do evento, 25 de março, Fortaleza (CE) foi tomada por manifestações culturais e populares de todo os cantos do Brasil. Eram grupos de dança, música, teatro, mestres e aprendizes, todos na mesma sintonia. O evento, que aconteceu entre 25 e 31 de março, está na sua quarta edição e veio a Fortaleza para comemorar as conquistas e discutir os novos rumos e metas da cultura popular brasileira. Apesar do espaço Centro Cultural Dragão do Mar ter sido o palco principal, era possível ver e sentir a Teia por todo o centro. E a Agência Jovem de Notícias, uma parceria das ONGs Viração e Catavento Comunicação e Educação, esteve presente no maior evento de cultura popular brasileira. A banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho e o cantor cearense Raimundo Fagner foram algumas das atrações da Mostra Artística. Houve também um ato de coroação das Rainhas do Maracatu, em comemoração à abolição da escravatura no Ceará, que contou com a participação de artistas cearenses como o Pingo de Fortaleza e Calé Alencar.

Diversidade cultural e digital O termo “digital”, uma das bandeiras dos Pontos de Cultura, foi algo presente na

Teia deste ano. Conectados não só pelos movimentos e festividades culturais e sociais, as pessoas tiveram acesso à internet e computadores, formando um espaço de integração, aberto a todos os participantes do evento. Mas não foi só na rede mundial de computadores que a cobertura da Teia aconteceu. A rádio Rebuliço, às vezes itinerante e em outras sintonizada pelas Ondas do Rádio, deu vez e voz a todos que quiseram colocar a boca no trombone. Um espaço para apresentação cultural, reivindicação ou só para “dar as caras”. Um lugar democrático e participativo. Mas não foi só de festa que a Teia se fez. Os Pontos de Cultura se reuniam e definiram metas e estratégias durante o Fórum Nacional de Pontos de Cultura (FNPC), que foi nos dias 29 e 30. Diversos debates construíram propostas culturais que foram levadas para a plenária final, com os mais diversificados temas. O encerramento ficou por conta do cantor Chico César, consolidando o entendimento de que muito se tem a discutir em políticas públicas e sociais que possibilitem uma cultura que não seja apenas diversão, mas um fator de transformação. Na junção da arte, da educação e outras políticas, teremos um Brasil mais cultural e social para todos. V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ce@viracao.org)

Cortejo Cultural segue à beira-mar e chama a atenção na capital cearense

Todas as produções feitas durante a Teia Brasil 2010 – Tambores Digitais estão no site www.agenciajovemdenoticias.org.br. Acompanhe também a cobertura colaborativa feita pelos participantes no site www.teia2010.org.br

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'Herrar ' o n a m U é em essa adores esclarec ic n u m o C s te Adolescen a Portuguesa Museu da Língu

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questão em visi

Jaqueline Lima, Silvia Ariel e Verônica Mendonça, adolescentes comunicadoras da Plataforma dos Centros Urbanos* Fotos: Adolescentes Comunicadores

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m maio tivemos um dia de formação da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) diferente: saímos da nossa rotina da Vira e, em busca de conhecermos um pouco mais da nossa língua materna, fomos ao Museu da Língua Portuguesa, localizado no Edifício Estação da Luz, no bairro da Luz, em São Paulo (SP). Antes de entrar, ao sermos perguntados sobre nossas expectativas, dissemos que só pela palavra “museu”, a visita já nos remetia à algo velho e monótono. Porém, no momento em que passamos pela porta, vimos que estávamos prestes a acabar com esse 'pré-conceito'. Os espaços do museu pareciam não comportar tanto conhecimento e tanta cultura. Desde as origens até os dias atuais, a história do nosso idioma estava retratada numa mistura de tecnologia, informação, interatividade e criatividade. Nos computadores do segundo andar é possível descobrir a origem de palavras que utilizamos em nosso dia-a-dia e no “Mapa dos Falares”, ouvir relatos de pessoas que vivem nas mais diversas regiões do País, dando ênfase aos sotaques e gírias de cada um. Foi tão diferente de que esperávamos que gostaríamos de ter um dia inteiro para explorar cada canto do museu, que está em seu quarto ano de funcionamento. E daí em diante foram só novas descobertas: você sabia que o português origina-se do latim? Que todas as línguas sofrem constantes transformações? E que a visão de certo e errado varia de acordo com a situação, pois às vezes a pessoa se sente inteligente por saber falar tudo certinho, mas muito mais inteligente é aquele que sabe ajustar seu discurso ao momento e à pessoa com quem fala, afinal, assim é muito mais provável que ele consiga se fazer entender. Por mais contraditório que pareça, existe o errado do certo e o certo do errado. Já parou pra pensar nisso? Às vezes uma

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pessoa não consegue se apropriar da sua própria língua por não conhecer as diversas possibilidades nela existentes, por pensar que somente o que se aprendeu nos livros da escola é o certo. Na verdade, precisamos saber falar de diferentes maneiras de acordo com as diversas situações. Por exemplo, com um amigo é habitual usar gírias, porque é mais prático e tem mais sentido. Já com seu chefe, o adequado é falar de uma maneira mais formal. Ao longo do dia foram surgindo mais assuntos e a cada minuto ficávamos mais maravilhados com o que víamos, mas como tudo que é bom, nosso passeio chegou ao fim. O maior presente do dia foi notar a riqueza e complexidade da nossa língua, atribuídas ao fato de ela estar sempre se transformando e contar com cerca de 190 milhões de falantes (no Brasil) que a modificam todos os dias, a cada esquina, em cada casa, até mesmo sem que isso seja percebido. E como adolescentes comunicadoras, percebemos a nossa responsabilidade: passar, de forma clara, o objetivo da Plataforma, garantindo os direitos das crianças e adolescentes.

Depoimentos: “'Já é, tô dentro' (ao invés de 'Sim, irei') é uma das formas mais fáceis de comunicar aos meus amigos que 'vou para algum lugar'. O jeito de me expressar com o público daqui pra frente será diferente. Cada um com sua cultura e linguagem, do jeito que tem que ser e entender melhor.” Leonardo Bello da Silva, GA Heliópolis “Às vezes uma expressão pode significar algo totalmente diferente do que queríamos dizer. Falar corretamente não


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precisa ser necessariamente o certo, para saber se expressar de forma clara, que todos entendam.” Agda Bravos, GA Guaianazes “Embarcamos nessa jornada guiados por Lucas Daniel, professor de História. Nossa primeira parada foi na Árvore da Origem das Palavras. O que dizer deste momento? O máximo! Este foi o primeiro impacto sobre a diversidade e a origem das palavras que usamos em nosso cotidiano. Mas as surpresas não pararam por aí. Os corredores com vídeos iluminando o ambiente e os programas interativos nos fizeram viajar por todo o Brasil e a conhecer as diferentes formas de expressão em cada Estado.

Ainda tivemos a oportunidade de assistir alguns vídeos, como o das Quatro Normas, que foi super divertido. Também vimos outros dois filmes sobre palavras. O primeiro trouxe relato de pessoas de diferentes locais e origens. O outro continha projeções que apareciam por todos os lados, com poemas narrados nas vozes de pessoas conhecidas. Chegamos ao fim da nossa pequena jornada em busca do conhecimento. Um dia inesquecível para todos, com muitas descobertas, curiosidades, momentos, conhecimentos, e claro, lembranças de um dia que ficará guardado na memória de cada um de nós!” Adolescentes da PCU descobrem peculiaridades Kariny Sopranzi, de nosso idioma GA Parada XV de Novembro

V

m

Escuta Jove

Jaqueline Lima, Michel Santos e Wesley do Nascimento, adolescentes comunicadores da Plataforma dos Centros Urbanos* Nos dias 27, 28 e 30 de abril ocorreram os Encontros de Pólo da Plataforma dos Centros Urbanos das regiões leste, centro/ norte e sul, respectivamente. Contando com a presença das ONGs Cieds e Viração, os objetivos do encontro eram reavaliar como andam as expectativas de melhoria para as comunidades e ampliar a comunicação entre adultos e adolescentes para desenvolver um plano de trabalho dentro das comunidades. Na zona leste, os planos de ação foram complementados e foram pensadas atividades dos adolescentes para o mês de maio a partir das metas do grupo articulador (GA). Os adolescentes conversaram sobre maneiras de se expressar que abram novos horizontes e um mundo de novidades e educação para as comunidades. Foram citadas também diversas escolas para uma

reunião com a presença da diretoria de ensino, para que estejam de acordo a caminhar com a PCU para a melhoria de nossa cidade e com isso adquirir uma educação de qualidade. André Antunes Ribeiro, do GA Anhanguera, disse que achou interessante a troca de experiências entre as comunidades que o encontro de pólo possibilita. Sua expectativa é que o GA consiga mobilizar adolescentes nas escolas, melhorando assim a comunidade. A Plataforma pretende ampliar e expandir conhecimento, educação e projetos que tragam benefícios futuros não só para a periferia, mas para todos cidadãos brasileiros. É importante que todas as comunidades participem e estejam por dentro de tudo o que está acontecendo em nossa grande cidade, registrando cada passo.

*A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), desenvolvida em parceria com diferentes parceiros, que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes que vivem nas grandes cidades. A Plataforma está sendo implementada inicialmente nas cidades de São Paulo, Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com duração prevista até 2011. Os chamados adolescentes comunicadores são membros das comunidades que integram a PCU e são responsáveis por auxiliar na mobilização comunitária para a conquista das metas e comunicação de ações realizadas no âmbito de suas comunidades.

Museu da Língua Portuguesa: www.museudalinguaportuguesa.org.br Blog da Exposição “Menas: o certo do errado e o errado do certo”: www.menas.com.br Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 15


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Ivo S sa ou

A C E o n o De olh Equipe do Portal Pró-Menino*

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Constituição Federal diz, no seu artigo 227, que é dever de todos os adultos proteger a criança e o adolescente, garantindo seus direitos fundamentais e colocando-os a salvo de qualquer tipo de violação. E determina onde isto deve ocorrer: na família, na sociedade e no Estado. Isso se fundamenta na condição peculiar da criança e do adolescente, de ser uma pessoa ainda em desenvolvimento e que, portanto, merece especial atenção. A família representa o primeiro espaço de garantia de direitos, o primeiro ninho de proteção e acolhimento da criança. A sociedade, por sua vez, também deve respeitar os direitos infanto-juvenis, contribuindo em uma espécie de pacto tácito pela sua preservação. E, por fim, o Estado deve ser o porta-voz e o garantidor destes direitos, oferecendo serviços de diversas naturezas que garantam sua efetivação, como escolas e postos de saúde. Assim, família, sociedade e Estado têm papéis complementares e um não pode substituir o outro porque suas naturezas são muito diferentes. No entanto, a violação de direitos pode ser praticada justamente pela família, pela sociedade ou pelo Estado. O abuso sexual intrafamiliar, por exemplo, é uma violação cujo agente está na intimidade da criança, podendo ser o seu próprio pai. E, nesse caso, como encaminhar a situação? O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado dois anos após a Constituição Federal, veio justamente regulamentar seu artigo 227, de modo a deixar explícito para todos como os direitos infanto-juvenis poderiam ser, de fato, exigidos e cobrados. E é aqui que o ECA determina que a atuação de todos em torno da criança e do adolescente deve se dar de modo articulado e em rede, e nunca de maneira isolada. Nos casos de violação de direitos, a importância do trabalho em rede fica até mais fácil de compreender, apesar dos desafios que sua prática envolve. Em torno do caso de uma criança que sofre abuso sexual de seu pai ou

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padrasto, deve haver uma grande articulação: as áreas da justiça, da educação, da assistência social e da saúde, para citar exemplos, devem ser necessariamente envolvidas. E trabalhar de modo conjunto, para que a criança possa se restabelecer e retomar sua vida com dignidade, procurando ao máximo reduzir o risco de conseqüências psicológicas e físicas. A “incompletude institucional”, de que fala o ECA, significa exatamente essa complementaridade de esforços para atingir o melhor resultado possível. Por isso, a resposta mais correta para a pergunta de quem pode ajudar uma criança abusada sexualmente é um conjunto de pessoas, instituições e ações, que, de forma articulada, devem agir para retirar a criança desta situação, para que os seus efeitos sejam os menores possíveis e apoiá-la para que isso não mais aconteça. V

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

O Portal Pró-Menino lança, com algumas ações especiais, uma seção voltada ao enfrentamento da violência sexual no dia 18 de maio. Não deixe de visitar: www.promenino.org.br

Lentine

Quem pode ajudar uma criança que está sendo abusada sexualmente?


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Capa

Amizade animal

Mas é a cabeça e para a saúde. ra pa m be faz ais im an Interação com amigos idar dos nossos melhores cu r be sa e el áv ns po res importante ser Maria Camila Florêncio da Silva, do Virajovem Recife (PE)*, Maria de Fátima Ribeiro, do Virajovem Lavras (MG), Simone Nascimento e Vivian Ragazzi, da Redação

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Rafael Stem

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m aquário no telhado. Achou a ideia muito doida? Pois é, alguém já pensou nisso – e construiu um “lago” artificial, para que seus peixes tivessem mais espaço para nadar. O telhado de casa, plano, parecia um bom lugar para o empreendimento. Aproveitando sobras de material de construção de casas vizinhas, Leandro da Silva Alves, na época com 13 anos, construiu com tijolos

Leandro já levou uma cabra para casa

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o espaço para seus peixes. Não contou para ninguém. Uma noite, enquanto dormia, seu irmão mais velho, Rafael Silva, notou uma goteira insistente. Achou estranho, pois não estava chovendo. “Subi no telhado e encontrei o aquário”, lembra. Além do lago, que compreendia praticamente todo o telhado, também eram criados coelhos. O interesse de Leandro pelo mundo animal começou na infância. “Talvez eu tenha desenvolvido esse amor por animais por morar numa região muito arborizada, próxima ao Pico do Jaraguá (ponto mais alto de São Paulo). Sempre convivi com bichos como tucanos, macacos e cobras - alguns chegavam a entrar em casa e na escola”, conta Leandro. O jovem também se divertia com as idas ao sítio do tio, em Piedade, interior de São Paulo, quando podia passar o dia todo ajudando a cuidar de bichos como vacas e cavalos. Mas a “excentricidade” do aquário, que foi destruído a pedido do irmão, não foi a única. O adolescente chegou a levar uma cabra para casa, aos 12 anos. Por um dia, ela dividiu espaço na garagem com o carro da irmã. Novamente, quando Rafael chegou, ele se surpreendeu com a ousadia e pediu para que Leandro levasse a cabra embora. “Apesar de morarmos em uma região de Mata Atlântica, é um bairro urbano, não tínhamos como cuidar de uma cabra”, justifica. A saída foi pedir a um amigo que abrigasse a cabra em seu sítio. “Mas continua sendo minha, sempre passo lá”, conta Leandro. Assim como ele, muita gente adora cuidar de animais. Só na capital paulista, segundo dados de 2002 do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), existem 1,5 milhão de cães e 230 mil gatos supervisionados. Estimase que para cada 4,5 moradores exista um cão. Talvez Leandro nem perceba, mas provavelmente está ganhando em sua interação com os animais. Desde que haja responsabilidade e bom senso no convívio com os animais, é possível obter ganhos para a saúde física e mental, como explica o veterinário Mauro Lantzman,

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professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e pesquisador da relação homem-animal. “A companhia dos animais e o fato de tocá-los, fazer carinho, traz benefícios para os seres humanos, promovendo motivação e distração”, ressalta.

Projeto Bichos

utores

Senhores Do

Amigos e terapeutas Presente no Brasil desde os anos 1980, a zooterapia ou TAA (terapia assistida com animais) aposta no convívio com animais como assistentes no tratamento de doenças e para reabilitação de pessoas. Cachorros e cavalos são os mais utilizados, mas existem organizações que trabalham com todos os animais domesticados. Em Lavras (MG), o Centro de Equoterapia, instituição filantrópica sediada na Universidade Federal de Lavras (UFLA), conta com uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e cuidadores de cavalos. As sessões de equoterapia são gratuitas e não há idade mínima para começar a atividade. No Centro de Equoterapia, há crianças que iniciaram aos dois anos. A equoterapia tem como objetivo proporcionar confiança, ganho de força muscular, equilíbrio e coordenação ao paciente. “O cavalo, por ser um animal robusto, forte, traz uma sensação de poder e independência”, destaca Regilane Vilas Boas, fisioterapeuta responsável pelo Centro. “Psicologicamente, essa relação faz muita diferença na vida e no dia-a-dia do praticante”, afirma.

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Virajovem Lavra

Sessões de equoterapia trazem confiança, equilíbrio e coordenação motora aos praticantes

Projeto Bichos Senhores Doutores atua com terapia assistida com animais

“A aproximação entre animais e seres humanos traz enormes ganhos para pessoas com deficiência, como paralisia cerebral, Síndrome de Down e outras síndromes congênitas”, ressalta Regilane. Para estar apto para a função, o cavalo deve ter características morfológicas e psicológicas adequadas, altura certa, saúde física e mental perfeitas e a marcha correta. Nicoly Wilden, de 16 anos, está no primeiro ano do ensino médio e tem paralisia cerebral. Faz cerca de um ano que a adolescente começou a praticar equoterapia. Segundo Regilane, Nicolly não andava quando chegou ao Centro. “Hoje vemos a menina sair do carro, caminhar e montar em um cavalo grande, o Gigante”, comemora a fisioterapeuta. Nicolly é conduzida por um guia, um estudante de Educação Física e dois mediadores, que têm o papel de tocar o cavalo, colocá-lo na marcha certa e dar suporte. Nicolly sorri, conversa com as pessoas, com Gigante faz seus exercícios. “Estou muito feliz, quero continuar praticando”, disse a jovem ao Virajovem Lavras. Outro praticante é Gustavo Ketler, de 28 anos, que tem síndrome de Down. Regilane diz que, quando Gustavo começou a praticar a equoterapia, há três anos, sua pressão abaixou e ele passou mal. Problema superado. “Amo os cavalos, amo estar aqui”, diz. Iniciante, Matheus Antonio de Carvalho, de 16 anos, estava muito animado em sua primeira sessão de equoterapia. Matheus tem problemas na medula e precisa fortalecer as pernas. Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 19


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Capa Virajovem

“Quero estar com as pernas fortes para andar de skate”, afirma, sorrindo. Em Alfenas (MG), o Projeto Bichos Senhores Doutores, que conta com cerca de 20 estudantes de Veterinária voluntários da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), trabalha com animais como cachorros, tartarugas e coelhos. Os estudantes, coordenados pela professora responsável Taís Soares, fazem visitas semanais a instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e o Educandário Santa Inês. “São nítidas as mudanças no dia-a-dia das crianças e adolescentes”, conta uma das coordenadoras do projeto, Marcela da Silva Gonçalves, de 22 anos. “Uma menina com paralisia cerebral, que falava apenas “papai” e “mamãe”, sempre diz o nome da cachorra que costuma ficar com ela, a Mel”, diz. Segundo Marcela, os fisioterapeutas também notam recuperação de movimentos em algumas pessoas com deficiência, quando tentam brincar e escovar os cachorros, por exemplo. Além das características bem conhecidas dos cães, como companhia e segurança, eles também auxiliam na locomoção de pessoas com deficiência visual. No entanto, eles ainda são bem poucos. Existem apenas 60 cãesguias, para um universo de 1,4 milhões de pessoas com deficiência visual no País, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. O treinamento com cães-guias demora dois anos e pode custar R$ 25 mil. As pessoas cadastradas em organizações como o Projeto Cão-Guia e na Escola de Cães-Guia Helen Keller não pagam pelo animal, mas precisam enfrentar uma fila por tempo indeterminado. Normalmente, os cães utilizados como cãesguias são das raças labrador, por sua docilidade, mas existem cães-guias boxers, dálmatas e pastores-alemães. De acordo com o Projeto Cão-Guia, do Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (Iris), os cães-guia proporcionam mais segurança, independência e liberdade, garantem velocidade e desenvoltura na locomoção e encontram pontos de referência, como escadas, portas e cadeiras, o que auxilia as pessoas com deficiência visual. V

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Lavras

Relação antiga Pinturas rupestres com desenhos de animais e objetos como utensílios e artefatos de luta indicam que a relação dos homens com os animais vêm de longa data – cerca de milhares de anos. São comuns pinturas de cervos, cavalos e bisões em sítios arqueológicos. Ainda na Pré-História, os seres humanos começaram a domesticar animais para uso na pecuária, caça, segurança, transporte e companhia. Estudos indicam que os cães, que provavelmente descendem dos lobos cinzentos, foram os primeiros animais a serem domesticados pelo homem, há cerca de 100 mil anos. Na mitologia egípcia, também não faltam menções a eles, que passaram a ser mumificados. Eles são encontrados ainda em mitologias nórdicas, japonesas, romanas e gregas. Outros animais bastante populares são os gatos. As primeiras associações entre homens e gatos datam de 9500 anos na ilha de Chipre. Quando as populações deixaram de ser nômades, as pessoas passaram a depender da agricultura. No entanto, a produção e armazenamento de cereais atraiu roedores, e é nesse momento que os gatos entraram em cena, passando a eliminar ratos e camundongos que destruíam os estoques. Os gatos também eram venerados no Egito, assim como os cachorros. Gravuras, pinturas e estátuas de gatos demonstram que a relação entre homens e estes animais existe há pelos menos 5 mil anos. Os gatos eram inclusive considerados animais sagrados por estas culturas. Tanto que, se um viajante tentasse traficar um gato, sofreria pena de morte (o mesmo ocorria com quem matasse um gato). Em caso de morte natural, os donos usavam trajes de luto.


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Virajovem

Recife

Responsabilidade na adoção Claro que ter um animal em casa é legal, mas é importante lembrar que não basta dar um teto para o bichinho. É importante ter responsabilidade e assegurar que ele cresça com saúde e respeito. Também vale a pena adotar, já que não faltam animais nos abrigos. Recentemente, a atriz Betty Gofman aproveitou o espaço da mídia para chamar a atenção para o problema do abandono e crueldades sofridas pelos animais. Ao procurar um adotante para a cadela “Boneca”, que levou um tiro, a atriz procurou estimular a adoção responsável e salientou que o animal é um ser vivo, que não pode ser simplesmente descartado. A recifense Milena Fentes, de 23 anos, adotou cinco cães, todos com nome de pedras preciosas. “Antes eu achava uma besteira quando as pessoas chamavam o animal de 'meu filhinho' e ficavam cheias de dengos. Mas você só sabe o valor quando passa a ter um. O carinho que a gente dá, recebe em dobro”, afirma. “No início, quando a Tina apareceu lá em casa, eu não quis, mas aí nos apegamos. Tem que ter responsabilidade e assumir, porque o animal depende de você”, salienta a pernambucana Sônia Trindade, que está com Tina há oito anos. O processo de adoção é gratuito, e os abrigos estão lotados de cães e gatos à espera de adoção. O interessado precisa apenas assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a cuidar bem do animal. Para ser adotado, o animal recebe vacina contra raiva e é esterilizado. Em Recife, são adotados em média 30 animais domésticos por mês, segundo a ONG Arca Brasil, que lançou o projeto Adotar é tudo de bom! com o auxílio de veterinários voluntários por todo o País. Se você está interessado em adotar um animal, vá ao site da Arca Brasil, veja os 10 mandamentos da posse responsável e certifiquese se você realmente tem condições de assumir este compromisso.

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pe@viracao.org e mg@viracao.org)

A jovem Milena, de Recife, adotou cinco cachorrinhos

Projeto Adotar é tudo de bom! www.arcabrasil.org.br Projeto Cão-Guia www.iris.org.br


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Salada mista ^ contemporanea Carolina Santos, do Virajovem São Paulo (SP)* e Eric Silva, da Redação

A

ssunto recente nos noticiários nacionais e internacionais, as populares shag bands ou “pulseirinhas do sexo” voltaram às manchetes de jornais brasileiros quando casos de violência sexual surgiram em algumas regiões do País, que passaram a proibir o uso do acessório. Mas o caso mais marcante foi a de uma adolescente, de 13 anos, violentada sexualmente por quatro jovens na cidade de Londrina (PR). A mãe da menina relatou à polícia que a estudante foi abordada pelos rapazes após a aula, quando um deles arrancou uma das pulseiras usadas por ela e a obrigou a pagar uma prenda por isso. Após arrebentar a pulseirinha, foi marcado um encontro na casa de um dos garotos, o único com mais de 18 anos, onde a menina teria sido abusada sexualmente. Outro caso que teria relação com as pulseiras aconteceu em Manaus (AM). A polícia está investigando a morte de uma estudante encontrada num hotel da cidade, na Páscoa. Com os acontecimentos, a proibição do uso e da venda foi a medida encontrada por pelo menos quatro cidades brasileiras: Rio de Janeiro (RJ), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Londrina (PR). Já nas cidades de Sertãozinho (SP), Maringá (PR) e Navegantes (SC), o uso está proibido nas escolas.

Entenda o jogo O jogo, chamado Snap (arrebentar), surgiu na Inglaterra e virou moda entre

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idem es, as pulseiras coloridas div Proibidas em algumas cidad em tação sexual que elas possu opinião sobre possível cono

crianças, adolescentes e jovens que, por meio das pulseirinhas coloridas de silicone, criaram um código com conotações sexuais. Pelas regras, o garoto ou a garota que quebrar a pulseirinha do outro terá direito a um “bônus”. Cada cor corresponde a uma ação, que varia de um abraço (amarela) a uma relação sexual (preta). O uso das pulseiras coloridas no Brasil estourou no fim do ano passado e elas podiam ser encontradas facilmente em lojas e camelôs, sempre a preços acessíveis. A moda ganhou o gosto dos jovens que passaram a usá-las, em dezenas, nas escolas, em casa e nas ruas. A discussão sobre o acessório surgiu porque se descobriu que ele não era apenas algo que a galera achava legal e bonito de se usar, mas era também uma brincadeira com significados maiores. O estudante de Goiânia (GO) Santiago Plata Garces, de 16 anos, acha que a proibição das pulseiras não resolve o

problema e aponta alternativas. “Acho que melhor do que proibir é ensinar e educar, conversar de uma forma mais clara e aberta sobre sexualidade”, diz. Ana Beatriz Sava, de 16 anos, tem a opinião parecida com a de Santiago. “Conscientizar os jovens sobre a pulseira é a coisa mais sensata a fazer, porque os jovens ainda têm dúvidas sobre sexo”, conta a estudante de Santo André (SP). Tempos atrás, uma brincadeira parecida, por envolver troca de afetos e carícias, chamava-se “salada mista”. Ao longo dos anos, outras brincadeiras também apareceram até chegarmos às atuais pulseiras coloridas. Para alguns jovens ouvidos pela Vira, a brincadeira é apenas uma maneira dos adolescentes manifestarem a descoberta da sexualidade. “Abolir as pulseirinhas é uma atitude que não vai adiantar em nada, porque quanto mais se proibir, mais os jovens vão querer usar”, completa Ana Beatriz. Já na enquete promovida pelo Portal da Viração (www.viracao.org), a maioria dos leitores foram favoráveis à proibição do adereço. Até o fechamento desta edição,


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Significado das cores

Laranja significa uma “dentadinha de amor”

Amarela significa dar um abraço

Azul fazer sexo oral

Vermelha tem de fazer uma dança sensual ou strip tease Verdes são as dos chupões no pescoço

Roxa dá direito a um beijo com língua

Cor-de-rosa a menina tem de mostrar os seios

Preta significa fazer sexo com o rapaz que arrebentar a pulseira

pulseiras tiveram, a solução mais fácil, encontrada por grande parte da população, é vetar a utilização do acessório. “A proibição dificilmente será a melhor solução, seja qual for o problema. As pessoas já assimilaram este conceito sexual às pulseirinhas e podemos notar o reflexo na enquete realizada. Proibir tira o problema do ar por pouco tempo e depois as pessoas encontram outras maneiras de manifestar a sua sexualidade”, afirma Terine.

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ou

O estudante Santiago acredita que enquanto a discussão sobre sexo ainda tiver algumas barreiras, problemas como o de Londrina continuarão a acontecer. Para isso, a psicóloga Terine dá a dica: “O mais interessante é ter essas discussões com os adolescentes e levá-las para suas casas, encontrando soluções conjuntas com os seus responsáveis. Só assim conseguiremos resolver o problema”, conclui. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br) Sxc.hu

42,10% responderam estar de acordo com as medidas de veto ao uso e venda da pulseira, enquanto 34,20% são contra essa medida, opinando ser de responsabilidade de cada pessoa a conscientização sobre o uso. Já outros 23,70%, acham ser tarefa dos pais discutir com os filhos a questão. Pedimos para que psicóloga Terine Husek Coelho analisasse os dados da enquete. Segundo ela, por conta da repercussão negativa que o uso das

Dourada fazer todas as intimidades citadas acima

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Que estilo cola

ComuniCação ao ser dono de um site, iso ec pr é o nã e lin on s rmaçõe Para compartilhar info e qualquer assunto br so a st vi de o nt po u r o se basta criar um blog e da

Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)* e Simone Nascimento, da Redação

A

internet é uma das maiores formas de comunicação da atualidade. Ela permite que diversas pessoas possam se conectar a diferentes partes do planeta por meio de ferramentas online. E uma dessas ferramentas, os blogs, tem grande destaque no atual cenário e vem permitindo que pessoas de todo o mundo possam se expressar sobre qualquer assunto. Antes do formato atual, o espaço do blog era muito utilizado para a criação de listas e fóruns de discussões. Da forma como o conhecemos hoje, ele é bem mais do que um simples diário online. O sucesso dos blogs é tanto que existem até concursos que premiam os fazedores desses espaços, os chamados blogueiros. Além disso, a interatividade proposta pelos blogs fez com que muitas empresas e organizações criassem espaços paralelos aos sites oficiais. Mas nem sempre é assim. Em 2009, o governo federal criou o Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/), instrumento para divulgar textos, fotos e vídeos relacionados à agenda do presidente da República. Para isso, uma equipe de jornalistas foi contratada para se dedicar a essas tarefas. Porém, quando o blog foi lançado, inúmeras críticas surgiram por conta da falta de interação permitido pelo espaço, já que o leitor não pode postar comentários. Polêmica criada, solução encontrada. Mas não pelo governo, que mantém a mesma estrutura até hoje. O blog ganhou um clone, com as mesmas informações, reproduzidas do original, porém com a possibilidade de inserir comentários ao final de cada postagem. Feito pela jornalista Daniela Silva e o consultor de internet Pedro Markun e tendo o mesmo nome do original, o genérico Blog do Planalto (http://planalto.blog.br/) é diferenciado apenas por alguns aspectos visuais. Vitor Martins, blogueiro de 19 anos, conta que a faculdade o incentivou a criar um blog. “Desde cedo, sempre fui muito ligado às redes sociais. Ia sempre seguindo o que estava em alta. Quando tinha 17 anos, passei a cursar faculdade de comunicação e decidi que queria ter um blog, com notícias sérias”, conta o estudante do primeiro ano de Jornalismo.

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Vitor possui três blogs, cada um com assunto diferente. O Fantástico Fusca Verde (www.ofantasticofuscaverde.com), seu primeiro blog, é o que lhe rendeu mais visibilidade no mundo virtual. “No FFV, eu sempre fazia piada com tudo e mostrava algumas novidades de maneira divertida. Já no último que fiz, o Break Your Little Heart in 2 (www.breakyourlittleheartin2.wordpress.com). posso postar o que eu quiser, sem medo de agradar ou não”, conta. Existem diversos provedores para blogs. Os mais populares são o Blogger e o Wordpress, que oferecem serviços gratuitos aos usuários, são de fácil utilização e permitem que o próprio internauta crie a estrutura visual (layout) da página Os blogs também possuem integração com diversas redes sociais, como o Facebook e Orkut. Ligação que atrai novos leitores. Com a chegada do Twitter (microblog que limita a postagem de informação em 140 caracteres), muitos dizem que os blogs estão com os dias contados. O estudante Vitor discorda disso. “Acho que os dois são aliados. No Twitter você pode divulgar qualquer coisa, e, se for esperto, pode usá-lo para promover o seu blog. Você identifica seu público-alvo, que são as pessoas que te seguem. Logo, elas estão ali para ler o que você tem a dizer.”

Comente e será comentado Para quem está começando, a dica é apostar na divulgação. Do contato blogueiro-leitor, constituído por meio dos comentários após as postagens, surge a blogosfera, termo que designa uma rede ou comunidade de blogs, contato possível graças à primeira regra da blogosfera, o famoso “comente para ser comentado”. Vitor ainda diz ser essencial que o blogueiro iniciante escreva sobre o que gosta. “Acho que esse é o grande segredo. Escrever sobre o que você gosta. Cada ser humano é de um jeito, mas você não está sozinho no mundo em relação aos seus pensamentos e preferências. Em algum lugar, neste mundo com 6 bilhões de pessoas, deve existir alguém que pense como você, e esteja disposto a compartilhar suas ideias”, conclui. V


q_estilo_cola_62:Layout 1 25/05/2010 10:48 Page 17

alCanCe de todos De weblog para blog O termo weblog foi criado por Jorn Barger, em 1997. Já a abreviação blog foi feita por Peter Herholz, que desmembrou a palavra weblog para formar a frase we blog ("nós blogamos") numa brincadeira em seu site, em 1999, quando o termo ganhou o gosto popular.

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Fazer comentários nos espaços alheios e abusar da criatividade atraem visitantes aos blogs

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Faça Vir

Criar um blog é simples. Se você ainda não tem, selecionamos algumas dicas para você explorar esse espaço. Depois mande o link pra gente (redacao@viracao.org) que iremos gostar de ver o resultado!

1 – Antes de montar sua página na internet, escolha um

tema que goste de falar, algo que tenha afinidade e saberá indicar referências. Procure estar atualizado com as informações desse assunto.

2 – Escolha uma plataforma que lhe permita montar uma

identidade visual de acordo com sua personalidade, gostos ou com o tema que resolver falar. Existem sites que oferecem esse serviço, alguns pagos e outros livres. Entre os gratuitos, em português, os exemplos são o WordPress (br.wordpress.org) e o Blogger (www.blogger.com).

3 – Crie regras de uso, se tiver colaboradores, e de

participação (comentários livres ou com liberação do moderador). Mas não seja tão radical, pois se o seu blog

estiver muito “engessado”, você corre o risco de espantar o público. Use e abuse das ferramentas de interação, como enquetes, fóruns e chats. A galera também quer participar.

4 – Lembre-se que está num ambiente virtual e muita

gente terá acesso ao que publicar. Então, tome cuidado ao colocar fotos (suas, de amigos ou familiares), dar informações como endereços e dados pessoais. Cuidado também com o que escrever sobre outras pessoas, não julgue, ofenda ou acuse alguém sem provas.

5

– Faça-se conhecido na blogosfera: participe de fóruns e chats promovidos por outros blogs, sempre se apresentando e divulgando seu endereço. Responda os comentários de seus leitores, republique conteúdos de outros sites citando a fonte (isso fará com que a 'fonte' faça o mesmo). Neste último, veja se o conteúdo é livre para reprodução, do contrário, pode lhe trazer problemas (o material da Vira, por exemplo, pode ser usado à vontade).

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)

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Ao pé da letra as”;

“palavras doem mais do que tap Você já deve ter ouvido dizer que comunicação pare e reflita sobre como anda sua Douglas Lima, colaborador da Vira em São Paulo, e Carol Lemos, da Redação

A

o escrever este texto, escolhemos as palavras que irão dizer o que queremos. Algumas estão aí, e pronto, parágrafo finalizado. Outras, temos que refletir, sentir um pouco mais até achar as que realmente revelem o que temos a dizer. E isso não é à toa. Queremos que as nossas palavras cheguem ao leitor da forma mais clara possível, pois, como diz o professor de Teoria e História da Educação da Universidade de Barcelona Jorge Larrosa Bondía, as palavras fazem coisas com a gente (e a gente com elas). E já que isso acontece, que nos sentimos desse ou daquele jeito quando ouvimos palavras, algumas pessoas resolveram lutar para que certas palavras não sejam mais usadas, que outras sejam colocadas em seu lugar. Não se trata de querer podar ou limitar a liberdade de expressão, mas de propor uma reflexão sobre o uso e a escolha das palavras. Palavras que usamos quando falamos uns dos outros, quando nos referimos a nós mesmos ou a outras pessoas.

Cartilha Em 2004, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) lançou a cartilha Politicamente Correto & Direitos Humanos. O guia, que trazia 96 expressões do dia-a-dia para serem evitadas por conterem conotações pejorativas ou discriminatórias, causou polêmica entre jornalistas e políticos que consideram a iniciativa do governo federal uma forma de “censura textual”. Na época, o escritor João Ubaldo Ribeiro classificou a cartilha como algo “estarrecedor”. Na verdade, segundo a SEDH, a intenção era apenas apresentar à sociedade um texto educativo, convidando os cidadãos a uma reflexão sobre as palavras utilizadas. O manual, produzido em parceria com a Fundação Universitária de Brasília, foi retirado de circulação por conta da repercussão negativa. Entre as palavras citadas na cartilha, estavam os termos “aidético”, “índio” e “homossexualismo” (leia box ao lado). V

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Comunicação Não-Violenta (CNV) Embora possamos não considerar violenta a maneira como falamos, nossas palavras não raro induzem à mágoa e à dor, seja para os outros, seja para nós mesmos. A Comunicação Não-Violenta se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. É uma forma de comunicação que nos leva a nos entregarmos de coração em cada troca (ao ouvir e/ou ao falar) que realizamos e, com isso, percebermos nossos relacionamentos por outro enfoque. Na CNV é sempre importante ouvir e reconhecer os dois ou mais lados envolvidos. Pois não existe certo e errado e sim necessidades satisfeitas ou não. No caso da palavra "homossexualismo", não está errado seu uso, o importante é ver por detrás das palavras os sentimentos e as necessidades que levam as pessoas a utilizá-las, e que todos compartilhamos. A partir daí, encontrar estratégias (que pode ser, por exemplo, outra palavra) que atendam as necessidades de todos os envolvidos. Texto baseado no livro Comunicação Não-Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, de Marshall B. Rosenberg, Editora Ágora.

Como pode ser A Vira traz algumas palavras que, apesar de continuarem existindo na Língua Portuguesa, podem ser substituídas por outras. Confira: Pessoa em situação de rua: Todas as pessoas têm mães, datas de nascimento, histórias. O termo “morador de rua” indica preconceito, pois grande parte dessas pessoas não escolhem essa opção para viver. Utilize “pessoa em situação de rua”, que indica algo transitório. Pessoa vivendo com HIV/aids: Outras opções são “HIV positiva” ou “soropositiva”. A palavra “aidético” deixou de ser usada pelos movimentos de luta contra o vírus, por considerarem pejorativa. Homossexualidade: Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tirou o termo “homossexualismo”da Classificação Internacional de Doenças, passando a considerá-lo como uma orientação diferenciada. Nas ciências humanas, usualmente o sufixo “ismo” remete a um comportamento opcional ou condicional, para os quais pode haver uma solução, como doenças por exemplo. Pessoa com deficiência: Os termos “deficiente físico“, “aleijado”, “excepcional” e “especial” podem conotar incapacidade à pessoa. Em geral, quem está nessa condição prefere ser tratada como “pessoa com deficiência”.


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Andréia Martins, colaboradora da Vira em São Paulo (SP)

E

ncontrar a travessa Cambaratiba, em Perus (bairro da zona norte de São Paulo- SP), às 23h de uma sexta-feira não foi das tarefas mais fáceis. Depois de muitas idas e vindas, encontramos ali, ao lado da estação de trem, num beco sem saída – o Beco da Cultura –, jovens reunidos, música e muros grafitados que revelavam o lugar procurado. Se para uns uma jam session geralmente é feita apenas de músicos improvisando um som, no dia 16 de abril, a Comunidade Cultural Quilombaque mostrou que, combinando criatividade e cooperação, uma jam pode ser muito mais. Foi com essa vibe que a Quilombaque realizou a primeira "JamBaque, o corpo em todas as suas vibrações", uma jam de contato e improvisação que mesclou diversas formas de expressão: música, percussão, dança, rimas, vídeo-interação e performances. "A ideia era desenvolver várias atividades em uma noite só, trazer a dança, ritmos afro-brasileiros e o pessoal para interagir", diz Claiton Ferreira, um dos idealizadores do projeto. A noite reuniu nomes como Flai Tanda e Phanton, o grupo Umojá, os DJs MF e Pow e Klaujah e Fritz, fundador do Trio Mocotó que mostrou um

Coco e samba trouxeram cor e ritmo ao Quilombaque

pouco de seu novo trabalho, uma mistura fina de África com Brasil (ainda não lançado), e o rapper Rincon Sapiência. O Umojá, grupo de dança afrobrasileira, levou o maracatu e a ciranda para o Quilombaque, numa roda movimentada pelos vestidos e saias coloridas que rodopiavam ao som de coco e samba. “Quisemos trazer a improvisação por meio da dança a um lugar que não tem isso com muita frequência, ainda mais em um espaço distante que não tem recursos para desenvolver isso sempre”, diz Claiton. Agora, a ideia é realizar uma JamBaque por mês e, assim, continuar levando mais cultura e experiências para a comunidade de Perus. "A gente tem que trazer identidade para eles (jovens). Os jovens daqui do bairro só têm o que é colocado pra eles, então trazemos outras coisas, mesmo batendo de frente com a massificação", diz Claiton. A Comunidade Cultural Quilombaque é uma organização sem fins lucrativos que surgiu em 2005, a partir da iniciativa de um grupo de jovens moradores de Perus, que promove cursos e oficinas culturais abertas à comunidade. Hoje, reconhecida como Ponto de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo e pelo Ministério da Cultura, leva iniciativas culturais para rua em Perus e em outras regiões de São Paulo, como a Brasilândia, Morro Doce, Jaraguá e Cohab Taipas. V

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Para Sabe Mais

Jam Session significa reunir músicos, de diferentes estilos musicais, para tocarem sem nenhum tipo de ensaio anterior, tudo no improviso.

Para mais informações, acesse o blog: comunidadequilombaque.blogspot.com. Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 27


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Liderança fortalecida se reuniram em Brasília Jovens vivendo com HIV/aids de líderes para encontro de formação

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ega Blas la V Jeremias

Encontro definiu ações que serão realizadas pelo Brasil

Sâmara Gonçalves

A

dolescentes e jovens, entre 16 e 24 anos, reuniramse em abril para o 2º Encontro Nacional de Formação de Jovens Líderes Vivendo com HIV/aids. O evento, que aconteceu em Brasília (DF), serviu para compartilhar as experiências e resultados da primeira fase da formação do aprendizado sobre o funcionamento dos programas municipais ou estaduais de dst/aids. Para essa formação, também foram traçadas as ações seguintes ao encontro, quando os jovens poderão atuar nos serviços de saúde e nas instâncias de controle social (ONG, Conselhos de Saúde, etc). Cleverson Fleming dos Santos é morador do Rio de Janeiro (RJ) e esteve entre os 22 participantes. Aos 20 anos, ele conta que considerou a discussão sobre o mercado de trabalho muito válida, considerando ser um dos assuntos de maior preocupação entre os jovens que estão em busca do primeiro emprego. “Outro tema interessante, talvez por eu estar ligado a ele, foi sobre os movimento sociais, grupo que sofre com o preconceito, tido como minoria”, destaca. Morador de Vila Velha (ES), Alexandre Ladeira Câmara, de 23 anos, também participou do encontro. Para ele, a oportunidade dos jovens serem ouvidos pelas organizações do governo e ONG's representa avanço. “É importante a nossa participação nas esferas de governo, porque somos nós que podemos contribuir com a construção de políticas de saúde para jovens vivendo com HIV/aids”, afirma. Alexandre diz que não irá parar por aqui e já faz planos para quando voltar a sua cidade. “Vou continuar estudando as questões levantadas no encontro, mas tudo o que consegui aprender, com certeza, repassarei para os jovens que não puderam vir”, conclui. O 2º Encontro Nacional de Formação de Jovens Líderes Vivendo com HIV/aids foi realizado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, da organização Pact Brasil, e as agências das Nações Unidas (Unicef, Unaids, UNFPA , Unesco e UNODC). V

Otávio Machado

Otávio Machado, da Escuta Soh!


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Rango da terrinha

O tacacá paraense acá

festas juninas, tac Prato típico consumido nas na teve origem em bebida indíge

Como fazer o Tacacá Alex Pamplona, do Virajovem Belém (PA)*

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ípico da região amazônica brasileira, o tacacá é um prato servido muito quente e preparado com um caldo fino, o tucupi, a goma de mandioca, camarão seco e jambu. Temperado com sal e pimenta, o tacacá é servido nas populares cuias (recipientes artesanais feitos com o fruto da cuieira). Originado das bebidas indígenas, o tacacá é um tipo de sopa muito comum nos festejos juninos. Em dias comuns, o prato pode ser facilmente encontrado nas principais ruas do Pará, em barracas conhecidas como “tacacazeiras”. A iguaria nortista já virou até nome de música, composta por Luiz Gonzaga e Lourival Passos. “Tá aqui tucupi / tem mais o jambu / também camarão / Quem quer tacacá?”, diz um dos trechos da canção. O Virajovem de Belém (PA) traz essa receita como dica culinária do mês.

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Ingredientes 2 litros de tucupi 4 dentes de alho 1 colher (chá) de sal 4 pimentas de cheiro 2 maços de jambu 1/2 kg de camarão salgado (seco) 1/2 xícara (chá) de goma de mandioca Pimenta de cheiro Chicória Alfavaca

www.viajandaunblog.pop.com.br

Modo de preparo Numa panela, coloque o tucupi e tempere com alho, chicória, alfavaca e sal. Leve ao fogo e deixe ferver por 45 minutos. Deixe o camarão (retire a cabeça e a casca) de molho em uma vasilha com água para que o sal seja retirado e depois leve ao fogo (com quatro xícaras de chá de água) por cinco minutos. Cozinhe o jambu até os talos ficarem moles. Dissolva a goma em outra vasilha com água fria e, aos poucos, acrescente na água dos camarões. Mexa até obter um mingau. Ao servir, coloque uma concha de tucupi, algumas folhas de jambu, os camarões e um pouco do mingau. Bom apetite! V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pa@viracao.org) Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 29


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Que Figura!

Eterna ativista Novaes

aos oteção às crianças e pr la pe ta lu na i fo , s humanos Defensora dos direito Brasil e no exterior no a id ec nh co ou fic ide Castanha adolescentes que Ne

Ivens Reyner, colaborador da Vira em Belo Horizonte (MG)*

E

m janeiro de 2010, o Brasil perdeu uma importante ativista dos direitos humanos, a mineira Neide Viana Castanha, vítima de câncer, aos 55 anos. A militante esteve por oito anos na secretaria executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e na coordenação do Cecria (Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes). Formada em Assistência Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Neide lutou por muitos anos pela garantia dos direitos e proteção das crianças e dos adolescentes no Brasil. Foi ela uma das maiores mobilizadoras para a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, que completa 20 anos em julho. Neide também sempre esteve muito envolvida nas mobilizações do dia 18 de maio, Dia Nacional do Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em 2006, entregou no Congresso Nacional um abaixo-assinado com 5 mil assinaturas pedindo medidas de maior proteção às crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual. Foi o exemplo de alguém que lutava intensamente por seu ideais. Ela se envolveu na organização de lideranças para o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, que aconteceu no Rio de Janeiro em 2008. E devido ao seus incansáveis

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trabalhos pela proteção desse público, Neide recebeu diversas homenagens, incluindo os prêmios “Cláudia 2009” e o “Mulher Cidadã Bertha Lutz”. Ela nos deixa diversas reflexões, mas principalmente nos mostrou a importância de assumirmos o compromisso com a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Uma frase dita por ela mostra o quanto é necessário dar continuidade a seu trabalho, sendo responsabilidade de todos. “As crianças não têm dono, são patrimônio do País”. V *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (mg@revistaviracao.org.br)


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No Escurinho

Câmera na mão, país na cabeça Sérgio Rizzo, crítico de cinema Fotos: Divulgação

N

a primeira década do século 21, uma das principais novidades do cinema europeu foi a produção jovem da Romênia. Feita com recursos limitados, mas com muita criatividade e a disposição de analisar a história recente do país em perspectiva crítica, essa elogiável safra de longas que foram consagrados em festivais internacionais tem como destaques A Morte do Sr. Lazarescu (2005, ainda inédito no Brasil), A Leste de Bucareste (2006), 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007), que obteve a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e Polícia, Adjetivo (2009). O pacote inclui Como Eu Festejei o Fim do Mundo (2006), recém-lançado em DVD no Brasil. Primeiro longametragem do diretor e roteirista Catalin Mitulescu, ele foi apadrinhado por dois dos mais importantes cineastas em atividade, o norte-americano Martin Scorsese (Os Infiltrados, Ilha do Medo) e o alemão Wim Wenders (Buena Vista Social Club), que aparecem nos créditos como produtores executivos -- maneira gentil encontrada por diretores veteranos para ajudar a viabilização e circulação de filmes realizados por jovens pouco conhecidos. A exemplo de seus compatriotas revelados na última década, Mitulescu faz um inventário da Romênia sob a ditadura sangrenta de Nicolae Ceausescu (1918-1989). O diferencial vem do ponto de vista infantojuvenil, como também fizeram recentemente, em relação ao mecanismo de ditaduras latino-americanas, o argentino Kamchatka (2002), o chileno Machuca (2004) e o brasileiro O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006). Poética e bem-humorada, a história se ambienta nos últimos dias do período de terror de Ceausescu. A perspectiva é a de um menino (Timotei Duma) e de sua irmã mais velha (Doroteea Petre). Ambos estudam em escola onde o patrulhamento político ainda funciona, mesmo que não seja mais tão implacável. Enquanto ele acompanha ao lado de amigos a queda do regime, com inocência e espirituosidade, ela sofre os efeitos dos derradeiros espasmos de uma era autoritária.

V

Revista Viração • Ano 8 • Edição 62 31


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Todos os Sons

Pop rock em terras sertanejas ira é a arte

viola caip unir rock e

para Liberdade s Livres do Filho do

Discografia O primeiro trabalho de Guga e Guilherme, "Tradições distorcidas", de 2004, inaugurou uma nova fase na música contemporânea de Mato Grosso do Sul.

Anteriormente a música feita no Estado se resumia aos sucessos sertanejos, mas a dupla conquistou o público e lotou shows. Em 2005 veio o maior sucesso, “Meu Carnaval numa outra estação” e, em 2007, “República dos livres pensamentos”. Atualmente os músicos estudam um novo projeto, um CD com artistas paraguaios e brasileiros. Além disso, a dupla já pensa em produzir mais um trabalho autoral do Filho dos Livres. V

Fábio Pelegr

ine

grine

I

nfluências regionais, rock e grunge é a mistura que forma a música de Guga Borba e Guilherme Cruz, o Filho dos Livres. Os músicos definem o trabalho como MPP (Música Popular Pantaneira) e se orgulham de produzirem todos os discos gravados até hoje. Das composições até as artes gráficas, tudo é feito por eles. Guga e Guilherme se uniram cedo na música. Tudo começou quando eles tinham 16 anos e participaram da banda Inverno Russo. Depois vieram novas parcerias com as bandas Belladona e Naip, até que os dois formaram o duo Filho dos Livres. A estreia aconteceu durante a abertura de um show do cantor Zé Ramalho, que teve público aproximado de 70 mil pessoas. Os dois ficaram felizes ao ver a plateia cantando todas as músicas. “Aquilo nos trouxe a sensação de estar em casa, com nossos amigos”, conta Guga.

deixam fluir. “Gostamos de usar violas caipiras, violões, guitarras e usar as vozes de maneira arrojada. Escrevemos sobre assuntos e sentimentos que estão ao redor e usamos termos e palavras quase esquecidas da língua”, explica Guilherme.

le Fábio Pe

Jefferson Baicere e Fernanda Garcia, do Virajovem Campo Grande (MS)*

Liberdade de criar Buscar uma identidade sonora desprendida dos formatos convencionais e uma assinatura musical é a explicação dos dois para o nome da banda. Guga (violão, viola e voz) e Guilherme (guitarras, viola, violão de 12 cordas e voz) ralaram muito para chegar onde estão. Por serem músicas autorais, eles afirmam que não seguem nenhum processo criativo específico e apenas

Todo o trabalho pode ser acessado e baixado gratuitamente no site dos músicos: www.filhodoslivres.com.br. O som que eles produzem vale a pena conferir!

Fábio Pelegrine

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ms@revistaviracao.org.br)


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Sexo e Saúde rantes da e Verônica Mendonça, integ As adolescentes Lilian Lima saber da anos (PCU), foram a campo Plataforma dos Centros Urb uma sobre as formas de prevenir galera quais são as dúvidas doutor Ney respostas foram dadas pelo gravidez não planejada. As lo (SP). O riatra que atua em São Pau Sérgio Gonçalves, clínico ge rta que, na bre o anticoncepcional e ale médico explica questões so ltar um especialista. dúvida, a jovem deve consu medicamento com 99% de segurança e, se utilizado conforme a orientação médica, não trará problemas. Quanto tempo o anticoncepcional começa a fazer efeito após o uso? Felipe de Camargo Silva, 16 anos O anticoncepcional, se usado no primeiro dia da menstruação, já passa a fazer efeito durante esse ciclo. Se começar durante o ciclo, o período para inibir a ovulação acontece após o 21º dia do ciclo menstrual. Quais são os riscos que a pílula do dia seguinte pode trazer se usá-la constantemente? Maria Verônica, 17 anos

Natalia Forcat

Pode comprar anticoncepcional sem autorização médica? Janaína Leonardi Gomes, 17 anos Não deveria ser assim, mas sabemos que existem farmácias que comercializam o medicamento sem prescrição médica. Cada pessoa tem um tipo de organismo e casos diferentes, com recomendações e dosagens variadas. Por isso, é importante consultar um médico antes de comprar o remédio. O anticoncepcional pode ter falhas? Hedpo Andrade da Rocha, 18 anos Geralmente, a falha ocorre quando a pessoa deixa de seguir o uso correto do anticoncepcional, deixando de tomá-lo por um ou dois dias, por exemplo. É um

A eficácia da pílula do dia seguinte não é 100%. A grande confiabilidade estão em outros métodos anticonceptivos, por isso a pílula do dia seguinte não é muito recomendada, apesar das mulheres a preferirem (devido à facilidade de uso). Também é bom lembrar que o uso das pílulas não evitam as doenças sexualmente transmissíveis (dst), então os riscos podem ser muitos: aids, sífilis, entre outras.

V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas pra você! O e-mail é redacao@revistaviracao.org.br!

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@revistaviracao.org.br)

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À

s vésperas da Copa do Mundo e a quatro anos do Mundial que será disputado no Brasil, o País precisa enfrentar um problema maior do que perder algumas partidas: a educação. Se no futebol, ainda somos o número 1, no cumprimento das metas estabelecidas no Fórum mundial de Educação de Dakar (Tratado Educação para Todos) realizado em 2000, ocupamos a 88ª posição, atrás da Argentina (38º), México (55º), Colômbia (75º) e Turquia (77º), segundo dados da Unesco de 2010. Enquanto a bola rolará na África com o objetivo de ultrapassar os 201 gols já marcados em copas, aqui no Brasil a bola começa a rolar no Maracanã no dia 31 de maio, com o lançamento da Campanha 1 Gol pela Educação. O objetivo da campanha mundial (1Goal), uma parceria entre a Campanha Global pela Educação e a FIFA (Federação Internacional de Futebol), é aproveitar o poder do futebol para divulgar mensagens para pressionar líderes mundiais a cumprirem acordos internacionais, como as metas do Tratado Educação para Todos e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (Onu, 2000), além de garantir que até 2015, 72 milhões de crianças tenham acesso à educação. No Brasil, a campanha 1 Gol pela Educação é organizada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, uma articulação que conta com 19 comitês

regionais e está presente em 21 Estados brasileiros e no Distrito Federal. Para aderir ao 1 Gol pela Educação, acesse o site mundial e assine o abaixoassinado. Você também pode divulgar a campanha para seus amigos por meio de redes sociais, como Facebook, Twitter e You Tube, publicando o banner da campanha em seu blog, entre outras ideias. V

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1 Gol pela Educação http://www.join1goal.org Campanha Nacional pelo Direito à Educação http://www.campanhaeducacao.org.br/


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Clarice Lispector (1920-1977) “Acho que o processo criador de um pintor e do escritor são da mesma fonte. O texto deve se exprimir através de imagens e as imagens são feitas de luz, cores, figuras, perspectivas, volumes, sensações.”

Escritora ucraniana, criada no Brasil desde os dois meses de idade, foi uma das maiores escritoras brasileiras. Morreu um dia antes de completar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977.


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